Práticas corporais no contexto contemporâneo - (in)tensas ...
Press Review page - ClipQuick · 2009-12-30 · As relações entre Belém e São Bento estão mais...
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Asrelações entre Belém e São Bento estão mais
tensas do que nunca, à entrada para 2010. A
cooperação estratégica já fez o seu tempo e as
críticas de responsáveis do PS ao Presidentetêm, com o apoio explícito de José Sócrates, subido de tom.Já os recados de Cavaco sobre a situação económica e oendividamento do País também não poupam o Governo.Num ano decisivo para o arranque dos grandes projectos,como o TGV, de que o PR é um crítico; num ano em quesurgirá uma nova liderança do PSD; e num ano, finalmente,em que Cavaco terá de tomar uma decisão sobre a eventualrecandidatura presidencial, estão reunidos os ingredientespara uma crise política definitiva entre Sócrates e Cavaco,caso nenhum deles faça algo para inverter a escalada deconfronto. Esticará Sócrates a corda, para forçar eleiçõesantecipadas e tentar recuperar a maioria absoluta? Deacordo com o artigo 172.° da Constituição, «a Assembleiada República não pode ser dissolvida nos seis meses pos-teriores à sua eleição e no último semestre do mandato do
Presidente da República». Como o mandato de Cavaco Sil-va termina a 9 de Março de 2011, o Presidente não poderádissolver o Parlamento depois de 9 de Setembro de 2010. E
como as eleições tiveram lugar a 27 de Setembro de 2009, aAssembleia não poderá ser dissolvida antes de 27 de Marçode 2010. 0 que significa que, a acontecer, o segundo Gover-no de José Sócrates só poderá cair entre os meses de Abril e
Agosto de 2010. Virá aí um Verão quente?
O Governo pode cair entre Abril e Agosto
As comemorações do centenário da Repú-blica começam a 31 de Janeiro, com umacerimónia oficial no Porto, que evocaráa Revolta Republicana de 1891, mas pro-longam-se até 5 de Outubro. Presidida
por Artur Santos Silva, a comissão
nacional, da qual também fazem parteMaria Fernanda Rollo, Raquel Henri-
VIVA A REPÚBLICA?
Monárquicospretendemdiscutir o regime
quês da Silva, Francisco Sarsfield Cabral e João Serra,está a organizar um extenso programa que, entreoutras iniciativas, prevê a realização da exposiçãoResistência Republicana 1892-1974, na Cadeia da Rela-
ção, no Porto. Durante 2010 ouvir-se-ão alguns vivasà República, mas, politicamente, o ano poderá ser
marcado pelo regresso da discussão Repúblicaversus Monarquia. Tanto mais que, depois da
substituição da bandeira da Câmara Municipalde Lisboa por alguns elementos do bloque 31
| da Armada, no último Verão, Paulo TeixeiraPinto, presidente da Causa Real, já disse
que o ano do centenário da Repúblicapode ser o princípio de «uma nova era
para o movimento monárquico». S.B.L.
Calendário políticoJaneiroDialA República Checa e a Hungria entram
na Zona Euro
Espanha assume a presidência da
União Europeia
Entrada em vigor do novo Acordo
Ortográfico, que, no entanto, segundoa ministra da Educação, Isabel Alçada,ainda não será ensinado nas escolas
Dia 8Discussão sobre o casamento gay, na
Assembleia da República
Dia 14
Apresentação do Orçamento do Estado
Dia 260 Parlamento Europeu vota a nova
equipa de comissários de Durão
Barroso
Dia 31
Início oficial das comemorações do
centenário da República
AbrilDias 23 e 24
Em Montemor-o-Novo, decorre
o 10.° Congresso da FENPROF
MaioDia 11
A Macedónia assume a presidênciado Conselho da Europa, sucedendo
à Suíça
Eleições directas no PSD, às quais
se seguirá a realização do XXXII
Congresso «laranja». No entanto,
se os desígnios de Santana Lopesforem atendidos, este será antecipado
para Março
Rui Machete deixa a presidência da
Fundação Luso-Americana para o
Desenvolvimento
JulhoDialBélgica assume a presidência da UE
O debate sobre o Estado da Naçãodeve ser marcado para meados do mês
No segundo semestre de 2010, terão
início as obras do primeiro troço do
TGV, que fará a ligação Poceirão-Caia
SetembroDeverão ser apresentadas as
candidaturas para as presidenciais
que, em princípio, se efectuarão em
Janeiro de 2011
NovembroDias 19 e 20Cimeira da NATO, em Lisboa. Segundoo ministro dos Negócios Estrangeiros,Luís Amado, a data ainda não está
«fechada»
Dezembro
Deverá ter início a campanha eleitoral
para as eleições presidenciais
congresso PSD em convulsãoPoucos acham inocente a intervenção de Pedro Santana Lopes que, na semana antesdo Natal, na SIC Notícias, exigiu a realização de um congresso do PSD. O ex-líder
social-democrata, ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Câmara de Lisboa é umacaixinha de surpresas e poucos se admirariam se, durante o congresso, palco em que a
sua habilidade é conhecida, tentasse reconquistar o partido. Deixará Marcelo Rebelo
de Sousa que o PSD lhe seja entregue, ele que tanto criticou Santana na sua tribunatelevisiva? E Aguiar Branco, o actual líder da bancada parlamentar laranja, avançará,como querem sectores importantes do partido? Que fará Luís Filipe Menezes, do
palco autárquico do segundo maior município português, de que é líder incontestável?
Depois da discussão sobre o Orçamento de Estado, é certa a ebulição no partido de
Manuela Ferreira Leite, que já anuiu quanto à realização daquela reunião magna.
costumes Casamentos arco-írisA proposta de lei 7/XI, que deu entrada no Parlamento a 21 de Dezembro, quatro dias
antes do Natal, será discutida durante a primeira quinzena de Janeiro e provocará, a
ser aprovada, a maior revolução de costumes do Portugal moderno. Em apenas cinco
artigos, o Governo propõe a revogação dos dispositivos do código civil que proibiam o
casamento entre pessoas do mesmo sexo e impede explicitamente a adopção de crian-
ças por casais gay. Uma no cravo outra na ferradura - abre a porta a uma revolução civil
consagrada em apenas uma dezena de países mas não vai tão longe quanto foram os
socialistas espanhóis ou quanto desejava o Bloco de Esquerda, que, nas propostas que
apresentou sobre a mesma matéria permitia também a adopção. Com ou sem pacto de
silêncio por parte da Igreja Católica, parece inevitável a consagração civil do casa-mento degays e lésbicas - que a direita portuguesa considera umfait divers mas queafincadamente discute, há mais de um ano, exigindo um referendo para cuja realização
promoveu numa campanha de assinaturas que a levou de igreja em igreja, na épocanatalícia. Mas o Pai Natal parece ter feito orelhas moucas...
parlamento Legislação f racturante?O Bloco de Esquerda e o seu líder, Francisco Louçã, são abertamente favoráveis a
legislação que permita a morte medicamente assistida. A Associação Portuguesa de
Bioética é também pela consagração do testamento vital, documento assinado em
vida, no qual um cidadão decide antecipadamente pelo cancelamento «de tratamentosfúteis e desproporcionados», em caso de doença terminal. Também o PS quer aprovarlegislação sobre este assunto, apesar do falhanço de Maio de 2009. Nesta altura, o
documento, de iniciativa da deputada socialista Maria de Belém Roseira, não viu a luzao fundo do túnel, depois de um parecer negativo do Conselho Nacional de Ética paraas Ciências da Vida. Mas é provável que o tema regresse ao Parlamento, antevendo-semais um aceso debate sobre este tema fracturante.
CELEBRAÇÕESESPECIAIS EM FÁTIMA
Em Maio, o Papa Bento XVI visitará,pela primeira vez, o santuário, e presidirá a missas
campais, em Lisboa e no Porto
Ascelebrações do 13 de Maio, em Fátima, serão, em
2010, muito especiais. O Papa Bento XVI aceitou
o convite do Presidente da República para visitar
Portugal e, além da realização de missas cam-
pais, em Lisboa e no Porto, presidirá às comemorações da
aparição de Maria. O Papa visitará o santuário pela primeiravez - e logo num ano cheio de efemérides: passam cem anos
sobre o nascimento da pastorinha Jacinta Marto, uma déca-
da sobre a beatificação de Francisco e Jacinta, e cinco anossobre a morte da irmã Lúcia.
O processo de beatificação da terceira pastorinha poderá conhecer novos avanços, também cm 2010. Segundo as
regras do Direito Canónico, só cinco anos após a morte se
podem iniciar os trâmites para a santificação. Mas o caso de
Lúcia foi considerado uma excepção pelo Papa, que aprovoua abertura do processo já há dois anos. A mesma excepçãosó foi, até hoje, concedida a Madre Teresa de Calcutá e a
João Paulo 11. O Papa polaco, grande devoto da Senhora de
Fátima, foi recentemente considerado «venerável» pelo seu
sucessor, estando prevista a sua beatificação para Outubrodo próximo ano.
EDUCAÇÃOÀ maneirade IsabelIsabel Alçada, ministra da Educação,anunciou, recentemente, a revisão do
currículo do 3.0 Ciclo do Ensino Básico.
A alteração, que afecta os alunos do 7.0
,
B.° e 9.0 anos, só entra em vigor no anolectivo de 2010/1 1. Mas deverá ter boa
aceitação, já que pais e alunos se quei-xam do excesso de carga curricular, no
3.0 Ciclo. O problema não está tanto na
carga horária, que se manterá, quanto,
sobretudo, na variedade de disciplinas- 13, ao todo. Com esta medida, Isabel
Alçada pretende evitar a «dispersão»dos alunos, que dividem as atenções pordemasiadas cadeiras, muitas delas extra-
curriculares, não podendo dedicar-se em
pleno a nenhumas. Menos consensual é
o adiamento do Acordo Ortográfico. EmNovembro último, a ministra da Cultu-
ra, Gabriela Canavilhas, tinha garantido
que o acordo era para vigorar a partir de
Janeiro de 2010. Isabel Alçada, contudo,
já disse que as escolas ainda não vão
funcionar no próximo ano, com base no
diploma que muda as regras de escrita,
apesar de estar assinado desde 1990.
¦ TENSÕES SOCIAIS O fimI da recessão técnica nãoI significa mais empregos
DESEMPREGO
Outra veza subirO flagelo do desemprego, que atingiu, este
ano, o valor mais alto desde há muitos anos
(10,2%, em Novembro, de acordo com os
dados do Eurostat) , deverá persistir ao
longo do próximo ano. Ninguém quer fazer
estimativas, mas é pouco provável que a
taxa de desemprego baixe dos dois dígitosao longo de 2010. Apesar de a economia dar
já sinais de recuperação, o certo é que, a
avaliar pela história económica recente, os
postos de trabalho apenas começam a ser
gerados entre um ano e um ano e meio apósum país sair da recessão. E Portugal aindaestá mergulhado nela.
JUROSAcabou a festaTecnicamente, a recessão chegou ao fim na Zona Euro. Ao longo do próximoano, a economia deverá começar a crescer, o que criará condições para queo Banco Central Europeu (BCE) reveja a política seguida, até agora, de ma-
nutenção das taxas de juro num nível muito baixo - 1 por cento. O objectivode tão drástica redução dos juros foi estimular a economia. Dito isto, nummomento de retoma, é economicamente previsível que as taxas subam um
patamar. O que já está a acontecer nos EUA. A Reserva Federal admitiu queos juros aumentarão ao longo do ano. No entanto, as dificuldades que ainda
sentem alguns países da Zona Euro, nomeadamente a Grécia, não deixarãode condicionar a acção do BCE, que poderá ficar de mãos atadas, na hora de
alterar a taxa directora. Maus tempos para os gregos, mas que significarãomais uns meses de poupança para todos aqueles cujos empréstimos parahabitação se encontram indexados à Euribor.
JUSTIÇAEterno julgamentoPergunta: em 2010 será conhecida a decisão do maior processo de pedofilia em
Portugal? Resposta: pode acontecer que a sentença do «caso Casa Pia» seja lida,
apenas, em 2011... Prognósticos, como alguém dizia, só depois do jogo - apesardas 449 audiências que o julgamentojá leva. Aconclusão das alegações finais,em Fevereiro de 2009, fez crer que ajuíza Ana Peres iria agendar, para breve, a
leitura da sentença. Mas a verdade é que os arguidos Carlos Cruz, Carlos Silvino
(ou Bibi), Jorge Ritto, Ferreira Diniz, Hugo Marcai, Gertrudes Nunes e ManuelAbrantes continuam a aguardar o veredicto. Ricardo Sá Fernandes, advogadode Carlos Cruz, já fala em «tortura psicológica», e anunciou que irá pedir a sepa-ração do processo do seu constituinte, para que a sentença que lhe respeita che-
gue mais depressa. Neste momento, o pormenor que pode atrasar ainda mais
o final do julgamento é o facto de Ana Peres ter aceitado alterar datas e lugaresde alguns dos crimes que constavam da acusação. Ajuíza prometeu explicaresta decisão na sessão marcada para 11 de Janeiro. É provável que, nessa altura,voltem a chover requerimentos dos defensores dos arguidos.
OBRAS PÚBLICAS
Acelerar ou travar?O novo aeroporto de Lisboa, o TGV e o Plano Rodoviário Nacional surgemcomo algumas das grandes apostas apresentadas no programa do Governo.O concurso para a primeira fase do novo aeroporto deverá mesmo ser lan-
çado no primeiro semestre deste ano. E José Sócrates já admitiu que quer a
rede de alta velocidade pronta até 2015, o que obrigaria a avançar, desde já,com todos os concursos para que o prazo fosse cumprido. Mas a asfixia or-
çamental poderá tornar-se razão suficiente para que o Executivo vá adiando
estes projectos, até que as contas públicas encontrem algum equilíbrio.
AUMENTOS AVISTA?O Governo é o único a dizer que não
Teixeira dos Santos, ministro das Finanças, prome-
teu, diversas vezes, não aumentar os impostos.Mas à luz da situação financeira do País, o gover-nante é dos poucos (ou porventura, o único) com
semelhante opinião. Basta olhar para a quebra das receitasfiscais em 2009 - foram de tal maneira elevadas (4,5 milmilhões, até Novembro) que o Executivo será forçado a
tomar medidas drásticas para reduzir o défice orçamental,o qual deverá, obrigatoriamente, cair para 3% do PIB, em
quatro anos. A OCDE, várias agências de rating internacio-nais e diversos economistas portugueses já avisaram que,para concretizar esta tarefa, o Governo terá de reduzir as
despesas da administração pública e aumentar os impostos.Um beco sem saída? Será o Executivo obrigado a voltar com¦a palavra atrás? Não, necessariamente. Afinal, esta subida
pode fazer-se sem... aumentar as taxas de cobrança de im-postos. Reduzir os benefícios fiscais, por exemplo, tambémfaz crescer a receita do fisco...
FINANÇAS PÚBLICASA crise europeiaDepois da turbulência financeira, vários países
europeus enfrentam, agora, um outro problema:a crise das finanças públicas. Grécia, Irlanda,Portugal e Espanha são alguns dos casos mais
preocupantcs. Os países gastaram dinheiro emvários programas para atenuar o efeito da crise.Por outro lado, da crise resultou uma quebra dereceita fiscal. Tudo conjugado, o défice orçamentalportuguês disparou para cima dos 8% do PIB. Mas ocaso mais grave é o da Grécia, que apresenta umadívida pública de 300 mil milhões de euros e odéfice orçamental mais elevado dos últimos 16
anos. Na Irlanda, o Orçamento do Estado para2010 já incorpora as medidas drásticas que,mais tarde ou mais cedo, terão de ser adopta-das também pelos outros países com sériasdificuldades nas Finanças Públicas: cortesnos salários da Função Pública, redução das
despesas sociais e aumento de taxas.
Este será o ano em que os capitais angola-nos revelarão o seu peso significativo naeconomia portuguesa. Depois de tercomprado uma percentagem da Zon,
Isabel dos Santos, filha do Presidentede Angola, prepara-se para negociara entrada noutras empresas c i nves-tir em novos projectos. A estratégia
é cada vez mais clara: tomar po-sições em firmas portuguesas,
mesmo em minoria accionis-
ta, para lhes permitir actuarem Angola. E há cada vezmais empresas portuguesasa querer dar o salto paraaquele país africano.
ANGOLA
Compras de Isabel
IISABEL DOS SANTOS
Ponta-de-lança doinvestimento angolanoem Portugal
Assim que a Airbus anunciou o lançamento do A3BO, o
maior avião comercial de sempre, a Boeing viu-se obrigadaa fazer, também ela, um anúncio de um produto inovador.
O construtor aeronáutico norte-americano não quis ser
diferente c apostou num modelo mais eficiente, mais leve,
menos gastador e mais aerodinâmico, o Dreamliner. E 2010
será o ano da estreia da nova aeronave, que já conta com
840 encomendas por parte de 55 companhias aéreas.
AVIAÇÃO
Boeing apresentao Dreamliner
CIMPORGuerra de betãoA disputa pelo controlo da Cimpor poderá ser uma das
maiores batalhas deste ano, no mundo dos negócios.
Depois de a empresa brasileira Companhia Siderúrgica Na-cional ter lançado uma oferta pública de aquisição hostil, a
também brasileira Camargo Corrêa entrou na corrida. Para
já, está em conversações com os principais accionistas com
vista à entrada no capital da Cimpor. Na semana passada,foi a vez dos suíços da cimenteira Holcim anunciarem, em
declarações ao Jornal de Negócios, que estão «a acompanharo desenvolvimento» desta operação. Este grupo já tentaracontrolar a Cimpor, em 2000, quando, em conjunto com
Pedro Queiroz Pereira, lançou uma OPA sobre a cimentei-
ra portuguesa. Os dados estão lançados.
BANCA
Duas batatas quentesO destino mais natural do Banco Português de Negócios
poderá passar pela (re)privatização da instituição, que está
actualmente nas mãos da Caixa Geral de Depósitos. Será
apenas uma questão de encontrar o preço certo para ven-der o banco, já que as sua rede de balcões - mais de 200 - é
ÍNDIAMais industrialAlém de ser um dos países onde a economia mais tem cresci-
do nos últimos anos, a índia prepara-se para atingir mais um
marco histórico, em 2010: a produção industrial vai ultra-
passar a produção agrícola. E não é por esta última estar a di-
minuir. Bem pelo contrário, as fábricas é que produzem cada
vez mais. Nos últimos 20 anos, a produção agrícola indiana
duplicou em valor, mas a produção industrial quadruplicou.Mais um passo na evolução do gigante asiático.
um cartão-de-visita suficientemente atractivo para cativar
compradores, cá dentro, e lá fora.
Quanto ao Banco Privado Português, a questão pareceser mais complicada. A solução encontrada pelo Gover-
no não agrada aos accionistas, nem aos clientes, nem ao
sistema bancário. Por sua vez, a CMVM chumbou a criaçãode um fundo especial de investimento para os clientes de
retorno absoluto. A proposta do empresário Duarte D'Orey- que passa pela injecção de dinheiro pelos accionistas c a
transformação dos créditos de alguns clientes em capitaldo banco - parece ser a solução, até porque essa seria a for-
ma de o Estado reaver o dinheiro do aval que deu ao BPP.
CARRO ELÉCTRICO
Emissões zeroA partir de 2010, começarão a circular os primeiros carros
movidos a electricidade, produzidos em massa. Totalmente
eléctricos, estes veículos não emitem, directamente, CO2
para a atmosfera. A autonomia ainda é reduzida - cerca
de 160 km -, mas a segunda geração de baterias permitiráduplicar o número de quilómetros percorridos com uma só
carga. Renault, Nissan, Mitsubishi e Peugeot são algumasdas marcas que ficarão associadas ao arranque do «carro do
futuro». Em Portugal, a rede de abastecimento estará prontaem 2010, com mais de 1 300 postos de carga. No entanto, os
primeiros carros apenas chegarão ao nosso país em 2011.
Acorridapara a sucessão de Lula da Silva já come-
çou. O processo eleitoral iniciou-se, há dias, coma desistência de um forte candidato à presidência,Aécio Neves. O governador de Minas Gerais faria
concorrência a José Serra, ambos do PSDB, numa difícil
guerra a ser disputada no interior do partido dos «tucanos».O «não» de Aécio atirou a disputa para o colo
de Serra, que até hoje não anunciou a sua candidatura.O silêncio do governador de São Paulo é o seu maior trunfo,na concorrência à pré-candidata de Lula, a ministra da Casa
Civil, Dilma Roussef. O PT mostra-se nervoso ao imaginarum confronto «puro-sangue», com Serra na cabeça e Aécio
como vice, renovando a tradição nacional da política «café
com leite» - a aliança entre paulistas e mineiros, os motoresda economia. Lula disfarça com declarações do tipo «dois
craques de futebol não cabem no mesmo time». Sem se dar
por achado, Serra responde: «Quando o jogador é bom, dá
para duplicar.»As eleições de zoio serão as primeiras desde 1989 em que
Lula não participa. Dilma corre por ele, até agora com 23%das intenções de voto. Serra tem 37% mas Dilma empataria,com os 15% correspondentes aos candidatos que se declaram
dispostos a apelar ao voto na figura proposta por Lula, seja
qual for. Esses 15% vêm do baixo estrato social e escolar, querecebe a Bolsa Família. Para desequilibrar a balança eleitoralexiste ainda Ciro Gomes, que também concorre pelo PSB.Seus 13% reduzem a vantagem de Serra que, sem Ciro, amigodo peito de Lula, poderia ganhar na primeira volta. Para
contrabalançar, Marina Silva, do PV, vai usar os seus actuais8% para incomodar Dilma. Lula não sabe se será possíveltransferir para Dilma a sua própria aprovação popular queoscila entre 70 e 80 por cento. Alguns analistas dizem queSerra vencerá na segunda volta. Mas, no Brasil, tudo começadepois do Carnaval. É preciso esperar por Março para os
candidatos darem a cara e se aferroarem com gosto até às
eleições de Outubro.
E DEPOIS DE LULA?Dilma vai tentar manter a presidência no PT
AFEGANISTÃO
A história sem fimNo mesmo discurso em que anunciou o envio de mais 30 milsoldados americanos para o Afeganistão, ao longo de 2010,Barack Obama fixou o mês de Julho de 201 1 para começar a
retirar as tropas do país.
Perspectiva demasiado
optimista, como admi-tiram a secretária de
Estado, Hillary Clinton,e o secretário da Defesa,Robert Gates. «Nãovamos retirar atirando
os tipos para a piscina»,afirmou Gates.
Em primeiro lugar, os 30 mil novos soldados só estarãointeiramente operacionais, na melhor das hipóteses, no fim do
ano. Segundo: a topografia afegã apresenta todos os dias novosdesafios tácticos e logísticos. Finalmente, não é crível que, em
apenas um ano e meio, o país supere as suas enormes carências
ou que as forças afegãs fiquem preparadas para lidar sozinhas
com os talibans. Comandantes locais garantem que precisam de
mais cinco anos, pelo menos.O comandante conjunto das
tropas americanas no territó-
rio, o almirante Mike Mullen,já admitiu que, após oito anosde ocupação, o próximo anovoltará a ser «violento».
IFICAR OU SAIR? Em 2010,os militares esperam poucaspausas e muitos combates
reino unido Adeus, GordonO candidato a primeiro-ministro do partido conservador britânico, David Cameron, de
41 anos, é conhecido pela retórica e empatia com os eleitores. Características que lhe
valem uma vantagem de dez pontos sobre os trabalhistas. 25 de Março será provavel-mente a data das eleições - e também o dia em que Gordon Brown abandonará o poder.
A imagem carismática do líder dos conservadores é mais importante que a ideologia.O programa eleitoral inclui a diminuição da intervenção do Estado e o controlo das
finanças públicas. Para ajudar a combater a pobreza, propõe uma maior responsabili-
zação social dos cidadãos. Cameron acredita que baixar os impostos estimula a criação
de riqueza, mas com o défice nos 14% só pode fazer uma promessa: ser realista.
CalendárioAno de sufrágios
Em 2010, todos os continentes
vão a votos. Eleições presidenciais
e legislativas marcam o calendário
político de vários países.
JaneiroCroácia Presidenciais (2 a volta), a 10
Ucrânia Presidenciais (l. a volta), a 17
Chile Presidenciais (2, a volta), a 17
Sri Lanka Presidenciais, a 26
FevereiroCosta Rica Presidenciais
e Legislativas, a 7
São Tomé e Príncipe Legislativas, a 21
Haiti Legislativas, a 28
Togo Presidenciais (l. a volta), a 28
MarçoIraque Parlamentares e Referendo a 7
Colômbia Legislativas a 14
Guiné Parlamentares a 16
Sri Lanka Parlamentares
AbrilSudão Presidenciais e Legislativas a 4
Áustria Presidenciais a 25
Hungria Parlamentares
MaioFilipinas Presidenciais e Legislativas,
alO
República Dominicana Legislativas, a 16
Suriname Legislativas, a 25
Colômbia Presidenciais, a 30
Reino Unido Parlamentares
Etiópia Parlamentares
Egipto Legislativas
JunhoBurundi Presidenciais (I a volta), a 28
Hungria Presidenciais
Eslováqula Parlamentares
JulhoBurundi Legislativas, a 23 e 28
Japão Legislativas
AgostoRuanda Presidenciais, a 9
SetembroSuécia Parlamentares, a 19
Venezuela Legislativas, a 26
Afeganistão Parlamentares
OutubroLetónia Parlamentares, a 2
Brasil Presidenciais (l. a volta), a 3
Tanzânia Presidenciais e LegislativasPolónia Presidenciais (primeira volta)
Bósnia-Herzegovina Presidenciais e
Parlamentares
República Checa Legislativas
NovembroEUA Legislativas, a 2
Azerbaijão Parlamentares, a 7
Haiti Presidenciais
DezembroGuiné Equatorial Presidenciais
Jordânia Parlamentares
obama O teste decisivoCom a sua popularidade abaixo dos 50%, muito por culpa do processo de aprovaçãoda reforma da Saúde, o Presidente dos Estados Unidos entra em 2010 como um aluno
nervoso numa sala de aula, em dia de teste. Desde logo porque este é um ano de elei-
ções intercalares para o Senado (36 lugares em disputa) e para a Câmara dos Repre-sentantes (todos os 435), eleições essas que tendem a ser vistas como um referendo
à actuação do Presidente e que lhe podem minar as maiorias necessárias a qualquerreforma. Assim, uma das principais preocupações de Obama para o ano que vem terá,
necessariamente, de passar pela taxa de desemprego - actualmente acima dos dez porcento. Um pacote legislativo destinado a favorecer o emprego - com baixa de impostos
às pequenas e médias empresas e investi-
mentos públicos - poderia reconciliá-lo com
a base mais liberal e de esquerda do PartidoDemocrático. O problema é que tem de o
fazer reduzindo o défice. Além disso, Oba-
ma precisa de cumprir as suas promessasde reformar Wall Street, criando uma nova
Agência de Protecção do Consumidor, dan-
do mais poder à Fed e regulando os fundos
de investimento de alto risco, bem como os
prémios do gestores. Tem, igualmente, de
concretizar a prometida revolução verde,
que passa pelo estabelecimento de limites à
emissão de dióxido de carbono e incentivos
ao investimento em indústrias ecológicas- uma área em que pode contar coma opo-
sição feroz dos republicanos. O Presidente
dos EUA terá, finalmente, de mostrar resul-
tados da sua política de reforço de tropas no
Afeganistão e esperar não perder o controlo
da situação no Iraque.
DUELO EM ÁFRICANo Mundial que está aí à porta, Cristiano Ronaldo
e Lionel Messi voltam a medir forças
Umtem 1,86 m, 84 quilos e joga com o pé direito. O outro mede 1,69
m, pesa 67 quilos e é canhoto. Ambos foram eleitos os melhoresjogadores do mundo, nos últimos dois anos. O duelo entre Cris-tiano Ronaldo e Lionel Messi será um dos principais atractivos do
Mundial 2010, naÁfrica do Sul. Os jogadores do Real Madrid e do Barcelona,respectivamente, continuam a alimentar discussões apaixonadas sobre quemserá, de facto, o melhor futebolista da actualidade. A equipa das
quinas, que ocupa a 5.a posição no ranking da FIFA, ficou no
grupo do Brasil - a 2. a melhor selecção do mundo -, da Costado Marfim e da Coreia do Norte. A Argentina, de Messi,vai jogar com a Grécia, a Coreia do Sul e a Nigéria. A provaarranca a 1 1 de Junho com o jogo entre a África do Sul
e o México. A selecção portuguesa estreia-se a 21, frenteà Coreia do Norte.
Desporto A verAcontecimentos desportivos que vãoemocionar multidões
10 Janeiro Abertura da Taça das NaçõesAfricanas de futebol, em Angola (até 31)
12 Fevereiro Abertura dos Jogos Olímpicosde Inverno, em Vancôver (até 28)14 Março Inicio do Mundial de Fórmula 1,
com o Grande Prémio do Bahrein
21 Março Final da Taça da Liga em futebol
9 Maio Última jornada do campeonatonacional de futebol
12 Maio Final da Taça Europa, em futebol
16 Maio Final da Taça de Portugal,em futebol
22 Maio Final da Liga dos Campeões,em futebol
11 Junho Abertura do Mundial de Futebol
11 Julho Final do Mundial de Futebol
27 Julho Campeonatos da Europa de
Atletismo, em Barcelona (até 1 de Agosto)14 Agosto Abertura dos primeirosJogos Olímpicos da Juventude,em Singapura (até 26)
JACOB ZUMAO populistado MundialA África do Sul vai receber, entre Junho
e Julho, o Mundial de futebol e o país
quererá certamente aproveitar o
evento para se promover como destino
turístico e como um porto seguro parao investimento internacional. Nes-
se sentido, todos os olhos vão estar
virados para Jacob Zuma, o socialista
populista que sucedeu a Thabo Mebékina presidência do país. O que fará este
zulu de 65 anos, eleito com o apoio dos
sindicatos? Cumprirará ele as promessade redistribuição de riqueza, num paisde altíssimas disparidades sociais? E
como poderá fazê-10, sem assustar os
investidores estrangeiros e nacionais?
Que políticas para combater o crime - e
assim evitar a má publicidade interna-cional - neste que é o segundo país mais
violento do mundo? E quais as acções
para baixar a taxa de desemprego, que
atinge 23,5 por cento? Como poderáZuma satisfazer um eleitorado fartode esperar pelo pote de ouro, no fim do
«arco-íris»? É que, a menos que ele con-
siga, à semelhança de Mandela, exercer
uma influência paternal sobre o seu
povo, o Mundial arrisca-se a tornar-se o
grande palco do descontentamento dos
sul-africanos pobres.
lEM
FOCO A acção do Presidentesul-af ricano vai estar sob
escrutínio internacionaldurante o Mundial de futebol.
Aguentará Zuma a comparação(inevitável) com Mandela?
0 continente africano fará correr
muita tinta, em 2010
Futebol. A África do Sul organiza o
Campeonato do Mundo de Futebol, entre
11 de Junho e 11 de Julho, e Angola recebe
o CAN, o Campeonato Africano das
Nações, já de 10 a 31 de Janeiro. É a apos-ta no futebol para tentar atrair turismo e
investimento, em detrimento da imagem
tradicional de pobreza, fome e guerra.
Independências. Dezassete países
celebram os 50 anos da independência:
Camarões. Togo. Mali, Senegal,
Madagáscar, República Democrática do
Congo, Somália, Benim, Níger, Burkina-
-Faso, Costa do Marfim, Chade, República
Centro Africana, Congo. Gabão, Nigéria e
Mauritânia. Catorze eram antigas colónias
francesas. Angola, Moçambique, Cabo
Verde e São Tomé e Príncipe comemoram
35 anos de libertação do jugo português.
Sudão. As eleições de Abril são cruciais
para preparar o referendo de 2011, sobre
a secessão do Sul. Com a proximidade do
sufrágio, as tensões aumentam, entre o
Partido do Congresso Nacional, que domi-
na o Norte, e o Movimento de Libertaçãodo Povo Sudanês. que controla o Sul.
Quénia. 0 TPI deve abrir um inquérito por
crimes contra a Humanidade, cometidos
após as eleições de 2008. Governantes
podem ser acusados. Mais violência?
Nigéria. Muito doente. Umaru Yar'Adua
poderá não ter condições para se recan-
didatar nas presidenciais de 2011. Mais
luta pelo poder, neste país politicamentecaótico?
Sob os holofotes
CHINAA chamade XangaiO plano continua a ser executado, apa-rentemente indiferente ao que se passano resto do planeta. Depois da afirma-
ção nacionalista, em 2008, nos Jogos
Olímpicos de Pequim, o ano de 2009confirmou a China como superpotênciaimparável, continuando a registar níveis
de crescimento económico surpreen-dentes, apesar da crise financeira global.
Resultado, o grande gigante asiático
chega a 2010 como a segunda economia
mundial, ultrapassando o Japão e fi-cando apenas atrás dos Estados Unidos
(mas já a pensar que esse «obstáculo»
pode ser vencido lá para 2025...). Ao
mesmo tempo, no plano internacional,como ficou provado na recente Cimeirade Copenhaga, o Governo de Pequimdemonstrou que qualquer medida im-
portante a nível mundial tem de contar
com o seu apoio ou consentimento. Em
2010, a China prepara-se para, entreMaio e Outubro, deixar o mundo nova-mente boquiaberto, com uma cuidadosa
encenação do seu poderio artístico e
tecnológico, através da realização da
Exposição Universal. O local escolhido
não poderia ser mais emblemático: Xan-
gai, uma imensa cidade de 14 milhões de
habitantes, capital económica do país,e que conheceu, nas últimas duas déca-
das, uma das maiores transformaçõesoperadas no globo, com os seus mais de
4 mil arranha-céus. Uma amostra do queserão as cidades do futuro?
¦ XANGAI A realização da ExposiçãoI Universal vai mostrar, de novo,I o poder do gigante chinês
LISBOAA praça aos seus donosTem mesmo que ser. As obras à volta do Terreiro do Paço, emLisboa, vão acabar, no limite, em Outubro, a tempo das come-morações do centenário da República. Mas, a partir de Março,quem por lá passar poderá apreciar já os 3,5 hectares de praçae a sua ligação ao Tejo. Nessa data, espera-se que os tapumesdas obras, que ali foram colocados há um ano, tenham desapa-recido. E nada será como dantes. A actual circulação automó-vel reduzida deverá manter-se. O número de faixas, na frenteribeirinha, diminuirá para metade. Nas ruas laterais deixaráde haver carros. Os passeios ganharão espaço - aonde se prevêa instalação de esplanadas. E os transportes públicos serãodesviados para as ruas do Arsenal e da Alfândega. Justificatodas estas limitações de tráfego o facto de se querer transfor-mar a praça numa zona de lazer e não de circulação automóvel- será circulável, mas não uma grande via de atravessamento.As restantes obras de requalifi cação do espaço público, entreSanta Apolónia e Cais do Sodré, só terminam em Outubro.Para se garantir o cumprimento dos prazos, a escolha do ar-quitecto Bruno Soares não passou pelo crivo de um concursopúblico. Mais uma acha para a fogueira da discórdia o arranjodo Terreiro do Paço, que se arrasta há anos.
FIM DAS OBRAS? A praçamais famosa de Lisboa vaivoltar, ao fim de uma década,a poder ser usada peloscidadãos. Mas será que vaiterminar a polémica?
Berlim,11 de Janeiro: local e data do lançamento oficial do Ano Interna-
cional da Biodiversidade, instituído pela Assembleia Geral das NaçõesUnidas, em 2006. Durante todo o ano de 2010, governos, instituiçõese organizações não-governamentais vão dedicar-se à consciencialização
para a defesa das espécies e dos ccossistemas, através de campanhas locaise mundiais e eventos temáticos. A urgência deste esforço é evidente: segundo aUnião Internacional para a Conservação da Natureza, numa declaração recente,as tentativas de travar a perda de biodiversidade têm sido mais infrutíferas do quese julgava - e aquela associação acrescentou que 21% dos mamíferos se encontramem sério risco de extinção. Em 2002, já o biólogo Edward Wilson, de Harvard, publi-cara um estudo a demonstrar que, ao ritmo actual, metade das espécies do planetadesaparecerá até ao fim do século. Esta extinção em massa, baptizada de Extinçãodo Holoceno, é a sexta da História e a primeira provocada pelo Homem.
0 ANO DABIODIVERSIDADE
Se tudo continuar como está, metade das espéciesdo planeta desaparecerá até ao fim do século
ESTATÍSTICAS
Voltam os CensosQuantos somos? Os recenseamentos
gerais da população e da habitação(Censos) estão de volta. Em 2010 vai serfeito um inquérito-piloto a um conjuntode municípios e freguesias, como formade testar e avaliar todo o processo queculminará em Março do ano seguinte,altura em que se efectuam os Censos
2011. Este mega-inquérito de respostaobrigatória - «A operação estatísti-ca mais complexa e dispendiosa quequalquer país pode realizar», segundoa ONU - tem algumas novidades em
relação ao anterior, realizado em 2001:
contemplará as uniões de facto entre
pessoas do mesmo sexo e até a utiliza-
ção de um segundo meio de transporte,na deslocação casa-trabalho. Destaca-
se, além disso, a possibilidade de ser
feito através da internet. Prevê-se, pois,
que a net agilize o método, mas, mesmo
assim, vão ser impressos 33,5 milhões de
questionários (17,5 milhões individuais;
5 milhões relativos à família; 7 milhõessobre alojamento; 4 milhões acerca de
edifícios). As dezenas de perguntas quevão demorar, em média, 40 minutos a
responder, hão-de revelar-nos, além do
número de residentes, como somos, e
onde e como vivemos.
CIÊNCIA
Champalimaudà beira-TejoA Lisboa chegam agora exploradoresde todo o mundo, para descobrir os
mistérios do cérebro e os caminhos queseguem as doenças oncológicas. Em
Pedrouços, na zona ribeirinha do Tejo,numa área de 60 mil metros quadra-dos, um edifício virado para o rio, com
amplos jardins, será a casa do Centro de
Investigação da Fundação Champali-maud, com inauguração prevista para 5de Outubro. No espaço, com assinaturado arquitecto Charles Corrêa, haverásalas de diagnóstico, laboratórios, mastambém um auditório e uma área de ex-
posições e de restauração. Grandes ex-
pectativas estão criadas em torno deste
centro, que dará um novo significado à
ligação entre a Ciência e a Medicina.
Arai Fim do lagoChegou a ser o 4.° maior lago do mundo,
com quase 70 mil quilómetros quadrados
(o território português tem cerca de 90
mil). Depois dos desvios soviéticos de
rios para regar campos de algodão, o Arai
foi secando até se dividir em dois lagos
(Norte e Sul), em 1987. Em 2010, o quesobra da bacia leste do Arai Sul deverá de-
saparecer para sempre. 0 lago Norte tem
sido alvo de intervenções que deverão
salvá-10, mas o resto do Sul também está
condenado, numa das maiores catástro-
fes ambientais de sempre.
MUSEUSA nova-velhacasa da ArtePopularEm 2009, assistiu-se tanto a manifesta-
ções populares a defender a recuperaçãoe a reabertura do Museu de Arte Popular(esquecido em frente do Centro Cultu-ral de Belém e vítima da conotação com
o Estado Novo), como à reivindicaçãodaquele espaço para o projectado Museuda Língua Portuguesa, uma decisão doanterior executivo do Ministério da Cul-tura. Sete meses depois desta, GabrielaCanavilhas «desempatou» a contenda: o
Museu de Arte Popular regressa ao lugarde onde, afinal, nunca saíra, o edifício
adaptado pelo arquitecto Jorge Segu-rado a partir do pavilhão Vida Popular(criado para a Exposição do Mundo
Português na década de 40) .
A inauguração está prevista para o
final de 2010, sob a direcção da recém-nomeada arquitecta Andreia Galvão,
que trabalhou com Elísio Summavielle
(actual secretário de Estado da Cultu-
ra) no IGESPAR, e com Simonetta LuzAfonso e Raquel Henriques da Silva noInstituto dos Museus. E que quer fazerdo MAP um «museu-documento», mastambém uma casa aberta ao diálogo coma contemporaneidade. Outros desafios
museológicos estão na agenda da actual
ministra da Cultura: o Museu da LínguaPortuguesa; o novo Museu dos Coches,envolto em polémicas várias (a contesta-
ção ao projecto do arquitecto brasileiroPaulo Mendes da Rocha; o orçamentosuperior a €30 milhões, vindos da con-
trapartida da construção do Casino de
Lisboa) ; o novo Museu do Côa; e aindaa redução da rede nacional de museusanunciada por Canavilhas, que querentregar a gestão de parte dos museus e
palácios nacionais às autarquias.
acordo ortográfico Palavra vai, palavra vemEntra oficialmente em vigor no dia 1 de Janeiro. Apesar de
a ministra da Educação, Isabel Alçada, já ter declarado que,em 2010, não será aplicado nas escolas. Mas a meras horas de
começarmos (começaremos?) a escrever «desafeto» em vezdo tradicional «desafecto», há muitas perguntas ainda sem
resposta. O que muda no mundo da edição, da educação, dos
media? E como muda? Quanto custará a mudança? Quem a
pagará? Quem a adoptará a mudança sem reservas e quem lheresistirá? Como leremos os nossos autores? José Saramagodisse, certa vez, que já era demasiado velho para mudar aforma como escrevia. Vasco Graça Moura faz uma campanhaintensa contra o Acordo Ortográfico. Miguel Sousa Tavaresdeclara que o Acordo é um acto colonial, não recíproco, do
Brasil sobre Portugal. Este é o som do (des)Acordo porvir.
U2,2, 2 E 3 DE OUTUBRO, ESTÁDIO DE COIMBRA
Air - 16 Janeiro, Coliseu Lisboa
Michael Bolton - 17 Janeiro,
Coliseu de Lisboa
Orquestra Sinfónica de Londres
e Maria João Pires - 26 de Janeiro,
Coliseu de Lisboa
Arctic Monkeys - 2 Fevereiro.
Coliseu Porto; 3 Fevereiro,
Campo Pequeno
Joss Stone - 14 de Fevereiro
Coliseu do Porto 15 de Fevereiro
Coliseu de Lisboa
The Australian Pink Floyd Show,
big Pink Greatest Híts - 18 de Fe-
vereiro, Campo Pequeno, Lisboa; 19
de Fevereiro, Pav. Rosa Mota, Porto
Joan Baez - 8 de Março, Casa
da Música; 10 de Março. Coliseu
de Lisboa
The Cranberries - 10 de Março,Campo Pequeno
La Roux - 13 de Março, Lux
Spandau Ballet - 14 de Março.Pav. Atlântico, Lisboa
Florence + the Machine - 16 de
Março, Aula Magna, Lisboa
Tangerine Dream - 25 de Março,Coliseu de Lisboa
Tokio Hotel - 7 de Abril, Pavilhão
Atlântico
Mika - 16 de Abril, Campo Pequeno,
Lisboa
Dias da Música - 23 a 25 de Abril.
no CCB, em Lisboa (dedicado ao
tema A Música e as Paixões da Alma)
Cesária Évora - 8 de Maio, Coliseu
de Lisboa
Metallica - 18 de Maio, Pavilhão
Atlântico Lisboa
Rock in Rio - 21. 22, 27, 28 e 29 de
Maio (Muse confirmados no dia 27)
Santana - 25 de Maio. Pavilhão
Atlântico
Jamie Cullum - 25 de Maio,
Coliseu de Lisboa
Optimus Alive - 8, 9 e 10 de Julho
(Pearl Jam confirmados
a 10 de Julho)
MarkKnopfler-27deJulho,Campo Pequeno, Lisboa
U2,2e 3 de Outubro, Estádio
de Coimbra
TELEVISÃO
Um rebuliçoSe os últimos dias de 2009 foram mar-cados por duas estreias na televisão porsubscrição - a SIC K e o Panda Biggs -, os
alvores de 2010 também apresentarãoum par de novidades. O Peoplc & Artsdará lugar ao Discovery Travei & Living,e nascerá o Económico TV. Aliás, o
crescimento do número de canais pagosé um dos dados seguros para o próximoano. As televisões generalistas, embora
estejam a perder público, continuarão a
discutir as suas posições no rankingdos
programas diariamente mais vistos. O fu-turo próximo, no entanto, apresenta-seincerto: se a Ongoing passar a mandar na
TVI, muita coisa poderá mudar. A RTP,
prevê-se, terá um ano bom, com as come-
morações do centenário da República, a
vinda do Papa a Portugal e o mundial de
futebol garantidos. A SIC refugia-se nadúbia posição do «vamos ver»... Os bons
resultados da estação de Carnaxide estão
dependentes de uma 2.a série de ídolos,
se existir, e do regresso do quartetoGato Fedorento, que anda por aí à solta,
no mercado. Ao mesmo tempo, dar-se-ão cada vez mais passos no sentido da
digitalização total do sinal televisivo,
que tem a sua meta final estipulada para2012. Essa mudança tecnológica obrigarátambém a uma transformação no méto-do de análise de audiências. Quem sabe
se isso não fará a diferença? E que deixaráde ser possível ignorar o fenómeno das
gravações ou dos conteúdos de videoclu-be, uma tendência que promete crescer,ainda mais, no mercado audiovisual.
Estreias Filmes
28 de JaneiroA Bela e o Paparazzode António-Pedro Vasconcelos
Depois de Ca/l Girí, o realizador «bisa»
o argumentista (Tiago Santos) e a actriz
principal (Soraia Chaves), numa comédia,
onde também comparece (é claro)IMicolau Breyner.
11 de Fevereiro0 Homem que Queria Enganar 0 DiabodeTerry Gilliam
Um filme do ex-Monty-Pyton é sempre um
acontecimento. Este conta a fantástica
história de uma companhia de teatro
ambulante, com Christopher Plummer
no principal papel.
25 de FevereiroShutter Islandde Martins Scorsese
E mais uma vez o realizador recorre ao
seu actor fetiche, Leonardo Di Caprio.
Agora no papel de detective que investigamisteriosos assassínios.
Tudo Pode Dar Certode Woody Allen
É o grande retorno de Allen a Manhattan,
depois da sua fase europeia, 0 centro
da trama é um homem de meia-idade
(Larry David) que odeia a humanidade.
4 de MarçoAlice no País das MaravilhasdeTim Burton
Johnny Depp e Helena Bonham Cárter
serão o chapeleiro louco e a rainha
de copas. Mia Wasikowska interpretaa menina que, numa tarde de tédio,
segue o coelho branco.
11 de MarçoVisto do Céude Peter Jackson
Um regresso muito aguardado do realiza-
dor neozelandês. que conta uma história
muito mística de uma família, seguidaatravés de uma menina morta,
8 de JulhoShrek, para Sempre0 último episódio da história do ogremais famoso do planeta que volta, já pai
de família, agora em 3D.
¦ EM 3D As emissões deI televisão em três dimensõesI vão marcar o ano de 2010
POMPIDOU-METZCulturae arquitecturaA abertura do Centre Pompidou-Mctzestá marcada para Maio de 2010. 0 novo
espaço, na cidade francesa de Metz, nãoserá uma sucursal do Centro Nacionalde Arte e de Cultura Georgcs Pompidou,em Paris, mas, sim, uma instituiçãocultural autónoma, com uma progra-mação própria que incluirá exposições
permanentes e temporárias. O Centre
Pompidou-Metz vai entrar também nosroteiros de arquitectura, graças ao tra-balho dos arquitectos japonês ShigeruBan e francês Jean de Gastines.
Outros novos museus:
Design Museum de Holon, Israel, desenhado
por Ron Arad (31 de Janeiro)Novo Museu Judaico de Londres (início de 2010)Museu Chopin, Varsóvia, Polónia (Março de 2010)
CAPITAIS EUROPEIASPontese cidadesSão três as capitais europeias da Cultura,em 2010: Pecs, na Hungria; Essen, na Ale-
manha, e Istambul, na Turquia. Durantetodo o ano, e começando já em Janeiro, as
cidades têm uma programação culturalintensa. Aproveitando esta circuns-
tância, o Centro Cultural de Belém, em
Lisboa, apresenta Pontes para Istambul,
prosseguindo o ciclo de festivais dedica-dos às grandes cidades literárias: cinema,
fotografia, dança, música tradicional e
contemporânea e, claro, literatura fazem
parte da programação.
VINHOSA afirmação mundialdo DouroO grande destaque da enofilia portuguesa, em 2010,será, sem sombra de dúvida, a região do Douro e a suacolheita de 2007. Em 2011, passa o décimo aniversá-rio da classificação do Douro pela UNESCO comoPatrimónio da Humanidade, reconhecimento a quese candidatam, actualmente, as regiões francesas do
Champagne e de Bordéus. O meu medo, como portu-guês, é que os empresários do turismo e do imobiliário
queiram transformar o Douro num Allgarve e que aclasse política o consinta. Seria um crime de lesa Patri-mónio da Humanidade. Neste território, atravessado
pelo rio Douro, nascem dos melhores vinhos do mun-do (Portos e tintos Douro) , porque tem das melhorescastas do planeta (Touriga Nacional, nomeadamente),da melhor viticultura (nas principais casas de vinho do
Porto) e da melhor enologia do mundo (idem) . Tudofeito por portugueses, em Portugal.
Por isso, os Portos Vintages 2007 da Fonseca,
Tayloi^s, Noval, Ramos Pinto e Sandeman se distin-
guem, com brilho, no palco planetário do vinho. Assimcomo os tintos Douro 2007 Duorum e Vale do Tua, oudas Quintas do Vale Meão, da Noval, da Romaneira eda Leda. 2010 será marcado pelo trabalho dos enólo-
gos José Maria Soares Franco, David Guimaraens, JoãoNicolau de Almeida, António Agrellos, Luís Sotto-
mayor e Francisco Olazabal, alguns dos guardiões des-te santuário consagrado pela UNESCO. José A. Salvador
AUTOMÓVEIS
A prova dos novosEis alguns dos principais modelos
que circularão nas estradas no
próximo ano, que poderá ficarmarcado também pela chegadados construtores chineses
1 Mercedes SLSAMGUma potente máquina,
com um motor YB, de 6.3
litros, e 563 cavalos
2 Aston Martin Rapide0 novo bólide do construtor
britânico de desportivosde luxo, com quatro portase um motor de 6 litros Vl2.
3 BMW Série 5A marca da Baviera traz
para esta gama as inovações
apresentadas no Série 7.
Vai ainda estar disponível
um M 5e, para o final do ano,
chega a carrinha.
4 Rolls Royce RR4Já chamado o bebé Rolls
Royce, este modelo irá
competir com os topo
de gama das principaismarcas de prestígio.
5 Citroen DS3Este novo modelo, com cinco
motorizações, será um dos
principais trunfos da marca
francesa para o próximo ano.
6 Audi AlA nova linha de gama baixa
da Audi chegará a Portugal
em meados do próximo ano.
7 DaciaDusterAmarcalow-costdaRenault vai lançar um
veículo todo-o-terreno.
0 preço poderá ser um
dos grandes argumentosdeste modelo.
8 Toyota Auris Híbrido0 utilitário japonêsvai passar a integrara tecnologia híbrida - motor
térmico aliado a um segundomotor, eléctrico - da marca
nipónica.
RESTAURANTES
Criativos,informaise acessíveisO ano que passou foi duro para o sector
da restauração, mas também revelou o
seu dinamismo. Fecharam muitos res-
taurantes, incluindo alguns de referên-
cia, como o Degusto, em Matosinhos, e
o Vírgula, em Lisboa, e abriram outros,dois dos quais mesmo no final de 2009,curiosamente situados nas referidas
áreas geográficas e, tal como os que de-
sapareceram, ambos de cozinha criativa,
com as assinaturas dos chefes Luís Amé-
rico, no Mesa (Porto), e de Luís Baena, no
Manifesto (Lisboa) . Vão, provavelmente,marcar o ano de 2010, que, nos primei-ros dias, verá nascer o Largo, de MiguelCastro e Silva, entrando na elite da alta
cozinha, a par de vários restaurantes de
hotel (Panorama, Feitoria, Guarda Real,Varanda do Ritz e Villa-Flor, em Lisboa;
Fortaleza do Guincho e Villa Itália, em
Cascais; Arcadas da Capela, em Coimbra;
Le Com, no Porto; Largo do Paço, em
Amarante; 11 Gallo d'Oro, no Funchal) e
de alguns que vivem do turismo, como
os do Algarve (Vila Joya, Henrique Leis,
Amadeus, Willie's, S. Gabriel, Pequeno
Mundo) e de um ou outro da província
(DOC, no Douro e S. Gião, no Minho) ou
da cidade (Eleven e Casa da Comida, em
Lisboa; Buhle, no Porto).
Mas o ano de 2010 deverá ser, sobre-
tudo, o da afirmação dos restaurantes
considerados de alta cozinha low cost, porterem menus criativos a preços inferio-
res aos praticados nos de cozinha sofisti-
cada, de onde são originários quase todos
os chefes. Almae 100 Maneiras (Lisboa),Vin Rouge (Cascais), Club (Vila Franca
de Xira), G Spot (Sintra) e 2780 Taberna
(Oeiras) vieram para ficar e terão, pela
certa, seguidores. O mesmo se diga dos
restaurantes de petiscos, a que tambémchamam tascas de luxo, onde tudo é alta
gastronomia, excepto os produtos, quesão mais em conta, como sucede na Tasca
da Esquina, de Vítor Sobral, ou no De
Castro Elias, de Miguel Castro e Silva.
De resto, continuarão a estar na moda
e a ser muito frequentados restaurantes
sem pretensões inovadoras, mas comboa comida, a preços razoáveis, como o
Olivier, o Quinta dos Frades e o XL. Não
é difícil augurar, também, um bom ano
para os restaurantes tradicionais e as
marisqueiras com boa cozinha, quereúnem as preferências dos portugue-ses menos dados à experimentação e à
surpresa. Manuel Gonçalves da Silva
¦ MIGUEL CASTRO E SILVAI Novo restaurante, logo nosI primeiros dias de 2010