Ensino Médio Integrado Unesco

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SÉRIE Debates ED N º 1 – Maio de 2011 ISSN 2236-2843 Protótipos curriculares de Ensino Médio e Ensino Médio Integrado: resumo executivo Educação

Transcript of Ensino Médio Integrado Unesco

  • SRIE

    Debates EDN1 Maio de 2011

    ISSN 2236-2843

    Prottipos curricularesde Ensino Mdio e

    Ensino Mdio Integrado:resumo executivo

    Educao

  • SRIE

    Debates EDN1 Maio de 2011

    ISSN 2236-2843

    Prottipos curricularesde Ensino Mdio e

    Ensino Mdio integrado:resumo executivo

    Educao

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  • UNESCO 2011Coordenao: Setor de Educao da Representao da UNESCO no Brasil

    Redao: Jos Antnio KllerReviso: Lcia LeiriaDiagramao: Paulo SelveiraCapa e projeto grfico: Edson Fogaa

    Os autores so responsveis pela escolha e apresentao dos fatos contidos neste livro, bem comopelas opinies nele expressas, que no so necessariamente as da UNESCO, nem comprometem aOrganizao. As indicaes de nomes e a apresentao do material ao longo deste livro no implicama manifestao de qualquer opinio por parte da UNESCO a respeito da condio jurdica de qualquerpas, territrio, cidade, regio ou de suas autoridades, tampouco da delimitao de suas fronteiras oulimites.

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  • S U M R I O

    Apresentao ...................................................................................................................................5

    I. Justificativa e objetivos...................................................................................................................7

    II. Prottipo, projeto pedaggico e plano de curso ............................................................................8

    III. Princpios norteadores da proposta...............................................................................................8

    IV. Prottipo curricular de ensino mdio (EM) ....................................................................................9

    V. Prottipo curricular de ensino mdio integrado (EMI) .................................................................17

    VI. Condies para a implantao da proposta ...............................................................................22

    VII. Concluso ................................................................................................................................23

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  • Equipe de consultores do estudo

    Jos Antonio Kller (Coordenador)

    Francisco de Moraes (Assistente de Coordenao)

    Francisco Roberto Savioli (Linguagens)

    Iole de Freitas Druck (Matemtica)

    Jane Margareth de Castro (Ensino Mdio)

    Luis Carlos de Menezes (Cincias da Natureza)

    Paulo Miceli (Cincias Humanas)

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  • A P R E S E N T A O

    1. UNESCO. Reforma da educao secundria: rumo convergncia entre a aquisio de conhecimento e o desenvolvimento de habilidade.Braslia: UNESCO, 2008. Disponvel em: .

    2. REGATTIERI, M.; CASTRO, J. M. (Orgs.). Ensino mdio e educao profissional: desafios da integrao. Braslia, UNESCO, 2009.

    5As transformaes globais da sociedade, da

    economia e do trabalho pressionam as escolas de

    ensino mdio do mundo inteiro para que busquem

    novas abordagens educativas. A preparao s para

    os vestibulares que do acesso educao superior

    no um objetivo adequado para a maioria dos

    jovens, que no chega a este nvel de ensino. A maior

    parte deles passa diretamente do ensino mdio ao

    trabalho, aos cursos tcnicos, ao treinamento aligei-

    rado ou ao desemprego. No Brasil, um nmero muito

    significativo de jovens abandona o ensino mdio

    antes de sua concluso, e o percentual daqueles

    acima da idade adequada ainda muito alto no pas.

    H consenso sobre a soluo para esses pro-

    blemas. Todos concordam que o ensino mdio,

    alm de proporcionar a desejvel continuidade de

    estudos, deve preparar o jovem para enfrentar os

    problemas da vida cotidiana, para conviver em

    sociedade e para o mundo do trabalho. Renovando

    o compromisso internacional em favor da Educao

    para Todos (EPT), o Frum Mundial de Educao

    (Dacar, Senegal, 2000), em seu Marco de Ao, em

    consonncia, define como um dos seus objetivos:

    responder s necessidades educacionais de todos

    os jovens, garantindo-lhes acesso equitativo a

    programas apropriados que permitam a aquisio de

    conhecimentos tanto como de competncias ligadas

    vida cotidiana.

    preciso, para tanto, que a escola de ensino

    mdio desenvolva um modelo educacional adequado

    s caractersticas e heterogeneidade dos novos

    grupos e setores sociais que a frequentam. Segundo

    o documento da UNESCO, intitulado Reforma da

    educao secundria: rumo convergncia entre a

    aquisio de conhecimento e o desenvolvimento de

    habilidade1, esse modelo educacional deve articular

    a educao geral e a educao profissional e ser

    constantemente atualizado em funo das transfor-

    maes cientficas, econmicas e sociais.

    Contribuindo na construo coletiva desse modelo,

    a UNESCO, ao longo dos ltimos anos, realizou diver-

    sos estudos sobre o ensino mdio na Amrica Latina.

    Um dos mais recentes, desenvolvido pela Represen-

    tao da UNESCO no Brasil, tem suas principais

    concluses documentadas no livro Ensino mdio e

    educao profissional: desafios da integrao,

    publicado em 20092. Este estudo analisou algumas

    iniciativas de implantao do ensino mdio integrado

    educao profissional no Brasil. Uma das principais

    concluses diz respeito ao fato de que h boa safra

    de reflexes tericas, argumentaes ideolgicas

    e normas sobre o tema; no entanto, so frgeis as

    propostas mais operacionais e raras as experincias

    de implantao efetiva de cursos integrados.

    Em decorrncia das concluses deste estudo, a

    Representao da UNESCO no Brasil desenvolveu um

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  • 6projeto denominado Currculos de Ensino Mdio,

    com a finalidade de propor prottipos3 curriculares

    viveis para a integrao entre a educao geral, a

    educao bsica para o trabalho e a educao pro-

    fissional no ensino mdio. No desenvolvimento do

    projeto, que conta com apoio do Ministrio da

    Educao, e no desenho dos prottipos de currculos,

    buscou-se obsessivamente um modelo operacional

    que pudesse ser apropriado, amplamente utilizado e

    continuamente aprimorado pela escola pblica.

    O presente trabalho resume esses prottipos.

    Descreve inicialmente um currculo de ensino mdio

    orientado para o mundo do trabalho e a prtica

    social. Ele est desenhado para garantir aprendi-

    zagens necessrias ao desenvolvimento de conheci-

    mentos, atitudes, valores e capacidades bsicas para

    o exerccio de todo e qualquer tipo de trabalho. Valori-

    zando a continuidade de estudos, procura preparar

    o jovem para enfrentar os problemas da vida coti-

    diana e participar na definio de rumos coletivos,

    promovendo o aperfeioamento dos valores humanos

    e das relaes pessoais e comunitrias. Deste primeiro

    e originrio tipo de prottipo, decorre outro, que inte-

    gra o ensino mdio com a educao profissional.

    No segundo tipo de prottipo, para atender os

    que requerem profissionalizao mais imediata, esse

    currculo originrio pode articular-se com o contedo

    dos eixos tecnolgicos e das habilitaes tcnicas

    especficas, atendendo o objetivo de formao de

    tcnicos de nvel mdio, conforme estabelecido na

    legislao como ensino mdio integrado.

    A partir de uma mesma base curricular comum e

    com variantes escolha de cada escola e grupo de

    estudantes, ser possvel aproximar a escola nica da

    escola diferenciada e a desejada formao politcnica

    da formao tcnica, sempre que necessria. Se forem

    implantados em uma mesma escola, cidade ou sistema

    de ensino, os currculos articulados possibilitam a

    troca do ensino mdio integrado pelo ensino mdio

    de formao geral ou vice-versa ou, ainda, a alterao

    da escolha de habilitao profissional no meio do

    percurso.

    Essa forma de organizar o currculo permite

    postergar a escolha profissional ou ajust-la a novos

    interesses suscitados ainda durante o percurso

    do ensino mdio. Tem a vantagem de possibilitar

    uma escolha profissional mais tardia, mais amadu-

    recida, mais fundamentada em interesses pessoais

    testados na confrontao com o campo profissional

    e na anlise objetiva de possibilidades e requisitos

    de emprego, de trabalho ou de empreende-

    dorismo.

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    3. Prottipos so modelos construdos para simular a aparncia e a funcionalidade de um produto em desenvolvimento. HOUAISS, A.;VILLAR, M. S. Prottipo: primeiro tipo criado; original. In: _____; e_____. Dicionrio Houaiss da lngua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva,2009.

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  • Prottipos curriculares de ensino mdio eensino mdio integrado: resumo executivo

    4. ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G. (Coord.). Ensino mdio: mltiplas vozes. Braslia: UNESCO, MEC, 2003. Disponvel em: . Acesso em: 30 jan 2011.

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    I. Justificativa e objetivos

    A proposio dos prottipos justifica-se por ne-

    cessidades concretas da sociedade e da juventude

    brasileiras.

    O ensino mdio, como todo projeto educacional,

    deve estar fundado em objetivos que so perseguidos

    pelo pas: construir uma sociedade livre, justa e soli-

    dria; promover o desenvolvimento social e econmico;

    erradicar a pobreza; reduzir as desigualdades sociais

    e regionais; promover o bem de todos sem nenhum

    preconceito; defender a paz, a autodeterminao

    dos povos e os direitos humanos; repudiar a violncia

    e o terrorismo; preservar o meio ambiente.

    O ensino mdio tambm precisa atender s

    necessidades de seu pblico especfico. Em Ensino

    mdio: mltiplas vozes4, pesquisa realizada pela

    UNESCO em parceria com o MEC, investigaram-se

    as percepes de alunos, professores e corpo tcnico-

    pedaggico das escolas. Eles concordam que o

    ensino mdio momento de transio e complemento

    do ensino fundamental e que deve preparar o estu-

    dante para o ensino superior, para o mundo do

    trabalho, para viver em comunidade, para ter um

    bom senso crtico e para enfrentar os problemas do

    dia a dia.

    A preparao simultnea do jovem para o mundo

    do trabalho e a prtica social e para a continuidade

    de estudos conjuga os objetivos de interesse nacional

    com os interesses do pblico especfico. Sabe-se que

    o ensino mdio no tem conseguido atingir plena-

    mente qualquer um desses objetivos. Alm disso, os

    ndices de repetio e evaso so altos. As notas

    nas avaliaes nacionais e internacionais so baixas.

    Face ao insucesso, se currculo for entendido como o

    conjunto de todas as oportunidades de aprendizagem

    propiciadas pela escola, ento necessria uma

    mudana curricular.

    Uma mudana nos objetivos legais, no entanto,

    desnecessria. Basta observar o disposto no par-

    grafo 2 do art. 1 da Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao Nacional (LDBEN): A educao escolar

    dever vincular-se ao mundo do trabalho e prtica

    social. Tambm preciso assumir como essenciais e

    buscar concretizar todas as finalidades do ensino

    mdio, tais como vm definidas no artigo 35 da Lei:

    I. a consolidao e o aprofundamento dos conheci-

    mentos adquiridos no ensino fundamental, possibi-

    litando o prosseguimento de estudos;

    II. a preparao bsica para o trabalho e a cidadania

    do educando, para continuar aprendendo, de

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    modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade

    a novas condies de ocupao ou aperfeioamento

    posteriores;

    III. o aprimoramento do educando como pessoa

    humana, incluindo a formao tica e o desenvol-

    vimento da autonomia intelectual e do pensamento

    crtico;

    IV. a compreenso dos fundamentos cientfico-

    tecnolgicos dos processos produtivos, relacio-

    nando a teoria com a prtica, no ensino de cada

    disciplina.5

    Os grandes objetivos que podem ser destacados

    na Lei so a compreenso do mundo fsico e social; a

    preparao para o mundo do trabalho e o exerccio

    da cidadania; o desenvolvimento da autonomia

    na aprendizagem e a realizao do estudante como

    pessoa humana. Essas intenes mais gerais podem

    ser transformadas em resultados de aprendizagem

    mais especficos como fazem os eixos cognitivos e a

    matriz de competncias e habilidades do novo Exame

    Nacional de Ensino Mdio (Enem).

    O prottipo curricular de ensino mdio (EM)

    de formao geral atende todas as finalidades da

    LDBEN e, nos seus objetivos de aprendizagem, tem

    como referncia o novo Enem. Objetivos relacionados

    com a preparao para o mundo do trabalho e a

    prtica social esto postos no centro do currculo

    como o principal foco de orientao da aprendizagem.

    A partir dessa base comum, o prottipo de EM

    proporciona variaes que visam formao do

    tcnico de nvel mdio, de forma a atender diversi-

    dade de interesses da juventude brasileira.

    II. Prottipo, projeto pedaggicoe plano de curso

    Os prottipos que so objetos desta apresentao

    devem ser compreendidos como referncias a serem

    usadas pela escola na definio do currculo do

    ensino mdio ou para a elaborao do currculo

    (e do plano de curso) do ensino mdio integrado

    com a educao profissional. Eles pretendem ajudar

    as escolas na definio, na organizao e no funcio-

    namento de uma estrutura curricular integrada. Faci-

    litam a discusso das escolas na definio de meca-

    nismos de integrao entre os componentes curriculares

    do ensino mdio (reas, disciplinas etc.) ou entre o

    ensino mdio e a educao profissional.

    Os prottipos so referncias curriculares e no

    currculos prontos. Por isso, exigem um trabalho de

    crtica e complementao a ser feito pelos coletivos

    escolares. Para tanto, em um primeiro movimento

    de aproximao, as escolas precisam conhecer o pro-

    ttipo adequado modalidade de ensino mdio

    que pretendem implantar ou reformular.

    Esse conhecimento deve ser complementado pela

    identificao das linhas de convergncia e de distan-

    ciamento entre o projeto pedaggico da escola e o

    prottipo curricular. A anlise da adequao do

    prottipo s concepes do projeto pedaggico

    deve anteceder a uma tomada de deciso democrtica

    sobre a validade de seu uso.

    Tomada a deciso de usar um determinado

    prottipo como referncia, o segundo movimento

    us-lo na construo ou reformulao do currculo

    e na reviso do projeto pedaggico da escola. O uso

    do prottipo indicado especialmente na discusso

    e na tomada de deciso sobre os princpios nortea-

    dores do currculo e na definio da organizao, da

    estrutura e dos mecanismos de integrao curricular

    apresentados a seguir.

    III. Princpios norteadores da proposta

    Todos os prottipos curriculares resultantes do

    projeto da UNESCO esto fundados na perspectiva

    da formao integral do estudante. Eles consideram

    que a continuidade de estudos e a preparao para

    vida, o exerccio da cidadania e o trabalho so

    demandas dos jovens e finalidades do ensino mdio.

    O trabalho, na sua acepo ontolgica, entendido

    como forma do ser humano produzir sua realidade e

    transform-la, como forma de construo e realizao

    do prprio homem, ser tomado, nos prottipos,

    5. BRASIL. Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. Coletnea de leis. Braslia:Presidncia da Repblica Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurdicos, 1996. Disponvel em: .

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  • como princpio educativo originrio. Ele articula e

    integra os componentes curriculares de ensino mdio,

    seja o de formao geral, seja o integrado com a

    educao profissional. Isso quer dizer que toda a

    aprendizagem ter origem ou fundamento em ativi-

    dades desenvolvidas pelos estudantes que objetivam,

    em ltima instncia, uma interveno transformadora

    em sua realidade. O currculo ser centrado no planeja-

    mento (concepo) e na efetivao (execuo) de

    propostas de trabalho individual ou coletivo que cada

    estudante usar para produzir e transformar sua

    realidade e, ao mesmo tempo, desenvolver-se como

    ser humano.

    Associada ao trabalho, a pesquisa ser instrumento

    de articulao entre o saber acumulado pela huma-

    nidade e as propostas de trabalho que estaro no

    centro do currculo. Como forma de produzir conhe-

    cimento e como crtica da realidade, a pesquisa

    apoiar-se- nas reas de conhecimento ou nas disci-

    plinas escolares para o desenho da metodologia e

    dos instrumentos de investigao, para a identificao

    das variveis de estudo e para a interpretao dos

    resultados. A anlise dos resultados da pesquisa,

    tambm apoiada pelas reas ou pelas disciplinas,

    apontar as atividades de transformao (trabalho)

    que so necessrias e possveis de serem concretizadas

    pela comunidade escolar.

    Tomando o trabalho e a pesquisa como princpios

    educativos, os prottipos unem a orientao para

    o trabalho com a educao por meio do trabalho.

    Prope-se, assim, uma escola de ensino mdio que

    atue como uma comunidade de aprendizagem. Nela,

    os jovens desenvolvero uma cultura para o trabalho

    e demais prticas sociais por meio do protagonismo6

    em atividades transformadoras. Exploraro interesses

    vocacionais ou opes profissionais, perspectivas de

    vida e de organizao social, exercendo sua auto-

    nomia e aprendendo a ser autnomo, ao formular e

    ensaiar a concretizao de projetos de vida e de

    sociedade.

    Os prottipos tm, como perspectiva comum,

    reduzir a distncia entre as atividades escolares, o

    trabalho e demais prticas sociais. Tm tambm uma

    base unitria sobre as quais se assentam diversas

    possibilidades: no trabalho, como preparao geral

    ou formao para profisses tcnicas; na cincia e na

    tecnologia, como iniciao cientfica e tecnolgica;

    na cultura, como ampliao da formao cultural.

    IV. Prottipo curricular deensino mdio (EM)

    Um currculo sempre organizado em funo da

    perspectiva educacional que de fato o anima. A forma

    hoje dominante de organizar o currculo, dividido em

    disciplinas estanques, adequada perspectiva de

    transmisso verbal de conhecimentos (informaes

    /dados) desconexos e descontextualizados. Contra-

    pondo-se a isso, proposta uma nova estrutura e

    organizao curricular e uma nova forma de alocao

    do tempo escolar. Elas substituem as velhas grades

    curriculares e o horrio-padro, sempre baseados em

    uma diviso em aulas de diferentes disciplinas que

    se sucedem a cada 50 minutos.

    Considerando e aproveitando todas as formas j

    previstas nas atuais Diretrizes Curriculares Nacionais,

    especialmente a organizao curricular por reas

    de conhecimento e as orientaes referentes a

    interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e contex-

    tualizao, o prottipo de EM prope mecanismos

    operacionais que atuam de modo sinrgico na inte-

    grao dos diferentes componentes do currculo:

    ncleo articulador; reas de conhecimento; dimenses

    articuladoras (trabalho, cultura, cincia e tecnologia);

    forma especfica de estruturar e organizar o currculo;

    metodologia de ensino e aprendizagem; e avaliao

    dos resultados de aprendizagem.

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    6. A palavra protagonista vem do grego Protagonists. O principal lutador. Na definio de Antonio Carlos Gomes da Costa, protagonismojuvenil a participao do adolescente em atividades que extrapolam os mbitos de seus interesses individuais e familiares e quepodem ter como espao a escola, os diversos mbitos da vida comunitria; igrejas, clubes, associaes e at mesmo a sociedade emsentido mais amplo, atravs de campanhas, movimentos e outras formas de mobilizao que transcendem os limites de seu entornosociocomunitrio. COSTA, A. C. G. Protagonismo juvenil: adolescncia, educao e participao democrtica. Belo Horizonte: ModusFaciendi, 1996.

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  • 10

    IV.1 Ncleo de preparao bsica para

    o trabalho e demais prticas sociais

    O prottipo para o ensino mdio (EM) de formao

    geral prope que o currculo seja organizado e inte-

    grado por meio de um Ncleo de Preparao Bsica

    para o Trabalho e demais Prticas Sociais. O Ncleo

    a principal estratgia de integrao curricular e

    um componente curricular que constitui um objeto

    novo7 ou um objeto comum8 a todas as reas de

    conhecimento. Ele diretamente responsvel pelos

    objetivos de aprendizagem relacionados com a pre-

    parao bsica para o trabalho. Tal preparao en-

    tendida como o desenvolvimento de conhecimentos,

    atitudes, valores e capacidades necessrios a todo

    tipo de trabalho: elaborao de planos e projetos;

    trabalho em equipe; escolha e uso de alternativas de

    diviso e organizao do trabalho que sejam eficazes

    e adequadas ao desenvolvimento humano; capacidade

    de analisar e melhorar processos sociais, naturais ou

    produtivos, como exemplos.

    Alm da preparao bsica para o trabalho, o

    Ncleo ser tambm diretamente responsvel pelos

    objetivos de aprendizagem relacionados com a

    preparao para outras prticas sociais: convivncia

    familiar responsvel; participao poltica; aes

    de desenvolvimento cultural, social e econmico

    da comunidade; proteo e recuperao ambiental;

    prticas e eventos esportivos; preservao do patri-

    mnio cultural e artstico; produes artsticas; e outras.

    O Ncleo ocupar, pelo menos, 25% das horas

    do tempo previsto para todo o currculo. No caso de

    um currculo de ensino mdio, com durao mnima

    de 800 horas/ano, 2.400 horas no total e trs anos

    letivos, o Ncleo ter a durao total mnima de 600

    horas (200 horas/ano) e ser o principal responsvel

    por garantir que o trabalho e a pesquisa se constituam

    em princpios educativos efetivos. Ele ser operado

    por todos os professores de todas as disciplinas ou

    reas de conhecimento e por todos os estudantes de

    ensino mdio de uma determinada srie.

    O Ncleo ser desenvolvido por meio de projetos

    que envolvem a participao ativa de todos, reunidos

    em uma comunidade de trabalho. Deve possibilitar

    uma ampliao gradativa do espao e da comple-

    xidade das alternativas de diagnstico (pesquisa) e

    de intervenes transformadoras (trabalho). Para

    tanto, prope um contexto de pesquisa e interveno

    e um projeto articulador para cada ano letivo do

    ensino mdio.

    O projeto do primeiro ano Escola e Moradia

    como Ambientes de Aprendizagem prev o engaja-

    mento do jovem na transformao da sua escola

    em uma comunidade de aprendizagem cada vez

    mais efetiva e da sua moradia em um ambiente de

    aprendizagem cada vez mais favorvel. A escola a

    unidade social e o ambiente de trabalho mais conhe-

    cido, prximo e comum a todos os estudantes. um

    bom ponto de partida para a experimentao e o

    exerccio dos processos de investigao (pesquisa) e

    de atividades individuais e coletivas de transformao

    (trabalho) que exigiro o protagonismo dos jovens e

    dos professores na construo e no desenvolvimento

    de uma comunidade de aprendizagem. A moradia

    dos estudantes outra referncia muito prxima e

    importante para a ampliao das alternativas de

    investigao e a transformao em um efetivo am-

    biente de aprendizagem.

    O projeto do segundo ano Projeto de Ao

    Comunitria tem como contexto a comunidade

    que circunda a escola ou um territrio delimitado a

    partir dela. A comunidade ser considerada como

    um espao de aprendizagem e protagonismo. O espao

    a ser delimitado para efeito de diagnstico e inter-

    veno aquele passvel de ser compreendido

    pela ao transformadora dos jovens. As atividades

    propostas por intermdio do diagnstico criaro

    o movimento de transformao, que ser to mais

    abrangente quanto mais articulado com outros

    movimentos do trabalho e das prticas sociais que

    se cruzam no espao delimitado. Tal movimento

    contextualiza e dar sentido s aprendizagens

    previstas no Ncleo e nas reas de conhecimento.

    O projeto do terceiro ano Projeto de Vida e

    Sociedade amplia a abrangncia do contexto de

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    7. BARTHES, R. O Rumor da lngua. So Paulo: Brasiliense, 1988.

    8. MACHADO, N. J. Educao: projeto e valores. So Paulo: Escrituras Editora, 2004.

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  • pesquisa e transformao no espao (mundo) e no

    tempo (histria). complementado com o autoconhe-

    cimento e encerra-se com a elaborao de uma

    previso de trajetria individual e de uma proposta

    de transformao social. Os aspectos mais relevantes

    dessas escolhas envolvem carreira profissional, encami-

    nhamentos de vida e perspectivas de engajamento

    em aes de desenvolvimento social. Os horizontes a

    considerar so de curto, mdio ou longo prazo.

    O prottipo sugere organizar os diagnsticos

    (pesquisa) e as atividades de transformao por meio

    da prpria escola e da moradia dos estudantes,

    ampliando o contexto da ao para a comunidade e

    para o mundo. Isto objetiva graduar a complexidade

    da interveno, mas no significa que os contedos

    necessrios compreenso e interveno, em cada

    realidade, tenham de ficar restritos a cada contexto

    considerado.

    IV.2 As reas de conhecimento

    Alm do Ncleo de preparao bsica para o

    trabalho e demais prticas sociais, o prottipo de

    ensino mdio prev, como outros grandes compo-

    nentes curriculares, quatro reas de conhecimento:

    (I) Linguagens, cdigos e suas tecnologias; (II) Ma-

    temtica e suas tecnologias; (III) Cincias da Natureza

    e suas tecnologias; (IV) Cincias Humanas e suas

    tecnologias.9 As reas podem ou no ser divididas

    em disciplinas, mas incluem sempre todos os contedos

    curriculares previstos em lei.

    Em todas as reas, a integrao dos contedos

    ou das disciplinas ocorre por meio da definio de

    objetivos de aprendizagem comuns para a rea como

    um todo. As finalidades do ensino mdio estabelecidas

    pela LDB so o ponto de partida para a definio dos

    objetivos de aprendizagem das reas. Os objetivos

    de aprendizagem do Ncleo, tanto os relacionados

    preparao bsica para o trabalho, quanto os relacio-

    nados s outras prticas sociais, so uma das referncias

    para a definio dos objetivos das reas. O prottipo

    assim integrado por meio de seus objetivos de

    aprendizagem. Outra referncia para a definio dos

    objetivos foi a matriz de competncias e habilidades

    do novo Enem, assegurando a perspectiva de continui-

    dade de estudos.

    O prottipo prope uma organizao diferente

    para cada rea. A rea de Cincias Humanas distribui

    seus objetivos por focos temticos (trabalho, tempo,

    espao, tica etc.) que fazem a integrao de todas

    as disciplinas da rea. A rea de Matemtica define

    seus objetivos como especificaes dos objetivos de

    preparao bsica para o trabalho e outras prticas

    sociais. A rea de Linguagens no faz qualquer diviso

    por disciplinas de seus objetivos, mas neles se reco-

    nhece sua origem disciplinar. Finalmente, a rea de

    Cincias da Natureza define objetivos gerais para a

    rea e objetivos especficos para cada uma de suas

    disciplinas constituintes: Fsica, Qumica e Biologia.

    As distintas formas so exemplos de organizao das

    reas que podem ser adotadas no desenho curricular

    de cada escola.

    Os objetivos de aprendizagem das reas e os

    projetos desenvolvidos no Ncleo sero as referncias

    para a definio das atividades de aprendizagem a

    serem propostas pelas reas. Dos objetivos das reas

    derivam as questes, problemas ou variveis para o

    diagnstico a ser realizado no Ncleo. Alm desses

    mecanismos de articulao, a operao do Ncleo

    pelos professores das reas induzir a maior integrao

    entre projetos do Ncleo e atividades de aprendizagem

    das reas. O envolvimento dos estudantes com os

    projetos do Ncleo certamente tambm os levar a

    ampliar demandas por orientao e por conhecimentos

    das reas, que os subsidiaro para melhor eficcia de

    suas atividades de diagnstico ou de transformao.

    Esse movimento de dupla mo ser o principal fator

    de integrao do conjunto das atividades de apren-

    dizagem, evitando os efeitos negativos da frag-

    mentao disciplinar do currculo, sem perder a contri-

    buio educativa do conhecimento especializado.

    11

    SRI

    ED

    ebat

    es E

    D

    9. A incluso da Matemtica como rea de conhecimento procurou seguir uma tendncia normativa indicada pela matriz de competnciasdo novo Enem e pelo Ensino Mdio Inovador (Parecer CNE/CEB 11/2009).

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 11

  • IV. 3 As dimenses articuladoras: trabalho,

    cultura, cincia e tecnologia (TCCT)

    As dimenses do trabalho, da cultura, da cincia

    e da tecnologia so assumidas como categorias arti-

    culadoras das atividades de diagnstico (pesquisa) e

    das atividades de transformao (trabalho). No diag-

    nstico, elas sero as categorias que organizaro

    questes, problemas ou variveis de investigao

    que se originam dos objetivos das reas e tm como

    contexto o projeto anual do Ncleo. Nas atividades

    de transformao, daro origem a grupos de trabalho

    que sero responsveis por elas dentro dos projetos

    do Ncleo.

    Em sua acepo ontolgica, o trabalho princpio

    educativo fundamental e estar presente em todas

    as dimenses articuladoras. Especificamente como

    dimenso articuladora, tambm ser considerado

    em sua acepo econmica, nas formas que assume

    nos distintos modos de produo. Abrange, ento, o

    estudo da evoluo histrica das formas de relao

    do homem com a natureza e das atuais alternativas

    de organizao, diviso, relaes, condies e oportu-

    nidades de trabalho. Assim entendido, o trabalho

    orientar uma das vertentes do estudo, da pesquisa

    ou das propostas de transformao na escola, na

    moradia dos estudantes, na comunidade e na

    sociedade em geral.

    Como dimenso articuladora, a cultura ser

    entendida como a articulao entre o processo de

    socializao e o conjunto de representaes, alteraes

    da natureza e comportamentos humanos, constituindo

    a forma de ser e viver de uma populao. A cincia

    ser considerada como o conjunto deliberadamente

    produzido e sistematizado do conhecimento, tambm

    obra de um fazer humano. A tecnologia ser vista

    como uma mediao entre a cincia (ou conhecimento)

    e a produo de bens e servios.

    Nos projetos do Ncleo, as dimenses do trabalho,

    da cultura, da cincia e da tecnologia so sempre

    consideradas. Na presente proposta, questes, pro-

    blemas ou variveis de investigao surgem das reas

    de conhecimento, que segmentam o real e o saber

    j construdo sobre ele. Estas questes so integradas

    e sistematizadas, tendo como referncia as quatro

    dimenses. Dividida entre as dimenses, a investigao

    dar origem s aes transformadoras desenvolvidas

    no Ncleo. As aes transformadoras vo requerer a

    contribuio das reas para serem desenvolvidas e

    para a posterior reflexo sobre seus resultados. Assim,

    o olhar e o atuar mais especializados das reas sero

    integrados pelos projetos e pelas dimenses do trabalho,

    da cultura, da cincia e da tecnologia. A ilustrao a

    seguir resume os mecanismos de integrao abordados

    at aqui.

    12

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    D

    Cincias daNatureza

    PesquisaTrabalho

    NcleoLinguagens

    CinciasHumanas

    Matemtica

    Projetos

    Primeiro ano

    Escola e Moradia como Ambientes de Aprendizagem

    Segundo ano

    Ao Comunitria

    Terceiro ano

    Vida e Sociedade

    HumanasCincias

    ezaNaturCincias da

    Ncleo

    rabalhoTTrPesquisa

    Linguage

    o an

    ens

    Primeir no Segundo ano

    ojetosPro anoceirerTTe

    Matemtica

    endizagAprAmbientes Moradia co

    Escola e

    gem

    ComunitriaAo

    de mo Sociedade

    ida e V

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 12

  • 13

    IV.4 Estrutura e organizao do currculo

    O quadro a seguir sintetiza uma possvel estru-

    tura curricular resultante da juno dos trs

    primeiros mecanismos de integrao: o Ncleo,

    as reas e as dimenses articuladoras. A durao

    total do curso e sua diviso pelos componentes

    curriculares so meramente exemplificativas e

    ilustrativas.

    O prottipo sugere uma forma de operao do

    currculo. Ela envolve as aes abaixo:

    Reviso anual do currculo e do projeto pedaggico:

    anualmente, em perodo anterior ao incio das aulas,

    haver reunio para a sistematizao dos dados de

    avaliao do ano anterior e reviso da proposta

    curricular e do projeto pedaggico da escola. Esta

    ser uma tarefa da equipe escolar. Esta reviso dar

    origem ao planejamento das reas, ao calendrio e

    ao horrio escolar de cada srie.

    Semana de integrao: envolve a recepo dos

    estudantes e das suas famlias; a apresentao e a

    discusso da proposta curricular; o estabelecimento

    de um pacto de coparticipao entre professores,

    estudantes e seus responsveis; a definio de regras

    gerais de convivncia e de contrato de aprendizagem

    por classe e turno.

    Semanas de diagnstico (pesquisa): o diagnstico

    poder ser feito em um nmero de semanas definido

    no calendrio escolar. Este nmero poder variar

    segundo o projeto previsto para o ano. O diagnstico

    (pesquisa/estudo) ser a primeira etapa do projeto

    anual e deve ser feito sobre o contexto (escola, comu-

    nidade, sociedade) previsto para o ano. Ele deve ser

    iniciado nas reas e realizado no Ncleo.

    Semana de planejamento das atividades de inter-

    veno: as atividades de interveno (trabalho) sero

    previstas, tendo como referncia o diagnstico e os

    objetivos de aprendizagem definidos para o Ncleo.

    Esta ser uma atividade conjunta de professores e

    estudantes. Para os estudantes, esta uma forma de

    superao, dentro da vivncia escolar, da diviso entre

    a concepo e a execuo do trabalho. No planeja-

    mento, as atividades de interveno sero divididas

    SRI

    ED

    ebat

    es E

    D

    PROJETOS Durao

    total

    Primeiro ano

    Escola e Moradia como Ambientes de Aprendizagem

    Segundo ano

    Ao Comunitria

    Terceiro ano

    Vida e Sociedade

    DIMENSES ARTICULADORASTRABALHO - CINCIA - CULTURA - TECNOLOGIA

    Componentescurriculares

    Ncleo de preparaobsica para o

    trabalho e demaisprticas sociais

    reas deconhecimento:

    LinguagensMatemtica

    Cincias HumanasCincias daNatureza

    Durao total

    200horas

    600horas

    800horas

    200horas

    600horas

    800horas

    200horas

    600horas

    800horas

    600horas

    1.800horas

    2.400horas

    PRO OSTOJE E l

    o anoPrimeir

    A

    Segundo ano

    V

    erTTe

    D idV

    o anoceir

    currComp

    ricularesponentes

    endizagemAprAmbientes de Moradia como

    Escola e

    ComunitriaAo

    SoV

    totalDura

    ociedadeida e V

    lo

    prtitrabalh

    bsiNcleo d

    cas sociaisho e demaisca para o

    eparaode pr

    TRABALH

    DIME

    horas200

    TURHO - CINCIA - CULLT

    ENSES ARTICU

    horas200

    RA - TECNOLOGIA

    ULADORAS

    horas200

    horas600

    s

    prti

    CiCincia

    MatLing

    conh

    cas sociais

    ncias daas Humanastemticaguagens

    hecimento:eas der

    horas600

    horas600

    horas600

    horas1.800

    s0

    Na

    Dura

    Ci

    eza

    ao total

    aturncias da

    horas800

    horas800

    horas800

    horas2.400

    s0

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 13

  • pelas dimenses articuladoras do trabalho, da cultura,

    da cincia e da tecnologia.

    Execuo do projeto do Ncleo e das atividades

    de aprendizagem das reas: ao planejamento, sucede

    a execuo das atividades de interveno previstas

    para o Ncleo e das atividades de aprendizagem

    previstas para as reas de conhecimento. Na execuo,

    os alunos de um determinado ano do ensino mdio

    sero divididos em grupos de trabalho, segundo as

    dimenses articuladoras do trabalho, da cultura, da

    cincia e da tecnologia, possibilitando variaes

    curriculares que atendam aos interesses especficos

    dos estudantes.

    Semana de apresentao dos resultados dos

    projetos: a semana pode assumir a forma de uma

    feira de trabalho, cultura, cincia e tecnologia. Nela,

    os resultados das atividades de diagnstico e inter-

    veno (relacionadas s quatro dimenses) devem ser

    integrados. A mostra pode reunir os estudantes dos

    trs anos do ensino mdio para a exibio dos resul-

    tados dos trs projetos anuais, eventualmente reunidos

    e integrados pelas dimenses articuladoras (trabalho,

    cultura, cincia e tecnologia). Isso possibilitaria, desde

    o primeiro ano, uma aproximao sinttica entre o

    todo (sociedade) e as partes (escola e comunidade).

    Currculo varivel: cada estudante, em dia ou perodo

    distinto do previsto para as atividades curriculares,

    poder ampliar a carga horria de trabalho no grupo

    escolhido (trabalho, cultura, cincia ou tecnologia)

    ou participar de outros grupos, compondo um currculo

    individual varivel, superior durao mnima estabe-

    lecida pela escola. Essa possibilidade favorece tambm

    os estudantes do perodo noturno, especialmente os

    que no trabalham ou trabalham em tempo parcial.

    Atividades de monitoria: para promover atividades

    de nivelamento e de recuperao de estudos, um

    processo de monitoria pode reunir os fazeres tradicio-

    nalmente escolares do Ncleo. A monitoria poder

    ser exercida pelos prprios estudantes do ensino

    mdio ou por estagirios de cursos de licenciatura,

    ajudando a formao de novos professores. Quando

    realizada pelos prprios estudantes, a monitoria ser

    exercida no contraturno e poder ser considerada

    como atividade curricular e constituir o currculo

    varivel antes referido.

    IV.5 Metodologia de ensino e aprendizagem

    Geralmente, as diferentes propostas de integrao

    curricular interdisciplinaridade, contextualizao,

    transversalidade ou outras esto imbricadas com

    alternativas metodolgicas centradas na aprendizagem

    e na ao do estudante, mas distintas da forma di-

    dtica predominante no ensino brasileiro: a exposio

    magistral. Existe uma ntima afinidade entre a diviso

    disciplinar do currculo, a fragmentao curricular e

    as aulas, estas quase sempre so entendidas como

    um processo de transmisso (predominante oral) de

    contedos curriculares do professor para o estudante,

    do qual se espera um comportamento de ouvinte

    atento e disciplinado. A necessidade de superar esta

    postura metodolgica est presente em todas as

    normas recentes.

    Em consonncia com as normas, os prottipos

    partem de uma opo metodolgica fundamental.

    So valorizadas as formas didticas que privilegiam a

    atividade do estudante no desenvolvimento de suas

    capacidades e na construo do seu conhecimento.

    Os projetos e as atividades de investigao, de inter-

    veno ou de aprendizagem, com ampla participao

    ou protagonismo dos estudantes, so destacados

    como formas metodolgicas fundamentais para atingir

    os objetivos curriculares previstos. Em contraposio,

    a metodologia centrada na exposio do professor

    e na transmisso de contedos ou conhecimentos

    acabados e descontextualizados colocada em um

    segundo plano.

    Essa opo metodolgica parte de uma consta-

    tao fundamental: no possvel a preparao para

    a atuao no mundo do trabalho e para a prtica

    social sem o envolvimento e a atuao do educando

    em atividades de pesquisa, interveno ou aprendi-

    zagem que requeiram as capacidades e os conheci-

    mentos necessrios para tal atuao. A sequncia

    metodolgica aogreflexogao fundamentalna preparao para o mundo do trabalho e a pr-

    tica social. A atividade de aprendizagem deve permitir

    o ensaio, a reflexo constante sobre a ao e a expe-

    rimentao repetida.

    Assumida essa opo metodolgica, a convencional

    relao de contedos que constituem os currculos

    14

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    D

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 14

  • 15

    tradicionais ser substituda pela definio de atividades

    de aprendizagem que os requeiram, tanto no Ncleo

    quanto nas reas. No Ncleo, as atividades de inves-

    tigao e transformao esto ainda referenciadas

    s dimenses articuladoras. O quadro a seguir um

    excerto dos exemplos de atividades de pesquisa e

    transformao propostas para o Ncleo. Exemplifica

    a possibilidade de construo de um currculo inte-

    grado e em rede que tem como centro a atividade

    e o protagonismo do estudante.

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    PROJETOS Primeiro ano

    Escola e Moradia como Ambientes de Aprendizagem

    Dimensesarticuladoras

    Trabalho

    Cultura

    Cincia

    Levantar a ocupao dosfamiliares e dos estudantes e

    caracterizar a diviso eorganizao do trabalho

    que vivenciam.

    Desenvolver atividades de manuteno e

    preservao do patrimnio pblico (escola) e

    individual (residncias).

    Desenvolver programade preveno do uso

    de drogas e deDST/AIDS (escola e

    famlias).

    Segundo ano

    Ao Comunitria

    Levantar as caractersticase formas de organizao,relaes e condies detrabalho exixtentes na

    comunidade.

    Realizar uma feira de artes ede manifestaes culturais

    e esportivas da comunidade.

    Desenvolver atividades depreveno ambiental na

    comunidade.

    Terceiro ano

    Vida e Sociedade

    Fazer a anlise comparada de formas de organizao,

    relaes e condies detrabalho em diferentes

    pases.

    Criar ou participarem programas de arte

    e cultura emcomunidades virtuais

    nacionais e internacionais.

    Criar ou participarem programas ou

    comunidades virtuais deiniciao cientfica.

    TecnologiaPromover o aumento

    da eficincia energtica(escola e residncias).

    Criar um blog e umacomunidade de

    aprendizagem local.

    Criar programas juvenis de desenvolvimento

    tecnolgico ouparticipar deles.

    Exemplos de atividades de pesquisa e transformao propostas para o Ncleo

    TPROJE

    articulaDimen

    OST

    dorasnses

    endizagede Aprcomo Ambiente

    rade MoEscola

    o anoPrimeir

    E

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    dia A

    S

    Exemplos de ati

    unitriao ComSegundo ano

    ividades de pes

    ida e SociVo ceirerTTe

    squisa e

    iedadeano

    articula

    rabalT

    doras

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    que vivenciamorganizao do trabcaracterizar a divis

    es e dos estudfamiliarLevantar a ocupao

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    balhoso edantes eo dos

    ctrabaelar

    e formLevant

    ransformao p

    comunidade.alho exixtentes naes e condies de

    mas de organizao,ar as caractersticas

    propostas para

    pasestrabalho em delaes e conr

    de formas de orFazer a anlise c

    o Ncleo

    s.entesdifer

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    Cultu

    ura

    que vivenciam

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    eservao do patrimprde manuteno

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    .

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    e esportde man

    Realizar

    comunidade.

    tivas da comunidade.nifestaes culturais uma feira de artes e

    pases

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    e culturaogramaem pr

    Criar ou par

    s.

    nacionais.ers virtuaisa ems de arterticipar

    Cinc

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    famlias).DST/AIDS (escola

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    ogrDesenvolver pr

    a eeusorama

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    comunidade.no ambiental navolver atividades de

    iniciao ciecomunidades v

    ogramem prCriar ou par

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    ecnoloTTe

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    endizagem local.omunidade de

    e umablogr um

    participar dtecnolgic

    de desenvolvogramaCriar pr

    deles.co ouvimentoas juvenis

    Na dimenso trabalho, foram listadas apenas

    atividades de investigao e, nas demais dimenses,

    atividades de interveno/transformao. O prottipo

    fornece exemplos nos dois campos apenas como

    forma de estimular as escolas a criarem suas prprias

    atividades de pesquisa e interveno, ajustadas aos

    objetivos do Ncleo.

    O quadro a seguir apresenta excerto dos exemplos

    de objetivos e atividades de aprendizagem propostos

    pelas reas.

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 15

  • IV.6 A avaliao como mecanismo deintegrao curricular

    A avaliao educacional sugerida nos prottipos

    combina processos internos, contnuos e articulados

    com o projeto pedaggico de cada escola, com

    processos externos que envolvem parmetros mais

    amplos e indicadores nacionais ou internacionais e

    coadjuvante na integrao curricular.

    Algumas avaliaes externas j buscam incentivar

    a integrao curricular. Exemplo dessa busca pode

    ser visto na matriz de referncia para o novo Enem,

    em que, de um pequeno conjunto de eixos cognitivos

    comuns a todas as reas de conhecimento deriva

    uma srie de competncias e de habilidades espe-

    cficas de cada rea. No Enem, a avaliao externa

    busca reforar e assegurar a integrao curricular

    prevista nas Diretrizes Curriculares do Ensino Mdio.

    O uso do Enem, como referncia para a definio

    dos objetivos de aprendizagem dos prottipos,

    procurou aproveitar este efeito de integrao.

    Experincias recentes de ensino mdio integrado10

    tm mostrado que a avaliao interna pode tambm

    exercer um papel fundamental na integrao curricular.

    Isso acontece quando ela realizada em funo de

    objetivos de aprendizagem compartilhados e utiliza

    instrumentos, procedimentos e critrios comuns a

    todos os professores que exijam destes o consenso

    nas decises de atribuies de valor (nota) ou de

    progresso (passar de ano). Uma avaliao integrada

    permite constatar as diferenas de critrios de avaliao,

    obriga dilogo sobre o desempenho individual e

    coletivo dos estudantes e aponta para necessidades

    de aperfeioamento dos mecanismos de integrao

    e dos procedimentos de avaliao.

    Como atores fundamentais do processo de inte-

    grao curricular, os estudantes precisam participar,

    desde o incio das atividades escolares, da elaborao

    de um projeto comum de avaliao. Por meio de

    critrios e indicadores negociados desde o incio

    das atividades escolares, com base nos objetivos

    16

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    Projetos

    Objetivos de aprendizagem

    Primeiro ano

    Escola e Moradia como Ambientes de

    Aprendizagem

    Segundo ano

    Ao Comunitria

    Terceiro ano

    Vida e Sociedade

    Exemplos de atividades propostas para as reas

    Objetivo 24 de Linguagem Identificar os elementos que concorrem para a progresso

    temtica e para a organizao e estruturao de textos de diferentes gneros e tipos.

    Escreva uma crnica sobre um dia na sua escola, optandopor uma progresso temticaorganizada com base no tempo: chegada, as primeiras aulas, o lanche, a ltima aula, sada...

    Escreva uma crnica sobre sua cidade, organizando a

    progresso temtica com base nos diferentes espaos:

    as escolas, as ruas do comrcio, locais de lazer,

    igrejas, bares, etc.

    Escolha um editorial jornalstico e resuma em poucas palavras

    cada um dos estgios da progresso das ideias. Transcreva

    as palavras ou expresses que funcionam como marcas desse desenvolvimento.

    Objetivo 12.1 de Matemtica Avaliar e fazer previses em

    situaes prticas que utilizam Matemtica Financeira.

    Dispondo do dinheiro para comprar a vista, verificar se

    mais vantajoso comprar a prazo (e em quantas prestaes) e aplicar o dinheiro em algum

    tipo de aplicao.

    Levantar as taxas de juro de cheque especial praticadas pelos

    bancos da regio e elaborar um painel contendo, para cada banco, o valor de uma dvida de R$1.000,00 aps um ano.

    Fazer um levantamento dos diversos tipos de financiamento

    de casas oferecidos pela rede bancria e avaliar qual o

    mais vantajoso.

    Objetivo 4.9 de Cincias da Natureza Interpretar modelos e experimentos para explicar fenmenos ou processos em

    qualquer nvel de organizao dos sistemas biolgicos.

    Desafiar grupos de colegas a apresentar modelo elementar

    de difuso no espao e no tempo de um surto de gripe

    numa escola.

    Desenvolver hipteses e modelos elementares que

    procurem explicar a difuso no espao e no tempo de um surto de gripe num bairro e

    numa cidade.

    Estudar modelos de reproduo de microorganismos associados

    rapidez com que se podem propagar viroses e infeces

    bacterianas.

    Objetivo 30 de Cincias Humanas Identificar as principais causas, caractersticas e resultados dos

    movimentos de migrao e imigrao responsveis pelos

    processos de ocupao territorial.

    Elaborar painis com informaes sobre a origem

    geogrfica dos integrantes da escola, registrando dados

    sobre as principais caractersticas e ocorrncias de sua integrao cultural.

    Elaborar painis com informaessobre a origem geogrfica dos

    moradores da comunidade ondeest inserida a escola, registrando

    dados sobre as principais influncias recebidas e exercidas

    em sua integrao cultural.

    Produzir mapas temticos, registrando causas, caractersticas e resultados dos principais fluxos

    populacionais no Brasil e no mundo, a partir do sculo XVI, responsveis pelo processo de ocupao de nosso territrio.

    Projetos

    Escol

    Pr

    bi d Moradiala e

    o anoimeir

    A

    Segund

    o

    o ano

    ida eV

    o anoceirerTTe

    o

    aprOb

    econcorrIdentificObjetivo

    rendizagembjetivos de

    essoogrem para a prcar os elementos queo 24 de Linguagem

    Aprcomo A

    por uma prum dia na

    eva umEscr

    endizagemrAmbientes de

    Exemplos

    esso temticaogrrsua escola, optando

    e ma crnica sobr

    ComunA

    de atividades p

    esso temogrprcidade, orgaeva uma crnEscr

    itriao

    propostas para

    mtica com nizando a

    e suanica sobr E

    Sociedadeida eV

    as reas

    cada um dos estgiesuma em poucas e r

    Escolha um editorial jo

    ios da palavrasnalsticoor

    endifere estrut

    temticaeconcorr

    valiar AAvObjetivo

    os e tipos.ntes gnerturao de textos de e para a organizao

    essoogrem para a pr

    evises eme fazer pr12.1 de Matemtica

    sada...aulas, o lantempo: cheorganizadap p

    mais vantajcomprar a

    Dispondo

    nche, a ltima aula,egada, as primeiras a com base no

    g

    oso comprar a prazo vista, verificar se

    o parao do dinheir

    ejas, baigrcio, locacomr

    as escolas, aenbase nos difer

    gp

    egibancos da rcheque especial p

    Levantar as tax

    p

    es, etc.ar,ais de lazerr,

    as ruas dontes espaos: p

    o e elaborar praticadas pelos

    o dexas de jur

    d

    desse desenvolvimfuncionam como m

    essas palavras ou expresso das ideias. Togrr

    g

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    mento.cas mar

    ses queeva ranscrT

    ciamentonto dos

    Matesituaes

    e experieza Natur

    Objetiv

    emtica Financeira. s prticas que utilizam

    mentos para explicaretar modelos Interpr

    vo 4.9 de Cincias da

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    s

    de difusesentarapr

    Desafiar g

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    oso comprar a prazo

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    de R$1.000,00 abanco, o valor d

    um painel conteneg ba cos da

    em explicocurprmodelos elemeDesenvolver h

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    car a difuso es que entar

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    em sua integraecebidinfluncias r

    e adados sobrest inserida a esc

    ao cultural.cidasdas e exer

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    rm

    ocupao de nosso teocesponsveis pelo prr

    mundo, a partir do sc populacionais no Bra

    rritrio.cesso de culo XVI, sil e no

    10. O projeto da UNESCO incluiu um levantamento de experincias nacionais e internacionais de integrao curricular.

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 16

  • 17

    acordados, a autoavaliao da aprendizagem deve

    ser tambm adotada como prtica avaliativa eman-

    cipadora, combinada com avaliao pelos colegas

    e pelos docentes. Alm de apoiar a integrao

    curricular, esta combinao planejada de autoa-

    valiao com avaliao pelos colegas e pelos docentes

    amplia o potencial de desenvolvimento da autonomia

    dos estudantes, um dos objetivos fundamentais da

    educao em geral e do ensino mdio em especial.

    A avaliao da aprendizagem dos e pelos estu-

    dantes, a avaliao das atividades de ensino, a ava-

    liao da realizao do projeto pedaggico e a parti-

    cipao estudantil na avaliao sero umbilicalmente

    integradas, para que se reforcem mutuamente num

    crculo virtuoso de aprender e ensinar, na construo

    de uma comunidade efetiva de trabalho e aprendi-

    zagem. Uma avaliao deste tipo, acompanhando o

    Ncleo integrador e influindo decisivamente na ava-

    liao das reas e das disciplinas que as podem compor,

    ser a alavanca na induo e na fixao das estratgias

    de integrao curricular, alm de viabilizar o constante

    aperfeioamento do projeto pedaggico da escola e

    da qualidade educacional do ensino mdio realizado.

    V. Prottipo curricular de ensinomdio integrado (EMI)

    Por lei, a educao profissional tcnica de nvel

    mdio (educao profissional stricto sensu) uma alter-

    nativa a ser oferecida somente se for acompanhada

    da formao geral do educando ou posterior a ela.

    Dentre as formas de oferta da educao profissional

    tcnica, a forma integrada prevista como uma

    alternativa concomitante e subsequente. Em seu

    ltimo sentido e nas normas estabelecidas pela

    legislao educacional, a integrao formalmente

    caracterizada por uma matrcula nica no ensino

    mdio e na habilitao profissional. Para alm do

    formal, como afirma o Parecer CNE/CEB N 39/2004,

    importante deixar claro que, na adoo da forma

    integrada, o estabelecimento de ensino no estar

    ofertando dois cursos sua clientela. Trata-se de um

    nico curso, com projeto pedaggico nico, com

    proposta curricular nica e com matrcula nica.

    Com essa perspectiva, o estudo da UNESCO pro-

    duziu tambm um prottipo de currculo de EMI

    educao profissional. O prottipo de EMI utiliza

    como exemplo a habilitao de tcnico em Agroe-

    cologia. Simula uma durao de 3.200 horas, com

    quatro anos letivos e 800 horas anuais, atendendo

    aos requisitos mnimos definidos pelas normas espe-

    cficas. Por meio destas opes, as escolas ou os sis-

    temas de ensino podem fazer adaptaes, adotando

    duraes alternativas.

    Esse prottipo mantm os mesmos objetivos

    relacionados formao integral dos estudantes,

    garantindo o cumprimento do estabelecido pela

    legislao. Porm, eles so ampliados, na medida em

    que a educao profissional tambm contribui no

    desenvolvimento global do ser humano. Como no

    prottipo de EM, o prottipo de EMI toma o trabalho

    e a pesquisa como princpios educativos. Prope os

    mesmos mecanismos de integrao: o ncleo arti-

    culador; as reas de conhecimento; as dimenses

    articuladoras; a estruturao e a organizao do

    currculo; a metodologia; e a avaliao. Assim como

    os objetivos de aprendizagem, alguns destes meca-

    nismos de integrao so ampliados e ganham

    variaes, especialmente no Ncleo.

    V.1 Ncleo de preparao para o trabalho

    e demais prticas sociais

    O prottipo para o EMI tambm prope um

    ncleo articulador. Na sua denominao, quando

    comparado com o prottipo curricular de EM, a

    preparao para o trabalho perde a qualificao de

    bsica. Agora, denomina-se Ncleo de Preparao

    para o Trabalho e demais Prticas Sociais. Dessa

    forma, adiciona objetivos de aprendizagem desti-

    nados educao profissional de nvel tcnico aos

    de preparao bsica para o trabalho. Assim, em

    relao educao profissional e no Ncleo, o pro-

    ttipo de EMI envolve os seguintes objetivos:

    I os objetivos de aprendizagem de conheci-

    mentos, capacidades, atitudes e valores relacionados

    educao para o mundo do trabalho e para a

    prtica social, necessrios formao e ao desenvol-

    vimento profissional do cidado. Tais objetivos so

    equivalentes aos do prottipo de EM de formao

    geral e so perseguidos durante todos os anos de

    durao do EMI, em termos de preparao bsica

    para o trabalho e para a vida em sociedade;

    SRI

    ED

    ebat

    es E

    D

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 17

  • II os objetivos de aprendizagem para o domnio

    de tecnologias comuns aos tcnicos de nvel mdio,

    no mbito dos diferentes eixos tecnolgicos, e sinto-

    nizadas com o respectivo setor produtivo da habilitao

    tcnica, incluindo os fundamentos cientficos, sociais,

    organizacionais, econmicos, estticos e ticos que

    informam e aliceram estas tecnologias. Tais tecnologias

    constam do Catlogo Nacional de Cursos Tcnicos,

    complementadas por indicaes de levantamentos

    setoriais e ocupacionais. Especialmente em relao

    ao domnio das tecnologias prprias do eixo tecnol-

    gico, a busca destes objetivos de aprendizagem ser

    concentrada no terceiro ano do EMI, que privilegia a

    formao tecnolgica;

    III os objetivos de aprendizagem necessrios

    ao domnio de conhecimentos, habilidades, atitudes

    e valores necessrios ao exerccio especfico de cada

    habilitao profissional de tcnico de nvel mdio.

    Estes objetivos tm como referncia o perfil profissional

    do tcnico de nvel mdio. O perfil profissional defi-

    nido por meio daquele previsto no Catlogo Nacional

    dos Cursos Tcnicos, suplementado por estudos e

    pesquisas complementares. No quarto ano letivo,

    que privilegia a formao tcnica especfica, existe

    uma nfase na busca destes objetivos.

    Assim, a educao profissional concentra-se no

    Ncleo e est basicamente distribuda do geral para

    o particular pelos diferentes anos letivos. Ao concentrar

    os objetivos de aprendizagem mais diretamente

    relacionados educao profissional no Ncleo, o

    prottipo de EMI reafirma o trabalho e a pesquisa como

    princpios educativos e d centralidade educao

    profissional no processo de integrao curricular.

    Como no prottipo de EM, o Ncleo ocupar,

    pelo menos, 25% das horas do tempo previsto para

    os dois primeiros anos letivos. Assim como no de

    EM, ele ser operado por todos os professores das

    reas de conhecimento e por todos os estudantes

    matriculados no primeiro ou no segundo ano. Em

    todos os anos letivos, alunos e professores contaro

    com o apoio de um coordenador de curso (no caso

    do exemplo utilizado, um especialista em Agroeco-

    logia). No terceiro e quarto anos, o Ncleo ocupar

    50% do currculo. Nas mnimas 800 horas anuais,

    ter 400 horas de durao. Nestes anos, professores

    de educao geral e de educao profissional faro,

    em parceria, a mediao de projetos e oficinas do

    Ncleo.

    Tal como no de EM, o prottipo de EMI no Ncleo

    prev a ampliao gradativa do espao e da comple-

    xidade das alternativas de diagnstico (pesquisa) e

    de intervenes transformadoras (trabalho). Tambm,

    o Ncleo do EMI desenvolvido por meio de pro-

    jetos, mas estes so ampliados no processo de inte-

    grao com a educao profissional.

    O projeto do primeiro ano do EM Escola e Mo-

    radia como Ambientes de Aprendizagem foi mantido

    no EMI. As atividades podem variar para serem mais

    contextualizadas habilitao profissional pretendida.

    No caso do tcnico em Agroecologia, por exemplo,

    os estudos e as atividades em relao moradia

    podem ser ampliados para a propriedade rural,

    quando os alunos morarem no campo.

    O projeto do segundo ano Projeto de Ao

    Comunitria tambm foi mantido. Similarmente,

    ao praticado com a moradia, a comunidade pode

    ser abordada com olhar mais orientado pela formao

    tcnica visada. No caso do tcnico em Agroecologia,

    por exemplo, a zona rural do municpio e a agroin-

    dstria local podem ser alvo de pesquisas ou de ati-

    vidades de transformao.

    O projeto do terceiro ano do EM Projeto de

    Vida e Sociedade tambm mantido no EMI, mas

    sofre transformaes. Agora ele desenvolvido no

    terceiro e no quarto ano letivo. Isto permite que a

    elaborao do projeto acompanhe e se apoie no

    conhecimento da habilitao profissional escolhida.

    Complementarmente, as propostas de engajamento

    em aes de desenvolvimento social podem ser

    propostas por intermdio do engajamento profissional.

    Os horizontes a considerar continuam sendo os de

    curto, mdio ou longo prazo.

    Conjuntamente e com variadas possibilidades

    de conexes com o Projeto de Vida e Sociedade, um

    projeto relacionado ao eixo tecnolgico tambm

    articula o currculo do terceiro ano do EMI. No caso

    do tcnico de Agroecologia, este projeto foi denomi-

    nado Tornar uma rea Produtiva de Forma Sustentvel.

    Trata-se de planejamento, execuo e avaliao dos

    resultados do aproveitamento sustentvel dos recursos

    18

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    es E

    D

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  • 19

    naturais de um terreno experimental, envolvendo

    basicamente atividades de agricultura e pecuria.

    Tambm, conjuntamente com o Projeto de Vida e

    Sociedade, outro projeto articula o desenvolvimento

    da formao tcnica especfica no quarto ano. No

    caso do tcnico em Agroecologia, o projeto denomi-

    na-se Ao Agroecolgica Juvenil. Este projeto abrange

    atividades de pesquisa e transformao que buscam

    atender aos requisitos do desenvolvimento econmico,

    social e cultural sustentvel e que podem ser feitas

    em trs direes bsicas: das condies, das relaes

    e da organizao do trabalho; da criao de alternativas

    coletivas de gerao de trabalho e renda; e do empreen-

    dedorismo juvenil. O projeto aprofunda a perspectiva

    do protagonismo juvenil j presente no ensino mdio,

    incluindo a atuao do jovem na transformao de

    seu campo de trabalho concomitantemente ao seu

    processo de formao profissional.

    Se mudanas nos sistemas de ensino, de forma geral,

    e na escola, em particular, so fundamentais para

    efetivar uma aprendizagem de qualidade no ensino

    mdio, nada mais prprio que engajar os jovens na

    tarefa de repensar e transformar a sua organizao

    de trabalho e seu currculo. Esta participao pode

    ser preparatria para uma ao protagnica na comu-

    nidade mais imediata, promovendo aes de desen-

    volvimento local. Estes dois movimentos, j previstos

    no prottipo de EM, podem ser ensaios para o enfren-

    tamento do desafio maior de promover mudanas

    no prprio campo profissional, ao mesmo tempo em

    que perseguem os objetivos de aprendizagem rela-

    cionados com sua formao tcnica especfica.

    O Ncleo ainda inclui oficinas relacionadas

    formao tecnolgica (terceiro ano) ou formao

    tcnica (quarto ano) e aos projetos diretamente

    relacionados com estas formaes. Articuladas

    pelos projetos, as oficinas destinam-se ao domnio

    de tecnologias especficas e introduo ou ao apro-

    fundamento de conhecimentos, atitudes, habilidades

    e valores que esto previstos nos objetivos de apren-

    dizagem dos projetos.

    V.2 As reas de conhecimento

    O prottipo de EMI mantm as mesmas quatro

    reas de conhecimento previstas para o ensino

    mdio: (I) Linguagens, cdigos e suas tecnologias;

    (II) Matemtica e suas tecnologias; (III) Cincias da

    Natureza e suas tecnologias; (IV) Cincias Humanas e

    suas tecnologias.

    No EMI, as reas mantm os mesmos objetivos

    de aprendizagem do ensino mdio, os quais cumprem

    a mesma funo de integrao curricular. Como

    no ensino mdio, cada rea tem uma organizao

    diferente. Estruturalmente, a nica diferena reside

    no fato de que a mesma durao e os mesmos obje-

    tivos das reas se distribuem pelos quatros anos

    letivos do EMI.

    Como no prottipo de EM, os objetivos de apren-

    dizagem das reas e os projetos desenvolvidos no

    Ncleo sero as referncias para a definio das

    atividades de aprendizagem a serem propostas pelas

    reas. Em todos os anos letivos, como mais uma forma

    de integrar e contextualizar as reas de conhecimento,

    as atividades de aprendizagem podem ser relacionadas

    com a formao tcnica especfica. O quadro a seguir

    exemplifica esta possibilidade para o tcnico em

    Agroecologia:S

    RIE

    Deb

    ates

    ED

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 19

  • importante observar, no entanto, que nem todas

    as atividades de aprendizagem das reas esto

    relacionadas com a formao tcnica especfica.

    Esto previstas tambm atividades relacionadas

    vida cotidiana, ao exerccio da cidadania e aos

    objetivos de aprendizagem necessrios continui-

    dade de estudos, evitando-se uma instrumentalizao

    excessiva das reas.

    Tendo em vista facilitar a integrao entre o ensino

    mdio e o ensino mdio integrado, nos dois primeiros

    anos letivos, os objetivos de aprendizagem do Ncleo

    e das reas so os mesmos. Isto permite articular um

    conjunto de habilitaes a um ciclo comum, possibi-

    litando maior mobilidade entre elas e facilitando o

    ajuste da oferta de ensino mdio s diferentes neces-

    sidades da juventude e s flutuaes do mundo do

    trabalho.

    V.3 As dimenses articuladoras: trabalho,

    cultura, cincia e tecnologia (TCCT)

    No EMI, as dimenses do trabalho, da cultura, da

    cincia e da tecnologia tambm so assumidas como

    categorias articuladoras, pelo menos no que tange

    preparao bsica para o trabalho e demais prticas

    sociais, que se estende pelos quatro anos de durao

    do segundo prottipo.

    Em relao formao tcnica, no se prope

    uma forma especfica de organizar, por meio das

    dimenses articuladoras, as atividades de diagns-

    tico (pesquisa) e as atividades de transformao dos

    projetos do terceiro e do quarto anos. O diagnstico

    previsto como parte dos projetos orientado pelos

    objetivos de aprendizagem da formao tecnolgica

    e da formao tcnica especfica.

    V.4 Estrutura e organizao curricular do EMI

    O prottipo de EMI tambm insere uma sntese

    de estrutura curricular que pode ser usada como

    ponto de partida para o debate da equipe escolar na

    definio do currculo. A sntese de estrutura curricular

    est apresentada no quadro a seguir. Novamente,

    a durao dos componentes curriculares e a do curso

    como um todo so meramente ilustrativas.

    Como no prottipo de EM, os projetos do Ncleo

    e as quatro dimenses so as colunas verticais da

    rede curricular, em que as reas representam as linhas

    horizontais. O quadro mostra que os dois primeiros

    anos so similares aos do prottipo de EM. Como j

    foi afirmado, isto favorece a integrao e a transio

    entre o EM e o EMI. A durao em horas, os obje-

    tivos de preparao bsica para o trabalho e demais

    prticas sociais e os objetivos das reas so idnticos

    20

    SRI

    ED

    ebat

    es E

    D

    Objetivos da rea de Matemticae suas tecnologias

    Projetos

    Primeiro ano

    Escola e Moradiacomo Ambientes de

    Aprendizagem

    Exemplos de atividades propostas para a rea de Matemtica

    Segundo ano

    AoComunitria

    Terceiro ano

    Vida e SociedadeTornar uma rea

    Produtiva de FormaSustentvel

    Quarto ano

    Vida e Sociedade /Ao Agroecolgica

    Juvenil

    1 Expressar com clareza,

    oralmente, por escrito e

    utilizando diferentes

    registros, questionamentos,

    ideias, raciocnios,

    argumentos e concluses

    em situaes de resoluo

    de problemas, debates

    ou outras envolvendo

    temas ou procedimentos

    matemticos e estatsticos.

    Elaborar um

    manual simplifi-

    cado com as

    orientaes para

    o uso de algum

    insumo agrcola.

    A partir de uma

    matria de jornal

    local sobre

    agricultura, realizar

    a interpretao de

    informaes

    quantitativas e de

    grficos estatsticos

    e comparar com as

    concluses que

    aparecem no texto.

    Debater sobre a

    adequao do(s)

    grfico(s)

    divulgado(s).

    Elaborar um

    painel comparativo

    sobre os gastos

    decorrentes da

    utilizao de

    energia solar,

    eltrica ou outras

    na produo

    agrcola.

    Fazer uma planilha

    detalhada e com

    as devidas justifica-

    tivas a respeito dos

    custos envolvidos

    em uma horta, a

    fim de que os itens

    plantados possam

    suprir a demanda

    de uma dada

    populao.

    Projetos

    A bscola e E

    Primei

    bi dMoradiao anoir

    AoSegundo ano

    e SociedadidaV

    o anoceirerTTe

    de ida e SocV

    Quarto

    iedade /c

    o ano

    e s

    reaO

    uas tecnologiaa de MatemticObjetivos da

    end

    sca

    Aprcomo Amb

    Ex

    dizagembientes de

    emplos de ativ

    Comunitria

    vidades propost

    Sustentvel

    tas para a rea

    odutiva de ForPrear uma rnrTo

    rma Juve

    de Matemtica

    oeAo Agrea

    nil

    a

    ecolgica

    egistr

    ut

    ora

    1 E

    os, questionamentotr

    entestilizando difer

    almente, por escrito e

    ezaessar com clarExpr

    insumo aos,

    o uso de

    orienta

    cado c

    manual

    Elabor

    e

    a,

    agrcola.

    qu

    a in

    agr

    ma

    A

    e algum

    es para

    com as

    -simplifi

    rar um

    antitativas e de

    informaes

    etao denterpr

    ealizar ricultura, r

    elocal sobr

    nalatria de jor

    A partir de uma

    eltrica ou outra

    ,energia solarr,

    utilizao de

    entes dadecorr

    e os gastossobr

    painel comparativ

    Elaborar um

    as fim de que

    em uma h

    custos env

    esptivas a r

    as devidas

    detalhada

    Fazer uma

    s

    vo

    os itens

    horta, a

    volvidos

    peito dos

    -justifica

    a e com

    planilha

    ou

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    egistr

    u outras envolvendo

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    umentos e concluse

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    o

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    ficos estatsticos

    antitativas e de

    agrcola.

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    divulgado(s).

    grfico(s)

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 20

  • 21

    aos do prottipo de EM. Variam as atividades do

    Ncleo e das reas que, nos quatro anos, procuram

    ser mais articuladas com a formao tcnica espe-

    cfica, como foi demonstrado no quadro anterior.

    Os dois primeiros anos tm como foco a preparao

    bsica para o trabalho, que continuada por meio

    do Projeto de Vida e Sociedade no terceiro e quarto

    anos. Os projetos do terceiro e do quarto anos arti-

    culam, ainda, respectivamente, a formao tecnolgica

    e a formao tcnica.

    O prottipo EMI sugere uma forma de operao

    do currculo similar ao do EM, envolvendo a reviso

    anual do currculo e do projeto pedaggico; a semana

    de integrao; as semanas de diagnstico (pesquisa);

    a semana de planejamento das atividades de inter-

    veno; a execuo do projeto do Ncleo e das

    atividades de aprendizagem das reas; e a semana

    de apresentao dos resultados dos projetos. Prev

    tambm a mesma possibilidade de um currculo

    varivel e a incluso de atividades de monitoria.

    V.5 Metodologia e avaliao

    No prottipo de EMI, a metodologia e a avaliao

    cumprem o mesmo papel que exerciam no primeiro

    prottipo. Os projetos e as atividades de investigao,

    de interveno ou de aprendizagem, com ampla

    participao ou protagonismo dos estudantes, conti-

    nuam a ser as formas metodolgicas predominantes

    no desenho curricular. Novamente, a relao de

    contedos (ementas dos currculos tradicionais)

    substituda pela definio de atividades de aprendi-

    zagem, tanto no Ncleo quanto nas reas.

    Mantm-se, tambm, a mesma perspectiva de

    avaliao. avaliao interna e externa prope-se o

    mesmo papel na integrao curricular. No EMI, o perfil

    profissional de concluso e os critrios de desem-

    penho a ele associados fornecem um referencial comum

    de avaliao a todos os professores envolvidos. Como

    os alunos continuam sendo atores importantes do

    processo de avaliao, o perfil profissional tambm

    fundamental na negociao de critrios e indicadores

    de avaliao com os estudantes. O perfil profissional

    de concluso ainda referncia bsica no desenho e

    na utilizao de procedimentos e instrumentos de

    autoavaliao.

    SRI

    ED

    ebat

    es E

    D

    PROJETOS Primeiro ano

    Escola e Moradia como Ambientes de Aprendizagem

    Segundo ano

    Ao Comunitria

    Terceiro ano

    Vida e Sociedade

    Tornar uma rea Produtiva

    de Forma Sustentvel

    DIMENSES ARTICULADORASTRABALHO - CINCIA - CULTURA - TECNOLOGIA

    Componentescurriculares

    Ncleo de preparaopara o trabalho

    e demaisprticas sociais

    reas deconhecimento:

    LinguagensMatemtica

    Cincias HumanasCincias daNatureza

    Durao total

    200horas

    600horas

    800horas

    200horas

    600horas

    800horas

    400horas

    400horas

    800horas

    Quarto ano

    Vida e Sociedade

    AoAgroecolgica

    Juvenil

    400horas

    400horas

    800horas

    Duraototal

    1.200horas

    2.000horas

    3.200horas

    TPROJE OST o anoPrimeir Se

    gundo ano

    idV

    eTTe

    S i d d

    o anoceirer

    V

    id S i d dV

    Quarto ano

    curricuCompon

    AAM

    laresnentes

    endizagemAprAmbientes deMoradia como

    Escola eCo

    omunitriaAo

    de FormPanrTo

    ida V

    ma SustentvelodutivaPr

    arear uma

    e Sociedade V

    JuveniloecolgicaAgr

    oA

    ida e SociedadeV

    totalDurao

    prticas se dem

    para o traNcleo de pr

    sociaismaisabalhoeparaor

    horas200

    TRABALHO - CIN

    DIMENSE

    horas200

    TURA - TECNNCIA - CULLT

    ES ARTICULADO

    horas400

    NOLOGIA

    ORAS

    horas400

    horas1.200

    prticas s

    CinciaCincias H

    MatemLinguag

    conhecimeasr

    sociais

    as daumanasticagens

    mento: de

    horas600

    horas600

    horas400

    horas400

    horas2.000

    e

    Durao

    NaturCincia

    eza

    o total

    as da

    horas800

    horas800

    horas800

    horas800

    horas3.200

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 21

  • SRI

    ED

    ebat

    es E

    D

    VI. Condies para a implantaoda proposta

    As condies para o uso dos prottipos na orien-

    tao dos desenhos curriculares das escolas no

    diferem muito das condies previstas nas Diretrizes

    Curriculares Nacionais para a Educao Bsica (Reso-

    luo CNE/CEB 04/2010). Parte delas diz respeito

    formao continuada de educadores, e as outras

    referem-se s condies mais gerais.

    VI.1 Formao continuada dos educadores

    A formao dos docentes e demais educadores

    para a operao do currculo decorrente do prottipo

    deve ocorrer antes e ao longo de sua implantao. A

    escola dever garantir os espaos e as condies para

    isso. As trs primeiras etapas adiante relacionadas devem

    acontecer no semestre anterior ao incio da implantao.

    Todas elas so, ao mesmo tempo, etapas de educao

    continuada e de planejamento coletivo. prevista uma

    estratgia desdobrada em seis iniciativas essenciais:

    estudo, discusso e formulao de linhas e

    propostas gerais de adaptao do prottipo

    concepo pedaggica e situao concreta da

    escola, da rede ou do sistema de ensino;

    adaptao do prottipo ou reviso do projeto

    pedaggico da escola. o momento em que,

    decidido o uso da referncia curricular, so feitos

    os necessrios ajustes no prottipo ou no projeto

    pedaggico da escola;

    estudo e domnio das estratgias metodolgicas

    fundamentais para a operacionalizao do currculo

    decorrente do prottipo. Este um momento

    para formao sistemtica da equipe escolar para

    uso das estratgias metodolgicas;

    diagnstico e planejamento da implantao do

    projeto do primeiro ano do ensino mdio (Projeto

    Escola e Moradia como Ambientes de Aprendiza-

    gem) e desenvolvimento dos projetos do Ncleo

    nos demais anos. O estudo e o trabalho coletivo

    necessrio ao desenvolvimento destes projetos

    so educativos. A pesquisa e o trabalho tambm

    so princpios educativos na formao continuada

    dos educadores;

    implantao do currculo decorrente do prottipo,

    tomando-se a vivncia, as avaliaes e as refor-

    mulaes peridicas como instrumentos para a

    formao continuada em servio;

    avaliao contnua em processo, com sntese

    anual que orientar o planejamento do ano letivo

    seguinte, alm de estudos mais aprofundados

    sobre os modos de gesto escolar e a conduo

    do projeto pedaggico que tenham sido indicados

    pela experincia como estratgicos e necessrios.

    Sntese das demais condies de uso dos prot-

    tipos:

    adeso voluntria da rede de ensino mdio, que

    envolve o compromisso dos seus gestores com a

    garantia de condies locais adequadas para as

    escolas interessadas;

    adeso voluntria da escola interessada no formato

    curricular proposto: participao da escola por

    escolha consensual de seus gestores, docentes e

    equipe de apoio;

    no EM, criao do Ncleo articulador, com pelo

    menos 25% do tempo das aulas dos docentes

    dedicados a ele; nova organizao do horrio de

    aulas, do calendrio escolar e das formas de ava-

    liao; novos enfoques metodolgicos. Alm disso,

    no EMI, dupla docncia (um professor de formao

    geral e um professor de educao profissional)

    nas atividades do Ncleo relacionadas ao eixo

    tecnolgico e habilitao profissional;

    disposio do diretor ou dos gestores da escola

    para formas participativas de gesto, com diviso

    de responsabil idades e de autoridade com

    professores e com estudantes;

    participao efetiva dos estudantes na gesto do

    Ncleo e no planejamento curricular;

    docentes predominantemente em tempo integral,

    concursados e devidamente contratados para

    todas as reas de conhecimento, em quantidade

    suficiente para atendimento a todos os estudantes;

    infraestrutura adequada para funcionamento

    do EM e do EMI, com salas de aula que permitam

    atividades em grupos e laboratrios com o equipa-

    mento mnimo recomendado, espaos escolares

    e computadores com bom acesso internet.

    No EMI, laboratrios de prticas prprios ou

    conveniados;

    22

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 22

  • Situao atual

    Educao Superior Mercado detrabalho

    GSE TVET

    PE

    PE Educao primria GSE Educao secundria geral TVET Educao tcnico-profissional e treinamento

    Educao bsica Educao bsica

    Viso para o futuro

    GSE TVETCompetncias

    genricasessenciais

    PE

    Mercado detrabalho

    Educao Superior

    SRI

    ED

    ebat

    es E

    D

    23

    pessoal de apoio em quantidade suficiente para

    atender o total de estudantes matriculados;

    disponibilidade para compartilhar a experincia

    com outras escolas ou redes pblicas.

    Para uso dos prottipos, fundamental o compro-

    misso da Secretaria da Educao ou dos gestores

    da escola em fornecer apoio tcnico e administrativo

    e garantir as condies de uso do prottipo e a implan-

    tao do currculo decorrente, mediante garantias

    de permanncia das equipes locais, com dedicao

    exclusiva ou pelo menos concentrada nas escolas

    que usem o prottipo, para viabilizar sua concretizao

    adequada.

    VII. Concluso

    Ceclia Braslavsky, ao falar sobre as experincias

    de transformao do ensino mdio da Amrica Latina,

    assim se reporta:

    A educao secundria parece ser o nvel mais

    difcil de se transformar no mundo inteiro. Prepa-

    rada para receber jovens dos setores mdios e

    altos, comeou, j h algumas dcadas, a rece-

    ber jovens de todos os setores sociais. Por outro

    lado, sua proposta cultural e pedaggica segue,

    em importante medida, ancorada no sculo

    XIX. O diagnstico claro. As alternativas esto

    em construo.11

    No documento Reforma da educao secundria:

    rumo convergncia entre a aquisio de conheci-

    mento e o desenvolvimento de habilidade, traduzido

    e publicado pela Representao da UNESCO no Brasil

    (j citado), h um quadro que sintetiza a percepo

    das tendncias mundiais em relao s relaes entre

    educao geral e educao profissional:

    11 BRASLAVSKY, C. (Org.). Educao secundria: mudana ou imutabilidade? Braslia: UNESCO, 2002. Pargrafo final. Disponvel em:.

    Os prottipos aqui apresentados so caminhos

    alternativos e complementares para a construo

    mencionada por Braslavsky. Juntos, os dois prottipos

    correspondem exatamente viso de futuro repre-

    sentada na figura anterior. Os prottipos de currculo

    de EM e de EMI constituem mais uma contribuio

    da Representao da UNESCO do Brasil na construo

    do novo ensino mdio brasileiro.

    Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 23

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