Ponto Final 03

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www.issuu.com/jornalnoturno Ano 1 - Edição 3 Corsets Beleza e originalidade que impressionam Kichute Do papel ao filme através da memória Neymar na Copa? Só se for em 2014 Marina Silva De educação para sustentabilidade Camile Wagenheimer usando um dos corsets de sua criação

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The very third edition of Ponto Final!

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Marina Silva e aulas de dissecação 04

A vez de Neymar 06

Kichute - do papel ao filme 07

Lixo eletrônico 10

Corsets - beleza e originalidade 12

Bolsa de valores 16

“Paçoca com Cebola” 18

Cimentão 19

Educação

Esporte

Cultura

Política

Moda

Economia

Comunicação

Opinião

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Expediente

Esta revista é produzida pela turma do 3º ano de Comunicação Social - Jornalismo Noturno da Universidade Estadual de Londrina para a Profa. Dra. Rosane Borges na diciplina 5NIC030, Técnica de reportagem, entrevista e pesquisa jornalística III

Jornalista responsável: Rosane BorgesEditores: Edson Vitoretti, Gabriel Oberle,

Maria Amélia Gil e Roberto AlvesDiagramadores: Fabrício Alves, Guilherme Costa,

Guilherme Santana e Júlio BarbosaRepórteres: Gabriel Bandeira, Gabriela

Pereira, Mariana Guarilha, Rodrigo Fernando, Allan Fernando, Iuri Furukita, Naiá Aiello e Vanessa Silva

Contato: [email protected]

Nos últimos dias, o noticiário da imprensa londrinense foi ocupado por novas denúncias contra vereadores da Câmara Municipal, pro-longando a onda de desmoralização do Poder Legislativo. Até que ponto um Poder Legislativo permanentemente de joelhos perante a opinião pública é salutar? O cidadão tem de ficar alerta para com os ataques contra a instituição mais diretamente ligada ao povo, pois os interesses para que essa instituição perca poder não fal-tam.

Há o Executivo, sempre interessado em apr-ovar seus projetos, de preferência, a toque de caixa, ou seja, sem nenhuma discussão no parlamento. Nenhum governo gosta de uma oposição atuante, que fiscaliza e questiona qualquer medida. E, na lógica da política, um Legislativo investigado não tem força para in-vestigar ninguém. Seria mera coincidência que a maioria dos vereadores investigados na Câ-mara fazia oposição ao governo Barbosa?

Há o Ministério Público, sempre zeloso em cumprir a missão que a Constituição de 1988 lhe delegou de fiscalizador das instituições públicas. O denuncismo protagonizado pelo MP no país já lhe rendeu críticas como a de ser uma instituição recheada de jovens promotores em busca de ascensão na carreira a qualquer custo, através da promoção pelos holofotes da mídia. Por causa de uma atuação às vezes ex-acerbada desses promotores, até políticos pro-gressistas já chegaram a fazer coro com vozes reacionárias, cogitando a malfadada ideia da lei da mordaça para o MP.

E há, finalmente, a imprensa, sempre voltada para pautar o escândalo na política. Escândalos vendem jornais e, em anos eleitorais, têm o pod-er de desqualificar hipotéticas candidaturas. Ou seja, interesses político-econômico-eleitorais

podem estar por trás da nobre função fiscal-izadora da imprensa na seara dos escândalos políticos.

Sejam quais forem as motivações daqueles para quem a desqualificação da imagem do Leg-islativo é potencialmente vantajosa, o fato mais importante a ser analisado é que essa desquali-ficação permanente – que no caso da Câmara de Londrina, vem desde a última legislatura – é prejudicial à sociedade.

Escândalos no Legislativo interditam o de-bate sobre assuntos de interesse público, especialmente dos interesses da parcela da sociedade mais carente, sem força de represen-tatividade no parlamento. Já a elite, personifica-da no empresariado, tem os seus lobistas para fazer representar seus interesses em encontros e conversas sem nenhuma cobertura da mídia.

Os problemas dos bairros, aqueles que afe-tam mais diretamente a população, são deixa-dos de lado, e os microfones da Câmara são ocupados por discursos sobre investigações e investigados. A agenda negativa toma conta da “casa do povo”, cujo virtual inquilino, desestim-ulado diante dos escândalos, acaba se distanci-ando do que é imprescindível para a resolução dos seus problemas: a participação política.

Independente de algumas denúncias serem fruto de pura perseguição ou terem fundamen-to, ninguém discute que todas elas devam ser investigadas. O que seria desejável, no entanto, é que a imprensa soubesse analisar a gravidade e dosar a divulgação de cada caso. Dessa ma-neira, o Poder Legislativo, seja em âmbito mu-nicipal, estadual ou federal, teria tempo para cumprir sua missão: fiscalizar o Executivo e realmente trabalhar pelo povo.

Edson Vitoretti

Poder acuado

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Iuri FurukitaMarina Silva, 52 anos, pré candidata

(quem a chamar de candidata é repre-endido por ela mesma) à presidência da República pelo Partido Verde mantém um ritmo típico de candidato. Na curta passagem por Londrina, concedeu en-trevistas, reuniu-se com o partido, mo-vimentos religiosos e empresariais. O último compromisso da agenda era uma pouco divulgada palestra na Universi-dade Estadual de Londrina. Quanto ao assunto, todo que se sabia é que era so-bre educação, nada mais específico.

Meia hora atrasada, Marina Silva pede licença para discursar sentada, agradece a presença de todos e começa a falar, pela única vez na palestra in-teira, sobre educação: “A minha idéia é integrar a educação com sustentabi-lidade. E sustentabilidade em todas as suas direções, na econômica, política, social, ambiental, cultural e ética, prin-cipalmente política e ética. Mas antes, de falar de uma educação de qualidade, que vise resolver os problemas, vou fa-zer uma contextualização socioambien-tal do mundo em que estamos vivendo.”

Pode-se dizer que a pré candidata se perdeu naquele “Mas antes”. Ela se esquece de voltar ao tema educação e faz sua pré-campanha. Os próximos 70 minutos de seu discurso são emprega-dos para contemplar o lotado auditó-rio com suas percepções de mundo. O clímax ocorre ao dizer que estamos no Armageddon climático. Nossas matri-zes energéticas devem se tornar lim-pas imediatamente, inclusive antes de tentarmos mudar o modelo equivoca-do capitalista, afinal, de que adiantaria um sistema justo se a vida da Terra não existir? “As técnicas já estão desenvol-vidas”, afirma, “o que falta é a ética de usá-las”. Faz muito sentido.

Marina Silva está pronta para ser candidata. Suas respostas estão cada vez melhor construídas. No Youtube, Marina, diante da pergunta “quem você apoiará no segundo turno?”, responde com uma rodadinha na cadeira girató-ria e outra indagação “vocês já pergun-taram isso para o Serra e a Dilma?”, arrancando risos da platéia. Na UEL, respondeu ainda melhor: “Quem não for ao segundo turno comigo, claro que vou conversar com ele...” e em meio ao delírio dos estudantes, que inclui um particularmente mal-educado, baten-

Aulas de dissecaçãoConhecer as entranhas do contrato indivíduo-Estado é para quem tem estômago

do uma cadeira de metal no chão, ela acrescenta: “ops, ele, já respondi, né?”.

São concedidas apenas duas per-guntas para a platéia, caso contrário ela perderia o vôo (parece que o PV não disponibilizou avião exclusivo). Primeiro uma jovem magra e nervosa enrola-se na própria fala, até que respi-ra e pergunta cheia de preconceito aos industriais sujos e capitalistas, o que a précandidata pretendia fazer para dei-xar as indústrias mais limpas. Como boa parte da iniciativa verde é privada, Marina logo vai à segunda pergunta. Um homem ainda mais nervoso e atra-palhado, que logo ganha a antipatia dos presentes, diz ser cristão e considera a pré-candidata panteísta, dentre muitas outras afirmações, e pergunta se ela é a favor ou contra o aborto. Marina Silva tem a resposta na ponta da língua. Diz

que é, pessoalmente, contra o aborto, que nunca faria ou concordaria com quem fez, mas não demoniza quem é a favor, muito menos quem abortou. Pelo contrário, entende e teme pelo futuro da mãe. Diz que, muito além da vida em questão, há de se pensar nas consequ-ências psicológicas de quem abortou. Para além de sua opinião, ela defende um plebiscito para definir a questão e lembra ao homem de barba a fazer que, na verdade, isso seria uma questão do legislativo, pois não cabe ao presidente formular as leis.

A pré-candidata acaba, sem querer, voltando a uma questão educacional. Analfabetismo político não é novidade. As pessoas lembram vagamente uma ou duas aulas sobre o que é Legislativo, Executivo e Judiciário. É consenso que o Legislativo faz as leis, o Executivo

“A esmagadora maioria dos cidadãos brasileiros não conhece a estrutura

política da nossa sociedade”

A pré-candidata pede para falar sentada ao lado do diretor do CESA Anísio Ribas e do Presidente do PV em Londrina, Marcos Coli

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“Quando a tragédia é de todos, ninguém

faz nada. Isso se chama tragédia dos

comuns, em que todos pensam ‘a

culpa não minha”: Marina Silva

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10executa-as e o Judiciário... O que faz o Judiciário mesmo? Ah, julga se as coi-sas estão de acordo com a lei, ou não. Acertei?

Mesmo sendo uma pergunta que in-duz ao erro, quase trinta (de quase trin-ta) entrevistados no calçadão não perce-beram o erro em “Qual seria sua reação se o presidente Lula legislasse em favor do aborto?”. Sendo que todos responde-ram na pergunta anterior “Sim, sei mais ou menos o que faz o Executivo, Legis-lativo e o Judiciário”. A maioria sabia que os mandatos dos senadores são de oito anos, mas somente dois afirmaram que são fixos os números de senadores para cada Estado, e logo acrescentaram que somente o número de deputados é relativo à população. População ou nú-mero de eleitores?

Antigamente existia a famosa maté-

ria Organização Social e Política Brasi-leira (OSPB), que era irmã da Educação Moral e Cívica. Porém, elas tinham um perfil ideológico forte, o ditatorial. Re-solve-se substituí-las por matérias que levem os alunos a pensar, ao invés de serem meros agentes passivos. Filoso-fia e sociologia infelizmente não con-templam as entranhas governamentais. Hoje algumas aulas de história são re-servadas para ensinar os três poderes e as atribuições de cada um, e as pessoas se lembram vagamente dessas aulas. O professor de economia política na UEL, Sinival Osorio Pitaguari, diz qual a con-sequência: “Um povo que não conhece quais os instrumentos de poder político que existem no país, dos direitos e de-veres dos cidadãos e agentes públicos, deixa para apenas um pequeno número de pessoas utilizar a estrutura política

para proveito próprio”. A ideia é simples. A democracia só

será boa para a população se, de fato, for uma democracia, se todos participa-rem. A oligarquia em que vivemos não haveria de ser outra coisa que não uma oligarquia. Pitaguari diz que o analfabe-tismo político não é uma especificidade dos brasileiros. Em lugares onde o voto é optativo a situação pode ser ainda pior. Outro agravador pode ser as elei-ções indiretas, em que o organograma político é extremamente complicado. No Brasil são todos eleitos diretamente, mas isso tem outra consequência: “Mui-tos cidadãos brasileiros só lembram que existem vereadores, prefeitos, presiden-te, deputados, etc. porque são obrigados a votar. Mas quantos sabem que existem outras estruturas do poder como o Mi-nistério Público?”

Barbosa Neto declarou estado de calamidade pública ano passado. Seu objetivo era:a) Obter mais recursos federaisb) Ganhar mobilidade burocráticac) Dramatizar para ganhar mais publicidaded) Calamidade pública é quando morrem mais de 100 pessoas

Ministério Público faz parte do:a) Executivob) Legislativoc) Judiciáriod) N.D.A.

Marina Silva é Senadora pelo Acre. Quantos senadores representam o Acre?a) Vinte e umb) Onzec) Quatrod) Três

Quem escolheu Gilmar Mendes para cargo de presidente do Tribunal Superior?a) Lulinha paz e amorb) Os membros do Tribunal Superiorc) Ayoub Hanna Ayoubd) Academia Brasileira de Letras

Infidelidade partidária é quando:a) Um político eleito sai do partido pelo qual se elegeub) Um político não faz o que o partido definiuc) Um político muda de partidod) N.D.A

Foi o judiciário que:a) Aprovou as faixas exclusivas para ônibusb) Proibiu fumar em baladasc) Abaixou a tarifa de ônibusd) Julgou improcedente a acusação a Rodrigo Gouvêa

Podemos culpar o Prefeito por:a) Insegurança nas ruasb) Buracos no asfaltoc) A poda do matod) Nomear incompetentes para resolver os problemas acima

Tribunal de Contas da União (sim, existe outros, os estaduais) fiscaliza as contas:a) Do presidenteb) Dos ministrosc) De todo o Executivo Federald) De todos e tudo

Respostas: Google tudo sabe. A ideia é que você se interesse.

existência do MP. E o que mais sabem? Arriscam um Quiz?

Bom, eu sei que os leitores da Ponto Final sabem da

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Apesar de pressionado, Dunga diz que não convocará o garoto do Santos para a Copa de 2010

Por Rodrigo Fernando“Dunga convoca Neymar para a

seleção brasileira”. Essa parece ser a manchete sonhada, não por torcedores, mas por jornalistas. Não há dia em que alguém na TV, jornal ou rádio não peça, implore, ordene que o jovem jogador santista dispute a copa do mundo de 2010. Sim, Neymar é um talento nato, acima da média, daqueles jogadores que despertam o desejo de assistir a um jogo. Dribla, corre, faz gol, encanta.

Mas a obsessão dos repórteres e co-mentaristas de futebol não parece ser pelo garoto do Santos, e sim por colocar alguém na Copa. Foi assim com Ronal-do quando começou a fazer gols e jogar bem pelo Corinthians nas disputas pelo Campeonato Paulista e Copa do Brasil 2009, havia uma campanha clara pró-fenômeno. Mais tarde ele foi trocado por Ronaldinho Gaúcho: “ele voltou a gostar de futebol”, afirmavam em todos os pro-gramas de esporte.

Ronaldinho e seu talento parecem te-rem ficado no esquecimento, o Gaúcho saiu de pauta. Logo ele, que Dunga teve que engolir nas Olimpíadas de Beijing 2008. Quando Ricardo Teixeira, presi-dente da CBF, ordenou sua escalação. Dessa vez o técnico deu a entender que não aceitaria postura parecida do diri-gente para escalar jogador.

De repente o grupo fechado defen-

A vez de Neymar

Neymar é visto como uma

grande promessa

para copa de

2010

Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Neymar e a campanha de jornalistas esportivos

dido por Dunga tem uma abertura. Ele que defende ferrenhamente uma postura profissional de seus comandados tem en-tre seus homens de confiança, Adriano, o problemático camisa 10 do Flamengo. As polêmicas em torno do “Imperador” abrem espaço para os jornalistas técni-cos, que já haviam se frustrado nas ten-tativas de levar Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho para a África, lançarem campa-nha por Neymar.

O atacante do “Santástico”, como vem sendo chamado o time do Santos, tem 17 anos, a mesma idade que Pelé ti-nha quando brilhou na Copa de 50, apon-tam seus cabos eleitorais - entre eles o próprio Pelé e outro símbolo do futebol arte, Zico - para ele jogar ao lado de Kaká, Julio César e companhia.

Dunga foi obrigado a levar Ronaldi-nho para a China há dois anos, mas não parece disposto a ceder a pressões se-jam elas da imprensa ou do comando da Confederação Brasileira de Futebol. O técnico, que gosta de exaltar sua pose de durão e independente não aceitará mais nenhuma imposição.

Neymar joga com a bola no chão, com dribles desconcertantes, faz verda-deiras pinturas em campo, humilha za-gueiros e goleiros. Suas jogadas fazem os saudosistas lembrarem o Brasil de 70, de 82 e 86. Seleções dos lances bonitos, a primeira campeã, as duas últimas, infe-lizmente, só nos lances bonitos.

Mesmo com seu futebol arte, o cami-sa 17 do alvinegro praiano não tem expe-riência para uma Copa do Mundo, ainda não disputou uma competição como a Libertadores onde os zagueiros batem e o juiz deixa o jogo correr. Mas que não entristeçam seus admiradores, Neymar ainda vai disputar três ou quatro Copas e terá a chance de mostrar se merece tan-tos elogios em 2014 no Brasil. Até lá.

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Do papel

ao filme

O livro Os Meninos de Kichute acaba de ganhar versão em cinema. Márcio Américo, escritor do livro e co-roteirista do filme, conta como narrou a história de

um tênis que marcou época

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Beto, protagonista do filme, com seu sonho de se tornar jogador de futebol

Fotos: Divulgação/Site Oficial

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Gabriela S. PereiraDécada de 1970. Repressão, milagre

econômico, Copa do Mundo e um time de futebol em um bairro de uma cidade do interior. Esse é o resumo da infância de muitos “jovens de 40 anos”, inclusive o de Márcio Américo, escritor, humoris-ta de stand-up e autor do livro Os Meni-nos de Kichute. Para muitos jovens, o tê-nis Kichute não tem relevância alguma, porém, pais, irmãos e até mesmo avós conhecem a simples marca de tênis que carimbou uma década. “Se você falar com qualquer pessoa de 40 em diante, quando se fala Kichute dá para perceber que é uma palavra mágica que remete diretamente à infância das pessoas dessa idade. Porque era o tênis mais popular dos anos 70”, conta Márcio Américo.

O livro narra a história de Beto, menino de 12 anos que sonha em ser jogador de futebol, ou como o próprio personagem diz: ”o goleiro da seleção brasileira”. O sonho do garoto é inter-rompido pelo seu pai, que, cuja religião não permite participações em competi-ções. Estruturado em contos, o livro é um romance escrito em 2000 por Amé-rico, com a intenção de retratar a sua infância na Rua Ivaí em Londrina. “Eu queria escrever sobre a minha infância, mas a primeira coisa que eu pensei antes de começar a escrever é que essa fase é igual para todos. Então, o que é que eu

“No dia em que eu comprei o meu primeiro KichuteVocê não faz ideia qual era a força do meu chute.

Driblei quase o time inteiroMeia lua no goleiro

Levantei, dei de voleio.Mas agora estou por cima, com meu pisante invocado.

Chuto tudo que encontro preciso tomar cuidado...”(Letra: Meu primeiro Kichute - Arganaz)

O time de Beto chega com seus Kichutes novos para mais uma pelada no campinho, onde nem sempre levavam a melhor

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A produção do roteiro foi pautada inteiramente no livro Os meninos de Ki-chute. Em relação às locações da filma-gem, Américo explica que foram feitas reproduções fiéis aos locais onde a his-tória se passou. “As locações são as que estão no livro, a escola, o ferro velho, a casa do Beto, a rua. O Lucas esteve aqui esse ano para conhecer os lugares em que se passa a história: Grupo Escolar Rui Barbosa, o campinho do Pinga San-gue e a minha antiga casa.” Apesar do enredo do livro se passar em Londrina, as filmagens foram feitas em Piracaia, interior de São Paulo. Segundo Améri-co, a estrutura do local se adequava ao desejado, já que o estado de conservação dos antigos lugares não estava agradá-vel. “Nós achamos um grupo escolar lá [Piracaia] muito bonito que ficou melhor até do que se fosse feito aqui em Lon-drina. A casa do Beto nós construímos, compramos peroba do Paraná e nossa cenógrafa construiu a casa. O cinema era uma boate antiga que foi toda adereçada com cartazes de cinema da época”, conta Márcio Américo.

LançamentosO lançamento do filme ainda não tem

data confirmada, mas a previsão é lançá-lo próximo a Copa do Mundo deste ano. Já o livro de Márcio Américo, após a filmagem do filme, ganhou nova versão, que será lançada no final de abril, com nova capa, novas histórias, mas ainda recheado de saudosismo. Mais informa-ções sobre o filme no site: http://meni-nosdekichute.uol.com.br/site/index.php

Tênis no pé. Bola no chão. Anos 70, Kichute. Bom resumo? Para muitos sim. Se você tem menos de 30 anos, provavelmente nunca ouviu o nome da marca que marcou a infância de muitas crianças, cada qual a sua maneira. Mistura de tênis, chuteira e preço bom. O calçado era produzido no Brasil, teve seu ápice entre os anos de 1978 e 1985. Suas vendas ultrapassaram a marca de 9 milhões de pares por ano. Pouco? Enganou-se quem disse sim. Uma época de recessão, inflação em alta e pouco dinheiro no bolso. Mudou de ideia? Pois é, Kichute foi a sensação nacional, sem sombra de dúvidas.

A turma do Kichute usava o tênis em qualquer ocasião, a diferença estava apenas na forma de amarrar. O cadarço do calçado era grande e por isso devia ser bem ajustado a cada lugar: para missa, apenas um laço; para o aniversário de amigos um bom nó e para o jogo de futebol com os amigos do bairro, o cadarço tinha de ser entrelaçado na canela e finalizado com um bom nó. Apesar de seu sumiço, o tênis nunca deixou de ser produzido e com revival dos anos 80 é utilizado em desfiles de moda de grifes nacionais.

Ki... o quê?

vou falar da minha infância que vá inte-ressar um leitor?” Esse foi o start para o escritor tratar de um assunto um pouco mais profundo: a luta de classes.

É com os olhos de um garoto de 12 anos que as desigualdades de uma época são retratadas. Enquanto famílias intei-ras de classe média e alta se preocupa-vam com as exigências do governo, bair-ros afastados e com uma renda baixa não viviam a repressão imposta pelo regime. “Me ocorreu que eu poderia falar de luta de classes, o pobre contra o rico, o boni-to contra o feio, o forte contra o fraco. E isso funcionou muito, então consegui com isso dar voz ao personagem. Uma criança falando com a inexperiência de uma criança e de forma muito bem hu-morada. Tem um trecho que o Beto fala que ele catalogou os pés dos meninos da Rua Ivaí: ‘Eu podia classificá-los e en-tendê-los. Começavam com os meninos descalços, os de chinelo, os de gongo, os de Kichute e os de tênis Adidas’”.

Do livro ao filmeEm uma visita à Londrina, ao desen-

rolar da uma gravação do documentário, Heróis da Liberdade, em 2005, Lucas Amberg, formado em Cinema pela Es-cola de Cinema de Los Angeles, co-nheceu o livro de Márcio Américo. Foi saudosismo à primeira vista, logo após a leitura da obra o contato foi feito com o autor: “O título mexeu com ele. Ele me ligou e falou que queria comprar o direi-to do livro, nós conversamos e coloquei um adendo: eu posso te vender os direi-tos, mas eu quero fazer o roteiro junto.”

“As pessoas com mais de 40 anos vão se emocionar ao rever a sua realidade

no cinema”, afirma Márcio Américo, escritor do livro e co-roteirista

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Reciclagem de lixo eletrônico pode

reduzir o impacto ambiental

Uma nova rota para o

lixo e letrônico

Mas, para onde destinar os equipa-mentos que não se utiliza mais?

O melhor destino para o e-lixo, de acordo com a Organização das Na-ções Unidas (ONU), é a reciclagem. Algumas iniciativas ajudam a viabi-lizar a idéia. Como a Associação de Recicladores de Lixo Eletro- Eletrô-nicos de Londrina. Como a única da

Desde a invenção da lâmpada in-candescente, um dos primeiros mar-cos da tecnologia, o americano To-mas Alva Edson sabia que o mundo não seria mais o mesmo. Daí para frente,mentes brilhantes passaram a se encarregar de novos inventos: a câ-mera fotográfica, o rádio, a televisão, o computador e, tantos outros itens tecnológicos que fazem parte da vida cotidiana.

A criação de novas tecnologias re-volucionou as formas de percepção e interação com o mundo e trouxe uma verdadeira Revolução Tecnológica. Hoje, preços baixos, constantes lan-çamentos e estabilidade econômica impulsionam o mercado e convidam diariamente a adquirir novos apare-lhos. No entanto, com a mesma in-tensidade baterias, pilhas, teclados, chips de memória e até computadores ou televisores inteiros são descarta-dos.

Os resíduos eletrônicos, também chamados de e-lixo representam 5% de todo o lixo produzido no mundo. Segundo a organização não-governa-mental Greenpeace, no total, 40 mi-lhões de toneladas de lixo eletrônico são descartados todos os anos. Só no Brasil, cada pessoa, abandona o equi-valente a meio quilo deste lixo.

Impacto Ambiental - De acordo com o Greanpeace, o e-lixo contém de 500 a 1 mil compostos diferentes, que descartados na natureza podem poluir o ambiente e prejudicar a saú-de das pessoas. São metais pesados; mercúrio, cádimo e chumbo que, em sua maioria ainda são descartados em aterros, junto com o lixo doméstico.

região norte do Paraná, a Associação faz desde 2008, um trabalho de cons-cientização ambiental reciclando o lixo gerado pela cidade e região.

De acordo com o coordenador da Associação, Alex Gonçalvez, o proje-to foi idealizado para atender a neces-sidade de recolher o lixo eletrônico produzido pela cidade de Londrina:

A Associação e-lixo recebe, por dia, 400 kilos de eletroeletrônicos

Enquanto as grandes potências mundiais produzem lixos eletrônicos de última geração, o lixo resultante de toda essa tecnologia polui o meio ambiente de quem menos pode

Vanessa da Silva

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“Via muitas carcaças de computado-res jogados pela cidade e então, per-cebi a necessidade de fazer algo para mudar aquilo”

Desde então, a organização recebe doações de materiais em desuso, que vem, principalmente, de empresas. Os equipamentos chegam montados e passam por uma seleção e separação

por categorias, como vidro, plástico e metal. Só no ano de 2009, 150 empre-sas doaram equipamentos.

Além de ajudar o meio ambiente, a E-lixo Londrina, ainda faz um tra-balho de responsabilidade social. Par-te dos computadores em uso que che-gam a Associação, são encaminhados a escolas e projetos assistenciais: “Já

ajudamos algumas escolas da região, como a Epsmel, que recebeu 40 com-putadores no ano passado. Agora, es-tamos encaminhando computadores para uma comunidade indígena de São Gerônimo- PR. Acreditamos sim, que temos a responsabilidade de fazer algo, não só pelo meio ambiente, mas por todas as pessoas.”

Entre as maiores doações, estão televisores, ares- condicionados e computadores; e de acordo com o Greanpeace, o e-lixo contém de 500 a 1 mil compostos diferentes, que descartados na natureza podem poluir o ambiente e prejudicar a saúde das pessoas.

Fique ligado! Fique ligado! Fique ligado! Fique ligado! Fique ligado! Fique ligado! Fique liga

Fique ligado! Fique ligado! Fique ligado! Fique ligado! Fique ligado! Fique ligado! Fique liga

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Seja um consumidor consciente e faça sua parte para ajudar o meio ambiente:

1) Verifique se o fabricante do equi-pamento tem preocupações com o ambiente e se recolherá as peças inutilizadas para reciclagem. Antes de jogar seu equipamento estragado, entre em contato com a empresa e pergunte onde as peças são coleta-das.

2) Prolongue a vida de seus aparelhos. Cuide bem dos seus equipamentos e evite trocas constantes.

3) Caso seja realmente necessário substituir seu eletrônico, quando ele ainda estiver em uso, doe para alguém que vai usá-lo.

4) Informe-se e seja um adepto do consu-mo responsável.

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Conheça a “corset maker” Camile Wagenheimer e suas

criações que impressionam pela beleza e originalidade

No passado o espartilho foi símbolo da opressão feminina, não só pela modificação causada no corpo

da mulher, mas por que simbolizou muito bem as im-posições que elas sofreram no auge de sua popularidade.

Na era vitoriana, quando os exageros no uso do esparti-lho tiveram seu apogeu, criou-se toda uma visão da mu-

lher, relacionada à fragilidade do sexo. Hoje sabemos que os desmaios e fraquezas eram ocasionados pela dificulda-

de em respirar e se alimentar, por conta da pressão nas costelas e órgãos internos, e não por causa de suposta

fragilidade inata, como já se acreditou. Ainda que essa associação seja inevitável, a beleza da peça e a evolução dos materiais faz com que o corset,sua versão moderna, conquiste cada vez mais adep-tas. E não somente as mulheres se rendem a peça feita com várias camadas de tecido com armação em barbatanas de aço. Pouco conhecida, a versão masculina do corset, foi usada até mesmo por sol-dados alemães na II Guerra Mundial, com o intui-to de dar-lhes uma postura mais impressionante no campo de batalha.

Há quatro anos confeccionando corsets, Ca-mile Wagenheimer explica que a modelagem da peça exige um estudo prévio da anatomia de cada cliente, e ressalta a importância de uma

visita ao fisioterapeuta, caso ele se decida pelo uso contínuo da peça. Essa recomen-

dação se deve ao fato de com o efinitivas e oferecerem risco a alguns músculos

e a coluna. Apesar das recomenda-ções, Camile que também possui alguns corsets, confessa que nunca se consultou com ortopedistas ou fisioterapeutas a respeito do uso da peça que comprime as cos-telas, afina a cintura e reorga-

niza a estrutura de seu corpo. A profissional disse que usa

o acessório de forma mo-derada para que sua co-luna não seja afetada e os músculos apoiados pela peça não fiquem flácidos.

A corset maker

Mariana Guarilha

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Conheça a “corset maker” Camile Wagenheimer e suas

criações que impressionam pela beleza e originalidade

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conta também que nas primeiras semanas de uso do corset se sentia incomodada, principalmente nos pri-meiros dias, mas após acostumar-se passou a ter pra-zer no uso da peça, só descontinuando-o por causa das preocupações com a saúde. Já Anderson Sanchez conta entre risos que sofreu para manter-se em seu corset nos primeiros quatro meses. Usuário há um ano, ele afirma usar seu corset “tanto quanto pode”.

A estrutura do corset é feita em barbatana de aço,que surpreende por não ser tão rígida quanto se imagina, mas com as várias camadas de tecido torna-se capaz de remodelar as costelas flutuantes. Um corset pode ser confeccionado em tecidos variados, garante Camile, desde que eles não sejam maleáveis demais para que não acabem cedendo com o uso. Outro deta-lhe presente na maioria dos corsets é o busk, estrutura central também em aço que serve para unir as duas ex-tremidades laterais da peça, fechando-a, e que confere uma linha mais reta ao abdômen.

Além dos corsets Não só de fazer corset vive Camile Wagenheimer.

Ela também trabalha com diversos tipos de roupas, atendendo pedidos e levando em conta a personalidade de seus clientes. Mas é inegável o seu fascínio por pe-ças que valorizem a feminilidade e envolvam quem as usa em uma atmosfera romântica.

Conta que aprendeu a costurar motivada pela ne-cessidade de reformar e customizar as próprias roupas. Sua primeira professora foi uma amiga de sua mãe, que como ela aprendeu a costurar com a prática do dia a dia. “De início quase acabei com todas as minhas rou-pas quando comecei a costurar, a ponto de ficar com três blusas e uma calça jeans no armário, pois eu queria dar uma nova forma a todas elas” – diverte-se. Há seis anos costurando, confidencia que já pensou em desistir da atividade e procurar um trabalho fixo, porém nunca conseguiu abandonar por completo a atividade, mes-mo durante o tempo em que trabalhou fora. “Quando disse que pensava em parar de costurar, a maioria das pessoas me perguntava: mas não com os corsets, não é”? Conta.

A corset maker também faz questão de eviden-ciar que seu gosto pela atividade vai além do domínio de uma técnica ou a esperança de lucros grandiosos :“Muita gente que chega aqui por indicação de um amigo como cliente, e acaba se tornando mais um ami-go”, e cita Jack Mitchels, proprietário da rede de lojas Mitchel/ Richards, que ensina “Uma vez cliente, sem-pre amigo.”Bon di co terora, terum imis et perit perem con vehem renat vic orem obus. Ete te acchus C. Guli-caeli, sit, non speri consintum nimplis sendam perdiem qua Serfece rfectem inatil hementr actaris, notam. Ihi-lius et publium aus, quam vis adduc terfex nonsimus hac viris novenen ihicum que diem erfirmium, straes bone ficiam inat con ignone consuperis, opublii scru-num efecultorum patia rescis, Patiem, vivagitum locur quem sent? quo imilnem ompret; nerfecto co consisteri intem ducionsid int pl. Us,

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A cima a “corset maker” Camile Wagenheimer, na imagem a baixo as modificações dos “corsets” e suas décadas de uso

Antiguidade e Idade Média – Faixas de tecido proporcio-navam suporte ao busto.

Séculos XIII e XIV – As roupas passam a contar com materiais mais rígidos e ar-mações incorporadas para modelar o corpo em uma forma mais esguia. O que deu origem ao “kirtle”, uma espécie de colete engomado e reforçado com cordas que faziam papel de barbatanas. O “kirtle” era amarrado na frente e com o tempo passou a ser utilizado por baixo das roupas.

Mais tarde, populariza-se a ideia de separar o vestido em saia e corpete, e assim o corpete passa a ser feito com materiais mais rígidos, modelando o corpo e a saia pode ganhar os volumes gra-ças a gomas e armações. É nesta época que passa-se a utilizar por baixo do Corpe-te, uma peça de tecido engo-mado, que viria a dar origem ao espartilho.

Entre a Renascença e o Rococó, o espartilho foi so-frendo modificações menos drásticas: a cintura foi fican-do um pouco mais baixa, começa-se a usar pequenas cisões na peça na altura do quadril para dar mais espa-ço ao mesmo, as alças se popularizam e o busto mais baixo faz com que os seios ganhem uma aparência mais natural.

Século XVIII – O esparti-lho é quase completamente abandonado e há um retor-no a valorização das formas mais naturais. O estilo neo-clássico chegava à moda e trazia suas formas leves e fluidas. Porém, não se pas-sou muito tempo antes que novos materiais trouxessem a peça de volta, especialmen-te a barbatana de baleia que possui flexibilidade e permi-

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tiria uma maior pressão na cintura.

Século XIX – O busk é di-vidido em dois, e a invenção dos ilhoses faz com que a peça possa se tornar ainda mais justa sem danificar o tecido. É nessa época que as cinturas ficariam mais estrei-tas e os médicos mais pre-ocupados. O “tight lacing” se populariza. Em tradução literal, a expressão significa laço apertado e define a prá-tica de usar o espartilho ou corset por longos períodos, por mais de 16 horas con-secutivas por dia. A prática que opera uma mudança na

silhueta pode trazer algumas complicações para a coluna e promove o enfraquecimento dos músculos.

Século XX – Volta-se a va-lorizar as formas mais natu-rais do corpo, e o sutiã que já havia sido inventado ga-nha popularidade. Os teci-dos elásticos também davam novas possibilidades de valo-rizar as formas.

1920 - É nessa época que as mulheres mais esguias passam a ser admiradas, e o espartilho começa a declinar.

1950 – Quando o “new look” do estilista Dior passa a valorizar novamente a cin-

tura de pilão, no máximo al-guns cintos reforçados pas-sam a marcar a região.

1980 – Vivienne Westwood e Jean Paul Gautier trazem para a moda elementos da fantasia e do fetiche, e junto com as correntes, o couro e o vinil, aparecem novamente os espartilhos, ou corsets. As subculturas punk e gótica também adotam o corset.

1990 em diante - O corset vira “coulture” e marca pre-sença sempre em coleções dos mais cultuados estilistas e nas capas de revistas espe-cializadas em moda.

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Gabriel Bandeira

Quando se fala em investir na bolsa de valores, muitas pessoas acham que é uma operação para quem tem muito dinheiro, com-plicada e com alto risco de pre-juízo. Se comparado à população dos países desenvolvidos, os bra-sileiros desconhecem o assunto por não ter o hábito da compra e venda de ações como investimen-to, como meio de ganhar dinhei-ro. A procura maior ainda é pela poupança.

Com a constante divulgação de notícias sobre a bolsa de valo-res nos meios de comunicação, a estabilidade econômica do Brasil, aliada à crescente busca de sim-plificação das ferramentas de ope-ração na bolsa, a expectativa é de aumento da procura pelo mercado de ações.

Para explicar de maneira sim-ples, é possível ser um investi-dor individual, ou participar de um clube de investimentos. Nos dois casos é preciso contratar o serviço de uma corretora. De-

Bolsa de valores é um investimento possívelPouca informação e complexidade fazem o mercado de ações parecer um investimento inacessível para a maior parte da população

pois de receber as orientações de operação e ser cadastrado em um Home Broker (sites que interli-gam as corretoras ao sistema de negociação da BOVESPA através da internet e onde constam todas as informações relativas às cota-ções das ações), o investidor pode começar a comprar e a vender as ações. A operação pode ser feita pelo corretor, desde que receba a

autorização, ou direto pelo inves-tidor via internet em um computa-dor pessoal.

Num clube de investimento, um grupo de pessoas físicas se reúne e escolhe um representante para ficar em contato com a cor-retora, transmitindo as decisões acordadas entre os participantes. O número mínimo de participan-tes é três e o máximo é 150.

As decisões de compra e venda das ações são tomadas com base nos

gráficos de cotações

Jovem investidorMateus Vargas,19 anos, estudante

de medicina, sempre teve curiosidade e quis aprender como investir na bol-sa para ganhar dinheiro. Ao assistir uma palestra do consultor de empre-sas Stephen Kanitz, em outubro do ano passado, Vargas ficou realmente interessado no assunto e decidiu que era a hora de começar. Convidou mais dois amigos para a empreitada.

Os três juntaram três mil reais e pro-curaram uma corretora para investir. “O lado interessante é que você pas-sa a observar e entender as políticas econômicas. Você se interessa pela revista Exame absurdamente, entende a política de juros, de câmbio, se inte-ressa por fusões, compras e falências de empresas. Isso é muito enriquece-dor”, explicou o estudante.

Mateus Vargas: “Para investir na Bolsa é preciso aprender sobre as políticas econômicas. Isso é enriquecedor”

Arquivo pessoal

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A BOVESPA não exige uma quantia mínima para investir na Bolsa. Isso varia em função do preço das ações e da corretora. O corretor Marcelo Cordioli Félix acha que com 5 mil reais é pos-sível começar. Chama a atenção para a importância de diversificar o investimento entre 4 ou 5 em-presas confiáveis e de áreas dife-rentes, porque o ganho com ações de uma empresa equilibra a perda com outras. Félix explicou ainda que a cada transação de compra ou venda de ações é cobrada uma taxa de valor variável (entre 10 e 15 reais) pela corretora, mais uma taxa fixa de 0,33% (estipulada pela BOVESPA) do valor total da operação.

Félix enfatiza que por mais que a Bolsa seja um risco, não deixa de ser um investimento, um meio de ganhar dinheiro. Por isso é preciso ter bom senso e agir com cautela para não ter prejuízo. As decisões devem ser tomadas sem-pre de acordo com a análise técni-ca dos gráficos e não apenas com base em notícias.

O professor Antonio Eduardo Nogueira, mestre em Economia e chefe do Departamento de Ci-ência Econômicas da Universida-de Estadual de Londrina (UEL), alega que a operação na bolsa de valores pode se tornar um bom investimento a médio e longo prazos para quem tem pouca ex-periência e dinheiro para investir no mercado de ações. O professor disse que a bolsa de valores pas-sou a ter importância no Brasil a partir de 1994, quando o país começou a se tornar economica-mente estável. Nogueira explicou que o mercado de capitais é im-portante para a economia porque as empresas conseguem captar di-nheiro a um custo baixo para apli-car na produção. Dessa maneira, as empresas não pagam juros e sim dividendos. Dividem com os investidores as possibilidades de

lucro ou prejuízo. O professor en-fatizou a importância da figura do especulador como um dos agen-tes fundamentais no mercado de ações, porque é ele quem investe grandes quantias em dinheiro e

mantém o funcionamento do sis-tema. O mercado de ações está di-retamente ligado com a produção. Quanto mais dinheiro as empresas conseguem captar na Bolsa, mais elas investem na produção.

Professor Nogueira: “Bolsa de valores é um investimento de médio

a longo prazo”

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quer meio de comunicação. “Recentemente, publiquei uma nota dizendo que o prefeito iria trocar o secretário da fazenda. Ele ficou sabendo que a informação saiu na mídia e desistiu, mas, algumas semanas depois, trocou por aquele que foi citado na nota como o novo secretário da fazenda da cidade”.

Uma das coisas que mais chama atenção em relação ao blog é o nome: “Paçoca com Cebola”, título divertido para um assunto tão complicado como a política. Enga-na-se quem imagina que o nome faz referência a algum episódio particular do jornalista ou tenha algum signifi-cado com relação à política. “Eu poderia inventar várias teorias para explicar o nome, mas não é nada disso, o nome também surgiu como uma brincadeira. Achei o nome sonoro e assim ficou”, contou. Inúmeras sugestões e pedidos chegam ao jornalista para que o nome seja mudado, o que facilitaria os outros veículos de comuni-cação para dar crédito às informações retiradas do site. “A maioria das vezes que os meios tradicionais utilizam o blog como fonte, não informam de onde retiraram a matéria, o que é uma coisa normal quando se fala em blog, até mesmo pelo nome que leva”, conta. Um episó-dio engraçado, segundo Osti, foi uma crítica de um lei-tor, que afirmava não ser possível acreditar em um blog que leva o nome de “Paçoca com Cebola”. “Tudo bem, então não acredite”, ri o jornalista.

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Uma brincadeira do jornalista Cláudio Osti que acabou se transfor-mando em fonte sobre o que acontece nos bastidores da política de Londrina. Assim, o blog Paçoca com cebola, no ar há dois anos e meio e com quase dois mil acessos diários, viu a dimen-são dos blogs ultrapassar a categoria do entretenimento e entrar no campo da informação, mesmo sem deixar o humor de lado.

Na chamada “blogosfera” (univer-so dos blogs) espalham-se canais que falam sobre tudo o que você imaginar: moda, cinema, cultura, automóveis, maquiagem, futebol e até decoração. Além disso, a leitura diária dos blogs já se tornou parada obrigatória para a grande maioria dos jovens, democra-tizando a escolha do que as pessoas e, em especial, os jovens querem ler.

Dono de uma assessoria em comu-nicação, Osti já trabalhou em diversas mídias dentro e fora da cidade de Londrina, como a TV Coroados, SBT, Jornal de Londrina, Folha de Londrina e até no jornal esportivo Lance!. Mas somente com o blog foi possível usar a experiência como forma de expressão e de liberdade editorial. “Em todos os anos em que trabalhei na televisão, so-fri censura apenas em alguns momen-tos. Não vou mentir e dizer que fazia tudo que queria, é preciso seguir a li-nha editorial do jornal”, afirma Osti. Segundo ele, a principal diferença do “Paçoca com Cebola” com os veícu-los tradicionais nos quais trabalhou é não possuir vínculos financeiros com terceiros e, portanto, uma linha edito-rial formada por ninguém senão ele, o dono do blog. “Talvez porque eu não ganhe dinheiro algum, não tenho compromisso com nada, só a diversão,

essa é a minha premissa em tudo que faço”, relatou o dono do blog. “Se as pessoas quiserem ler e gostarem, me-lhor, mas o objetivo inicial do blog é me divertir”, completou.

Inicialmente, a intenção do blog era reunir montagens fotográficas, valendo-se da crítica política, para aproveitar as informações que Osti recebia por ter trabalhado como jorna-lista especializado em política durante vários anos. A dificuldade em conci-liar as postagens do “Paçoca com Ce-bola” com o trabalho em assessoria de comunicação, causou transformações importantes na estrutura do site: as montagens foram transformadas em notas diárias, no formato de uma co-luna política, semelhante aos jornais impressos. “Com isso, comecei a im-primir um pouco mais de seriedade ao blog, o que fez com que os acessos co-meçassem a aumentar cada vez mais”, afirmou. Com mais de vinte notas pu-blicadas por dia, o blog tem atualmen-te quase dois mil leitores diários de todos os lugares, mas principalmente do estado do Paraná e da cidade de Londrina.

O blog alia os acontecimentos sobre política com o ponto de vista e crítica de um jornalista experiente, diferentemente dos portais de notí-cias que buscam a imparcialidade. “Os blogs são muito pessoais, partem sempre da experiência e da opinião de quem escreve. As pessoas acessam para saber a opinião do dono do blog, e não apenas uma versão dos fatos”, afirmou Osti. Mesmo sendo um veícu-lo independente e pequeno se compa-rado à televisão e ao rádio, ainda são possíveis realizar pequenos ‘furos’ e apurar uma informação antes de qual-

Com mais de dois anos de existência, o blog ‘Paçoca com Cebola’, do jornalista Cláudio Osti, virou referência em política na cidade de Londrina e região

Política com

HumorPor Naiá Aiello

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“O objetivo inicial do blog é me divertir”

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CimentãoAlan Fernando

A jovem história da cidade de Londrina é marcada por constantes mudanças em sua arquitetura. Em 1968, a Catedral Metropolitana construída dezenove anos antes e a segunda após a fundação da cidade foi totalmente demolida para dar lugar a uma construção mais imponente, marcando o ritmo de crescimento acelerado ao qual se encontrava a recém-nascida de pés vermelhos. Em 1998 foi a vez do Terminal Rodoviário, cujo projeto anterior – considerado um marco da arquitetura moderna no Paraná – já não comportava mais o fluxo de uma cidade que via limite apenas no céu – à época, ao menos.

E assim a arquitetura de Londrina foi se moldando e crescendo em uniformidade com a cidade. Mas talvez nenhum dos projetos citados tenha causado tanto rebuliço quanto o da primeira etapa da reforma do Calçadão, concluída na última sexta-feira, dia 30.

Com o famoso desenho monocromático formado pelo petit-pavet, o Calçadão de Londrina, implantado em 1977 com projeto de Jaime Lerner e Hely Bretãs, logo se tornou um dos principais cartões postais londrinenses, além de brincadeira favorita das crianças, que escolhiam se pisavam somente no branco ou no preto. Desde sua inauguração, contudo, há 33 anos, o cartão postal nunca passou por

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reformas significativas, desgastando-se com o tempo e evidenciando o descaso do poder público com o nosso patrimônio.

Após a situação se tornar um verdadeiro descalabro, a reforma do Calçadão foi então finalmente projetada e incubada num sofrível vai-não-vai. Por milagre e muita discussão posterior entre seus realizadores, acabou saindo.

Mas se depender de parte da população londrinense, deverá ser refeita. Motivos são variados, desde os simplistas “ficou feio” até os mais tradicionais “acabaram com nosso cartão postal”. Particularmente, concordo com o primeiro. Ficou feio.

Independente de gosto, o que não dá para se entender é como uma obra desse porte pode ter sido realizada sem uma prévia consulta pública e com tanto descaso da imprensa, que só passou a reclamar quando a obra estava próxima de ser finalizada.

Diz o atual prefeito, Homero Barbosa Neto, que os cidadãos londrinenses decidirão o futuro da reforma do Calçadão. E se tiver que refazer? São pouco mais de 500 mil reais jogados fora?

Fica a dúvida no ar. Até que se decida a continuidade da reforma, o Calçadão é uma incógnita. Ou melhor, com o forte tom acinzentado deixado pelos blocos de concreto paver, transforma-se num verdadeiro cimentão.

Detalhe de parte do calçadão já reformada em paver, e ao lado o calçadão ainda em petit-pavet, com seu desenho e cores originais

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