PRODUÇÃO DO CIMENTO Atuação do Engenheiro e processos de fabricação

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1 Produção do cimento: Atuação do engenheiro e processos de fabricação. SILVA, Amanda Fernanda das Merces 1 RIBEIRO, Carlos Eduardo Silva CAMINHA, Deborah de Oliveira CORREA, Luana Batista Magalhães MIRANDA, Willian Douglas Resumo Este trabalho tem como intuito definir o que é o cimento, demonstrando toda a sua cadeia produtiva, desde a obtenção da matéria prima até a concepção do produto acabado. Identificar todos os danos ambientais e sociais causados por esta produção e demonstrar quais as medidas tomadas pelas empresas para amenizar estes impactos, visto que os danos causados pela indústria cimenteira são irreversíveis em curto prazo. Para amenizar estes danos as empresas desenvolvem projetos sociais com o apoio da população situada nas proximidades das indústrias, que são os mais prejudicados pelos danos. Temos como objetivo identificar e definir a atuação dos engenheiros químicos e engenheiros de produção ao longo de todo o processo 1 Alunos do curso de Engenharia Química e de Produção, da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas, do Centro Universitário Newton Paiva Orientadora: Juliana Sales

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Produção do cimento:

Atuação do engenheiro e processos de fabricação.

SILVA, Amanda Fernanda das Merces1

RIBEIRO, Carlos Eduardo Silva

CAMINHA, Deborah de Oliveira

CORREA, Luana Batista Magalhães

MIRANDA, Willian Douglas

Resumo

Este trabalho tem como intuito definir o que é o cimento, demonstrando toda a sua

cadeia produtiva, desde a obtenção da matéria prima até a concepção do produto

acabado. Identificar todos os danos ambientais e sociais causados por esta

produção e demonstrar quais as medidas tomadas pelas empresas para amenizar

estes impactos, visto que os danos causados pela indústria cimenteira são

irreversíveis em curto prazo. Para amenizar estes danos as empresas desenvolvem

projetos sociais com o apoio da população situada nas proximidades das indústrias,

que são os mais prejudicados pelos danos. Temos como objetivo identificar e definir

a atuação dos engenheiros químicos e engenheiros de produção ao longo de todo o

processo produtivo e até mesmo o papel dos mesmos na minimização dos impactos

ambientais provenientes da produção.

Palavra Chave: cimento; produção; engenharia; impactos ambientais; química.

Introdução1 Alunos do curso de Engenharia Química e de Produção, da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas, do Centro Universitário Newton Paiva

Orientadora: Juliana Sales

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A utilização dos cimentos é bem antiga e, ao longo do tempo, este produto foi

aperfeiçoado. Os antigos egípcios usavam gesso impuro e calcinado, os gregos e

romanos usavam calcário calcinado, e posteriormente aprenderam a misturar cal,

água, areia e pedra britada, tijolos ou telhas. Este foi o primeiro concreto da história.

Outras culturas, por necessidades especiais, aprenderam a utilizar outras matérias

para melhorar a qualidade e a eficiência do concreto, como por exemplo, cinzas

vulcânicas e telhas de argila queimadas combinadas com o calcário. Com este

cimento, foram construídos diversos monumentos que duraram durante milênios. A

tecnologia na composição do cimento continuou avançando durante anos, até que

em 1845, por Isaac Johnson, o clínquer (principal componente do cimento atual) foi

formado. O cimento então passou a ser obtido pela mistura apropriada de materiais

calcários e argilosos, ou outros materiais contendo sílica, alumina ou óxidos de ferro,

aquecendo tudo a uma temperatura necessária para a clinquerização e moendo-se o

clínquer resultante. Como definição, o cimento é um pó fino com propriedades

aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob ação da água. Depois de

endurecido, mesmo que seja novamente submetido à ação da água, o cimento não

se decompõe mais. Este, misturado com água e outros materiais de construção, tais

como a areia, a pedra britada, o pó-de-pedra, a cal e outros, resulta nos concretos e

argamassas usadas na construção civil (CAPURUCO, anos diversos). Hoje, a

fabricação de cimentos está espalhada por todo o mundo, sendo o Brasil

responsável por uma produção de 51.479 mil toneladas apenas no ano de 2009,

garantindo seu lugar entre os dez maiores produtores de cimento do mundo (SNIC,

2010)2. A larga escala de produção gera altos níveis de impactos sócio-ambientais.

Por isso torna-se indispensável a atuação de engenheiros químicos e de produção

para garantirem além da qualidade do produto e otimização da produção, uma

redução dos impactos nocivos e aperfeiçoamento de programas sociais.

Características do Cimento

2 http://www.snic.org.br/pdf/presskit_SNIC_2010.pdf

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O cimento está presente em todo tipo de construção civil, e é considerado uma

commodity de baixa substitutibilidade. É um produto homogêneo, com variedade

limitada de tipos e com especificações e processo de fabricação semelhante em

todo o mundo (SNIC, 2010)3.

Composição

O cimento é composto de clínquer e de adições finamente moídas. O clínquer é o

principal componente e está presente em todos os tipos de cimento. Já as adições

variam de um tipo para outro, e são elas que definem as propriedades dos diferentes

cimentos existentes.

1. Clínquer: tem como matérias-primas o calcário e a argila. A mistura do

calcário moído juntamente com a argila, chamada de farinha ou cru, passa

por um forno cuja temperatura chega a 1450°C, e transforma-se neste

material denominado clínquer (CAPURUCO, anos diversos).

2. Adições:

(a) Gesso: tem como função básica reduzir a velocidade de endurecimento

do cimento moído, por isso o gesso é uma adição presente em todos os

tipos de cimento. Em geral a quantidade adicionada é pequena, apenas

3%. (CAPURUCO, anos diversos)

(b) Escória: é um resíduo silicoso que se forma juntamente com a fusão dos

metais (Dicionário Silveira Bueno, 2001). Adicionado à moagem do

clínquer com gesso, guardado em certas proporções, permite ao produto

maior durabilidade e maior resistência final.

3 http://www.snic.org.br/pdf/presskit_SNIC_2010.pdf

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(c) Pozolana: são materiais sílico-aluminosos que têm pouca ou nenhuma

atividade aglomerante, mas que, finamente pulverizadas e na presença

de umidade, reagem com o hidróxido de cálcio à temperatura ambiente,

formando produtos com capacidade cimentante (Oliveira, 2010)4.

Adicionado ao cru oferece a vantagem de conferir maior

impermeabilidade ao cimento.

(d) Sílica ativa: é um produto obtido nos filtros do processo de fabricação do

silício metálico. A sua adição na fabricação de cimentos, proporciona boa

resistência a ataques químicos, aumento das resistências mecânicas

(abrasão, erosão, compressão, tração), maior aderência, coesão,

impermeabilidade e inibição da reação álcali-agregado (CAPURUCO,

anos diversos).

(e) Carbonatos: são minerais moídos, tais como o próprio calcário. Tal

adição serve para tornar o cimento mais trabalhável, porque os grãos

desses minerais moídos têm dimensões adequadas para se alojar entre

os grãos dos demais componentes do cimento, funcionando como um

lubrificante (CAPURUCO, anos diversos).

Processos de fabricação

O processo de fabricação do cimento passou por sucessivos aprimoramentos, sendo

hoje uma tecnologia conhecida e consagrada no mundo inteiro. Nas duas últimas

décadas, o aumento de conscientização ecológica e a escassez de recursos

naturais forçaram o desenvolvimento de tecnologias altamente eficazes,

empregando principalmente a automação industrial, o que transformou

sobremaneira o processo produtivo (FARENZENA apud SELLITO, 1999, p. 71)5.

A figura 1 (em anexo) e as descrições a seguir, detalham as etapas do processo de

fabricação do cimento

Etapa 1 – Mineração: extração, britagem, transporte e pré-homogeneização

4 http://notedi2.files.wordpress.com/2010/06/aula-mc-04_-pozolana_escoria.pdf

5 http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/publicacoes/Miguel_Afonso_Sellitto.pdf

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É o processo de desmonte, extração e remoção dos minerais. Devido a dureza da

rocha, utiliza-se explosivo para o desmonte, e a extração é realizada por processos

mecânicos utilizando a pá carregadeira. Depois de extraído, o material é separado

em parte útil e parte estéril, e fragmentado em duas etapas de britagem, para que

facilite o transporte. Após as britagens, forma-se uma pilha de material chamada de

pré-homogeneização. Esta tem como função definir e pré-adequar os parâmetros ou

módulos químicos do material empilhado. Quanto mais homogêneo for o material,

mais simples será a correção na fase seguinte.

Etapa 2 – Moagem de cru: moagem, homogeneização, clinquerização.

O material extraído da pilha de homogeneização é chamado de matéria cru. A

moagem de cru, feita em moinhos tubulares de bolas ou moinhos verticais de rolos,

executa a secagem e moagem de materiais in natura, transformando-os em uma

mistura finamente moída, chamada de farinha. Os ajustes dos parâmetros físico-

químicos da farinha são feitos através da alimentação e dosagem dos dois tipos de

calcário – calcário principal (carbonato alto) e calcário aditivo (carbonato baixo).

Após o ajuste, a farinha é armazenada em silos onde passa por um novo processo

de homogeneização. Homogeneidade e estabilidade dos módulos químicos da

farinha são fundamentais para a próxima etapa. A clinquerização é um processo de

aquecimento e tratamento térmico controlado, a temperatura de até 1450°C, que

provoca um conjunto de reações químicas na farinha, transformando-a em clínquer.

As principais reações ocorridas na formação do clínquer são:

Descarbonatação dos carbonatos de cálcio e de magnésio, transformando-os

em óxidos e gás carbônico:

CaCO3 CaO + CO2 MgCO3 MgO + CO2

Combinação com óxidos de silício, alumínio e ferro e cinzas dos

combustíveis, formando o C4AF, C3A, C2S, C3S.

O clínquer já formado abandona a zona mais quente e passa por dois resfriamentos

sucessivos. Depois de refrigerado é transportado e armazenado em silos para

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emprego subseqüente na moagem de cimentos. (FARENZENA apud SELLITO,

1999, p. 77).

Etapa 3 – Moagem de cimento: finalizando o produto e distribuição.

Após a estocagem do clínquer, este é moído finamente em moinhos de bolas, ou

rolos, sendo adicionado um pequeno percentual de gesso. Para cimentos

compostos, neste momento, também são inseridas suas adições respectivas

(escória, pozolana, sílica ativa, etc.) nas quantidades adequadas (CAPURUCO,

anos diversos). O cimento produzido é conduzido através de transporte mecânico ou

pneumático a um conjunto de silos, onde são armazenados e protegidos de umidade

ambiente. A ensacagem depende do tipo de veículo que será empregado para retirar

o produto da fábrica. As embalagens disponíveis são de 25 e 50 kg, existindo ainda

a possibilidade de transporte a granel, no qual o veículo é a embalagem.

Nos processos de fabricação, os maiores custos são referentes ao uso de

combustível para o forno e energia elétrica. Para redução destes custos, as

empresas utilizam algumas alternativas. Segundo a engenheira Érica Avelar (2011):

“[...] as empresas tem usado resíduos orgânicos misturados a seus

combustíveis. Esta medida reduz o custo com o combustível, como também

dá créditos de carbono para a cimenteira. O controle de energia elétrica é

feito através da negociação com a concessionária de energia e também

pelo desligamento de alguns equipamentos (como moinhos) no horário de

pico (entre as 17 e 21 horas).[...] Algumas empresas tem investido em

novos separadores para a classificação do produto da moagem. O aumento

de eficiência destes equipamentos, evita altas cargas de recirculação neste

circuito, o que reduz os custos de operação da moagem.

Perfil da indústria cimenteira no Brasil

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Atualmente o Brasil está plenamente capacitado a suprir a demanda interna (figura

2, em anexo), pois 70 fábricas de cimento, mostradas na figura 3 (em anexo),

pertencentes a 12 grupos industriais nacionais e estrangeiros, estão em operação e

produzem em média 67 milhões t/ano (SINC, 2010).

Definindo alguns números de uma empresa padrão, que produz anualmente 1

milhão de tonelada, temos:

Extração de aproximadamente 1,4 milhões de toneladas por ano.

Custo de implantação de US$ 280 milhões.

Consumo de 100 GWh (Gigawatt/hora) de energia elétrica por ano. (relativo

ao consumo anual de uma cidade de 200 mil habitantes).

Consumo de 65 mil toneladas equivalentes de petróleo por ano. (equivalente

a 10% do consumo residencial anual de Minas Gerais).

Despacho, em média, de 300 caminhões por dia (apenas para o escoamento

de produção)

(CARVALHO, 2010)6

Desde a implantação da empresa, até a um ritmo de produção, ela trabalha com

altos valores, tanto em consumo quanto em produção, o que implica,

conseqüentemente, na geração de impactos ambientais significativos. Porém, não

são apenas impactos nocivos que uma empresa de cimento causa. Ela também tem

responsabilidade social e por isso desenvolve programas sociais e técnicas para

minimização dos impactos ambientais.

Impactos Ambientais e Sociais

Desde a extração da matéria até a ultima etapa do processo produtivo são muitos os

índices de poluição causados pela indústria cimenteira. Os níveis e as

características dos poluentes dependem de uma série de fatores como a

composição química dos combustíveis e da matéria-prima utilizada, as tecnologias

empregadas no processo industrial – principalmente nos fornos rotativos de clínquer

6 http://www.senado.gov.br/sf/comissoes/ci/ap/AP20090511_joseotaviocarvalho.pdf

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– e dos sistemas de controle de emissão de gases poluentes (SANTI apud FILHO,

2004).

Sobre a questão de impactos positivos e negativos, Willian Wills diz que:

“[..] Do lado positivo, podemos citar os empregos gerados pela indústria e

novas oportunidades de negócios para a população local, particularmente

em regiões mais remotas, onde existem poucas opções de desenvolvimento

econômico. Os impactos negativos incluem danos a paisagem, poeira e

ruídos, e emissões de gases poluentes. O modo como as companhias

valoram e gerenciam os aspectos sociais e ambientais afeta diretamente a

qualidade de vida das comunidades envolvidas, e também a reputação da

indústria cimenteira”.

A tabela 1, em anexo, descreve os impactos gerados em cada processo da

fabricação de cimento e define as principais alternativas para minimização destes

impactos, e a tabela 2 indica quais os impactos sociais causados pela implantação

da indústria de cimento.

Atuação do Engenheiro Químico e de Produção

Diante de uma produção em grande escala como a maioria das industrias

cimenteiras do Brasil, e os inúmeros impactos causados por sua implantação, a

atuação de Engenheiros Químicos e de Produção torna-se imprescindível para a

gestão desse processo.

Os dois profissionais, embora participem juntos de todo o processo industrial do

cimento, possuem funções distintas mais específicas em sua área.

Segundo a Engenheira Química Érica Avelar (2011), em uma entrevista concedida

aos alunos autores deste artigo,

“os engenheiros químicos podem atuar como engenheiros de processo,

atuando na otimização da produção e fazendo auditorias de processo (que

são inspeções em equipamentos que checam a performance de um circuito.

Estas inspeções incluem balanços de massa e energia do circuito). Ou

como supervisores de área (moagem, ou forno). Nesta função, o engenheiro

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é responsável pela produção, qualidade do processo e manutenção em sua

área. Ele conta com apoio de um engenheiro de processos”. 

Já um Engenheiro de Produção pode atuar como supervisor de área e às vezes

como gerente de produção, supervisionando os trabalhos dos supervisores de área

e do engenheiro de processo (Avelar, 2011).

Implantação da Fábrica

Quando há alguma modificação ou construção de uma nova unidade, o engenheiro

químico é responsável pelo projeto da rota de processo daquela unidade e também

pela estimativa dos custos de capital (custo da unidade em sí, equipamentos e etc) e

operacional desta. Já o engenheiro de produção pode auxiliar nos custos dos

passivos e também na análise de mercado e financeira da unidade.

Otimização de custos e qualidade do produto

Para avalizarem um bom desenvolvimento de todo os procedimentos, um

engenheiro deve estar atento as novas tecnologias a serem implantas na empresa.

Recursos como o uso de combustíveis alternativos como coque ou um blend de óleo

e pet coque, garantem uma grande diminuição de custos na produção, já que o uso

de combustíveis para o forno e a energia elétrica consumida são os maiores gastos

deste tipo de indústria. Porém, ainda segundo a Eng. Érica Avelar (2011), os altos

teores de enxofre desse combustível são responsáveis pelo entupimento na torre de

ciclones, o que diminui a disponibilidade da fabricação devido às paradas de

produção. Para resolver este problema, algumas cimenteiras têm usado,

recentemente, resíduos orgânicos misturados a seus combustíveis. Esta medida

reduz o custo com o combustível, como também dá créditos de carbono para a

cimenteira.

Redução dos impactos ambientais

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O engenheiro de processo inclui em seu cronograma de inspeções o monitoramento

dos gases da chaminé, além de atuar na implementação do co-processamento de

resíduos.

Projetos sociais

O engenheiro muitas vezes entra como um agente que esclarece dúvidas da

sociedade quando há algum processo de licenciamento ambiental para uma nova

atividade na planta. (Avelar, 2011)

Considerações Finais

Na forma de concreto, o cimento torna-se uma pedra artificial, que pode ganhar

várias formas e volumes de acordo com as necessidades de cada obra. Graças a

estas características, o concreto é o segundo material mais consumido no mundo,

superado apenas pela água. Sua importância estende-se às áreas econômica, social

e ambiental, e por isso uma boa gestão de processo é necessária para implantação

de uma indústria cimenteira, seja no Brasil ou em qualquer lugar do mundo. A

função de um engenheiro Químico e de Produção é garantir além da qualidade do

produto, um avanço tecnológico que garanta redução dos gastos e consumo de

energia, sustentabilidade para a empresa, e ações sociais para conscientização

ambiental e esclarecimento de duvidas. Ambos têm importância fundamental nesse

processo, pois atuam juntos, em suas áreas especificas desde o recebimento de

matéria prima das minas até a entrega do produto final ao cliente.

Referência Bibliográfica

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GOBBO, Luciano de Andrade. Os compostos do clínquer Portland: sua caracterização por difração de raios-X e quantificação por refinamento de Rietveld. Dissertação (Mestrado em Recursos Minerais e Hidrogeologia). Universidade de São Paulo. São Paulo, 2003.

SNIC - Sindicato Nacional da Indústria de Cimento.Disponivel em: http://www.snic.org.br/pdf/presskit_SNIC_2010.pdf. Acesso em 02 de abril de 2011.

SELLITO, Miguel Afonso. Sistema de produção sincronizado: Uma aplicação em processos produtivos de propriedade contínuos segundo a teoria das restrições.

FARENZENA, Hélio. Fabricação do cimento Portland, Aspectos Gerais, Edição Cimentec, 1995

SANTI, Auxiliadora Maria Moura; FILHO, Arsênio Oswaldo Sevá. Combustíveis e riscos ambientais na fabricação de cimento: casos na região do Calcário ao Norte de Belo Horizonte e possíveis generalizações. Campinas, 2004.

CAPURUCO, Flávio. Cimentos Portland. Apostila de fabricação de cimento Holcim. Anos diversos.

OLIVEIRA, Aline Fernandes de. Materiais de Construção. Disponível em: http://notedi2.files.wordpress.com/2010/06/aula-mc-04_-pozolana_escoria.pdf Acesso em: 6 de abril de 2011.

RENÓ, Maria Luisa Grillo. Uso de Técnicas de Otimização Robusta Multi Objetivos na Produção de Cimento. 2007. 123f. Dissertação de Mestrado (mestrado em Engenharia Mecânica) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade federal de Itajubá, Itajubá, 2007.

CARVALHO, José Otávio. A Indústria do Cimento e a Infraestrutura no Brasil. Disponível em: http://www.senado.gov.br/sf/comissoes/ci/ap/AP20090511_joseotaviocarvalho.pdf Acesso em: 9 de abril de 2011

WILLS, William. Estudo 61: Indústria de cimento. Disponível em: https://www.cedeplar.ufmg.br/pesquisas/pis/Estudo%2061.pdf Acesso em: 9 de abril de 2011)

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WBCSD, 2005a. Environmental and Social Impact Assessment Guidelines. Land and Communities. World Business Council for Sustainable Development. Disponível em www.wbcsd.org

Avelar, Érica. Atuação do engenheiro químico e de produção nos processos de fabricação do cimento. Belo Horizonte: Centro Universitário Newton Paiva, 2011. Entrevista concedida a Carlos Eduardo Silva Ribeiro.

Anexos

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Figura 1 – Etapas do processo de fabricação do cimento

Figura 2 – Etapas do processo de fabricação do cimento

Figura 1. Fonte: Lafarge.

Disponível em: http://www.lafarge.com.br/wps/portal/br/2_2_1-Manufacturing_process

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Fonte: SNIC, 2010

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Figura 3 – Consumo de cimento no Brasil

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Tabela 1 – Impactos Ambientais e suas soluções

(WILLS, anos diversos) e (WBCSD apud WILLS, anos diversos)

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Tabela 2 – Impactos Sociais

Fase Impactos Benéficos Impactos Nocivos Solução

Fase de projeto Redução da pobreza local. Deslocamento de pessoas Confecção do plano de reassentamento

Fase de Construção

Aumento temporário na atividade econômica e no

número de empregos disponíveis para a comunidade local,

desenvolvimento de competências locais e um

possível aumento de financiamento de obras de infra-estrutura por parte do

governo para atender o aumento populacional,

desenvolvimento de nova infra-estrutura, aumento do

padrão de vida local, implementação de medidas

gerais de higiene e segurança

Fluxo de pessoas estranhas nas

comunidades locais, a ruptura dos sistemas

sociais e nas estruturas da comunidade, afetando valores e religião, maior demanda de serviços e

infra-estrutura, aumento do número de crimes na

região. Perigos à segurança devido ao

aumento de tráfego nos acessos ao local do empreendimento,

potenciais impactos na saúde devido a ruídos, poeira, vibrações, etc.

Responsabilidade do governo local.

Fase de Operação

Ajuda financeira para melhoria de bem-estar da

comunidade local e de grupos desfavorecidos (melhoria no

acesso da comunidade local a hospitais, etc.). Melhorias na infra-estrutura já existente na

comunidade, como em hospitais e postos de saúde,

escolas e etc.

Pressão adicional sobre a infra-estrutura física e

social existente; Impactos na saúde da população local; Rompimento das redes sociais devido ao

fluxo de pessoas estranhas; Diminuição da coesão da comunidade; Aumento no número de

crimes e de casos de conduta inadequada;

Mudanças de percepções sociais (riqueza, pobreza,

etc.), e Mudança de valores culturais.

Responsabilidade do governo local.

(WILLS, anos diversos) e (WBCSD apud WILLS, anos diversos)

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Entrevista estruturada (via email) com a Engenheira Química Érica Avelar:

Atuação do engenheiro químico e de produção nos processos de fabricação do cimento.

1. Qual a principal função dos engenheiros químicos na produção de cimento?

Os engenheiros químicos podem atuar como engenheiros de processo,

atuando na otimização da produção e fazendo auditorias de processo (que

são inspeções em equipamentos que checam a performance de um circuito.

Estas inspeções incluem balanços de massa e energia do circuito). Ou como

supervisores de área (moagem, ou forno). Nesta função, o engenheiro é

responsável pela produção, qualidade do processo e manutenção em sua

área, ele conta com apoio engenheiro de processos. 

2. E do engenheiro de Produção?

O engenheiros de produção atua como supervisor de área e as vezes como

gerente de produção, supervisionando os trabalhos dos supervisores de área

e do engenheiro de processo.

Existe uma área em que os dois trabalham em conjunto? Qual?

Sim. Na verdade, as duas engenharias trabalham em conjunto em todas as

áreas do processo de produção, desde o recebimento de matéria prima das

minas até a entrega do produto final ao cliente.

3. Desde o inicio da produção de cimento, quais as novas tecnologias que foram

implantadas para otimizarem os custos e a qualidade do produto?

Os maiores custos da produção de cimento são combustíveis para o forno e

energia elétrica. Para redução dos custos com combustível, os engenheiros

cimenteiros optam por combustíveis mais baratos, como o coque ou um blend

de óleo e pet coque. Porém os altos teores de enxofre desse combustível são

responsáveis por entupimento na torre de ciclones, que diminuem a

disponibilidade da produção devido ás paradas de produção. Recentemente

as cimenteiras têm usado resíduos orgânicos misturados a seus

combustíveis. Esta medida reduz o custo com o combustível, como também

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dá créditos de carbono para a cimenteira. O controle de energia elétrica é

feito através da negociação com a concessionária de energia e também pelo

desligamento de alguns equipamentos (como moinhos) no horário de pico

(entre as 17 e 21 horas). Muito tem se desenvolvido nos processos de

classificação, assim, algumas empresas tem investido em novos separadores

para a classificação do produto da moagem. O aumento de eficiência destes

equipamentos, evita altas cargas de recirculação neste circuito, o que reduz

os custos de operação da moagem.

4. Quais as principais medidas para diminuir os impactos ambientais da

produção? Qual tecnologia foi empregada para atingir essa meta? Como um

engenheiro químico e de produção atua especificamente nesta área?

Controle de emissão de CO2, dioxinas, furanoso e poeira. O teor de pó e

CO2 emitidos são monitorados.  O processo de co-processamento de

resíduos em fornos de cimento reduz a quantidade de CO2 emitida pela

planta. Além disso, para reduzir a emissão de pó na atmosfera, as indústrias

usam eletro filtros em suas chaminés. O engenheiro de processo inclui em

seu cronograma de inspeções o monitoramento dos gases da chaminé, além

de atuar na implementação do co-processamento de resíduos.

5. Geralmente as empresas possuem programas sociais. Em que um

engenheiro pode ajudar nessa área?

O engenheiro muitas vezes entra como um agente que esclarece dúvidas da

sociedade quando há algum processo de licenciamento ambiental para uma

nova atividade na planta. 

6. Qual o custo beneficio da implantação de uma fabrica de cimento? Um

engenheiro químico e de produção participa deste processo? Como?

Sim. Quando há alguma modificação ou construção de uma nova unidade, o

engenheiro químico é responsável pelo projeto da rota de processo daquela

unidade e também pela estimativa dos custos de capital (custo da unidade em

si, equipamentos e etc.) e operacional desta. O engenheiro de produção pode

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auxiliar nos custos dos passivos e também na análise de mercado e

financeira da unidade.