Psicologia 12º Ano - 4 Relações precoces

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Relações precoces: A vocação social manifesta-se logo após o nascimento nas relações precoces que o bebé estabelece com a mãe e com os adultos que cuidam do recém-nascido. Estas relações explicam o que pensamos, o que sentimos e o que aprendemos e têm, assim, um papel fundamental na construção de relações com os outros e na construção do eu psicológico. O bebé é um ser imaturo, o que o torna dependente dos adultos e implica um tipo de relação com os progenitores distinto do dos outros animais, pois o bebé humano precisa dos cuidados dispensados pelos pais para poder sobreviver física e psiquicamente. Constatou-se que os bebés apresentam um conjunto de capacidades e competências que estimulam aqueles que o rodeiam a satisfazer as suas necessidades. Desta forma, o bebé tem uma capacidade para comunicar com os pais através de um conjunto de sinais que manifestam as suas necessidades e o seu estado emocional. Porém, para haver uma boa comunicação é necessário a mãe responder adequadamente aos estados emocionais do bebé. Esta boa comunicação entre a mãe e o bebe é chamada de regulação mutua, isto é, o processo através do qual o bebe e os progenitores comunicam estados emocionais e respondem de modo adequado. Assim, o bebé é um sujeito activo que emite sinais daquilo que pretende e que responde, com agrado ou desagrado, ao tratamento disponibilizado. Logo que nasce o bebé é capaz de distinguir sons, vozes, imagens, odores e recorre a um conjunto de estratégias comportamentais para chamar a atenção da mãe, no sentido de obter uma resposta para o que precisa. O choro, o contacto físico, o sorriso, as expressões faciais e as vocalizações são alguns dos meios a que o bebé recorre para manifestar as suas necessidades e obter a sua satisfação. O sorriso é uma das formas de comunicação que desencadeia confiança e afecto reforçando os esforços dos adultos em satisfazer o bebé. Esses sorrisos inicialmente são automáticos, reflexos e involuntários, mas a partir de uma certa idade começam a ser propositados. Assim, o sorriso é um sinal que reforça as relações positivas do adulto favorecendo a sua repetição. O choro é o meio mais eficaz para manifestar uma necessidade ou um mal-estar. Existem quatro padrões de choro, o choro básico de fome, o choro de raiva, o choro de frustração e o choro de dor. As expressões faciais podem exprimir emoções de tristeza, medo, alegria, raiva, surpresa, etc. As vocalizações vão evoluindo para a forma de conversa e são um reforço para a atenção dispensada pelos adultos. Concluindo, os bebés estão dotados de um conjunto de estratégias, de competências, que lhes permitem enviar sinais

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Resumo de Psicologia 12º Ano - 2011/2012 - Relações precoces

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Relações precoces:A vocação social manifesta-se logo após o nascimento nas relações precoces que o

bebé estabelece com a mãe e com os adultos que cuidam do recém-nascido. Estas relações explicam o que pensamos, o que sentimos e o que aprendemos e têm, assim, um papel fundamental na construção de relações com os outros e na construção do eu psicológico. O bebé é um ser imaturo, o que o torna dependente dos adultos e implica um tipo de relação com os progenitores distinto do dos outros animais, pois o bebé humano precisa dos cuidados dispensados pelos pais para poder sobreviver física e psiquicamente.

Constatou-se que os bebés apresentam um conjunto de capacidades e competências que estimulam aqueles que o rodeiam a satisfazer as suas necessidades. Desta forma, o bebé tem uma capacidade para comunicar com os pais através de um conjunto de sinais que manifestam as suas necessidades e o seu estado emocional. Porém, para haver uma boa comunicação é necessário a mãe responder adequadamente aos estados emocionais do bebé. Esta boa comunicação entre a mãe e o bebe é chamada de regulação mutua, isto é, o processo através do qual o bebe e os progenitores comunicam estados emocionais e respondem de modo adequado. Assim, o bebé é um sujeito activo que emite sinais daquilo que pretende e que responde, com agrado ou desagrado, ao tratamento disponibilizado. Logo que nasce o bebé é capaz de distinguir sons, vozes, imagens, odores e recorre a um conjunto de estratégias comportamentais para chamar a atenção da mãe, no sentido de obter uma resposta para o que precisa. O choro, o contacto físico, o sorriso, as expressões faciais e as vocalizações são alguns dos meios a que o bebé recorre para manifestar as suas necessidades e obter a sua satisfação.

O sorriso é uma das formas de comunicação que desencadeia confiança e afecto reforçando os esforços dos adultos em satisfazer o bebé. Esses sorrisos inicialmente são automáticos, reflexos e involuntários, mas a partir de uma certa idade começam a ser propositados. Assim, o sorriso é um sinal que reforça as relações positivas do adulto favorecendo a sua repetição. O choro é o meio mais eficaz para manifestar uma necessidade ou um mal-estar. Existem quatro padrões de choro, o choro básico de fome, o choro de raiva, o choro de frustração e o choro de dor. As expressões faciais podem exprimir emoções de tristeza, medo, alegria, raiva, surpresa, etc. As vocalizações vão evoluindo para a forma de conversa e são um reforço para a atenção dispensada pelos adultos.

Concluindo, os bebés estão dotados de um conjunto de estratégias, de competências, que lhes permitem enviar sinais para os adultos que, por sua vez, estão predispostos a responder-lhes.

A relação mãe/bebé inicia-se muito antes do nascimento, quando a mulher sabe que está grávida. Esta relação seria construída e reforçada pelas fantasias da mãe face ao bebé. Durante a gravidez, desencadeia-se um conjunto de suposições sobre o sexo do bebé, com quem será parecido e como se comportará. Estas fantasias, ao tornarem o bebé presente, fazem com que muitas mulheres falem com o seu bebé ainda antes do nascimento, que lhes contem episódios da sua vida quotidiana ou que partilhem com ele os projectos que têm para o seu futuro. Constrói-se, assim, um vínculo a um bebé imaginário que se ajustará, após o nascimento, ao bebé real. O bebé idealizado terá de dar lugar ao bebé real com as características que lhe são próprias.

A relação privilegiada que o bebé estabelece com a mãe é decisiva para o seu desenvolvimento físico e psicológico. Os laços que se vão construindo entre a mãe e o bebé designam-se de vinculação, apego. A vinculação é a necessidade de criar e manter relações de proximidade e afectividade com os outros, de o bebé se apegar a outros seres humanos para assegurar protecção e segurança. Esta relação, que se manifesta pela necessidade de contactos físicos ou de proximidade, seria, tal como a fome e a sede, uma necessidade básica ou primária. Assim, chorar, sorrir, mamar, agarrar e seguir como o olhar, constituiriam os comportamentos que o bebé adoptaria para manter a relação privilegiada com as figuras de vinculação.