Proposta de Política de Direitos Humanos

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Universidade de Brasília Conselho de Direitos Humanos Proposta de Política de Direitos Humanos Dezembro de 2018.

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UniversidadedeBrasíliaConselhodeDireitosHumanos

PropostadePolíticadeDireitosHumanos

Dezembrode2018.

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UniversidadedeBrasíliaConselhodeDireitosHumanos

PropostadePolíticadeDireitosHumanos

Documento apresentado à AdministraçãoSuperior da Universidade de Brasília, emsessão especial do Conselho de DireitosHumanos(CDHUnB),nodia10dedezembrode2018, como parte das celebrações pelos 70anos da Declaração Universal dos DireitosHumanos.

Dezembrode2018.

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Listadesiglaseabreviaturas

ASA AssessoriadeSustentabilidadeAmbiental

CAD ConselhodeAdministração

CAEP CentrodeAtendimentoeEstudosPsicológicos

CASQV CoordenadoriadeAtençãoàSaúdeQualidadedeVida

CCN CentrodeConvivênciaNegra

CDHUnB ConselhodeDireitosHumanosdaUniversidadedeBrasília

CEAM CentrodeEstudosAvançadosMultidisciplinares

CEDAW CommitteeontheEliminationofDiscriminationagainstWomen

CEPE ConselhoEnsino,PesquisaeExtensão

CODIM CoordenaçãodeMulheres

CODSEX CoordenaçãoLGBT+

COQUEI CoordenaçãoIndígena

COQUEN CoordenaçãoNegra

DAC DecanatodeAssuntosComunitários

DDS DiretoriadeDesenvolvimentoSocial

DEG DecanatodeGraduação

DGP DecanatodeGestãodePessoas

DIV DiretoriadaDiversidade

DNEDH DiretrizesNacionaisparaaEducaçãoemDireitosHumanos

DUDH DeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanos

ENEM ExameNacionaldoEnsinoMédio

FUNAI FundaçãoNacionaldoÍndio

HUB HospitalUniversitáriodeBrasília

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IFES InstituiçõesFederaisdeEnsinoSuperior

LABES-LIBRAS LaboratóriodeEscolarizaçãodeSurdoseLIBRAS

LDV LaboratóriodeApoioaoDeficienteVisual

LGBT+ Lésbicas,Gays,Bissexuais,TravestiseTransexuaiseoutros

LIBRAS LínguaBrasileiradeSinais

MJC MinistériodaJustiçaeCidadania

MEC MinistériodaEducação

MESPT MestradoProfissionalemSustentabilidadejuntoaPovoseTerritóriosTradicionais

NEPASD Núcleo de Estudos, Pesquisas e Atendimentos em Saúde Mental eDrogas

ODS ObjetivosdeDesenvolvimentoSustentável

OIT OrganizaçãoInternacionaldoTrabalho

ONU OrganizaçãodasNaçõesUnidas

PAS ProgramadeAvaliaçãoSeriada

PDI PlanodeDesenvolvimentoInstitucional

PET ProgramadeEducaçãoTutorial

PIBIC ProgramaInstitucionaldeBolsasdeIniciaçãoCientífica

PLS PlanodeLogísticaSustentável

PNAES ProgramaNacionaldeAssistênciaEstudantil

PNDH ProgramaNacionaldeDireitosHumanos

PNE PessoascomNecessidadesEspeciais

PNEDH PlanoNacionaldeEducaçãoemDireitosHumanos

PNPCT Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos eComunidadesTradicionais

PPGDH ProgramadePós-GraduaçãoemDireitosHumanoseCidadania

PPI Pretos,pardoseindígenas

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PPNE ProgramadeApoioàsPessoascomNecessidadesEspeciais

PRC PrefeituradoCampus

PROUNI ProgramaUniversidadeparaTodos

REUNI Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão dasUniversidadesFederais

SIC ServiçodeInformaçãoaoCidadão

SNII SistemaNacionaldeInformaçõeseIndicadoresCulturais

SOU ServiçodeOrientaçãoaoUniversitário

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Sumário

Introdução.......................................................................................................................7

1. Marcoslegaisepolíticos.......................................................................................10

2. OprotagonismodaUnBnocampodosdireitoshumanos:antecedentesinstitucionais..................................................................................................................17

3. Concepçãoeprincípiosnorteadores.....................................................................27

4.Eixos,objetivoseaçõesprogramáticas....................................................................30

4.1Transversalidadedosdireitoshumanosnoensino,napesquisa,naextensãoenagestão...............................................................................................................................................30

4.2Igualdade,diversidadeenãodiscriminação....................................................................33

4.3Participaçãoegestãodemocrática..................................................................................37

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Introdução

Os direitos humanos são frutos de um longo processo histórico e representam a

conquistadeumpatamarmínimoecomumdereconhecimentoedefesadadignidade

humana.ADeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanos(DUDH)-proclamadaem10de

dezembrode19481,aindasobosnefastosefeitosdopós-guerra2–estabeleceu,como

normaaseralcançadaportodosospovosenações,aproteçãodedireitoseliberdades

fundamentais, independentemente de raça, gênero, idade, de ciência, condições de

mobilidade, orientação sexual, identidade de gênero, nacionalidade, religião,

territorialidade, cultura ou qualquer outra condição. Nas décadas que se seguiram,

eventoseatoressociaisdiversos–sobretudo,osnovosmovimentossociais–ampliaram

oescopodosdireitoshumanos,demodoareconheceroutrosdireitoscivis,políticos,

econômicos,sociais,culturais,sexuaiseambientais.

Passados 70 anos, persistem, contudo, grandes desafios para o cumprimento da

promessadeigualdade,liberdade,solidariedadeepazconsignadapelaDUDH.Omundo

atravessanovamenteumacrise,quesecaracterizapelaescaladadaintolerância,das

desigualdades socioeconômicas, da degradação ambiental e da insegurança. Diante

dessequadro,maisquecelebraroaniversáriodaDeclaração,torna-sefundamentale

urgente reafirmar e exercitar os seus valores e diretrizes, como um dever das

instituiçõesdemocráticasemtodoomundo.

A Universidade de Brasília, sendo uma instituição educadora, comprometida com a

formaçãodecidadãoséticosecomaconstruçãodeumasociedademaisjusta,pautada

nosvaloresdademocraciaedapaz,temestadoengajadanadefesaepromoçãodos

direitoshumanos,desdeasuafundaçãoeconformeosideaisdeAnísioTeixeiraeDarcy

Ribeiro.Emboraseuprojetooriginaltenhasidointerrompidopeloregimemilitar(1964

– 1985), o ideal de uma universidade emancipatória animou a resistência da

comunidade universitária e permitiu a recondução da UnB às suas diretrizes

institucionaispróprias.

1 A Declaração Universal de Direitos Humanos foi proclamada pormeio da Resolução 217 (A) III, daAssembleiaGeraldasNaçõesUnidas,emParis.2ADUDHfoiproclamadatrêsanosapósofimdaSegundaGuerraMundial(1939-1945).

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Nosanosseguintesàredemocratizaçãobrasileira,aUnBprojetou-secomouniversidade

pioneira em iniciativas para ampliar o acesso à educação superior, a exemplo do

ProgramadeAvaliaçãoSeriada(PAS),em1995;daexpansãodaUniversidade,pormeio

da criação novos cursos (inclusive noturnos) e de campi em diferentes Regiões

AdministrativasdoDistritoFederal,apartirde2003;dosistemadereservadevagas

parapretosepardosedovestibularpara indígenas,apartirde2004.Emanosmais

recentes,ainstituiçãotambémavançounaformulaçãoeimplementaçãodeiniciativas

(políticas,programaseprojetos)deatençãoàdiversidade,visandoàuniversalizaçãodos

direitoshumanos,aoladodepolíticassocioambientais,alinhadascomosObjetivosde

DesenvolvimentoSustentável(ODS)paraomilênio3.

Destaca-se, no rol dessas iniciativas recentes, a criação do Conselho de Direitos

HumanosdaUnB(CDHUnB)4em2017,comofórumpermanentedepromoçãoedefesa

dos direitos humanos, bem como de discussão, acompanhamento e avaliação de

iniciativasrelacionadasaotemanaUniversidade.Odocumentoqueoraseapresentaé

resultadodosesforçosdoCDHUnBaolongode2018evisarecomendaraadoçãode

umapolíticainstitucionalemdireitoshumanos,coroandoocompromissohistóricoda

Universidade de Brasília com a construção de uma educação pública, democrática,

inclusivaedequalidade.

O presente documento encontra-se organizado em quatro seções, destinadas a

apresentar:

a) marcoslegaisepolíticosqueamparamaproposiçãodeumapolíticainstitucional

emdireitoshumanosnoâmbitodaUniversidade;

b) antecedentes da instituição, em termos de iniciativas de ensino, pesquisa,

extensãoegestãorelacionados;

c) concepção e princípios norteadores para uma política de transversalização e

fortalecimentodadefesaepromoçãodosdireitoshumanosnaUnB;

d) proposiçãodeeixos,objetivoseaçõesprogramáticascomessefim.

3OsODSreferem-sea17objetivosglobaisestabelecidospelaAssembleiaGeraldasNaçõesUnidasem2015, por meio da Resolução 70/1 "Transformando o nosso mundo: a Agenda 2030 para oDesenvolvimento Sustentável" ou apenas Agenda 2030, que abrange questões relativas aodesenvolvimentosocialeeconômicoeaomeioambiente.4AtodaReitoriano1.114/2017de4deagostode2017.

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Deacordocomestaproposta,apolíticabasear-se-áemtrêsgrandeseixos:

a) transversalidadedosdireitoshumanosnoensino,napesquisa,naextensãoena

gestão;

b) igualdade,diversidadeenãodiscriminação;

c) participaçãoegestãodemocrática.

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1. Marcoslegaisepolíticos

ADeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanosaprovadaporunanimidadepelospaíses

membrosdaOrganizaçãodasNaçõesUnidas(ONU),em1948,suscitouumimportante

processo de produção demecanismos voltados à defesa e à promoção dos direitos

humanos.EmboraaDUDHsejaumaresoluçãodaAssembleiaGeraldasNaçõesUnidas,

enãoumtratadointernacional,muitosjuristasconferemàDeclaraçãoaforçadodireito

internacionalpúblicoparaconstrangerosEstados-naçõessignatáriosaocumprimento

de suas diretrizes. Também nas décadas seguintes à sua proclamação, outros

instrumentos-entredeclarações,convenções,corteseconferências-seestabeleceram

emdiversasesferasinternacionais,ampliandooescopoeasformasdemonitoramento,

defesaepromoçãodosdireitoshumanos.

O Brasil é signatário de grande parte desses instrumentos, tendo assumido o

compromissodeorientarseuordenamentojurídicopelosprincípiosevocadosemtais

documentos-devendo,portanto,respeitarassuasdeterminações.

Tabela1–InstrumentosinternacionaisrelativosaosdireitoshumanosemqueoBrasil

ésignatário

INSTRUMENTO APROVAÇÃO RATIFICAÇÃO/SUBSCRIÇÃO

DeclaraçãoUniversaldeDireitosHumanos 1948 1948Convenção Internacional sobre a Eliminação deTodasasFormasdeDiscriminaçãoRacial

1965 1968

PactoInternacionaldeDireitosCivisePolíticos 1966 1992PactoInternacionaldeDireitosEconômicos,SociaiseCulturais

1966 1992

ConvençãoAmericanadeDireitosHumanos(PactoSanJosédaCostaRica)

1969 1992

ConvençãosobreaEliminaçãodeTodasasFormasdeDiscriminaçãocontraaMulher

1979 1984/19945

Convenção contraaTorturaeoutrosTratamentosouPenasCruéis,DesumanosouDegradantes

1984 1989

Convenção Internacional sobre os Direitos daCriança

1989 1990

Convenção sobre os Povos Indígenas e Tribais(Convenção169daOIT)

1989 1993

5Convençãoassinadacomressalvas,em1984,naparterelativoaodireitodafamília.Em1994,oBrasilsuspendeuasressalvaseratificouplenamenteaconvenção.

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Programa de Ação da Conferência Mundial sobreDireitosHumanos(Viena)

1993 1993

Declaração de Eliminação de Violência contra aMulher

1993 1993

Plano de Ação da Conferência Internacional sobrePopulaçãoeDesenvolvimento(Cairo)

1994 1994

ProtocoloFacultativodoComitêparaaEliminaçãodaDiscriminaçãocontraaMulher(CEDAW)6

1999 2002

DeclaraçãoeProgramadeAçãocontraoRacismo,aDiscriminação Racial, a Xenofobia e FormasCorrelatasdeIntolerância(DeclaraçãodeDurban)

2001 2001

Programa Mundial de Educação em DireitosHumanos

2005 2005

Convenção sobre a Proteção e Promoção daDiversidadedasExpressõesCulturais

2005 2007

Convenção Internacional sobre os Direitos dasPessoascomDeficiência

2006 2009

ObjetivosdeDesenvolvimentoSustentável(ODS) 2015 2015

Apósumlongoperíodosobregimemilitar,marcadoporgravesviolaçõesdedireitose

liberdadesfundamentais,aConstituiçãoFederalde1988instituiu,noBrasil,oEstado

DemocráticodeDireito,incluindoentreosseusfundamentosacidadaniaeadignidade

dapessoahumana.Estabeleceuainda,comoobjetivoprimordial,aconstruçãodeuma

sociedade livre, justa e solidária, além de comprometer-se com o desenvolvimento

nacional,aerradicaçãodapobreza,areduçãodasdesigualdadessociaiseregionaisea

promoçãodobem-estardetodos,sempreconceitosoudiscriminaçãodequalquertipo.

No plano infraconstitucional, na medida em que se aprofundava o processo de

redemocratização do país e tendo em vista a força do caráter compromissório da

Constituição Federal, diversos dispositivos jurídicos em favor dos direitos humanos

foramsendoelaboradoseimplementadosaolongodasúltimasdécadas,dentreosquais

figuramleis,estatutos,decretos,diretrizeseresoluções,merecendodestaqueaquias

seguintes:

a) Leino9.394/1996,aLeideDiretrizeseBasesdaEducaçãoNacional;

6ProtocoloresultantedaConferênciadeBeijingehabilitaoComitêparaaEliminaçãodaDiscriminaçãocontraaMulhernaONUareceberdenúnciasdeviolaçõesdosdireitosdasmulheres.

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b) Leino9.474/1997,quedefinemecanismosparaa implementaçãodoEstatuto

dosRefugiadosde1951;

c) Leino9.795/1999,estabeleceaPolíticaNacionaldeEducaçãoAmbiental;

d) Lei no 10.639/2003, que instaura a obrigatoriedade do ensino de História e

Cultura Afro-brasileiras e Africanas nas escolas públicas e privadas do ensino

fundamentalemédio;

e) Leino11.096/2005,estabeleceoProgramaUniversidadeparaTodos(PROUNI);

f) Leino11.340/2006,aLeiMariadaPenhaparaenfrentamentodaviolênciacontra

amulher;

g) Leino11.645/2008,determinaainclusãonocurrículooficialdarededeensinoa

obrigatoriedadedatemática“HistóriaeCulturaAfro-BrasileiraeIndígena”;

h) Leino12.288/2010,oEstatutodaIgualdadeRacial;

i) Leino12.343/2010,queinstituioPlanoNacionaldeCulturaeoSistemaNacional

deInformaçõeseIndicadoresCulturais(SNII)–relacionada,portanto,aodireito

àculturaeaolazer;

j) Lei no 12.527/2011 que regulamenta o direito constitucional de acesso às

informaçõespúblicas;

k) Leino12.711/2012,conhecidacomoaLeideCotas,dispõesobreoingressonas

universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível

médio;

l) Lei no 13.104/2015, a Lei do Feminícidio, incluindo-o como modalidade de

homicídioqualificadoe,portanto,crimehediondo;

m) Leino13.146/2015,oEstatutodaPessoaPortadoradeDeficiência;

n) Decreto no 6.040/2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento

SustentáveldePovoseComunidadesTradicionais(PNPCT);

o) Decretono8.727/2016quedispõesobreousodenomesocialereconhecimento

da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da

administraçãopúblicafederaldireta,autárquicaefundacional.

Aefetivaçãodosdireitosprevistosemtratadoseleisexigiram,porsuavez,aformulação

e implementaçãodeprogramasepolíticaspúblicas,paratransformarprescriçõesem

ações. Nesse sentido, destacam-se, no Brasil, os Programas Nacionais de Direitos

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Humanos(PNDH) I, IIe III, lançadosrespectivamentenosanosde1996,2002e2009

paraorientarasaçõesgovernamentaisnessecampo,aoladodeumgrandenúmerode

outras políticas setoriais (de educação, equidade de gênero, igualdade racial, meio

ambiente,reformaagrária,saúde,dentreoutras)relacionadasàpromoçãoedefesade

direitoshumanos.Essesnovosmecanismos, resultantesdamobilizaçãodasociedade

civil, foram fundamentais para constituir, afinal, um sistema nacional de direitos

humanos. Para os fins deste documento, cabe focalizar alguns dos mecanismos

instituídosespecificamentenosetordaeducação,emespecialaquelesafetosaoensino

superior.

ConformeprevêaConstituiçãoFederalemseuart.207:“AsUniversidadesgozamde

autonomiadidática-pedagógica,científica,administrativa,financeiraepatrimonialdas

instituições de ensino superior, as quais devem ser pautadas no princípio da

indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. As universidades públicas

federaisgozam,portanto,daprerrogativadedefiniremformasprópriasdeimplementar

uma educação democrática e cidadã. Do mesmo modo, e em consonância com os

princípios constitucionais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei no

9.394/1996),emseuart.2o,estabelecequeaeducaçãobrasileiradeveser“inspirada

nosprincípiosdeliberdadeenosideaisdesolidariedadehumana”.

OPlanoNacionaldeEducaçãoemDireitosHumanos(PNEDH), lançadooriginalmente

em2003efinalizadoem2006,easDiretrizesNacionaisparaaEducaçãoemDireitos

Humanos (DNEDH), homologadas em 2012, representaram avanços necessários na

materialização dos princípios enunciados pela Constituição de 1988. Afinal, se a

educaçãoéumdireitoemsimesmo,é tambémmeio indispensávelparaoacessoa

outros direitos, namedida emque forma sujeitos para o exercício cidadão, ou seja,

sujeitosdedireitos7eprotagonistasemprocessosdetransformaçãosocial.

São princípios da Educação em Direitos Humanos, segundo a DNEDH: a) dignidade

humana;b)igualdadededireitos–demodoarealizarajustiçasocial;c)reconhecimento

7Aqueleaquemalei–emsentidoamplo–atribuidireitoseobrigações.

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e valorizaçãodediferenças ediversidades; d) laicidadedoEstado; e) democraciana

educação e no ensino; f) transformação social; g) interdisciplinaridade; h)

sustentabilidade socioambiental. Às instituições de ensino superior cabe integrar de

formatransversalosdireitoshumanosnosprojetospolítico-pedagógicosecurrículos,

emdisciplinasobrigatóriaseoptativas,linhasdepesquisaeáreasdeconcentraçãode

cursos de graduação e pós-graduação, bem como na atualização/capacitação de

professora(e)sedemaisprofissionaisquecompõemesseambientedeaprendizagem

social. Também o Plano Nacional de Extensão Universitária (1999) enfatiza o

compromissodasuniversidadespúblicas comapromoçãodosdireitoshumanospor

meiodeprogramaseprojetosqueserealizamemdiálogocomasociedadeemfavorda

transformaçãosocial.

Tais diretrizes são reforçadas pelo PactoUniversitário pela Promoção do Respeito à

Diversidade,daCulturadaPazedosDireitosHumanos,iniciativaconjuntadoMinistério

daEducação(MEC)edoMinistériodaJustiçaeCidadania(MJC),estabelecidaapartir

de2016,comoobjetivodesuperaraviolência,opreconceitoeadiscriminação,eapoiar

atividadeseducativasdepromoçãoedefesadosdireitoshumanosnasinstituiçõesde

ensinosuperior.

Vale destacar que o processo de democratização do acesso ao ensino superior,

dinamizado pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das

Universidades Federais (REUNI), a partir de 2007, transformou substantivamente as

universidadespúblicasbrasileiras.OREUNIpermitiuacriaçãode14novasuniversidades

federaisemaisde100novoscampiemtodasasregiõesdopaís.Tambémfavoreceua

diversificaçãodasformasdeingressonosprocessosseletivosdasuniversidades,coma

adoçãodanotadoExameNacionaldoEnsinoMédio(ENEM),aimplantaçãodereservas

de vagasparapretos, pardose indígenas (PPI), conhecidas comocotas raciais e, em

seguida,comaLei12.7112014,cotassociais.Essasmedidaspromoveramaampliação

da presença de mulheres, indígenas, negra(o)s, pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais,

TravestiseTransexuaiseoutros(LBGT+),estudantesdasclassespopularesedepessoas

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comdeficiência8,tornandoasInstituiçõesFederaisdeEnsinoSuperior(IFES)maisplurais

edemocráticasquehá20anosatrás.

Contudo, apesar dos esforços empreendidos, a democratizaçãodo acesso ao ensino

superiornãoésuficienteparaprotegerepromoverosdireitoshumanosaessessujeitos.

Porisso,acompanhandoaexpansãodoacesso,torna-senecessáriopropiciarcondições

para que a(o)s estudantes – especialmente aquela(e)s em vulnerabilidade

socioeconômica-permaneçameconcluamosestudos.Comesseobjetivofoicriadoo

Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), por meio do Decreto no

7234/2010, para viabilizar a igualdade de oportunidades entre a(o)s estudantes e

contribuirparaamelhoriadodesempenhoacadêmico,pormeiodeaçõesquepossam

combater situaçõesde repetênciaeevasão.Nãoobstanteos recursosdisponíveis se

mostrem insuficientes face à demanda, o PNAES tem sido uma política pública

fundamentalparaquemilharesdeestudantesdebaixarendanoBrasiltenhamacesso

aodireitofundamentalàeducação,emnívelsuperior.

Além da assistência material (transporte, alimentação, material didático etc.)

proporcionada pelo PNAES a essa(e)s estudantes, é fundamental garantir-lhes uma

educaçãoinspiradapelopluralismoculturaleepistêmico,referenciadapelosideaisde

justiçaeequidade,orientadapeloconvíviohumanizadoerespeitosocomasdiferenças.

Afinal, mesmo que a educação seja um direito fundamental que promove justiça,

igualdade social e o acesso a outros direitos, os espaços formativos são por vezes

reprodutoresdehierarquizaçõeseviolênciasemrazãodasdiferençasqueconstituema

sociedadebrasileira.Os preconceitos e discriminações negativas operados emnossa

sociedadetampoucosãoreproduzidosapenasnocontextodesaladeaula;estendem-

se a outros espaços e atingem todos os segmentos da comunidade universitária -

estudantes, docentes, técnica(o)s-administrativa(o)s e terceirizada(o)s. Logo, a

democratizaçãonoensinosuperiorsóseconcretizaplenamentequandoosespaçosde

formaçãoestimulamrelaçõesrespeitosasehumanizadasequandocombatem,pormeio

de medidas pedagógicas, toda forma de discriminação e exclusão. Uma política de

direitos humanos no contexto de uma universidade pública brasileira deve estar,

8 A categoria “pessoa com deficiência” aqui abrange pessoas com deficiência, transtornos globais dodesenvolvimentoe/oualtashabilidades/superdotação.

Page 16: Proposta de Política de Direitos Humanos

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portanto,aserviçodessaperspectiva,cientedosdesafiospresentesparaaconsolidação

deumasociedademaisjustaedemocrática.

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2. O protagonismo da UnB no campo dos direitos humanos: antecedentesinstitucionais

AUniversidadedeBrasílianasceu como compromissode formar cidadãos críticose

engajadosnatransformaçãosocial,reconhecendoadiversidadebrasileira(sociocultural

eambiental)comosuamaiorriquezaepotencialidade.

O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), para os anos de 2017 e 2022, da

UniversidadedeBrasília,defineasuamissãocomo:

Serumauniversidadeinovadoraeinclusiva,comprometidacomas finalidades essenciais de ensino, pesquisa e extensão,integradas para a formação de cidadãs e cidadãos éticos equalificados para o exercício profissional e empenhados nabusca de soluções democráticas para questões nacionais einternacionais,pormeiodeatuaçãodeexcelência.

O cumprimento dessamissão é orientado pelo exercício de valores partilhados pela

comunidade universitária e estabelecidos e legitimados ao longo da história da

UniversidadedeBrasília,asaber:

a) dignidade,aigualdadeealiberdadedetodasaspessoashumanas;

b) ciência, como formade conhecimento confiável ao ladodeoutras formasde

saberes;

c) diálogoemtermosdeigualdadecomessasoutrasformasdesaberes;

d) tolerânciaeacompreensãoparacomasmaisdiversasformasdemanifestação

depensamentoedecrença;

e) democracia como formadeorganizaçãopolítica da sociedade emgeral, e da

Universidade,emparticular.

Desde a sua fundação, a UnB vem experimentando um contínuo alargamento dos

mecanismosdedefesaepromoçãodosdireitoshumanos.Coerentecomseuhistórico

protagonismonaspautasurgentesdopaís,foipioneiranaimplementaçãodepolíticas

de inclusão de estudantes negra(o)s, indígenas e de classes populares no ensino

superior,naadoçãodemedidasvisandogarantirascondiçõesmateriaisdepermanência

paraestudantesemsituaçãodevulnerabilidadesocioeconômica,enoestabelecimento

depráticasdeacolhimentodadiversidade,particularmentedepessoasLésbicas,Gays,

Bissexuais,TravestiseTransexuaiseoutros(LGBT+)epessoascomdeficiência.

Page 18: Proposta de Política de Direitos Humanos

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DentreaspráticasquevigoramnaUnBatualmentecumpredestacar:

a) Reservadevagasparapretosepardoseascotassociais

O Estado brasileiro assumiu o compromisso de superar o racismo, estabelecendo

legislação, estruturas e políticas de ações afirmativas para o seu enfrentamento, a

exemplodoPROUNI,doEstatutodaIgualdadeRacial,daimplementaçãodereservade

vagasparapretosepardosedascotassociaisque,emconjuntocomoutraspolíticasde

democratizaçãodoacessoaoensinosuperior-comooExameNacionaldoEnsinoMédio

(ENEM)eoProgramaAvaliadaSeriada(PAS)-,têmsidofundamentaisparagarantire

ampliar a entrada de estudantes negra(o)s, provenientes das escolas públicas e das

classespopulares.AUnBnãosó foiaprimeirauniversidade federala implementara

política de cotas, como foi o nascedouro da ideia-força e do movimento político-

epistêmico que conferiu concretude a essamedida de reparação histórica. Adotada

incialmente, em 2004, com o percentual de 20% de todas as vagas oferecidas pela

Universidade,hojeareservadevagasparapretosepardosrepresentam5%dascotas

sociaisque somam20%do totaldevagasdaUnB.A reservadevagasparapretose

pardosalavancouoestabelecimentodascotassociais,nuncaantesimplantadas,ainda

quefossemhistoricamentenecessárias.

b) Vestibularindígena

Ovestibularespecíficoparaindígenaséumimportanteinstrumentoquetemgarantido

eampliadoapresençadessessujeitosnaUnB.Aseleçãodiferenciadateve inicioem

2004,pormeiodeumConvêniofirmadoentreaFundaçãoNacionaldoÍndio(FUNAI)e

aUnB-tendo,desdeentão,passadoporumasériedereformulaçõeseaprimoramentos.

Visandogarantiraparticipaçãodeindígenasdasdiversasregiõesdopaís,asavaliações

e entrevistas são realizadas nas próprias comunidades de origemda(o)s estudantes.

CumpredestacaropapeldesempenhadoporindígenasquejásãoestudantesdaUnBe

queparticipamdaorganizaçãodovestibular,comparticipaçãoativaemtodasasetapas

doprocesso.

c) Reservadevagasparapretos,pardoseindígenasnapós-graduação

A implementação de reservas de vagas para pretos, pardos e indígenas na pós-

graduação constitui uma frente de inclusão recente, que ainda não atinge todos os

Page 19: Proposta de Política de Direitos Humanos

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cursos da UnB, mas já se mostra bastante promissora e tem sido voluntariamente

adotadaemdiversosprogramas.Nessecampo,convémdestacaraexperiênciainédita

einovadoradoMestradoProfissionalemSustentabilidadejuntoaPovoseTerritórios

Tradicionais (MESPT), que acolhe sujeitos provenientes dos mais distintos

pertencimentosétnicoseterritoriais(indígenas,quilombolas,geraizeiros,pescadores,

extrativistas, pomeranos, assentados da reforma agrária, ciganos, entre outros). O

programa é composto por turmas multiétnicas, equipe docente interdisciplinar e

interunidadesefuncionaemsistemadealternância.Orientadopelodiálogosimétricoe

interculturalentresaberesesistemasdeconhecimentoeporformascolaborativasde

produção de conhecimento, essa experiência tem semostrado propícia a inovações

pedagógicas,metodológicaseepistêmicas.

d) ProgramadeApoioàsPessoascomNecessidadesEspeciais(PPNE)

Tambémmerecedestaqueaadoçãodeprojetoseprogramasdecorrentesdepolíticas

públicasfederais,comooProgramadeApoioàsPessoascomNecessidadesEspeciais

(PPNE), que visa efetivar uma política permanente de inclusão e permanência com

acessibilidade. O Programa foi criado em 1999, visando oferecer uma política

permanentedeatençãoàspessoascomdeficiêncianaUniversidade,assegurandosua

integraçãoplenaàvidaacadêmica.Oprogramatemasseguintesatribuições:i)articular

setores da Universidade que lidam diretamente com a(o)s estudantes; ii) promover

capacitaçãoespecializada; iii)sugeriradequaçõescurriculareseestratégiasdeensino

quesejammaisadequadasaoatendimentodasnecessidadesespecificas;iv)mobilizar

acomunidadeinternaeexternavisandoeliminarbarreirasarquitetônicaseatitudinais

noscampi.AsResoluçõesdoConselhoEnsino,PesquisaeExtensão(CEPE)no48/2003e

no10/2007,queasseguramosdireitosdeestudantescomnecessidadeseducacionais

especiais e regulamentam o Programa de Tutoria Especial, preveem também a

adaptação de provas, tempo adicional para a realização de atividades de avaliação,

adaptaçãoderecursosinstrucionaisefísicos,bemcomoapoioespecializadoconforme

a necessidade educacional especial. As principais atividades do programa são: i)

acompanhamento acadêmico às(aos) estudantes de modo a prevenir situações de

evasãoeconstruirestratégiaseducacionaisespecíficasdeacordocomasdemandasde

cadaum;ii)ProgramadeTutoriaEspecial,queofereceapoioacadêmicoindividualizado

Page 20: Proposta de Política de Direitos Humanos

20

paraa(o)estudante;iii)transportenocampusDarcyRibeiro,destinadoàspessoascom

dificuldadesdelocomoção;iv)realizaçãodecursos,palestraseseminários,emparceria

com outros setores da Universidade, sobre educação inclusiva e diversidade de

desenvolvimentohumano,voltadosparaacomunidadeinternaeexterna;v)articulação

comasunidadesacadêmicasafimdeconstruir,juntamentecomcoordenadora(e)sde

curso,professora(e)seservidora(e)s,estratégiasdeensinovoltadasparaasdemandas

de cada estudante; vi) articulação com a Prefeitura (PRC) daUniversidade, a fim de

assegurar a acessibilidade e eliminar barreiras arquitetônicas; vii) parceria com o

LaboratóriodeApoioaoDeficienteVisual (LDV)daFaculdadedeEducação,a fimde

possibilitaracessoamateriaiseequipamentosadaptadosparapessoascomdeficiência

visual. Embora as resoluções que amparam o programa sejam destinadas às(aos)

estudantesdegraduaçãoepós-graduação,outraspessoascomdeficiênciaseventuais

oupermanentes tambémsãocontempladas, comoservidora(e)sdaUnB (docentese

técnica(o)s-administrativa(o)s).

e) LaboratóriodeDeficiênciaVisual

OLaboratóriodeDeficiênciaVisual(LDV)daFaculdadedeEducação,emfuncionamento

hámaisde10anos,desenvolveasseguintesatividades:i)ofertaderecursoseserviços

deacessibilidadeparaa(o)sestudantesdaUnBcomdeficiênciavisualsobdemanda;ii)

produçãodemateriaisemformatoacessívelparaestudantescega(o)s (braille,áudio,

digitalizaçãodetextos)ecombaixavisão(digitalizaçãodetextos,caracteresampliados,

materiais comcontrastedecores); iii)orientaçãoàs(aos)estudantes comdeficiência

visualsobrerecursosdeinformáticaacessível;iv)apoioàs(aos)estudantescega(o)se

com baixa visão para realização de avaliações em formato acessível; v) orientação

às(aos)docentessobreapromoçãodeacessibilidadenosmateriaispedagógicos,nas

metodologiasdetrabalhoenasavaliações;vi)desenvolvimentodeprojetosdepesquisa

relacionados à temática da deficiência visual; vii) realização de ações e projetos de

extensão sobre o direito à educação para pessoas com deficiência visual, política e

gestãodesistemaseducacionaisinclusivoserecursoseserviçosdeacessibilidadepara

pessoascomcegueiraebaixavisão;viii)realizaçãodeaçõesdeformaçãonaáreada

deficiênciavisualparadocentes,discentesecomunidadeacadêmicaemgeral.

Page 21: Proposta de Política de Direitos Humanos

21

f) CentrodeEstudosAvançadosMultidisciplinares

Criadoem1986,oCentrodeEstudosAvançadosMultidisciplinares(CEAM),contacom

32 núcleos de pesquisa e extensão organizados em cinco eixos: Direitos Humanos;

PolíticasPúblicas;Desenvolvimento,SociedadeeMeioAmbiente;ContextosRegionais

e Internacionais; e Linguagem, Comunicação, Cultura e Arte. Também promove

atividadesdeensinomultidisciplinareoferecededisciplinasdegraduaçãoparatodaa

Universidade (módulo livre), sobre temas diversos ligados aos direitos humanos,

cumprindoumadasdiretrizesdoPlanoNacionaldeEducaçãoemDireitosHumanosea

diversas legislações pertinentes. Dentre os seus três programas de pós-graduação,

destaca-seoProgramadePós-GraduaçãoemDireitosHumanoseCidadania(PPGDH).

g) Disciplinas direta ou indiretamente vinculadas ao campo dos direitos

humanos

Tanto na graduação quanto na pós-graduação, a UnB já conta com significativo

repertóriodedisciplinas,vinculadasadiferentescursoseprogramasdepós,dedicadas

àdiscussãodosmaisdiversostemasligadosaosdireitoshumanos,taiscomo:relações

étnico-raciais,racismoeeducaçãoantirracista;cultura,podererelaçõesraciais;direitos

humanosecidadania;identidadedegênero,violênciacontramulher,orientaçãosexual,

bifobia,homofobia,lesbofobiaetransfobia;educaçãointercultural;direitosculturaise

territoriais de povos e comunidades tradicionais; educação para a sustentabilidade;

educandocomdeficiências;tecnologiasassistivas;LIBRAS,dentreoutros.

h) Projetos de extensão, núcleos, grupos de pesquisas e laboratórios em

direitoshumanos

AUnBtambémcontacomumnúmerosignificativodeprojetosdeextensão,núcleos,

grupos de pesquisas, laboratórios e coletivos, que pormeio de diferentes formatos,

processosorganizativoseníveisdeinstitucionalidade,desenvolvemestudos,promovem

açõesdeintervençãocomunitária(dentroeforadaUnB),debatespúblicosepráticas

quecontribuemparaavisibilizaçãodequestõesrelacionadasaosdireitoshumanos.

i) Espaçosdeconvivênciadadiversidade

AUniversidadetambémdispõedeespaçosdestinadosaoacolhimento,socializaçãoe

interaçãodeestudantes,noâmbitodosquaisseestimulamoprotagonismointelectual

Page 22: Proposta de Política de Direitos Humanos

22

epolíticodessessujeitos,alémdodiálogoeaconvivênciarespeitosacomadiferença.

Nessesentido,cumpredestacaroCentrodeConvivênciaNegra(CCN)eoQuilombo,que

sãoespaçosmultidisciplinaresdedebatesobreapresençanegranaUniversidade,eo

CentrodeConvivênciaMulticulturaldosPovosIndígenasdaUnB(Maloca),dedicadoà

acolhida,apoiopsicopedagógicoeàinteraçãointerculturalda(o)sestudantesindígenas

provenientesdediferentesetnias.

j) DiretoriadaDiversidade

Sensível ao tema da Diversidade a UnB criou, em 2013, no âmbito da Decanato de

AssuntosComunitários (DAC),aDiretoriadaDiversidade(DIV)quetemcomomissão

elaborar, executar,monitorar e avaliarprogramase ações voltadas ao respeitoe ao

convívio com a diferença, no sentido de assegurar os direitos da comunidade

universitária em relação às questões de gênero, raça, etnia e orientação sexual. A

Diretoriaestáorganizadainternamenteemquatrocoordenações,asaber:Coordenação

LGBT+ (CODSEX), Coordenação Indígena (COQUEI), Coordenação Negra (COQUEN),

CoordenaçãodasMulheres(CODIM)eatuaemtrêseixos:desenvolvimentodepolíticas,

acolhimento e formação. A Diretoria coordena ainda uma rica e vasta programação

anual que conta comaparticipação ativa e oprotagonismo intelectual e políticode

estudantes, que trazem, de suas coletivas e coletivos, propostas inovadoras para o

debatepúblicoeparaavisibilizaçãodossujeitosedostemasdadiversidade.

k) ServiçodeOrientaçãoaoUniversitário

Noensinode graduação, aUnB conta como ServiçodeOrientação aoUniversitário

(SOU) que oferece atendimento psicoeducacional às(aos) estudantes, atua na

identificação de obstáculos da estrutura acadêmica e participa na elaboração de

políticasinstitucionaisdeorientaçãoquevisamaodesenvolvimentopessoal,intelectual

eafetivodeestudantes.

l) PolíticadeAssistênciaEstudantil

QuantoàPolíticadeAssistênciaEstudantil,aUnBdispõedediversosinstrumentosque

visamgarantircidadaniaàs(aos)estudantes,atenuandoosefeitosdasdesigualdadesde

condiçõesmateriaisdeexistênciaparaestudantesqueseencontramemsituaçãode

urgência social e econômica. Dentre os programas e atividades desenvolvidos pela

Page 23: Proposta de Política de Direitos Humanos

23

Política de Assistência Estudantil estão: i) análise socioeconômica; ii) acolhimento

individual;iii)ProgramadeAuxílioSocioeconômico;iv)ProgramaAuxílio-Alimentação;

v)ProgramaBolsaPermanência;vi)ProgramaMoradiaEstudantildaGraduaçãoeda

Pós-Graduação; vii) Programa de Apoio ao Estudante para Participação em Eventos

Acadêmico,Científico,TecnológicoeCultural;viii)ProgramadeApoioaoEstudantepara

ParticipaçãoemEventosdeCompetiçõesDesportivas;ix)ProgramadeAcessoàLíngua

Estrangeira;x)TransporteIntercampi.

m) Atençãoàsaúdemental

Emrelaçãoàsiniciativasdeatendimentoeacolhimentonocampodasaúdemental,a

Universidade possui o Centro de Atendimento e Estudos Psicológicos (CAEP), que

atendeàcomunidadeinternaeexterna,desde1975eoNúcleodeEstudos,Pesquisase

Atendimentos em SaúdeMental e Drogas (NEPASD), criado em 2018, sendo ambos

vinculadosaoInstitutodePsicologia.ADiretoriadeDesenvolvimentoSocial(DDS)ea

DiretoriadeDiversidade(DIV),doDecanatodeAssuntosComunitários(DAC)eoServiço

de Orientação ao Universitário (SOU), do Decanato de Ensino de Graduação (DEG)

prestam atendimentos, majoritariamente a estudantes. Para a(o)s servidora(e)s

(professora(e)setécnica(o)s-administrativa(o)s),existeaindaoacolhimentofeitopela

CoordenadoriadeAtençãoàSaúdeQualidadedeVida(CASQV),vinculadaaoDecanato

deGestãodePessoas(DGP).ADiretoriaofereceserviçosdeacolhimentopsicossocial,

intervençãoemcrise,escutaqualificadaeatençãopsicológicaaogestor.Em2018,foi

criadotambémumgrupoparaatendimentoasituaçõesderiscoemergencial,quetem

atuado junto aos casos mais urgentes eventualmente identificados nos institutos e

faculdadesearticulaessesdiferentessetores,alémdoHospitalUniversitáriodeBrasília

(HUB). Por fim, diversas outras iniciativas, incluindo programas, projetos e ações de

extensão - envolvendo atividades socioculturais, esportivas, de lazer comunitário,

educacionais e no campo do serviço social, enfermagem, saúde coletiva e terapia

ocupacional-promovemasaúdeintegraldacomunidadeuniversitária.

n) Segurançacidadã

Desde 2017, a Universidade de Brasília vem desenvolvendo ações coordenadas no

campodasegurança,orientadaporumaperspectivaquenãose limitaaocombateà

criminalidade,masantesdedicaesforçosparacriarumambientepropícioeadequado

Page 24: Proposta de Política de Direitos Humanos

24

para a convivência respeitosa entre as pessoas. Para tanto, foi constituídooComitê

PermanentedeSegurança,quevemplanejandoecoordenandoa implementaçãode

açõesdeestratégicasdeprevençãoecontroledosfatoresquegeramaviolênciaea

insegurança, por meio da instalação de corredores de segurança, câmeras de

videomonitoramento,damudançano regimede rondas,alémdeumacampanhade

comunicação intitulada “Segurança se faz em comunidade”. Também integram os

esforçosnaáreadesegurançaarealizaçãodediagnósticossobreasituaçãoeasensação

de segurança da comunidade universitária que vêm embasando o desenho de uma

política de segurança, baseadanobinômiopesquisa e planejamento.Nesse sentido,

foramrealizadasaPesquisadeVitimização(2017e2018)eapesquisadePercepçãoda

ViolênciacontraasMulheresnocampusDarcyRibeiro (2017).Atualmente,oComitê

Permanente de Segurança discute o desenvolvimento de um protocolo para

atendimentoàsmulheresvítimasdeviolênciaeacapacitaçãoda(o)sprofissionaisde

segurançaparaagirnessescasos.

o) Implementaçãodonomesocial

AResoluçãodoConselhodeAdministração(CAD)no0054/2017dispõesobreousodo

nomesocialnaUniversidadedeBrasília.Onomesocialéadesignaçãopelaqualapessoa

travestioutransexual(estudante,docenteoutécnica(o)-administrativa(o))seidentifica

eésocialmentereconhecida,umavezqueonomequeconstaemseuregistrocivilnão

refletesuaidentidadedegênero.Chamarumapessoatravestioutransexualpelonome

social é um ato de reconhecimento de sua identidade de gênero, preservando e

promovendo,assim,opreceitoconstitucionaldo respeitoàdignidadehumanaeaos

princípios da não discriminação e defesa dos direitos humanos. A aprovação dessa

Resolução representa um avanço no enfrentamento à transfobia institucional,

contribuindoparaapromoçãododireitoàidentidadedegênerodaspessoastravestis

etransexuaiseorespeitoàdiversidadenoambienteuniversitário.

p) Sustentabilidadeambiental

Criada em 2018, a Assessoria de Sustentabilidade Ambiental (ASA) visa promover a

gestão ambiental na Universidade de Brasília por meio de ações voltadas para

preservação de áreas verdes; educação ambiental, minimização de resíduos;

implementação de práticas sustentáveis no consumo de recursos e formação de

Page 25: Proposta de Política de Direitos Humanos

25

recursoshumanoscomprometidoscomasustentabilidadeambiental.Antes,em2017,

aResoluçãodaReitoriano0073/2017,instituiuumaComissãoparaelaboraçãodoPlano

deLogísticaSustentável (PLS)ematendimentoàdeterminaçãodoDecretono7.746/

2012,noart.16,quesuscitaocompromissoda“administraçãopúblicafederaldireta,

autárquica e fundacional e as empresas estatais dependentes deverão elaborar e

implementar Planos de Gestão de Logística Sustentável” e à Política Nacional de

EducaçãoAmbiental, instituídapelaLeino9.795/1999.Aprovadoem2018,oPLSda

UnB,paraoperíodode2018a2020,éumdosprincipaisresultadosdaASA.

q) ConselhodeDireitosHumanos

Criado em 2017 pelo Ato da Reitoria no 1.114, o Conselho tem papel propositivo e

deliberativo.Tambéméresponsávelpeloacompanhamentoepelaavaliaçãodasações

emdireitoshumanosnaUniversidadeepelasatividadesqueeventualmenteocorram

em parceria com outras instituições. O Conselho é um importante instrumento de

concretização da missão da UnB, que se propõe a formar cidadãs e cidadãos de

excelência,comprometida(o)scomadignidadehumana.

Comoépossívelconstatar,aUnBjácontacommuitasfrentesdeaçãonoensino,na

pesquisa, na extensão e na gestão, em diferentes formatos, espaços e níveis de

institucionalidade. Há, portanto, um significativo esforço e acúmulo da parte da

comunidade universitária que se dedica a debater, ensinar, intervir e/ou pesquisar

nessasfrenteseigualmentepromoverumauniversidademaispluralehumanizada.

Nessesentido,éprimordialantesdemaisnadareconheceressesesforçosevalorizaro

empenhodeestudantes,docentesetécnica(o)s-administrativa(o)squecolaborampara

aconstruçãodeumaculturauniversitáriaemdireitoshumanoseparatornaraUnBuma

UniversidadeMaisHumana9.

No entanto, também cabe reconhecer que é necessário aprimorar e potencializar o

alcance das ações que incidem diretamente na democratização do acesso, no

acolhimentoenapermanênciaqualificadadeestudantesnosensinosdegraduaçãoe

depós-graduação;queéprecisotransversalizaraformaçãocurriculareacapacitação

9Temadacampanhainstitucionalde2018.

Page 26: Proposta de Política de Direitos Humanos

26

especializadaemdireitoshumanos,estendendooscursosedisciplinasquejáexistemà

todacomunidadeuniversitária;domesmomodo,é fundamentalo fortalecimento,o

amparoinstitucional,ooferecimentodecondiçõesmateriaiseavisibilizaçãodasações

que são desenvolvidas por estudantes, docentes e técnica(o)s-administrativa(o)s por

meiodecoletivos,gruposdepesquisas,laboratóriosnúcleoseprojetosdeextensão.

Page 27: Proposta de Política de Direitos Humanos

27

3. Concepçãoeprincípiosnorteadores

AEducaçãoemDireitosHumanosdeveráserocomponentenorteadoretransversalde

uma política de direitos humanos da Universidade de Brasília, figurando como um

instrumento pedagógico pormeio qual os sujeitos tomarão contato com uma visão

críticadosvalores,atitudes,relaçõesepráticassociaiseinstitucionaisvoltadasparaa

defesadadignidadehumana.Ofundamentobasilardessaperspectivaéacapacitação

dossujeitosparao(re)conhecimento,adefesaeaproteçãodeseusprópriosdireitose

dosdireitosdesuasalteridades.

Tambémfrenteàescaladadaintolerância,dasdesigualdades,dadegradaçãoambiental

eda injustiça social, noBrasil enomundo, instituiçõeseducadoras comoaUnB são

convocadas a redobrar seus esforços para a formação de cidadã(o)s crítica(o)s e

engajada(o)snatransformaçãosocial,apromoçãoedefesadosdireitoshumanose,em

últimainstância,aemancipaçãodemulheresehomens,povosenações,respeitadasas

suas singularidades. Trata-sede se reafirmaro compromissodaUniversidade coma

democraciaeacidadaniae,emumaacepçãomaisampla,estabelecerumapedagogia

institucional dos direitos humanos que atravesse todos os espaços formativos, de

convívioedegestãopartilhadadaUniversidade,visandoàconstruçãogradualesólida

de uma cultura da paz, à defesa da dignidade humana e ao respeito à diferença.

Coerentecomessaperspectiva,deve-se,igualmente,cultivarodiálogoeaparticipação

democrática enquanto princípios inerentes às comunidades de aprendizagens e

imprescindíveisaoprocessocontínuo,abertoeinacabadodeaprenderaconvivercom

asdiferenças.

Entendendo que as pessoas afirmam suas identidades a partir de relações

intersubjetivas – com divergências e convergências, afinidades e conflitos – a

universidadedeveráfuncionarcomoinstituiçãofacilitadoradesubjetividadesdispostas

àvalorizaçãodapluriversalidadedoconhecimentoedadiversidadesociocultural,como

viasalternativasàstendênciashomogeneizantesemonoculturaisqueviolamodireitoà

diferença.

Nesse sentido, será fundamental a implementação de ações nos diferentes níveis e

espaços institucionais que deverão funcionar como espaços-tempos de ensinar-

Page 28: Proposta de Política de Direitos Humanos

28

aprenderaconvivercomooutro,equecumprirão,também,opapeldedifundiretornar

públicoesseesforçocoletivoemfavordahumanizaçãodenossasrelações.Comefeito,

convémreiterarqueessecaminhonãoeliminaosconflitos,jáqueelessãoprópriosàs

relaçõeshumanas,masdáaoportunidadedeencará-losemumexercíciocotidianode

convíviosaudável,edificanteerespeitoso.

Esseentendimentoseancoraemduaspremissasbásicas.Aprimeirafazjusàideiade

quecadasujeitoconstituiexpressão-síntesedohumanoe,portanto,suasdemandaspor

direitosevocamanecessidadedeproteçãoedepromoçãodosdireitoshumanosde

todasaspessoas.Asegunda,pressupõequeadignidadehumana,expressãomáxima

dos direitos humanos, é permanentemente expandida pelo reconhecimento dos

direitossingularesdemulheres,depessoasLGBT+,negra(o)s,indígenas,pessoascom

necessidades de atenção e cuidados específicos, o que impõem novos desafios ao

enfrentamento das práticas de exclusão, discriminação ilícita e violência, além de

abordagenstransversaiseinterseccionais.

Essaspremissasconferemconcretudeànoçãopluridimensionaldedireitoshumanos

que aqui evocamos. O que significa, na prática, garantir as condições de realização

cotidianaeprogressivadadignidadehumanapormeiodeprocessospedagógicosede

arranjos sociais, políticos, culturais e institucionais que não apenas promovam e

protejamosdireitoshumanos,mastambémcoíbamviolaçõeseretrocessos.Trata-sede

zelarpela realização integral,pluralemultidimensionaldadignidadehumana,oque

exigecultivaratitudesdecorresponsabilidade,compromissoecooperação.

Emsíntese,estapolíticavisacombatertodasasformasdeviolaçãodedireitoshumanos,

bemcomocoibireerradicaratosdiscriminatóriosdequalquernatureza,emsituações

e/ou atividades institucionais desenvolvidas por seus membros dentro e fora dos

espaçosfísicosdaUniversidade.

Para efeito desta política consideram-se violações dos direitos humanos quaisquer

práticasdiscriminatóriasqueexcluamouhierarquizempessoasemrazãodesuaorigem

racial ou étnica; práticas e concepções que ofendam a dignidade demulheres, que

reproduzamadesigualdadedegênero,quenaturalizemaviolênciafísicaepsicológica

contra a mulher e que propaguem o sexismo e a hierarquização entre homens e

Page 29: Proposta de Política de Direitos Humanos

29

mulheres;práticasdepreconceitoediscriminaçãoilícitaemrazãodeidade,deficiência

físicaoumental,crença,religião,classesocial,origemfamiliar,nacionalidade,tradições

e hábitos culturais, costumes, indumentárias, sotaques ou expressões linguísticas

(regionalismo);práticasdediscriminaçãoeatosdeviolênciafísicaesimbólicaemrazão

de orientação sexual ou de identidades de gênero (bifobia, lesbofobia, homofobia,

transfobia); formas combinadas de discriminação (interseccionalidade) por raça,

gênero,orientação,classesocial.

Por fim, a presente política se constitui de um conjunto articulado de práticas

acadêmicas de promoção e proteção dos direitos humanos, de acolhimento da

diversidadeedeapoioaosmembrosdacomunidadeuniversitária,comadevidaatenção

para as suas necessidades, bem como para a potencialização de suas habilidades e

alargamentodeseushorizontes.

Page 30: Proposta de Política de Direitos Humanos

30

4.Eixos,objetivoseaçõesprogramáticas

4.1Transversalidadedosdireitoshumanosnoensino,napesquisa,naextensãoenagestão

Aeducaçãoemdireitoshumanosconstituiumaestratégiafundamentalparaaformação

de sujeitos de direitos com mentalidades e sensibilidades necessárias ao convívio

respeitosocomadiferençaeaocombateàdiscriminação,aopreconceitoeàviolência

em todas as áreas do conhecimento, cursos e níveis de formação, tendo em vista a

construçãodeumasociedadedemocráticaecidadã.Cabeàuniversidadefavorecero

desenvolvimento de pedagogias institucionais, processos e práticas educativas

permanenteseestruturantes,assegurandoatransversalidadedosdireitoshumanospor

meiodeabordagensmulti,interetransdisciplinar,visandoaafirmaçãodosprincípios

dedignidadehumana,liberdade,justiçaeigualdadenadiferença.

Objetivos:

a) Universalizarosdireitoshumanoscomocomponentecurriculartransversalem

todas as áreas do conhecimento, níveis e espaços de formação, pormeio de

abordagensmulti,interetransdisciplinaredetemasdiversificados;

b) Favorecer o desenvolvimento de uma consciência cidadã, a disseminação de

valoreseaadoçãodeatitudesepráticasqueasseguremaproteção,promoção,

defesaevalorizaçãodosdireitoshumanosereparaçãonoscasosdeviolação;

c) Fomentaroensino,apesquisa,aextensãoeagestãosocialmentereferenciadas,

buscandooreconhecimentodacomunidadeuniversitáriaedasociedadequanto

aexcelênciadauniversidadenaproteção,promoção,defesaevalorizaçãodos

direitoshumanosereparaçãonoscasosdeviolação;

d) Adotarpráticaspolítico-pedagógicascomprometidascomofuturodasociedade

brasileira, tendo em vista a promoção da justiça social e da igualdade na

diferença;

e) Promoverumambienteinstitucionalquecontribuaparaodesenvolvimentode

valores, atitudes e práticas sociais integrantes de uma cultura de direitos

Page 31: Proposta de Política de Direitos Humanos

31

humanosedaconsciênciacidadãnosníveiscognitivo,ético,estético,sociale

político.

Açõesprogramáticas:

a) Inserirosdireitoshumanosnoscurrículospormeiodedisciplinas,delinhasde

pesquisase/ouáreasdeconcentração,comoeixotransversaleorientadordos

projetos acadêmicos e político-pedagógicos dos cursos de graduação e pós-

graduaçãoecomoprogramae/ouprojetodeextensão;

b) Estimularacriaçãoeaofertadedisciplinasnagraduação,napós-graduaçãoena

extensão,quetenhamcomoorientaçãometodológicaopluralismoepistêmicoe

o diálogo entre distintos sistemas de conhecimento, oportunizando a

interculturalidade e a intercientificidade por meio do contato com outras

epistemologiasecosmologiasdenações,povosecomunidadestradicionais;

c) Elaborar e aprovar no CEPE resolução específica para orientar as unidades

acadêmicas no processo de internalização dos direitos humanos como

componentecurriculartransversal;

d) Garantir educação inclusiva, em todos os níveis e espaços de formação,

adotando medidas de acessibilidade, recursos e serviços didáticos e de

tecnologiasassistivasqueproporcionemepotencializemhabilidadesfuncionais

depessoascomdeficiência,altashabilidadesetranstornodoespectroautista,

assegurandoacesso,permanência,aprendizagemeparticipaçãoqualificadana

Universidade;

e) InstitucionalizarefortaleceraatuaçãodoLaboratóriodeApoioàsPessoascom

DeficiênciaVisual(LDV),visandoampliaraçõesdeensino,pesquisaeextensãoe

qualificaraofertadoatendimentoespecializadoàspessoascegasecombaixa

visão, a promoção de material informacional acessível e a orientação à

comunidadeacadêmicasobrerecursoseserviçosdeacessibilidade,assegurando

acesso,permanência,aprendizagemeparticipaçãoqualificadanaUniversidade;

Page 32: Proposta de Política de Direitos Humanos

32

f) InstitucionalizarefortaleceraatuaçãodoLaboratóriodeEscolarizaçãodeSurdos

eLIBRAS(LABES-LIBRAS)comoespaçoacadêmicointerdisciplinar,interculturale

bilíngue da comunidade universitária (estudantes, docentes e técnica(o)s-

administrativa(o)s), visando promover uma ampla compreensão da cultura

surda, formação continuada na área, acolhimento e acompanhamento de

estudantesedocentessurda(o)s,assimcomoodesenvolvimentodehabilidades

específicasnacomunidadeemgeralquefavoreçamacomunicação,ainteração

eainclusãodepessoassurdas;

g) Oferecer cursos de formação continuada para servidora(e)s (docentes,

técnica(o)s-administrativa(o)s) e terceirizada(o)s para o desenvolvimento de

habilidadesesensibilidadesprofissionais,queasseguremaproteção,promoção,

defesaevalorizaçãodosdireitoshumanos;

h) Lançar editais para fomentar e fortalecer projetos de ensino, pesquisa e

extensãoemdireitoshumanos;

i) Lançar edital de linha editorial específica para a produção e a publicação de

materiais didático-pedagógicos e metodologias em direitos humanos,

especialmenteparaasáreasdeensinoeextensãouniversitária;

j) Incentivarprogramas,projetoseaçõesvoltadosparaaformaçãocontinuadade

professora(e)sdaeducaçãobásicadaredepúblicadoDistritoFederalemdireitos

humanos;

k) Construirparceriascomasagênciasdefomentoparaacriaçãodelinhasdeapoio

àpesquisaemtemasdedireitoshumanos;

l) Identificareapoiariniciativasbem-sucedidasemdireitoshumanos,nasáreasdo

ensino,dapesquisa,daextensãoedagestãouniversitária;

m) Criare implementar campanhaseducativas institucionais,pormeio impresso,

digitaleaudiovisual,bemcomoatividadeseaçõesdeampladisseminaçãoque

favoreçamproteção,promoção,defesaevalorizaçãodosdireitoshumanos;

Page 33: Proposta de Política de Direitos Humanos

33

n) Participardaimplementação,monitoramentoeavaliaçãodoProgramaNacional

de Educação emDireitosHumanos, dasDiretrizesNacionais de Educação em

DireitosHumanos,doPactoUniversitáriodeEducaçãoemDireitosHumanose

doProgramaNacionaldeDireitosHumanosedelegislaçãocorrelata.

4.2Igualdade,diversidadeenãodiscriminação

Todos os seres humanos em sua diversidade são iguais em direitos e obrigações,

devendo a Universidade ser um espaço de produção de conhecimento sobre os

determinantesdedesigualdadeedediscriminaçãoilícita,bemcomodepromoçãodo

respeitoàigualdadeconsiderandoasdimensõesdeclasse,gênero,orientaçãosexual,

raça, etnia, cultura, idade, religião, origem nacional ou regional, deficiência física,

mentaloupatogênica,entreoutras,visandoàuniversalizaçãodosdireitoshumanos.

Objetivos:

a) Implementaroprincípiodaigualdadeemtodososprocedimentoseatividades

da instituição inclusivemediante ações afirmativaspara a efetiva inclusãode

pessoasougruposdiscriminadosouemsituaçãodevulnerabilidade;

b) Transversalizar as dimensões da diversidade (sociocultural e ambiental) nas

açõesdeensino,pesquisa,extensão,nagestão,naculturaorganizacionalena

comunicaçãointernaeexterna;

c) Assegurar o pluralismode ideias, a liberdadede expressão e o diálogo entre

diferentessistemasdeconhecimento;

d) Garantir respeito às diversidades humanas em razão da orientação sexual,

identidade de gênero, raça, etnia, religião, classe social, geração, origem e

deficiências, nas relações profissionais que envolvam toda comunidade

universitária (estudantes, docentes, técnica(o)s administrativa(o)s e

terceirizada(o)s);

e) Assegurarprocedimentoscélereseeficazespararesponsabilizaçãoporcondutas

de assédio moral ou sexual, discriminação e todas as formas de violência e

violaçãodedireitos,assimcomoparaproteçãodasvítimas;

Page 34: Proposta de Política de Direitos Humanos

34

f) Garantira laicidadedaUniversidadeemtodasas suasatividades-fim (ensino,

pesquisaeextensão)eorespeitoàliberdadedecrença;

g) Colaborar com instituições eorganismospúblicos eprivados, comprometidos

comapromoçãodaigualdade.

Açõesprogramáticas:

a) Fortalecer e promover a ação coordenada entre decanatos, diretorias,

programas e serviços da Universidade, para a promoção do respeito à

diversidade, a não discriminação ilícita de discentes, docentes, técnica(o)s-

administrativa(o)seterceirizada(o)s;

b) Integrarefortalecerdiferentesiniciativaseprojetosexistentesnacomunidade

acadêmica cujos objetivos são convergentes com a igualdade, o respeito à

diversidadeeanãodiscriminação;

c) Realizar campanhaseaçõeseducativasparaadesconstruçãodeestereótipos

relacionadoscomdiferençasraciais,étnicas,declasse,sexuaisedegênero,a

pessoas idosas ou com deficiência que prejudicam a igualdade, o respeito à

diversidadeeanãodiscriminação;

d) Integrar à política de segurança da Universidade ações específicas para a

prevençãodetodasasformasdeviolência,inclusiveaviolênciainstitucional;

e) Promoveraformaçãoeeducaçãocontinuadaemdireitoshumanosdosquadros

de servidora(e)s (docentes e técnica(o)s-administrativa(o)s) e terceirizada(o)s

paraoaprimoramentodos serviçosprestadosàcomunidadeuniversitáriaeà

sociedadecomrespeitoàsdiferenças;

f) Atualizarasnormativassobrereservasdevagasparapretos,pardoseindígenas,

cotas sociais e de pessoas com deficiência nos cursos de graduação para

assegurar sua consonância com a legislação nacional e convenções

internacionais;

Page 35: Proposta de Política de Direitos Humanos

35

g) Promoveraadoçãodereservasdevagasparapretos,pardose indígenasnos

cursosdepós-graduação;

h) Editarresoluçãosobreformasdeauxíliosocioeconômico,moradiaealimentação

aestudantesdegraduaçãoepós-graduaçãoindígenas,quilombolasedeoutras

comunidadestradicionais;

i) Promover adaptações nos mecanismos de matrícula, trancamento e outros

procedimentosdeadministraçãoacadêmicadavidadoestudantedecursosde

graduaçãooupós-graduaçãoqueoperememregimedealternância;

j) Oferecer apoio pedagógico para a integração acadêmica de estudantes

indígenas,quilombolasedeoutrascomunidadestradicionais;

k) Desenvolverexperiênciasemetodologiasinterculturaisnoensinodegraduação,

pós-graduação,pesquisaeextensão;

l) Editarresoluçãoparapromoveroacessoeoadequadoacolhimentodepessoas

refugiadas,solicitantesdeasiloedeslocadasforçadas,emcursosdegraduação

epós-graduação,garantindoapoiomaterial,pedagógicoepsicológico;

m) Investir na infraestrutura física e de pessoal do Centro de ConvivênciaNegra

(CCN), do Centro de Convivência Multicultural dos Povos Indígenas da UnB

(Maloca),doCentrodeAtendimentoeEstudosPsicológicos(CAEP)edoNúcleo

de Estudos, Pesquisas eAtendimentos em SaúdeMental eDrogas (NEPASD),

alémdamanutençãoeincrementodosespaçosdeconvivênciasocialefruição

deesporte,culturaelazerdaUniversidade;

n) Estabelecer protocolos e criar uma comissão interdisciplinar para registro,

atendimentoeencaminhamentodaspessoasvítimasdediferentes formasde

discriminação,assédiomoralesexual,edeviolência;

o) Editar resolução do programa de atenção à diversidade para contemplar as

diversas questões emergentes do reconhecimento dos direitos das pessoas

LGBT+, tais comousodonomesocial,utilizaçãodebanheiros,direitosda(o)s

Page 36: Proposta de Política de Direitos Humanos

36

companheira(o)s do mesmo sexo de atendimento e acompanhamento no

HospitalUniversitário(HUB);

p) Reconhecercomofaltaadministrativaatosdebifobia,homofobia,lesbofobiae

transfobia cometidos por estudantes, docentes ou técnica(o)s-

administrativa(o)s no ambiente de trabalho ou estudo, garantindo

procedimentosdeapuraçãoderesponsabilidadesemedidasdisciplinarespara

essescasos;

q) Editarresoluçãosobremecanismosquegarantamaequidadedegêneroeraça

emespaçosacadêmicosedegestão(comissões,cargosnagestãosuperiorenas

unidades,ProgramadeEducaçãoTutorial(PET),ProgramaInstitucionaldeBolsas

deIniciaçãoCientífica(PIBIC),monitoriasetc.);

r) Editarnormasparaaadoçãodelinguagemsensívelagêneronosdocumentos

oficiaisenacomunicaçãoemgeral;

s) Adotar mecanismos para garantia da permanência de gestantes e mães em

cursosdegraduaçãoepós-graduação;

t) Ampliar a oferta de auxílio-creche em benefício de estudantes em

vulnerabilidadesocioeconômicacomfilha(o)sde0a5anos;

u) Estimular o desenvolvimento de mecanismos de apoio e infraestrutura no

ambiente universitário para estudantes com filha(o)s de 0 a 5 anos, como

fraldários,cirandasinfantis,brinquedotecasetc.;

v) Lançareditaisdepromoçãodaequidadedegênero,raçaeetnianaciência;

w) Instituir premiação e outros mecanismos de reconhecimento da produção

intelectualdemulheres;

x) Promover o ensino de línguas e culturas indígenas, por meio de cursos de

extensão,disciplinasecursosdegraduação;

Page 37: Proposta de Política de Direitos Humanos

37

y) Adotar mecanismo que permitam o uso de línguas maternas (indígenas e

crioulas),respeitadaalegislação,emtrabalhosfinais,nosníveisdegraduaçãoe

pós-graduação.

4.3Participaçãoegestãodemocrática

A participação social é elemento fundamental para a gestão democrática da

Universidade e a proteção, promoção, valorização e defesa dos direitos humanos,

devendo ser garantidapormeiodemecanismosdediálogoplural e intersetorial, da

gestãocomacomunidadeuniversitária,edemonitoramentoeavaliaçãodaefetivação

destapolítica.

Objetivos:

a) Asseguraraampliaçãoeconsolidaçãodaparticipaçãodeestudantes,docentes

e técnica(o)s-administrativa(o)s e terceirizada(o)s em processos de gestão

democrática da Universidade, tendo os direitos humanos como princípios

transversaisnesseexercício;

b) Garantirageraçãoepublicizaçãodeindicadoresrelativosàimplementaçãodas

açõesconstitutivasdestapolítica.

Açõesprogramáticas:

a) Criarpolíticas,processosepráticasparaampliareconsolidaraparticipaçãode

estudantes,docentes,técnica(o)s-administrativa(o)seterceirizada(o)snagestão

daUniversidade;

b) ConsiderarasdiretrizeseobjetivosdaPolíticadeDireitosHumanosdaUnBnos

processosdeplanejamentodaUniversidade;

c) Ampliarosespaçosdediálogoecomunicaçãonãoviolenta;

d) FortalecereconsolidaroConselhodeDireitosHumanos;

e) Ampliar a divulgação e o acesso à Ouvidoria e ao Serviço de Informação ao

Cidadão(SIC)eàComissãodeÉtica;

Page 38: Proposta de Política de Direitos Humanos

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f) Criarindicadoresparaavaliaçãodograudeaderênciadasatividadesdeensino,

pesquisa,extensãoegestãoàpolíticainstitucionaldedireitoshumanos;

g) Gerardadoseinformaçõessobreaimplementaçãodeaçõesrelativaaosdireitos

humanos na Universidade, para fins de monitoramento e avaliação desta

política,garantindooacessodosdadosaopúblicoemgeral;

h) Elaborar e divulgar amplamente relatório anual sobre a situação de direitos

humanosnaUniversidade.