Projeto Metodologia FINAL

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLÓGIA FARROUPILHA CÂMPUS ALEGRETE CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA METODOLOGIA DA PESQUISA VARIABILIDADE ESPACIAL DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO- HÍDRICAS EM ÁREA DE CULTIVO DE ARROZ PRÉ-GERMINADO Integrantes do grupo: Guilherme Costa João Antônio da Conceição Tiago Gonçalves Lopes ALEGRETE, 18 DE NOVEMBRO DE 2015.

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Modelo de projeto na disciplina de metodologia científica (apenas um modelo)

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLÓGIA FARROUPILHA – CÂMPUS ALEGRETE

CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA METODOLOGIA DA PESQUISA

VARIABILIDADE ESPACIAL DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-

HÍDRICAS EM ÁREA DE CULTIVO DE ARROZ PRÉ-GERMINADO

Integrantes do grupo: Guilherme Costa

João Antônio da Conceição Tiago Gonçalves Lopes

ALEGRETE, 18 DE NOVEMBRO DE 2015.

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RESUMO

O arroz é o terceiro cereal mais produzido no mundo, respondendo por um

percentual de 17,3% da produção entre os principais grãos na safra mundial de

2014/2015, totalizando uma produção de aproximadamente 475.467 mil toneladas.

Neste cenário, o sistema de cultivo pré-germinado consome mais água do que o

cultivo comum, pois demanda em torno de 1000 a 2000 m³ ha-1 de água para

realizar o preparo do solo. Normalmente as características próprias do solo em

áreas cultivadas com arroz pré-germinado são modificadas, pois com a

sistematização da área ocorrem mudanças nas características físicas do solo, tais

como: textura, densidade, densidade de partícula, porosidade total, profundidade da

camada impermeável e condutividade hidráulica saturada. O conhecimento dessas

características em uma área de cultivo é imprescindível para a utilização da técnica

de irrigação. Com a necessidade de se racionar a água, deve-se conhecer quais são

as quantidades reais de água utilizadas na agricultura, principalmente na cultura do

arroz irrigado, grande vilão no consumo de água. Neste contexto, o objetivo do

presente trabalho se concentra na determinação da variabilidade espacial das

características físico-hidricas em lavoura de arroz pré-germinado, visando a

aplicação real necessária de irrigação em distintos quadros contidos em área já

sistematizada com sistema de irrigação por inundação no município de Manoel

Viana - RS.

Palavras-chave: Agricultura de Precisão, Irrigação, Orizicultura.

1. INTRODUÇÃO

São cultivados no Brasil em torno de 1,3 milhões de hectares anuais com

arroz irrigado, dentre estes, cerca de 950 mil (73%) estão no RS. A orizicultura no

estado produz cerca de 50% da produção total nacional (EMBRAPA, 2005). O

cultivo é feito geralmente em solos de baixas altitudes (0-200 m). Solos localizados

em patamares mais altos ou em terras adjacentes às várzeas, de relevo suave

ondulado a plano, eventualmente também são usados com cultura do arroz irrigado.

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No Rio Grande do Sul esses solos são encontrados na região da Campanha e

Fronteira Oeste.

O sistema pré-germinado é definido por métodos de cultivo de arroz irrigado

adotados em áreas sistematizadas onde as sementes, já germinadas, são lançadas

em quadros nivelados e inundados. Este sistema ocupa 12% da área total de arroz

irrigado no estado (EMBRAPA, 2005). Tendo como vantagens nesta técnica, o

controle mais eficaz do arroz vermelho, pouca dependência do clima para o preparo

do solo e planejamento mais efetivo das atividades da lavoura. A sistematização da

área é um requisito essencial para efetivação do sistema, onde criam-se quadros

fixos, regulares e em geral de dimensões pequenas e bem niveladas, separando-os

e um ultimo momento com taipas permanentes.

Contudo, estudos realizados por MACHADO et al. (2006), avaliando o uso da

água para o sistema pré-germinado, estimam que um volume de aproximadamente

6.000 m³ ha-1 de água é consumido ao longo de todo o ciclo da cultura, sendo que

20% deste total é usado para a formação da lâmina de água. Levando a concluir que

a drenagem inicial causa uma perda de grande volume de água, sendo este, um

recurso limitante em algumas regiões produtoras, e um dos principais parâmetros na

composição do custo de produção, sendo imprescindível o reconhecimento dos

parâmetros físicos hídricos do solo, para uma aplicação eficiente da irrigação.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Determinar a variabilidade espacial das características físico-hídricas em

orizicultura pré-germinada, visando a real aplicação da irrigação em distintos

quadros contidos em área já sistematizada com sistema de irrigação por inundação

no município de Manoel Viana - RS.

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2.2 Objetivos específicos

Determinar os parâmetros físico-hídricos do solo (textura, densidade, densidade de partícula, porosidade total, profundidade da camada impermeável e condutividade hidráulica saturada);

Realizar a caracterização físico-hídrica de cada quadro de cultivo;

Gerar mapas com os volumes de água que deverão ser irrigados em

cada quadro da área em estudo;

Gerar e disponibilizar informação literária na área de ciências agrárias

e correlatas.

3. JUSTIFICATIVA

Considerando-se a história recente da irrigação, ao longo dos últimos tempos

as áreas de terra irrigadas vêm tendo um constante aumento, consequente da

demanda em produtividade na agricultura, impulsionada pelo grande crescimento da

população. Nesse contexto, a produção de culturas predominantemente irrigadas,

como o arroz, necessita de sistemas de gestão de água mais eficientes, levando em

conta que os recursos hídricos futuramente serão ainda mais reduzidos.

Em se tratando de nivelamento de áreas de plantio de arroz, especialmente

em sistema de plantio pré-germinado, já estão implantados no mercado sistemas de

nivelamento com alta tecnologia e melhor eficiência aplicadas na gestão dos

recursos hídricos, implicando em diversas outras vantagens propiciadas por estes

sistemas. Contudo, tanto na prática, quanto na literatura, ainda há carência de

estudos que explorem a aplicação da irrigação com precisão, levando em

consideração a variabilidade das características físico-hídricas do solo.

Neste contexto, torna-se necessário ampliar a divulgação de novas práticas e

ferramentas de agricultura de precisão, bem como, testá-las e avaliá-las quanto ao

seu desempenho, pois novidades comumente geram controvérsia, e a falta de

informação e pesquisas à cerca destas o tornam improdutíveis, ao passo que não é

explorado a fundo seu possível potencial de oferecer soluções convenientes,

relevantes e eficazes para a irrigação.

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4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Sistema de cultivo pré-germinado

O sistema pré-germinado de cultivo de arroz irrigado se posiciona como uma

alternativa aos demais sistemas utilizados por apresentar peculiaridades de manejo

e ainda proporcionar a obtenção de altas produtividades em áreas infestadas por

arroz vermelho e preto (MARCHEZAN et al, 2006). Das características do sistema

pré-germinado a inundação da área ocorre aproximadamente 20 dias antes da

semeadura e também a adoção da drenagem inicial da lavoura, cerca de três dias

após a realização da semeadura, para proporcionar o melhor estabelecimento inicial

às plântulas de arroz.

Avaliando a utilização de água, Machado et al. (2002), demonstraram que,

para os sistemas pré-germinado, mix de pré-germinado e transplante de mudas há,

por ocasião da formação da lâmina de água, um consumo ao redor de 1.300 m3 ha-

1, o que representa de 15 a 20% do volume consumido durante o ciclo da cultura. Já

Machado et al. (2006), para o sistema pré-germinados obtiveram volume de 6.216

m³ ha-1 para todo o ciclo da cultura, onde cerca de 20% deste total foi utilizado para

a formação da lâmina de água. Com isso, a drenagem inicial implica a perda de

considerável volume de água, sendo este recurso limitante em algumas regiões

produtoras e um dos principais itens na composição do custo de produção. Sendo

assim as possíveis diferenças que ocorrem no consumo de água fundamentam-se

pelas alterações nas características físicas e hidráulicas do solo nos sistemas pré -

germinado e transplante, nos quais, pela prática do preparo do solo na água, ocorre

a desestruturação da camada superficial, selamento dos poros e redução da taxa de

infiltração de água (KUKAL & AGGARWAL, 2002).

4.2 Sistematização do terreno

A sistematização consiste em nivelar um determinado terreno a um nível tal

que permita uma lamina de agua e, ou, apenas umidade uniforme de acordo com a

exigência da cultura. Para orizicultores gaúchos, consiste no nivelamento da

superfície do solo, em um plano pré-definido, utilizando o solo das cotas mais

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elevadas assim originando áreas de corte para aterrar os de cotas inferiores sendo

áreas de aterro. Segundo Filho et al. (2001), em razão dos atributos do solo a

variabilidade causa problemas em experimentação de campo, especialmente no

manejo da irrigação. Por essa razão, a caracterização da variabilidade espacial é

essencial para um entendimento melhor das inter-ralações entre atributos do solo e

manejo de irrigação.

4.3 Irrigação por superfície - Inundação

A irrigação por inundação, como o próprio nome informa, seria a aplicação de

água em uma cultura de forma a alagar a área de cultivo, exigindo a sua adequação

em bacias ou tabuleiros, principalmente na cultura do arroz. O tabuleiro ou bacia é

construído a partir de uma área nivelada em todas as direções, onde são levantados

nos seus limites diques ou taipas (paralelos ou em nível), de forma a armazenar a

água no seu interior, criando uma área inundada, e impedindo que ocorram perdas

por escoamento superficial. A partir da fonte de água disponível na propriedade, é

preciso bombeá-la até a parte mais alta do terreno, possibilitando que toda a

distribuição da água na área irrigada seja realizada por meio da gravidade.

Geralmente a água é liberada a partir de um canal situado na parte mais elevada do

campo utilizando estruturas hidráulicas como comportas de alvenaria ou madeira ou

ainda utilizando sifões ou tubulações. A lâmina de água move por gravidade para a

parte mais baixa conduzida pelos diques. Normalmente, os tabuleiros se

intercomunicam permitindo que o que estiver na parte mais alta alimente os demais

na parte mais baixa. Os tabuleiros recebem uma lamina de água, que fica retida no

seu interior e disponível para ser infiltrada. No manejo com lâmina intermitente,

essas lâminas de irrigação ficam acumuladas até serem infiltradas ou drenadas. A

quantidade de água exigida para o cultivo de arroz é o somatório da água

necessária para saturar o solo, formar uma lâmina, compensar a evapotranspiração

e repor as perdas por percolação vertical, as perdas laterais e dos canais de

irrigação. Esta quantidade depende, principalmente, das condições climáticas, do

manejo da cultura, das características físicas do solo, das dimensões e revestimento

dos canais, da duração do ciclo da cultivar, da localização da fonte e da

profundidade do lençol freático.

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4.4 Características Físico-Hídricas

O conhecimento de características físico-hídricas do solo como a capacidade

de retenção de água, densidade do solo e granulometria, dentre outras, é muito

importante na escolha do sistema de irrigação a ser utilizado, no cálculo da

quantidade de água a ser aplicada na irrigação, bem como sua frequência de

aplicação, tornando-se óbvio que o conhecimento da variabilidade destas

propriedades dentro da área a ser irrigada é de extrema importância. Nesse

contexto, o conhecimento da variabilidade espacial das características

correlacionadas com a disponibilidade de água do solo, é de fundamental

importância no manejo da irrigação, permitindo o zoneamento da área em glebas

que receberão manejo diferenciado (Souza et al., 1999).

4.5 Densidade do Solo

Entre os vários atributos do solo que interferem no manejo de irrigação e

crescimento vegetal, a densidade do solo pode ser considerada a principal, sendo

muito importante sua medição em projetos de irrigação e drenagem. A densidade do

solo é um atributo que é afetado pela estrutura do solo, grau de compactação,

manejo e tipos de culturas (AMÉRICO, 1979). A maioria das culturas é seriamente

afetada quando a densidade do solo ultrapassa 1,5 g cm-

3, essencialmente por duas razões: primeiro, pela falta de O2 para a respiração das

raízes, devido à baixa porosidade e má drenagem e, segundo, por impedimento

mecânico para o crescimento das raízes, limitando-se a zona de absorção de água e

nutrientes (SOUZA et al., 1997).

4.6 Densidade de Partícula

Define-se a densidade da partícula de um solo como sendo a relação

existente entre a massa de uma amostra de solo e o volume ocupado pelas suas

partículas sólidas. Assim sendo, a densidade real de uma amostra de solo é

calculada a partir da medida de duas quantidades: a massa de uma amostra e seu

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volume. Reichardt (1985), afirmou que a densidade de partículas é pouco

influenciada pelo manejo do solo e de acordo com (LIBARDI et al., 1996) sua

distribuição é assimétrica para uma mesma classe de solo.

4.7 Porosidade Total e Velocidade de Infiltração Básica

Segundo Reichardt & Timm (2004), a porosidade do solo está diretamente

dependente da densidade do solo. Essa também é afetada pelo nível de

compactação do solo, pois quanto maior a densidade, menor será o volume do

espaço poroso. A infiltração de água no solo é o processo de entrada de água

através da superfície do solo. A taxa de entrada de água no solo decresce com o

tempo em função do umedecimento do perfil assumindo um valor mínimo constante

denominado de velocidade de infiltração básica (VIB). A capacidade de infiltração é

uma propriedade do solo que representa a intensidade máxima que o solo, em dada

condição e tempo, podem absorver a água da chuva ou da irrigação aplicada a

determinada taxa. Durante uma chuva, parte da água pode infiltrar e parte pode

escorrer sobre a superfície do solo (LIBARDI, 1995). Bertoni & Neto (1990), afirmam

que quanto maior a velocidade de infiltração, menor a intensidade de enxurrada na

superfície, e consequentemente, menor a erosão do solo. Roth et al. (1985), relatam

que a determinação da infiltração é de fundamental importância, pois existe uma

relação direta entre erosão e infiltração de água no solo.

Existem vários fatores que condicionam o movimento da água no solo,

relatados como a porosidade, a densidade do solo, a cobertura do solo, a textura, a

umidade inicial, a matéria orgânica segundo (POTT, 2001). De acordo com Araújo

Filho & Ribeiro (1996), na elaboração de projetos de irrigação, a magnitude da

velocidade de infiltração básica serve de referência para a escolha dos métodos e

sistemas de irrigação a adotar, sendo, portanto, uma variável relevante para a

definição do manejo agrícola em sistemas irrigados.

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4.8 Condutividade Hidráulica

A condutividade hidráulica de um solo (em superfície e em profundidade) é

um parâmetro fundamental para se determinar ou se prever o funcionamento hídrico

dos diferentes tipos de coberturas. Estes resultados são importantes para as

avaliações de condições de recarga dos aquíferos, regularização de vazões de

cursos d'água superficiais, comportamento de plumas de contaminação e

determinação de lâminas de água em sistemas de irrigação. Apesar de a

condutividade hidráulica do solo saturado (Ks) ser uma propriedade de grande

variabilidade e amostral, dificultando a diferenciação entre manejos, ela tem sido

usada para caracterizar a qualidade estrutural do solo, sendo analisada juntamente

com outras propriedades físico-hídricas. Essa propriedade representa o volume de

um fluido que passa por um corpo sólido em um determinado tempo (LIBARDI,

2000). No caso do sistema solo, o fluido é a solução – tratada aqui simplesmente

como água do solo – e o corpo sólido são as partículas minerais e orgânicas.

Portanto, uma vez alterada a distribuição e o arranjo dos poros do solo, as

propriedades de condutividade hidráulica também variam (BAGARELLO, 1997).

4.9 Textura

A variação das características texturais do solo ocorrem em função do

ambiente de deposição de sedimentos, da vegetação, do relevo que regula o tempo

de exposição dos materiais à ação do intemperismo (YOUNG & HAMMER, 2000) e

principalmente do material de origem (CUNHA et al., 2005). A textura do solo

também pode variar em função da estratigrafia da área de estudo, por exemplo, a

variação textural do arenito do grupo Bauru (mais fino na base e grosseiro no topo),

é indicação da mudança do ambiente deposicional (MARQUES JUNIOR & LEPSCH,

2000). Gobin et al. (2001), afirmam que a distribuição espacial da textura no terreno

apresenta dependência espacial da direção e da intensidade dos fluxos de água,

que são dependentes das formas de relevo. Assim, em áreas de forma côncava

condicionam movimento das partículas na direção perpendicular ao sentido da

vertente, em segmento de forma convexa e de forma linear visualiza-se a inversão

dos movimentos na direção paralela ao sentido da vertente, conforme destaca Leão

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(2004). O entendimento do comportamento da granulometria do solo é importante

para se compreender a distribuição dos sedimentos, a dinâmica da água por entre

os espaços, bem como fatores essenciais na irrigação como capacidade de retenção

de água, entre outros. A textura é um atributo do solo que se modifica lentamente

com o passar dos anos, porém normalmente, em áreas onde ocorre a

sistematização do terreno, é possível observar essas diferenças, uma vez que o

material de aterro é provindo de outros locais distintos á área, modificando assim

sua classe textural.

4.10 Geoestatística

Vários estudos relatam que a variabilidade das propriedades físicas do solo

apresenta correlação ou dependência espacial (CARVALHO et al., 2002;

CARVALHO et al., 2003; SALVIANO, 2003; SOUZA et al., 2004a,b). A geoestatística

é a ferramenta utilizada para estudar a variabilidade espacial, pois possibilita a

interpretação dos resultados com base na estrutura da variabilidade natural das

características avaliadas, considerando a dependência espacial dentro do intervalo

de amostragem.

Os semivariogramas, gráficos que relacionam a semivariância de uma

variável qualquer com uma distância, apresentam três parâmetros importantes: o

efeito pepita (Co), o valor da semivariância para a distância zero, representa o

componente da variação ao acaso; o patamar (C+Co) é o valor da semivariância

onde a curva se estabiliza sobre um valor constante; e o alcance (a), a distância

máxima até onde ocorre dependência espacial (VIEIRA, 2000).

Após a seleção do semivariograma da variável em estudo, e havendo

dependência espacial, podem-se interpolar valores em qualquer posição da área

estudada, sem tendência e com variância mínima, por meio da técnica de krigagem

(VIEIRA, 2000). Com um modelo de dependência espacial de variáveis do solo, a

geoestatística possibilita a estimativa em pontos não amostrados, viabilizando o

mapeamento e o zoneamento da variável. Esse procedimento pode auxiliar na

melhor distribuição das parcelas e experimentos em campo, assim como o manejo

mais racional da água, de fertilizantes e de defensivos agrícolas. A utilização das

técnicas geoestatística permite detectar a existência da variabilidade e distribuição

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espacial das medidas estudadas constitui importante ferramenta na análise e

descrição detalhada da variabilidade das propriedades do solo (VIEIRA, 2000;

CARVALHO et al., 2002; VIEIRA et al., 2002). O conhecimento da variabilidade das

propriedades do solo e das culturas, no espaço e no tempo, é considerado,

atualmente, o princípio básico para o manejo preciso das áreas agrícolas, qualquer

que seja sua escala (GREGO & VIEIRA, 2005). Pois conhecendo as coordenadas

geográficas do ponto amostrado, podem-se analisar os dados, possibilitando,

segundo Vendrusculo (2001), representar a área com maior detalhamento.

5. HIPÓTESES

É possível aumentar a eficiência no uso da água para a cultura do arroz

irrigado em sistema de plantio pré-germinado, a produtividade da cultura, bem como

obter um maior e melhor aproveitamento dos recursos naturais, através da aplicação

de irrigação baseada em variabilidade das características físico-hídricas do solo.

6. METODOLOGIA

O trabalho será realizado em área já sistematizada e consolidada no

município de Manoel Viana - RS. Para a determinação da quantidade de água, será

utilizado um micromolinete no canal que conduz a água até a entrada da lavoura. A

cultura será semeada no mês de outubro de 2016. Para o georreferenciamento da

área será utilizado um GPS (Global Positioning System) e softwares específicos

para descarregamento dos dados.

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Figura 01 – Vista da área via satélite.

Fonte: Google Earth Pro (2015).

Primeiramente serão identificadas em cada quadro da área a profundidade da

camada impermeável e sua espessura, bem como as características do perfil do

solo. Será realizada a caracterização físico-hídrica de cada quadro através das

seguintes determinações: textura, densidade do solo, densidade de partícula,

porosidade total, profundidade da camada impermeável e condutividade hidráulica

saturada. Estas determinações serão realizadas em cada um dos quadros

analisados e os pontos de coleta das amostras serão georreferenciados em uma

planta da área. As amostras de solo deformadas e indeformadas serão submetidas á

analise em Laboratório de solos. Serão determinados os dados de evaporação diária

do local, coletando diariamente no site do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia

- http://www.inmet.gov.br). Além destes valores serão também coletadas

informações que permitam estimar a demanda evaporativa da atmosfera do local

tais como temperaturas máxima e mínima e umidade relativa do ar, velocidade do

vento. O tempo necessário para saturação do solo e formação da lâmina, bem como

o número de dias efetivamente irrigados no período de safra serão registrados. Para

tomada de medidas de lâmina de irrigação será formada na lavoura uma malha de

10 x 10m. No centro de cada quadro será realizada uma medida de lâmina. o

período de cultivo serão registrados o início e o final dos estádios de

desenvolvimento da cultura bem como os tratos culturais executados ao longo do

ciclo.

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Para o cálculo da determinação da necessidade hídrica de uma lavoura de

arroz serão determinados os seguintes volumes:

1) Volume necessário para saturação do solo (V1)

dsxha

mxxPCI

UUV

atualsaturação2

1 10000100

Onde:

saturaçãoU : umidade de saturação do solo (%);

atualU : umidade atual do solo (%);

PCI : profundidade da camada impermeável (m);

ds: densidade do solo.

A determinação da umidade de saturação será calculada pela fórmula:

dU

s

saturação

n

Onde n é a porosidade do solo, dada pela expressão:

dp

dsn 1

Onde dp é a densidade de partícula.

A umidade atual no início do período de safra será determinada através do

método gravimétrico com amostras coletadas no local um dia antes do início do

período irrigado.

2) Volume de água necessário para formar a lâmina na lavoura (V2)

ha

mxhV

2

2

10000

Onde:

h: altura da lâmina que será utilizada na lavoura (m).

3) Volume de água necessário para compensar as perdas por evaporação (V3)

ha

mxPIxheV

2

3

10000

Onde:

he: altura de lâmina evaporada (m/dia);

Page 14: Projeto Metodologia FINAL

PI: período de irrigação da cultura (dias).

4) Volume de água necessário para compensar as perdas por infiltração (V4)

O volume V4 (m3/ha) será determinado com base na Equação de Darcy, conforme a

equação:

ha

mx

ECI

hPCIxKV

2

4 10000

Onde:

K: coeficiente de permeabilidade do solo (m/s);

ECI = espessura da camada impermeável (m).

5) Volume de água necessário para atender a transpiração ou formação de MS (V5)

O volume de água necessário para atender a transpiração da cultura será

calculado com base na necessidade hídrica que a cultura do arroz demanda para

produção de 1kg de matéria seca (400l). Para tanto, será necessária a determinação

da produção de grãos da área e da produção total de matéria seca na parte aérea.

6) Cálculo do Volume Total (Dotação Líquida)

VT = V1 + V2 + V3 + V4 + V5

Os dados serão processados em uma planilha do Excel e assim determinado

o volume de água necessário para suprir as necessidades da cultura em cada um

dos quadros analisados. Logo após, os dados de cada quadro serão submetidos a

analise geoestatística, que será realizada através do software ArcGIS. Após este

processo serão gerados os mapas com os volumes de água determinado para cada

quadro em estudo da área.

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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v.21, p.367-372, 1997.

SOUSA, J.R. de, QUEIROZ, J.E., GHEYI, H.R. Variabilidade espacial de

características físico - hídricas e de água disponível em um solo aluvial no semiárido

paraibano. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande,

v.3, 140-144, 1999.

VIEIRA, S. R. Geoestatística em estudos de variabilidade espacial do solo. In:

NOVAIS, R. F., ALVAREZ V. V. H., SCHAEFER, C. E. G. R. (eds.). Tópicos em

Ciência do Solo. Viçosa: SBCS, 2000. p.1-54.

VENDRUSCULO, L.G. Desenvolvimento de um sistema computacional para análise

geoestatística. Campinas, 2001. 87f. Dissertação (Mestrado em Engenharia

Agrícola) – Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade de Campinas, 2001.

Page 17: Projeto Metodologia FINAL

8. CRONOGRAMA

2016

Descrição da Atividade M A I

J U N

J U L

A G O

S E T

O U T

N O V

D E Z

JAN

FEV

MAR

A B R

Estudo do problema, revisão bibliográfica e melhorias no projeto

X X

Planejamento das avaliações X

Preparo da área experimental X

Coletas de solo X

Análise de solo X

Preparo do solo X X

Semeadura X

Avaliações hídricas X X X X X

Avaliações culturais X X X X X

Análise estatística e interpretação dos resultados

X X

Redação de artigos científicos e periódicos

X X X

Registro de lições aprendidas e definição de metas

X

9. ORÇAMENTO

ITEM CUSTO (R$) Unidade - ha

CUSTO TOTAL (R$) 30 amostras - 0,3 ha

2 bolsistas (12 meses) - 9.600,00

Amostra georreferenciada 20,00 600,00

Elaboração de mapas (9 un.) 8,00 72,00

Condutividade hidráulica 60,00 1800,00

Densidade de partícula 15,00 450,00

Densidade do solo 8,00 240,00

Granulométrica 30,00 900,00

Porosidade total e efetiva 30,00 900,00

Retenção de água 40,00 1200,00

Umidade atual 15,00 450,00

Semente 192,60 58,00

Fertilizante 628,00 189,00

Agroquímico 547,92 165,00

Preparo do solo 126,64 38,00

TOTAL 1.711,16 16.662,00

O custeio com deslocamentos, bem como o empréstimo dos equipamentos,

ficarão a cargo das instituições de ensino Unipampa e IF Farroupilha.