Projeto Integrado de Literatura - Ensino Médio

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CAMINHOS DE LEITURA 15 ROTEIROS COMPLETOS PARA INCENTIVAR A FORMAÇÃO DE JOVENS LEITORES 2015 ENSINO MÉDIO 1º AO 3º ANO

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CAMINHOS DE LEITURA15 ROTEIROS COMPLETOS PARA INCENTIVAR A FORMAÇÃO DE JOVENS LEITORES

2015

ENSINO MÉDIO 1º AO 3º ANO

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Porta de acesso às histórias do mundo, à cultura escrita, ao universo

dos sonhos encantados e da fantasia, a literatura é uma arte que

vai muito além da informação. Como afirma Antonio Candido, ela

nos ajuda a organizar o caos da vida por meio da ordenação de

sentimentos e pensamentos, pois é um objeto construído “que tira

as palavras do nada e as dispõe como um todo articulado”, dando

sentido àquilo que na vida às vezes não faz sentido. A literatura nos

humaniza à medida que garante nosso direito à imaginação, ao

conhecimento. Permite abrir novos horizontes, descortinar outras

realidades e reconhecer a nós mesmos no mundo e no outro, naquele

que é diferente de nós. Por isso tudo, a literatura é fundamental

na construção de nossa identidade, no conhecimento que temos

do mundo, dos outros e de nós mesmos – e deve fazer parte da

formação de crianças e jovens.

Contudo, quando consideramos o ensino de literatura a jovens leitores

hoje, o que em geral encontramos na escola é o ensino de técnicas de

análise de texto (fragmentos da teoria literária, escansão de poemas,

rimas, etc.) e de fatos extraliterários (vida e obra de autores, estilos

de época, etc.). Embora esses elementos não devam ser excluídos

da discussão, mesmo no trabalho com os alunos mais novos, eles

não podem ocupar o espaço que a leitura do texto literário deve ter

em sala. Na verdade, enquanto conteúdos sobre a literatura forem o

objeto de ensino das aulas dedicadas a essa arte, a leitura literária dos

jovens leitores na escola será apenas um faz de conta. Assim, é preciso

que o objetivo das aulas de literatura seja deslocado e que passe a ser

ensinar uma prática cultural, uma prática de leitura: a leitura literária.

Trata-se, portanto, da formação de leitores literários, o que pressupõe

a ocupação do espaço da sala e do tempo da aula com o próprio

texto literário. Desse modo é possível estabelecer a leitura literária

como prática efetiva, adotando, por exemplo, o debate interpretativo

sobre os textos, a constituição de um repertório compartilhado pelos

alunos, a formação de comunidades de leitores. É possível, com esses

procedimentos, criar as condições necessárias para que os alunos se

desenvolvam como leitores críticos, não apenas de textos literários,

mas também de outros tipos de texto.

Foi a partir desses pressupostos que elaboramos este catálogo.

Nosso objetivo foi apresentar ao professor de Língua Portuguesa

possibilidades de trabalho com 15 livros de literatura selecionados

dentre as bem cuidadas publicações das Edições SM Brasil. O critério

de seleção das obras considerou a faixa etária dos leitores do Ensino

Médio e a diversidade de gêneros, épocas e autores (nacionais e

internacionais). O foco do trabalho voltou-se para a recepção das

obras pelos alunos, incluindo propostas de apresentação dos livros e

de condução das leituras em sala de aula, sem abrir mão de questões

de compreensão e de interpretação dos textos. Assim, a elaboração

dos roteiros considerou sobretudo os alunos como receptores ativos,

capazes de construírem um repertório comum, de trazerem suas

experiências espontâneas de leitura para dentro da sala de aula,

de tecerem relações entre o que leem, assistem e consomem e a

literatura trabalhada na escola.

Os roteiros contam com uma Sinopse da obra, uma Apresentação

ao Professor, a seção Integrando Currículos – que destaca temas

e conteúdos possíveis de serem abordados por professores das

diversas disciplinas – e a seção Caminhos da Leitura. De todo modo,

as propostas não pretendem engessar o trabalho do professor,

mas sim propor modos e ideias para a condução da leitura das

obras em sala de aula. Sua execução dependerá das turmas e do

ritmo com que o professor costuma desenvolver seu trabalho e –

importante ressaltar – é ele quem deve decidir quais conteúdos

julga importantes para o ensino e a aprendizagem e como levar seus

alunos a se desenvolverem como leitores.

• Leituras de escritor – Ana Maria Machado pág. 4

• Leituras de escritor – Luiz Ruffato pág. 8

• Leituras de escritor – Moacyr Scliar pág. 12

• O arminho dorme pág. 16

• A espada e o novelo pág. 20

• Tantã pág. 24

• Foi na Primavera pág. 28

• Excalibur pág. 32

• Brünhilde e a saga do anel pág. 36

• Koolau, o leproso pág. 40

• Sonhos de uma noite de verão pág. 44

• Navios negreiros pág. 48

• De cara para o futuro pág. 52

• Gargântua pág. 56

• Imagens que contam o mundo pág. 60

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INFANTIL E JUVENIL

LITERATURA & INFORMATIVOS

2015

9788515891719

1 5 8 9 1 7

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LEIturAS DE EScrItOr*

ORgANIzAÇÃO ANA MARIA MAChADO

ILuSTRAÇõES ThAIS BELTRAME

FORMATO 16 × 23 CM

256 PágINAS

ISBN 978-85-6082-027-6

2008

sinopse Em uma festa à fantasia, um camelo se casa com a encantadora de serpentes e arma uma grande confusão. Indignada, uma octogenária matriarca maldiz seus descendentes no dia de seu aniversário. Uma carta misteriosa desafia os métodos de investigação de um chefe de polícia. As histórias selecionadas neste livro são de autoria de Edgar Allan Poe, Machado de Assis, O. Henry, William Somerset Maugham, Saki, Francis Scott Fitzgerald, Mário de Andrade, Virginia Woolf, Clarice Lispector, Stanislaw Ponte Preta, Julio Cortázar, Rubem Fonseca, Gabriel García Márquez e Eric Nepomuceno.

TEMAS LITERATuRA cLáSSIcA E cONTEMPORâNEA • cONTOS

* Livro indicado para maiores de 14 anos, pois há relato de erotismo e violência

ApRESENTAçãO pARA O pROfESSOR

A coletânea de contos oferece a possibilidade de um trabalho com o gênero e suas especificidades. Formar um leitor de contos envolve a experimentação da escolha dos contos a serem lidos. O escritor argentino Julio Cortázar propôs uma comparação que se tornou bem conhecida, utilizando a luta de boxe: “o romance vence sempre por pontos, enquanto o conto deve vencer por nocaute”. Com isso, o contista argentino aludia à necessidade que o conto tem de “fisgar” o leitor logo no início, em contraste com o romance, que pode ir ganhando a adesão do leitor numa narrativa mais extensa.

Com essa perspectiva em mente, pode-se propor um trabalho com os alunos para propiciar que eles tenham a experiência de folhear o livro todo, dar uma olhada rápida nos títulos, ler os inícios dos contos, tomar contato com a linguagem de cada um, para escolher os que mais lhes interessam, fazendo uma espécie de “seleção“ da coletânea. Uma etapa importante desse processo é a justificativa, por parte do aluno, para a escolha de alguns contos e a recusa de outros, o que pode se dar por motivos variados, como a temática, o tipo de linguagem, o começo da história, a extensão da narrativa, etc.

Para o estudo guiado, optou-se por aprofundar o estudo de dois contos: “A autoestrada do sul”, de Julio Cortázar, e “A última folha”, de O. Henry. O primeiro foi escolhido porque propicia instrumentalizar o aluno quanto ao gênero, uma vez que o autor se dedicou ao longo de sua carreira literária a produzir importantes reflexões sobre o conto. O segundo foi escolhido por também ser exemplar de um tipo de conto – o de final inesperado –, e ainda pelo contraste entre sua concisão e a dimensão humana que representa.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. No primeiro encontro, proponha um compartilhamento da experiência de leitura do conto. Pergunte quem conseguiu ler de “uma só assentada”, quem não o fez e quem não conseguiu largar a narrativa até chegar a seu final. Questione: A narrativa consegue prender a atenção do leitor o tempo todo? Ela mantém a tensão constante? A narrativa tem uma unidade? Verifiquem coletivamente como foram as reações dos leitores ao texto. Essas questões foram objeto de reflexão e teorização de Cortázar sobre o gênero, portanto é interessante discuti-las após a leitura do conto.

2. Julio Cortázar comparava o romance ao cinema, em que a realidade é ampla e multiforme e alcançada mediante elementos parciais. Já o conto se assemelharia à fotografia, em que uma unidade de acontecimento deve ser escolhida como significativa. Exponha essa comparação e busquem reconstruir o enredo do conto, formulando uma paráfrase coletiva.

3. O conto apresenta uma peculiaridade que o aproxima da dimensão do fantástico: a hipérbole do congestionamento é tão intensa que a situação é colocada fora do espaço-tempo ordinário. Recuperem coletivamente as passagens em que o uso dos relógios e a própria passagem dos dias perdem importância. Também façam o mesmo com o espaço, relembrando os trechos em que personagens se confundem em relação ao quanto estão ou não avançando, confundidos pelas árvores, suas sombras e pelas luzes da cidade distante.

4. Cortázar defendia que o conto não devia ter todas as coisas descritas e explicadas. Recuperem, de memória, indícios desse princípio, como a ausência de explicação para o próprio congestionamento, a inexplicável hostilidade dos moradores da região, a falta de informações pelo rádio, etc.

5. Observem o uso dos nomes dos modelos dos carros para se referir às pessoas. Discuta com os alunos o que esse recurso produz como resultado, conduzindo à percepção da desumanização das personagens e sua consequente mecanização.

6. Releia a epígrafe do conto, evidenciando como as personagens no início do engarrafamento são apenas máquinas, para depois começarem a tornar-se humanas, criando laços afetivos e comunitários. Observe também que nesta última condição surgem, além da solidariedade, os conflitos, e que nesse processo de humanização o corpo humano começa a aparecer, seja a partir da fome, da sede, da doença e da morte, seja ainda pelas necessidades fisiológicas à beira da estrada, pelos odores corporais dos corpos sem banho e pelos encontros amorosos furtivos dentro dos carros. Oponha essa ideia ao final do conto, quando, com o trânsito livre, todos se movem ordenadamente, como que voltando a serem máquinas, sem conflitos e em fila.

7. Conduza uma conversa sobre o que o conto pode mostrar sobre o mundo e o ser humano. O autor defendia que a narrativa deve abrir-se para além das aparências provisórias. Quais são, portanto, as grandes emoções e características essenciais dos seres humanos? O que uma situação-limite revela sobre como os indivíduos reagem, seja solidária ou egoisticamente?

8. Observe que o narrador sabe sobre os fatos não mais que os motoristas. Não se explicam as causas do engarrafamento nem o isolamento ao qual as personagens estão submetidas. Observem como o “foco” dos acontecimentos restringe-se a poucos metros na autoestrada, jogando as personagens numa espécie de mundo à parte.

9. Compare as iniciativas feitas não só pelo grupo de Taunus, mas pelos outros grupos, de se organizar, dividir mantimentos, negociar com os vizinhos. Reflitam sobre como situações-limite exigem a necessidade de organização, inclusive hierárquica, buscando outros exemplos, seja no noticiários ou na história.

10. Reflitam sobre os sentimentos que o engenheiro experimenta, de perda e de falta da rotina dos dias de engarrafamento, quando os carros voltam a ganhar velocidade e confirma-se que o congestionamento acabou definitivamente. O que isso pode sugerir em relação ao comportamento humano?

CAMINHOS DA LEITURA

hIStórIA• A Revolução Industrial• A era do automóvel• urbanização contemporânea

INTEgRANDO CURRíCULOS

ArtE• Movimentos culturais

e o bairro do Village• O que é uma “obra-prima”• A vida e a obra de Michelangelo

LíNguA POrtuguESA• O gênero conto• Teoria do conto de Julio cortázar• Teoria do conto de Edgar Allan Poe• Tipos de narrador• Espaço e ambientação na narrativa• O tempo na narrativa• O Romantismo e o Gótico • Literatura fantástica latino-americana

pRIMEIRO CONTO: “A AUTOESTRADA DO SUL”, DE JULIO CORTázAR

Cortázar, além de grande contista, formulou alguns princípios de uma teoria do conto em que enfatizava a significação da narrativa – que, mesmo como recorte da realidade, deveria levar o leitor a refletir para além da história contada. Além disso, para o escritor argentino o conto deve compactar a narrativa, para que se ganhe tensão e intensidade, e, por fim, deve dar ao leitor a impressão de que os fatos estão acontecendo por si próprios, sem a intervenção modificadora do narrador. O conto “A autoestrada do sul” permite observar essas questões realizadas de maneira exemplar pelo autor, ao mesmo tempo que levanta importantes tópicos de discussão sobre ética, solidariedade, compaixão, egoísmo, etc.

LEITURAS DE ESCRITORANA MARIA MAChADO

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QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Discutam o início do conto, em que a descrição do novo bairro que está sendo ocupado pelos artistas sugere um labirinto urbano, em que eles podem encontrar um aluguel barato e esconder-se de obrigações civis, tais como a visita dos credores. O que essa ambientação sugere sobre a condição geral do fazer arte e da vida do artista em meio à cidade?

2. Indique a mudança do clima em novembro, trazendo uma nova ameaça aos artistas e moradores, a pneumonia, que não se detém pelas intrincadas vielas e transforma a precariedade das habitações num ambiente propício para a doença. Reflitam sobre a opção de se grafar Pneumonia com maiúscula e antecedida do pronome de tratamento Sr. O que isso indica sobre o impacto que a doença teve na comunidade?

3. Observe, na conversa entre Sue e o médico, a visão que este tem dos artistas, ao retorquir que o objetivo de Johnsy de “pintar a Baía de Nápoles” não era algo sério e que ela deveria ter alguma coisa positiva em mente, sugerindo um romance. Como a função do artista é vista pelo médico? O que a sugestão de “um homem” para Johnsy indica sobre a concepção do papel feminino, de acordo com o que o médico pensa?

4. Poe propunha que o conto deve ser elaborado visando a um efeito e que, nesse sentido, seu desfecho é um elemento fundamental. Verifique com os alunos se, até a fala final de Sue, que revela o que realmente aconteceu, é possível prever o desfecho do conto e o efeito que ele produzirá. Após a leitura total da narrativa, que efeito foi experimentado pelos alunos? O conto pode produzir uma sensação de pieguice, dramaticidade, singeleza, solidariedade, esperança, dentre muitas outras.

5. A partir do momento em que Johnsy revela a Sue que está contando a caída das folhas da trepadeira, associando-a à sua própria morte, observem a intensidade da narrativa crescendo à medida que as folhas caem e que o declínio de Johnsy encontra paralelo com a própria instalação do inverno, que representa simbolicamente o fim da vida.

6. A partir da entrada de Behrman na narrativa, proponha uma discussão sobre o que caracteriza uma “obra-prima”. Como a obra de Behrman, revelada ao final da narrativa, poderia ser classificada? Trata-se de uma obra-prima?

7. Recuperem a descrição de Behrman à página 59, em que seus traços lembram, ao mesmo tempo, o de Michelangelo, genial artista, e o de Moisés, o patriarca e profeta bíblico. Enquanto não foi lido o final, o que sugere essa caracterização? Decadência? Inatividade? Loucura? E após o final, ela ganha outra significação?

8. Cortázar afirmava que um bom conto era aquele que propiciasse uma abertura do pequeno para o grande, do essencial e circunscrito para a essência mesma da condição humana. Que reflexões podemos fazer sobre os seres humanos a partir da história contada?

9. Observe com os alunos como a opção por um determinado tipo de conto – aquele de final inesperado – faz com que o autor disponha toda a sua narrativa em função do desfecho. Acrescente que O. Henry escrevia já tendo determinado o final e o enredo de seus contos.

SEgUNDO CONTO: “A úLTIMA fOLHA”, DE O. HENRy

A narrativa de O. Henry se destaca pela economia de meios, concentrando sua ação no quarto de uma personagem enferma e em mais três personagens. Desenvolvido com base, sobretudo, no aspecto sentimental da situação enfocada, esse conto se destaca pelo final surpreendente, que caracteriza um tipo predominante do gênero, amplamente cultivado durante o século XIX.Por isso, e pela breve extensão da narrativa, sugere-se uma primeira leitura compartilhada em sala, para que o efeito dramático e surpreendente do final experimentado coletivamente possa ser objeto de reflexão por parte do professor e dos alunos.

11. Proponha uma discussão sobre o significado do período final do conto, em que a pressa, o estranhamento do próximo, o isolamento e o olhar fixo para a frente dominam as personagens, que abandonam seus vínculos. Como essa situação pode ser transposta para outros âmbitos da vida contemporânea, como a forma pela qual nos deslocamos nas grandes cidades, o isolamento realizado pelos muros e cercas, a obsessão com os próprios objetivos, sem que se olhe o próximo, aquele que compartilha o mesmo espaço conosco?

pARA AMpLIAR O DEbATE (DEPOIS DA LEIturA DOS DOIS cONtOS):

• Nos dois contos lidos, a manutenção – e intensificação – da tensão é visível. como ela foi realizada nos contos de cortázar e de O. Henry? Quais efeitos, respectivamente, a expectativa criada pela imobilidade e pela espera da queda da última folha produzem no leitor? São diferentes?

• Os dois contos tratam em alguma medida da solidariedade, no entanto, cortázar a problematiza. Em seu conto, o que ameaça a solidariedade? Além do comportamento humano, o desconhecimento da situação também não representa uma ameaça? Pode-se dizer que, no conto de cortázar, a “ignorância” sobre os fatos ajuda a constituir narrativa?

• A atualidade da narrativa de cortázar, publicada em 1969, é impressionante quando pensada em relação aos dias de hoje, em que a civilização do automóvel dominou o planeta, a ponto de determinar desde a política internacional até o clima e o desenho das grandes cidades. Promova uma pesquisa dos alunos sobre o tema, que tem grande potencial interdisciplinar.

• O conto de cortázar trata, entre outros tópicos, da oposição mecanização/humanização. Escrito há 45 anos, é possível aplicar essa ideia a questões atuais, como o próprio trânsito, a rotina, a relação com a internet? Quanto a esta última, reflexões mais elaboradas podem ser desenvolvidas, contemplando as ideias de anonimato, isolamento, padronização dos comportamentos, etc.

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LEITURAS DE ESCRITORLUIz RUFFATO

LEIturAS DE EScrItOr

ORgANIzAÇÃO LuIz RuFFATO

ILuSTRAÇõES MARIANA zANETTI

FORMATO 16 × 23 CM

176 PágINAS

ISBN 978-85-6082-025-2

2008

sinopse Arrastada pela enchente, uma vaca destrói os sonhos de uma família quanto ao futuro da filha caçula. Tendo a casa invadida, dois irmãos se deixam acuar sem explicação. Um jejuador, “artista da fome”, assiste ao progressivo desinteresse por suas exibições. Eis algumas das histórias presentes nesta antologia de contos de João Antônio, Ivan Ângelo, Lygia Fagundes Telles, Juan Rulfo, Julio Cortázar, Erskine Caldwell, João Alphonsus, César Vallejo, Katherine Mansfield, Franz Kafka, Virginia Woolf, Luigi Pirandello, Anton Tchekhov e Machado de Assis.

TEMAS LITERATuRA cLáSSIcA E cONTEMPORâNEA • cONTOS

ApRESENTAçãO pARA O pROfESSOR

A coletânea de contos oferece a possibilidade de um trabalho com o gênero e suas especificidades. Formar um leitor de contos envolve a experimentação da escolha dos contos a serem lidos. O escritor argentino Julio Cortázar propôs uma comparação que se tornou bem conhecida, utilizando a luta de boxe: “o romance vence sempre por pontos, enquanto o conto deve vencer por nocaute”. Com isso, o contista argentino aludia à necessidade que o conto tem de “fisgar” o leitor logo no início, em contraste com o romance, que pode ir ganhando a adesão do leitor numa narrativa mais extensa.

Com essa perspectiva em mente, pode-se propor um trabalho com os alunos para propiciar que eles tenham a experiência de folhear o livro todo, dar uma olhada rápida nos títulos, ler os inícios dos contos, tomar contato com a linguagem de cada um, para escolher os que mais lhe interessam, fazendo uma espécie de “seleção“ da coletânea. Importante etapa desse processo é que o aluno justifique o porquê da escolha de alguns contos e da recusa de outros, o que pode se dar por motivos variados, como a temática, o tipo de linguagem, o começo da história, a extensão da narrativa, etc.

Para o estudo guiado, não há como apresentar um trabalho mais aprofundado de todos os contos, por isso foram selecionados três deles, o de João Antônio, o de César Vallejo e o de Anton Tchekhov. As três narrativas têm aproximações produtivas, uma vez que tratam da infância, do choque entre a ingenuidade da criança e a sordidez do mundo adulto, referindo-se, portanto, a momentos de passagem e ruptura no processo de desenvolvimento do ser humano. Por fim, como temática que permeia as narrativas está ainda a condição da criança, os valores reforçados na educação, a violência e a opressão de sociedades extremamente desiguais.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Numa leitura em voz alta, ressalte uma das características mais marcantes da linguagem de João Antônio, que é o uso de frases curtas, às vezes formadas por uma só palavra, ou de frases de sintaxe incomum, em certos momentos incompletas. Recupere passagens em que o uso do discurso indireto livre aproxima narrador e personagem e discuta o efeito que esses recursos produzem na leitura, dando agilidade à narrativa, aproximando o leitor de um tempo mais presente e assim criando o efeito de realidade.

2. Observe a caracterização do menino: 10 anos de idade, sem nome, com um apelido preconceituoso – Nego –, pequeno, feio, preto e magrelo. Discuta com os alunos a generalização do tipo apresentado na narrativa para a realidade da criança de rua, abandonada, sem família, sem direitos civis (o nome, por exemplo), sujeito ao preconceito racial e à violência. Ressalte o uso do diminutivo, em relação ao menino: coraçãozinho, roupinha, pezinho – acentuando a sua fragilização.

3. Proponha um contraste da caracterização de Lúcia (pág. 15) com a do garoto: menina, mais nova, branca, que não trabalha, só brinca o dia todo. Lúcia traz para o universo duro do menino a dimensão da fantasia, da infância, da imaginação, evocando o mundo do circo e seus artistas. Sinalize aos alunos que nesses dois planos se desenvolve a experiência do menino, às vezes mais interior e onírica, quando evoca as imagens de Lúcia, em outras pura exterioridade e realidade, quando seus devaneios são cortados pela sensação de frio.

4. Recupere na narrativa as várias passagens que indicam a perambulação, atitude também típica das narrativas do autor. O caminhar do menino pela cidade passa pela invisibilidade do garoto em relação à grande metrópole, com seus altos edifícios, luzes noturnas e carros velozes, mas também esbarra no medo da visibilidade, quando teme a presença de guardas noturnos. Assim, seu trajeto pode ser comparado a um percurso labiríntico, em que o motivo da perambulação é o próprio caminhar e o cumprimento do trajeto, numa ação de sobrevivência.

5. Discuta a figura de Paraná, que remete ao tipo malandro, que lança mão de muitos expedientes – ilegais – para garantir sua sobrevivência, as chamadas “virações”. É possível atualizar essa gíria da época do conto (publicado pela primeira vez em 1959) para os dias de hoje, em que se emprega o termo “correria”. Ressalte que Paraná é branco, lhe destina afeto e lhe ensina as “virações” da rua, assumindo assim uma espécie de papel paterno para o menino.

6. Discuta como o frio – enquanto sensação corporal, real, que encolhe e retesa o corpo, que faz a perambulação ter sentido em si mesma como forma de se aquecer – não compõe uma ambientação para a narrativa, mas representa a própria razão de o menino existir: quando sente frio, volta à realidade da cidade, de seu abandono, de seu desenraizamento, cortando os devaneios em que rememora a vida com Paraná, Lúcia e a rua João Teodoro.

7. Proponha uma discussão com a aproximação que ocorre na narrativa entre o menino e os animais. De maneira mais evidente, na impressão que o cachorro atropelado lhe causa, talvez pela proximidade da condição de ambos – menino e cachorro vadios –, ressaltada pelo uso da expressão “o cachorro engraxou a roda de um carro”, aludindo à profissão do menino. Também oferece possibilidade interessante de discussão a expressão “cavalo não tem pé”, porque dos pés vem grande parte do desconforto e, ao mesmo tempo, do valor do menino: ele sofre com o frio nos pés, o buraco nos tênis velhos, mas por outro lado é o seu caminhar, o seu transportar o embrulhinho de um ponto ao outro da cidade que lhe confere significado e importância.

8. Conduza uma reflexão para o momento final do conto, em que o menino resolve seu principal desconforto, ao urinar no muro. Esse gesto, ao mesmo tempo que representa um alívio fisiológico, traz o calor da urina para o ambiente gelado da narrativa. Pode-se associar essa passagem ao outro único momento em que o calor aparece na narrativa, quando o menino bebe o leite quente, cuja lembrança evoca até o final da história.

CAMINHOS DA LEITURA

SOcIOLOgIA• Estatuto da criança

e do Adolescente• A situação das

populações de rua

hIStórIA• Brasil da década

de 1960• urbanização de

São Paulo• Rússia do fim

do século XIX• História do Peru no

começo do século XX

BIOLOgIA• Reações físicas do

corpo humano ao frio

LíNguA POrtuguESA• O gênero conto• Teoria do conto de Edgar Allan Poe• Teoria do conto de Julio cortázar• Tipos de narrador• Espaço e ambientação

na narrativa• Literatura brasileira contemporânea• Literatura latino-americana

do século XX

INTEgRANDO CURRíCULOS

pRIMEIRO CONTO: “fRIO”, DE JOãO ANTôNIO

Devido à brevidade da narrativa, sugere-se a leitura integral do conto, sem seccioná-lo em segmentos. Tanto na leitura em casa quanto em leituras compartilhadas em sala, recomenda-se a leitura em voz alta, para que se evidencie o estilo narrativo de João Antônio, impregnado da linguagem coloquial, do vocabulário do mundo marginal e de uma sintaxe fragmentada, que alude, em certos trechos, à imagética do cinema.

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QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Proponha uma recomposição da caracterização de Vanka e de sua condição. O diminutivo é usado em lugar do nome (Ivan), o menino tem apenas 9 anos, é órfão, entregue ao avô, que o deixa na casa de um sapateiro para que aprenda o ofício. O abandono, a fragilidade e a pobreza compõem a condição do menino.

2. Conduza uma reflexão sobre a ambientação da narrativa numa noite de Natal. Que tipo de informação e emoção essa opção traz para o conto? O Natal, como momento de alegria, reunião em família, festa, evoca a fartura da mesa, o calor das relações afetivas, em contraponto com o abandono, frio, fome e violência que o menino sofre.

3. Releia a imaginação de Vanka (págs. 156 e 157), que compõe uma noite translúcida, brilhante, de tempo magnífico, com estrelas piscando alegres. Ressalte o corte nesse fluxo imaginativo positivo, com o início abrupto do parágrafo seguinte: “E ontem eu apanhei”, trazendo a narrativa para a realidade dolorida do corpo.

4. Releia em voz alta a continuação desse parágrafo (pág. 157), em que a realidade de Vanka é apresentada, com as ações girando em torno da violência, numa cadeia e cultura da agressão que perpassam não apenas o patrão, mas também os aprendizes, sugerindo que a relação opressor e oprimido configura-se em grande parte por questões de ocasião – os aprendizes, oprimidos pelo patrão, transferem essa opressão para o jovem órfão –, como também se sugere na submissão servil de Vanka ao avô, em lugar do afeto (pág. 157).

5. Compartilhem a leitura em voz alta do trecho final do conto (pág. 160), em que o leitor é cruelmente lançado na desesperança da ingenuidade de Vanka, ao mesmo tempo que há o contraste com o sonho esperançoso do menino, marcado por elementos finalmente “quentes”, como o fogão, o avô e o cachorro.

pARA AMpLIAR O DEbATE (DEPOIS DA LEIturA DOS trêS cONtOS):

• como é a condição das crianças em situação de rua? É um fenômeno apenas dos grandes centros urbanos ou já está disseminado em cidades menores?

• como é a relação entre a cidade e seus moradores? Todos têm acesso a todas as áreas da cidade ou existem restrições implícitas, que acabam formando guetos e zonas de exclusão?

• O que o Estatuto da criança e do Adolescente (EcA) determina sobre como devem ser tratados os jovens nessa faixa etária? O EcA vem sendo cumprido?

• como o corpo da criança é encarado? A criança ainda é explorada sexualmente e em atividades laborais?

• como a violência, enquanto forma de expressão e interação, aparece em outros âmbitos da sociedade, por exemplo, no trabalho, no trânsito, no futebol, na TV?

• O que o Estatuto da criança e do Adolescente (EcA) determina sobre como devem ser tratados os jovens nessa faixa etária? O EcA vem sendo cumprido?

• como o bullying se manifesta no ambiente escolar? Quais as suas causas e consequências? como a escola, os alunos e a família devem atuar para combater a violência na escola?

TERCEIRO CONTO: “yUNQUE”, DE CéSAR VALLEJO

O conto de Vallejo traz uma narrativa com a qual os alunos podem se identificar, pois, diferentemente dos dois contos anteriores, trata de uma experiência pela qual eles também passam, que é a vida escolar, com o desafio do primeiro dia na escola, com o consequente conflito de valores. Como tensão mais profunda está a questão da produção e da reprodução das estruturas de poder na sociedade e como isso se reflete na escola.

SEgUNDO CONTO: “VANkA”, DE ANTON TCHEkHOV

A narrativa de Tchekhov pode ser compartilhada em uma leitura em voz alta com o grupo de alunos. A concisão que caracteriza os contos do autor ficará, assim, evidente, da mesma maneira que o aspecto profundamente emocional e a dimensão da tragédia humana retratada ficarão contrastados com a simplicidade da representação literária, dando aos alunos exemplo das opções e inovações estéticas do autor russo.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Na leitura do início do conto, observar o sentimento de intimidação que Paco sente em relação aos meninos da cidade, segundo ele “espertos” e “desenvoltos”, o que se agrava com a algaravia das conversas desses meninos, afastando Paco de qualquer possibilidade de compreensão.

2. Observe nos movimentos, falas e atitudes do professor em sala os indícios de uma forma militar de tratar os alunos, com hierarquia rígida, sem os fitar normalmente. Quanto à postura corporal do professor, na maior parte do tempo ele não olha os alunos, mas permanece lendo, de costas escrevendo ou mexendo em seus papéis.

3. Refletir sobre como Paco é tornado objeto, em passagens em que serve de brinquedo para Humberto no pátio da escola ou quando é puxado de um lado para o outro, como um “trapo”, por Humberto Grieve, por outros meninos, pelo professor, etc.

4. Discuta com os alunos sobre a dominação que Grieve quer exercer sobre o corpo de Paco: quer posicioná-lo junto a si, na sala de aula; o coloca de quatro no pátio; chuta-o frequentemente, além de outras formas de violência física.

5. Conduzir uma categorização desses comportamentos levando os alunos a identificarem uma cultura da violência, em que as relações são pautadas pelo bater: o menino maior bate no menor, o filho do pai rico bate no filho do pai pobre, a mãe bate no filho (a própria mãe de Paco também bate nele), e assim por diante, como representado no desenho feito por Grieve.

6. Releia a chegada de Humberto Grieve à escola, para enfatizar sua condição social, sua origem europeia, a relevância política de seu pai para a cidade (págs. 85 e 86). Discuta como o que está sendo representado, neste ponto, é mais que a situação particular das personagens da narrativa, trata-se de uma estrutura social de poder, influência, dominação, etc., em que o poder econômico e político se misturam e há um forte traço de dominação dos que vêm de fora em relação aos da terra.

7. Relacione a entrada do diretor, que olha os alunos com um engasgo, com a forma como o professor e a escola agem em relação aos alunos. Observe que o abandono é presente tanto na sala de aula quanto nas passagens que se dão no pátio.

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A ESpADA E O NOVELODIONISIO JACObLEITURAS DE ESCRITORMOACyR SCLIAR

LEIturAS DE EScrItOr

ORgANIzAÇÃO MOACyR SCLIAR

ILuSTRAÇõES FEFê TALAVERA

FORMATO 16 × 23 CM

224 PágINAS

ISBN 978-85-6082-074-0

2008

sinopse Uma família aprisiona a mãe doente em um mundo de faz de conta a fim de protegê-la. A estupidez generalizada transforma um professor vigarista em celebridade. Uma joia emprestada e perdida arruína a vida de um casal. Um galanteador em férias apaixona-se por uma dama com um cachorrinho. Esta coletânea reúne contos de Anton Tchekhov, Julio Cortázar, Edgar Allan Poe, Guy de Maupassant, João Simões Lopes Neto, Frank Stockton, Franz Kafka, Gabriel García Márquez, Mário de Andrade, Jack London, Lima Barreto, Clarice Lispector, Machado de Assis e Érico Veríssimo.

TEMAS LITERATuRA cLáSSIcA E cONTEMPORâNEA • cONTOS

ApRESENTAçãO pARA O pROfESSOR

A coletânea de contos oferece a possibilidade de um trabalho com o gênero e suas especificidades. Formar um leitor de contos envolve a experimentação da escolha dos contos a serem lidos. O escritor argentino Julio Cortázar propôs uma comparação que se tornou bem conhecida, utilizando a luta de boxe: “o romance vence sempre por pontos, enquanto o conto deve vencer por nocaute”. Com isso, o contista argentino aludia à necessidade que o conto tem de “fisgar” o leitor logo no início, em contraste com o romance, que pode ir ganhando a adesão do leitor numa narrativa mais extensa.

Com essa perspectiva em mente, pode-se propor um trabalho com os alunos para propiciar que eles tenham a experiência de folhear o livro todo, dar uma olhada rápida nos títulos, ler os inícios dos contos, tomar contato com a linguagem de cada um, para escolher os que mais lhe interessam, fazendo uma espécie de “seleção“ da coletânea. Importante etapa desse processo é que o aluno justifique o porquê da escolha de alguns contos e da recusa de outros, o que pode se dar por motivos variados, como a temática, o tipo de linguagem, o começo da história, a extensão da narrativa, etc.

Para o estudo guiado, optou-se por aprofundar a leitura de dois contos: “O barril de amontillado”, de Poe, e “Diante da lei”, de Kafka. O primeiro foi escolhido porque propicia instrumentalizar o aluno quanto ao gênero, uma vez que o roteiro de leitura do texto está estruturado a partir da teoria do conto que Poe formulou. Além disso, outros aspectos da construção literária são exemplares nessa narrativa. O segundo foi escolhido devido às peculiaridades da forma, realização e tema, que o colocam num lugar quase único na literatura ocidental. Chamado pelo autor de “lenda” e por Modesto Carone de “parábola”, essa breve narrativa sintetiza muitos dos princípios literários de Kafka.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. No primeiro encontro, proponha um compartilhamento da experiência de leitura do conto. Pergunte quem conseguiu ler de “uma só assentada”, quem não o fez e quem não conseguiu largar a narrativa até chegar a seu final. Esses aspectos são importantes porque Poe propunha uma intensidade narrativa que mantivesse o leitor envolvido com o enredo até seu final. Informe os alunos sobre esse aspecto da concepção do autor e verifiquem se ele se confirma entre a maioria dos leitores presentes.

2. Como princípio do gênero, Poe defendia que não deveria haver detalhes desnecessários, mas, por outro lado, deveria haver elementos suficientes que propiciassem a satisfação racional quanto ao enredo. Para demonstrar tal princípio de Poe, peça que eles enumerem, de memória, ações que indicam a premeditação do crime praticado por Montrésor. Por exemplo, ele espera o momento certo de se aproximar de Fortunato (em um Carnaval, e ainda com este bêbado); veste uma máscara negra a partir do momento em que se dirige à sua casa, a fim de não ser identificado; manobra de maneira a não haver ninguém em seu palazzo, traz uma colher de pedreiro sob as vestes; esconde previamente tijolos sob os ossos nas catacumbas, etc.

3. Julio Cortázar comparava o romance ao cinema, em que a realidade é ampla e multiforme e alcançada mediante elementos parciais. Já o conto se assemelharia à fotografia, em que uma unidade de acontecimento deve ser escolhida como significativa. Exponha essa comparação e busque reconstruir coletivamente o enredo do conto.

4. No sentido espacial, pode-se segmentar o conto em dois planos: um horizontal, que compreende o encontro dos dois homens em meio aos festejos do Carnaval, até o momento em que chegam à escada que leva às catacumbas. Outro vertical, que consiste na descida pela cave, até chegar no ponto em que ocorre o desfecho da narrativa. Várias relações podem ser estabelecidas entre esses dois planos. Por exemplo, no plano horizontal, predomina o caráter coletivo e corpóreo do Carnaval, enquanto no vertical, a descida à cave é marcada por um crescente isolamento das personagens e intensificação da tensão emocional. Unindo os dois momentos, observe com os alunos como a questão da aparência está presente, tanto nas fantasias do Carnaval quanto no ardil que Montrésor usa para aprofundar-se cada vez mais com Fortunato nas catacumbas. Essa questão da aparência, do escondido, e da realidade é fundamental na obra de Poe.

5. Analise o brasão dos Montrésor: Quem é a serpente e de quem é o pé que a pisa? É possível fazer um paralelo com a vingança, em que ambos os lados ferem-se mutuamente?

6. Promova uma reflexão sobre a frase final do conto, em que o narrador revela que os fatos aconteceram havia 50 anos. Por que ele teria se decidido a revelá-los? Trata-se de um “crime perfeito”? Pode Montrésor finalmente ter experimentado a culpa?

7. Esclareça a distinção entre espaço e ambiente, por meio da comparação entre o espaço aberto do Carnaval e o fechado da cave, em relação a uma ambientação festiva e outra que remete à morte. Trace uma relação dessa mudança na ambientação que é prenunciada no momento em que Montrésor veste a máscara negra.

8. Realce o contraste, existente nas catacumbas, entre um elemento ligado à vida – o vinho – e outro à morte – os ossos. Mostre como esse contraste contribui para produzir um efeito de crescente tensão na narrativa, que também se fortalece pelo distanciamento cada vez maior da liberdade representada pelo Carnaval na superfície, em direção à prisão expressa pelo subterrâneo.

9. Analise o método de eliminação de Fortunato, o emparedamento, que aparece em outros contos de Poe, como “O gato preto”. O que ele tem de específico? Por que o autor do crime poderia ter optado por ele? No que ele difere, simbolicamente, do sepultamento de um indivíduo comum? O que o subterrâneo e o vão entre paredes, como opções de espaço na narrativa, podem indicar sobre os aspectos da condição humana que são tratados no conto?

CAMINHOS DA LEITURA

SOcIOLOgIA• constituição Federal• O Poder Judiciário• como o cidadão comum

tem acesso à Justiça

INTEgRANDO CURRíCULOS

FILOSOFIA• As noções de justiça, certo,

errado, bem e mal• A noção de vingança• A Lei de Talião (olho por olho,

dente por dente)

LíNguA POrtuguESA• O gênero conto• Teoria do conto de Julio cortázar• Teoria do conto de Edgar Allan Poe• Tipos de narrador• Espaço e ambientação na narrativa• O Romantismo e o Gótico

pRIMEIRO CONTO: “O bARRIL DE AMONTILLADO”, DE EDgAR ALLAN pOE

Um dos pressupostos de um conto, segundo Poe, era o de que ele deveria ter extensão adequada e intensidade suficiente que fizessem o leitor realizar a leitura “de uma só assentada”. Por conta disso, recomenda-se que se proponha aos alunos que, em casa, eles o leiam dessa forma.

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QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Uma primeira abordagem envolve a observação do uso da linguagem. Chame a atenção para o uso de frases curtas, como se vê no primeiro parágrafo. Observe também o pouco uso de adjetivos. Conduza os alunos a perceberem que a narrativa se dá toda com verbos no presente. Mostre também como essa linguagem se aproxima daquela oficial, usada em gêneros como depoimentos, relatórios, inquéritos, etc.

2. Proponha uma discussão sobre o que é a tal “porta da lei”. Pode se tratar de uma personificação da lei, expressa num sentido abstrato, como um conjunto de regras, mas também pode referenciar algo concreto, como um tribunal. Os alunos podem discutir os dois caminhos – não excludentes – de entendimento dessa expressão.

3. Recupere com os alunos os elementos que alguns críticos de Kafka chamam de “deslocamento”, que envolve mostrar a realidade e, sem incluir elementos necessariamente fantásticos, produzir um efeito de estranhamento. No caso do conto lido, nota-se esse estranhamento na escolha do espaço, no tratamento do tempo, na ação e motivações das personagens e nas lacunas de sentido que o texto como um todo apresenta, sendo difícil determinar exatamente o que aconteceu ou foi dito em determinadas passagens.

4. Promova uma discussão sobre a concepção do homem do campo de que a lei deveria ser acessível a todos e a qualquer hora. Tal formulação pode ser considerada ingênua, no sentido de que desconsidera a burocracia judiciária, mas também representa um ideal de justiça.

5. Observe a disposição dos elementos da narrativa: uma porta aberta, um porteiro que não está diante da porta, impedindo o acesso a ela, mas a seu lado (o impedimento se dá por outras formas de poder que não o corporal), e o homem do campo que se encontra diante dessa composição. Pode-se refletir sobre o porquê de o homem do campo simplesmente não tentar entrar na sala, já que, ao que tudo indica, o porteiro não faria nada para detê-lo e ao final fica-se sabendo que aquela porta era destinada ao próprio camponês. Lembre aos alunos que a indeterminação de sentido faz parte da concepção do texto.

6. Discuta com eles a explicação do porteiro de que só aceita os subornos – mas não realiza os pedidos do camponês – para que este não ache que ele não fez coisa alguma. Observe como tal afirmação só tem sentido no universo deslocado e estranho criado pela narrativa.

7. Ressalte a importância de os elementos da narrativa não serem especificados além do mínimo: um homem do campo, um porteiro e uma porta. Conduza uma reflexão no sentido de que essa generalização pode sugerir uma leitura simbólica do texto. Kafka classificou seu texto de “lenda”, enquanto o tradutor e crítico Modesto Carone o designou “parábola”. Promova uma pesquisa com os alunos sobre esses dois gêneros e discuta em qual deles a narrativa se encaixa melhor.

8. Reflita sobre o realismo da narrativa. A fabulação, o tratamento do tempo e do espaço não sugerem a realidade tal como a concebemos cotidianamente. Além disso, em vez de um narrador onisciente, o do conto parece nada saber, sendo muito mais um narrador “insciente”.

9. Discuta com os alunos se essa situação de desconhecimento sobre os acontecimentos não é encontrada na vida comum, em que o indivíduo muitas vezes se vê diante do desconhecido e impenetrável âmbito da burocracia, com protocolos, leis, regras e procedimentos oficiais. Desse modo, a estranheza da narrativa poderia ser entendida como uma forma de realismo?

10. Ressalte que a imprecisão semântica das frases e da própria unidade do texto não representa uma insuficiência técnica, mas uma opção estética, que permeia toda a obra do autor. Com isso, procure levantar hipóteses do porquê dessa opção. Seria uma maneira de representar um novo mundo, em que forças e poderes são invisíveis ao homem comum? Ou uma forma de colocar em xeque a sensação de certeza diante do mundo?

11. “Diante da lei” foi extraído do romance O processo, em que integra o capítulo IX. Nesse capítulo, a personagem principal, Joseph K., encontra-se numa catedral e ocasionalmente depara com um padre que lhe narra essa história. Kafka decide publicá-la como uma narrativa independente, que integra um livro de contos. Um trabalho bastante produtivo com os alunos seria fazer o percurso contrário, lendo o capítulo IX de O processo, a partir do momento em que o padre inicia sua narrativa, e prosseguindo após o término dela, quando o religioso e K. discutem sobre os possíveis significados de tão estranha parábola. Além disso, pode-se promover uma reflexão acerca de como a narrativa se transforma ao ser retirada de seu texto original (o romance) e publicada como texto autônomo.

pARA AMpLIAR O DEbATE (DEPOIS DA LEIturA DOS DOIS cONtOS):

• como é construída a noção de justiça? Existe só o âmbito da justiça “judiciária”, ou ela passa por outras dimensões da vida, como a psicologia, a família, a moral, a situação?

• Por que o sentimento de “fazer justiça com as próprias mãos” ocasionalmente surge em meio a grupos sociais? Por que, nessas situações, determinados grupos sociais o consideram válido? E por que é contrário a um ideal de sociedade livre e democrática?

• O acesso à Justiça é garantido pelo art. 5º, inciso XXXV, da constituição Federal, e reconhecido como um direito humano. Diante disso, pense sobre como esse direito é ou não reconhecido nos diferentes segmentos da sociedade e nas variadas situações de relação entre população e Estado.

• com subsídios do professor de Filosofia, discuta a ideia de vingança exposta por Montrésor no primeiro parágrafo da narrativa de Poe, no que diz respeito à culpa e à impunidade.

SEgUNDO CONTO: “DIANTE DA LEI”, DE fRANz kAfkA

A narrativa de Kafka destaca-se sobretudo pela estranheza que causa no leitor. O texto é extremamente breve, escrito em linguagem direta, quase burocrática, e com um enredo não convencional, que tangencia o absurdo. A leitura compartilhada em sala deve ser realizada para que aspectos da linguagem de Kafka, como a concisão, a precisão e um tom “protocolar”, fiquem evidentes.

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O ARMINHO DORMEXOSÉ A. NEIRA CRUz

O ArMINhO DOrMEXOSé A. NEIRA CRuz

TRADuÇÃO NILMA LACERDA

ILuSTRAÇÃO DE CAPA RENATO ALARCÃO

FORMATO 15,8 × 23 CM

144 PágINAS

ISBN 978-85-6082-069-6

2009

sinopse Na Florença do século XVI, em pleno berço do Renascimento italiano, a poderosa família Medici recebe um novo membro: Bianca, filha bastarda de Cosimo I. Ela é levada a morar com o pai depois de viver humildemente boa parte da infância ao lado da mãe. Em meio ao luxo e à ostentação, perde a liberdade, e o único consolo é um arminho enjaulado, seu animal de estimação. Bianca terá problemas ao apaixonar-se por Giullio Carmollia, rapaz contrário ao domínio dos Medici.

TEMAS ROMANcE • RENAScIMENTO

ApRESENTAçãO pARA O pROfESSOR

Mistério, superstição, poder, honra, coragem, liberdade, amor... Esta é uma daquelas narrativas que surpreendem o leitor a cada página, capítulo a capítulo, não só pelos temas desenvolvidos, mas também pela maneira como são apresentados. Trata-se de uma história muito bem narrada e repleta de sutilezas que demonstram perspicácia, inteligência e sensibilidade.O leitor é convidado a acompanhar a trajetória da jovem Bia de Medici, protagonista sensível e apaixonada, que terá de aprender a se adaptar e a sobreviver em um ambiente onde predominam vaidade, ambição, traição e autoritarismo. O futuro reserva para ela muitos desafios e grandes surpresas.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS 1. Discuta com os alunos a curiosidade, o medo, a ansiedade e as superstições em torno da vida dos Medici, alimentadas pelos trabalhadores que estão escavando as tumbas dos membros dessa família. Que função esses sentimentos introduzidos no início da narrativa podem ter? Qual seu efeito no leitor que começa a caminhar pelo texto?

2. A introdução se encerra com a abertura da tumba de Bia de Medici, narradora e protagonista da história. Destaque e discuta com os alunos a atmosfera misteriosa que envolve a passagem (págs. 16 e 17), já que o corpo dela e de um arminho, enterrado com ela, foram encontrados intactos. Qual o efeito que esse fato provoca no leitor e quais expectativas e hipóteses relativas ao enredo podem ser elaboradas a partir dele?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO1. Pesquisar, com o auxílio do professor de História, sobre a trajetória dessa família entre os séculos XV e XVI do ponto de vista político (herança, sucessão, poder) e cultural.

2. Com o auxílio do professor de Arte, pesquisar sobre a atmosfera da Florença renascentista do século XVI e sua importância cultural.

CAMINHOS DA LEITURA

pRIMEIRO MOVIMENTO: SENSIbILIzAçãO (LEITURA DA CApA E DO pREfáCIO)

Para iniciar, é interessante pedir aos alunos que analisem a capa do livro, muito significativa, pois apresenta a personagem principal e seu querido arminho, animal de estimação cujo papel é importante na história. Chamar atenção para o fato de que a vestimenta da personagem parece sugerir uma grade, onde ela levaria o bichinho sempre consigo. Quem seria essa personagem? Por que razão estaria com esse ar de tristeza?

SEgUNDO MOVIMENTO: ApRESENTAçãO DAS pERSONAgENS E ESTAbELECIMENTO DOS CONfLITOS (CApíTULOS 1, 2 E 3)

1. A abertura do capítulo 1 é bastante emblemática: o que está sendo narrado tanto pode corresponder à realidade exterior da narradora quanto a seu universo interior. Proponha aos alunos que reflitam e levantem hipóteses sobre essa questão, que só poderá ser solucionada ao final da leitura da obra. Trata-se de um bom momento para aguçar neles a curiosidade e o desejo de prosseguir com a leitura.

hIStórIA• A origem dos Medici e

suas influências políticas na Itália e no restante da Europa (séculos XV e XVI)

• Pesquisa sobre as personagens históricas que figuram como personagens fictícias nesta narrativa, para compreender o papel social e político exercido por cada uma delas.

ArtE• A atmosfera da Florença

renascentista do século XVI e sua importância cultural

• Os pintores Agnolo Bronzino e Domenico Ghirlandaio e os aspectos de suas obras mencionadas no livro

• Leitura do quadro Dama do arminho, de Leonardo Da Vinci, e sua contextualização

• O carnaval e a simbologia que envolve o uso de máscaras neste evento

BIOLOgIA• O arminho: sua

origem, seus hábitos, hábitat e sua adoção como animal de estimação

LíNguA POrtuguESA• Humanismo• Renascimento • Romance e elementos

da narrativa

INTEgRANDO CURRíCULOS

2. Proponha aos alunos a reflexão sobre a utilização de figuras reais, históricas, na criação de uma obra de ficção. Elucide que o romance histórico surgiu no início do século XIX, no Romantismo, e caracteriza-se basicamente pela utilização de personagens históricas ao lado de personagens fictícias. Ressalte que esse recurso procura produzir um efeito de verdade, mas que, apesar disso, predomina na narrativa seu caráter ficcional.

3. Chame a atenção dos alunos para o enfoque dado ao arminho e ao número recorrente de vezes em que ele é mencionado no texto. Levante hipóteses sobre a grande relevância que ele tem para a existência da protagonista.

4. Elucide a trajetória de Bia de Medici rumo ao palácio. Destaque por que e como ela ocorre, analisando as impressões, as emoções, as sensações, enfim, as mudanças afetivas que se operam na personagem.

5. Destaque a oposição entre os dois espaços apresentados nestes capítulos: fora do palácio, quando a protagonista vivia com a mãe; e dentro do palácio, após a morte da mãe. Que aspectos constituem cada um destes espaços? Quais são as sensações e emoções vivenciadas pela protagonista resultantes da convivência com as pessoas que pertencem a cada um deles? Proponha aos alunos que discutam, à luz de obras cinematográficas (principalmente filmes dos gêneros suspense e terror), as relações entre os ambientes e as personagens que nele residem. Isso poderá propiciar uma compreensão mais ampla da obra em questão.

6. Discuta a relação entre Bia de Medici e dona Eleonora, sua madrasta. Como se dá o processo de inserção de Bia de Medici no espaço dominado pela madrasta?

7. Tanto Bia de Medici quanto o arminho são considerados “invasores” do espaço dominado pela madrasta. Discuta com os alunos como isso contribui para que a narradora compare suas ações com as do animal e qual o significado dessa comparação.

8. Qual era o status de um filho bastardo na aristocracia da época? Destaque a condição de filha bastarda da personagem e a consequente rejeição sofrida por ela.

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9. Um dos temas mais relevantes do livro é a força de caráter da protagonista que, mesmo diante de todas as adversidades descritas até este momento da narrativa, não se embrutece. Nesse sentido, é necessário que os alunos possam perceber quais são a(s) personagem(ns) com quem ela mantém uma relação afetuosa saudável, positiva. Discuta com os alunos qual a importância dessas relações para a existência de Bia.

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO, OS ALUNOS pODEM• Pesquisar com o auxílio do professor de Arte sobre: a) o quadro Dama com arminho, de Leonardo Da Vinci, e sua contextualização; b) os pintores Agnolo Bronzino e Domenico Ghirlandaio.

pARA AMpLIAR O DEbATE

Os capítulos 1 a 10 constituem a narrativa em si. E o prefácio e o posfácio têm, respectivamente, a função de explicar ao leitor a origem da narrativa escrita por Bia de Medici e de dotá-lo de informações históricas pesquisadas em fontes consideradas fidedignas. Sugere-se que, depois da leitura do posfácio, seja promovida uma discussão sobre a causa da morte aí relatada e o destino da personagem no desfecho da narrativa. Além disso, o professor pode retomar e problematizar a relação entre ficção e realidade a fim de mostrar que muitas vezes seus limites podem ser bastante tênues, misturando-se, enredando-se por meio da literatura. como esses conceitos se mesclam ao longo da narrativa de Bia de Medici?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Com o auxílio do professor de Arte, pesquisar sobre o Carnaval e a simbologia que envolve o uso de máscaras nesse evento.

2. Discuta com os alunos qual a importância para a protagonista de sua saída do espaço nobre e da aventura que vive nas ruas. O que lhe permite tal aventura?

3. Reflita sobre o papel da cartomante na leitura do destino da protagonista. Promova o debate sobre as crenças e os mistérios que envolvem a prática da leitura de cartas.

4. Destaque e reflita sobre como os acontecimentos vividos pela protagonista nesta noite, eivados de identificação, aceitação, revelação, superstição e mistério, possibilitam que ela tenha um reencontro com suas origens e como eles a marcam sensível e profundamente.

5. Leve os alunos a perceberem a consciência ética de Bia de Medici ao refletir sobre a aventura vivida na noite do Carnaval. Sua opinião sobre si mesma revelaria que ela já se sente inserida nessa nova existência, como uma verdadeira aristocrata, pertencente à família dos Medici?

6. Levante hipóteses com os alunos sobre a personagem Giulio: qual será o papel que exercerá nos capítulos seguintes da narrativa?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Realizar pesquisa com orientação do professor de Biologia sobre o animal arminho: sua origem, seus hábitos, hábitat, sua adoção como animal de estimação e sua simbologia.

TERCEIRO MOVIMENTO: DA LEITURA DO TExTO à pRODUçãO ARTíSTICA (CApíTULO 4)

Relacione as informações sobre esta obra com o quadro que Agnolo Bronzino está prestes a pintar, retratando Bia de Medici e seu arminho, o que poderá ser feito durante a leitura efetiva do texto em sala de aula. A apresentação do quadro Dama do arminho, de Leonardo Da Vinci, pode possibilitar outras reflexões e intervenções: é possível, por exemplo, comparar as duas imagens e enfatizar as semelhanças e diferenças, com destaque para o levantamento de hipóteses sobre a ilustração do livro no que se refere às emoções da personagem. Pode-se propor um debate sobre realidade e ficção e sobre verdade e mistério, no que diz respeito à história dos quadros e suas personagens, a mulher retratada e o arminho, além das correspondências entre a tela de Da Vinci e a de Bronzino. Com o auxílio do professor de Arte, os alunos podem ser encorajados a criar sua versão do quadro de Da Vinci, e para isso podem utilizar também os recursos tecnológicos, como máquina digital, tablet e computador.

QUARTO MOVIMENTO: bIA DE MEDICI VIVE UMA AVENTURA NOTURNA, fASCINANTE E MISTERIOSA (CApíTULOS 5, 6 E 7)

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Promova a troca de opiniões dos alunos sobre a instituição casamento, tanto em relação à narrativa quanto em relação à realidade do mundo contemporâneo em que estão inseridos. Houve mudanças? Quais?

QUINTO MOVIMENTO: A DESCObERTA DO AMOR ExIgIRá QUE bIA DE MEDICI TOME IMpORTANTES DECISõES (CApíTULO 8, 9 E 10)

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. A maior parte do capítulo 8 apresenta conflitos entre a protagonista e outras duas personagens, Giulio e dona Eleonora. Sugere-se que o professor conduza a leitura em voz alta de todo o capítulo, promovendo o reconhecimento dessas tensões e a reflexão em torno delas.

2. Chame atenção para a presença, mais uma vez (pág. 113), do arminho. Reitere sua forte relação com a protagonista, sobretudo, quanto ao destino dela.

3. O fechamento deste capítulo (pág. 114), é bastante emblemático. Proponha aos alunos que reflitam sobre as fronteiras entre sonho e realidade e sobre a forma como esses dois extremos se desenvolvem na narrativa.

4. Proponha reflexão sobre qual é o significado do amor para a protagonista.

5. Analise o comportamento de Bia de Medici e sua posição de princesa, destacando o conflito entre a obrigação, o dever, a honra e os desejos do coração.

6. Ressalte o discurso da personagem cega (pág. 123), e analise sua atitude diante da protagonista. De que forma essa nova personagem ratifica a leitura de cartas feita na noite do Carnaval? Qual sua relação simbólica com a cartomante e com o arminho?

7. Analise as reflexões finais da narradora e debata a decisão e a escolha que adota para si mesma. Neste trecho da narrativa a simbologia que envolve o arminho ganha sua forma mais expressiva. Um de seus significados mais frequentes na Europa está associado à frase latina Malo Mori Quam Foedari, ou seja, “Antes a morte que a desonra”. De que forma essa simbologia está associada à decisão da protagonista?

8. Leve os alunos a perceberem eles mesmos que o desfecho da narrativa, no capítulo 10, está conectado ao capítulo 1, por meio da frase “o arminho dorme”, o que leva o leitor de volta ao início do texto de Bia de Medici. O desfecho sugere que a protagonista teria se matado, contrariando as informações históricas sobre a Bia de Medici real. Que elementos do texto poderiam sustentar essa leitura? Que outras leituras interpretativas podem ser feitas?

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A espAdA e o noveloDionisio JacobA ESpADA E O NOVELODIONISIO JACOb

A ESPADA E O NOvELODIONISIO JACOB

ILuSTRAÇÃO DE CAPA BETTMANN/ CORBIS/ LATINSTOCk

FORMATO 15,8 × 23 CM

240 PágINAS

ISBN 978-85-6082-076-4

2009

sinopse Em uma ilha perdida no Mediterrâneo, às vésperas de morrer, o velho Laodemo, célebre contador de histórias, reúne uma plateia ávida por ouvir aquelas que podem ser suas derradeiras narrativas. Sua memória revive os feitos de heróis mitológicos, como Jasão, Héracles e Teseu, e por sua boca falam os deuses, fazendo o mundo voltar a ser habitado por ninfas, centauros e monstros. Um dos ouvintes é seu neto Cadmo, que do avô herdou o dom de narrar e transmitirá à posteridade os tesouros da tradição oral.

TEMAS AVENTuRA • MITOLOGIA GREGA

ApRESENTAçãO AO pROfESSOR

Poder, riqueza, vaidade, ganância, guerra, coragem, esperança, heroísmo, vitória, derrota, amor, lealdade, traição, política, justiça, deuses, ilhas perdidas, monstros, ninfas, centauros, ciclopes e outras entidades fantásticas compõem essa narrativa genialmente escrita por Dionisio Jacob. O leitor é convidado a se sentar junto aos demais ouvintes e a acompanhar um habilidoso contador de histórias que envolve a todos num enredo repleto de grandiosas aventuras, em que deuses, semideuses, homens, heróis e seres fantásticos povoam, por meio da criatividade e da memória humanas, um universo mágico e impressionante. Além de proporcionar entretenimento, A espada e o novelo convida o leitor a embarcar numa incrível viagem de descobertas não apenas sobre a cultura grega, mas principalmente sobre a humanidade e, portanto, sobre si mesmo.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Pergunte aos alunos a opinião deles sobre a utilização dos mitos como forma de explicar a origem do universo, dos deuses, da Natureza e seus ciclos, etc. Proponha um debate sobre essa questão de forma cautelosa, mediando possíveis conflitos religiosos. É importante destacar que as histórias que eles lerão são literatura, ficção, e não têm necessariamente um compromisso com a realidade ou a verdade.

2. Conduza os alunos à compreensão de que o herói Jasão será educado por meio dos feitos empreendidos pelos heróis gregos. Destaque a importância dos mitos e dos deuses para esse povo e sua cultura.

3. As aventuras vividas pelas personagens das histórias narradas tratam das paixões humanas (cobiça, inveja, orgulho, desejo de poder, traição, amor etc.) e por elas são motivadas. Proponha uma reflexão a esse respeito: se são características humanas, em que medida eles, alunos, identificam-se com elas? Procure levá-los a compreender que de alguma forma todos nós estamos envolvidos nessas histórias, já que tratam do gênero humano em sua essência.

4. O texto opõe as ideias de Bem e de Mal e é rico ao descrever as personagens. Destaque as características tanto físicas quanto psicológicas delas, chamando a atenção, sobretudo, para os traços assustadores, horrendos, violentos dos oponentes dos heróis.

5. Destaque a relação tanto harmoniosa quanto conflitante entre os deuses e os homens. Em que medida as ações destes provocam o desequilíbrio da Natureza, do Cosmos, do Universo? O que o leitor pode aprender com isso?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Realizar pesquisa com o apoio do professor de Arte sobre Pinturas baseadas na mitologia grega.

• Realizar pesquisa com o apoio do professor de História sobre A importância dos deuses na cultura grega.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS 1. Proponha aos alunos que reflitam sobre o conceito de herói. Jasão é um herói mítico e representante de um povo. Que desafios enfrenta para elevar-se a essa categoria? Quais são suas virtudes e suas fraquezas? Em seguida proponha um debate sobre esta questão: Que atitudes/façanhas consagrariam um ser de carne e osso um herói? Nesse caso, quem seriam esses heróis e por quê?

2. Destaque a noção de destino apresentada no livro. Trata-se de um tema muito importante e caro aos mitos gregos, uma vez que determina a existência das personagens, mesmo quando o herói tenta esquivar-se do que os oráculos predisseram. Proponha que analisem esse aspecto considerando a trajetória de Jasão e as consequências oriundas das vaticinações dos oráculos. Os alunos acreditam que todos nós temos um destino a cumprir? Por quê?

3. Quíron ensinou a Jasão muitas coisas importantes, mas há algo que ele não pode transmitir ao seu aluno. Que aprendizagens são essas? Por que o próprio Jasão teve de aprender por si só? Chame a atenção dos alunos para as questões relacionadas à personalidade de Jasão. Que características e habilidades o herói precisou pôr em prática para poder vencer os desafios e consagrar-se vencedor? Destaque que todos os desafios enfrentados foram necessários e importantes, pois sem eles não seria possível à personagem consagrar-se herói e angariar fama, e que sem isso sua jornada não teria sentido.

CAMINHOS DA LEITURA

hIStórIA• O povo grego e suas origens• A importância dos deuses

na cultura grega• Grécia antiga: Atenas e sua

organização política• Os heróis da história do Brasil:

a história oficial e a verdade que os livros não contam

• A importância do herói na formação da identidade de um povo

INTEgRANDO CURRíCULOS

ArtE• Pinturas baseadas

na mitologia grega

LíNguA POrtuguESA• Renascimento• Romance e elementos da narrativa

pRIMEIRO MOVIMENTO: A EDUCAçãO DO HERóI JASãO (pRóLOgO E CApíTULO 1)

Antes de iniciar a leitura com os alunos procure criar um ambiente favorável não só à compreensão do texto, mas também ao prazer de ler, à curiosidade e ao desejo de aprender. Para isso, é importante perguntar a eles o que já conhecem sobre mitologia grega, seus heróis e suas aventuras. É provável que muitos deles já tenham assistido a filmes e lido livros lançados recentemente que abordam o assunto, o que poderá ser compartilhado com todos. Procure motivá-los em seguida a querer descobrir mais sobre o que já sabem e, para isso, leia com eles o Prólogo do livro, destacando a agitação e a curiosidade dos ouvintes que estão chegando para acompanhar a narração de Laodemo, a fim de que se sintam eles também espectadores das aventuras que serão narradas. É importante que os alunos já tenham realizado a pesquisa sobre O povo grego e suas origens, sob a orientação do professor de História, o que enriquecerá essa primeira conversa sobre o livro.

SEgUNDO MOVIMENTO: OS ARgONAUTAS E A gRANDE AVENTURA DE JASãO (CApíTULO 2)

Inicie repertoriando as pesquisas solicitadas no movimento anterior. Proponha o compartilhamento das informações, buscando relacioná-las com a leitura do capítulo 1 a fim de explicar ou elucidar os aspectos mais importantes do enredo. É interessante que o professor pergunte aos alunos sobre suas dificuldades e suas impressões com o texto para poder orientá-los e motivá-los a seguirem adiante.

Page 12: Projeto Integrado de Literatura - Ensino Médio

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QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Laodemo é um grande contador de histórias, cuja fama é reconhecida por todos, dos mais jovens aos mais experientes. Selecione alguns trechos desse capítulo para ler em voz alta com os alunos. Que aspectos lhes chamam mais a atenção e por quê? Eles concordam com o prestígio atribuído a Laodemo?

2. Os deuses tanto ajudam quanto dificultam e até punem as personagens, semideusas ou humanas, indiferentemente. São, portanto, juízes norteadores do destino das personagens. Que atitudes condenam? O que desperta sua simpatia? Nesse sentido, pode-se dizer que os deuses “brincam, divertem-se” com o destino das demais personagens? Como os alunos avaliam isso?

3. A trajetória de um herói sempre é marcada por desafios e, conforme afirma o próprio Laodemo, existem muitas versões sobre seus feitos. Pergunte aos alunos o que já sabiam sobre os trabalhos de Héracles. As versões de Laodemo superam suas expectativas leitoras? Que aspectos da narração de Laodemo os alunos consideram mais interessantes e por quê?

4. A trajetória de Héracles, como grande herói grego, é marcada por desafios incomensuráveis. Destaque a nobreza de caráter do herói, suas habilidades, suas virtudes e seus defeitos. Se Héracles não sofresse a intervenção dos deuses seria capaz de realizar suas façanhas? Por quê? Proponha aos alunos que analisem ao menos uma aventura de Héracles e sugiram um desfecho diferente, sem a intervenção divina.

5. Alguns heróis, dados os infortúnios de sua trajetória, viram seres errantes, amaldiçoados à reclusão, inadaptados, sozinhos e infelizes. Édipo é uma dessas personagens. Proponha aos alunos que analisem cuidadosamente a trajetória de Édipo e reflitam sobre tudo o que viveu. Rediscuta o conceito de herói: é apenas aquele que alcança a glória? Pergunte aos alunos o que eles sentem em relação a Édipo. Incentive-os a falar de suas emoções, de suas impressões sobre a tragicidade que envolve essa personagem.

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Realizar pesquisa sobre sob a orientação do professor de História sobre dois temas: a) Grécia antiga: Atenas e sua organização política; e b) A importância do herói na formação da identidade de um povo.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Proponha aos alunos que reflitam sobre o conflito de Cadmo, preferido de Laodemo, sobre a escolha que a personagem deverá fazer para sua vida. O que pesa mais para o jovem contador de histórias?

2. Leia atentamente com os alunos as páginas 182 e 183. Qual é a opinião do poeta, do dramaturgo, do filósofo, do escultor e do historiador sobre as histórias contadas por Laodemo? Saliente as divergências entre elas com base no ofício exercido por cada um deles. Qual é a opinião dos alunos? Concordam com as personagens? Por quê?

3. Destaque, por meio da trajetória de Teseu: a) como as histórias narradas contribuem para a fundação da história de um povo; b) a importância do herói na constituição de uma identidade cultural; c) a importância do contador de histórias que, por meio de seu relato, ensina e mantém viva a memória de um povo.

4. Leve os alunos a perceberem que Laodemo deixou para o fim a narração da história de Atenas, considerada uma das mais importantes cidades da Grécia antiga. Quais são as impressões dos alunos sobre os aspectos políticos e culturais dessa cidade? Chame a atenção para a estreita relação entre a trajetória do herói Teseu e a cidade Atenas. De que forma as características e a trajetória desse herói estão implicadas no caráter grandioso dessa cidade?

pARA AMpLIAR O DEbATE

• As histórias dos deuses são grande fonte de conhecimento a respeito da cultura grega e ao mesmo tempo de aspectos da humanidade, como seus sentimentos, suas emoções, seus desejos, seus sonhos, sua grandeza e até sua mesquinharia. Sugere-se propor aos alunos que discorram sobre o que aprenderam com a leitura dessa obra literária. De que forma o livro ampliou sua compreensão a respeito da cultura grega e sobre o ser humano?

• Alguns heróis, conforme se depreende da leitura do texto, após terem realizado seus feitos, ficam saudosos dos tempos de glória e são acometidos de tristeza, pois sua existência torna-se monótona e de certa forma medíocre, como foi o caso de Teseu. Aquiles, ao contrário, preferia morrer jovem e heroico a envelhecer de forma medíocre. Nesse sentido, morrer jovem e glorioso seria mais heroico do que viver muito e envelhecer triste, apenas saudoso das grandes aventuras?

• Realizar pesquisa sob a orientação do professor de História sobre Os heróis da História do Brasil: a História oficial e a verdade que os livros não contam. Quem são, no entender dos alunos, os verdadeiros heróis do povo brasileiro?

TERCEIRO MOVIMENTO: HéRACLES E SUAS AçõES HEROICAS (CApíTULO 3)

Iniciar retomando a história de aventuras proposta no encontro anterior. Os textos podem ser compartilhados com a classe, o que além de motivá-los a participar da aula pode ainda ser um ótimo exercício de crítica sobre as produções, já que eles poderão comentar a qualidade e a criatividade apresentada nos textos produzidos.

QUARTO MOVIMENTO: TESEU, O HERóI ATENIENSE, E SUAS AVENTURAS (CApíTULO 4 E O EpíLOgO)

Iniciar com o compartilhamento das pesquisas solicitadas para este movimento. Seu conteúdo será muito útil, pois auxiliará o aluno não só na compreensão de determinados aspectos do enredo, como também possibilitará a reflexão sobre determinados temas.

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Propor aos alunos que escolham ao menos um herói das histórias de ficção que conhecem e produzam uma história de aventuras apresentando uma nova versão de seus feitos. Destacar as habilidades e os desafios enfrentados.

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TANTãMARIE-AUDE MURAIL

tANtãMARIE-AuDE MuRAIL

TRADuÇÃO RITA JOVER

ILuSTRAÇÃO DE CAPA DANIEL BuENO

FORMATO 15,8 × 23 CM

208 PágINAS

ISBN 978-85-6082-077-1

2009

sinopse Tantã, apelido de Barnabé, tem 22 anos, mas sua idade mental equivale à de um menino de 3. Órfão de mãe, passou por maus momentos na clínica em que foi internado pelo pai. O irmão mais novo, Kleber, 17 anos, o acolhe e eles vão morar juntos em uma república de estudantes em Paris. A narrativa mostra que, para superar o desafio da inclusão social em um mundo pautado pela competição e pelo consumo, é preciso conviver com o heterogêneo.

TEMAS AMADuREcIMENTO • RELAçãO FRATERNA • INcLuSãO SOcIAL • RESPEITO àS DIFERENçAS

ApRESENTAçãO AO pROfESSOR

Marie-Aude Murail é uma consagrada e condecorada escritora contemporânea francesa. Em Tantã (título original Simple, lançado em 2004), seu talento e sua sensibilidade se fazem evidentes. Trata-se de uma narrativa escrita numa linguagem bastante acessível aos jovens e repleta de sutilezas literárias, com passagens ora divertidas, ora comoventes. Além disso, Marie-Aude consegue desenvolver ao mesmo tempo a temática social e questões relacionadas à descoberta do amor, da amizade, da noção de família e da busca da felicidade. Desde as primeiras páginas, o leitor é convidado a se divertir e a se emocionar com as diversas situações desencadeadas principalmente por Tantã, um carismático jovem de 22 anos de idade, mas com idade mental de uma criança de 3 anos. Não se engane, no entanto, quem possa pensar que não tem nada a aprender com ele...

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Analise a agitação provocada pela presença de Tantã. Ele é um indivíduo inadaptado ao meio social? Todos ao seu redor o estranham? Promova uma reflexão sobre o fato de ele ser apresentado como um estorvo para o irmão e para as pessoas à sua volta. Como as pessoas reagem às atitudes de Tantã?

2. O meio social é linear e as pessoas em geral se comportam de uma maneira previsível. Por que Tantã incomoda as pessoas à sua volta? Os alunos percebem ingenuidade ou maldade nas atitudes dele?

3. Analise a relação de Tantã com o coelho de pelúcia, seu Lolô: Por que Tantã se identifica com seu Lolô? É apenas um brinquedo? Tantã diferencia isso? Para ele o bicho é real? Já que seu Lolô, à luz do universo de Tantã, é dotado de pensamentos e sentimentos, como interpretam o significado do coelho para Tantã? Leve os alunos a perceber que há na relação entre eles amizade, confiança, segurança, companheirismo, etc.

4. Explique aos alunos que as “falas” de seu Lolô estão também apresentadas em discurso direto e verifique se eles percebem que é o próprio Tantã quem as profere. Isso reitera o fato de que Lolô é uma espécie de extensão de Tantã. Proponha aos alunos que observem bem essas passagens, se possível compartilhando a leitura de algumas delas em voz alta, pois elas reiteram que Tantã é perspicaz e inteligente, apesar de sua idade mental. Esclareça que o fato de Tantã “conversar” com o bicho de pelúcia caracteriza uma atitude relativamente comum entre crianças, que o “adotam” como amigo, com ele brincam e “conversam” como se fosse gente.

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Sob orientação do professor de História, pesquisar sobre as repúblicas para estudantes na França (Desde quando existem? Quem as utiliza? Como funcionam?).

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Como Kleber e Tantã são recebidos pelos estudantes universitários? Destaque as opiniões que emitem sobre a condição e o comportamento de Tantã e reflitam se elas são comuns, representando a reação geral das pessoas diante do diferente.

2. Relacione o episódio em que Tantã vê Ária nua, suas reflexões, suas dúvidas, com o livro Meu coelhinho está apaixonado, que ele vê numa livraria. Que compreensão Tantã tem do amor? Isso reiteraria seu caráter sensível e perspicaz? É importante motivar os alunos a expressar as opiniões deles sobre Tantã.

3. O sumiço de Lolô provoca grande preocupação e alvoroço em Tantã e em Kleber. Quem sofre mais com o sumiço do coelho de pelúcia? Qual é o significado do coelho para cada um deles? O coelho “reaparece” inexplicavelmente na porta de entrada. Proponha aos alunos que levantem hipóteses sobre como isso teria acontecido. Algumas páginas adiante o “mistério” será solucionado. Exercícios assim motivam os alunos a participarem da aula e a se envolverem com a leitura.

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Produzir um texto exteriorizando suas opiniões sobre os temas discutidos por meio da leitura até então. A narrativa tem mudado o ponto de vista dos alunos sobre as questões de que trata? Ela é surpreendente? Por quê? De quais aspectos da obra eles estão gostando mais e por quê?

CAMINHOS DA LEITURA

gEOgrAFIA • A organização geográfica

de Paris: a Paris “turística” e a Paris “residencial”

LíNguA POrtuguESA• O romance e a construção

da personagem• Relato de experiências

pRIMEIRO MOVIMENTO: TRAVESSURAS DE TANTã E SUA INADApTAçãO AO MEIO SOCIAL (CApíTULO 1)

Antes de iniciar a leitura efetiva do texto, é interessante que os alunos realizem uma pesquisa a fim de se inteirarem sobre o que é deficiência intelectual, não só para esclarecer certos aspectos, mas também para desfazer possíveis preconceitos sobre o assunto. Os resultados das pesquisas deverão ser compartilhados com o grupo. Além disso, é necessário que o professor inicie a leitura do texto com os alunos em classe, a fim de chamar a atenção para determinados aspectos e deixá-los confortáveis. Um deles é o fato de a narrativa conter alguns palavrões. O professor pode explicar aos alunos que o emprego de tais palavras é necessário para enfatizar determinadas ideias, sensações, emoções. Além disso, muitas personagens são jovens que empregam essas palavras de modo espontâneo, tornando o texto mais próximo da realidade, não havendo, portanto, motivos para se sentirem constrangidos ou ofendidos durante a leitura.

SEgUNDO MOVIMENTO: TANTã, SEU LOLô E kLEbER fINALMENTE ENCONTRAM UM LUgAR pARA MORAR: NOVAS CONfUSõES à VISTA... (CApíTULOS 2, 3 E 4)

Inicie com o compartilhamento da pesquisa solicitada no movimento anterior e relacione as informações com o enredo, com o objetivo de promover a compreensão da atmosfera das repúblicas de estudantes. Destaque que, dada a condição de Tantã, este espaço não seria de longe o mais adequado para Kleber morar com o irmão. Se os alunos fossem os estudantes universitários, aceitariam os novos locatários? Faça uma sondagem: Como será que os moradores da república vão reagir às atitudes de Tantã? Que mudanças poderão ocorrer na vida de todos eles, já que passarão a morar juntos?

TERCEIRO MOVIMENTO: fESTA NA REpúbLICA: NOVAS pERSONAgENS E NOVAS CONfUSõES (CApíTULOS 5 E 6)

Inicie repertoriando a atividade solicitada no movimento anterior. Proponha aos alunos que leiam para a classe seus textos. Em seguida eles podem debater e confrontar suas opiniões. É importante que o professor procure observar as reações dos alunos, suas emoções, como reagem a determinados aspectos da obra. Se demonstram interesse no texto, se se sentem “tocados” pelas ações de Tantã, se demonstram estar motivados com a leitura, o que criticam no enredo, etc.

hIStórIA• As repúblicas para estudantes na

França (Desde quando existem? Quem as utiliza? como funcionam?)

• Islamismo e suas tradições • A presença da cultura islâmica

na França

INTEgRANDO CURRíCULOS

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Destaque a situação encontrada por Tantã para participar da festa de aniversário de Corentim. Ressalte a criatividade e a sagacidade da personagem em busca de resolver os problemas para participar desse evento social, e para se sentir incluído e aceito no grupo.

Page 14: Projeto Integrado de Literatura - Ensino Médio

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2. Leve os alunos a perceberem quão sensível (e humano!) vai aos poucos se mostrando a personagem Enzo. Destaque sua capacidade de compreender Tantã e de protegê-lo, mesmo não sendo um parente seu, o que revela grandeza de caráter.

3. Corentin, mesmo não tendo uma relação muito amistosa com Tantã, conversa com ele e, a partir dessas conversas, sofre mudanças em seu comportamento; pode-se mesmo dizer que amadurece como pessoa. Que mudanças exatamente são essas? Qual a opinião dos alunos sobre as aprendizagens propiciadas por Tantã? Eles, alunos, também se sentem modificados por essa personagem?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Realizar pesquisa sob a orientação do professor de Geografia sobre A organização geográfica de Paris: a Paris “turística” e a Paris “residencial”.

• Realizar pesquisa sob a orientação do professor de História sobre: a) O islamismo e suas tradições; b) A presença da cultura islâmica na França.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Sr. Villededieu passa a atuar como uma espécie de conselheiro amoroso de Enzo, o que já indica uma transformação significativa desta personagem em relação aos jovens da república. No entanto, é Tantã quem consegue aproximar Enzo de Ária. Como os alunos avaliam isso, se levarmos em conta que o sr. Villededieu é quem representaria a experiência e não Tantã?

2. Em que medida os alunos se identificam com as personagens do livro, considerando seus conflitos, medos, descobertas sobre o amor, a amizade, a família, etc.?

3. Sugere-se ler com os alunos o capítulo 9 e destacar: a) a inteligência e o talento de Tantã ao “enganar” a sra. Bardoux, passando-se pelo sr. Mutchbinguen; b) as várias situações cômicas produzidas por Tantã e seus desfechos; c) as passagens construídas em torno de ambiguidades, salientando suas possibilidades interpretativas e o humor oriundo delas.

4. O capítulo 10 é bastante significativo. Nele Tantã se aproxima de Amira, portadora de necessidades especiais e vítima de exclusão social, como ele. Destaque a magia que envolve este encontro, coroado com as brincadeiras que realizam. Seria interessante que os alunos expressassem suas opiniões e impressões sobre essa passagem.

5. Analise o conflito mais uma vez vivido por Kleber em relação a mandar ou não Tantã de volta a Malicroix. O que pesa mais para Kleber nesse momento? O que os alunos fariam no lugar de Kleber? Quais dúvidas éticas essa decisão implica?

6. O retorno de seu Lolô “ilumina” o final da narrativa, que é coroada também com a união de Kleber e Zahra e de Enzo e Ária. Proponha aos alunos um debate sobre o desfecho do livro: em que medida Tantã contribuiu com esse final feliz? Para isso os alunos devem rever pontualmente as questões que julgam mais importantes do enredo. É imprescindível que tenham observado, entre outras coisas, que a existência de Tantã deu novo significado à vida de todas as pessoas que com ele conviveram, tratando-se, portanto, de uma personagem absolutamente incrível: sensível, inteligente, corajosa, sincera, afetuosa, criativa, etc.

pARA AMpLIAR O DEbATE

O professor pode assistir com os alunos ao filme Meu nome é Rádio (Michael Tollin, 2003, faixa etária: 14 anos) e orientá-los a observar, a exemplo do livro, a dificuldade de inserção e de adaptação da personagem principal, portadora de deficiência intelectual, à sociedade. Além disso, poderão comparar atitudes de Tantã e de Rádio, suas consequências e a maneira como Rádio também altera significativamente as pessoas que com ele passam a conviver. Em seguida, seria muito profícua a realização de um debate sobre a inclusão de portadores de necessidade especiais na escola, o que pode trazer não só uma maior compreensão sobre o tema, mas também mudanças comportamentais muito significativas.

QUARTO MOVIMENTO: TANTã VOLTA pARA MALICROIx, MAS AS CONfUSõES CONTINUAM... (CApíTULOS 7, 8, 9, 10, 11, 12 E 13)

Iniciar propondo o compartilhamento dos resultados da pesquisa feita sob a orientação do professor de Geografia. Há alunos que já foram a Paris e conhecem a cidade? O professor de Literatura pode propor uma conversa sobre um possível estereótipo que os alunos tivessem sobre Paris e comentar se a pesquisa realizada alterou sua visão sobre a cidade. É importante destacar que a autora não tem a preocupação de reiterar aspectos turísticos parisienses, mas de se concentrar na vida cotidiana das personagens em questão. Repertoriar os resultados das pesquisas sob a orientação do professor de História solicitadas no final do movimento anterior. A partir do capítulo 8, novas personagens são inseridas no enredo, entre elas uma família de muçulmanos, a qual exercerá um papel muito importante na vida de Tantã e de Kleber.

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fOI NA pRIMAVERAANgELA NANNETI

FOI NA PrIMAvErAANgELA NANNETI

ILuSTRADOR ROBERTO INNOCENTI

FORMATO 16 × 23 CM

144 PágINAS

ISBN 978-85-418-0273-4

2013pNbE

sinopse “Nunca a toquei senão com os olhos, de longe. No entanto, ninguém a conheceu melhor nem a amou mais profundamente do que eu. Nem por tanto tempo. Desde o dia em que a vi pela primeira vez, na primavera...”Florença, 1274. Dante encontra a mulher que o marcará por toda a vida: Beatriz.Muitos anos mais tarde, a palavra do grande poeta se alterna com a voz de um narrador e de Gemma, esposa de Dante, para reconstituir uma época com suas alegrias e dores, seus confrontos civis e o amor, sob diversas formas. Um romance que une a respiração de um clássico à moderna representação dos sentimentos; uma prosa refinada, aberta ao lento fluir da poesia, à luz do céu toscano, à sombra das batalhas.

TEMAS ÉTIcA • DIVERSIDADE cuLTuRAL • IDADE MÉDIA

hIStórIA• O povo grego e suas origens• A importância dos deuses

na cultura grega;• Grécia antiga: Atenas e sua

organização política• Os heróis da história do Brasil:

a história oficial e a verdade que os livros não contam

• A importância do herói na formação da identidade de um povo

INTEgRANDO CURRíCULOS

ArtE• Pinturas baseadas

na mitologia grega

LíNguA POrtuguESA• Renascimento• Romance e elementos da narrativa

ApRESENTAçãO AO pROfESSOR

Existem algumas verdades que transpõem o tempo e o espaço. Uma delas é que nenhum ser humano saberá o que é ser feliz de fato sem que tenha amado, sem que tenha sentido seu corpo todo em estado da mais absoluta felicidade diante da pessoa amada. Mas... que poder o amor é capaz de exercer sobre quem ama? Será que é possível amar uma pessoa a vida inteira, nunca compartilhar com ela esse amor e mesmo assim sentir tal felicidade? Que coisas grandiosas seríamos capazes de realizar em nome do amor verdadeiro?

Foi na primavera conta a fascinante história do poeta Dante Alighieri, destacando seu amor pela jovem Beatriz Portinari. Cotejando personagens reais e situações ficcionais, esta narrativa transporta o leitor para o século XIII e o envolve num enredo repleto de beleza, emoção, sentimento, devoção, esperança e um toque todo especial de poesia. Trata-se de uma obra empolgante que convida o leitor, adolescente ou adulto, a descobrir ou conhecer mais sobre o outro e sobre si mesmo.

As sugestões de trabalho interdisciplinar permitirão a contextualização do enredo do livro, e seu conteúdo pretende auxiliar na interpretação geral da obra.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Atente para o fato de que o capítulo 1 inicia-se com um diálogo entre duas personagens, sem a intervenção de um narrador, sugerindo que a conversa já estava em andamento quando a leitura é iniciada. Além disso, a história do livro é marcada por dois tempos distintos, que se alternam ao longo do texto. Sugere-se ao professor ler cuidadosamente com os alunos e explicar-lhes essa mudança de perspectiva temporal para que possam, já no início do enredo, não só distingui-las, mas principalmente perceber o que caracteriza cada uma delas. Em um dos tempos, a personagem Dante Alighieri encontra-se em seu quarto acompanhado do messer Guido. Esse tempo é caracterizado pelas lembranças, sentimentos e sensações de Dante, já idoso, doente e prestes a morrer. O outro tempo, um flashblack, remonta à infância de Dante e segue a trajetória linear de vida do grande poeta, destacando-se seu amor incondicional pela bela Beatriz. Por se tratar de um romance histórico, caracterizado basicamente pela presença de personagens históricas ao lado de personagens fictícias, é conveniente ainda, durante a leitura desses primeiros capítulos, destacar a galeria com as principais personagens recriadas pela autora, apresentada nas págs. 138 a 141.

2. Proponha aos alunos que reflitam sobre o sentimento de amor e que expressem suas opiniões: É possível amar alguém a vida toda? O amor pode superar qualquer dificuldade? O amor pressupõe a felicidade ou o sofrimento? A leitura do poema “Amor é fogo que arde sem se ver”, de Luís de Camões, pode contribuir para as reflexões deles, dado o caráter contraditório desse sentimento expresso pelo poeta português. Se o professor julgar pertinente, pode ainda discorrer brevemente sobre a admiração de Camões por Dante e comparar aspectos de suas produções poéticas. Sugerimos também a leitura do poema “Fanatismo”, de Florbela Espanca, pois seu tema pode ser associado à concepção de amor desenvolvida no livro em questão.

3. Compare a condição econômica e social das famílias de Dante e de Beatriz. Por que isso seria um obstáculo para a união do “casal”? Problematize essa questão, levando em conta: a) o contexto da obra; b) o contexto em que os alunos estão inseridos.

4. Leve os alunos a perceber que a impossibilidade de se casar com Beatriz não arrefece os sentimentos de Dante. Em que medida o amor por ela vai crescendo e o que permite a ele mantê-la sempre presente?

pARA A RETOMADA DO pRóxIMO ENCONTRO• Fazer um breve levantamento da vida e da obra de Dante Alighieri.

• Pesquisar sobre a simbologia que envolve a planta loureiro.

• Pesquisar sobre a Era Medieval e o Renascimento italiano: panorama social, religioso, cultural e econômico.

CAMINHOS DA LEITURA

pRIMEIRO MOVIMENTO: ApRESENTAçãO DAS pERSONAgENS E ESTAbELECIMENTO DOS CONfLITOS (CApA, CApíTULOS 1, 2, 3 E 4)

Sugerimos ao professor que conduza em classe o primeiro contato do leitor com o texto, repertoriando e aplicando os conhecimentos adquiridos com o professor de Arte sobre O estilo de pintura medieval versus o estilo renascentista: as inovações dos pintores humanistas e sobre A arquitetura medieval e renascentista italiana. Além disso, será necessário que os alunos realizem ao longo do trabalho com o livro, sob a orientação dos professores de História e de Arte, pesquisas sobre Dante Alighieri: o homem e o artista no contexto de transição da Idade Média para o Renascimento e sobre A atmosfera cultural de Florença nos séculos XIII e XIV e a transição da Idade Média para o Renascimento. Para iniciar, proponha aos alunos que façam uma leitura cuidadosa da capa do livro. É interessante notar a perspectiva da imagem e o efeito obtido pela maneira com que determinados aspectos são apresentados: Que elementos estão em primeiro plano? Que época está sendo retratada e o que permite essa inferência? Há no enredo uma passagem que faz referência à troca de olhares. Peça aos alunos que descrevam e analisem a direção do olhar de cada personagem retratada. Em seguida, pode-se orientá-los a levantar hipóteses sobre o papel e a relação desenvolvida no enredo entre o homem e a mulher vestida de branco, questões que se esclarecerão já na leitura dos três primeiros capítulos. Observar, ainda, a cor branca do vestido de uma das personagens retratadas, geralmente associada à ideia de pureza, virgindade, etc. Pode-se sugerir um breve debate sobre esse aspecto cultural nos dias atuais.

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Antes de iniciar, proponha o compartilhamento da pesquisa solicitada no encontro anterior sobre as obras de Dante Alighieri. É interessante que o professor discorra sobre os conceitos de amor sensual e amor espiritual, a fim de levar os alunos a perceber a maneira grandiosa com que esse sentimento é representado tanto no livro em questão quanto nas obras de Dante.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Como o amor de Dante contribui para que ele se mantenha “vivo” durante a guerra? Destaque que a guerra aflige o coração de Dante e que ele encontra no amor por Beatriz e na poesia o caminho para sentir-se feliz e manter-se esperançoso.

2. Associe a imagem do pássaro (págs. 72 e 73), à ideia de liberdade. É interessante que os alunos possam perceber que essa passagem pode ser associada ao amor. Esse sentimento pode ser visto como algo que aprisiona, sufoca e faz adoecer a pessoa amada. Por isso Dante procura liberar-se da forma física do amor e cultivar apenas o amor espiritual.

3. Leve os alunos a descreverem e analisarem a ilustração da pág. 77. Atente para o fato de que o pássaro preto (um corvo), constantemente associado à ideia de morte, tristeza e desilusão, está em primeiro plano, juntamente com vários homens e animais mortos, despedaçados. Dante encontra-se sentado diante deles. Relacione essa cena com os impactos emocionais provocados pela guerra em Dante, conforme narrado.

4. Os capítulos XVIII e XIX são particularmente emblemáticos e tensos. Discuta com os alunos de que forma as aflições sofridas fortalecem o apego de Dante à vida, ao amor por Beatriz e à poesia.

5. O amor de Dante por Beatriz é tão intenso que, mesmo depois da morte dela, ele continua amando-a. Por meio de que ações é corroborada a persistência desse amor? Qual é a opinião dos alunos a respeito desse amor tão duradouro?

6. O capítulo XXII remete aos cantos XXVIII e XXX (Purgatório) de A Divina Comédia, grande obra de Dante Alighieri; o capítulo XXII e os trechos citados de A Divina Comédia podem ser lidos a fim de enfatizar semelhanças e diferenças formais entre os textos. É necessário levar os alunos a perceberem que a viagem realizada em A Divina Comédia pode ser associada à “viagem sem volta”, narrada no capítulo XXII, que trata da morte de Dante.

7. É importante que os alunos percebam que Gemma, narradora da história, assume a primeira pessoa a partir do capítulo XXIII e, ao remontar a determinados acontecimentos da vida de Dante, apresenta-os sob uma perspectiva mais pessoal e passional. Em vista disso, proponha aos alunos que reflitam sobre esta questão: Que tipo de visão Gemma nutre do amor, dadas as dificuldades por que passou em virtude da “ausência” tanto física quanto emocional de Dante?

8. Destaque qual foi o significado do casamento (arranjado) de Gemma com Dante, segundo ela mesma. Quais as diferenças entre ser esposa de Dante e ser a mulher amada por ele?

9. Mesmo não tendo sido amada, Gemma exerceu um papel fundamental para o poeta Dante Alighieri. Proponha aos alunos um debate sobre a seguinte questão: Seu comportamento, dada sua dedicação, sua devoção, sua lealdade para com o marido, seria também um tipo de manifestação do amor? Por quê?

pARA AMpLIAR O DEbATE

Tendo concluído a leitura do livro, pode-se dar continuidade ao debate sobre os temas amor e poesia. Para isso sugerimos a apresentação de dois filmes, por meio dos quais os alunos poderão estabelecer inúmeras relações com o livro: 1) Sociedade dos poetas mortos (1999, direção de Peter Weir, classificação etária: 14 anos), que trata de descobertas relacionadas à poesia, à amizade, à liberdade e ao amor. 2) Amor além da vida (1998, direção de Vincent Ward, classificação etária: 14 anos), cujo roteiro convida o espectador a uma viagem surpreendente em nome da pessoa amada. pARA A RETOMADA DO pRóxIMO ENCONTRO

• Pesquisar sobre dois trechos do Purgatório (cantos XXVIII e XXX) de A Divina Comédia.

TERCEIRO MOVIMENTO: ETERNO AMOR/AMOR ETERNO: A bUSCA INCANSáVEL DE DANTE ALIgHIERI pOR bEATRIz pORTINARI ASSUME SUA fORMA MAIS pOéTICA (CApíTULOS 15 AO 30)

SEgUNDO MOVIMENTO: O fORTALECIMENTO DO AMOR DE DANTE pOR bEATRIz E O “NASCIMENTO” DE UM gRANDE pOETA (CApíTULOS 5 AO 14)

Iniciar com o compartilhamento do conteúdo solicitado no encontro anterior. Durante a leitura, repertoriar os alunos a fim de esclarecer determinados aspectos da história.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Discuta com os alunos como Beatriz vai povoando os sonhos e pensamentos de Dante. Destaque que, à medida que o sentimento cresce, Dante passa a viver em função desse amor e leve-os a perceber o impacto emocional causado no poeta pelas aparições de Beatriz.

2. Analise os conflitos de Dante: o amor a Beatriz (fidelidade, etc.) e os desejos oriundos do mundo à sua volta; o dever de se casar com Gemma e o desejo de se casar com Beatriz.

3. Refaça a leitura da ilustração da capa (pág. 37), e confirme as hipóteses levantadas e discutidas no primeiro movimento de leitura.

4. Analise como o amor vai se configurando em um sentimento mais forte do que a própria vontade humana. Quais as consequências desse engrandecimento?

5. Debata sobre as contradições oriundas do amor, sentimento que pode levar o homem aos extremos: da felicidade plena à mais absoluta tristeza.

6. É interessante mostrar aos alunos como é apresentada a atmosfera que envolve a poesia e o poeta: percebe-se uma visão sublime, idealizada, de exaltação deste ofício. Assim, o amor e a poesia são a redenção, a salvação, a possível fonte de felicidade de Dante Alighieri. Como eles recebem essa visão: concordam ou discordam dela?

7. Analise como Dante recebe a notícia de que Beatriz fora prometida a outro homem. Dante se abate diante disso? Revolta-se? Resigna-se?

8. Destaque como cresce seu desejo de escrever tendo Beatriz como sua musa, ação que estabelecerá um elo muito forte entre ele e sua amada. Manter e eternizar Beatriz em seus poemas corresponde, para ele, a uma realização plena desse amor.

9. Discuta com os alunos que papel os poetas e demais escritores mencionados na narrativa exercem na formação de Dante.

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3332

ExCALIbURTONy LEE ExcALIBur

TONy LEE

ILuSTRADOR SAM hART

FORMATO 17 × 24 CM

160 PágINAS

ISBN 978-85-418-0268-0

2013

sinopse Albion está em guerra. Governado durante muito tempo pelo cruel rei Ulric, seu povo clama por justiça. Artur, filho de Uther Pendragon, é a última esperança. Só ele é capaz de cumprir uma duradoura profecia, liberando a espada Caliburn da pedra em que está cravada.Finalmente Albion terá seu verdadeiro rei. Mas o futuro de Artur é incerto. Não só Morgana, sua meia-irmã, planeja uma vingança, mas aqueles em quem ele mais confia também estão destinados a traí-lo.Os segredos do passado do rei Artur e os mistérios de seu futuro são desvelados nesta impactante adaptação para quadrinhos sobre o lendário herói bretão.

TEMAS HISTóRIAS DE cAVALARIA • LENDAS INGLESAS

hIStórIA• Origem da cultura pagã • Relações entre a crença nos deuses

e na natureza; esfera cíclica da cultura popular

• Saxões versus germânicos; a tomada de cornualha pelos saxões

• Sistema político medieval e os anglo-saxões

• Qual o papel do povo no sistema feudal e no apoio ao reinado?

INTEgRANDO CURRíCULOS

ArtE• O desenho em primeiro e

segundo planos: os detalhes nas expressões faciais

• A construção do tempo narrativo na distribuição espacial dos quadrinhos

• A composição dos elementos dentro das imagens dos quadrinhos

LíNguA POrtuguESA• Trovadorismo• O gênero história em quadrinhos• Novela de cavalaria (gênero adaptado)

ApRESENTAçãO AO pROfESSOR

Em meio ao reino das fadas e dos elfos, Merlin e a távola redonda, Artur assume o trono e consegue organizar Albion de modo justo e igualitário, adquirindo assim, prestígio, supremacia e a consideração do povo que passou anos sobre o domínio da tirania do rei Ulric.

O jovem leitor encontrará nesta obra uma narrativa densa, cheia de confrontos, que trabalha temáticas universais como o amor, a traição, o ódio e a lealdade. Trata-se de um clássico que resiste ao tempo sem perder a vitalidade nem a extraordinária magia de sua época. Não é à toa que a história do rei Artur já foi adaptada para o cinema, o teatro, para animes e agora chega ao formato de história em quadrinhos (HQ). Por ser uma história medieval rica em aspectos histórico-culturais, é importante que o aluno compreenda o século ao qual a narrativa se refere, pois os hábitos e a cultura estão muito distantes destes do século XXI. Assim, é crucial para o incentivo à leitura envolver os alunos na atmosfera das histórias de cavalaria sobre o rei Artur e seus cavaleiros para, depois, iniciar-se uma análise do enredo.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS 1. Inicie propondo uma reflexão sobre o uso de duas linguagens na HQ: a verbal, delimitada pelos balões contendo as informações dadas pelo narrador (balões quadrados) e as falas das personagens; e a não verbal, as imagens com suas características e funções estéticas. É importante que eles percebam que ambas as linguagens se unem num todo organizado de sentido.

2. Chame atenção para os balões do narrador: Qual a sua função? Observe que eles geralmente indicam as mudanças de espaço e de tempo, orientando o leitor ao longo da narrativa. Ressalte ainda que algumas palavras estão grafadas em negrito em vários balões: Que função este recurso tem no texto?

3. Percebe-se nos desenhos que as expressões faciais são destacadas em primeiro plano. Peça aos alunos que descrevam as expressões faciais das personagens, além de seus gestos corporais e, dentro do contexto, que eles expliquem o que significam, que sentimentos expressam.

4. Leve os alunos a atentar também para a disparidade entre o porte físico das personagens, sobretudo entre o rei Ulric e o jovem Artur, neste início da narrativa. Proponha que analisem as mudanças que Artur sofrerá à medida que amadurecer enquanto personagem ao longo da narrativa, conforme a leitura avançar.

5. A disposição dos desenhos nos quadrinhos também é importante. A aparição de Ulric montado em seu cavalo é muito significativa: o fato de estar no canto superior do quadrinho ocupando maior espaço pode indicar a superioridade, o poder, a força física, a brutalidade, a arrogância, em detrimento das demais personagens, localizadas no canto inferior do quadrinho, em menor destaque, frágeis, simples e subservientes diante do poderoso rei. Proponha aos alunos que analisem, à luz destas reflexões, o momento em que Artur retira a espada da pedra e a direciona para o céu.

6. Repertorie a pesquisa realizada sob orientação do professor de História e proponha a seguinte reflexão: Qual é o significado da luta pela retomada da Cornualha, da liberdade e da instauração da paz para os germânicos?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar os 10 Mandamentos do Cavaleiro Medieval.

• Realizar pesquisa, sob a orientação do professor de História, sobre a Origem da cultura pagã e sobre as Relações entre a crença nos deuses e na natureza: esfera cíclica da cultura popular.

Antes de iniciar a leitura efetiva do livro, sugerimos que os alunos sejam orientados a realizar uma pesquisa, sob a orientação do próprio professor de Literatura, a respeito de determinados temas e personagens, para que possam ampliar seu repertório sobre aspectos inerentes ao enredo e ao contexto da obra. A sala pode ser dividida em grupos e cada um pode ficar responsável por um ou mais aspectos, de acordo com a distribuição feita pelo professor:

• Explicar o que eram as canções de gesta e a origem das novelas de cavalaria.• Pesquisar sobre os grandes temas das novelas de cavalaria e explicá-los, à luz das concepções medievais de honra, lealdade, amizade, coragem, amor, justiça, virtude, cristianismo, paganismo, etc.• Discorrer sobre o Ciclo Arturiano (ou Bretão) e suas características fundamentais.• Descrever a noção de herói medieval e suas caraterísticas fundamentais.• Discorrer sobre o papel do rei na Idade Média e sobre a constituição da noção de reino e explicar como se dava a sucessão do trono.• Pesquisar sobre as personagens retratadas no livro: Uther Pendragon; Gorlois, o Duque de Cornualha; Lord Ulric, o Mago Merlin; Artur Pendragon e a lenda da espada Excalibur; Morgana Le Fey; Viviane, a Dama do Lago; Lancelot; Guinevere. • Sob a orientação do professor de História, realizar pesquisa sobre temas: 1) Saxões versus germânicos e a tomada da Cornualha pelos saxões; 2) Sistema político medieval e povo anglo-saxão: Qual o papel do povo no sistema feudal e no apoio ao reinado?

pRIMEIRO MOVIMENTO: ApRESENTAçãO DOS CONfLITOS E A ORIgEM DE ARTUR, O LEgíTIMO REI

É interessante, como sensibilização e preparação para a leitura da HQ, assistir com os alunos a um trecho do filme Lancelot – O primeiro cavaleiro (Jerry Zucker, 1995, faixa etária: 12 anos), ou a um trecho do filme Excalibur (John Boorman, 1981, faixa etária: 14 anos). A partir daí, é possível destacar algumas características fundamentais dos heróis das novelas de cavalaria, tanto físicas como psicológicas. Além disso, estes filmes, sobretudo Excalibur, retratam muito bem a atmosfera medieval e sua ambientação. Proponha aos alunos que compartilhem o material pesquisado sobre a época histórica e as novelas de cavalaria e que o cotejem com as cenas selecionadas dos filmes.

CAMINHOS DA LEITURA

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QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Como é caracterizado o reino de Avalon? Destaque as cores e os seres fantásticos.

2. De que forma o amor de Artur pela Dama do Lago contribui para a superação das dificuldades que lhes são impostas?

3. Leve os alunos a refletirem sobre como o enredo apresenta o processo de evolução da personagem Artur. Analise as atitudes dele a fim de levar os alunos a reconhecerem as características virtuosas do cavaleiro medieval.

4. Proponha o compartilhamento dos resultados da pesquisa solicitada para a retomada deste encontro. Discuta com os alunos as crenças medievais em questão na narrativa. O que conhecem sobre o paganismo? Qual o estereótipo criado sobre as fadas? E sobre magia? Relacione esses conhecimentos à personagem Morgana (integrante do reino Unseelie, responsável por feitiços e magia negra, o lado sombrio do reino feérico) e destaque suas habilidades.

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Reler os 10 Mandamentos... e fazer uma reescrita, adaptando-os aos dias atuais. Como seriam esses mandamentos relacionados aos valores que defendemos hoje?

• Pedir para que os alunos tragam reportagens em que eles encontrem figuras que encarnem o papel do herói contemporâneo.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS 1. O cromatismo, baseado em sua maior parte em cores quentes (laranja, vermelha, amarela), é usado para sustentar a unidade das sequências narrativas. Quando o azul entra em cena, ele indica o período noturno. Isto pode ser trabalhado junto com o cromatismo das personagens: Lancelot tem roupas azuis, enquanto Artur está sempre de laranja. O que pode significar esta escolha de cores no tratamento das duas personagens?

2. Promova uma discussão sobre a crença ou não no destino. Lancelot estava no destino de Guinevere e de Artur? Isso ajudou Artur a seguir seu “real” destino?

3. Ressalte a importância da redenção. Lancelot se redime por amor. Discuta com os alunos a atitude da personagem: para Lancelot pesou mais o amor a Guinevere ou ao rei (em virtude de seu juramento enquanto cavaleiro)?

4. Em que parte da narrativa Guinevere demonstra dignidade e a quem? Pode-se considerá-la uma heroína? Por quê?

5. A morte de Artur é bastante emblemática, pois se dá no campo de batalha em que sai vitorioso, retomando o reino e restaurando a paz em seu país. No entanto, segundo o enredo, ele “renasce” em Avalon e lá se reencontra com seu verdadeiro amor, a Dama do Lago. Qual a opinião dos alunos sobre este final? Eles proporiam algum outro final? Por quê?

6. Sugira um debate entre os alunos sobre os valores de dignidade, caráter, felicidade, justiça e amor. Quais dessas questões eles consideram a mais importante? Por quê?

pARA AMpLIAR O DEbATE

Tendo concluída a leitura, sugerimos um aprofundamento de estudos sobre as questões relacionadas ao gênero HQ. Peça aos alunos que tragam para a aula outras histórias em quadrinhos de super-heróis e de outros temas. Além disso, é interessante solicitar que eles realizem, sob a orientação do professor de Arte, a pesquisa sobre os assuntos mencionados no boxe Interdisciplinaridade.

• Destaque que a estética gráfica de Excalibur se aproxima da estética dos quadrinhos produzidos pela Marvel (Os Vingadores, O Homem-Aranha, O demolidor, etc.) e pela Dc comics (Superman, Batman, Lanterna Verde, etc.). Assim, há uma imediata aproximação do rei Artur e de outras personagens da HQ com o imaginário dos super-heróis. Peça aos alunos que apresentem aos demais as HQs que trouxeram para a aula. Repertorie a pesquisa realizada com o professor de Arte, propondo-lhes que comparem as características estéticas das obras quem têm em mãos. Em que diferem as HQs de super-heróis das demais?

• Em seguida, leve-os a refletir, a partir de seus conhecimentos sobre a atmosfera da Idade Média, sobre o estilo da obra Excalibur. considerando que as novelas de cavalaria surgiram há mais de 800 anos e que as aventuras narradas ocorreram por volta do século VI, como eles avaliam sua adaptação na HQ? O estilo mais moderno e próximo das HQs de super-heróis criadas no século XX torna a história do rei Artur incoerente ou mais interessante? Por quê?

• como consequência desta aproximação e desta estética, a Baixa Idade Média, época em que a história se passa, é retratada de modo limpo e claro, o que tem relação com o traço utilizado nos desenhos e também com a coloração das imagens. Isso gera uma visão idealizada da Idade Média, que não tem necessariamente a ver com a realidade vivida naquele tempo? Por quê?

SEgUNDO MOVIMENTO: A ENTRADA DE ARTUR EM AVALON – O AMOR, A ESpADA, UM DESTINO

Sugerimos a leitura da crônica “Herói. Morto. Nós”, de Lourenço Diaféria, para que seja (re)discutida a noção de heroísmo. Discuta com os alunos as transformações que a figura do herói vem sofrendo ao longo do tempo. Trata-se de uma definição que mobiliza a cultura e os valores compartilhados por uma comunidade. Se pensarmos no medievalismo, herói era aquele que defendia o seu rei com bravura e sem temor (relacione com os 10 Mandamentos...), que se entregava por amor às suas tradições e defendia a sua honra – como visto na narrativa Excalibur. Já no século XVIII, era considerado herói aquele que por vezes abdicava de seus costumes por amor, como o índio brasileiro em romances indianistas. Hoje, em pleno século XXI, os heróis podem ser um bombeiro, um destemido menino que enfrenta um incêndio para salvar a irmã, um pai de família, etc. Que outros heróis os alunos destacariam?

TERCEIRO MOVIMENTO: LANCELOT E OS NOVOS DESAfIOS DE ARTUR – O DESTINO TOMA SUA fORMA

Promova o compartilhamento das reescritas dos 10 Mandamentos... e das reportagens selecionadas sobre a figura do herói contemporâneo. Que relações eles podem estabelecer entre o herói moderno e o medieval? Os textos podem ser lidos em voz alta, para que suscitem um debate sobre pontos de vista divergentes, caso existam.

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bRüNHILDE E A SAgA DO ANEL BrüNhILDE E A SAgA DO ANEL

TRADuÇÃO MARCOS BAgNO

ILuSTRAÇõES LINDA JORgE LuJáN WOLFSgRuBER

FORMATO 15,8 × 23 CM

96 PágINAS

ISBN 978-85-6082-067-2

2011

sinopse Baseado em sagas nórdicas e na Canção dos Nibelungos, epopeia germânica escrita por volta do século XIII, o Ciclo do anel, criado pelo músico alemão Richard Wagner (1813-1883), é uma das maiores e mais ambiciosas obras de arte do mundo. Com base no libreto das quatro óperas que compõem tal ciclo (“O ouro do Reno”, “A valquíria”, “Siegfried” e “O crepúsculo dos deuses”), o poeta argentino Jorge Luján nos oferece uma nova versão da saga, em verso livre. Nela, Brünhilde desponta como a verdadeira heroína da história que, graças ao seu amor e à sua inquebrantável fidelidade, redime o inconstante Siegfried. Primorosamente ilustrado, o livro contribui para a divulgação dessa saga, fazendo companhia aos guardiões do anel, sejam eles novatos no assunto ou wagnerianos consumados.

TEMAS ÉPIcA GERMâNIcA• DEuSES E HERóIS • AMOR × PODER • INFIDELIDADE cONJuGAL • INcESTO

LíNguA POrtuguESA• O gênero poema e os versos livres• O Romantismo e a busca

das raízes nacionais• Paratextos: orelhas, introdução,

epígrafe, nota de rodapé

INTEgRANDO CURRíCULOS

ArtE• História da ópera• A função do libreto• A música de Wagner

e o Ciclo do anel

hIStórIA• A mitologia nórdica

ApRESENTAçãO AO pROfESSOR

Saga épica nórdica, a Canção do Nibelungo serviu de base para a criação do Ciclo do anel, conjunto de quatro óperas do compositor romântico Richard Wagner que levou 26 anos para ser finalizada e que conta também com elementos de outras histórias míticas germânicas. Em sua adaptação do libreto da ópera, recontado no livro Brünhilde e a saga do anel, o poeta argentino Jorge Luján conduz o jovem leitor pelo intrincado enredo da história, apresentando suas diversas personagens, divinas e humanas, envoltas em ódio, inveja, ganância, avareza, luxúria, perversão, trapaças, compaixão, princípios e amor duradouro que regem e costuram a intriga. Contando com a musicalidade dos versos livres, o poeta recria a dramaticidade wagneriana de modo hábil e sutil, condensando a longa saga e traduzindo-a para o leitor atual, elegendo como sua protagonista a heroína Brünhilde. A edição conta ainda com as ilustrações da artista austríaca Linda Wolfsgruber, que, compostas por traços finos em nanquim sobre aquarela e coloração delicada, orientam e contribuem para a compreensão do texto, merecendo por isso um olhar atento e uma análise detida.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDASEm sala de aula, comece a leitura do livro pelo texto das orelhas, pela lista de personagens na pág. 4, pela pequena introdução de Jorge Luján na pág. 5 e pela epígrafe na pág. 6.

1. Peça para que os alunos distingam as personagens divinas das humanas. Observe que Sieglinde e Siegmund são filhos do deus Wotan, portanto irmãos e pais de Siegfried, herói da história. Destaque a linhagem divina dessas personagens e o fato de que o incesto pudesse acontecer entre elas, já que os deuses eram responsáveis pelas leis que determinavam o que era permitido e o que era proibido para quem.

2. Leia com os alunos as notas de rodapé presentes na página de apresentação das personagens. Destaque a segunda nota de rodapé, em que é explicado que o Valhalla é a morada dos deuses, equivalente ao Olimpo da mitologia grega. Levante com eles a função desse tipo de paratexto: consideram a informação importante e relevante? Tinham conhecimento dela? Por que o autor não inseriu essa informação na própria lista de personagens?

3. Leve os alunos a compararem os textos das orelhas do livro com a introdução do autor. Quais são as informações semelhantes? Em que os textos diferem? O que a personagem de Brünhilde significa para o poeta Jorge Luján?

4. Leia com os alunos a epígrafe na pág. 7. Esclareça que esse paratexto é uma frase ou fragmento de texto que, colocado no início de um livro, poema ou narrativa, serve de tema ao assunto ou resume o sentido da obra. Em conjunto com a análise da ilustração, que mostra mulheres nuas que parecem imersas nas águas de um rio, verifique qual a expectativa criada pela epígrafe: O que os alunos esperam encontrar no livro e qual sua predisposição para a leitura do poema?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar sobre a história da ópera com o apoio do professor de Arte: Em geral assistida e consumida por um público restrito, as óperas já foram bastante populares. A quem se destinavam? Como se comportava o público que a elas assistia? Como se comporta o público de ópera hoje? Os alunos já assistiram a uma ópera?

• Pesquisar sobre a função de um libreto nas óperas, peças dramáticas musicadas.

SEgUNDO MOVIMENTO: pARTE 1, “O OURO DO RENO”, E pARTE 2, “A VALQUíRIA”

Inicie com o compartilhamento da pesquisa anterior. Em sala, conduza a leitura em voz alta da parte 1 da saga, “O ouro do Reno”. Se possível, proponha uma atividade de imersão na atmosfera wagneriana e faça com que os alunos ouçam a abertura (10 min) da primeira cena do Ciclo do anel.

CAMINHOS DA LEITURA

pRIMEIRO MOVIMENTO: ApROxIMAçãO DE bRüNHILDE E A SAgA DO ANEL

Muitos elementos da mitologia nórdica estão presentes em narrativas conhecidas dos jovens leitores, como as sagas Harry Potter, de J. K. Rowling, e O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien, adaptadas para o cinema. Por isso, antes da leitura, verifique o que os alunos já conhecem a respeito e proponha que façam uma pesquisa sobre tal mitologia com o apoio do professor de História. Elementos presentes na história do rei Artur e de sua espada Excalibur, parte das narrativas galesas desde antes do século XII, e na história de A Bela Adormecida, cuja conhecida versão dos alemães Irmãos Grimm é do começo do século XIX, também fazem parte da história de Brünhilde e Siegfried.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Ao som da música de Wagner, peça aos alunos que apreciem a ilustração que abre o capítulo 1 do livro. Em que ela se parece com a ilustração da epígrafe? Sugere uma atmosfera diferente daquela da ilustração anterior? Chame atenção para o fato de que as ondinas estarão presentes nas ilustrações das próximas quatro páginas. Qual o papel delas neste início do poema?

2. Recupere o papel de Alberich, líder anão dos nibelungos. Por que ele se aproxima das ondinas? Por que amaldiçoa o amor e escolhe o tesouro, o ouro do Reno? Como alcança as riquezas e para onde vai com elas? O que Wellgrunde revela ao anão? Que outra narrativa os alunos conhecem que gira também em torno de um anel poderoso, que afeta a todos aqueles que o carregam? Qual expectativa a possibilidade da existência de um tal anel gera para a história?

3. No cume do monte habitado pelos deuses, Freia, deusa do frescor, é obrigada a partir com os gigantes Fasolt e Fafner, pois Wotan lhes prometeu entregá-la. Peça aos alunos que identifiquem as personagens representadas na ilustração, bem como suas caraterísticas e objetos. Observe que o leitor vê apenas os pés dos gigantes, nas págs. 14 e 15, e suas cabeças, nas págs. 16 e 17. Por quê?

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4. Chame atenção para a legenda da ilustração de Alberich e a mina dos nibelungos na pág. 18. Recupere com os alunos o enredo da história, em que se narra como o líder dos anões escravizou seu irmão e semelhantes e como os explora. Por meio de qual artifício Wotan e Loge recuperam o tesouro roubado por Alberich? Os alunos já haviam ouvido sobre o uso desse artifício em outras narrativas? Quais?

5. Com o intuito de resgatar Freia, os deuses se encontram com os gigantes para lhes dar os tesouros que estavam com o anão. De posse do anel, Fafner mata seu irmão Fasolt. Por quê? O que suplicam ainda as ninfas do Reno? Observe como a imagem das págs. 26 e 27 ajuda na criação de uma atmosfera tensa e lúgubre. Discuta com os alunos: Em que as cores escolhidas para a ilustração contribuem para a interpretação do poema?

EM SALA, CONDuzA A LEITuRA EM VOz ALTA DA PARTE 2 DA SAgA, “A VALquíRIA”.

6. Leve os alunos a recuperarem o enredo dessa parte do poema. Verifique se eles compreenderam que Hunding matou a mãe de Siegmund e Sieglinde. Observe que o destino conduz Siegmund à casa de Sieglinde e Hunding. Destaque que aos poucos Hunding identifica Siegmund e descobre quem ele é: Quais características de Siegmund despertam a atenção de Hunding?

7. Reflita com os alunos sobre as semelhanças entre a espada Nothung, que permanece fincada no tronco até que seu herói a venha resgatar, e a história de Excalibur, espada do rei Artur. Observe ainda que toda a sequência de desenhos (págs. 30 a 39) que compõe a narrativa dos amantes é iluminada pela cor amarela. Por que a espada teria essa cor? O que ela pode indicar?

8. Destaque a contraposição entre essa última sequência de ilustrações e a que acompanha a apresentação de Brünhilde, a Valquíria, e sua terrível missão (págs. 40 a 49). Como as cores da ilustração mimetizam o sentimento da Valquíria?

9. Tendo desobedecido à ordem do pai, Brünhilde recebe o castigo de permanecer adormecida até que um homem a acorde e a deflore, tornando-a mortal. A Valquíria pede então para ficar protegida por meio de um círculo de fogo que só um herói possa romper. A qual história infantil este trecho do poema épico se assemelha? O que se pode esperar de seu final?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar sobre a função do herói nos mitos e mitologias.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDASProponha uma leitura dramática em voz alta desta parte do poema; os alunos podem se dividir e cada um deles se encarrega da fala de uma das personagens.

1. Analise com os alunos a ilustração de abertura da terceira parte do poema: Quais elementos a compõem? Quais suas cores? O que ela suscita no leitor?

2. Recupere com eles a história de Siegfried: criado pelo elfo Mime, seu tutor, ele o despreza, o desafia. Essas atitudes são comuns em heróis de outras narrativas? Por que Siegfried age desse modo? Que efeito produz no leitor essa caracterização?

3. Peça aos alunos que listem as ações do herói da história, destacando dentre elas o fato de ele enfrentar e vencer o dragão “para descobrir o medo”. Discuta com os alunos: as ações de Siegfried o aproximam do leitor? Por que seria importante para um herói conhecer o sentimento de medo?

4. Cumprindo o desígnio dos deuses, Siegfried encontra Brünhilde e a desperta com um beijo. Ela se entrega a ele por amor, tornando-se mortal. Na opinião dos alunos, o trecho emociona o leitor? Por quê?

PROSSIgA COM A LEITuRA EM VOz ALTA DA úLTIMA PARTE DO POEMA.

5. Observe que a última parte do poema começa com o canto das três nornas (moiras, na mitologia grega), que recuperam a trajetória de Wotan, Alberich, Siegfried e Brünhilde. Que impressão o canto das filhas videntes de Erda causa no leitor do poema? O que se espera que vá acontecer ao final da narrativa?

pARA AMpLIAR O DEbATE

Proponha uma pesquisa sobre o Romantismo e a busca das raízes nacionais, contextualizando o movimento romântico no Brasil. Discuta e problematize as diferenças entre os artistas alemães, que contavam com mitologias perpetuadas oralmente havia gerações, e os escritores brasileiros, os quais buscavam, por meio da exaltação da natureza e da eleição da figura do índio como herói, dar uma cor local à produção literária nacional.

TERCEIRO MOVIMENTO: pARTE 3, “SIEgfRIED”, E pARTE 4, “O CREpúSCULO DOS DEUSES”

Inicie com o compartilhamento da pesquisa anterior, levantando as características que em geral compõem a figura do herói. Converse com os alunos sobre as narrativas de aventura e de outras mitologias que eles já conhecem e os heróis dessas histórias. Se possível, proponha mais uma atividade de imersão na atmosfera wagneriana e faça com que os alunos ouçam a "Cavalgada das Valquírias", do Ciclo do anel.

6. Compreendendo toda a intriga articulada por Günther, Grutune, Hagen e Alberich, de que fora alvo junto com seu amado, Brünhilde restaura a ordem no mundo, devolvendo o anel às águas turbulentas do rio Reno. Na sequência, ordena que a pira mortuária de Siegfried seja acesa e se joga nela também com seu cavalo em direção ao Valhalla. A morte por amor purga a maldição do anel e põe fim às intrigas. Pura em seus sentimentos, Brünhilde revela-se no final da epopeia uma verdadeira heroína. Como o leitor se sente em relação a ela?

7. O deus Wotan assume que cometeu muito erros e se mostra bastante atormentado e se diz desamparado e aflito. Proponha aos alunos que identifiquem as passagens em que o deus fala de seus tormentos e os momentos em que se emociona e se arrepende de suas ações. Essas seriam atitudes consideradas divinas? Levando em conta que a última parte é intitulada “O crepúsculo dos deuses”, como é possível entender a conduta de Wotan e sua ruína?

8. Detenha-se ainda com os alunos na análise das diferentes métricas dos versos empregadas na construção do poema, fruto da liberdade composicional contemporânea. Que efeitos e sensações os diferentes ritmos produzem no leitor/ouvinte do poema?

9. Analise com os alunos as ilustrações das págs. 92 a 95: O que podem significar suas cores roxa e vermelha? Como elas interferem na interpretação dos últimos versos do poema?

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4140

kOOLAU, O LEpROSOJACk LONDON

KOOLAu, O LEPrOSOJACk LONDON

ILuSTRAÇõES ENRIquE BRECCIA

FORMATO 17 × 24 CM

40 PágINAS

ISBN 978-85-418-0270-3

2013

sinopse Quando os “homens brancos” decidem confinar Koolau e seus companheiros no leprosário de Molokai, ilha no arquipélago havaiano, o grupo de leprosos resolve enfrentar a tropa encarregada de sua captura. Persistência e a coragem de Koolau farão com que persista, nas condições mais adversas, na luta sem trégua em defesa da dignidade.Uma das mais emocionantes histórias de Jack London que reúne, de modo notável, todas as qualidades desse mestre da narrativa, confirmando a força de seu estilo.

TEMAS cONTO • cOLONIzAçãO • ESTIGMA • RESISTêNcIA • AuTOSSuPERAçãO • DIREITOS HuMANOS

BIOLOgIA• O que é lepra, suas formas

de transmissão• O uso do termo hanseníase• Transmissão pelo mundo• O combate à hanseníase no Brasil• campanhas públicas

INTEgRANDO CURRíCULOS

gEOgrAFIA• O arquipélago

do Havaí• A paisagem natural

hIStórIA• Polinésios• Ocupação do Havaí• colonialismo e

imperialismo• Domínio dos

americanos• Pearl Harbor

ApRESENTAçãO AO pROfESSOR

Não o Havaí do surfe ou de Pearl Harbor, mas as ilhas como cenário e ambiente de uma condição humana extremamente degradante. Numa narrativa curta e intensa, o autor consegue falar de temas tão densos como tradição, opressão, coragem, liberdade, dominação. Transpondo habilmente o leitor a um vale incrustado nas escarpas de uma ilha do que é hoje o Havaí, a miséria da condição humana é retratada de forma quase cinematográfica.

Koolau é um herói solitário, ao mesmo tempo um representante de uma tradição local que está se desintegrando e de um certo tipo de homem moderno que clama por liberdade. E a tensão sobre as sempre presentes questões da justiça e da liberdade fazem de Koolau, o leproso, um herói digno dos tempos atuais.A brevidade da narrativa sugere que ela seja lida de uma só vez ou sem grandes intervalos entre as etapas de leitura. Para o estudo guiado da leitura da obra, sugere-se a segmentação em quatro momentos: 1) A contextualização do conflito e o estabelecimento da resistência de Koolau; 2) A resistência de Koolau e a agressão dos soldados; 3) O encontro com o capitão e a traição de seu povo; 4) A morte de Koolau.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Ressalte a transmissão oral e tradicional das narrativas históricas dos povos locais, como é o caso do relato da invasão dos homens brancos, que foi contado por gerações anteriores.

2. Proponha que os alunos recontem com suas próprias palavras a chegada dos homens brancos, o modo como se aproximaram dos nativos e o que realmente fizeram, reproduzindo a transmissão oral.

3. Peça aos alunos que pesquisem se há palavras da língua local ou topônimos que já são conhecidos.

4. Releia em sala a descrição feita na pág. 8. para discutir como o autor mostra a desumanização à qual estão sujeitos os leprosos.

5. Além de leprosos, loucos e retardados integravam o grupo de Koolau. Reflita com os alunos sobre o que esses indivíduos representam para a sociedade, tanto literal quanto simbolicamente.

6. Mostre a expulsão do povo nativo de sua própria terra, começando com a perda da posse, que os obriga a trabalhar quase como escravos, até chegar na perda do próprio corpo, quando é determinado que os leprosos sejam confinados.

7. Discuta o senso de justiça de Koolau. Ele considera a justiça como algo estritamente vinculado à lei?

8. Releia o trecho da festa da pág. 13, dando atenção aos contrastes entre os corpos em decomposição e à eroticidade e exacerbação dos sentidos propiciados pela bebida, dança e música. Observe como, naquele momento, resgata-se uma impressão de humanidade.

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar informações sobre o Havaí que ajudem a ampliar a compreensão do texto.

• Pesquisar e escolher a imagem do Vale do Kalalau ou da Ilha da Kauai que melhor represente o espaço em que a narrativa transcorre.

• Pesquisar e selecionar uma imagem que represente da melhor maneira a fauna exuberante do cenário da narrativa.

• Pesquisar e selecionar uma música típica havaiana.

CAMINHOS DA LEITURA

LíNguA POrtuguESA• Trovadorismo• O gênero história em quadrinhos• Novela de cavalaria

(gênero adaptado)

pRIMEIRO MOVIMENTO: DA ApRESENTAçãO DA SITUAçãO DE kOOLAU E SEU gRUpO ATé A CHEgADA DOS pRIMEIROS SOLDADOS (págS. 7 A 15)

Antes de iniciar a leitura, discutir a questão da lepra. Trata-se de uma doença tradicionalmente simbólica, que aparece com frequência na literatura ao lado da peste e do cólera como uma das grandes pragas (ex., A peste, de Camus). Discutir quais são as reações mais comuns à lepra – de repulsa, afastamento, nojo – e ao leproso –isolamento da comunidade, torná-lo um pária, etc. Lembrar que, por sua dinâmica de contágio e aparência, a lepra pode simbolizar aquilo que é rejeitado, que foge à normalidade, que ameaça a limpeza, a ordem e a estabilidade da comunidade e, por isso, deve ser excluído. Nesse domínio podem ser lembrados os regimes opressores que impõem a retirada de determinada parcela da população do convívio com os demais, isolando-os em guetos e campos de concentração. Assim, o primeiro movimento da leitura deve considerar reflexões sobre a premissa que abre a narrativa: “— Por sermos doentes tiram de nós a liberdade. Nós obedecemos à lei. Nada fizemos de errado. Mesmo assim, eles nos prenderam. Molokai é uma prisão, você conhece.” – tanto no seu sentido literal, como no simbólico.

SEgUNDO MOVIMENTO: DA ApRESENTAçãO DO ESpAçO DO REfúgIO DE kOOLAU ATé O ENCONTRO COM O CApITãO (págS. 17 A 30)

Inicie com o compartilhamento do material recolhido nas pesquisas, buscando relacioná-lo às passagens do texto, e quando possível mostrando a importância de determinado elemento para o sentido de um trecho ou do texto todo.

O espaço tem fundamental importância no desenvolvimento da narrativa, por isso nesse momento é interessante reler em grupo a descrição do Vale da Kalalau (pág. 17), que é, ao mesmo tempo, abrigo, refúgio, esconderijo e paraíso. Na leitura, chame atenção para a exuberância da flora, que sugere transbordamento da vida em cores, flores, frutas, construindo-se a imagem de um paraíso na terra, um Éden tropical. Observe que o acesso a esse paraíso se dá por uma estreita passagem de 90 m de comprimento por 30 cm de largura, o que sugere que só alguns são eleitos para ter acesso a ele, nomeadamente os nativos e as cabras, os filhos legítimos daquela terra.

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QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Apesar do domínio imposto sobre o povo e a terra locais, o homem branco não tem acesso a este paraíso tropical. Apontar para a tensão entre a civilização do homem branco e a resistência da natureza ao seu avanço, nas dificuldades que os soldados encontram para se aproximar do refúgio de Koolau.

2. Koolau tem uma relação de afeto por sua arma (que vai aparecer também na cena de sua morte). É possível levantar hipóteses com os alunos sobre o porquê dessa relação.

3. Determine com precisão os valores pelos quais luta Koolau – liberdade e justiça –, que aparecem tanto em seu discurso quanto no de seus oponentes, como no diálogo entre Koolau e o xerife.

4. Discuta a condição pela qual Koolau é visto pelo homem branco: Por que deveria ser obrigado a recolher-se a uma colônia-prisão de leprosos? O que sobrepuja, a lei ou o direito humano à liberdade sobre o próprio corpo? Ressalte o desvalor de Koolau quando não era doente, em contraposição com o valor de mil dólares oferecido pelo seu corpo (e não por ele mesmo).

5. Recupere as passagens em que Koolau admira a virtude da coragem, tópico frequente na obra de Jack London.

6. Ressalte a mudança na confiança de Koolau a partir do início dos bombardeios de granadas.

7. Levante hipóteses sobre por que o povo de Koolau desanima-se quando Kiloliana morre.

8. Evidencie que o que coloca Koolau a salvo é seu conhecimento do espaço natural, enquanto ao homem branco nada mais resta que a força do armamento pesado.

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar a história do Havaí, com seu processo de ocupação pelo homem branco.

• Pesquisar outras obras literárias que tenham a lepra ou alguma outra peste como pano de fundo.

• Pesquisar o que a Constituição Federal, atualmente, dispõe de direitos sobre o próprio corpo.

Releia a cena da morte de Koolau, profundamente comovente e significativa.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Discuta a passagem do tempo: o que no início da narrativa parecia que se resolveria rapidamente em favor do homem branco, leva dois anos para se encerrar. Levantar hipóteses sobre o que isso pode demonstrar a respeito das convicções de Koolau e se é um indicativo de seu heroísmo.

2. Ressalte a dupla condição em que morre Koolau, tanto como animal selvagem quanto como ser humano que defendeu sua mais importante condição humana, de justiça e liberdade. Pode-se discutir: Afinal, ele é humano ou animal? Onde reside a “humanidade” dos seres humanos?

3. Investigue as relações entre as memórias da juventude de pastor e domador com os valores defendidos por Koolau, de liberdade e justiça.

4. Koolau demonstra o afeto por seu fuzil no momento da morte. Relacione esse gesto com seu apreço à liberdade.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Há dois momentos em que uma bandeira branca é erguida. Refletir sobre o que ela simboliza, não apenas no sentido de trégua, mas como restabelecimento da humanidade nas relações (observe que nesses momentos a animosidade entre soldado e foragido é suspensa).

2. Reflita sobre o que representa o encontro de Koolau, com o corpo desfigurado e em andrajos, com o capitão, branco, loiro, de olhos azuis e de uniforme, dando atenção à ilustração referente a essa cena.

3. Ressalte que Koolau dispara no capitão após ele baixar a bandeira branca e tocar o chapéu, mostrando que naquele momento voltam a se estabelecer as relações entre opressor e oprimido.

4. Discuta o porquê de ser praticamente impossível apanhar Koolau em seu ambiente.

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Observar as ilustrações do livro e pensar sobre sua contribuição à narrativa: Elas são literais, realistas? Tratam de passagens concretas do texto? Como ajudam a compor o sentido do que está sendo narrado?

• Observar nas imagens as relações entre o colorido e a monocromia dos leprosos, por exemplo na ilustração da pág. 30.

pARA AMpLIAR O DEbATE

• como o poder oficial justifica a necessidade de segregação dos leprosos?

• Atualmente, há exemplos de intervenção do Estado na vida particular dos cidadãos sob a justificativa de se tratar de uma questão de saúde pública?

• como o direito sobre o próprio corpo é encarado nos dias de hoje? Há restrições consideradas inadequadas?

• como o aluno percebe-se em relação ao ambiente em que vive? como dono? usuário? Incluído? Excluído?

• Ocorre atualmente em nossa sociedade algum tipo de segregação espacial de determinado grupo?

• Há em nossa sociedade atual algum tipo de segregação espacial de determinado grupo por motivos de saúde?

• É possível relacionar o caso dos leprosos de Koolau com medidas tomadas, por exemplo, na tentativa de resolver o problema dos moradores de rua nas grandes cidades?

• como o conhecimento de si mesmo, de sua história e valores pode desenvolver capacidades afetiva, física, cognitiva, ética e estética que contribuam para uma tomada de posição política e social?

• como a responsabilidade sobre o conhecimento e os cuidados com o próprio corpo pode ser encarada como um dos aspectos básicos da saúde coletiva?

• Discutir casos em que é difícil determinar o que é justo segundo a lei e o que é justo segundo uma “noção humana” de justiça.

• Questionar se Koolau tinha uma causa coletiva ou era movido apenas por interesses próprios.

• Mostrar que corpos mutilados não servem aos interesses do dominador.

TERCEIRO MOVIMENTO: DO ENCONTRO COM O CApITãO ATé A DESISTêNCIA DOS pERSEgUIDORES (págS. 30 A 33)

Comece pelo compartilhamento da pesquisa anterior, buscando relacionar o uso da doença e das pestes como motivo para o controle social, em diversos momentos da história. Compare esses fatos históricos com o que está disposto na legislação atual.

O terço que encaminha para o final da leitura inicia-se com a mudança na moral do grupo de Koolau. Releia a passagem em que Koolau, após traído por seu povo, encontra o capitão e então entende os motivos pelos quais eles não poderiam nunca vencer o homem branco (pág. 30). Compartilhe também a leitura do trecho em que se descreve o capitão (págs. 30 e 31).

QUARTO MOVIMENTO: A MORTE DE kOOLAU (págS. 33 A 35)

Compartilhe as impressões sobre as ilustrações do livro. Os alunos podem relatar que sensações elas despertam, quais impressões elas passam sobre o espaço e as personagens, se elas contribuem ou não para a compreensão do texto ou, ainda, se a ampliam.

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SONHO DE UMA NOITE DE VERãODIONíSIO JACOb

SONhO DE uMA NOItE DE vErãODIONíSIO JACOB

FORMATO 12 × 19 CM

240 PágINAS

ISBN 978-85-418-0274-1

2013

sinopse O casamento de Teseu com Hipólita, rainha das amazonas, agita Atenas. Nem todos os corações, porém, estão no bom caminho, sobretudo entre os mais jovens: Helena ama Demétrio, que ama Hérmia, que ama Lisandro. Para piorar, a ninfa Titânia anda às turras com o elfo Oberônio, turvando a harmonia do bosque real onde um grupo de teatro amador encena, aos trancos e barrancos, a desventura amorosa de Píramo e Tisbe. Mas na noite do solstício, pelos poderes do sonho, os desencontrados pares hão de se acertar. Baseado na peça homônima de William Shakespeare.

TEMAS cLáSSIcO DA LITERATuRA MuNDIAL • cOMÉDIA • MITOLOGIA GREGA • AMOR • cONFLITOS

hIStórIA• O período

elisabetano na Inglaterra e a “Era de Ouro” da literatura e dramaturgia inglesas

• Shakespeare existiu de verdade?

INTEgRANDO CURRíCULOS

LíNguA POrtuguESA• Gênero Romance• Desenvolvimento do enredo:

intrigas e personagens• Peça teatral (gênero adaptado)

ApRESENTAçãO AO pROfESSOR

Sonho de uma noite de verão é uma das primeiras comédias de Shakespeare, tendo sido escrita provavelmente em 1595. É também uma das poucas peças totalmente inventadas pelo dramaturgo, sem base em eventos históricos ou outras obras. Estudiosos do autor acreditam que ele tenha escrito a peça para a celebração do casamento de Elizabeth Carey, neta de um dos patronos da trupe teatral Lord Chamberlain’s Men, da qual Shakespeare fazia parte. Eles também apontam a influência do escritor latino Ovídio nesta obra do dramaturgo inglês.

Comédia de erros e de intriga, Sonho de uma noite de verão é cheia de paradoxos que surgem do par sonho versus realidade. De modo alegre, a distinção entre o que seria o real cotidiano e o que seria imaginação perde seus contornos, tanto para as personagens como para aqueles que leem a obra. A adaptação romanceada de Dionisio Jacob segue a estrutura e o encadeamento das ações da peça, preservando a agilidade dos diálogos e o tom de cada uma das personagens, incentivando o público jovem a descobrir o universo de Shakespeare.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Reflita com os alunos sobre a atmosfera criada no primeiro capítulo da narrativa. Ressalte que a preparação da festa de casamento do rei Teseu com sua noiva Hipólita tem efeitos tanto na cidade como em seus habitantes. Como a história heroica de Teseu e o passado aventureiro de Hipólita contribuem para a composição dessa atmosfera?

2. Em meio ao clima de alegria que cerca o palácio do rei, surge um primeiro conflito: Hérmia, filha do nobre Egeu, não quer se casar com Demétrio, a quem estava prometida, e cabe a Teseu julgar a querela. Leve os alunos a refletirem sobre as questões envolvidas: o peso da tradição versus a rebeldia juvenil; o autoritarismo de uma decisão tomada em função de questões sociais versus o amor entre dois jovens. Qual posição os alunos defenderiam? Por quê?

3. A punição para a desobediência de Hérmia ao desejo de seu pai significaria sua condenação à morte. Problematize com os alunos o significado desta pena.

4. No segundo capítulo, ao deparar com Helena, Hérmia confidencia à amiga seu plano de fuga. Helena decide contar sobre o plano a Demétrio, seu amado e pretendente de Hérmia. O que esta intenção de Helena causa no leitor? Com quais personagens o leitor tende a se identificar? Por quê?

5. No terceiro capítulo, é apresentado o grupo de artesãos que pretende encenar uma peça para o casamento do rei. A obra trata de um amor proibido. Releia com os alunos o trecho em que o enredo da tal peça é resumido por Mestre Cunhas, nas págs. 71 e 72. Levante com eles as histórias de amores proibidos que conhecem de outras narrativas, filmes ou novelas. Por que tais histórias sempre têm apelo e garantem o interesse do leitor/espectador? Chame atenção para o efeito de coesão que o paralelismo entre os amores proibidos de Píramo e Tisbe e de Hérmia e Lisandro têm na narrativa.

6. Discuta com os alunos a construção da personagem Fundilhos, o tecelão. Recupere alguns trechos em que ele é descrito, como os das págs. 62, 64 e 65. Analise a linguagem ágil presente em suas falas. A partir destas e de outras características, qual a impressão que o leitor constrói da personagem?

7. A história de Píramo e Tisbe é uma tragédia. Ao final do resumo feito por Mestre Cunhas, Fundilhos parabeniza o faz-tudo: “Não poderia ter escolhido nada melhor. Como são gostosas essas histórias sofridas, com gente bem morrida no fim, banhada em sangue e lágrimas. Com esse martírio todo, seremos classificados com certeza!” (pág. 73). Leve os alunos a refletirem sobre o efeito cômico construído a partir desta declaração.

8. Trabalhe a discussão que se segue sobre o título da peça. Destaque o fato de os artesãos desconhecerem o significado da palavra “enfadonho”, a contradição que existe entre as palavras “tragédia” e “leve” e o efeito engraçado criado com a série de enganos linguísticos e a definição do título: “A mais que enfadonha história de Píramo e Tisbe, uma tragédia leve”. O que se pode esperar de tal encenação? Por quê?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar, com o apoio do professor de Geografia, o que é o solstício de verão (o dia mais longo do ano, portanto a noite mais curta). Verificar quais os significados atribuídos a esse fenômeno.

CAMINHOS DA LEITURA

pRIMEIRO MOVIMENTO: ApRESENTAçãO DAS pERSONAgENS E ESTAbELECIMENTO DOS CONfLITOS (CApíTULOS 1, 2 E 3)

Antes da leitura, verifique o que os alunos já conhecem sobre as mitologias grega e romana (Teseu e o Minotauro, as guerreiras amazonas) e sobre a mitologia celta (fadas, elfos, outras criaturas). Muitos elementos da mitologia grega e celta estão presentes em narrativas conhecidas dos jovens leitores, como as sagas Harry Potter, de J.K. Rowling, e O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien, ambas adaptadas para o cinema. Os alunos podem conhecer também a história de Teseu e o Minotauro, recontada por diversos autores. Se possível, trabalhar com o professor de Arte.

Discuta com os alunos as características de uma comédia. Converse com eles sobre séries e programas humorísticos a que costumam assistir. Comente sobre alguns elementos que compõem as comédias shakespearianas: personagens desajeitadas, situações embaraçosas, farsa, toques de leveza e um final feliz com direito a casamento. A comédia shakespeariana costuma apresentar homens tolos e comuns capazes de triunfar sobre as adversidades, sendo esta uma perspectiva positiva da experiência humana. Assim, elas significam a possibilidade de olhar para o futuro, para a vida que começa depois da cena final.

Prossiga com a discussão sobre os três primeiros capítulos, que apresentam boa parte das personagens e dos conflitos da trama.

ArtE• O teatro: interpretação;

cenário; figurino; público• O teatro elisabetano na Inglaterra• Mitologia grega e romana• Mitologia celta

gEOgrAFIA• Os solstícios de verão

e de inverno nos dois hemisférios e seus significados

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QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. No capítulo 4, o leitor conhece o espaço mágico do bosque e as personagens Titânia e Oberônio. Recupere com os alunos as relações existentes entre os pares Titânia e Teseu e Oberônio e Hipólita, levando-os a refletir sobre a coesão que tais relações trazem ao enredo. Como é e o que se pode esperar da relação entre Titânia e Oberônio?

2. Atraído pelo alarde do casamento, o “ente traquinas” Travesso chega a Atenas e atrapalha a vida de todos. Em função disso, a criatura é repreendida por Oberônio, passando a servi-lo. Analise com os alunos os recursos de linguagem que marcam as falas desta personagem, como a repetição frequente de palavras, o uso constante de exclamações, as frases curtas. Qual o efeito desses recursos na constituição da personagem?

3. Nos capítulos 5, 6 e 7, os dois casais de nobres se encontram no bosque em plena noite de solstício. Por engano, o pó do sumo do Amor Perfeito é jogado nos olhos de Lisandro, enfeitiçando-o, em vez de Demétrio. Também Titânia é encantada e se apaixona por Fundilhos, cuja cabeça tomou a forma de jumento. Destaque a importância do enredo na comédia de intriga e de erros, cujos enganos se acumulam, gerando situações engraçadas. Discuta com os alunos quais os meios utilizados na criação dessas situações e por que elas se tornam cômicas.

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar, com apoio dos professores de História e de Arte, o período elisabetano na Inglaterra e o teatro nesta época da história inglesa.

• Assistir ao filme Shakespeare apaixonado (faixa etária: 14 anos). O enredo conta a história de amor entre Shakespeare e Lady Viola, que se vestia de homem para poder atuar nas peças do dramaturgo, pois na época a atuação de mulheres era proibida.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. No oitavo capítulo, Oberônio decide resolver as confusões criadas por Travesso. Até que tudo seja solucionado, uma “bagunça generalizada” reina entre os quatro jovens, que discutem e desafiam-se em brigas e duelos. Qual a reação de Travesso e dos leitores perante tamanha confusão? Problematize a importância de Travesso nesse momento da trama e a posição de Oberônio em relação aos jovens quando, ao presenciar o sofrimento deles, meneia a cabeça e afirma: “Humanos...” (p. 156).

2. Oberônio consegue de volta o menino que estava sob a guarda de Titânia, pois a rainha das fadas, apaixonada por Fundilhos, não se interessa por mais nada. O rei dos elfos, contudo, sente ciúmes e inveja dos sentimentos dela. Discuta: Oberônio não se aproxima dos humanos ao ter tais sentimentos?

3. As comédias shakespearianas apresentam finais felizes com resolução dos conflitos. No penúltimo capítulo, quando os quatro jovens finalmente acordam de seus sonhos, Lisandro está novamente apaixonado por Hérmia e Demétrio, por Helena. Em encontro deles com a comitiva real, Teseu opta por realizar os três casamentos na mesma noite. A trupe de artesãos decide ensaiar a encenação da peça para a festa.O encaminhamento da ação e a conclusão do enredo atendem às expectativas do leitor?

4. No décimo capítulo,“As bodas reais”, o efeito cômico é criado a partir da encenação da peça sobre Píramo e Tisbe. Converse com os alunos sobre suas impressões em relação à descrição da encenação da peça: Acharam-na engraçada? Conseguem imaginá-la no palco? Sentiram-se constrangidos pela reação da plateia de nobres?

5. Que significado a encenação de uma peça realizada por homens comuns em uma festa da aristocracia pode ter? Qual pode ter sido a intenção do dramaturgo ao inserir dentro de sua comédia, uma “tragédia-cômica” que, ao final, é aplaudida pelo rei e por sua corte?

pARA AMpLIAR O DEbATE

• Assista com os alunos à adaptação para o cinema de Sonho de uma noite de verão (Michael Hoffman, 1999, faixa etária: 15 anos). conduza uma comparação entre a adaptação cinematográfica, ambientada no século XIX, e a romanceada. Há semelhanças e diferenças no enredo, no tratamento dado às personagens, nos diálogos e situações criadas? De qual das adaptações gostaram mais? Por quê?

• Tradicionalmente, define-se a comédia por três critérios que a opõem à tragédia: suas personagens são de condição modesta, seu desenlace é feliz e sua finalidade é provocar o riso no espectador. Sonho de uma noite de verão responde a esses critérios? Se a peça fosse uma tragédia, como seria o encadeamento das ações e suas personagens?

SEgUNDO MOVIMENTO: CONfUSõES E ENgANOS NO bOSQUE EM DIA MágICO DE SOLSTíCIO (CApíTULOS 4, 5, 6 E 7)

Inicie com o compartilhamento da pesquisa anterior. Problematize duas passagens já lidas: segundo o narrador, “aquela seria a noite mágica do solstício de verão” (p. 54); quando Flautas propõe ao grupo de artesãos que ensaiem no bosque naquela noite, Forma Torta exclama: “— Ei! Hoje é a noite do solstício!” e todos silenciam ao mesmo tempo (p. 78). O que prenuncia essa noite especial para o desenrolar da narrativa?Prossiga com a discussão sobre os quatro capítulos seguintes, em que o grupo de etéreas personagens responsáveis pelo funcionamento da vida orgânica é apresentado e o enredo se desenrola.

TERCEIRO MOVIMENTO: RESOLVENDO A CONfUSãO (CApíTULOS 8, 9 E 10)

Comece pelo compartilhamento da pesquisa anterior e a discussão dos costumes apresentados no filme. Comente com os alunos que a maioria da plateia que frequentava o Globe, teatro onde as peças de Shakespeare eram apresentadas, ficava em pé na frente do palco e que era costume atirar tomates podres nos atores caso suas performances ou a encenação da peça não agradassem. Compare: Qual o comportamento esperado do público que vai ao teatro hoje?

A partir do oitavo capítulo, os conflitos começam a ser resolvidos e a trama caminha para seu final. Após a leitura dos três últimos capítulos, trabalhe as questões abaixo.

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NAVIOS NEgREIROSCASTRO ALvES E hEINRICh hEINE

NAvIOS NEgrEIrOSCASTRO ALVES E hEINRICh hEINE

ORgANIzAÇÃO PRISCILA FIguEIREDO

TRADuÇÃO PRISCILA FIguEIREDO E LuIz REPA

ILuSTRAÇõES MAuRíCIO NEgRO

FORMATO 12,5 × 19 CM

80 PágINAS

ISBN 978-85-6082-033-7

2009

sinopse Reunião inédita de um dos mais importantes poemas da literatura brasileira, “Navio negreiro” (1869), de Castro Alves, com o poema homônimo (publicado 15 anos antes, em 1854) do escritor romântico alemão Heinrich Heine. Editados em conjunto, os dois poemas ensejam uma análise comparativa de diferentes visões de um mesmo fato histórico: o apelo moral e humanitário do poeta condoreiro baiano versus a sátira dolorosa de um alemão nos primórdios do realismo. A organizadora Priscila Figueiredo assina a apresentação, as notas e um anexo sobre os autores, o contexto histórico e as marcas passadas e persistentes da escravidão.

TEMAS EScRAVIDãO E ABOLIcIONISMO • HISTóRIA • PLuRALIDADE cuLTuRAL

hIStórIA• Escravismo colonial• A civilização

do açúcar• Revolução Inglesa• O século do ouro

INTEgRANDO CURRíCULOS

SOcIOLOgIA• Exclusão social• Direitos humanos• A situação da população

afrodescendente no Brasil • Existe racismo no Brasil?• Religiões africanas e sua influência

na cultura brasileira

LíNguA POrtuguESA• O gênero poema• O Romantismo na

Alemanha e no Brasil• Importância da declamação de

poesias no século XIX

ArtE• Escultura africana• Máscaras africanas• Grafismo tribal africano • A música africana e seu ritmo

ApRESENTAçãO AO pROfESSOR

Um mesmo tema – o tráfico de escravos –, um mesmo título – “O navio negreiro” –, dois poetas de países distintos –Alemanha e Brasil – e dois poemas cujos tons são bastante diferentes. A aproximação proposta por esta primeira publicação conjunta dos poemas de Heinrich Heine e de Castro Alves estimula a leitura comparada das duas obras. Se um privilegia a ironia, a expressão do frio e cético distanciamento de seu autor, o outro poema traz ao leitor todas as cores do lirismo romântico e engajado de Castro Alves, sua fé republicana e seu tom grandioso, pronto para a declamação em praça pública. Por isso, a leitura dos poemas em voz alta, preparada e conduzida em sala de aula, deve ser ensejada, pois, como se sabe, muitas vezes toda uma interpretação pode ser apreendida pela entonação dada aos versos de uma obra.

Além disso, as belas ilustrações de Maurício Negro ressaltam os contrastes presentes nos poemas e destacam a violência do escravismo colonial, conferindo unidade à edição. Assim, elas também merecem uma boa e detida análise.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDASUma primeira aproximação da edição pode ser feita com uma análise da ilustração da capa.

1. Discuta com os alunos: a que imagens ela remete? Sugestões: uma máscara africana, uma mortalha (vestimenta que envolve cadáver), o sofrimento (olhos fechados e boca retesada), a morte.

2. Levante com eles os elementos que constroem a imagem: seus traços, seu isolamento gráfico, o contraste criado pelo pescoço e cabelos escuros e a face mais clara. Destacar a posição da figura, que olha para cima e como que recebe luz: o que pode indicar este movimento?

3. Repare que o fundo dourado traz dignidade e nobreza ao tema tratado pelos poemas e indicado no título do livro: Navios negreiros. Discuta com os alunos: como essa imagem e a produção gráfica da capa interferem na expectativa deles como leitores? O que eles esperam encontrar no livro e qual sua predisposição para a leitura dos poemas?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar sobre a escultura, as máscaras, os rituais e o grafismo tribal africanos, com o apoio do professor de Arte. Problematizar com os alunos o fato de que tudo na arte africana é tridimensional, mesmo as estampas dos tecidos, que cobrem corpos em movimento. Ressaltar o teor ritualístico presente nas máscaras.

• Pesquisar sobre a influência do ritmo da música africana no Brasil e no mundo.

CAMINHOS DA LEITURA

pRIMEIRO MOVIMENTO: ApROxIMAçãO DOS NAVIOS NEgREIROS

Antes da leitura, é importante levantar os conhecimentos dos alunos sobre o tráfico de escravos. É interessante um trabalho conjunto com o professor de História sobre a colonização brasileira, a prática portuguesa de compra e uso da mão de obra escrava nas colônias de Açores e Madeira já no século XV, o emprego de escravos indígenas na colônia brasileira e sua substituição por africanos a partir do século XVII, bem como as razões que levaram a esta troca.

SEgUNDO MOVIMENTO: “O NAVIO NEgREIRO” DE HEINRICH HEINE

Em sala, fazer uma primeira leitura em voz alta do poema “O navio negreiro”, de Heinrich Heine. É importante marcar as vozes do narrador, do sobrecarga Heer van Koek e do médico-cirurgião Van der Smissen, para que fique claro para os alunos quem enuncia o quê. Indicar para os alunos a existência das “Notas” (págs. 28 e 29), que apresentam um glossário com termos que lhes podem ser desconhecidos.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Provoque uma reflexão sobre a perspectiva assumida pelas duas personagens que falam no poema. Com o que o sobrecarga Heer van Koek compara os negros? Como se refere a eles? Quais as suas preocupações? E o médico-cirurgião Van der Smissen, qual é sua expectativa com relação à carga transportada e à viagem? Quais as ações tomadas diante dos problemas enfrentados? Qual o conselho dado a seu empregador? Destaque a ironia de Heine ao chamar Van der Smissen de “médico-cirurgião” e de “doutor”: suas atitudes são dignas das funções exercidas pela profissão de médico?

2. Debata com os alunos como as ilustrações ajudam na construção do sentido do poema. Chame a atenção para a primeira ilustração de Heer van Koek, pág. 12, desenhado em branco em contraste com o fundo preto, deixando à mostra seu esqueleto, que o aproxima de uma representação da morte. Observe que a seus pés há um corpo negro tombado no chão. O que a ilustração indica?

3. Proponha ainda uma discussão sobre a ilustração das págs. 16 e 17, que representa a fúria dos tubarões diante dos cadáveres jogados ao mar. Observe como a imagem do tubarão se assemelha à de um navio, destaque como os dentes e o esqueleto do tubarão mimetizam desenhos tribais africanos. Discuta com os alunos: Como essas relações contribuem para a interpretação do poema? Chame atenção para o sangue dourado que se desprende dos destroços dos corpos: que efeito o uso dessa cor causa no leitor?

4. Destaque na ilustração das págs. 20 e 21 o uso do traço branco e leve sobre fundo preto no desenho dos escravos, ressaltando o movimento dos corpos e a presença da morte representada pelo esqueleto pintado de branco. Qual o efeito alcançado pela técnica utilizada na imagem?

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5. Conduza uma reflexão sobre a mudança do ponto de vista no começo da segunda parte do poema: De onde o navio passa a ser contemplado? Chame atenção para o fato de que essa abertura do olhar – construído da perspectiva das estrelas e do céu – é acompanhada pelos sons e ritmos da música e da dança africanas. Como são representadas essas expressões artísticas no poema? Quais os sons que chegam aos ouvidos do leitor?

6. Discuta com os alunos a ilustração da pág. 25. Ressalte que a pegada deixada pela bota é o rasto que desenha um navio preenchido de corpos negros. Leve os alunos a compararem essa ilustração com a da planta de um navio negreiro apresentada na pág. 56 e com a dos corpos negros com conchas nos olhos, vistos de cima, na pág. 18. O que as ilustrações representam? Qual a posição ocupada pelos negros no mundo das pegadas dos brancos?

7. Leve os alunos a refletirem sobre o efeito construído pela prece de Heer van Koek ao final do poema. Seu ritmo combina com o da dança e da música africanas? Como essa prece se relaciona com o movimento criado no navio? Que efeito tem a fusão dos sons e movimentos africanos com a oração e a súplica de van Koek?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar sobre “A civilização do açúcar” e “O século do ouro” no Brasil e o papel dos escravos negros nesses ciclos econômicos.

• Pesquisar sobre o movimento abolicionista, que ganha força durante o Humanismo no século XVIII.

• Pesquisar a prática e a importância da declamação de poesias em público nos saraus do século XIX. Comparar com a prática da declamação existente nas periferias de grandes centros urbanos, como nas das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.

pARA AMpLIAR O DEbATE

• Os dois poemas apresentam narrativas de viagem de navios negreiros. comparando--se as formas encontradas pelos poetas para apresentar tais narrativas a seus leitores/ouvintes, quais as semelhanças e as diferenças entre as duas viagens?

• O conceito de raça deixou de ser utilizado já há bastante tempo, sendo consenso entre antropólogos e geneticistas que, sob o prisma biológico, raças humanas não existem. contudo, é preciso destacar que no Brasil a exclusão social, em geral, acomete afrodescendentes. Quais as relações entre essas questões e nossa história? Quais ações reparadoras têm sido implantadas pelo governo federal para erradicar a exclusão de nosso país

QUESTõES A SEREM DISCUTIDASProponha uma leitura dramática em voz alta das três primeiras partes do poema. Seria interessante que três alunos preparassem esta declamação.

1. Discuta com os alunos as diferenças no tratamento do tema entre o poema de Heine e o de Castro Alves: aquele opta por uma abordagem pragmática, apresentando logo de início o sobrecarga e as contas que ele faz de sua “mercadoria negra”; este oferece aos leitores primeiro a exaltação de uma natureza arrebatadora e sublime. Recupere com os alunos a descrição da bucólica e harmoniosa paisagem desenhada pelos “infinitos” entre céu e mar e o equilíbrio presente nessa descrição da natureza.

2. Discuta qual o efeito causado pelo emprego, nas quatro primeiras estrofes, do verbo “estar” na primeira pessoa do plural do modo indicativo. Qual a reação do leitor ao ser convidado a “estar” junto com o eu lírico em pleno mar?

3. Direcione o olhar dos alunos para o movimento quase cinematográfico de aproximação do navio negreiro. Pegando uma carona nas asas do albatroz, o eu lírico, em um zoom digno de um filme de aventura, se aproxima do navio na terceira parte do poema. O que é anunciado nesse movimento? Discuta com os alunos suas expectativas com relação ao que virá: o que o eu lírico e os leitores encontrarão no navio?

PROSSIgA COM A LEITuRA EM VOz ALTA DAS TRêS úLTIMAS DIVISõES DO POEMA.

4. Ao longo dos 36 versos que compõem a quarta parte do poema, os leitores/ouvintes são expostos à dança movida pelo chicote que tem lugar no navio macabro. Recupere no texto as expressões que se referem aos sons e aos movimentos daquilo que o eu lírico chama de “orquestra irônica, estridente”. O que todo esse quadro pinta?

TERCEIRO MOVIMENTO: “O NAVIO NEgREIRO” DE CASTRO ALVES

Inicie com o compartilhamento da pesquisa anterior, contextualizando o movimento abolicionista no Brasil. Discuta as diferenças entre o processo de abolição da escravatura em Portugal (que a aboliu em suas terras e nas Índias em 1761, deixando de fora o Brasil colônia), na França (1794), no Reino Unido (1833), nos Estados Unidos (1863) e na Holanda (1863). Compare esses movimentos com o que aconteceu no Brasil, em que a Lei Áurea foi assinada em 1888. Destaque que o poema de Castro Alves, escrito em 1868, apresenta a “cena infame e vil” do tráfico de seres humanos que apenas o Brasil ainda tolerava.

5. Na quinta parte, o eu lírico se distancia novamente da realidade presenciada no navio negreiro, como se pegasse carona novamente nas asas do albatroz, voltando-se dessa vez aos céus e pedindo uma explicação a Deus. Chame atenção para a evocação do passado idílico dos negros, agora torturados na travessia do oceano. Como era a sua situação no passado e como é ela no navio?

6. Conduza os alunos a relacionarem essas diferenças com a ilustração das págs. 42 e 43, destacando a harmonia construída a partir do deserto representado pelo dourado, da grande figura do sol e dos homens que se movimentam ao longe. Compare essa representação de equilíbrio com o movimento dramático da ilustração das págs. 44 e 45. Ressalte o impacto da onda negra, cujas espumas são fantasmas de escravos, e leve os alunos a relacionarem a imagem com a cobrança feita pelo eu lírico à natureza, indiferente ao sofrimento humano.

7. Na última parte do poema, o eu lírico identifica a bandeira do povo responsável pelos atos de infâmia e covardia descritos ao longo do poema. Recupere a pesquisa realizada pelos alunos sobre os movimentos abolicionistas e sobre a situação do Brasil com relação à escravidão e discuta com eles: quais seriam as intenções do poeta ao escrever “O navio negreiro”?

8. Detenha-se ainda com os alunos na análise das diferentes modalidades de estrofes e de métricas dos versos empregadas na construção do poema, fruto da liberdade composicional romântica de Castro Alves. Que efeitos e sensações os diferentes ritmos produzem no leitor/ouvinte do poema?

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DE CARA pARA O fUTURORAIMUNDO MATOS DE LEÃO

DE cArA PArA O FuturORAIMuNDO MATOS DE LEÃO

ILuSTRAÇõES VINCENzO SCARPELLINI

FORMATO 15 × 19 CM

176 PágINAS

ISBN 978-85-7675-025-3

2006

sinopse Em 1967, momento conturbado da história do Brasil, Gabriel, de 16 anos, mora em uma pequena cidade no interior da Bahia. Quando seu pai morre, ele decide enfrentar o mundo e, entre livros, canções e política, vai, aos poucos, amadurecendo e tomando consciência de seu tempo.

TEMAS AMADuREcIMENTO • RELAçãO FAMILIAR • DITADuRA MILITAR

hIStórIA• Movimentos políticos

da década de 1960 • Arena e MDB• Maio de 1968• Feminismo• Tropicalismo• Guerra do Vietnã

INTEgRANDO CURRíCULOS

ArtE• Tropicalismo• Jovem Guarda• Música de protesto• contracultura• cultura pop

LíNguA POrtuguESA• O gênero romance• Geração beatnik• Relato biográfico• canção e poema

ApRESENTAçãO pARA O pROfESSOR

De cara para o futuro oferece possibilidades riquíssimas de interdisciplinaridade, principalmente com as áreas de História, Geografia e Arte. Nesse sentido, um trabalho planejado com os professores dessas áreas é recomendável, na medida em que instrumentalizará os alunos para uma leitura mais produtiva.

A edição traz também, na parte final, um pequeno guia intitulado “Quer saber”, que contextualiza o momento histórico em que se passa a narrativa com as principais referências políticas e culturais. Caso a participação das outras disciplinas não possa se efetivar, recomenda-se a leitura dessa seção para situar o aluno nas questões que afligem o protagonista Gabriel.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Observe como o gesto de Gabriel de urinar e cuspir no enterro do pai revela seu desprezo por certa dimensão da vida do pai, marcada pelas disputas com os adversários políticos. Ressalte o sentimento contraditório que Gabriel experimenta, de tristeza por sua perda, mas ao mesmo tempo de alívio por se ver livre do autoritarismo paterno.

2. Recupere com os alunos as indicações do abandono de Gabriel: a orfandade, o sumiço do irmão, a mãe sempre fechada em si mesma, o amigo que parte para o Rio de Janeiro, a namorada que vai embora, etc. Abra uma conversa sobre esse sentimento, que tanto é real, devido às circunstâncias, como também simboliza o isolamento da própria faixa etária da personagem.

3. Recupere as comparações que Gabriel faz em relação à sua cidade, por ele chamada “lagoa salobra” e “aquário”, indicando o estreitamento de horizontes. Busquem a lembrança da forma como o protagonista se refere a si mesmo em algumas passagens, sentindo-se “como um peixe fora d’água”. No sentido figurado, como pode ser entendida essa caracterização? Quando e por que nos sentimos às vezes “peixes fora d’água?”

4. Ao citar o verso “eta vida besta”, do poema “Cidadezinha qualquer”, Gabriel dá indícios de um ponto de vista já um pouco distanciado da mesmice de seu cotidiano e, com algum senso crítico, consegue discernir a estagnação de sua cidade. Leiam em voz alta o poema de Carlos Drummond de Andrade e discutam se ele representa adequadamente o sentimento do protagonista em relação ao local onde vive.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Releiam a reação de Gabriel à professora, quando volta a frequentar as aulas, e como ela sugere um contraste entre o conservadorismo da instituição escolar e o discurso de Zélia. Recuperem de memória as passagens que mostram como Zélia era vista pela cidade, taxada como comunista, esquisita, liberal.

2. Observem como o discurso conservador e autoritário está também impregnado nas falas do diretor da escola, do delegado e na família, a partir das conversas da irmã Gilca e do cunhado Alencar, que querem direcionar o futuro de Gabriel para uma vida programada, uma carreira tradicional de engenheiro, advogado, etc. No capítulo “Irmã”, há a menção ao controle que a família quer impor e ao recurso de “dar uma prensa” em Gabriel, proposto pelo cunhado, que evidenciam essa postura.

3. Provoque uma discussão sobre a questão da manutenção da aparência, cara à classe média da cidade, presente tanto nas questões do cotidiano – por exemplo, quando a mãe de Gabriel pede que não gritem durante a briga, por causa dos vizinhos – e até a tolerância e a ritualização da passagem do menino para a vida adulta, a partir de sua visita ao bordel.

pRIMEIRO MOVIMENTO: A MORTE DO pAIAntes de iniciar a leitura, pode-se começar por uma análise do título. O que ele evoca, com a expressão “cara para o futuro”? Que tipo de expectativa o leitor tem quanto à história que vai ser narrada? Uma leitura do sumário também pode contribuir para que os alunos percebam o teor biográfico da narrativa, feita pelo percurso das personagens que desenvolvem o roteiro – o pai, a mãe, o amigo, etc. Também a partir do sumário é possível depreender sobre a faixa etária jovem que é retratada na obra. Por fim, vale uma reflexão sobre a epígrafe extraída da canção de Chico Buarque, que evoca o universo familiar e a dimensão da memória.

SEgUNDO MOVIMENTO: O CONSERVADORISMOInicie uma reflexão sobre a noção de conservadorismo, de manutenção do estado de coisas, da tradição imobilizada pelo medo do diferente. Em quais instituições sociais ele se expressa? Discutam um pouco sobre o papel da família, da Igreja, da escola, do poder oficial na manutenção das tradições.

CAMINHOS DA LEITURA

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QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Releiam a exposição sobre o modo de agir e pensar da professora, que apresenta uma nova visão de mundo naquela escola da pequena cidade. Qual o impacto que isso tem nas reflexões de Gabriel? Como a professora se destaca da homogeneidade conservadora da cidade, ao discutir a realidade a partir de pontos de vista diferentes? Os alunos podem comentar sobre como as ideias de seus professores provocam reflexões em si mesmos.

2. Observe que ao longo da narrativa vai se configurando um conjunto de forças que moldará o futuro de Gabriel, pressionando-o ora no sentido da manutenção da ordem conservadora, ora no sentido de fuga para horizontes mais amplos. A cada capítulo, Gabriel é empurrado numa ou noutra direção, cada vez mais surgindo como alternativa única a estrada.

3. Ulisses, tal como o herói grego, abandona a casa e, sem explicações, fica sem dar notícias. Nos primeiros momentos da narrativa não se sabe o porquê dessa atitude, mas ao final sugere-se que ele estava envolvido na luta armada contra a ditadura, levando uma vida clandestina. Reparem como a menção à ida a Cuba faz as perspectivas de Gabriel se ampliarem ainda mais.

4. Observem como a mente fantasiosa de Gabriel, que chegava a lhe dar medo de enlouquecer, aos poucos, e com os contatos que tem com o que vem de fora, começa a ganhar um sentido, mesmo dentro da confusão de ideias que o domina. As personagens exteriores vão lhe mostrando um outro mundo, como a garota que volta da cidade grande, com atitudes liberais, segura e autônoma em relação ao próprio corpo. Relacione esse comportamento com os movimentos feministas, a revolução sexual e a emancipação da mulher, temas fundamentais na década de 1960. Também Ciro, o namorado da professora, lhe apresenta Caetano Veloso e Jack Kerouac, com sua obra Pé na estrada, simbólica do momento que Gabriel está prestes a viver. A visita do primo também lhe oferece a visão de um novo universo cultural, quando conhece Chico Buarque, a Jovem Guarda, a calça Lee. Discutam a importância dessa diversidade de influências na formação da identidade dos jovens.

5. O fotógrafo-andarilho Jack lhe apresenta o pacifismo e a amplidão de um mundo a ser descoberto. Faça um paralelo com a personagem do livro indicado por Ciro e discutam como a cidade reage ao forasteiro, expressando a ignorância daquilo que é desconhecido com o preconceito, e assim acusando-o de pervertido, comunista, etc. Esse tipo de comportamento pode ser generalizado? Trata-se de uma peculiaridade daquela cidadezinha ou de um traço humano?

2. Georg Lukács, teorizando sobre o gênero romance, distingue entre narrativas em que “a alma da personagem é menor que o mundo” – e ela é aniquilada por ele (como em Dom Quixote) –, e narrativas em que “a alma da personagem é maior que o mundo” – e deve conformar-se a ele (como em Ilusões perdidas) –, havendo ainda narrativas de “formação”, em que a experiência do herói vai se moldando num aprendizado de ajustamento. Recuperem coletivamente o enredo da obra e observem em que tipo ela se encaixa (narrativa de formação).

3. O capítulo final, “A estrada”, aparece como a realização de uma aspiração de Gabriel que permeia toda a narrativa. Recuperem indícios desse elemento, nas figuras dos viajantes que visitam a cidade, na referência à obra de Kerouac, na busca de livros e jornais.

pARA AMpLIAR O DEbATE

• A angústia de Gabriel é causada, em grande medida, pela sensação de estar fora dos grandes centros, onde as coisas importantes acontecem. Nos dias atuais, com o advento dos meios digitais de comunicação, esse sentimento foi mitigado ou ainda pode ser encontrado? É preciso estar num grande centro urbano para estar em meio aos acontecimentos? As diferenças e distâncias entre a cidade e o campo permanecem as mesmas?

• Gabriel representa um momento de ruptura, em que a transmissão de valores tradicionais é interrompida e entram em cena novas contestações, atitudes e ideologias. Quais são os resultados das conquistas e mudanças daquele momento histórico? Atualmente, há algo parecido ocorrendo? Trata-se de pontos isolados na história ou esse processo de tradição e ruptura é contínuo?

• Na narrativa lida, as ideias de Gabriel vão se formando e modificando a partir de influências externas, representadas principalmente pelas personagens que visitam a cidade. Atualmente, como esse processo acontece com os jovens?

• A escola, historicamente, é entendida como uma instituição conservadora, em que ocorre a transmissão de um saber consolidado e aceito como válido. Promova um debate para discutir esse papel na escola atual, se ele ainda se mantém ou se ela contribui para a atualização de valores e pontos de vista.

• Atualmente a configuração da família vem sofrendo alterações, com famílias monoparentais, segundos casamentos dos pais, etc. Diante desse fenômeno, como fica a transmissão de valores por essa instituição?

• Discutam as posições ideológicas da década de 1960 e como elas motivaram inúmeros movimentos. Em seguida, reflitam sobre os dias atuais. Quais são as ideologias que determinam o comportamento humano? Quais os choques de ideias que se verificam em nosso mundo? A luta por um ideal ainda está presente como na década de 1960 ou assumiu novas formas?

TERCEIRO MOVIMENTO: NOVOS IDEAIS – AS pERSONAgENS QUE VêM DE fORA

Para a leitura deste capítulo convém uma contextualização prévia da situação política e cultural do Brasil na década de 1960. Uma pesquisa sobre o processo político e social que levou ao golpe e à ditadura pode ser realizada com o apoio do professor de História ou a partir da seção “Quer saber”. Também deve ser apresentado o cenário cultural da época, para que as referências musicais e literárias sejam significativas.

QUARTO MOVIMENTO: A ESTRADA

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Releiam coletivamente, à pág. 131, a fala do padrinho de Gabriel, que explica o comportamento do pai falecido e de certa forma aproxima o filho do pai. Na sequência, observem como o padrinho assume o lugar do pai, numa continuidade marcada pelas instruções e o dinheiro que este deixa para que Gabriel possa ir à capital estudar, realizando, assim, seus anseios de sair da cidadezinha. Igualmente (pág. 134), o padrinho relata brevemente sua própria história, realizando uma transmissão de experiência que Gabriel não teve com o pai, mas foi efetivada por Otaviano, e que representaria a peça final que faltava para o rapaz desvencilhar-se de suas dúvidas e angústias quanto a permanecer ou não na cidadezinha. No final deste capítulo ocorre a reconciliação de Gabriel com a memória do pai, sob a forma do sentimento de gratidão pelos planos que deixou para o padrinho.

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gARgâNTUAFRANÇOIS RAbELAIS

gArgâNtuAFRANÇOIS RABELAIS

ADAPTAÇÃO ChRISTIAN POSLANIEC

TRADuÇÃO CRISTINA MuRAChCO

ILuSTRAÇõES LuDOVIC DEBEuRME

FORMATO 26 × 34 CM

48 PágINAS

ISBN 978-85-418-0270-3

2013

sinopse Depois de tanto comer buchada, Gargamela deu à luz Gargântua, um gigante tão insaciável quanto seu pai, Goelagrande. Quando criança, o menino costumava chafurdar na lama, lavar as mãos na sopa, beber em... Adolescente, cismou de roubar os sinos da igreja de Notre Dame para com eles enfeitar o pescoço de sua égua... Adulto, após anos de estudo, empenhou-se na guerra das fogaças, vencida graças ao hilariante frei João des Entommeures, e na construção da abadia de Thelema, cujos membros se orientavam pela única regra válida: “Faça o que quiser”.Uma adaptação fiel e divertida de alguns dos episódios mais conhecidos da vida de Gargântua, um clássico da literatura francesa.

TEMAS SáTIRA • RENAScIMENTO • AVENTuRAS

FILOSOFIA• O Humanismo• O Renascimento

INTEgRANDO CURRíCULOS

hIStórIA• A França do Renascimento• O desenvolvimento das cidades• Grandes descobrimentos• Mosteiros e abadias na Idade

Média e sua importância para a cultura e a erudição

ArtE• Os conceitos

de grotesco e de obsceno

ApRESENTAçãO AO pROfESSOR

O que Rabelais, no século XVI, e Raul Seixas, em plena ditadura da década de 1970, têm em comum? Muito mais do que se pode imaginar... Criticando o antigo modo de vida da Idade Média, das abadias, cavaleiros virtuosos e heróis honrados, Rabelais enfoca a rica e agitada vida popular e propõe uma nova sociedade, uma nova maneira de o ser humano desenvolver suas capacidades, tema que seria resgatado séculos depois pelo compositor brasileiro.

É do ambiente popular, cômico, bem-humorado, sarcástico e vulgar das ruas de cidades como Paris que Rabelais tira a matéria da história desse ser bizarro que é Gargântua, um gigante beberrão que sacode as velhas maneiras de pensar daquele mundo que, diante dos grandes descobrimentos e do Humanismo que se instalava, estava prestes a mudar completamente.

A narrativa de Gargântua segue uma linha condutora biográfica, que se inicia no nascimento do herói e vai acompanhando sua infância, adolescência e vida adulta. Assim, é possível fazer uma leitura por etapas, cada episódio encerrando um sentido completo em si mesmo. Neste guia foram selecionados capítulos e trechos que evidenciam os principais aspectos da obra de Rabelais. A leitura em voz alta na sala de aula deve ser intensamente valorizada, uma vez que a própria gênese da narrativa está na oralidade das ruas, mercados, pregões e linguajar do povo comum. Portanto, várias leituras orais podem fazer com que os alunos assimilem esse aspecto tão importante da literatura do autor.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Provoque uma reflexão com os alunos quanto à linguagem e à temática que já aparecem no capítulo 1. Conduza-os à percepção da linguagem bastante acessível e da temática, que envolve o corpo, a obscenidade e a estranheza (como aponta o título do capítulo). Já é possível nesse momento discutir o que era considerado obsceno na época de Rabelais e o que o é atualmente.

2. Indique uma busca, neste capítulo, de nomes de personagens que evocam partes do corpo humano. O que esses nomes sugerem sobre as personagens? Há alguma indicação de virtude nesses nomes?

3. Leve os alunos a refletirem sobre qual a parte mais importante do corpo, segundo este capítulo, mostrando como é recorrente a referência ao baixo ventre, às tripas, Com isso, destaque um dos pontos mais importantes da produção de Rabelais, o rebaixamento e a dessacralização do corpo, enfocado sob seu aspecto biológico, animal, fisiológico.

4. Reflita sobre o efeito que produz a expressão “brincar de monstro de duas costas”. Pode-se comparar com a expressão usada em Macunaíma, de Mário de Andrade, obra lida por alunos da mesma faixa etária, em que o termo “brincar” é usado na mesma acepção.

5. Discuta o nascimento de Gargântua pela orelha de sua mãe. No que isso diferencia o herói de um nascimento comum? Podem-se fazer comparações com nascimentos de personagens mitológicos, como Dionísio, que nasceu da coxa de Zeus, ou Minerva, nascida do crânio rachado de Júpiter. No entanto, a causa do nascimento estranho de Gargântua é a contração de todos os orifícios de sua mãe, devido à sua glutonaria, o que produz um efeito de diferenciação entre o evento profano do seu nascimento e a dimensão sagrada do nascimento das personagens mitológicas.

6. Observe o exagero típico da prosa de Rabelais, tanto na quantidade de comida ingerida quanto no número de vacas necessárias para amamentar Gargântua, novamente apontando e construindo o grotesco.

7. Reflita com os alunos sobre o efeito de ironia que provoca a frase final, que diz que Gargântua “foi batizado, como é de praxe entre os bons cristãos”. Questione se a conduta de seus pais, seu nascimento e a própria conduta de Gargântua condizem com aquilo que normalmente se espera de um “bom cristão”: do que trata essa representação?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar sobre o significado da expressão “pantagruélico”, que indica exagerado, abundante, e remete ao filho de Gargântua.

• Em Rabelais há vários trocadilhos com os nomes das personagens. Pesquisar sobre os possíveis significados atrelados a Thubal Holofernes (que remete à palavra hebraica “confusão” e a um tirano perseguidor da Igreja) e Eudemon (“bom espírito”).

• Preparar a leitura do discurso de Janotus de Bragmardo (pág. 12), de maneira que expresse o estado de espírito da personagem e a qualidade do conteúdo do que ele diz.

• Pesquisar o que é a Sorbonne, sua tradição e importância para a cultura e história francesas.

pRIMEIRO MOVIMENTO: O NASCIMENTO DE gARgâNTUAAntes da leitura, conversar sobre os conceitos de grotesco e de obsceno, sobre como eles aparecem na literatura – se é que os alunos já tiveram experiência com essas categorias – e como se expressam na arte e na cultura atuais. Se possível, contextualizar junto aos professores de História e Filosofia o pensamento renascentista e o Humanismo. Em sala, ler em voz alta o trecho do nascimento de Gargântua.

CAMINHOS DA LEITURA

LíNguA POrtuguESA• Literatura da Idade Média• Narrativas orais• cultura popular na Idade Média

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QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Recupere no texto a imagem que o narrador transmite dos moradores de Paris e como a reação de Gargântua de afogar 260 mil deles com sua urina revela seu desprezo por eles. Novamente, o ato de urinar sobre a população, de cima da Catedral, evoca o rebaixamento, frequente em Rabelais.

2. Reflita sobre as motivações de Gargântua. Em vez do herói clássico, que representa e luta em nome de um povo, o que move o gigante é a necessidade de satisfazer suas próprias vontades, sejam elas fisiológicas ou de outra natureza, como quando decide tirar os sinos da catedral (espaço público) para enfeitar a própria égua (bem privado).

3. Evidencie como Janotus é retratado de forma ridícula, tanto pela forma e conteúdo de seu discurso, quanto pela recompensa que almeja alcançar ao se desincumbir de tal tarefa, e como sua fala é recebida com gargalhadas, aproximando a personagem de um palhaço ou um bufão, o que promove novo evento de rebaixamento.

4. A educação é tema importante na obra de Rabelais. A comparação entre as duas educações recebidas por Gargântua pode provocar uma boa discussão com a turma sobre os propósitos e métodos da educação formal atual.

pARA O pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar sobre o termo “Thelema”, seu significado e como foi apropriado por um sistema filosófico--religioso do início do século XX, criado pelo inglês Aleister Crowley.

• Ler a letra da canção “Sociedade Alternativa”, de Raul Seixas, que faz referência ao pensamento de Thelema. Se possível, preparar uma leitura em voz alta.

• Preparar a leitura em voz alta do poema que constava na porta de entrada da nova abadia.

• Preparar a leitura em voz alta do Enigma Profético.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Ressalte a inversão que Frei João propõe em relação a regras e à organização de sua abadia. É neste momento da narrativa que o rebaixamento atinge seu ponto máximo, ocorrendo uma inversão entre o sagrado e o profano.

2. Discuta sobre o significado do termo Thelema, relacionando-o a uma utopia em que uma sociedade nova, livre de regras, seria pautada pela vontade do ser humano, mas não a vontade egoísta, e sim uma vontade maior, divina, que inclina o indivíduo para o bem comum, a virtude, o cuidado com o próximo, a cultura e as artes.

3. Após reler o trecho “De como era regrada a vida dos thelemitas”, reflita sobre a concepção de ser humano contida na regra “Faça o que quiser”, em que a ausência de regras e coerções naturalmente conduziria os indivíduos ao desenvolvimento das virtudes das artes, da cultura, do bem viver e bem conviver. Debata com os alunos se uma regra como essa é viável em nossa sociedade atual.

4. Observe nas ilustrações desta parte da narrativa a aproximação com o universo da publicidade, principalmente nas ilustrações das páginas 38, 41 e 43. Discuta com os alunos como essas ilustrações aproximam a narrativa do tempo atual ou de um passado recente e como o lema de Thelema pode ser aplicado a um comportamento egoísta ou autoindulgente, chegando até a ser empregado numa espécie de anúncio (pág. 43).

pARA AMpLIAR O DEbATE

• A inversão que Rabelais faz, mostrando o corpo naquilo que ele tem de biológico, fisiológico, etc., ainda é capaz de nos causar algum espanto? Será que esse efeito ainda acontece porque essa dimensão do corpo humano geralmente não figura no texto literário?

• As frequentes menções a atividades fisiológicas, como peidar, assoar, cagar, mijar, atualmente aparecem com maior liberdade no texto de humor, característica também relevante em Rabelais. Por que será que nesse tipo de texto esse fenômeno não só é aceito como valorizado?

• Leia com os alunos a letra de “Sociedade Alternativa”, que usa o lema de Thelema como refrão, e o “Manifesto sobre a Sociedade Alternativa”, escrito por Raul Seixas em 1973 (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_Alternativa>. Acesso em: 9 junho 2014). Em seguida, discuta com os alunos: como o prefácio faz uma alusão ao momento histórico brasileiro em que o texto foi produzido? É possível relacionar as ideias contidas no “Manifesto” às regras da abadia de Thelema? No mundo de hoje, é possível considerar a proposta de Raul Seixas e de Frei João como uma reação a uma conduta social determinada por uma série de sistemas de valores?

SEgUNDO MOVIMENTO: O ENCONTRO COM JANOTUS DE bRAgMARDOInicie com o compartilhamento da pesquisa anterior, buscando mostrar como o uso dos nomes ajuda a caracterizar a personagem como um tipo popular, situando o leitor. Mostre que, ao mesmo tempo que Rabelais se aproxima da vida popular, também produz um texto altamente erudito, cheio de referências históricas, filosóficas e literárias. Observe as imagens com os alunos, destacando as informações sobre a Paris do século XVI, discutindo sobre como era a vida na rua, as condições das camadas populares e a estrutura de poder do Antigo Regime. Compartilhem uma leitura em voz alta, realizada por um aluno, do discurso de Janotus de Bragmardo.

TERCEIRO MOVIMENTO: THELEMACompartilhe o que se pesquisou sobre o Thelema. Esclareça que no contexto de Rabelais e de Aleister Crowley não se trata de um “fazer o que quiser” egoísta, mas da existência da motivação de uma vontade superior. Inicie com a releitura do trecho em que Frei João propõe como seria sua nova abadia, à pág. 37.

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IMAgENS QUE CONTAM O MUNDOERIC gODEAU

IMAgENS quE cONtAM O MuNDOERIC gODEAu

TRADuÇÃO MARIA DA ANuNCIAÇÃO RODRIguES

FOTOS AgêNCIA MAgNuM

FORMATO 23 × 20 CM

256 PágINAS

ISBN 978-85-7675-182-3

2007

sinopse Este livro reúne 300 fotografias da famosa agência Magnum, que foi fundada na França, em 1947, pelo fotógrafo Henri Cartier-Bresson, entre outros, e se tornou referência para fotojornalistas. São abordados alguns dos principais momentos da história política, social e cultural no mundo durante cinco décadas, com informações sobre contexto histórico, cronologia, trechos de canções que fizeram época e comentários dos fotógrafos.Política, música, esporte, cultura, guerras, conflitos étnicos, nada escapa às lentes desses profissionais armados apenas com uma câmera para contar uma história.

TEMAS HISTóRIA cONTEMPORâNEA • JORNALISMO • ARTE E FOTOGRAFIA

hIStórIA• Política• Guerras• conflitos étnicos

INTEgRANDO CURRíCULOS

ArtE• Música• cultura pop• Artes plásticas

SOcIOLOgIA E FILOSOFIA• Racismo• contracultura • Religião

LíNguA POrtuguESA• O gênero reportagem• A fotolegenda• A citação• A cronologia

ApRESENTAçãO AO pROfESSOR:

Fundada por grandes mestres da fotografia (Cartier-Bresson, George Rodger, Robert Capa, David “Chim” Seimour – este último morto na Crise de Suez, em 1956, e o penúltimo morto na Guerra do Vietnã, em 1954), a agência Magnum foi — e ainda é – uma grande referência para o fotojornalismo mundial. Imagens que contam o mundo apresenta para o leitor 300 fotografias que condensam e fixam momentos importantes de 1945 a 2007, revelando instantâneos da história mundial. Fugazes e permanentes, como uma fotografia.

Contudo, o livro não traz apenas imagens. Ele apresenta ainda diversos textos criteriosamente selecionados, que vão muito além da mera legenda que situa o leitor no contexto das fotografias. Citações das personagens fotografadas, explicações dos próprios fotógrafos e um calendário de época constroem o mosaico textual que recheia as páginas da obra. A interação entre textos e imagens, dispostos de forma cronológica, cria um caleidoscópio das eras, permitindo que o leitor possa tanto se concentrar em um pequeno detalhe como também observar os fatos retratados dentro de um contexto temporal mais amplo.

1. As fotografias.2. As legendas estruturadas em quatro partes: um título, uma linha fina com o local, a data e o contexto da imagem; um texto explicativo mais extenso; e, entre parênteses, o nome do fotógrafo. 3. As citações, em tamanhos variados, com assinatura de quem enunciou o excerto.4. Os comentários dos próprios fotógrafos.5. O ano específico em que as imagens foram realizadas.6. A cronologia, apresentada nas barras laterais das páginas, com fatos importantes do ano em questão, relacionados ou não com as imagens principais.

Depois da discussão, proponha que os alunos, organizados em duplas ou trios, folheiem todo o livro, buscando reconhecer fatos e personalidades. Deixe que compartilhem com a classe as imagens que acharem mais impactantes e que justifiquem sua seleção.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS: O fOTOJORNALISMO1. Converse com os alunos sobre a função da publicação de uma foto em jornal, revista ou portal de notícias. Uma foto tem a função apenas de ilustrar uma matéria de jornal ou tem também outras funções? Uma foto chama mais atenção do que uma manchete? Ela compõe um todo ao estar relacionada a um texto jornalístico?

2. Quais as semelhanças e diferenças de uma foto tirada por um fotojornalista e aquela feita pelo aluno em seu celular? Qual a importância da divulgação de uma determinada imagem pela imprensa? Qual a importância da divulgação de uma imagem pelo Facebook, pelo Instagram, pelo Twitter, etc.? Leve os alunos a refletirem sobre as questões de legitimidade e credibilidade envolvidas na publicação de uma foto em um veículo de comunicação.

3. Provoque um debate sobre a questão da publicidade de certas imagens versus a privacidade implicada em outras. Há diferenças que devem ser observadas? Tudo deve e pode ser visto por todos? Quais as questões e os limites implicados na divulgação de fotos pessoais?

4. Discuta com os alunos: uma foto que revela algo pode também esconder alguma outra coisa?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Pesquisar fotos de Cartier-Bresson e Robert Capa.

• Pesquisar fotos de fotojornalistas brasileiros.

• Pesquisar o trabalho e os projetos do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado.

pRIMEIRO MOVIMENTO: ENTENDENDO A ESTRUTURA DO LIVRO

Antes da leitura é importante que os alunos tomem contato com a peculiar organização do livro em questão. Sugira a eles que leiam a contracapa e que folheiem o livro em duplas, conversando sobre como a obra é estruturada graficamente. Conduza-os a observar que as imagens são divididas por décadas, chame atenção para as cores que identificam cada uma das décadas apresentadas e destaque o fato de que, mesmo com o livro fechado, tais cores possibilitam a fácil localização de cada um dos períodos históricos. Ressalte ainda que cada década possui uma “crônica”, com cerca de quatro pequenos textos que resumem os principais acontecimentos da época por ela compreendida. E, por fim, destaque que as páginas são compostas por vários elementos, dos quais apenas as imagens não textuais, levando-os a observar:

CAMINHOS DA LEITURA

SEgUNDO MOVIMENTO: TEMpO, TEMpO, TEMpO, TEMpO...

Inicie uma discussão sobre a noção de fotojornalismo como uma “síntese” de um acontecimento. Uma pessoa, um fato, uma história são sempre repletos de facetas e nuances. O enquadramento de uma foto é um recorte realizado a partir de um dos lados da cena, da perspectiva da qual o repórter fotográfico se posiciona. Uma foto, qualquer foto, mas especialmente a fotografia jornalística, irá expor apenas um dos muitos pontos de vista possíveis de um momento. Este é o poder de síntese imbuído em uma fotografia e é também o seu limite.

Discuta com os alunos a respeito do trabalho de edição que foi realizado para compor o livro. A busca de imagens que representem momentos históricos torna inevitável uma árdua seleção iconográfica. O que selecionar? Quais lugares, personagens e ações são os definidores de uma época? As pessoas diante da câmera ajudaram a formar a época ou foram formados por ela? Ou as duas coisas? Mesmo astros da música pop seriam apenas frutos de um período ou ajudaram a formá-lo? E, sobretudo, qual é o olho que seleciona?

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QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Trabalhe com os alunos a questão da seleção das imagens. Proponha os seguintes tópicos para discussão: Quem escolhe as imagens que são publicadas em jornais e revistas? Quais seriam os critérios para selecionar uma imagem para o jornal de amanhã? Como a escolha de determinadas imagens altera a recepção do texto que a acompanha? Quais seriam os critérios para selecionar uma imagem para uma retrospectiva do ano?

2. Proponha a leitura das crônicas que apresentam cada uma das décadas. Destaque os pontos importantes de cada um dos períodos retratados nas crônicas e discuta-os, de preferência com o apoio do professor de História. Verifique quais desses acontecimentos tratados em cada uma das décadas os alunos já conhecem. Década de 1950: o fim da Segunda Guerra Mundial e a recuperação das populações maltratadas pelo conflito, a Guerra Fria, a independência das colônias europeias, a explosão da sociedade de consumo e o Brasil nesta época; Década de 1960: o agravamento da Guerra Fria, a Revolução Cultural na China, o fim das descolonizações na África, a Guerra do Vietnã, a ida do homem à Lua, o movimento da contracultura, a geração baby boom, o tropicalismo, a ditadura militar no Brasil; Década de 1970: a diminuição do consumo e a crise mundial, a luta das mulheres pela igualdade de direitos, o limite à proliferação de armas nucleares, os golpes militares no Chile e na Argentina, a Guerra do Líbano, a Revolução dos Cravos, a explosão dos ritmos do reggae, punk e rock; Década de 1980: a “Guerra nas Estrelas”, a Perestroika e a abertura do governo soviético, as Diretas Já no Brasil, o enfraquecimento das economias ocidentais, o rap e os grandes hits, a chegada da eletrônica e da informática na vida cotidiana; Década de 1990: o fim da Guerra Fria, a guerra civil na Iugoslávia e em Ruanda, a Guerra do Golfo, o fim do apartheid na África do Sul, o impeachment de Fernando Collor, as privatizações e o neoliberalismo no Brasil, a conscientização da necessidade de se proteger o meio ambiente, o acesso à internet; Década de 2000: o atentado às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, a Guerra do Iraque, os conflitos no Oriente Médio, o movimento de globalização, a eleição de Lula.

3. Proponha um trabalho de “busca da síntese”. Organizados em grupos, peça para que os alunos escolham para cada uma das décadas cinco elementos sintéticos: 1) um político; 2) um artista; 3) um lugar; 4) um acontecimento; 5) uma frase e seu autor. Os alunos deverão apresentar as imagens escolhidas e explicar as razões da seleção.

4. Recupere as pesquisas realizadas e discuta com os alunos: Quais as características que levam um fotógrafo a se tornar reconhecido internacionalmente?

pARA A RETOMADA NO pRóxIMO ENCONTRO• Propor que os alunos, organizados em grupos, selecionem e tragam para a sala, para cada uma das décadas, cinco elementos sintéticos da história do Brasil: 1) um político; 2) um artista; 3) um lugar; 4) um acontecimento; 5) uma frase e seu autor.

• As últimas imagens do livro são aproximadamente de 2006. Proponha aos alunos que busquem, fora do livro, para a década de 2010, ainda em curso, uma imagem impactante de:1) um político; 2) um artista; 3) um lugar; 4) um acontecimento; 5) uma frase e seu autor.

4. A partir das análises realizadas em sala, discuta com os alunos a importância de elementos estéticos. Que efeitos causam no leitor: 1) a cor: a foto PB e a foto colorida; 2) a composição: o contraste, tons suaves ou tons sombrios e contrastados; 3) a perspectiva: o ângulo da fotografia, o sujeito visto por baixo ou por cima altera a percepção de quem vê a foto?; 4) a foto posada e o flagrante: quais as diferenças na recepção da imagem?; 5) os planos: o que está em primeiro plano e o que está ao fundo? O que está em foco e o que está fora de foco?

5. Depois de refletir sobre os elementos estéticos, peça que os alunos analisem a foto da rainha Elisabeth II, na página 60.

6. Provoque uma discussão sobre o tema “a fotografia como ilusão de realidade”. A foto apresenta “a” verdade ou “uma” verdade? Será uma foto mais real do que uma pintura? Por quê?

pARA AMpLIAR O DEbATE

• Suscitar um debate em sala sobre as diferenças e semelhanças entre fotos jornalísticas e imagens em propagandas, tanto políticas como comerciais.

• criar uma exposição de fotos, legendas e frases com o material pesquisado pelos alunos. O suporte pode ser a parede da classe ou de uma área pública da escola.

• criar na internet (Pinterest, Tumbler, blog) uma página com imagens fotojornalísticas selecionadas por toda a classe. Embora uma sequência cronológica seja interessante, os critérios adotados para a apresentação podem ser outros (racismo, guerras, migrações, países e regiões, etc.), desde que as fotos preservem o cunho jornalístico-histórico.

TERCEIRO MOVIMENTO: MERgULHANDO EM UMA IMAgEM

Inicie com o compartilhamento das pesquisas feitas em casa, peça aos alunos que justifiquem suas escolhas e retome a discussão anterior sobre a “síntese”.

elaboração dos textos deste catálogo: gabriela rodella de oliveira, mestre e doutora em educação pela usp; joão rocha campos, autor de livro didático e professor da rede particular; leonaldo batista dos santos, mestre em educação pela usp e professor da rede pública.

QUESTõES A SEREM DISCUTIDAS1. Faça a leitura em classe, em voz alta, do diálogo criado por Marcelo Coelho para a introdução do livro.

2. Com a ajuda do índice geral (a partir da pág. 250), leve os alunos a localizarem as fotos citadas por Coelho (Massacre em Ruanda, foto dos facões, pág. 185; Segregação nos Estados Unidos, foto do bebedouro, pág. 42; foto de Martin Luther King, pág. 66). Analise com os alunos cada uma das imagens e considere as reflexões levantadas pelo jornalista. Elas são pertinentes? O que mais os alunos observam e podem comentar sobre cada uma das fotos citadas por Coelho?

3. Proponha aos alunos que sugiram outras fotos que julguem interessantes e que as avaliem em sala com os colegas. Alguns exemplos podem ser: Guerra do Vietnã (pág. 89), destaque para o contraste (a força dos soldados versus a delicadeza e a fragilidade de uma moça com uma flor em suas mãos); Revolução Islâmica no Irã (pág. 126), destaque para a composição (a massa e o líder, Aiatolá Khomeini, em um cartaz sobre um mar de anônimos em manifestação); Guerra do Iraque (pág. 214), destaque para o cromatismo (em que o tom monocromático da foto contrasta com a única variação de cor que está na bandeira sobre o caixão, ao centro, fazendo com que as cores mais “vivas” estejam sobre aquele que está morto).

A sociedade atual pressupõe indivíduos aptos a lidar com a imensa quantidade de informação que recebem diariamente. Para tanto, é necessário que a escola forme leitores proficientes, que consigam não apenas decodificar, mas interpretar, compreender, selecionar, posicionar-se criticamente diante de um texto, seja ele verbal, não verbal, impresso ou virtual. Assim, desenvolver a competência leitora é fundamental, tanto na perspectiva acadêmica como na social.

A escola e a formação do leitor é o tema da terceira edição da série gestor Escolar.

A SM, com objetivo de promover maior integração entre e a teoria e a prática pedagógica, desenvolveu a Série Gestor Escolar, que oferece material especialmente desenvolvido para a compreensão, reflexão e transformação da prática escolar. Sempre amparados pelos mais renomados especialistas do tema abordado, a Série Gestor Escolar é composta por: vídeos e depoimentos inéditos, atividades introdutórias, apresentações em PowerPoint, ficha de avaliação e textos complementares.

Acesse o conteúdo completo das edições anteriores da Série gestor Escolar no canal Somos Mestres e no site www.edicoessm.com.br.

Série gestor Escolar – Fundamentos: Vasco Moretto, Nilson Machado, Nilbo Nogueira, Celso Vasconcellos e Cipriano Luckesi.

Série gestor Escolar – redição de conflitos de conflitos: Joe Garcia, Cleo Fante, Isabel Parolin, Cesar Nunes e Telma Vinha.

Mais de 320 mil pessoas já viram os vídeos das duas edições da Série Gestor Escolar!

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Page 33: Projeto Integrado de Literatura - Ensino Médio

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