Produção e negócios

8
NEGÓCIOS PRODUCÃO & ANO 1 - NÚMERO 11 RIO BRANCO, DOMINGO, 25.03.2012 peixe O rio está pra Investimentos na piscicultura acreana prometem elevar produção para 40 mil toneladas ao ano até 2014 Páginas 4 e 5

description

Producao e negocios

Transcript of Produção e negócios

NEGÓCIOSPRODUCÃO

&

ANO 1 - NÚMERO 11RIO BRANCO, DOMINGO, 25.03.2012

peixeO rio está pra

Investimentos na piscicultura acreana

prometem elevar produção para

40 mil toneladas ao ano até 2014

Páginas 4 e 5

Rio Branco – AC, DOMINGO, 25.03.20122NEGÓCIOS

PRODUCÃO&

Uma publicação de responsabilidade de Rede de Comunicação da Floresta LTDAC.N.P.J. 06.226.994/0001-45, I.M. 1215590, I.E. 01.016.188/001-87

NEGÓCIOSPRODUCÃO

&

Textos, fotografias e demais criações intelectuais publicadas neste exemplar, não podem ser utilizados, reprodu-zidos, apropriados ou estocados em sistema de bancos de dados ou processo similar, em qualquer processo ou meio (mecânico, eletrônico, microfilmagem, fotocópia, gravações e outros), sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais.Não devolvemos originais, publicados ou não. IMPORTANTE - Matérias, colunas e artigos assinados, são de responsabilidade de seus autores e não traduzem necessariamente a opinião do jornal

Negócios coletivos“Um por todos e todos por um” é muito mais que o lema dos Quatro Mosqueteiros:

é um modo de viver e produzir em negócios coletivos para melhorar a renda familiar

Organizadas em assoc iações ou coopera-tivas, essas

pessoas tocam negócios que geram ocupação e renda be-neficiando cadeias produtivas inteiras como é o caso das 22 mulheres da Cooperativa Co-opervida que beneficiam o leite e as frutas que compram dos produtores rurais de Ca-pixaba para transformá-los em doces que são vendidos para a merenda escolar ou nas feiras e estabelecimentos da-quele município e na Capital.

Maria Soares de Oliveira presidente da Cooperativa das Mulheres Produtoras de Capixaba, a Coopervida, en-cara de boa vontade o serviço de descarregar e guardar os cachos de banana entregues

pelo produtor Sebastião Mar-tins Pereira morador da co-locação Curica localizada no Projeto de Assentamento São Luiz do Remanso. Ela escla-rece que: “Aqui na coopera-tiva nós estamos produzindo quatro tachos de doce pela manhã e mais quatro tachos à tarde, para isso usamos uma média de 50 litros de leite que o seu Jorge fornece pra nós. Fabricamos doces de mamão, goiaba, cupuaçu, caju, abaca-xi e outras frutas fornecidas principalmente pelos produ-tores assentados nos proje-tos Alcoobras e São Luiz do Remanso, com isso eles ficam satisfeitos e nós também pa-gamos nossas contas e me-lhoramos a vida das nossas famílias!”

Além das bananas, Sebas-

tião Martins também produz milho, arroz, feijão, mandioca para o consumo e vende o ex-cedente. “Estou entregando uma base de 80 cachos de ba-nan todo mês aqui na coope-rativa, mas o Loro e o Ferrei-ra que também produzem lá no ramal da Limeira também entregam sua produção aqui pra elas fazerem doce. A van-tagem é da gente saber onde colocar nossa produção, ou-tra vantagem é a de que elas pagam direitinho, então todo mundo fica mais satisfeito. Eu mesmo dou preferência por entregar tudo aqui pra coope-rativa!”

Doce vida

Agarrada a uma pá de ma-deira com que mexe sua ta-

chada de doce de mamão, Ma-ria Cláudia Juvêncio da Silva ajudada por Miriam Cordovês e Vislane da Silva Nascimen-to rodeiam o fogão industrial trabalhando coletivamente.

Vislane explicou que :”An-tes de vir participar da coo-perativa eu só estudava, nem sabia fazer doces, vim quan-do minha mãe me convidou pra ajudar e foi a melhor coi-sa que poderia ter feito, até porque em Capixaba não tem emprego mesmo, então a gen-te precisa se virar e aqui, além de ganhar dinheiro, tenho tempo pra estudar e investir mais no meu futuro!”

Já Mirian, a mãe de Vislane explicou que: “Há dois anos recebi o convite das amigas que estavam produzindo aqui na Coopervida, aceitei, com

elas aprendi a fazer estes do-ces, mas estou interessada em aprender muito mais. Algu-mas das nossas sócias recebe-ram treinamentos oferecidos pelo Sebrae e pela Seaprof, mas nós estamos pedindo a realização de mais cursos pra gente desenvolver novos pro-dutos. Hoje estamos fazendo doces de frutas regionais, co-cadas, bombons recheados, ovos de chocolate, mas dá pra fazer mais. Muito mais!” As encomendas podem ser feitas pelos telefones 3234-1140 e 8428-3627.

Terra Mãe: Escola de empreendedores

Quando Alana Oliveira decidiu abandonar o empre-go de operadora de caixa de

Associações e cooperativas dão oportunidade de emprego a muita gente e geram renda

Rio Branco – AC, DOMINGO, 25.03.2012 3NEGÓCIOSPRODUCÃO

&

supermercado para aprender marcenaria ela tinha como objetivo pessoal a busca de uma profissão que lhe garan-tisse dinheiro e auto suficiên-cia pessoal para concluir seu curso técnico em administra-ção. O caminho para isso foi associar-se à cooperativa Xa-puri Terra Mãe que funciona no polo moveleiro daquela cidade.

“Quando uma amiga sou-be que eu estava insatisfeita no emprego e me convidou para participar da Coope-rativa Terra Mâe, aquilo me pareceu uma boa alternativa para conquistar minha inde-pendência pessoal de horário e patrão. A ideia ganhou for-ça, já aprendi muita coisa e sei que preciso aprender muito mais para ser uma profissio-nal respeitada no mercado e ganhar dinheiro porque este é o meu objetivo!” Declara Alana.

Antes de ir para a coope-rativa, Edvaldo Santana, 17 anos que cursa o primeiro ano do ensino médio traba-lhava numa horta. “Gosto de cuidar das plantas, mas queria aprender marcenaria e quan-do soube que agora em abril vai ter um curso aqui eu me inscrevi na hora. Meu objeti-vo é aprender e ter uma pro-fissão na qual eu possa estar empregado ou montar meu próprio negócio, mas por en-quanto, creio que é melhor estar dentro da cooperativa porque juntos somos fortes!”

Ana Cléia Ferreira de Lima presidente da coopera-tiva Xapuri Terra Mãe escla-rece que embora a marcena-ria já funcione como escola há alguns anos, a cooperativa só foi formalizada em 2010 quando ali se formaram 29 novos marceneiros remanes-centes de duas turmas inicia-das com 24 aprendizes em

cada uma. “Nós oferecemos treinamento e a oportunida-de das pessoas iniciarem seu próprio negócio de forma individual ou coletiva, mas, lamentavelmente, as pesso-as são muito imediatistas, querem ganhar dinheiro na mesma hora, assim quando concluíram o curso e a bolsa deixou de ser paga sobraram apenas quatro rapazes e uma garota produzindo móveis, esquadrias e pequenos obje-tos aqui na marcenaria!”

Com o aviso de que um novo curso será ministrado a partir de abril, a entidade começa a receber novas ade-sões. “Vários marceneiros que treinamos aqui estão tra-balhando nas marcenarias de Xapuri e Rio Branco, isso é

bom porque estamos prepa-rando mão de obra qualifica-da, o que nos ajuda mesmo são as encomendas de móveis ou os pedidos de reforma que nos chegam, principal-mente das escolas estaduais e municipais”.

Mão de Mulher

Uma freira, uma professo-ra aposentada e várias donas de casa ou profissionais de áreas diversas decidiram criar um negócio coletivo liderado e dirigido apenas por mulhe-res de Xapuri, assim nasceu a Cooperativa Mão de Mulher onde produzem e comerciali-zam desde objetos de artesa-nato em tecido, em palha de buriti e de milho, aos doces

e biscoitos com que ganham dinheiro para melhorar sua renda familiar.

“Nossa cooperativa sur-giu estimulada pela antiga Secretaria da Mulher, mas já trabalhávamos juntas há mui-to tempo. Apesar de todas as dificuldades que cercam um trabalho coletivo como o nosso, todas são beneficiadas, 13 das 22 sócias se dedicam ao artesanato em tecido e em couro vegetal, as demais usam fibra de buriti, palha de milho, papel reciclado e sementes. Agora estamos querendo nos dedicar mais à customização de roupas e à produção de doces, biscoitos e bebidas que vem alcançan-do uma aceitação cada vez maior”.

Rio Branco – AC, DOMINGO, 25.03.20124NEGÓCIOS

PRODUCÃO&

Feira do peixe em quatro municípiosOferta de peixe a preços populares: é o que prometem produtores na Ceasa e no Panorama, além da Vila do V, em Porto Acre, Sena Madureira, Bujari e possivelmente Plácido de Castro

Juracy Xangai

Foi-se o tempo em que ainda era possível fisgar surubins com

mais de cinco quilos bem embaixo da ponte metálica. Apesar do defeso, que pro-íbe a pesca em períodos de reprodução dos peixes, as pi-racemas rarearam e quem se aventura às margens do Rio Acre, em Rio Branco, tem de se contentar com piranambus de má fama popular, ou pas-sar no mercado para garantir a fritada ou o caldo de pesca-dos vindos sabe-se lá de onde e em que condições de con-servação.

Diante dessa situação pre-ocupante é que desde 2005 técnicos do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empre-sas, o Sebrae no Acre, vem realizando pesquisas e trei-namentos para produtores familiares e investidores dos agronegócios, a fim de esti-mular a criação comercial de peixes regionais como o tam-baqui, pirapitinga, curimatã, pacu, piau, piau-açu, pinta-do e do maior peixe de água doce do mundo, o pirarucu, também conhecido como ba-calhau da Amazônia.

E o resultado desse tra-balho realizado pelo Sebrae veio evoluindo aos poucos, e já pode ser sentido na rea-lização de feiras mensais do peixe na Ceasa de Rio Branco e durante a Semana Santa na Colônia Panorama, em Rio Branco, no município do Bu-jari, e agora pela primeira vez em Porto Acre e Sena Ma-dureira, tendo ainda notícias não confirmadas para acon-tecer também, pela primeira vez, em Plácido Castro.

Também é importante a contribuição da cooperativa dos piscicultores de Mâncio Lima, treinados pelos técni-cos do Sebrae e que contri-buem decisivamente no abas-tecimento de peixe para os mercados de Cruzeiro do Sul e municípios vizinhos como Rodrigues Alves e Guajará no Amazonas.

Também há que se com-preender que, apesar de to-dos os esforços para estimu-lar a criação, seus resultados dependem de tempo e inves-timentos. A piscicultura acre-

ana já evoluiu muito, mas, na verdade, mais da metade das quatro mil toneladas ou quatro milhões de quilos de peixe vendidos por ano no Acre ainda vem da pesca pre-datória que prejudica os rios e se torna cada vez mais rara

e, em consequência disso, sua carne mais cara, especialmen-te em ocasiões como a Sema-na Santa.

Piscicultura ganha impulso

Os bons resultados al-

cançados pelos produtores treinados pelo Sebrae, como também o fator ambiental, que consiste em multiplicar o ganho financeiro das fa-mílias sem ter de promover novos desmatamentos, levou o governo do Estado a pro-

mover seu projeto de desen-volvimento da Piscicultura através de parcerias nas quais o setor público divide as des-pesas com o capital privado e comunitário (associações e cooperativas).

A instalação de piscicul-turas será apoiada por uma infraestrutura que compreen-de uma estação de produção de alevinos em Rio Branco e outra em Cruzeiro do Sul, ambas apoiadas por uma uni-dade frigorífica para benefi-ciar a carne do pescado, além de uma fábrica de ração para peixes em Rio Branco. Em 2011 o governo do Estado construiu mais 1.300 novos açudes em todo o estado e flexibilizou as regras para es-timular essa construção nas pequenas propriedades. A previsão é de que o comple-xo da piscicultura entre em funcionamento entre julho e agosto deste ano e que até 2014, a produção de pescado do Acre suba de quatro mil para 40 mil toneladas de pei-xe por ano.

Preparativo das feiras

Mais que oferecer carne de pescado em quantidade e com qualidade para a popula-ção, as feiras que estão sendo organizadas em ações de par-ceria entre as prefeituras des-ses municípios, governo do estado, Sebrae, Senar e Minis-tério da Pesca tornam esses eventos ocasião para promo-ver os pequenos negócios fa-miliares que vão da venda do peixe ao artesanato, comidas regionais, frutas, verduras e produtos da indústria domés-tica como doces, biscoitos, mel de cana, rapadura, mel de abelha, amendoim e peque-nos objetos.

As estimativas são de que, durante a feira do peixe na Ceasa, haja o faturamento de pelo menos R$ 1 milhão. Isso será produto da venda de 100 mil quilos de peixes gerando um faturamento de pelo menos R$ 650 mil só do pescado, mais R$ 130 mil em vendas da produção familiar, mais R$ 250 mil na praça de alimentação. A inscrição para os produtores interessados custa R$ 30, e para os da pra-ça de alimentação, R$ 80.

Calendário das Feiras do PeixePreços vão variar, conforme o tamanho e a espécie, de R$ 6 a R$ 10

Município Período LocalRio Branco 02 a 06/04 Ceasa

02 a 06/04 Colônia PanoramaBujari 02 a 06/04 Junto ao mercado municipal

na rua principalPorto Acre 03 a 06/04 No mercado ao lado da

rodoviáriaSena Madureira 03 a 06/04 No mercado municipal

Plácido de Castro em definição Junto ao mercado municipal

Piscicultores do Panorama conseguiram aumentar produção

Rio Branco – AC, DOMINGO, 25.03.2012 5NEGÓCIOSPRODUCÃO

&

Um passo de cada vez

Feira do peixe em quatro municípiosRina Costa, a gestora dos

projetos de desenvolvimen-to da piscicultura pelo Se-brae no Acre, recorda que os projetos da instituição têm duração média de três anos, sempre demarcados por um início, meio e fim para cada finalidade. Assim, em 2005 foram iniciados os estudos da piscicultura pelo projeto estruturante Pirarucu da Amazônia. Em seguida as pesquisas com testes em parceria com pro-dutores locais a fim de de-senvolver uma metodologia de trabalho que, além de au-mentar a produção comer-cial do pescado, garantisse maior produtividade por área. Os trabalhos aconte-cem sempre em parceria com os governos federal, do estado, prefeituras e Federa-ção da Agricultura através do Senar.

Quanto maior a produ-tividade, maior é a faixa de renda que viabiliza a cria-ção, mas isso também deve levar em conta os fatores ambientais para que se pro-duza um peixe com carne de qualidade. Assim, por exemplo, nos idos de 2005, quando não havia orienta-ção técnica adequada aos que tentavam criar peixes no Acre, a produção média era de mil a dois mil quilos de tambaqui por hectare de água e, após seis anos de treinamentos, quem execu-ta a metodologia desenvol-vida pela equipe técnica do Sebrae está conseguindo uma produção média de oito e até dez mil quilos de

peixe por hectare em cada ci-clo de criação.

Quando os 20 membros da Associação dos Produ-tores da Colônia Panorama começaram a ser treinados entre 2008 e 2009, a soma de sua produção mal ultrapassa-va os dez mil quilos por ano. Hoje a associação tem 26 só-cios e sua produção ultrapas-sa os cem mil quilos. Isto sem contar outros 25 produtores do ramal da Juracy e Quixadá atendidos na ação de Difusão Tecnológica do Sebrae para ampliar a piscicultura na ca-pital.

Ainda em Rio Branco, em parceria com a prefeitura, fo-ram atendidos 40 micro pro-dutores rurais com o objetivo de melhorar sua renda fami-liar, os quais, juntos, antes do treinamento, produziam uma média de quatro mil quilos de peixe por ano e hoje produ-zem mais de 55 mil quilos.

Paralelamente, ainda em 2008, técnicos do Sebrae realizaram treinamentos e capacitações com 50 pisci-cultores do Bujari e outros 50 de Mâncio Lima, no Vale do Juruá. Juntos, aqueles 50 produtores do Bujari produ-ziam em 2008 apenas 120 mil quilos de peixe em 2007, sal-taram para 450 mil quilos em 2009 e para 650 mil em 2010. A previsão é de que neste ano produzam um milhão de qui-los.

“Nossa missão no Sebrae é apoiar os empreendedores rurais e torná-los auto-sufi-cientes para que toquem suas atividades por conta própria. Assim, nestes seis anos em

que realizamos pesquisas e treinamentos no Bujari, nós tornamos os produtores em técnicos em piscicultura, com conhecimentos que vão da construção dos açudes, ma-nejo da água, alimentação e manejos dos animais em cada fase da vida. Alguns deles já atuam como consultores nos-sos, atendendo os produtores que estão iniciando agora, como é o caso de Sena Ma-dureira”, esclarece Rina Cos-ta, lembrando que o projeto de desenvolvimento dos pis-cicultores do Bujari foi encer-rado em 2010. Desde então o Sebrae continua apoiando pontualmente suas ações e em julho deste ano inicia com eles um projeto de marketing e mercado, o que se traduz na definição da marca, rastrea-bilidade de seus produtos e elaboração de estratégias para conquista de novos espaços no mercado.

Pirarucu do Acre

Aquele projeto estruturan-te Pirarucu da Amazônia evo-luiu particularmente para o Pirarucu do Acre, através do qual o Sebrae vem atendendo a 20 investidores rurais, dos quais, apesar do interesse, só dois conseguiam produzir

efetivamente. Hoje 14 estão com seus tanques povoados e deverão colher entre 12 e 15 mil quilos neste primeiro ano de atividades. “Todos estariam com seus tanques cheios de pirarucus se não estivessem faltando alevinos para isso. Por enquanto te-mos apenas três produtores de alevinos de pirarucu e nes-te ano a produção será bem melhor, podem aguardar”.

Parcerias são fundamentais

Com tanto tempo dedi-cado ao desenvolvimento da piscicultura no Acre, Rina Costa lembra que as parce-rias entre o Sebrae, governos federal, estadual e dos mu-nicípios são fundamentais para o bom desempenho que vem sendo alcançado pelos produtores rurais que vão trocando ou combinando a pecuária com a piscicultura para tornar suas propriedades mais lucrativas.

“Seja em Rio Branco, Bu-jari ou Mâncio Lima, como em Plácido de Castro e Porto Acre, onde iniciamos o proje-to no ano passado, os 46 pro-dutores recebem treinamen-tos mensais e uma assistência técnica constante dos técnicos

contratados pelo próprio Se-brae para garantir orientação e sucesso nas suas atividades. Graças a isso, hoje temos um Dia do Peixe no último sába-do de cada mês na Ceasa, três feiras por ano no Bujari, uma feira na Colônia Panorama, onde também funcionam os pesque e pague. Agora esta-mos realizando as primeiras em Sena Madureira, Porto Acre e, possivelmente, em Plácido de Castro”, destaca Rina.

Atuando em parceria com o governo do Estado, a equipe de consultores do Sebrae, composta por três das principais estudiosos da piscicultura do Brasil, os especialistas Eduardo Ono, Fernando Kubitza e João Lorena Campos acabam de concluir o treinamento de 56 técnicos da Seaprof, Seap e outras instituições ligadas à produção rural. Os técni-cos que atuam no projeto de fortalecimento e estímulo à piscicultura pelo governo do Estado foram capacita-dos para orientar os produ-tores rurais para a escolha do local para a construção dos açudes, a construção propriamente dita, o mane-jo da água, uso da ração e manejo dos animais.

Produtores familiares recebem treinamento de técnicos do Sebrae

Feira do Peixe do Bujari movimenta economia local

Rio Branco – AC, DOMINGO, 25.03.20126NEGÓCIOS

PRODUCÃO&

Juracy Xangai

Os estragos causados pela alagação em Brasileia e

Rio Branco levaram à decre-tação do estado de calamida-de pública reconhecido pelo Comitê Nacional de Defesa Civil, e graças a isso os dois municípios acreanos e mais quatro do Nordeste são os únicos do país que estão sen-do beneficiados pelo Per Bra-sil, uma linha especial de cré-ditos bancado com dinheiro do BNDES que concede em-préstimos em condições de “pai para filho”.

O BNDES disponibilizou R$ 800 milhões para os aten-dimentos do Per Brasil em todo o país e têm o Banco do Brasil atuando como seu representante financeiro. Por isso a superintendência do BB no Acre vem trabalhando em parceria com o Sindica-to das empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado do Acre, o Sescap, e com o Conselho Regional de Contabilidade, o CRC, pre-parando contadores com in-formações necessárias para agilizar a liberação desse di-nheiro, apoiados pela Asso-ciação Comercial e Industrial do Acre, a Acisa.

“A ideia é conseguirmos liberar pelo menos R$ 100 milhões para que empresá-rios acreanos façam a recu-peração de seus negócios e deem novo impulso aos seus negócios. Esse volume de di-nheiro circulando no Estado será muito bom para recu-perar nossa economia, que já começa a dar mostras dos efeitos negativos da alagação, principalmente em setores como o comércio e a indús-tria”, esclarece o gerente de negócios da Superintendên-cia do Banco do Brasil no Acre, José Wilson Wanderley.

Os empréstimos estão fo-cados na concessão para ca-pital de giro e investimentos, cobrando juros de 5,5% ao ano, carência de três a 24 me-ses e até dez anos para quitar a dívida. Outra vantagem é que o tomador de emprésti-mo poderá fazer isto acessan-do apoio do Fundo Garan-tidor de Operações, o FGO, que pode cobrir até 80% do valor da garantia solicitada, restando ao tomador conse-

Quem quer dinheiro?!BNDES tem mais de R$ 100 milhões para ajudar empresas de Rio Branco

e Brasileia a recuperarem seus negócios atingidos pela alagação

guir um avalista ou apresen-tar bens que correspondam a pelo menos 20% do valor, a fim de dar como garantia pelo empréstimo. Quem uti-lizar o benefício do FGO terá de pagar uma taxa variável de aproximadamente 6% sobre o valor total do empréstimo no ato de sua liberação.

É correr ou largar!

A liberação dos emprésti-mos vai até o dia 30 de junho, mas quem estiver interessa-do em “botar a mão nesse dinheiro” precisa entregar as propostas de empréstimos com toda sua documentação perfeita, no banco do Brasil, até o dia 18 de maio. “O pra-zo é curto, por isso creio que poucos vão conseguir apre-sentar projetos de ampliação e investimentos num período de apenas 45 dias, então a maioria dos empresários deve focar seus pedidos de finan-ciamento para capital de giro, que é mais rápido e de docu-mentação menos complexa para garantir atendimento”,

explica o presidente da Acisa, Jurilande Aragão.

“Esse dinheiro vem em muito boa hora, pois tradi-cionalmente janeiro, feverei-ro e março são os meses de menores vendas no comércio e na indústria porque as pes-soas esgotam suas economias nas festas de fim de ano e Carnaval. Só a partir de agora o mercado começa a retomar força, então esse empréstimo vai reaquecer o mercado do comércio, produtos e servi-ços de Rio Branco e Brasiléia ajudando os empresários lo-cais a recuperarem parte dos prejuízos causados pela ala-gação”, diz Jurilande.

José Wilson, do Banco do Brasil, adverte: “Nós nego-ciamos com o BNDES uma série de facilidades, como a concessão do empréstimo mediante balanço financei-ro e patrimonial da empresa, mais certidões negativas, para facilitar o acesso ao dinheiro. Também preparamos a equi-pe para que documentos que antes levavam mais de um mês para ser aprovados, te-

nham sua análise e aprovação feita em cerca de 48 horas, no entanto, essa aprovação depende da regularidade da documentação e das contri-buições fiscais da empresa. Também não será liberado empréstimo para obras e in-vestimentos em áreas embar-gadas ou de risco”, assegura.

Wilson esclareceu que quem já tem seu projeto de financiamento para investi-mento e capital de giro em análise tramitando noutras linhas de crédito do Banco do Brasil pode migrar para a linha do Per Brasil e gozar das novas facilidades. Esse benefício atende tanto as empresas localizadas em Rio Branco e Brasileia, como as que tenham filiais em ou-tras localidades, desde que pertençam ao mesmo grupo empresarial.

Orientação é fundamental

Para garantir acesso dos empresários acreanos ao empréstimo do Per Brasil, o

Sescap e a Acisa organizaram três reuniões que acontece-ram ao longo desta semana. Uma primeira na Acisa, a segunda na sede do Sescap e uma terceira na tarde de quinta-feira, no auditório da Secretaria Estadual da Fazen-da. Diante de toda essa mo-vimentação, Maurício Prado, o presidente do Sescap no Acre, esclarece: “Estamos analisando e discutindo os principais itens que facilitam a liberação do empréstimo na linha Per Brasil para os inves-tidores acreanos. Desta for-ma nós contadores estamos trabalhando em parceria com o Banco do Brasil para que quando os empresários che-garem ao banco estejam com toda a documentação perfeita à mão. Isso facilitará o traba-lho dos analistas do banco e vai agilizar a liberação da maior quantidade possível de dinheiro para capital de giro, implantação, recuperação e ampliação de seus negócios”.

Maiores informações com os contadores filiados ao Ses-cap.

Jurilande Aragão, da Acisa, e José Wilson, do Banco do Brasil: recursos que vêm em boa hora

Rio Branco – AC, DOMINGO, 25.03.2012 7NEGÓCIOSPRODUCÃO

&

Quem acha que cooperativa é perda de tem-po demonstra

total ignorância sobre o as-sunto. Isso porque deve des-conhecer o fato de elas terem movimentado quase R$ 100 bilhões em todo o Brasil no ano passado.

Mas nem todas vivem essa realidade milionária e a maio-ria delas começa pela tomada de consciência de que a união entre as pessoas garante força para conquistar espaços no mercado de trabalho, comér-cio e indústria.

É o caso da Cooperativa de Prestadores de Serviços em Geral e Estivadores do Estado do Acre, a Servicop, liderada por Aluízio Márcio da Silva, que conta com 126 cooperados, dos quais 45 atu-am em caráter permanente, enquanto outros vêm e vão conforme sua disponibilida-de e necessidades pessoais.

“Nossa cooperativa gera oportunidade de trabalho para que as pessoas possam ganhar dinheiro e sustentar

Cooperando com a sociedadeA organização de trabalhadores independentes gera oportunidades de emprego e melhoria da qualidade de vida

suas famílias com dignida-de. Os sócios são donos do negócio, então ganham pelo que fazem. Temos faxinei-ras, cozinheiras, estivadores, roçadores, uma infinidade de pessoas dispostas a trabalhar. Nós as encaminhamos para as empresas ou donas de casa que solicitam seu serviço e muitos acabaram sendo con-tratados, ou seja, ganharam a oportunidade de um empre-go permanente. É cooperan-do que ajudamos as pessoas”, diz Aluízio.

Localizada na Rua da Co-mara, em frente ao Caldeirão das Tintas, no Taquari, a Ser-vicop foi criada em 23 de ou-tubro de 1999 e desde então passou por três alterações no estatuto que define funções, obrigações e direitos dos só-cios.

“Começamos como coo-perativa que atendia exclusi-vamente os estivadores, daí abrimos para a participação das mulheres que realizam serviços domésticos e de lim-peza, agora também partici-pam os roçadores e outros

Serviço

Quem precisar de empregadas domésticas, faxineiras, roçadores, carregadores e outros serviços básicos em casa ou em empresas, pode contatar a cooperativa pelos telefones 3224-5455, ou com Aloísio no 9973-0003.

serviços. Nosso maior pro-blema é a falta de qualificação profissional agravada pela falta de escolaridade de mui-tos dos nossos sócios. O trei-namento é muito necessário para que eles sejam colocados no serviço e possam se adap-tar melhor nos ambientes de trabalho. Pode parecer estra-nho, mas a gente fica muito feliz quando um deles conse-gue um emprego fixo, pois a gente perde um sócio, mas é um desempregado a menos no Acre”, diz ele.

Minha vida melhorou!

A doméstica Maria José Vieira, a “Zethe”, mãe de três filhos, lembra que estava de-sempregada quando decidiu filiar-se à Servicop. “Eu queria uma oportunidade de empre-go, mas sozinha não estava conseguindo encontrar. O em-prego apareceu assim que me filei à Servicop. Vim trabalhar fazendo faxina na Organização das Cooperativas Brasileiras, a OCB e Sescoop, onde estou

há quatro anos. Valeu a pena, tanto que assim que eu me senti estabilizada e em condi-ções de cuidar bem dos meus filhos, pedi para ser descadas-

trada do Bolsa Família porque já não precisava mais de ajuda para me sustentar. Isto porque a cooperativa melhorou minha vida”, diz ela.

Aluízio Márcio, presidente da Servicop

Rio Branco – AC, DOMINGO, 25.03.20128NEGÓCIOS

PRODUCÃO&

E x p E d i E n t E :Textos publicados nesta página são de responsabilidade da Assessoria de Comunicação do Sebrae no Acre Jornalista Responsável: Lula Melo MTB 015/90 - e-mail: [email protected]. Colaboradores: Juracy Xangai, Vanessa França e Evandro Souza. Sugestões, comentários e-mail para [email protected]. Central de atendimento: 0800-5700800

Quem tem conhecimentovai pra frente!

Fortalecendo a cultura da cooperaçãoSebrae investe no apoio às cooperativas focando na melhoria da gestão

para que cooperados melhorem seus resultados financeiros

Juracy Xangai

Ao unir sua força de trabalho para pro-duzir alimentos, ar-

tesanatos, doces ou prestar ser-viços, mulheres e homens vem formando cooperativas urbanas e rurais que cumprem sua fun-ção social de melhorar as con-dições de vida das famílias e dar sustentabilidade a alguns setores econômicos, mas a finalidade de todas elas é ganhar dinheiro.

E é para melhorar esses re-sultados sociais e financeiros que o Sebrae desenvolveu a partir de 2005 a metodologia da Cultura da Cooperação, o Cultcoop, o qual está sendo im-plementado em todas as suas unidades em todo o país. No Acre, cooperativas estão sen-do visitadas pelos técnicos do Sebrae que estão levantando suas principais dificuldades, ao mesmo tempo em que oferecem treinamentos e capacitações nas áreas da gestão de negócios e pessoas em atividades coletivas, desenvolvimento de produtos e

outros serviços, atuando sempre em parceria com outras institui-ções do sistema “S”.

Cooperativas de Rio Branco, Capixaba e Xapuri foram visita-das nesta semana pela gestora do Cultcoop do Sebrae no Acre, Maria Vieira, a qual esclarece que: “A cultura cooperativa está baseada na crença em valores humanísticos que tem como objetivo promover melhores condições de vida para todos os cooperados que atuem produti-vamente para alcançar melhores resultados econômicos nas ati-vidades que desenvolvem. Sua produção pode ser individual ou coletiva, mas geralmente, a co-mercialização é feita em grupo para que assim conquistem mais espaço e tenham maior poder de negociação com o mercado.

“Na prática, as cooperativas são empresas coletivas, ou seja, um negócio com muitos donos, onde a renda vai depender do nível de participação e compro-metimento de cada um com o sucesso do negócio. Então não basta ser sócio, é preciso produ-

zir e participar dele ativamen-te!”, disse Maria Vieira.

Ela explicou que a partir da aceitação dos dirigentes coope-rativos, um consultor do Sebrae no Acre, passa a acompanhar a entidade, conhecendo assim seus pontos fortes e fracos, bem como os que estão dificultando o sucesso da entidade. “A consul-toria tem uma duração máxima de quatro meses e, nesse período são repassados vários treinamen-tos e capacitações para os sócios e dirigentes, após cada um deles, o consultor deixa tarefas a serem praticadas pelos cooperados, en-tão realizam planejamentos es-tratégicos específicos para cada objetivo desenvolvidos pela or-ganização cooperativa, inclusive, na criação de produtos, melhoria da produção e acesso a mercado através de feiras e outros even-tos”.

Dentre as visitadas por Maria Vieira e sua equipe, em Xapuri, está a Cooperativa Mão de Mu-lher que reúne 22 sócias, 13 das quais se dedicam à fabricação de artesanato em tecidos, couro vegetal, sementes, pinturas em tecidos e fibras de buriti, en-quanto outras produzem doces, biscoitos, bombons e licores.

“Aqui cada uma das coopera-das se dedica às atividades com que tem maior afinidade e de acordo com sua disponibilidade de tempo ou de matéria prima como no caso dos doces e lico-res que dependem da safra de cada variedade. Para trabalhar o ano inteiro, nosso forte está no artesanato em tecidos, en-tão produzimos fuxico com os quais são fabricadas bolsas, ta-petes, caminhos de mesa e tudo o mais que permitir a imagina-ção. Aplicando outras técnicas, ou a combinação delas, fabrica-mos luminárias, abajures, pesos pra porta, brinquedos, bonecas.

Também há quem trabalhe bor-dados em ponto cruz, objetos em palha de milho, reciclagem de papel e outros materiais”, explica a irmã Ignez Gambin presidente e fundadora da coo-perativa Mão de Mulher.

Ela informou que dentre as maiores dificuldades estão o controle financeiro e de conta-bilidade da cooperativa. “Sabe-mos que qualidade é fundamen-tal e que o produto artesanal tem um custo diferenciado do industrial, mas consideramos muito grave a nossa dificuldade em conseguir definir o preço de venda dos nossos produtos, pois isso faz a diferença entre con-quistar ou espantar um clien-te!” Afirmou irmã Ignez antes de concordar em participar do Cultcoop: “Acredito que o Se-brae, com toda sua experiência em negócios, vai nos ajudar a solucionar estes problemas que até agora tem dificultado nossa vida!”

Também em Xapuri, foi vi-sitada a Cooperativa Xapuri Terra Mãe, a qual funciona no Polo Moveleiro daquela cidade, produzindo móveis e objetos de madeira. Sua presidente Ana Léia Ferreira explicou que a en-

tidade tem 20 sócios, dos quais seis estão trabalhando em sua oficina onde produzem e refor-mam móveis, principalmente, para as secretarias estadual e municipal da educação. “Temos todos os equipamentos de uma cooperativa moderna e funcio-namos como uma escola prepa-rando mão de obra. Aqui já for-mamos 29 marceneiros e outros 20 começam a ser treinados no mês que vem. O maior proble-ma que temos é o imediatismo das pessoas que não compreen-dem bem a cultura cooperativa e querem ganhar muito dinheiro logo que entram no serviço, por isso os treinamentos do Sebrae para reforçar essa cultura da co-operação serão muito bem vin-dos!”

Nesta semana a equipe do Cultcoop Sebrae estará visitan-do as mulheres que produzem doces de frutas regionais na Co-operativa das Mulheres de Ca-pixaba, a Coopervida, as quais formam uma cadeia produtiva ao beneficiar os frutos colhidos pelos produtores rurais, trans-formando-os em doces que vendem para a merenda escolar e colocam no mercado daquela cidade e em Rio Branco.Irmã Ignez Gambin, presidente e fundadora da cooperativa Mão de Mulher

Cooperadas da cooperativa Mão de Mulher, de Xapuri