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PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ (SC) Urbana e rural, domicílios e setores censitários Paulo Campanario Cecilia Polidoro Mameri Demógrafos Abril de 2015 SÃO JOSÉ Plano Diretor Participativo SÃO JOSÉ Plano Diretor Participativo

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PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ (SC)Urbana e rural, domicílios e setores censitários

Paulo CampanarioCecilia Polidoro MameriDemógrafos

Abril de 2015

SÃO JOSÉPlano Diretor ParticipativoSÃO JOSÉPlano Diretor Participativo

Projeção da população residente do

Município de São José (SC)

(urbana e rural, domicílios e setores censitários)

Paulo Campanario e Cecilia Polidoro Mameri

demógrafos

Associação dos Municípios da Região da Grande Florianópolis

Granfpolis

Abril de 2015

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Índice: 1. Introdução 03 2. Análise e projeção inercial da população 05

2.1. O Método dos Componentes 05 2.2. A fecundidade 11 2.3. A mortalidade 15 2.4. A migração 17 2.5. O comportamento do conjunto das variáveis 21 2.6. População projetada inercialmente 21

3. Municípios da Área Metropolitana de Florianópolis 26 4. Projeção da população urbana e rural 31 5. Projeção dos domicílios urbanos e rurais 32 6. Ajustes populacionais com dados de eletricidade e água 33 7. Projeção populacional dos Setores Censitários e bairros 41

3

1. Introdução

O presente estudo projeta a população residente do Município de São José

segundo zona urbana e rural, número de domicílios e setores censitários.

A projeção da população de São José apresenta-se neste estudo com três

hipóteses diferentes de saldos migratórios e podem ser caracterizadas da

seguinte maneira:

• uma projeção denominada inercial, com saldos migratórios, fecundidade e

mortalidade considerados mais prováveis e que seguem a tendência

própria dos últimos trinta anos (1980-2010), assim como as tendências de

municípios em situação similar no Brasil, principalmente os que fazem

parte de regiões metropolitanas que se desenvolveram antes como as de

Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro etc.;

• uma outra com saldos migratórios mais elevados que a inercial e que se

considera o limite superior possível da população do município e

• uma terceira, feita a partir da inercial, em que se incluem as informações

sobre número de domicílios medidos por ligações de água e de

eletricidade.

As populações do município, segundo zona de residência, entre 1991 e 2010

apresentam-se na tabela que segue assim como a proporção de população

urbana. Hoje São José tem população praticamente toda residindo em zonas

urbanas. O crescimento urbano foi de 1,93% ao ano no período 2000-10 e pode

ser considerado elevado. No Brasil já existem centenas de municípios cujas

populações estão diminuindo. São José é exceção. Como será visto adiante, a

fecundidade no município é extremamente baixa e o único fator explicativo

desse crescimento rápido é o saldo migratório positivo e elevado, como será

mostrado no decorrer do estudo.

4

Zona 1991 2000 2010 r (2000-10) Total 139.493 173.559 209.804 1,91 Urbana 128.375 171.230 207.312 1,93 Rural 11.118 2.329 2.492 0,68

Fonte: Censos de população entre 1991 e 2010, IBGE

O estudo irá do geral ao particular, começando com a projeção do município de

São José como um todo com a utilização do Método dos Componentes, a qual

será realizada com os dados do período 1980-2010, obtendo-se desta forma

uma série de indicadores, principalmente as tendências históricas das três

variáveis demográficas básicas nos últimos 30 anos (fecundidade, mortalidade e

saldos migratórios). Esse procedimento permitirá projetar cada uma delas por

separado e com mais acuidade e precisão que observando simplesmente a

tendência matemática de crescimento (ou de decrescimento) populacional sem

considerar esses componentes. Trata-se de um método analítico.

Uma vez realizada a projeção do Município de São José, se fará a projeção de

sua população urbana e rural, procedimento que utilizará uma função logística.

Os dados básicos utilizados nesse caso serão os dos anos 2000 e 2010.

Foi realizada também a projeção dos municípios da Área Metropolitana de

Florianópolis.

Além do texto explicativo, o trabalho apresenta tabelas e gráficos, assim como

tabelas em planilhas.

O presente texto tem o objetivo específico de esclarecer as técnicas utilizadas

nas projeções e propiciar uma visão sintética e de longo prazo dos principais

resultados. Os dados aqui apresentados vão até 2050 e com anos terminados

em zero e cinco, tabelas simples e ênfase em gráficos. Dados mais específicos

podem ser consultados em planilhas.

5

2. Análise e projeção inercial da população

2.1. O Método dos Componentes

Este estudo começa com o emprego do Método dos Componentes, o qual

permite uma análise mais sofisticada da dinâmica demográfica. Trata-se da

técnica mais recomendada para projeções porque, além analisar cada

componente demográfico em separado (fecundidade, mortalidade e saldos

migratórios), fornece ferramentas para projetar a população estudada. Para a

análise do passado foi utilizado um período de 30 anos, abarcando quatro

censos (1980, 1991, 2000 e 2010), sendo que o de 1991 foi interpolado para

1990, por necessidade técnica do modelo. Esse procedimento de projeção é

trabalhoso, pois utiliza a população por sexo e grupos quinquenais de idades,

esforço que vale a pena, pois com ele se obtém uma série histórica da evolução

das variáveis, o que permite, a posteriori, uma projeção das tendências das

mesmas mais apurada, incluindo aí os saldos migratórios de quase impossível

obtenção por outra via e fundamentais para entender a dinâmica demográfica

em geral e especificamente nos dias de hoje.

Nesse método a análise de dados começa com uma população-base projetada a

partir das três variáveis que determinam as mudanças no crescimento e na

estrutura deste mesmo contingente inicial; no presente caso, a população de

1980. Necessita-se também de informações que permitam fazer hipóteses sobre

o comportamento futuro das três variáveis citadas, a partir de 2010. Essas

hipóteses transformam esse tipo de extrapolação em um método flexível e mais

apurado que a extrapolação matemática e, por esse motivo, para os

demógrafos, trata-se da verdadeira projeção. O gráfico adiante exemplifica parte

das diferenças entre um método matemático de projeção e o Método dos

Componentes. No exemplo, a função polinomial de segundo grau mostrada se

adapta com perfeição à curva evolutiva da população de 1980 até 2010 e foi

utilizada para projetá-la, chegando ao valor de 1.980 habitantes em 2050. Ainda

no exemplo, sabe-se que a fecundidade está em processo de descenso e já em

6

2005-10 ela apresenta valor abaixo de dois filhos por mulher. Sabe-se também

que essa população apresenta saldo migratório constante em termos absolutos,

de tal maneira que, apesar da diminuição da fecundidade, esses saldos

compensaram a diminuição do ritmo de crescimento provocado pela diminuição

da fecundidade, mantendo-o constante e igual a 5% ao ano até 2010. No

entanto, a partir daí o efeito da diminuição da fecundidade começa a sentir-se de

forma mais acentuada por causa da diminuição das gerações de jovens mães

que diminuem em termos absolutos. Nessas condições, o ritmo de crescimento

diminuirá e a população começará a decrescer a partir de 2045, situação

impossível de ser prevista com uma função matemática.

Casos similares ao do exemplo têm aparecido com elevada frequência em

muitos municípios brasileiros, mostrando uma dinâmica demográfica

completamente diferente da existente há apenas 10 ou 20 anos. Como se verá

mais à frente, é o caso de São José, que, já em 1995-00 apresentava uma taxa

de fecundidade de 1,92, menor, portanto que 2 filhos (Tabela 2).

Gráfico ilustrativo de dois tipos de projeção populacional

y = 1,6906x2 + 42,518x + 958,68

1.000

1.100

1.200

1.300

1.400

1.500

1.600

1.700

1.800

1.900

2.000

1980

1985

1990

1995

2000

2005

2010

2015

2020

2025

2030

2035

2040

2045

2050

Ano

Popu

laçã

o

Matemática com polinônio

Método dos Componentes

7

Por outro lado, mesmo em países com tradição de boa qualidade na coleta de

informações estatísticas, há omissões na contagem dos habitantes,

principalmente na de crianças e, dentro desse grupo, na dos menores de um

ano. O IBGE, através de diferentes procedimentos pós-censitários, corrige parte

dos erros mais comuns em cada censo, diminuindo tais omissões. Além disso, o

software Evadan1 coteja os dados de diferentes censos entre 1980 e 2010

através do seguimento de grupos etários de uma mesma geração (coorte) e

com a ajuda de outras técnicas. Uma consequência desse conjunto de

procedimentos é a eliminação de grande parte das omissões: as populações

censitárias são substituídas por populações por sexo e idades geralmente

maiores que as dos censos. Uma outra consequência da aplicação do modelo é

que as taxas de fecundidade e de saldos migratórios entre 1980 e 2010 tornam-

se mais confiáveis, o que propicia a elaboração de hipóteses de comportamento

futuro das variáveis mais realistas e, como consequência, projeções mais

robustas, com maior probabilidade de acerto. Na Tabela 12 pode-se constatar

que, no município de São José, a omissão oscila em torno de 3%, abaixo dos

5% considerados internacionalmente aceitáveis.

1 Este modelo, além de basear-se no Método dos Componentes, relaciona as três variáveis

básicas já citadas e as compatibiliza com os dados de população obtidos por meio dos Censos

Demográficos, num período que vai de 1980 até 2010, datas dos últimos quatro censos. O

modelo coteja esses dados, tornando-os coerentes entre si e com os dados populacionais,

obtidos via censos. Dessa forma, ajustam-se tanto as populações como as taxas de fecundidade

e os saldos migratórios. Estes últimos só podem ser obtidos por diferença entre nascimentos,

mortes e populações por sexo e idades entre diferentes períodos, outro motivo para fazer estudo

de um longo período anterior ao ponto de partida da projeção. Os dados censitários do IBGE não

permitem o cálculo dos saldos por quinquênio; apenas dão uma ideia no tempo desses saldos

através de perguntas referentes ao lugar de nascimento das pessoas, há quanto tempo reside no

município etc.. O modelo é de autoria de Paulo Campanário, um dos responsáveis pelo presente

estudo demográfico.

8

Na posse destas informações ajustadas entre 1980 e 2010, passa-se a fazer

hipóteses sobre o comportamento futuro provável da fecundidade, da

mortalidade e dos fluxos migratórios. Estas hipóteses são elaboradas a partir de

informações do comportamento passado das três variáveis, de tendências

futuras observadas em outras regiões ou países que se encontram em

patamares mais avançados de desenvolvimento e do contexto sócio-econômico

dos municípios estudados. Dito de outra forma, este método é útil igualmente

porque, ao ajustar populações e taxas passadas, permite vislumbrar com maior

precisão as tendências futuras das populações em estudo.

Existem etapas típicas e universais pelas quais passam as populações e que

podem ser caracterizadas com alguma precisão. Esse processo denomina-se

Transição Demográfica. É importante, então, definir em que estágio dessa

transformação encontra-se a população em estudo:

Etapa A. As taxas de mortalidade e de natalidade2 são muito elevadas e

similares, dando como resultado um crescimento populacional

positivo, mas lento, podendo ser negativo ou oscilante em algumas

situações. O Brasil encontrava-se nesta etapa até os anos 40 do

século passado. No gráfico adiante, ilustrativo, as taxas de

natalidade estão um pouco acima de 80 por mil (8%) e a de

mortalidade um pouco abaixo deste patamar. Como resultado, as

taxas de crescimento ficam ligeiramente positivas, próximas a zero.

Note-se que os saldos migratórios são nulos nesta ilustração.

Etapa B. As taxas de mortalidade começam a diminuir sem uma

correspondente mudança nas de natalidade, o que torna o

crescimento populacional muito elevado. O país passou por esta

etapa a partir dos anos 40 do século passado até 1970

2 A taxa de natalidade ou taxa bruta de natalidade é o número de nascimentos para cada mil habitantes. No caso do exemplo, ela é decenal, mas pode ser anual ou qüinqüenal. As taxas de mortalidade se definem de forma similar. A de crescimento é a diferença entre a de natalidade e a de mortalidade.

9

aproximadamente. No gráfico ilustrativo, a taxa de crescimento

chega a um valor máximo superior a 40 por mil.

Etapa C. As taxas de fecundidade começam a diminuir, com a consequente

baixa no crescimento populacional. O Brasil, suas Regiões e

Estados encontram-se nesta etapa C, assim como provavelmente

quase todos seus municípios. Quando, nesta etapa, a taxa de

natalidade for menor que a de mortalidade, o crescimento será

negativo. No gráfico ilustrativo isso acontece em 1990-00 e 2000-

10. O município de São José terá esse comportamento somente a

partir de 2045-50 (Tabela 3). Esse retardo se explica pelos saldos

migratórios elevados deste município que, na prática, funcionam

como nascimentos, adiando o aparecimento de um crescimento

negativo. Se os saldos migratórios fossem nulos a partir de 1980, a

população de São José começaria a decrescer já a partir de 2025-

30.

Com a ajuda das etapas descritas anteriormente e outras informações, numa

terceira fase, projeta-se separadamente a fecundidade, a migração e a

mortalidade por meio, respectivamente, das Taxas de Fecundidade Totais (TFT),

de saldos migratórios absolutos e da Esperança de Vida ao Nascer.

Numa quarta fase as TFT devem ser transformadas em taxas específicas de

fecundidade (por idades das mães), e as Esperanças de Vida ao Nascer em

Relações de Sobrevivência por idades. Finalmente, estas taxas e relações são

aplicadas à população base e vai-se gerando assim a população projetada

pouco a pouco, com intervalos de cinco em cinco anos, terminados em cinco e

zero, correspondendo geralmente com as datas de realização dos Censos

Demográficos, de acordo às convenções e acordos internacionais. Dado o grau

de informação requerida, a projeção realiza-se por gerações de grupos

quinquenais de idades.

No que se refere à fecundidade, aos saldos migratórios e à mortalidade, a

projeção se sustenta na continuidade das tendências observadas no passado e

10

leva em conta as tendências observáveis em outras regiões e/ou municípios

brasileiros ou mesmo de outros países. Devido às suas características, este tipo

de projeção é denominado inercial.

Ilustração das etapas A, B e C da transição demográfica (taxas de mortalidade, natalidade e crescimento, por mil habit.)

Etapa CEtapa BEtapa A

-100

102030405060708090

100110

1870

-80

1880

-90

1890

-00

1900

-10

1910

-20

1920

-30

1930

-40

1940

-50

1950

-60

1960

-70

1970

-80

1980

-90

1990

-00

2000

-10

Período decenal

Taxa

s de

cena

is

NatalidadeMortalidadeCrescimento

11

2.2. A fecundidade

Na Tabela 1 e Gráfico 1 pode-se constatar que a Taxa de Fecundidade Total

(TFT)3 no Brasil diminuiu substancialmente no período 1940-2010. A Região

Norte é a única em 2010 que ainda apresentava a taxa acima de dois filhos, mas

mesmo assim, muito próxima (2,34). Nas duas regiões com as maiores taxas, o

Norte e o Nordeste, a diminuição foi mais acentuada, pelo que se pode afirmar

que está ocorrendo no país uma homogeneização da fecundidade nas diferentes

regiões. Com outras palavras, a diminuição da fecundidade não segue o mesmo

comportamento, pois no Nordeste e Norte a diminuição está sendo mais rápida

que nas outras regiões. De toda forma, esse comportamento corrobora a já

citada Transição Demográfica como tendência.

Com uma fecundidade pouco mais elevada que dois filhos por mulher durante

muitos anos, qualquer população termina por estabilizar-se em termos

absolutos, desde que se considere os saldos migratórios nulos. E uma

fecundidade menor que dois filhos significa que a população começa a

decrescer, aproximadamente 20 anos após a passagem da taxa para valores

menores que este patamar. O Brasil, que em 2005 já possuía uma taxa de dois

filhos e em 2010 de 1,82, poderá, então, já a partir de 2020, começar a

apresentar população decrescente, visto que os saldos migratórios são irrisórios

em termos de taxas no país como um todo, nesse caso, migrantes

internacionais. A Região Sul ostenta a menor taxa do país em 2010: 1,66 filho

por mulher e a Sudeste 1,67.

3 A fecundidade aqui é medida através da Taxa Global de Fecundidade, definida como o número médio de filhos por mulher fértil dos 15 aos 50 anos de idade

12

Tabela 1. Número médio anual de filhos por mulher por ano, segundo Região e Brasil

Brasil e Grandes Regiões jun/40 jun/50 jun/60 jun/70 jun/80 jun/91 jun/95 jun/00 jun/05 jun/10 Brasil 6,20 6,20 6,30 5,80 4,40 2,73 2,49 2,36 2,01 1,82 Norte 7,20 8,00 8,60 8,20 6,40 3,99 3,47 3,15 2,46 2,34 Nordeste 7,20 7,50 7,40 7,50 6,20 3,38 2,90 2,69 2,23 1,92 Sudeste 5,70 5,50 6,30 4,60 3,50 2,28 2,17 2,11 1,83 1,67 Sul 5,70 5,70 5,90 5,40 3,60 2,45 2,28 2,09 1,76 1,66 Centro-Oeste 6,40 6,90 6,70 6,40 4,50 2,60 2,33 2,26 2,01 1,82

Fontes:IBGE/Projeções demográficas preliminares, dados diretos MS/SVS

Gráfico 1. Taxas Globais de Fecundidade segundo Grandes Regiões e Brasil, 1940-2010

1,50

2,50

3,50

4,50

5,50

6,50

7,50

8,50

1940

1944

1948

1952

1956

1960

1964

1968

1972

1976

1980

1984

1988

1992

1996

2000

2004

2008

BrasilNorteNordesteSudesteSulCentro-Oeste

O Modelo aqui utilizado estimou a fecundidade do município de São José por

meio do cotejo entre diferentes gerações obtidas por meio de quatro censos, de

1980 a 2010 e conferiu a partir de 2000 os nascimentos gerados pelo modelo e

os do Registro Civil, considerado de excelente qualidade em Santa Catarina. A

Tabela 2 e o Gráfico 2 mostram que a TGF apresenta tendência à baixa desde

1980, ano do começo do atual estudo. Como já se afirmou acima, quando o

número de filhos por mulher de uma população, em determinado momento,

alcança valores iguais ou menores que dois, isto acarreta que, a partir daí, em

duas décadas aproximadamente tal população começa a decrescer. Ao

13

aproximar-se da fase C da Transição Demográfica em que a fecundidade já se

encontra em patamares muito baixos, a velocidade da queda diminui, pois não

se conhece país ou região com taxas iguais a zero. O município estudado

encontra-se numa situação de diminuição dessa velocidade, pois sua taxa de

fecundidade alcançou o patamar bem abaixo de dois filhos em 2005-10, com 1,5

filho. Supor-se-á então que a mesma continuará a baixar lentamente até o nível

de 1,4 filho por mulher em 2020-25, mantendo-se neste nível a partir daí porque

o ritmo de diminuição é cada vez menor, como se observou acima.

Gráfico 2. São José, 1980-2050: Taxas Globais de Fecundidade

1,44

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

1980

-85

1985

-90

1990

-95

1995

-00

2000

-05

2005

-10

2010

-15

2015

-20

2020

-25

2025

-30

2030

-35

2035

-40

2040

-45

2045

-50

Período

TGF

Pontos em preto: projeção

14

Tabela 2. Taxas Globais de Fecundidade, saldos migratórios e Esperanças de Vida ao Nascer, variáveis estimadas e projetadas inercialmente, 1980-2050 Município de São José Variável / Período 1980-85 1985-90 1990-95 1995-00 2000-05 2005-10 2010-15 2015-20 2020-25 2025-30 2030-35 2035-40 2040-45 2045-50 TGF 2,98 2,56 2,10 1,92 1,61 1,44 1,44 1,42 1,40 1,40 1,40 1,40 1,40 1,40 Saldo migratório 8.343 13.647 9.394 10.435 9.296 10.935 13.953 15.669 15.794 14.325 11.174 6.849 2.911 1.223 Esp. Vida ao Nascer 67,7 69,7 71,6 73,8 75,0 77,6 79,0 79,4 79,5 79,6 79,7 79,8 79,9 79,9

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario)

Tabela 3. Taxas Brutas de Natalidade, Mortalidade, Saldos Migratórios e Crescimento, estimadas e projetadas inercialmente, 1980-2050 (por 1.000 habitantes) Município de São José Taxas / Período 1980-85 1985-90 1990-95 1995-00 2000-05 2005-10 2010-15 2015-20 2020-25 2025-30 2030-35 2035-40 2040-45 2045-50 Natalidade 27,4 24,4 19,6 17,8 15,0 13,3 12,8 11,9 10,9 10,2 9,5 9,0 8,4 7,9 Mortalidade 5,7 5,2 4,7 4,6 4,5 4,5 4,8 5,4 6,1 6,9 7,8 8,7 9,8 10,8 Saldo migratório 16,6 22,3 12,9 12,5 9,9 10,6 12,2 12,5 11,5 10,1 7,5 4,4 1,9 0,8 Crescimento 38,3 41,5 27,8 25,8 20,4 19,4 20,2 18,9 16,3 13,4 9,2 4,7 0,5 -2,2

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario)

Tabela 4. Nascimentos, mortes e saldos migratórios absolutos (quinquenais), estimados e projetados inercialmente, 1980-2050 Município de São José Evento / Período 1980-85 1985-90 1990-95 1995-00 2000-05 2005-10 2010-15 2015-20 2020-25 2025-30 2030-35 2035-40 2040-45 2045-50 Nascimentos 13.759 14.962 14.319 14.846 14.062 13.730 14.586 14.943 15.000 15.022 14.906 14.574 13.837 12.897 Mortes 2.861 3.164 3.452 3.792 4.243 4.660 5.442 6.787 8.439 10.236 12.137 14.166 16.038 17.725 Saldos migratórios 8.343 13.647 9.394 10.435 9.296 10.935 13.953 15.669 15.794 14.988 11.690 7.166 3.046 1.279 Crescimento absoluto 19.242 25.445 20.262 21.489 19.115 20.004 23.096 23.825 22.356 19.774 14.459 7.573 845 -3.550

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario)

15

2.3. A mortalidade

A mortalidade apresenta no Brasil uma diminuição contínua, tendendo a uma

homogeneização em suas diferentes regiões, como no caso da fecundidade.

Sua medida mais refinada, a Esperança4 de Vida ao Nascer (EVN), em cujo

cálculo elimina-se o efeito da estrutura por idades da população, apresenta

aumento contínuo, um comportamento universal também condizente com a

Transição Demográfica.

A Tabela 5 mostra esse processo nas regiões brasileiras e é possível observar

que há uma homogeneização da mortalidade no país e, em termos práticos,

pequenas diferenças no valor da EVN não afetam os valores da projeção

populacional.

O modelo demográfico aqui utilizado não calcula as EVN, como no caso da

fecundidade. Existem, no entanto, estimativas feitas pelo IBGE para o Estado de

Santa Catarina em vários anos, os quais foram interpolados para se obter todos

os quinquênios entre 1980 e 2010 e também para projetar, como se verá

adiante. Aqui se utilizou primeiramente a EVN de Santa Catarina. Introduzida

essa estimativa no modelo, a mortalidade foi ajustada para produzir o mesmo

número de mortes que os do Registro civil. Este procedimento resultou numa

mortalidade menor que a de Santa Catarina, o que se considera normal, pois o

município de São José se encontra ao lado da capital do país, na maior Área

Metropolitana do Estado. A Esperança de Vida ao Nascer chegará a 80 anos em

2050, nível similar ao de países desenvolvidos na atualidade ou 79,80 no

período 2045-50 (Tabela 2). Note-se que São José encontra-se ao lado da

capital do Estado e no centro da mais populosa Região Metropolitana de Santa

Catarina, o que reforça a hipótese adotada..

Na projeção adotou-se um crescimento sustentado na EVN, mas com tendência

a certa desaceleração conforme avança o tempo porque as causas endógenas

de morte têm e terão um peso cada vez maior na mortalidade e muitas delas são

praticamente impossíveis de serem debeladas, além de sua diminuição exigir 4 Também denominada Expectativa de Vida ao Nascer

16

elevados investimentos em saúde, incompatíveis com o desenvolvimento atual

do país. Os valores intermediários foram interpolados (Gráfico 3, Tabela 2).

Para a execução do modelo são necessárias as probabilidades de sobrevivência

por idades. Foram obtidas através do Modelo Latino das Nações Unidas, o mais

apropriado em casos de ausência de dados mais precisos. Note-se que

diferenças de alguns anos na Esperança de Vida ao Nascer têm muito pouco

efeito na projeção da população, principalmente quando alcançam valores

elevados.

Tabela 5. Esperanças de Vida ao Nascer em 1980 e 2010 por regiões do país

Região e UF 1980 2010

Região Nordeste 58,25 71,2 Região Norte 60,75 70,76 Região Sudeste 64,82 75,4 Região Sul 66,01 75,84 Região Centro-Oeste 62,85 73,64 Brasil 62,52 73,76

Fonte: IBGE

Gráfico 3. São José, 1980-2050: Esperanças de Vida ao Nascer

65,0

67,5

70,0

72,5

75,0

77,5

80,0

1980

-85

1985

-90

1990

-95

1995

-00

2000

-05

2005

-10

2010

-15

2015

-20

2020

-25

2025

-30

2030

-35

2035

-40

2040

-45

2045

-50

Período

EV

N

Pontos em preto: projeção

17

2.4. A migração

Pode-se afirmar que existe uma tendência à diminuição dos saldos migratórios

tanto aqui como em outros países ou lugares, excetuando situações especiais

como guerras, catástrofes naturais etc. O fator mais importante explicativo desse

arrefecimento aqui é que o Brasil passou de país agrícola e rural a

industrializado e urbano em menos de 50 anos e os fluxos migratórios rural-

urbanos que explicaram o inchaço das grandes metrópoles e muitas capitais

brasileiras nos anos 50, 60 e 70 diminuíram substancialmente, deixaram de

existir ou mesmo se inverteram em muitos casos. Outro fator que faz com que

tais fluxos diminuam no longo prazo é a dispersão de fábricas e serviços para

municípios de porte médio, menores que as regiões metropolitanas, municípios

apresentando infraestrutura menos custosa e salários mais baixos, legislação

menos rígida para poluição etc. Pode-se citar ainda o aumento na eficácia do

transporte de pessoas e mercadorias, que permite uma dispersão maior das

indústrias por todo o território sem perda da eficiência produtiva. Finalmente,

houve uma diminuição generalizada da fecundidade, inclusive nas áreas rurais,

diminuindo a pressão por empregos e diminuindo consequentemente os saldos

migratórios. Por estes motivos, salvo casos específicos, a projeção dos saldos

migratórios deve assumir a forma de uma curva decrescente, tendendo a zero,

no caso de ser positiva e ascendente, tendendo também a zero, no caso de ser

negativa. O gráfico adiante ilustra o afirmado.

Os saldos migratórios absolutos só podem ser medidos indiretamente, pois no

país não há registros confiáveis e universais de mudança de residência fixa das

pessoas e as informações fornecidas pelos censos através de diferentes

perguntas específicas sobre migrações são insuficientes para calcular saldos de

forma precisa. No caso desse trabalho foram estimadas pela aplicação do

Modelo Evadan, depois de introduzidas as populações nos anos 1980, 1990,

2000 e 2010, as relações de sobrevivência derivadas das EVN dos períodos

quinquenais compreendidos entre estes anos e as taxas específicas de

fecundidade associadas às TGF dos mesmos períodos, já comentadas e

estimadas pelo modelo adotado.

18

Gráfico ilustrativo de saldos migratórios típicos

-6.000

-5.000

-4.000

-3.000

-2.000

-1.000

-

1.000

2.000

3.000

4.000

1980

-85

1985

-90

1990

-95

1995

-00

2000

-05

2005

-10

2010

-15

2015

-20

2020

-25

2025

-30

2030

-35

2035

-40

2040

-45

2045

-50

Períodos

Sald

os m

igra

tório

s

positivo em aumento negativo em diminuição

positivo em diminuição negativo em aumento

No Município de São José, de 1980 até 2010, pode-se constatar na Tabela 4 e

Gráfico 4 que os saldos absolutos sempre foram positivos e oscilantes, em torno

de 10 mil por quinquênio, sendo que em 1985-90 alcançou seu máximo, quando

o saldo migratório chegou a quase catorze mil. No período final de observação,

2005-10, o saldo tendeu a aumentar. No período 2005-10 e 2010-15 o modelo

foi confrontado com os nascimentos do registro civil, obtidos até 2014. O saldo

migratório visto no Gráfico 4, na projeção inercial, foi resultado deste confronto,

de maneira que o dado é bastante confiável. Como o salto foi positivo e

consistente, decidiu-se elevá-lo ainda um pouco até 2020-25. A partir daí,

seguindo a tendência comentada acima, os saldos tenderão a diminuir, tendendo

a zero em 2045-50.

Foi feita uma segunda hipótese saldo migratório com uma tendência radical,

chegando a quase 25 mil no pico (2020-25).

19

O gráfico 4 mostra as duas hipóteses, sendo que o saldo mais baixo foi o

adotado na projeção e passa a ser denominado a partir de agora simplesmente

de saldo migratório inercial.

Gráfico 4. São José, 1980-2050: duas hipóteses de saldos migratórios

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.00019

80-8

5

1985

-90

1990

-95

1995

-00

2000

-05

2005

-10

2010

-15

2015

-20

2020

-25

2025

-30

2030

-35

2035

-40

2040

-45

2045

-50

Período

Sal

do

mig

rató

rio

Saldos migr. inerciais

Saldos migr. elevados

Pontos em preto: projeção

Gráfico 5. São José, 1980-2050: nascimentos, saldos migratórios e mortes, ajustados e projetados

-5.000

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

1980

-85

1985

-90

1990

-95

1995

-00

2000

-05

2005

-10

2010

-15

2015

-20

2020

-25

2025

-30

2030

-35

2035

-40

2040

-45

2045

-50

Período

Valo

res

abso

luto

s

Saldo s migrató rio sN ascimento sM o rtesC rescimento abso luto

Pontos em preto: projeção

20

Gráfico 6. São José, 1980-2050: taxas brutas de natalidade, mortallidade, saldos migratórios e crescimento, ajustadas e

projetadas (por mil habitantes)

-505

1015202530354045

1980

-85

1985

-90

1990

-95

1995

-00

2000

-05

2005

-10

2010

-15

2015

-20

2020

-25

2025

-30

2030

-35

2035

-40

2040

-45

2045

-50

Período

Taxa

NatalidadeMortalidadeSaldo migratórioCrescimento

Pontos em preto: projeção

21

2.5. O comportamento do conjunto das variáveis

A Tabela 4 e o Gráfico 5 mostram o resultado final das variáveis em números

absolutos depois de aplicadas as taxas de fecundidade por idades, as relações

de sobrevivência e calculados os saldos migratórios no modelo demográfico

entre 1980 e 2010.

Apesar da já comentada diminuição da fecundidade, ocorrida no período

estudado, o número de nascimentos se manteve constante e em torno de 14 mil

por quinquênio. A explicação está na estrutura por idades, ainda relativamente

jovem e nos grandes fluxos de migrantes de ambos os sexos, geralmente jovens

e que acabam por ter filhos no município. Como resultado das hipóteses feitas,

este número aumentará até 2025-30, chegando a pouco menos que 13 mil em

2045-50.

O número de mortes aumenta sistematicamente no período estudado, passando

de 2,8 mil em 1980-85 a 4,7 mil em 2005-10 e continua a aumentar, chegando a

quase 18 mil no quinquênio 2045-50. Já em 2040-45 o número de mortes

ultrapassará o número de nascimentos.

O Gráfico 6 e a Tabela 3 mostram as variáveis básicas em termos relativos, ou

seja, com as taxas de natalidade, mortalidade, saldos migratórios e crescimento

calculadas por mil habitantes, já comentadas anteriormente.

2.6. População projetada inercialmente

O resultado da aplicação das hipóteses da projeção justificadas anteriormente é

que a população do município continuará a crescer até 2045 e só a partir daí

começará a decrescer (Tabelas 6 e 7 e Gráfico 7).

A projeção foi prolongada até 2100 (Gráfico 9, Tabela 11) com a hipótese de que

a partir de 2050 as TGF continuariam constantes e iguais a 1,4 filho por mulher,

a Esperança de Vida ao Nascer se estabilizaria aos 80 anos e os saldos

migratórios se manteriam no nível de 2045-50. Nessa perspectiva de

22

longuíssimo prazo, a população, cujo máximo foi em 2045, com 329 mil

residentes, passaria a decrescer, chegando a 221 mil em 2100. Esse exercício é

apenas para mostrar que, salvo que as tendências detectadas sofram mudanças

radicais, o que é improvável, a população de São José ainda passará por um

longo período de aumento contínuo, começando a decrescer somente a partir de

2045. O crescimento será cada vez menor, aproximando-se de zero antes de

ficar negativo.

Foi realizada também uma projeção alternativa, com saldos migratórios mais

elevados (Tabela 11 e Gráfico 9). A suposição é que os saldos, que podem ser

vistos na Tabela 13 e Gráfico 4, cujo máximo na projeção inercial é de 15.794

em 2025-30 chegará a um máximo de 24.366, no mesmo período, no caso da

projeção com saldo migratório elevado. Dessa forma pode-se ter uma idéia do

valor máximo populacional nos próximos anos. Em 2055 a projeção com saldo

elevado chegaria a seu máximo com 394 mil pessoas, sendo que a inercial

chegaria a 329 mil em 2045, uma diferença de 65 mil habitantes, mostrando que

os saldos migratórios têm muita importância na dinâmica demográfica de São

José.

É importante recordar que o modelo aqui utilizado ajustou as populações

censitárias do município, fato já comentado em “2.1. O Método dos

Componentes”. Como resultado desse ajuste a omissão censitária em 2010 ficou

num patamar considerado baixo, de 2,9% (Tabela 12). No entanto, a partir da

projeção da zona urbana do município e dos censitários, a presente projeção

inercial só será utilizada a partir de 2015, de tal maneira a não interferir nos

valores populacionais dos censos do IBGE, até 2010, definidos como oficiais.

Mudanças radicais nas estruturas populacionais ocorrerão inevitavelmente como

consequência das mudanças nos padrões de fecundidade, mortalidade e

migração. A Tabela 8 e o Gráfico 8 mostram a evolução da distribuição por

idades da população. Em 1980, o grupo 0-14 abarcava 37,3% da população; em

2010, 20,8% e em 2050 12,8%, uma tendência inequívoca de envelhecimento

populacional. Esta situação é favorável em termos de ensino, pois ano a ano o

23

município terá cada vez menos alunos percentualmente à população, podendo a

prefeitura concentrar esforços e investimentos na qualidade da educação sem a

pressão do aumento no número de estudantes. Na mesma sequência dos três

anos-calendário, o grupo de 60 anos e mais passa de 4,9 a 10,8 e a 29,1%. A

população em idade potencialmente ativa, definida como a que se encontra

entre os 15 e os 60 anos, chegava a 57,8% do total em 1980, aumentou até um

patamar de 68,4% em 2010, baixando para 58,1% em 2050. A Tabela 10

mostra sinteticamente este envelhecimento através da idade média da

população, que passa de 24,3 anos em 1980 a 33,4 em 2010, chegando a 45,0

em 2050. Atualmente essa estrutura demográfica é altamente favorável ao

município. Primeiramente, como se comentou acima, a porcentagem de jovens

diminui ano a ano, o que favorece os investimentos para aumentar a qualidade

do ensino, por exemplo, mas a população ainda não está diminuindo, fenômeno

que acarreta uma série de problemas como a falta de incentivo para

investimentos em moradias. A porcentagem de pessoas em idades

potencialmente ativas é a mais elevada possível atualmente, situação que,

economicamente, é favorável, pois o grupo 60 e mais anos ainda é pequeno.

Esse mesmo grupo ainda é relativamente pequeno e tende a aumentar. Esse

grupo é altamente dependente do grupo 15-59 anos. Todo o sistema de pensões

se sustenta por este grupo de pessoas que geralmente trabalham e o sistema de

saúde se encarece notoriamente quando o grupo 60 e mais aumenta. Note-se

que o número absoluto de crianças e adolescentes entre 0 e 15 anos diminui a

partir de 2000, passando de 48 mil a 45 mil em 2010. A partir daí aumenta até

2030, chegando a 48,5 mil, um aumento irrisório para o período. Neste ano

começa a diminuir novamente, chegando a 41 mil em 2050.

24

Gráfico 7. São José, 1980-2050: população por sexo, ajustada e projetada

-25.00050.00075.000

100.000125.000150.000175.000200.000225.000250.000275.000300.000325.000350.000

1980

1985

1990

1995

2000

2005

2010

2015

2020

2025

2030

2035

2040

2045

2050

Ano

Popu

laçã

o

Feminino

Masculino

Ambos sexos

Pontos em preto: projeção

Gráfico 8. São José, 1980-2050: porcentagem de população por grandes grupos etários, ajustada e projetada

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

1980

1985

1990

1995

2000

2005

2010

2015

2020

2025

2030

2035

2040

2045

2050

Ano

Porc

enta

gem

de

popu

laçã

o

60 e + 15-59 0-14

25

Gráfico 9. São José, 1980-2100: população ajustada e projetada segundo duas hipóteses de saldos migratórios

50.00075.000

100.000125.000150.000175.000200.000225.000250.000275.000300.000325.000350.000375.000400.000

1980

1990

2000

2010

2020

2030

2040

2050

2060

2070

2080

2090

2100

Ano

Popu

laçã

o

Hip. com s. migr. inercial

Hip. com s. migr. elevado

Pontos em preto: projeção

Gráfico 10. São José, comparação entre as populações censitária e do modelo por grupos de idades, 2010

0

2.50

0

5.00

0

7.50

0

10.0

00

12.5

00

15.0

00

17.5

00

20.0

00

22.5

00

25.0

00

00-0405-0910-1415-1920-2425-2930-3435-3940-4445-4950-5455-5960-6465-6970-74

75+

Gru

pos

etár

ios

População

Modelo

Censo

26

3. Municípios da Área Metropolitana de Florianópolis

O mesmo Método dos Componentes foi aplicado para projetar a população da

Área Metropolitana de Florianópolis, mas sem o município de São José. A

população de cada município foi calculada com uma função logística aplicada a

2000 e 2010 e ajustada para que a soma dos municípios coincidisse com a total,

projetada com o método dos componentes. Os resultados encontram-se na

Tabela 14 e Gráficos 11 e 12.

A projeção mostra claramente que os quatro municípios formam hoje um

conglomerado de um milhão de pessoas que chegará, em 2045, a um milhão e

meio. Neste momento, começará a decrescer. Uma grande quantidade de

empregos estão em Florianópolis, tanto na ilha como no continente. O fluxo de

trabalhadores que vão trabalhar todos os dias na capital e que moram em

Palhoça, São José e Biguaçu, é elevado e este fato será comentado mais à

frente na projeção dos setores censitários e bairros.

27

Gráfico 11. Projeção de quatro de oito municípios da Grande Florianópolis, 2010-50

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

900.000

2010

2015

2020

2025

2030

2035

2040

2045

2050

Ano

Popu

laçã

o

São José

FlorianópolisPalhoça

Biguaçu

Gráfico 12. Projeção de quatro de oito municípios da Grande Florianópolis, 2010-50

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

2010

2015

2020

2025

2030

2035

2040

2045

2050

Ano

Popu

laçã

o

Sto.Am.Imp.Gov.C.RamosAnt.CarlosÁg.Mornas

28

Tabela 6. Populações feminina, masculina e total, estimadas e projetadas inercialmente, 1980-2050 Município de São José Sexo / Ano 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 Feminino 45.760 55.981 69.155 79.965 91.198 101.794 112.520 124.981 137.862 149.919 160.148 167.480 171.068 171.040 168.750 Masculino 45.555 54.575 66.846 76.297 86.553 95.073 104.351 114.986 125.930 136.228 145.773 152.900 156.885 157.759 156.499 Ambos sexos 91.315 110.556 136.001 156.262 177.751 196.866 216.871 239.967 263.792 286.147 305.921 320.380 327.954 328.799 325.249

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario) Tabela 7. Populações totais por grandes grupos de idade, estimadas e projetadas inercialmente, 1980-2050 Município de São José Idades / Ano 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 0-14 34.024 38.996 45.523 47.325 48.181 46.401 45.155 45.303 46.928 48.644 49.103 48.517 47.009 44.533 41.573 15-59 52.807 65.519 82.486 98.296 116.673 132.666 148.264 163.229 176.020 187.097 197.452 204.177 204.526 198.216 188.998 60 e + 4.483 6.041 7.992 10.642 12.897 17.799 23.451 31.435 40.844 50.406 59.366 67.686 76.418 86.049 94.678 Total 91.315 110.556 136.001 156.262 177.751 196.866 216.871 239.967 263.792 286.147 305.921 320.380 327.954 328.799 325.249

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario) Tabela 8: Porcentagem de população de ambos os sexos, por grandes grupos de idade, estimada e projetada inercialmente, 1980-2050 Município de São José Idades / Ano 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 0-14 37,3 35,3 33,5 30,3 27,1 23,6 20,8 18,9 17,8 17,0 16,1 15,1 14,3 13,5 12,8 15-59 57,8 59,3 60,7 62,9 65,6 67,4 68,4 68,0 66,7 65,4 64,5 63,7 62,4 60,3 58,1 60 e + 4,9 5,5 5,9 6,8 7,3 9,0 10,8 13,1 15,5 17,6 19,4 21,1 23,3 26,2 29,1 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario)

29

Tabela 9. Índice de masculinidade por grandes grupos de idade, estimado e projetado inercialmente, 1980-2050 Município de São José Idades / Ano 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 0-14 102,2 102,8 102,2 103,0 104,0 103,0 102,9 102,4 102,8 102,8 103,3 103,7 103,9 104,0 104,1 15-59 99,2 96,7 95,9 95,1 94,4 94,5 94,4 95,1 95,3 95,8 96,3 96,8 97,5 98,0 98,6 60 e + 99,2 96,7 95,9 95,1 94,4 94,5 94,4 95,1 95,3 95,8 96,3 96,8 97,5 98,0 98,6 Total 99,6 97,5 96,7 95,4 94,9 93,4 92,7 92,0 91,3 90,9 91,0 91,3 91,7 92,2 92,7

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario) Tabela 10. Idade média da população, estimada e projetada inercialmente, 1980-2050 Município de São José Idade média / Ano 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 Idade média 24,3 25,1 26,2 27,9 29,3 31,5 33,4 35,1 36,7 38,1 39,5 40,8 42,2 43,6 45,0

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario) Tabela 11. População estimada e projetada segundo dois tipos de saldos migratórios, 1980-2050 Município de São José Hipótese / ano 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 Hip. com s. migr. inercial 91.315 110.556 136.001 156.262 177.751 196.866 216.871 239.967 263.792 286.147 305.921 320.380 327.954 328.799 325.249 Hip. com s. migr. elevado 91.315 110.556 136.217 156.813 178.528 197.911 218.290 245.366 276.712 308.513 338.415 362.292 379.105 388.669 392.205

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario) (continua) Tabela 11 (continuação): Município de São José Ano 2055 2060 2065 2070 2075 2080 2085 2090 2095 2100 Hip. com s. migr. inercial 319.953 313.012 304.379 294.080 282.388 269.852 257.067 244.486 232.370 220.853 Hip. com s. migr. elevado 394.060 394.239 392.592 389.020 383.658 376.964 369.524 361.868 354.363 347.218

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario)

30

Tabela 12. Omissão censitária estimada em 1980, 1990, 2000 e 2010 Município de São José Ano 1980 1990(*) 2000 2010 Omissão 3,9 1,9 2,3 2,9

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario) Tabela 13. Saldos migratórios inerciais e elevados, estimados e projetados, 1980-2050 Município de São José Hipótese / período 1980-85 1985-90 1990-95 1995-00 2000-05 2005-10 2010-15 2015-20 2020-25 2025-30 2030-35 2035-40 2040-45 2045-50 Saldos migr. inerciais 8.343 13.647 9.394 10.435 9.296 10.935 13.953 15.669 15.794 14.325 11.174 6.849 2.911 1.223 Saldos migr. elevados 8.343 13.647 9.394 10.435 9.296 10.935 18.375 22.987 24.366 23.952 20.024 15.158 10.398 6.956

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario) Tabela 14. População estimada e projetada dos municípios da Área Metropolitana de Florianópolis, 1980-2050 Município 01/jul/00 01/jul/05 01/jul/10 01/jul/15 01/jul/20 01/jul/25 01/jul/30 01/jul/35 01/jul/40 01/jul/45 01/jul/50 2050/2010 São José 173.559 191.400 209.804 239.967 263.792 286.147 305.921 320.380 327.954 328.799 325.249 1,55 Florianópolis 342.315 365.557 421.240 506.815 582.361 652.834 713.151 757.685 784.165 788.006 779.155 1,85 Palhoça 102.742 115.761 137.334 154.800 171.934 185.314 200.798 214.154 222.757 224.637 222.566 1,62 Biguaçu 48.077 52.177 58.206 62.300 66.009 71.141 78.650 85.904 91.119 93.153 93.109 1,60 Sto.Am.Imperatriz 15.708 17.321 19.823 21.800 23.539 25.458 27.942 30.187 31.699 32.161 31.979 1,61 Gov.C.Ramos 11.598 12.205 12.999 13.550 14.380 15.000 16.120 17.400 18.301 19.136 19.525 1,50 Ant.Carlos 6.434 6.864 7.458 7.850 8.310 8.870 9.640 10.402 11.174 11.561 11.668 1,56 Águas Mornas 5.390 5.466 5.548 5.604 5.640 5.671 5.698 5.724 5.756 5.795 5.835 1,05 Total 705.823 766.751 872.412 1.019.149 1.133.977 1.248.293 1.356.331 1.441.027 1.492.823 1.503.235 1.489.087 1,71

Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario)

31

4. Projeção da população urbana e rural Para a projeção das populações urbana e rural do Município de São José foi

seguido o procedimento padrão em demografia: o emprego de uma função

logística que projeta as porcentagens de população urbana no tempo. Aplicadas

à população total projetada anteriormente, fornece a população urbana e por

diferença com a total chega-se à rural.

Foram adotados 2000 e 2010 como os pontos pelos quais deve passar a função.

As percentagens projetadas de São José podem ser vistas na Tabela 15 e no

Gráfico 13.

Gráfico 13. São José, porcentagem de população urbana em 2000 e 2010 e projeção de 2015 a 2050 (projeção: pontos pretos)

95,00

97,50

100,00

2000

2005

2010

2015

2020

2025

2030

2035

2040

2045

2050

Ano

Porc

enta

gem

de

popu

laçã

o ur

bana

Tabela 15. Projeção inercial da população de São José, porcentagens de população urbana e populações urbana e rural, 2000-50 População / Ano 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 Projeção inercial(*) 178.528 197.911 218.290 239.967 263.792 286.147 305.921 320.380 327.954 328.799 325.249

Porcentagens de pop. urbana 98,7 98,7 98,8 98,9 98,9 99,0 99,1 99,1 99,2 99,2 99,3

Projeção inercial adotada (**) 173.559 197.911 209.804 239.967 263.792 286.147 305.921 320.380 327.954 328.799 325.249

Projeção pop. urbana 171.230 195.412 207.312 237.286 261.020 283.321 303.080 317.583 325.263 326.263 322.893

Projeção pop. rural 2.329 2.499 2.492 2.681 2.771 2.827 2.841 2.797 2.691 2.535 2.356 (*): neste caso, as populações de 2000 e 2010 foram ajustadas pelo modelo e são ligeiramente maiores que as censitárias (**): as populações de 2000 e 2010, neste caso, são as censitárias do IBGE Fontes: Censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario)

32

5. Projeção dos domicílios urbanos e rurais

A projeção dos domicílios é importante para estimar o número futuro de ligações

de água, esgoto, eletricidade, de necessidades habitacionais etc., pois estes

serviços se calculam através de “economias” ou domicílios e não de pessoas.

Para projetar os domicílios, necessita-se, além da população projetada, do

número de pessoas por domicílio também projetado.

Existe uma tendência de diminuição do número de pessoas por domicílio, que

tem a ver com as grandes modificações no tipo de família que estão ocorrendo

mundialmente, relacionadas com a diminuição da fecundidade e com fatores

sociais, culturais e inclusive sócio-econômicos. A diminuição da fecundidade, em

si mesma já explica parte da diminuição do número de pessoas por domicílio,

pois ela é sinônimo de diminuição do número de filhos. Mas há também a

tendência de aumento relativo de famílias nucleares, com duas gerações apenas

e sem coabitação com residentes não consanguíneos (dois pais ou somente pai

ou mãe com filho ou filhos), em contraposição ao modelo antigo de família

denominada estendida (pais e filhos convivendo com outros parentes como os

avós e mesmo com não parentes como empregadas domésticas etc.). Há

também a tendência de aumento relativo das pessoas que vivem sós,

geralmente solteiras. Essas “famílias unipessoais” chegam a constituir 30% dos

domicílios em países europeus e Estados Unidos e mais de 50% em cidades

importantes. A Tabela 16 mostra que o número de pessoas por domicílio é bem

menor nesses países mais desenvolvidos. Mas há uma tendência, no

longuíssimo prazo, de se chegar a um patamar mínimo, em torno de 2 pessoas

por domicílio, como ocorre com a Suécia, com o valor de 2,04 em 2007. Não há

nenhum país hoje com cifra menor que esta e o governo da França, por

exemplo, projeta para 2030 um valor entre 2,08 e 2,04.

33

Tabela 16. Número de pessoas por domicílio em países selecionados em torno de 2005

País Hab./domic. Uruguai 2004 3,10 EUA 2005 2,59 Portugal 2006 2,77 França 2005 2,30 R.Unido 2006-07 2,54 Suecia 2007 2,04 Alemanha 2005 2,10 China 2007 3,40 Israel 2005 3,40 Japão 2005 2,55

Fonte: Censos Demográficois do IBGE

No presente caso, optou-se por projetar esta variável considerando que num

futuro remoto se chegará a um valor de 2,5 pessoas, pouco acima do comentado

valor mínimo de 2,0, já que as modificações na estrutura familiar do Brasil

começaram há relativamente pouco tempo se comparadas com a de países

mais desenvolvidos. Em síntese, o que se fez foi projetar com uma curva

logística a tendência do número de pessoas por domicílio a partir de dois pontos

(2000 e 2010) e com um valor futuro remoto de 2,5.(Tabela 17 e Gráfico 14)

Na Tabela 17, a divisão dos valores da população inercial pelo número de

pessoas por domicílio (ocupado) resulta no número de domicílios mostrados na

mesma tabela.

6. Ajustes populacionais com dados de eletricidade e água

As projeções de população estão sempre sujeitas a erros de avaliação. Este

trabalho foi elaborado em 2015 e tivemos à disposição dados de nascimentos do

Registro Civil de 1995 até 2010, data do último censo, e de 2010 a 2014,

justamente o primeiro período quinquenal projetado (2010-15). O ajuste da

população pelo modelo Evadan a partir de 1995 e até 2010 e a projeção entre

2010 e 2015 foi feita considerando-se o número de nascimentos do Registro

34

Civil, avaliado como de boa qualidade em Santa Catarina pelo IBGE. Com outras

palavras, forçou-se uma situação em que o número nascimentos no modelo se

igualasse ou ficasse o mais parecido possível com o número de nascimentos

real, do Registro Civil. O saldo migratório resultante é compatível com esses

nascimentos. Como se pode observar na Tabela 19, os números obtidos são

muito similares, o que torna confiável a projeção dos saldos migratórios no

período 2010-15, aqui denominados inerciais.

Foram tentadas duas outras formas de avaliar o período 2010-15: o número de

ligações elétricas residenciais (2004-2014, com projeção feita para 2015) e o

número de economias de água (2005-2014). Os valores dessas variáveis foram

comparados com o número de domicílios ocupados e os totais, dos censos de

2000 e 2010. Os dados se encontram na Tabela 18 e Gráfico 16.

O número domicílios dos censos demográficos de 2000 e de 2010 pode ser visto

na Tabela 17, projetado até 2050 com a ajuda do número de pessoas por

domicílio ocupado, indicado na mesma tabela.

A definição de domicílio do censo, no entanto, é diferente da definição de ligação

elétrica residencial. Nesta última, estão incluídas as casas ocupadas e as não

ocupadas por residentes, já que o critério é quem tem medidor de eletricidade no

imóvel residencial (linha 4 da Tabela 18). A título de exemplo, em 2010, no meio

do ano haviam 74.762 ligações. Na definição de domicílio do IBGE há a

subdivisão também em domicílios ocupados e não ocupados, mas há uma

diferença substancial entre os dois, pois os domicílios ocupados do IBGE são

definidos como grupo de pessoas que formam uma família independente e numa

só casa podem haver dois ou mais domicílios (os pais morando numa casa e o

filho casado na edícula seria um bom exemplo de uma só casa com dois

domicílios e um só medidor de eletricidade). Há outras diferenças

estatisticamente menos significativas como por exemplo casas em que residem

famílias, mas não têm medidores de consumo de eletricidade. Estas casas são

contabilizadas no censo do IBGE mas não pela companhia de eletricidade e por

isso geralmente o valor dos domicílios totais do IBGE são maiores que os de

35

ligações elétricas (linha 6 da mesma tabela, valor igual a 78.642). Claro está que

os domicílios ocupados do IBGE que, para o mesmo ano totalizam 69.570 (linha

3), é menor que o número de ligações elétricas (ver também Gráfico 16).

Há diferenças também entre as contas de água (economias) e os domicílios do

IBGE. Um prédio, por exemplo, pode ter um medidor, uma economia, e ter vários

apartamentos porque a conta de água é compartilhada. Isso pode explicar que o

número de economias seja menor que o número de domicílios ocupados até

2010 (67.782 e 69.570 respectivamente).

O objetivo aqui não é comparar estes números, pois eles são qualitativamente

diferentes, pelos motivos expostos, mas tentou-se comparar as taxas de

crescimento de cada um desses indicadores na esperança de que fossem úteis.

Observe-se, por outro lado, que a taxa de crescimento da população é sempre

menor que a de domicílios, pois o número de pessoas por domicílio diminui com

o tempo. Por isso não se pode comparar diretamente o crescimento da

população com o dos domicílios.

Mantendo-se a mesma proporção entre o crescimento da população e dos

domicílios no período 2010-15 (1,099 / 1,161, Tabela 18) com respeito às

ligações de eletricidade (x / 1,189) chega-se ao valor 1,13. Este, multiplicado

pela população de 2010 nos dá a de 2015, igual a 245.787 (em amarelo na

Tabela 20). A partir daí se considerou que o crescimento teria a mesma taxa da

população inercial. O resultado é uma população muito mais elevada que a

proposta, em realidade, muito parecida com a realizada com os saldos

migratórios mais elevados (ver Gráfico 17) e por esse motivo foi descartada.

Esse crescimento mais elevado pode ser devido ao aumento na proporção de

imóveis não ocupados, mas que hoje têm medidores de eletricidade por família,

por causa do boom na construção civil dos últimos anos. Deve-se levar em

consideração que a projeção inercial foi ajustada de tal forma a ficar coerente

com o número de nascimentos do Registro Civil, número bastante confiável. A

população gerada com as taxas de crescimento das ligações elétricas, se

36

aplicadas no modelo, gerariam um número de nascimentos muito maior que o

dado pelo Registro Civil e por isso foram descartadas.

A aplicação do mesmo princípio às economias de água deu resultados

incompatíveis com o crescimento de São José, gerando uma população maior

ainda que a gerada pelos saldos elevados. A explicação pode ser devida a um

aumento maior das construções civis que o de população, ou seja, tem

aumentado a proporção de imóveis residenciais não ocupados por causa do

boom da construção civil, fator já comentado acima. Outra possibilidade é uma

diminuição do número de economias coletivas (em prédios, por exemplo). O

aumento da curva das economias se dá principalmente depois de 2010, quando

ela faz uma inflexão, o que não acontece com nenhuma outra (Gráfico 16). Por

este motivo a projeção a partir das economias de água foi descartada também.

Gráfico 14. São José, número de pessoas por domicílio em 2000 e 2010 e projeção (pontos em preto) de 2015 a 2050

2,50

2,70

2,90

3,10

3,30

3,50

3,70

2000

2005

2010

2015

2020

2025

2030

2035

2040

2045

2050

Ano

Pess

oas

por d

omic

ílio

37

Gráfico 15. São José, número de domicílios em 2000 e 2010 e projeção (pontos em preto) de 2015 a 2050

3

20.003

40.003

60.003

80.003

100.003

120.003

140.003

2000

2005

2010

2015

2020

2025

2030

2035

2040

2045

2050

Ano

Pess

oas

por d

omic

ílio

Gráfico 16. São José, diferentes estimativas de domicílios entre 2005 e 2015

55.000

60.000

65.000

70.000

75.000

80.000

85.000

90.000

95.000

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

Ano

Do

mic

ílio

s, li

gaç

ões

etc

.

Domicílios ocupados

Ligações elétricas

Economias de água

Domicílios totais

38

Gráfico 17. São José, comparação entre três projeções de população, 2000-2050

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

2010

2015

2020

2025

2030

2035

2040

2045

2050

Ano

Dom

icíli

os, l

igaç

ões

etc.

Migr. elevada

Inercial total

Ligações elétricas

39

Tabela 17. Projeção do número de pessoas por domicílio, da população inercial e dos domicílios ocupados Município de São José Variável / Ano 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 Pessoas por domicílio 3,58 3,34 3,14 2,97 2,84 2,74 2,67 2,62 2,58 2,56 2,54 População inercial 178.528 197.911 218.290 239.967 263.792 286.147 305.921 320.380 327.954 328.799 325.249 Domicílios ocupados 49.809 59.188 69.570 80.789 92.879 104.342 114.541 122.308 126.964 128.562 128.065

Fontes: Censos de 2000 e 2010 e Modelo Evadan (Paulo Campanario) Tabela 18. Diferentes estimativas de domicílios entre 2000 e 2015 Município de São José

Variável / Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2015/

2010 2010/ 2005

1. Pessoas / domic. 3,58 3,53 3,48 3,44 3,39 3,34 3,30 3,26 3,22 3,18 3,14 3,10 3,07 3,03 3,00 2,97 - - 2. Pop. inercial total 178.528 182.404 186.281 190.158 194.034 197.911 201.987 206.062 210.138 214.214 218.290 222.625 226.960 231.296 235.631 239.967 1,099 1,103 3. Domic. ocupados (*) 49.809 51.616 53.460 55.337 57.247 59.188 61.216 63.271 65.350 67.451 69.570 71.789 74.023 76.270 78.526 80.789 1,161 1,175 4. Ligações elétricas 61.778 63.875 65.892 68.068 70.111 72.581 74.762 76.864 79.983 83.504 86.330 89.500 1,189 1,170 5. Economias de água 57.341 58.954 60.310 62.542 65.099 67.782 71.513 75.159 78.543 82.804 87.800 1,272 1,182 6. Domic. totais (**) 56.086 65.108 67.815 70.522 73.229 75.935 78.642

(*): São os domicílios ocupados na data dos Censos de 2000 e 2010 (valores intermediários interpolados) (**): São os domicílios ocupados e os não ocupados na data dos Censos (valores intermediários interpolados) Fontes: Censos de 2000 e 2010 e dados fornecidos pelas empresas de eletricidade e de água do município Tabela 19. Número de nascimentos quinquenais estimados pelo modelo e fornecidos pelo Registro Civil, 1995-2014 Município de São José Evento / Período 1995-00 2000-05 2005-10 2010-15 Nascimentos modelo 14.846 14.062 13.730 14.586 Nascimentos R. Civil 14.888 14.082 13.681 14.688

Obs.: os dados do Registro Civil de 2014 são provisórios. Fontes: Modelo Evadan (P. Campanario) e Registro Civil

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Tabela 20. Populações projetadas inercialmente, com saldo migratório elevado e por meio das ligações elétricas Município de São José Variável / Ano 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

Inercial total 178.528 197.911 218.290 239.967 263.792 286.147 305.921 320.380 327.954 328.799 325.249

Ligações elétricas 178.528 197.911 218.290 245.787 276.744 307.478 336.699 361.166 378.671 388.855 393.987

Migr. elevada 178.528 197.911 218.290 245.366 276.712 308.513 338.415 362.292 379.105 388.669 392.205 Fontes: Censos do IBGE, Modelo Evadan (P. Campanario) e empresa fornecedora de energia

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7. Projeção populacional dos Setores Censitários e bairros

São José possuía, em 2000, 179 setores censitários. O IBGE os subdividiu,

gerando 288 em 2010. Para fazer a projeção foi necessário compatibilizar os

setores de 2000 com os de 2010 para que se tivesse a população em dois

pontos no tempo e assim poder projetar as tendências. O número de Setores

Censitários adotado aqui é igual ao número oficial de setores do IBGE em

2010.

A Tabela 21 mostra o desmembramento de dois setores censitários. O setor

“421660213000001”, em 2000, foi subdividido em dois em 2010, o

“421660205000001” e o “421660205000002”. O que se fez para compatibilizar os dois

anos foi retroprojetar estes dois setores para 2000, considerando que, se estes

existissem em 2000, suas populações seriam proporcionais às dos dois em

2010. O mesmo critério foi usado para o setor “421660210000010” e para todos os

outros que sofreram desmembramento.

Tabela 21. Exemplo de desmembramento de setor censitário Município de São José

2000 2010

Setor censitário População Domicílios Setor censitário População Domicílios

421660213000001 735 299

Equivalente a 2010 350 156 421660205000001 487 226

Equivalente a 2010 385 143 421660205000002 535 207

Total 735 299 Total 1.022 433

2000 2010

Setor censitário População Domicílios Setor censitário População Domicílios

421660210000010 1.439 415

Equivalente a 2010 738 214 421660210000015 733 259

Equivalente a 2010 372 103 421660210000016 369 124

Equivalente a 2010 329 98 421660210000017 327 119

Total 1.439 415 Total 1.429 502

Depois de elaborada a compatibilização entre os setores censitários de 2000 e

2010, eles foram projetados um a um com uma função logística, utilizando

como base os valores populacionais em 2000 e 2010 que considera somente o

crescimento inercial da população (Tabela 22 e Mapa 1).

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Tabela 22Projeção inercial da População de São José (*)Total, Urbana, Rural, Distritos, Bairros e Setores Censitários2010 - 2050População 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

Total 209.804 239.967 263.791 286.148 305.921 320.380 327.954 328.798 325.249

Urbana 207.312 237.286 261.020 283.321 303.080 317.583 325.263 326.263 322.893

Rural 2.492 2.681 2.771 2.827 2.841 2.797 2.691 2.535 2.356

Distritos/ Bairros 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

São José 25.993 29.397 31.937 34.275 36.407 38.036 38.971 39.225 39.004

Campinas 13.272 16.186 18.213 19.869 21.282 22.326 22.903 23.034 22.872

Kobrasol 12.721 13.211 13.724 14.406 15.125 15.710 16.068 16.191 16.132

Barreiros 104.200 116.973 127.955 138.973 148.873 156.083 159.831 160.233 158.476

Areias 12.088 14.659 16.750 18.559 20.013 20.982 21.413 21.351 20.988

Barreiros 19.638 20.661 21.635 22.843 24.055 25.023 25.601 25.781 25.682

Bela Vista 10.076 10.483 10.844 11.269 11.649 11.888 11.944 11.833 11.623

Cidade Jardim de Florianópolis 5.796 5.766 5.735 5.749 5.783 5.813 5.833 5.831 5.816

Ipiranga 14.139 15.517 16.827 18.231 19.496 20.390 20.834 20.866 20.639

Jardim Santiago 809 987 1.160 1.348 1.517 1.636 1.693 1.693 1.659

Nossa Senhora do Rosário 7.882 8.591 9.332 10.198 11.033 11.677 12.056 12.177 12.126

Pedregal 839 721 642 592 560 540 528 520 516

Real Parque 7.105 7.895 8.707 9.788 10.933 11.883 12.475 12.686 12.622

Serraria 25.828 31.693 36.323 40.396 43.834 46.251 47.454 47.495 46.805

Centro Histórioco 79.611 93.597 103.899 112.900 120.641 126.261 129.152 129.340 127.769

Bosque das Mansões 903 1.145 1.175 1.199 1.233 1.254 1.255 1.230 1.191

Centro 4.376 4.505 4.635 4.825 5.040 5.239 5.390 5.474 5.509

Colônia Santana 3.515 3.848 4.183 4.624 5.107 5.546 5.877 6.079 6.182

Distrito Industrial 86 69 60 56 54 53 53 52 52

Fazenda Santo Antônio 6.610 7.211 7.800 8.650 9.614 10.488 11.125 11.459 11.556

Flor de Nápolis 3.743 4.094 4.439 4.920 5.455 5.935 6.285 6.478 6.551

Forquilhas 16.796 24.036 28.727 31.850 34.078 35.437 35.872 35.470 34.563

Forquilhinhas 13.803 15.381 16.661 17.920 19.087 20.009 20.549 20.694 20.558

Picadas do Sul 3.833 3.935 4.015 4.186 4.396 4.585 4.714 4.772 4.782

Ponta de Baixo 2.156 2.118 2.092 2.074 2.066 2.065 2.071 2.082 2.099

Potecas 5.724 7.756 9.344 10.609 11.556 12.130 12.320 12.178 11.846

Praia Comprida 4.985 5.323 5.591 5.795 5.923 5.974 5.952 5.867 5.750

Roçado 5.001 4.961 4.913 4.917 4.946 4.964 4.954 4.910 4.844

São Luiz 1.059 940 873 834 807 788 771 757 744

Sertão do Maruim 4.529 5.594 6.620 7.614 8.438 8.997 9.273 9.303 9.186

Rural 2.492 2.681 2.771 2.827 2.841 2.797 2.691 2.535 2.356

Fontes: Censos Demográficos IBGE, Modelo Evadan

(*) Método dos Componentes - Censos Demográficos de 1980 a 2010

Nota: O setor censitário 421660210000132 (Bairro Areias) foi classif icado pelo IBGE como "Demais Setores"