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ensado para emitir tanto nas plataformas de cabo e IPTV nacionais, assim como atra- vés da web e para gerar conteúdos para canais de circuito fechado/corporate TV, o Económico TV é um canal temático de eco- nomia, criado com recurso a uma infra-estrutura técnica avançada, tendo sido pensado de raiz já em alta definição e que assenta num sistema iné- dito, completamente baseado em Mac OS com hardware da Apple. Tanto a infra-estrutura técnica como as insta- lações, localizadas em Alcântara, são partilhadas pelas redacções do canal Económico TV e dos jornais Diário Económico e Weekend Económico que utilizam um open space, promovendo desse modo sinergias ao nível do conhecimento dos equipamentos e das fontes de informação dispo- nibilizadas pelo grupo Ongoing. A empresa mãe demonstra assim desenvolver os seus órgãos de informação como fontes cria- das para distribuição em multiplataforma e com uma visão estratégica avançada. História do projecto e da equipa de coordenação Em contacto com António Rocha Lopes, direc- tor técnico do canal, e com Miguel Madeira, en- genheiro responsável pelo projecto, a Produção Profissional visitou o canal e apurou que, tanto o projecto técnico como a escolha de equipa- mentos para o canal foram realizados num muito curto espaço de tempo, de forma a serem cum- pridos os prazos solicitados pela Ongoing, mas com uma sólida base de conhecimento na consti- tuição de novos canais. Para relatar a história de desenvolvimento do projecto, António Lopes recorda que em Abril de 2009, quando ainda se encontrava a trabalhar na GMTS (empresa responsável pela infra-estrutura técnica da SIC, grupo Impresa), foi contactado pela Mobbit Systems, empresa tecnológica do grupo Ongoing, que ficou com a incumbência de montar o canal de televisão. António Lopes refere que ao trabalhar na GMTS, a sua primeira ideia foi a de que “a GMTS ECONÓMICO TV O Canal Económico TV integra uma plataforma inovadora completamente assente em sistemas Apple Mac, já com um workflow tapeless e que trabalha de raiz em formato HD. Trata-se de um dos mais recentes investimentos do grupo Ongoing na área dos Media, que prova ser possível montar de raiz um canal com o que de mais recente existe em tecnologias Broadcast, num investimento apropriado a um canal temático de pequena dimensão mas que integra uma visão estratégica de um grupo que considera processos de trabalho avançados e aposta na internacionalização. A Produção Profissional visitou os bastidores deste novo projecto. Novo canal de economia da Ongoing em HD e tapeless João Martins, Cândida Luzia| Fotografia: Alexandre Baptista FEVEREIRO 2010 26

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ensado para emitir tanto nas plataformas de cabo e IPTV nacionais, assim como atra-vés da web e para gerar conteúdos para canais de circuito fechado/corporate TV, o Económico TV é um canal temático de eco-

nomia, criado com recurso a uma infra-estrutura técnica avançada, tendo sido pensado de raiz já em alta definição e que assenta num sistema iné-dito, completamente baseado em Mac OS com hardware da Apple.

Tanto a infra-estrutura técnica como as insta-lações, localizadas em Alcântara, são partilhadas pelas redacções do canal Económico TV e dos jornais Diário Económico e Weekend Económico que utilizam um open space, promovendo desse

modo sinergias ao nível do conhecimento dos equipamentos e das fontes de informação dispo-nibilizadas pelo grupo Ongoing.

A empresa mãe demonstra assim desenvolver os seus órgãos de informação como fontes cria-das para distribuição em multiplataforma e com uma visão estratégica avançada.

História do projecto e da equipa de coordenaçãoEm contacto com António Rocha Lopes, direc-

tor técnico do canal, e com Miguel Madeira, en-genheiro responsável pelo projecto, a Produção Profissional visitou o canal e apurou que, tanto o projecto técnico como a escolha de equipa-

mentos para o canal foram realizados num muito curto espaço de tempo, de forma a serem cum-pridos os prazos solicitados pela Ongoing, mas com uma sólida base de conhecimento na consti-tuição de novos canais.

Para relatar a história de desenvolvimento do projecto, António Lopes recorda que em Abril de 2009, quando ainda se encontrava a trabalhar na GMTS (empresa responsável pela infra-estrutura técnica da SIC, grupo Impresa), foi contactado pela Mobbit Systems, empresa tecnológica do grupo Ongoing, que ficou com a incumbência de montar o canal de televisão.

António Lopes refere que ao trabalhar na GMTS, a sua primeira ideia foi a de que “a GMTS

ECONÓMICO TV

O Canal Económico TV integra uma plataforma inovadora completamente assente em sistemas Apple Mac, já com um workflow tapeless e que trabalha de raiz em formato HD. Trata-se de um dos mais recentes investimentos do grupo Ongoing na área dos Media, que prova ser possível montar de raiz um canal com o que de mais recente existe em tecnologias Broadcast, num investimento apropriado a um canal temático de pequena dimensão mas que integra uma visão estratégica de um grupo que considera processos de trabalho avançados e aposta na internacionalização. A Produção Profissional visitou os bastidores deste novo projecto.

Novo canal de economia da Ongoing em HD e tapeless

João Martins, Cândida Luzia| Fotografia: Alexandre Baptista

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da melhor forma. “Da parte técnica teria sido possível colocar o canal no ar em Dezembro, com algumas lacunas é certo”, afirma Miguel Madeira.

“A obra, por vezes andou mais depressa que o projecto. Contámos com a colaboração de uma empresa de construção civil espectacular”, frisa Miguel Madeira. A Ongoing integra uma área de imobiliária, onde consta a empresa RockSun, que está habituada a trabalhar em parceria com outras empresas através de subcontratação, que neste caso foram a Novo Interior, como integra-

de criar um canal de televisão para acompanhar os jornais que já existiam, o Diário Económico e o Semanário Económico (na altura), actualmente Weekend Económico, numa estrutura multiplata-forma, que permitisse fazer televisão, e também produzir conteúdos para a Internet, mobile e para o canal corporativo”, conta-nos Miguel Madeira.

As opções tecnológicasDepois de uma fase de vários estudos e pros-

pecção de mercado, e tendo em conta as em-presas que conheciam no mercado nacional e internacional, António Lopes considera que uma hipótese seria a de trabalhar com empresas que fornecessem soluções chave-na-mão como, por exemplo, a VSC Design. Além disso, “verifiquei que a GMTS, em virtude da sua equipa estar envolvida em inúmeros projectos, como era o caso da criação dos novos estúdios da SIC, não tinha na altura condições para aceitar este pro-jecto. Considerámos então que se poderia criar uma estrutura independente dentro da Mobbit para avançar com o projecto”, elucida António Lopes.

Nessa fase, Miguel Madeira aceita o projecto e juntamente com Henrique Couto Martins, admi-nistrador da Ongoing Technologies foram dese-nhando o conceito do canal, passaram à escolha do edifício, plantas, escolha dos equipamentos, orçamentos, enfim tudo o que era necessário.

Num prazo apertado – de acordo com Miguel Madeira, a Pentavisão foi contactada nos últimos dias de Maio – houve uma reunião num Sábado e o projecto foi solicitado para a Segunda-feira se-guinte. Foi um projecto feito em contra-relógio. “O objectivo era que o canal estivesse no ar no dia 1 de Setembro”, o que com a construção civil associada era um prazo difícil de cumprir, mas era também um desafio e decidiram tentar cumpri-lo

Depois de um percurso comum na SIC, o projecto técnico do Económico TV foi da responsabilidade de António Lopes que recorreu à experiência de Miguel Madeira e da sua empresa Pentavisão, entretanto incorporada na Mobbit Systems, empresa de tecnologia do grupo Ongoing encarregue de gerir o projecto

tinha condições para o fazer, pois já havia coor-denado o projecto do canal Benfica no ano an-terior e podia criar uma nova parceria para fazer também o canal Económico TV”.

A nível empresarial também há algo para con-tar. De acordo com António Lopes, no início de 2009 “a Impresa recebeu uma proposta de par-ticipação no capital do grupo por parte de Nuno Vasconcellos. Além disso, o Dr. Francisco Pinto Balsemão demonstra interesse em ficar com uma percentagem do canal Económico TV, e é nessa perspectiva que eu venho para o canal”.

Recorde-se que a Ongoing detém cerca de 23% da Impresa e Nuno Vasconcellos, que lidera a empresa, manifestou interesse – no Verão de 2009 – em adquirir um grupo de Media forte em Portugal, manifestando interesse no grupo Impresa. No entanto, o Dr. Francisco Balsemão decide manter o negócio, e também decide não participar no capital do Económico TV.

Entretanto a Ongoing acabaria por comprar 29,9% da Media Capital, empresa que controla outra estação de televisão privada, a TVI.

Posteriormente, António Lopes continua a tra-balhar no projecto acabando por receber “uma proposta de contrato com a Económico New Media, empresa da holding da Ongoing que se dividiu em várias empresas como a Ongoing New Media e Ongoing Technologies ambas da área operacional (as restantes empresas do grupo cor-respondem à área financeira), contrato que viria a firmar em Janeiro de 2010”, esclarece.

Miguel Madeira entrou para o projecto através da empresa NLS/Pentavisão, por sugestão de An-tónio Lopes que conhecia bem a sua experiência, tendo sido anteriormente colegas desde a fun-dação da SIC. Na altura, Miguel Madeira estava a desenvolver projectos técnicos para o concurso do quinto canal, lançado então para a plataforma TDT nacional e que, infelizmente, acabou por não viabilizar qualquer um dos concorrentes. No en-tanto, a experiência desses projectos acabaria por se demonstrar decisiva quando Miguel Madeira e António Lopes discutiram a filosofia base do pro-jecto e encontraram múltiplas ideias comuns de como se poderia concretizar uma plataforma de televisão já completamente assente em ficheiros e em alta definição.

No decurso deste envolvimento de Miguel Madeira com o projecto, a Mobbit acabou por fazer um convite à Pentavisão para integrar a Mobbit como unidade de projectos broadcast, o que de facto veio a acontecer após a finalização do Económico TV.

Desde Agosto de 2009, Miguel Madeira in-tegra os quadros da Mobbit, tendo assumido a função de direcção e supervisão do projecto Económico TV e de todos os trabalhos de im-plementação. A engenharia de projecto foi feita pela Pentavisão, sendo a Mobbit Systems o prime contractor.

“Para fazer o projecto a equipa partiu de um valor base disponibilizado pelo cliente e da ideia

Raul Vaz, Director Executivodo Económico TV, tem no canaluma equipa de técnica compostapor cerca de 25 pessoas e uma equipa de redacção composta por 27 pessoas

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dor com os restantes empreiteiros e a Teixeira Trigo na fiscalização da obra. Num mês e meio, o edifício – que anteriormente era a sede da agên-cia de publicidade Brandia Central – foi destruído por dentro e todo reconstruído de forma a aco-modar as instalações do canal. Tudo durante o Verão de 2009.

A obra arrancou por volta de dia 10 de Junho, na zona onde pretendiam criar os estúdios foi necessário cortar a placa interior existente para conseguir vão suficiente para o pé direito dos estúdios, reforçando toda a estrutura em cima com mais metal, tendo sido ainda necessários alguns cálculos de engenharia para fazer com que a estrutura suportasse todo o peso que está suspenso no tecto dos estúdios. “Eu e o António Lopes acompanhámos sempre a obra” refere Mi-guel Madeira.

A prioridade em termos de obra foi a cons-trução do data center, que ficou pronto a 29 de Julho para procederem à instalação dos equipa-mentos. “No entanto, o pó, o cheiro a tinta e a falta de electricidade acabaram por não ajudar a rentabilizar esse timing e não permitiram a insta-lação dos equipamentos como queríamos. A che-gada de racks e equipamentos foi travada para não se estragar nada. No piso da redacção é que foi possível fazer a passagem de cabos no chão técnico”, conta-nos.

Entretanto, a passagem da equipa do jornal para as novas instalações foi também feita em

meados de Agosto, e a mudança de hardware e software do jornal começou a ser feita numa Sexta-feira à noite, no Sábado, dia em que não há publicação do jornal foram feitas as instalações e no Domingo a redacção já estava a trabalhar para fazer o jornal que sai à Segunda-feira.

Em termos de partilha de recursos entre o ca-nal e o jornal estão englobadas a informação das agências Reuters e da Lusa e o know-how dos comentadores ou analistas do jornal que vão ter uma participação activa no conteúdo do canal Económico TV.

“A componente técnica do projecto, corres-ponde a um investimento considerável em infra--estruturas e em equipamento de algumas das mais reconhecidas marcas do mundo broadcast”, refere Miguel Madeira.

Contaram também com outros parceiros. De acordo com Miguel Madeira, a Red, uma divisão da Ibertelco para a área de infra-estrutura foi a empresa encarregue da passagem dos cabos e da integração de hardware. A Paulo Padrão coube a parte de iluminação e sistemas de cromakey ins-talados nos dois estúdios. Foi feita uma parceria com a empresa Bloom, do grupo Impresa, para a criação de grafismos e cenografia virtual. Criaram uma parceria com a Go TV para fornecimento da equipa técnica inicial, responsável nomeada-mente pelas operações ENG e gráficos de emis-são, integrando o sistema Infostudio, que inclui a parte de templates de grafismo sob design da Bloom, mas executado pela Go TV.

Para a integração da infra-estrutura técnica em que assenta a emissão, foi estabelecida uma parceria com a empresa inglesa VSC Design para a auditoria, programação e integração dos servi-dores, sistemas de redacção e de todo o sistema de automação. Todo o sistema foi integrado pela VSC em coordenação com a direcção técnica do canal, tendo como peça central o software Octopus Newsroom da empresa checa com o mesmo nome, directamente a correr em plata-formas Mac OS, Apple XServe, com armazena-mento SAN associado e uma solução de arquivo digital Atempo ADA. O sistema que interliga estas soluções baseia-se no software FORK da Building4Media – uma empresa holandesa, pio-neira em integração de soluções para televisão baseadas em Mac. A solução FORK Production Suite combina a gestão de todos os processos que concretizam uma cadeia de emissão baseada em ficheiros, oferecendo processos rápidos desde a ingestão de material à continuidade de emissão com custos extremamente eficientes, devido à re-dução do número de operadores e da integração de todos os computadores existentes na rede. A solução permite nomeadamente uma grande modularidade ao nível dos postos de edição, seja directamente no sistema FORK, seja com a inte-gração de suites Final Cut Pro, sendo que no caso do Económico TV, todos os jornalistas podem editar o material directamente no seu posto de trabalho.

Entre Junho e Agosto de 2009, o grupo Ongoing instalou as operações dos seus jornais económicos e as novas instalações do Económico TV neste edifício em Alcântara, completamente transformado por dentro em tempo recorde

A redacção do Económico TV utiliza exclusivamente postos de trabalho Mac Mini, os quais estão interligados em rede com uma solução de redacção Octopus Newsroom e software de produção e emissão da Building4Media – uma infra-estrutura toda construída em sistemas Apple Mac

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SAN e arquivo digital sem estrangulamentos. De referir que a ligação em fibra é garantida directa-mente dos sistemas Apple XServe, minimizando a necessidade de distribuição de sinais em HD-SDI ou cablagem de vídeo, reduzida praticamente à área técnica e à comunicação com as régies. De resto, toda a infra-estrutura do canal está assente sobre a rede existente e trabalha-se sempre com ficheiros.

Segundo nos contaram António Lopes e Mi-guel Madeira, a ideia de recorrer às soluções da Building4Media, especializada em plataformas Apple Mac, já havia sido uma das ideias comuns, partilhada entre ambos. “Como a VSC tinha muita experiência de integração destes sistemas achámos por bem entregar-lhe essa parte do pro-jecto e, sendo ferramentas fulcrais, foi a melhor opção. A VSC já havia feito vários trabalhos em Portugal, de modo que também lhe foi pedido um projecto para o canal, tendo esta empresa apresentado como opção a mesma tecnologia, que foi escolhida por nós exactamente com as mesmas marcas”, refere António Lopes.

A VSC também tinha feito a instalação do canal Bloomberg em França, e outra hipótese que esteve em cima da mesa foi a de comprar o equipamento da Bloomberg França e que iria ser desactivado. “Era uma ideia peregrina na altura,

Os únicos VTRs que existem na estação são os que são estritamente necessários à ingestão de material proveniente de fora. De resto, o sistema FORK da Building4Media encarrega-se de toda a gestão dos fluxos de trabalho, integrando placas de vídeo SD/HD da AJA, directamente instaladas nas estações Apple Mac XServe (todas em basti-dor técnico centralizado), com um fluxo completo baseado em formato DVCPRO HD a 100 Mbits. As eventuais transcodificações de sinal que a es-tação tenha que produzir são completamente en-tregues a um sistema Telestream Episode, o qual poderá ser ampliado à medida das necessidades da operação.

O sistema de redacção Octopus Newsroom comunica com o sistema de produção e com os telepontos através de protocolo MOS, sendo a in-tegração das estações de trabalho remotas feita através de uma solução KVM (distribuição de te-clado, rato e monitor) da Adder Technologies.

Todos os jornalistas trabalham directamente em simples computadores Apple Mac Mini, já que todos os processos se baseiam em rede.

Toda a rede assenta em ligações de fibra-óp-tica, constituindo assim uma solução de infra-es-trutura que não apenas suporta os processos em alta definição mas garante também um tráfego e um acesso aos dados armazenados no sistema

mas esteve em cima da mesa. Tendo em conta o conceito Mac, havia ainda outras empresas como hipóteses de fornecedor, mas que em relação à VSC tinham lacunas ao nível de assistência” re-fere António Lopes. De acordo com o mesmo res-ponsável, a ideia foi sempre a de fazer um canal temático para os operadores de cabo, um canal de notícias de economia política, sempre a pen-sar que tinha de trabalhar para multiplataformas de distribuição.

Por isso, no desenrolar do projecto, Miguel Madeira confessa terem surgido mais duas ou três coisas importantes, tal como a capacidade de converter os sinais HD em SD e para diferentes formatos, a integração da cenografia virtual dado que a área dos estúdios era pequena, e a aposta completa em tapeless, uma vez que não fazia sentido apostarem ainda em formatos baseados em fita, com o lançamento de camcorders que apenas usavam cartões de memória. Outro factor crucial ao projecto foi sempre a aposta em HD na emissão, por considerarem que era a escolha tecnológica certa.

Conforme ambos os responsáveis técnicos do projecto nos referiram com orgulho, a “sua” instalação prova que é possível equipar um canal de pequena dimensão deste modo, a um custo aceitável.

Pequena área cenográfica da zona da redacção onde são feitas diversas intervenções em directo, nomeadamente a actualização das informações sobre os mercados. A cenografia virtual, bem como toda a identidade gráfica e áudio do canal foram criadas pela Bloom Graphics, empresa do universo Impresa

O canal Económico TV dispõe de duas salas de pós-produção áudio e vídeo, equipadas com estações Mac Pro e software Final Cut Studio, com hardware da Blackmagic. Nestes espaços é possível gravar voz-off recorrendo a um microfone SE Electronics Z3300 com um filtro acústico Reflexion Filter SE no próprio local

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De acordo com António Lopes, a administra-ção teve um mindset sempre bem definido: “fal-tava-lhes apenas alguém com a experiência de broadcast que permitisse criar uma sinergia com a sua experiência de IT. Além disso, a administra-ção da Ongoing não queria uma TV à imagem do que são as televisões standard, com as pessoas a pensar ainda em Betacam”.

Redacção EconómicoO edifício escolhido tem dois pisos, está lo-

calizado na Rua Vieira da Silva, em Alcântara, e foi sujeito a uma remodelação total do espaço interior. A opção por fazer apenas uma obra de interiores prendeu-se com o facto de quererem evitar pedir licenças, normalmente demoradas, o que inviabilizaria o timing inicial do projecto.

Desta forma, a redacção actual encontra-se num vasto open space do piso superior do edifí-cio, que está organizado em várias áreas, sendo uma delas para os jornalistas do canal Econó-mico TV e as restantes para os jornalistas do Di-ário Económico. A redacção funcionará também como complemento dos estúdios permitindo a captação de blocos informativos, por exemplo, com a redacção como cenário em fundo. Ainda no piso da redacção existem cinco gabinetes para a direcção e três salas de reuniões.

Como referimos, os jornalistas do canal tra-balham exclusivamente em ambiente Mac, exis-tindo na redacção dezenas de Macs Mini, equi-padas com 2 GB de RAM e todos a correr já a actualização do Snow Leopard. A única excepção que encontrámos foram dois PC que ainda per-sistem (talvez por pouco tempo) e isto porque

tanto o Octopus, como o software FORK da Buil-ding4Media correm tanto em plataformas Mac como PC. Alguns dos postos de trabalho Mac Mini eram complementados por simples leitores universais de cartões de memória (unidades USB da Sony) que se destinam à ingestão do material ENG gravado.

Os jornalistas escrevem os textos no sistema Octopus Newsroom, que podem ficar automa-ticamente disponíveis nos telepontos, fazem a inserção de grafismo no Octopus, criam tabelas referentes à Bolsa e podem inserir ainda os orá-culos. “Este trabalho tem corrido muito acima das nossas expectativas. Ficámos espantados com a capacidade deles. Temos uma pessoa do ingest que dá apoio à redacção para ajudar na organização das pastas, etc., os jornalistas trazem os cartões de memória com o material gravado, colocam-no no leitor de cartões, cortam e fazem a versão final que aparece no alinhamento”.

A área da captação ENG foi precisamente uma das que Miguel Madeira nos referiu ter constituí- do uma das decisões mais demoradas e que por isso foi deixada para o fim. Tendo existido já a solução de infra-estrutura do canal, baseada na solução da Building4Media, em que a única op-

A continuidade do canal Económico TV baseia-se completamente nas capacidades de automação do sistema FORK Playout Suite da Building4media, com operação de master control entregue a um sistema QMC da Evertz. Os painéis multiviewer são os Harris Predator II-GX que alimentam ecrãs LCD da Sony, assistidos por monitores master da Sony, monitores de áudio em rack da TSL, sistemas de medida da Tektronix e intercomunicação Artist da Riedel

Para a captação em exterior, a escolha do canal Económico TV recaiu sobre as câmaras de alta definição ProHD da JVC, modelos JVC GY-HM700 e GY-HM100, as quais gravam directamente ficheiros em formato XDCAM EX a 35 Mbps ou Quicktime

Os dois estúdios A e B do canal Económico TV estão equipados com sistemas de cenografia virtual da Orad, instalados pela Vantec e dispõem de câmaras Sony HXC-100 com interfaces triax

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ção de alta definição disponível era trabalhar em formato DVCPRO HD a 100Mbits, o Económico TV tinha que analisar bem todas as opções dis-poníveis. No entanto, as limitações de orçamento eram grandes, não havia ainda uma definição to-tal das necessidades de produção e a tecnologia de captação estava a evoluir de forma vertiginosa. Depois de consideradas as opções P2 da Panaso-nic e as alternativas XDCAM HD e XDCAM EX da Sony, a opção acabou por recair nas versáteis e económicas camcorders ProHD da JVC.

Estas camcorders da JVC gravam os ficheiros com o codec MPEG-2 Sony XDCAM EX ou di-rectamente em Quicktime. Sendo o formato da estação o DVCPRO HD, quando se faz a ingestão do material este tem de ser transcodificado, para ser integrado no sistema FORK da Building4Me-dia. Se o trabalho for directamente para a edição em Final Cut Pro, a ingestão é feita directamente no formato nativo da camcorder, sendo apenas gerada uma versão DVCPRO HD da versão final editada.

As câmaras de ENG são para já apenas três camcorders JVC GY-HM700 e mais três das pe-quenas camcorders GY-HM100. Estas camcorders estão complementadas por tripés ligeiros ENG de duplo estágio da Sachtler, baterias e iluminadores LED, com sistemas de protecção e transporte da Kata. As GY-HM100, mais pequenas, são utiliza-das sobretudo pelos jornalistas para fazer entre-vistas no exterior para disponibilizar nos conteú-dos online.

“A dificuldade maior que temos tido diz res-peito às fontes. Temos poucas equipas de ENG por isso ainda produzimos pouco material, em-bora no Verão já tenhamos feito algum. Temos uma dificuldade acrescida, trabalhamos em 16:9 e em alta definição e muito material externo ainda nos chega em 4:3 e muitas vezes em mau estado”, refere António Lopes.

Sobre o sistema gráfico com que estão a tra-balhar – o Infostudio da Go TV – António Lopes explica-nos que existe uma parceria estratégica com esta empresa independente. “A Go TV

fornece-nos os operacionais (operadores de câ-mara, operadores de mistura, operadores de infografismo) e esta aplicação de infografismo. O modelo já tinha sido aplicado noutros sítios, como na Sport TV e na TV Zimbo (Angola), que além disso também trabalha com o FORK, por-tanto já existia experiência de ligação destas três plataformas”.

Encontramos uma pequena área cenográfica na zona da redacção, onde durante o dia são fei-tos directos e conteúdos disponibilizados no site Internet do Económico.

A cenografia quer desta área - que é real e foi integrada no espaço existente com algumas condicionantes, tal como a luz do sol que entra directamente na redacção - quer os cenários vir-tuais dos estúdios e toda a identidade gráfica e de áudio do canal foram criados pela Bloom Gra-phics (empresa do universo SIC, grupo Impresa).

Salas técnicasNo piso térreo do edifício foram criados os

estúdios de televisão e todas as salas necessá-rias para a produção dos programas. Neste piso, estão ainda a recepção, uma sala de maquilha-gem, um pequeno refeitório que antes era um pequeno bar que já existia nas instalações antes das obras e um acesso à garagem.

Na área técnica do canal foram criadas duas salas de pós-produção, ambas equipadas com estações Mac Pro, com Final Cut Studio e o soft-ware FORK da Building4Media, tendo a nível de hardware interfaces Multibridge Pro da Blackma-gic com placas Fibre Channel.

Na primeira destas salas foi instalado um mi-crofone SE Electronics Z3300 com um filtro acús-tico Reflexion Filter SE que despertou a nossa curiosidade. O microfone foi instalado nesta sala de modo a ficar disponível para gravar voz-off das peças, em qualquer momento, num am-biente que fosse mais apropriado mas sem ter de reservar uma sala apenas para sonorização, devido ao pouco espaço existente.

Em seguida encontra-se uma sala destinada à continuidade que pode receber emissão de qual-quer um dos estúdios ou dos três em simultâneo (os dois estúdios principais mais a zona da redac-ção). Aí existe uma videotape multiformato para receber algum material do exterior, assim como os mesmos leitores de cartões USB da Sony, como possível fonte de ingestão adicional.

Esta zona de continuidade é extremamente simples e baseia-se sobretudo na solução QMC-2 com painel de master control QMC-DCP da Evertz e matriz da mesma marca, a partir do qual se controla a colocação no ar de todo o material,

Zona de maquilhagem anexa aos dois estúdios A e B do Económico TV. Tendo em conta que se trata já de uma operação completamente em alta definição, a equipa deste canal foi já obrigada a lidar com os requisitos específicos da maior resolução

Régie de produção principal, anexa ao Estúdio A do Económico TV, onde domina uma mesa de mistura Sony MVS6000 e multiviewers da Harris, permitindo controlar os cinco canais de câmara Sony HDX-100 de que o canal dispõe. Junto à mesa de produção vemos o pormenor dos controlos remotos BUZZ, adaptados engenhosamente pelo canal para arrancar os alinhamentos das peças no sistema FORK

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em ligação directa ao sistema FORK Playout Suite da Building4media. Os painéis multiviewer (Har-ris Predator II-GX) alimentam dois ecrãs LCD da Sony, a partir de qual é feito o pré-visionamento e controlo de emissão, assistidos por monitores master da Sony, monitores de áudio em rack da TSL, sistemas de medida da Tektronix e interco-municação da Riedel.

Aliás, todas as instalações do canal Económico estão interligadas através de uma matriz digital série Artist da Riedel, sendo a intercomunicação uma das áreas críticas onde Miguel Madeira nos confessou não ter querido assumir compromis-sos.

Entrando nas salas contíguas temos então dois estúdios, ambos equipados com cenários virtuais e mesas de apresentação desenhadas pela Bloom

e pela Snord. O Estúdio A (com 55m2) destina-se aos programas de informação diários ou progra-mas de maior porte. Tem uma mesa desenhada para receber cinco pessoas e o sistema de cenário virtual assente na plataforma Orad HDVG que foi instalado em ambos os estúdios, inclui neste caso uma solução de tracking mecânico, directamente instalado nas cabeças de tripé e pedestais da Sa-chtler. As câmaras de estúdio em alta definição são as Sony HXC-100, equipadas com sensores CCD Sony HAD de 2/3” com 2,2 megapixels, com conversão A/D interna a 14-bit e interfaces digital triax que lhes garante uma grande versatilidade na forma como podem ser aplicadas nas diferentes áreas do edifício, uma vez que só existem cinco unidades no Económico TV. As câmaras estão to-das equipadas com o visor de estúdio LCD a cores

Sony HDVF-C950W e telepontos da Autoscript.Estes canais de câmara HXC-100 estão inter-

ligados a unidades de controlo de câmara (CCU) HXCU-100 e comandos remotos compatíveis na zona de controlo de imagem, também assistida por monitores Sony e Tektronix.

Neste estúdio podemos reparar na qualidade da cablagem 3Gbps fornecida pela RED/Ibertelco e que utiliza cabo vídeo SDI e Triax da Drako, com fichas Fischer e painéis de ligação da ADC.

A teia de iluminação não está assente na placa do edifício, que como soubemos foi removida, estando assente em pladur triplo com um grande isolamento de lã de rocha. Por sua vez, esse tecto está preso por grampos com suspensões de bor-racha a uma placa que está no tecto e que foi construída de propósito para este projecto. A consultoria para a construção deste tecto e teia, assim como o tratamento acústico das salas de continuidade e pós-produção, foi da responsabi-lidade de Marcelo Tavares e da sua empresa Au-diodesigner.

A iluminação e parte eléctrica destes estúdios, assim como as cortinas que tapam a luminosi-dade que vem das janelas da sala da administra-ção que dá para este estúdio – uma imposição inicial um pouco bizarra – foram trabalhos da responsabilidade de Paulo Padrão.

O Estúdio B (com 45 m2) destina-se aos pro-gramas de informação diária e apresentava ape-nas uma mesa de apresentação simples e um púlpito para o jornalista.

O canal Económico TV tem duas régies de produção associadas a estes dois estúdios, uma para o Estúdio A e outra para o Estúdio B. Na régie de vídeo que dá apoio ao estúdio A, des-taca-se a mesa mistura de Sony MVS6000, o controlador de croma da Ultimatte, vários mo-nitores LCD Sony, nomeadamente dois grandes com multiviewer da Harris e um leitor Tektronix WFM 5000.

A título de curiosidade Miguel Madeira mos-trou-nos a solução encontrada para que os reali-zadores pudessem arrancar as peças do sistema FORK, para a qual levaram a cabo algum desen-volvimento. Depois de terem estado no IBC à procura de uma solução que resolvesse esse pro-blema e depois de tentarem um ecrã touchpa-nel simples – que se demonstrou pouco fiável - acabaram por encontrar uma solução simples e ergonómica: integrar simples comandos remo-tos do jogo BUZZ que existe para a PlayStation e outras consolas. Tratando-se de um comando remoto simples, com grandes teclas coloridas, bastou um pouco de engenho para implementar o interface e integrar as funções de Cue e Play no software, provando a sua eficácia. Uma solu-ção que foi mesmo elogiada pela Building4Media que promete copiar a ideia.

Ao lado da régie de produção principal, está uma zona de produção áudio, equipada com uma mesa de mistura Soundcraft Si2, “que não é comum em broadcast”, destaca Miguel Madeira.

A zona de controlo de áudio, anexo à régie de produção principal, é dominada por uma mesa digital Si2 da Soundcraft. Esta cabine permitiu-nos admirir o excelente trabalho de desenho e tratamento acústico efectuado por Marcelo Tavares e pela sua empresa Audiodesigner que se encarregou destes aspectos em todas as salas das instalações do canal

O Económico TV dispõe ainda de uma segunda régie de produção mais simples, equipada com uma mesa de mistura Panasonic AV-HS400A com multiviewer integrado

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“Não estamos a utilizar funções follow, mas ape-nas controlo manual. Esta mesa tem entradas e saídas analógicas, sendo a saída do sinal feita logo embebida em SDI”, acrescenta.

Nesta zona de áudio, tal como nos restan-tes espaços cujo tratamento de áudio foi im-plementado pela Audiodesigner, encontramos painéis acústicos da marca nacional Vicoustic, juntamente com estruturas construídas espe-cificamente para as salas. O chão e paredes da régie de áudio, por exemplo, estão assentes em borracha e não há ligações físicas entre nenhuma parte da estrutura. A acústica foi estudada ao de-talhe por Marcelo Tavares, tendo resultado num “trabalho excelente”, diz Miguel Madeira.

Na régie que dá apoio ao Estúdio B está ins-talada uma mesa de vídeo mais pequena, desta feita uma Panasonic AV-HS400A que já alimenta o multiviewer para um simples ecrã LCD da Sa-msung. Ao seu lado temos uma mesa de áudio Spirit da Soundcraft, outro painel de intercom da Riedel e encontramos uma mesa de controlo de iluminação DMX, série Eurolite LC2412 da Behringer – o mesmo modelo que controla a ilu-minação no Estúdio A.

Central técnicaTalvez o aspecto mais interessante da insta-

lação do Económico TV resida precisamente na forma simples como está estruturado o espaço da central técnica – área onde estão concentra-dos todos os bastidores dos equipamentos que compõem as operações do canal e cujo espaço é actualmente partilhado com o data center da redacção dos jornais e todos os sistemas IT da empresa.

A infra-estrutura do canal Económico TV foi baseada em vídeo HD-SDI, com cablagem de 3Gbps, tentando reduzir-se este tipo de inter-

faces à interligação entre os sistemas de vídeo existentes e as régies contíguas, uma vez que as restantes operações são completamente ba-seadas em rede Ethernet e Fibre-Channel. Toda a cablagem foi estruturada e instalada pela RED (divisão de engenharia do grupo Ibertelco), sendo o sinal que irá para o ar (por assim dizer) entregue em fibra-óptica ao operador de cabo/IPTV. Nesta instalação já se viam aliás os equipa-mentos de envio e recepção do sinal da Portugal Telecom.

Nos bastidores técnicos do canal, os sistemas de vídeo tradicional são muito poucos e resu-

mem-se à matriz e sistemas de master control da Evertz – com gerador de sincronimo de esta-ção também da Evertz – complementados com sistemas modulares de distribuição/amplificação e embeders Synapse da Axon, os multiviewers Predator II-GX – os quais garantem a monitori-zação e controlo dos sinais – e os sistemas que complementam as soluções de cenário virtual da Orad, nomeadamente as estações HDVG. Nos bastidores encontramos ainda a central Riedel Artist para a intercom, juntamente com um sis-tema de patch redundante e alguns servidores Blade e estações de trabalho que complemen-

Pormenores das racks de distribuição de sinais dos estúdios e teia de iluminação do Estúdio B, com iluminação fluorescente da Balcar. Dois aspectos que demonstram a qualidade do trabalho efectuado pelas empresas sub-contratadas, a RED do grupo Ibertelco e a empresa de Paulo Padrão, respectivamente

As câmaras de estúdio da Sony estão equipadas com visores LCD HD a cores. No estúdio A estas câmaras estão instaladas sobre pedestais da Sachtler com sistema de tracking adaptado de forma a permitir a sincronização com o sistema de cenários virtuais da Orad, alimentado por estações HDVG. Na imagem do visor podemos ver já o resultado final do cenário em cromakey, combinado com a captação do estúdio

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Um dos corredores da central técnica do canal, onde encontramos praticamente todos os bastidores destinados aos sistemas vídeo, tal como a matriz e sistema de master control da Evertz, sistemas de distribuição modulares Axon Sinapse, multiviewers da Harris, mesa de mistura MVS600 da Sony, CCUs das câmaras Sony, etc. Toda a cablagem vídeo é HD-SDI a 3Gbps e foi integrada pela RED, empresa de engenharia do grupo Ibertelco

Bastidor destinado às estações gráficas Orad HDVG que alimentam os sistemas de cenários virtuais dos estúdios, implementado pela Vantec, acompanhado pelos restantes sistemas de grafismo Infostudio da Go TV

Nos restantes bastidores encontramos o sistema principal que alimenta todas as operações em rede, com servidores Apple XServe, onde correm as aplicações da Building4Media, ligados a sistemas de armazenamento VTrak E-Class RAID da Promise Technology que suportam a solução de arquivo Atempo ADA com 24 terabytes de material online

tam algumas das soluções de software, nomea-damente o Infostudio da Go TV.

Praticamente todo o restante espaço existente em bastidor é ocupado por 20 sistemas Apple XServe de 1U de rack, equipados com processa-dores Quad Core Intel Xeon, onde correm as apli-cações da Building4Media e o sistema de redacção Octopus, tendo estes interfaces AJA Video insta-lados, com ligações em Fibre-Channel e Ether-net. Estes servidores de suporte ao canal estão integrados com o software Xsan 2.1 da Apple e sistemas de armazenamento em RAID da Promise Technology, cuja solução VTrak E-Class RAID é aliás recomendada pela marca desde que esta descon-tinuou os seus próprios XRaid. Esta solução está certificada também para suporte de armazena-mento partilhado SAN aos postos de edição Final Cut Pro existentes nas salas de pós-produção.

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Integrada também a este sistema baseado em Mac, a solução de arquivo Atempo ADA permite arquivar 24 terabytes de material online, contando depois com um sistema de streamer onde po-dem ficar gravados em fita. A solução de arquivo Atempo Digital Archive (ADA), uma empresa ca-liforniana, é uma das soluções optimizadas para suporte a plataformas Mac OS X, com compatibi-lidade Apple Xsan e integração directa com Final Cut Server, constituindo uma plataforma optimi-zada para grandes centros de pós-produção, pro-dutoras e mesmo canais de televisão.

Em termos de pesquisa de conteúdos, esta solução está interligada com o sistema da Buil-ding4Media e os subprodutos FORK: Editor, Client, Assistant, etc., onde poderão estar acessí-veis mais de 20 terabytes de material de arquivo.

Segundo nos explica Miguel Madeira, “os sis-temas estão interligados e cruzam dados, pelo que a redundância está nos dois. Se os SAN avariarem, o que vai para o ar é o que está na playlist do servidor, o que permite, por exemplo, a playlist passar 72 horas sem problemas”.

Além das UPS que suportam esta central téc-nica, o canal dispõe ainda de um gerador a diesel na garagem, porque a zona de Alcântara tem de-monstrado ser um dos sítios em Lisboa com mais falhas de rede eléctrica.

O projecto está preparado para receber sinal de outros locais e inclusive já receberam a emis-

são da inauguração do jornal Económico no Bra-sil, tendo sido contratada uma produtora local para fazer o trabalho e que injectou o sinal no satélite a partir do Brasil. No entanto, dada a di-mensão prevista destas operações o sistema não prevê para já grandes necessidades de gestão de sinais externos. “Foi instalada uma matriz cen-tral de 64x64 da Evertz, na primeira rack. Existem também quatro fibras para Monsanto: duas vias

redundantes, securizadas para lá, e uma de ida e outra de volta, externas, para podermos enviar e receber outros sinais. É possível também virmos a proceder à instalação de sistemas fixos de recep-ção de satélite”, acrescenta António Lopes.

Opções de formatoDepois de concluída a visita às instalações do

canal Económico TV, não podemos deixar de ad-

Apesar do curto prazo imposto, António Lopes e Miguel Madeira confessam que criar um canal de televisão deste tipo, todo já em HD e completamente tapeless, entre muitas características inovadoras, era para ambos um projecto irrecusável. “Daquelas coisas que só acontece uma vez na vida...”, confessa o director técnico António Lopes

Diagrama da estrutura funcional da rede do Económico TV onde se torna visível a interligação entre os diferentes processos, distribuídos por tipologias de rede em diferentes débitos, desde Gigabit Ethernet a 10GB, com interligação de sistemas em Fibre-Channel

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mirar o facto de este projecto responder a três enormes desafios, pouco vulgares. Em primeiro lugar, naturalmente, o prazo extremamente re-duzido para concretizar toda a instalação – ape-sar de este se ter vindo a provar desnecessário, uma vez que as alterações sofridas na estratégia da Ongoing, levaram a um desanuviar da urgên-cia de colocar o canal em emissão. A este desafio, a equipa de direcção técnica liderada por Antó-nio Lopes e Miguel Madeira, assim como todas as empresas envolvidas, souberam responder de forma exemplar, deixando uma instalação funcio-nal no prazo e com interessantes componentes a nível de gestão apertada do orçamento.

Em segundo lugar, é de admirar a decisão de implementar todo o canal já em alta definição. No

contexto europeu, esta é uma decisão que – por mais óbvia que se mostre para quem acompanha a tecnologia – não tem sido o padrão, optan-do-se normalmente por estágios intermédios de convivência SD/HD, que naturalmente resultam em custos acrescidos e uma menor familiarização dos recursos humanos com as especificidades do sinal em HD.

Mas este segundo desafio é sobretudo refor-çado pela decisão da direcção técnica de imple-mentar já um canal em modo tapeless. Como todas as estações de televisão por todo o mundo bem sabem, uma coisa é decidir produzir e emitir em HD e outra completamente diferente é a de-cisão de adoptar simplesmente fluxos de trabalho baseados em ficheiros, eliminando por completo os sistemas de fita. A evolução tecnológica nes-tes dois domínios não tem sido sincronizada e, se é verdade que os sistemas de vídeo HD existem

no mercado há mais de quinze anos, a verdade é que os codecs HD para operações broadcast ainda não estão implementados devidamente em todas as etapas do processo. Todos nos recorda-mos da discussão na Europa sobre a necessidade de formatos de compressão mínimos a 50Mbits para suportar operações broadcast em SD e que levou a Sony a criar o famoso formato IMX a pe-dido da estação italiana RAI. Poucos anos depois, a cadeia inglesa BSkyB tomou a decisão de avan-çar com uma operação HD e foi confrontada com a falta de referências em relação a um padrão de formato de compressão. Por isso mesmo, foi obri-gada a adoptar ainda sistemas HDCAM baseados em fita e, para a distribuição de sinal na infra- -estrutura, optou por formatos como o DNxHD da Avid, garantindo assim cadências mínimas na ordem dos 200Mbps, consideradas essenciais para garantir a qualidade de produção.

Nos Estados Unidos, a decisão quase unânime das estações, consistiu em adoptar posterior-mente o formato de compressão DVCPRO HD a 100 Mbps, uma vez que se tratava de uma pa-tamar que combinava um bom compromisso de qualidade com uma funcionalidade aceitável nas operações de estúdio. Independentemente dos formatos de captação usarem equipamentos da Panasonic, Sony ou outros, os primeiros servido-res e sistemas tapeless para televisão a ficarem disponíveis no mercado usavam o codec DVCPRO HD e ainda não existem muitas outras alternati-vas consensuais na indústria.

Para além da opção de se trabalhar em ma-terial sem compressão – opção que muitas em-presas de pós-produção assumem mas que não é prática em aplicações broadcast – existem apenas o formato AVC-Intra da Panasonic, os formatos MPEG-2 LongGOP e XDCAM da Sony e o já refe-rido DNxHD da Avid, entre os codecs suportados por servidores e sistemas de emissão dos princi-pais fabricantes. A opção da compressão Apple ProRes começa agora a ser também considerada. Mas sem dúvida, criar um sistema broadcast completamente tapeless, na actual conjuntura, passa sem dúvida pela opção DVCPRO HD, como aquela que maior suporte garante em toda a in-dústria.

De acordo com os responsáveis técnicos, no que diz respeito à questão do armazenamento - que numa operação tapeless é crítica – tudo foi dimensionado para um patamar inicial em XDCAM EX, tendo-se apenas posteriormente op-tado por DVCPRO HD porque era a única opção de compressão HD suportada pela Building4Me-dia.

Conforme nos explicou Miguel Madeira, esta decisão não foi simples para o Económico TV. “A componente fundamental que define este pro-jecto em termos técnicos foi o HD. Tínhamos que arranjar um codec HD com que tudo funcionasse, que fosse leve o suficiente para que não tivésse-mos de comprar uma storage enorme, que fosse leve o suficiente para que fosse editável sem es-

Pormenores dos bastidores onde encontramos os routers e sistemas de rede do canal e pormenor dos servidores Apple Xserve com interfaces AJA Video integrados, vendo-se as ligações em Fibre-Channel. Estes servidores estão integrados com o software Xsan 2.1 da Apple ao sistema de armazenamento da Promise

De acordo com António Lopes, “houve um grupo de jornalistas que esteve na SIC Notícias, com a orientação do Pedro Dias, a ter formação durante um período de um mês”

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tarmos à espera de tempos de rendering enor-mes e que fosse suficientemente potente para que os jornalistas pudessem trabalhá-lo dentro da rede interna. Temos outra alternativa ao DVC-PRO HD mas que tecnicamente ainda não está disponível. Os ficheiros nativos com que estamos a trabalhar são XDCAM EX a 35 Mbits e seriam esses os ficheiros com que gostaríamos de tra-balhar. A Building4Media está a desenvolver a plataforma para funcionar em XDCAM EX para a CNN e que deverá ficar disponível brevemente. Nessa altura, em troca de um fee, o Económico TV poderá utilizá-lo”.

Questionámos naturalmente os responsáveis do canal sobre as preocupações existentes com as diferentes famílias de compressão e os efeitos que isso possa provocar na multigeração, nome-adamente quando fizerem a transição para um novo codec de emissão que pode estar “abaixo” em termos de cadência de dados.

Miguel Madeira respondeu-nos negativa-mente “estamos a usar o Episode (Telestream) para converter os ficheiros XDCAM EX para DVCPRO HD. A vantagem seria não ter que con-verter os ficheiros e a emissão poderia passar a ser XDCAM EX. e é esse o nosso desejo. Ao fi-carmos a funcionar com o XDCAM EX em vez do actual DVCPRO HD, teoricamente estaremos a trabalhar com um codec inferior, 35Mbps contra 100Mbps do DVCPRO HD, mas... se formos ver, o XDCAM EX é um formato nativo a 1920x1080 enquanto o DVCPRO HD é 1440x1080. Isto é, temos um codec que faz um ‘shrink à resolução horizontal` e outro que tem um formato nativo. Hoje em dia, os codecs que dizemos ser mais baixos, por vezes, até podem ser melhores que os anteriores”.

De acordo com o mesmo responsável, foram também as câmaras que definiram o formato.

“Se tivéssemos comprado logo câmaras P2, o formato teria sido logo DVCPRO HD. Os custos dos equipamentos, de storage e capacidade de armazenamento condicionaram a decisão”, acrescenta Miguel Madeira.

Qualidade multiplataformaPara já, os testes feitos em termos de distri-

buição para as diferentes plataformas em que o Económico TV está a trabalhar têm permitido constatar óptimos resultados. Com a definição escolhida para a estação, um debate gravado no estúdio pode ser exportado para o serviço de Corporate TV, para a Net ou para telemóveis, mantendo uma grande qualidade e necessitando apenas de um processo de transcoding que passa por um backbone “bom, eficiente, rápido, que é o Telestream, uma referência de mercado”, des-taca Miguel Madeira.

Uma qualidade que aliás pudemos comprovar, observando o sinal de emissão e online, assim como numa experiência feita em Quicktime para um Blackberry que nos mostrou António Lopes.

O canal tem apenas um servidor de com-pressão/conversão multiformato, mas se o fluxo de trabalho aumentar muito, a equipa técnica aponta a possibilidade de adquirir mais 3, 4 ou 5 servers para colocar em cascata e ampliar a capa-cidade do sistema.

Actualmente, face à distribuição multiplata-forma, o Económico TV está a produzir – para além do sinal do canal – outras resoluções des-tinadas aos sinais das plataformas Corporate TV da Mobbit. Segundo Miguel Madeira, trabalham já em várias resoluções, “dependendo do cliente,

desde 1380x768, consoante sejam LCD, plasmas, etc. Temos uma ta-

bela de vários tipos de compres-sões e trabalhamos sempre em

H.264. As plataformas de distribuição podem tanto ser Mac como PCs com Linux”.

Além disso, a partir desta instalação ainda é necessário produzir outras

Servidores dedicados ao sistema de redacção Octopus Newsroom, cujos terminais são os clientes Mac Mini dos postos dos jornalistas

António Lopes mostra-nos um pequeno filme codificado em Quicktime para o seu Blackberry e que demonstra a qualidade obtida pela conversão do sinal HD produzido no canal para distribuição via telemóvel

“Mesmo após a entrada de capital da Ongoing na Media Capital o projecto Económico TV continuou exactamente com a mesma orientação e pensa-se que no futuro o canal continuará como um projecto independente”, refere Miguel Madeira

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Entre as empresas que participaram no projecto do canal Económico TV, a inglesa VSC Design agiu como integrador tendo sido chamada pelo direc-tor técnico António Rocha Lopes para fazer auditoria e garantir a parte de integração dos servidores que sustentam os sistemas de redacção Octopus e as soluções de produção e emissão da Building4Media, assim como a integração de todo o sistema com o hardware Apple e o arquivo digital Atempo ADA.Tendo a decisão de escolher as soluções da Building4Media sido já toma-da por António Lopes em consonância com a Mobbit Systems e com a administração da Ongoing, a opção pela VSC Design surge também pela experiência que esta empresa já detinha como integrador em projectos semelhantes de canais de televisão como a Bloomberg, em França.“Achámos por bem entregar essa parte do projecto à VSC Design, tendo em conta a experiência deles com essa parte de hardware e software, o que veio a demonstrar-se a opção correcta”, afirma António Lopes.“O dono da VSC, Martin Hayes, já trabalha em Portugal há muitos anos e já tem muitos contactos cá. Foi ele que montou a Alturas Video, nos anos oitenta, por exemplo. Foi interessante, porque no início do projecto, com a entrada do Miguel Madeira, nós tínhamos um projecto chave-na-mão exactamente igual ao que nos foi proposto por ele, com a opção Apple e

Building4Media, etc. A VSC Design começou por nos apresentar também uma proposta chave-na-mão que tinha opções ligeiramente diferentes das nossas mas já tinha também essa componente, o que de certa forma vali-dou a nossa opção inicial. Por isso optámos por os chamar para a integra-ção dessa parte específica”.O facto de a VSC ter sido também o integrador da solução instalada no canal privado TV Zimbo, em Luanda, foi outro dos factores decisivos. Se-gundo a VSC, o sistema da TV Zimbo foi construído com base nas soluções da Building4Media, só que com um sistema de redacção ENPS.Para o canal Económico TV, a VSC Design assumiu o desafio de integrar, no curto espaço de tempo exigido pelo projecto, o sistema Octopus News-room, todo o sistema de hardware Apple XServe com armazenamento SAN e a solução de arquivo digital Atempo ADA. Além disso, o sistema baseia-se no software de produção FORK da Building4Media, o qual ofe-rece uma excelente relação entre custo e operacionalidade, ao utilizar pla-cas SD/HD da AJA directamente integradas na plataforma Mac XServe da Apple, criando um ambiente de produção versátil até à emissão, passando pela possibilidade de ingestão de material seja de fita, seja em ficheiro. O sistema de redacção Octopus comunica com o sistema de produção e com os telepontos Autoscript através de protocolo MOS. A VSC forneceu tam-bém o motor de transcodificação Telestream Episode e todas as soluções de interfaces KVM da Adder Technologies.De acordo com Chris Nairn, director comercial da Building4Media “ficá-mos muito satisfeitos com a intervenção da VSC no Económico TV. Esta instalação combina uma solução IT de vanguarda com a melhor tecno-logia e fluxos de trabalho broadcast, tudo instalado num calendário ex-tremamente apertado até à conclusão e entrada em funcionamento. A experiência combinada da VSC Design e da Building4Media, depois de termos completado uma instalação semelhante na TV Zimbo em Angola, demonstrou ter sido aplicada da melhor forma”.Nairn avança ainda que “a VSC tem uma experiência e conhecimentos acu-mulados que adicionam excelente valor à nossa gama de produtos. Com a pressão crescente sobre os orçamentos é sempre uma decisão tentadora a de optar por software off-the-shelf e hardware IT standard. No entanto, contratar um integrador de sistema que permita adicionar a consultoria e a integração da tecnologia broadcast é um desafio maior. Não hesitaremos em colaborar com a VSC Design no futuro, uma vez que já temos uma relação excelente com eles e vemos que eles entendem a nossa tecnologia em profundidade”. !www.vscdesign.com

VSC Design no Económico TV

resoluções para distribuição na Web, porque o site tem sempre vídeos com notícias de mercado ou outras peças gravadas no estúdio, sendo que o processo de trabalho funciona perfeitamente. “Para o efeito, utilizamos o Final Cut e nem es-tamos a colocar no Episode. A exportação é feita com o Quicktime e com um software que adoro, que é o MPEG StreamClip, que é gratuito e que é espectacular para converter para todos os forma-tos”, frisa Miguel Madeira.

A Ongoing tem ainda outros projectos mais complexos a nível da distribuição, uma vez que a evolução dos seus investimentos no mundo lu-sófono vai exigir adaptar tecnologias, nomeada-mente para distribuir conteúdos para os PALOPs e Brasil.

“Os sistemas brasileiros são diferentes dos nossos e estamos a replicar sistemas feitos aqui

para o Brasil”, explica-nos Miguel Madeira. En-tretanto, o jornal Brasil Económico também já abriu tendo sido montado no prazo de um mês e meio. Irá ser lançado outro jornal no Brasil, mas os projectos de evolução para o mundo lusófono, que estão a ser tratados por José Eduardo Moniz são vastos, e abrangem outros mercados, como a China, Macau, África do Sul, Angola e Moçam-bique.

O projecto global da Ongoing é ambicioso e vai seguramente trazer mais desafios a nível da distribuição. Na área da distribuição, para a área dos telemóveis já há propostas de fornecimento de conteúdos apresentadas aos operadores, mas existem alguns desafios no sentido de reformatar as imagens para o ecrã dos telemóveis. “Os fi-cheiros produzidos internamente estão a dar bons resultados. Deu algum trabalho a optimizar quer

os processos quer o formato, mas chegou-se ao final com óptimos resultados, o que às vezes não acontece, em resultado também da experiência já obtida no trabalho desenvolvido anteriormente para a SIC”, explica Miguel Madeira.

A licença do Económico TV já se encontra aprovada pela ERC desde o Verão e a distribui-ção será feita através de canais por cabo. “Está previsto arrancar com a ZON embora ainda não tenha sido anunciada uma data certa. No futuro, talvez possa ser distribuído também no MEO, mas neste caso não há negócio fechado”, finaliza o director técnico do canal.

Por enquanto a emissão do canal pode ser acompanhada na Internet, quer no site do Diário Económico, quer através do endereço alocado ao portal Sapo. !http://economico.sapo.pt

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