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Glauce Nascimento PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA: verificação do grau de maturidade da sustentabilidade em hospitais acreditados no Brasil Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Administração Orientadora: Professora Dra. Claudia Affonso Silva Araujo RIO DE JANEIRO 2013

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Glauce Nascimento

PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA: verificação do grau de

maturidade da sustentabilidade em hospitais acreditados no Brasil

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Administração

Orientadora: Professora Dra. Claudia Affonso Silva Araujo

RIO DE JANEIRO

2013

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N244 Nascimento, Glauce. Práticas de sustentabilidade corporativa: verificação do grau de

maturidade da sustentabilidade em hospitais acreditados no Brasil. / Glauce Nascimento. -- Rio de Janeiro: UFRJ, 2013.

136 f.: il.; 30 cm. Orientadora: Claudia Araújo. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Instituto COPPEAD de Administração, 2013. 1. Gerência de operações. 2. Administração – Teses. I. Araujo, Claudia.

II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.

CDD 658.5

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Glauce Nascimento

PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA: verificação do grau de

maturidade da sustentabilidade em hospitais acreditados no Brasil

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Administração

Aprovada em

______________________________________________________________

Profa. Claudia Affonso Silva Araujo, D. Sc. – COPPEAD/UFRJ

______________________________________________________________

Prof. Otávio Henrique dos Santos Figueiredo, D. Sc. – COPPEAD/UFRJ

______________________________________________________________

Prof. Eduardo Raupp de Vargas, D. Sc. – UnB

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Dedico o presente trabalho ao meu pai.

Além de ter sido meu maior exemplo de ser humano, homem e pai; demonstrou, em

seus últimos anos, de maneira grandiosa, braveza, coragem e serenidade.

(In Memorian)

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AGRADECIMENTOS

Chegar a este momento, tanto da minha vida pessoal quanto profissional, não

teria acontecido sem a ajuda, auxílio e apoio de um grande número de pessoas

amigas e queridas.

Para que esta trajetória fosse possível, sou muito agradecida à minha

orientadora, Professora Claudia. Ela foi fundamental no processo de produção como

um todo, especialmente nos momentos em que trouxe sua contribuição acadêmica e

fez com que não apenas o trabalho tomasse forma, mas também eu tivesse minhas

ideias e pensamentos clarificados.

Agradeço também a presença da banca, representada pelos Professores

Eduardo e Otávio, a este um agradecimento pelas contribuições estatísticas e pela

coordenação do curso de mestrado.

Gostaria de agradecer a todo o corpo de funcionários do Instituto Coppead,

aos professores e, em especial, aos funcionários da secretaria acadêmica e da

biblioteca. Deixe um agradecimento à parte ao Professor Celso, pelo despertar e

valorização da sustentabilidade no mundo corporativo.

Agradeço a todos os profissionais que tornaram possível a realização da

pesquisa, especificamente aos que responderam e mandaram seus comentários,

atenderam aos telefones, enfim, dedicaram um breve tempo de suas agendas ao

presente estudo. Aproveito para agradecer também aos profissionais da saúde que

se disponibilizaram a analisar e criticar o questionário, validando-o, são eles: Ana

Carla Pecego Silva, Eduardo Rocha, Marcelo London, Márcio Maranhão, Patrícia

Furtado e Raquel Lameira.

Agradeço imensamente a toda a minha turma de mestrado, pelo período de

aprendizado juntos e por saber que ganhei novos amigos para toda a vida! Aqui vai

em especial aos amigos de Operações e agregados: Eduardo, Edgar, Luciana

Carvalho, Anderson, Franca, Natália, Michel e Gisele.

Agradeço a todos os meus amigos pela paciência, pela força, pelo carinho,

pelas cobranças e pelo entendimento, especificamente ao Bruno Eduardo, Davi San

Gil e Fernanda Hermínia.

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Por fim, à minha família, aos meus irmãos, cunhadas, sobrinhos e tios, mas,

especialmente, à minha mãe, Lourdes, que sempre estará ao meu lado

incondicionalmente em todos os meus projetos e sonhos.

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“Global Society can only continue to function in the long run if it does not

destroy the natural conditions that support human life.” (Weisz et al., 2011).

“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer

nada, é certo que não haverá resultado algum.”

Mahatma Gandhi, líder pacificista

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RESUMO

NASCIMENTO, Glauce. Práticas de Sustentabilidade Corporativa: verificação do grau de maturidade da sustentabilidade em hospitais acreditados no Brasil. Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto de Pós Graduação e Pesquisa em Administração, COPPEAD, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

A dissertação teve como principal objetivo mensurar o grau de maturidade

dos hospitais acreditados brasileiros, no que diz respeito às práticas de

sustentabilidade, mais especificamente na dimensão ambiental. Além disso, a

pesquisa propôs-se a investigar a relação entre o grau de maturidade do hospital em

práticas de sustentabilidade e o fato de possuir a certificação ISO 14001, publicar

relatórios de sustentabilidade e ter uma área dedicada especificamente à

sustentabilidade, com funções de planejamento e supervisão. Para isso, lançou-se

mão da revisão de literatura a fim de reunir elementos que representem o grau de

maturidade das instituições em termos de práticas de sustentabilidade. Após esta

revisão, formulou-se um questionário e este foi aplicado à população selecionada.

Trinta e oito hospitais (43% do universo investigado) participaram da pesquisa. Os

resultados apontam que 58% das instituições têm classificação de maturidade muito

alta ou alta. Ademais, algumas variáveis investigadas apresentaram diferenças

estatisticamente significativas entre os hospitais que possuem a certificação ISO

14001, que publicam relatórios de sustentabilidade e que possuem uma área

dedicada à sustentabilidade. Ou seja, nos três casos a hipótese nula foi

parcialmente rejeitada. Por fim, concluiu-se que há um caminho a ser percorrido e

atitudes a serem adotadas, como inserir cada vez mais a sustentabilidade na

estratégia dos hospitais e estabelecer um diálogo participativo com os stakeholders,

que poderão aprimorar e elevar o grau de maturidade das instituições hospitalares

pesquisadas.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Hospitais. Acreditação. Índice de Sustentabilidade

Empresarial. Grau de maturidade. Práticas sustentáveis. Triple Bottom Line.

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ABSTRACT

NASCIMENTO, Glauce. Práticas de Sustentabilidade Corporativa: verificação do grau de maturidade da sustentabilidade em hospitais acreditados no Brasil. Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto de Pós Graduação e Pesquisa em Administração, COPPEAD, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

The main purpose of this dissertation was to measure the extent of sustainable

practices in Brazilian accredited hospitals, more specifically in an environmental

dimension. The research also aimed to investigate the relationship among the extent

of sustainable practices in the hospitals which have the ISO 14001 certification.

Moreover, the link between the extent of sustainable practices and institutions that

publish sustainability reports and have a department dedicated to sustainability

issues, with planning and management functions. With this in mind, a literature

review was done to gather elements that represent extent of sustainable practices.

After this review, a survey was formulated and applied to the Brazilian accredited

hospitals. Thirty eight hospitals (43% of the total) participated in the survey. The

results show that 58% of the institutions have a very high or high level on extent of

sustainable practices. In addition, some investigated variables presented statistically

significant differences between the ISO 14001 certified hospitals. Besides,

publication of sustainability reports and a dedicated department presented

statistically significant in part of investigated variables. In fact, in the three factors the

null hypothesis was partially rejected. Finally, it was concluded that there are

improvements to be made and better attitudes should be adopted. The research

suggests that hospitals should increase sustainability within their strategies and

establish a participative dialogue with stakeholders. Stakeholders can enhance and

elevate the extent of sustainable practices of the institutions surveyed.

Keywords: Sustainability. Hospitals. Accreditation. Corporate Sustainability Index.

Extent of sustainable practices. Triple Bottom Line.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

Figura 1: Triple Bottom Line ...................................................................................... 28

Figura 2: Estrutura do questionário ........................................................................... 41

Figura 3: Ambiente Hospitalar ................................................................................... 45

GRÁFICOS

Gráfico 1: Cargo de ocupação dos respondentes ..................................................... 84

Gráfico 2: Área de ocupação dos respondentes ....................................................... 85

Gráfico 3: Formação acadêmica dos respondentes .................................................. 87

Gráfico 4: Região de localização ............................................................................... 88

Gráfico 5: Número de leitos ....................................................................................... 90

Gráfico 6: Grau de Maturidade ................................................................................ 100

QUADROS

Quadro 1: Quadro síntese conceitual ........................................................................ 59

Quadro 2: Variáveis investigadas relativas às práticas sustentáveis nas dimensões

geral e ambiental ................................................................................................ 67

Quadro 3: Critérios ISE: Indicadores ......................................................................... 70

Quadro 4: Critérios ISE - Dimensão geral ................................................................. 70

Quadro 5: Dimensão geral adaptada ........................................................................ 71

Quadro 6: Relação perguntas, critérios e indicadores ............................................... 71

Quadro 7: Dimensão geral adaptada às perguntas ................................................... 72

Quadro 8: Dimensão geral final ................................................................................. 72

Quadro 9: Critérios ISE: Indicadores ......................................................................... 73

Quadro 10: Critérios ISE - Dimensão ambiental ........................................................ 74

Quadro 11: Dimensão ambiental adaptada ............................................................... 74

Quadro 12: Relação perguntas, critérios e indicadores ............................................. 76

Quadro 13: Dimensão ambiental adaptada às perguntas ......................................... 77

Quadro 14: Dimensão ambiental final ....................................................................... 77

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Quadro 15: Sistema de ponderação das características e dimensões das práticas

sustentáveis ....................................................................................................... 78

Quadro 16: Pontuações máximas das características e dimensões das práticas

sustentáveis ....................................................................................................... 79

Quadro 17: Categorização pergunta aberta - motivação para a publicação de

relatórios de sustentabilidade ............................................................................. 92

Quadro 18: Categorização pergunta aberta - motivação para a adoção de práticas

sustentáveis ....................................................................................................... 96

Quadro 19: Observações grau de maturidade hospitalar ........................................ 111

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Análise descritiva dos tempos dos tempos de trabalho e atuação ............ 87

Tabela 2: Tempos de trabalho e atuação no cargo dos respondentes ...................... 88

Tabela 3: Distribuição da variável tipo de gestão hospitalar ..................................... 89

Tabela 4: Análise descritiva dos tempos de existência dos hospitais ....................... 89

Tabela 5: Distribuição da variável tipo de hospital .................................................... 89

Tabela 6: Distribuição da variável complexidade hospitalar ...................................... 89

Tabela 7: Distribuição da variável acreditação .......................................................... 90

Tabela 8: Distribuição da variável certificação ISO 14001 ........................................ 91

Tabela 9: Distribuição da variável publicação de relatórios de sustentabilidade ou

balanços sociais ................................................................................................. 91

Tabela 10: Principal motivação para a publicação de relatórios de sustentabilidade

ou balanços sociais ............................................................................................ 92

Tabela 11: Distribuição da variável área especifica e independente para o tratamento

das questões sustentáveis ................................................................................. 93

Tabela 12: Atribuições da área de sustentabilidade .................................................. 93

Tabela 13: Principal motivação para a adoção de práticas sustentáveis .................. 98

Tabela 14: Estatística Descritiva das Práticas de Sustentabilidade .......................... 99

Tabela 15: Teste Mann-Whitney Hipótese 1 ........................................................... 102

Tabela 16: Teste Mann-Whitney Hipótese 2 ........................................................... 104

Tabela 17: Teste Mann-Whitney Hipótese 3 ........................................................... 106

Tabela 18: Resumo das observações - testes de hipóteses ................................... 113

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16

1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO ...................................................................................... 17

1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ................................................................................... 18

1.3 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO ............................................................................... 21

1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................... 23

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 24

2.1 SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA.................................................................. 25

2.1.1 Conceituação ..................................................................................................... 25

2.1.2 Certificação ISO 14001 ...................................................................................... 29

2.1.3 Balanço Social ou Relatório de Sustentabilidade ........................................... 31

2.1.4 Indicadores da Sustentabilidade Corporativa ................................................. 32

2.1.4.1 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) ................................................... 36

2.2 SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA NO SETOR DE SAÚDE HOSPITALAR ... 42

2.2.1 Dimensão Ambiental da Sustentabilidade Corporativa em Hospitais .......... 45

2.2.1.1 Programas de Sustentabilidade Ambiental Hospitalar ....................................... 46

2.2.1.2 Fatores de Sucesso, Benefícios e Consequências ........................................... 54

2.3 QUADRO SÍNTESE ................................................................................................ 58

3 MÉTODO .................................................................................................................. 60

3.1 PERGUNTAS E HIPÓTESES DA PESQUISA ........................................................ 60

3.2 TIPO DE PESQUISA .............................................................................................. 62

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA .................................................................................... 62

3.4 COLETA DE DADOS .............................................................................................. 63

3.4.1 Instrumento de coleta de dados ....................................................................... 64

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3.4.2 Confiabilidade da escala ................................................................................... 67

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................................. 68

3.5.1 Sistema de ponderação baseado no Índice de Sustentabilidade

Empresarial (ISE) .......................................................................................................... 68

3.5.1.1 Dimensão geral.................................................................................................. 69

3.5.1.2 Dimensão ambiental .......................................................................................... 72

3.5.2 Cálculo do grau de maturidade dos hospitais em termos de ações de

sustentabilidade ........................................................................................................... 79

3.5.3 Teste não-paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney ....................................... 80

3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ................................................................................... 81

4 RESULTADO: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE ........................................................ 83

4.1 PERFIL DA AMOSTRA ........................................................................................... 83

4.2 ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA HOSPITALAR ................................................................................................................ 90

4.2.1 Perfil dos hospitais quanto às ações de sustentabilidade ............................ 90

4.2.2 Estatística descritiva das variáveis .................................................................. 98

4.3 GRAU DE MATURIDADE DAS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NO CONTEXTO HOSPITALAR .............................................................................................................. 100

4.4 TESTE DE MANN-WHITNEY ............................................................................... 101

4.4.1 Teste da hipótese 1: ISO 14001 ...................................................................... 101

4.4.2 Teste da hipótese 2: Publicação de Relatórios ............................................. 103

4.4.3 Teste da hipótese 3: Área específica responsável pelos planejamento e

supervisão das questões sustentáveis .................................................................... 105

5 RESUMO E CONCLUSÕES ................................................................................... 108

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5.1 RESUMO DO ESTUDO ........................................................................................ 108

5.2 PRINCIPAIS CONCLUSÕES ................................................................................ 109

5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................... 115

5.4 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA ....................................................................... 116

5.5 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ..................................................... 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 118

APÊNDICE A – Solicitação dos dados dos Respondentes .................................... 129

APÊNDICE B – Convite à participação na Pesquisa .............................................. 130

APÊNDICE C – Questionário .................................................................................... 132

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1 INTRODUÇÃO

A Revolução Industrial foi capaz de expandir o desenvolvimento material da

humanidade, com o acúmulo dos níveis de capital produzidos, mas houve a

liquidação dos recursos naturais ao custo da sua extração (HAWKEN; LOVINS;

LOVINS, 2002). Atualmente é sabida e discutida a finitude dos recursos naturais,

assim como os problemas relativos aos diferentes tipos de poluição (KLABIN;

ARAGÃO, 2010).

Desta maneira, perante os desafios do crescimento em torno do consumo de

recursos naturais, surge, segundo Klabin e Aragão (2010), na década de 1980,

através do “Relatório de Brundtland – Nosso Futuro Comum” pela Comissão Mundial

para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a definição do conceito de

Desenvolvimento Sustentável. Sendo assim, Desenvolvimento Sustentável é

definido como o atendimento da satisfação das necessidades das gerações atuais,

sem o comprometimento da capacidade das gerações futuras em também

satisfazerem suas necessidades (BRUNDTLAND, 1989).

Nas décadas seguintes, o tema permaneceu em pauta, indicando, assim, sua

relevância. Em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92) houve um maior aprofundamento das

discussões e a aprovação do documento chamado Agenda 21, baseado nos

princípios do desenvolvimento sustentável. Além disso, esta conferência também foi

o marco da construção de indicadores de desenvolvimento sustentável (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012).

É percebida, portanto, a preocupação de sociedades e governos com a

escassez de recursos naturais e com a permanência destes para as gerações

futuras. Por conseguinte, todos os setores da economia passam a ter

responsabilidade na busca pelo desenvolvimento sustentável.

Diante disso, é importante observar como um setor notável e de extrema

importância, como o da saúde, tem-se comportado diante dos atuais

questionamentos socioambientais e que práticas de sustentabilidade têm sido

adotadas.

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1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO

O objetivo maior desta dissertação é verificar o grau de aplicação, ou seja, de

maturidade dos hospitais acreditados, que atuam no Brasil, em relação às ações de

sustentabilidade corporativa, em especial na dimensão ambiental.

Por conseguinte, pretende-se responder à seguinte pergunta geral de

pesquisa: Qual o grau de maturidade em termos de práticas de sustentabilidade

ambientais dos hospitais acreditados que atuam no Brasil?

Este estudo pretende, também, investigar a relação existente entre a

certificação ISO 14001, a publicação de relatórios e a presença de uma área

específica dedicada à sustentabilidade e o grau de maturidade dos hospitais em

termos de prática de sustentabilidade ambiental. Assim, são formuladas as seguintes

perguntas específicas:

a) Os hospitais que possuem a certificação 14001 têm um grau de maturidade

em termos de sustentabilidade superior aos que não possuem esta

certificação?

b) Os hospitais que publicam Relatório de Sustentabilidade ou Balanço Social

possuem um grau de maturidade em termos de sustentabilidade superior aos

que não o fazem?

c) Os hospitais que possuem uma área específica e responsável pelo

planejamento e pela supervisão das atividades relativas à sustentabilidade,

têm um grau de maturidade em termos de sustentabilidade superior aos que

não possuem?

Para a mensuração do grau de maturidade dos hospitais em termos de ações

de sustentabilidade, foi criado um questionário inspirado na revisão de literatura e no

Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), aplicando-se a escala Likert de 5

pontos. O ISE é um índice brasileiro que analisa o desempenho, sob os aspectos da

sustentabilidade corporativa, de empresas listadas na BM&FBovespa. As questões

propostas no questionário foram ponderadas pela aplicação de pesos diferenciados,

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extraídos do ISE. A partir deste procedimento, foram gerados quatro níveis de

maturidade: classificação 4 ou Muito Alta (MA); classificação 3 ou Alta (A);

classificação 2 ou Baixa (B); e, por último, classificação 1 ou Muito Baixa (MB).

1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A discussão em torno do tema sustentabilidade social corporativa ganhou

notoriedade nos últimos anos. De acordo com reportagem da Revista Exame, em

seu Guia Anual de Sustentabilidade do ano de 2011, verificou-se, através de uma

pesquisa realizada por um grupo francês de comunicação, dentre 14 países, que o

consumidor brasileiro é bastante preocupado com as questões ambientais e sociais,

quando comparados aos consumidores de países europeus, por exemplo. Os

resultados apontaram que 72% dos brasileiros entrevistados acreditam que tais

questões, quando mal gerenciadas, impactam negativamente em suas qualidades

de vida.

A saúde tem função central tanto como resultado quanto como pré-condição

no alcance do desenvolvimento sustentável: se por um lado o desenvolvimento

sustentável suporta e promove a saúde, por outro, ele não é possível na ausência

desta. Assim, pode-se dizer que desenvolvimento sustentável e saúde são

interdependentes (WEISZ et al., 2011). Mais especificamente, os hospitais possuem

funções críticas na sociedade e têm, por suas operações, um grande impacto social

e ambiental, capaz de provocar efeitos adversos sobre a saúde humana (WEISZ et

al., 2011).

De fato, as operações das instituições hospitalares acabam por gerar uma

enorme quantidade de dejetos a serem descartados em aterros (JAROUSSE, 2012).

Além disso, o alto consumo de materiais e energia faz com que os hospitais tenham

um impacto negativo significativo no meio ambiente (WEISZ et al., 2011); ou seja, a

questão hospitalar e a sustentabilidade possuem uma relação direta, em especial,

no que diz respeito à administração ambiental. Portanto, ações positivas na

dimensão ambiental acabam por serem fontes de realização de objetivos, como a

promoção da saúde.

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Como ilustração, Jarousse (2012) afirma que apenas os Estados Unidos da

América (EUA) geram, em média, 6.500 toneladas de resíduos/dia, gastando, de

acordo com American Hospital Association’s Sustainability Roadmap for Hospitals1,

10 bilhões de dólares/ano para a eliminação destes resíduos de seus hospitais; além

disso, 80% destes resíduos estão no estado sólido, dos quais 50% são recicláveis.

Turpin e Lee (2011) afirmam que este resíduo sólido produzido pelo sistema de

saúde é equivalente a 1% de todo o lixo gerado no país. O manejo inadequado dos

resíduos hospitalares expõe a saúde e cria riscos aos funcionários, pacientes,

comunidade e meio ambiente.

O consumo energético desta indústria é outro quesito de grande impacto.

Segundo relatório publicado em 2010 pela Scheider Eletric, o consumo de energia

do mercado de assistência médica aumentou em 36% desde 1995, sendo o

segundo maior setor consumidor de energia. De acordo com o relatório, esforços

para reduzir o consumo de energia são importantes não apenas para a melhoria do

desempenho financeiro e a conformidade com a legislação, mas também para a

redução de emissão do dióxido de carbono (CO2), isto é, a preocupação com as

questões de aquecimento global. De fato, são oportunidades reais e significativas de

o setor contribuir de maneira positiva no meio ambiente, por meio de metas e ações

sustentáveis.

No que concerne ao consumo de água, Ilha et al. (2006) afirmam que a maior

parte da produção de água nas cidades, em média 90% do total, é utilizada para o

abastecimento dos consumidores institucionais, industriais e comerciais, tipo de

categoria na qual estão incluídos os hospitais. Sendo assim, a redução e melhor

gestão deste valioso recurso natural não apenas contribui para a conservação do

meio ambiente, como também traz redução de custos e liberação de recursos

financeiros para outras aplicações.

1 American Hospital Association’s Sustainability Roadmap for Hospitals é um guia de operações com o objetivo de auxiliar gestores com ferramentas, metas a serem alcançadas e melhores práticas na implantação de ações sustentáveis. Este relatório foi produzido pela American Society for Healthcare Engineering (ASHE), a Association for the Healthcare Environment (AHE) e a Association for Healthcare Resource and Materials Management (AHRMM) da American Hospital Association (AHA). Fonte: http://www.sustainabilityroadmap.org.

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Assim, tendo em vista a atualidade e premência do tema e, principalmente, o

alto impacto das operações das instituições hospitalares no meio ambiente, é

importante verificar o grau de engajamento dos hospitais que atuam no Brasil em

relação à adoção de práticas de sustentabilidade corporativa, especialmente na

dimensão ambiental. Espera-se que os gestores dos hospitais que possuem uma

acreditação hospitalar, ou seja, um selo que certifica a qualidade de suas operações,

estejam conscientes e sensibilizados quanto ao impacto de suas operações no meio

ambiente e que, portanto, tenham um alto engajamento na adoção das práticas de

sustentabilidade.

Desta forma, o foco de investigação neste estudo são os hospitais que

possuem acreditação hospitalar e o engajamento dos hospitais, denominado grau de

maturidade, é operacionalizado pelo cálculo do índice de maturidade destas

instituições, que foi criado com base no ISE e na revisão de literatura. Estudar o grau

de maturidade dos hospitais acreditados, que supostamente têm operações de

qualidade, permite verificar se estas instituições estão cumprindo seu papel na

promoção de um ambiente saudável, por meio de ações sustentáveis.

Além disso, a construção de métricas, como o índice de grau de maturidade

dos hospitais acreditados quanto às ações de sustentabilidade, auxilia no

estabelecimento de metas futuras, em prol da redução dos impactos ambientais

criados pelas operações hospitalares. Neste sentido, Zucchi e Mwamakamba (2011)

afirmam que os indicadores de sustentabilidade são importantes para o

planejamento das ações e o monitoramento dos resultados alcançados pelas

empresas.

Ainda em relação à importância da construção de métricas, Siche et al. (2007)

salientam que os índices contribuem não apenas para ações de países e governos -

Ecological Footprint (EF) ou Pegada Ecológica e Environmental Sustainability Index

(ESI) ou Índice de Sustentabilidade Ambiental – mas também para as ações

tomadas no apoio às decisões de investimentos de capitais e no âmbito das

empresas – ISE e Dow Jones Sustainability Indexes (DSJI). Depreende-se, portanto,

a necessidade da existência de um índice especifico para determinadas práticas

econômicas, em especial, para as operações hospitalares.

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Por fim, percebe-se que esta pesquisa possui também relevância acadêmica,

pois contribui com um tema pouco explorado na teoria, já que, à luz de pesquisa de

literatura realizada, constataram-se poucas publicações do assunto sustentabilidade

para o setor hospitalar. Cabe lembrar que existe número significativo de material já

publicado sobre o tema sustentabilidade em sua forma mais ampla ou geral.

1.3 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO

No entendimento de Gil (1987) para a delimitação do estudo três principais

critérios devem ser utilizados, a saber: espacial, temporal e populacional.

Devido ao fato do presente estudo ser do tipo social empírico, faz-se

necessário delimitar o locus de observação, isto é, o local onde o fenômeno

acontece (GIL, 1987). Desta forma, pode-se afirmar que o escopo de atuação

espacial é o Brasil, pois a pesquisa foi realizada com uma população aqui instalada,

independentemente da existência, ou não, de alguma representação externa destas,

além disso, não importou a origem de seus capitais, se nacional ou estrangeira.

Quanto ao critério temporal, este faz referência ao período em que o

fenômeno a ser estudado está restringido (GIL, 1987). Neste critério, pode-se afirmar

que são as práticas de sustentabilidade adotadas pelos hospitais em 2012.

No que diz respeito à população, no caso, a definição de quem será objeto da

pesquisa, Gil (1987) afirma que esta é dependente da área de conhecimento na qual

o objeto está inserido e do propósito de cada pesquisa. Assim, a população

estudada são os hospitais que possuem, pelo menos, uma das seguintes

acreditações: Accreditation Canada International (ACI), Joint Commission

International (JCI) e Organização Nacional de Acreditação (ONA) – Acreditado com

Excelência. O motivo desta decisão foi a manutenção de certa hegemonia entre os

hospitais pesquisados.

A acreditação é definida como “um sistema de avaliação e certificação da

qualidade de serviços de saúde, voluntário, periódico e reservado” (www.ona.org.br,

2012). O hospital é acreditado por uma entidade externa e independente, com a

obrigatoriedade de conformidade com padrões estabelecidos nacional ou

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internacionalmente. Pode-se afirmar, ainda, que os hospitais acreditados são

diferenciados, pois a acreditação é tida como um selo de qualidade (CENTRO DE

ESTUDOS EM GESTÃO DE SAÚDE, 2011).

A Accreditation International Canada (ACI), acreditação de origem canadense,

foi criada em 1958. Joint Commission International (JCI), com sede nos EUA, é uma

organização não governamental, criada em 1994 pela Joint Commission. A

Organização Nacional de Acreditação (ONA), por sua vez, fundada em 1999, é uma

organização não governamental brasileira, com características de pessoa jurídica de

direito privado e sem fins econômicos, com atuação restrita ao Brasil. Os hospitais

que buscam este selo de qualidade podem ter um dos seguintes resultados:

Acreditado, Acreditado Pleno e Acreditado com Excelência. O primeiro certifica

níveis de segurança e estrutura, dizendo respeito aos requisitos básicos de

qualidade, como recursos humanos qualificados para suas respectivas áreas de

atuação e a complexidade hospitalar. Para o tipo Acreditado Pleno, nível

organização, é adotado o planejamento da assistência, como corpo funcional,

treinamento, controle e práticas de auditoria interna. Por último, tipo Acreditado com

Excelência, nível práticas de gestão da qualidade, traz evidências de melhoria

contínua, como novas tecnologias e atualizações.

Outra delimitação desta pesquisa foi a seleção dos respondentes da

pesquisa. Tentou-se buscar a resposta dos gestores com nível gerencial hierárquico,

que estivessem ligados, de alguma forma, às práticas de sustentabilidade adotadas

pelo hospital. Assim, este estudo restringe-se a investigar a visão dos gestores

quanto às práticas de sustentabilidade hospitalares, ou seja, não serão investigadas

as visões de outros stakeholders, tais como, médicos, clientes ou sociedade, sobre o

tema.

Por fim, o instrumento de mensuração do grau de maturidade dos hospitais foi

integralmente formulado a partir da revisão de literatura e do Índice de

Sustentabilidade Empresarial. Não se pretende, nesta dissertação, mensurar o grau

de maturidade dos hospitais acreditados sob outras perspectivas que não a de

práticas de sustentabilidade adotadas.

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1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

Para facilitar a compreensão da estrutura da dissertação e fornecer ao leitor

uma síntese dos capítulos existentes neste estudo, segue uma breve explanação do

conteúdo tratado em cada um dos cinco capítulos.

O presente capítulo (ou capítulo 1) apresenta o estudo ao leitor. Assim, é

iniciado com uma introdução ao tema e uma rápida explicação do cenário no qual o

assunto está inserido. A introdução é seguida pelos objetivos do estudo, a relevância

e a delimitação.

O segundo capítulo contém a revisão de literatura que suporta o tópico

pesquisado. A revisão aborda os principais conceitos da sustentabilidade corporativa

e seus elementos, como a certificação ISO 14001, a publicação de balanços sociais

ou relatórios de sustentabilidade e os indicadores de sustentabilidade corporativa,

com foco sobre o ISE. Em seguida, há um aprofundamento das questões ambientais

da sustentabilidade para o contexto hospitalar. Por fim, um quadro síntese é

apresentado ao leitor.

O capítulo 3 explica a método empregado para alcançar os objetivos

propostos. Nesta seção, são descritas as perguntas e suas hipóteses, o tipo de

pesquisa, informações a respeito da população e da amostra, além da forma de

coleta de dados e a descrição do questionário. Compõem, também, esta terceira

parte, a metodologia de cálculo para a obtenção dos graus de maturidade e a

descrição dos testes estatísticos.

O capitulo seguinte é dedicado à apresentação dos resultados obtidos através

da pesquisa aplicada. O perfil demográfico é traçado e, subsequentemente, são

realizadas a classificação do grau de maturidade e as análises estatísticas

propostas.

Por último, o quinto capítulo conclui o estudo apresentando um breve resumo,

as principais conclusões e contribuições da pesquisa para os meios acadêmico e

gerencial e, finalmente, sugestões para pesquisas futuras.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura foi realizada a partir de livros sobre o tema, pesquisas

acadêmicas, estudos realizados por institutos de pesquisa, revistas especializadas,

dentre outros. Em relação à busca de artigos, foram utilizadas, fundamentalmente,

as seguintes bases de dados: Proquest, Ebsco, Science Direct, Wiley e Emerald.

Com o objetivo de encontrar publicações nacionais, foi utilizada a biblioteca

eletrônica Scielo, além de buscas no site Google Acadêmico.

Na procura, foram utilizadas as seguintes palavras-chave, que deveriam estar

contidas no título do artigo: triple bottom line; corporative sustainability; corporate

social responsibility; environmental sustainability; sustainability AND health;

sustainability AND health care. Em geral, houve o filtro em relação ao ano de

publicação, priorizando-se artigos de 2000 em diante. A partir dos artigos

encontrados, buscaram-se outros que estavam descritos em suas referências

bibliográficas, quando considerados interessantes para esse estudo pelo julgamento

da autora.

A revisão de literatura está organizada em duas partes. Na primeira, a

sustentabilidade corporativa é explicada de uma forma ampla. Por isso, é

apresentado um breve contexto histórico, seguido de ferramentas, atores e

implicações para uma gestão de sustentabilidade eficaz e eficiente. Ainda nesta

primeira parte, são apresentados os indicadores de sustentabilidade corporativa,

com os principais índices, especialmente, o ISE. Além disso, é feita uma discussão

do desempenho financeiro empresarial frente às práticas sustentáveis.

A terceira parte é constituída da sustentabilidade aplicada aos hospitais, mais

especificamente, a sustentabilidade corporativa hospitalar tomada através da

dimensão ambiental. Por conseguinte, são apresentadas as práticas para tal,

benefícios, fatores de sucesso e consequências. Por último, o capitulo é concluído

com um quadro síntese adotado como base para o trabalho de campo.

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2.1 SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA

2.1.1 Conceituação

A primeira dificuldade na tarefa de conceituar Sustentabilidade Corporativa

(Corporate Sustainability – CS) reside na impossibilidade de definir com precisão, na

literatura, o momento em que tal conceito surgiu. Contudo, é possível apontar os

anos 1990 como o contexto no qual a CS se difundiu tanto em sua definição teórica

quanto como prática corporativa. Ademais, se por um lado a gênese conceitual é

uma tarefa difícil, por outro, pode-se rastrear na história das práticas corporativas

uma série de ações que, atualmente, enquadram-se nos conceitos atuais de

Sustentabilidade Corporativa (MONTIEL, 2008).

Como mostra Carrol (1999), já é possível identificar o começo da orientação

social das práticas corporativas a partir das décadas de 1930 e 1940. Para ilustrar tal

afirmação, o autor recorreu às obras The Functions of the Executive, de Charles

Barnard (1938), Social Control of Business, de J.M. Clark (1939), e Measurement of

the Social Performance of Business, de Theodore Kreps (1940). No entanto, um

aumento das pesquisas teóricas e práticas a respeito do assunto, Corporate Social

Responsibility (CSR) ou Responsabilidade Social Corporativa, nos Estados Unidos

da América remonta à década de 1950, com um fortalecimento nos anos de 1970.

Por consequência, a década de 1950 é conhecida como a Era Moderna da

Sustentabilidade (The Modern Era of Social Responsibility).

Nas décadas subsequentes, e acompanhando os anseios da sociedade,

novos interesses começaram a surgir e a serem cobrados das empresas como

cidadãs corporativas. Assim, as preocupações com o ganho econômico e o lucro,

que acompanham as firmas desde suas origens, e as sociais que já haviam sido

observadas no início do século XX, ganharam o apelo ambiental devido à finitude

dos recursos naturais. Esta visão mostrou-se diferente daquela de abundância e

desatenção ao meio ambiente, iniciada com a Revolução Industrial no século XVIII

(CARROL, 1999; LEMME, 2010).

Um marco na introdução da questão ambiental nas práticas corporativas foi a

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publicação do Relatório de Brundtland. Tal relatório foi originado a partir do discurso

da Primeira Ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland para o Forum on Global

Change and Our Common Future, ocorrido no ano de 1989 em Washington, EUA. O

objetivo do fórum foi a discussão das implicações do tema meio ambiente para as

políticas públicas, com foco sobre as mudanças globais e seus impactos nas

Américas (BRUNDTLAND, 1989).

Neste relatório, the World Commission on Environment and Development

definiram o conceito de Sustainable Development ou Desenvolvimento Sustentável

como: a satisfação das necessidades das gerações atuais deve ser atendida, sem

comprometer a capacidade das gerações futuras em satisfazerem suas

necessidades (BRUNDTLAND, 1989). A partir desta definição, autores como

Barnejee (2003) e Sharma e Henriques (2005), passaram a utilizar esta definição de

sustentabilidade corporativa em seus trabalhos.

Por conseguinte, o conceito de sustentabilidade corporativa prevê o equilíbrio

entre os aspectos financeiro, ambiental e social na gestão e avaliação das

empresas. Estes três aspectos devem ser apresentados e tratados de forma

inseparável e não como concorrentes ou competidores entre si. Além disso, existe

uma dependência entre a preservação, a conservação, o desenvolvimento e o

equilíbrio das diferentes formas de capitais envolvidos ou utilizados no processo e a

sustentabilidade dos resultados no longo prazo (LEMME, 2010).

É fato que as terminologias citadas, CS e CSR, as quais fazem referência ao

tema central da pesquisa, têm uma diferença cronológica. Em linhas gerais, o

importante é enfatizar que apesar das denominações terem históricos distintos, na

atual conjuntura, os termos têm um futuro em comum, principalmente por

compartilharem uma mesma visão de equilíbrio entre as responsabilidades

econômica, ambiental e social (MONTIEL, 2008).

Cabe citar que, no Brasil, não houve contribuição teórica para a construção

conceitual do tema em si. Verdadeiramente, pouco se sabe das raízes deste tipo de

gestão em solo nacional. As primeiras contribuições de que se tem conhecimento

datam das décadas de 1980 e 1990, por meio do Instituto Brasileiro de Análises

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Econômicas (IBASE), fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, Betinho, em 1981,

com atenção especial ao papel das empresas para o desenvolvimento social no país

(PARDINI et al., 2007; MARCONDES; BACARJI, 2010).

Outra contribuição de grande relevância para o desenvolvimento do tema no

Brasil foi o Instituto ETHOS, uma organização não governamental, fundada em

1998. O instituto possui foco em governança e responsabilidade social. De fato,

houve grande avanço a partir do Instituto ETHOS, legitimando e propagando os

conceitos de responsabilidade socioambiental nas empresas (PARDINI et al., 2007;

MARCONDES; BACARJI, 2010).

Desse modo, a partir da definição do equilíbrio entre as dimensões natural,

humana e financeira, a sustentabilidade corporativa ocorrerá através da introdução

dos aspectos socioambientais no modelo de negócios das companhias, integrando-

os à estratégia empresarial e à dinâmica operacional (LEMME, 2010). Marrewijk

(2003) também está de acordo no que diz respeito ao alinhamento da

sustentabilidade corporativa à estratégia e aos objetivos da organização, dadas as

circunstâncias operacionais. Com isso, o autor conclui que não existe uma solução

padrão (one solution fits all) em relação à CS para todas as empresas.

Alguns autores afirmam que a sustentabilidade corporativa diz respeito à

forma como são realizados os negócios da empresa, incluindo seus processos

produtivos, relacionamentos com stakeholders, divulgações e compromissos

públicos (ZYLBERSTAJN; LINS, 2010; JOÃO; SERRALVO; CARDOSO, 2011).

Stakeholders, também denominados de partes interessadas, ou públicos

estratégicos, podem ser definidos da seguinte forma:

[...] todos os públicos relevantes com interesses pertinentes à companhia, ou ainda, indivíduos ou entidades que assumam algum tipo de risco, direto ou indireto, em face da sociedade. Entre outros, destacam-se: acionistas, funcionários, comunidade, clientes, fornecedores, credores, governos e organizações não-governamentais (ISE Glossário, 2011, p. 26).

Oliveira (2008) acrescenta à definição anterior que os stakeholders, ou partes

interessadas, impactam ou são impactadas pelas empresas, cabendo, então, a estes

a observação e o acompanhamento de questões relativas aos recursos, que podem

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ser de natureza financeira, ambiental e social ou política. Assim, acaba por surgir um

gerenciamento participativo, ou seja, o processo de decisão sofre interferências dos

diversos grupos de interesse. Frooman (1999), anteriormente, já havia sido claro ao

citar a influência que os stakeholders têm na estratégia e, até mesmo, no

comportamento das empresas.

Por consequência da necessidade do equilíbrio entre as três dimensões ou

formas de capitais envolvidas, Lemme (2010) destaca o conceito de Triple Bottom

Line (TBL). TBL é descrito como “a interação entre os resultados financeiros,

ambientais e sociais na mensuração do desempenho corporativo” (LEMME, 2010, p.

39), fazendo referência ao conjunto de indicadores utilizados para a avaliação do

desempenho das organizações, no que diz respeito às três dimensões (HUBBARD,

2006; JÚNIOR et al., 2008).

Figura 1: Triple Bottom Line

Fonte: Adaptado de Lemme (2010)

Capital Financeiro

Capital Ambiental

Capital Social

Triple

Bottom

Line

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Como ilustração, cabe mencionar que o termo Triple Bottom Line foi cunhado

em 1994 pelo fundador da empresa de consultoria inglesa Sustainability, John

Elkington (Júnior et al., 2008).

Elkington (1998), alinhado com os autores Nalebuff e Brandenburger (1996),

que utilizam a teoria dos jogos para exemplificar a ideia de um jogo “ganha-ganha-

ganha”, com associações e cooperações entre concorrentes, aproxima este conceito

para as questões de Triple Bottom Line. Assim, o autor inclui vários principais

players para o jogo, quais sejam: clientes, fornecedores, competidores e um tipo de

fornecedor chamado de complementadores, por serem capazes de prover serviços e

produtos complementares.

No entendimento de Elkington (1998), portanto, um dos principais fatores para

alcançar o sucesso na implantação do TBL é o desenvolvimento de parcerias - tanto

interna, quanto externamente – além do respeito e da lealdade entre os envolvidos.

2.1.2 Certificação ISO 14001

Uma das formas utilizadas pelas empresas para minimizar os efeitos

negativos de suas atividades sobre o meio ambiente é por meio das normas de

gestão ambiental, em específico, a ISO 14001 (ALEXANDER et al., 2008; ISO, 2009;

JABBOUR; TEIXEIRA; JABBOUR, 2013). A norma em si é definida como “um

documento emitido por uma organização para estabelecimento de diretrizes, regras

e padrões para processos ou produtos” (OLIVEIRA, 2008, p. 157). Assim, a ISO

14001 - pertencente à família ISO 14000, normas de gestão ambiental - é uma

norma, voluntária e certificável do sistema de gestão ambiental (OLIVEIRA, 2008).

A International Organization for Standardization (ISO) é uma organização

internacional que trata de padronização (OLIVEIRA, 2008). A ISO possui padrões

para empresas e negócios, governos e para a sociedade. As normas são capazes

de assegurar atributos vitais como: qualidade, ecologia, segurança, economia,

confiabilidade, conformidade, compatibilidade, interoperabilidade, eficiência e

eficácia (ISO, 2009).

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A ISO 14001 visa à melhoria contínua de padrões ambientais, através de

objetivos e sistemas de gestão para o alcance destes. Adicionalmente, estabelece

uma estratégia e diretrizes genéricas no direcionamento das políticas, planos,

projetos e programas ambientais da empresa (KORUL, 2005; BROUWER; KOPEN,

2008; OLIVEIRA, 2008).

Também, segundo Abreu (2011), faz-se necessária a identificação dos

aspectos ambientais, a condução de auditorias ambientais e o estabelecimento de

procedimentos e planos para a eventualidade de uma emergência de cunho

ambiental. Neste sentido, pode-se afirmar que a ISO 14001 está baseada no ciclo

Plan, Do, Check, Act – Planejar, Desenvolver, Checar e Agir (PDCA) (ALEXANDER

et al., 2008).

O PDCA é definido como “um conjunto estruturado de processos e

procedimentos necessários para atingir determinados objetivos” (OLIVEIRA, 2008, p.

160). Desta forma, planejamento faz referência à elaboração de um plano para o

alcance dos objetivos, desenvolvimento, implementá-lo, checar, acompanhar o seu

desempenho e, por fim, agir, buscar novas melhorias (OLIVEIRA, 2008).

O perfil genérico da norma faz com que a mesma se torne universal, isto é, as

empresas criam suas próprias soluções para o atendimento às exigências,

permitindo, assim, a aplicação em organizações de diferentes finalidades, locais e

portes (OLIVEIRA; SERRA, 2010). Cabe citar que a norma não substitui a legislação

local; verdadeiramente, a norma a apoia e exige sua plena realização (OLIVEIRA;

PINHEIRO, 2009).

Como benefícios obtidos com a certificação ISO 14001, Oliveira (2008)

enuncia a otimização da utilização dos recursos e, consequentemente, a redução de

desperdícios ou o aumento da eficiência, com processos mais eficientes. Pode-se

ainda acrescentar o aumento da competitividade, por meio da medição e da

inovação, dos lucros, além de uma imagem com maior credibilidade (PETRONI,

2000; KORUL, 2005).

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2.1.3 Balanço Social ou Relatório de Sustentabilidade

Um ponto fundamental na discussão do tema sustentabilidade corporativa é o

relacionamento com a sociedade, um importante stakeholder. Assim, para estreitar o

relacionamento e, consequentemente, a transparência não apenas com um

stakeholder em específico, mas com todos, sistematizando e disponibilizando

informações - quantitativas e qualitativas - sobre o desempenho socioambiental, uma

das ferramentas utilizadas é o Balanço Social ou Relatório de Sustentabilidade

(OLIVEIRA, 2008; GRI, 2011).

Pode-se afirmar, portanto, que, por intermédio deste tipo de documento, o

relacionamento com os diversos stakeholders é, não somente informativo, mas

principalmente, inclusivo. Assim, atender a essa demanda por informação dos

stakeholders é uma maneira de melhorar a imagem das firmas (OLIVEIRA, 2008).

Além de melhorar a imagem das empresas, os relatórios, em especial aqueles

que abordam estratégia, compromissos e abordagens de gestão em determinado

período de tempo, podem atender a outros objetivos. Os balanços podem atuar

como benchmarks e avaliação da performance no que diz respeito à legislação,

normas, códigos e protocolos. Por meio dos relatórios, pode-se perceber a influência

das expectativas do desenvolvimento sustentável na estratégia das empresas

(JOÃO; SERRALVO; CARDOSO, 2011; GRI, 2011).

É interessante citar a presença da Global Reporting Initiative (GRI),

organização sem fins lucrativos, fundada em 1997, que promove a sustentabilidade

a partir do momento em que trabalha em prol da publicação de relatórios sociais,

disponibilizando orientações, diretrizes e métricas para a estruturação destes

balanços ao redor do mundo, independentemente de porte ou setor. Como

vantagens para esta estruturação e linguagem consistente em nível global são

citadas a clareza e a transparência na comunicação às partes interessadas (GRI,

2011).

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2.1.4 Indicadores da Sustentabilidade Corporativa

O início do estudo de indicadores para avaliação da sustentabilidade surgiu

em 1992 na Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente ou Conferência das

Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do

Rio de Janeiro, tendo sido chamada de ECO 92, Rio 92 ou, ainda, Cúpula da Terra.

Assim, a proposta central estava calcada na definição de números capazes de

refletir as dimensões citadas no Triple Bottom Line (SICHE et al., 2007). Como as

questões sustentáveis tornaram-se mais evidentes após a publicação do Relatório

de Brundtland, Meadows (1998) complementa, afirmando que os indicadores surgem

a partir de valores, ou seja, mede-se aquilo com o que se tem preocupação.

Desta maneira, Siche et al. (2007) definem indicador com sendo uma medida

capaz de expressar um estado de desenvolvimento no nível social, econômico ou

ambiental, enquanto que um índice seria um indicador utilizado de maneira

agregada, ou seja, um valor numérico, baseado em fundamentação científica e

metodológica, que representaria a realidade de um sistema, sendo este simples ou

complexo.

Ness et al. (2007), por sua vez, afirmam que os índices permitem aos

gestores uma avaliação dos sistemas natureza-sociedade, tanto no âmbito macro,

quanto no micro, perspectivas de curto e longo prazos, auxiliando-os a determinar

quais atitudes deverão, ou não, ser tomadas na busca por uma sociedade

sustentável.

Singh et al. (2011) citam a importância dos indicadores de sustentabilidade

como ferramentas poderosas para a adoção de políticas e, também, de

comunicação, a partir do momento em que são capazes de simplificar informações

complexas. É interessante ressaltar a preocupação com indicadores unificados. Na

ausência destes, é bastante difícil a comparação entre os desempenhos dos

resultados, em especial na dimensão ambiental, entre empresas, setores e países

(LEMME, 2010).

Existem vários índices que expressam sustentabilidade e desenvolvimento

sustentável. O Ecological Footprint (EF), ou Pegada Ecológica, é um índice bastante

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difundido, sendo utilizado na avaliação de sustentabilidade de países. O EF é a

medida de carga imposta por uma determinada população sobre a natureza, ou seja,

representa a área de terra do planeta necessária para sustentar o nível de consumo

e descarte daquela população. Assim, é capaz de gerar ações públicas e orientar os

tomadores de decisão (WACKERNAGEL; REES, 1996).

Para o campo financeiro e empresarial, os índices de sustentabilidade, com

incorporação dos critérios do TBL, têm foco em investimentos socialmente

responsáveis ou Socially Responsible Investment (SRI), ou seja, fundos de

investimento com mensuração do comportamento empresarial frente ao

desenvolvimento sustentável. Os autores acreditam que estes tipos de índices

acabam por serem instrumentos de promoção do próprio desenvolvimento

sustentável, já que são capazes de estimular o mercado (MARCONDES; BACARJI,

2010; MONZONI, 2010).

De acordo com Monzoni (2010), a primeira geração de fundos SRI, surgiu nos

anos 1970 com a exclusão de ações dos portfólios, dos fundos de investimentos, de

empresas que mantinham algum tipo de relacionamento com o apartheid na África

do Sul ou a participação na cadeia de suprimentos de armamentos para a guerra do

Vietnã. Nesta modalidade, os fundos faziam uma seleção negativa (negative

screening ou screening negativo ou, ainda, exclusionary screening), isto é, a retirada

ou a exclusão de determinados setores da atividade econômica não alinhados às

questões éticas, ambientais ou sociais, do portfólio de investimentos (LEMME,

2010), tais como fumos, armas ou aqueles de alto impacto ambiental, como petróleo

e mineração.

A segunda geração surgiu nos anos 1990 e, diferentemente da primeira,

possuía uma seleção positiva (positive screening). Este tipo de abordagem buscava

oportunidades na excelência de setores com perspectiva de sucesso, como, por

exemplo, biotecnologia e as energias eólica e solar (MONZONI, 2010).

Finalmente, a terceira e mais recente geração, surgida no final dos anos

1990, é chamada de best in class ou best-of-class ou, ainda, qualitative screening

(LEMME, 2010). A diferenciação para as gerações anteriores é que esta não tem a

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preocupação de excluir ou concentrar, mas sim de elencar os melhores de cada

setor. Logo, o objetivo, neste caso, é a avaliação das empresas por meio de critérios

sociais, ambientais e de governança, melhorando a análise dos seus impactos sobre

a sociedade. Por consequência, haverá a criação de valor para o acionista no longo

prazo (MONZONI, 2010).

Como exemplos clássicos dos índices de sustentabilidade, já fundamentados

na terceira geração de fundos SRI, podem ser citados o Dow Jones Sustainability

Indexes (DSJI), uma família de índices da Bolsa de Nova Iorque ou New York (NY)

criado em 1999, e o similar da bolsa londrina, lançado em 2001: FTSE-4Good, pelo

Financial Times e a London Stock Exchange. Para os mercados emergentes, tem-se

o índice da Bolsa de Joanesburgo (JSE), criado em 2004, e o Índice de

Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de São Paulo, no Brasil, criado em

2005 (MARCONDES; BACARJI, 2010).

Com o objetivo de investigar a existência da relação entre práticas de

sustentabilidade corporativa e desempenhos financeiros, Lemme (2010) realizou

uma coletânea de referências bibliográficas, fazendo uma espécie de compêndio,

onde citou alguns estudos. Em alguns deles há a demonstração de uma relação

positiva entre estes dois elementos. Pode-se citar como exemplo o estudo de Arx e

Ziegler (2008), em que os autores analisaram as atividades socioambientais de

empresas europeias e americanas de vários setores, entre os anos de 2003 a 2006,

e verificaram que houve uma recompensa por parte do mercado a este tipo de ação.

Por outro lado, em estudo realizado no Brasil, Cavalcante, Bruni e Costa

(2009) não encontraram superioridade das ações pertencentes ao Índice de

Sustentabilidade Empresarial (ISE) relativamente às do Índice Bovespa e iBrasil

(IBrX), negociados na BM&FBovespa. Entretanto, Lemme (2010) destaca que, de

maneira geral, as empresas que possuem suas ações listadas no ISE são destaques

em seus respectivos setores de atuação. Assim, existe algum tipo de correlação

positiva entre os desempenhos financeiros e ambientais, entretanto, ainda existem

divergências, que acabam por representar certo desafio no meio acadêmico.

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35

Uma destas divergências, segundo Pandey (2005), é a existência de uma

defasagem entre novas práticas empresarias e seu efeito ou consolidação, versus

uma mensuração financeira imediata, isto é, as ações, logo após sua

implementação, não têm seu real valor financeiro valorado. Desta maneira,

Salzmann, Steger e Ionescu-Somers (2005) consideram que certas ações

sustentáveis, que poderiam ter bons retornos no longo prazo, acabam por serem

desprezadas.

Além da primeira divergência citada, relação causa-efeito, tem-se o método

financeiro a ser utilizado e a complexidade de se acompanhar um grande portfólio de

ações socioambientais. Assim, Salzmann, Steger e Ionescu-Somers (2005), quanto

ao método financeiro, destacam o esforço de se ter um bom julgamento, para que se

preveja a mais precisa performance financeira.

Quanto à multiplicidade de práticas sustentáveis, estes autores consideram a

dificuldade de se obter uma medida financeira que avalie acuradamente estas

práticas e permeie toda a organização. Por fim, os autores ponderam que as

empresas que observam menor vantagem na gestão da sustentabilidade corporativa

tendem a atribuir menor necessidade à mensuração de suas práticas (SALZMANN;

STEGER; IONESCU-SOMERS, 2005).

Diante disso, de acordo com Lemme (2010), é afirmado que o elo positivo

entre sustentabilidade corporativa e desempenho da empresa tem origem nos

seguintes fatores:

(1) Processo de inovação tecnológica ou gerencial: por exemplo, a introdução

de novas maneiras para a eliminação de desperdícios; (2) Diferenciação dos

produtos e reposicionamento de mercado: aumento das receitas através da

percepção por parte de alguns consumidores de que tais produtos são superiores

em relação às suas qualidades de vida; comumente chamado de “consumo

consciente”; (3) Acesso a fontes preferenciais de financiamento e redução nos

custos do capital: grandes fontes internacionais e nacionais de capital se utilizam de

padrões claros de requisitos socioambientais para a liberação do crédito, tais como o

conjunto de diretrizes estabelecidas pelo do “Princípio do Equador para Instituições

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Financeiras”; e (4) Gerenciamento de riscos operacionais: preocupação com os

aspectos socioambientais e dos riscos associados às consequências das atividades,

tais como poluições da água e do ar e desastres ambientais, os quais serão

valorados e assegurados. Este item também considera o relacionamento com a

sociedade em si e a legislação vigente.

A presente discussão será finalizada com a seguinte colocação a respeito da

geração, ou não, de valor das práticas sustentáveis:

Se ainda não há evidências robustas de que tais práticas geram valor financeiro ao acionista, é possível afirmar que o inverso também é verdadeiro: apesar de distribuir valor para toda a sociedade, essas empresas não ferem o desempenho econômico-financeiro, se comparadas com outro conjunto de empresas que não necessariamente estão adicionando valor para todos os seus públicos de relacionamento, incluído o meio ambiente. (MONZONI, 2010, p. 12)

2.1.4.1 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)

O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) foi criado em 2005 pela Bolsa

de Valores de São Paulo e da Bolsa de Valores de Mercadorias e Futuros

(BM&FBovespa) juntamente com outros órgãos, a saber: Associação Brasileira das

Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP); Associação

Brasileira das Entidades dos Mercado Financeiro e de Capitais (ANBIMA);

Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais

(APIMEC); Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC); International

Finance Corporation (IFC); Instituto ETHOS e Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Essas entidades constituem o Conselho do Índice de Sustentabilidade Empresarial

(CISE), um conselho deliberativo, que tem por missão assegurar um processo

transparente de construção do ISE e, também, da seleção das empresas.

Vale ressaltar que o CISE é presidido pela BM&FBovespa, sendo esta

responsável pelo cálculo e a gestão técnica do índice. Posteriormente, outras

instituições se associaram ao CISE, a saber: Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente (PNUMA); Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

(IBRACON) e Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE).

Desta maneira, pode-se conceituar o ISE como:

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[...] uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na BM&FBovespa sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Também amplia o entendimento sobre empresas e grupos comprometidos com a sustentabilidade, diferenciando-os em termos de qualidade, nível de compromisso com o desenvolvimento sustentável, equidade, transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social, ambiental e de mudanças climáticas. (https://www.isebvmf.com.br/index.php?r=site/conteudo&id=1, 2012)

O referido índice de ações é uma iniciativa pioneira na América Latina, que

tem por finalidade a criação de um cenário de investimento compatível com as

necessidades do desenvolvimento sustentável da sociedade atual, ressaltando as

empresas que alinham seus planejamentos estratégicos às práticas socioambientais

(MONZONI, 2010). Neste sentido, o ISE pode ser utilizado com um benchmark para

os investimentos socialmente responsáveis, além de servir como estímulo à

responsabilidade ética das instituições e à introdução das questões ambientais,

sociais e de governança aos processos de decisão sobre investimentos (PINTO,

2010).

É interessante ressaltar a preocupação do ISE com o relacionamento das

empresas com os stakeholders, a forma como são tratados os acionistas

minoritários, a transparência e, principalmente, o grau de prestação de contas das

práticas citadas e, também, das questões sustentáveis. Obviamente, os

desempenhos econômico e financeiro fazem parte do conjunto de informações

analisadas (MONZONI, 2010).

A finalidade para as empresas listadas no ISE, à parte a questão principal,

isto é, os benefícios obtidos com a adoção das práticas sustentáveis, é que estas

possam alcançar acesso aos créditos mais baratos e velozes, menores taxas de

seguro, incrementos do clima organizacional, atração de retenção dos melhores

talentos, além da maior fidelidade de seus consumidores (MONZONI, 2010).

Para a composição do ISE, questionários, desenvolvidos pela equipe do

Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) – iniciativa pertencente à Escola de

Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EASEP -

FGV), são distribuídos àquelas empresas detentoras das ações mais líquidas do

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BM&FBovespa, para a avaliação dos diferentes aspectos da sustentabilidade. É

interessante citar que estas empresas contribuem para o processo de organização

do índice (MARCONDES; BACARJI, 2010).

O ISE é composto por sete dimensões, a saber:

a) Dimensão Geral: comprometimento com a sustentabilidade e o seu

desenvolvimento, por meio da devida preocupação com a viabilidade futura da

sociedade;

b) Dimensão Natureza do Produto: impactos gerados pelos itens ofertados ao

consumidor, sejam estes produtos ou serviços;

c) Dimensão Governança Corporativa: relacionamento entre as partes da

administração, sócios, a estrutura e o conselho. Considera práticas de auditoria

e fiscalização para tal;

d) Dimensões Econômico-Financeira, Ambiental e Social: políticas, gestão,

desempenho e cumprimento legislatório;

e) Dimensão Mudança Climática: como a organização gerencia e em que nível é

capaz de prestar informações.

As dimensões geral, natureza do produto, governança corporativa, social,

econômico-financeira e mudanças climáticas são as mesmas para todos os setores.

Já a dimensão ambiental é segmentada em seis grupos – A, B, C, D, E e IF, de

acordo com suas características e níveis de impacto, para melhor estudo e

comparação entre estes.2

Os grupos A, B e C são compostos por empresas que possuem um aspecto

ambiental crítico. Para o caso dos grupos A e B, a diferenciação se dá quanto ao

tipo dos recursos naturais utilizados: no caso do grupo A, os recursos são

renováveis, ao passo que para o grupo B estes recursos são não renováveis. Já o

grupo C trata das matérias-primas e insumos.

2 Cabe citar que alguns detalhes específicos do ISE para o referido texto, tiveram por base o ISE questionário-base, versão final 2011, afinal esta foi a versão utilizada para a presente pesquisa. A observação é pertinente pelo fato de que revisões são feitas anualmente, o que pode causar alteração de informação.

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Desta forma, as instituições que fabricam refrigerantes e cervejas; cigarro e

fumo; madeira, celulose e papel; água e saneamento; geração e transmissão de

energia elétrica; açúcar e álcool; agricultura e produção pecuária fazem parte do

grupo A. No grupo B são incluídas as categorias de empresas que transformam:

artefatos de cobre; ferro e aço; fertilizantes; minerais metálicos; exploração e/ou

refino de petróleo e gás; além dos petroquímicos e da siderurgia. No grupo C,

constam as empresas de: acessórios; fios e tecidos; armas e munições; automóveis

e bicicletas; alimentos diversos; jogos e brinquedos; calçados; vestuário;

computadores e equipamentos; construções civil e pesada; couro; defensivos;

embalagens; equipamentos elétricos; eletrodomésticos; utensílios domésticos;

duplicação, manutenção e ampliação de rodovias; laticínios; máquinas e

equipamentos agrícolas, de transporte, hospitalares e industriais; materiais

aeronáutico; ferroviário e rodoviário; motores, compressores e outros; produtos de

limpeza e de uso pessoal; utensílios domésticos.

O grupo D é composto pelas atividades de transporte e logística, isto é,

aluguel de carros; serviços de apoio e armazenagem; transportes aéreo, ferroviário,

hidroviário e rodoviário; distribuições de combustíveis, gás e de energia elétrica.

Nos grupos E e IF estão as empresas de serviços. O grupo E inclui os mais

diversos tipos de serviços, a saber: comércios de máquinas, equipamentos,

materiais de transporte, alimentos, livrarias e papelarias e produtos diversos;

engenharia consultiva; exploração de imóveis; intermediação imobiliária;

medicamentos; tecidos, vestuários e calçados; análises e diagnósticos, serviços

educacionais, médicos e hospitalares, hotelaria; parques de diversão; jornais, livros

e revistas; telefonias fixa e móvel; televisão por assinatura; serviços diversos.

Finalmente, o grupo IF, específico para os serviços financeiros, abrange as

instituições financeiras e as seguradoras.

Essas dimensões são subdivididas em categorias, os conjuntos de critérios,

conforme abaixo:

a) Dimensão Geral: compromisso, alinhamento, transparência, combate à

corrupção;

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b) Dimensão Natureza do Produto: impactos pessoais do uso do produto,

impactos difusos do uso do produto, cumprimento legal;

c) Dimensão Governança Corporativa: propriedade, conselho de administração,

gestão, auditoria e fiscalização, conduta e conflito de interesses;

d) Dimensões Econômico-Financeira, Ambiental e Social: política, gestão,

desempenho, cumprimento legal;

e) Dimensão Mudança Climática: política, gestão, desempenho, reporte.3

O objetivo da utilização dos critérios é a busca pela veracidade no que diz

respeito ao tratamento da sustentabilidade por parte das empresas pesquisadas.

Adicionalmente, estes critérios foram constituídos com base nos índices referência

para o tema, como o DSJI e o FTSE-4Good e, também, o JSE. Obviamente,

adaptações se fizeram necessárias, dadas as realidades dos países em questão.

Quanto às adaptações, estas foram pautadas em análises realizadas por grupos de

estudos com pesquisadores e especialistas, além de consultas e audiências públicas

(MARCONDES; BACARJI, 2010).

Outros elementos utilizados como fonte de informações foram a GRI; a norma

sobre o engajamento de stakeholders, Accountability AA1000 e a norma sobre

direitos humanos no trabalho, SA8000; os indicadores da Organização Internacional

do Trabalho (OIT) e do Ethos; os Códigos de Defesa do Consumidor e o de

Governança Corporativa do IBCG; convenções da Organização das Nações Unidas

(ONU); documentos da Rio +10 realizada em Joanesburgo no ano de 2002; Balanço

Social do Ibase; ISO 14000 e ISO 26000 (MARCONDES; BACARJI, 2010).

Por fim, os critérios têm seus pesos, para cálculo, atribuídos conforme

relevância do tema para a sociedade, levando-se em consideração o contexto da

gestão empresarial. Além disso, possuem seus indicadores específicos,

selecionados de acordo com os grupos, os quais, finalmente, compõem as

perguntas. Ver figura 2.

3 Para o caso das instituições financeiras, pertencentes ao grupo IF, deve ser considerado, também, um quinto critério, avaliação de crédito e risco.

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Figura 2: Estrutura do questionário

Fonte: Simnetti (2007) apud Marcondes; Bacarji (2010)

Quanto ao tratamento estatístico, o ISE tem um modelo baseado no conceito

de desvio-padrão, desenvolvido pelo departamento de estatística da FGV.

Primeiramente, é estabelecido o desvio-padrão do conjunto de empresas, através

dos registros dos questionários. Então, é somado o desvio de cada empresa em

cada dimensão e comparado com o desvio-padrão do conjunto, obtendo, assim, um

tipo de média geral de cada empresa. Adicionalmente, as empresas têm um desvio

máximo estabelecido, ou seja, empresas que obtiverem desempenho pífio em

alguma dimensão, mesmo que estejam aptas em outras, serão desclassificadas.

Outro critério é o agrupamento das empresas parecidas entre si, de acordo com

suas pontuações obtidas, um tipo de análise de cluster, o que torna mais clara a

seleção daquelas mais desenvolvidas (MARCONDES; BACARJI, 2010).

Por fim, é realizada uma análise qualitativa dos questionários pela equipe do

GVces. Este procedimento é feito através da análise dos documentos enviados para

a comprovação, tal como uma justificativa, de determinadas respostas apresentadas

(MARCONDES; BACARJI, 2010).

Diante disto, o questionário ISE não só avalia comparativamente os

desempenhos das empresas, como incentiva um melhor gerenciamento da questão

sustentabilidade. Ademais, o questionário busca a correlação com a GRI e sofre

revisões anualmente. Estas revisões podem ser consideradas um aperfeiçoamento

do questionário e podem ocorrer por meio de consulta e audiência pública, oficinas

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ou outras formas de aprimoramento. Desta maneira, serão refletidas as demandas

da sociedade relativas às questões das práticas sustentáveis (MACEDO et al.,

2012).

2.2 SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA NO SETOR DE SAÚDE

HOSPITALAR

Ao se pensar na aplicação do conceito de sustentabilidade corporativa, sabe-

se que os sistemas de saúde e, particularmente, os hospitais serão impactados

negativamente pelo crescimento dos problemas globais de sustentabilidade, como

as alterações climáticas, as crises energéticas e a escassez de recursos naturais.

Cabe citar a responsabilidade dos sistemas de saúde nesta problemática, pois parte

deles é causado pelo próprio sistema de saúde (JAMETON; PIERCE, 2001; WEISZ

et al., 2011).

Com a intensificação destes problemas, por um lado ocorrerá um maior rigor

nas normas ambientais, medidas regulatórias e aumento de preços. Por outro lado,

as consequências desses problemas como, por exemplo, as alterações ambientais,

terão efeitos adversos sobre a condição da saúde humana, como a propagação de

doenças infecciosas ou os danos decorrentes dos desastres de origem natural ou

antropogênicos (BARCELLOS et al., 2008). Por fim, os hospitais serão confrontados

por estes dois aspectos (WEISZ et al., 2011).

Os hospitais – instituições que desempenham um papel central na indústria

em questão - podem minimizar seu lado negativo e obter ganhos na própria saúde,

ao integrarem os questionamentos social e ambiental ao core business hospitalar,

isto é, aos cuidados e à promoção da saúde. Desta maneira, tais questionamentos

serão observados, avaliados e otimizados (WEISZ et al., 2011).

Desenvolvimento sustentável para os hospitais estaria ligado à otimização

dos diversos critérios de qualidade, onde não apenas é considerada a qualidade

para o core business do hospital em si, mas também a eficiência econômica e as

compatibilidades ambientais (JAMETON et al., 2002) e sociais (WEISZ et al., 2011).

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Os requisitos de qualidade para o core business são padrões clínicos de

tratamento, com suas respectivas viabilidades técnicas; eficiência econômica,

controle adequado dos custos, opções de financiamentos e, em especial, para as

instituições privadas, a relação favorável receita/custo. Para a dimensão ambiental,

tem-se a preservação da natureza, através da utilização racional de recursos

(JAMETON et al., 2002). Por fim, a dimensão social é a minimização das cargas

sociais dentro e fora dos hospitais (WEISZ et al., 2011).

Assim, um determinado hospital agirá sustentavelmente quando não adiar ou

externalizar4 problemas aos seus stakeholders e à natureza. Um exemplo para esta

proposição é o atual aquecimento global, proveniente de enormes emissões

anteriores de dióxido de carbono – um efeito retardado – por consequência da

queima de combustíveis fósseis. Por conseguinte, é afirmado que a manutenção da

interação sociedade-natureza no longo prazo é posta em risco quando os problemas

do viver em sociedade são externalizados, produzindo, como resultado, efeitos

colaterais indesejáveis (WEISZ et al., 2011).

Desse modo, essas ações que buscam o desenvolvimento sustentável

definem o termo sustentabilidade no ambiente hospitalar, o qual seria a extensão

dos critérios de qualidade estabelecidos, incluindo os aspectos sociais, ecológicos e

econômicos. Acredita-se, ainda, que a sustentabilidade pode ser alcançada pela

utilização e desenvolvimento de sistemas e métodos de gestão da qualidade (WEISZ

et al., 2011).

Essa abordagem integrada, a partir da externalização do problema, e a devida

visualização dos stakeholders, com o monitoramento do ambiente em que se atua,

que permite a mitigação dos efeitos indesejáveis, é uma das principais tarefas da

gestão hospitalar. Em linhas gerais, cada decisão é tida como sustentável e ideal

quando, além de melhorar o status quo na respectiva dimensão, leva em

consideração seus impactos positivos nas outras e as consequências benéficas de

longo prazo (WEISZ et al., 2011).

4 As externalidades são tidas como efeitos externos não intencionais, sejam estes positivos ou negativos, das atividades das empresas sobre outros agentes econômicos (LEMME, 2010).

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O tema desenvolvimento sustentável possui relação e sinergia com a

promoção à saúde. Vale ressaltar que esta correlação entre os temas pode ser

concluída a partir da definição de promoção da saúde estabelecida pela World

Health Organization (WHO) ou Organização Mundial da Saúde (OMS), que é tida

como o processo de capacitar pessoas para aumentar o controle sobre suas saúdes,

melhorando-as. Este processo se movimenta além do foco no comportamento

individual, indo em direção a uma ampla variação de intervenções sociais e

ambientais (WEISZ et al., 2011).

Diante disso, os cuidados e a promoção da saúde integrarão o conceito

tradicional do Triple Bottom Line. De fato, estes tópicos devem ser pensados de

forma a integrar o TBL, sendo parte do centro do triângulo, conforme figura 2,

permeando o contexto hospitalar. Isto ocorre porque, em certa medida, os hospitais

têm efeitos e, igualmente, são afetados pelas dimensões social, ambiental e

econômica, tanto no ambiente interno, quanto externo. Assim, os cuidados e a

promoção da saúde fariam parte das inter-relações dinâmicas com as três

dimensões do TBL (WEISZ et al., 2011).

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45

Figura 3: Ambiente Hospitalar

Fonte: Adaptado de Weisz et al. (2011)

Enfim, os programas de sustentabilidade devem refletir as necessidades e

características únicas de cada organização, pois é sabido que a implantação deste

tipo de programa nas empresas requer, além de tempo, mudanças culturais

significativas (GRIFFITHS, 2006). Ademais, para os hospitais, estes programas

acabam por permear todos os aspectos da instituição, como alimentação, gestão de

materiais, equipe de enfermagem (JAROUSSE, 2012), em todos os níveis, de

formas cultural e educacional (HAMILTON, 2008).

2.2.1 Dimensão Ambiental da Sustentabilidade Corporativa em Hospitais

Ao levar-se em consideração a sustentabilidade em sua dimensão ambiental,

para o caso dos hospitais, deve-se observar que o foco no longo prazo, com bom

Capital Financeiro

Capital Ambiental

Capital Social

AMBIENTE HOSPITALAR

Cuidados

com a

Saúde

Promoção

da Saúde

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desempenho destas instituições sobre o meio ambiente, é a chave para o seu

relacionamento com os diversos stakeholders (GRAYSON et al., 2011). Desta

maneira, devem ser buscadas soluções para a melhoria deste relacionamento.

Diante disso, Jarousse (2012) cita como oportunidades de melhoria da

sustentabilidade ambiental hospitalar os gerenciamentos dos resíduos e de água e a

eficiência energética. Tem-se, ainda, as compras sustentáveis. Alguns autores

acrescentam outras formas de “go green”: gerência dos sistemas ambientais e a

construção verde (GRAYSON et al., 2011; WEISZ et al., 2011), cuidados com as

emissões tóxicas e a utilização de transportes alternativos (HAMILTON, 2008).

A construção verde, segundo a Green Guide for Health Care (GGHC, 2010),

prevê um tipo de edificação saudável, com a ausência de materiais que sejam

maléficos à saúde humana, além de um design eficiente e tecnologias inovadoras

disponíveis, com a economia, assim, de recursos naturais, como iluminação natural

e integração à natureza. Como consequência, tem-se, a redução dos custos

associados. As emissões tóxicas dos transportes, por sua vez, podem ser reduzidas

pela diminuição da área destinada ao estacionamento de carros particulares, pela

integração com modais de transportes públicos e a contenção de deslocamentos de

grandes percursos do corpo clínico (POLAND; DORIS, 2010).

2.2.1.1 Programas de Sustentabilidade Ambiental Hospitalar

Para que sejam iniciadas as ações e os programas sustentáveis, em especial

do ponto de vista ambiental, primeiramente se faz necessária a integração das

questões sustentáveis à estratégia da organização. Podem ser citados como

ilustração deste ato os compromissos da alta liderança e do conselho, estabelecidos

por meio da política ambiental (JAROUSSE, 2012).

Após o importante passo da integração da sustentabilidade corporativa à

estratégia, a instituição deve estabelecer um baseline, ou seja, um tipo de padrão de

valor, verificando, por exemplo, através de auditorias, seus consumos de água e

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energia (existem benchmarks para estes tipos de consumos, como o U.S.

Environmental Protection Agency’s Energy Star Program5) (JAROUSSE, 2012).

Hamilton (2008) acredita que exista certa dificuldade na condução do

processo de auditorias ambientais. É provável que alguns hospitais precisem de um

auxílio externo para tal, dadas às faltas de expertise e habilidade interna de seus

colaboradores. O autor afirma, ainda, que não é apenas uma questão de conferir as

contas das companhias fornecedoras de água, eletricidade, gás natural e óleo para

aquecimento, mas sim entender corretamente onde e como ocorrem estes

consumos. É fato que as organizações terão capacidades e condições diferenciadas

em lidar com os programas e ações sustentáveis, já que há diferenças de escala,

tempo das edificações e capacidade de negociação com fornecedores (POLAND;

DOORIS, 2010).

a) Gerenciamento de Resíduos

Segundo Jarousse (2012), iniciar a abordagem do processo de

sustentabilidade ambiental pelo gerenciamento de resíduos pode ser interessante

pelo fato deste ser capaz de promover a alteração da rota usual dos descartes

gerados, além de ser considerado um fator de sucesso para os programas de

sustentabilidade ambiental hospitalares.

Os resíduos hospitalares podem ser separados nas seguintes categorias:

sólidos, lixos hospitalares regulamentados, perigosos, farmacêuticos, gerais e

reciclados. Os sólidos são os que possuem maior fluxo ou volume, incluindo em sua

categoria várias especialidades, como lixos hospitalares regulamentados (resíduos

provenientes de lixo farmacêutico), resíduos confidenciais (que devem ser

triturados), materiais perigosos, dentre outros, que não deverão ser misturados

acidentalmente ou por falta de treinamento (TURPIN; LEE, 2011). Enfim, os

hospitais geram muitas categorias distintas de resíduos, o que demonstra a

5 Energy Star é um programa conjunto das agências governamentais norte-americanas U.S. Environmental Protection Agency e o U.S. Department of Energy, que tem por objetivo economizar capital e proteger o meio ambiente através de produtos e práticas energeticamente eficientes. Fonte: http://www.energystar.gov/index.cfm?c=about.ab_index.

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relevância de um programa de gerenciamento adequado dos resíduos. De fato, este

deve existir apesar de boa parte dos resíduos terem seus descartes regulamentados

e, também, de um programa integrado incorrer em custos e complicações as mais

diversas (GILLMEISTER, 2012; JAROUSSE, 2012).

Quando se menciona descarte regulamentado, uma boa exemplificação são

os resíduos provenientes de lixo farmacêutico. No entanto, uma grande parte dos

outros materiais descartados (papéis e papelões, lixos orgânicos, plásticos, metais e

vidros), quando manuseados corretamente, podem ser completamente reciclados ou

comercializados, isto é, não precisam seguir diretamente para um aterro (TURPIN;

LEE, 2011; JAROUSSE, 2012).

A diversidade de resíduos é um dos grandes desafios dos programas de

reciclagem. Como solução, sugere-se a reclassificação de categorias entre os

mesmos. Faz-se necessário um planejamento cuidadoso, programas educacionais

contínuos, monitoramentos regulares, estabelecimento de melhores práticas e a

preocupação com a segurança dos manipulares, responsabilidade esta a ser

atribuída à equipe sustentável. Ademais, existem as considerações a respeito da

identificação de variáveis, tais como: regulação e seus riscos, espaço físico,

infraestrutura adequada e a agenda dos pacientes e, ainda, a possível administração

desta atividade por um terceiro/parceiro (TURPIN; LEE, 2011; GILLMEISTER, 2012).

O reconhecimento e a comunicação, no que diz respeito ao gerenciamento de

resíduos, podem ser realizados através de e-mails ou de anúncios ao longo da

instalação e devem ultrapassar as fronteiras do hospital. Ele deve ser veiculado na

mídia, ou seja, deve ser reconhecido com premiações e devidamente divulgado.

Este tipo de destaque é tido como positivo por ser capaz de aperfeiçoar o programa

e aprimorar o relacionamento com os stakeholders (TURPIN; LEE, 2011).

Com a utilização benéfica dos resíduos recicláveis, haverá um impacto

positivo significativo e mensurável. Cabe lembrar que o processo de gerenciamento

de resíduos, com a utilização de métricas de resíduos como ferramentas de gestão,

considera a questão da redução do consumo em si, reduzindo, desta maneira, o

volume descartado de materiais. Novas ideias, como a visão de resíduos como

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recursos e não mais como lixo, além dos planos para redução do consumo em si,

devem fazer parte da cultura do hospital (JAROUSSE, 2012; TURPIN; LEE, 2011).

Jarousse (2012) traz considerações que demonstram a dificuldade e a

criticidade do gerenciamento de resíduos hospitalares. O autor cita como um desses

pontos o fato de que muitos hospitais sequer sabem ao certo quais são seus gastos

nesta gestão, pois, ao menos em território americano, os diversos dejetos são

gerenciados por distintos departamentos e fornecedores (ainda com a garantia de

que todos cumpram seus contratos, o que é uma tarefa desafiadora). Na

impossibilidade de um único departamento para toda a gestão, o ideal seria que a

instalação tivesse o correto controle de todas as saídas de sua unidade, permitindo,

assim, que seus gestores estabelecessem metas e objetivos para a relação

consumo/descarte (JAROUSSE, 2012).

Como solução, é prioritário que os hospitais analisem as diversas áreas

operacionais e consigam mensurar os custos de suas atividades, desenhando os

fluxos de resíduos (GILLMEISTER, 2012). Além disso, segundo Turpin e Lee (2011),

garantir a correta segregação, em especial dos resíduos que podem ser

comercializados, pode evitar retrabalhos e perda de valor do material.

De maneira geral, para um programa de gerenciamento de resíduos

hospitalares, o gestor deve considerar, para a formação do orçamento, custos com

educação e treinamento e os vários serviços a serem desempenhados (identificação,

segregação, embalagem, coleta e transporte, interna e externamente). Os custos

devem ser examinados em três áreas estratégicas: exigências regulatórias, custos

diretos e indiretos – gestão de riscos e custos de contenção (GILLMEISTER, 2012).

Os custos com exigências regulatórias contemplam o treinamento de todos os

envolvidos no processo do ponto de vista jurídico. Os custos diretos consideram os

seguros, da saúde dos colaboradores às questões de conformidade, supervisão e

monitoramentos, equipamentos (ativos) e suas manutenções, operações de

contingência emergenciais e infraestrutura de Tecnologia da Informação (TI). Já os

custos indiretos abarcam os custos com gestão de risco e custos ocultos, como

riscos aos envolvidos, má gerência, multas e penalidades (GILLMEISTER, 2012).

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Um assunto ainda controverso é a prática de reciclagem e reprocessamento

dos dispositivos e equipamentos médicos. No entanto, é uma atitude que vem sendo

adotada com maior abrangência nos hospitais americanos, com fiscalização

realizada pela U.S. Food and Drug Administration (FDA)6. Para os resíduos

hospitalares gerados, o reprocessamento pode reduzir o desperdício e os custos

operacionais. Ainda um pequeno número de itens podem ser reciclados, incluídos

neste seleto grupo as mangas de compressão7, portas laparoscópicas8 e oxímetros

de pulso9 (TURPIN; LEE, 2011).

Diante de todos os fatores, quando o gerenciamento dos resíduos de saúde é

efetuado de forma satisfatória, os benefícios dos programas de reciclagem

hospitalares bem sucedidos podem ser variados. Estes programas acabam por

viabilizar a redução de custos operacionais (por exemplo, por intermédio do

desenvolvimento de ferramentas poderosas que melhoram a eficiência operacional

em todos os níveis), com posterior alocação para novos projetos. Além disso, podem

aumentar a segurança e satisfação da força de trabalho; reduzir riscos e custos

associados ao descumprimento da legislação; diminuir o impacto ambiental;

melhorar a relação com a comunidade e, até mesmo, gerar receitas ou recompensas

econômicas (TURPIN; LEE, 2011; JAROUSSE, 2012).

Assim, o gerenciamento de resíduos é capaz de fortalecer o programa de

sustentabilidade de maneira mais ampla, a partir do momento em que os

colaboradores o apoiem e lhe deem reconhecimento (JAROUSSE, 2012). Por fim, o

principal benefício dos programas de reciclagem hospitalares e a mais importante

razão de sua adoção é o fator custo (TURPIN; LEE, 2011).

6 Food and Drug Administration (FDA) é a agência norte-americana pertencente ao Department of Health and Human Services (HHS), que tem por objetivo proteger e promover a saúde. Fonte: http://www.fda.gov. 7 Mangas de compressão são itens auxiliares medicinais prescritos pelo médico, se necessário, no caso de problemas vasculares e outros. Fonte: http://www.medi.pt/produtos/lipedema-linfedema/meias-de-compressao.html. 8 Laparoscopia: Exame endoscópico da cavidade abdominal. Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=laparoscopia. 9 Oxímetro de pulso é um dispositivo médico que mede indiretamente a quantidade de oxigênio no sangue de um paciente. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ox%C3%ADmetro_de_pulso.

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b) Gerenciamento de Águas

Os hospitais são instituições que consomem um volume significativo de água

para a manutenção de suas atividades. Luparelli (2009) observou que equipamentos

que possuem grandes consumos deste tipo de recurso, como máquinas de lavar

roupa e de hemodiálise e autoclaves, não possuem hidrômetros em seus setores de

utilização, não permitindo assim o controle dos consumos. Além disso, parte dos

volumes utilizados nestas máquinas, por exemplo, não são reaproveitados,

caracterizando desperdício.

A presença dos medidores setorizados é interessante para observação de

vazamentos ao longo de toda a edificação, podendo ser acompanhado de um

sistema amplo de monitoramento do consumo. Além disto, é importante realizar um

programa consolidado de manutenção, para que não haja apenas a detecção do

vazamento, mas também a rápida correção do mesmo (ILHA et al., 2006).

Outras ações a serem realizadas neste quesito são a sensibilização dos

usuários e adoção de tecnologias economizadoras como, por exemplo, instalação de

bacias sanitárias com caixa acoplada de menores volumes, restritores de vazão de

chuveiros e/ou torneiras hidromecânicas e fotoelétricas. Assim, um dos ganhos de

se implantar um eficiente programa de gerenciamento de águas é o financeiro, por

meio da redução de custos (ILHA et al., 2006; POLAND; DOORIS, 2010)10. Parte

desta economia decorre, também, dos programas de reciclagem, com o reuso

interno à instalação. E o reuso, em específico o não potável, é definido como o uso

para fins de utilização em jardinagem, descargas sanitárias e utilização em caldeiras,

por exemplo (FILHO; MANCUSO, 2003).

c) Eficiência Energética

Outra iniciativa sustentável é a eficiência energética. Segundo o relatório

Scheider Eletric (2010), reduzir o consumo de energia permite o combate às 10 Vale ressaltar, neste ponto, a importância da lavagem das mãos. A utilização de torneira fotoelétrica auxiliará a limpeza das mãos, a partir do momento em que não é exigido nenhum toque ou contato para o seu fechamento. Fonte: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/lavagem_de_maos.html.

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questões de aquecimento global, a partir do momento em que ocorre a redução da

emissão do dióxido de carbono (CO2). O relatório Scheider Eletric (2010) observa

que minimizar o consumo energético (assim como de água, aquecimento, dentre

outros) é uma opção quando se trata de cortar despesas e aumentar os lucros.

Inclusive, o relatório ressalta que existe uma lacuna quanto ao corte de custos via

redução do consumo energético por parte dos administradores e dos diretores-

financeiros de hospitais. Normalmente, os gestores optam, primeiramente, pelo

caminho tradicional: implantar novas tecnologias, reduzir o número de colaboradores

e seus benefícios ou melhorar os processos (como, por exemplo, a renegociação

com fornecedores - algo temporário - e a eliminação de serviços adicionais).

O gerenciamento energético tem como grande benefício o fato de ser algo

diretamente mensurável, permitindo o monitoramento e o progresso constantes.

Como solução para atingir a eficiência energética, sugere-se a contratação de

serviços e equipamentos profissionais, que permitirão a tomada de ações mais

rapidamente e de menores investimentos (SCHEIDER ELETRIC, 2010).

Como ilustração, podem ser citados a otimização do edifício e o uso de

inversores de frequência, passando pela otimização dos sistemas de Aquecimento,

Ventilação e Ar condicionado (HVAC) e reformas no sistema de iluminação, como

sensores. Apesar dos altos valores, no que diz respeito ao investimento, estas

medidas podem trazer como resultado a queda no consumo de energia. Isto ocorre,

especialmente em projetos energéticos mais amplos, como atualizações do prédio e

a aplicação de medidas inovadoras de economia. Cabe lembrar ainda a ideia da

adoção de um sistema integrado, centralizado e inteligente de medição de energia

(POLAND; DOORIS, 2010; SCHEIDER ELETRIC, 2010).

Além disso, observa-se que ao realizar a avaliação da solução de eficiência

energética é interessante buscar não apenas uma energia eficiente e segura aos

envolvidos, mas, também, uma energia verde, com a redução da emissão de gases

do efeito estufa e o incentivo ao uso de energias renováveis e soluções

sustentáveis, como LEED11 e NABERS12 (SCHEIDER ELETRIC, 2010). É

11 LEED - Leadership in Energy and Environmental Design - é um sistema de certificação e orientação ambiental de edificações. Criado pelo U.S. Green Building Council, é o selo de maior reconhecimento

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interessante ressaltar que adquirir um equipamento com menor consumo energético

é uma forma de melhorar a eficiência energética e, também, de realizar uma compra

sustentável (HAMILTON, 2008).

d) Compras Sustentáveis

O Setor de Compras, dada sua posição estratégica no início da cadeia de

valor, pode ter um papel significativo no desempenho da sustentabilidade

corporativa (CARTER et al., 2000). Tendo a presença da legislação como principal

driver, na prática o que se observa é a substituição dos materiais maléficos ao meio

ambiente por outros menos agressivos (PIMENTEL, 2009). Exemplos para o caso

hospitalar são a substituição de termômetros de mercúrios pelos digitais

(HAMILTON, 2008) e o Cloreto de Polivinila (PVC) e di-2-etilhexil (DHEP) por

produtos alternativos – por exemplo, cateteres e bolsas de sangue de PVC, podem

ser substituídos por seus similares feitos em silicone ou Acetato de Vinil Etileno

(EVA) (HCWH13, 2013)14.

Carter e Carter (1998) definem compras verdes ou ecológicas como aquelas

em que a gestão da cadeia de suprimentos é capaz de influenciar o processo

sustentável, optando por adquirir itens que possam auxiliar na redução de recursos e

nos processos de reciclagem e reutilização. Para isso, os autores acreditam que a

coordenação junto aos fornecedores auxilia para o alcance de resultados positivos.

Além disso, será de responsabilidade dos fornecedores, segundo Lamming e

internacional e o mais utilizado em todo o mundo, inclusive no Brasil. Fonte: http://www.gbcbrasil.org.br/?p=certificacao. 12 NABERS – National Australian Built Environment Rating System – é uma iniciativa australiana gerenciada pelo Office of Environmental and Heritage. NABERS é um sistema de classificação baseado para os edifícios existentes; este é capaz de classificar o desempenho com base em suas medidas de impacto operacionais ao meio ambiente. O sistema também está habilitado a fornecer uma simples indicação do quão bem a instituição gerencia esses impactos ambientais ao compará-la com seus pares e vizinhos. Fonte: http://www.nabers.com.au/. 13 Health Care Without Harm (HCWH). 14 PVC e DHEP são dois compostos que contêm substâncias químicas maléficas aos seres humanos. O PVC, adicionalmente, causa impactos ambientais durante as fases de produção, uso e descarte (HCWH, 2013).

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Hampson (1996), os impactos ambientais gerados por seus produtos ao longo de

toda a sua vida útil, incluindo o seu descarte.

Uma dificuldade que a instituição talvez possa vir a encontrar ao adotar um

programa de compras sustentáveis hospitalares é, justamente, a postura de médicos

e técnicos mais especializados. Este tipo de público tende a ter uma preferência

exclusiva de insumos médico-hospitalares baseados nos critérios de uso, qualidade

e marca. Pautando-se nesses quesitos, é possível prever a resistência dos médicos

e técnicos à introdução de critérios ambientais (FILHO, 2005).

2.2.1.2 Fatores de Sucesso, Benefícios e Consequências

Alguns fatores são garantia para o sucesso dos projetos de sustentabilidade

ambiental hospitalar. O primeiro deles é o papel das lideranças. Neste processo,

visando ao sucesso das práticas, cada uma das partes desempenha seu papel. O

Presidente, Chief Executive Officer, CEO, acaba por definir a visão, a liderança e a

responsabilidade para que a sustentabilidade seja, de fato, bem-sucedida. O CEO

participa do processo de avaliação das práticas atuais e mostra prontidão para o

avanço na jornada de sustentabilidade (JAROUSSE, 2012). Além disso, ele define o

quão estratégico são os programas de sustentabilidade na organização

(GILLMEISTER, 2012).

O Conselho Administrativo, por sua vez, deve trabalhar para o

estabelecimento das políticas, metas e prioridades na alocação de recursos e

acompanhamento do progresso das ações. Nestas metas e prioridades, segundo

Gillmeister (2012), devem estar contidas maneiras para a diminuição do impacto ao

meio ambiente e soluções sustentáveis aos funcionários e à comunidade ao entorno,

além do foco no cumprimento dos regulamentos para pacientes e funcionários. Já o

Diretor Financeiro, Chief Finance Officer (CFO), identifica recursos financeiros e

monitora custos, despesas e retornos sobre investimentos. Por fim, o Diretor de

Operações, Chief Operating Officer (COO), é quem desempenha o papel essencial

no processo de implantação dos programas de sustentabilidade hospitalares, sendo

responsável pelo monitoramento das operações e dos benefícios alcançados

(JAROUSSE, 2012).

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Estes principais líderes também serão responsáveis pelo entendimento das

peculiaridades de seu negócio hospitalar, como, por exemplo, fatores de

complicação e legislações aplicáveis (GILLMEISTER, 2012). Estes tipos de fatores

acabam por vir a diferenciar os níveis de maturidade de implementação dos

programas entre os diferentes hospitais (POLAND; DOORIS, 2010). E, não menos

importante, segundo Turpin e Lee (2011), os líderes são os responsáveis pela

disseminação da cultura em prol da sustentabilidade.

Outro fator primordial para o sucesso das ações de sustentabilidade é a

criação de equipes responsáveis pelo estabelecimento de metas e objetivos de curto

e longo prazos, cronogramas, supervisão das implantações, mensuração das

métricas e avaliação do desempenho da organização, trabalhando juntamente aos

principais líderes, em especial, o Conselho (HAMILTON, 2008; TURPIN; LEE, 2011;

JAROUSSE, 2012). Hamilton (2008) pondera que algumas ações ou princípios

tomados ou tidos pelos líderes são sugestões da equipe executora e, neste caso,

tem-se um perfil bottom-up das iniciativas.

Uma das maneiras utilizadas para a observação do alcance das metas são as

auditorias ambientais. Estas metas ao serem atingidas devem ser celebradas e

compartilhadas com todos os envolvidos. Assim, são encerrados ciclos e, ao

alcançar objetivos, novos deverão ser traçados. Neste sentido, uma vez que a

equipe executiva tenha sido criada e após a verificação da disponibilidade inicial de

recursos da organização, o Chief Operating Officer deve alavancá-los, interna e

externamente, para a condução da avaliação completa da sustentabilidade

(JAROUSSE, 2012).

É importante que as equipes sugeridas (denominadas “Equipes Verdes” ou

Green Team) incluam pessoas e departamentos de toda a empresa; e, se possível,

a contratação de um funcionário, com cargo gerencial, tal como um Diretor de

Sustentabilidade, Chief Sustainability Officer (CSO), para a coordenação das

atividades. Ele supervisiona as iniciativas sustentáveis colocadas em prática por

outros gerentes, em toda a organização, e ainda provê expertise técnica,

gerenciando a formação e o trabalho das equipes de sustentabilidade. Outra função

do CSO é a construção de um relacionamento com a comunidade em seu entorno,

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pois parte dos funcionários presentes são da própria comunidade (HAMILTON,

2008; JAROUSSE, 2012).

Além desses dois fatores principais, o papel das lideranças e a criação de

equipes responsáveis, cabem destacar as necessidades de identificação de drivers

(diminuição de custos, melhor desempenho ambiental e ou melhoria das condições

de saúde da comunidade); das barreiras das iniciativas de sustentabilidade e das

complicações de uma gestão integrada. A correta identificação destas circunstâncias

auxiliará no estabelecimento de metas e, consequentemente, aumentará a

probabilidade de sucesso das iniciativas (JAROUSSE, 2012).

Há, ainda, o engajamento dos stakeholders, em especial dos líderes

comunitários; parcerias que tragam êxitos, preferencialmente com aqueles parceiros

que partilhem de objetivos sustentáveis; e a condução de auditorias ambientais,

conforme citação anterior (HAMILTON, 2008). Cabe aqui mencionar que as práticas

devem ocorrer de forma gradativa, cada uma ao seu tempo, até para que sejam

devidamente incorporadas à rotina (HAMILTON, 2008; TURPIN; LEE, 2011),

ademais, devem seguir uma ordem de gestão por simplicidade, ou seja, das mais

simples às mais complexas (JAROUSSE, 2012), enfim, deve haver uma aderência

formal aos programas por parte das instituições (GILLMEISTER, 2012).

Ao considerar os fatores levantados por Poland e Dooris (2010) e Gillmeister

(2012), que podem levar a organização a ser bem sucedida na empreitada da

sustentabilidade ambiental, são enumeradas algumas vantagens com a adoção

destes programas. Cabe mencionar que o ganho para o meio ambiente é inerente a

todas as práticas. Primeiramente, os aumentos do desempenho da organização, dos

valores de eficiência e eficácia; onde, eficiência é definida como a “diminuição dos

custos de assistência sem diminuir as melhorias alcançadas” (DONABEDIAN, 1998

apud MANZO; BRITO; CÔRREA, 2012, p. 389) e eficácia a “habilidade em atingir os

melhores resultados na assistência por meio dos melhores cuidados”

(DONABEDIAN, 1998 apud MANZO; BRITO; CÔRREA, 2012, p. 389). Estes

aumentos são acompanhados pelas melhorias dos resultados clínicos, da

experiência de funcionários e pacientes e do índice de confiabilidade no sistema e

na cultura (JAROUSSE, 2012).

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Como segunda grande vantagem tem-se a redução de riscos. Neste caso, há

o papel dos stakeholders, que com a crescente preocupação com a questão

energética, o esgotamento de petróleo e outros recursos naturais, poderão exercer

uma supervisão regulatória dos consumos de energia e descarte de resíduos. Como

ilustração, é apontada a U.S. Environmental Protection Agency (EPA)15, que vem

tomando medidas para reforçar a fiscalização do lixo farmacêutico (JAROUSSE,

2012).

A terceira vantagem é a redução de custos. Como as iniciativas sustentáveis

consomem menos recursos e reduzem os resíduos gerados, são capazes de

diminuir os gastos ou criar poupanças, ou seja, retornos financeiros positivos

(HAMILTON, 2008; GILLMEISTER, 2012; JAROUSSE, 2012).

De mais a mais, podem ser citados o aumento da percepção positiva na

sociedade e a melhoria dos cuidados com a saúde, isto é, os programas de

sustentabilidade constroem uma boa imagem ao conservarem recursos escassos e

promoverem a saúde de pacientes e funcionários (GRAYSON et al., 2011;

JAROUSSE, 2012).

Os pontos citados anteriormente vêm ao encontro da colocação de que o

ambiente hospitalar pode causar prejuízos à saúde de seus trabalhadores e, até

mesmo, dos pacientes (JAMETON; PIERCE, 2001; WEISZ et al., 2011). Finalmente,

os hospitais cumprirão sua missão de ofertar um atendimento de qualidade

(GRAYSON et al., 2011). De fato, o ganho será para toda a sociedade, pois diante

de benefícios reais obtidos por algumas organizações, há um estímulo para que os

concorrentes adotem práticas similares, realizando, assim, mais ganhos financeiros

e ambientais (TURPIN; LEE, 2011).

15 U.S. Environmental Protection Agency (EPA) é a agência do governo norte-americano que tem por missão a proteção da saúde do ser humano e do ambiente. Fonte: http://www.epa.gov/aboutepa/whatwedo.html.

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2.3 QUADRO SÍNTESE

Este item por finalidade a apresentação do quadro 1, o qual apresenta um

resumo, à luz da revisão de literatura, das principais práticas sustentáveis que

denotam um maior grau de maturidade dos hospitais.

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Práticas Sustentáveis Autores

Possuir a certificação ISO 14001 Petroni, 2000; Korul, 2005; Alexander et al., 2008; Brouwer; Kopen, 2008; Oliveira, 2008; ISO, 2009; Jabbour; Teixeira; Jabbour, 2013.

Publicar Relatórios de Sustentabilidade ou Balanço Social Oliveira, 2008; GRI, 2011. Possuir uma área específica e independente para o planejamento e a supervisão das questões sustentáveis Hamilton, 2008; Turpin; Lee, 2011; Jarousse, 2012. Ter inserido o conceito de desenvolvimento sustentável na estratégia ISE, 2011; Gillmeister, 2012; Jarousse, 2012.

Mensuração de riscos e impactos das atividades desempenhadas ISE, 2011.

Remuneração variável atrelada às metas sustentáveis ISE, 2011. Monitoramento dos impactos financeiros, operacionais, ambientais e de saúde ISE, 2011.

Comunicação sistemática do desempenho aos stakeholders ISE, 2011. Comunicação realizada sem a necessidade de demanda por parte dos stakeholders ISE, 2011.

Presença de programas educativos Turpin; Lee, 2011; Gillmeister, 2012. Aumento dos valores de eficiência e eficácia quando adotadas as práticas sustentáveis Jarousse, 2012; Donabedian, 1998 apud Manzo; Brito; Côrrea, 2012. Implementação de práticas sustentáveis independentemente do retorno financeiro Lemme, 2010; Monzoni, 2010. Início do programa de sustentabilidade através do gerenciamento de resíduos Jarousse, 2012. Segurança dos executores ser responsabilidade da equipe de sustentabilidade Turpin; Lee, 2011; Gillmeister, 2012.

Reutilização dos itens hospitalares Turpin; Lee, 2011.

Presença de programas de eficiência energética Hamilton, 2008; Poland; Dooris, 2010; Scheider Eletric, 2010.

Presença de programas de gerenciamento de águas Filho; Mancuso, 2003; Ilha et al., 2006; Poland; Dooris, 2010. Modelo de compras de acordo com os preceitos das compras sustentáveis

Lamming; Hampson, 1996; Carter; Carter, 1998; Carter et al., 2000; Hamilton, 2008; HCWH, 2013.

Quadro 1: Quadro síntese conceitual

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3 MÉTODO

Este capítulo tem como objetivo apresentar o método de pesquisa adotado no

estudo. Assim, são disponibilizadas informações a respeito das perguntas e suas

hipóteses, do tipo de pesquisa, da população e da amostra. Em relação aos dados,

são apresentadas a forma de coleta e o tratamento destes. Por fim, o capitulo é

concluído com as limitações da presente pesquisa.

3.1 PERGUNTAS E HIPÓTESES DA PESQUISA

A pergunta geral que direciona a presente pesquisa é: Qual o grau de

maturidade em termos de práticas de sustentabilidade ambientais dos hospitais

acreditados que atuam no Brasil?

Além disso, este estudo pretende investigar a relação existente entre a ISO

14001, a publicação de relatórios e a presença de uma área especifica dedicada à

sustentabilidade e o grau de maturidade dos hospitais em termos de prática de

sustentabilidade ambiental. Portanto, são formuladas as seguintes perguntas,

hipóteses e as hipóteses estatísticas:

a) Os hospitais que possuem a certificação ISO 14001 possuem um grau de

maturidade em termos de sustentabilidade superior aos que não possuem esta

certificação?

A certificação ISO 14001 é uma ferramenta que auxilia e busca a minimização

dos efeitos negativos das atividades empresariais sobre o meio ambiente, por

intermédio da melhoria contínua, com incremento dos valores de eficiência e

eficácia, tendo como consequências a redução de desperdícios e processos mais

eficientes (PETRONI, 2000; KORUL, 2005; BROUWER; KOPEN, 2008; OLIVEIRA,

2008; ISO, 2009; OLIVEIRA; SERRA, 2010). Assim, a literatura indica que os

hospitais que detêm a certificação ISO 14001 estão mais avançados em termos de

práticas de sustentabilidade adotadas do que os que não possuem esta certificação.

Isto permite formular a seguinte hipótese nula Ho1:

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Ho1: Não há diferença estatisticamente significativa em termos de práticas de

sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que possuem a certificação ISO 14001

e os que não a possuem.

b) Os hospitais que publicam Relatório de Sustentabilidade ou Balanço Social

possuem um grau de maturidade em termos de sustentabilidade superior aos

que não o fazem?

Os relatórios de sustentabilidade exercem o papel fundamental de relatar as

atividades desempenhadas pelas instituições, transmitindo transparência e, também,

uma comunicação sistemática com os diferentes stakeholders (OLIVEIRA, 2008;

GRI, 2011). Assim, podem atuar na avaliação da performance e posição da empresa

perante as questões sustentáveis, como a percepção de uma possível influência do

desenvolvimento sustentável na estratégia destas. Desta forma, a literatura revisada

indica que os hospitais os quais publicam relatórios de sustentabilidade estão mais

avançados em termos de práticas de sustentabilidade adotadas do que os que não o

fazem. Assim, é possível formular a seguinte hipótese nula Ho2:

Ho2: Não há diferença estatisticamente significativa em termos de práticas de

sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que publicam relatório de

sustentabilidade e os que não o publicam.

c) Os hospitais que possuem uma área específica e responsável pelo

planejamento e pela supervisão das atividades relativas à sustentabilidade,

possuem um grau de maturidade em termos de sustentabilidade superior aos

que não possuem?

A existência de equipes responsáveis pelo estabelecimento de metas,

objetivos e cronogramas (planejamento) e acompanhamento das implantações,

mensuração das métricas e avaliação do desempenho da organização (supervisão)

é um fator de sucesso dos projetos de sustentabilidade ambiental hospitalar,

impulsionando a empresa na direção da adoção de práticas sustentáveis

(HAMILTON, 2008; TURPIN; LEE, 2011; JAROUSSE, 2012). A partir desta

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afirmativa, a literatura permite acreditar que os hospitais que possuem uma área

específica dedicada à sustentabilidade estão mais avançados em termos de práticas

de sustentabilidade adotadas do que os que não possuem esta área. Assim, é

possível formular a seguinte hipótese nula H03:

H03: Não há diferença estatisticamente significativa, em termos de práticas de

sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que possuem uma área específica

dedicada à sustentabilidade e os que não a possuem.

3.2 TIPO DE PESQUISA

De acordo com Vergara (1998), uma pesquisa pode ser classificada quanto

aos seus fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa

quantitativa, de caráter descritivo e exploratório, pois tem como principal finalidade

descrever as ações adotadas pelos hospitais acreditados que atuam no Brasil,

fornecendo critérios, assim como auxílios para compreensão e formulação de

problemas mais precisos, que poderão ser objeto de investigação em estudos

posteriores (GIL, 1989; VERGARA, 1998; MALHOTRA, 2001).

Quanto aos meios, trata-se de pesquisa de campo, por haver a aplicação de

um questionário para o levantamento dos dados, assim como de uma pesquisa

bibliográfica, por ter buscado na literatura teorias e conceitos relacionados à

sustentabilidade no setor hospitalar.

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

O universo ou a população do presente estudo é composto por 88

instituições, as quais possuíam, em outubro de 2012, alguma(s) da(s) seguinte(s)

acreditação(ões): Accreditation International Canada (ACI), Joint Commission

International (JCI), e/ou Organização Nacional de Acreditação (ONA) - Acreditado

com Excelência, de acordo com as informações contidas no website ou site das

respectivas acreditações, no tipo de programa “hospital” com atuação em território

brasileiro.

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63

Em outubro de 2012, eram 20 os hospitais acreditados pela Accreditation

International Canada (ACI). Vinte e quatro hospitais possuíam a Joint Commission

International (JCI), dos quais 21 compuseram este estudo, já que: o Hospital do

Câncer III – INCA retirou-se voluntariamente em 07/12/2010; a descrição do Hospital

Sírio Libanês – Sociedade Beneficente de Senhoras e Sociedade Beneficente de

Senhoras Hospital Sírio Libanês - fazerem referência à mesma instituição:

Sociedade de Senhoras Hospital Sírio-Libanês; e o Total Care Unidade Jardins – SP

não poder ser caracterizado como unidade hospitalar. Sessenta e sete unidades

hospitalares possuíam a Organização Nacional de Acreditação (ONA). A partir disto,

foram analisadas 66 unidades, pois a instituição Neocenter S/A, segundo

informações contidas em seu site, é um prestador de serviços de Unidades de

Terapia Intensiva (UTIs) neonatal, não podendo ser caracterizado como unidade

hospitalar.

Desta maneira, por ser um conjunto de dados que possui intersecção, isto é,

uma mesma instituição pode possuir mais de uma acreditação, ao final restaram 88

hospitais no universo a ser analisado. Deste universo, 75 concordaram em participar

da pesquisa, mas apenas 38 efetivamente preencheram o questionário. Os

respondentes representaram 43% da população previamente definida.

3.4 COLETA DE DADOS

A coleta de dados da pesquisa foi realizada por meio da aplicação do

questionário online hospedado no website SurveyMonkey.

De posse da população dos 88 hospitais, entrou-se em contato via telefone,

e-mail e/ou através do website dos hospitais para a obtenção dos dados de um(a)

Diretor(a); um(a) Gestor(a) de Sustentabilidade ou um(a) Gerente que fosse

responsável pelas práticas de sustentabilidade, em especial na dimensão ambiental.

Posteriormente, o link para o questionário

(https://www.surveymonkey.com/s/QuestSustentHospitalar) foi enviado via e-mail

para o potencial respondente. Cabe citar que as instituições que tiveram dificuldade

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64

para abrir o link, por motivo de bloqueio interno do website, por exemplo, receberam

o questionário em arquivo Word para enviarem suas respostas.

A tentativa de estímulo à participação na pesquisa ocorreu pelo ineditismo do

tema no setor e pela disponibilização/envio da pesquisa aos interessados. Por meio

dos contatos iniciais, em especial aqueles realizados via telefone, percebeu-se a

desestruturação da área ou departamento de sustentabilidade, pois a grande maioria

dos hospitais indicavam respondentes pertencentes aos setores de Qualidade ou de

Gestão de Resíduos ou, até mesmo, desconheciam o tema.

O esforço para aumentar o número de participantes foi feito em dois

momentos. O primeiro se deu entre os meses de setembro a novembro de 2012,

quando foi conseguido cerca de 30% dos respondentes. Não houve problemas nas

respostas recebidas e o esforço na busca por mais respondentes foi concluído num

segundo momento, entre os meses de janeiro a março de 2013, contabilizando-se

um total de 43% do total, ou seja, 38 hospitais participaram da pesquisa.

3.4.1 Instrumento de coleta de dados

O questionário foi elaborado com base na revisão de literatura, nos

questionários utilizados por autores citados na própria revisão e, também, na

adaptação do questionário ISE 2011. Do questionário ISE, foram utilizadas as

questões referentes ao Grupo E, específico para serviços e que abrange os serviços

médicos e hospitalares. Como o questionário da presente pesquisa foi formulado

entre os meses de setembro e outubro do ano de 2012, foi utilizado o questionário-

base ISE, versão 2011, relativo à sétima carteira do ISE, que vigorou entre os dias

02 de janeiro e 31 de dezembro de 2012.

O questionário é composto por três partes, a saber:

Parte I – Perfil demográfico, para a caracterização do respondente e da instituição

por meio de doze questões.

Parte II – Práticas de sustentabilidade - dimensão geral: oito questões relativas ao

posicionamento do hospital quanto às principais práticas de sustentabilidade

corporativa na dimensão geral.

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65

Parte III – Práticas de sustentabilidade - dimensão ambiental: onze questões

relativas ao perfil da instituição no que diz respeito às ações de sustentabilidade

ambiental adotadas pelo hospital.

Na Parte I, as variáveis demográficas foram medidas por meio de perguntas

abertas e da escala não paramétrica nominal. Neste tipo de escala, os dados

apenas representam categorias ou classes, gerando número de ocorrências em

cada classe ou categoria da variável que está sendo estudada (HAIR et al., 2007).

Na Parte II, em que são apresentadas questões relativas à dimensão geral de

sustentabilidade, adotou-se a escala não-paramétrica nominal para as primeiras

quatro questões (questões 1 a 4), juntamente com duas perguntas abertas, relativas

ao principal motivador para o hospital publicar relatório de sustentabilidade ou

balanço social (questão 2) e ao principal motivador para adotar ações de

sustentabilidade (questão 4). O questionamento por meio de perguntas abertas ou

não estruturadas é interessante, pois expressa opiniões gerais do respondente,

sendo úteis nas análises de pesquisas exploratórias. No entanto, tem como

desvantagem a tendenciosidade por parte do pesquisador e o tempo para

codificação ou categorização (MALHOTRA, 2001).

Para as questões 5 a 8 da Parte II e para as 11 questões da Parte III, relativas

à dimensão ambiental, foi adotada a escala Likert de 5 pontos. A escala Likert,

amplamente utilizada nas pesquisas acadêmicas, tem as vantagens de ser fácil de

construir, administrar e compreender. Nesta escala, o respondente deve indicar o

grau de concordância com cada um dos itens do questionário. Trata-se de uma

escala não comparativa, onde o objeto de estudo não é comparado com outro objeto

específico ou com algum padrão; ou seja, as avaliações ocorrem unitariamente.

Desta maneira, os respondentes selecionam a categoria que melhor descreva o

objeto em avaliação (MALHOTRA, 2006).

Na presente pesquisa, optou-se pela escala de cinco pontos, em que os

extremos 1 e 5 representaram, respectivamente, “discordo totalmente” e “concordo

totalmente”. A opção pela escala ímpar foi feita para que houvesse uma posição

neutra ou imparcial para os entrevistados, já que, de acordo com Malhotra (2006),

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66

havendo a possibilidade de uma reação neutra ou indiferente de pelo menos um dos

entrevistados, deve-se utilizar um número ímpar de categorias.

Para o pré-teste do questionário, o mesmo foi submetido à avaliação de

profissionais da área da saúde, com o fim de avaliar a clareza do instrumento e a

adequação dos termos empresariais aos termos médicos e vice-versa. Desta

maneira, seis profissionais da saúde foram abordados, dentre estes uma enfermeira

e cinco médicos. Quanto aos médicos, pertenceram ao grupo selecionado, médicos

de atendimento e assistência, médicos gestores e relacionados ao controle de

infecção hospitalar. Assim, todos os profissionais visualizaram o questionário,

preencheram-no e emitiram suas opiniões, durante o mês de outubro de 2012. Cabe

citar que quatro foram respondidos pessoalmente, ao passo que dois realizaram o

pré-teste on-line, através do envio do arquivo via Word, com o retorno dos

comentários por e-mail.

De maneira geral, o questionário não sofreu alterações de conteúdo. A grande

contribuição obtida por meio do pré-teste foi a visão destes especialistas de que o

questionário deveria ser respondido por um(a) gestor(a), sendo esta pessoa médica

ou não, no entanto, com atribuições específicas de um cargo de sustentabilidade ou

questões correlacionadas. De fato, o entendimento de que profissionais que não

atuassem diretamente na área, como médicos de assistência ou sem vínculo efetivo

com a instituição, não teriam conhecimento suficiente do assunto e o ineditismo do

tema no setor médico, foi unânime. A versão final do questionário encontra-se no

Apêndice C.

O quadro 2 apresenta as variáveis que compuseram a versão final do

questionário, contendo quatro questões gerais sobre Sustentabilidade Corporativa e

onze questões específicas sobre a dimensão ambiental.

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Grupo Variável

Práticas de sustentabilidade - geral

1. Inserção na estratégia 2. Mensuração de riscos e impactos 3. Remuneração variável 4. Monitoramento de impactos

Práticas de sustentabilidade - ambiental

5. Comunicação sistemática aos stakeholders 6. Comunicação sem a necessidade de demanda 7. Programas educativos 8. Eficiência e eficácia 9. Independência do retorno financeiro 10. Início pelo gerenciamento de resíduos 11. Segurança dos executores 12. Reutilização dos itens hospitalares 13. Programas de eficiência energética 14. Programas de gerenciamento de águas 15. Compras sustentáveis

Quadro 2: Variáveis investigadas relativas às práticas sustentáveis nas dimensões geral e

ambiental

3.4.2 Confiabilidade da escala

A confiabilidade é definida como “a extensão pela qual uma escala produz

resultados consistentes quando são feitas repetidas mensurações de característica.”

(MALHOTRA, 2006, p. 275). De acordo com Hair et al. (2009), o Alfa de Cronbach é

a medida de maior utilização para o teste de confiabilidade de uma escala e é

definido por Malhotra (2006, p.277) como “a média de todos os coeficientes meio a

meio que resultam das diferentes maneiras de dividir os itens da escala.”. Assim,

para validar a escala proposta, utilizou-se o Alfa de Cronbach, ou coeficiente alfa,

como medida de confiabilidade interna da escala.

O coeficiente Alfa varia entre 0 e 1, sendo considerado satisfatório um

coeficiente igual ou superior a 0,7 (HAIR et al., 2009). O Alfa de Cronbach obtido no

presente estudo foi de 0,765, o que demonstra a confiabilidade interna da escala

adotada.

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3.5 TRATAMENTO DOS DADOS

Antes de iniciar as análises estatísticas dos dados, todos os questionários

preenchidos foram conferidos pessoalmente pela pesquisadora para identificar

respostas incompletas ou em branco. Nos casos em que o respondente deixou algo

em branco ou faltou clareza em sua resposta, em especial no caso de perguntas

abertas, o mesmo foi contatado pela pesquisadora para resolver a(s) pendência(s).

Assim, não houve qualquer descarte, mantendo-se a amostra de 38 hospitais.

Após as análises iniciais, as respostas coletadas foram digitadas pela

pesquisadora em um arquivo em Excel, com o objetivo de organizar os dados para

que fossem transferidos para o software SPSS versão 17.0, para realizar as

estatísticas univariadas necessárias para o teste das hipóteses formuladas.

Primeiramente, foi realizada uma análise descritiva e exploratória dos dados,

não apenas para traçar o perfil demográfico, mas também, para computar o grau de

maturidade dos hospitais da amostra em termos de ações de sustentabilidade. Em

seguida, foi aplicado o teste não-paramétrico de comparação de postos para

amostras independentes de Wilcoxon-Mann-Whitney, com o objetivo de testar as

hipóteses formuladas.

3.5.1 Sistema de ponderação baseado no Índice de Sustentabilidade

Empresarial (ISE)

Para computar o grau de maturidade dos hospitais pesquisados em termos de

ações de sustentabilidade, objetivo do presente estudo, e, também, para a

realização do teste não-paramétrico, adotou-se a metodologia de ponderação

aplicada pelo ISE.

A metodologia do ISE considera cada uma das sete dimensões com valor

total de cem unidades, resultante do somatório de cada um dos critérios

relacionados às respectivas dimensões (CRITÉRIOS & PESOS ISE 2011/2012).

Cabe mencionar a pormenorização do processo, isto é, antes do desdobramento

dos critérios em perguntas, existem os indicadores (ver figura 2).

Page 69: Pr ticas de Sustentabilidade Corporativa Glauce) · práticas de sustentabilidade e o fato de possuir a certificação ISO 14001, publicar ... 2.1.4 Indicadores da Sustentabilidade

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Na presente pesquisa, foram adaptadas as dimensões geral e ambiental do

ISE. A dimensão geral é aplicável a todos os grupos e setores investigados pelo

índice, tratando do comprometimento com a sustentabilidade e o seu

desenvolvimento, por meio da devida preocupação com a viabilidade futura da

sociedade. A dimensão ambiental para as instituições de saúde trata das políticas,

gestão, desempenho e cumprimento legislatório.

Da mesma maneira que o índice, não houve a prévia divulgação dos pesos às

empresas participantes. Segundo Marcondes e Bacarji (2010), divulgar o peso pode

vir a gerar distorções nas avaliações, evitando, assim, a constituição de equipes

especializadas dentro das companhias com o objetivo de preencher os questionários

da forma mais coerente possível, buscando melhores resultados.

3.5.1.1 Dimensão geral

Assim, a primeira dimensão tomada, a geral, baseada no questionário-base

2011, possui quatro critérios, são eles, compromissos, alinhamento, transparência e

combate à corrupção, onde:

1. Compromissos: comprometimento com o desenvolvimento sustentável;

2. Alinhamento: alinhamento e consistência das boas práticas de

sustentabilidade;

3. Transparência: transparência das informações corporativas, por meio de

balanços sociais e relatórios anuais;

4. Combate à corrupção: verificação de ações para o combate às práticas de

corrupção, tais como acordos escusos ou atividades de lobby.

Estes critérios estão distribuídos nos seguintes indicadores:

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70

Critério Indicador

1. Compromissos Compromisso fundamental

Compromissos voluntários

2. Alinhamento Consistência dos compromissos Política de engajamento com partes interessadas Remuneração

3. Transparência Relatórios Divulgação

4. Combate à corrupção Combate à corrupção

Quadro 3: Critérios ISE: Indicadores

Quanto aos pesos destes critérios estão descritos no quadro 4.

Critério Peso

1. Compromissos 15

2. Alinhamento 25

3. Transparência 40

4. Combate à corrupção 20

Total: 100

Quadro 4: Critérios ISE - Dimensão geral

Para a composição do sistema de ponderação, foram utilizados três destes

quatro critérios - compromissos, alinhamento e transparência – e seus indicadores.

O item combate à corrupção foi excluído por não fazer parte do escopo da presente

pesquisa. Assim, com a exclusão do critério combate à corrupção fez-se necessária

a redistribuição dos vinte pontos referentes a este. Consequentemente, após a saída

deste critério, o novo somatório passou a oitenta pontos. Esta redução de vinte

pontos significou um acréscimo de 25%, compensado igualmente entre os três

critérios restantes. A distribuição dos pesos modificada, está descrita no quadro 5.

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71

Critério Peso/critério

1. Compromissos 18,75

2. Alinhamento 31,25

3. Transparência 50

Total: 100

Quadro 5: Dimensão geral adaptada

A correlação das perguntas vis-à-vis os critérios/indicadores foi estabelecida

através da adequação do conteúdo da pergunta à definição do critério.

No caso específico da dimensão geral, as perguntas foram tomadas do

próprio índice, onde a correlação ocorreu de forma direta, isto é, as perguntas

pertencem aos próprios critérios, e seus indicadores, tal como o estabelecido no

questionário ISE.

Pergunta Critério Indicador

5 Compromissos Compromisso fundamental

6 Alinhamento Consistência dos compromissos

7 Alinhamento Remuneração

8 Transparência Relatórios

Quadro 6: Relação perguntas, critérios e indicadores

O valor total da dimensão, isto é, o somatório de todas as perguntas, resultou

em 131,25 pontos (quadro 7). Com o objetivo de facilitar os cálculos, os valores

foram redistribuídos para o somatório de 100 pontos entre as 4 perguntas. Esta

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72

operação foi realizada a partir da divisão do valor total (131,25) pelo peso de cada

pergunta, expressos no quadro 8.

Critério Pergunta Peso

1. Compromissos 5 18,75

2. Alinhamento 6, 7 62,50

3. Transparência 8 50

Total: 131,25

Quadro 7: Dimensão geral adaptada às perguntas

Critério Pergunta Peso/pergunta

1. Compromissos 5 14,29

2. Alinhamento 6, 7 23,81

3. Transparência 8 38,10

Total: 100

Quadro 8: Dimensão geral final

3.5.1.2 Dimensão ambiental

Concluídos os cálculos para a dimensão geral o mesmo procedimento foi

adotado para a dimensão ambiental. Nesta dimensão, o questionário-base 2011,

também possui quatro critérios, são eles, política, gestão, desempenho e

cumprimento legal, onde:

1. Política: nível de comprometimento da empresa, isto é, nível de formalização

das estratégias e políticas;

2. Gestão: programas, planos, metas e monitoramento;

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73

3. Desempenho: indicadores de desempenho;

4. Cumprimento legal: avaliação da conformidade frente às legislações de

concorrência, ambiental, código do consumidor e outras pertinentes.

Estes critérios estão distribuídos nos seguintes indicadores:

Critério Indicador 1. Política Compromisso, abrangência e divulgação

2. Gestão

Responsabilidade ambiental

Planejamento

Gerenciamento e monitoramento

Sistemas de gestão

Comunicação com partes interessadas

Compromisso global: biodiversidade

3. Desempenho Consumo de recursos ambientais - inputs

Emissões e resíduos

Emissões e resíduos críticos

4. Cumprimento legal

Área de preservação permanente

Reserva legal

Passivos ambientais

Requisitos administrativos

Procedimentos administrativos

Procedimentos judiciais Quadro 9: Critérios ISE: Indicadores

Quanto aos pesos destes critérios estão descritos no quadro 10.

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74

Critério Peso

1. Política 5

2. Gestão 55

3. Desempenho 25

4. Cumprimento legal 15

Total: 100

Quadro 10: Critérios ISE - Dimensão ambiental

Para a composição do índice de mensuração do grau de maturidade deste

estudo, foram utilizadas três destes quatro critérios - política, gestão e desempenho

– e seus indicadores. O item cumprimento legal foi excluído por não fazer parte do

escopo da presente pesquisa, afinal não foram solicitados aos respondentes

avaliações de conformidades frente às legislações pertinentes. Com a exclusão

deste critério, cumprimento legal, fez-se necessária a redistribuição dos quinze

pontos referentes a este. Consequentemente, após a saída deste critério, o novo

somatório passou a oitenta e cinco pontos. Esta redução de quinze pontos significou

um ganho de cinco pontos entre os três critérios restantes. A distribuição dos pesos

modificada, relacionada às perguntas, está descrita no quadro 11.

Critério Peso/critério

1. Política 10

2. Gestão 60

3. Desempenho 30

Total: 100

Quadro 11: Dimensão ambiental adaptada

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75

Tal como o procedimento adotado na dimensão geral, a correlação das

perguntas vis-à-vis os critérios foi estabelecida através da adequação do conteúdo

da pergunta à definição do critério.

Desta forma, o critério política agregou as perguntas 11 e 13. Esta relação

ocorreu pelo fato dos conteúdos destas perguntas - formalização dos programas

educativos e independência do retorno financeiro - referenciarem o

comprometimento e a estratégia da empresa, sendo estes estabelecidos por

elevados níveis hierárquicos, sinalizando o compromisso dos hospitais com a

questão sustentável.

O critério gestão abarcou as perguntas 9, 10 e 12. As questões 9 e 10 –

adaptadas do índice - tratam do indicador comunicação com partes interessadas por

questionarem a respeito da informação empresa versus stakeholders. Quanto à

pergunta 12, esta faz parte de um plano de gestão com foco no monitoramento das

atividades sustentáveis, a partir do momento em que evidencia a preocupação com

os aumentos dos valores de eficiência e eficácia.

As perguntas de 14 a 18 pertencem ao critério desempenho. Isto ocorreu,

pois, tal critério tem por finalidade o tratamento dos diversos indicadores de

desempenho ambientais. Desta maneira, quando a instituição tem um programa

formal de gerenciamento de águas ou de resíduos, por exemplo, é comprovado o

monitoramento dos consumos de recursos e, consequentemente, do desempenho

ambiental.

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Pergunta Critério Indicador

9 Gestão Comunicação com partes interessadas

10 Gestão Comunicação com partes interessadas

11 Política Compromisso, abrangência e divulgação

12 Gestão Gerenciamento e monitoramento

13 Política Compromisso, abrangência e divulgação

14 Desempenho Consumo de recursos ambientais - input

15 Desempenho Consumo de recursos ambientais – input

16 Desempenho Consumo de recursos ambientais – input

17 Desempenho Consumo de recursos ambientais – input

18 Desempenho Consumo de recursos ambientais – input

19 Desempenho Consumo de recursos ambientais - input

Quadro 12: Relação perguntas, critérios e indicadores

Com o objetivo de facilitar os cálculos, os valores foram redistribuídos para o

somatório de cem pontos entre as onze perguntas, ou seja, novos pesos foram

gerados a partir da divisão do valor total (somatório dos pesos de todas as

perguntas = 380 – quadro 12) pelo peso de cada pergunta, expressos no quadro 13.

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77

Critério Pergunta Peso/critério

1. Política 11, 13 20

2. Gestão 9, 10, 12 180

3. Desempenho 14, 15, 16, 17, 18, 19 180

Total: 380

Quadro 13: Dimensão ambiental adaptada às perguntas

Critério Pergunta Peso/Pergunta

1. Política 11, 13 2,63

2. Gestão 9, 10, 12 15,79

3. Desempenho 14, 15, 16, 17, 18, 19 7,89

Total: 100

Quadro 14: Dimensão ambiental final

A partir da relação entre o quadro 2 com os quadros 8 e 14, obtém-se o

quadro 15, síntese do sistema de ponderação utilizado nesta pesquisa.

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Dimensão Variável Peso Peso item dimensão

Geral

1. Inserção na estratégia 14,29

100 2. Mensuração de riscos e impactos 23,81 3. Remuneração variável 23,81

4. Monitoramento de impactos 38,10

Ambiental

5. Comunicação sistemática aos stakeholders 15,79

100

6. Comunicação sem a necessidade de demanda 15,79 7. Programas educativos 2,63 8. Eficiência e eficácia 15,79 9. Independência do retorno financeiro 2,63 10. Início pelo gerenciamento de resíduos 7,89 11. Segurança dos executores 7,89 12. Reutilização dos itens hospitalares 7,89 13. Programas de eficiência energética 7,89 14. Programas de gerenciamento de águas 7,89 15. Compras sustentáveis 7,89

Quadro 15: Sistema de ponderação das características e dimensões das práticas sustentáveis

Finalmente, como foi adotada a escala Likert de 5 pontos, as pontuações

máximas possíveis de serem alcançadas, que representam o grau máximo de

maturidade em termos de ações de sustentabilidade, estão apresentadas no quadro

16:

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79

Dimensão Variável Pontuação

Total máxima

Geral

1. Inserção na estratégia 71,43

500,00 2. Mensuração de riscos e impactos 119,05 3. Remuneração variável 119,05

4. Monitoramento de impactos 190,48

Ambiental

5. Comunicação sistemática aos stakeholders 78,95

500,00

6. Comunicação sem a necessidade de demanda 78,95 7. Programas educativos 13,16 8. Eficiência e eficácia 78,95 9. Independência do retorno financeiro 13,16 10. Início pelo gerenciamento de resíduos 39,47 11. Segurança dos executores 39,47 12. Reutilização dos itens hospitalares 39,47 13. Programas de eficiência energética 39,47 14. Programas de gerenciamento de águas 39,47 15. Compras sustentáveis 39,47

1.000

Quadro 16: Pontuações máximas das características e dimensões das práticas sustentáveis

3.5.2 Cálculo do grau de maturidade dos hospitais em termos de ações de

sustentabilidade

Após as ponderações realizadas, foi possível calcular o grau de maturidade

dos hospitais pesquisados em termos de práticas sustentáveis, classificados em

intervalos de um a quatro. Estes intervalos foram baseados nas medidas de posição,

as quais, segundo Triola (2008, p. 89), “podem ser usadas para a comparação de

valores de conjuntos de dados diferentes ou para a comparação de valores dentro

de um mesmo conjunto de dados.”.

No caso específico, foram utilizados os quartis, os quais dividem os valores

em quatro partes iguais, onde, neste estudo, cada intervalo contém 199 pontos. Este

número foi obtido por meio do ajuste da divisão do intervalo total, 799 pontos (a

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80

diferença entre 999 e 200, máximo e mínimo, respectivamente - 1 ponto, equivalente

ao benchmark, foi retirado) por 4, ou 25% do intervalo total.

Por fim, segue a classificação proposta, indicando os níveis distintos de

maturidade das práticas sustentáveis:

• Classificação 4 ou Muito Alta (MA): indica que o hospital tem uma gestão

adequada das práticas sustentáveis. Para a classificação neste nível o

hospital deve obter entre 800 e 999 pontos;

• Classificação 3 ou Alta (A): indica que o hospital aplica grande parte dos

conceitos pesquisados das práticas sustentáveis em sua gestão, no entanto,

esta aplicação não ocorre de forma ampla. Para a classificação neste nível o

hospital deve obter entre 600 e 799 pontos;

• Classificação 2 ou Baixa (B): indica que a instituição aplica apenas parte dos

conceitos sustentáveis e de forma desintegrada. Para a classificação neste

nível o hospital deverá obter entre 400 e 599 pontos;

• Classificação 1 ou Muito Baixa (MB): indica que a instituição desconhece ou

não aplica as práticas sustentáveis. Para a classificação neste nível o hospital

deve obter entre 200 e 399 pontos.

Para caracterização da instituição como um modelo de gestão (benchmark) em

termos de práticas de sustentabilidade, é necessária a pontuação máxima em todas

as características, ou seja, a obtenção de 1.000 pontos.

Assim sendo, o grau de maturidade total do hospital é definido pela multiplicação

das variáveis de cada dimensão ponderada pela concordância do respondente com

as afirmações (escala de 1 a 5). Posteriormente, soma-se o total das avaliações

ponderadas.

3.5.3 Teste não-paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney

O teste não-paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney foi escolhido por não

exigir qualquer condição quanto à forma específica de distribuição da população da

qual a amostra foi retirada, por atender à mensuração ordinal das variáveis

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estudadas e por ser capaz de testar se duas amostras independentes foram

extraídas de uma mesma população (SIEGEL; CASTELLAN, 2006).

Segundo Siegel e Castellan (2006), o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney é um

dos testes não-paramétricos mais poderosos, sendo uma boa alternativa à utilização

ao teste paramétrico t. Cabe lembrar que o teste Wilcoxon-Mann-Whitney não

apresenta todas as exigências e suposições restritivas associadas ao teste t.

O método consiste na ordenação dos casos das duas amostras e atribuição

de postos a cada um deles. O valor U é então calculado a partir desses postos e, se

o valor observado tiver probabilidade associada inferior ao alfa estabelecido, a

hipótese nula de que as distribuições das duas amostras são iguais é rejeitada

(MALHOTRA, 2006; SIEGEL; CASTELLAN, 2006).

Assim, para o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney utilizaram-se as medianas,

considerando, para o estabelecimento da hipótese nula, que a mediana da

distribuição da primeira amostra é igual à mediana de distribuição da segunda

amostra. Além disso, foram utilizados níveis de significância de 5% ou 0,05 e de

10% ou 0,10, bilateralmente.

3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Sabe-se que qualquer método de pesquisa possui suas limitações (GIL, 1989;

VERGARA, 1998). Assim, segundo Vergara (1998), é interessante reconhecê-las

para antecipar-se às críticas que possam explicitar as limitações que o método

escolhido apresenta.

Para fins práticos, foram utilizados apenas os hospitais que possuíam alguma

das seguintes acreditações: ACI, JCI e ONA – Acreditado com Excelência, em um

período determinado, no caso, mês de outubro de 2012. Sabe-se que após esta

data, e ainda durante a realização da pesquisa, novos hospitais foram incorporados

ao grupo, assim como alguns deles podem ter saído. Com isso, ao realizar a

pesquisa em um grupo seleto, universo restrito, a amostra também é pequena, com

um baixo número de respondentes para a análise dos dados. Para minimizar este

tipo de limitação, vários pedidos de participação foram solicitados às instituições.

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O preenchimento de questionários autoadministrados está sujeito à

interpretação equivocada da pergunta pelos respondentes. Para minimizar este viés,

foi realizado o pré-teste do questionário com profissionais da saúde, na tentativa de

representação do público-alvo da pesquisa. Além da interpretação, a pesquisa está

sujeita aos vieses e sentimentos do respondente e, consequentemente, a dados

distorcidos. De fato, cada respondente poderia exercer certa parcialidade. Ao

solicitar-se a percepção do entrevistado em relação às práticas de sustentabilidade

de seus hospitais, as informações obtidas são dependentes do julgamento pessoal

de cada indivíduo.

Outro ponto relevante é a visão estática do processo. De fato, este tipo de

método fornece informações acerca de um momento especifico, isto é, alguns

hospitais podem ter evoluído durante o período de realização da pesquisa e análise

dos dados, assim como outros podem ter regredido.

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4 RESULTADO: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE

A presente seção dedica-se a apresentar os resultados obtidos na pesquisa e

discuti-los. Em primeiro lugar, será feita a apresentação dos dados demográficos

dos entrevistados e dos hospitais, traçando o perfil dos mesmos. Serão mostrados,

ainda, os resultados das questões abertas do questionário. Por fim, serão

apresentados os distintos níveis de maturidade e os resultados relacionados às

perguntas da pesquisa. Ao atender às perguntas de pesquisa e, também, às

hipóteses, tendo como base os resultados apresentados, será feita uma análise do

que foi encontrado à luz da literatura pesquisada.

4.1 PERFIL DA AMOSTRA

Para a categorização dos cargos de ocupação dos respondentes, utilizou-se

um tipo agrupamento por proximidade de funções, a saber:

• Categoria “Analista de Qualidade”: cargo de Analista de Qualidade;

• Categoria “Gerente/Diretor de Qualidade”: cargos de Coordenador de

Qualidade, Diretor de Qualidade e Segurança, Diretor Técnico, Gerente de

Qualidade, Superintendente Operacional, Supervisora de Qualidade;

• Categoria “Gerente de Sustentabilidade”: cargos de Coordenador de

Segurança e Meio Ambiente, Gestor Ambiental, Gerente de Planejamento e

Sócio Ambiental, Gerente de Sustentabilidade, Gerente de Resíduos;

• Categoria “Gerente de Governança/Enfermagem”: cargos de Coordenador de

Gerenciamento de Leitos, Coordenador de Governança, Gerente Corporativo

de Hotelaria, Gerente de Enfermagem e Qualidade, Líder de Governança;

• Categoria “Técnico/Engenheiro”: cargos de Engenheiro de Segurança do

Trabalho, Supervisor de Engenharia e Técnico em Segurança do Trabalho; e

• Categoria “Outros”: cargos de Analista de Processos, Gerente de Recursos

Humanos, Assistente de Marketing, Assistente Administrativo, Executivo de

Apoio Administrativo, Gerente de Farmácia e Representante da Alta Direção.

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Conforme gráfico 1, 40% dos respondentes ocupam cargo de Gerente/Diretor

de Qualidade e um total de 69% dos respondentes ocupam cargo de gerência ou

diretoria. Estes profissionais são considerados os mais aptos a responderem o

questionário, pois compõem as principais lideranças da instituição investigada.

Gráfico 1: Cargo de ocupação dos respondentes

Quanto à área de ocupação, a categorização também se deu por proximidade de

funções, a saber:

• Categoria “Administração”: respondentes que trabalham nas seguintes áreas:

Diretoria, Diretoria Executiva, Gerência Administrativa, Gerência Hospitalar,

Marketing, Presidência, Superintendência;

• Categoria “Enfermagem/Farmácia/Governança”: respondentes que trabalham

nas seguintes áreas: Farmácia Oncológica, Governança, Hotelaria, Serviços

de Apoio;

Analista de

Qualidade

5%

Gerente de

Governança/

Enfermagem

16%

Gerente

de

Sustentabilidade

13%

Gerente/

Diretor de

Qualidade

40%

Técnico/

Engenheiro

8%

Outros

18%

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• Categoria “Operações”: respondentes que trabalham nas áreas de

Operações, Superintendência de Operações, Serviço Especializado em

Engenharia de Segurança e Medicina do trabalho;

• Categoria “Qualidade”: respondentes que trabalham em algum dos seguintes

setores: Assessoria de Qualidade, Escritório da Qualidade, Gestão da

Qualidade, Qualidade, Serviço de Gestão pela Qualidade; e

• Categoria “Sustentabilidade”: respondentes que trabalham nas áreas de

Gestão Ambiental, Gerência de Resíduos, Prática Assistencial, Qualidade,

Segurança e Meio Ambiente, Responsabilidade Socioambiental e Setores

Assistenciais.

Desta maneira, de acordo com o gráfico 2, a maioria dos respondentes

trabalha em setores da Qualidade do hospital (34%), seguidos pelos profissionais

que trabalham na área classificada como “Administração” (24%). Apenas 13% dos

respondentes atuam na área de Sustentabilidade do hospital.

Gráfico 2: Área de ocupação dos respondentes

Administração24%

Enfermagem/Farmácia/

Governança16%

Operações13%

Qualidade34%

Sustentabilidade

13%

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Para a categorização da variável formação acadêmica do respondente,

utilizou-se a definição de centros, institutos e faculdades conforme divisão da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), qual seja:

• Categoria “Ciências da matemática”: graduação em Estatística;

• Categoria “Ciências da Saúde”: graduação em Biomedicina, Enfermagem,

Farmácia, Farmácia Bioquímica, Farmácia Industrial, Fisioterapia, Medicina,

Tecnologia em Saúde;

• Categoria “Ciências Econômicas”: graduação em Administração,

Administração Hospitalar, Economia;

• Categoria “Ciências Humanas”: graduação em Comunicação Social, Hotelaria

e Psicologia;

• Categoria “Tecnologia”: graduação em Engenharia, Gestão Ambiental e

Gestão Ambiental.

Assim, de acordo com o gráfico 3, os respondentes são graduados, em sua

maioria, em “Ciências da Saúde” (37%), que abrange os cursos de Biomedicina,

Enfermagem, Farmácia, Farmácia Bioquímica, Farmácia Industrial, Fisioterapia,

Medicina e Tecnologia em Saúde, seguidos pelos que cursaram “Ciências

Econômicas” (29%).

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Gráfico 3: Formação acadêmica dos respondentes

Pode ser observado que houve certa predominância do setor de qualidade

nas respostas, conforme gráfico 2, com maioria de formação acadêmica

pertencentes às ciências da saúde (gráfico 3).

Apesar de serem profissionais com tempo de instituição médio de 8 anos, o

tempo de permanência nos cargos é baixo, sendo, a média, de apenas 3 anos

(tabela 1).

Tabela 1: Análise descritiva dos tempos dos tempos de trabalho e atuação

Tempo N Mínimo Máximo Média Desvio-padrão Trabalho na instituição 38 1 26 8,08 5,48

Atuação no cargo 38 0 12 3,25 2,51

Ciências da Matemática

2%

Ciências da Saúde37%

Ciências Econômicas

29%

Ciências Humanas

16%

Tecnologia16%

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Tabela 2: Tempos de trabalho e atuação no cargo dos respondentes

Tempo de trabalho Tempo de atuação no cargo Anos Frequência Frequência Relativa Frequência Frequência Relativa

0-5 11 29% 29 76%

6-10 15 39% 8 21%

11-15 8 21% 1 3%

16-20 3 8% 0 0%

21-25 0 0% 0 0%

26-30 1 3% 0 0%

Total 38 100% 38 100%

Com relação ao perfil dos hospitais, pode-se afirmar que a grande maioria, está

localizada nos estados da região Sudeste (76%) e são privados (92%), conforme

gráfico 4 e tabela 3, respectivamente.

Gráfico 4: Região de localização

Centro-Oeste3% Nordeste

5%

Norte0%

Sudeste76%

Sul16%

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Tabela 3: Distribuição da variável tipo de gestão hospitalar

Tipo Frequência Frequência Relativa Público 3 8%

Privado 35 92%

Total 38 100%

A amostra obtida apresentou média de idade ou tempo de existência

hospitalar de aproximadamente 39 anos, com um mínimo de sete anos e um

máximo de noventa anos de existência (tabela 4).

Tabela 4: Análise descritiva dos tempos de existência dos hospitais

Idade N Mínimo Máximo Média Desvio-padrão 38 7 90 39,26 24,22

No que tange ao tipo de hospital, a grande maioria (76%) é composta por

hospitais gerais, ou seja, instituições que realizam procedimentos médicos em mais

de uma especialidade (tabela 5). Além disso, 89% realizam procedimentos

complexos, que vão desde traumato-ortopedia aos transplantes de órgãos,

passando por neurocirurgias e tratamentos oncológicos (tabela 6). No que tange ao

número de leitos, 58% possuem mais de 150 leitos (gráfico 5).

Tabela 5: Distribuição da variável tipo de hospital

Tipo Frequência Frequência Relativa

Especializado 9 4%

Geral 29 76%

Total 38 100%

Tabela 6: Distribuição da variável complexidade hospitalar

Alta complexidade Frequência Frequência Relativa Sim 34 89%

Não 4 11%

Total 38 100%

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Gráfico 5: Número de leitos

Quanto ao tipo de acreditação, destaca-se a presença da ONA sobre as

demais: 29 hospitais, representando 66% do total das acreditações, conforme tabela

7. Além disso, é observado que 4 hospitais possuem duas acreditações

concomitantemente e apenas 1 deles possui as três.

Tabela 7: Distribuição da variável acreditação

Acreditação Frequência Frequência Relativa ACI 5 11%

JCI 10 23%

ONA 29 66%

Total 44 100%

4.2 ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA

HOSPITALAR

4.2.1 Perfil dos hospitais quanto às ações de sustentabilidade

Quando se traça o perfil da instituição no que tange às questões de

sustentabilidade corporativa em sua dimensão ambiental, os dados obtidos se

20 a 495%

50 a 14934%

150 a 29940%

300 ou mais18%

NA3%

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mostram tímidos. Isto pode ser constatado pelo baixo número de instituições que

possuem a certificação ISO 14001 (11%), conforme tabela 8. Sabe-se, de acordo

com Oliveira (2008), que a ISO é uma certificação voluntária, mas que é capaz de

alavancar decisões ambientais ao nível estratégico (KORUL, 2005; BROUWER;

KOPEN, 2008; OLIVEIRA, 2008).

Tabela 8: Distribuição da variável certificação ISO 14001

ISO 14001 Frequência Frequência Relativa Sim 4 11% Não 34 89% Total 38 100%

Outro resultado que fortalece a ideia de que as ações são ainda tímidas no

setor é o baixo número de hospitais pesquisados que publicam relatórios, apenas

18% (tabela 9). Cabe lembrar que a pergunta não mencionava nenhum tipo de

formato ou padrão, tal como a GRI; a única obrigatoriedade era em relação à

periodicidade, no caso, anual ou 12 meses.

Tabela 9: Distribuição da variável publicação de relatórios de sustentabilidade ou balanços

sociais

Publicação de Relatórios Frequência Frequência Relativa Sim 7 18% Não 31 82% Total 38 100%

Ainda em relação ao tema, foi feita uma pergunta aberta sobre a principal

motivação para a publicação do relatório. As respostas obtidas apontam dois

motivos principais, alinhados com a literatura pesquisada: “Divulgação aos

stakeholders” e “Comparação ao benchmark” (OLIVEIRA, 2008; JOÃO; SERRALVO;

CARDOSO; 2011; GRI, 2011).

Segue a forma de categorização no quadro 17:

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Categoria Resposta

Divulgação aos stakeholders

"Demonstrar à sociedade o que foi realizado pela Instituição, uma instituição filantrópica, e com isso a sua perenidade e resistência ao longo do tempo."

"Transparência."

"Transparência."

"Transparência."

Comparação ao benchmark

"Comparativo com indicadores de outros hospitais para ver o seu comportamento social/econômico e ambiental."

Outros "Atendimento a IN 40/ANS." Quadro 17: Categorização pergunta aberta - motivação para a publicação de relatórios de

sustentabilidade

Conforme tabela 10, a maioria dos entrevistados (57%) afirma que o principal

motivador é a “divulgação aos stakeholders”. Este resultado está alinhado com a

literatura, que indica que esta é uma das funções preponderantes dos balanços

(OLIVEIRA, 2008; GRI, 2011). Além disso, uma das instituições mostrou-se

interessada em comparar seu desempenho com o do benchmark do setor. Esta

atitude é positiva, pois com seus dados mensurados, o hospital saberá qual o seu

nível diante do(s) principal(is) players do ponto de vista socioambiental (JOÃO;

SERRALVO; CARDOSO, 2011; GRI, 2011). Além disso, uma instituição relatou uma

norma da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que não possui relação

direta com ações sustentáveis. Adicionalmente, um dos hospitais eximiu-se de

responder.

Tabela 10: Principal motivação para a publicação de relatórios de sustentabilidade ou balanços

sociais

Motivação Ocorrências % Divulgação aos stakeholders 4 57%

Comparação ao benchmark 1 14%

Não informado 1 14%

Outros 1 14%

Total 7 100%

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Como pode ser observado na tabela 11, vinte e um ou 55% dos hospitais

pesquisados não possuem uma área específica para o tratamento das questões

sustentáveis. Nos hospitais que possuem tal área (45%), são observados diferentes

perfis de atribuições.

Conforme tabela 12, coerentes com a teoria levantada por Hamilton (2008),

Turpin e Lee (2011) e Jarousse (2012), a maior parte dos hospitais que possuem a

área (29%) planejam e supervisionam as ações sustentáveis realizadas por outros

departamentos. Além disso, percebe-se que estas mesmas atividades podem ser

tratadas em separado, dado que 24% cuidam apenas do planejamento, ao passo

que 6% lidam somente com a supervisão. Estes três valores em conjunto, quando

somados, apresentam 10 hospitais (59%).

Tabela 11: Distribuição da variável área especifica e independente para o tratamento das

questões sustentáveis

Área para sustentabilidade Frequência Frequência Relativa Sim 17 45% Não 21 55% Total 38 100%

Tabela 12: Atribuições da área de sustentabilidade

Atribuição Frequência Frequência Relativa

Planejamento e Supervisão 5 29%

Planejamento 4 24%

Planejamento, Execução e Supervisão 4 24%

Execução 2 12%

Execução e Supervisão 1 6%

Supervisão 1 6%

Planejamento e Execução 0 0%

Total 17 100%

Por fim, para clarificar o entendimento do principal motivador para a adoção

das práticas sustentáveis, foram avaliadas as respostas à pergunta qualitativa “Qual

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a principal motivação do hospital em adotar práticas sustentáveis?”. Por ser uma

pergunta aberta, foram encontradas as mais variadas respostas. Por isso, cada uma

delas foi interpretada e classificada, à luz da literatura pesquisada, de acordo com

sete tipos de motivações, conforme quadro 17.

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Categoria Resposta

Princípios do TBL (financeiro,

social e ambiental)

"Questões éticas de responsabilidade social e da própria sustentabilidade da Instituição."

"Manter uma imagem verde, economicidade e tratar o lixo adequadamente."

“Redução de custos dos serviços e consumos, assim como preservação.” "Atender aos valores do Hospital sendo Responsabilidade Social e Responsabilidade Ambiental; Agregar Valor a Marca; Atender as normas legais e normas das agências certificadoras. Entendimento da Alta Gestão da importância do crescimento sustentável para a perpetuação do negócio.” "O Hospital é filantrópico, ou seja, tem compromisso com benefícios de retorno social e está localizado em área densamente habitada. É um hospital da rede sentinela ANVISA e possui um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde bem estruturado e executado." "Desenvolver suas atividades sem comprometer as gerações futuras, promovendo o melhor para as pessoas e para o meio ambiente."

"Preservar os recursos, sejam eles ambientais, sociais ou financeiros."

"Ter controle dos resíduos gerados, poluição ambiental, consumo de energia/água/gás."

"Proteção ambiental, cultura e economia de recursos naturais."

"Compromisso com a sociedade."

"Preservação do ambiente e economia." "Visar e colaborar com a qualidade do meio ambiente e garantir aos nossos clientes internos e externos uma qualidade de vida melhor demonstrando boas práticas a este meio." "Primeiramente temos a preocupação ambiental, em seguida cumprimos ações sociais. Nós como instituição pública precisamos ser responsáveis e devemos dar exemplo de ações para a sociedade." "A sustentabilidade está relacionada aos aspectos econômicos, sociais e ambientais, cujo principal objetivo é prover o melhor para as pessoas e para o ambiente, tanto agora quanto para o futuro."

Perenidade, competividade e

estratégia

"Manter-se competitivo no mercado da área de saúde."

"Está na nossa missão, visão e valores."

"Para se manter no mercado é necessário criar práticas sustentáveis."

"Faz parte dos valores da instituição."

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"Queremos fazer a nossa parte! Buscamos o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) como forma de desenvolver a conscientização ambiental dos nossos colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros. Com a finalidade de unir esforços no controle, na prevenção da poluição, na melhoria e na preservação contínua do meio ambiente."

"Acompanhar tendência de mercado, economia." "A mentalidade da diretoria da Instituição e da liderança que sem dificuldades incentiva e apoia toda ação relacionada à sustentabilidade." "A responsabilidade em preservar o meio ambiente é um valor da Instituição e com isso são praticadas ações de combate ao desperdício que também são práticas sustentáveis; como reciclagem de resíduos, redução na produção de resíduos, economia de energia e outros.”

Legislação

"Vigilância sanitária; Segregação de resíduos conforme legislação vigente; Cumprimento da legislação da prefeitura local para alguns aspectos; cumprimento de normas do ministério do trabalho, que passa por auditorias constantemente."

"Atender legislações somente."

"Alinhamento com a legislação. Possibilidade de ganhos econômicos."

"Atender legislações vigentes CONAMA 358 e RDC 306."

Sensibilização dos stakeholders

"Somos referência no vale do Paraíba, como já atendemos 20% da população de São José dos Campos, sabemos que temos um papel diferencial para conscientizar a população de práticas sustentáveis, podemos atingir um grande número de pessoas."

"Ser reconhecido como um agente de mudança na busca de inovações sustentáveis."

"Construir na equipe e na população um senso de responsabilidade em relação ao meio que nos cerca."

Controle de riscos "Controle de Risco."

Melhoria de processos

"Prestar assistência hospitalar de segurança e qualidade atuando de forma ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável."

"Melhoria de processos."

Outros "Possui práticas informais."

"Ações estão surgindo por iniciativa dos gestores, mas não existe alinhamento com a estratégia corporativa formalizada." Quadro 18: Categorização pergunta aberta - motivação para a adoção de práticas sustentáveis

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De acordo com a tabela 13, a maioria dos respondentes (37%) afirmou que a

principal motivação para a adoção de práticas sustentáveis é algum dos três

elementos do Tripple Bottom Line (TBL), financeiro, social ou ambiental. Para 21%

dos hospitais, as práticas de sustentabilidade são adotadas por fazer parte da

estratégia da instituição, dos valores, missão e visão do hospital, e por contribuir

diretamente para a competitividade e longevidade dos negócios. Onze por cento

adotam práticas de sustentabilidade em respeito à legislação sobre o assunto.

Para 8% dos entrevistados, a finalidade é mostrar aos stakeholders a

importância do assunto por meio do exemplo dado pela própria instituição. Cinco por

cento dos respondentes afirmaram que a sustentabilidade é adotada para a

diminuição de riscos e outros 5% para a melhoria de processos e,

consequentemente, maior qualidade nos atendimentos e assistências hospitalares.

Oito por cento, foram enquadrados na categoria “Outros”, com práticas informais

e/ou a percepção de que, naquele momento, o hospital ainda não se considera num

caminho sustentável. Por último, dois hospitais (5%) deixaram de responder à

pergunta, sendo classificados, portanto, como “Não informado”.

É interessante observar a preponderância dos aspectos relacionados ao TBL,

conforme citados por Lemme (2010), sobre os demais. Além do conceito de TBL

levantado, foram incluídas nesta categoria o comprometimento para com os

recursos naturais e a preocupação com a geração futura e suas necessidades

(BRUNDTLAND, 1989). Ademais, o autor Marrewijk (2003) ratifica a importância da

introdução e alinhamento das características socioambientais na estratégia das

instituições.

Quanto às categorias “Legislação”, “Sensibilização dos stakeholders”,

“Controle de riscos” e “Melhoria de processos”, estas podem ser relacionadas aos

fatores capazes de gerar um elo positivo entre sustentabilidade corporativa e

desempenho corporativo, defendido por Lemme (2010).

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Tabela 13: Principal motivação para a adoção de práticas sustentáveis

Motivação Ocorrências % Princípios do TBL (financeiro, social e ambiental) 14 37%

Perenidade, competividade e estratégia 8 21%

Legislação 4 11%

Sensibilização dos stakeholders 3 8%

Controle de riscos 2 5%

Melhoria de processos 2 5%

Outros 3 8%

Não Informado 2 5%

Total 38 100%

4.2.2 Estatística descritiva das variáveis

Dando sequência ao estudo, foram apuradas a média, a frequência de

resposta e o desvio-padrão para cada um dos itens do questionário, da parte relativa

às práticas sustentáveis nas dimensões geral e ambiental. Ao observar a tabela de

frequências das variáveis investigadas, tabela 14, pode-se verificar que a média de

cada item variou entre 2,00 e 4,24 e, na maioria dos casos - exceto para a variável

“Independência do retorno financeiro” que não recebeu nenhuma resposta “Discordo

totalmente” – as respostas abrangeram todos os pontos da escala em todos os itens.

No conjunto de variáveis, destacam com maiores médias, acima de 4,00, os

itens “Início pelo gerenciamento de resíduos” e “Independência do retorno

financeiro”. Quando é retomada a revisão de literatura sobre estes quesitos,

percebe-se coerência entre os resultados obtidos e a revisão. Para Jarousse (2012),

iniciar um programa de sustentabilidade ambiental hospitalar com o gerenciamento

de resíduos, alterando as rotas usuais de descarte, é um fator de sucesso para este

tipo de programa. Já em relação à independência do retorno financeiro, apesar de

haver divergências entre os autores quanto à existência de uma correlação positiva

entre ações ambientais e desempenhos financeiros (ARX; ZIEGLER, 2008;

CAVALCANTE; BRUNI; COSTA, 2009), os hospitais pesquisados mostraram que a

adoção das práticas sustentáveis não é motivada por um provável ganho financeiro.

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Em contrapartida, pode-se destacar a “Remuneração variável” e a

“Reutilização dos itens hospitalares” como os itens com menor grau de concordância

para os respondentes. A questão da remuneração variável foi obtida através do

questionário ISE 2011, e inserida neste contexto justamente para verificação da

postura dos hospitais perante o assunto. A média baixa pode ser atribuída à

dificuldade de mensuração do desempenho das atividades socioambientais

(SALZMANN; STEGER; IONESCU-SOMERS, 2005) e, consequentemente, da

remuneração dos funcionários. Quanto à reutilização de dispositivos e equipamentos

médicos, ainda é um assunto controverso no meio hospitalar, com um pequeno

número de itens que poderiam, no presente momento, ser reciclados, segundo

Turpin e Lee (2011).

Tabela 14: Estatística Descritiva das Práticas de Sustentabilidade

Variáveis N Frequência

Média DesvPad 1 2 3 4 5

Início pelo gerenciamento de resíduos 38 5% 3% 5% 37% 50% 4,24 1,05

Independência do retorno financeiro 38 0% 5% 13% 47% 34% 4,11 0,83

Inserção na estratégia 38 8% 13% 8% 39% 32% 3,74 1,27

Eficiência e eficácia 38 3% 13% 18% 42% 24% 3,71 1,06

Programas de eficiência energética 38 13% 3% 11% 53% 21% 3,66 1,24

Programas educativos 38 5% 16% 16% 39% 24% 3,61 1,17

Mensuração de riscos e impactos 38 13% 18% 13% 29% 26% 3,37 1,40

Monitoramento de impactos 38 11% 16% 16% 42% 16% 3,37 1,24 Comunicação sistemática aos stakeholders 38 8% 21% 18% 37% 16% 3,32 1,21

Compras sustentáveis 38 11% 29% 21% 32% 8% 2,97 1,17 Programas de gerenciamento de águas 38 11% 39% 11% 24% 16% 2,95 1,31

Comunicação mediante demanda 38 16% 26% 21% 26% 11% 2,90 1,27

Segurança dos executores 38 29% 16% 16% 29% 11% 2,76 1,42

Reutilização dos itens hospitalares 38 29% 32% 11% 21% 8% 2,47 1,33

Remuneração variável 38 47% 21% 18% 11% 3% 2,00 1,16

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100

4.3 GRAU DE MATURIDADE DAS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NO CONTEXTO

HOSPITALAR

O modelo de avaliação do grau de maturidade proposto neste trabalho

classifica os hospitais em quatro níveis: classificação 4 ou Muito Alta (MA) – 800 a

999 pontos; classificação 3 ou Alta (A) – 600 a 799 pontos; classificação 2 ou Baixa

(B) – 400 a 599 pontos e classificação 1 ou Muito Baixa (MB) – 200 a 399 pontos.

Ademais, obter 1.000 pontos conceitua o hospital como um modelo de gestão, ou

benchmark.

Dentre os 38 hospitais da amostra, conforme gráfico 6, sete hospitais (18%)

obtiveram classificação 4 ou Muito Alta (MA). Houve um empate para a maioria dos

hospitais pesquisados: 15 hospitais (39%), apresentaram nível de classificação 3 ou

Alta (A) e outros 15 hospitais classificação 2 ou Baixa (B). Apenas 1 hospital (3%)

apresentou classificação 1 ou muito baixa (MB). Nenhum hospital foi considerado

benchmark. O hospital com melhor desempenho apresentou 885 pontos, ao passo

que o hospital com menor desempenho apresentou apenas 350 pontos,

estabelecendo um intervalo de 535 pontos entre os mesmos.

Gráfico 6: Grau de Maturidade

Classificação 4

18%

Classificação 3

39%

Classificação 2

39%

Classificação 1

3%

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101

Percebeu-se que dos quatro hospitais certificados pela ISO 14001 obtiveram

classificação alta ou muito alta: dois hospitais tiveram classificação 3 e outros dois

classificação 4. Esta constatação, a concentração dos hospitais certificados nos

níveis mais altos de maturidade, corrobora o entendimento de que a ISO 14001 está

associada à minimização dos efeitos negativos das atividades empresariais sobre o

meio ambiente, indicando um maior grau de maturidade em termos de práticas

sustentáveis das instituições que a possuem (PETRONI, 2000; KORUL, 2005;

BROUWER; KOPEN, 2008; OLIVEIRA, 2008; ISO, 2009; OLIVEIRA; SERRA, 2010).

O mesmo tipo de ocorrência se dá com as cinco instituições (13%) que

possuem uma área especifica dedicada às atividades de planejamento e supervisão

das ações sustentáveis, ou seja, duas obtiveram classificação 3 (A) e três

classificação 4 (MA). Este resultado indica que os hospitais que possuem uma área

dedicada à sustentabilidade estão mais desenvolvidos (maduros) em termos de

ações de sustentabilidade, conforme se depreende da literatura (HAMILTON, 2008;

TURPIN; LEE, 2011; JAROUSSE, 2012).

Em relação à publicação de balanços sociais, não se verificou uma relação

entre a publicação destes e um maior grau de maturidade em termos de práticas de

sustentabilidade. Dos sete hospitais que publicam (18%), apenas um obteve

classificação 4 (MA), três obtiveram classificação 3 (A) e os outros três classificação

2 (B). Um provável motivo para esta divergência é a falta de padronização entre as

publicações, ou seja, diferentes comprometimentos na divulgação das ações e

relacionamentos com stakeholders. Por este motivo, organizações como a GRI

buscam a padronização de métricas para a estruturação dos relatórios, fazendo com

que estes possam ser comparáveis.

4.4 TESTE DE MANN-WHITNEY

4.4.1 Teste da hipótese 1: ISO 14001

Ho1: Não há diferença estatisticamente significativa em termos de práticas de

sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que possuem a certificação ISO 14001

e os que não a possuem.

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102

Como pode ser verificado na tabela 15, foram observadas diferenças

significativas para sete variáveis pesquisadas, ou seja, a hipótese nula foi rejeitada

para sete das quinze variáveis investigadas. Os hospitais pesquisados, que

possuem a certificação ISO 14001, obtiveram maiores pontuações para os itens

inserção na estratégia da empresa, mensuração de riscos e impactos, remuneração

variável e gerenciamento de águas (p < 0,05), e para os itens comunicação

sistemática aos stakeholders, programas educativos e eficiência e eficácia (p <

0,10).

Tabela 15: Teste Mann-Whitney Hipótese 1

Certificação ISO 14001 U Z pvalue

1. Inserção na estratégia 16,0 -2,601 0,009 ***

2. Mensuração de riscos e impactos 22,5 -2,224 0,026 **

3. Remuneração variável 22,5 -2,310 0,021 **

4. Monitoramento de impactos 37,0 -1,543 0,123

5. Comunicação sistemática aos stakeholders 34,5 -1,652 0,099 *

6. Comunicação sem a necessidade de demanda

56,0 -0,586 0,558

7. Programas educativos 34,0 -1,688 0,091 *

8. Eficiência e eficácia 35,0 -1,651 0,099 *

9. Independência do retorno financeiro 64,5 -0,180 0,857

10. Início pelo gerenciamento de resíduos 45,5 -1,178 0,239

11. Segurança dos executores 54,0 -0,686 0,493

12. Reutilização dos itens hospitalares 59,5 -0,418 0,676

13. Programas de eficiência energética 50,0 -0,933 0,351

14. Programas de gerenciamento de águas 19,0 -2,430 0,015 **

15. Compras sustentáveis 50,0 -0,886 0,376

*** Diferenças estatisticamente significativas a 1%; ** Diferenças estatisticamente significativas a 5%; * Diferenças estatisticamente significativas a 10%

A importância da inserção dos conceitos de desenvolvimento sustentável na

estratégia da empresa é destacada por Gillmeister (2012) e Jarousse (2012). Estes

autores acreditam no papel das lideranças como fator diferenciador no sucesso da

implementação de iniciativas sustentáveis. A mensuração de riscos e impactos das

atividades desempenhadas e remuneração variável (p<0,05), são consideradas por

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103

Hamilton (2008) e Jarousse (2012) ações positivas para o sucesso da adoção das

práticas sustentáveis em hospitais.

O gerenciamento de águas, por sua vez, é uma prática sustentável que busca

a otimização de recursos e a redução de desperdícios (FILHO; MANCUSO, 2003;

ILHA et al., 2006, POLAND; DOORIS, 2010). Assim, tê-la implementada, é

importante para o alcance de um maior grau de maturidade em termos de práticas

de sustentabilidade ambientais.

A comunicação sistemática do desempenho aos stakeholders traz

transparência às ações praticadas e pode ser capaz de auxiliar no fator de sucesso,

levantado por Hamilton (2008), que é o engajamento destas partes. Já os programas

educativos podem contribuir no alcance das metas, pelo fato de influenciarem os

stakeholders envolvidos no processo (TURPIN; LEE, 2011; GILLMEISTER, 2012).

Finalmente, os aumentos dos valores de eficiência e eficácia, quando adotadas as

práticas de sustentabilidade, são notáveis não apenas por prover incrementos em

cuidados críticos ao setor, sem impactar em outras áreas, mas também pelo fato de

ser uma das contribuições diretas da certificação ISO 14001, estabelecendo assim

relação de causa e consequência (OLIVEIRA, 2008; JAROUSSE, 2012).

Em resumo, os hospitais que têm a certificação ISO 14001 apresentaram

diferenças significativas em termos das práticas de sustentabilidade adotadas, mas

apenas para sete das quinze variáveis investigadas neste estudo. Assim, a hipótese

H01 foi parcialmente rejeitada.

4.4.2 Teste da hipótese 2: Publicação de Relatórios

Ho2: Não há diferença estatisticamente significativa em termos de práticas de

sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que publicam relatório de

sustentabilidade e os que não o publicam.

Como pode ser constatado na tabela 16, ao realizar o teste para verificar se

havia diferenças significativas em termos de práticas de sustentabilidade adotadas

pelos hospitais que publicam relatórios de sustentabilidade, relativamente aos que

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104

não o publicam, foram observadas diferenças significativas (p<0,05) para quatro

variáveis investigadas neste estudo: comunicação sem a necessidade de demanda

dos stakeholders; programas educativos; início das práticas de sustentabilidade pelo

gerenciamento de resíduos e programas de gerenciamento de águas.

Tabela 16: Teste Mann-Whitney Hipótese 2

Publicação de Relatório U Z pvalue

1. Inserção na estratégia 84,0 -0,970 0,332

2. Mensuração de riscos e impactos 100,0 -0,329 0,742

3. Remuneração variável 93,0 -0,623 0,533

4. Monitoramento de impactos 98,5 -0,394 0,694

5. Comunicação sistemática aos stakeholders 92,5 -0,625 0,532 6. Comunicação sem a necessidade de demanda

42,5 -2,550 0,011 **

7. Programas educativos 55,0 -2,103 0,035 **

8. Eficiência e eficácia 100,0 -0,337 0,736

9. Independência do retorno financeiro 73,0 -1,448 0,148

10. Início pelo gerenciamento de resíduos 55,5 -2,197 0,028 **

11. Segurança dos executores 94,0 -0,562 0,574

12. Reutilização dos itens hospitalares 85,5 -0,896 0,370

13. Programas de eficiência energética 87,5 -0,862 0,389

14. Programas de gerenciamento de águas 56,5 -2,042 0,041 **

15. Compras sustentáveis 107,0 -0,058 0,953

** Diferenças estatisticamente significativas a 5%.

A comunicação sem a necessidade de demanda por parte dos stakeholders é

importante do ponto de vista do estabelecimento de relações entre as partes, mas

não é o item mais relevante, pois a comunicação pode ocorrer apenas quando

houver algum tipo de ocorrência ambiental relevante e não de forma sistemática,

como enfatiza Oliveira (2008) e GRI (2011).

A presença de programas educativos pode contribuir no quesito publicação de

balanços sociais, pelo fato de influenciar alguns stakeholders envolvidos no

processo, a partir do momento em que poderiam vir a estabelecer algum tipo de

relacionamento inclusivo (OLIVEIRA, 2008; TURPIN; LEE, 2011; GILLMEISTER,

2012).

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105

Já o início das ações sustentáveis pelo programa de gerenciamento de

resíduos, é considerado importante por Jarousse (2012) não apenas por implicar na

redução de custos para a instituição, mas principalmente porque é um fator de

sucesso primordial nos programas ambientais hospitalares, alterando a rota usual de

descarte dos resíduos. Este item representa aproximadamente 40% na dimensão

ambiental da adaptação do questionário ISE, ou seja, tem um grande peso em

termos de avaliação de práticas de sustentabilidade.

Por fim, o gerenciamento de águas é uma prática sustentável importante por

reduzir desperdícios, indicando uma preocupação do hospital com os recursos

naturais escassos, como a água (FILHO; MANCUSO, 2003; ILHA et al., 2006;

POLAND; DOORIS, 2010).

Em resumo, os hospitais que publicam relatório de sustentabilidade

apresentaram diferenças significativas em termos das práticas de sustentabilidade

adotadas em quatro dos quinze itens investigados. Assim, a hipótese H02 foi

parcialmente rejeitada.

4.4.3 Teste da hipótese 3: Área específica responsável pelos planejamento

e supervisão das questões sustentáveis

H03: Não há diferença estatisticamente significativa, em termos de práticas de

sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que possuem uma área específica

dedicada à sustentabilidade e os que não a possuem.

Conforme demonstrado na tabela 17, ao realizar o teste para verificar se

havia diferenças significativas em termos de práticas de sustentabilidade adotadas

pelos hospitais que possuem uma área específica responsável pelo planejamento e

supervisão das questões de sustentabilidade, relativamente aos que não possuem

tal área, observou-se diferença significativa em seis variáveis: inserção na

estratégia; mensuração de riscos e impactos; comunicação sistemática aos

stakeholders; programas educativos; remuneração variável; e programas de

gerenciamento de águas.

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Tabela 17: Teste Mann-Whitney Hipótese 3

Área de sustentabilidade U Z pvalue

1. Inserção na estratégia 31,0 -2,339 0,019 ** 2. Mensuração de riscos e impactos 33,5 -2,174 0,030 ** 3. Remuneração variável 41,5 -1,890 0,059 * 4. Monitoramento de impactos 46,5 -1,627 0,104 5. Comunicação sistemática aos stakeholders 32,5 -2,238 0,025 ** 6. Comunicação sem a necessidade de demanda

60,5 -0,975 0,330

7. Programas educativos 34,0 -2,186 0,029 ** 8. Eficiência e eficácia 47,5 -1,590 0,112 9. Independência do retorno financeiro 82,0 -0,023 0,981

10. Início pelo gerenciamento de resíduos 53,0 -1,402 0,161 11. Segurança dos executores 69,5 -0,578 0,563 12. Reutilização dos itens hospitalares 75,0 -0,335 0,738 13. Programas de eficiência energética 63,5 -0,894 0,371 14. Programas de gerenciamento de águas 41,0 -1,869 0,062 * 15. Compras sustentáveis 64,0 -0,827 0,408

** Diferenças estatisticamente significativas a 5%; * Diferenças estatisticamente significativas a 10%.

Uma das variáveis em que foi verificada diferença significativa (p < 0,05) é a

inserção dos conceitos de desenvolvimento sustentável na estratégia da empresa.

Hamilton (2008), Gillmeister (2012) e Jarousse (2012) acreditam no papel das

lideranças como fator de sucesso das iniciativas sustentáveis. Isso pode ser

corroborado quando a sustentabilidade faz parte da estratégia hospitalar e quando

há a presença de uma liderança, no caso do Chief Sustainability Officer (CSO),

nessas equipes, planejando e supervisionando.

Outra variável, a mensuração de riscos e impactos das atividades

desempenhadas (p<0,05), é um tipo de ação positiva por ser capaz de auxiliar as

equipes na construção de objetivos e métricas e no monitoramento e avaliação

destas (HAMILTON, 2008; TURPIN; LEE, 2011; JAROUSSE, 2012). A comunicação

sistemática do desempenho aos stakeholders (p<0,05), por sua vez, traz

transparência às ações praticadas e pode ser capaz de auxiliar no engajamento das

partes, trazendo sugestões para as equipes, que pode configurar um perfil bottom-

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up de algumas iniciativas (HAMILTON, 2008). Já os programas educativos podem

contribuir no alcance das metas estabelecidas pelas equipes sustentáveis, pelo fato

de influenciarem os stakeholders envolvidos no processo, conforme observam

Turpin e Lee (2011) e Gillmeister (2012).

A remuneração variável atrelada ao alcance das metas sustentáveis (p<0,10)

consta no ISE (2011), tendo um peso de aproximadamente 24% na dimensão geral

adaptada, o que denota sua importância para a avaliação do engajamento das

empresas em práticas de sustentabilidade. O gerenciamento de águas (p<0,10), por

sua vez, é uma prática sustentável que busca a otimização de recursos e a redução

de desperdícios, indicando o comprometimento da empresa nas questões do meio

ambiente (FILHO; MANCUSO, 2003; ILHA et al., 2006; POLAND; DOORIS, 2010).

Em síntese, os hospitais que possuem uma área específica responsável pelo

planejamento e supervisão das ações de sustentabilidade apresentaram diferenças

significativas em termos das práticas de sustentabilidade adotadas em seis dos

quinze itens investigados. Assim, a hipótese H03 foi parcialmente rejeitada.

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5 RESUMO E CONCLUSÕES

Esta seção conclui o presente estudo apresentando seu resumo, seguido das

principais conclusões. São expostas também as contribuições acadêmicas e

gerenciais, assim como, sugestões para pesquisas futuras.

5.1 RESUMO DO ESTUDO

Esta dissertação teve como principal objetivo verificar o grau de aplicação das

práticas de sustentabilidade, com ênfase na dimensão ambiental, pelos hospitais

acreditados que atuam no Brasil. Para tanto, foi construído um sistema de

classificação e avaliação do nível de maturidade dos hospitais pesquisados em

termos de práticas de sustentabilidade adotadas, inspirado no Índice de

Sustentabilidade Empresarial (ISE) e na literatura revisada. Além disso, foi

investigado se os hospitais que possuem a certificação ISO 14001, ou que publicam

balanços sociais, ou ainda que possuam uma área dedicada às questões de

sustentabilidade estão mais avançados em termo de práticas de sustentabilidade

adotadas do que os que não possuem estas características.

O caminho percorrido teve início em uma revisão de literatura acerca do tema.

Primeiramente, buscou-se entender a sustentabilidade a partir de uma dimensão

geral, juntamente com seus principais elementos. Em seguida, investigaram-se os

principais índices utilizados para mensurar a sustentabilidade, em especial o ISE.

Por fim, foi pesquisada a sustentabilidade aplicada diretamente no setor hospitalar

com o foco na dimensão ambiental. Esta revisão deu suporte à elaboração do

quadro síntese (quadro 1), que apresenta as variáveis utilizadas no questionário

desta pesquisa para a aferição do grau de maturidade dos hospitais que

participaram do estudo.

O questionário foi aplicado em hospitais com atuação no território nacional,

detentores de pelo menos uma das seguintes acreditações: ACI, JCI ou ONA. O

questionário foi pré-testado com profissionais da área da saúde e, após este passo,

transferido para uma plataforma on-line de aplicação e enviado para os

respondentes por e-mail. Trinta e oito hospitais participaram da pesquisa, sendo

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aproveitada a totalidade destes questionários. Os dados obtidos foram tratados e

submetidos à estatística descritiva, para a obtenção do grau de maturidade, e ao

teste não-paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney para o teste das hipóteses.

Os resultados indicaram que a maioria dos hospitais acreditados (58%) que

participaram deste estudo possuem um grau de maturidade alto (níveis 3 e 4) de

adoção das práticas de gestão sustentável descritas na literatura e que nenhum

pode ser considerado benchmark. Além disso, a relação proposta entre as práticas

de sustentabilidade adotadas pelo hospital e a certificação ISO 14001, a publicação

de relatórios e a presença de uma área especifica dedicada à sustentabilidade não

foi totalmente suportada.

5.2 PRINCIPAIS CONCLUSÕES

Os resultados deste estudo indicam um alto nível de adoção das iniciativas

descritas em literatura, onde sete hospitais (18%) obtiveram classificação nível 4

(MA) e 15 hospitais (39%) foram classificados no nível 3 (A), ou seja, 58% dos

hospitais classificaram-se nos quartis superiores. Por outro lado, 15 hospitais (39%)

obtiveram classificação 2 (B) e 1 hospital (3%), classificação 1 (MB).

De acordo com as informações contidas no quadro 19, os hospitais que

possuem a certificação ISO 14001 e uma área especifica para o planejamento e a

supervisão das atividades sustentáveis, encontram-se no topo, com classificações

níveis 4 e 3. Estas características são indicações diretas de uma preocupação

estruturada destas instituições no que diz respeito ao impacto de suas atividades

sobre o meio ambiente. A obtenção destes maiores graus indica, também, um

tratamento formal por parte da administração, pois foram investidos em um selo de

certificação ambiental e em uma hierarquia organizacional, por meio da área de

sustentabilidade. Diante disto, é entendido o porquê destes hospitais apresentarem

melhores resultados.

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Hospital Localização Tipo

(Especializado: E / Geral: Ge)

Certificação ISO 14001

Publicação Relatório

Área sustentabilidade Pontuação

Grau de Maturidade

1 Sudeste Ge x x x 885 Classif. 4 ou MA 16 Sudeste Ge 863 Classif. 4 ou MA 37 Sul Ge 850 Classif. 4 ou MA 15 Sudeste Ge 826 Classif. 4 ou MA 28 Sudeste Ge 818 Classif. 4 ou MA 2 Sudeste Ge x x 810 Classif. 4 ou MA 19 Sudeste Ge 800 Classif. 4 ou MA

26 Sudeste E 779 Classif. 3 ou A 3 Sudeste E x 759 Classif. 3 ou A 34 Sul Ge x 747 Classif. 3 ou A 30 Sudeste Ge x x x 746 Classif. 3 ou A 31 Sudeste E x x 746 Classif. 3 ou A 12 Sudeste Ge 736 Classif. 3 ou A 29 Sudeste Ge 718 Classif. 3 ou A 38 Sudeste Ge x 697 Classif. 3 ou A 18 Sul Ge 694 Classif. 3 ou A 17 Sudeste Ge 681 Classif. 3 ou A 8 Sudeste E 646 Classif. 3 ou A 24 Sudeste Ge 642 Classif. 3 ou A 33 Sudeste E 636 Classif. 3 ou A 22 Sudeste Ge 627 Classif. 3 ou A 10 Sudeste Ge 626 Classif. 3 ou A

35 Sudeste E 572 Classif. 2 ou B

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9 Sudeste Ge 566 Classif. 2 ou B 13 Sudeste Ge x 560 Classif. 2 ou B 32 Nordeste Ge 555 Classif. 2 ou B 25 Sudeste Ge 551 Classif. 2 ou B 36 Sudeste Ge 550 Classif. 2 ou B 23 Sudeste E 508 Classif. 2 ou B 27 Sudeste Ge x 505 Classif. 2 ou B 11 Sul Ge 503 Classif. 2 ou B 4 Centro-oeste Ge 500 Classif. 2 ou B 21 Sul Ge 478 Classif. 2 ou B 14 Sul Ge x 421 Classif. 2 ou B 6 Sudeste E 418 Classif. 2 ou B 7 Sudeste E 418 Classif. 2 ou B 20 Sudeste Ge 413 Classif. 2 ou B

5 Nordeste Ge 350 Classif. 1 ou MB Quadro 19: Observações grau de maturidade hospitalar

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Quanto à publicação de relatórios, este foi percebido nos níveis 4, 3 e 2, o

que não permitiu maiores conclusões a seu respeito. Na prática, já havia sido

percebida certa diferença entre os relatórios consultados, afinal foram considerados

apenas instituições que divulgaram externamente tais documentos. Desta forma,

pode ser concluído que a publicação dos relatórios, sem uma padronização

específica, não foi capaz de contribuir diretamente para a obtenção de maiores

graus de maturidade em termos de práticas sustentáveis.

Outro objetivo desta pesquisa foi verificar a relação entre a ISO 14001, a

publicação de relatórios e a presença de uma área especifica dedicada à

sustentabilidade e as práticas de sustentabilidade adotadas. As três hipóteses nulas

foram parcialmente rejeitadas. Estas informações foram agrupadas na tabela 18.

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Tabela 18: Resumo das observações - testes de hipóteses

Variável Certificação ISO 14001 Publicação de

Relatório Área de

sustentabilidade 1. Inserção na estratégia *** **

2. Mensuração de riscos e impactos ** **

3. Remuneração variável ** *

4. Monitoramento de impactos

5. Comunicação sistemática aos stakeholders * ** 6. Comunicação sem a necessidade de demanda ** 7. Programas educativos * ** ** 8. Eficiência e eficácia * 9. Independência do retorno financeiro 10. Início pelo gerenciamento de resíduos ** 11. Segurança dos executores 12. Reutilização dos itens hospitalares 13. Programas de eficiência energética 14. Programas de gerenciamento de águas ** ** * 15. Compras sustentáveis

*** Diferenças estatisticamente significativas a 1%; ** Diferenças estatisticamente significativas a 5%;

* Diferenças estatisticamente significativas a 10%.

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Para a certificação ISO 14001, a hipótese nula H01 foi parcialmente rejeitada,

já que para sete variáveis observou-se haver diferença significativa entre os

hospitais que possuem esta certificação e os que não a possuem. Assim, pode-se

concluir que estes são aspectos que merecem atenção dos gestores hospitalares

que buscam aprimorar suas práticas de iniciativas de sustentabilidade, em especial,

na dimensão ambiental.

Em relação à publicação de relatórios, a hipótese nula H02 foi parcialmente

rejeitada porque para quatro variáveis observou-se haver diferença significativa

entre os hospitais que publicam relatório de sustentabilidade e os que não o fazem.

Quanto à existência de uma área específica responsável pelo planejamento e

supervisão das práticas de sustentabilidade, a hipótese nula H03 foi parcialmente

rejeitada, uma vez que para seis variáveis observou-se haver diferença significativa

entre os hospitais que possuem tal área e os que não a possuem. Assim, pode-se

concluir que estes são aspectos que merecem atenção dos gestores hospitalares,

que devem criar esta área especifica, atentando para o teor de sua atribuição.

Assim, ao observar a tabela 18, constata-se que as variáveis programas

educativos e gerenciamento de águas apresentaram diferenças estatisticamente

significativas para as três hipóteses estudadas. Além disso, a certificação ISO 14001

apresentou um maior número de variáveis com diferenças significativas, sugerindo

certa predominância sobre os demais fatores na amostra pesquisada.

Conclui-se, desta forma, que os hospitais acreditados instalados no Brasil,

apesar de apresentarem um alto nível de adoção das práticas em termos de

sustentabilidade, têm, ainda, um campo de possibilidades para melhorarem seus

graus de maturidade sustentáveis. É interessante que estes deem ênfase às

variáveis que demonstraram diferenciar os hospitais com significância estatística.

Acredita-se que, assim, tais hospitais atingirão maiores níveis e acabarão por ter um

maior comprometimento, fazendo com que um novo comportamento faça parte da

rotina destas instituições.

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É possível que as instituições com menores níveis de maturidade (níveis 1 e

2), pela maior trajetória a ser percorrida, tenham maiores dificuldades no que diz

respeito à conscientização e mudança de atitude de seus colaboradores. Assim, é

necessário não apenas que sejam realizados programas educativos regulares, mas

também que haja o apoio das lideranças. Outros fatores a serem considerados e

adotados são a identificação de drivers e a realização constante de auditorias.

5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

As pesquisas costumam apresentar algumas limitações. A primeira limitação

da presente pesquisa é a não possibilidade de generalização. Outra limitação

percebida é o viés da percepção.

Este viés foi identificado devido ao nível hierárquico dos respondentes. Na

delimitação do estudo, fora definido que apenas colaboradores com cargos

gerenciais, que estivessem ligados, de alguma forma, às práticas de

sustentabilidade adotadas pelo hospital, participariam da pesquisa. Desta maneira, a

resposta ao questionário foi fornecida pelo gestor do departamento mais próximo ao

assunto tratado.

Isto posto, tal respondente pode ter uma falsa impressão positiva de seu

departamento, atribuindo maiores níveis de concordância. Esta atitude pode ocorrer

por dois principais motivos. O primeiro destes é a dependência entre as ações

sustentáveis e o próprio gestor, ou seja, existe um vínculo com o cenário a ser

questionado, o qual influencia diretamente a percepção do respondente. No caso do

segundo motivo, quando o gestor atribui baixos níveis de concordância, ele terá que

admitir para si e, também, para o pesquisador, que alguma possível baixa

classificação, possa ser oriunda de uma falha de gestão da sua parte.

Para minimizar este tipo de viés, é sugerida a utilização de ferramentas de

auditoria, assim como, a comprovação das ações sustentáveis através de

documentação explícitas e objetivas.

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5.4 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA

Neste estudo podem ser apontadas tanto contribuições acadêmicas quanto

gerenciais para o conhecimento da sustentabilidade no setor hospitalar. A principal

contribuição acadêmica do estudo foi a proposição de uma escala de classificação,

ponderada, para a avaliação do grau de maturidade das práticas sustentáveis nos

hospitais.

A pesquisa também trouxe algumas contribuições para o meio empresarial.

Em primeiro lugar, os resultados podem ajudar os gestores a entender melhor a

construção de um modelo de gestão sustentável em hospitais, por meio de ações

que elevem o grau de maturidade das práticas de sustentabilidade. Em segundo

lugar, o estudo identificou o relacionamento entre fatores específicos e as variáveis

estatisticamente mais significativas para tal. Assim, os achados do presente estudo

podem ser usados na definição de estratégias de sucesso em busca do

desenvolvimento sustentável nas instituições hospitalares.

5.5 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Em busca de ampliar o entendimento do tema deste trabalho, sugere-se a

escolha de um universo mais específico, por exemplo, apenas os hospitais do

estado de São Paulo ou do Rio de Janeiro, não necessariamente acreditados, já que

alguns hospitais podem não ser acreditados e terem boas práticas sustentáveis.

Ademais, poderia ser feito algum tipo de comparativo entre regiões, locais e

públicos–alvo.

Outra sugestão dada é a realização de investigações que não foram incluídas

no escopo deste estudo, como as dimensões social e financeira do Triple Bottom

Line. Além disso, incluir o comparativo a partir da visão de outros stakeholders no

processo, como médicos e pacientes, que são seus principais atores. Também seria

interessante, a partir de uma pesquisa qualitativa, observar se o consumidor dos

serviços hospitalares, em especial aquele que o faz de forma particular, prioriza

fatores sustentáveis para a escolha do local de atendimento.

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Propostas complementares para o caso de pesquisas envolvendo os

stakeholders seriam a de compreender o papel do paciente como consumidor dos

planos de saúde. O objetivo, neste caso, seria o de que adquirir conhecimentos

desta relação do ponto de vista sustentável.

Adicionalmente, seria interessante a realização de uma pesquisa visando

compreender o quanto os fatores - certificação ISO 14001, publicação de relatórios e

área específica para a sustentabilidade – explicam, através das 15 ações

sustentáveis levantadas, os graus de maturidade dos hospitais acreditados no Brasil.

Por último, estender o estudo da sustentabilidade para outros players do

sistema de saúde, como laboratórios de análises e diagnósticos, indústria

farmacêutica, fornecedores de equipamentos, dentre outros. Esse tipo de estudo,

aliado a um processo de auditoria para a minimização de vieses, teria o

entendimento do setor como um todo e seria capaz de formular métricas gerais e

abrangentes, do ponto de vista, legislatório e de atuação governamental.

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APÊNDICE A – SOLICITAÇÃO DOS DADOS DOS RESPONDENTES

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

Prezado (a),

sou mestranda do Instituto COPPEAD/UFRJ e estou desenvolvendo uma

pesquisa sobre as práticas de sustentabilidade, em especial na dimensão ambiental,

em hospitais acreditados que possuam instalações no Brasil.

Primeiramente, solicito o contato de um (a) Diretor (a) da Instituição, um (a)

Gestor (a) de Sustentabilidade ou um (a) Gerente que seja responsável pelas ações

relativas a essas questões em sua instituição. Para tanto, solicito que me informem o

nome, e-mail e um telefone do contato para que eu possa explicar melhor o objetivo

da pesquisa.

Certa de sua colaboração, agradeço a atenção.

Atenciosamente,

Glauce Nascimento

Departamento de Operações, Tecnologia e Logística.

Instituto COPPEAD de Administração

(21) 8167-2394

[email protected]

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APÊNDICE B – CONVITE À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

Prezado (a),

o Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio

De Janeiro (UFRJ) solicita sua participação na pesquisa “Práticas de Sustentabilidade

Corporativa: Dimensão Ambiental da Sustentabilidade em Hospitais Acreditados no Brasil”. A

pesquisa está sendo conduzida pela mestranda Glauce Nascimento, sob a orientação da Prof. Dra.

Claudia Araujo. O objetivo desta é a observação das práticas sustentáveis na dimensão ambiental

no contexto hospitalar.

Para participar da pesquisa, por favor, clique no link:

https://www.surveymonkey.com/s/QuestSustentHospitalar, utilize a senha 123 e preencha o

formulário nele contido. Cabe ressaltar que não existem respostas certas ou erradas.

Para submeter suas respostas, clique no botão localizado ao final de cada bloco de

sentenças. Caso prefira continuar o questionário mais tarde, é possível sair da página e retornar de

onde parou; é necessário apenas acessar o link recebido do mesmo computador, onde as respostas

dadas ficam armazenadas.

O questionário ficará disponível para a coleta de dados até o dia 13/03/2013.

Desde já agradecemos sua colaboração.

Atenciosamente,

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Glauce Nascimento

Departamento de Operações, Tecnologia e Logística.

Instituto COPPEAD de Administração

(21) 8167-2394

[email protected]

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APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

PESQUISA SOBRE AS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

HOSPITALAR

Prezado(a) Gestor(a), o escopo do presente questionário é a observação das práticas

sustentáveis na dimensão ambiental no contexto hospitalar. Primeiramente serão feitas

perguntas demográficas, seguidas daquelas relativas ao tema sustentabilidade, e por fim,

questões mais específicas de cunho ambiental.

Para a pesquisam foram selecionadas instituições hospitalares, que atuam no Brasil e

que possuem alguma das seguintes acreditações: Accreditation International Canada (ACI);

Joint Commission International (JCI); e/ou Organização Nacional de Acreditação (ONA) -

Acreditado com Excelência.

É importante salientar que esta pesquisa tem caráter puramente acadêmico e que os

dados serão analisados de forma agregada, sem a possibilidade de identificação da

resposta individualizada do hospital. Os resultados serão disponibilizados para os gestores

dos hospitais que participarem desta pesquisa.

Desde já, agradeço pelo tempo e participação.

Qualquer dúvida estou à disposição.

Glauce Nascimento [email protected] (21) 8167-2394 Departamento de Operações, Tecnologia e Logística Instituto COPPEAD de Administração

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(1) Perfil do Respondente:

A. Formação do respondente: ______________________

B. Há quanto tempo trabalha na instituição (favor informar unidade, se meses ou anos):

______

C. Cargo atual que ocupa: _________________________

D. Há quanto tempo ocupa o atual cargo (favor informar unidade, se meses ou anos):

_________

E. Área ou setor a que pertence dentro da instituição: ____________

F. Favor informar e-mail, caso queira receber o resultado agregado da presente pesquisa:

______________________

(2) Perfil da Instituição:

G. Ano de fundação da instituição: ________

H. Tipo de hospital:

( ) Público (100 % Sistema Único de Saúde - SUS); ( ) Privado (aquelas que não são 100

% SUS)

I. Estado da federação em que atua: ___________

J. O hospital é: ( ) Especializado ( ) Geral

K. Total de leitos existentes no hospital, incluídos os de Unidade de Terapia Intensiva (UTI):

( ) 20 a 49 ( ) 50 a 149 ( ) 150 a 299 ( ) 300 ou mais

L. A instituição realiza algum procedimento de alta complexidade?

( ) Sim ( ) Não

Obs.: São definidos como procedimentos de alta complexidade tratamento das Lesões Lábio

Palatais e Implante Coclear; Neurocirurgia; Traumato-Ortopedia; Tratamento Cirúrgico da

Epilepsia; Assistência a Queimados; Oncologia; Cirurgia Bariátrica; realização de

Transplantes, de ao menos um tipo de órgão, e Serviços/Centros de Alta Complexidade em

Assistência Cardiovascular (não considerar hospitais gerais com serviço de implante de marca-

passo permanente).

M. Assinale a(s) acreditação(ões) que o hospital possui:

( ) Accreditation Canada International (ACI)

( ) Joint Commission International (JCI)

( ) Organização Nacional de Acreditação (ONA) - Acreditado com Excelência

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(3) Questões relativas às práticas de sustentabilidade do Hospital:

1. A instituição possui certificação ISO 14.001? ( ) Sim ( ) Não

2. A instituição publica Relatório de Sustentabilidade ou Balanço Social anualmente?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja afirmativa, qual o principal motivador para o hospital publicar tal

Relatório?

Resp:_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3. O hospital possui uma área especifica e independente, que se reporte diretamente à alta

direção, para tratar das questões relativas à sustentabilidade? Sim ( ) Não ( )

Caso a resposta anterior seja afirmativa, qual(is) a(s) atribuição(ões) desta área?

( ) Planejamento ( ) Execução ( ) Supervisão

4. Qual a principal motivação do hospital em adotar práticas de sustentabilidade?

Resp.: ______________________________

Nas questões a seguir, é apresentada uma escala de 1 a 5 em que o 1 representa

“discordo totalmente” da afirmação e o 5 representa “concordo totalmente” com a

afirmação feita. Por favor, marque com um X a opção que considerar mais adequada.

Disc. Conc. Tot. Tot.

5. O desenvolvimento sustentável está formalmente inserido na estratégia do hospital, através de documentos e políticas aprovadas pela direção da instituição.

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6. Nos documentos e políticas relativos à sustentabilidade constam a mensuração dos riscos e dos impactos de todas as atividades desempenhadas pela instituição.

1 2 3 4 5

7. Todos os funcionários do hospital possuem remuneração variável atrelada ao atingimento das metas de sustentabilidade traçadas pela direção.

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8. O monitoramento dos distintos impactos (financeiros, operacionais, ambientais e de saúde) de suas atividades, faz parte

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do programa de sustentabilidade do hospital.

Dimensão ambiental hospitalar: 9. O hospital comunica sistematicamente o seu desempenho em termos ambientais às partes interessadas.

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10. O hospital não realiza a comunicação do seu desempenho em termos ambientais apenas mediante demanda da parte interessada.

1 2 3 4 5

11. O hospital possui algum tipo de programa de educação relativo às questões de sustentabilidade ambiental, com revisão anual das metas obtidas.

1 2 3 4 5

12. O aumento dos valores de eficiência (diminuição dos custos de assistência sem diminuir as melhorias alcançadas) e eficácia (habilidade em atingir os melhores resultados na assistência por meio dos melhores cuidados) é um dos benefícios da implementação das iniciativas de sustentabilidade ambiental.

1 2 3 4 5

13. A adoção de novas iniciativas de sustentabilidade ambiental deve ser implementada sem a obrigatoriedade de algum tipo de retorno financeiro para a instituição.

1 2 3 4 5

14. O hospital iniciou seu programa de sustentabilidade ambiental através do gerenciamento de resíduos.

1 2 3 4 5

15. A segurança dos manipuladores de resíduos hospitalares é responsabilidade da equipe de sustentabilidade.

1 2 3 4 5

16. O programa de gerenciamento de resíduos do hospital engloba a reutilização dos itens hospitalares.

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17. O programa de monitoramento da eficiência energética, como a busca por equipamentos com menores consumos energéticos ou readequação da estrutura, faz parte das iniciativas de sustentabilidade ambiental do hospital.

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18. O programa de gerenciamento de águas, como reuso de águas para banheiros e jardinagem, faz parte das iniciativas de sustentabilidade ambiental do hospital.

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19. As compras são feitas levando-se em consideração não apenas a questão custo, mas também o comportamento sustentável de seus

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fornecedores e o impacto ambiental de seus produtos.

Escala:

1 – Discordo totalmente; 2 – Discordo; 3 – Indiferente; 4 – Concordo; 5 - Concordo

totalmente.