PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DAS MATAS …...efetuado no âmbito do projeto PAMAF IED nº 4054 -...

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PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DAS MATAS LITORAIS Monitorização e controlo de problemas fitossanitários Autores Edmundo Sousa (INIAV), António Portugal (CFE-UC), Luis Fonseca (CFE-UC), Teresa Vasconcelos (ESAC), Helena Bragança (INIAV), Maria de Lurdes Inácio (INIAV), Luis Bonifácio (INIAV), Filipe Catry (ISA-CEABN), Manuela Branco (ISA-CEF) Comissão Científica do Programa de Recuperação das Matas Litorais ÁREA ARDIDA – árvores mortas ÁREA ARDIDA – árvores enfraquecidas ÁREA ENVOLVENTE Ações de curto prazo Pragas Doenças Fungos Nematodes Ações de médio prazo ÁREA ARDIDA – árvores mortas ÁREA ARDIDA – árvores enfraquecidas ÁREA ENVOLVENTE Pragas Doenças Fungos Nematodes Ações de longo prazo

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PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DAS MATAS LITORAIS

Monitorização e controlo de problemas fitossanitários

Autores

Edmundo Sousa (INIAV), António Portugal (CFE-UC), Luis Fonseca (CFE-UC), Teresa

Vasconcelos (ESAC), Helena Bragança (INIAV), Maria de Lurdes Inácio (INIAV), Luis Bonifácio

(INIAV), Filipe Catry (ISA-CEABN), Manuela Branco (ISA-CEF)

Comissão Científica do Programa de Recuperação das Matas Litorais

ÁREA ARDIDA – árvores mortas

ÁREA ARDIDA – árvores enfraquecidas

ÁREA ENVOLVENTE

Ações de curto prazo

PragasDoenças

FungosNematodes

Ações de médio prazo

ÁREA ARDIDA – árvores mortas

ÁREA ARDIDA – árvores enfraquecidas

ÁREA ENVOLVENTE

PragasDoenças

FungosNematodes

Ações de longo prazo

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ÍNDICE

1. Objetivos .............................................................................................................................................. 1

2. Revisão bibliográfica ............................................................................................................................. 1

3. Bases para a formulação do plano estratégico .................................................................................... 1

4. Objetivos gerais do plano estratégico .................................................................................................. 5

5. Estrutura geral do plano estratégico .................................................................................................... 5

6. Ações a serem desenvolvidas ............................................................................................................... 6

6.1 A curto prazo (1º e 2º ano após o fogo) ....................................................................................... 6

6.2 A médio prazo (3º e 4º ano após fogo) ........................................................................................ 9

Operações que ocorrem ............................................................................................................................. 14

Thaumetopoea. pytiocampa .................................................................................................................. 14

Ips sexdentatus ....................................................................................................................................... 14

Orthotomicus erosus .............................................................................................................................. 14

Tomicus destruens .................................................................................................................................. 14

T. piniperda ............................................................................................................................................. 14

Pissodes castaneus ................................................................................................................................. 14

Hylobius abietis ...................................................................................................................................... 14

6.3 A longo prazo (5º ao 10º ano após o fogo) ................................................................................ 15

7. Medidas de caráter preventivo para a região .................................................................................... 18

8. Bibliografia .......................................................................................................................................... 19

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PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DAS MATAS LITORAIS

Monitorização e controlo de problemas fitossanitários

1. Objetivos

Os incêndios florestais são um dos agentes, mais importantes, causadores de desequilíbrios nas

árvores, favorecendo o aparecimento de pragas e doenças após o fogo e influenciando as

modificações da dinâmica das suas populações (Berner et. al., 2017; Clark, 2009). Assim, um dos

principais problemas que se colocam depois de um incêndio é o da monitorização e controlo de

problemas sanitários. Neste capítulo faz-se uma revisão bibliográfica dos problemas sanitários

pós-fogo, com ênfase no pinheiro bravo e fazem-se recomendações sobre as medidas a tomar

para evitar o seu aparecimento e/ou os seus efeitos.

2. Revisão bibliográfica

O pinheiro-bravo (Pinus pinaster) é a espécie dominante nas matas litorais afetadas pelos

incêndios, e ao contrário do que se passa com as espécies de folhosas, a mortalidade dos

pinheiros após um incêndio é frequentemente elevada, embora possa ser muito variável

dependendo em primeiro lugar da severidade do fogo (Catry et. al. 2013).

Durante e após um incêndio são originadas alterações fisiológicas e químicas e a libertação mais

intensa de certos compostos voláteis que funcionam como atrativos para os insetos xilófagos e

sub-corticais que colonizam o pinheiro-bravo, nomeadamente insetos pertencentes à família

dos escolitídeos e cerambicídeos originando a sua concentração em elevadas densidades

populacionais nas áreas afetadas.

Estes insetos, para além de causarem danos físicos às árvores, são também vetores de fungos e

de outros agentes patogénicos, muitos dos quais responsáveis pelo aparecimento de doenças,

que muito contribuem para a depreciação da qualidade do material lenhoso ou para a

mortalidade das árvores.

Contudo, o estabelecimento dos insetos que foram atraídos para o local vai ocorrer

maioritariamente não nas árvores totalmente queimadas mas antes nas que estão parcialmente

queimadas ou nas árvores verdes de bordadura das manchas queimadas, por serem aquelas que

apresentam condições favoráveis para o desenvolvimento de novas gerações (Bonifácio et. al.,

2005).

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Diversos estudos realizados sobre o pinheiro-bravo na Península Ibérica indicam que após um

incêndio as árvores com uma elevada percentagem de copa danificada (mais de 40% do volume

da copa sem agulhas ou com agulhas secas) têm uma probabilidade elevada de morrer a curto

ou médio prazo (Vega et. al., 2011; Catry et. al., 2013). Essa probabilidade pode ainda aumentar

em povoamentos jovens e em caso de ataque de pragas florestais, não sendo raro atingir valores

próximos de 100%. Por outro lado, outros estudos (Fernández 2006; Santolamazza-Carbone et.

al., 2011) mostram que um eventual ataque de pragas (e.g. xilófagos e sub-corticais) tende a

ocorrer inicialmente nos pinheiros mais jovens e com mais de 75% da copa afetada, e que várias

espécies preferem árvores afetadas mas que ainda não tenham morrido.

Um estudo da progressão espacial do declínio no pinhal a partir de focos de mortalidade,

efetuado no âmbito do projeto PAMAF IED nº 4054 - Proteção integrada do pinheiro bravo na

Região de Entre-Douro e Minho entre 1998 e 2001 (Edmundo Sousa, com. pessoal), evidencia

que após o corte de arvoredo ardido, começam a secar nas bordaduras de incêndios florestais,

pinheiros bravos que não tiveram qualquer contacto com o fogo, pelo menos na sua parte aérea.

Segundo Ferreira & Ferreira (1986), as datas dos ataques dos escolitídeos nas áreas incendiadas

estão relacionadas com as de ocorrência dos fogos. Se os incêndios ocorrem na primavera ou

no verão, os insetos instalam-se imediatamente. Se, porém, os incêndios têm lugar no outono

ou no inverno, a instalação dos insetos é mais tardia e, por vezes, só se dá no ano seguinte ou 2

a 3 anos após o sinistro.

Após um incêndio no Luzio (Serra da Anta), em agosto de 1999 foi instalada uma parcela com

cerca de 1,5 ha onde se criaram faixas de 5 metros de largura paralelas à linha onde terminou o

incêndio e onde todas as árvores foram georreferenciadas (Figura 1). Em outubro de cada ano

foi avaliada a mortalidade das árvores (Figura 2).

Durante os três anos após o incêndio verificou-se uma mortalidade gradual de árvores até aos

30 metros de distância da bordadura (Figura 3). Nos primeiros 10 metros praticamente todas as

árvores vieram a morrer

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Figura 1. Parcela de 1,5ha instalada no Luzio (Serra da Anta) numa bordadura de um incêndio de verão (1999) com georreferenciação das árvores em faixas de 5 metros de largura (1 a 6).

Luzio - Incêndio de Verão em 1998

Luzio - Incêndio de Verão

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Figura 2. Evolução espácio-temporal da mortalidade ocorrida no pinhal bravo nos 3 anos após o incêndio de 1999. Serra da Anta bordadura de um incêndio de verão.

122 119 118

117 116 103

102 104 105 115

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70 67

108 A - seca

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96 94 93

92 91 109 111

79 s/nº.

83 81 80 77 78

82 85

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138 143 137 136 128 135 134 129 133 131 130

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132 68 71 61 63 60 65 62 11

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incêndio

outubro do mesmo ano

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% de árv. afectadas

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108 A - seca

97 99 95 98

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79 s/nº.

83 81 80 77 78

82 85

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138 143 137 136 128 135 134 129 133 131 130

66 59

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132 68 71 61 63 60 65 62 11

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57 52 44

58 54 50

156 153 155

154 151 150

149 38

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165 164 159 158 163 161

160 162 22 25 27 21 23 24 26

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incêndio

outubro do ano seguinte

1 2

3 4 5

6

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0

100,0 120,0

1 2 3 4 5 6

% de árv. afectadas

122 119 118

117 116 103

102 104 105 115

120 127 126 121

125 124

123 114 106 107

110 113

112 75 73

76 74

72 69

70 67

108 A - seca

97 99 95 98

96 94 93

92 91 109 111

79 s/nº.

83 81 80 77 78

82 85 86

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138 143 137 136 128 135 134 129 133 131 130

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132 68 71 61 63 60 65 62 11

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142 139 141

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58 54 50

156 153 155

154 151 150

149 38

45 42 36

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40 46 43

41 39 37

165 164 159 158 163 161 160 162 22 25

27 21 23 24 26 28

157 31 33

29 32 34 30

incêndio

outubro dois anos após

1 2

3 4 5

6

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0

100,0 120,0

1 2 3 4 5 6

% de árv. afectadas

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Figura 3. Distribuição global da mortalidade ocorrida nos 3 anos a seguir ao incêndio segundo a distância à bordadura do incêndio

3. Bases para a formulação do plano estratégico

Todos os órgãos de uma árvore podem ser atacados por insetos ou colonizados por fungos, mas nem

todos originam os mesmos danos nas árvores (Figura 4). Contudo, na mesma árvore, podem existir em

simultâneo, numerosos agentes bióticos.

Em Portugal, a lista de agentes bióticos que podem atacar o pinheiro-bravo, seja em povoamentos ou em

viveiros, é vasta (Tabela 1).

Figura 4. Tipos de agentes nocivos que podem colonizar uma árvore e identificação dos danos gerais que podem provocar

0,0

50,0

100,0

0 a 5 5 a 10 10 a 15 15 a 20 20 a 25 25 a 30

25,0

75,0

Distância em metros

Insetos

Xilófagos e sub-corticiais

Desfolhadores

Escavam galerias no floema ouxilema da árvore onde sealimentam durante todo o seuciclo de vida (Morte da árvore)

Comem as folhas ou agulhas(Mortalidade nas árvores jovensEnfraquecem as árvores adultas)

Patogénios

Fungos eOomicetas

Bactérias

Vírus

Nemátodes

As doenças foliares reduzem aárea foliar e diminuem aactividade fotossintética,afectando o crescimento e areprodução (Enfraquecem asárvores adultas)

As doenças do tronco e da raiz,danificam o sistema vascular deárvores (Enfraquecimento ouMorte de árvores)

AGENTE NOCIVO

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Tabela 1. Principais pragas e doenças com registos históricos para os povoamentos de pinheiro-bravo, em Portugal (adaptado de POSF, 2017)

Por outro lado, as árvores podem ser atacadas em todas as fases da sua vida. Para o caso concreto do

pinhal são bem conhecidos os agentes bióticos que a cada fase de desenvolvimento do povoamento

poderão vir a intervir (Figura 5).

Na década de 80, os principais agentes bióticos nocivos que tinham impacte económico ao nível do pinhal

e, em especial, no pinheiro-bravo, eram os escolitídeos e em menor grau a processionária e a torcedoura.

O declínio provocado por estes insetos tem vindo, entretanto, a agravar-se como consequência, não só

da sua ação, como também de outros fatores de perturbação, como sejam os incêndios florestais, os anos

quentes e secos que sucessivamente têm ocorrido, o abandono do mundo rural ou a falta de gestão dos

espaços florestais.

Órgãos afetados

Organismo nocivo

Nome científico Nome comumRegeneração

natural

Árvores jovens

a adultas

Agulhas

Insetos

Brachyderes lusitanicus Gorgulho-alongado x

Leucaspis pini Cochonilha-branca-das-agulhas x

Lygus spp. Percevejos x

Pineus pini Afídeo-lanígero-do pinheiro x

Neodiprionsertifer Lofiro-pequeno-do-pinheiro x

Thaumetopoea pityocampa Processionária x

Fungos

Botrytis cinerea Bolor-cinzento x x

Dothistromaspp. Doença-dos-anéis-vermelhos x

Lophodermium seditiosum Desfoliação x x

Diplodia sapinea “Dieback”-do-pinheiro x x

Fusarium circinatum Cancro-resinoso-do-pinheiro x

Pinhas e sementes

Insetos Dioryctria mendacella Lagarta-das-pinhas x

Leptoglossus occidentalis Sugador-de-pinhas x

Pissodes validirostri Gorgulho-das-pinhas x

Tronco e ramos

Insetos

Dioryctria sylvestrella Piral-do-tronco x

Ips sexdentatus Bóstrico-grande x

Orthotomicus erosus Bóstrico-pequeno x

Petrova resinella Resineira x

Pissodes castaneus Gorgulho-pequeno-do-pinheiro x

Pityogenes spp. Bóstrico-bidentado x

Rhyacionia buoliana Torcedoura x

Tomicus destruens e T. piniperda

Hilésina x x

Fungos

Botrytis cinerea Bolor-cinzento xComplexo Leptographium /Ophiostoma

Azulado-da-madeira x

Diplodia sapinea “Dieback”-do-pinheiro x x

Fusarium circinatum Cancro-resinoso-do-pinheiro x

Heterobasidion annosum Podridão-do-cerne x

Neofusicoccum spp. x

Pestalotiopsis spp x x

Thyriopsis halepensis x

Nemátode Bursaphelenchus xylophilus Murchidão-do-pinheiro x

Raiz

InsetosBrachyderes lusitanicus Gorgulho-alongado xHylastes ater Hilésina-negra-do-pinheiro xHylobius abietis Gorgulho grande do pinheiro x

Fungos / Oomicetas

Armillaria ostoyae Podridão-radicular-do-pinheiro x

Fusarium oxysporum Damping-off xPhytophthoraspp Fitóftora xPythium spp. xRhizoctoniasolani x

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Figura 5. Probabilidade de ocorrência de algumas pragas (em cima) e de algumas doenças (em baixo) ao longo da vida do pinheiro.

A situação fitossanitária do pinhal bravo agravou-se com a deteção do nemátode da madeira do pinheiro

(NMP), Bursaphelenchus xylophilus, em 1999, que afetou de forma severa os povoamentos desta espécie,

provocando graves danos económicos e ambientais, razão pela qual é considerado como um dos mais

graves problemas fitossanitários a nível europeu e mundial.

Em 2009 foi reportada em Portugal, pela primeira vez, a doença do cancro-resinoso-do-pinheiro (CRP),

causada pelo fungo de quarentena Fusarium circinatum (Bragança et. al., 2008). Esta doença que tem

provocado prejuízos acentuados com a destruição de milhares de plantas de viveiro (inclusive P. pinaster),

já foi detetada em floresta (em povoamentos de P. radiata localizados nas regiões Norte e Centro). Muito

recentemente foi reportado em Portugal outra doença do pinheiro, causada pelo fungo de quarentena,

Lecanosticta acicola (Mellet et, al., 2017). Esta doença pode vir a ter grande impacto em pinhal,

principalmente se sujeito a stresses vários, como o causado por fogo.

Bastio Fustadio Alto fuste

desfolhadores sub-corticais

xilófagos perfuradores

de rebentos

insectos das pinhas

Decrépito Nascedio/Novedio

Nascedio/Novedio Bastio Fustadio Alto fuste Pov. decrépito

R. inflata

H. annosum

L. seditiosum

S. sapinea

B. cinerea

D. septospora

Armillaria spp

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Em situações de incêndios florestais em pinhal, a atração provocada pela libertação de compostos voláteis

extremamente atrativos para insetos pode levar ao súbito aumento populacional de vários insetos como

Ips sexdentatus, Tomicus spp. e espécies do género Monochamus (Fernández, 2006; Santolamazza-

Carbone et. al., 2011; Costello et. al., 2011; Boulanger et. al., 2013; Breton et. al., 2013) que por sua vez

podem ser vetores de vários outros agentes bióticos nocivos para as árvores parcialmente queimadas e

povoamentos florestais envolventes, tais como fungos, nematodes e bactérias.

Na floresta encontram-se diversos exemplos de insetos que estabelecem este tipo de relação com outros

organismos e asseguram o transporte de fungos simbióticos no seu exosqueleto. Estes fungos contribuem

para o enfraquecimento das árvores, decompõem a madeira, facilitam a construção de galerias e servem

de alimento aos insetos adultos e larvas (revisto em Naves et. al., 2005). Em Portugal, um exemplo bem

estudado é o da interação entre o inseto Platypus cylindrus e diversas espécies de fungos patogénicos

associadas ao declínio dos montados (Inácio et. al., 2011). Outro exemplo muito estudado em Portugal é

o da interação entre Monochamus galloprovincialis, longicórnio do pinheiro, e o nemátode da madeira

do pinheiro, no estabelecimento e disseminação da doença da murchidão do pinheiro (DMP) (Sousa et

al., 2001). No caso de insetos de espécies do género Monochamus estes têm também sido descritos como

vetores de transmissão de outras espécies do género Bursaphelenchus (Sousa et. al., 2002) e de bactérias

fitopatogénicas que aceleram o enfraquecimento das árvores (Vicente et. al., 2013; Alves et. al., 2016; Hu

et. al., 2017). Para além das espécies de Monochamus, existem outros géneros de insetos que são

responsáveis pela transmissão de nemátodes do género Bursaphelenchus e de outros géneros a árvores

sãs e/ou enfraquecidas (Kulinich and Orlinskii, 1998; Sousa et al., 2003; Robertson et al., 2008; Giblins-

Davis et. al., 2013; Mejri et .al., 2016).

Nas matas do Litoral já há alguns anos que tinham sido detetadas duas situações que requeriam especial

atenção:

A existência de ataques contínuos e intensos de processionária do pinheiro (Thaumetopoea

pityocampa) que na região apresenta duas populações (a de inverno e a de verão)

A ocorrência de ataques de insetos sub-corticais da família Scolytidae, particularmente a Hilésina

(Tomicus piniperda vs. T. destruens). Outras espécies de escolitídeos também foram detetadas

ainda que em menor grau como é o caso do bóstrico grande (Ips sexdentatus) e do bóstrico

pequeno do pinheiro (Orthotomicus erosus), geralmente nas áreas afetadas por antigos fogos

florestais e nas suas bordaduras.

Em relação à processionária do pinheiro, a ocorrência de ataques intensos e repetidos ao longo de vários

anos parece ter estado a afetar o estado sanitário geral dos povoamentos, predispondo as árvores mais

velhas ao ataque de outras pragas e doenças e sendo ela própria um fator de mortalidade das árvores

mais jovens.

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Os ataques de escolitídeos surgiam normalmente associados a árvores debilitadas por outros fatores

como a processionária do pinheiro e os incêndios florestais, pelo que a sua presença no pinhal de Leiria

era evidente devido à grande disponibilidade de hospedeiros, o que originou nalguns casos a morte de

árvores aparentemente saudáveis.

4. Objetivos gerais do plano estratégico

1. Identificar os agentes bióticos que podem, a curto prazo, contribuir para o agravamento da

redução do vigor da floresta

2. Travar a dispersão dos agentes nocivos e manter as suas populações a níveis reduzidos através

da implementação de meios de controlo

3. Estabelecer um plano de prevenção e de monitorização dos agentes bióticos nocivos, a curto e

médio prazo, quer para as árvores sobreviventes quer para as novas árvores (provenientes de

regeneração natural ou que venham a ser instaladas na região através de plantações ou

sementeiras)

5. Estrutura geral do plano estratégico

No âmbito dos agentes bióticos Pragas (Insetos) e Doenças (Fungos e Nemátodes) as ações a serem

preconizadas deverão ter em atenção, a dinâmica temporal pós-fogo, nos seguintes aspetos (Figura 6):

I - Ações de curto prazo (1º e 2º ano após o fogo)

Estas ações visam essencialmente o conhecimento da situação atual na área ardida nas árvores

queimadas ainda vivas (árvores parcialmente afetadas pelo fogo) e nas árvores verdes da envolvente para

o estabelecimento de medidas concretas a serem apresentadas no plano estratégico

II - Ações de médio prazo (3º e 4º ano após o fogo)

Estas ações visam essencialmente a aplicação de medidas na regeneração natural, nas árvores queimadas

vivas existentes na área ardida e nas árvores não sujeitas ao fogo da área envolvente.

III - Ações de longo prazo (5º ao 10º ano após o fogo)

Estas ações visam essencialmente a aplicação de medidas na área ardida rearborizada e na área

envolvente

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Figura 6. Esquema operacional das intervenções a efetuar na região. Ações de curto prazo (1ºe 2º ano após o fogo); Ações de médio prazo (3º e 4º ano após o fogo); Ações de longo prazo (5º ao 10º ano após o fogo)

6. Ações a serem desenvolvidas

6.1 A curto prazo (1º e 2º ano após o fogo)

I - Recolha de toda a informação sobre as medidas que já estão em curso nas áreas ardidas (p. ex. dados

sobre o tipo de árvores que estão a ser cortadas, o que se faz aos cepos, como está a ser feita a remoção

e qual o destino dos sobrantes). - Depende sobretudo do trabalho a efetuar na Tarefa 2.2 (Normas para

a condução de povoamentos ardidos) e na Tarefa 1.3 (Avaliação da severidade do fogo) do PRML.

Esta informação torna-se crucial para quem estabelecer o plano de prevenção contra pragas e doenças.

ÁREA ARDIDA – árvores mortas

ÁREA ARDIDA – árvores enfraquecidas

ÁREA ENVOLVENTE

Ações de curto prazo

PragasDoenças

FungosNematodes

Ações de médio prazo

ÁREA ARDIDA – árvores mortas

ÁREA ARDIDA – árvores enfraquecidas

ÁREA ENVOLVENTE

PragasDoenças

FungosNematodes

Ações de longo prazo

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Assim, os dados existentes sugerem que a forma mais indicada para reduzir o perigo de um futuro surto

de pragas, é proceder a curto-prazo à remoção não só das árvores mortas, mas também das árvores vivas

que foram severamente afetadas pelo fogo e que já apresentam sinais da presença de agentes bióticos

(Tabela 2).

Tabela 2. Sintomas/Sinais da presença de pragas e doenças

Parte da árvore Sintomas/Sinais

Na Copa

Agulhas amarelas ou castanhas

Desfolhas parciais ou completas da copa

Agulhas roídas

Seca de ramos ou raminhos

Presença de abrigos de proteção (p. ex.: ninhos)

Na parte exterior do tronco/ramos

Presença de serrim

Presença de escorrimento de resina

Presença de nódulos de resina

Zonas necrosadas na casca

Fissuras, fendilhamento ou desprendimento da casca

Orifícios na casca

Na parte interior do tronco/ramos

Presença de galerias no lenho ou na zona sub-cortical

Manchas azuladas na madeira

Presença de insetos

Presença de micélio, de frutificações (p. ex.: carpóforos na árvore ou no solo, cirros de esporos ou pontuações no órgão atacado) ou de estruturas de resistência (p. ex.: rizomorfos ou esclerotos)

Orifícios na madeira

O corte de árvores severamente queimadas mas ainda vivas deverá ser acompanhado da

destruição/remoção dos sobrantes. Esta tarefa deverá estar coordenada com as indicações referentes ao

corte de árvores no âmbito da prevenção da dispersão do NMP e do seu inseto vetor.

A permanência de madeira cortada com casca nas áreas ardidas é um foco de dispersão de insetos nocivos

para áreas de resinosas não atingidas pelo fogo, por fornecerem o substrato para o aumento das suas

populações. Assim, a intervenção atempada nas áreas ardidas é vital, não só para evitar a desvalorização

da madeira como também para salvaguardar o património florestal remanescente.

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Também é necessário ter em atenção o que está a se pensado em relação aos cepos das árvores cortadas

já que podem ser um repositório de Hylobius abietis e de fungos patogénicos. Assim, o corte deverá ser

feito de forma a deixar a menor toiça possível de forma a reduzir as possibilidades de colonização de

insetos.

II - Identificação rigorosa da ocorrência de pragas e doenças responsáveis pela mortalidade e/ou

enfraquecimento dos pinheiros bravos e avaliação da extensão dos ataques. Depende sobretudo do

trabalho a efetuar na Tarefa 1.3 (Avaliação da severidade do fogo) do PRML.

Terá de ser dada especial atenção à monitorização no local das populações dos agentes bióticos nas zonas

recentemente afetadas por incêndios florestais (árvores queimadas ainda vivas e árvores verdes da

envolvente). A monitorização intensa do estado de vitalidade e fitossanitário das árvores restantes irá

permitir detetar precocemente os primeiros sintomas/sinais associados à presença dos insetos. Esta

monitorização deverá ser alargada à presença de fungos, nemátodes e bactérias.

Esta avaliação pode ser efetuada inicialmente por uma avaliação aérea da área ou por uma observação

no terreno de sintomas/sinais provocados pelos agentes bióticos (Tabela xxxx), sua georreferenciação,

seguida por uma identificação do agente biótico em causa.

A identificação dos agentes (insetos, fungos, nemátodes e bactérias) deverá ser confirmada através da

recolha de amostras de madeira de várias partes da árvore e posterior análise laboratorial

(morfológica/molecular).

Com o diagnóstico da situação deve ser efetuada uma cartografia da incidência/ presença das árvores

afetadas e uma quantificação da intensidade dos danos. (Figura 7). Esta cartografia deverá ter como base

a informação recolhida e produzida no âmbito da Tarefa 1.3 “Avaliação da severidade do fogo”,

nomeadamente a cartografia das áreas ardidas e do grau de severidade dos incêndios.

Toda a estratégia de proteção dos povoamentos de pinheiro bravo será desenvolvida em função dos

resultados desta inventariação.

Figura 7. Classificação da intensidade de ataque num povoamento de um agente biótico (POSF, 2017)

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6.2 A médio prazo (3º e 4º ano após fogo)

III - Identificação das áreas de risco e de intervenção prioritária

O cruzamento da informação obtida nos pontos anteriores com a informação das espécies florestais

presentes nas áreas ardidas e não ardidas, permitirá a delimitação e cartografia das áreas com maior risco

de ataque de pragas/doenças.

i) Zonas onde o fogo foi de superfície mantendo-se as árvores vivas, mas que devido ao stresse

poderão vir a desenvolver ataques por escolitídeos e perfuradores nos próximos anos

ii) Zonas com ataques notórios de pragas ou doenças

iii) Zonas de pinhal verde na continuidade da área ardida

iiii) Zonas de interesse turístico ou de lazer.

Nestas zonas dever-se-ão instalar armadilhas diversas para a monitorização das espécies-alvo de insetos

e efetuar uma observação periódica de sintomas sinais da presença nas árvores de pragas e de doenças.

Isto permitirá obter dados acerca do ciclo biológico dos principais agentes nocivos e determinar a sua

progressão espácio-temporal e modo de dispersão na região.

Existem também vários tipos de armadilhas (armadilha de interceção com silhueta Colossus, armadilha

multi-funil de Lindgren e armadilha slit) para capturas de escolitídeos e insetos xilófagos. Também os

atrativos a escolher variam com as espécies-alvo a capturar, embora substâncias generalistas como etanol

absoluto, terpentina e -pineno sejam muito eficientes na captura da maioria dos insetos xilófagos e sub-

corticais associados ao pinheiro bravo (Figura 8).

Figura 8. Algumas armadilhas de atração/atrativos para captura de escolitídeose cerambicídeos. , armadilha multi-funil de Lindgren e armadilha slit.

• Compostos atrativos específicos

• Etanol

• Alfa-pineno

Armadilha de toros

Armadilha de LindgrenEscolitídeos (Bóstrico grande) e Cerambicídeos (vector do NMP)

Escolitídeos (bóstrico pequeno)

• Compostos atrativos específicos

• Alfa-pineno

• Etanol

Escolitídeos (Hilésinas), Curculionídeos e Cerambicídeos

• Madeira resultante do abate de 1 árvore

• Toros de 1,5 metros

Armadilha tipo Slit

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IV - Efetuar a delimitação de uma área de bordadura da área ardida (30 metros) – Depende sobretudo do

trabalho a efetuar na Tarefa 1.3 (Avaliação da severidade do fogo).do PRML.

Dever-se-á identificar a contiguidade com pinhal verde das áreas ardidas e o estabelecimento de

bordaduras com 30 metros de largura na continuidade de pinhal bravo que permaneça vivo. Deste modo

podem ser estabelecidas medidas de proteção do pinhal através da retenção dos agentes bióticos para

novas áreas (Figura 9)

V - Definir um plano de monitorização e proteção que abranja a regeneração natural na área ardida, as

zonas de risco e de intervenção prioritária e as bordaduras. Deverá estar em sintonia com as estratégias

desenvolvidas na Tarefa 1.2 (Estabelecimento de programa e rede de parcelas) e na Tarefa 3.3

(Monitorização do impacte de incêndios e recuperação de habitats terrestres).do PRML

Figura 9. Delimitação de uma área de bordadura (30 metros de largura) onde existam manchas contínuas de pinhal não ardido

Nas áreas com árvores parcialmente queimadas e nas bordaduras dos fogos o problema fundamental será

o risco de existirem infestações no pós-fogo. Esta monitorização deve ser feita de duas maneiras:

I Avaliação da mortalidade das árvores ao longo do tempo (3 anos) e registo do ataque de insetos (M.

galloprovincialis, escolitídeos, processionária,..), de fungos, nemátodes e bactérias.

II - Instalação de árvores armadilhas ou de armadilhas de toros e de armadilhas iscadas com atrativos para

escolitídeos, buprestídeos e cerambicídeos.

A utilização de árvores armadilha é um método expedito para inventariar as espécies de insetos xilófagos

presentes nas áreas afetadas, permitindo uma estimativa grosseira da sua densidade populacional.

Área ardida

Área Pbenvolvente

Área Pbenvolvente

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O método para se criarem árvores-armadilha consiste no abate de árvores sãs no interior dos

povoamentos ou manter as árvores em pé com incisões anelares ao nível da base, as quais vão provocar

a atração (através da libertação de compostos voláteis da madeira) dos escolitídeos na altura do período

de voo. O número de árvores armadilha a colocar deverá ser função da área da parcela/talhão. Como

valor indicativo sugere-se a utilização de 2-4 árvores/ha (Chararas, 1962). Após um mês no campo, as

árvores serão abatidas toradas e transportadas para laboratório, antes dos insetos concluírem o seu ciclo

de vida. As árvores serão descascadas e os insetos recolhidos deverão ser triados e identificados ao nível

específico.

Para a instalação de armadilhas de toros procede-se ao corte de árvores e todo o tronco da árvore deverá

ser cortado em toros com cerca de 1,30 cm. As armadilhas devem ser renovadas mensalmente e da

madeira antiga deverão ser recolhidas 3 amostras que deverão ser acondicionadas em recipientes

confinados para permitir o desenvolvimento controlado dos insetos que colonizaram a madeira e sua

posterior identificação:

Uma secção com 50 cm de um dos toros mais finos;

Outra secção igual de um dos toros com dimensões intermédias;

Uma última secção de meio metro de um dos toros da base da árvore.

A colocação dentro do povoamento de armadilhas específicas iscadas com atrativos ou feromonas, deve

ser escolhida e definida consoante as espécies que se pretende monitorizar. Qualquer trabalho desta

natureza deve ser efetuado apenas durante o período de voo dos insetos (Tabela 3)

Tabela 3. Época do ano em que o inseto pode ser monitorizado através de operações de armadilhagem para captura de adultos (adaptado de Cabral, 1995).

Pragas J F M A M J J A S O N D Operações que ocorrem

Thaumetopoea pytiocampa Feromona sexual

Ips sexdentatus Feromona/atractivo

Orthotomicus erosus Feromona/atractivo

Tomicus destruens Feromona/atractivo

T. piniperda Feromona/atractivo

Pityogenes spp. Feromona/atractivo

Pissodes castaneus Feromona/atractivo

Hylobius abietis Armadilha de sucção

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VI - Implementação de meios de controlo para travar a expansão de pragas e doenças

A progressão das populações dos agentes bióticos pode ser minimizada através da implementação de

medidas preventivas após o fogo para salvaguardar o património florestal restante.

No entanto a tomada de decisão mais acertada vai depender dos métodos de controlo disponíveis, da

relação benefícios/custos e da altura em que estes métodos devem ser aplicados (Figura 10).

Os meios de luta passíveis de serem utilizados, de um modo geral, são escassos. Em Portugal, a situação

agrava-se um pouco mais, já que muitos dos produtos usados internacionalmente carecem, no nosso país,

de homologação.

Figura 10. Fatores a serem considerados no processo de tomada de decisão

Avaliação dos métodos de controlo disponíveis

Vários métodos de controlo

(luta biológica, luta biotécnica , luta genética, luta química, luta cultural)

Reduzidas hipóteses de escolha

(essencialmente a luta cultural)

Avaliação das relações benefícios / custos

Selecção do método de controlo mais adequado

Avaliação da melhor(es) época(s) para intervir

Aplicação do método de controlo mais conveniente

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Os métodos de controlo de pragas podem ser aplicados diretamente sobre os agentes ou indiretamente

no hospedeiro, intervenções que visam melhorar o seu estado de desenvolvimento e de vigor da planta

e, consequentemente, a sua resistência a pragas e doenças. Estes métodos podem ser agrupados em seis

categorias: 1) mecânicos – remoção e destruição do material vegetal, onde o agente se encontra, ou

destruição e morte do agente nas diferentes fases do ciclo de vida; 2) culturais - intervenções silvícolas

realizadas no sentido de melhorar o vigor e vitalidade das árvores, incluindo os aspetos de ordenamento

da floresta e estrutura dos povoamentos; 3) biotécnicos – métodos, geralmente muito eficazes, com

custos baixos e sem impactes ambientais, que condicionam e manipulam o comportamento do agente ou

as interações com os hospedeiros (hormonas de crescimento, precocenas, feromonas, cairomonas,

substâncias esterilizantes, inibidores de crescimento), para a criação de distúrbios comportamentais; 4)

químicos – aplicação de fitofármacos diretamente na superfície do hospedeiro ou no seu interior que

variam relativamente aos grupos químicos e modo de atuação (ingestão, contacto, fumigação); 5)

biológicos – introdução de organismos vivos com capacidade de controlar agentes patogénicos que

podem ser parasitoides (insetos), doenças (fungos, nemátodes, vírus, bactérias) ou predadores (insetos,

aves, mamíferos); e 6) genéticos - aumento da resistência das plantas a ataques de pragas e doenças ou

a fatores adversos de origem externa, através do melhoramento genético de plantas ou da seleção

criteriosa de proveniência das plantas.

Um programa de controlo direto bem-sucedido requer aplicações imediatas e completas das estratégias

mais apropriadas em magnitude determinada pela densidade populacional doa agentes bióticos

existentes e pela extensão espacial da área infestada (Tabela 4).

O controlo direto é um empreendimento dispendioso e, portanto, as decisões sobre seu uso e

implementação são frequentemente ditadas por preocupações mais práticas, como disponibilidade de

recursos (orçamento, tempo, pessoal e equipamentos), condições de mercado, restrições logísticas (por

exemplo, acessibilidade, tipo de propriedade) e preocupações ambientais.

Os tratamentos aplicados a áreas adjacentes a zonas não tratadas onde ocorrem populações elevadas

provavelmente terão menos sucesso devido à imigração de áreas não tratadas para áreas tratadas (Fettig

& Hilszczanki, 2015).

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Tabela 4. Síntese de alguns métodos que podem ser usados para insetos desfolhadores, xilófagos e sub-corticais. A especificação de cada método depende do agente em causa

Métodos mecânicos Abate de árvores,

Destruição dos sobrantes Estilhaçamento

Descasque

Remoção do material

Menor altura de cepo possível

Métodos culturais Desrama

Desbastes fitossanitários

Métodos Biotécnicos Atrativos com armadilhas específicas

Barreiras com Inibidores (verbenona). Duas bolsas de verbenona

aplicadas a cada pinheiro no final de junho (*)

Métodos químicos Microinjeção

Aplicação de inseticida na madeira cortada em parque

Métodos biológicos Abrigos para morcegos

Casas-ninho para aves insectívoras

Formulações sintéticas de microrganismos entomopatogénicos,

(*) Necessita de autorização prévia da DGAV

Os métodos mecânicos/culturais e químicos utilizados no controlo de pragas devem apenas ocorrer

quando os insetos estão no interior dos hospedeiros (Tabela ppp).Os métodos biotécnicos devem ser

utilizados no período de voo (Tabela 5)

Tabela 5. Época do ano em que o inseto pode ser controlado através de operações culturais (adaptado de Cabral, 1995).

Pragas J F M A M J J A S O N D Operações que ocorrem

Thaumetopoea. pytiocampa Limpeza/desbaste

Ips sexdentatus Desbaste/corte final

Orthotomicus erosus Desrama/desbaste

Tomicus destruens Desbaste

T. piniperda Desbaste

Pityogenes spp. Desrama/desbaste

Pissodes castaneus Plantação/limpeza

Hylobius abietis Plantação/sementeira

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6.3 A longo prazo (5º ao 10º ano após o fogo)

VII- Avaliação da eficácia das medidas preconizadas para o controlo das populações das principais pragas

detetadas

A avaliação da eficácia das medidas preconizadas deve ser delineada para uma avaliação global da

mortalidade ou específica para as estratégias selecionadas. Por exemplo a introdução de novas

populações de morcegos ou de aves insectívoras deve ser acompanhada de um estudo da sua

alimentação. A luta biotécnica por uma quantificação do nº de insetos capturados, a aplicação de

inibidores ou de microinjeções pela avaliação do nº de árvores tratadas que sobreviveram em comparação

com o mesmo nº de árvores que não foram tratadas, etc.

VIII - Avaliar as propostas de rearborização/Regeneração natural e acompanhar do ponto de vista

fitossanitário as novas plantações. Deverá estar em sintonia com as estratégias desenvolvidas no capítulo

6 (Monitorização do impacte de incêndios e recuperação de habitats terrestres), no capítulo 9 (secções

de Modelos de silvicultura para habitats e zonas sensíveis e de Aumento da resistência das matas a fatores

bióticos e abióticos - silvicultura preventiva) do PRML.

Avaliar as propostas de Rearborização e acompanhar do ponto de vista fitossanitário as novas plantações,

nomeadamente no que respeita a:

i) Espécies a usar na rearborização (listagem dos potenciais problemas fitossanitários a monitorizar);

ii) Formas de povoamento – regeneração natural vs. via seminal vs. plantação com plantas de viveiro;

iii) Origem e qualidade do material vegetal (qual a origem das sementes e/ou das plantas? Qual a

qualidade das plantas e que tipo de micorrizas?);

iv) Tipos de povoamento (monocultura vs. intercalação com outras espécies criando zonas de

descontinuidade, por exemplo, com manchas de sobreiros e outros Quercus.

Avaliar a cobertura vegetal com espécies não arbóreas de interesse (pe. camarinhas, Arbutus, Hallimium,

Cistus, Myrica, entre outras …)

Acompanhar as novas plantações e regeneração natural monitorizando a mortalidade e a ocorrência de

pragas com ataques moderados a severos. Deve ser ainda prestada especial atenção às zonas e faixas

ripícolas, de cursos de água que também foram afetadas, dando primazia à restauração desses habitats

com espécies autóctones.

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IX - Estabelecimento de técnicas de monitorização para outras espécies nocivas. Deverá estar em sintonia

com as estratégias desenvolvidas na Tarefa 1.2 (Estabelecimento de programa e rede de parcelas) e na

Tarefa 3.3 (Monitorização do impacte de incêndios e recuperação de habitats terrestres) do PRML.

No processo de rearborização da área envolvente e área ardida rearborizada, será muito importante

efetuar desde cedo a monitorização das espécies nocivas (insetos, fungos, nemátodes, bactérias) nos

novos povoamentos florestais. A monitorização deverá ser feita em colaboração com os gabinetes

técnicos florestais municipais e/ou associações florestais regionais e terá de ser baseada na

pesquisa/prospeção de sintomas visuais de enfraquecimento vegetativo, recolha de amostras para

análises laboratoriais (morfológicas/moleculares) e identificação do agente de declínio. Esta

monitorização e consequente identificação do agente de declínio deverá ser efetuada atempadamente

de forma a se estabelecerem medidas preventivas para salvaguardar o património florestal e prevenir a

disseminação.

Neste âmbito será interessante e importante avaliar a diversidade de fungos entre os locais repovoados

por diferentes processos (regeneração natural / via seminal / via material de viveiro, em termos de fungos

quer fitopatogénicos, quer saprofíticos e até micorrízicos. Será importante realizar planos de prospeção

de fungos fitopatogénicos de quarentena, já presentes em Portugal em espécies de pinheiro como o caso

de F. circinatum e de Lecanosticta acicola (Bragança et al., 2009; Mullet et al., 2018) e outros que não

sendo de quarentena, podem ser relevantes para a sanidade do pinhal, como espécies da família

Botryosphaereaceae e dos géneros Armillaria e/ou Heterobasidion. Ao longo do tempo, nos locais

afectados (área ardida rearborizada e eventualmente área ardida com árvores enfraquecidas) e nos locais

fronteira (área envolvente), deverá ser ainda avaliado o possível contributo de diferentes vetores, na

dispersão de fungos e do NMP. Em termos de ligação às medidas de gestão, também seria importante

avaliar se áreas de pinho intercaladas com outras espécies, por exemplo sobreiros e outros Quercus, são

mais ou menos afetadas por agentes patogénicos, nomeadamente fungos, nemátodes em termos de

diversidade, mas também em termos de incidência. Quer a área ardida, quer a área envolvente devem

ser alvo de uma monitorização contínua, avaliando sempre o binómio ”medida de gestão adotada –

fitossanidade” Relativamente aos recursos florestais que são os cogumelos (macrofungos) comestíveis ou

medicinais, será também importante avaliar a produtividade e diversidade destes recursos silvestres nas

várias áreas intervencionadas (área ardida reflorestada e com que processo / área envolvente), bem como

o surgimento e a incidência pós fogo de espécies venenosas e tóxicas (algumas das quais possam ser não

usuais ou até não autóctones) nestes locais.

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X - Elaboração de um Plano de Proteção Integrada do pinhal no âmbito de uma Silvicultura de Prevenção.

Deverá estar em sintonia com as estratégias desenvolvidas no capítulo 9 (secção de Aumento da

resistência das matas a fatores bióticos e abióticos - silvicultura preventiva) e no capítulo 10 (Sistema de

apoio à gestão das matas do litoral) do PRML.

O Plano de Proteção Integrada pretende estabelecer um conjunto de normas e procedimentos de

exploração florestal do pinheiro bravo na região, no âmbito de uma estratégia de prevenção do ataque

de pragas e doenças definida especificamente para o local.

A manutenção do equilíbrio entre a dinâmica dos povoamentos e a dos agentes (pragas e doenças) que

os colonizam constitui a base destes planos. O principal objetivo destes planos é a regulação das

populações de agentes bióticos a níveis que não obrigam a alterações na gestão dos povoamentos nem

provocam prejuízos significativos na exploração florestal (Figura 11).

Figura 11. Modelo de Gestão Integrada de povoamentos florestais (adaptado de Coulson & Witter, 1984).

A Proteção Integrada é a forma mais racional de gestão das pragas e tem em conta os objetivos da

exploração e os impactes dos agentes bióticos no ecossistema florestal. A aplicação de uma estratégia de

Proteção Integrada envolve a determinação de equações de risco para incidência de pragas e doenças; o

cálculo dos prejuízos inerente a cada organismo nocivo e a escolha das medidas mais adequadas a serem

adotadas em cada situação concreta, para cada agente nocivo e o momento mais adequado para a sua

aplicação.

Ecossistema

Florestal

Dinâmica das

Populações dos

agentes

Tratamentos Modelos

Preditivos

Estratégia de

tratamentos

Integração

Custos/Benefícios

Impacte dos

recursos

Monitorização das pragas e

doenças dos povoamentos

Dinâmica do

povoamento

Gestão

dos

agentes

Gestão dos

povoa-

mentos

Investigação e Desenvolvimento

Modelos

Preditivos

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A introdução dos princípios de Proteção Integrada no sistema florestal de produção está subjacente à

evolução considerável que a Silvicultura patenteou nas últimas décadas, emergindo reforçada a noção de

Silvicultura de Prevenção.

É também neste âmbito que se enquadra o objetivo deste plano, procurando caracterizar o estado

sanitário do pinhal de Leiria e avaliar a interação dos fatores atuantes sobre os povoamentos e os seus

efeitos na evolução do seu estado sanitário.

No final serão definidas regras para a gestão dos povoamentos desde a sua instalação até ao termo de

explorabilidade, num modelo de Silvicultura Preventiva do Pinheiro Bravo contra a incidência de pragas e

doenças o qual estará adaptado à realidade local.

7. Medidas de caráter preventivo para a região

Recomendar literatura e realizar workshops com os técnicos para os integrar mais nas ações

(colocação das armadilhas, abrigos para aves insectívoras, etc.)

Implementar ações de sensibilização do público em geral pra a colocação de armadilhas, casas-

ninho…- ligação com a tarefa 5.2

Identificação das interações pragas/doenças e a gestão dos novos povoamentos (densidade,

operações culturais, áreas basais, ….)

Observatório de pragas e doenças a longo prazo em redes de parcelas de estudo permanentes - em

ligação com as tarefas 1.2 e 3.3. Nestas parcelas, deverá ser feito periodicamente (idealmente

anualmente) e a longo prazo a dinâmica de pragas chaves (e.g. processionária, escolitídeos,

nemátode, …)

Planeamento de estudos experimentais que permitam determinar a relação entre a incidência de

agentes e a forma de repovoamento (natural, plantação/ sementeira; controlo das invasoras - em

ligação com a tarefa 3.3 e 3.1. Questões como as técnicas de preparação do terreno, intensidade e

oportunidade dos desbastes, período mais adequado para o termo de explorabilidade (idade do

povoamento e época do ano para abate), bem como a área a ser explorada anualmente são alguns

dos critérios de prevenção e luta contra os agentes bióticos. Esta apreciação é determinante numa

gestão correta dos povoamentos, pelo que será efetuada de um modo geral em toda a área do pinhal

e em particular nas zonas onde se verificar uma maior mortalidade e/ou densidade de pragas e

doenças, de acordo com os resultados dos pontos anteriores.

Avaliação do efeito da estação, das variáveis climáticas e outros fatores de desequilíbrio no

surgimento e evolução de pragas e doenças

Estudo das interações funcionais entre pragas-doenças-vetores-predadores e ainda formas de

controlo de invasoras (e.g. fogo controlado) – em ligação com a tarefa 3.1

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Colaboração na elaboração de um Plano de Proteção Integrada da Floresta no âmbito de uma

Silvicultura de Prevenção- ligação com a tarefa 4.4

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