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PRÉ-DIÁLISE PROGRAMA EDUCATIVO Para o Doente e a sua Família OPTAR INFORMADO

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PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 1

PRÉ-DIÁLISEPROGRAMA EDUCATIVOPara o Doente e a sua Família

OPTAR INFORMADO

PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 2 PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 3

INTRODUÇÃO

• Notas introdutórias para o doente

• A equipa de saúde que cuida de si

CAPÍTULO 01

• Para que servem os rins?

• Diabetes, hipertensão e doença renal

• Outras causas comuns da insuficiênciarenal crónica

• Quando os rins deixam de funcionar:Os tratamentos de substituição dafunção renal

CAPÍTULO 02

• Análise ao sangue e à urina

• Os medicamentos

• Dieta

• Exercício físico

CAPÍTULO 03

• Diálise como forma de substituiçãodo funcionamento dos rins

• “O que se passa comigo?”Compreender as reacções físicas eemocionais nesta fase de mudança

CAPÍTULO 04

• Onde e como se pode fazer diálise?

• Aspectos sociais e económicos da diálise

• Alterações do estilo de vida

CAPÍTULO 05

• Diálise Peritoneal

CAPÍTULO 06

• Hemodiálise

CAPÍTULO 07

• Transplante Renal

ÍNDICE

PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE

INTRODUÇÃO 5PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 4

O funcionamento dos seus rins piorou e agoratem de preparar-se para iniciar diálise. Há umacoisa que deve saber: não está sozinho. Tem oapoio de um grupo de profissionais que incluiMédicos, Enfermeiros, Nutricionistas, AssistentesSociais e, se necessário, especialistas de outrasáreas. Esta é uma equipa multidisciplinar:um grupo de trabalho formado por pessoascom competências e papéis distintos, que fun-cionam em colaboração, partilhando objectivose metodologias comuns. Têm a missão deo ajudar a compreender as necessidades quea insuficiência renal impõe, os medicamentosque deve tomar, que tratamento de diáliseé melhor para si, e esclarecer todas as dúvidassobre a sua situação clínica. Considere-os seusparceiros, faça-lhes todas as perguntas queconsidere pertinentes para compreendero que lhe está a acontecer e o que deve fazerpara minimizar os riscos da doença.

Este é um momento muito importante da suavida e mesmo que não tenha vontade de ouvirfalar da sua doença, deve convencer-se de quea colaboração com esta equipa pode ajudá-loa sentir-se bem. Quando participar nos encontrosinformativos, leve consigo um familiar ou umamigo, se o desejar. Eles podem ajudá-loa viver melhor esta experiência.

Porquê uma equipa multidisciplinar?

Os temas que serão abordados na fase depreparação para a diálise são de natureza vária:clínicos, sociais, organizativos, dietéticos, e outrosque considere importantes. É pela necessidadede discutir estas questões que terá à suadisposição os vários profissionais que integrama equipa multidisciplinar.Cada um deles abordará consigo os temas dasua competência.

A equipa de saúde que cuida de si

Introdução

A deterioração irreversível da função renal leva ànecessidade de iniciar uma terapêutica substitu-tiva da função renal: Diálise (Diálise Peritoneal ouHemodiálise) ou Transplantação Renal.

Com este livro pretende-se, de forma clara esimples, fornecer conhecimentos aos doentese aos familiares que os ajudem na escolha deuma terapêutica para a doença renal crónicaterminal (DRCT). Pretende-se, igualmente,apresentar alguns tópicos relacionados com aevolução da doença, para, em conjunto com oauxílio do pessoal de saúde que o trata, mini-mizar a progressão da doença, participando deforma activa nas diversas escolhas terapêuticas(a adesão à terapêutica e a dieta são dois fac-tores essenciais no tratamento da DRC) que seimpõe fazer, ao longo da evolução da doença.

Qualquer das terapêuticas para a DRCT implicaalterações de muitos aspectos da vida diária. Paraultrapassar / minimizar estes problemas, é essen-cial que os doentes tenham o maior conheci-mento possível acerca da DRC.

Neste livro não se pretende analisar de formaexaustiva as vantagens e os inconvenientes decada uma das terapêuticas para a DRCT, mas,sinteticamente, apontar o que caracteriza cadauma delas.

A Diálise Peritoneal permite manter durante maistempo a diurese residual, preservar o capital vas-cular e assegurar maior autonomia ao doente. Asinfecções associadas ao cateter que se utilizapara execução da técnica continuam a ser aprincipal causa de mudança de terapêutica.

Na Hemodiálise, o doente faz tratamento 3-4vezes por semana, em média 4 horas, e é aequipa de saúde do Centro a responsável pelaterapêutica intra-dialítica. Nos dias em que nãofaz tratamento, o doente tem mais tempo para si.As infecções associadas ao acesso vascular sãomenores se o doente tiver uma fístula ou umaprótese; se o acesso for um cateter permanente,as complicações infecciosas não são menores doque as de Diálise Peritoneal.

A Transplantação Renal é a terapêutica queconfere melhor qualidade de vida ao doente.Após o transplante renal, o doente apenas temde manter a terapêutica prescrita e deslocar-seperiodicamente à sua Unidade de TransplanteRenal, para consultas regulares ou se houveralguma intercorrência que justifique uma ob-servação não agendada.

Notas introdutórias para o Doente

As particularidades de cada doente que o pessoalde saúde conhece são fundamentais na escolhada terapêutica dialítica. A informação contida nestelivro visa ajudá-lo a conhecer, de forma geral, quaisas principais causas de doença renal, como foiantes referido, e quais as terapêuticas possíveis.

A decisão final sobre a terapêutica substitutiva defunção renal é do doente tendo, como se com-preende, em consideração os conselhos e aavaliação clínica do seu Nefrologista.

INTRODUÇÃO 7PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 6

O Nefrologista é um Médico especializado emdoenças renais que tentará dar-lhe conhecimentodos problemas relacionados com o maufuncionamento dos seus rins e indicar-lheo momento provável em que deverá iniciardiálise. Com o seu acordo, o Nefrologista podetambém partilhar estas questões comos seus familiares, caso eles manifestem esseinteresse e desejem esclarecer dúvidas sobreo seu estado. Na prática, o Nefrologista avaliaglobalmente a sua situação clínica, orientao tratamento e colabora com os restanteselementos da equipa médica.

O Enfermeiro do Serviço de Nefrologia, doInternamento, da Diálise ou da Consulta Externa,é um outro elemento importante da equipacom o qual estabelecerá frequentes contactosna abordagem dos seus problemas de saúde.

Constitui o elemento da maior importânciapara garantir a realização dos actos outratamentos prescritos, colaborando assimpara os resultados da técnica dialítica instituída.Durante a fase de informação e preparaçãopara a diálise tem uma participação activana equipa multidisciplinar, apresentando algunsdos aspectos teóricos do tratamento e, se dese-jar, a realidade das opções terapêuticas,mostrando-lhe "ao vivo" o que pode esperardas diversas modalidades terapêuticas.

O Nutricionista é um especialista em nutriçãoe assume particular importância na programa-ção/preparação da dieta dos insuficientes re-nais, dando cumprimento à prescrição doNefrologista.

Para o ajudar a apreciar melhor o que come,o Nutricionista tentará manter os seus alimentospreferidos. Ajudá-lo-á também a gerir melhora alimentação, quando come num restauranteou em ocasiões especiais. Em suma, deacordo com o funcionamento dos seus rins, oNefrologista poderá prescrever alteraçõesda sua alimentação e o Nutricionista terá derever a sua dieta sempre que seja necessário.

A Assistente Social tem por missão aconse-lhá-lo e apoiá-lo no que respeita à reintegraçãosocial e familiar, à recuperação da capacidadede trabalho, no planeamento dos transportes,na invalidez. Em suma, ela pode ajudar emmuitos aspectos que visem dignificar a vida doinsuficiente renal.

Outros profissionais podem sempre sersolicitados a apoiar os doentes integrados noprograma, desde que essa necessidade sejaidentificada por qualquer dos elementosda equipa.

INTRODUÇÃO 9

OPTAR INFORMADO

Para que servem os rins?

Diabetes, hipertensãoe doença renal

Outras causas comuns dainsuficiência renal crónica

Quando os rins deixam de funcionar:Os tratamentos de substituição

da função renal

Capítulo 01Capítulo 01

Capítulo01

PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 8

Familiares e Amigos As pessoas que lhequerem bem podem também ajudá-lo. Podemouvi-lo e ajudá-lo a viver de forma positiva a suasituação e, a pouco e pouco, aprendem algomais sobre a doença renal. Haverá também apossibilidade de informar os elementos da suafamília e os amigos sobre os seus problemas desaúde, explicando-lhes como poderão participarno processo de tratamento.

As pessoas reagem de formas diferentesperante situações semelhantes e igualmentereagem de modo diferente à doença. Algumaspessoas ajudá-lo-ão e dar-lhe-ão apoio, outras,pelo contrário, poderão sentir-se pouco àvontade (desconfortáveis, incomodadas) emrelação à doença e evitá-lo-ão porque, quandoo vêem, já não sabem o que lhe dizer. Passetempo com aqueles que o fazem sentir-se bem.

Como vê, não está só.Uma equipa especializada notratamento dos doentes renais estáao seu dispor para o ajudar a encararde frente os problemas de saúde queo afectam. É importante que participeactivamente neste processo e que,se desejar, o partilhe também comfamiliares.

Não se preocupe em aprender tudode repente: as coisas devem fazer-segradualmente. Com a ajuda destaequipa será capaz de ultrapassar osobstáculos e considerar a diálise comoum meio para melhorar a qualidadede vida no futuro.

A sua equipa multidisciplinar:

Dr.

Dr.

Enfermeiro

Telefone

CAPÍTULO 01 11PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 10

Normalmente, a maior parte das pessoasnasce com dois rins localizados na regiãolombar. Cada rim tem cerca de 10-12 cm decomprimento e pesa cerca de 160 gramas;diz-se que cada rim cabe na palma de umamão. Apesar de serem tão pequenos, desem-penham um papel muito importante na nossasaúde. Os rins são tão essenciais para a vidaque o seu mau funcionamento pode levarà morte em pouco tempo. Esta situação levaà acumulação de água e outras substânciasmuito tóxicas para o organismo que podemprejudicar gravemente o funcionamento docoração. Para vivermos bem, todos nósprecisamos que o funcionamento dos rinsnão seja inferior a 20% do normal.

Os rins mantêm o nosso organismo "limpo",filtrando do sangue os produtos tóxicos e aágua que ingerimos com a alimentação. Osangue entra nos rins através da artéria renal esai pela veia renal. Todo o nosso sangue, cercade 5 litros, passa pelos rins cerca de 150 vezespor dia; desta forma, fica filtrado de impurezase excesso de água, produzindo urina.

A urina produzida pelos rins passa através dosureteres (dois pequenos tubos que ligamo rim à bexiga) e chega à bexiga. Quandoa bexiga está quase "cheia" sentimos vontadede urinar. E a urina é então eliminada atravésda uretra. A todo o sistema — rins, ureteres,bexiga, uretra — chama-se aparelho urinário.

Capítulo 01

Para que servem os rins?

CAPÍTULO 01 13PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 12

Existem, essencialmente, dois tipos de insufi-ciência renal: aguda, quando de repente osrins deixam de funcionar, e crónica, quando adoença é lenta e gradual, chegando a passar-seanos até que surjam os primeiros sintomas.

Insuficiência renal aguda(IRA):

É uma perda súbita de função renal que podeser recuperada no espaço de poucas semanas.Geralmente, as causas devem-se a situaçõesque lesam a função renal como, por exemplo,desidratação, intoxicações, traumatismos, medi-camentos e algumas doenças. As pessoas queapresentam insuficiência renal aguda necessitamde tratamento urgente. Dependendo da gravi-dade e porque a vida não é possível sem osrins a funcionar, pode ser necessário fazer diálise.

Insuficiência renal crónica(IRC):

Na maioria das doenças renais de caráctercrónico a perda de função é lenta, progressivae, muitas vezes, silenciosa, isto é, não apre-senta sintomatologia. O doente não seapercebe de que os seus rins não funcionambem até fases muito avançadas da doença.Em muitos casos, chegam a passar-se anos atéque se manifestem os sintomas relacionadoscom a acumulação de líquidos e de substân-cias tóxicas no sangue. A todo este processocrónico evolutivo da perda de função renalchama-se insuficiência renal crónica (IRC). Ainsuficiência renal crónica torna-se avançada,quando a percentagem de rim funcional é in-ferior aos 20%; muitas vezes, só nesta fasesurgem os primeiros sintomas.

É nesta fase que se aconselhaos doentes, como no seu caso,a iniciarem um caminho pessoalde preparação para a diálise:informado poderá participar nasdecisões terapêuticas e organizarmelhor a sua vida futura.

Ainda não existem fármacos específicos quecurem a pessoa com IRC. É possível, porém,retardar com alguns tratamentos a progressãoda doença; quando os rins deixam defuncionar, há tratamentos de substituiçãodisponíveis, que veremos mais adiante, e quepermitem continuar a viver com uma boaqualidade de vida.

Entre as doenças que afectam os rins, a diabetese a hipertensão são as mais frequentes.Seguem-se depois a glomerulonefrite, asdoenças renais intersticiais, as hereditárias eas de causas desconhecidas, que representam20% dos casos.

Diabetes e doença renal

Nefropatia diabética é o termo médico queindica uma doença renal causada pela diabetes.

O elevado nível de glucose (açúcar) no sangueafecta progressivamente os rins. Esta doençapode demorar anos a manifestar-se, chegandoa passar-se 15 a 20 anos sem lesar a funçãorenal de modo irreparável. Há dois tipos dediabetes: o tipo 1, que surge na idade joveme se trata com insulina desde o início. O tipo 2,que é mais frequente, manifesta-se na idadeadulta e é favorecido pela obesidade.

O sangue entra no rim através da artéria renal,é filtrado no rim e sai limpo pela veia renal.As substâncias filtradas, juntamente coma água (urina), são recolhidas nos ureterese transportadas para a bexiga.

Esta imagem mostra como funcionam os rins.

Os nossos Rins

• Removem toxinas presentesno sangue.

• Removem o excesso de água.

• Controlam o equilíbrio dealguns sais minerais, entreos quais: sódio, potássio,cálcio, fósforo.

• Ajudam a controlar a pressãoarterial.

• Ajudam a controlar a anemia.

• Produzem vitamina D,importante no fortalecimentodos ossos.

CAPÍTULO 01 15PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 14

Outras causas comuns dainsuficiência renal crónica:

Glomerulonefrite (GN):Este termo indica que há uma inflamaçãoao nível de um tipo de células do rim; as GNsão de vários tipos e podem manifestar-sede forma muito diversa. As causas destainflamação são, na maior parte dos casos,imunológicas, ou seja, relacionadas como mecanismo de defesa do organismo.

Algumas glomerulonefrites surgem de modoagudo, outras são mais insidiosas e manifes-tam-se anos depois, muitas vezes por acaso,quando se efectuam análises ao sangue eà urina, por outras razões.

Algumas duram toda a vida sem causaremproblemas importantes, enquanto outras podemdestruir os rins em pouco tempo. Nem sempreum tratamento específico se revela eficaz.

Hereditárias:São as doenças que têm origem num defeitogenético e são transmitidas aos filhos pelosprogenitores.A doença poliquística caracteriza-se pela trans-formação lenta e gradual dos rins numa massade quistos, os quais, desenvolvendo-se, des-troem a parte dos rins que funciona.

Quem pode sofrer deinsuficiência renal?

Todos podem sofrer de doença renal crónica,adultos, crianças e idosos, apesar de aumentarcom a idade a probabilidade de a doença semanifestar, especialmente acima dos 65 anos.

A função renal altera-secom o tempoProvavelmente, aprendeu muito desde quetem insuficiência renal. O seu Médico explicou-lhe seguramente as causas de algumas dasdoenças renais e como a função renal se alteracom o tempo. O agravamento da função renalsurge gradualmente, muitas vezes sem que apessoa se aperceba, e esse mau funciona-mento pode manter-se sem sintomas duranteanos.

Sintomas e tratamentoda insuficiência renal crónica

Todas as doenças renais que levam à insuficiên-cia renal crónica afectam ambos os rins.Os sintomas da insuficiência renal podem servariados e diferentes de pessoa para pessoa,e nem sempre existe relação entre a gravidadeda doença e a presença dos sintomas.

Às vezes, encontramo-nos perante pessoascom rins que funcionam abaixo dos 20%e que estão muito mal, enquanto que, outrasvezes, podem existir rins gravemente lesadossem que o doente refira qualquer mal-estar.

Quando a função renal é inferior a 10% donormal, os sintomas tornam-se mais definidose persistentes, as alterações das análises reve-lam risco de vida elevado e esses são os sinaisda necessidade de iniciar diálise.

Se é diabético, já sabe o que éimportante. De qualquer modo,é bom recordar o que deve fazer:

• Efectue os controlos regularmente,mesmo que se sinta bem.

• Mantenha sempre controladoo nível de glucose no sangue.

• Siga as recomendações dietéticas.

• Faça exercício físico regular, deacordo com indicações médicas.

• Se tem excesso de peso, procureemagrecer.

• Se fuma, empenhe-se em deixarde fumar.

• Limite o consumo de álcoole cafeína.

• Procure levar uma vida sem stress.

Hipertensão e doença renal

20% a 25% dos novos casos de insuficiênciarenal crónica são causados pela hipertensãonão controlada. Se esta é a causa da suadoença renal, saiba ainda que alguns factoresde risco são os que se seguem:

• hereditariedade: se um progenitor temhipertensão, também os filhos têm umagrande probabilidade de ter valores elevados;

• peso corporal: as pessoas com excesso depeso correm maior risco de ter hipertensão;

• hábitos alimentares: o consumo de álcoole sal de cozinha são factores de risco;

• tabaco: foi demonstrado que o tabacoé um factor de risco cardiovascular.

Se até agora não conseguiu alterar algunshábitos prejudiciais para a hipertensão,chegou o momento de se empenhar parao bem-estar futuro:

O que é importante saber e fazer

• Vá regularmente às consultasmédicas de controlo.

• Controle periodicamente a tensãoe tenha um diário onde apontar osvalores.

• Pergunte ao Médico como medira tensão arterial correctamente.

• Tome a medicação correctamentee siga a quantidade prescrita peloMédico.

• Reduza o consumo de sal, seo Médico o tiver recomendado.

• Coma fruta, legumes e alimentospouco gordos.

• Faça exercício físico regular, seo Médico o tiver recomendado.

• Se tem excesso de peso, tenteemagrecer.

• Se fuma, tente deixar de fumar.

• Reduza o consumo de álcoole cafeína.

• Tente levar uma vida com poucostress.

CAPÍTULO 01 17PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 16

A progressão da doençarenal crónica

A doença renal tem início quando algunscomponentes do rim - os glomérulos - sãoafectados pela doença de base. Os restantesglomérulos continuam a funcionar, mas nãotão bem como num rim normal, sendosubmetidos a um "trabalho acrescido". Estalesão nos rins costuma progredir lentamente,mas de forma constante: se uma pessoa sofrede hipertensão, ou se é diabético, a lesãopode progredir de forma muito mais rápida epode causar sintomas mais cedo.

À medida que a doença progride, os rinspioram e, quando a função renal é inferiora 50%, podem surgir os seguintes sinaise sintomas:

• anemia (diminuição dos glóbulos vermelhosno sangue) por incapacidade dos rinsproduzirem um estimulador da produçãodo constituinte essencial dos glóbulosvermelhos (eritropoietina);

• astenia (fadiga) devida à anemia;

• necessidade frequente de urinar, mesmode noite;

• hipertensão;

• edemas (inchaço) em torno dos olhos,nos pés e nas mãos.

Controlar a função renal

É muito importante controlar o ritmo de pro-gressão da insuficiência renal. O especialistadas doenças renais controla o nível da funçãorenal, ouvindo as queixas que o doente referee controlando algumas análises ao sanguee à urina, que permitem compreender quala percentagem de função renal ainda existente.

Os resultados destes exames (que veremosno próximo capítulo), em conjunto com ossintomas referidos pelo doente, ajudam acompreender quando chegou o momentode iniciar diálise. Quando a sua função renal éinferior a 10-15%, terá muito provavelmentenecessidade de iniciar um tratamento (diálise)para substituir algumas das funções do rimnormal. Ainda que os rins filtrem um pouco delíquido e impurezas e produzam urina, isto nãoé suficiente para que se continue a sentir bem.Quanto mais impurezas e líquido ficam nosangue, maior é o risco de se sentir mal.

Todas as pessoas com esta baixa percentagemde função renal apresentam os seguintessintomas:

• fadiga;

• debilidade;

• edema dos tornozelos, pés, mãos,em torno dos olhos;

• falta de ar e/ou respiração ofegante;

• perda de apetite;

• mau hálito/mau sabor na boca;

• dificuldade em dormir;

• cãibras nas pernas, especialmentede noite;

• dores ósseas difusas;

• náuseas;

• perda de peso.

Ao conjunto destes sintomas chama-seurémia. Estes sintomas podem causarincómodo e apreensão, mas saiba que, umavez iniciada a diálise, muitos deles tendema desaparecer. Se não iniciar o tratamentonesta fase, os sintomas não desapareceme tendem a agravar-se progressivamente. Esteestado de prostração consequente à urémia,se não tratado, leva, inexoravelmente, à morte.

O tratamento de diálise

O doente com insuficiência renal, começará asentir-se cada vez mais doente. A maior partedas pessoas, após o início do tratamento dediálise, afirma sentir-se melhor. Deve iniciar adiálise quando o seu Médico recomendar,seguramente antes que se sinta mal. Siga adieta recomendada e tome todos osmedicamentos prescritos; são muitoimportantes. Se é diabético, controle o nívelde glucose no sangue.

Controle a tensão arterial. E lembre-se: tenhacuidado consigo; para tal, deve saber aquiloque lhe está a acontecer e aquilo que o espera.O objectivo deste programa é dar-lhe o máximode informação sobre a sua doença.

Agora, a coisa mais importanteque pode fazer é saber, aprender,perguntar: ter um papel activocom a equipa de profissionais queo tratam e que saberãoaconselhá-lo na escolha do melhortratamento.

CAPÍTULO 01 19PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 18

A diálise pode realizar-sede duas maneiras:

Utilizando o peritoneu como membrana (filtro)natural (diálise peritoneal). Nesta figura, podever-se uma doente enquanto efectua diáliseperitoneal manual (DPCA) (ver capítulo 5);

Ainda na modalidade de diálise peritoneal, uti-lizando igualmente como membrana (filtro) operitoneu, mas com a ajuda de uma pequenamáquina, que procede ao tratamento durante anoite enquanto o doente dorme (DPA), comose vê na figura (ver capítulo 5);

Utilizando uma membrana (filtro) artificiale uma máquina (hemodiálise). A foto ao ladomostra uma doente durante a sessão de he-modiálise. Vê-se o sangue que circula em pe-quenos tubos (linhas), vai até ao filtro onde épurificado e regressa ao doente (ver capítulo 6).

Transplante renal:

Mediante uma intervenção cirúrgica, um rimsaudável extraído de um dador cadáver (trans-plantação de cadáver) ou de um dador vivo(transplantação de dador vivo) é colocado naregião inguinal de um doente com insuficiênciarenal crónica, como se vê na figura.

ATENÇÃO: Nem todos os doentes têmcondições clínicas para serem sujeitosa esta intervenção. Veremos todosos pormenores no capítulo 7.

Não se esqueça que a recusa de realizar qualquer um destes tratamentoscolocará a sua vida em grave risco a breve prazo.

Quando os rinsdeixam de funcionar:

Os tratamentos de substituiçãoda função renal

A Diálise (a diálise peritoneal ou a hemodiálise) e a TransplantaçãoRenal são tratamentos de substituição da função renal.

Diálise: É uma técnica que permite remover assubstâncias tóxicas, que se acumulam no organismo,graças a uma membrana e a um líquido especial que"filtram" e "limpam" o sangue.

Análises ao sangue e à urina

Os medicamentos

Dieta

Exercício físico

Capítulo02

OPTAR INFORMADO

Capítulo02

CAPÍTULO 02 23

Provavelmente, há já algum tempo que fazuma série de análises periódicas ao sanguee à urina que servem para controlaro funcionamento dos seus rins.

Tendo piorado a função renal, esses controlostornam-se, em geral, mais frequentes, porquepodem surgir problemas de saúde gravese haver necessidade de programar o início dadiálise. Por vezes, perguntar-se-á: "Mas por quecontinuam a obrigar-me a fazer análises, se nãome sinto mal?" Como já foi referido, a doençarenal crónica pode não apresentar sintomasfísicos importantes. No entanto, é necessáriomedir regularmente a função que os seus rinsvão apresentando ao longo do tempo atravésde vários exames. São estes que permitem aoMédico perceber quanto e como os seus rinsestão a piorar. Peça ao seu Médico que lhe digacomo estão as análises, quando for à consulta.

Se quer saber mais, encontraráde seguida uma descrição dasanálises que já faz regularmentee que continuará a fazer, mesmoquando fizer diálise.

Análises ao sangue

Estas análises ajudam a perceber se algumas dassubstâncias tóxicas que costumam ser filtradasnos rins, estão a aumentar no sangue e quais osseus valores. No dia anterior às análises, podecomer e beber normalmente, a menos que oMédico lhe tenha recomendado o contrário.

Lembre-se que o exercício físico intensoantes da colheita de sangue pode interferirno resultado das análises.

Análises à urina

São muito importantes e ajudam a percebercomo estão os seus rins. Se a urina não contémtodas as impurezas produzidas pelo metabo-lismo, isso significa que os rins não purificamo suficiente. Por outro lado, é importante saberquanta urina produz o rim, para verificar setodo o excesso de líquidos é expelido. Para teresta importante informação, efectuam-se doistipos de análises:a) Análises completas à urina;b)Análises de urina de 24 horas: colhe-se a

urina das últimas 24 horas anteriores à aná-lise e mede-se a quantidade, a presença deproteínas, creatinina, electrólitos, ureia, etc..

Análises ao sangue e à urina:ajudam a compreender as consequênciasdo mau funcionamento dos rins e quandopoderá ter de iniciar diálise

Capítulo 02

CAPÍTULO 02 25PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 24

ATENÇÃO: É importante colher a urinade 24 horas de forma correcta; para tal,peça ao Médico ou ao Enfermeiro quelhe explique o procedimento adequado.

Como se faz uma colheitade urina de 24 horas:

- Inicie a recolha da urina no dia anterior(por exemplo, se vai fazer análises na 2ª-feira,no domingo de manhã começa a guardar aurina, excepto a primeira urina da manhã) eguarda toda a urina desse dia, inclusive a danoite (se urinar), e a primeira urina da manhãem que vai fazer as análises. É muito impor-tante que faça a recolha de toda a urina e quea acondicione num local fresco em recipienteadequado ou em garrafas de água (deve levartoda a urina para o Laboratório).

O que é a creatinina?

É uma substância produzida nos músculose transportada no sangue. Normalmente,quando o sangue passa no rim, ela é filtradae expelida com a urina. A creatinina aumentano sangue quando os rins já não filtram muitobem, porque estão doentes. A creatinina é fácilde medir; basta fazer uma colheita de sanguee verificar o seu valor: quando o valor aumenta,significa que a função renal está a piorar.

A clearance (depuração)da creatinina

Mede, pelo contrário, quanta creatinina éeliminada na urina. É normalmente medidana análise à urina de 24 horas: confrontando acreatinina do sangue com a da urina, conse-guimos obter a percentagem de função renaldefinida pela "clearance da creatinina", ex-pressa em ml/min. Só se aconselha o início dadiálise quando a clearance da creatinina se en-contra abaixo dos 15 ml/min. Mas cada doentetem as suas características particulares e seráo seu Médico a avaliar o melhor momentopara iniciar a diálise.

As setas indicam o que sucede quando se perdea função renal: quando a clearance da creatininadiminui, a creatinina aumenta no sangue auto-maticamente. Isto significa que os rins não filtramdo sangue toda a creatinina em excesso.

Creatinina

Clearanceda Creatinina

O que é a ureia?

A ureia resulta da decomposição das proteínas,circula no sangue e é filtrada pelos rins atravésda urina. Tal como a creatinina, também aureia aumenta no sangue quando os rins estãodoentes e diminui na urina. Esta é outraanálise importante que ajuda a percebero funcionamento dos rins e em que estado seencontram. Quando a ureia aumenta muitono sangue, provoca sintomas como náusease vómitos, mau hálito, falta de apetite.

O que é a albumina?

A análise da albumina é importante e servepara saber se o doente apresenta um bom es-tado de nutrição. Em algumas doenças renaisexiste perda de albumina para a urina, o queconstitui um factor de agravamento da funçãodos rins. Um valor normal de albumina podeindicar que o seu organismo utiliza bem os ali-mentos que ingere.

O que é a anemia?

As pessoas que têm poucos glóbulos vermelhosno sangue são anémicas. O principal sintomada anemia é a fadiga. Os nossos rins produzemuma hormona chamada eritropoietina (EPO),que estimula a medula óssea para que estaproduza glóbulos vermelhos. A função principaldos glóbulos vermelhos é a de levar oxigénioa todo o organismo.

Quando os rins estão doentes produzempouca eritropoietina, de modo que a medulaóssea não é suficientemente estimulada, eproduz poucos glóbulos vermelhos. Nesta fase,o Médico, conforme as análises (valores deHgb = hemoglobina), pode prescrever-lhe umsubstituto da eritropoietina: são injecções aadministrar por via subcutânea ou endovenosa,conforme os casos.É importante controlar o valor dos glóbulosvermelhos no sangue, para poder adaptar adose de eritropoietina adequada ao seuorganismo. Para um doente com insuficiênciarenal crónica, o valor ideal de Hgb, segundo asdirectrizes actuais, situa-se entre 10 e 12 g/dl.

Os ossos

A doença renal pode afectar também os ossos.Entre as análises prescritas pelo seu Médico, es-tarão também as que medem os valores do Cál-cio, do Fósforo e da PTH (paratormona, umahormona que regula a saúde dos ossos). Podemser-lhe prescritos medicamentos que ajudam aequilibrar estes valores. Podem ser suplementosde cálcio, substâncias que reduzem os valoresdo fósforo (chamados quelantes), e vitamina D,concomitantemente com outros medicamentos,conforme a opinião do Médico.

Pode controlar, em conjunto com oseu Médico, a evolução da funçãoactual dos seus rins. Peça-lhe parao ajudar a entender os resultadosdas análises, confrontando-oscom os anteriores. Refira cadasintoma que surge entre cadaconsulta. Tudo isto o irá ajudara sentir-se melhor nesta fasee a chegar preparado à diálise.

CAPÍTULO 02 27PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 26

Os medicamentos, tal como a dieta e o exercíciofísico, são importantes para o seu bem-estar.Hoje em dia, existem diversos tipos demedicamentos que podem ajudá-lo a sentir-semelhor; alguns destes medicamentos executamparte do trabalho que os seus rins já nãoconseguem realizar, enquanto outros protegemo trabalho que os rins ainda estão a fazer.Outros ainda, ajudam os rins a controlar atensão arterial e os níveis de açúcar no sangue.Provavelmente, já toma alguns medicamentos:neste módulo pretendemos ajudá-lo acompreender melhor por que razão algunsmedicamentos são importantes e o papel quedesempenham na melhoria da sua saúdee bem-estar.

Medicamentos que baixama tensão arterial ouanti-hipertensores

Se tem hipertensão, o seu Médico já lheprescreveu medicamentos, ditos anti-hiperten-sores, que servem para baixar a tensão arterial.Existem diversos tipos destes medicamentos,mas, quaisquer que eles sejam, tenha ematenção que é muito importante tomar aquiloque o Médico prescreveu, na quantidadeadequada e no horário recomendado. Nãosuspenda a medicação sem falar com o seuMédico. É importante que controle regular-mente a tensão arterial, para estarseguro de que os medicamentos estão a tero efeito desejado. Nas consultas regulares, oMédico ou a Enfermeira medirão a sua tensãoarterial; aprenda também a medi-la, parapoder controlá-la em casa. Embora possamexistir variações de doente para doente,os valores da tensão arterial não devem sersuperiores a 130 de máxima e 80 de mínima.

Cálcio e Fósforo

O Cálcio e o Fósforo entram no sangue atravésdos alimentos que ingerimos. Quando os rinsfuncionam mal, fica alterada a absorção docálcio da dieta e, por outro lado, muito prejudi-cada a eliminação do fósforo. Para evitar o ex-cesso de fósforo no organismo, o Médicopoderá prescrever alguns medicamentos.Se tiver curiosidade, pergunte ao seu Médicopela necessidade de tomar algum destesmedicamentos e como exercem a sua função.

As vitaminas

São importantes para muitas funções doorganismo. As vitaminas estão contidas nosalimentos que ingere ou podem ser tomadasem forma de comprimido. As pessoas comreduzida função renal (como no seu caso) têmmuitas vezes necessidade de um suplementovitamínico na sua dieta. Também nesta áreadeve estar consciente de que, antes de tomarqualquer fármaco, deve falar sobre isso como seu Médico.

ERVAS E SUPLEMENTOSNATURAIS:

Nos últimos anos tornaram-semuito populares, mas atenção,alguns destes compostos podemser prejudiciais para os doentesrenais. Antes de tomar qualquersuplemento à base de ervas,é importante falar sobre issocom o seu Médico.

Os medicamentos Diuréticos

O diurético é um medicamento que faz aumentara quantidade de urina. Os diuréticos são usadospara eliminar o sal e a água em excesso noseu organismo, aumentando a quantidade deurina. Isto ajuda também a controlar a tensãoarterial. Um inchaço nos tornozelos, nas pernas,ou nos dedos das mãos, chama-se edema; seo notou, deve comunicá-lo ao seu Médico,que avaliará se deve prescrever um diuréticoe/ou uma dieta com pouco sal.

Ferro e eritropoietina

Os rins produzem, como foi dito antes, umahormona chamada eritropoietina, que ajuda oorganismo a produzir os glóbulos vermelhos dosangue. Estas células do sangue são impor-tantes, porque transportam oxigénio para todoo corpo. Quando os rins não funcionam bem,não produzem eritropoietina em quantidade su-ficiente, causando uma diminuição dos glóbu-los vermelhos no sangue. As pessoas compoucos glóbulos vermelhos sofrem de anemia,cujos sintomas são debilidade, dificuldade deconcentração e fadiga. Uma pessoa anémicatem a pele pálida e sente frio, mesmo quandoos outros têm calor. A anemia é comum empessoas com problemas renais.

O seu Médico poderá dizer-lhe se tem indicaçãopara fazer uma terapêutica injectável comeritropoietina, visando a estimulação da produçãode glóbulos vermelhos. Esta medicação costumaser administrada através de uma injecçãosubcutânea, no antebraço ou na coxa. Você ouum familiar seu vão aprender a administrá-la.Para o tratamento da sua anemia tambémpode ser indicado fazer terapêutica com ferro.O seu Médico dir-lhe-á se existe indicaçãono seu caso.

Tomar os medicamentosconforme prescrição médica émuito importante, para se sentirbem e controlar a sua doença,agora e quando fizer diálise.

Siga as indicações dadas nestaspáginas e, se tiver dúvidas,esclareça-as com o seu Médico.

CAPÍTULO 02 29PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 28

01. Nunca tomar medicamentosnovos sem primeiro falar como Nefrologista.

02. Não tomar medicamentos quenão tenham sido prescritos peloMédico.

03. Peça ao Nefrologista, aos Enfer-meiros ou aos outros elementos daequipa que o tratam em Nefrologia,para lhe explicarem bem quandodeve tomar os medicamentos e emque doses.

04. Assegure-se de que cada elementoda equipa que o segue, e outrosprofissionais incluindo o Dentista,conhece os medicamentos que toma.

05. Por vezes, um medicamentopode causar efeitos secundários,como: tonturas, vertigens, distúrbiosgástricos, boca seca, dores de cabeça.Informe o seu Médico, que o poderáajudar.

06. Certos componentes químicosexistentes nos medicamentospodem causar alergias nalgumaspessoas. Uma reacção alérgica típicapode ser uma reacção cutânea, comaparecimento de manchas na pele,inchaço e prurido. É importantecontactar o Médico, se surgiremestes sintomas quando tomar ummedicamento.

07. Leve sempre consigo uma listaactualizada dos medicamentos,quando for de férias.

08. Tomar os medicamentos devetornar-se um hábito, tal como lavaros dentes.

09. Não deve tomar produtosde ervanária sem primeiro consultaro seu Médico.

Conselhos que o ajudam a proteger a sua Saúde: Dieta

Dieta significa seguir algumas regras alimentarespara melhorar o bem-estar próprio e é, porisso, muito importante, agora e no futuro, paraa sua saúde.

A sua dieta

Aquilo que come influencia o seu bem-estar.Uma dieta equilibrada deve sempre incluirhidratos de carbono, proteínas, gorduras,minerais e líquidos.

Todavia, quando os rins não funcionamcorrectamente por estarem doentes e quandose está a fazer diálise, é mais difícil obter esteequilíbrio. Como tal, é importante conversarcom o Médico sobre como deve ser a suadieta nas várias fases e de acordo com o tipode diálise que vai fazer.

Vejamos agora as características principais deuma dieta, esclarecendo os termos que ouvirácada vez mais.

Hidratos de carbono

São principalmente açúcares e amidos existentesem muitos alimentos, que representam aprimeira fonte de energia para o nosso corpo.Quando a função renal é reduzida e não se édiabético, normalmente a dieta deve conterhidratos de carbono. Se for diabético, siga asindicações do seu Médico sobre a dieta maisadequada. Mais tarde veremos, de acordo como tipo de diálise que fizer, qual a quantidade dehidratos de carbono a consumir nos alimentos.

Os principais alimentos ricos em hidratosde carbono são:• Pão• Massa• Arroz

CAPÍTULO 02 31PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 30

Proteínas

O nosso organismo necessita de proteínas,para manter os músculos saudáveis, combateras infecções, reparar e reproduzir vários tecidoscomo os ossos e os músculos. Comer muitasproteínas é prejudicial para os rins, quandoestes se encontram doentes. Os rins quefuncionam mal não conseguem filtrar e expeliras impurezas resultantes das transformaçõesque as proteínas ingeridas sofrem no organismo.Também o inverso, isto é, não ingerir proteínas,provoca problemas de saúde. Normalmente,o nosso organismo usa os hidratos de carbonoe gorduras como principais fontes de energiae só se estas não forem suficientes é querecorre às proteínas.

Os alimentos com elevado teor proteico são:

• Ovos

• Peixe

• Carne

• Leite e derivados

Gorduras

Muitas gorduras saturadas, como, por exemplo,manteiga, margarina, toucinho, são nocivaspara o coração e para as artérias. As gordurassaturadas endurecem as paredes dos vasossanguíneos. Isto pode criar problemas aocoração, porque tem mais dificuldade embombear o sangue contra a parede rígida dasartérias. Controlar a gordura na dieta podeajudá-lo a preservar os vasos sanguíneos.

Em vez de manteiga, use azeite ou óleovegetal, retire a gordura da carne, tente evitaralimentos fritos, snacks e "comida rápida".

Alimentos com alto teor de gordura:

• Manteiga

• Margarina

• Toucinho

• Carne de porco

• Todas as partes gordas da carne

• Enchidos

Fósforo

O Fósforo existe em muitos alimentos, é ummineral que exerce a sua acção em conjuntocom o cálcio, para manter os ossos saudáveis.

Quando os rins estão muito doentes e jáfuncionam mal, e sobretudo quando se estáa fazer diálise, não é possível filtrar do sanguetodo o fósforo que se acumula no organismo,pelo que os seus níveis no sangue aumentam.

O aumento de fósforo no sangue provocaa estimulação de uma glândula situada nopescoço (paratiroideia), que origina alteraçõesgraves do metabolismo dos ossos. A quantidadeelevada de fósforo no sangue pode causarpequenos problemas como prurido(comichão), mas também problemas maisgraves, como a calcificação (endurecimento)da parede dos vasos sanguíneos e de órgãosimportantes como o coração.

Seguir uma dieta correcta pode ajudar a mantero nível de fósforo equilibrado. O Médico podetambém prescrever-lhe alguns medicamentoschamados quelantes do fósforo, que servempara reduzir a absorção do fósforo que entrano organismo através dos alimentos.

Os alimentos com elevada quantidadede fósforo são:

• Leite

• Gelado e iogurte

• Queijos

• Chocolate (mesmo o para diabéticos)

• Frutos secos

• Bolachas com chocolate e avelãs

• Miudezas de fígado, moelas e rins

• Arenque, salmão, truta

• Mariscos

• Feijões e ervilhas secas

CAPÍTULO 02 33PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 32

Cálcio

O cálcio interage com o fósforo para manteros ossos fortes e saudáveis. Muitos alimentoscom alto teor de cálcio contêm tambémelevados níveis de fósforo: por exemplo, leitee derivados têm um elevado teor de cálcio,mas também de fósforo…

O Médico dir-lhe-á quanto cálcio deve incluirna sua dieta ou se tem necessidade de tomarsuplementos de cálcio.

Alimentos que contêm cálcio e fósforo:

• Leite e derivados

• Peixe

Sódio

O sódio existe em muitos alimentos, especial-mente no sal. O sódio ajuda a controlar a tensãoarterial e a equilibrar os líquidos no nossocorpo. Nas situações de insuficiência renal, porimpossibilidade dos rins eliminarem o excessode sódio que ingerimos com os alimentos,há uma tendência para reter este elemento noorganismo. Esta retenção de sódio é sempreacompanhada de retenção de líquidos, de queresulta elevação da tensão arterial, aumentode peso e inchaço dos tornozelos e à voltados olhos e, por vezes, dificuldades respiratórias.É muito importante evitar alimentos salgadose controlar o nível de sódio no sangue.

Alimentos com alto teor de sal:

• Enlatados e conservas

• Queijos (em particular curados)

• Toda a "comida rápida"

• Congelados

• Snacks, aperitivos salgados e batatas fritas

• Peixe e carne fumados

• Sopas enlatadas e em pó

• Manteiga e margarina com sal

• Condimentos como o ketchup e todos osoutros molhos

• Enchidos

Se o Médico o aconselhou a reduzir o consumode sal, não utilize os produtos "sem sal" vendidosem farmácias ou ervanárias; siga antes algunsconselhos que o ajudarão a substituir o sal, demodo seguro.

Conselhos para não usar ousubstituir o uso do Sal:

Adicione:

• Manjericão: no tomate, beringelas,sopas, peixe.

• Caril: nas sopas, arroz, frango.

• Alho: nos molhos, carne e peixe.

• Limão: nos espargos, alcachofras,brócolos, espinafres e peixe.

• Hortelã: nas sopas frias, saladase pratos de fruta.

• Orégãos: nas beringelas, saladase molhos.

• Tomilho: no frango, peixe, carne,sopas e estufados.

Pergunte ao seu Médico, como pode limitaro consumo do sódio.

CAPÍTULO 02 35PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 34

Potássio

É um sal mineral existente em muitos alimentose é muito importante para o organismo,porque regula todas as contracções musculares,incluindo as do coração. A sua presençano sangue deve ser mantida entre limitesrigorosos (entre 3,5 e 5,5 mEq/L). Os rinsdoentes, perante qualquer sobrecarga depotássio, têm grande dificuldade em eliminá-lo,levando facilmente a que existam níveis elevadosde potássio no sangue.

Isto é muito perigoso: demasiado potássiopode causar irregularidade dos batimentoscardíacos, podendo mesmo provocar umaparagem cardíaca.

Controle o nível de potássio no sangue e siga osconselhos dietéticos dos profissionais.

Alimentos com alto teor de potássio:

• Citrinos - laranja, limão

• Bananas

• Damasco / cerejas / pêssego

• Batatas

• Frutos secos

• Feijões e legumes em geral

• Nozes, avelãs

• Chocolate

• Substitutos do sal

• Verduras de folha verde

• Bebidas tipo refrigerantes ou energéticas

Líquidos

Os líquidos são bebidas e/ou alimentos quese "transformam" em líquido à temperaturado corpo, como por exemplo:

• gelo

• água

• gelatina

• gelado

• sumos

• sopa

Lembre-se que todos os alimentos, mesmoaqueles considerados secos, contêm água.

A acumulação de líquidos está relacionadacom a retenção de sódio, como já foi referido.Pergunte ao seu Médico que quantidade diáriade líquidos deve ingerir e lembre-se de sepesar pelo menos uma vez por semana.

Conselhos para controlar a sedee a ingestão de líquidos:

• Escovar os dentes 3-4 vezes por dia,ajuda a manter a boca húmida.

• Enxaguar a boca ou usar um spraypara melhorar o hálito entre asescovagens dos dentes; tambémisto o ajuda a manter a boca húmida.

• Use pastilha elástica sem açúcar.

• Prefira as ervas aromáticas ao sal.

• Se é diabético, controle o açúcarno sangue.

• No restaurante e em casa, use umcopo pequeno.

• Tome os comprimidos com poucaágua.

• Meça a capacidade do copo que usahabitualmente; isso ajudá-lo-á acontrolar a quantidade de líquidoque ingere.

Conclusão

CAPÍTULO 02 37PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 36

Com a ajuda do Médico e do Nutricionista, teráà sua disposição uma série de conselhos queo ajudarão a escolher a dieta adequada.

O objectivo é adquirir umcomportamento alimentar que,em conjunto com os medicamentos,o ajude a sentir-se melhor.

Exercício físico

O exercício físico regular pode ser muito útilnesta situação e num futuro próximo. Foidemonstrado que o exercício pode ajudara reduzir a tensão alta, a controlar a diabetes,a fortalecer os músculos e os ossos, a melhorara circulação sanguínea e, por conseguinte,aumentar a sensação de bem-estar.Muitos doentes insuficientes renais referemsentir-se melhor com exercício físico regular.

Antes de se dedicar a uma qualquer actividadefísica, consulte o seu Médico. Praticar actividadefísica não significa aguentar treinos excessivos;basta andar a pé, pelo menos 30 minutos pordia, andar de bicicleta, dançar, nadar, fazerginástica. Se tiver alguma dúvida sobre aactividade a escolher, consulte os profissionaisque o tratam.

Lembre-se:

Dieta e actividade física regularnesta fase da doença têm umpapel importante para o seubem-estar e continuarão a terquando estiver a fazer diálise.

Capítulo03

OPTAR INFORMADO

Diálise como forma de substituiçãodo funcionamento dos rins

“O que se passa comigo?”Compreender as reacções físicas eemocionais nesta fase de mudança

Capítulo03

PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 38

Para os doentes renais é importante saber quenão existe cura para recuperar a função renalperdida, mas que existem tratamentos quepermitem substituir a função renal.As possibilidades de substituição da funçãorenal são:

Diálise• diálise peritoneal• hemodiálise

Transplantação Renal• transplantação renal de dador cadáver• transplantação renal de dador vivo

Aqui será feita uma abordagem sumária das ca-racterísticas de cada um dos métodos. Os por-menores estão descritos nos capítulos 5, 6 e 7.

Diálise Peritoneal (DP)

É um método que utiliza a membranaperitoneal para “filtrar” o sangue, aproveitandoassim a capacidade natural do nosso organismo.A membrana peritoneal cobre, por um lado,a parte interna do abdómen e, por outro,envolve as ansas intestinais, deixando umespaço entre estas duas partes da membrana.No interior deste espaço, é introduzidoo líquido de diálise que, graças às suascaracterísticas, absorve as substâncias tóxicasdo sangue.

É efectuada no domicílio:

manualmente

• DPCA(Diálise Peritoneal Contínua Ambulatória)efectuada de dia, sendo as trocas do líquidode diálise realizadas manualmente pelo doente.

ou através de uma máquina (cicladora)

• DPA (Diálise Peritoneal Automática)efectuada de noite, sendo as trocas do líquidode diálise realizadas por uma máquina, en-quanto o doente dorme.

CAPÍTULO 03 39

Capítulo 03

Diálise como forma de substituiçãodo funcionamento dos rins

CAPÍTULO 03 41PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 40

É uma técnica de fácil realização, ideal para serefectuada em casa após um período de apren-dizagem hospitalar. Qualquer local da casa,desde que esteja limpo e bem iluminado,pode servir para montar o equipamento dediálise peritoneal. Atenção: higiene e moti-vação para se implicar no seu próprio trata-mento são requisitos essenciais para obterbons resultados na diálise peritoneal.

Hemodiálise (HD)

É uma técnica que permite remover assubstâncias tóxicas que se acumulam nosangue, mediante uma espécie de “lavagem”do sangue, efectuada através de um filtroartificial externo ao organismo, com a ajudade uma máquina frequentemente chamada“rim artificial”.

Onde se efectua?A hemodiálise efectua-se em “centros de diálise”que dispõem do equipamento necessário.Podem localizar-se:

• no hospital;

• nos centros de diálise privados;

• no domicílio. Neste caso é obrigatória aassistência de um familiar, com formaçãoprévia, que ajude o doente durante oprocesso de diálise.

Quando se efectua?Normalmente, três vezes por semana em diasalternados, consoante a situação clínica dodoente. Cada sessão dura cerca de quatrohoras, durante as quais o sangue do doentefica em contacto com o filtro de diálise, comose vê na foto. A fístula é essencial para a HD:uma ligação da veia com uma artéria do braço,que será descrita no capítulo 6.

Transplante Renal

É a terapêutica que permite substituir a funçãodos rins doentes pela de um rim são. O rim“novo” (transplante) pode ser extraído de umdador cadáver ou ser proveniente de umdador vivo. No capítulo 7, encontrará adescrição pormenorizada de como decorre,como funciona a lista de espera, etc..

Escolher o tratamento certoUma boa formação sobre a sua doença renal eo que pode esperar em termos de opções dediálise, é o melhor meio de definir, conhecer eescolher o tratamento preferível. É importanteque todos os doentes renais, em particularaqueles que têm uma insuficiência renal

avançada, em conjunto com os seus familiares,tenham todo o conhecimento possível e par-ticipem na escolha do melhor tratamento; istopermitirá enfrentar, de forma mais serena, adiálise.

“O que se passa comigo?”Compreender as reacções físicase emocionais nesta fase de mudança

Muitas pessoas têm sérias dificuldades emacreditar que os seus rins não funcionamadequadamente, visto que têm sintomasligeiros, tais como, um pouco de fadiga ouaté se sentem bem. É por isso que, por vezes,se considera esta uma doença silenciosa. Nestemomento muito particular da sua vida, podemsurgir algumas reacções emocionais, absoluta-mente normais, que é bom aprender a conhecere a compreender por que se manifestam.

O que sente quando lhe dizemque tem uma doença renalavançada e como enfrentaro início próximo da diálise

Perder a função renal é uma experiência muitodura. O doente deixa de ter controlo sobre asua saúde, tem de encarar algumas alteraçõesna sua vida e não sabe exactamente quaisserão. Por conseguinte, é natural sentir-setriste; mais, esta alteração de disposição indicaque está a tomar consciência da nova situação.Esta tristeza pode não ser considerada umacoisa boa, mas representa uma fase obrigatóriapara encarar as alterações. Pode ser importantefalar sobre as alterações que esta situaçãopoderá provocar na sua vida. Talvez possapartilhar estas dificuldades com o Médico, oEnfermeiro, o Psicólogo ou mesmo com o seuorientador espiritual (ex., um Padre).

CAPÍTULO 03 43PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 42

Choque e negação

O choque é outra reacção que pode ter,quando lhe fazem o diagnóstico da doençarenal; não acredita naquilo que o Médico lheestá a dizer, ou melhor, não quer ouvi-lo; écomo se o mundo desabasse em cima de si.Choque e negação são duas formas de ajudara mente a amortecer a notícia brutal. Após estafase, que se deseja tão curta quanto possível,é importante “aceitar” o facto de que há umadoença renal; ignorar os sinais da doença renalnão ajuda certamente a enfrentar essa reali-dade. Antes pelo contrário, não dar a devidaatenção ao problema renal pode prejudicarainda mais a sua saúde, mesmo que involun-tariamente.

Medo e depressão

Quando acontece algo de inesperadoe desconhecido ligado à saúde, sente-semedo. O medo é normal, como é normal sen-tir-se deprimido quando se enfrenta umadoença crónica. Estes sentimentos podematingi-lo a si e aos seus familiares próximos.Mas podem ser ultrapassados: quanto maisaprender sobre a doença, mais conscientese sente, mais sereno e menos inseguro...

Raiva e sentimento de culpa

Poderá sentir-se irritado com as pessoas queo rodeiam, irritado consigo mesmo, irritadocom a vida. Raiva e sentimento de culpa sãoemoções típicas, sentidas pelas pessoasquando têm de encarar a doença. É muito fácilirritar-se com as pessoas que ama; contudo,isto pode apenas prejudicar essas pessoase fazê-lo sentir-se ainda pior. É importanterecordar que está irritado com o seu problemarenal e não com as pessoas próximas e que oajudam.

Stress

Sempre que há uma alteração na vida, o stressaumenta: quando está pressionado por proble-mas graves irrita-se mais facilmente, mesmoface a situações em que habitualmente nãose irritaria. O stress pode fazê-lo sentir-se tristee cansado, valorizando mais as suas queixasdo que era costume. Iniciar uma nova dieta,diálise, novos tratamentos e análises podemaumentar o stress. Mas tudo isto visa ajudá-loa sentir-se melhor e a encontrar um novoequilíbrio na vida.

As pessoas que ama

As pessoas que ama podem ter emoçõessemelhantes às suas, sentindo-se inseguros,sem saber como ajudá-lo. Também elespodem sentir-se irritados e culpados. Lembre-se que nem todos sentem as mesmasemoções ao mesmo tempo. Este pode ser ummomento difícil para si e para os que lhe sãoqueridos. É importante falar e expor todosestes sentimentos; pode até pedir para falarcom um psicólogo, para tentar entender,aceitar e lidar com os problemas identificados.

Coisas que ajudam

A primeira coisa que pode fazer é exactamenteisto que está a fazer neste momento: aprendatudo o que puder. Quanto melhor conhecera doença renal, mais seguro e apto sesentirá para controlar a sua situação.

Há um conjunto de informações disponíveispara o ajudar. Faça as coisas que o fazemsentir-se bem, mas que não são prejudiciais:descontraia, vá ao cinema, leia um livro, ouçamúsica, passeie, jogue às cartas, faça umasférias curtas.

Não deixe de fazer as coisas de que gosta,mesmo que não possa fazer exactamenteaquilo que fazia antigamente:altere o mínimo possível a sua vida, passeo tempo com as pessoas que o fazem sentir-semelhor; é mais fácil ser optimista se as pessoasque o rodeiam o ajudarem.

Se desejar, peça ao Médico ou ao Enfermeiroque lhe dê o contacto de outros doentes, quejá estejam a fazer diálise.

INTRODUÇÃO 45PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 44

Capítulo04

OPTAR INFORMADO

Onde e como se pode fazer diálise?

Aspectos sociais eeconómicos da diálise

Alterações do estilo de vida

Capítulo04

CAPÍTULO 04 47PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 46

A diálise é uma forma de substituição dafunção renal desenvolvida após os anos 60.Actualmente, esta técnica tornou-se muitosegura. Em Portugal, há cerca de 9000doentes em tratamento crónico de diálise.O tratamento dialítico pode ser efectuado:

• no hospital;• em centros extra-hospitalares;(em ambos os locais de tratamento existeMédico presente permanentemente).

• em casa (neste caso, o método dialítico maisutilizado é a diálise peritoneal).O doente está em permanente contacto como Serviço de Nefrologia do Hospital de referência.

A diálise no hospital:

É reservada essencialmente a doentes comsituações clínicas de maior risco. O seuNefrologista poderá dizer-lhe, se o seu casoclínico justifica a realização da diálise emambiente hospitalar. O transporte casa-Hospital/Centro de Diálise é suportado pelo ServiçoNacional de Saúde ou sub-sistema de saúdea que o doente pertença.

A diálise nos centros extra--hospitalares

Os centros extra-hospitalares permitiramaproximar a diálise da residência do doentee, portanto, são de mais fácil acesso. A legis-lação portuguesa prevê a obrigatoriedadede funcionamento com a presença constantede um Médico. Enfermeiros qualificados paraa realização da técnica assistem os doentesdurante a sessão de diálise. Muitas vezes,o ambiente e as relações estabelecidas nestescentros são, para além de profissionais, degrande familiaridade, devido a um ambientemais tranquilo do que o do hospital. São cen-tros reservados a doentes clinicamente es-táveis e que não apresentam problemasclínicos especiais.

Capítulo 04

Onde e como se pode fazer diálise?

CAPÍTULO 04 49PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 48

A diálise em casa

Hemodiálise DomiciliáriaO doente pode, se tiver condições clínicas, fazerhemodiálise no seu domicílio. Necessita detreino para aprendizagem da técnica e de umespaço onde se possa colocar o monitor dehemodiálise e outros acessórios necessários.Em geral, precisa do apoio de algum familiar.Em Portugal existem muito poucos doentes afazer hemodiálise domiciliária.

Diálise PeritonealÉ a técnica domiciliária mais utilizada porqueé de mais fácil aprendizagem e exige menoresrecursos no domicílio para a sua realização.Normalmente o doente inicia o seu treino naUnidade de Diálise Peritoneal (sempre quepossível treina-se também um familiar) e,quando é considerado apto passa a fazer asua terapêutica em casa. Actualmente existeapoio domiciliário de Enfermeiros, o que per-mite melhor controlo e detecção precoce deproblemas relacionados com a técnica.

Tendo conhecimento da sua doença renal, asua vida pode ter de sofrer algumas alterações,sobretudo quando tiver de iniciar diálise. Podeser normal que a sua maneira de ser tambémse altere.

As pessoas formam uma opiniãode si próprias, ou definem-se poraquilo que fazem e pelas profissõesque desempenham, como porexemplo: condutor de camião,advogado, empregada de mesa,dona de casa; por vezes, definem-sepelo papel que desempenhamna família: “pai”, “mãe”, “mulher”,“filho”; outras vezes são osinteresses que se juntam àactividade normal que nos dãouma identidade, como por exemploa jardinagem, a leitura, jogarfutebol, tocar música, etc..Modificar alguns ou todos estespapéis pode ser difícil, podefazê-lo sentir-se diferente.

Agora é uma pessoa com uma doença renale pode ter de iniciar, dentro de pouco tempo,diálise. Antes de conseguir aceitar esta novacondição, pode experimentar vários sentimentose emoções entre as quais raiva, tristeza, senti-mento de culpa e medo, pois tudo isto significauma alteração de vida a que tem de se habituar.

A CasaCada um de nós tem necessidade de se sentirútil. Se já não consegue fazer as coisas quefazia anteriormente, é importante encontrarnovas formas de realizar o que pretende.Talvez tenha de pensar numa alteração do seupapel no seio da família, como por exemplo,deixar as tarefas mais pesadas para os outros econtinuar a ocupar-se de tarefas que conseguerealizar.

Medicação

Todos os insuficientes renais têm direitoa um conjunto de medicamentos específicos,que são fornecidos no âmbito da consultade Nefrologia.

Taxas Moderadoras

Após diagnóstico da insuficiência renal crónica,o doente tem direito à isenção de taxas mode-radoras de consultas e exames. Para solicitaresta isenção, deve dirigir-se ao seu Centro deSaúde, com uma declaração de que é Insufi-ciente Renal Crónico passada pelo Médico queo acompanha na consulta de Nefrologia.

Existem outros aspectos legais que estãocontemplados em legislação específica paraesta situação. Se entender, pode consultaratravés da Internet os sites das associaçõesde doentes existentes em Portugal:www.apir.ptwww.adrnp-sede.rcts.pt

Aspectos sociais e económicos da diálise

Alteração do estilo de vida

CAPÍTULO 04 51PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 50

A Vida Social

Também a vida social pode sofrer alterações.Alguns dos seus amigos, e até elementos dasua família, podem sentir-se incomodadose desgostosos com a sua doença e podempassar a visitá-lo menos. Quando conhecermelhor a doença, tente fazer-lhes entender emque consiste. Tente dizer-lhes aquilo que lhedá prazer; não faz mal recusar um convite pornão se sentir bem, mas certifique-se de quelhes explica a razão e informe-os que, aindaassim, gostaria de manter o contacto; istoajudá-los-á a entender que deseja continuara ser activo.

Intimidade

A doença renal pode causar alterações emo-cionais e físicas que podem influenciar a suavida sexual. As alterações químicas que surgemno seu corpo condicionam as hormonas, acirculação sanguínea, a função neurológica e onível energético, causando uma diminuição dacapacidade e do interesse sexual. As alteraçõesfísicas, como por exemplo a presença da fístula(de que falaremos em pormenor mais adiante)ou do cateter peritoneal, podem fazer o doenterenal sentir-se menos atraente.

Muitos medicamentos administrados para con-trolar a tensão arterial elevada podem influen-ciar a função sexual.A importância do relacionamento sexual difereentre as pessoas e os casais.

A sexualidade envolve um largo conjunto deatitudes agradáveis e duradouras no relaciona-mento com outra pessoa, que podem ou nãoincluir o acto sexual em si. Para as pessoascom uma doença renal crónica é importantecontinuar o relacionamento amoroso. Havendonecessidade de aprofundar o assunto, consulteo seu Médico sem sentir qualquer inibição.

Maternidade

É mais difícil para as mulheres engravidaremquando a doença renal é avançada ou estão afazer diálise. No entanto, é preferível continuara usar métodos anticoncepcionais, pois já severificaram casos de gravidez inesperada.Muitas mulheres dialisadas têm menstruaçõesirregulares e algumas nem sequer têm mens-truação. É mais fácil engravidar, e com menoscomplicações, após a transplantação renal.Consulte um Ginecologista no que diz respeitoa problemas de fertilidade e maternidade.

Os homens podem apresentar uma diminuiçãodo número de espermatozóides depois de ini-ciarem tratamento dialítico regular, mas não setornam estéreis por esta razão.

PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 52

Capítulo05

OPTAR INFORMADO

Diálise Peritoneal

Capítulo05

CAPÍTULO 05 55PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 54

Em primeiro lugar é preciso garantir que oNefrologista avaliou se esta modalidade tera-pêutica pode ser considerada no seu caso.Estando este aspecto assegurado, cabe-lhecompreender como funciona a técnica e de queforma pode ser adaptada a si, respeitando aomáximo o seu estilo de vida. Sobre esta diálisepodemos dizer que:

• é um tratamento que se faz em casa,• a técnica aprende-se com facilidade,• pode fazer-se de dia ou de noite, enquantose dorme,

• o tratamento é gratuito,• para qualquer problema clínico, técnico eorganizacional, contacta-se com o Serviçode Nefrologia de apoio.

Vejamos em pormenor:A diálise peritoneal utiliza a membrana peri-toneal, que funciona como filtro, sendonecessário um acesso à cavidade peritoneal(cateter de diálise peritoneal) e líquido dediálise.

A membrana peritonealou peritoneu

É uma membrana fina que envolve o intestino,cobre grande parte dos órgãos contidos noabdómen, como o fígado, o pâncreas, o baço,os rins, a bexiga e reveste a parte interior daparede abdominal e o diafragma. Desta formadelimita, no interior do abdómen, uma cavi-dade fechada — cavidade peritoneal – que nor-malmente está vazia. Na situação de diáliseperitoneal, é preenchida com o líquido dediálise.

Capítulo 05

Diálise Peritoneal

CAPÍTULO 05 57PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 56

A imagem do lado demonstra como as substân-cias tóxicas contidas no sangue passam,através da membrana peritoneal, para o líquidode diálise introduzido no abdómen. O peri-toneu é uma membrana porosa que permite apassagem de algumas substâncias, através darede de vasos sanguíneos e linfáticos que apercorrem, do sangue para o líquido de diálisecontido na cavidade abdominal. Os produtostóxicos retidos e concentrados no sangue pas-sam para o líquido de diálise, graças à dife-rença de concentrações. As toxinas urémicas,como a ureia e a creatinina, que se encontramem elevada concentração no sangue, tendema passar para o líquido de diálise onde a suaconcentração é nula.

A passagem dá-se até a concentração destassubstâncias no sangue se equilibrar coma do líquido de diálise. Nesta altura, deve sersubstituído o líquido de diálise “velho” pelo“novo”, para continuar o processo dedepuração do sangue (diálise).

Para poder infundir e drenar o líquidode diálise na cavidade peritoneal, du-rante o tratamento dialítico, é preciso:

Cateter peritoneal

É um pequeno tubo de plástico macio que,com anestesia local, é inserido no abdómen,normalmente algumas semanas antes de iniciaro tratamento dialítico. Com uma pequena incisãoabaixo do umbigo, uma parte do cateter (cercade 15-20 cm) é introduzida no peritoneu, umaparte longa 7-8 cm é colocada sob a pele e,por fim, a última parte de 10-12 cm fica noexterior. Ver fotos/imagens.

Uma vez introduzido, o cateter pode per-manecer no local enquanto for necessárioe/ou funcionar. O cateter é retirado quandonão funciona, quando surgem infecções comele relacionadas ou quando é interrompidoo tratamento dialítico, por exemplo, se se reali-za um transplante ou se passa para hemo-diálise. Neste caso, a remoção é feita sobanestesia local, com uma pequena intervençãocirúrgica.

O líquido de diálise

É uma solução estéril constituída por águae diversas substâncias, que têm uma funçãoimportante na depuração do sangue e namanutenção do equilíbrio hidroelectrolítico.Algumas destas substâncias são:

• glucose, substância que serve para retirara água do corpo, eliminando assim a águaem excesso.

• sódio, cloro, cálcio, magnésio, lactato,bicarbonato.

CAPÍTULO 05 59PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 58

No líquido de diálise não se encontramas impurezas que queremos retirar do sangue(excessos de potássio, ureia, creatinina, fós-foro), porém, estão presentes substâncias quenão devem ser retiradas do sangue (sódio, cál-cio, cloro) e que devem ser administradas aodoente (o lactato ou o bicarbonato).

Os sacos de diálise

Como vimos, o líquido de diálise é muitoimportante. Apresenta-se em sacos de plásticomole, transparente e de volume variável, entreum a cinco litros, segundo o tipo de diálisee as necessidades de tratamento do doente.Cada saco é dotado de um sistema deconexão, para poder ligar-se ao cateter. Estessacos são rigorosamente selados e têm afunção de manter o líquido estéril (isto é,sem agentes infecciosos). Os sacos sãodirectamente entregues no domicílio, uma vezpor mês. O doente é contactado telefonicamente,para combinar as entregas.

A troca do líquido de diálise pode serfeita de duas formas distintas: manualou automática.

A forma de troca manual, conhecida porDiálise Peritoneal Contínua Ambulatória(DPCA), implica a realização de 3 - 4 trocaspor dia, cada uma delas com a duração decerca de 20 - 30 minutos, distribuídasao longo do dia, de modo a alterar o mínimopossível a rotina e a actividade laboral do doente.Os horários preferíveis são: ao acordar,durante o dia, escolhendo momentos que nãosejam muito próximos (hora de almoço e antesde jantar), e ao deitar. Não existem horáriosrígidos, desde que seja respeitado um intervalomínimo de, pelo menos, 4 - 5 horas entreas trocas. Em cada troca o doente prepara umsaco novo. A saída do líquido (drenagem)faz-se por gravidade através do cateter, dacavidade peritoneal para um saco vazio colo-cado abaixo ou no chão. Durante a entrada(infusão), o líquido colocado no saco sus-penso entra para o abdómen, também porgravidade. Normalmente, para um adulto, ovolume ronda os dois litros.

Uma vez trocado o líquido que estava nacavidade peritoneal, o circuito é encerradoe pode fazer a sua actividade quotidiana,trabalhar, fazer compras, fazer a lida da casa.Em qualquer caso, se escolher este tipo dediálise, pode, em conjunto com a equipa queo acompanha, determinar e estabelecer oshorários que melhor se adequam à sua vidae à sua saúde.

No caso da Diálise Peritoneal Automática(DPA), a troca de diálise é efectuada automati-camente por um aparelho (cicladora) ao qualo doente se liga à noite, antes de ir dormir,e do qual se desliga de manhã, quando se le-vanta. A duração da diálise é de cerca de 8 - 9horas por noite, enquanto o número de trocasefectuadas será de acordo com as exigênciasclínicas de cada doente. Deste modo, é possívelque não necessite de trocas diurnas. Tambémneste caso, o tipo e a quantidade de líquidoa utilizar serão prescritos pelo seu Médico combase nas suas necessidades. Vários Serviços deapoio e Profissionais ajudá-lo-ão a organizar damelhor forma a diálise em casa, assim como afrequentar as consultas regulares no hospital,controlando o seu tratamento.

Cicladora

CAPÍTULO 05 61PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 60

Formação

O Médico e o Enfermeiro dedicados à diáliseperitoneal informa-lo-ão de tudo o que énecessário para começar a realizar diálise emsegurança. Atenção e higiene são duas com-ponentes que devem estar sempre presentesquando faz diálise peritoneal, para prevenircomplicações infecciosas:

• peritonite;• infecção do orifício de saída.

A peritonite é, na verdade, a principal complicaçãoinfecciosa da diálise peritoneal e deve-se àpenetração de microrganismos na cavidadeperitoneal. Na maior parte dos casos, é deter-minada por uma penetração externa, atravésdo cateter peritoneal, de micróbios presentesno ambiente, no nariz, na boca e, sobretudo,nas mãos, por um erro cometido durantea execução da diálise.

Para evitar infecções é importante:

• a higiene pessoal e o usoda máscara durante a troca;

• um ambiente limpo onde fazera diálise;

• e atenção quando faz a diálise.

A diálise peritoneal, o meucorpo e a vida de casal

No início, a presença do líquido na cavidadeperitoneal e do cateter, pode ser fonte de mal--estar ligeiro ou incómodo. Pouco tempo depois,estas sensações desagradáveis diminuem e,tanto o líquido como o cateter, tornam-se parteintegrante do organismo e não causarão nenhumincómodo nos movimentos de todos os dias,nem sequer nos momentos íntimos.

Diálise peritoneal e trabalho

No que diz respeito ao trabalho, no caso deefectuar DPCA, os horários das trocas podemser adaptados.A troca do meio-dia pode ser realizada no localde trabalho, no caso de ser impossível o doenteir a casa. Com a diálise peritoneal automática(DPA), pode não necessitar de fazer trocasdiurnas.

Actividade física e dieta

A actividade física melhora a condição física epsicológica, por isso, é aconselhada em qual-quer idade. Tente manter os passatempos e oshábitos anteriores ao tratamento. Pergunte aoseu Médico que tipo de desporto pode praticar.As actividades desportivas aconselhadas são:as caminhadas, a corrida, os exercícios emginásio. Se faz diálise peritoneal, desportoscomo o futebol, o basquetebol, o pugilismo,as artes marciais, o mergulho podem danificaro cateter, não sendo por isso recomendados.

Os benefícios que provêm de um exercíciofísico adequado são representados pelo factode consumir calorias, melhorar o apetite e otónus muscular; na prática, ajuda-o a sentir-semelhor. No que diz respeito à dieta, aconselha--se limitar a ingestão de hidratos de carbono(açúcares, pão, massa), pois o organismo járecebe um elevado teor destes constituintesda dieta, através da glucose contida no líquidoda diálise; deverá antes aumentar o consumode proteínas, legumes e frutas. Em qualquercaso, o Médico pode dar-lhe conselhos maisrigorosos e mais adequados à sua situação.

CAPÍTULO 05 63PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 62

A diálise peritoneale os tempos livres

Com um pouco de organização é possívelorganizar as férias em colaboração com o seucentro de diálise. A DPCA oferece o máximode liberdade de movimentos; na verdade, paradeslocações de poucos dias, é suficiente odoente levar um número de sacos correspon-dente ao número de trocas que tenciona fazerfora de casa, enquanto, para férias maislongas, os sacos, segundo indicação do centro,serão entregues directamente pela firmafornecedora no local escolhido. No caso daDPA, é possível levar consigo o aparelho que,como pode ver na foto, uma vez metido numamala, é facilmente transportável.

Vantagens:

• Estilo de vida mais flexível e maior independência.

• Visita ao hospital só uma vez por mês.

• Terapia contínua, portanto mais fisiológica.

• Não precisa de se deslocar repetidamente casa - clínica /clínica - casa.

• Fácil de fazer, mesmo em férias.

• Pode fazê-la enquanto dorme (no caso de fazer DPA).

Desvantagens:

• Diálise diária.

• Cateter permanente externo.

• Risco de infecção.

• Risco de aumento de peso.

Diálise Peritoneal

Cicladora

Capítulo06

OPTAR INFORMADO

Hemodiálise

Capítulo06PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 64

A Hemodiálise é uma modalidade terapêuticaque permite remover as substâncias tóxicas,que aumentam no organismo quando os rinsestão insuficientes, fazendo passar o sanguepor um filtro.

Onde se efectua?Esta técnica pode ser realizada:

• em hospital;• em centro extra-hospitalar;• em casa, com a ajuda de um familiar comformação prévia na execução desta técnica.

Capítulo 06

Hemodiálise

CAPÍTULO 06 67PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 66

CAPÍTULO 06 69PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 68

A Hemodiálise

A diálise é efectuada por uma máquina que,hoje em dia, é muito sofisticada. Uma vez esta-belecido o plano do tratamento, o Enfermeiropromove todos os procedimentos que levam àrealização da diálise em condições de quali-dade e segurança durante toda a sessão.

A hemodiálise não é dolorosa, excluindoo incómodo inicial, quando são introduzidasas duas agulhas na veia. As perturbações maisfrequentes que podem manifestar-se duranteo tratamento são: diminuição da tensão arterial(hipotensão) e cãibras musculares, especial-mente nas pernas. Estas perturbações podemser causadas pela diminuição muito rápida dapressão (saída de líquidos).

O doente habitua-se a reconhecer e a assinalarimediatamente ao Enfermeiro alguns sintomas,como sensação de fraqueza e náuseas, demodo a serem prevenidos e resolvidos.Durante a sessão dialítica é possível ler, ouvirrádio, ver televisão ou conversar com as outraspessoas.

Se a hemodiálise for feita em casa, énecessário um espaço adequado, provido deágua e tomada eléctrica paraa máquina. Também nesta modalidadeé fornecido todo o material necessário.

Todas as despesas ficam a cargo do ServiçoNacional de Saúde. Neste caso, é indispen-sável a presença fixa de um acompanhante/aju-dante, normalmente um familiar.

Trabalho e hábitos de vida

O doente que faz hemodiálise poderá manteruma actividade profissional regular, emboranecessite de promover alguma adaptação doshorários, no sentido de compatibilizar otrabalho com a diálise. A Assistente Social doseu hospital ou do Centro de Diálise poderádar-lhe os esclarecimentos necessários. Habi-tualmente, após o início da hemodiálise regu-lar, esta é realizada em dias e horas fixas nasemana. O seu dia-a-dia deverá ser re-organi-zado tendo em atenção este facto.

Deve planear as viagens de ida e volta ao hos-pital ou clínica. Muitos doentes são autónomose conduzem o seu automóvel, enquanto outrosse sentem mais seguros, se um parente ouamigo conduzir o automóvel. Pode dispor detransporte em ambulância ou táxi. Esta é umamatéria que deverá abordar com a AssistenteSocial do Hospital ou do Centro; o transporte ésuportado pelo Serviço Nacional de Saúde.

Dieta e exercício físico

Nos insuficientes renais em diálise, os benefí-cios, quer a nível físico, quer a nível psicológico,do exercício físico estão bem documentados.Com a actividade física, o metabolismo dasgorduras e dos açúcares melhora, tal como aanemia. Em particular, os doentes com doresósseas e articulares obtêm benefício com oexercício físico. A dieta prevê um aporte nor-mal de calorias, proteínas, gorduras e açúcares.

Aconselha-se consumir com moderaçãoalimentos que contenham fósforo e potássio(queijo, fruta e legumes) e alimentos muitosalgados que, provocando sede, originam umaumento de peso corporal (pois os rins nãoproduzem urina e não conseguem eliminar aágua em excesso). Este excesso terá de serremovido durante a sessão dialítica seguinte.

Sangue "limpo" que sai dofiltro e volta à veia do doente

Filtro

Quando se efectua?

Para obter uma depuração eficaz, normalmentefaz-se hemodiálise três vezes por semana, emdias alternados. Cada sessão dura cerca dequatro horas, durante as quais o doente ficaligado à máquina de diálise.

Como se efectua?

Para efectuar hemodiálise são necessários:uma veia do braço "adequada" (acesso vascular),a máquina de hemodiálise, uma cama oucadeira, um Enfermeiro ou, caso seja efectua-da em casa, o apoio de um familiar.

A criação da veia do braço "adequada", tam-bém chamada "acesso vascular e/ou fístula",consiste em realizar, mediante uma pequenaintervenção cirúrgica com anestesia local, umaligação entre uma artéria e uma veia do braço,como se vê na figura. Obtém-se, deste modo,uma passagem directa de sangue da artériapara a veia, de forma a que esta última setorne suficientemente grande e robusta parapermitir a fácil inserção das duas agulhas. Emcada sessão dialítica são inseridas, no braço dodoente, duas agulhas. Uma permite que osangue vá até ao filtro e, através de ummecanismo propulsor, retire os produtos tóxi-cos acumulados. Num movimento contínuo, osangue é devolvido ao doente através da outraagulha.

A Hemodiálise e as viagens

O doente em hemodiálise pode viajar, apesarde ser preciso maior empenho na organizaçãodos circuitos e saídas, do que se fizesse diáliseperitoneal. Nesse caso, é necessário agendaras sessões de diálise num centro próximo doseu local de férias.

CAPÍTULO 06 71PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 70

CAPÍTULO 06 73PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 72

Vantagens:

• Diálise com pessoal especializado.

• Manter um contacto regular com a equipa médica.

• Três sessões de diálise por semana e os outros dias livres.

• Não ter material em casa.

• Médico disponível em caso de emergência.

Desvantagens:

• Viagem ao centro três vezes por semana.

• Necessidade de ter uma fístula no braço.

• Inserção de duas agulhas em cada sessão de diálise.

• Possíveis sintomas depois da diálise: dores de cabeça,cãibras, náuseas, fadiga.

Hemodiálise em Centro

Vantagens:

• É sempre a mesma pessoa que o ajuda a fazer a diálise.

• A diálise pode ser controlada por si.

• Não há viagens casa - hospital.

Desvantagens:

• Necessidade de um acompanhante com formação.

• Necessidade de espaço para os materiais.

Hemodiálise Domiciliária

PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 74

Capítulo07

OPTAR INFORMADO

Transplante Renal

Capítulo 07

CAPÍTULO 07 77PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 76

O transplante renal é a forma mais completade substituição da função renal. Através de in-tervenção cirúrgica, um rim extraído a umcadáver (transplante de cadáver) ou de umdador vivo (transplante de dador vivo), é trans-plantado para o corpo de um doente afectadopor insuficiência renal crónica terminal.

Onde se efectua?

Nos hospitais habilitados para fazer transplan-tação de órgãos. No momento, existemcentros de transplantação em Lisboa, Almada,Coimbra e Porto.

Quando se efectua?

Para ser considerado candidato para transplan-tação, deve ser-se sujeito a uma série deexames (radiografias, análises ao sangue, etc.)que devem excluir a presença de eventuaisdoenças, que a contra-indiquem ou que im-peçam o doente de tomar os medicamentosanti-rejeição que obrigatoriamente terá detomar após a cirurgia.

Uma vez incluído na lista de espera, o doentepoderá receber um transplante quando surgirum rim disponível (de cadáver), que apresenteuma boa "semelhança" (compatibilidade) comas características do seu organismo.

No caso de um familiar se oferecer para doarum dos seus rins ao doente (transplante dedador vivo), o dador efectuará uma série deexames para avaliar, quer a viabilidade clínica,quer a compatibilidade do rim.A transplantação só será efectuada quandotodos os exames feitos demonstrarem quenão há nenhum problema para o dador e parao receptor.

Capítulo 07

Transplante renal

CAPÍTULO 07 79PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 78

Como funcionaa "lista de espera"?

Os dados do sangue do doente em lista deespera são memorizados e actualizados, de 3em 3 meses, no computador da Lusotransplante(Entidade reguladora de transplantação).Os dados relativos aos órgãos disponíveis(de cadáver) são também inseridos na basede dados: a selecção do receptor é efectuadapelo computador, com base na mais elevada"semelhança" ou "compatibilidade" entreo dador e o receptor.

Como se efectua?

A intervenção é realizada sob anestesia gerale dura cerca de 3 - 4 horas. O rim é inseridona fossa ilíaca direita ou esquerda (na regiãoinguinal), perto da bexiga. Os rins naturaisficam no seu lugar, mesmo que já não fun-cionem. Só em casos particulares (por exem-plo, rins poliquísticos) é que poderão serremovidos antes do transplante.Como não é possível prever quando apareceum rim compatível, durante a espera é bomque o doente leve uma vida o mais normalpossível: trabalho, família, respeitar o programade diálise o melhor que puder e tentar manteruma boa forma física.

• Alimentar-se de modo correcto.

• Comunicar, oportunamente, ao Médico da diálise ou aos Enfermeiros problemascomo febre, dores de estômago, dores de dentes;

• Seguir o tratamento prescrito, sobretudo, tomar sempre os medicamentos paraa tensão no caso de ser hipertenso.

• Se vai fazer uma viagem breve ou longa, deixe sempre o seu contacto telefónico.

Alguns conselhos úteis enquanto aguardaem lista para transplantação:

• Tomar regularmente os fármacos anti-rejeição, seguindo as indicaçõesdo Nefrologista. Estes medicamentos são indispensáveis para evitar a rejeiçãodo rim transplantado.

• Verificar se não tem febre e/ou ardor quando urina.

• Seguir a dieta.

• Controlar a tensão arterial.

• Apresentar-se regularmente ao controlo nefrológico.

Após a Transplantação, alguns conselhos úteis:

A espera é um período difícil, mas lembre-se que o rim adequado para si é o que tiver maiorcompatibilidade (semelhança) entre o seu e o do potencial dador.

Rimtransplantado

INTRODUÇÃO 81PROGRAMA EDUCATIVO PRÉ-DIÁLISE 80

Notas

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