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Frejo das assignaturas pnrnn corte. Trimestre5S000 Semestre9$000 Anno16S0OO \ vulso 500 rs. Tsroisro -Ajsrisro N. 447. PUBLICA-SE TODOS OS DOMINGOS. j^----¦ ¦-<!¦*&)"^^S$íÍ£s?^ÍOv*4HmW*^''''*^ m^\flRw*^.' s^~,<5^L-l^mmmWw^i^ ( l Prejo das nssignaturns pnra ns provincias, Trimestre 6$000 Semestre113.000 Anno 18S00O Avulso 500 rs. «St1* ^ |M!fe «ar Impressões dia Medéa. Moleque : —Porque me mata, nhonhô? De. Semana: —Por nada; vi a Medéa, e estou com impressões trágicas Moleque :— Ah, nhonhô ! 0 meu estômago não é a algibeira publica.

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Frejo das assignaturas pnrn n corte.Trimestre 5S000Semestre 9$000Anno 16S0OO

\ vulso 500 rs.

Tsroisro -AjsrisroN. 447.

PUBLICA-SETODOS OS DOMINGOS.

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Prejo das nssignaturns pnra ns provincias,Trimestre 6$000Semestre 113.000Anno 18S00O

Avulso 500 rs.

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Impressões dia Medéa.Moleque : —Porque me mata, nhonhô?

De. Semana: —Por nada; vi a Medéa, e estou com impressões trágicasMoleque :— Ah, nhonhô ! 0 meu estômago não é a algibeira publica.

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3570 SEMANA ILLUSTRADA.

8EMANA ILLUSTRADA.

Eio, 4 de Julho de 1869.

Eu devia fallar unicamente da Ristori; mas tenhoacaso direito de levantar a voz para celebrar a grandeartista ? Acaso possuo os dons rarissimos do critico que,ainda quando tenha de reduzir o seu juizo a um longoponto de admiração, deve dar as razões porque o faz ?

Cedo a palavra aos mais competentes.Eu não.Diante de Ristori sou um ponto de admiração ; mas

não sei porque razão o sou; nem poderei sabel-o jamais.

Portanto, em semelhante assumpto, só me cabe aparte amena.

E que ha de mais ameno que um sugeito que, na se-gunda-feira de tarde, rematava assim uma conversa enfa-donha:

— O que vale é que vou hoje regalar-me de musicaouvindo a Média !

de Nossa Senhora, que é sua madrinha. Depois apa-rece uma mendiga, que é a Meãéa, acompanhada dospequenos : está eançada, e pede um pouco de vinho doPorto; lunge il porto, quer dizer: venha o Porto.

Lembra-me. Depois ?A ama, que não tem a chave da dispensa, deixa

a mendiga com Creúsa. Os pequenos, percebendo quea moça vai casar, faliam-lhe no padre. A moça ale-gra-se, o que é natural. Deste modo trava-se a conversaentre Creúsa e Medéa. Não reparaste nesse longo dia-logo ?

Reparei.... mas, que quer dizer ?Medéa conta as suas desgraças á moça. Diz-lhe

que o seu verdadeiro nome é Barbara : barbara iosono; accrescenta que não é qualquer cousa, porqueconheceu o Mirate: i" numi irati.

Não entendi bem essa historia do Mirate.Pois o Mirate é a causa de tudo : foi quem a poznaquelle estado.Coitadinha !Para agradar á rapariga, Medéa offerece-lhe um ¦

sorvete,Não vi o sorvete._Offerece-lh'o apenas, dizendo: provasti gelosia .

Gelosia vem de gelo. Creúsa agradece, no que faz bem.Depois entra Orpheo, harpista que ella conheceu n'outrotempo; Orpheo faz um esconjuro: ella vendo, que estãoa cassoar, irrita-se. Creiisa replica que a conversa já lhefede, sua fede, e Medéa promete ir chamar a patrulha.

Outro, sorprendido com o dialogo de Orpheo eCreonte, na 1* scena da peça, perguntou a um vizinhotão ingênuo como elle :

Recitam sem musica?E' opera-comica, respondeu o outro.

Stereotypei na memória o seguinte dialogo ouvidon'um corredor da primeira ordem:

Sabes italiano ?, — Sei.

I — Qual é o enredo deste Io acto ?1 — E' simples. Aquelle barbaças a quem chamamJason vai casar com Creúsa. Orpheo, que é primo da

I noiva, entra em conferência sobre o dote, e troca algu-j mas palavradas com o noivo, pois que -este exige mais' não sei quantos escudos.

Sim! por isso lhe ouvia exclamar: âella spigalQuer dizer: a pequena sem mais dinheiro é umaespiga. Entra a pequena e faz uma oração á imagem

Já a Semana tratou de um padre lazarista que, naprovincia de Santa Catharina, fallou no púlpito umalinguagem de lupanar.

Temos segundo volume da mesma obra.Este poiém é do Amazonas.Queixa-se um correspondente do Jornal ão Com-

mercio de um padre que alli prega com um vocabuláriotal que as famílias acham melhor voltar para casa.

Eu, se conhecesse este padre, longe de o descompor,dava-lhe um apertado abraço.

Por quanto :Os padres que assim praticarem prestam um gran-dissimo serviço á religião, desmoralisando as recentes

praticas usadas por uma parte do clero para introduziro jesuitismo no Brasil, que é o alvo de muita gente.O lazarista é o jesuita disfarçado. Raspai o lazarista,diz o Dr. Pedro Luiz, encontrareis o jesuita. Cuidadocom os melros.

Se querem saber o que são os jesuitas, mirem-se neste

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SEMANA ILLUSTRADA. 3571espelho : é uma escolha de máximas dos padres mais fa-mosos da companhia.

Máximas preciosas.Chama-se matar por traição quando se mata aquelle

'que não tem desconfiança. E é por isso que o homemque mata o seu inimigo não o mata por traição, aindaque seja por traz, ou por emboscada.

(Padre Escobar, trat. 6.)

Podem matar-se as testemunhas falsas que um ini'migo suscita contra nós.

(Padre Reginalãtis, liv. 21, cap. 5.)

Eu não poderia accusar de nenhum peccado umhomem que mata aquelle que lhe quer tirar algumacousa do valor de um escudo, ou ainda menos.

(Padre Molina, trat. 3.)

Noto que a poetaria (o vocábulo é novo; dou-o degraça aos philologos), noto que a poetaria está por oracalada a respeito da Ristori.

Chamo poetaria aos prophetas mínimos das musas,—que não deixam passar acontecimento sem fazer bambeara paciência publica em estrophes descosidas,iu trincadas.

Da guerra não ficou pedaço vivo ás mãos dos taes;provavelmente a trágica italiana vai ser despedaçadanas mãos dos referidos sujeitos.

escuras e

Dirão que sou contrario á poesia.Xão !Posto que não comprehenda bem a utilidade de um

poeta, acho que elles dizem ás vezes cousas bonitas edignas de se lerem.

Esses nada dirão á Ristori ? Se querem assumpto,onde o encontrarão melhor ?

Pensava nisto ante-hontem e deram-me venetas litte-rarias.

Ora, eu tenho um modo de curar estas venetas, é abrirum livro bom e lel-o.

Desta vez abri o 4o volume do Homem que ri.Abri ao acaso.Achei na mesma pagina uma bellissima phrase.Ai-je asseztetépour eux les mamelles delafaim. „E outra phrase enigmática e repugnante, que, na

boca de um gênio é uma belleza, e na de um poetastrouma extravagância:" Le crapaud et la taupe, idylle. „

Se alguém entender o que isto é, mande-m'o dizerem carta fechada (porte franco).

Para me compensar abria obra do mesmo auctor, quese intitula William Shahspeare.Que livro !Que obra digna de Vietor Hugo ! que pasmoso es-tudo dos gênios máximos! que elevada critica ! Como

se vê que só um gênio como Vietor Hugo podia iulgargênios como Homero, S. Paulo, Cervantes, Dante,Shatspeare!

Copiei dahi uma grande observação.Diz Vietor Hugo: " Le serpent est dans Vhomme,

c'est Vintestin. „Com uma pennada, o auctor dos Miseráveisnos pintauma extensa classe de políticos e não políticos,—ten-tados eternamente pela serpente do intestino,—comen-

do a cada passo o frueto prohibido que o inimigo lheaponta.

Aquillo que muitas vezes nada pôde explicar, nema consciência, nem as evoluções sociaes, quem o ex-plica é o intestino.

Eu peço licença para dar uma applicação ao pensa-mento do poeta.— O intestino é o canal mais seguro entre duasopiniões.

Um curioso fez o seguinte calculo:Se eu puzer 10 réis no thesouro, vencendo o juro

annual de 10 por cento, accumulado annualmente,quanto me pôde dar no fim de 300 annos? Dá-mesimplesmente isto:

26,600,000,000.000 reis.

Outro calculo do mesmo curioso-Multiplicando cem vezes uma gota d'agua, em pro-

porção geométrica encontra-se o seguinte numero degotas:

633.830.000.000.000.000.000.000.000.000.Que tal ?

Imaginem o que não será multiplicar os cabellos dacabeça quinhentas vezes na mesma proporção.

Não sei fazer o calculo, mas é provável que dê isto:500.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000000.000.000.000.000.000.000,000.000.000.000. etc. etc.

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Novas modas, chegadas pelo ultimo paquete, e á venda em todas as casas dos Naturalistas do Rio

COSTUME A TjA PEBBOQÜET-COSTUME A I, OISEAU DU PABABIS

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Fomos obsequiados com uma photographia das mãos do Sr. Gottschalk, tirada pelo Sr. Pacheco no mo-

mento da execução do tremolo.

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— Vá V. Ex. com Deus para o senado e deixe-me a faculdade. A mocidade precisa de exemplos e euposso dar-lhos e.... bons.

;-f T.^$Lfi^^Xfi|£.^9E3l __________^^____ü^^l ^^^^^^^kIjHÍHEv-^Òv ^'.\m'.'^'''jfl^jjl Hfr^^fl ^KÍ -.art ^.^S-^aM -j^B ^^—fmfl-^tí.

NA CAIXA DA AMORTISAÇlO.Trcoa de bilhetes falsos e murros verdadeiros.

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3574 SEMANA ILLUSTRADA.

Verifiquem e mandem-n'o dizer, em carta fechada,(sempie porte franco).

Dk. Semana.

Nova chronica.

Chego em má hora; bem o sei. 0 meu antecessor,farto de esperar assumpto para-lamentar, adormeceu.Não direi que seja o somno do justo, mas o do infeliz.Com effeito, o que mais houve para-lamentar foi o chro-nista. Circumscriptoao ãizetu, ãirei eu dos pais da pa-tria, não lhe sobrava alimento e.. <. cahio de fraqueza.

Eu proponho-me a correr este mundo e o outro, e aprenãre monbien oiije le trouve.

Entro por uma observação geral, para me dar uns1 certos ares de importância, muito necessários a quemescreve para o publico: Não ha paiz novo que tenha pas-sado por tantas alternativas como o nosso. Por qual-quer face que se encare a sociedade brasileira, sãopara notar as transformações, ora para o bem, ora parao mal. Das nossas instituições sociaes, uma só não mu-dára : a mofina.

A mofina é a alavanca do diabo, que mais feliz do'que Archimedes, achou ponto de apoio na própriacauda, e com ella (com a alavanca, não com a cauda)traz o mundo aos trambolhões.

Consignada esta verdade, accrescentemos: Mas a revolução invade tudo, tudo, até a mofina ! O campo dassuas proezas era d'antes a imprensa, com sua predllecção por um ou outro periódico. Alli estávamos habituados a vel-a; e quando dávamos um passeio em voltadas menageries ambulantes, que entre nós se chamamjornaes, lá apparecia a mofina cuspindo nos curiosos,como a lhama no visitante dos jardins zoológicos.

Depois a mofina apresentou-se no pamphleto; de-pois nos discursos do parlamento; e agora, agora até no

! theatro.

E isto explica o espirito cáustico de uns máos versi-nhos atirados á bochecha de uma grande artista, empleno espectaculo publico, por um actor que fora per-

j feito, se elevasse o gosto ao nivel do seu talento, e im-puzesse a razão e a conveniência por freio á paixão.

Nesta terra tudo faz versos... Versos ? Sejam ; quenão tenho lazer para buscar o termo apropriado. E nãosei. o qúe mais admire, se a coragem dos poetastros, sea boa fé de alguns periódicos.

O Diário ão Rio é o valhacouto destes criminosos deleso-bom-gosto, quando elles são aristocratas; e dá-lheslogar de honra nas columnas editoriaes.

O Jornal do Commercio, esse, fidalgos, ou plebeusnão os conhece senão pela bolsa : se paga vai para a valacommum, que se chama publicações a peãião; se nãopaga não tem ingresso.

. E' certo que, de longe em longe, algo de bom nos dáde collaboradores adventicios; mas é pouco; o que sejustifica pela falta de tempo a empregar no exame dospretendentes. D'aqui, a regeição quasi geral.

Causa idêntica produz no Diário effeito differente:admitte-se tudo ; e sob a responsabilidade da redacção,publicam-se, louvam-se e chamam-se poesias, a quantosfeixes de banalidades mal rimadas e peior metrificadaspara lá lhe mandam.

Bem disse ultimamente na câmara um illustre depu-tado: que neste paiz tudo produz espontaneamente, eque uma terra tão fértil não reconhece obstáculos ao seudesenvolvimento. Assim é. Até o jacarandá dá fructo, efructo saboroso. Esta novidade vai fazer uma revoluçãono mundo scientifico e na praça do mercado.

Ora aqui tem a prova do meu dito : No Jornal do 1"do corrente vem uns versos á Grécia, a Alexandre, aGodfredo, a Marte, a seus filhos, e ao Sr. commandanteda fortaleza da Lage ; os quaes versos, em que vemosrimar limites com satcllites, são assignados por J. Ja-carandá.

Portanto, quando alguém me perguntar que fructodá o jacarandá? eu respondo, sem medo de errar: dáversos... dos taes.

E, como tambem tenho minha pretençâo a privarcom as musas, permitia a arvore de que se fazempianos, e outros moveis úteis e agradáveis, que eua comprimente com a ultima penca do seu formosocacho:

(( Eu, senhor, filho ignaro« da classe a que pertenceis,« comprehendendo a grandeza(( do trato, próprio de reis,« tomo agora a liberdade(( de, na phrase d'amizade,(( dirigir-vos um saiido,« que sei não recusareis... »

Este saudo, que lhe dirijo, na sua própria phrase, éacompanhado de uma profunda reverencia á cadeira emque estou sentado, a qual é da madeira, que produztaes fruetos.

E o que sinto ó que não tenham apparecido na vi-trine do Diário em companhia dos panegyricos de péquebrado e das mofinas laudatorias.

No segundo espectaculo da Ristori estavam os es-pectadores á vontade.

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SEMANA ILLUSTRADA. ?575

Foi o oue, em linguagem de emprezario, se chamameia-casa.

Grande numero de assignantes madaram vender osseus camarotes e cadeiras. Comprei uma por tres milréis, para vêr e admirar a grande trágica no papel de

O abatimento lancei-o á conta do Sr. GiacomoGleck (Giasone) que me fez desconfiar do heroísmodos Argonautas. E mister me foi ler a Meãéa de Euri-pedes, como a mais antiga, para me reconciliar comelles. O que diriam os que assistiram árepresentação datragédia grega, 431 annos antes de Christo, se vissem1 a moderna encarnação do heroe mythologico?

Só se os consolasse o notabilissimo talento do Sr. Ale-sandro Grisanti no papel de Orpheo, personagem quenão entra na obra do poeta heleno.

Publicação importante.

Entre nós, onde a invenção de Guttemberg é rara-mente bem utilisada, um livro sério é uma verdadeiramaravilha, rara avis. Neste numero está a brochura doillustre engenheiro Dr. André Rebouças: melhoeamentodo poeto do mo de janeiro organisação da companhiaáas ãocas ãe D. Pedro II, nas enseadas ãa Sauãe eáa Gamboa.

Boa escolha de assumpto, e sabiamente tratado; bomtalento e bom estudo; crença nas forças vitaes do paiz,a religião do progresso, o sancto amor da pátria; sãoalguns dos principaes dotes do auetor e do seu livro.

Os homens como o Dr. André Rebouças são os gran-des patriotas.

E quanto ao mais, despensem-me de tomar a mim opapel da aia da princeza deColchos, na tragédia antiga:

Cupido cepit miseram nunc me proloquiCcelo atque terra* Medeai misérias.

Na quinta-feira apresentou-se-nos a Ristori, pela pri-meira vez, no papel de Pia de Tolomei.

Renuncio a descrever as delicias e os martyrios porque me fez passar a grande trágica. Eu nem a pudeapplaudir: tal era o pasmo !

O publico deu-lhe inequívocas provas de admiração ;e poderamos dizer que teve no Si*. Furtado Coelho o seuinterprete. O director do Gymnasio, o distineto actor, opoeta, o musico, o cavalheiro, acompanhado de todos osartistas do seu theatro, cerimoniosamente vestidos, subioao palco do Lyrico, e saudou eloqüentemente a immortalfilha da Itália. Os espectadores sentiam-se bem repre-sentados, e mais de uma vez interromperam o discursocom seus applausós.

Foi um bello momento. A companhia do Gymnasio,cortando por todas as banalidades recebidas, não deu áRistori nem coroas, nem flores, nem versos, nem anneis;deu-lhe os corações, deu-lhe o que se deve a uma deusa:o culto.

Sileno.

Despacho.Não affianço a veracidade do que vou contar; nem

digo a terra onde terá acontecido este caso.Em tempo em que havia uma auetoridade popular

encarregada de zellar os cemitérios públicos, uma viuvarequereu licença para que o corpo de seu marido fosseenterrado em certo espaço até então reservado; e tãoboas razões deu no seu requerimento, que obteve o se-guinte despacho : " Enterre-se o portador onde deseja,e daqui em diante sejam alli enterrados todos os queo requerem. „

Theatro Gymnasio.

Annuncia-se para hoje (sexta-feira) o drama Pobresãe Pariz. E' uma boa nova, esta do renascimento daarte dramática. Muita confiança nos merece o seriotalento, a força de vontade, e a alta competência dodirector-emprezario do Gymnasio. Sabíamos que o dis-tineto artista pensava em pôr o seu esforço ao serviço ;da boa litteratura logo que abrisse ao publico o seu jtheatro de S. Luiz, ora em construcção. Mas não lhe'soffreu a paciência a demora de algumas semenas; eeil-o começando com mão-de mestre a cruzada regene-radora. E bem que potente, e porque é illustrado, nãoé elle homem que regeite a luz; por isso houve do gênioda divina Ristori a clara inspiração, a nova coragem e opoderoso auxilio para combater e vencer o mal que nosentrou em casa pelas portas do Alcazar.

Em boa hora resurja Furtado Coelho. E isto, e aRistori e Gottschalk produziram no povo fluminensecomo que a febre annunciadora da crise feliz : Hontemlevantamos altares ao bello; amanhã hemos de reedifi-car-lhe templos.

Ainda bem!

Tout passe.—L'art robusteSeul a 1'eternité.

Le busteSurvit à la cite.

(Theophile Gautier.)

Na digna homenagem, prestada á grande actriz ita-liana no theatro Lyrico, pelo artista-poeta, disse elle:"Nós sim, precisamos do.applauso publico, que nosimpelle no caminho do progresso."

Tel-o-ha sempre quem como Eurtado Coelho o me-rece; e tel-o-ha, hoje, da própria Ristori.

TypTdiTImp. Inst. Artístico — Largo dc S. Francisco n. .16?

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