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Preparação para o Exame de Português B (Ano lectivo: 2004/2005) Matéria: . A Poesia Realista: - Cesário Verde (o poeta do olhar) . O Primeiro Modernismo: - Fernando Pessoa – Ortónimo - Fernando Pessoa – Heterónimos: - Alberto Caeiro - Ricardo Reis - Álvaro de Campos - Fernando Pessoa – “Mensagem” . Poesia Contemporânea: - Miguel Torga - Sophia de Mello Breyner Andresen . Teatro Contemporâneo: - Luís de Sttau Monteiro: - “Felizmente há Luar” . Narrativa Contemporânea: - Vergílio Ferreira: - “Aparição” POESIA REALISTA: - Cesário Verde Realismo – Cesário Verde – Final século XIX / Início século XX Cesário Verde: - Poeta do deambulismo - O seu olhar “deambula” e ele faz poemas de acordo com aquilo que vê, aquilo que é real. - REALISMO – Poetiza o real: - Traz para a poesia a realidade exterior a ele: . “Sentimento d’um Ocidental”,

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Preparação para o Exame de Português B(Ano lectivo: 2004/2005)

Matéria:. A Poesia Realista:

- Cesário Verde (o poeta do olhar). O Primeiro Modernismo:

- Fernando Pessoa – Ortónimo- Fernando Pessoa – Heterónimos:

- Alberto Caeiro- Ricardo Reis- Álvaro de Campos

- Fernando Pessoa – “Mensagem”. Poesia Contemporânea:

- Miguel Torga- Sophia de Mello Breyner Andresen

. Teatro Contemporâneo:- Luís de Sttau Monteiro:

- “Felizmente há Luar”. Narrativa Contemporânea:

- Vergílio Ferreira:- “Aparição”

POESIA REALISTA:- Cesário Verde

Realismo – Cesário Verde – Final século XIX / Início século XX

Cesário Verde:- Poeta do deambulismo- O seu olhar “deambula” e ele faz poemas de acordo com aquilo

que vê, aquilo que é real.

- REALISMO – Poetiza o real:- Traz para a poesia a realidade exterior a ele:

. “Sentimento d’um Ocidental”,

. “Num Bairro Moderno”; poemas que caracterizam melhor a sua poesia, onde se conhece melhor a poesia de Cesário Verde.

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- Com a sua poesia e com a descrição do real, aproveita para denunciar aquilo que considera mau, na sociedade.

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- Cidade =/= Campo- Dicotomia central da sua poesia.- É a partir daqui que desenvolve todos os seus poemas- Cidade em contraste com o campo, em que se nota um elogio pelo

campo e um desprezo pela cidade. Cidade – “Babel”, Babilónia.

O campo é o lugar saudável, onde há liberdade e é possível o amor.A cidade é o contrário

Cidade:- Vivência do concreto e do quotidiano- Espaço de modernidade – Cesário Verde anuncia a modernidade:

Revolução Industrial (mundo do homem moderno), máquinas, etc.- Campo =/= cidade- Contrastes sociais- Tédio, angústia… (mundo do homem moderno)

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Temas:- Contextualização da sua obra:

- Contextos históricos, socioeconómico e artístico;- Poetização do real (objectividade/subjectividade – Cesário vê uma

realidade e relata-a tal como a vê, segundo a sua perspectiva;- O quotidiano na poesia;- “Apreensão impressionista do real”;- Relacionamento estético com a imagética feminina;- Binómio cidade – campo (dialéctica das experiências campestres);- A subjectividade do tempo e a morte;- Questão social:

- Realismo de intenção basicamente naturalista;- Inovação da arte poética:

- Modelo de naturalidade e de “sereno realismo isolado”;- Prosaísmo realista e visionarismo impressionista

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- A recepção dos poemas de Cesário Verde publicados na imprensa, foi péssima. Os leitores, habituados ao sentimentalismo romântico detestavam aqueles versos que traziam para a poesia a realidade quotidiana da cidade e do campo, através de uma linguagem que lhes parecia pouco poética, demasiado prosaica.Foram necessárias algumas décadas para o talento, a originalidade e a modernice dos seus poemas fossem reconhecidos.

Descrição da época e da cidade- Contraste entre ricos e pobres.- Apesar de terem sido introduzidas algumas inovações, como candeeiros a gás (contraste: Ruas malcheirosas), havia uma incapacidade de resposta da cidade a tanta população, provocada pelo êxodo rural, que provocou problemas de ordem sanitária, económica, financeira, que revelam a miséria social.

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- A ideia de que o estado tinha de intervir para proteger os mais fracos, foi-se espalhando.

- Cesário Verde, reparte a sua existência entre a cidade, onde o pai trabalhava na loja de ferragens, e o campo (Linda-a-Pastora), onde a família possuía uma quinta – fundamentam os temas do quotidiano, da Realidade (temas banais) abordados nos seus poemas.

Poetização do real (objectividade/subjectividade); quotidiano na poesia; “apreensão impressionista do real”

- enorme interesse pelo real, cujas impressões das formas naturais tenta captar.- Próximo do Realismo e do Naturalismo há um reviver constante de imagens sensíveis que permitem reconstruir a realidade.- sensível a todas as agitações da cidade e atraído pelo campo, o poeta

tem uma preocupação em traduzir o real quotidiano com as suas emoções, pois ao deambular pela cidade, tem a capacidade de visionar situações do dia-a-dia, pela sua atenção permanente ao que o rodeia.

- Cesário procura representar a impressão que o real deixa em si próprio - desvio do Realismo a favor de uma “apreensão impressionista do real”.

Concluindo, Cesário realiza a sua poesia com base naquilo que o seu olhar capta, enquanto “deambula” – poeta do “deambulismo”.

Relacionamento estético com a imagética feminina

- através do binómio Cidade – Campo faz a relação entre a mulher da cidade e a mulher do campo.

- cidade: surge a mulher fatal, servindo para retratar os valores decadentes e a violência social, que, segundo Hélder Macedo, conduzirá a um “erotismo da humilhação”. Contudo, a mulher fatal surge na poesia de Cesário como algo que desperta o desejo e o arrasta para a morte, sendo o poeta levado pelo poder da sedução. Mas se, por um lado, o corpo da mulher irradia uma luz que o torna cada vez mais nítido e sensual, por outro lado, há um pressentimento de fatalidade que lentamente o transforma em símbolo da morte.

- campo: imagem de uma mulher angélica e de vida. Erotismo cheio de pureza, associado a uma paisagem campestre e à simplicidade. (como em “Setentrional”)

Inovação da arte poética: modelo de naturalidade e de “sereno realismo visual”

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- Cesário procura retirar diversas impressões visuais e outras da realidade para sobrepor imagens que acabem por traduzir a visão do que o rodeia.

- poeta canta as coisas simples que observa a todo o instante.- para que as suas descrições fossem o mais exactas possível, preocupou-

se muito com o narrador que era o mais realista possível e em escolher palavras que reflectissem bem a realidade.

- parnasianismo - Cesário mostra-se sempre preocupado com a perfeição, com o rigor formal, com a regularidade métrica, estrófica e rimática.

- nível morfossintáctico - recorre à expressividade verbal, à adjectivação abundante, rica e expressiva, por vezes em hipálage, à precisão vocabular, ao colorido da linguagem; e tem uma tendência para frases curtas e acumulativas.

Assim, podemos concluir que Cesário é o poeta da inovação, do concreto e do quotidiano.

Binómio Cidade – Campo

- oposição cidade/ campo percorre toda a poesia cesariana- constitui uma espécie de eixo estruturante, de onde irradiam as outras

temáticas.- um dos temas fundamentais da poesia de Cesário - poeta revela-nos o seu amor ao rústico e natural (campo), por oposição a

um certo repúdio da perversidade e dos pseudovalores urbanos e industriais (cidade).

MODERNISMO- Fernando Pessoa

Modernismo – mudança radical da década de 80 do século XIX até à Guerra Mundial.

Vanguardismo = Modernismo- Engloba os “ismos”:

. Cubismo

. Interseccionismo

. Sensacionismo

. Futurismo

. etc

Novas filosofias – Novas ideias

“Portugal virou-se do avesso”

Surge uma Nova Concepção de poesia e de poetas- o poeta só é poeta se tiver capacidade de ser “mais alto” “Ser poeta é

ser mais alto”. Ou seja, se tiver a capacidade de fazer passagem de um mundo sensível para um mundo inteligível.

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“O poeta é um fingidor”

“O poeta é um Fingidor. Finge tão completamente, Que finge que é dor A dor que deveras sente.”

- Tese: ideia base da poesia de Fernando Pessoa (poesia desta época)

Poeta:- Teoria do fingimento:

. Sinceridade / Fingimento- “O Poeta é um Fingidor. Finge tão completamente, que finge

que é dor a dor que deveras sente”- “O Fingimento passa a ser Realidade”- Capacidade de passar do mundo sensível para o mundo

inteligível

- Dialéctica Sentir / Pensar:. Sentir / Pensar – sente com o coração, mas pensa com a razão

- Consciência / Inconsciência

Fernando Pessoa – plural- “Fernando Pessoa é Plural”:

. Ortónimo

. Heterónimo:Alberto CaeiroRicardo ReisÁlvaro de Campos

- Cria dentro dele várias personalidades. Várias maneiras que encontra de estar no mundo.

- “Sê plural, como o Universo” – necessidade do homem saber estar no mundo.

Fernando Pessoa- Poeta influenciado pelo Saudosismo – Saudosista (Saudosismo –

movimento literário que atribui à saudade, a principal característica a alma nacional e o princípio fundamental da Renascença Portuguesa)

- Poeta de continuidadeA continuar aquilo que vem do passado

. Dá origem ao Neo-Garretismo

. Nacionalismo (abriu as “portas” ao Modernismo: novos valores, novos conceitos, novas ideias)

Para além disto,Temos um Fernando Pessoa virado para o Modernismo e para o

Futurismo (Futuristas – apostam no futuro, por oposição aos Saudosistas, pois esses vivem de recordações do passado).

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Fernando Pessoa não é um poeta do “eu” singular, mas sim de um “eu” plural.

Ele outra-se – “Outrar-se”; capacidade de ser outro.

Fernando Pessoa - Ortónimo

Por tópicos:

Características literário–estilísticas de Fernando Pessoa – Ortónimo:- Há uma personalidade poética activa que mantém o nome de Fernando

Pessoa e, por isso, se designa de Ortónimo.- Na poesia do Ortónimo coexistem duas vertentes: a tradicional e a

modernista. Algumas das suas composições seguem na continuidade do lirismo tradicional: sensibilidade, suavidade, linguagem simples, ritmo melodioso, com marcas do Saudosismo; outras iniciam o processo de ruptura: experiências modernistas do Simbolismo, do Paulismo e do Interseccionismo e nos heterónimos.

Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sentir/pensar:- A poesia do Ortónimo revela a despersonalização do poeta fingidor que

inventa, fala, elabora conceitos e que se identifica com a própria criação poética. O poeta recorre à ironia para pôr tudo em causa, inclusive a própria sinceridade que, com o fingimento, possibilita a construção da arte.

- Pessoa procura, através da fragmentação do eu, a elaboração estética, conciliando a oposição razão/sentimento.

- Recorrendo ao Interseccionismo tenta encontrar a unidade entre a experiência sensível e a inteligência, entre as dialécticas sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sentir/pensar

- O interaccionismo, que surge como uma evolução do Paulismo, apresenta-nos o entrecruzamento de planos: intersecção de sensações ou percepções, de realidades físicas ou psíquicas, de realidades interiores e exteriores, de sonhos e das paisagens reais, do espiritual e do material, de tempos e de espaços, da horizontalidade com a verticalidade. Daí a intelectualização do sentimento para exprimir a arte, que fundamenta a teoria do fingimento (está bem patente neste movimento de oposições e que leva Pessoa a afirmar que “fingir é conhecer-se”)

-Artisticamente, considera que a mentira é simplesmente a linguagem ideal da alma, pois, assim como nos servimos de palavras, que são sons articulados de uma maneira absurda, para em linguagem real traduzir os íntimos e subtis movimentos da emoção e do pensamento (que as palavras forçosamente não poderão nunca traduzir), assim nos servimos da mentira e da ficção para nos entendermos uns aos outros, o que, com a verdade própria e intransmissível, se nunca poderia fazer

- No interaccionismo encontramos o processo de realizar o Sensacionismo, na medida em que a intersecção de sensações está em causa e por elas se faz a intersecção da sensação e do pensamento. E, neste jogo dialéctico, o sujeito poético revela-se duplo, fragmentado, na busca de sensações que lhe permitam a felicidade pura ansiada, mas inacessível levando-o à frustração que a consciência de si implica.

O tempo e a desagregação: o Regresso à Infância:

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- Do mundo perdido e fantástico da infância, Pessoa sente a nostalgia. Ele que foi “criança contente de nada” e que em adolescente aspirou a tudo, experimenta agora a desagregação do tempo e de tudo. Um profundo desencanto e a angústia apanham o sentido da brevidade da vida e da passagem dos dias. Busca múltiplas emoções e abraça sonhos impossíveis, mas acaba “sem alegria nem aspiração”. Tenta manter vivo o “enigma” e a “visão” do que foi, restando-lhe o cansaço, o tédio, a inquietação, a solidão e a ansiedade.(ex.: “Quando as crianças brincam”)

As Temáticas:- A intersecção entre o sonho de um tempo em que o poeta diz ter sido feliz e a

realidade (ex.: “Chuva Oblíqua”)- A angústia existencial e a nostalgia de um tempo perdido (do Eu, de um bem

perdido, das imagens da infância)- A distância entre o idealizado e o realizado – e a consequente frustração

(“Tudo o que faço ou medito”)- A máscara e o fingimento como a elaboração mental dos conceitos que

exprimem as emoções ou o que quer comunicar (ex.: “Autopsicografia”)- A intelectualização das emoções e dos sentimentos para a elaboração da arte- O ocultismo como fonte de explicação da realidade e o hermetismo (ex.:

“Eros” e “Psique”)- Tradução dos sentimentos na linguagem do leitor, pois o que se sente é

incomunicável.

Linguagem e estilo:- Linguagem simples, espontânea, mas sóbria, simbólica e esotérica- Recorrência frequente a adjectivos, comparações, metáforas e imagens para

traduzir- Constatações ou reflexões, aliterações, onomatopeias, utilização da rima- Preferência pela métrica curta, tradicional – redondilha

Modernismo:- Crescimento populacional e económico- Politicamente: batalha da diplomacia portuguesa: batalha da diplomacia

portuguesa (tratado do Mapa Cor de Rosa)- O Ultimato (Inglês quanto aos territórios de África) teve em Portugal uma

repercussão dolorosa e profunda, traumatizou o país e a Monarquia foi responsabilizada pelas cedências.

- As consequências políticas que o regicídio de D. Carlos teve: a implantação da República.(mas a primeira República estava minada por contradições internas, que levariam a um período de agitação permanente e de esterilidade).

- A Primeira Guerra Mundial – resultou de uma profunda instabilidade de equilíbrio europeu. O Mundo por uma depressão geral e as economias desorganizaram-se. Portugal entrou na guerra ao lado da Inglaterra e da França. Fernando Pessoa manifestou-se contra a entrada de Portugal.

- Começa a ditadura militar (1926-1933)- Contexto Cultural:

- Movimento artístico – Cubismo

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A Literatura- Simbolismo – como reacção contra o realismo, Positivismo e Naturalismo.- Saudosismo – movimento literário que atribui à saudade, a principal

característica da alma nacional e o princípio fundamental da “Renascença Portuguesa” (sociedade Portuense).

A Nova Poesia Portuguesa- A actual corrente literária portuguesa é absolutamente nacional, mas nacional

com ideias especiais, modos de expressão especiais e distintos de um movimento literário completamente português

- Contém individualidades de vincado valor- Há também um outro facto que se impõe que é o facto de este movimento

literário acontecer num momento de crise nacional- Esta corrente vai ainda no princípio e terá a consequência de uma grande

corrente literária, pois prepara-se um período áureo de criação literária- A corrente literária precede sempre a corrente social

- Ele chega a três conclusões finais:- Portugal prepara-se para um ressurgimento assombroso, um período de

criação literária e social como “poucos mundos têm tido”. “Será maximamente criador”.

- Tendo o movimento literário português nascido come acompanhado o movimento republicano, é dentro do republicanismo que está e será, o glorioso futuro, deduzido.

- No entanto, não é o actual republicanismo (desnacionalizado, idiota e corrupto) que será glorioso.

- A estética da Nova Poesia Portuguesa- A nova poesia terá três elementos:

- O Vago, o Subtil, o ComplexoSão vagas, subtis e complexas as expressões características do seu

verso, e a sua ideação é, portanto, do mesmo triplo carácter- Ideação vaga é coisa que é escusado definir de exaustivamente explicante

que é de por si o mero adjectivo; urge, ainda assim, que se observe que a ideação vaga não implica necessariamente ideação confusa. Implica simplesmente ideação confusa que tem que é vago ou indefinido por constante objecto e assunto. Quanto menos nitidamente o trate ou exprima mais classificável de vaga se tornará.(o vago não é confuso; o vago é o objecto ou o assunto da ideação)

- Ideação subtil é traduzir uma sensação simples por uma expressão que a torna vivida, minuciosa, detalhada, sem contudo lhe acrescentar elemento que se não encontre na directa sensação inicial.(o vago traduz uma sensação simples por uma expressão que a intensifica, sem lhe acrescentar elemento que se não encontre na sensação inicial)

Há simplesmente um desdobrar, comum em leque, de uma sensação crepuscular, que cada termo “maravilhosamente” intensifica, mas não alarga.

- Ideação complexa é traduzir uma impressão ou sensação simples por uma

expressão que a complica acrescentando-lhe um elemento explicativo, que lhe dá um novo sentido. A expressão subtil intensifica, torna mais nítido: a ideação subtil envolve ou uma directa emocionalização de uma ideia, ou uma emocionalização de uma emoção: é desta heterogeneidade que a complexidade lhe vem.

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(o complexo traduz uma sensação simples por ma complexa maior; a ideação visa “encontrar em tudo um além”)

Fernando Pessoa – Heterónimo

- A “pequena humanidade” do poeta é como um palco onde desfilam pelo menos quatro personagens diferentes: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e o próprio Fernando Pessoa.

- “Não há que buscar em quaisquer deles (Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos) ideias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem ideias que não aceito, sentimentos que não tive”

- “SER MÚLTIPLO SEM DEIXAR DE SER UM” - Fernando Pessoa.

Heteronímia:

Alberto Caeiro:- “Mestre” dos outros- Paganista existencial- Poeta da Natureza e da simplicidade- Interpreta o mundo através dos sentidos- Interessa-lhe a realidade imediata e o real objectivo que as sensações lhe oferecem- Nega a utilidade do pensamento; é anti-metafísico

O heterónimo pessoano Alberto Caeiro é o poeta da simplicidade completa e da clareza total, que representa a reconstrução integral do paganismo, descrevendo o mundo sem pensar nele.

Alberto Caeiro propõe-se não passar do realismo sensorial, considerando que “a sensação é a única realidade para nós”. Encarna a essência do sensacionismo, que surge para ele como um programa, cujos princípios básicos são:

“- Todo o objecto é uma sensação nossa;-Toda a arte é a conversão de uma sensação em objecto;- Portanto, toda a arte é a conversão de uma sensação numa outra sensação.”Na obra Pessoana, Caeiro procura vivenciar o mundo nesta multiplicidade de

sensações. Considera que é preciso aprender a não pensar, libertando-se de tudo o que possa perturbar a apreensão objectiva e limpa da realidade concreta, tendo de fazer, como diz, uma “aprendizagem de desaprender”.

O “puro sentir”, nomeadamente através da visão, constitui a verdadeira vida para Alberto Caeiro, que saúda o breve e o transitório, pois na Natureza tudo muda. Aprecia as coisas tal como são e procura a sua fruição despreocupada.

Linguagem e estilo:- Ausência de preocupação estilísticas- Versilibrismo, indisciplina formal e ritmo lento mas espontâneo;- Proximidade da linguagem do falar quotidiano, coloquial, fluente, simples e

natural;- Vocabulário simples e familiar, em frases predominantemente coordenadas;

repetições de expressões longas, uso de paralelismo de construção, de simetrias, de comparações simples;

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- Número reduzido de vocábulos (dando uma impressão de pobreza lexical, de acordo com a sua sabedoria não livresca) e de classes de palavras: pouca adjectivação, predomínio de substantivos concretos, uso de verbos no presente do indicativo (acções ocasionais) ou no gerúndio (sugerindo simultaneidade e arrastamento)

Ricardo Reis:- Epicurismo: Carpe Diem e disciplina Estóica- Indiferença Céptica; ataraxia- Semipaganismo; classicismo- Vive o drama da fugacidade da vida e da fatalidade da morte

O heterónimo pessoano Ricardo Reis é m poeta contemplativo que procura a serenidade, livre de afectos e de tudo o que possa perturbar o seu espírito. É, também, um estóico, apesar de, aparentemente, resignado. Há, no seu pensamento, uma tensão, uma atitude de luta contra o que lhe tire o sossego. É uma atitude vital na busca do entendimento, da felicidade e da liberdade a que tende o homem, obrigado a viver num meio social adverso.

Aceita o destino com naturalidade, considerando que aos deuses, no sistema pagão, se encontra o Fado, que tudo submete.

Ricardo Reis procura alcançar a quietude e a perfeição dos deuses, desenhando um novo mundo à sua medida, que se encontra por detrás das aparências. Os deuses são uma metáfora do mundo. Indiferentes, mas omnipresentes, confundem-se connosco sempre que os imitamos. Não são mais do que homens mais perfeitos ou aperfeiçoados. “Só esta liberdade nos concedem/ Os deuses: submetermo-nos/ Ao seu domínio por vontade nossa”.

Pagão por carácter, que resulta da acumulação de experiências e da sua formação helénica latina, há nos seus poemas, uma postura ética e um constante diálogo entre o passado e o presente, escrevendo odes inspiradas nas doutrinas epicuristas de Horácio.

Epicurismo: prazer intelectual. Viver a vida sem grandes paixões, problemas, confusões… O Epicurismo não deve procurar os prazeres violentos, e não deve fugir às sensações dolorosas que não sejam extremas.O Homem deve procurar sobretudo a calma, a tranquilidade, abstendo-se do esforço e da actividade útil.- é um esforço lúcido e disciplinado para obter uma calma qualquer.Epicurismo =/= Cristianismo. Bárbaros = Cristãos – a proposta de vida Cristã não é Epicurista. Não consiste na indiferença, assim como acontece com a filosofia epicurista. O Cristão esforça-se no dia-a-dia por fazer o bem, combatendo o mal, de modo a atingir a Felicidade.

Álvaro de Campos:- Decadentismo – o tédio, o cansaço e a necessidade de novas sensações;- Futurismo e Sensacionismo – exaltação da força, da violência, do excesso; apologista da civilização industrial; intensidade e velocidade (a euforia desmedida)

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- Intimismo – a depressão, o cansaço e a melancolia perante a incapacidade das realizações; as saudades da infância.

Álvaro de Campos é o mais moderno dos heterónimos de Fernando Pessoa. Na carta a Casais Monteiro, sobre a génese heteronímia, Fernando Pessoa descreve-o como engenheiro naval (por Glasgow), e afirma que escreve em seu nome quando sente “um súbito impulso para escrever”. Em Páginas Íntimas e de Auto-interpretação, considera-o amoral, pois ama “as sensações fortes mais do que as fracas, e as sensações fortes são, pelo menos, todas elas egoístas e ocasionalmente as sensações de crueldade e luxúria”. Para Campos, sentir é tudo e o seu desejo é “sentir tudo de todas as maneiras”.

O drama de Álvaro de Campos concretiza-se num apelo dilacerante entre o amor do mundo e da humanidade. É uma espécie de frustração total feita de incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento, mundo exterior e mundo interior. Revela como Pessoa a mesma inadaptação à existência e a mesma demissão da personalidade íntegra. Mas, pela sua violência e fraqueza, põe mais a claro o que em Pessoa ficou discreto e implícito. Diz ele: “se eu fosse mulher – na mulher os fenómenos histéricos rompem em ataques e coisas parecidas – cada poema de Álvaro de Campos (o mais histericamente histérico de mim) seria um alarme para a vizinhança. Mas sou homem - e nos homens a histeria assume principalmente aspectos mentais: assim tudo acaba em silêncio e poesia”.

Álvaro de Campos passa por três fases:1ª fase – decadentista2ª fase – futurismo e sensacionista3ª fase – intimista

Fernando Pessoa – Mensagem

Mensagem: Estrutura

- estrutura tripartida, que traduz a evolução do Império Português, desde a sua origem até à morte, a que se seguirá um renascimento.

- 1ª parte: “Brasão”, corresponde ao nascimento, com referências a mitos e figuras histórias, como Ulisses, D. Afonso Henriques, Infante e D. Sebastião, que conseguiram erguer Portugal através de grandes feitos.

- 2ª parte: parte é intitulada de “Mar Português” e é nessa que surge a realização e a vida, com referências ao sonho marítimo e à obra dos Descobrimentos, que exigiu grandes sacrifícios (“São lágrimas de Portugal”) e sofrimento (“Tem que passar além dor”), cumprindo-se a missão marítima (“Cumpriu-se o Mar”), porque “Tudo vale a pena”.

- 3ª parte: “O Encoberto”, apresenta a imagem de um Império moribundo, em que Portugal é “nevoeiro” e está a “entristecer” e em que tudo é “disperso, nada é inteiro”, mas, ao mesmo tempo, mostra-nos a fé de que a morte contenha em si o gérmen da ressurreição capaz de erguer novamente Portugal.

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Obra Mitológica

- A Mensagem contém uma dimensão mítica muito forte - o mito sebastianista

- 1ª parte: “Brasão”, o mito é definido como o “nada que é tudo” que “sem existir nos bastou” e D. Sebastião é caracterizado com o traço da “loucura” que “quis grandeza”, ou seja, que o impulsionou para grandes feitos.

- 2ª parte: parte, “Mar Português”, que relata a realização do sonho marítimo das Descobertas, são óbvias as referências ao mito Sebastianista através das expressões “a chama, que a vida em nós criou, (…) não é finda” e “ A mão do vento pode erguê-la ainda” que comprovam a ânsia da chegada de um “Salvador”.

- 3ª parte: parte, “O Encoberto”, a imagem de um Império moribundo, que é “nevoeiro” e onde “tudo é incerto e derradeiro” faz geminar o desejo da chegada de um Salvador capaz de provocar a ressurreição do Império.

Concluindo, a Mensagem é atravessada pelo mito Sebastianista, que assenta na esperança da chegada de um Messias que virá inaugurar um Novo Império de dimensão Espiritual: O Quinto Império.

Dimensão Simbólica, épica, Lírica e Mítica

- Dimensão épica – parte de um núcleo de figuras históricas…- Dimensão Lírica - … e transfigura-as através de uma visão subjectiva e

introspectiva…- Dimensão Mítica - …em figuras míticas (heróis míticos)…- Dimensão Simbólica – tripartição; símbolos unificadores da obra (brasão, campo, castelos, quinas, coroa, timbre, grifo, mar, terra, padrão, mostrengo, nau, ilha, noite, manhã, nevoeiro); símbolos numerários (poemas agrupados intencionalmente em blocos de 2, 7, 1, 3 e 12); símbolos herméticos (simbolismo templário e rosa-cruciano)

Dimensão Nacionalista – “o rosto com que fita Portugal”; põe em relevo Portugal por oposição dos países estrangeiros; rimas com as palavras Portugal, português…

POESIA CONTEMPORÂNEA

Miguel Torga

Miguel Torga (12-08-1907, S. Martinho de Anta Sabrosa, Trás-os-Montes – 1-01-1995, Coimbra), pseudónimo do médico Adolfo Correia da Rocha, notabilizou-se como poeta, memorialista, ficcionista, ensaísta, dramaturgo e autor de impressões de viagens, sendo, em 1960 e em 1978, o seu nome proposto para o Prémio Nobel da Literatura.

A criação poética, a problemática religiosa, o desespero humanista e a obsessão telúrica são temas recorrentes em Miguel Torga:

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Criação poética:- “O mais belo e o mais trágico” ofício;- Acto de descobrir, de sofrer e de caminhar no meio do desespero e da

incerteza;- “A religião do homem, a republica humana ao ultimatum divino crepuscular”- Possibilidade de o homem descer ao mais fundo de si mesmo;- Dom inato que, em tensão e angústia, liberta e revela a ordem cósmica;

- A poesia é a “Eurícide” que “Orfeu” (o poeta) tenta libertar da obscuridade.

Problemática religiosa:- Revolta da inocência humana contra a divindade transcendente;- Negação de deus e obsessão da sua presença;- Ausência de um Deus humano e imanente, que o perturba;- Desassossego face ao absoluto, ao sagrado e ao divino;- Questionação da verdade de Deus para afirmar o Homem;- Necessidade de o Homem procurar a sua verdade na Terra.

Desespero humanista:- Apego aos limites carnais, terrenos, e a revolta espontânea contra esses

limites;- Sentimento de solidão e experiência do sofrimento;- Esperança e desesperança como expressão de um conflito íntimo;- Consciência da grandeza trágica da nossa condição;- Rebeldia contra os limites do homem e busca do caminho da esperança e da

liberdade.

Sentimento telúrico:- Apologia de um sentido terreno, instintivo;- A Terra – lugar concreto e natural do Homem;- Inspiração genesíaca;- Mito de Anteu;- A terra é generosa e dá força e esperança ao Homem.

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Sophia de Mello Breyner Andresen

Natureza como religião do real – quatro elementos primordiais

- A mais importante temática da poesia de Sophia - a natureza e toda a relevância que dá aos quatro elementos primordiais: Terra, Ar, Fogo, Água (sendo a água o mais importante, pois é nela que Sophia encontra a pureza, a harmonia e a perfeição).

- para a poetiza existe uma relação privilegiada com tudo o que envolve a natureza que a rodeia.

- temática constante na sua poesia.- Também é apresentada como o espaço primordial de encontro do Eu

com a sua nudez e beleza plena, fugindo assim ao bulício da cidade.

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- A sua criação poética parte do real e portanto os quatro elementos primordiais são sem qualquer dúvida essenciais, pois é neles que ela não só procura a beleza, como tenta reencontrar e comungar com a verdade das origens.

- referências a uma infância ligada à natureza e muito virada para o mar. O maior objectivo da poetiza não é fazer uma mera descrição da natureza, mas sim transfigurá-la e elevá-la à perfeição e plenitude máximas.

Efectivamente, o amor que Sophia tem pela natureza é bem visível em muitos dos seus poemas.

Procura da justiça e da verdade (busca do tempo absoluto)

- ideologia humanista e uma consciência política e social muito fortes que surgem como voz de revolta e denúncia das injustiças cometidas neste “tempo de medo e traição”.

- capta o sofrimento do mundo, a hipocrisia cúmplice, a “covardia” e a corrupção vividas nos anos 60, com Portugal sob o regime ditatorial

- “tempo dividido” marcado pela impureza, pelo ódio e pela “escravidão”, que se opõe ao “tempo absoluto”, transcendente do Bem, da justiça e da verdade.

- poesia apresenta-se como arma de acusação e denúncia das “pessoas sensíveis” e dos “vendilhões do templo”, opressores e hipócritas, e como voz de revolta apaixonada e comprometida, em linguagem directa e clara, contendo conotações político-ideológicas.

Concluindo, a situação político-social portuguesa de repressão (“Até o ar azul se tornou grades”) leva Sophia a um empenhamento político que visa a denúncia do “tempo onde o sangue não tem rasto” e a busca de valores como a liberdade e verdade, bem como o estabelecimento de uma aliança com a Natureza.

Grécia - tempo de unidade

- poesia de Sophia - referência aos mitos gregos e à Grécia como um tempo de unidade e harmonia.

- aliança do homem com o mundo natural, o encontro da harmonia, do equilíbrio, da justa medida, tem para Sophia como paradigma a arte grega e a verdade dos seus deuses.

- atracção pela arte e nostalgia manifestada pela civilização grega levam-na a recriar as imagens do mundo grego.

- Grécia antiga - procura a justiça e o humanismo. Na sua poesia o Eu poético busca a perfeição e a harmonia dum ser humano que saiba erguer-se a partir das suas limitações e imperfeições.

- temática presente em poemas como o “Crepúsculo dos Deuses”.

Efectivamente, há nesta poesia uma narração da conquista da luz e da totalidade, personificada na Grécia antiga, nos seus deuses e mitos.

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TEATRO CONTEMPORÂNEO- Luís de Sttau Monteiro

“ Felizmente Há Luar”

Teatro Contemporâneo:Teatro Tradicional =/= Teatro Contemporâneo - Representar - teatro de distanciação

- Mostrar / Apresentar

“Felizmente Há Luar” – drama narrativa, dentro dos princípios do teatro épico, que faz a “trágica apoteose” do movimento liberal oitocentista, em Portugal (1817 – séc. XIX)

“Felizmente Há Luar” – 2 tempos:- 1817 (Tempo da História)- 1960 (Tempo em que foi escrita)

Peça:- publicada em 1961- representada pela primeira vez em Paris em 1969- representada em Portugal em 1978 (só foi representada após a Revolução do

25 de Abril de 1974, porque antes tinha sido censurada – recuperou-se a Liberdade de Expressão)

Objectivo do teatro de distanciação – suscita o juízo critico, dando vontade de lutar contra aquilo que está mal (aos espectadores)- representa um acontecimento passado que denuncie um presente (neste caso o regime Salazarista e o Fascismo)

Narrativa Épica- narra acontecimentos que têm como objectivo mudar o Mundo.Apoteose – técnica realista; influência de Brest

Luís de Sttau Monteiro – recorre a um exemplo da história portuguesa para denunciar a ditadura, com a valência, as perseguições e a opressão, dos anos 60 do século XX – a época da rodução da obra.

Divisão da peça:(Actos, Cenas, Quadros)

Actos: 2

1º ACTO:- Quadro dos populares- Poder – Governantes- Os traidores

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2º ACTO:- Povo- Forças da ordem- Novas personagens

Dimensão épica

- “Felizmente há Luar!” - drama narrativo, de carácter social, dentro dos princípios do teatro épico.

- como drama narrativo, pressupõe uma acção apresentada ao espectador e com possibilidade de ser vivida por ele, mas, sobretudo, procura a sua conivência ou participação testemunhal.

- carácter narrativo é sinónimo de épico, ao contar determinados acontecimentos que devem ser interpretados, reflectidos e julgados pelo espectador, enquanto elemento duma sociedade.

Observando “Felizmente Há Luar!”, verificamos que são estes os objectivos de Sttau Monteiro, que evoca situações e personagens do passado, usando-as como pretexto para falar do presente. Partindo duma época de opressão que aconteceu no inicio do século XIX, o autor quer que o espectador/ leitor associe à época em que vive e reflicta sobre aquilo que está mal e que medida devem ser tomadas para acabar com a opressão.

Efeitos de luz e de som

- a luz e o som são elementos que contribuem para o aumento da tensão dramática na obra.

- luz: recurso que se encontra ao serviço de vários objectivos cénicos, contribuindo, nomeadamente, para criar o efeito de distanciação entre a plateia e o palco. O efeito cénico da luz encontra-se também associado à fogueira/ fogo e lua/ luar.

- som: tem grande importância. Tem uma função de fazer com que o espectador sinta toda a tragicidade da situação. (p. ex.: o som dos tambores - demonstração de perigo e opressão por parte do conselho de Regência.

Efectivamente, não há dúvida que ambos elementos contribuem para o desenrolar de toda a trama, não no sentido do desenvolvimento da história, mas no sentido de contribuírem para a melhor compreensão por parte dos espectadores.

Didascálias

- obra constituída por didascálias ou indicações cénicas, que contribuem de forma muito eficaz, não só para o desenvolvimento da obra como para o seu entendimento por parte dos espectadores/ leitores.

- estabelece-se um jogo entre as falas das personagens e as didascálias. - existem dois tipos de indicações cénicas: aquelas que aparecem

inseridas no texto e que apresentam as movimentações cénicas, os contrastes

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de luz e som; e as que aparecem à margem do texto e que mostram os sentimentos e as atitudes que as personagens devem tomar ao longo da obra.

- as didascálias completam o texto dramático, tornando-o mais rico em informações úteis para a sua representação.

Simbologia do título

- título com um importante significado ao longo de toda a obra.- repetição da expressão “Felizmente Há Luar!” ao longo da obra confere-

lhe uma certa circularidade:D. Miguel, símbolo do poder, refere-se ao luar ainda no final do

primeiro acto. Seria este luar que permitiria que o povo visse o poder da regência e se aterrorizasse com o clarão da fogueira, fim último para aqueles que ousam enfrentar o regime vigente, facto que intimidaria uma possível revolta contra os opressores.

Matilde, estas palavras são fruto dum sofrimento interiorizado e reflectido, são a esperança e o inconformismo nascido após a morte de Gomes Freire. O “Felizmente há Luar” referido por Matilde mesmo no final da obra aponta para a luz que vence as trevas, e a vida que triunfa sobre a morte.

Efectivamente a repetição da expressão “Felizmente há Luar” não só nestas duas situações como também no título da obra, tenta transmitir ao espectador os diferentes significados que o luar pode assumir no desenrolar da história.

Opressão e ânsia de liberdade

- temática mais importante temática da obra: opressão e busca de liberdade.

- autor apresenta-nos toda uma problemática de opressão vivida no tempo da história.

- povo - sofre as injustiças de um governo: dorme na rua, mendiga à porta das Igrejas, morre à fome e anseia diariamente pela liberdade e pela justiça. Estes dois valores tão esperados são personificados por Gomes Freire, que se apresenta como uma esperança do povo de revolta contra o poder e a opressão.

- opressores são representados pelo Conselho de Regência (D. Miguel Forjaz, William Beresford e Principal Sousa), símbolo do poder absolutista, de opressão e de injustiça.

Efectivamente, toda a obra gira em torno desta problemática de injustiça e da diferença social entre opressores e oprimidos.

Símbolos

- “Felizmente há Luar” é extremamente rico em símbolos.- alguns exemplos (os mais importantes):

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A saia verde usada por Matilde no final do segundo acto, símbolo do amor verdadeiro e transformador, que está associada à verdadeira felicidade e a esperança, e que simboliza também a fertilidade.

A luz, metáfora do conhecimento dos valores do futuro, tão ansiados pelo povo.

O luar, com extrema importância na obra, força extraordinária que permite o conhecimento e que poderá simbolizar também a passagem da vida para a morte.

O fogo, elemento destruidor e ao mesmo tempo purificador e regenerador. Se no presente da obra o fogo representa a tristeza e a escuridão, no futuro ele relacionar-se-á com a esperança e a liberdade.

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NARRATIVA CONTEMPORÂNEA- Vergílio Ferreira

“Aparição”

Resumo da Aparição:

ACÇÃO PRINCIPAL (estadia de Alberto Soares em Évora durante um ano lectivo):

Alberto Soares chega a Évora numa manha de Setembro. É professor e tinha sido colocado naquela cidade

Chega à pensão Machado e depois de descansar dirige-se ao liceu, apresentando-se ao reitor

O doutor Moura, amigo de seu pai, convida-o para jantar em sua casa

A.S conhece a sua mulher e as suas três filhas: Ana, casada com Alfredo, Sofia e Cristina

Alberto começa a dar regularmente aulas de latim a Sofia

A.S acompanha o Dr. Moura numa visita a um doente. Pelo caminho fala de Sofia e encontra um semeador que lhe pede um remédio para poder continuar a trabalhar. Quando volta esse semeador tinha-se suicidado. PAG 57-62

Alberto vai a casa de Chico para lhe falar duma conferência para que fora convidado, chegando Chico à conclusão que não era aquilo que ele pretendia. Encontra Carolino, seu aluno, que também tinha ido a casa de Chico. PAG 71-75

Inicia-se uma relação mais intima entre Sofia e Alberto, pois esta não deixa de o provocar PAG 81-86

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Alberto vai a casa de Ana e aí é convidado para jantar PAG 94-114

Carolino vai passear com Alberto depois duma aula e mata uma galinha PAG 121-127

Durante as férias de natal A.S vai a aldeia e quando regressa procura Sofia mas ela não está. Encontra Ana e Alfredo no café e pouco depois aparece Sofia com carolino

O reitor chama Alberto ao seu gabinete e diz-lhe que tinha recebido uma denúncia acerca das suas lições a Sofia. Alberto vai a casa do Dr. Moura e vê Sofia a estudar com carolino

Alberto tira a carta de condução, compra um carro e aluga uma casa no alto de S. Bento

Recebe um bilhete de Sofia com quem se encontra PAG 176-180

Alberto visita a quinta da sobreira propriedade de Alfredo

A.S muda-se para a casa do alto e ai encontra-se com Sofia PAG 194-196

Durante o Carnaval a família moura e A.S vão ao redondo assistir aos festejos. Quando regressam o carro onde Cristina viajava tem um acidente e esta morre

A família moura ausenta-se de Évora

Carolino vai visitar A.S e tenta matá-lo PAG 208-213

Num dia de chuva Alberto entra na sé e vê Ana PAG 222-229

São as ferias da Páscoa, Alberto vai passear pelo país, e quando regressa encontra Alfredo que o convida a ir à herdade da Bouça, onde encontra Ana que tinha adoptado 2 filhos do Bailote. Alberto traz Sofia para Évora e recomeçam a relação

Sofia deixa de aparecer e trata Alberto com indiferença quando ocasionalmente o encontra

Na festa do S. João Alberto vê Sofia com carolino no banco do jardim. Ana espera Sofia que não aparece

No dia seguinte o corpo de Sofia é encontrado, ela fora apunhalada PAG 263-266

ACÇÃO SECUNDÁRIA

Na pensão machado Alberto recorda a morte do pai

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Quando criança Alberto tem uma conversa com o pai sobre a profissão a seguir

Preparativos para o enterro do pai

Alberto, ainda criança, vê-se reflectido no espelho e assusta-se PAG 68-70

Durante as férias A.S instala-se em casa da mãe na aldeia. No seu quarto recorda a história do Mondego. PAG 134- 138

A ceia de natal é celebrada entre ele a mãe

No dia de natal Tomás, seu irmão, leva-o a ele e a sua mãe para sua casa. A mãe quer ir à igreja o que motiva uma conversa entre Alberto e Tomás. PAG 145-155

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P.S – Espero que os apontamentos sejam úteis. Boa Sorte!