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30 de Abril 2018Segunda-Feira Semanário - Ano 2Nº107 / kz 400

Director-Geral Evaristo Mulaza

Moedas AKZ USD 219,48 kz (+2,14) s EUR 268,22 kz (-0,5) LIBRA 306,6 KZ (-3,28) YUAN 35,1 kz (+0,5) s RAND 17,82 KZ (-0,22)

Angola pode perder 7 mil milhões USD com subida do petróleo A quebra da produção faz com que Angola não arrecade mais sete mil milhões de dólares que ganharia num cenário de estabilização do preço médio do petróleo nos 75 dólares, em 2018, como estimam especialistas internacionais. Os cálculos são do VE que levam em conta a taxa de rentabilidade interna que atribui 60% do petróleo destinado ao lucro à concessionária e que �xam em 41 mil milhões de dólares as receitas brutas, mantendo a produção nos actuais 1,5 milhões de barris por dia. Pág. 8

CÁLCULOS DO CRUDE

Foi dos primeiros a investir num aviá-rio em Luanda e hoje marca presença na agricultura, um sector no qual fala com conhecimento de causa. Por isso, duvida do ‘slogan’ que faz da agricultura a base do desenvolvimento. Págs 4 a 7

“O agricultor fala, mas não produz nada”

BFA não precisa da Recredit para gerir malparado

BANCA. Com o malparado calculado em cerca de 6% na carteira de crédito, o Banco de Fomento Angola não vê a necessidade de transferir o dossier para a Recredit. A garantia é do novo CEO do banco, que fala no uso exclusivo de recursos internos para lidar com o malparado. Págs 14 e 15

BIC leva a tribunal dirigentes do EstadoO presidente do conselho de admi-nistração do BIC revelou que o banco levou vários dirigentes a tribunal por serem avalistas de clientes que não pagam. Fernando Teles não aponta nomes, mas indica que já arrestou... até aviões. Pág.16

DÍVIDAS NO BANCO

JOSÉ MONTEIRO, EMPRESÁRIO

CEO JORGE FERREIRA, EM EXCLUSIVO AO VALOR

Considerada a taxa de rentabilidade interna que dá 60% do petróleo lucro à

concessionária, a receita desta seria 12,3 mil milhões com o nível de produção a 1,5

milhões de barris por dia.

DIREITO CONCESSÃO

95%

Milhões

Milhões

BPD

50%

100%

Companhias partilham a produção para o lucro

Imposto Rendimento

Petróleo (IRP) 50%

1,5

1,9

BPD

BPD

40%

60%

75

11,7 Mil milhões

4,1 Mil milhões

18,4 Mil milhões

75

Sonangol concessonária

Produção para lucro

Produção para recuperar investimento

50%

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Segunda -feira 30 de Abril 2018Valor Económico2

ção política, com João Lourenço a afirmar-se em todo o terreno. As leituras completas sobre as possíveis derivações políticas deste processo, na perspectiva da concentração do poder em João Lourenço, terão de aguar-dar pelo mestre tempo. Mas o simbolismo com efeitos na vida económica e social do país ja-mais se colocaria em questão. Mesmo para a lente de quem nos vê de fora.João Lourenço empreendeu uma intensa agenda reformista que gerou expectativas elevadas dentro e fora de portas. Numa sentada, o nome de Angola pas-sou a ser associado à imagem de um país disposto a reerguer-se por vontade própria, distan-ciando-se paulatinamente das manchas que lhe têm servido de referência. Os textos, palestras e colóquios sobre um país cor-rupto dão lugar cada vez mais a reflexões repletas de ansiedades sobre um país com futuro. Os efeitos práticos no plano eco-

nómico não se fazem esperar. O visível trabalho na diplomacia económica vai melhorando gra-dualmente a opinião externa de entidades institucionais priva-das e supranacionais. Apesar do quadro ainda adverso, as agên-cias de rating estão ansiosas por melhorar o risco soberano do país, retirando-o da escala abai-xo do investimento. O Fundo Monetário Internacional, cujo convite para Angola já se espe-rava desde antes das eleições do ano passado, parece mais con-fiante na intenção do Governo de levar adiante com firmeza o seu programa de estabilização macroeconómica, que deve in-cluir um verdadeiro saneamen-to das finanças públicas. Os in-vestidores externos também têm as suas motivações para se sen-tirem mais interessados. Com a garantia da estabilidade política e a grande abertura da legisla-ção ao investimento estrangeiro, vêem reduzidas as desculpas de que se serviram, no passado, para desviarem os investimen-tos para outras paragens. No fundo, no fim de contas, José Eduardo dos Santos e João Lou-renço, com erros e acertos, cada um terá o seu nome inscrito na história com o seu mérito e as suas circunstâncias. O primeiro, com a virtude de pacificador e, mesmo com erros, com a dis-tinção de ter lançado as bases para a construção do país que se almeja. O segundo, mais se-guramente, como o reformador que cristalizou as bases para o desenvolvimento integrado e sustentado.

Editorial

27 de Abril de 2018 também se inscreveu na lista das da-tas históricas em Angola. Foi o primeiro dia do resto

da presença de José Eduardo dos Santos na política activa. Na tarde da última sexta-feira, o bureau político do MPLA ofi-cializou, de forma definitiva, o congresso extraordinário para a primeira quinzena de Setembro deste ano. E anunciou a aprova-ção terminante de João Louren-ço para a liderança do partido. José Eduardo dos Santos cum-pre assim a sua promessa de abandonar a política activa e, mais do que isso, assegura a prometida transição natural e pacífica no partido que governa desde a Independência, depois de o ter feito a nível do Estado. Dentro de pouco mais de quatro meses, fica assim concluída, em termos institucionais, a transi-

CONTAS DE MÉRITO

O

Director-Geral: Evaristo MulazaDirectora-Geral Adjunta: Geralda Embaló

Editor Executivo: César SilveiraEditor Online: António NogueiraEditor gráfico: Pedro de OliveiraRedacção: António Miguel, Isabel Dinis, José Zangui, Nelson Rodrigues e Valdimiro Dias

Fotografia: Manuel Tomás, Mário Mujetes e Santos Samuesseca Secretária de redacção: Rosa NgolaPaginação: Francisco de Oliveira, João Vumbi e Edvandro MalungoRevisores: Edno Pimentel, Evaristo Mulaza e Geralda Embaló Colaboradores: Cândido Mendes Produção gráfica: Notiforma SA Propriedade e Distribuição: GEM Angola Global Media, Lda Tiragem: 4.000 Nº de Registo do MCS: 765/B/15 GEM ANGOLA GLOBAL MEDIA, LDA Administração: Geralda Embaló e Evaristo Mulaza

Assistente da Administração: Mariquinha Rego Departamento Administrativo: Jessy Ferrão e Nelson Manuel Departamento Comercial: Arieth Lopes, Geovana Fernandes [email protected], Tel.: +244941784790-(1)-(2) Nº de Contribuinte: 5401180721; Nº de registo estatístico: 92/82 de 18/10/82 Endereço: Rua Fernão Mendes Pinto, nº 35, Alvalade, Luanda/Angola, Telefones: +244 222 320510, 222 320511 Fax: 222 320514 E-mail: [email protected]

FICHA TÉCNICAV

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3Segunda -feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

A semana

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26

A Fitch mantém o ‘rating’ da dívida soberana do país no nível ‘B’, abaixo da escala de investimento, ou ‘lixo’, melhorando a perspetiva de “Negativa” para “Está-vel”, face à subida da cota-ção do petróleo e apoio do FMI a Angola.

SEGUNDA-FEIRA A AADIC apresenta uma queixa-crime na PGR contra duas cervejeiras e uma empresa de aluguer de viaturas, por alegada poluição ambiental com lixo industrial tóxico. A associação refere que as empresas “poluem reiteradamente” o meio ambiente.

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O Ministério da Saúde garante que vai contratar, via concurso público, médicos e técnicos da empresa privada antes afecta à unidade de Cirurgias Cardía-cas do Hospital Josina Machel, cujo contrato de trabalho de dez anos terminou.

23

222127 O ministro das Finanças, Archer Mangueira, a�rma esperar que as medidas aprovadas e o apoio técnico do FMI criem condições para captar recursos �nancei-ros nos mercados internacio-nais de capitais em condições mais favoráveis do que as ofere-cidas pelo Fundo Internacional.

O Perímetro irrigado das Gan-gelas, na Huila, vai passar a ges-tão privada, por incapacidade de financiamento por parte do Estado para dar prossegui-mento à produção em grande escala, de citrinos, anunciou o ministro da Agricultura e Flo-restas, Marcos Nhunga.SÁ

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Ana Paula Miguel, directora geral do Instituto Angolano de Propriedade Industrial, revela que, em média, a insti-tuição arrecada cinco milhões de kwanzas por mês desde 2013 com o registo de patentes, mar-cas e outros serviços.

O Fundo Soberano admita que receia a forma como a Quan-tum Global, do suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais, geria os investimentos da ins-tituição, anunciando que pre-tende afastar a empresa da gestão dos seus activos.

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3perguntas a...

Gilberto Figueiradirector-geral do CINFOTEC

O que motivou o CINFO-TEC a ministrar cursos nas áreas de petróleo e gás?Somos produtores de petró-leo, identificamos determi-nados cursos que eram mi-nistrados no exterior, alguns, na África do Sul e que podem ser feitos cá na base de uma parceria.

Que cursos específicos se-rão ministrados?Entre outros, podemos refe-renciar os de automação, ins-trumentação e manutenção produtiva que servirão para os profissionais que traba-lham no sector.

O Centro do Rangel tem va-lências para ministrar estes cursos, com laboratórios?O centro está bem servido em termo de formadores laboratoriais e de oficinas, para poderem levar avante essa parceria, com a empresa Atis Nebest Angola Lda que visa dotar a mão-de-obra angolana de tecnologia para poder servir o país.

EUROPA SUSTENTADA PELAS TECNOLOGIAS…O último fim de semana de Abril fechou com as bolsas europeias a encerrarem em terreno positivo, sustentadas sobretudo pelo sector tecnológico, com os bons ventos dos EUA a soprarem na direcção das cotadas na Europa. A travar maiores ganhos estiveram secto-res como o automóvel e a banca. O Stoxx 600 avançou 0,05% para 383,94 pontos. Já em Lisboa, o PSI-20 acompanhou a tendência, a valorizar 0,20% para 5.5527,69 pontos, com 13 cotadas em alta e 5 em baixa.

…E PETRÓLEO À PROCURA DE RUMOContrariamente ao movimento das bolsas, as cotações do crude seguiram a ceder muito ligeiramente, depois de já terem estado a subir (mas também sem expressividade), numa altura em que os investidores avaliavam o impacto da possível saída dos EUA do acordo nuclear com o Irão – que é um dos maiores produtores da OPEP – numa sessão em que também o acordo de ‘desnucleariza-ção’ da península coreana alimenta as atenções, já que marca um acordo histórico entre as duas Coreias.

COTAÇÕES

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Segunda-feira 30 de Abril 2018Valor Económico4

JOSÉ MONTEIRO, EMPRESÁRIO, TÉCNICO AGRÁRIO E AGRICULTOR

“É discutível se a agricultura é a base do desenvolvimento”Não gosta de ser tratado por empresário, apesar de ter sido um dos primeiros a instalar, em Luanda, um aviário muito conhecido no Panguila que, entretanto, se encontra paralisado. Investiu noutros negócios e já pensa em alargar o ‘raio’ empreendedor para o interior do país. Desassombrado, critica os citadinos, desafia os empresários a investir no campo e “não só a dar umas voltas de cavalo”. Fala em aproveitamento dos importadores de fertilizantes e, entre outras sugestões, chama os bancos para financiarem projectos.

Por Júlio Gomes

a época do par-t i d o - E s t a d o , de�niu-se a agri-cultura como a base e a indústria como um factor decisivo. Este ‘slo-gan’ é letra morta?

Depende do contexto, do tempo em que foi dito. Parece-me que houve alguma boa vontade de fazer alguma coisa para a agricultura naquela altura, mas a nossa catástrofe, a nossa desgraça, foi o petróleo por-que começámos a não acreditar na agricultura que, de facto, seria o futuro de Angola. Agora, se é a base do desenvolvimento, isso é discutível.

Porquê?Digo o contrário: o comércio é que é a base e a agricultura o factor decisivo, porque, quanto à indústria, apenas andamos por aqui a apertar para-fusos que os europeus e os outros não querem apertar, como dizia o malogrado presidente moçambi-cano Samora Machel.

A nossa agricultura não é compe-titiva?Esta é uma pro�ssão muito dura. Se repararem em fotogra�as de agricul-tores, a nível mundial, geralmente têm a cara cheia de rugas. É muito dura e exige muita autodeterminação

mas de emprego nas grandes cida-des, porque houve um re�uxo para o campo.

Não se pode adaptar o modelo chinês?A agricultura é dura. Se der uma volta pelo país, há-de reparar que esta actividade não se faz a partir de Luanda. Faz-se �cando no campo, tem de se estar lá. Por isso, dizem alguns entendidos na matéria, que é uma maneira de empobrecer ale-gremente, mas não é. Se estivermos �xados no campo já é uma maneira de enriquecer. Portanto, por esta via, chega-se a ser rico. O pessoal da cidade gosta de andar de gravata e no campo não vale a pena.

N

e paciência. Não é comprou aqui e vendeu ali. A agricultura é semeou, plantou e espera meses e anos até a cultura começar a produzir. Por-tanto, é muito trabalhosa. E depois, uma das características nossas, do terceiro mundo, é que houve e há aquilo que é chamado de �uxo (o Brasil e a China têm disso), ou seja, a tendência da fuga do campo para as cidades. Nós não fugimos à regra. O Brasil fez tentativas para resolver isso, mas o país tem desequilíbrios muito grandes. Já a China conse-guiu fazer o re�uxo, criando con-dições de habitabilidade no campo. E hoje a China não tem problemas. Pelo contrário, tem alguns proble-

A necessidade da valorização do campo é um aspecto muito em voga no vocabulário dos nossos ‘experts’, mas chega-se à conclusão de que o campo está esquecido…Agora há uma tendência para valo-rizar o campo, mas é preciso ter formação de base. É preciso dar valor à terra.

Como se pode chegar a esse objectivo?Temos escolas e institutos por toda a parte para a formação de quadros. Será que temos professores capacita-dos para dar essas aulas? Teríamos de fazer uma formação adequada, começando pelos técnicos básicos, passando pelos médios e daí para os

superiores ligados à agricultura e à extensão rural. Se não se �zer esse tipo de esforço, no campo não há hipóteses. As pessoas pensam que o campo é para chegar lá dar umas voltas e andar a cavalo, não é isso.

Então qual é a saída?Aqui, a malta não quer trabalhar. Neste caso, vamos ter de usar um pouco a teoria do Brasil: pôr as mul-tinacionais a trabalhar. No Brasil, sobretudo na ditadura, aconteceu o seguinte: a pessoa trabalhava uma semana e depois de receber o salário correspondente, na semana seguinte, não voltava ao trabalho. Então, as autoridades ‘agarraram’ as grandes multinacionais, incluindo a Volks-wagen, que acabou por ter terreno do tamanho quase de Angola para dinamizar a actividade agro-pecuá-ria. Hoje, o país é o maior produtor de grãos e de carne do mundo e o brasileiro não consome carne, mas sim feijão se quiser porque a carne serve para a exportação.

Aqui, os vastos terrenos onde se devia desenvolver uma agricultura de escala e a pecuária estão nas mãos de pessoas que não as conseguem rentabilizar?Isso é um bocado o açambarcamento. Lembro-me, no tempo do meu pai, que era agricultor, o Estado dava a concessão provisória do terreno, a de�nitiva era de 20 em 20 anos e, caso não ocupasse, tinha de sair do espaço. Agora está a dar-se a pes-soas que com eles [os terrenos ará-veis] nada fazem. O terreno devia ser vendido, porque, naquele tempo,

Entrevista

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5Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

Continua na página 6

O agricultor tradicional foi uma fase, mas não nos

devemos esquecer dos métodos usados pelo regime colonial para ter aquelas produções

dos anos 1970. Os meios eram esclavagistas

quando se pedia �nanciamento ao banco, este servia de hipoteca.

Comenta-se que o camponês produz, mas não consegue vender por falta de infra-estruturas de conservação e de estradas para o escoamento das colheitas. Concorda?O camponês não produz nada. Isso que dizem por aí não é nada. Tenho seguido bem de perto os discursos do Presidente da República, ele é contundente no aspecto do inves-timento no sector empresarial. Isto sim, porque eles [empresários] é que criam riqueza para a exportação, a riqueza para a nação.

Então quem trabalha no campo não é camponês?Não gosto desse termo porque cam-ponês é todo aquele indivíduo que vive no campo, seja pedreiro, car-pinteiro, sapateiro. O agricultor tradicional foi uma fase, mas não nos devemos esquecer dos méto-dos usados pelo regime colonial para ter aquelas produções dos anos 1970. Os meios eram esclavagistas, o povo era obrigado, e isto acabou. A única saída é o sector empresa-rial: produz muito e não precisa de subvenções ou apadrinhamen-tos. Ele produz e paga as sementes, os adubos e obtém altas produções por hectare.

Mas os fertilizantes, com esta crise �nanceira, não escasseiam?Há um aproveitamento dos impor-tadores. Devíamos ter uma fábrica. Os fertilizantes deviam ser sub-vencionados especialmente para o sector mais pobre porque, com o rendimento que obtêm, não con-seguem pagar o adubo. E depois não é só o adubo, temos uma parte muito importante que é a �tosani-dade, para o combate à lagarta. Não há meios. Havia empresas, como a Bayer, que iam ao campo assistir e ensinar a usar os produtos, porque também não pode ser qualquer um a importar os pesticidas. Há pro-dutos em uso que, se calhar, nem sequer estão registados no Minis-tério da Agricultura.

A Bayer e outras empresas funcio-naram na época colonial. Os tempos são outros. Não acha que é preciso encontrar saídas?Tem razão. Também não gosto de falar muito do outro tempo. A inde-pendência veio para nós próprios sairmos e fazermos o sector empre-

sarial angolano forte e poderoso. Lutámos tanto por causa da terra agora, ela está aí, mas não consegui-mos dar conta dela. Há soluções e governar também não é fácil. Estou a lembrar-me quando foi daquele problema do Zimbábue, em que a Inglaterra andou preocupada com os rodesianos (fazendeiros). Conse-guiu pôr alguns em Moçambique, Zâmbia e até na Nigéria; alguns já têm auto-su�ciência alimentar. Não sei se nós teremos essa capacidade sem passar pela escola.

Estamos atrasados?Em tempos, eu dizia a alguém que, até sairmos da crise, são pelo menos sete a oito anos. Isto não vai mudar enquanto não produzirmos bens e serviços para satisfazer as necessi-dades internas, em primeiro lugar. Não são os diamantes ou o petróleo que podem alavancar a economia. É a agricultura, um investimento que tem de ser feito a médio e a longo prazos.

Uma agricultura de escala não é pos-sível sem estradas?Naquele tempo, havia piores estra-das e fazia-se agricultura.

Havia ‘picadas’ melhoradas…Ando pelo país e observo que há uma certa melhoria nas secundárias e terciárias. O tal agricultor que você chama camponês é intriguista. Ele gosta muito de falar, mas não pro-duz nada. É por isso que, naquele tempo, havia porrada para obrigar o camponês a trabalhar.Hoje os métodos são outros. Não há porrada, mas, sem apoio em fertili-zantes e sementes, mesmo havendo vontade, nada se pode fazer. Então, o camponês reclama…Essa teoria do apoio foi no tempo do partido único, quando o Minis-tério da Agricultura era orçamen-tado e dava dinheiro aos agricultores. Agora, citando o Presidente da República, os bancos têm de fun-cionar porque são eles que alavan-cam a economia.

lado da linha férrea 200 quilóme-tros. Temos a Huíla para peras, uvas e maçãs; no Namibe, a oliveira, e a Norte, o abacate. Só para citar esses exemplos.

E o café?Temos de esquecer o café do Norte porque estava ligado ao esclava-gismo. Temos de pensar no café arábica. O Uganda tem 360 milhões de pés de cafeeiro, no entanto não é na mata, mas sim em terreno plano. Bié já produziu o arábica, o cha-mado café da Nhârea, que era dos mais famosos do mundo a seguir o da Colômbia. Há tentativas tími-das para reanimar a produção, mas aquilo precisa de projecto sério.

Sendo empresário ligado ao sector agrícola, o que pensa fazer na sua terra natal?Não gosto de ser tratado por empre-sário. Sou agricultor e, nesta qua-lidade, vou tentar, enquanto tiver forças, pôr os agricultores tradicio-nais a trabalhar e continuar com a minha birra dos citrinos. Aliás, já comecei a fazer algo na minha terra, no município da Nhârea, na aldeia do Chiculungo. Portanto, já come-cei a atacar.

Sabemos que tinha sido sondado para ocupar um importante posto no pelouro da agricultura. Pode explicar?Não gosto de falar de política.

Se fosse ministro da Agricultura, onde começaria a atacar primeiro?Não tenho ambições destas. Posso dar um contributo à Nação incondi-cionalmente. Faria, mais ou nemos, como o presidente Trump, nos EUA, que renunciou ao seu salário de 400 mil dólares.

Continua a defender que, em Angola, temos uma força de trabalho indis-ciplinada?Só aqui na minha pequena empresa hoje tenho por aí dois a três óbitos. Disse aos trabalhadores que aqui deveria ser como na Namíbia e na África do Sul: morreu à segunda-feira vai para o congelador para enterrar ao sábado, porque isso acaba por afectar a produção. O excesso de funerais, de doenças, os dias de trabalho que nós perdemos nisso reduzem con-sideravelmente a produção.

Como é que os bancos devem fun-cionar?Os bancos têm de funcionar. Aliás, quem promoveu o desenvolvimento de Angola foram os bancos e o Governo está por detrás dos bancos. Há o chamado crédito malparado e também o problema da con�ança moral, porque não é por cima de 50 papéis que tenho de ir a um balcão para me concederem ou cortarem um crédito. Antigamente, bastava a letra. Punha-se a letra no banco, não pagando, imediatamente ia para o tribunal e não precisava de advo-gado. Era uma espécie de caderneta que era adquirida nas Finanças e levava o selo do governo.

Se percebemos bem o seu discurso, Luanda não serve para a agricultura?A capital do país serviu enquanto houve guerra. Luanda dá. Aliás, em Angola, dá tudo porque os ter-renos são bons. Porém, é preciso adaptar as culturas para Luanda e para outras regiões do país. Mas Luanda, por exemplo, não serve para citrinos.

Como é que o senhor investiu num pomar com laranjeiras, limoei-ros e tangerineiras no Panguila que antes pertencia à circunscri-ção de Luanda e, actualmente, faz parte do Bengo? Não tinha outro lugar para o fazer porque havia guerra.

Qual é o melhor lugar para citrinos?É o planalto central, o corredor do Caminho-de-Ferro de Benguela, pondo, mais ou menos, para cada

O camponês não produz nada. Isso que dizem por aí não é nada. Tenho seguido bem de perto os discursos do Presidente da República, ele é contundente no aspecto do investimento no sector empresarial.

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Segunda-feira 30 de Abril 2018Valor Económico6

O senhor não vai aos funerais?Não vou! Tenho a impressão de que, no dia em que morrer, aquele carro do cemitério que tem aquelas rodas grandes, não será usado. Não vou a funerais porque acho que é perder tempo. Morreu... morreu, rei morto rei posto.

Mas devemos honrar os mortos…Há um certo aproveitamento dos funerais. Não quero acreditar que seja mesmo um sentimento antes que tenha sido um �lho, uma mãe ainda é diferente. Agora, o tio do primo morreu. Chora? Isso é um absurdo. Tenho um amigo que tem o hábito de ir aos funerais. Certa vez, disse que não queria saber de quem mor-reu, porque o que ele queria era cho-rar (risos).

Os óbitos nos dias úteis travam a actividade laboral?

Continuação da página 5

Todas as segundas-feirasAngola tem mais...

Assinaturas: [email protected]@gem.co.ao

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PAÍS VIZINHO RECLAMA RECURSOS DA ‘ZONA CONJUNTA’

RD Congo exige indemnização de 500 milhões USD a Angola

Empresa de Produção de Electricidade

– PRODEL - adquiriu seis centrais da

norte-americana General Eletrics, no

valor de 300 milhões de dólares, que

preveem abastecer mais de 600 mil resi-

dências em Luanda. Pág. 18

Com os custos de produção do

petróleo a rondarem os 35 dólares

por barril, especialistas apontam

para a exploração onshore, que tem

custos de produção mais baixos e

que promove a criação de microe-

conomias locais e de emprego. A

produção onshore em Angola é

marginal, abaixo dos 3%, con-

trariando a tendência mundial.

67% de todo o petróleo no mer-

cado internacional é explorado

onshore. Págs. 4-9

A Associação de Empresas Brasi-

leiras em Angola (AEBRAN) é a

autora de uma proposta que deve

ser submetida ao governo brasileiro,

no sentido de acertos com as auto-

ridades angolanas, para que o real

seja aceito em Angola e o kwanza,

no Brasil. Pág. 16

Luanda com seis novas

centrais eléctricas

Potencial do onshore ignorado

Brasileiros querem conversão monetária

entre real e kwanza

4 Abril 2016Segunda-Feira Semanário - Ano 1Nº3 / kz 400

Director-Geral Evaristo Mulaza

A AUTORIZAÇÃO unilateral da Sonangol à Chevron para a

exploração de petróleo na ‘Zona de Interesse Comum’ está na base

do conflito que já levou o presidente Joseph Kabila a ‘varrer’ do seu

governo figuras ‘favoráveis’ a Angola. Pág. 14

Descarregue a AppVisite o website: www.valoreconomico.co.ao

Moedas AKZ USD 160,9 kz (+0,9) s EUR 181,02Kz (+0,7) s LIBRA 229,7 Kz (-0,3) YUAN 24,7 Kz (+0,1) s RAND Rand – 10,5 Kz (+0,1) s

À entrada do segundo trimestre, o valor do barril do petróleo mantém-se abaixo

do preço fiscal inscrito no Orçamento Geral do Estado, mas fontes oficiais avan-

çam que o Governo não admite, para já, a revisão do documento. Os cortes nas

despesas de investimento não prioritárias são uma das explicações para a indis-

ponibilidade do Governo em alterar as referências do OGE deste ano. Págs. 10-11

Governo descarta revisão imediata do OGECATIVAÇÃO DE DESPESAS MANTÉM PREVISÕES ECONÓMICAS

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É preciso cortar nos feriados, far-ras e óbitos. Isso entrava demais e depois temos apenas oito horas de trabalho, é pouco. Devíamos dila-tar o tempo para 10 horas de traba-lho por dia e pagar melhor porque o operário faz parte de uma tenebrosa cadeia de engrenagem onde tem de funcionar. Quem põe a máquina a funcionar é o homem e, se ele não está, �ca muito complicado. Não é por nada, mas vejamos o exemplo dos países limítrofes. Nós, talvez por causa da guerra, perdemos muitos hábitos de trabalho.

Mudar esse quadro não é fácil.Os tempos mudaram! Temos de tra-zer as multinacionais para fazer agri-cultura e nós, angolanos, então vamos fazer as missas, jogar futebol que até fazemos mal e vamos pôr o país a tra-balhar. Essas empresas (à guisa dos brasileiros que dançam o samba) produzem, mecanizam ao máximo e usam o mínimo de mão-de-obra, e, em alguns casos, só para as colhei-tas e o resto seria dançar o semba.

Pode entrar em detalhes?O chinês tem ajudado bastante nas horas difíceis, mas dizia o ‘poeta maior’: “Temos de fazer uso das nos-sas forças”. Logo, somos nós mesmos que vamos construir o nosso país e não os chineses.

E a chamarmos as multinacionais não será a mesma coisa?Não, porque pagam impostos.

E os chineses não pagam?Não pagam nada e nem sequer com-pram a pedra com a qual andam por aí a asfaltar as nossas estradas.

Foi dos primeiros avicultores de Luanda. Abandonou definitiva-mente a actividade?O ovo é bom na panela, ou na frigi-deira. Há iniciativas dos corajosos que têm continuado com a activi-dade, mas o grande ‘input’ para o sucesso da avicultura é o milho. Tudo gira à volta do milho que dá para a ração animal e para o homem. Não há grande produção do cereal e, por

este motivo, também acaba por ser um negócio insustentável. Basta olhar para a bateria de aviários abandona-dos entre o Kwanza-Norte e Malanje. Custaram muito dinheiro ao Estado e estão agora em avançado estado de degradação.

Luanda não consegue resolver pro-blemas básicos da água e da ener-gia eléctrica há décadas. Qual é a sua opinião?Parece que a energia eléctrica está a ser resolvida, sobretudo por parte da produção. O que se coloca é a distri-buição. Falta comando. Por exemplo, há um problema no cabo de trans-porte. Para repor o funcionamento é capaz de �car uma semana ou um mês, quando devia ter um piquete e resolvia o problema em tempo útil.

E a crónica problemática da água?É igual. Não é que Luanda registe falta de água, está entre dois gran-des rios. Eu tenho um ‘pipeline’ (uma conduta) desde 1994 e continua há 23 anos a pôr água. Havendo uma avaria,

Os tempos mudaram! Temos de trazer as

multinacionais para fazer agricultura e nós,

angolanos, então vamos fazer as missas, jogar futebol que até fazemos mal e vamos pôr o país a trabalhar

Entrevista

Já temos chineses a cultivar arroz. É o caminho?O senhor faz com cada pergunta…. O chinês tem o seu papel histórico, mas não é o �m. É um meio apenas.

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7Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

resolvo em menos de 24 horas. Hoje, temos um bairro, o Panguila, com sete a oito mil casas. Não se justi�ca-ria a falta de água. A conduta foi mal feita. Participei do concurso público e sei onde está o problema. O concurso estava viciado e eu disse isso na devida altura. A empresa que ganhou o con-curso instalou uma conduta que está sempre a rebentar e o bairro está com graves problemas no abastecimento. Agora, se me pedirem para intervir, certamente vão ter de pagar.

A sua conduta chegou a abastecer o bairro?Forneci durante quatro anos e meio sem sobressaltos. Vendia água. A con-duta ainda está debaixo da terra e dá para abastecer 35 a 40 mil pessoas.

Luanda também tem o problema dos engarrafamentos…Os acessos são importantes, mas tam-bém as pessoas vão demais a Luanda.

É aqui onde há serviços…Entraria num ponto que é a divisão administrativa do país. Tal como falei da distribuição da produção da fruta, devíamos ter quatro mega-pólis: Luanda, Malanje, Huambo e Lubango. Quem quiser uma carta de condução tem de vir à capital. Nesse novo quadro, Malanje devia ter essa estrutura toda em que se ‘despachava’ as Lundas, Uíge e Zaire. O Huambo ‘despacharia’ com Bié, Moxico e Benguela, en�m, deixar um bocadinho o litoral. A falta de descentralização dos serviços é

PERFIL

Man

uel T

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© VE

que provoca o congestionamento em Luanda.

Está difícil descentralizar?Não sei se há vontade política, mas tem de ser. Admiro a África do Sul. Tem quatro cidades onde se pode resolver tudo: Pretória, Joanesburgo, Cabo e Durban. Nós temos 18 pro-víncias com estruturas extremamente pesadas. O Bengo nem sequer devia ser província.

Mas é…São aquelas coisas do passado. A estrutura que o Bengo tem é dema-siado pesada, são muitos funcioná-rios, muitos nada fazem. Havendo autarquias, o governador perde o valor que tem e avança o pre-sidente da câmara. Trata-se do autarca que é votado pela popula-ção. O governador tem de olhar para outros municípios, portanto é mais abrangente. Em Luanda, o homem mais importante era o pre-sidente da câmara que estava por perto dos problemas da popula-ção e resolvia.

É a municipalidade que não fun-ciona?Claro que não.

Quais são outros problemas que um autarca devia resolver na juris-dição do Bengo?O que é que o Bengo tem? Apenas o Panguila, que é uma espécie de zona económica, mas com os seus problemas.

Como se podem contornar os proble-mas como do lixo que hoje afecta boa parte das cidades?Há um ditado que diz que “as cida-des mais limpas não são as que mais se lavam, são as que menos sujam”. Nós gastamos muito. Parece que não, mas as pessoas consomem muito e acabam por produzir muito lixo. As pessoas devem consumir o essencial, logo, é preciso apli-car impostos. Foram muitos anos sem pagar, agora o Governo está um bocado atrapalhado a impor. Parece que estamos a pagar com retroactivos.

Os transportes públicos tam-bém são outra ‘dor de cabeça’ na capital...É um bocado complicado, porque são infra-estruturas básicas extre-mamente caras, mas podíamos ter. Há países em que os carros parti-culares apenas circulam aos �ns--de-semana. Vou pouco a Luanda, mas noto que, no desenvolvimento, há uma certa fuga da cidade para os arredores. Com o aumento da gaso-lina, diminuiu um pouco o tráfego. As coisas têm de se pagar, tem de haver um equilíbrio. Como dizia o Presidente João Lourenço, tem de haver uma classe média. Ele disse que ia trabalhar para uma classe média de 60 por cento e os outros 40 por cento seriam para ricos e pobres. Isso é que é o equilíbrio. Você tem de ter uma classe média que gaste e não temos. Classe média não é andar de fato e gravata.

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José Monteiro, agricultura de acção e de título Natural de Nhareia, província do Bié, José Monteiro nasceu em 1949 e em 1973 concluiu os estudos de regente agrí-cola no Tchivinguiro, provín-cia da Huila. Em 1989 montou a Fazenda Alice que foi um dos primeiros aviários da pós--independência. Foi, algumas vezes, sondado para cargos políticos mas nunca se efec-tivou mas nada que lhe abor-reça, pois, como disse, nunca andou atras de cargos minis-teriais.

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Segunda-feira 30 de Abril 2018Valor Económico8

Economia /PolíticaDEVIDO AO DÉFICE DA PRODUÇÃO

Angola deixa de ganhar 7 mil milhões USD com o aumento do preçoPETRÓLEO. Tendência da produção interna é de redução e é contrária aos sinais de crescimento acelerado do preço do petróleo que, na semana passada, atingiu um recorde dos últimos três anos.

erca de sete mil milhões de dóla-res seria o valor que o país dei-xaria de ganhar devido à quebra na produção, caso

o barril de petróleo continue a subir e o preço médio, em 2018, termine em 75 dólares, como perspectivam especialistas internacionais.

Os cálculos são do VALOR (con-siderando uma taxa de rentabilidade interna que atribui à concessionária 60% do petróleo lucro) e �xam em cerca de 41 mil milhões de dólares as receitas brutas em caso de a produção manter-se nos níveis actuais (cerca de 1,5 milhões de barris por dia).

Esse valor passaria para cerca de 46 milhões se a produção interna permanecesse em 1,673 milhões de barris/dia, que é a produção imposta pelos acordos entre os países produ-tores de petróleo para pressionar a subida do preço e que entrou em vigor em Janeiro de 2017.

No entanto, considerando a pos-sibilidade de se terminar o acordo

Cna sequência das sanções contra o Irão, Angola poderia voltar a produ-zir a quantidade anterior ao acordo, 1,751 milhões. Assim, as receitas bru-tas passariam para 48 mil milhões de dólares. Ou seja, registar-se-iam perdas de cerca sete mil milhões de dólares, cerca de 19% face ao máximo possível estimado.

A receita do Estado, no cenário actual, seria de 15,7 mil milhões de dólares face aos potenciais 18,4 mil milhões, o que representaria uma perda de cerca de 14,6%.

Com o referido quadro, Angola estaria fora do grupo dos produto-res petrolíferos que melhor aprovei-tariam a subida do preço de petróleo que seria proporcionada pelo even-tual retorno das sanções contra o Irão, que produz cerca de 3,8 milhões de barris/dia.

A decisão deve ser conhecida a 12 de Maio. Enquanto isso, espe-cialistas sugerem que a Arábia Sau-dita, os Emirados Árabes Unidos e o petróleo norte-americano estarão em condições de compensar a saída do Irão. Angola di�cilmente conse-guiria manter-se no grupo dos que, pelo menos, vão garantir a mesma quantidade que têm estado a fornecer.

Por César Silveira

Pela tendência decrescente da produção, o país será apanhado em contramão pela maior procura do petróleo e, consequentemente, estará entre os que não vão aproveitar con-venientemente o momento.

Apesar de concordar com a lei-tura, José Oliveira considera “exage-rado” considerar que Angola “estaria fora dos maiores bene�ciados”. Fixa em cerca de 10% a perda de Angola face ao potencial de ganhos com a subida do preço. “Qualquer aumento de preços bene�cia Angola e todos os exportadores. Perdemos cerca de 10% do máximo que poderíamos bene�ciar se estivéssemos a produ-zir ao nível da nossa quota actual, que é de cerca de 1.670.000 b/d. Estamos pouco acima dos 1.500.000 b/d”, explica o especialista em ques-tões energéticas para depois lembrar

que “o facto de Angola estar a pro-duzir abaixo da sua quota há mais de um ano, tem contribuído para o regresso ao equilíbrio do mercado que só será atingido lá para o �nal deste ano”.

Por sua vez, o secretário de Estado dos Petróleos, Paulino Jerónimo, admite possíveis perdas a curto prazo. “Depende do que vocês estão a ver como horizonte temporal, porque novos projectos entrarão em produção. Por exem-plo, este ano já entrou em produ-ção o Ochingufo do bloco 15/06 e, em Agosto, entrará em produção o Kaombo do bloco 32 e, a partir do próximo ano, entrarão outros projectos como o Zínia fase 2, Clov fase 2 e Dalia fase 3 e outros.”

O governante concorda que os frutos destes novos projectos “não terão impacto” entre 2017 e 2020. “Não exactamente, mas próximo. Houve alguns atrasos na aprovação de algumas medi-das bem como de alguns projectos. Por exemplo, em campos margi-nais, temos cerca de quatro mil milhões de reservas, serão muitos projectos a terem início. O futuro é promissor.”

PETRÓLEO, PREÇO MÁXIMO A tendência do preço do petróleo é de crescimento a nível acelerado e existe um, consenso que não é tanto pelo equilíbrio do mercado petrolí-fero proporcionado pela decisão da OPEP de reduzir a oferta. É, sobre-tudo, pela questão geopolítica. Na passada semana, o preço atingiu o máximo histórico dos últimos três anos: 74 dólares.

Considerada a taxa de rentabilidade interna que dá 60% do petróleo lucro à

concessionária, a receita desta seria 12,3 mil milhões com o nível de produção a 1,5

milhões de barris por dia.

DIREITO CONCESSÃO

95%

Milhões

BPD50%

100%

Companhias partilham a produção para o lucro

Imposto Rendimento

Petróleo (IRP) 50%

Total de produção

1,5BPD

40%

60%

75

11,7 Mil milhões

4,1 Mil milhões

75

Sonangol concessonária

Produção para lucro

Produção para recuperar investimento

50%

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7Segunda-feira 23 de Abril 2018 Valor Económico

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Segunda -feira 30 de Abril 2018Valor Económico10

Economia/Política

COMÉRCIO. Pedidos de importações da cesta básica aumentaram no primeiro trimestre do ano, apesar da escassez de divisas. Subida ultrapassou os 10,6%. Mercado automóvel continua, entretanto, em queda. Intenções de licenciamento recuaram 55,89%.

s intenções de licenciamento para importa-ções de viatu-ras reduziram 55,89% para os 268,8 milhões de

dólares, nos primeiros três meses do ano, face ao período homólogo, indi-cam dados o�ciais a que o VALOR teve acesso.

Segundo registos do Ministério do Comércio (Minco), no período,

Licenças para importação de viaturas recuam 55%

“ENQUANTO PEDIDOS DE LICENÇA PARA IMPORTAÇÃO DA CESTA BÁSICA AUMENTAM”

APor Isabel Dinis foram licenciados 8.017, contra os

20.302 veículos no mesmo período do ano passado.

Em relação ao tipo de meios, os importadores pediram licenças para comprar 3.700 viaturas ligeiras, quando, no mesmo período do ano passado, foram licenciadas 5.616 via-turas. Para os carros de transporte de 10 lugares, foram 2.666 contra 4.435. A redução mais signi�cativa ocorreu nas intenções de compra de carros especiais e de mercadorias: foram 1.651 contra os 10.251 do pri-meiro trimestre de 2017.

Tendência contrária registaram as intenções de licenciamento para a aquisição de produtos da cesta básica. De acordo com os dados do Minco,

Valores em USD Toneladas Valores em USD Toneladas

Farinha de Trigo 167 763 261 532 931 20 454 184 30 537

Arroz 317 082 756 422 726 423 822 917 646 779

Açúcar 166 628 695 238 629 138 425 194 142 231

Óleo alimentar 243 919 735 137 876 189 058 809 172 708

Óleo de palma 160 201 888 112 127 166 351 633 118 373

Fuba de Milho 91 513 345 167 296 179 974 435 319 434

Feijão 54 608 425 39 787 103 177 880 67 279

Massa Alimentícia 123 585 339 145 159 57 533 844 82 681

Leite 76 406 432 40 943 54 520 428 48 091

Carne de espécie b 50 732 552 12 371 71 119 501 69 442

Peixe seco 1 373 675 334 952 106 219

Sal 2 547 598 13 553 3 836 469 19 778

Sabão 21 313 070 15 231 23 358 933 17 886

Fuba de mandioca 128 660 63 1 002 188 553

Milho 5 112 055 120 924 34 240 889 54 481

Trigo 7 021 181 17 200 8 674 510 33 032

Total 1 489 938 666 2 017 151 1 476 503 920 1 823 504

Quantidades Preço usd Quantidades Preço

Passageiros ligeiros 5 616 268 318 287 3 700 121 332 962

Transporte 10 lugar 4 435 187 352 071 2 666 98 632 422

Transporte de merc 9 937 117 545 393 1 628 41 694 534

Usos especiais 314 36 412 600 23 7 231 542

Total 20 302 609 628 351 8 017 268 891 460

Licenciamento da cesta básica

Trimestral 2017 Trimestral 2018

Licenciamentos de viaturas

Trimestral 2017 Trimestral 2018

Lukombi Luansi, justi�ca o aumento dos licenciamentos da cesta básica com a “organização” que está a ser veri�cada no acesso às divisas pelos importadores. “A variação deu-se porque a distribuição de cambiais era problemática em 2017. A partir do primeiro trimestre desse ano, o processo está mais organizado e a distribuição é quase entre todos os importadores”, argumenta.

Nas importações dos bens da cesta básica, destaca-se a farinha de trigo, como o produto que mais recebeu intenções de licenciamento: 532.931

toneladas, contra as 30.537 em 2017. A fuba de mandioca foi o produto que menos intenção recebeu. Foram apenas 63 toneladas esse ano, con-tra as 553 toneladas do ano passado.

As importações de produtos nos últimos anos têm estado a diminuir. A quebra tem sido verificada em vários produtos. Os últimos dados do Conselho Nacional de Carrega-dores (CNC), do segundo trimes-tre de 2017, dão conta que o país importou 988.933,75 toneladas, menos 130.409,27 que no mesmo período de 2016.

houve um aumento acima dos 10,6%, saindo das 1,823 milhões de tonela-das para as 2,017 milhões de tonela-das que reclamaram 1.489 milhões de dólares, contra os 1.476 milhões de dólares dos primeiros três meses do ano passado.

O director do comércio externo,

8.017Foi o número de veículos licenciados esse ano.

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11Segunda -feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

Por António Miguel

otéis do Insti-tuto do Fomento Turístico (Info-tur), localiza-dos no Namibe, Huíla e Cabinda, n ã o g e r a m

lucros, segundo admite o director--geral da entidade, Simão Pedro.

As unidades hoteleiras surgi-ram de um projecto governamental orçado em 100 milhões de dólares e desenhado para apoiar, em 2010, o Campeonato Africano de Futebol (CAN) acolhido por Angola.

O plano, que contemplava a cons-trução de cinco hotéis nas cidades que albergaram jogos da competição des-portiva e no Namibe, não arrancou na data prevista, não tendo servido a ‘festa do futebol africano’, como inicialmente previsto. A inaugura-ção da rede só aconteceu três anos depois, com o abrir de portas do hotel do Namibe, em 2013. A cidade também foi contemplada com uma unidade para albergar o Mundial de Hóquei em Patins.

No entanto, desde a abertura, o Hotel Infotur do Namibe só tem regis-tado prejuízos. Os hotéis de Cabinda e Lubango/Huíla foram inaugurados em Agosto de 2017. Embora mais novas em relação às do Namibe, as duas unidades comerciais também não emitem sinais de serem rentáveis,

Ainda assim, há mais hotéis do

H

INVESTIMENTO PÚBLICO. Gizadas inicialmente para apoiar o Campeonato Africano de Futebol, acolhido por Angola, as unidades hoteleiras só começaram a funcionar três anos depois da realização do CAN 2010.

PROJECTO AVALIADO EM 100 MILHÕES USD

Rede de hotéis do Infotur sem lucros

Simão Pedro, director-geral do Infotur

Estado faz um investimento e não está a ter retorno é claro que está a perder dinheiro.”

Todas as unidades têm 130 camas. A taxa de ocupação e o número de empregos gerados pelo projecto só serão revelados depois do diagnóstico.

Questionado se o Infotur não esta-ria em situação de concorrência des-leal por ser regulador e ter unidades comerciais do sector, Simão Pedro a�rmou que “o estatuto do Infotur permite que o instituto faça negócio e que tenha parceria para se auto�-nanciar”. “Seria ilegal, se o instituto �zesse gestão directa dos hotéis e se aparecesse como um operador. Por-tanto, o Infotur faz concessão das unidades e espera os resultados”, explica aquele responsável.

Infotur para serem inaugurados. Já no segundo semestre deste ano, Luanda e Benguela vão inaugurar as suas unidades, perfazendo os cinco hotéis da rede. Cada um dos cinco hotéis custou ao Estado 20 milhões de dólares, perfazendo o valor glo-bal de 100 milhões de dólares. Para já, a hotelaria é dos sectores mais afectados pela crise económica que vem assolando a economia angolana.

Deste modo, os hotéis a inau-gurar enfrentam já ‘à nascença’ os mesmos problemas que estarão a in�uenciar a falta de rentabilidade das unidades em funcionamento. “De uma maneira geral, os hotéis não são rentáveis, mas estamos a apurar as razões reais da falta da rentabi-lidade”, assume o director-geral do Infotur, Simão Pedro.

Recentemente no comando do Infotur, Simão Pedro criou um grupo de trabalho para avaliar as razões que di�cultam os registos de resultados positivos do negócio. Sem revelar o nome, o responsável informou que a gestão das unidades hoteleiras está a cargo de uma empresa privada. A continuidade do contrato encon-tra-se dependente do diagnóstico. “Estamos a fazer esse exercício para tomar medidas que possam real-mente tornar as unidades rentáveis. Se se devem ao concessionário dos hotéis, uma empresa que chamou a si a gestão das unidades em 2014, quando só havia uma unidade hote-leira”, a�rma Simão Pedro, evitando quanti�car as perdas acumuladas. “Quando o Estado faz esse investi-mento �ca à espera de retorno. Se o

20 Milhões de dólares, investimento do Estado por cada Hotel Infotur

.l A maior parte das infra-estru-turas construídas pelo Governo, como hotéis, estádios e pavilhões multiuso, para albergar eventos desportivos de carácter interna-cional, encontra-se subaproveitada. Outras apenas acolhem activida-des religiosas e músico-culturais.

MEMORIZE

O Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos vai implementar medidas que impeçam a exportação, em grande escala, de rochas ornamentais, como o gra-nito e o mármore.

Em declarações aos jor-nalistas, na Huila, o direc-tor nacional dos recursos minerais, Buta Neto, pro-meteu um pacote de in-centivos à criação de novas indústrias transformadoras e para potenciar as exis-tentes com o objectivo de promover a exportação do produto já acabado e trans-formado.

Buta Neto garante que “nunca houve a intenção de se acabar com a exportação do granito bruto”, mas há a necessidade de imprimir outra dinâmica no processo de transformação local.

A produção de rochas ornamentais na Huíla re-duziu de 41.713 metros cú-bicos, em 2016, para 36.168, em 2017, representando 103.298 toneladas.

Governo vai reduzir exportação de granito

MINÉRIOS

A EMPRESÁRIA Isabel dos Santos anunciou em comunicado, na sexta-feira, a sua “indispo-nibilidade” para continuar a exercer o cargo de presidente da Cruz Vermelha de Angola, que já ocupava há 12 anos.

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11Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

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13Segunda -feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

Opinião

emprego no mundo. A criação de médias e grandes empresas exige maior esforço financeiro por parte dos empreendedores.

O sector industrial tem a carac-terística de beneficiar de economia de escala, o que requer empresas de dimensões médias. Logo, há todo uma necessidade de se acom-panharem as mais bem-sucedidas pequenas empresas para que sejam transformadas em médias empresas, podendo assim aumentar a produ-ção e o número de emprego. Até ao momento, 90% dos trabalhadores que estão no pólo são nacionais e os estrangeiros representam 10%.

No que diz respeito à capaci-dade instalada de produção, quase todas as empresas não estão a uti-lizar completamente a capacidade instalada, produzindo assim abaixo do potencial. O que mais tem con-tribuído para este factor é o acesso à matéria-prima, visto que mais de 95% dos insumos usados na pro-dução por praticamente todas as empresas industriais são importa-dos. Com a dificuldade de obten-ção da moeda estrangeira para a importação, a capacidade de pro-dução das empresas diminui dras-ticamente, chegando, muitas, a produzir abaixo dos 60% da capa-cidade instalada.

A questão da matéria-prima é muito séria e deveria merecer a atenção dos empresários e do Governo. O facto de se impor-tar toda a matéria-prima faz com que não haja interligações entre as empresas na cadeia de produ-

ção de muitos bens industriais, o que provoca uma baixíssima malha de adensamento entre as empre-sas. Não Há empresas que, a mon-tante, produzam os insumos que são necessários para indústrias a jusante e, por sua vez, estes iriam fornecer às empresas comerciais.

O que se verifica nos pólos é a falta de coneção entre as empresas, pois cada uma tem como fornece-dores empresas estrangeiras que lhes oferecem as matérias-primas, para as empresas industriais, e pro-dutos acabados para as empresas comerciais. É digno de nota que, mesmo as empresas comerciais, ao invés de adquirirem os produtos que comercializam dos produtores internos, preferem sempre impor-tar. É verdade que o custo de pro-dução dos produtores nacionais é extremamente elevado compara-dos aos produtos importados. Isso faz com que os comerciantes prefi-ram importar a comprar aos pro-dutores nacionais.

As importações são mais bara-tas, em parte, devido à política cambial que o Banco Nacional de Angola tem vindo a implementar, o que torna ‘ceteris paribus’, os pro-dutos importados mais baratos do que os produzidos internamente. A taxa de câmbio fixa que vigorou ou vigora desde 2002 torna mais fácil importar do que exportar, pois a sobrevalorização da moeda nacional (dar menos kwanzas por cada unidade de moeda estran-geira), apesar de reduzir a taxa de inf lação, penaliza os produtores nacionais que já enfrentam custos de produção muito elevados pro-vocados pela falta de infra-estru-turas adequadas como o caso do fornecimento regular de água e electricidade.

Economista e investigador do CEIC

esmo antes do f im do con-f lito armado, o G over no a n g o l a n o , em 1998, no â m b i t o d o Plano Direc-

tor de Industrialização do país, aprovou a criação do Pólo de Desen-volvimento Industrial de Viana (Luanda) e de Catumbela (Benguela) por meio da Resolução nº 4/98 de 27 de Março. Com esta resolução, deu-se início à política de desen-volvimento industrial através da criação de pólos industriais.

Os dados disponíveis dão conta que, como se pode ver na tabela acima, os pólos de Viana e da Catumbela albergam 850 empresas que criaram mais de 8.500 postos de trabalho. No polo de Catumbela encontra-se indústrias de cimento e betão, metalúrgica, mobiliário, alimentar e de bebidas.

O pólo de Viana está situado na capital do país, Luanda, com uma área de 2.800 hectares que está dividido em três zonas: A, B e C. As três zonas agregam 809 lotes, dos quais só 45%, isto é, 337 lotes estão em funcionamentos. Mais de metade os lotes não estão em funcionamento, o que mostra que o pólo não está a ser utilizado ple-namente e há espaços para empre-sários que queiram instalar a sua actividade industrial neste zona.

Mas, no que diz respeito aos lotes que estão em funcionamento, a zona A tem 110, o que representa 61% do total de lotes existentes nesta zona; a zona B tem 197 lotes, isto é, 40% do total disponível e a zona C, 30 lotes representado 24% da sua capacidade.

O pólo de Viana agrega indús-trias nos seguintes ramos:

• Materiais de Construção –

A questão da matéria-prima é muito séria e

deveria merecer a atenção dos

empresários e do Governo. O facto de se

importar toda a matéria-prima faz com

que não haja interligações entre as

empresas na cadeia de produção de muitos

bens industriais, o que provoca uma

baixíssima malha de adensamento entre as

empresas.

M

Pólos Industrias em Angola: o caso de Viana – PARTE I

PRECIOSO DOMINGOS

Acessórios de Construção Civil;• Metálicos – Varões de Aço,

Tubos e perfis;• Cimento – Artefactos de Betão;• Químicos – Tintas e Vernizes;• Madeira e Mobiliário – Serra-

ção, Carpintaria e Móveis;• Plásticos – Recipientes e Aces-

sórios;• Papel e Cartão - Cartão e Fral-

das Descartáveis;• Alimentar e Bebidas – Água

Mineral e Outros.Para além do sector industrial, o

pólo alberga também empresas com actividades meramente comerciais (armazéns de mercadorias impor-tadas), de logística e prestação de serviços. Dentro do pólo, há ainda espaço reservado para residências.

As empresas que estão no pólo de Viana, para além da produção, muita delas realizam, no mesmo espaço, as actividades de arma-zenamento e venda. Das empre-sas inqueridas, a média de anos de actividade no pólo é acima dos sete anos. Mais de 90% das empre-sas têm a maior parte do seu capi-tal detido por cidadãos nacionais; encontrámos apenas duas empre-sas que têm 100% dos seus capitais detidos por estrangeiros.

Mais de metade das empresas visitadas, em termos de geração de emprego, são pequenas empresas, visto empregarem até 70 trabalha-dores. Estes dados vão de acordo com a experiencia de muitos países, pois, hoje, na maioria das econo-mias, as micro e pequenas empre-sas são as principais geradoras de

Pólo Industrial Área (hectares) Nº Empresas Emprego criado

Viana (Luanda) 2.800 500 + 6.500

Catumbela (Benguela) 2.500 350 + 2.000

Fútila (Cabinda) 2.345 ND ND

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Segunda -feira 30 de Abril 2018Valor Económico14

Por Nelson Rodrigues e César Silveira

B a n c o d e Fomento Angola (BFA) descarta a possibilidade de vir a transferir para a Recredit a resolução do cré-

dito malparado por considerar estar em níveis possíveis, em 6%, de serem controlados usando apenas os recursos internos. A garantia é do novo CEO, Jorge Albuquerque Ferreira, que, no entanto, reconhece a importância do Recredit: “É importante que haja um instrumento que retire o crédito mal-parado do balanço dos bancos, mas não precisamos da Recredit. Temos um volume muito baixo. E por isso não há interesse em fazê-lo.”

O BFA estima em cerca de 15% o nível do crédito malparado “recuperá-vel”, em toda a banca nacional, utili-zando instrumentos internos. Acima desta taxa, defende, “as instituições devem recorrer a soluções, como a da

O

BANCA. Na primeira vez que aborda diferentes temas do sector e da economia, desde que chegou a Angola para substituir Emídio Pinheiro, o CEO do BFA garante que o nível baixo de malparado dá ao banco margens para gerir o ‘dossier ’ apenas internamente. Aponta o resgate dos correspondentes bancários e a redução do malparado como desafios imediatos do sistema bancário nacional.

JORGE FERREIRA, CEO DO BFA, CONFIANTE NA SOLIDEZ DO BANCO

BFA sem malparado para Recredit

tas, o banco estaria na liderança: “Se tirarmos o malparado, o nosso cré-dito vivo �ca muito acima da nossa quota de mercado natural. O pro-blema é que, quando se fala dos ban-cos que têm muito crédito ou pouco crédito, aqui em Angola ou noutras partes, junta-se ao malparado. Tem de se tirar o malparado. Essa conta é muito importante, porque sem-pre que se faz crédito e esse crédito �ca em malparado é um crédito que destrói a economia, destrói postos de trabalho.”

IMOBILIÁRIO, O MAIOR RISCOJorge Ferreira alinha com grande parte dos banqueiros quando aponta o imo-biliário como a área de “maior risco” para banca em tempos de crise, aler-tando que os bancos devem ter “um cuidado muito grande”. “Em qualquer país, quando há uma crise, a primeira coisa que �ca completamente parada e de rastos é o imobiliário”, lembra, acrescentando tratar-se de uma rea-lidade que se está a testemunhar hoje em Angola. “Um dos temas mais difí-ceis que está em Luanda e em toda a periferia é sobre o imobiliário, o que há meio feito e o que há por fazer.

Mercados & Finanças

Todo esse empreendimento [imobi-liário] que está por aí é dinheiro dos bancos”, sublinha. Apesar disso, asse-gura que o contributo que o imobi-liário tem no malparado do BFA “é quase insigni�cante”.

Agricultura, pescas, mineração, comércio e distribuição alimentar são, para o líder dos executivos do

BFA, os negócios mais “apetecíveis”. “Há coisas muito interessantes nestes sectores”, sobretudo porque Angola tem “um mercado interessante, com cerca de 30 milhões de pessoas e uma população muito jovem”. “A primeira regra para as vendas e desenvolvi-mento é haver mercado. Angola tem um grande mercado. Tem condições

Banco líder nos lucros...

20.9

75,6

23.8

98,6 31

.796

,0

37.8

66

2012

8.0000

40.000

70.000

30.000

60.000

20.000

50.000

10.000

02013 20162014 20172015

61.7

13

68.7

46,8

Recredit, para se manterem focadas nos outros negócios”. “Quando um banco tem uma carteira de crédito malparado muito grande, a partir dessa altura, já só está a tratar disso. Já não está a tratar do negócio ‘core’. A questão da Recredit é importante para o desenvolvimento de Angola. É importante que o malparado dos ban-cos ou uma parte do malparado dos bancos seja retirado dos seus balanços. Enquanto não for retirado, a situação será di�cil”, adverte Jorge Ferreira.

Constituída pelo Estado com uma capitalização, equivalente em dóla-res a dois mil milhões, a Recredit foi pensada incialmente para sanear a carteira do malparado nos bancos públicos. Depois alargou a estraté-gia para mais bancos. Desde que ini-ciou as operações, já negociou 320 mil milhões de kwanzas do BPC e de um banco privado.

MAIOR CARTEIRA DE CRÉDITO O BFA, garante Jorge Ferreira, teve de aplicar uma “estratégia de rigor na selecção e aprovação dos projectos” para fechar o ano com o malparado em apenas 6%. O gestor está conven-cido de que, se houvesse outras con-

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15Segunda -feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

O BANCO NACIONAL DE ANGOLA (BNA) colocou no mercado cambial, a meio da semana passada, um montante de 25 milhões de euros, para a cobertura de serviços, incluindo assistência técnica, consultoria, resseguro, licenças e patentes.

Jorge Albuquerque Ferreira, CEO do BFA

ção em 2018. Ou seja, tinha uma parte muito signi�cativa que ven-cia em 2018. Isso criava uma pres-são grande sobre a tesouraria das �nanças públicas. Mas o MINFIN, no âmbito daquilo que é o Plano de Estabilização macroeconómica, propôs aos credores uma dilatação dos prazos. Em inglês, chama-se um ‘rollover’ da dívida. Mas, no plano, o que foi escrito é ‘alteração do per-�l da dívida’”, resume. Na visão do CEO, a dívida foi feita por “muito curto prazo”, pelo que entende que “era importante estender mais”, para “tornar mais suave os pagamentos”. “Com as nossas contas, e por tudo aquilo que estudámos, não vimos nisso um problema. Até porque o mundo vai ensinando várias coisas, assim como a história da vida nos ensina muitas coisas. Nunca ouvi nenhum país que tivesse feito um ‘default’ em dívida interna”, recorda o novo CEO do BFA.

Jorge Ferreira considera a nova Lei do Investimento Privado um “bom exemplo de que estão a ser dados passos para a melhoria do ambiente de negócios”, por enten-der que o investimento estrangeiro é uma das três fontes de entrada de capitais. “Há três grandes actividades que trazem dinheiro para um país: as exportações de bens ou de ser-viços, o turismo, que é uma grande fonte de entrada de dinheiro novo, e o investimento estrangeiro. Essas três coisas é que são críticas para vir dinheiro novo, dinheiro fresco.”

DESAFIOS IMEDIATOS PARA A BANCA Há quase um ano em Angola, Jorge Ferreira entende que a perda dos cor-respondentes bancários e a situação do crédito malparado são dos aspec-tos que mais prejudicam a econo-mia angolana e os bancos. Para ele, os dois casos a�guram-se como os “desa�os mais imediatos” da banca angolana.

“Diria que o primeiro desa�o é recuperar a banca de correspondên-cia. Esse é o mais importantes de todos, para os bancos e sobretudo para servir a economia, os clientes, as empresas. Uma das principais perspectivas é a banca de correspon-dência. Isso tira uma pressão grande sobre o mercado cambial e permite que o negócio internacional se faça com apoio dos bancos internacio-nais, que hoje os bancos angolanos não têm”, defende.

Como segundo desa�o, aponta

a “resolução de uma parte signti�-cativa do crédito malparado” por-que “funciona para os bancos como uma pessoa que corre, mas que tem uma bola de ferro amarrada ao pé”, exempli�ca.

BPI E A REDUÇÃO NA EXPOSIÇÃO EM ANGOLA Jorge Ferreira acredita que o BPI vai reduzir, ainda mais, a exposi-ção no BFA, apesar de não se tratar de uma obrigação, sobretudo pela condição de “banco sistémico euro-peu” do Caixa Bank, que é o accio-nista principal do BFA com 85% das participações.

Entende que o BPI só não aca-tou ainda a recomendação do Banco Central Europeu (BCE) pela impor-tância do BFA para o BPI e foi dando tempo “para ver se Angola consegue ter ou não a equivalência”.

“Como Angola não está reconhe-cida na equivalência de supervisão bancária europeia, aos bancos sis-témicos europeus não lhes é reco-mendável que estejam expostos a países em que não há equivalência de supervisão bancária. No entanto, esta recomendação do BCE é de Dezembro de 2016. Já tem quase um ano e meio. Não posso falar pelo BPI, nem pelo Caixabank, mas acredito que foram ganhando tempo para ver se Angola consegue ter ou não a equivalência.”

ADEUS AO BPIJorge Ferreira não entrou no BFA em representação do BPI, mas foi contratado pelo banco angolano, ao BPI, para substituir Emídio Pinheiro. Trabalhou 23 anos no banco por-tuguês e a entrada no BFA obri-gou-o a desvincular-se do BPI. “O BCE impôs um conjunto de regras ao BPI para continuar a ser accio-nista do BFA. Primeiro é que tinha de perder a maioria do capital. Está cumprido, tinha 52%, passou para os 48%. A segunda regra foi que não podia ter nenhum administrador na comissão executiva e terceira regra é que no conselho de administração só podia ter dois administradores. São estas três regras. E estão cum-pridas”, assegura Jorge Ferreira.

O novo CEO garante ter encon-trado o banco com uma situação patrimonial “positiva”, sustentada pelos principais indicadores do ano passado. O BFA fechou o balanço com lucros de 416,4 milhões de dólares, de acordo com os dados não auditados de 2017.

óptimas para a agricultura, para as pescas, para explorar. O próprio Exe-cutivo tem vindo a dar passos positi-vos nesse sentido”.

LIQUIDEZ TRANQUILIZA A taxa baixa de malparado permite uma maior liquidez ao banco e é com essa variável que o banco justi�ca a

sua posição de líderança nos vários ‘rankings’, como no mercado de valo-res mobiliários. O banco liderou, por exemplo, de Janeiro a Dezembro do ano passado, as transacções da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA). Neste período, o banco movimen-tou 397,1 mil milhões de kwanzas, de acordo com o relatório e contas da bolsa referente ao ano passado.

“Como temos pouco crédito malparado, temos mais liquidez no balanço. E a nós perguntam-nos como é que movimentamos tanto dinheiro na BODIVA. A diferença está aí”, explica. A liquidez em alta também coloca a instituição na liderança no acesso às divisas nos leilões do BNA, visto que cada banco só pode arre-cadar valores que correspondam até 15% dos seus fundos próprios. “Como é o que tem mais fundos próprios, a probabilidade de termos mais [divi-sas] é maior. Depende da dimensão dos bancos. A regra é essa. Nenhum banco pode ter, em cada leilão, mais do que 15% dos fundos próprios ou 25% do leilão”, justi�ca.

A saúde �nanceira do banco per-mite ao CEO afastar a possibilidade de encerrar agências e reduzir colabo-radores. Jorge Ferreira até apresenta o quadro contrário. A abertura, ainda este ano, de novas unidades de negó-cio e balcões à semelhança do que fez no ano, faz parte dos planos do banco.

DESPREOCUPAÇÃOO CEO garante que o BFA não está preocupado com o nível de expo-sição à dívida interna do Estado, sobretudo depois do rescalonamento da mesma. “O que a dívida pública interna tinha era muita concentra-

6%Taxa de crédito malparado do BFA em 2017

397Mil milhões de kwanzas, valor das transações do banco na BODIVA evar a viatura alugada

68,7Mil milhões de kwanzas, valor dos lucros em 2017

Unidade: mil milhões KZFonte: Relatórios Deloitte, balanço do banco e BODIVA

...e nas transacções da BODIVA

050

100150200250300350400

BFA SBA BAI BMA BNI PRESTIGIO ECONÓMICO KEVE SOLBIC

397,

1

335,

3

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9

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,2

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7,9

1

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Segunda-feira 30 de Abril 2018Valor Económico16

Mercado & Finanças

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Um grupo de dirigentes do Es-tado está a responder em tribu-nal por não apresentar garantias penhoráveis para operações de

RESULTADOS FINANCEIROS DE 2017

ENSA fecha balanço com lucros a encolher 10%SEGUROS. Balanço da seguradora deve inscrever um recuo nos lucros de 10% face a 2016. Gestão explica com crise económica e com a redução das apólices. Só as receitas resistem à crise e engordam 12%. Entidade destaca avaliação positiva da Standard & Poor’s.

CRÉDITO. Banco ‘ataca’ dirigentes do Estado que aceitam ser avalistas, mas não entregam bens como garantias de crédito. Malparado atinge cerca de 200 milhões de dólares.

s l u c r o s d a Empresa Nacio-nal de Seguros de Angola (ENSA) fecharam 2017 a recuar 10%, e m p u r r a d o s essencialmente

pela crise económica e pela dimi-nuição das apólices de seguro, reve-lou, ao VALOR, o presidente do conselho administração, Manuel Gonçalves.

Apesar desta queda em relação a 2016, o gestor considera “posi-tivo” o desempenho da empresa, que se manteve “em linha com o crescimento médio prognosti-cado” nos últimos anos. “Se no ano anterior tivemos um cresci-mento de 43%, que foi extraor-dinário, se tivermos em conta a situação de crise que vivemos, ter um decréscimo de 10% é muito bom”, afirma o gestor.

A contas de 2016 registaram lucros de mil milhões de kwanzas, face aos 705 milhões de kwanzas de igual período anterior.

A justificar o recuo nos lucros de 2017 está ainda a diminuição

das apólices decorrente do desa-parecimento de empresas e a redu-ção de postos de trabalho, aliados à queda de bens seguráveis.

Só os prémios brutos emitidos escaparam ao impacto da crise. Até 31 de Dezembro, as receitas avan-çaram 12%, ou seja, 42 mil milhões de kwanzas, margens que, segundo a gestão, estão igualmente “em linha” com as projecções anuais

da seguradora até 2020. O seguro de saúde foi o pro-

duto que mais contribuiu para as receitas, com um contributo de 40%, do conjunto de 41 produtos da seguradora. Depois, seguem-se os acidentes de trabalho, automó-vel, aéreo e responsabilidade civil.

“O seguro de saúde funciona como retenção de trabalhadores dentro das empresas. É muito difí-

cil, hoje, as empresas serem com-petitivas no mercado, com bons quadros, se não integrarem a remu-neração um pacote de seguros de saúde”, explica o gestor.

Manuel Gonçalves não deu detalhes de como se comporta-ram outros produtos, mas pro-mete, para breve, a apresentação das contas consolidadas da ENSA.

S&P DISTINGUE ENSAA ENSA sujeitou-se a uma ava-liação de ‘rating’, sendo a única num grupo de mais 100 empresas públicas ou de capitais públicos. A classificação positiva foi dada pela agência Standard & Poor’s (S&P), que mediu a consolida-ção, eficiência e aproximação da empresa aos clientes. “E isto mos-tra bem o percurso que tivemos, a consolidação que tivemos, os níveis de eficiência, a nossa aproxima-ção ao cliente e a cultura diferente que conseguimos conquistar den-tro da nossa organização”, rego-zija-se Manuel Gonçalves.

BIC leva a tribunal dirigentes avalistasPOR NÃO PAGAREM DÍVIDAS E ESCONDEREM GARANTIAS DE CRÉDITO

apenas 1,7% para 205,4 milhões de dólares (34.253 milhões de kwanzas). Como consequência do malparado, aliada à crise fi-nanceira, o banco cortou 3,9% no crédito para apenas 5.788 milhões de dólares (965.186 milhões de kwanzas), com o Estado a levar a maior fatia (2,5 mil milhões de dólares) e as empresas e particu-lares (2,3 mil milhões de dólares) do total do ‘bolo’.

Os lucros do banco cres-ceram apenas 1,7%, de 33,663 milhões de kwanzas, em 2016, para 34,253 milhões até 31 de Dezembro de 2017.

pôr processos em tribunais. Às ve-zes, há pessoas, mesmo dirigen-tes, que são avalistas de operações e esses processos já entraram em tribunal. Preocupa-me isso”, de-sabafou o gestor.

Fernando Teles revelou que, por conta disto, já se viu obrigado até a penhorar aviões de um ava-lista. “Eram três aviões e um já foi vendido, mesmo estando penho-rado ao banco. E os outros dois, um está em peças e outro está lá para ser penhorado”, sublinhou o banqueiro, escusando-se a re-velar o nome do proprietário dos aparelhos. “Só falei relativamen-

crédito em situação de risco das quais são avalistas no Banco BIC.

A revelação foi feita pelo pre-sidente da instituição, Fernando Teles, durante a apresentação do relatório e contas de 2017, em que não escondeu a preocupação. “Não temos nenhum prazer em

te aos avalistas, porque as pessoas deixam arrastar os processos e vão a tribunal, quando uma parte destes avalistas tem bens e podem renegociar com bancos. Nem vou falar aqui se são dirigentes ou se são grandes empresários. São tudo isso. São avalistas de ope-rações que, quando chega o mo-mento de as empresas pagarem, começam a pensar que não têm de pagar aos bancos”, explicou.

As contas revelam ainda que o BIC fechou o ano com um total de crédito malparado à volta de 200 milhões de dólares, num ano em que os lucros do banco cresceram

Por Nelson Rodrigues

Por Nelson Rodrigues

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17Segunda -feira 30 de Abril 2018 Valor EconómicoM

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Por Nelson Rodrigues

consel ho de administração do Standard Bank Angola (SBA) anun-ciou lucros de 17 mil milhões

de kwanzas, um avanço de 116% face às margens de igual período anterior, em que o banco registou ganhos de sete mil milhões de kwanzas.

De acordo com o resumo das contas, a que o VALOR teve acesso, o crescimento de 73% das margens �nanceiras e a evolução em 53% do produto bancário ajudaram no avanço dos ganhos, além da “capacidade de manutenção e crescimento do nível de depósitos durante grande parte do ano” e da liquidez.

O

BANCA. Primeiros quatro anos de operação foram de prejuízos. Lucros iniciaram em 2015, mas só em 2017, o banco mais do que duplicou ganhos. Há quase dois anos que o banco não assume empresários da Inpal na estrutura. Nem explica razões.

GANHOS DA INSTITUIÇÃO CRESCERAM 116%

Standard Bank Angola com maior lucro de sempre

O crescimento de 116% dos lucros representa o maior avanço no negó-cio do banco desde que se instalou em Luanda, em 2011, quando fechou o exercício �nanceiro com 7.926 milhões de dólares de resultados líquidos nega-tivos. De resto, os primeiros anos de operação do banco em Luanda �ca-ram registados com prejuízos.

A entidade gerida por António Coutinho reconhece que, no último trimestre de 2017, o banco teve uma redução dos depósitos, situação justi�-cada pelo “comportamento dos clien-tes”, que utilizaram a sua liquidez em kwanzas para a aquisição de dívida pública (maioritariamente indexada ao dólar). Segundo o banco, o objec-tivo era proteger os recursos contra a desvalorização da moeda nacional.

“Esta redução no nível de depó-sitos é compensada pelo crescimento do saldo de títulos indexados sob custódia do banco, que apresentou

17Mil milhões de kwanzas, lucro do Stand-ard Bank Angola, em 2017

António Coutinho, CEO do Standard Bank Angola

A Comissão de Mercado de Capi-tais (CMC) apelou para a criação de conformidade entre as estru-turas das sociedades gestoras de mercados e os seus mecanismos internos, dentro do processo de elaboração de novos diplomas que estão em consulta pública.

O apelo foi avançado pelo director do Departamento de Política Regulatória e Normas da CMC, Herlânder Diogo, que, citado pela Angop, realçou a necessidade de se adequar os mecanismos internos de inte-racção da CMC às estruturas das sociedades gestoras de mercados.

A CMC colocou, a escrutí-nio público, documentos sobre o regulamento dos organismos de investimento colectivo de capital de riscos, que estabelece as regras relativas à autorização para a constituição e de registo dos organismos de investimento colectivo de capital de risco e o projecto de regulamento dos orga-nismos de investimento colec-tivo de titularização de activos (estabelece inicio e exercício da actividade).

Também estiveram em con-sulta pública os projectos de regu-lamento das sociedades gestoras de património que estabelece o regime jurídico das sociedades e o projecto de revisão do regu-lamento das sociedades gestoras de mercados regulamentados, que prevê a alteração de algumas das suas disposições.

Os actuais processos de con-sulta decorreraem de 26 de Março a 27 a deste mês, enquanto as con-tribuições deverão ser enviadas até ao dia 30 de Abril, precisa-mente esta segunda-feira.

CMC quer adequar mecanismos internos

NAS SOCIEDADES

OS RESULTADOS LÍQUIDOS do Deutsche Bank, banco que fechou escritório de representação em Luanda há dois anos, caíram para 120 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, menos 79% do que no mesmo período de 2017, de acordo com contas da entidade, tornadas públicas na semana passada.

um aumento de 116% quando com-parado ao ano anterior, situando-se nos 232 milhões de kwanzas”, subli-nha o banco.

Admite que, embora o crédito líquido tenha decrescido 30% face a 2016, “a rentabilidade dos activos aumentou de 2% para 5%, re�ectindo uma melhoria na ‘performance’ do Standard Bank”. “Importa também destacar a manutenção ao nível da qualidade da carteira de crédito, que

manteve o rácio de crédito em incum-primento a 5%”, lê-se na nota do banco.

Este é o segundo ano, desde 2016, que o banco continua a manter o grupo AAA na estrutura accionista do banco, apesar de a entidade gerida por São Vicente já ter admitido, ao VALOR, a alienação da sua participação.

O Standard Bank de Angola ini-ciou as suas operações no país em 2010, depois de mais de três anos a funcio-nar como escritório de representação, período tido também como de nego-ciações com parceiros locais para a satisfação dos então 49% de partici-pação obrigatoriamente nacional. As AAA adquiririam a sua participa-ção que, entretanto, detinham, ape-nas em 2012.

As negociações para a venda da par-ticipação das AAA vêm de há algum tempo. Em 2013, o banco anunciou, no seu relatório de contas, que ‘AAA Activos Lda’ se encontrava no processo de transferir a sua participação para um novo accionista, o qual iria tam-bém subscrever o aumento de capital que a realizaria em 2014. E, apesar de as AAA terem admitido já o recebi-mento dos valores da nova entidade, até hoje não sabe o desfecho da operação.

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Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico18

Empresas & Negócios

Por Valdimiro Dias

INVESTIMENTO. Grupo FF participa do capital social de uma sociedade que produz a marca de telemóvel portuguesa Ikimobile. Vai investir seis milhões de dólares para implantar a marca no país.

Ikimobile chega a Angola com 6 milhões USD

MARCA DE TELEMÓVEIS PORTUGUESA ENTRA PELO GRUPO FF

om os olhos postos no mer-cado da SADC, a fabricante de telemóveis Ikimobile, de origem portu-guesa, prevê

arrancar com uma linha de produ-ção em Angola, entre Junho e Agosto, com capacidade de oferecer ao mer-cado até 100 mil unidades por mês.Fernando Ferreira, administrador do grupo FF, que participa do capi-tal social da marca e a representa em Angola, explica que a unidade fabril, numa fase posterior, terá capacidade para produzir 300 mil telemóveis por mês, num investimento que ronda os seis milhões de dólares, abrindo mais duas linhas de produção.

O negócio representa a extensão para Angola da ligação que o grupo FF já tem com o fabricante luso da Ikimobile, um projecto iniciado há cerca de seis anos, com uma fábrica em Coruche, Portugal, num investi-

de dólares. A produção de hipoclorito de sódio e soda caustica é outra das apostas. O projecto está a ser imple-mentado na zona do Chiome, na Baia Farta, numa área de mil hectares, 650 dos quais estão destinados a salinas. Com o projecto, Fernando Ferreira espera contribuir “signi�cativamente para acabar com a importação do sal e transformar num produto de expor-tação, sobretudo para a SADC”.

O grupo tem ainda uma partici-pação na fábrica KNG, que se dedica à montagem de motas e bicicletas da marca FF, no Golungo Alto, Kwanza--Norte, com capacidade de produzir 10 mil unidades por ano. No entanto, a fábrica, a única no Golungo Alto, tem registado quedas na produção, devido à escassez de divisas. Em 2017, a queda foi de 30%. Fernando Fer-reira apela assim para uma “maior atenção do BNA”, na disponibiliza-ção de divisas, chamando a atenção para a “concorrência desleal”.

O Grupo FF, que facturou 29 milhões de dólares em 2016, nasceu em 1999. Agrega hoje 17 empresas, “todas auto-sustentá-veis”, assegura Ferreira.

mento de seis milhões de euros. O mercado angolano absorve

entre 60 e 75% da produção da fábrica de Coruche, o que o empre-sário considera positivo.

Dados publicados, recente-mente, �xam em mais de quatro milhões de euros as vendas do Iki-mobile em 2017, representando um aumento de 35%, face a 2016.

APOSTAR TUDO NO SALO grupo tem outros projectos, em que se destaca a construção de uma salina, em Benguela, com a produção industrial e mecanizada com capa-cidade para 160 toneladas ano, num investimento acima dos 42 milhões

42Milhões de dólares, total do valor investido na salina que está em construção na Baia Farta, em Benguela

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Água Cesse aumenta produção em mais de 50%

f ábr ic a de água Cesse do Negage ampliou, em 2017, a sua capacidade de produção em 59%, para

27 mil garrafas por dia, mas con-tinua distante da capacidade ins-talada de 65 mil garrafas.

O director-geral, Gilberto Cassumba, aponta a di�culdade de acesso às divisas como princi-pal entrave. “Temos as linhas de produção cá, mas faltam alguns equipamentos que precisam de ser importados, porque a nossa maqui-naria vem dos EUA e as divisas são indispensáveis”, justi�ca.

Apesar dessas di�culdades, o gestor garante pretender avan-çar com a segunda fase do pro-jecto, que passa, essencialmente, pela ampliação da fábrica, adi-cionando mais duas linhas de enchimento às quatro existen-tes. O objectivo, explica, é atingir uma cobertura de, pelo menos, 65% do território de Angola.

“Embora a Cesse não dispo-nha de capacidade para fazer a cobertura de todo o território,

temos disponibilidade de vender em qualquer ponto do país. Temos aceitação nos hotéis de referência em todo o país e nos clubes des-portivos”, refere Cassumba.

A exportação não é nova para a empresa. Num passado recente, vendeu para a Namíbia e tinha contactos avançados para enviar água para o Dubai. Mas a di�cul-dade de divisas interrompeu os dois processos. Pela mesma razão, também foi interrompida a pro-dução da água aromatizada. Para evitar constrangimentos, está pro-jectado um investimento na fruti-cultura para minimizar os custos de importação da matéria-prima.

Gilberto Cassumba perspec-tiva que o mercado das bebidas e águas continue a crescer, embora exista muito tabu. “Há pessoas que compreendem mal a questão das águas minerais”, defende, referindo um aumento do consumo da água puri�cada pelo país.

Localizada no bairro Bengo, em Negage, no Uíge, a fábrica foi inaugurada a 4 de Fevereiro de 2014 e resultou de um investimento de seis milhões de dólares.

Por Valdimiro Dias

AINDA COM 41% DE CAPACIDADE

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Água Cesse, deixou de exportar para a Namíbia

ABEBIDAS. Apesar de estar a produzir abaixo de 50% da capacidade instalada, a empresa pretende regressar às exportações e aposta na produção de águas aromatizadas.

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Fernando Ferreira, administrador do grupo FF

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19Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

MELLO XAVIER diz-se “vítima de terrorismo económico” por estar há 10 anos afastado da cervejeira Rosema, de São Tomé e Príncipe, apesar das várias decisões judiciais, admitindo recorrer a instâncias internacionais.

AS VENDAS da Shoprite, em Angola, dimi-nuíram 9,5%, face a um crescimento de 155,4% de 2016. A queda, segundo relatório do grupo, re�ecte principalmente o desempenho de 2017 e uma queda na in�ação interna de 41,3%.

om a transfor-mação digital, as organiza-ções têm vindo a aumentar os seus investi-m e nt o s n a detecção e pro-

tecção de ciberataques. No entanto, de acordo com um estudo da EY, ainda evidenciam muitas di�culda-des em lidar com a resposta a inci-dentes de cibersegurança.

O Global Information Security Survey (GISS) 2017-18, realizado pelo 20.º ano, avaliou o estado de maturidade da cibersegurança das organizações, os principais desa-�os e tendências a nível global.  A complexidade dos ciberataques e a diversidade do ecossistema digital das organizações leva a que grande maioria dos decisores reconheca que a sua capacidade de cibersegurança não está devidamente alinhada com os requisitos do negócio, sendo os ris-cos de impactos �nanceiros e repu-tacionais consideráveis.

As ameaças de cibersegurança como o ‘so�ware’ malicioso, roubo de identidades, fugas de informação con�dencial e propriedade intelec-

C

tual e indisponibilidade de serviço são uma realidade presente, que pas-sou a estar na agenda dos decisores. Das mais de mil organizações ana-lisadas no estudo, mais de metade reportaram que tinham sido alvo de ciberataques recentemente.

Uma das preocupações que �cou fortemente vincada foi a compo-nente humana, os novos paradig-mas da mobilidade e ‘internet of things’ vieram ainda mais agravar esta preocupação. A principal ori-gem de incidentes está relacionada com a falta de consciencialização dos utilizadores para a utilização de forma segura dos sistemas de informação. Por muito que já se tenha investido em tecnologias e processos, as pessoas continuaram a ser consideradas o elo mais fraco, a consciencialização dos colabora-dores para a cibersegurança é, aliás, a área onde as organização mais prevêem crescer os orçamentos de cibersegurança nos próximos anos.

As organizações percorreram um longo caminho para se prepararem para um ciberataque, no entanto, os ‘hackers’ têm estado a evoluir o nível de so�sticação dos ciberta-ques, é necessário continuar a evo-luir o nível de maturidade na área da cibersegurança para se detectar antecipadamente os ciberataques e proteger os seus activos críticos, e se mesmo assim forem alvo de um inci-dente de cibersegurança, as organi-zações têm de estar preparadas com um plano de resposta rápido na sua contenção, gestão da comunicação exterior e na reposição da continui-dade do seu negócio.

A cibersegurança nas organizações

Sérgio Martins, Executive Director EY, Advisory

BIOCOM prevê facturar 330 milhões USD em 2018

APESAR DOS APERTOS FINANCEIROS

Biocom prevê produzir, este ano, 100 mil toneladas de açúcar, 20 mil metros cúbi-cos de etanol e 110 mil mega-

watts de energia eléctrica, contando com um plantio de cana-de-açúcar que ocupa 24 mil hectares.

Com esta produção, a empresa calcula ter uma facturação de 330 milhões de dólares. Para o açú-car, as previsões ultrapassam as expectaivas que eram produzir 96 mil toneladas. O director-geral adjunto, Luís Barro Júnior, justi-�ca o crescimento com o “empe-nho dos colaboradores”.

O açúcar produzido pela Bio-com poderá representar, até ao �m do ano, cerca de 40% do con-

A

PRODUÇÃO NACIONAL. Biocom prevê, com a safra deste ano, facturar 330 milhões de dólares, resultantes da venda de açúcar, etanol e energia eléctrica. Mas bons resultados não vão evitar despedimentos, avisa a direcção.

sumo do mercado. Dados o�ciais estimam que o país consuma 400 mil toneladas por ano.

A Biocom vende à Rede Nacional de Transporte de Energia 20 mega-watts de energia, mas a empresa pública não paga há dois anos, revela Luís Barro Júnior, que não revela o montante da dívida.

MAIS 200 TRABALHADORES AGUARDAM DESPEDIMENTO Apesar de reconhecer o empenho dos trabalhadores, a Biocom pretende dispensar mais de 200 funcioná-rios. Já 24 trabalhadores expatria-dos foram despedidos e, este ano, vai dispensar mais 10. “A Biocom não está imune à crise”, justi�ca o responsável, que enumera as di�cul-dades que a empresa enfrenta, em que se destaca a escassez das divi-sas para o pagamento dos salários e para a importação de acessórios para as máquinas.

Luís Barro Júnior afirma, no entanto, que, se por um lado, a crise cria inúmeras di�culdades, por outro, é “uma grande oportunidade para desenvolver métodos inovadores”.

Desde a sua entrada em funciona-mento, a Biocom investiu 750 milhões de dólares e, para mais tarde, prevê investir mais 100 milhões de dólares até atingir à maturidade.

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Por José Zangui

200Número de trabalhadores que vão ser despedidos este ano da Biocom.

A Biocom tem um programa de responsabilidade social virado para a educação, desporto, cultura e lazer. O programa beneficia 630 moradores da comunidade. Mas a estrada que dá acesso à unidade fabril, em Cacuso/Malanje, no troço Lucala/Cacuso, está comple-tamente degradada. Para lá se chegar é obrigatório fazer vários desvios.

Estrada sofrível

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Segunda-feira 30 de Abril 2018Valor Económico20

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AINDA HÁ RELOJOEIROS NAS RUAS E NOS MERCADOS

Uma profissão produtiva, mas em vias de extinçãoARRANJOS. Faz parte das profissões que se ressentiram da abertura da economia, mas existem margens para a sua reestruturação. Quem resiste considera um “bom” negócio. Estrangeiros também entram no mercado.

ão poucos os sobre-viventes de uma pro�ssão que já foi muito solicitada, antes de haver uma maior abertura de Angola ao mundo:

relojoeiro. Assim como muitas outras, o conserto de relógios foi vítima do consumismo que ganhou espaço na sociedade.

No entanto, há quem resista. Por serem poucos, são de difícil localização, sendo os mercados os pontos de maior concentração. Mas também é possível encontrar relo-joeiros em algumas ruas como é o caso de Jorge Teixeira, que exerce a pro�ssão há cerca de 20 anos na Maianga, em Luanda. Tem clien-tes tradicionais, devido à antigui-dade, mas não tem dúvidas de que a procura diminuiu. Recorda que já houve alturas em que atendia, em média, 20 clientes por dia. Actual-mente, está com cerca de 10, o que representa uma facturação diária de 10 mil kwanzas.

Antigo militar, de 54 anos, aprendeu a profissão “com um colono” e é com os ganhos dela que construiu a casa no bairro Catam-bor, em Luanda, e também conse-guiu comprar uma motorizada e outros bens.

Por sua vez, no Kwanza-Norte, Xavier Bernardo, depois de deixar a vida militar nos anos 1980, teve uma curta passagem pelo Minis-

tério do Comércio, então Comér-cio Interno. Foi ‘sol de pouca dura’ e, nos anos 1990, abraçou a pro-�ssão de relojoeiro, que, até hoje, exerce, alternando com a pro�s-são de segurança.

Exerce em casa e garante ter bas-tante solicitação. “Dá para assegu-rar a alimentação da família, mas não consigo dizer quanto faço dia-riamente porque há dias com mais clientes e outros com menos, é rela-tivo”, explica.

A trabalhar há dez anos, Cân-dido Jaime conseguiu comprar alguns bens para a casa, como electrodomésticos e é deste serviço que leva a vida, pelo que garante que vai “continuar nela” por muito mais tempo. “Se há quem use o relógio como uma peça descartá-vel, também há os que preferem o mesmo durante muitos anos por isso temos clientes.”

Os dois relojoeiros também têm outra certeza: os jovens estão pouco interessados na pro�ssão. “Os meninos preferem o imedia-tismo. Há até pessoas que passam aqui e riem-se de mim, esque-

cendo que é uma pro�ssão rentá-vel”, adianta Jorge Teixeira. Numa ronda do VALOR, apenas encon-trou um jovem na pro�ssão, Domin-gos Ferreira, de 23 anos de idade.

Quando mais caro é o relógio,

mais é o custo da reparação, por causa da aquisição de acessórios. Os mercados do Kicolo e Congolen-ses são as principais fontes. Nestes mercados, também se encontram estrangeiros, vietnamitas, congo-leses democráticos e chineses, a vender peças.

O preço da reparação, no mer-cado informal, pode chegar aos 10 mil kwanzas, consoante o valor do relógio e da marca. Nos mais bara-tos, relógios de 1.500 kwanzas, a reparação ronda os 300 a três mil kwanzas. Os mais caros até 20 mil.

O VALOR concluiu que se trata de um mercado com margem para se desenvolver. Primeiro, porque grande parte das empresas que se dedicam à venda de relógios não tem o serviço pós-venda pelo que a margem de mercado dos relo-joeiros de rua mantém-se. As lojas limitam-se a ajustar os reló-gios ou a trocar pilhas. Na melhor das hipóteses, trocam as bracele-tes, mas apenas dos relógios ven-didos por elas. Porém, é grande o acervo de relógios comprados directamente do estrangeiro e ou no mercado informal.

Por José Zangui

S20Número de clientes que o relojoeiro Jorge Teixeira recebia por dia. Actualmente, está com cerca de 10, o que representa uma facturação diária de 10 mil kwanzas.

(In)Formalizando

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13Segunda-feira 11 de Abril 2016 Valor Económico

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Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico22

DE JURE©

Presidente da República, João Lourenço, criou a Direcção de Combate à Corrupção do Serviço de Investigação Criminal (SIC)

Por António Nogueira

INVESTIGAÇÃO CRIMINAL. Além de acompanhar os contratos, a Direcção de Combate à Corrupção passa a fazer a análise do financiamento, da execução financeira e dos projectos aprovados no quadro do Programa de Investimento Público. Sector privado vai merecer igual tratamento.

Unidade de combate à corrupção com atenção virada para o OGE

ATENÇÕES FOCADAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Direcção de C o m b a t e à C o r r u p ç ã o d o S e r v i ç o de Investiga-ção Criminal (SIC), órgão recentemente

criado pelo Presidente da Repú-blica, João Lourenço, vai focar a

criadas as condições “para que cada província tenha uma área de atendimento e combate aos crimes de corrupção”, reforçando que a instituição iria levar em conta as denúncias públicas.

Job de Almeida garantiu, por outro lado, a salvaguarda da protec-ção de quem denunciar eventuais casos de corrupção às autoridades, nomeadamente ao órgão que dirige.

A Direcção de Combate aos Crimes de Corrupção, que passa agora a centralizar a investigação deste tipo de casos, foi criada, em Março, por decreto presidencial. De acordo com o teor do decreto, o organismo vai funcionar como um novo serviço executivo cen-tral do SIC, órgão policial na dependência directa do Minis-tério do Interior.

ASSUNTO DE AGENDA PRESIDENCIALDesde que assumiu a Presidên-cia da República, em Setembro, João Lourenço elegeu o combate à corrupção e às práticas lesivas do interesse público como os princi-pais ‘males’ a combater durante o seu mandato. Aliás, já tinha pro-metido fazê-lo durante a campa-nha eleitoral.

A criação de uma alta entidade de combate à corrupção, com o objectivo de dar uma “outra visão, dimensão” a esta tarefa já tinha sido defendida pelo subprocura-dor-geral da República, João Coe-lho, em Dezembro.

Na altura, João Coelho aler-tava que a Direcção Nacional de Combate à Corrupção da Procu-radoria-Geral da República (PGR) funcionava com apenas quatro magistrados e defendia que este trabalho “não poderia ser feito com este número ínfimo de pessoas”. “Não se combate a corrupção com apenas quatro magistrados. Uma estrutura maior, com uma direc-ção grande, onde estariam procu-radores, eventualmente, e peritos de contabilidade, serviços de inte-ligência, com algum poder, pode-riam efectivamente dar uma outra visão, dimensão ao combate à cor-rupção no nosso país”, defendia.

O magistrado deu também a conhecer, na altura, que havia muita investigação na direcção nacional, sendo as áreas mais atin-gidas os bancos e a Administra-ção Geral Tributária (AGT), bem como algumas outras ligadas ao funcionalismo público

Em Outubro, o SIC anunciou a detenção de cinco funcionários da AGT, por suspeitas de desvio de receitas da cobrança de impostos a empresas importadoras.

sua acção fundamentalmente no acompanhamento do Orçamento Geral do Estado.

A informação foi avançada pelo director nacional de com-bate à corrupção do SIC, Job de Almeida, garantindo que o órgão que dirige já começou a trabalhar. O organismo terá “como base fun-damental a administração pública”, mas o sector privado merece igual-mente a atenção desta unidade do SIC “sempre que for necessário”.

“Vamos procurar ver como se move a própria administra-ção pública e, nessa perspectiva, vamos cingir-nos no orçamento. Vamos acompanhar as despesas correntes e o Programa de Inves-timento Público. Vamos acom-panhar os contratos cujo alvo se estende ao sector privado”, acla-rou aquele responsável em entre-vista à RNA.

A direcção deste novo órgão de combate à corrupção vai pas-sar igualmente a fazer a “análise de execução dos projectos, o seu financiamento, as dotações finan-ceiras e a execução financeira”.

Job de Almeida está conven-cido de que tem “condições para começar e as premissas e para o que for necessário”, lembrando que “a grande preocupação do momento se prende com a for-mação dos quadros, quer a nível interno, quer externo”. Na entre-vista, garantia que estavam a ser

A

l A Direcção de Combate aos Crimes de Corrupção, que passa agora a centralizar a investiga-ção, foi criada, em Março, por decreto presidencial. O orga-nismo vai funcionar como um novo serviço executivo cen-tral do SIC, órgão policial que �ca na dependência directa do Ministério do Interior.

MEMORIZE

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17Segunda-feira 30 de Maio 2016 Valor Económico

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Isllânio Francisco Baptista23 anos, 4.º ano de Enfermagem na Universidade Cuíto-Cuanavale (UCC). Vencedor da categoria ‘Ciências da Saúde’“Este prémio é fruto de dedicação, devoção e sacrífico. Não concordo com quem diz que estudar nas universidades das outras províncias é mais fácil do que em Luanda. Ganhei o prémio com a média de 19,33 va-lores. Para tal, tive de me abster de muitas actividades recreativas. A minha principal actividade é o estudo. E este prémio só pro-va que não fiz uma escolha errada.”

António Muteca Chindemba25 anos, 4.º Ano (Química), na Universidade Mandume ya Ndemufayo. Venceu na categoria ‘Finalista do ano’“É um reconhecimento fruto do que fomos efec-tuando ao longo dos anos de formação. Este pré-mio não só vai incentivar a mim como vencedor, mas vai despertando também aos outros colegas, a se dedicarem mais aos estudos e, por conse-guinte, superarem as debilidades. São muitas as dificuldades que o PENG vai eliminar.”

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Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico24

Gestão

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partir do pró-x i m o m ê s , Alexandre de R o t h s c h i l d sucede ao seu pai na liderança do Rothschild & Co, um banco

centenário, presente em 40 países e com uma equipa de 3.500 espe-cialistas �nanceiros. Vocacionado a prestar serviços de assessoria �nan-ceira, gestão de activos e fortunas e �nanciamento, este banco, que tem estado na linha da frente dos mer-cados �nanceiros mundiais, obteve, em 2017, receitas de 1.910 milhões de euros, um crescimento de 12% face ao ano anterior e um lucro líquido de 247 milhões de euros, mais 35% do que em 2016, segundo noticiou o Diário de Notícias.

O império �nanceiro, que já vai na sua 7.ª dinastia, foi criado por Mayer Amschel Rothschild, tendo cinco dos seus �lhos estabelecido actividade bancária por toda a Europa.

A estratégia para o sucesso, defen-dida por Mayer Amschel Rothschild, resumia-se em ter o controlo dos negócios nas mãos da família, per-mitindo-lhes manter total discrição sobre o tamanho da riqueza e reali-zações de negócios.

Mayer Rothschild conservou com sucesso a fortuna com casa-mentos arranjados, muito ao porme-nor, entre os membros estritamente relacionados com a família. O seu quarto �lho, Nathan Mayer Roths-child, começou o negócio �nanceiro em Londres em 1811, onde o império ainda perdura até hoje. Os seus negó-

xandre de Rothschild deverá dora-vante centrar as suas atenções, quando suceder ao pai, David, na liderança do banco, uma nomea-ção que deverá ser aprovada a 17 de Maio, em assembleia-geral de accionistas. O jovem Rothschild entrou no banco em plena crise �nanceira de 2008. Conta com uma vasta experiência na área de banca de investimento e ‘private equity’, tendo passado pelo Bear Stearns e pelo Bank of America.

Desde 2011 que é membro da comissão executiva do banco e tem assumido lugares na administração de várias empresas do grupo. Desde 2017, que é o número dois da Roths-child & Co Gestion.

A mudança na liderança da Rothschild & Co foi, segundo o pai de Alexandre Rothschild, “cuida-dosamente” preparada ao longo do tempo. Segundo defende o seu pro-genitor, “Alexandre, com 15 anos de experiência, demonstrou conheci-mentos profundos de todos os nos-sos negócios e a sua capacidade em construir relacionamentos.”

Nos últimos anos, “a Rothschild & Co cresceu e tornou-se numa empresa global com três negócios reconheci-dos e estabelecidos”, a�rma, por sua vez, Alexandre, referindo-se às recen-tes aquisições efectuadas pelo banco e à mudança da designação corpora-tiva de que foi alvo.

Alexandre de Rothschild garante, no entanto, que pretende “continuar o desenvolvimento da empresa na direcção claramente estabelecida” pelo pai, tendo a�rmado ainda, em declarações ao Financial Times, que a sua liderança será de “evolução” e não de revolução. E vai olhar para oportunidades de aquisição.

cios, de tão importantes, chegaram até a evitar grandes crises �nancei-ras em Inglaterra.

Mas o império dos Rothschild inclui empreendimentos que vão além da banca, com destaque para os muitos investimentos aplicados em sectores como o da mineração, energia, agricultura mista, vinho e instituições de caridade.

Ao longo da história, a família geriu uma carteira de clientes que inclui casas reais, governos, a Santa Sé, além de diversas personalida-des famosas. Os Rothschild, de ori-gens judaicas, foram decisivos em momentos-chave da história, como na criação de Israel, tendo a decla-ração de Balfour sido dirigida ao lord Walter Rothschild.

LIDERANÇA DE EVOLUÇÃOÉ para todo este activo que Ale-

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247

Alexandre de Rothschild, sucessor de sue pai na lider-

ança do Rothschild & Co.

Milhões de euros, lucro líquido obtido pelo banco, no ano passado.

l A família Rothschild gere uma carteira de clientes que inclui casas reais, governos, a Igreja Católica, além de diver-sas personalidades famosas, das mais variadas áreas, havendo ainda relatos de que a família foi decisiva em momentos-chave da história, nomeadamente na criação de Israel.

MEMORIZE

Alexandre, o novo ‘rei’ da dinastia Rothschild

CARREIRA. De 37 anos, Alexandre de Rothschild conta com uma vasta experiência na área de banca de investimento e ‘private equity’, tendo passado pelo Bear Stearns e pelo Bank of America e goza da total confiança

da estrutura accionista para liderar um banco com cerca de 200 anos de história.

BANCO DE UMA DAS FAMÍLIAS MAIS PODEROSAS E RICAS DA HISTÓRIA

Por Redacção

1,9Milhões de euros, volume de receitas obtidos pelo banco Rothschild & Co, em 2017.

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25Segunda -feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

Opinião

para garantir a adopção chinesa de um regime comercial aberto e vol-tado para o mercado”. O USTR con-centrou-se em reclamações sobre a política industrial chinesa, o que está largamente além das compe-tências da OMC.

Em particular, a administração Trump discorda da estratégia ‘Made in China’, apontada até 2025 e intro-duzida pelo Conselho de Estado em 2015, cujo objectivo é impulsionar dez sectores estratégicos, incluindo a tecnologia avançada de informa-ção, máquinas-ferramentas auto-matizadas e robótica, equipamentos de aviação e voos espaciais e veícu-los eléctricos. O relatório do USTR alerta que a meta �nal é “capturar quotas mundiais de mercado muito maiores” nos sectores-alvo.

Na realidade, a estratégia Made in China 2025 - que, aliás, é inspi-rada, em parte, pelo enorme inves-timento do governo dos EUA em pesquisa e desenvolvimento - busca elevar a capacidade de produção da China apenas ao nível médio das prin-cipais potências mundiais até 2035 (não 2025), um objectivo bastante modesto. Mas mesmo que a China quisesse estabelecer metas mais ambi-ciosas, com que direito os EUA - que agora possuem uma participação de mercado muito maior nos sectores--alvo - podem impedir de o fazer?

De acordo com o relatório do USTR, o problema é que as ferra-mentas políticas que o governo chi-nês está a usar, para atingir as metas de ‘Made in China 2025, “não têm precedentes, já que outros membros da OMC não as utilizam”, como, por exemplo, a intervenção estatal e o apoio destinado a promover o desenvolvimento da indústria, em grande parte, restringindo, discri-minando ou criando desvantagens para empresas estrangeiras e as suas tecnologias, produtos e serviços”.

No entanto, o relatório não con-segue identi�car essas interven-ções, o que não surpreende, uma vez que o Conselho de Estado ainda não especi�cou os instrumentos de

políticas que vai usa. E, embora as queixas dos EUA sejam compreen-síveis, poderiam ser abordadas na OMC. O facto de a administração Trump ter adoptado esta abordagem sugere que não quer apenas garan-tir que a China cumpra as regras existentes, quer sim impedir que a China alcance os EUA tecnolo-gicamente. Isso obviamente não é aceitável para a China.

Essa leitura é reforçada pela Estratégia de Segurança Nacional que o governo Trump divulgou em Dezembro, quando avisou que os EUA “responderiam às crescentes competições políticas, económi-cas e militares que enfrentamos em todo o mundo”. A China foi citada como a principal desa�a-dora. “Poder, in�uência e interesses norte-americanos”, um adversário que “tenta corroer a segurança e a prosperidade norte-americanas”. Essa perspectiva alimenta o risco da chamada ‘Armadilha de Tucí-dides’, na qual o medo de um rival em ascensão provoca um con�ito.

Nós podemos ainda evitar uma guerra comercial. O presidente chi-nês, Xi Jinping, parece ansioso para aliviar tensões, exempli�cado pela recente promessa de baixar “signi-�cativamente” as tarifas sobre car-ros importados da América e abrir ainda mais os serviços �nanceiros da China. Trump declarou que as negociações comerciais com a China estavam a ir “muito bem”.

Espera-se que os tambores de guerra sejam silenciados através de negociações e concessões mútuas. Os líderes norte-americano e chinês podem voltar as atenções para o pro-blema mais amplo: a Armadilha Tucí-dides. Assim, evitam um confronto com consequências que superariam as de uma mera guerra comercial.

Antigo presidente da Sociedade Chinesa para a Economia Mundial

Ddirector do Instituto de Eco-nomia Mundial da Academia Chi-nesa de Ciências Sociais e Políticas

o mês passado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu o primeiro tiro, dando indica-ções que se estava

a preparar rapidamente para criar uma guerra comercial. Embora o atrito comercial tenha nascido há muito tempo e seja um problema na relação sino-americana, poucos esperavam tal escalada, até porque os economistas consideram as guerras comerciais prejudiciais para todas as partes. Então, como chegamos a esse ponto?. E podemos voltar atrás antes que seja tarde de mais?

Em primeiro lugar, Trump parece não entender como o comér-cio funciona. Ele acha que o dé�ce comercial de 500 mil milhões de dólares dos EUA com a China representa uma perda, resultado de administrações norte-americanas “incompetentes”, permitindo que os seus pares chineses se aproveitas-sem delas. De facto, segundo Trump, os EUA já “perderam uma guerra comercial” com a China há anos.

Mas os balanços comerciais são muito mais complexos do que Trump imagina. Para começar, grande parte do que a China exporta inclui com-ponentes fabricados noutros paí-ses, o que signi�ca que o ‘superávit’ comercial do país realmente inclui os ‘superávits’ comerciais de mui-tos outros países.

Além disso, a China tem gran-des dé�ces em relação ao Japão e às economias do Sudeste Asiático, apesar de ter um grande ‘superávit’ em relação aos EUA. O ‘superávit’ comercial geral da China, como parcela do PIB, caiu de forma cons-tante ao longo da última década - de quase 10% em 2007 para pouco mais de 1% em 2017 - o que signi-�ca que a conta externa do país é basicamente equilibrada.

Há o dé�ce na conta corrente com os EUA o que não é necessa-riamente mau, pois implica a aqui-sição de grandes quantidades de

Com o presidente chinês Xi Jinping disposto a

fazer algumas concessões aos EUA, o mundo ainda pode evitar uma guerra comercial. Mas a razão

pela qual as relações sino-americanas

azedaram é apenas a visão de mundo que a administração Trump

tem e não os equilíbrios externos.

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Tambores de uma guerra comercial

YU YONGDING

capital estrangeiro. Isso bene�ciou os EUA ao longo dos anos, fortale-cendo o seu sistema �nanceiro e a moeda. Enquanto o dé�ce externo dos EUA poderia ser reduzido, uma vez que re�ecte, em parte, a falta de poupança, a política comercial, por si só, seria insu�ciente para atingir esse objectivo.

Não se quer dizer que os EUA não têm qualquer legitimidade nas reclamações sobre as práticas comer-ciais da China. Mas devem ser vistas como questões de conformidade da China com as regras da Organiza-ção Mundial do Comércio (OMC).

Como já reconheceu o ex-direc-tor-geral da OMC, Pascal Lamy, enquanto a China fez “muito bem” a implementação da longa lista de compromissos, “nenhum país está acima das críticas”. Lamy concluiu que certos serviços podem não ser su�cientemente abertos e que a pro-tecção dos direitos de propriedade intelectual (DPI) deve ser fortalecida.

São críticas justas. De facto, o próprio governo da China esperava abrir mais rapidamente os servi-ços �nanceiros, mas a fragilidade �nanceira exigiu uma abordagem gradualista. Embora o país tenha feito progressos na protecção dos direitos de propriedade intelectual, a questão deveria ser levada mais a sério desde o início.

Quanto aos EUA, o seu Repre-sentante de Comércio (USTR) �s-calizou, de perto, o cumprimento da China na OMC desde que o país aderiu à organização em 2001. O relatório de 2016 do USTR reco-nheceu a complexidade do qua-dro apresentado pela China, mas assumiu uma posição geral, em tom positivo, destacando a expan-são do comércio e os investimentos mutuamente bené�cos.

No entanto, o relatório do USTR para 2017 - o primeiro ano de Trump no cargo - não menciona resulta-dos positivos. Em vez disso, a�rma que os EUA “erraram ao apoiar a entrada da China na OMC em ter-mos que se mostraram ine�cazes

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Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico26

Internacional

l Antes do acordo rubricado, ambos os países já haviam con-cordado em coordenar de perto o processo de paz para garantir que não ocorra uma repetição da “história infeliz” da região, na qual os progressos anterio-res “fracassaram”.

MEMORIZE

ACORDO. Dois líderes declararam solenemente, perante 80 milhões de coreanos e todo o mundo, que “não vai haver mais guerra na península da Coreia e que uma nova era de paz começou”.

Presidentes das Coreias declaram fim da guerra na península

KIM JONG-UN E MOON JAE-IN ASSINAM ACORDO HISTÓRICO

presidente n o r t e -- c o r e a n o , Kim Jong-un, e o seu homó-logo do Sul, Moon Jae-in, comprome-

teram-se, na passada sexta-feira, a assinar um acordo de paz para encerrar a guerra na Península, pro-cesso que deverá ocorrer ainda no decorrer do próximo ano.

O encontro histórico entre os dois estadistas foi tema de destaque na imprensa internacional, mas, segundo as notícias veiculadas, �cou patente que o acordo rubricado não deter-mina o �m do con�ito entre os dois Estados, sendo que ambos se encon-tram, ainda hoje, tecnicamente em guerra, já que somente uma trégua foi assinada em 1953.

No documento, rubricado entre os dois países, destaca-se que, “durante este ano que marca o 65.º aniversá-rio do armistício, as Coreias do Sul e do Norte concordaram em reali-zar activamente reuniões trilaterais envolvendo as duas Coreias e os EUA,

mais guerra na península da Coreia e que uma nova era de paz começou”.

PROGRAMA DE DESNUCLEARIZAÇÃOO presidente norte coreano e o seu homólogo do Sul assumiram igual-

ou encontros quadrilaterais envol-vendo as duas Coreias, os EUA e a China, com o objectivo de declarar o �m da guerra, transformando as tréguas existentes num tratado de paz e estabelecendo um regime de paz sólido e permanente”.

Durante uma intervenção, no acto do acordo, o presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, a�r-mou que os dois países há muito que estavam à espera de um acordo do género, tendo declarado que agora ambos os Estados se aperceberam que “são uma nação e muito pró-ximos, estão ligados pelo sangue” e que, “como compatriotas, não podem viver separados”.

O encontro entre os dois esta-distas ocorreu na vila fronteiriça de Panmunjom, situado na zona des-militarizada entre os dois países. De acordo com o documento, “o Norte e o Sul vão cooperar activamente para estabelecer um sistema de paz perma-nente e estável na Península Coreana”.

O documento reforça ainda que “os dois líderes declararam solene-mente, perante 80 milhões de corea-nos e todo o mundo, que não vai haver

mente, nesse primeiro encontro entre estadistas, após uma década de ruptura nas relações bilaterais, o “compromisso de completar a desnu-clearização da Península Coreana”, além de reduzir arsenais convencio-nais para diminuir as tensões mili-tares e fortalecer a paz, mas sem entrar em detalhes sobre como este processo irá decorrer.

O porta-voz da presidência sul--coreana, Yoon Young-chan, infor-mou que, durante o encontro, que durou cerca de duas horas, os dois chefes de Estados “falaram sobre a desnuclearização, estabelecimento da paz na península e sobre a melho-ria nas relações bilaterais”.

Além desse pormenor, Kim Jong-un e Moon Jae-in decidiram organizar um encontro entre as famílias separadas desde o �m da guerra, que perdura há 65 anos, mantendo o programa “por ocasião do Dia de Libertação Nacional a 15 de Agosto deste ano”, quando for comemorada a rendição do Japão ao �nal da II Guerra Mundial.

Após as discussões, o líder norte--coreano disse ainda que ambos os

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países haviam concordado em coor-denar de perto o processo de paz para garantir que não ocorra uma repetição da “história infeliz” da região, na qual os progressos ante-riores “fracassaram”. “Pode haver folga, di�culdades e frustrações”, disse o estadista norte-coreano, reforçando que “uma vitória não pode ser alcançada sem dor.

As duas Coreias concordaram também que Moon Jae-in deverá visitar, em breve, Pyongyang, mais precisamente no próximo Outono. Para simbolizar, Kim Jong-un e Moon Jae-in plantaram, na zona desmilitarizada, um pinheiro, nascido em 1953, ano em que foi assinado o cessar-fogo entre os dois países. Na base da árvore, foi colocada uma pedra com os nomes dos líderes, com os dize-res: “plante paz e prosperidade”.

REACÇÕES DE DIMENSÃO MUNDIALO encontro histórico entre os pre-sidentes da Coreia do Norte e do Sul suscitou, no entanto, várias reacções. O presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu pelo Twit-ter, como de costume. “Depois de um ano louco de lançamento de mísseis e de testes nucleares, acon-tece este encontro histórico entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Coisas positivas estão a acontecer, mas só o tempo permitirá julgá--las”, escreveu, tendo reforçado que os norte-americanos podem �car “orgulhosos da evolução da situa-ção na península coreana”.

A Rússia, por sua vez, saudou os resultados desta cúpula histórica, destacando que o presidente Vladi-mir Putin “sempre foi partidário” de um diálogo entre Seul e Pyongyang.

Já o primeiro-ministro japo-nês, Shinzo Abe, disse esperar que a Coreia do Norte tome medidas con-cretas em relação aos compromissos assumidos. Tóquio acrescentou que se manterá em contacto com as duas Coreias e os EUA.

65Anos, tempo que já perdura o conflito na Península coreana.

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Kim Jon-un e Moon Jae-in, num aperto de mão que

não aconteceia há 65 anos

Por Redacção

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27Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

C e n t r o d e Integridade Pública (CIP), u m a or ga-nização da sociedade em Moçambique,

considera que a análise das acti-vidades e �uxos �nanceiros da empresa pública de Aeroportos de Moçambique (ADM) leva à con-clusão de que não existem, naquele país, recursos necessários para que esta �rma possa continuar a ope-rar sem reformas profundas.

A organização refere que “todos os relatórios e contas, tanto da empresa, como de auditores e do próprio Estado, demonstram uma degradação alarmante da ADM”, atribuída à “má gestão e interferên-cia política”. “A empresa é instruída a executar projectos do tipo ‘elefante branco’ que não rendem os recursos

�nanceiros preciosos para reem-bolsar os empréstimos”, aponta o CIP, como exemplo, o Aeroporto de Nacala, no norte - com indí-cios de suborno na adjudicação da infra-estrutura à construtora brasileira Odebrecht.

Por outro lado, a organiza-ção lamenta intenções como a já expressa pelo presidente da República, Filipe Nyusi, de avan-çar com um novo aeroporto em Gaza, a cerca de 200 quilómetros de Maputo. “É preciso reconhecer que Moçambique ainda não pode dar-se ao luxo de investimentos desta envergadura”, conclui.

Em 2016, o mais recente exer-cício analisado pelo CIP, o pre-juízo da ADM aumentou 50,3 milhões de dólares, registados em 2015, para 129,3 milhões de dólares, um aumento de cerca de 155%, nota a organização.

Polícia Federal do Brasil pediu ao Supremo Tribu-nal, a prorroga-ção por 60 dias do inquérito que investiga Michel

Temer, por alegada fraude num decreto sobre o sector portuário.

De acordo com a imprensa bra-sileira, esta é a segunda vez que a Polícia Federal solicita a pror-rogação do prazo para concluir a investigação, depois da solici-tação de Fevereiro.

Na altura, o juiz do Supremo Tri-bunal Luís Roberto Barroso autori-zou o prolongamento por mais dois meses, cujo prazo terminou.

O pedido de prorrogação havia sido feito pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que já denunciou o presidente Temer em

duas ocasiões, por outros casos rela-cionados com corrupção.

Na base das investigações, está um decreto aprovado pelo actual presidente brasileiro, que alterou a lei dos portos e bene�ciou a empresa Rodrimar em troca de subornos pagos ao partido Movimento Demo-crático Brasileiro (MDB), liderado por Michel Temer.

No início de Março, o Supremo Tribunal do Brasil autorizou o levan-tamento do segredo bancário do presidente, no âmbito de um caso de alegada fraude por ele cometida num decreto sobre o sector portuário.

O caso veio à tona com base nas declarações de Joesley Bap-tista, um dos donos do grupo JBS, e �ca marcado por ser o primeiro que a Justiça brasileira determina o levantamento do sigilo bancário de um presidente em exercício.

Empresa sem recursos

Mais dois meses para investigar Temer

AEROPORTUÁRIA EM MOÇAMBIQUE

PEDIDO DA POLÍCIA BRASILEIRAO

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Aeroporto de Nacala, no Norte de

Moçambique.

Espanha com excedente orçamentalO governo espanhol prevê que Espanha deixe de apresentar dé�ce em 2021, ano em que regressará às contas públicas positivas pela primeira vez desde 2007. O PIB espanhol deverá crescer a um ritmo pró-ximo dos 2,5% até 2021 e o desemprego cairá para menos de 11% nesse ano.

Na última sexta-feira, o executivo espanhol apresen-tou o Programa de Estabilidade 2018-2021, no qual estima que Madrid alcance um excedente orçamental de 0,1% do PIB em 2021, após 14 anos de contas no ‘vermelho’. A dívida pública vai cair para menos de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, ano em que deverá ter um peso de 89,1%.

Dados disponíveis apon-tam que Espanha registou um dé�ce de 3,1% em 2017 (o mais elevado entre os países da Zona Euro), valor que deverá baixar para 2,2% este ano, para 1,3% em 2019, 0,5% em 2020 e um exce-dente de 0,1% em 2021.

EM 2021

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O SENADO norte-americano con�rmou, na passada sexta-feira, o director cessante da Agência Central de Informação (CIA), Mike Pompeo, como novo secretário de Estado, obtendo mais do que os 51 votos necessários.

O GOVERNO italiano vai gastar em des-pesas com o acolhimento de migrantes e refugiados cinco milhões de euros, apesar da queda no número de pessoas resgatadas no Mar Mediterrâneo Central, durante 2018.

esde Março que a admi-nistração de José Mário Vaz, presidente d a G u i né --Bi s s au(na foto) declarou

aberta a campanha de comercializa-ção da castanha de caju, mas parte do produto está em via de deteriora-ção face à degradação das linhas de

escoamento, devido à alta do preço do produto. Em consonância com as famílias, os revendedores declararam que os mil francos �xados pelo pre-sidente, como preço de referência ao quilo, são altos de mais. “Se houvesse vontade para se resolver essa ques-tão, já se teria feito. Bastava que as autoridades dissessem que o preço determinado pelo presidente não é obrigatório, mas sim de referência”, entende Josué Almeida, coordena-

dor de um projecto �nanciado pelo Banco Mundial que visa a melho-ria do ambiente de negócio, com foco no caju.

A Guiné-Bissau é um dos Esta-dos mais pobres do mundo. A eco-nomia depende da agropecuária e da pesca. As plantações de caju cresce-ram consideravelmente nos últimos anos. Em maiores quantidades, o país exporta peixe e frutos do mar, assim como amendoim, palmito e madeira.

Teimosia presidencial penaliza produtoresCAJU NA GUINÉ-BISSAU

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Michel Temer continua sob a mira da justiça.

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Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico28

Ambiente

Académicos defendem multiplicação de fauna e flora marinhas

m u l t i p l i -c a ç ã o d e a n i m a i s e plantas nas águas cos-t e i r a s d e Angola pode ser funda-

menta l e contr ibuir para o desenvolvimento sustentável e económico. Esta posição foi defendida na semana passada, no Namibe, pelo professor e bió-logo Rui Rocha, da Universidade de Aveiro de Portugal, durante a primeira conferência internacio-nal sobre ciência do mar realizada na Academia de Pescas e Ciências do Mar do Namibe.

O académico, cuja prelecção teve como principal destaque a aquicultura, defendeu ser neces-sário não dissociar pilares fun-damentais como a economia e a sociedade dos aspectos ambien-tais e ecológicos. “Se não hou-ver um crescimento equilibrado, não vamos conseguir manter a plataforma do desenvolvimento sustentável. Portanto, é impor-tante termos em conta esses três aspectos e desenvolver metodolo-gias para a investigação de novas espécies”, recomendou.

Rui Rocha, que visita Angola pela terceira vez, critica o excesso de investimento que se faz em quase todo o mundo no cultivo de plantas carnívoras e defende ser importante apostar na criação e na manutenção de espécies de baixo nível trófico, ou seja, aque-las que se alimentam de proteí-nas vegetais e algas.

O biólogo acredita que o Namibe tem condições para a

prática da aquicultura e apre-senta como exemplo os bivalves (moluscos ou organismos que se caracterizam pela presença de uma concha), que considera exce-lente grupo para cultivar, dado que a província dispõe de ostras de “excessiva qualidade”, “senão do melhor que pode haver no mundo”. “O Namibe tem capa-cidade para fazer um cultivo a pensar no mercado nacional, sobretudo ao internacional e na valorização dos produtos locais”, elucidou Rui Rocha, reforçando que o impacto ambiental que a aquicultura provoca normalmente deriva de nutrientes em excesso na água e que pode facilmente ser controlado.

“ESPÉCIES DEVEM SER PRESERVADAS” Quem também participou da pri-meira conferência internacional

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ACADEMIA DE PESCAS DO NAMIBE ACOLHEU 1.ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL

SUSTENTABILIDADE. Biólogo português acredita ser necessário juntar factores económicos e sociais aos aspectos ambientais e ecológicos, para um desenvolvimento sustentável.

3Número de faculdades existentes na Academia de Pescas e Ciências do Mar do Namibe.

difícil”, com repercussão em todos os sectores da vida social, em que enfrentamos uma das maiores cri-ses económica e �nanceira da nossa história, o sector das pescas e do mar “pode perfeitamente dar uma contribuição para resolver parte dos problemas”.

Para a governante, outro desa-fio a enfrentar prende-se com a exploração e desenvolvimento de bases de conhecimento multidis-ciplinares e multissectoriais que, devidamente articuladas, podem garantir a busca adequada dos vários sectores que intervêm no mar, como dos transportes, marí-timos, construção naval, aqui-cultura, ecoturismo, desportos náuticos de recreio, entre outros.

“Conscientes da importân-cia da implementação das políti-cas sobre o mar no contexto das nações, apoiaremos incondicio-nalmente quaisquer iniciativas do

sector, no sentido de o alavancar, contribuindo, desse modo, para a diversificação, crescimento e for-talecimento da nossa economia, por via de uma maior produti-vidade das empresas, o que nos poderá proporcionar o aumento de rendimentos e a melhoria da condição de vida de muitas famí-lias”, apontou a ministra.

“ENTRE AS MELHORES DO MUNDO”As infra-estruturas laboratoriais e as condições de ensino na Acade-mia de Pescas e Ciências do Mar do Namibe “estão muito acima da média de entre as instituições similares espalhadas pelo mundo”. Segundo Rui Rocha, a Academia do Namibe, a qual visita pela pri-meira vez, “é das melhores do mundo” porque reúne, para além de laboratórios devididamente equipados, “as melhores condi-ções para acomodar os profes-sores os e alunos”.

“E não estou a dizer isso com qualquer tipo de intenção de agra-dar. Não. É um facto. Pois é a pri-meira vez que venho ao Namibe e tive agradáveis surpresas, dado o aspecto geográ�co da província. Essa é uma região que transmite calma, paz de espírito e é muito diferente da agitação de Luanda”, compara, ape-lando aos angolanos a orgulharem--se da instituição de que dispõem.

A instituição, com estatuto público e privado, conta com

144 docentes e mais de mil estu-dantes. Tem três faculdades e lec-ciona oito cursos: administração e gestão, navegação e mecânica naval, recursos marinhos, aquicultura, tecnologia organização, oceano-gra�a, electrotecnia e electrónica industrial, assim como processa-mento de pescado.

sobre o mar foi a ministra das Pescas, que defendeu ser “impres-cindível” o exercício racional e ecológico, bem como a preserva-ção das diferentes espécies, “para que o mar possa contribuir para a economia nacional”.

Segundo Vitória de Barros Neto, neste momento “particularmente

Por Antunez Zongo

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Osvaldo Pacheco, pró-reitor da UA; Vitória de Barros Neto, ministra das

Pescas, e Rui Rocha, biólogo e professor da UA

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29Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

Educação & Tecnologia

partir do pró-ximo ano, os reitores das oito universi-dades públi-cas de todo o país passam a ser escolhi-

dos por via de eleições. A medida foi tomada na passada semana pelo Pre-sidente da República, João Lourenço, que incumbiu igualmente a ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecno-logia e Inovação, Maria do Rosário Bragança Sambo, a criar as condi-ções para o efeito.

De acordo com uma nota da Casa Civil do Presidente da República, João Lourenço considera “impor-tante para a vida académica que se retomem os processos de eleição de modo a compaginar as instituições

do ensino superior público com os princípios democráticos que devem caracterizá-las”.

As eleições deverão acontecer não apenas a nível das reitorias das uni-versidades públicas, mas também nas respectivas unidades orgânicas, para a escolha dos directores e decanos.

A eleição dos órgãos colegiais nas instituições de ensino superior públi-cas em Angola não é, na verdade, uma prática nova. Até à criação das regiões académicas, o reitor da única univer-sidade pública do país, a Agostinho Neto (UAN), por exemplo, era esco-lhido por via de eleições.

Pedro Magalhães, que até à semana passada exercia o cargo de vice-rei-tor para a área cientí�ca e pós-gra-duação da Universidade Agostinho Neto, é assim o último reitor a ser nomeado na UAN.

A l A eleição de reitores nas uni-versidades públicas em Angola não é uma prática nova. Antes da criação das regiões acadé-micas, o reitor da única uni-versidade pública do país, a Agostinho Neto (UAN), era escolhido por via de eleições.

MEMORIZE

PRESIDENTE DA REPÚBLICA MUDA REGRAS

REESTRUTURAÇÃO. Medida deve entrar em vigor a partir de 2019. João Lourenço pretende repor os princípios democráticos nas instituições de ensino superior.

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n Região Académica I – Universi-dade Agostinho Neto (UAN)Luanda e Bengo

n Região Académica II – Universi-dade Katyavala Bwila (UKB)Benguela e Kwanza-Sul

n Região Académica III – Univer-sidade Onze de Novembro (UON)Cabinda e Zaire

n Região Académica IV - Universi-dade Lueji A’Nkonde (ULAN)Lunda-Norte, Lunda-Sul e Malanje

n Região Académica V – Universi-dade José Eduardo dos Santos (UJES)Huambo, Bié e Moxico

n Região Académica VI – Univer-sidade Mandume Ya Ndemufayo (UMN) Huíla e Namibe

n Região Académica VII – Univer-sidade Kimpa Vita (UNIKIVI)Uíge e Kwanza-Norte

n Região Académica VIII – Uni-versidade Cuito Cuanavale (UCC)Kuando-Kubango e Cunene

REGIÕES ACADÉMICASEm 2009, e como resultado do redi-mensionamento do ensino superior, Angola passou a contar com sete uni-versidades, que foram distribuídas por regiões académicas. Em 2015, foi criada a Universidade Cuito Cuana-vale, perfazendo assim oito univer-sidades públicas e igual número de regiões académicas.

Pedro Magalhães, último reitor

nomeado na UAN

Angola no ‘Diálogo Digital’ Angola participa, de 2 a 4 de Maio, numa conferência inter-nacional denominada ‘Diálogo Digital’, que se vai realizar no Dubai, Emirados Árabes Unidos.

Trata-se de um encontro em que se vão reunir especialistas de televisão e tecnologia com a par-ticipação de órgãos de imprensa do continente africano.

O evento, que está a ser pro-movido pela MultiChoice, apre-senta-se como uma plataforma independente para a discussão de assuntos sobre tendências e desenvolvimento da tecnologia.

O ‘Diálogo Digital’ visa pro-porcionar, aos jornalistas, uma melhor compreensão de fenó-menos tecnológicos, proporcio-nando, segundo a organização, uma ocasião “impar” para conver-sas e caminhos para o desenvol-vimento das sociedades africanas.

O encontro, que vai abordar ‘o valor do conteúdo’, ‘a revisão do processo de migração digi-tal’ e ‘o surgimento das indús-trias culturais em África’, terá como prelectores David Abra-ham, antigo director do Canal 4 do Reino Unido; Gerhard Petrick, membro da Southern African Digital Broadcasting Association; Femi Odugbemi, CEO da Zuri24 Media Limited e Paul Papadimitriou, funda-dor da companhia Intelligencr, de tecnologia móvel e online.

NO DUBAI

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8Número de universidades públicas existentes em Angola.

Reitores das universidades públicas voltam a ser eleitos

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Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico30

Marcas & Estilos

Mirantes: o rodízio mora aquiRESTAURANTE

Na sua última geração, o Mercedes-Benz SL apresenta suas clás-sicas proporções de uma forma mais expressiva e dinâmica do que nunca. O design atraente e moderno caminha lado a lado com a atenção nos detalhes luxuosos, qualidade dos materiais e construção, sem abrir mão do aspecto desportivo, caracterís-tica de um verdadeiro ‘roadster’. Com desempenho exemplar, os novos modelos são impulsionados por motores V6 (SL 400) e V8 (Mercedes-AMG SL 63).

Desempenho ao alto nívelAUTOMÓVEL

Não há dúvidas de que o nosso país é gastronomicamente apaixonado por carne. E não há sítio melhor para provar isso mesmo que não seja num dos mais requintados restaurantes de Luanda, onde os pratos de bife chegam a ser indispensáveis. Nos Mirantes, ao Ben�ca, está a melhor qualidade e variedade de carnes. É uma espécie de rodízio. Dizem os seus grandes frequentadores que é

quase “impossível” resistir ao �l-let mignon simples e com bacon, ao entrecosto, à maminha, à alca-tra, à fantástica picanha rainha da casa, à perna de Borrego ou à fraldi-nha.  Aos �ns-de-semana, garante a gerência, é possível degustar �l-let mignon com bacon e queijo, lombo de porco recheado, cora-ção de frango, alcatra de queijo e o famoso carrinho de leitão.

AGENDA

9 DE MAIO Lançamento da obra ‘Livro dos Ancestrais’, de António Gonçalves, do projecto ‘Troncos da Literatura Angolana’, no Centro Cultural Português, às 18 horas.

5 DE MAIO Gala do Angola Music Awards (AMA) 2018, no Pavilhão Multiusos do Kilamba, às 20 horas.

6 DE MAIO‘Show Proibido Ouvir Isto’, de MCK com Valete, Azagaia, Flagelo, Vanda Mãe Grande, Girinha e outros, no cine Atlântico, às 20 horas. 4.000 kwanzas.

4 DE MAIO Exposição colectiva da 7.ª plataforma de fotografia experimental ‘Vidrul Fotografia’, com Albano Cardoso, Céus, Sebastião Vemba e Toty Sa’med, no Memorial António Agostinho Neto, às 18 horas.

LUANDAATÉ 14 DE MAIO Exposição ‘Força da Natureza’ do artista plástico Serafim Serlon, na Galeria Tamar Golan. Visitas entre as 12h30 e as 19h30.

Perfeição a 100%

Versátil e discreta

Para aventuras

Os óculos de acetato e armação de metal em preto e dourado tornam os produtos Gucci perfeitos. As lentes cinza têm 100% de protec-

ção ultravioleta. E para não haver dúvidas, o logótipo está gra-fado bem nas dobradiças transparentes em ouro reluzente.

A bolsa da Anya Hindmarch é macia e cuidado-samente acolchoada. A alça é ajustável com um

fecho discreto. O revestimento de camurça cinzento faz dela ainda mais versátil para

diferentes momentos.

A Scooter Fat Tire é 98% facilmente desmontá-vel. Basta seguir as orientações. É um meio

que se carrega com uma tomada padrão de 110v. O melhor é que pode ligar direc-

tamente ou retirar a bateria e car-regá-la separadamente.

Este jerricã é uma peça única que foi inventada e fabricada em 1939 para enfren-

tar a Segunda Guerra Mundial. É um pro-jecto artesanal, icónico, exclusivo. É o maior

presente para recordar a história do mundo.

Peças memoráveis

O companheiro ideal

Hora sob medida

As sapatilhas KAWS da Air Jordan adicio-nam personalidade do seu dono. É o compa-

nheiro ideal para onde quer que vá. A costura é dupla. As abas de altura média e os atacadores em

cera, além da sola que é propositadamente translúcida.

O SpidoLite II é um esqueleto de titânio artesanal com mostrador e detalhes

para um toque no seu estilo. Cria um impressionante contraste cromá-tico azul-laranja contra o titânio.

A pulseira preta é feita sob medida e a combinar com as costuras azuis.

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31Segunda-feira 30 de Abril 2018 Valor Económico

Com periodicidade bienal, o pré-mio Ensa Arte entra na 14.ª edi-ção e já é considerado, quer pela Ensa-Seguros de Angola, quer pelos próprios criadores, o “baró-metro” das artes plásticas ango-lanas, a julgar pelo amplo acervo que o Prémio tem perpetuado com as obras distinguidas.

Há 37 artistas a disputar o grande prémio de Pintura, Escul-tura e Gravura. Nas diferentes categorias, os vencedores recebem um milhão e 500 mil kwanzas e os segundos classi�cados um milhão de kwanzas cada um. Para o prémio ‘Juventude’, os vencedores das cate-gorias escultura e pintura recebem 500 mil kwanzas e um kit de mate-rial de pintura, escultura e gravura.

O Ensa Arte ainda atribui ao vencedor do prémio ‘Alliance Fran-çaise de Luanda’ uma residência artística em França durante 30 dias e um curso de francês, na Alliance Française, em Luanda, caso não saiba a língua francesa.

Para o prémio especial de gra-vura, o vencedor vai receber 500 mil kwanzas. Os artistas não pre-miados serão agraciados com men-ções honrosas e ‘kits’ de material de pintura, escultura e gravura.

Para a edição de 2018, a grande novidade é a introdução da disci-plina de gravura que antes não fazia parte do prémio.

PRÉMIO DESDE 1990 O Ensa Arte foi instituído em 1990, pela empresa seguradora de Angola Ensa Seguros, no domínio das artes plásticas, com predominância para a pintura e escultura, sendo a gravura introduzida na edição deste ano.

O júri do Prémio Ensa-Arte divulga, geralmente, a classi�ca-ção em Abril, mês em que a segu-radora foi criada, em 1978.

O Prémio Ensa-Arte partiu da ideia de um grupo de artistas ango-lanos, como Viteix, Henrique Abran-ches, Augusto Ferreira, Jorge Gumbe, António Olé, Telmo Vaz Pereira e José Zan Andrade, que, em 1990, reali-zaram uma exposição colectiva para saudar o 12.º aniversário da Ensa.

Nas três primeiras edições do concurso, que decorreram em 1991, 1992 e 1996, o prémio esteve restrito à categoria de pintura, pelo facto de ser a expressão plástica que reúne maior número de artistas e, conse-quentemente, por as obras de pin-tura registarem um maior apuro,

ou seja, até �nais de 1990, a qua-lidade técnica e estética era muito mais acentuada do que a veri�cada nas obras de escultura.

Actualmente, há quem reclame a introdução de outras vertentes plásticas, como cerâmica, tecela-gem e fotogra�a.

ARTES PLÁSTICAS. Mais de 35 artistas concorrem ao grande prémio Ensa-Arte nas categorias de Pintura, Escultura e Gravura, cuja gala está marcada para hoje, no Museu da Moeda, em Luanda, a partir das 16 horas. Cada vencedor desta 14.ª edição recebe um milhão e 500 mil kwanzas, kits de pintura, escultura, gravura e um diploma de mérito.

GALA MARCADA PARA O MUSEU DA MOEDA

Por Amélia Santos

Ensa-Arte entrega prémios hoje

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Artista – Obra

PINTURA

Adriano gaspar - ‘Mukanda okupiluka’Agostinho José - ‘Homenagem ao soldado desconhecido’Alberto Vimpi - ‘Noite de luar no largo’Ângelo Júlio - ‘A luz da minha sombra’Armando Pombal - ‘Somos todos iguais’Cristiano Mangovo - ‘Os desejos da menina – carta preta’Domingos francisco – ‘Olhos internos- liberdade no mundo das crianças’Eduardo Vueza – ‘Nossas raízes’ Euclides Fernandes – ‘Cultura rompida’Gonçalves Gonga – ‘Lágrimas de um mendigo’Guilherme André – ‘Cronografia intemporal - cesariana’João Kabango – ‘Contraste da vida – urbana e musseke’José dos Santos – ‘Peixe do cabo’Maiomona Vua – ‘Optimista na educação da futura família’Mário Nunes – ‘Ser mãe’Maurício Macama – ‘Esperança’Mateus dos Santos – ‘Resgate dos símbolos e dos valores morais e culturais’Papino Mbngo – ‘Carga doce- a música’Ricardo Ângelo – ‘Caminhos e destinos’

Samuel Nunes – ‘Cada mãe lambe seu filho’Sebastião Cassule – ‘Faça-se luz – causa e efeito’Serafim Yssolo – ‘Momentos de Glórias’Silvestre Panzo – ‘A genética do Amor’Simão Sebastião – ‘Floco de Pele’Sozinho Lopes – ‘Sociedade secreta - zingunga’

ESCULTURA

Amândio Henriques - ‘Imagens 3D’Ângelo Júlio - ‘O espaço de um espaço - espaço’Jermano da Silva - ‘Os soberanos do Ndongo’José Resende e Silva - ‘Freezer 1 e 2’Luís da Silva - ‘Estudo do equilíbrio’Sozinho Lopes - ‘Polifonia do pretérito presente – cinganji miquixe’Valdes Ruiz - ‘Vida’

GRAVURA

Evadilson José Ferreiro - ‘Malambas da vida’Eduardo Sebastião - ‘O rosto de África XXV’Euclides André Miguel - ‘To kwatenena – a passagem obrigatória’ Manuel José Ventura - ‘Ku sokoloké – weza ubuntologia’

1991 - Vítor Teixeira ‘Viteix’ categoria de pintura, com a obra ‘Banda Jazística’

1992 - António Olé, pintura

1993 - Francisco Domingos Van-Dúnem (Van), pintura

1998 - Jorge Gumbe, Pintura e escultura Masongi Afonso

2000 - Luandino de Carvalho, pintura e escultura Masongi Afonso

2002 – Masongi Afonso, escultor e Pintura Álvaro Macieira

2004 – Van, Grande Prémio de Pintura

2006 - Marcos Ntangu, pintura, prémio juventude Fineza Teta primeiro, e único até agora, auto-retrato premiado.

2008 - Guilherme Mampwya, pintura e escultura Ana Suzana David ‘Kiana’

2010 – Miguel da Franca, pintura

2012 - Ângelo Carvalho, pintura

2014 - Fineza Teta dos Santos ‘Fisty’, pintura e escultura Sozinho Lopes

2016 - Ângelo de Carvalho Júlio, pintura e escultura Maiomona Vua

Concorrentes da 14.ª edição 2018

Vencedores das edições passadas

Manuel Gonçalves, PCA da Ensa

O Prémio Ensa-Arte partiu da ideia de um grupo de artistas angolanos, como Viteix, Henrique Abranches, Augusto Ferreira, Jorge Gumbe, António Olé, Telmo Vaz Pereira e José Zan Andrade, que, em 1990,

realizaram uma exposição colectiva para saudar o 12.º aniversário da Ensa.

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Segunda -feira 30 de Abril 2018Valor Económico

A inclusão �nanceira em Angola é “ainda insatisfatória” dada a dimensão do país e Luanda con-centra a maior parte dos servi-ços, declarou o vice-governador do Banco Nacional de Angola, Manuel Tiago Dias.

O dirigente referiu que a inclusão �nanceira, na maior parte das províncias, “é bastante baixa”, dando como exemplo, que numa área de mil quilóme-tros quadrados existe, em média, apenas uma agência bancária.

Numa conferência realizada pelo jornal de especialidade eco-nómica Mercado, Manuel Tiago Dias garantiu que as soluções do BNA, para a expansão da inclu-são �nanceira, estão voltadas para a realização de políticas inova-doras e passam por promover a bancarização nas zonas mais remotas e a implementação de pagamentos móveis.

Dados do primeiro trimes-tre do ano passado dão conta que estão disponíveis, por cada mil quilómetros quadrados, 49 Terminais de Pagamento Auto-mático (TPA), duas caixas de pagamento automático (ATM, na sigla em inglês) e uma agên-cia bancária. E que, por cada 100 mil habitantes, estão registados 817 TPA, 37% de ATM e apenas 19 agências bancárias.

Inclusão financeira em Angola é “bastante baixa”

NÚMEROS DA SEMANA

Taxa de crescimento prevista para o Plano de Desenvolvimento Nacional entre 2018/2022, segundo o ministro da Economia e Planeamento.

5,5%

SEGUNDO VICE DO BNA

329Número de veículos que vão ser alienados em hasta pública no Namibe, por uma comissão técnica criada pelo Ministério das Finanças.

15 Milhões de dólares, valor que vai ser investi-do até Junho pela IMEX, que vai produzir sacos de ráfia, uma empresa inaugurada, a semana passada, pela ministra da Indústria, Bernarda Martins.

40,1 Milhões de kwanzas, valor arrecadado no Huambo, nos primeiros três meses do ano, pela delegação regional do centro da Administração Geral Tributária.

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Trabalhadores da Movicel convo-caram uma greve por tempo inde-terminado, com início na próxima segunda-feira, dia 7, para contes-tarem “as assimetrias salariais” na empresa e exigir aumentos.

A comissão sindical entregou um caderno reivindicativo em Janeiro e a 9 de Março, tendo resultado numa reunião com a administração, para a discussão das reivindicações, no entanto, “não se encontraram solu-ções esperadas pelos trabalhadores”.

Na declaração da greve, enviada à Lusa, a comissão informa que a decisão da greve foi tomada numa assembleia de trabalhadores e abrange funcioná-rios das áreas técnica, administrativa, �nanceira e comercial.

A comissão sindical tornou pública a declaração de greve, que determina a “paralisação total dos serviços, nas horas úteis e normais de trabalho em todas as áreas da empresa, no horário

das 08:00 às 17:00 por tempo inde-terminado”. Os possíveis grevistas informam que o período de parali-sação poderá ser prolongado ou reto-mado de forma alternada, para igual período nos dias posteriores, depen-dendo do resultado das negociações.

O caderno de reivindicações exige “dignidade aos funcionários, aca-bando com as assimetrias salariais”, a “reavaliação e reenquadramento do pessoal na nova tabela salarial”, um “aumento salarial na ordem dos 75% e progressão da carreira.

O primeiro secretário e porta-voz da comissão sindical, Costa Santos, revelou que, desde 2010, a opera-dora não realiza qualquer reajuste de salários.

Trabalhadores da Movicel em greve

A Sociedade Mineira da Catoca pagou 56,8 milhões de dólares, em impostos, em 2017, registando um acréscimo de mais de 10 milhões de dólares, em relação ao ano anterior, revelou o director-geral da quarta maior mina de diamantes do mundo, Sergei Amelin, durante uma confe-rência de imprensa que serviu para assinalar o Dia Nacional do Mineiro.

Em 2017, a companhia teve uma produção de sete milhões e 700 mil quilates. O resultado, no entanto, contrasta com o facto de a compa-nhia não conseguir alcançar o preço médio planeado, uma intenção que Sergei Amelin espera que aconteça este ano com as mudanças que se registam no sector, consubstanciadas na organização da venda e sistema

contas da empresa, entram ainda os mais de 12 milhões de dólares gas-tos em programas sociais. Todos os anos, a companhia assina um con-trato do programa social, que engloba a merenda escolar, apoio à construção de escolas, bem como outros apoios que são prestados ao governo local.

A SMC está localizada na Lunda--Sul e foi criada em 1992. Tem como principais accionistas a Endiama, Alrosa e a LLI Holding BV. No ano passado, a Odebrecht vendeu a sua participação de 16,4%, divi-dida em partes iguais pelos actuais sócios, Alrosa e Empresa Nacional de Prospecção, Exploração, Lapida-ção e Comercialização de Diaman-tes de Angola.

Valdimiro Dias

Catoca pagou impostos de 56,8 milhões de dólares

EM 2017, PELAS CONTAS DA SOCIEDADE MINEIRA

PARA 7 DE MAIO

de preços. Apesar disso, o respon-sável russo garante que todas medi-das previstas pelos accionistas foram “cumpridas com êxito”, com desta-que para a redução do custo opera-cional do minério com a redução de 10 dólares por cada quilate produzido.

Nos primeiros quatro meses deste ano, a companhia registou uma fac-turação de 40 milhões de dólares, através da venda de 2,2 milhões de quilates, mantendo a tendência obtida no período homólogo.

Sergei Amelin assegura que a com-panhia “sempre esteve concentrada nas novas tecnologias, equipamentos e na formação”, assumindo que os fun-cionários da Catoca têm “dos salários mais altos do país que só podem ser comparados aos da Sonangol”. Nas