PROJETO DE EQUIPAMENTO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO … · ensaio de tração é apresentado de...

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PROJETO DE EQUIPAMENTO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO POR ACIONAMENTO HIDRÁULICO Paulo Vitor Lustoza Soares Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Armando Carlos de Pina Filho, D.Sc. Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

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PROJETO DE EQUIPAMENTO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO POR

ACIONAMENTO HIDRÁULICO

Paulo Vitor Lustoza Soares

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador:

Prof. Armando Carlos de Pina Filho, D.Sc.

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

iii

Soares, Paulo Vitor Lustoza

Projeto de Equipamento para Corte de Cabos de Aço

por Acionamento Hidráulico / Paulo Vitor Lustoza Soares –

Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2017.

xi, 91 p.: il; 29,7 cm

Orientador: Armando Carlos de Pina Filho

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Mecânica, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 74 – 75.

1. Cabos de Aço. 2. Mecanismo de Corte. 3. Sistema

Hidráulico. I. Pina Filho, Armando Carlos de. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia

Mecânica. III. Projeto de Equipamento para Corte de Cabos

de Aço por Acionamento Hidráulico.

iv

.

Dedico este trabalho à

minha filha, Maria Luiza.

v

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço à minha mãe, Creusa, pelo seu amor e apoio incondicional

em todos os momentos da minha vida, sempre me incentivando e me fazendo acreditar que

por mais difíceis que possam parecer, todos os desafios que enfrentamos na vida podem

ser superados.

A minha Avó Maria, agradeço por ter sido tão presente na minha criação, tenho

certeza que seus ensinamentos foram determinantes para que durante toda a vida eu

seguisse pelo caminho do bem.

Agradeço à minha esposa Valquirya pelo incentivo e confiança. Muito obrigado pela

sua dedicação e companheirismo para enfrentarmos todas as dificuldades que a vida nos

impõe. Deus nos deu uma enorme missão e tenho certeza que juntos teremos sucesso em

realizá-la.

As minhas irmãs Patricia e Priscila, agradeço pela nossa amizade e aos ótimos

momentos que passamos juntos desde a nossa infância.

Agradeço profundamente ao Professor Armando Carlos Pina, não só por ter me

orientado, mas também por todo apoio, paciência e compreensão que demonstrou durante a

elaboração deste projeto. Muito obrigado pela oportunidade de realizar o sonho de me tornar

engenheiro.

Agradeço também ao corpo docente do Departamento de Engenharia Mecânica da

Escola Politécnica / UFRJ, especialmente aos professores que contribuíram diretamente

com a minha formação acadêmica.

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

PROJETO DE EQUIPAMENTO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO POR

ACIONAMENTO HIDRÁULICO

Paulo Vitor Lustoza Soares

Fevereiro/2017

Orientador: Armando Carlos de Pina Filho

Curso: Engenharia Mecânica

Este trabalho tem como objetivo apresentar projeto de equipamento hidráulico para corte de cabos de aço. Inicialmente é realizado um estudo sobre os cabos, apontando suas características construtivas e especificações. Em seguida é apresentada uma análise sobre sistemas hidráulicos, abordando seus princípios físicos e principais equipamentos, tais como válvulas, bombas e cilindros hidráulicos. Em relação ao processo de corte, foi realizada a análise das classes de solicitações, incluindo cisalhamento, esforço predominante no corte proposto para o equipamento a ser projetado. O diagrama tensão-deformação típico de um ensaio de tração é apresentado de maneira detalhada, apontando seus pontos principais. Para a determinação da força de corte necessária ao equipamento, foram analisados critérios que relacionam tensões normais e cisalhantes. Para dimensionamento e seleção de componentes, se fez necessário determinar as condições limites de operação do equipamento, resultando na seleção do cabo de aço limite com diâmetro de 26 milímetros, alma de aço e categoria de resistência EIPS. Através das características do cabo de aço limite, calculou-se a força de corte necessária ao equipamento, possibilitando o esboço do circuito hidráulico e seleção de seus equipamentos, tais como cilindro, bomba e válvulas. Em seguida é apresentado o layout do equipamento, detalhando sua operação e princípio de funcionamento. Na sequência é realizada a avaliação do processo de corte, calculando o tempo necessário ao corte e simulando os esforços para avaliação da integridade de componentes e estruturas. Em seguida são apresentadas as conclusões do projeto, onde é feita uma análise dos resultados obtidos e melhorias são sugeridas para realização de projetos futuros. Por fim é apresentada a documentação gráfica do projeto, onde são fornecidos os desenhos técnicos, além do manual de montagem do equipamento. Palavras-chave: Cabos de Aço, Equipamento de Corte, Acionamento Hidráulico, Corte por Cisalhamento.

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

DESIGN OF EQUIPMENT FOR CUTTING WIRE ROPES BY HYDRAULIC DRIVE

Paulo Vitor Lustoza Soares

February/2017

Advisor: Armando Carlos de Pina Filho

Course: Mechanical Engineering

The objective of this work is to present a hydraulic equipment for cutting wire ropes. Initially a study on the cables is carried out, pointing out its constructive characteristics and specifications. The following is an analysis of hydraulic systems, addressing their physical principles and main equipment, such as valves, pumps and hydraulic cylinders. In relation to the cutting process, it was performed the analysis of the classes of requests, including shear, the predominant effort in the proposed cut for the equipment to be designed. The stress-strain diagram typical of a tensile test is presented in detail, pointing out its main points. In order to determine the shear force required by the equipment, criteria relating normal and shear stress were analyzed. For sizing and selection of components, it was necessary to determine the operating conditions of the equipment, resulting in the selection of a wire rope limit with diameter of 26 millimeters, steel core and EIPS resistance category. Through the characteristics of the boundary steel cable, the necessary cutting force was calculated for the equipment, allowing the hydraulic circuit to be sketched and its equipment selected, such as cylinder, pump and valves. In the sequence the equipment layout is shown, detailing its principle of operation. The evaluation of the cutting process is performed, calculating the time required for cutting and simulating the efforts to evaluate the integrity of components and structures. Next, the project conclusions are presented, where an analysis of the results obtained and improvements are suggested to carry out future projects. Finally, the graphic documentation of the project is presented, where the technical drawings are supplied, as well as the assembly manual of the equipment.

Keywords: Wire Rope, Cutting Equipment, Hydraulic Drive, Cutting by Shear.

viii

SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................. 1

1.1. Motivação ....................................................................................................... 1

1.2. Objetivo .......................................................................................................... 1

1.3. Escopo ........................................................................................................... 1

2. Cabos de aço ........................................................................................................ 3

2.1. Histórico ......................................................................................................... 3

2.2. Processo de fabricação .................................................................................. 4

2.3. Características construtivas ........................................................................... 5

2.3.1. Arames .................................................................................................... 6

2.3.2. Pernas ..................................................................................................... 6

2.3.2.1. Tipos de torceduras .......................................................................... 6

2.3.2.2. Tipos de pernas ................................................................................ 7

2.3.3. Alma ........................................................................................................ 9

2.4. Propriedades e especificações dos cabos de aço ....................................... 10

2.4.1. Categorias de resistência ...................................................................... 10

2.4.2. Nomenclatura e simbologia ................................................................... 10

2.4.3. Diâmetro de cabos de aço ..................................................................... 11

2.4.4. Área metálica ......................................................................................... 12

2.5. Análise de Carregamentos ........................................................................... 13

2.5.1. Tração simples estática ......................................................................... 13

2.5.2. Tração dinâmica .................................................................................... 14

2.5.3. Tensão de flexão ................................................................................... 15

2.5.4. Fadiga .................................................................................................... 16

2.5.5. Alongamento.......................................................................................... 17

2.6. Dimensionamento e seleção ........................................................................ 18

ix

2.6.1. Flexibilidade e resistência à abrasão ..................................................... 18

2.6.2. Coeficiente de segurança ...................................................................... 19

2.6.3. Equações básicas de projeto ................................................................. 20

2.7. Manutenção ................................................................................................. 20

3. Hidráulica ............................................................................................................ 23

3.1. Princípios físicos .......................................................................................... 23

3.1.1. Massa específica ................................................................................... 23

3.1.2. Pressão ................................................................................................. 23

3.1.3. Princípio de Pascal ................................................................................ 24

3.2. Fluidos hidráulicos........................................................................................ 25

3.2.1. Principais propriedades dos óleos hidráulicos ....................................... 25

3.3. Cilindros hidráulicos ..................................................................................... 26

3.3.1. Características construtivas ................................................................... 27

3.3.2. Tipos de cilindros hidráulicos ................................................................. 27

3.3.3. Tensões atuantes nos cilindros hidráulicos ........................................... 28

3.4. Bombas hidráulicas ...................................................................................... 30

3.4.1. Bombas dinâmicas ou turbobombas ...................................................... 31

3.4.2. Bombas volumétricas ou deslocamento positivo ................................... 31

3.4.2.1. Bombas alternativas ........................................................................ 31

3.4.2.2. Bombas rotativas ............................................................................ 33

3.5. Válvulas ........................................................................................................ 36

3.5.1. Válvulas de controle direcional .............................................................. 36

4. Processo de corte ............................................................................................... 39

4.1. Classes de solicitações ................................................................................ 39

4.2. Tensão ......................................................................................................... 40

4.2.1. Tensão normal ....................................................................................... 41

x

4.2.1.1. Diagrama tensão x deformação ...................................................... 41

4.2.2. Tensão de cisalhamento ........................................................................ 44

4.3. Relações entre tensões normais e cisalhantes ............................................ 45

4.3.1. Critério de von Mises ............................................................................. 45

4.3.2. Critério de Tresca .................................................................................. 45

4.3.3. Critérios práticos .................................................................................... 45

4.4. Determinação da força de corte ................................................................... 46

4.5. Lâmina de corte ........................................................................................... 47

4.6. Preparação do cabo de aço para o corte ..................................................... 48

5. Características do equipamento ......................................................................... 50

5.1. Determinação da classe e diâmetro limite do cabo ...................................... 50

5.2. Cálculo da força de corte ............................................................................. 51

5.3. Circuito hidráulico ......................................................................................... 53

5.4. Seleção de equipamentos ............................................................................ 54

5.4.1. Cilindro hidráulico .................................................................................. 54

5.4.2. Bomba hidráulica ................................................................................... 55

5.4.3. Válvula de dreno .................................................................................... 56

5.5. Componentes e princípios de funcionamento .............................................. 57

5.5.1. Dispositivo de corte ............................................................................... 57

5.5.1.1. Extensor do cilindro ......................................................................... 58

5.5.1.2. Porta ferramenta ............................................................................. 58

5.5.1.3. Guias lineares ................................................................................. 59

5.5.1.4. Tampa do extensor ......................................................................... 59

5.5.1.5. Mola de retorno ............................................................................... 60

5.5.1.6. Base de corte .................................................................................. 60

5.5.1.7. Estrutura do dispositivo ................................................................... 61

xi

5.5.2. Gabinete ................................................................................................ 63

6. Avaliação do processo de corte .......................................................................... 64

6.1. Tempo de corte ............................................................................................ 64

6.2. Tensões nos componentes .......................................................................... 65

6.2.1. Lâmina de corte ..................................................................................... 65

6.2.2. Suporte da lâmina .................................................................................. 66

6.2.3. Base de corte......................................................................................... 66

6.2.4. Porta ferramenta .................................................................................... 67

6.2.5. Estrutura do dispositivo ......................................................................... 67

7. Avaliação de estruturas e elementos de fixação ................................................. 69

7.1. Tensões sobre o gabinete ............................................................................ 69

7.2. Verificação de parafusos .............................................................................. 70

8. Conclusões ......................................................................................................... 72

8.1. Trabalhos futuros ......................................................................................... 73

9. Referências bibliográficas ................................................................................... 74

9.1. Bibliografia complementar ............................................................................ 75

10. Apêndices ........................................................................................................ 76

Apêndice A: Manual de montagem ........................................................................ 76

Apêndice B: Desenhos do conjunto e peças .......................................................... 79

1

1. Introdução

1.1. Motivação

Alta resistência à tração e elevada flexibilidade são características que fazem com

que cabos de aço sejam amplamente utilizados nos mais diversos setores da indústria.

Algumas das mais importantes aplicações de cabos de aço são: elevação de cargas e de

pessoas, transmissão mecânica, fins estruturais, indústrias de óleo e gás, mineração,

automobilística e aeronáutica.

Durante a operação de cabos de aço e fabricação de seus derivados, um importante

processo consiste no corte do cabo com o comprimento desejado. Conforme apresentado

por CORRÊA (2014, p.1), muitas vezes esta etapa é realizada manualmente, podendo

resultar em redução da qualidade e elevação do tempo de serviço, além de muitas vezes

apresentar risco à integridade física do trabalhador.

A utilização de um equipamento hidráulico que seja capaz de realizar o corte do cabo

de aço representaria aumento de produtividade, melhor qualidade do serviço a ser realizado

e maior segurança, quando comparado ao processo manual.

1.2. Objetivo

Este trabalho tem como objetivo apresentar o projeto de um equipamento hidráulico

para corte de cabos de aço, que seja capaz de fazê-lo de forma precisa, rápida e segura.

Ao orientar este trabalho como uma otimização possível ao projeto apresentado por

CORRÊA (2014), pode-se considerar desnecessária a realização de um novo estudo das

necessidades e possibilidades de soluções para o equipamento, visto que estas questões

são aprofundadas no projeto base.

1.3. Escopo

O escopo do projeto inclui as etapas a seguir, apresentando breve descrição de cada

estágio do projeto.

Estudo dos cabos de aço: inicialmente será apresentado um breve histórico da utilização

destes elementos ao longo dos anos e sua evolução até os dias atuais. São apresentados

também seu processo de fabricação, características construtivas e propriedades, além de

análise de carregamento, dimensionamento e seleção.

Estudo de sistemas hidráulicos: são apresentados os princípios físicos, além do

detalhamento dos fluidos hidráulicos e os principais equipamentos utilizados em sistemas

hidráulicos.

2

Estudo do processo de corte: é apresentado um estudo sobre os principais tipos de

solicitações, além de relacionar as tensões normais às tensões cisalhantes, relações estas

utilizadas para a determinação da força de corte necessária ao equipamento.

Dimensionamento do equipamento: após o estudo dos critérios para determinação da

força de corte, é selecionado o cabo de aço com diâmetro limite para operação do

equipamento, resultando no cálculo da força de corte que deve ser gerada pelo cilindro

hidráulico, possibilitando sua seleção, assim como dos demais equipamentos do circuito

hidráulico. É apresentado ainda o layout do equipamento e seu princípio de funcionamento.

Avaliação do processo de corte: além do tempo necessário ao corte, são avaliadas as

tensões nos principais componentes, estruturas e elementos de fixação, a fim de que se

possa garantir a integridade do equipamento durante o processo de corte.

Documentação gráfica: são fornecidos os desenhos técnicos relacionados às peças e

montagens que compõe o projeto, assim como um manual com a sequência correta de

montagem do equipamento.

3

2. Cabos de aço

2.1. Histórico

O cabo de aço, semelhante ao que é utilizado atualmente, foi concebido no ano de

1834, pelo alemão Wilhelm August Julius Albert. Sua criação se deu devido à necessidade

de substituição das correntes utilizadas na mineração por elementos mais leves e

resistentes, pois como os locais de extração se tornavam cada vez mais profundos, o

elevado peso das correntes inviabilizava sua utilização.

A construção deste cabo primitivo se mostrava razoavelmente simples, visto que este

era produzido através da torção manual de três ou quatro “pernas” idênticas entre si, onde

cada perna era formada por três arames de mesmo diâmetro também torcidos

manualmente. Estes tipos de cabo, conhecidos como “Albert Ropes”, não possuíam grande

flexibilidade, devido ao elevado diâmetro e alta rigidez de seus arames. Porém ainda assim,

se mostraram excelentes substitutos às correntes na mineração em locais mais profundos.

No início da década de 1840, os inventores britânicos Andrew Smith e Robert Newall

travavam uma disputa pela patente da criação de uma máquina concebida para fabricação

de cabos de aço, como a apresentada na figura 2.1. Ilustrações publicadas por ambos, com

a intenção de apoiar seus argumentos, mostravam cabos com seis pernas envolvendo um

elemento interno, chamado alma. Este modelo permanece praticamente idêntico ao que é

utilizado em alguns modelos de cabos até a atualidade.

Figura 2.1 – Modelo de equipamento de Robert Newall para fabricação de cabos de aço [1].

4

Anos mais tarde, algumas empresas, incluindo fundadas por Smith e Newall, se

fundiram em uma única entidade chamada British Ropes, permanecendo na atualidade

como Bridon International, uma das maiores empresas do setor.

No Brasil, a produção de cabos de aço foi iniciada em 1953, pela Companhia

Industrial e Mercantil de Artefatos de Ferro – CIMAF, empresa que tinha como principal

atividade a fabricação de parafusos. Estes primeiros cabos eram fabricados utilizando

arames da Companhia Belgo-Mineira e eram destinados à utilização em tratores e para uso

geral. Já em 1954, iniciou-se a produção de cabos de aço para utilização em elevadores e

em 1960, o uso de cabos nacionais no bondinho do pão de açúcar, apresentado na figura

2.2, representou um marco no desenvolvimento da fabricação de cabos de aço no Brasil.

Figura 2.2 - Utilização de cabos de aço nacionais no bondinho do pão de açúcar [2].

2.2. Processo de fabricação

Os cabos de aço possuem como principal matéria-prima o fio máquina, produto da

laminação a quente de aços sem ligas, de alto teor de carbono. Com seção transversal

circular, o fio-máquina é fornecido em grandes bobinas, sendo necessário passar por

decapagem, sucessivos banhos químicos para limpeza, preparando-o assim para o

processo seguinte, a trefilação.

Na trefilação, o fio máquina é forçado a atravessar um orifício, onde é esticado,

obtendo-se assim um arame de diâmetro menor, com rígida tolerância dimensional de saída,

este processo é realizado a frio, e devido à deformação plástica, o arame adquire maior

resistência à tração, uma das principais características do cabo de aço. Para a obtenção do

diâmetro desejado, o processo de trefilação é dividido em duas etapas: a trefilação “grossa”,

tendo como resultado um arame de diâmetro intermediário, sendo seguida pela trefilação

“fina”, onde se obtém o arame com o diâmetro final desejado.

5

Entre as duas etapas de trefilação, realiza-se o patenteamento, um processo muito

importante para a obtenção da qualidade desejada ao cabo de aço. Esta etapa consiste de

um tratamento térmico onde os arames intermediários são aquecidos acima de 915 ºC e

posteriormente resfriados até aproximadamente 550 ºC, permanecendo nesta temperatura

por alguns segundos, antes de seu resfriamento final. Este tratamento resulta em um

condicionamento da estrutura molecular, gerando um estado de órbita extremamente fina e

uniforme, quase invisível ao metalógrafo.

Para os arames galvanizados, o processo de imersão no banho de zinco é realizado

geralmente em linha contínua com o processo de patenteamento, ou seja, anterior à última

etapa de trefilação. Para alguns casos, especialmente em pernas galvanizadas, a zincagem

é realizada ao fim do processo de trefilação. Já para os arames que não são galvanizados,

realiza-se um banho de fosfato anterior à trefilação.

Após a fabricação dos arames, são realizados diversos testes laboratoriais para

verificação de suas propriedades físicas mais relevantes, tais como diâmetro e ovalização,

estado superficial, resistência à tração e ductilidade. Para os arames galvanizados, são

realizados ainda testes de espessura, centralização e aderência da camada de zinco.

Depois da fabricação e teste dos arames, estes são enviados à máquina de

encordoamento, onde é realizada a torção helicoidal dos arames a fim de que se formem as

pernas do cabo de aço. Na sequência, as pernas são torcidas em torno de uma alma pela

máquina de cabo fechado, de forma similar ao que se faz com os arames, porém desta vez

dando origem ao próprio cabo de aço.

2.3. Características construtivas

Conforme descrito no processo de fabricação, os cabos de aço possuem como

unidade básica o arame. Uma perna do cabo de aço tem origem ao se realizar a torção de

um conjunto de arames ao redor de um arame central, já o cabo de aço é obtido pela torção

de um conjunto de pernas ao redor de uma alma, conforme apresentado na figura 2.3.

Figura 2.3 – Composição básica dos cabos de aço [3].

6

2.3.1. Arames

Representam a unidade básica dos cabos, são fios de aço que possuem geralmente

composição dentro das seguintes faixas: de 0,3 a 0,8% de carbono (C), até 0,3% de silício

(Si); de 0,4 a 0,8% de manganês (Mn) e no máximo 0,04% dos elementos fósforo (P) e

enxofre (S) somados. Outros materiais que também podem ser utilizados são o aço inox,

bronze fosforoso, cobre, latão e alumínio.

A resistência à corrosão do cabo de aço está diretamente relacionada com o

acabamento superficial de seus arames, os cabos podem ser classificados como

lubrificados, zincados e galvanizados. Para cabos lubrificados, recomenda-se utilização para

a maioria das aplicações, pois além de proteção contra corrosão, a lubrificação também

reduz o atrito entre os arames, aumentando sua vida útil. Já os cabos galvanizados são

apropriados para aplicações estáticas ou relativamente estáticas, quando submetidos à

ação de meios agressivos.

2.3.2. Pernas

Elementos formados a partir da torção dos arames ao redor de um arame central. A

torção das pernas ao redor da alma ou núcleo dá origem ao cabo de aço.

2.3.2.1. Tipos de torceduras

Quanto ao tipo de torção das pernas em torno da alma, é possível realizá-la de duas

maneiras distintas: da esquerda para a direita, denominado “torção à direita” ou “Z”; ou a

torção pode ser realizada da direita para esquerda, sendo esta forma conhecida como

“torção à esquerda” ou “S”, conforme ilustrado pela figura 2.3. Sendo o uso do cabo com

torção à esquerda incomum para maioria das aplicações.

Figura 2.3 – Tipos de torceduras das pernas ao redor da alma [4].

Além dos tipos de torção das pernas ao redor da alma, existe ainda a distinção

quanto ao sentido relativo de torção entre as pernas e arames. Quando as pernas são

7

torcidas ao redor da alma em sentido oposto ao que os arames são torcidos em torno do

arame central, o cabo é classificado como de torção regular. Já quando as pernas são

torcidas no mesmo sentido que os arames, os cabos são chamados de torção Lang.

Como principais características, os cabos de torção regular são fáceis de manusear,

possuem maior estabilidade, boa resistência ao desgaste interno e torção, além de

apresentarem considerável resistência a amassamentos e deformações, devido ao curto

comprimento dos arames expostos. Já a torção Lang proporciona ao cabo maior resistência

à abrasão e à fadiga, além de apresentarem maior flexibilidade. As torções Regular e Lang,

à direita e à esquerda são apresentadas na figura 2.4.

Figura 2.4 – Classificação dos cabos quanto aos tipos de torção [4].

2.3.2.2. Tipos de pernas

As pernas podem ser classificadas em relação ao diâmetro e à disposição de seus

arames ao redor do arame central. As principais composições são: simples, Seale, Filler e

Warrington, além da aglutinação de duas destas composições, como por exemplo,

Warrington-Seale.

Na composição simples, todos os arames possuem mesmo diâmetro, conforme

apresentado na figura 2.5.

Figura 2.5 – Perna com composição simples [4].

8

Nas pernas de composição Seale, todos os arames da camada externa possuem

diâmetro maior, aumentando a resistência ao desgaste provocado pelo atrito, apresentado

na figura 2.6.

Figura 2.6 – Perna com composição Seale [4].

Já nas pernas de composição Filler, arames muito finos preenchem os espaços entre

duas camadas, conforme figura 2.7. Esta condição aumenta a área de contato, flexibilidade,

resistência ao amassamento e reduz o desgaste entre os arames.

Figura 2.7 – Perna com composição Filler [4].

Pernas de composição Warrington, possuem pelo menos uma camada constituída

por arames de dois diâmetros diferentes alternados, apresentado na figura 2.8, cabos de

aço fabricados com pernas desta composição apresentam ao mesmo tempo boa resistência

ao desgaste e à fadiga.

Figura 2.8 – Perna com composição Warrington [4].

É possível ainda a combinação de duas das composições apresentadas

anteriormente, onde o cabo de aço fabricado com pernas deste tipo possui as principais

9

características de cada uma das duas composições. Um exemplo deste tipo de aglutinação

é a composição Warrington-Seale, apresentado na figura 2.9, que possui alta resistência à

abrasão conjugado com alta resistência à fadiga de flexão.

Figura 2.9 – Perna com composição Warrington-Seale [4].

2.3.3. Alma

Representa o elemento central do cabo, ao redor da alma (ou núcleo) são torcidas as

pernas, dando origem ao cabo de aço. Diferenciam-se pelo tipo de material no qual são

fabricadas: fibra ou aço, apresentadas na figura 2.10. As almas de fibra geralmente

conferem ao cabo de aço maior flexibilidade, já as almas de aço proporcionam maior

resistência ao amassamento e aumentam a resistência à tração.

Figura 2.10 – Tipos de almas [4].

Na fabricação de almas de fibras, podem ser utilizadas fibras naturais vegetais, tais

como sisal, rami, cânhamo ou juta, embebidos em óleo para redução do desgaste

provocado pelo atrito e para proteção contra corrosão. Os elementos fabricados com este

tipo de material recebe a denominação de alma de alma de fibra natural (AF).

Outra opção para a fabricação de almas é a utilização de fibras artificiais, em geral

polipropileno, dando origem à alma de fibra artificial (AFA). Este tipo de alma mostra-se mais

resistente ao desgaste provocado pelo contato com a água ou substâncias corrosivas e

10

agressivas, porém possuem custo mais elevado, sendo utilizadas apenas em cabos de aço

especiais.

Já as almas de aço podem ser formadas por uma perna do cabo (AA) ou por um

cabo de aço independente (AACI), sendo a última preferível quando se exige do cabo maior

flexibilidade, combinada com alta resistência à tração.

2.4. Propriedades e especificações dos cabos de aço

2.4.1. Categorias de resistência

Como é possível verificar nas tabelas de especificações fornecidas pelos fabricantes,

cabos de aço são classificados quanto à resistência à tração, ou seja, para uma mesma

composição e diâmetro, são informados diferentes valores de carga mínima de ruptura para

cada categoria. Este fato ocorre devido a diferentes faixas de resistência à tração dos

arames utilizados na fabricação dos cabos de aço.

A tabela 2.1 apresenta a relação entre as faixas de resistência à tração dos arames e

a categoria de resistência atribuída ao cabo pela norma ABNT NBR ISO 2408:2008, além de

apresentar a denominação americana utilizada para classificação dos cabos de aço, muito

utilizada por diversos fabricantes.

Tabela 2.1 – Categorias de resistência de cabos de aço [5].

Faixa de resistência

à tração de arames

Categoria de resistência

de cabos de aço Denominação americana

(N/mm² ou MPa) (N/mm² ou MPa)

1.370 a 1.770 1.570 Plow Steel (PS)

1.570 a 1.960 1.770 Improved Plow Steel (IPS)

1.770 a 2.160 1.960 Extra Improved Plow Steel (EIPS)

1.960 a 2.160 2.160 Extra Extra Improved Plow Steel (EEIPS)

2.4.2. Nomenclatura e simbologia

Cabos de aço são divididos em classes, tais como 6x7, 6x19, 6x36, entre outras.

Esta divisão faz com que cabos semelhantes sejam reunidos em uma mesma classe,

agrupando-os pelo número de pernas e de arames por perna. Por exemplo, um cabo de aço

da classe 6x7 possui sua construção dada por 6 pernas torcidas ao redor da alma, onde

cada uma destas pernas possui 7 arames.

11

Para a especificação completa de um determinado cabo de aço dentro de uma

classe, se faz necessário informar ainda o diâmetro nominal, tipo de alma, tipo de

composição das pernas e categoria de resistência do cabo desejado. Sendo assim, um

exemplo de especificação de um cabo de aço seria dado por: 26x6x19 + AACI Seale EIPS,

onde 26 representa o diâmetro nominal do cabo de aço em milímetros, este cabo seria

formado por 6 pernas torcidas ao redor da alma e 19 arames em cada uma destas pernas.

AACI refere-se à alma de aço de cabo independente, Seale ao o tipo de composição da

perna e EIPS representa a categoria de resistência à tração do cabo de aço, neste caso

1960 N/mm² (MPa).

Além do tipo de alma, a composição da perna pode também ser representada de

maneira abreviada, sendo assim as principais abreviaturas utilizadas na nomenclatura de

cabos de aço são apresentadas na tabela 2.2.

Tabela 2.2 – Principais abreviaturas utilizadas em especificações de cabos de aço [6].

2.4.3. Diâmetro de cabos de aço

O diâmetro nominal de um cabo de aço é aquele apresentado nas tabelas

normalizadas dos fabricantes. A norma ABNT NBR ISO 2408:2008 estabelece como se

deve realizar a correta medição do diâmetro de cabos de aço, além de fornecer tabela de

tolerância entre o valor medido e o diâmetro nominal.

As medições de diâmetro devem ser feitas em uma parte reta do cabo de aço, sem

tração ou sob uma tração inferior a 5 % da carga de ruptura mínima, em duas posições com

um espaçamento mínimo de 1 m. Em cada posição, devem ser efetuadas duas medições,

com defasagem de 90°, do diâmetro do círculo circunscrito, conforme figura 2.11. O

equipamento de medição deve estender-se sobre pelo menos duas pernas adjacentes. A

média destas quatro medições deve ser o diâmetro medido.

12

Figura 2.11 – Medição de diâmetro de cabos de aço [4].

Sendo a medição realizada da maneira descrita anteriormente, a norma estabelece

que o diâmetro obtido deva se encontrar dentro das faixas de tolerâncias especificadas pela

tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Tolerância no diâmetro do cabo de aço [4].

2.4.4. Área metálica

A área metálica de um cabo de aço varia em função da construção do cabo de aço.

Ela é constituída pelo somatório das áreas das seções transversais dos arames individuais

que o compõem, exceto dos arames de preenchimento. Embora não represente o cálculo

exato, e sim um resultado bastante aproximado, a fabricante de cabos de aço CIMAF

apresenta em seu manual técnico a seguinte fórmula para o cálculo da área metálica de

cordoalhas e cabos de aço:

(1)

13

Onde Am representa a área metálica, em milímetros quadrados (mm²); F é o fator de

multiplicação dado pela tabela 2.4 e d o diâmetro nominal do cabo de aço, em milímetros

(mm).

Tabela 2.4 – Fator F para diversas construções de cabos de aço e cordoalhas [4].

2.5. Análise de Carregamentos

Analisando os carregamentos mais comuns sofridos pelos cabos de aços, pode-se

verificar a ocorrência de situações de tração simples estática, tração dinâmica, tensão de

flexão devido ao dobramento em torno da polia, fadiga e alongamento. Cada um destes

tipos de carregamento será analisado a seguir:

2.5.1. Tração simples estática

Força atuante no cabo de aço quando o mesmo sustenta uma carga em repouso ou

com velocidade constante. Esta situação pode ser modelada por um cabo de comprimento L

preso ao teto, sustentando uma caixa de massa m, conforme figura 2.12. Onde µ representa

a massa do cabo de aço por unidade de comprimento, esta propriedade é usualmente

fornecida nos catálogos de fabricantes de cabos de aço.

14

Figura 2.12 – Situação esquemática de tração simples estática [6].

(2)

2.5.2. Tração dinâmica

Esta situação origina-se do deslocamento de carga com aceleração diferente de

zero. Pode ser representada por uma carga sendo içada através de uma polia de diâmetro

DS e com aceleração a, conforme figura 2.13. Onde g representa a aceleração da gravidade.

Figura 2.13 – Situação esquemática de tração dinâmica [6].

15

(3)

2.5.3. Tensão de flexão

A utilização de polias é bastante comum quando se trabalha com cabos de aço, uma

consequência do uso deste elemento é o surgimento de tensões de flexão no cabo. As

seguintes relações são apresentadas (de Marco, 2009):

(4)

(5)

(6)

(7)

Onde:

– deformação do cabo;

– raio de curvatura;

– diâmetro da polia;

– diâmetro do cabo;

– diâmetro do arame;

– deformação máxima;

– tensão máxima;

– módulo de elasticidade do cabo;

Substituindo (5) e (6) em (4):

(8)

Em seguida, substituindo (8) em (7):

(9)

16

Considerando que o diâmetro da polia (Ds) é muito maior que o diâmetro do cabo de

aço (Dc), pode-se considerar bastante satisfatória a seguinte aproximação:

(10)

Sendo assim, a carga de flexão é dada por:

(11)

2.5.4. Fadiga

O deslocamento de cargas com utilização de cabos de aço e polias é uma situação

bastante frequente, apresentado na figura 2.14, porém ao se projetar um sistema com esta

finalidade é muito importante determinar o número de ciclos que o mesmo será capaz de

realizar. Para se estimar a vida de um cabo de aço submetido a determinadas

circunstâncias são apresentadas as seguintes relações (de Marco, 2009):

Figura 2.14 – Pressão de apoio (p) [6].

(12)

(13)

Substituindo (13) em (12):

17

(14)

Para determinação da vida do cabo de aço deve-se comparar a pressão de apoio

com o produto do fator pela tensão mínima de ruptura como segue:

(15)

Onde a tensão mínima de ruptura é calculada como se segue:

(16)

O fator k é fornecido pela figura 2.15 para algumas construções usuais de cabos de

aço, deve-se selecionar para este fator o valor no qual uma reta horizontal se aproxima do

trecho horizontal da curva correspondente à construção, por exemplo, para a construção

6x19, utiliza-se o fator 0.0015.

Figura 2.15 – Diagrama k x N para algumas construções usuais [6].

2.5.5. Alongamento

Todos os cabos de aço são alongados quando submetidos à força de tração. A

variação no comprimento do cabo pode ser dividida em alongamento de assentamento e

alongamento elástico. O primeiro caso é permanente e ocorre quando o cabo é colocado em

serviço, variando usualmente entre 2% a 4% do comprimento inicial e é normalmente

atingida após três ou quatro meses de operação.

18

Já o alongamento elástico é uma variação transitória, pois quando a ação da carga é

cessada o alongamento desaparece, sendo seu módulo dependente da força aplicada,

comprimento inicial do cabo, módulo de elasticidade e área metálica do cabo de aço:

(17)

Onde representa o módulo de elasticidade do cabo de aço e é fornecido pela

tabela 2.5 para cordoalhas e cabos de aço novos:

Tabela 2.5 – Fator F para diversas construções de cabos de aço e cordoalhas [4].

2.6. Dimensionamento e seleção

2.6.1. Flexibilidade e resistência à abrasão

A resistência à abrasão de um cabo de aço é diretamente proporcional ao diâmetro

de seus arames externos, já sua flexibilidade é inversamente proporcional a este mesmo

diâmetro, conforme apresentado na tabela 2.6. Sendo assim, quando prevalecer o esforço

de fadiga de dobramento deve-se considerar uma construção com arames externos mais

finos. Já quando as condições de trabalho demandam alta resistência à abrasão,

recomenda-se a seleção de cabos de aço com arames externos de diâmetros maiores.

19

Tabela 2.6 – Flexibilidade e resistência à abrasão para diversas construções [6].

2.6.2. Coeficiente de segurança

Os coeficientes de segurança utilizados em projetos que utilizam cabos de aço são

normalizados e baseados na segurança de operação, durabilidade e confiabilidade. A tabela

2.7 apresenta coeficientes recomendados por alguns fabricantes:

Tabela 2.7 – Coeficientes de seguranças recomendados por fabricantes [6].

20

É possível verificar que os coeficientes de segurança recomendados para utilização

de cabos de aço são bastante elevados, isto se dá basicamente por duas razões: os riscos

envolvidos para pessoas e cargas e a grande dispersão dos valores de carga de ruptura

obtidos nos ensaios de tração, dispersão esta que pode ser atribuída a diferenças na

acomodação dos arames e pernas quando tracionados, tensões de contato devido ao atrito

interno e a não homogeneidade dos materiais componentes do cabo de aço.

2.6.3. Equações básicas de projeto

Durante o processo de seleção do cabo de aço adequado para determinado projeto,

deve-se considerar o tipo de carregamento atuante no cabo, para que assim seja utilizada a

equação correta que relacione as cargas envolvidas, carga mínima de ruptura do cabo de

aço ( ) e o coeficiente de segurança (CS). A seguir são apresentadas as equações de

projeto para os tipos de carregamentos mais comuns:

Tração simples estática:

(18)

Tração dinâmica:

(19)

Flexão:

(20)

Além das equações de projeto que consideram o tipo de carregamento, deve-se

considerar a possibilidade de falha por fadiga, calculando o número de ciclos através da

equação (15). Já para o cálculo do alongamento elástico nas condições de serviço, utiliza-se

a equação (17).

2.7. Manutenção

Para que se mantenha um cabo de aço operando de maneira satisfatória e segura é

necessário ter conhecimento sobre os fatores que influenciam sua vida útil, saber como

manuseá-lo, como realizar sua lubrificação e os indicadores que apontam para a

necessidade de sua substituição.

21

Além de estudar e dimensionar o cabo de aço apropriado para determinada

aplicação, é muito importante ter conhecimento sobre fatores relativos ao meio ambiente e

condições de uso, tais como: temperatura, umidade, estado das polias e tambores, etc.

Ao manusear um cabo de aço, é muito importante que se tenha bastante cuidado

para evitar seu estrangulamento, exemplificado pela figura 2.16 (a). Quando o nó é desfeito,

mesmo que o dano aparente não seja tão significativo, como ilustrado na figura 2.16 (b), o

dano será permanente e o cabo de aço não apresentará seu desempenho máximo

novamente, além de representar um potencial ponto de ruptura e risco iminente de

acidentes.

Figura 2.16 – Estrangulamento de um cabo de aço (a) e a sua consequência (b) [4].

Para que se evite o estrangulamento do cabo de aço, é recomendada a utilização de

bobinas para o enrolamento, que pode ser feito através do posicionamento da bobina sobre

uma mesa giratória com um eixo vertical ou através de um eixo horizontal suspenso por

cavaletes, conforme ilustrado pelas figuras 2.17 e 2.18.

Figura 2.17 – Enrolamento através bobina posicionada em mesa giratória com eixo vertical [4].

22

Figura 2.17 – Enrolamento através bobina posicionada em mesa giratória com eixo vertical [4].

Durante a fabricação, cabos de aço são lubrificados internamente com a finalidade

de reduzir o atrito entre arames e pernas, prevenindo assim a corrosão e seu desgaste. Ao

ser colocado em operação, o lubrificante original de fábrica começa a ser dissipado, sendo

assim, a reposição do lubrificante, chamada relubrificação, se faz necessária e deve atender

às especificações estabelecidas pelo fabricante.

Mesmo com o devido dimensionamento, operação e manutenção, a substituição do

cabo de aço se faz necessária em algum momento. Alguns fatores apontam o momento

propício à realização da troca, tais como número de arames rompidos, desgaste externo,

corrosão e deformações. Ainda que não apresente nenhum dano aparente, o cabo de aço

tem sua vida útil em algum momento, devido ao desgaste natural produzido por sua

utilização.

A determinação do momento de substituição do cabo de aço é um processo que se

dá através da inspeção periódica, onde existem diversas normas que determinam os tipos e

a frequência de inspeção, bem como os critérios para retirada de serviço. Algumas destas

normas para inspeção são: NBR 13543, IRAM 3923, ISO 4903, DIN 15020, ANSI A.17.2 e

ANSI B.30.

23

3. Hidráulica

Definida como o estudo das características físicas de fluidos líquidos em repouso ou

em movimento, seu comportamento e aplicações para transformação e condução de

energia. Amplamente associada à geração, ao controle e à transmissão de potência com a

utilização de fluidos pressurizados, sendo aplicada em uma grande diversidade de campos

de aplicação, tais como: direções e freios automotivos, acionamento de máquinas,

levantamento de cargas, controle de aeronaves, alimentação de processos, lançamento de

veículos espaciais, maquinário agrícola, mineração, etc.

Este estudo mostra-se parte fundamental neste projeto, pois o funcionamento do

equipamento de corte de cabos de aço a ser projetado se dará através de um sistema

hidráulico, composto basicamente por uma bomba, responsável pela elevação da pressão

do fluido hidráulico, e um atuador linear, elemento que possui a função de deslocar a lâmina

em direção ao cabo de aço, realizando assim o corte.

3.1. Princípios físicos

3.1.1. Massa específica

Uma importante propriedade de qualquer material é a sua massa específica, definida

como massa por unidade de volume. Em materiais homogêneos, como os fluídos

hidráulicos, a massa específica é a mesma em todas as suas partes e é expressa pela

relação apresentada por HALLIDAY (2012, p.60):

(21)

A massa específica é uma grandeza escalar e sua unidade no SI é o quilograma por

metro cúbico, .

3.1.2. Pressão

Quando um fluido (um gás ou um líquido) está em repouso, ele exerce uma força

perpendicular sobre qualquer superfície que esteja em contato, tal como a parede de um

recipiente ou um corpo imerso neste fluido. Caso a força seja uniforme em uma superfície

plana de área A, a pressão pode ser determinada segundo a equação abaixo (HALLIDAY,

2012, p. 61):

(22)

25

3.2. Fluidos hidráulicos

Elemento vital de um sistema hidráulico, o fluido é responsável pela transmissão de

energia, além de atuar como lubrificante das partes internas dos componentes, vedar as

folgas entre peças móveis e dissipar o calor gerado pelo atrito resultante da circulação

através das linhas e componentes do sistema.

Os fluidos hidráulicos mais amplamente empregados na indústria são os óleos

minerais e sintéticos, sendo o primeiro tipo mais utilizado devido ao menor custo. Durante a

fabricação, são utilizados aditivos com o intuito de se modificar algumas propriedades do

fluido, ou ainda lhe adicionar outras. Dentre os aditivos mais aplicados, estão os

antioxidantes, antiespumantes, antidesgaste e os detergentes.

3.2.1. Principais propriedades dos óleos hidráulicos

a) Viscosidade: é a propriedade do fluido que mede sua resistência ao fluxo, um valor

elevado para esta propriedade resulta em melhor vedação entre as peças móveis. O

sistema deve ser avaliado e o óleo de viscosidade ideal ao sistema deve ser

selecionado, pois valores elevados ou muito baixos para esta propriedade resultam

em problemas, conforme apresentados na tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Problemas relacionados à viscosidade inadequada ao sistema [7].

Viscosidade elevada Viscosidade muito baixa

- alta resistência ao fluxo; - aumento do vazamento interno;

- aumento do consumo de energia devido

a perdas por atrito;

- gasto excessivo ou talvez engripamento

sob carga pesada;

- maior queda de pressão devido à

resistência;

- pode reduzir o rendimento da bomba

com operação mais lenta do atuador;

- dificuldade em separar o ar do óleo no

reservatório;

- aumento da temperatura devido a

perdas por vazamentos.

- possibilidade de operação vagarosa;

- alta temperatura causada pelo atrito.

26

b) Índice de viscosidade (IV): é um número empírico que relaciona a variação da

viscosidade de um óleo com a variação de temperatura. Quanto maior este índice,

menor será a sensibilidade da viscosidade a oscilações de temperatura. É desejável

que o óleo hidráulico possua um alto índice de viscosidade, pois assim é possível

manter a viscosidade dentro de uma faixa adequada dentro de diferentes condições

de operação;

c) Ponto de fluidez: indica a temperatura mínima a qual o óleo ainda flui, sendo um

dado importante em muitos sistemas hidráulicos que trabalham em temperaturas

locais extremamente baixas;

d) Resistência à oxidação: a oxidação é a reação química do óleo com a água,

formando ácido e borra que são responsáveis pela elevação da viscosidade do óleo,

entupindo orifícios, resultando assim em aumento do desgaste e travamento de

válvulas. Altas temperaturas e impurezas agem como catalisadores para a oxidação,

com isso é muito importante que os óleos possuam aditivos antioxidantes.

e) Antiemulsificação (Demulsibilidade): refere-se à capacidade do óleo se separar da

água, que pode ser proveniente da umidade do ar, condensação e vazamentos em

trocadores de calor. Pequenas quantidades de água podem ser toleradas em

sistemas hidráulicos, porém o óleo deve possuir aditivos capazes de isolar ou

separar a água.

f) Prevenção contra ferrugem e corrosão (número de neutralização): a ferrugem é

resultado da oxidação do ferro, já a corrosão propriamente dita é a reação química

entre o metal e um produto químico, geralmente ácido. Como consequência,

ferrugem e corrosão produzem remoção de partículas metálicas, vazamento

excessivo e engripamento dos componentes afetados. O número de neutralização

mede a acidez do óleo e sua variação máxima admissível é de 0,5% de seu valor

original.

3.3. Cilindros hidráulicos

São atuadores hidráulicos lineares, ou seja, transformam energia hidráulica em

energia mecânica, executando movimentos lineares, sendo capazes de elevar, sustentar,

bloquear ou deslocar cargas.

Neste projeto especificamente, o cilindro hidráulico terá a função de deslocar a

lâmina em direção ao cabo de aço, exercendo uma força transversal que resultará em seu

corte.

27

3.3.1. Características construtivas

Os cilindros são compostos normalmente de um cuja superfície interna é polida, um

pistão (ou êmbolo) fixado a uma haste e duas tampas montadas nas extremidades do tubo.

Nos cilindros de dupla ação, em cada uma das tampas há um orifício por onde o fluido entra

pressurizado, fazendo com que o pistão seja empurrado para um lado ou para o outro. Já

nos cilindros de simples ação, existe apenas um orifício e o retorno do pistão é realizado por

mola ou pela ação de uma carga. A figura 3.3 apresenta alguns componentes de um cilindro

hidráulico de dupla ação:

Figura 3.3 – Alguns componentes de um cilindro hidráulico [9].

Em alguns casos, como o cilindro ilustrado na Figura 3.3, utilizam-se amortecedores

de fim de curso. Durante o movimento das partes móveis, antes que o êmbolo atinja a

tampa, um êmbolo menor penetra em um orifício e reduz a passagem que o fluido

atravessa. Com isso ocorre a diminuição da velocidade do pistão e, consequentemente, o

seu choque com a tampa do cilindro é mais suave.

3.3.2. Tipos de cilindros hidráulicos

Como citado anteriormente, os cilindros hidráulicos dividem-se em: cilindros de

simples ação e cilindros de dupla ação, sendo que no primeiro caso o retorno do êmbolo

pode se dar pela ação de uma mola ou por alguma carga. As figuras 3.4 a 3.7 ilustram

cilindros que apresentam construções frequentes.

Figura 3.4 – Cilindro hidráulico de simples ação com retorno por carga [8].

28

Figura 3.5 – Cilindro hidráulico de simples ação com retorno por mola [8].

Figura 3.6 – Cilindro hidráulico de dupla ação [8].

Figura 3.7 – Cilindro hidráulico de dupla ação com amortecimento de fim de curso [8].

3.3.3. Tensões atuantes nos cilindros hidráulicos

Considerando o cilindro hidráulico um vaso de pressão de parede fina, com

espessura e raio interno , conforme apresentado na figura 3.8, é possível determinar as

tensões normais que atuam em um pequeno elemento de parede com lados paralelos e

perpendiculares ao eixo do cilindro. A tensão é chamada tensão tangencial, já a tensão

é conhecida como tensão longitudinal.

Figura 3.8 – Tensões atuantes em um elemento de parede do cilindro [10].

29

Para a determinação da tensão tangencial , destaca-se parte do cilindro e parte do

fluido pressurizado, limitados pelo plano e por dois planos paralelos ao plano a uma

distância um do outro, conforme ilustrado na figura 3.9.

Figura 3.9 – Destaque de parte do cilindro para determinação da tensão tangencial [10].

As forças paralelas ao eixo que atuam no corpo livre consistem em forças

elementares internas que atuam nas seções da parede, e de forças elementares de

pressão que atuam na parte do fluido incluído no corpo livre. Deve-se atentar para o

fato de que representa a pressão manométrica do fluido, isto é, o excesso da pressão

interna sobre a pressão atmosférica externa. A resultante das forças internas é

igual ao produto de pela área da seção transversal da parede, enquanto a

resultante das forças de pressão é igual ao produto de pela área .

Escrevendo a equação de equilíbrio , obtém-se:

Resolvendo para a tensão tangencial :

(23)

Já para a determinação da tensão longitudinal , realiza-se o corte do cilindro

perpendicularmente ao e considera-se o corpo livre como parte do cilindro e o fluido

localizado à esquerda da seção, conforme ilustrado na figura 3.10.

Figura 3.10 – Destaque de parte do cilindro para determinação da tensão longitudinal [10].

30

As forças que atuam nesse corpo livre são as forças internas elementares

na seção da parede e as forças elementares de pressão que atuam na parte do

fluido incluído no corpo livre. Observando que a área da seção de fluido é e que a área

da seção de parede pode ser aproximada multiplicando-se o comprimento da circunferência

do cilindro pela sua espessura de parede , é possível escrever a equação de equilíbrio

, obtendo-se:

Resolvendo para tensão longitudinal :

(24)

Pode-se observar através das equações (23) e (24) que tensão tangencial é o

dobro da tensão longitudinal :

(25)

3.4. Bombas hidráulicas

São máquinas operatrizes hidráulicas que possuem a finalidade de transferir parte da

energia obtida de uma fonte qualquer ao fluido de trabalho, na forma de energia cinética,

energia de pressão ou ambas. Isto é, elas aumentam a velocidade e/ou pressão do fluido,

onde seu rendimento é dado pela relação entre a energia cedida ao líquido e a energia que

foi recebida da fonte motora.

Devido a enorme variedade de bombas existentes, utiliza-se uma classificação

resumida, dividindo-as em dois grandes grupos: bombas dinâmicas (ou turbobombas) e

volumétricas (deslocamento positivo), conforme apresentado na figura 3.11.

Figura 3.11 – Classificação dos principais tipos de bombas [11].

31

3.4.1. Bombas dinâmicas ou turbobombas

Neste tipo de bomba, a movimentação do fluido ocorre pela ação de forças que se

desenvolvem na massa líquida, em consequência da rotação de um eixo no qual é acoplado

um disco dotado de pás. A distinção entre os diversos tipos de turbobombas é feita

fundamentalmente em função da forma como o impelidor cede energia ao fluido, bem como

pela orientação do fluido ao deixá-lo.

Bombas dinâmicas trabalham com altas velocidades, altas vazões e baixas

pressões, onde a energia cinética prevalece para provocar movimentos. São usadas

geralmente para transferir fluidos, onde as únicas resistências são as criadas pelo peso do

líquido e pelo atrito. Essas bombas são muito utilizadas em sistemas de irrigação, drenagem

e abastecimento, sendo raramente empregadas em sistemas hidráulicos, pois seu poder de

deslocamento de fluido se reduz consideravelmente quando se aumenta a resistência.

3.4.2. Bombas volumétricas ou deslocamento positivo

Este tipo de bomba se caracteriza por fornecer energia ao fluido sob a forma de

pressão, onde a movimentação do líquido é diretamente causada pela ação de um órgão

mecânico. O fluido, sucessivamente, preenche e é expulso de espaços com volumes

determinados no interior da bomba, fornecendo ao sistema certa quantidade de líquido a

cada rotação ou ciclo.

Praticamente todas as bombas aplicadas na transmissão de força hidráulica são do

tipo volumétrico, pois estas bombas, além de operarem com pressões mais elevadas, quase

não sofrem efeitos na vazão com a elevação da pressão do sistema, diferentemente das

bombas dinâmicas.

As bombas volumétricas podem ser divididas ainda em alternativas e rotativas, onde

o primeiro tipo é recomendado para serviços onde se requer elevada pressão e baixas

vazões, já as bombas rotativas podem operar com vazões mais elevadas.

3.4.2.1. Bombas alternativas

O funcionamento de bombas alternativas se dá fundamentalmente pelo movimento

relativo de avanço e recuo de uma parte interna móvel, seja esta um pistão, diafragma ou

êmbolo.

Nas bombas alternativas de pistão, representadas pela figura 3.12, o elemento móvel

se desloca em um movimento alternativo dentro de um cilindro, acionando a cada curso

válvulas de admissão e recalque. Em uma análise simplificada, é possível explicar o

funcionamento deste tipo de bomba como se segue:

32

a) No curso de aspiração, o movimento do pistão tende a produzir vácuo. A pressão do

líquido no lado da aspiração faz com que a válvula de admissão se abra e o cilindro

se encha; enquanto isso ocorre, a válvula de recalque se mantém fechada pela

diferença de pressão.

b) No curso de recalque, o pistão força o líquido, empurrando-o para fora do cilindro,

através da válvula de recalque. Novamente devido a diferença de pressão, a válvula

de admissão se mantém fechada.

Figura 3.12 – Representação da bomba alternativa de pistão [11].

Nas bombas alternativas de êmbolo, representadas pela figura 3.13, o princípio de

funcionamento é idêntico ao das alternativas de pistão, sendo que a principal diferença entre

os dois tipos está no aspecto construtivo do elemento que atua no líquido. Como as bombas

de êmbolo são submetidas a pressões mais elevadas, estas apresentam maior robustez do

órgão de movimentação que age no fluido, quando comparadas às bombas de pistão.

Figura 3.13 – Bomba alternativa de êmbolo [11].

Já nas bombas alternativas de diafragma, representadas pela figura 3.14, o órgão

que fornece energia ao líquido é uma membrana acionada por uma haste com movimento

alternativo. Existem ainda algumas construções mais complexas, nas quais a haste age em

um fluido, normalmente óleo, que por sua vez atua na membrana.

33

Ao se deslocar em um sentido, o movimento da membrana diminui a pressão da

câmara, fazendo com que seja admitido determinado volume de líquido. Ao inverter o

sentido do deslocamento da haste, e consequentemente da membrana, o volume admitido

anteriormente é descarregado na linha de recalque.

Estas bombas são usadas principalmente para serviços de dosagem de produtos, já

que ao variar o curso da haste, varia-se o volume admitido. Um exemplo típico da aplicação

de bombas de diafragma é a retirada de gasolina do tanque de combustível e envio para o

carburador de um motor de combustão interna.

Figura 3.14 – Bomba alternativa de diafragma [11].

3.4.2.2. Bombas rotativas

Bomba rotativa é um nome genérico para designar uma grande variedade de

bombas volumétricas que são comandadas por movimentos de rotação de órgãos como

engrenagens, lóbulos, parafusos ou palhetas.

As bombas rotativas de engrenagens, representadas na figura 3.15, um dos tipos

mais comuns, consistem em duas rodas dentadas, trabalhando dentro de uma caixa com

folgas muito pequenas ao redor dos lados das rodas. Com o movimento das engrenagens, o

fluido aprisionado nos vazios entre os dentes e a carcaça é forçado a sair pela tubulação de

recalque, fazendo ainda com que novos espaços sejam formados e preenchidos

sucessivamente pelo fluido na parte admissão da bomba.

Figura 3.15 – Bomba rotativa de engrenagens [11].

34

As bombas rotativas de lóbulos, representadas pela figura 3.16, possuem o princípio

de funcionamento muito similar ao das bombas de engrenagens, tendo a diferença

fundamental no órgão que fornece energia ao fluido.

Figura 3.16 – Bomba rotativa de lóbulos [11].

Bombas rotativas de parafusos, representadas pela figura 3.17, são compostas por

dois parafusos de movimentos sincronizados por engrenagens. O fluido é admitido por uma

das extremidades e devido ao movimento de rotação e aos filetes dos parafusos, é

empurrado para a parte central, onde é descarregado. Os filetes dos parafusos não tem

contato entre si, porém matem folgas muito estreitas, das quais depende o rendimento

volumétrico.

Estas bombas são amplamente utilizadas para transporte de produtos de viscosidade

elevada, existindo ainda projetos de bombas com camisa envolvendo os parafusos, por

onde circula vapor com o objetivo de reduzir a viscosidade do fluido.

Figura 3.17 – Bomba rotativa de parafusos [11].

Já as bombas rotativas de palhetas deslizantes, representadas na figura 3.18, são

normalmente especificadas para sistemas oleodinâmicos de acionamento de média ou baixa

pressão. Este tipo de bomba é composto por um cilindro (rotor) cujo eixo de rotação é

excêntrico ao eixo da carcaça, o rotor possui ainda ranhuras radiais onde se alojam palhetas

rígidas com movimento livre nesta direção.

35

A força centrífuga, originada da rotação, projeta as palhetas contra a carcaça,

formando assim câmaras entre estas partes, de modo que o fluido fique aprisionado. Devido

à excentricidade do cilindro em relação à carcaça, essas câmaras apresentam redução de

volume durante a rotação e consequente aumento da pressão no fluido, que é

posteriormente liberado na saída da bomba com a energia acumulada durante a rotação.

Figura 3.18 – Bomba rotativa de palhetas deslizantes [11].

3.4.3. Comparação entre bombas volumétricas e turbobombas

Em todas as bombas volumétricas existe uma relação constante entre a descarga e

a velocidade da bomba, esta proporcionalidade é evidente, pois a descarga é proporcional à

velocidade do órgão que impulsiona o líquido, que por sua vez se relaciona com a

velocidade da bomba. Além disso, a vazão bombeada é praticamente independente da

altura e/ou pressões a serem vencidas. Já nas turbobombas, a vazão bombeada depende

das características de projeto de projeto, rotação e das características do sistema no qual a

bomba esteja operando.

Outra diferença entre os tipos de bombas se dá no movimento do líquido em seu

interior, pois nas bombas volumétricas o fluido realiza o mesmo movimento do seu órgão

impulsor, sendo de mesma natureza e velocidade em grandeza, direção e sentido. Já nas

turbobombas, embora o movimento do líquido esteja relacionado ao órgão impulsor, estes

não são exatamente iguais.

Nas bombas volumétricas, a energia transmitida ao fluido é exclusivamente de

pressão, isto é, a pressão é elevada e não a velocidade. Já nas turbobombas, o impelidor

transmite tanto energia de pressão quanto cinética, aumentando tanto velocidade quanto

pressão do fluido.

Pelas características apresentadas, recomenda-se a utilização de bombas

volumétricas em sistemas hidráulicos para aplicação de força, pois estes sistemas

demandam pressões elevadas, e vazão praticamente constante, mesmo quando altas

pressões devem ser vencidas na saída.

36

3.5. Válvulas

Para que um cilindro hidráulico possa desenvolver suas ações produtivas, no caso

deste projeto o avanço para o corte do cabo de aço e posterior recuo, deve ser alimentado

ou descarregado convenientemente, no instante em que se desejar, ou de conformidade

com o sistema programado. Sendo assim, de acordo com seu tipo, as válvulas servem para

orientar os fluxos de fluido, impor bloqueios e controlar suas intensidades de vazão ou

pressão do sistema.

3.5.1. Válvulas de controle direcional

Consistem de um corpo com passagens internas que são conectadas e

desconectadas por uma parte móvel, na maioria dos casos representada por um carretel.

Estas válvulas são classificadas quanto ao número de conexões úteis (vias) e de posições

possíveis, além do tipo de acionamento e posição normal.

As válvulas de controle direcional são representadas nos circuitos através de

símbolos gráficos, onde a válvula em si é representada por quadrados, onde a quantidade

representa o número de posições, conforme representado na figura 3.19.

Figura 3.19 – Representação do número de posições [8].

Já o número de vias de uma válvula de controle direcional corresponde ao número

de conexões úteis que uma válvula pode assumir. Na representação da válvula, cada

quadrado, ou posição, deve possuir o mesmo número de vias das demais posições

possíveis, conforme figura 3.20.

Figura 3.20 – Representação do número de vias [8].

37

Cada via é identificada por um código específico, conforme figura 3.21, sendo a via

de pressão representada pela letra P, retorno por T e as vias de utilização A e B. Existe

ainda outra forma de representação baseada em números, porém de menor utilização.

Figura 3.21 – Identificação das vias em uma válvula direcional [8].

A posição normal de uma válvula de controle direcional é aquela na qual os

elementos internos se encontram quando a mesma não foi acionada, comumente mantida

por uma mola, sendo sua representação em um sistema hidráulico feita sempre a partir

desta posição. Para válvulas com número de posições ímpar esta posição é ao centro, já

quando o número de posições é par esta posição é à direita. A partir da posição normal, as

válvulas podem ser classificadas como normalmente abertas ou normalmente fechadas,

conforme apresentado na figura 3.22.

Figura 3.22 – Válvulas normalmente abertas e normalmente fechadas [8].

Quanto ao acionamento, as válvulas direcionais podem ser acionadas manualmente

por botão, alavanca ou pedal. Além dos modelos manuais, existem ainda aquelas de

acionamento mecânico, por piloto hidráulico, piloto pneumático ou por solenoide.

Os atuadores manuais são usados em válvulas direcionais cuja operação deve ser

sequenciada e controlada ao arbítrio do operador, porém é imprescindível acessibilidade ao

38

local onde a válvula se encontra instalada, condição que muitas vezes não pode ser

satisfeita, sendo utilizados nestes casos os demais tipos de atuadores.

A figura 3.23 apresenta a representação dos atuadores de válvulas direcionais mais

utilizados.

Figura 3.23 – Representação de atuadores de válvulas direcionais [8].

39

4. Processo de corte

O equipamento a ser apresentado neste projeto terá como finalidade a realização do

corte de cabos de aço através de esforços de cisalhamento, porém como na utilização de

cabos de aço o esforço predominante é o de tração, muitos estudos e dados disponíveis são

relacionados a esforços desta natureza, como por exemplo, os catálogos de fabricantes que

apresentam a carga de ruptura por tração para cada classe e diâmetro de cabo.

4.1. Classes de solicitações

Quando um sistema de forças atua sobre um corpo, o efeito produzido é diferente

segundo a direção, sentido e ponto de aplicação destas forças. Os efeitos provocados neste

corpo podem ser classificados em esforços normais ou axiais, que atuam no sentido do eixo

de um corpo, e em esforços transversais, que atuam na direção perpendicular ao eixo de um

corpo.

Quando as forças agem para dentro do corpo, tendendo a encurtá-lo no sentido da

carga aplicada, a solicitação é chamada compressão, figura 4.1 (a); se as forças agem para

fora do corpo, tendendo a alongá-lo no sentido da sua linha de aplicação, a solicitação é

chamada tração, figura 4.1 (b).

Figura 4.1 – (a) Pés da mesa submetidos à compressão; (b) Cabo submetido à tração [12].

A flexão, representada na figura 4.2, é uma solicitação transversal em que o corpo

sofre uma deformação que tende a modificar seu eixo longitudinal.

Figura 4.2 – Viga submetida à flexão [12].

40

A solicitação de cisalhamento, representada pela figura 4.3, é aquela que ocorre

quando um corpo tende a resistir à ação de duas forças agindo próximas e paralelamente,

mas em sentidos contrários.

Figura 4.3 – Rebite submetido ao cisalhamento [12].

Já a torção, representada na figura 4.4, é um tipo de solicitação que tende a girar as

seções de um corpo, uma em relação às outras.

Figura 4.4 – Ponta de eixo submetida à torção [12].

4.2. Tensão

É definida como o resultado da ação de cargas externas sobre uma unidade de área

da seção analisada na peça, componente mecânico ou estrutural submetido a solicitações

mecânicas, onde a direção da tensão depende do tipo de solicitação, ou seja, da direção

das cargas atuantes.

As tensões provocadas por tração, compressão e flexão ocorrem na direção normal

(perpendicular) à área de seção transversal, sendo assim chamadas tensões normais e

representadas pela letra grega sigma . As tensões provocadas por torção e cisalhamento

atuam na direção tangencial à área de seção transversal, sendo assim chamadas de

tensões tangenciais ou cisalhantes e representadas pela letra grega tau , conforme

apresentado na figura 4.5.

Figura 4.5 – Tensão normal e tensão cisalhante [12].

41

4.2.1. Tensão normal

A tensão na seção transversal de área de um corpo submetido a uma carga axial

, conforme ilustrado pela figura 4.6, é obtida dividindo-se o valor da carga pela área :

(26)

Figura 4.6 – Representação da tensão normal na seção transversal [10].

Convencionalmente utiliza-se o sinal positivo para indicar tensão de tração (corpo

tracionado) e sinal negativo para tensão de compressão (corpo comprimido).

Através da utilização das unidades métricas do sistema internacional (SI), a carga

é expressa em newtons (N) e área em metros quadrados (m²), sendo assim a tensão é

expressa em N/m², como dito anteriormente, denominada Pascal (Pa). No entanto,

considera-se o pascal um valor muito pequeno para a maioria das aplicações, sendo assim

opta-se pela utilização de múltiplos desta unidade, tais como o quilopascal (kPa), o

megapascal (MPa) e o gigapascal (GPa), onde:

(27)

(28)

(29)

4.2.1.1. Diagrama tensão x deformação

Para que se possa conhecer o comportamento de um material ao ser submetido a

determinados carregamentos, realizam-se ensaios mecânicos em uma amostra deste

material, denominado corpo de prova.

42

No ensaio de tração, representado pela figura 4.7, realiza-se a medição da área da

seção transversal ( ) e a distância entre dois pontos do corpo de prova ( ), enquanto o

mesmo é submetido a uma carga normal ( ) que é gradualmente elevada. Ao longo do

ensaio, observa-se a redução da área da seção transversal e aumento da distância entre os

pontos previamente marcados, até a ruptura do corpo de prova. A partir da medição da

variação destas grandezas, realizada pela máquina de ensaio, é obtido o diagrama tensão

( ) x deformação ( ).

Figura 4.7 – Corpo de prova para ensaio mecânico de tração [12].

A deformação longitudinal ( ) de um material é definida como:

(30)

Onde:

– deformação [%];

– comprimento inicial do corpo de prova;

– Comprimento final do corpo de prova;

Através da análise do diagrama é possível dividir os materiais em duas importantes

categorias, materiais dúcteis e materiais frágeis. A primeira categoria, representada pela

figura 4.8, tem como principal característica o escoamento em temperaturas normais,

resultando em grande deformação longitudinal até sua ruptura. São exemplos de materiais

dúcteis o alumínio, aço, cobre e ouro.

Figura 4.8 – Diagrama tensão x deformação de um material dúctil e seu corpo de prova [12].

43

Já os materiais frágeis, como ferro fundido, vidro, pedra e aços com alto teor de

carbono, são caracterizados por uma ruptura que ocorre sem nenhuma mudança sensível

no modo de deformação do material, além de apresentarem deformação até a fratura muito

menor que aos materiais dúcteis, conforme apresentado na figura 4.9.

Figura 4.9 – Diagrama tensão x deformação de um material frágil e seu corpo de prova [12].

Como cabos de aço são elementos que apresentam elevada ductilidade, mostra-se

indispensável o estudo detalhado do diagrama de ensaio de tração em materiais dúcteis,

figura 4.10, evidenciando os pontos onde o material sofre mudanças notáveis na relação

tensão-deformação.

Figura 4.10 – Diagrama detalhado tensão x deformação de um material dúctil [12].

– Tensão de proporcionalidade: representa o valor máximo da tensão no qual o

material obedece à lei de Hooke, sendo assim, até este valor a tensão é diretamente

proporcional à deformação;

– Tensão de escoamento: a partir deste ponto aumentam as deformações sem

que se altere praticamente o valor da tensão.

44

– Tensão limite de resistência: corresponde à máxima tensão obtida no ensaio de

tração, também conhecida como tensão de resistência a tração;

– Tensão de ruptura: corresponde à tensão na qual ocorre a ruptura do corpo de

prova, também denominada tensão limite de ruptura.

– Deformação elástica: trecho da curva compreendido entre a origem e o limite de

proporcionalidade.

– Deformação plástica: trecho compreendido entre o limite de proporcionalidade e

o ponto correspondente à ruptura do material.

4.2.2. Tensão de cisalhamento

Um corpo é submetido ao esforço de cisalhamento quando sofre a ação de

carregamentos paralelos em sentidos que atuam na direção transversal ao seu eixo,

conforme ilustrado pela figura 4.11.

Figura 4.11 – Corpo submetido ao esforço de cisalhamento [10].

A tensão de cisalhamento é obtida através da razão entre a força cisalhante e a

área de seção transversal , também denominada área de corte, conforme figura 4.12.

(31)

Figura 4.12 – Tensão de cisalhamento [12].

45

4.3. Relações entre tensões normais e cisalhantes

Conforme mencionado anteriormente, a maioria dos dados disponíveis sobre cabos

de aços são obtidos da realização de ensaios de tração. Como neste projeto sugere-se a

realização do corte do cabo de aço por esforço de cisalhamento, se faz necessário o

conhecimento de critérios que relacionem as tensões normais obtidas nos ensaios de tração

às tensões de cisalhamento.

4.3.1. Critério de von Mises

Este critério sugere um modelo que se aplica aos materiais cujo limite de

plastificação é isotrópico e independe da componente média de tensão e para o corte por

cisalhamento, deve-se analisar o modelo de von Mises para cisalhamento puro. Este ensaio

é feito através da torção de um tubo, onde se produz uma tensão cisalhamento e esta é

aumentada até atingir o limite de plastificação.

O modelo de von Mises propõe comparar a tensão de cisalhamento com a tensão de

escoamento obtida do ensaio de tração. Dessa comparação, conclui-se que “se um material

pode ser representado mediante o modelo de plastificação de Mises, então nos ensaios de

tração e torção se encontram os limites de plastificação na relação ” [13], o que pode ser

representado como:

(32)

4.3.2. Critério de Tresca

Este critério também é aplicado a materiais cujo limite de plastificação é isotrópico e

independente da componente média de tensão.

Da mesma maneira que o critério de von Mises, propõe-se a comparação entre os

ensaios de tração e torção, porém conclui-se que “se um material pode ser representado

mediante o modelo de plastificação de Tresca, então nos ensaios de tração e torção se

encontram limites de plastificação na relação 2” [13], o que pode ser representado como:

(33)

4.3.3. Critérios práticos

Diante da dificuldade na obtenção de tensões de ruptura e escoamento por

cisalhamento através de tabelas de propriedades dos materiais, é sugerida a utilização de

critérios práticos para a determinação destes valores a partir dos limites fornecidos pelo

ensaio de tração, conforme tabela 4.1:

46

Tabela 4.1 – Relação entre as tensões normais e cisalhantes [12].

Conforme apresentado na seção 2.3.1, os arames que dão origem aos cabos de aço

possuem em sua composição de 0,3 a 0,8% de C, sendo assim, através da tabela 4.1 é

possível considerar a seguinte relação:

(34)

4.4. Determinação da força de corte

Um fator determinante, seja para a fabricação de elementos como para a seleção de

equipamentos que irão compor o dispositivo em questão, é a força necessária para

realização do corte do cabo de aço pretendido. Através da análise da equação (31), é

possível concluir que a força de corte é obtida através do produto da tensão de ruptura

por cisalhamento pela área da seção transversal, que no caso do cabo de aço é

considerada a área metálica , obtida através da equação (1):

(35)

Na seção 4.3 são apresentados critérios para a determinação da tensão de

cisalhamento , resultando em diferentes relações para a determinação da força de corte,

apresentadas na tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Força de corte para diferentes critérios de relação entre tensões.

Critérios: von Mises Tresca Práticos

Tensão de

cisalhamento

Força de corte

47

4.5. Lâmina de corte

Para o projeto da lâmina de corte, dois fatores devem ser definidos: o ângulo de

afiação e o material a ser utilizado.

Apesar de não ser considerado nos cálculos da força de corte, quanto menor o

ângulo de afiação maior capacidade de corte, porém mais frágil se torna a lâmina. Por outro

lado, quanto maior o ângulo de afiação, menor a capacidade de corte, porém maior será a

robustez da lâmina, tornando-a mais adequada a serviços pesados.

A tabela 4.3 apresenta orientação de angulação para diversos instrumentos de corte,

onde se pode considerar a recomendação para ferramentas de corte para materiais duros,

lâmina com ângulo de afiação entre 25° e 30°.

Tabela 4.3 – Ângulos de afiação para diversos instrumentos de corte [14].

O material da lâmina deve ser compatível com o tipo de serviço a ser executado,

sendo o aço-rápido uma escolha muito comum para utilização em aço ferramentas, pois

apresentam grande dureza superficial e elevada tensão de escoamento.

Através das propriedades observadas na figura 4.13, pode-se fazer a escolha inicial

do aço rápido AISI M2 endurecido, pois este possui alto teor de molibdênio e grande dureza

superficial, além de elevada resistência à compressão, aproximadamente 3250 MPa.

Figura 4.13 – Propriedades de alguns aços rápidos [15].

48

4.6. Preparação do cabo de aço para o corte

Corte de cabos de aço é muitas vezes realizado sem muito cuidado, podendo ser

utilizados alicates para cabos com diâmetros de até 8 mm. Porém, o corte feito através de

equipamento especializado e com os devidos cuidados pode prevenir o surgimento de

problemas tais como pontas afiadas, desenrolamento dos arames e amassamento dos fios.

Fabricantes e fornecedores de cabos de aço apresentam indicações sobre as

melhores formas de se conduzir o corte, sendo a gripagem “seizing” a técnica mais utilizada,

assegurando a integridade do cabo após o corte.

A gripagem deve ser em ambos os lados do local onde será realizado o corte e pode

ser feita de duas maneiras diferentes. Na primeira, apresentada na figura 4.14, coloca-se o

arame no vale entre uma perna e outra, então o arame é enrolado algumas vezes ao redor

do cabo e sobre ele mesmo. Ao finalizar o enrolamento, as pontas livres, que se encontram

próximas, são unidas utilizando-se um alicate.

Figura 4.14 – Técnica de gripagem de cabo de aço [16].

Outra forma de realizar a gripagem, apresentada na figura 4.15, é enrolar o arame

normalmente sobre o cabo, ao fim do enrolamento as pontas mostram-se mais distantes em

relação ao método anterior, porém a finalização é feita da mesma forma, unindo as pontas

com o auxílio de um alicate.

Figura 4.15 – Técnica alternativa de gripagem de cabo de aço [16].

Em ambas as técnicas de gripagem, o diâmetro do arame a ser utilizado e o

comprimento da gripagem dependem do diâmetro do cabo de aço, conforme tabela 4.4.

49

Tabela 4.4 – Diâmetros de arames recomendados para gripagem [16].

A bandagem é uma forma alternativa de preparação dos cabos de aço para o corte.

As bandas são feitas de material flexível, endentados com uma ranhura de bloqueio e um

bordo de costura. Sua aplicação é bastante simples, sem necessidade de ferramentas

especiais, podendo ser feita utilizando apenas um par de alicates, conforme ilustrado na

figura 4.16.

Figura 4.16 – Bandagem de cabo de aço para corte [17].

50

5. Características do equipamento

O equipamento a ser projetado terá como característica a capacidade máxima de

corte para um determinado diâmetro de certa classe de cabo de aço, sendo assim, o

equipamento será capaz de realizar o corte de qualquer cabo da mesma classe ou similar

desde que o diâmetro seja igual ou inferior ao diâmetro limite.

5.1. Determinação da classe e diâmetro limite do cabo

Para a escolha do cabo de aço com diâmetro limite de corte é essencial considerar

um cabo de grande utilização e que possua elevada resistência à tração, que resultará em

um equipamento com alta capacidade de corte, garantindo a utilização do mesmo para

diversas classes de cabo de aço.

Através do Manual Técnico da CIMAF, um dos maiores fabricantes de cabos de aço

do país, é possível obter a informação de que a classe 6x19 alma de aço, representada pela

figura 5.1, é uma das mais utilizadas, oferecendo as construções mais adequadas para

maior parte das aplicações nas bitolas mais comuns.

Outro fator importante a ser considerado é a comparação da carga de ruptura entre

as classes. Fixando o valor do diâmetro e categoria de resistência, os cabos da classe 6x19

alma de aço possuem maior valor de carga de ruptura em relação aos demais. Sendo

assim, se o equipamento for capaz de cortar um cabo com determinado diâmetro desta

classe, terá também capacidade para realizar o corte de qualquer outro cabo com diâmetro

igual ou inferior.

Figura 5.1 – Cabo de aço classe 6x19 alma de aço [4].

Escolhida a classe do cabo de aço, resta determinar o diâmetro limite que o

equipamento será capaz de cortar. Em relação a esta grandeza, pode-se considerar a bitola

de até 1 polegada (ou 26 mm) como um valor satisfatório para a maioria das aplicações

51

usuais. Através da tabela 5.1, é possível obter os valores de massa aproximada ( )

carga mínima de ruptura ( ) para diversos diâmetros, inclusive para a bitola escolhida:

Tabela 5.1 – Propriedades para diversos diâmetros dos cabos de aço 6x19 alma de aço [4].

Escolhido o diâmetro 26 mm, conclui-se a seleção com o cabo de aço limite de

seguinte nomenclatura: 26x6x19 AACI Seale EIPS. Sendo possível verificar através da

tabela 5.1 que este cabo possui massa aproximada de e carga de ruptura

mínima de , equivalente a .

5.2. Cálculo da força de corte

Após determinação do cabo de aço limite, é possível calcular a força de corte

necessária ao equipamento para realização do corte de todos os cabos com diâmetro igual

ou inferior ao selecionado anteriormente.

Conforme apresentado na equação (35), a força de corte é dada pelo produto da

tensão de cisalhamento pela área metálica do cabo de aço, .

O cálculo da tensão de cisalhamento foi apresentado de três maneiras distintas na

seção 4.3, baseadas em critérios que relacionam a resistência à tração com a tensão de

cisalhamento.

52

Conforme apresentado na tabela 2.1, os cabos da categoria de resistência EIPS

possuem resistência à tração de , este valor será utilizado no cálculo da

tensão de cisalhamento para os critérios discutidos anteriormente. Porém para o cálculo da

força de corte ainda se faz necessária obtenção da área metálica para o cabo selecionado.

O cálculo da área metálica foi apresentado na equação (1): , onde o

fator F é obtido através da tabela 2.4 e d representa o diâmetro do cabo, em milímetros.

Notar ainda que nas observações da tabela de fator F, consta a informação que para cabos

de 6 pernas e alma de aço de cabo independente deve-se adicionar 15% à área metálica.

Sendo assim, para o cabo de aço 26x6x19 AACI Seale EIPS, o cálculo da área

metálica é dado conforme apresentado a seguir: .

Utilizando os critérios apresentados na seção 4.3, o valor da resistência à tração e

a área metálica , é possível calcular os valores para tensão de cisalhamento e força de

corte conforme apresentado na tabela 5.2:

Tabela 5.2 – Cálculo da força de corte para diferentes critérios de relação entre tensões.

Critérios: von Mises Tresca Práticos

Tensão de

cisalhamento

Força de corte

Apresentados os valores calculados para força de corte utilizando diferentes critérios,

resta determinar qual valor é o mais adequado para o equipamento a ser projetado.

Considerando uma abordagem conservadora, é recomendável a utilização da força

de corte calculada através de critérios práticos, conforme apresentado na tabela 4.1. Pois o

valor obtido desta forma é superior aos demais, garantindo assim que um equipamento que

opere com força suficiente para atender a este critério seja consequentemente capaz de

atender aos demais critérios.

Com isso, conclui-se que o cilindro hidráulico a ser selecionado deverá ser capaz de

operar com força de corte superior àquela calculada para o corte do cabo de aço limite,

.

53

5.3. Circuito hidráulico

A representação de sistemas hidráulicos pode ser feita através da utilização de

diagramas esquemáticos, onde cada símbolo apresentado corresponde a um determinado

dispositivo ou instrumento e as linhas representam tubulações, canos ou mangueiras. No

caso do equipamento de corte de cabos de aço apresentado neste projeto, uma bomba

hidráulica com acionamento pneumático é empregada, onde o fluxo de ar comprimido é

representado por linhas tracejadas, enquanto o fluxo hidráulico por linhas contínuas,

conforme apresentado na figura 5.2.

Figura 5.2 – Circuito hidráulico de acionamento do dispositivo de corte.

Antes de chegar à bomba, o ar comprimido é filtrado para retenção de partículas, sua

pressão é regulada conforme ajuste manual através de uma válvula reguladora de pressão e

lida em um manômetro de painel. Uma válvula esfera de acionamento manual permite o

bloqueio ou liberação do ar comprimido para acionamento da bomba conforme desejo do

operador.

Já o fluido hidráulico é filtrado ao ser succionado e ao passar pela bomba tem sua

pressão elevada apenas se a válvula agulha manual de dreno estiver na posição fechada,

caso a válvula esteja aberta o fluido percorre o sistema e é reenviado ao reservatório. Ao

aumentar a pressão do fluido proporcionalmente à pressão de ar comprimido responsável

pelo acionamento da bomba, o cilindro realiza o movimento de avanço, permitindo o corte

caso a pressão regulada seja suficiente para fornecer força necessária ao corte.

Após o corte, a válvula de bloqueio de ar comprimido deve ser colocada na posição

fechada, impedindo assim o acionamento da bomba. Em seguida é aberta a válvula de

dreno, resultando na queda da pressão, retorno do fluido ao reservatório e recuo da haste

do cilindro, possibilitando assim o posicionamento de um novo cabo para corte.

54

5.4. Seleção de equipamentos

Os equipamentos principais serão especificados e detalhados a seguir, já os demais

possuem menor importância e podem ser selecionados facilmente através dos parâmetros

de pressão e vazão requisitados principalmente pela bomba.

5.4.1. Cilindro hidráulico

Dois fatores são determinantes para a seleção do cilindro hidráulico: a capacidade e

o curso. A capacidade de um cilindro representa a força que o mesmo é capaz de transmitir,

seja para levantar, empurrar ou puxar uma carga ou ainda no caso deste projeto para o

corte de um cabo de aço. Já o curso representa o quanto a haste é capaz de se deslocar em

relação ao corpo do cilindro, e para o projeto deste equipamento, deve ser suficiente para o

posicionamento satisfatório do cabo de aço, evitando valores elevados que resultariam,

dentre outros fatores, no aumento do tempo de corte.

Para este projeto foi selecionado o cilindro RC-502, figura 5.3, fabricado pela

Enerpac que possui as seguintes características:

- Pressão máxima de trabalho: 70 MPa (700 bar);

- Simples ação e retorno por mola;

- Capacidade: 498 kN (50 ton);

- Curso: 51 mm;

- Área efetiva: 71,2 cm²;

- Capacidade de óleo: 362 cm³;

Figura 5.3 – Cilindro hidráulico Enerpac RC-502 [18].

55

Para a operação do cilindro hidráulico, recomenda-se a utilização do óleo hidráulico

Enerpac HF, cujas especificações são apresentadas na tabela 5.3:

Tabela 5.3 – Especificações do óleo HF [18].

Todos os cilindros da série RC possuem rosca na extremidade superior de seu

corpo, denominada rosca do colarinho. Neste projeto, esta rosca será utilizada para

posicionar o dispositivo de corte que será apresentado no capítulo 10, referente à

documentação gráfica do projeto.

5.4.2. Bomba hidráulica

Para o acionamento do cilindro hidráulico especificado anteriormente, foi selecionada

uma bomba hidráulica com acionamento por ar comprimido série ZA4, figura 5.4, fabricada

também pela Enerpac, com as seguintes características:

- Pressão máxima de trabalho: 70 MPa (700 bar);

- Vazão máxima: 13,9 litros/minuto;

- Reservatório de 4 litros;

- Peso com óleo: 29,3 kg;

Figura 5.4 – Bomba hidráulica com acionamento pneumático [18].

56

Diferentemente do equipamento apresentado na figura 5.4, a bomba selecionada

neste projeto não possui válvula acoplada ao reservatório, pois a única válvula hidráulica

será posicionada no painel do equipamento para acionamento manual e terá a função de

drenar a pressão do sistema, conforme apresentado na seção 5.3.

Este modelo de bomba hidráulica possui a vazão de descarga dependente da

pressão do sistema, conforme pode ser observado no diagrama de vazão apresentado na

figura 5.5.

Figura 5.5 – Diagrama de vazão bombas série ZA4 [18].

5.4.3. Válvula de dreno

Conforme apresentado no circuito hidráulico da seção 5.3, a pressão do sistema é

drenada através de uma válvula agulha posicionada no painel do equipamento,

possibilitando o recuo da haste do cilindro após o processo de corte. Para esta função, foi

selecionada a válvula agulha em aço inox da série P, código 15P6071, figura 5.6, fabricada

pela Autoclave Engineers, com as seguintes características:

- Pressão máxima de trabalho: 103,4 MPa (1034 bar);

- Conexões de entrada e saída: 3/8″ NPT Fêmea;

Figura 5.6 – Válvula agulha utilizada para dreno de pressão [19].

57

5.5. Componentes e princípios de funcionamento

A figura 5.7 apresenta uma visão geral do equipamento de corte durante sua

operação. É possível observar a presença de duas estruturas principais: o dispositivo de

corte, responsável pela admissão e corte efetivo do cabo de aço, e o gabinete, utilizado

como estrutura de apoio ao dispositivo e interface operador/equipamento, além de ter seu

espaço físico interior utilizado para posicionamento de componentes do circuito hidráulico,

como bomba, filtros, mangueiras e tubulações.

Figura 5.7 – Equipamento de corte durante operação.

5.5.1. Dispositivo de corte

A seguir são apresentados de maneira superficial os componentes do dispositivo de

corte, figura 5.8, visto que os desenhos técnicos detalhados são fornecidos no capitulo 10,

referente à documentação gráfica do projeto.

Figura 5.8 – Dispositivo de corte.

58

5.5.1.1. Extensor do cilindro

Conforme exposto na seção 5.4.1, o cilindro hidráulico possui rosca em uma de suas

extremidades, chamada rosca de colarinho. Através desta se faz possível montar um

extensor no cilindro, conforme figura 5.9, permitindo o posicionamento de um conjunto

capaz de realizar o movimento de avanço empurrado pela haste do cilindro hidráulico.

Figura 5.9 – Extensor do cilindro.

5.5.1.2. Porta ferramenta

Este componente recebe contato direto da haste do cilindro e é empurrado em

direção ao cabo de aço para realização do corte. Uma de suas faces é dimensionada com

ressalto de diâmetro semelhante ao da haste do cilindro, recebendo assim a força de corte

de maneira distribuída sobre esta área. Em sua face oposta é posicionado um suporte para

que seja possível acomodar a lâmina de corte, conforme apresentado na figura 5.10.

Além de promover a transmissão de força do cilindro hidráulico à lâmina de corte,

este componente é responsável ainda por acomodar uma mola de retorno, permitindo que o

retorno do conjunto coincida com o recuo da haste do cilindro.

Figura 5.10 – Porta ferramenta, suporte e lâmina de corte.

59

5.5.1.3. Guias lineares

Para que o conjunto possa realizar o movimento de avanço e recuo, são instaladas

guias lineares em duas faces internas opostas do extensor. Neste projeto foram

selecionadas guias lineares de trilho perfilado fabricadas pela SKF®. Os conjuntos são

fornecidos com trilhos e carros em diversos modelos, utilizados nas mais variadas

aplicações.

Atendendo às condições deste projeto, selecionou-se o modelo de guia linear em

miniatura LLM, apresentado na figura 5.11, mais especificamente o conjunto formado pelo

trilho e carro de código do fabricante LLMWS15TA1T0-114P5W1.

Figura 5.11 – Porta ferramenta, suporte e lâmina de corte.

5.5.1.4. Tampa do extensor

Tem a função de manter os demais componentes no interior do extensor, permitindo

apenas a exposição da lâmina através de um corte retangular em sua face, conforme figura

5.12. Além disso, possui rebaixo para posicionamento da extremidade da mola de retorno e

dois furos para garantir o posicionamento adequado da base de corte durante a montagem.

Figura 5.12 – Lâmina de corte exposta através da tampa do extensor.

60

5.5.1.5. Mola de retorno

Como a função da mola é apenas possibilitar o recuo do conjunto quando a haste do

cilindro realiza movimento de retorno, conforme figura 5.12, não é necessário selecionar um

elemento com elevada constante elástica, pois a força necessária para reposicionar o

conjunto é consideravelmente baixa, principalmente pelo baixo atrito entre o carro e o trilho

da guia linear. Sendo assim, para o dimensionamento da mola são consideradas apenas as

restrições físicas do conjunto, resultando na seleção de uma mola de compressão helicoidal

de diâmetro médio de 85 mm, comprimento livre de 100 mm, diâmetro do arame de 2 mm e

passo 10mm. Com estas dimensões, montar a tampa do extensor, a mola é colocada em

operação comprimida, mantendo o conjunto sempre em contato com a haste do cilindro.

Figura 5.12 – Mola de retorno.

5.5.1.6. Base de corte

Este elemento, apresentado na figura 5.13, é responsável por acomodar o cabo e

resistir ao avanço da lâmina durante o processo de corte, resultando no cisalhamento do

cabo de aço pela ação de dois planos paralelos.

Dois ressaltos cilíndricos são posicionados em sua face frontal, garantindo o

alinhamento da base com a tampa do extensor, condição necessária para possibilitar que a

folga entre a lâmina e a base de corte seja mínima, caso contrário a folga pode ser elevada

e resultar no esmagamento do cabo.

61

Figura 5.13 – Base de corte.

5.5.1.7. Estrutura do dispositivo

Para garantir a integridade do dispositivo durante o processo de corte, é necessário

que a estrutura seja suficientemente robusta para suportar a força transmitida pelo cilindro

hidráulico, conforme apresentada na figura 5.14.

A estrutura possui furos de entrada e saída para posicionamento do cabo de aço a

ser cortado, além de furos para posicionamento do cilindro hidráulico, da base de corte, da

tampa superior e fixação do dispositivo de corte no gabinete.

Figura 5.14 – Base do dispositivo.

62

A figura 5.15 ilustra o posicionamento do cabo de aço para realização do corte, onde

a haste do cilindro é mostrado em posição recuada.

Figura 5.15 – Cabo de aço posicionado para o corte com a haste do cilindro recuada.

Já a figura 5.16 apresenta a haste do cilindro hidráulico em posição avançada após a

realização do corte. O conjunto permanece nesta posição até que a válvula de dreno seja

aberta e o fluido hidráulico possa retornar ao reservatório da bomba.

Figura 5.16 – Cabo de aço cortado após avanço da haste do cilindro hidráulico.

63

5.5.2. Gabinete

Conforme apresentado anteriormente, o gabinete é a estrutura utilizada para fixação

do dispositivo de corte e acomodação do sistema hidráulico, além de possuir painel com

instrumentos para operação do equipamento, como ilustrado na figura 5.17.

Figura 5.17 – Painel para operação do dispositivo de corte.

Para a instalação do circuito hidráulico, as tampas frontal e traseira do gabinete são

removíveis, possibilitando acesso ao interior da estrutura, conforme figura 5.17.

Figura 5.17 – Espaço interior do gabinete.

Caso o equipamento seja utilizado em uma aplicação que lhe exija mobilidade, existe

a possibilidade de instalação de rodízios em sua base, porém para sua seleção se faz

necessário considerar o peso total a ser suportado pelos rodízios. Neste projeto os rodízios

serão apresentados de maneira ilustrativa, pois a seleção destes elementos é bastante

trivial e existem diversos fornecedores no mercado.

66

A simulação do carregamento na lâmina fornece a tensão máxima de 1969 MPa,

consideravelmente inferior à tensão limite de 3250 MPa à qual a lâmina é capaz de resistir.

6.2.2. Suporte da lâmina

O suporte é fabricado no mesmo material que a lâmina, pois este também possui

pequenas dimensões, e a força de corte é distribuída em uma área muito reduzida,

resultando em uma tensão bastante elevada, sendo necessária sua fabricação em um

material com elevada resistência à compressão.

O resultado da simulação no suporte da lâmina de corte é apresentado na figura 6.2,

onde a tensão máxima obtida é de 1257 MPa, novamente bastante inferior à tensão limite

do material.

Figura 6.2 – Resultado da simulação de carregamento no suporte da lâmina.

6.2.3. Base de corte

Esta peça também é fabricada em aço rápido AISI M2 endurecido, já o resultado da

simulação de carregamento neste componente é apresentado na figura 6.3, onde a tensão

máxima obtida é de 640 MPa, muito inferior à tensão limite do material de 3250 MPa.

Figura 6.3 – Resultado da simulação de carregamento na base de corte.

67

6.2.4. Porta ferramenta

Este componente é deslocado por contato direto com a haste do cilindro durante o

movimento de avanço. Para sua fabricação é utilizado o aço AISI 4340 normalizado, que

possui tensão limite de escoamento de 710 MPa.

Utilizando o critério de falha de von Mises, a tensão máxima obtida é de 503,6 MPa,

conforme apresentado na figura 6.4.

Figura 6.4 – Resultado da simulação de carregamento no porta ferramenta.

O cálculo do fator de segurança para este componente é feito através da razão entre

a tensão limite de escoamento do material e a tensão máxima obtida na simulação:

(38)

Aplicando a equação (38) para a determinação do fator de segurança deste

componente:

6.2.5. Estrutura do dispositivo

Todos os componentes do dispositivo de corte são acomodados dentro desta

estrutura, fabricada em aço AISI 1020, que possui tensão limite de escoamento de 351,6

MPa. Para simulação dos esforços sobre a base, considerou-se a força necessária ao corte

agindo nas áreas das faces da estrutura que permanecem em contato com a base de corte

e extremidade inferior do cilindro hidráulico, conforme figura 6.5.

68

Figura 6.5 – Resultado da simulação de carregamento na estrutura do dispositivo.

Como resultado foi obtida a tensão máxima atuante de 236 MPa, e utilizando-se do

critério de von Mises, fator de segurança pode ser obtido conforme equação (38):

69

7. Avaliação de estruturas e elementos de fixação

7.1. Tensões sobre o gabinete

Além de ser utilizado para modelar os componentes e simular os esforços, é possível

utilizar o Solidworks® ainda para determinar as propriedades de massa de peças e

montagens. Através deste recurso pode-se determinar a massa do dispositivo de corte como

71,62 kg, conforme apresentado na figura 7.1.

Figura 7.1 – Propriedades de massa do dispositivo de corte.

Para a simulação dos esforços no gabinete, além do valor da massa obtida pelo

programa computacional, considerou-se um valor adicional como possíveis cargas não

calculadas que possam ser aplicadas por apoio de outros elementos sobre o gabinete,

totalizando a massa total de aproximadamente 200 kg, conforme figura 7.2.

Figura 7.2 – Resultado da simulação de carregamento no gabinete.

70

A tensão máxima obtida através desta simulação foi de 143,5 MPa, já o gabinete é

fabricado em aço AISI 1020, cujo limite de escoamento é de 351,6 MPa. Sendo assim, é

possível calcular o fator de segurança conforme determinado anteriormente:

7.2. Verificação de parafusos

Para a montagem de alguns componentes são utilizados parafusos, que são

selecionados conforme cargas que devem suportar e disponibilidade de espaço para seu

posicionamento.

Na fixação da base de corte à estrutura do dispositivo são utilizados quatro parafusos

Allen de cabeça sextavada, modelo ISO 4762 com rosca M6 e comprimento de 60

milímetros. Ainda através do programa Solidworks® é possível verificar a integridade dos

elementos de fixação quando submetido a diferentes esforços. O resultado da simulação

aplicando o peso da base de corte e a força de corte simultaneamente a estes parafusos é

apresentado na figura 7.3.

Figura 7.3 – Verificação dos parafusos da base de corte.

Já para a fixação da tampa ao extensor do cilindro são utilizados três parafusos

sextavados, modelo ISO 4017 com rosca M4 e comprimento de 10 milímetros, onde a

função destes elementos é apenas suportar o peso da tampa, não sendo submetidos à

esforços adicionais. O resultado da verificação de integridade destes parafusos é

apresentado na figura 7.4.

71

Figura 7.4 – Verificação dos parafusos da tampa do extensor.

Os demais parafusos utilizados na montagem do equipamento de corte suportam

cargas muito inferiores às apresentadas anteriormente e não estão submetidos a grandes

esforços, sendo assim pode-se considerar que não é necessária apresentação de

verificação de todos estes elementos.

72

8. Conclusões

O passo inicial para realizar o projeto de um equipamento de corte para cabos de

aço foi estudar o componente a ser cortado, pois apesar de serem amplamente utilizados,

os cabos de aço são elementos que possuem propriedades físicas e comportamentos

complexos.

Após o estudo dos cabos de aço, foi realizada uma análise detalhada sobre sistemas

hidráulicos, pois esta seria a forma de acionamento do equipamento para a execução do

corte. Foram apresentados seus princípios físicos e principais componentes utilizados em

circuitos hidráulicos, incluindo os utilizados neste projeto.

Na sequência realizou-se um estudo sobre o processo de corte, analisando os

esforços envolvidos. Como as aplicações que envolvem a utilização de cabos de aço são

predominantemente relacionadas a esforços de tração, a grande maioria dos dados

disponíveis sobre estes elementos se referem a carregamentos desta natureza. Sendo

assim, mostrou-se necessário buscar critérios que relacionem tensões normais e tensões

cisalhantes, possibilitando assim o cálculo da força de corte necessária ao equipamento.

Sabendo como calcular a força de corte, o passo seguinte foi selecionar o cabo com

diâmetro limite para operação do equipamento, foi então selecionado o cabo de aço

26x6x19 AACI Seale EIPS, um cabo da classe 6x19 com diâmetro nominal de 26 mm, alma

de aço e categoria de resistência EIPS, amplamente utilizado para as mais diversas

aplicações. Selecionado o cabo de aço de diâmetro limite, realizou-se então o cálculo da

força de corte necessária, permitindo assim a seleção de um cilindro hidráulico de simples

ação, retorno por mola e pressão máxima de trabalho de 70 MPa. A partir da seleção do

cilindro foi possível determinar os demais elementos do sistema hidráulico, assim como

dimensionar os componentes do dispositivo de corte.

Para saber se as estruturas, componentes do equipamento de corte e elementos de

fixação seriam capazes de resistir às forças aplicadas durante o processo de corte, foram

realizadas simulações de esforços utilizando o programa computacional Solidworks® e

garantida a integridade de todo o sistema durante a operação do equipamento, a etapa

seguinte foi a elaboração dos desenhos técnicos referentes aos componentes e montagens

do equipamento.

Em relação ao resultado do projeto, apesar de possuir alguma mobilidade,

inicialmente buscava-se um equipamento mais leve e portátil do que o apresentado, porém

esta diferença entre objetivo inicial e resultado alcançado se dá principalmente pela elevada

força de corte calculada durante as etapas do projeto, demandando uma estrutura robusta

que fosse capaz de resistir aos esforços gerados. Ainda assim, pode-se considerar que o

equipamento proposto atende às expectativas de forma satisfatória.

73

8.1. Trabalhos futuros

Além do dispositivo de corte e o gabinete, poderia se considerar o projeto de um

mecanismo de enrolamento em tambor e medição do cabo de aço a ser cortado,

possibilitando assim um trabalho mais rápido e eficiente. Este dispositivo poderia ser

composto por uma mesa giratória instalada posteriormente à saída do equipamento de

corte, onde ao girar a bobina e enrolar o cabo de aço, o mecanismo realizaria a medição do

cabo de aço através de um contador de passos.

Outra melhoria possível em relação ao projeto apresentado seria a realização de

ensaios de cisalhamento no cabo de aço de diâmetro limite, pois assim, seria possível

determinar com maior precisão a força de corte necessária ao equipamento, possivelmente

menor do que a utilizada neste projeto. Com isso, poderia ser utilizado um cilindro hidráulico

de menor capacidade, reduzindo os esforços resultantes e possibilitando a utilização de

estruturas menores e mais leves.

Com o intuito de se obter maior conhecimento sobre a viabilidade de fabricação do

equipamento apresentado neste projeto, pode-se sugerir que em um trabalho futuro se

realize o levantamento de custos de todos os elementos que o compõe, permitindo a

obtenção de um custo total do equipamento e a comparação com outras soluções

disponíveis no mercado.

74

9. Referências bibliográficas

[1] http://atlantic-cable.com/Article/WireRope/nmachine.jpg. Acesso em 30 de outubro de

2016.

[2] http://www.bondinho.com.br/historia-e-curiosidades/. Acesso em 30 de outubro de

2016.

[3] http://www.guiavertical.com.br/noticias/24/saiba-mais-sobre-cabos-de-aco.html.

Acesso em 31 de outubro de 2016.

[4] CIMAF, Manual Técnico, 2012. Disponível em: http://www.cimafbrasil.com.br. Acesso

em 31 de outubro de 2016.

[5] Norma NBR ISO 2408, Cabos de aço para uso geral - Requisitos mínimos, 2008.

[6] DE MARCO, Flávio, Apostila Cabos de Aço, Departamento de Engenharia Mecânica,

UFRJ, 2009.

[7] FERREIRA, Dario Magno Batista, Noções de hidráulica, CEFET-BA.

[8] GOMES, Marcio Rodrigues, Apostila de hidráulica, CEFET-BA.

[9] BORGES, Francisco Carlos D’Emílio, Apostila de automação, SENAI-SP.

[10] BEER, Ferdinad P., Mecânica dos materiais, 5ª Ed., McGraw Hill, 2011.

[11] MATTOS, Edson Ezequiel; DE FALCO, Reinaldo. Bombas industriais, 2ª Ed.,

Interciência, 1998.

[12] BENTO, Daniela A., Fundamentos de Resistência dos Materiais, CEFET-SC,

2003.

[13] ZOUAIN, Nestor, Notas de Aula de Mecânica dos Sólidos II, Departamento de

Engenharia mecânica, UFRJ.

[14] Sociedade Brasileira de Cuteleiros. Disponível em: http://sbccutelaria.org.br.

[15] KRAUSS, G., Tool Steels, 5ª edição, 1998.

[16] Wire Rope Works, Inc., General Purpose Catalog Bethlehem Wire Rope, 2010.

75

[17] http://www.morse-starrett.com/ms/cable_bands.html. Acesso em 18 de novembro de

2016.

[18] ENERPAC, Catálogo de Ferramentas Industriais, 2013. Disponível em:

http://www.enerpac.com/pt/e327-industrial-tools-catalog-0.

[19] PARKER, Autoclave Engineers Compiled Literature, 2012. Disponível em:

http://www.autoclave.com/html/literature.html

9.1. Bibliografia complementar

BUDYNAS, Richard G.; NISBETT, J. Keith, Elementos de Máquinas de Shigley, 8ª Ed.,

McGraw Hill, 2011.

BUFFONI, Salete Souza de Oliveira, Apostila de Resistência dos Materiais, Universidade

Federal Fluminense.

CORRÊA, Marcus Vinicius Dalla Stella, Sistema Automático para Corte de Cabos de Aço,

Projeto de Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, 2014.

DE MARCO, Flávio, Apostila Cabos de Aço, Departamento de Engenharia Mecânica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009.

Norma NBR 13543, Movimentação de carga - Laços de cabo de aço – Utilização e inspeção,

1995.

Norma NBR ISO 4309, Guindastes - Cabo de Aço - Critérios de Inspeção e Descarte, 1998.

PINA FILHO, Armando Carlos de, Apostila de Desenho Técnico para Engenharia Mecânica,

Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011.

PARKER, Catálogo/Manual de Cilindros Hidráulicos, 2003. Disponível em:

http://www.parker.com

SILVA, Gabriel Lassery Rocha da, Cortador de Cabos de Aço de Alta Produtividade com

Atuação por Redução Mecânica, Projeto Final de Graduação em Engenharia

Mecânica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.

HALLIDAY, David; WALKER, Jearl; RESNICK, Robert, Fundamentos de Física: Gravitação,

Ondas e Termodinâmica, 9ª Ed., LTC, 2012.

76

10. Apêndices

Apêndice A: Manual de montagem

Inicie a montagem fixando o suporte da lâmina (18) ao porta ferramenta (16)

utilizando dois parafusos Allen M3 x 12 (17). Em seguida, posicione a lâmina de corte sobre

o suporte e utilize dois parafusos de pressão Allen M2 x 6 (9) para garantir o posicionamento

correto entre estes componentes. Fixe também os dois carros (11) ao porta ferramenta, com

auxílio de oito parafusos sextavados M4 x 8 (25), conforme figura 10.1.

Figura 10.1 – Montagem da lâmina no suporte e carros no porta ferramenta.

Utilizando doze parafusos Allen M4 x 10 (20), monte os dois trilhos nas faces

internas do extensor do cilindro (12), em seguida utilize sua superfície roscada para

conectá-lo ao cilindro hidráulico (15), como apresentado na figura 10.2.

Figura 10.2 – Montagem dos trilhos no extensor do cilindro.

77

Através dos carros e trilhos das guias lineares, posicione o porta ferramenta no

interior do extensor e em seguida posicione a mola de retorno (8), conforme figura 10.3.

Figura 10.3 – Montagem no interior do extensor do cilindro.

Utilize a tampa do extensor (7) para fechá-lo, com auxílio três parafusos sextavados

M4 x 10 (3). Em seguida posicione a base de corte (2) sobre a tampa com a ajuda dos

ressaltos na face da base e os furos da tampa, como apresentado na figura 10.4.

Figura 10.4 – Montagem no interior do extensor do cilindro.

Posicione o conjunto no interior da estrutura do dispositivo (5) que deve ser fixada

previamente ao gabinete com auxílio de quatro parafusos sextavados M6 x 16 (14). Utilize

então dois parafusos sextavados 1/2"-13 UN (13) para fixar a base do cilindro à estrutura do

dispositivo, assim como quatro parafusos Allen M6 x 60 (4) para fixação da base de corte,

conforme figura 10.5.

78

Figura 10.5 – Montagem do dispositivo de corte sobre o gabinete.

Utilize quatro parafusos sextavados M6 x 12 (23) para fechar o dispositivo de corte

com a tampa (24), em seguida utilize a conexão de engate rápido (21) para conectar o

dispositivo de corte ao sistema hidráulico, que deve ser montado previamente conforme

diagrama esquemático apresentado na previamente na figura 5.2 e novamente na figura

10.6.

Figura 10.6 – Circuito hidráulico.

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/2017Conjunto: Dispositivo de Corte 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Diversos

Escala: 1:5

450

AA B

B

2423

2122

CORTE A-A

14 15 16 2018 19

1

2

3

4

6

5

8 79101112

13 17

212

156

CORTE B-B

25

Nº do Item DESCRIÇÃO QTD.1 Porca sextavada M6 42 Base de corte 13 Parafuso sextavado 8,8 M4 x 10 34 Parafuso Allen M6 x 60 45 Estrutura do dispositivo 16 Arruela M6 47 Tampa do extensor 18 Mola de retorno 19 Parafuso de pressão Allen M2 x 6 210 Trilho da guia linear LLMW15TA1-114 211 Carro da guia linear LLMWC15TA 212 Extensor do Cilindro 113 Parafuso sextavado 1/2"-13UN x 1.25 214 Parafuso sextavado 8,8 M6 x 16 415 Cilindro hidráulico RC-502 116 Porta Ferramenta 117 Parafuso Allen M3 x 12 218 Suporte da Lâmina 119 Lâmina 120 Parafuso Allen M4 x 10 1221 Engate rápido CR-400 122 Porca sextavada M6 423 Parafuso sextavado 8,8 M6 x 12 424 Tampa da estrutura 125 Parafuso sextavado 8,8 M4 x 8 8

15 30 6

60

4 x 6,60 35 11 6,40

10

80

93°

7,50

65

R15

10

63 6

20

10

CANTOS VIVOS DEVEM SER ADOÇADOSAFASTAMENTO GERAL: 0,1

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/20172 - Base de corte 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Aço AISI M2

Escala: 1:2

11 11

71,50

38,50

88

58,38 4 x 5 12

M6 - 6H 11

20

37 37

12

525

2

0

57

95,25

90

42

A

A

8 1

52

20 6,60

2 x 13,10 PASSANTE

58,38 212

73,

50

48

115

450

2

58,50

76

63

38

40

40 6

28

B

CORTE A-A

4 x 6,60PASSANTE

DETALHE B

ESCALA 1 : 1

CANTOS VIVOS DEVEM SER ADOÇADOSAFASTAMENTO GERAL: 0,1

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/20175 - Estrutura do dispositivo 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Aço AISI 1020

Escala: 1:5

3

88 2

2 x 6 PASSANTE

148

148

3 x 3,30 PASSANTE M4 - 6H PASSANTE

50

13

R10

CANTOS VIVOS DEVEM SER ADOÇADOSAFASTAMENTO GERAL: 0,1

ESPESSURA DA CHAPA: 5 MM

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/20177 - Tampa do Extensor 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Aço AISI 1020

Escala: 1:1

148

16

R5

3 x 3,30 PASSANTE M4 - 6H PASSANTE

5"

-12

16

5

5 R10

148

176

5

5

12 x 3,30 PASSANTE M4 - 6H PASSANTE

5

CANTOS VIVOS DEVEM SER ADOÇADOSAFASTAMENTO GERAL: 0,1

ESCALA: 1:5

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/201712 - Extensor do cilindro 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Aço AISI 1020

Escala: 1:2

106

106

26

88 2

R10

2 x 2,50 10

11 21 6

10 8 x 4,50 PASSANTE

10

20

4

80

82

46

10

CANTOS VIVOS DEVEM SER ADOÇADOSAFASTAMENTO GERAL: 0,1

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/201716 - Porta Ferramenta 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Aço AISI 4340 normal.

Escala: 1:2

4,25 4,25

8

6

20

2 x 2,40 PASSANTE TOTAL 4,40 2,40

2 x 3,30 PASSANTEM4 - 6H PASSANTE

49

CANTOS VIVOS DEVEM SER ADOÇADOSAFASTAMENTO GERAL: 0,1

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/201718 - Suporte da Lâmina 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Aço AISI M2

Escala: 2:1

11

46

46

19

2 x 2,50 1

CANTOS VIVOS DEVEM SER ADOÇADOSAFASTAMENTO GERAL: 0,1

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/201719 - Lâmina 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Aço AISI M2

Escala: 2:1

212

450

20 20

4 x 6,60 PASSANTE

CANTOS VIVOS DEVEM SER ADOÇADOSAFASTAMENTO GERAL: 0,1

ESPESSURA DA CHAPA: 2 MM

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/201724 - Tampa da estrutura 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Acrílico

Escala: 1:5

500

573

63,50

63,50

A

A

800

42

4 x 6,60 PASSANTE

950

200

350

700

B

CORTE A-A

1,5

0

15

7,50 9

DETALHE B

ESCALA 1 : 1

CANTOS VIVOS DEVEM SER ADOÇADOSAFASTAMENTO GERAL: 0,1

PAINEL APRESENTADO EM DESENHO À PARTE

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/201726 - Gabinete 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Aço AISI 1020

Escala: 1:10

291

,55

300

3 x 120 4

10

6,50

31

65,25

50

31,50

55,

50

71,

27

65,25

37,

50

28,

54

35,

25

3 x 120 4

37

79,25

51

22

2 x 4 12,74

2 x 4

93,

25

95

74,

50

65,25

95

CANTOS VIVOS DEVEM SER ADOÇADOSAFASTAMENTO GERAL: 0,1

ESPESSURA DA CHAPA: 1,5 MM

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/201727 - Painel 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Aço AISI 1020

Escala: 1:2

A

AC

B

CORTE A-A

15

1,5

0

DETALHE B

ESCALA 2 : 1

4

8

DETALHE C

ESCALA 2 : 1

CANTOS VIVOS DEVEM SER ADOÇADOSAFASTAMENTO GERAL: 0,1

Paulo Vitor Lustoza Soares

Data: 31/01/201728 - Tampa do Gabinete 1º Diedro

Prof.: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Material:Aço AISI 1020

Escala: 1:10