QUEM VAI MORAR NO CÉU

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QUEM VAI MORAR NO CÉU?

SL 15:1 - SALMO DE DAVI. QUEM, SENHOR, HABITARÁ NO

TEU TABERNÁCULO? QUEM HÁ DE MORAR NO TEU SANTO

MONTE?

Eis aqui uma séria questão quanto à identidade daqueles que irão morar para sempre com o Senhor no céu.“Quem” refere-se não à sexo, nacionalidade, posição social, ascendência ou nome, mas às qualidades e ao caráter daqueles que irão morar no céu com o Senhor. A palavra habitar no texto em questão traduz a idéia de uma longa ou permanente estadia e não de apenas “passar um tempo”.

Davi não está procurando por uma lista com o nome daqueles que terão este direito; ele está indagando ao Senhor, que é santo, que “habita num alto e santo lugar”, como deve ser o caráter, quais os traços marcantes daqueles que irão habitar (TABERNACULAR) no céu com o Senhor.

Aqui o verbo habitar significa viver entre pessoas que não são parentes de sangue; portanto, além de não desfrutar dos direitos civis dos nativos, o estrangeiro (peregrino), dependia da hospitalidade do povo da terra, a qual desempenhava um importante papel no antigo oriente. Davi, preocupado com esta séria questão, pergunta então, “que tipo de pessoas são aquelas que tu permitirás e coroarás com tão honrosos e eternos favores?” O salmista considera-se, ele próprio, como um estrangeiro diante do Senhor (1Cr 29:15).

Isto nos faz pensar quão grande privilégio é ser um cidadão de Sião, uma honra e uma vantagem – já que nem todos serão assim privilegiados, apenas um remanescente – e que os homens não têm este privilégio por nascimento e sangue, nem por serem descendência de Abraão, mas, por causa do modo como são suas vidas e seus corações.

Temos que colocar em questão esta nossa preocupação: Senhor, o que eu terei que ser, e fazer, para poder habitar em teu tabernáculo? (Lc 18:18; At 16:30). Observe a quem esta pergunta está sendo feita – ao próprio Deus. Observe ainda que, aquele que quer encontrar o caminho para o céu precisa levantar os olhos a Deus, precisa receber direção de Sua palavra e implorar orientação de Seu Espírito. Ele mesmo é quem dá leis aos Seus servos, e aponta as condições de Sua graça, e diz quem é Seu e quem não é.

Na Primeira Aliança (não gosto da expressão Antigo Testamento), podemos entender a palavra TABERNÁCULO, tipificado pelo tabernáculo de Moisés, como a igreja militante - em um ambiente hostil, com propósito e mobilidade. Ali Deus se manifesta, e ali Ele encontra Seu povo, como antigamente, no tabernáculo do testemunho, a Tenda do Encontro. Quem irá morar neste tabernáculo? Quem será contado como um verdadeiro membro da igreja de

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Deus, admitido entre os sacerdotes espirituais para servir nos aposentos deste tabernáculo? Preocupa-me esta questão, porque muitos fingem ter um lugar neste tabernáculo, mas realmente não têm parte nem herança neste ministério. O Senhor dá a seu povo a sensação de proximidade quando escolhe os montes como lugares para a sua adoração e revelação. Moisés e Elias oraram em um monte (Ex 17:9; 1Rs 18:42); bênçãos e maldições são invocadas do Monte Ebal e do monte Gerizim (Dt 11:29; 27:12ss; Js 8:33), adoração é oferecida em vários montes (cf. Gn 22:2; Js 5:3; 1Sm 9:12ss; 1Rs 3:4) e a arca pousou em um monte (1Sm 7:1; 2Sm 6:3).

Mas acima de tudo o Senhor escolhe Sinai e Sião como os lugares onde ele revela-se. No monte Sinai a Lei foi dada e a adoração nacional estabelecida. Foi no monte Horeb que Elias se refugiou e foi alimentado e fortalecido em graça. Em Sião o Senhor colocou seu nome e este se tornou o lugar central e final de adoração (Ex 15:17; Dt 12:1). Ali as tribos se reuniam em adoração (Sl 122; 13 Sl 133). Há mais do que indícios de que a Sião terrena é um símbolo daquilo que no NT se torna explicitamente a Jerusalém celestial. O Monte de Deus, no Sl 68:16, geralmente comparado a um alto monte, é o retrato de Deus subindo às alturas, por isso o celestial “alto monte” (cf. Ef 4:8-10).

Por santo monte também podemos entender a igreja triunfante, aludindo ao Monte Sião, no qual o templo viria ser construído por Salomão. É a felicidade dos santos glorificados que eles habitem naquele monte sagrado; eles estarão em casa lá; viverão lá para sempre. Por isto deve ser nossa preocupação procurar saber quem habitará lá, para que possamos nos certificar de que teremos um lugar entre eles.Aqueles que quiserem conhecer seu dever, com a resolução de cumpri-lo, descobrirão que as Escrituras são um guia confiável e a consciência um monitor fiel. Vejamos então as principais características de um cidadão de Sião:

1. É aquele que é sincero e íntegro em sua religião. Ele anda corretamente, de acordo com a condição da aliança (Gn 17:1), “anda em minha presença e sê perfeito”. Ele é realmente o que ele professa ser, é puro de coração, e pode ser aprovado diante de Deus, em sua integridade, em tudo o que faz; seu falar e agir são uniformes, e ele busca cumprir toda a vontade de Deus. Ele, de fato é um “israelita em quem não há dolo” (Jo 1:47; 2Co 1:12). Não há outra religião exceto a sinceridade.

2. Ele é aquele que é conscientemente honesto e juto em todos os seus negócios, confiável a todos com os quais convive: Ele “anda sinceramente”; caminha em todas as ordenanças e mandamentos do Senhor, e cuida de dar o que é devido, tanto a Deus quanto aos homens; e falando a ambos, ele fala do que é “a verdade no seu coração”; suas orações, confissões, e promessas a Deus, não saem de lábios falsos, nem ousa ele mentir, nem mesmo se equivocar, em sua conversa ou comércio com os homens. Ele caminha pelas regras da retidão e da verdade, e abomina os ganhos da injustiça e da fraude.

3. Ele é aquele que planeja fazer tudo de bom que puder ao seu próximo, mas é cuidadoso para não fazer mal a ninguém, e é, em particular, cuidadoso da

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reputação de seu próximo. Ele não faz nenhum mal ao seu próximo, voluntariamente, nada para feri-lo ou entristecê-lo, nada para prejudicar sua integridade física, nada para prejudicá-lo em seus interesses materiais, em sua família ou relações; mas anda de acordo com aquela regra de ouro da equidade: fazer aos outros o que gostaria que lhe fizessem. Ele é especialmente cuidadoso para não difamar o bom nome de seu próximo. Se alguém, neste assunto, não refreia sua língua, sua religião é vã. Ele conhece o valor de um bom nome, e, portanto, ele não difama, não fala mal de ninguém, não faz fofoca, só fala o que for bom para edificação, não dá crédito a calúnias, mas franze o cenho contra a maledicência, e assim a silencia (Pv 15:23). Sua caridade cobre uma multidão de pecados. 4. Ele é aquele que valoriza os homens pelas suas virtudes e pela sua piedade, e não pela sua aparência ou posição. Não despreza ninguém, por mais vis e sem valor que as pessoas pareçam. Não fala mal daqueles que estão investidos de autoridade e poder (1Pe 2:17); honra as pessoas, estima-as em amor, deseja sua amizade e fica feliz por ter oportunidade de mostrar-lhes respeito e fazer-lhes algum bem, pleitear sua causa e se alegra quando elas prosperam, se entristecem quando elas se vão, e sua lembrança, quando partem, é preciosa para ele.

5. Ele é aquele que sempre prefere uma boa consciência diante de um interesse secular ou qualquer vantagem; pois, se ele prometeu qualquer coisa, mesmo com dano próprio, ele cumprirá o prometido, isto é, ele não muda a promessa. Uma promessa, um juramento é uma coisa sagrada, com a qual não se pode negociar.

6. Ele é aquele que não aumenta seu patrimônio por meio de práticas desonestas, nem por extorsão. Ele não dá seu dinheiro com usura, para que não venha a viver facilmente do suor de outrem, já que ele pode aumentar seus ganhos através de seu próprio labor. Um cidadão de Sião emprestará livremente aos pobres, de acordo com suas possibilidades, e não será rigoroso ou severo ao cobrar seus direitos daqueles que são desfavorecidos pela Providência. Ele não aceitará suborno contra o inocente; se ele trabalha em alguma repartição pública de administração ou justiça, ele não aceitará nenhum ganho, ou esperança de ganho, para si próprio, para trazer qualquer dano a uma causa justa.

O salmo conclui com a ratificação destas características do cidadão de Sião. Ele é como o próprio monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre (Sl 125:1). Cada membro verdadeiro da igreja, como a própria igreja, está construído sobre a rocha, e as portas do inferno não prevalecerão contra ele. A graça de Deus será sempre suficiente para ele, para preservá-lo para o reino celestial. As tentações não o subjugarão, os problemas não o abaterão, nada roubará dele a paz desta vida nem a futura vida eterna.

Ao lermos este salmo devemos aprender com ele e com ele nos admoestarmos, para que alcancemos as características aqui dadas ao cidadão de Sião, para nunca sejamos removidos do tabernáculo de Deus na terra, e possamos chegar, finalmente, àquele monte santo onde estaremos para sempre fora do alcance da tentação e do pecado.