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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica Quercetina – uma revisão sobre sua possível capacidade ergogênica Caio da Silva Souza Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Orientador(a): Prof.(a). Dr(a) João Paulo Fabi São Paulo 2017

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

Quercetina – uma revisão sobre sua possível capacidade ergogênica

Caio da Silva Souza

Trabalho de Conclusão do Curso de

Farmácia-Bioquímica da Faculdade de

Ciências Farmacêuticas da

Universidade de São Paulo.

Orientador(a):

Prof.(a). Dr(a) João Paulo Fabi

São Paulo

2017

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SUMÁRIO

Pág.

RESUMO ......................................................................................... 1

1. INTRODUÇÃO................................................................................. 3

2. OBJETIVOS................................................................................... 8

3. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................... 8

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 10

5. CONCLUSÃO.................................................................................. 30

6. BIBLIOGRAFIA................................................................................. 31

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RESUMO

SOUZA, C.S. Quercetina – uma revisão sobre sua possível capacidade ergogênica. 2017. no. f. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. Palavras-chave: quercetina, esportes, desempenho, ácido ascórbico

Introdução: Este trabalho visa avaliar os efeitos da quercetina, um antioxidante

fenólico, como suplemento alimentar em indivíduos e seu uso em indivíduos

treinados ou não, na busca por um melhor desempenho nas atividades físicas

(ergogênico). Ademais, os resultados da quercetina foram comparados com os

resultados de outro antioxidante, o ácido ascórbico. A intenção dessa comparação

foi de avaliar a eficácia no uso dessas substâncias antioxidantes, com

grupamentos químicos diferentes, a fim de se determinar ou aproximar-se dos

verdadeiros efeitos dos antioxidantes como ergogênicos. A quercetina, um

flavonoide polifenólico, é reconhecido pelas suas características antioxidantes. O

atual trabalho visou avaliar os reais efeitos da quercetina no desempenho

esportivo, verificando se os estudos comprovam a hipótese de que os flavonoides

podem desempenhar um importante papel na biogênese mitocondrial. Além disso,

um comparativo com um antioxidante largamente utilizado no meio esportivo

(ácido ascórbico) visou estabelecer um paralelo entre diferentes classes de

antioxidantes e as suas ações no rendimento esportivo. Materiais e Metódos:

Foram comparados estudos que obtiveram sucesso nos achados com o uso de

quercetina, frente a estudos que não demonstraram resultados significativos em

seu uso e, também, estudos sobre o ácido ascórbico e seu uso na suplementação

em indivíduos praticantes de atividade física. A comparação foi feita com base na

análise das características de cada artigo, levando-se em consideração as

semelhanças e diferenças, não somente nos resultados, como nas metodologias

utilizadas. Resultados e Discussão: Foi verificado que a quercetina possui

capacidade de elevar a biogênese mitocondrial, através da estimulação da SIRT1

e da PGC-1α, elevando a expressão das proteínas que atuam no processo

bioquímico da biogênese mitocondrial ainda que em pequenas proporções

demonstrando que, possivelmente, a quercetina poderia ser utilizada na promoção

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da ergogenia. A quercetina se demonstrou mais efetiva do que o ácido ascórbico,

uma vez que esse composto pode ter um papel controverso na suplementação de

atletas, promovendo a melhora no desempenho esportivo em alguns casos, mas

piorando a performance em outros casos. A quercetina também se demonstrou

mais efetiva em indivíduos não-treinados (mas ativos) do que em treinados, muito

provavelmente pela pouca adaptação física desses indivíduos em relação aos que

já são altamente condicionados a atividades físicas de alta intensidade.

Conclusão: Apesar do grande potencial ergogênico que a quercetina possui,

outras abordagens devem ser realizadas para se verificar a real capacidade do

flavonoide em melhorar o desempenho de atletas treinados ou não. Alternativas

como dosagens maiores de quercetina e outras isoformas químicas devem ser

consideradas em futuros estudos.

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente a performance de atletas, sejam eles de alto nível ou amadores, está

sendo alvo de muitos estudos uma vez que diferentes vias para a melhoria de

desempenho podem ser exploradas devido às novas tecnologias de análise

bioquímicas e de treinamento. Novos compostos com capacidade ergogênica

estão sendo estudados a fim de que atletas de todo o tipo possam, legalmente,

melhorar os seus objetivos esportivos. Ergogênicos são fatores, internos ou

externos, que promovam uma melhora no desempenho atlético durante a

realização de atividade física. São considerados ergogênicos desde esteroides

anabolizantes, a alimentos e até mesmo música, sendo o primeiro um fator interno

e os dois últimos fatores externos1. Uma das principais vias exploradas está

relacionada ao estresse oxidativo, gerado quando se há um desequilíbrio entre a

formação de radicais livres e a remoção desses do organismo. Radicais livres são

espécies altamente reativas e que possuem um elétron desemparelhado sendo

capazes de reagir com os mais diversos tipos de moléculas levando-as à oxidação

e à consequente degradação2.

A geração de radicais livres ocorre, principalmente, através da cadeia

transportadora de elétrons na mitocôndria. Esse processo leva à redução

univalente do O2 gerando peróxido de hidrogênio (H2O2) e os radicais superóxido

(O2•) e hidroxila (OH•). Os radicais livres podem ser conhecidos, em sua maioria,

como espécies reativas de oxigênio (ERO) ou ainda como espécies reativas de

nitrogênio (ERN), como o radical livre óxido nítrico (NO•) ou o peroxinitrito

(ONOO), este último gerado por meio da reação do superóxido com o radical livre

óxido nítrico. A formação desses radicais se dá devido ao consumo de oxigênio e,

durante a atividade física, esse consumo se eleva em até vinte vezes do consumo

basal do indivíduo. Sendo assim, o aumento na captação de oxigênio eleva a

quantidade de radicais livres produzidos pelo organismo2,3.

Devido a sua alta capacidade oxidante, os radicais livres podem levar a alterações

na membrana celular, gerando lesões das fibras musculares e desencadeando

processos inflamatórios, podendo levar a alterações enzimáticas e histológicas e,

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por consequência, podem reduzir a função muscular3. Essa redução altera não

somente a capacidade de funcionamento da musculatura, mas também a sua

recuperação. E uma deficiência e/ou demora na recuperação muscular pode afetar

o desempenho de esportistas, principalmente aqueles atletas profissionais que

possuem um alto nível de estresse oxidativo devido às elevadas rotinas de

treinamento.

Desse modo, a busca por mecanismos, substâncias ou componentes que auxiliem

na redução do estresse oxidativo vem sendo realizada, visando não somente

atletas profissionais, mas para todos aqueles que buscam uma melhora no

desempenho esportivo ainda que de modo amador. Recentemente, um dos

principais alvos de pesquisa relacionados à redução do estresse oxidativo tem

sido a quercetina. A quercetina é um flavonoide polifenólico e é encontrado em

muitos alimentos como cebolas, maçãs e brócolis4, sendo um dos principais

flavonoides consumidos na dieta humana. A quercetina é reconhecida pelas suas

características altamente antioxidantes, em especial a capacidade de quelar íons

metálicos (que serviriam de pró-oxidantes lipídicos) e em proteger contra a

peroxidação de lipídeos através da inativação de radicais livres, contribuindo

assim, para a prevenção de doenças inflamatórias crônicas4,5.

Os flavonoides são estruturalmente reconhecidos por possuírem um esqueleto de

difenil propano (C6C3C6) ligado a dois anéis benzênicos (A e B) ligados a um anel

pirano (C)5.

Figura 1 – Estrutura básica dos flavonoides, demonstrando os anéis tricíclicos, sendo o A e B

aromáticos e o C possuindo o grupo pirona. A quercetina possui substituintes nas posições 3, 5, 7,

3’, 4.

Seu potencial antioxidante está, principalmente, ligado à inativação do radical

hidroxil e do ânion superóxido, espécies altamente reativas na retirada de elétrons

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de grupamentos funcionais e/ou ligações químicas com características

específicas. Os flavonoides agem por meio da doação de átomos de hidrogênio,

inibindo assim as reações em cadeia provocadas pelos radicais livres6. O elétron

desemparelhado é estabilizado por ressonância nos anéis benzênicos da

quercetina. Os flavonoides também podem estabilizar a membrana citoplasmática,

participando da inibição da peroxidação lipídica, podendo também inibir a xantina

oxidase, enzima que atua na geração de radicais livres através da oxidação4.

Devido às suas capacidades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticancerígenas e

a sua abundância na natureza, aumentou-se o interesse no uso da quercetina

para diversas finalidades relacionadas ao aumento do bem-estar e da manutenção

de uma boa saúde. E não somente com vista à melhoria da saúde, os estudos do

uso da quercetina como um agente ergogênico se iniciaram, tentando relacionar a

ingestão dessa substância com o possível estímulo da biogênese mitocondrial,

processo bioquímico responsável pela maior capacidade de ação da mitocôndria,

e consequentemente, importante na atividade física5.

A biogênese mitocondrial é um processo que ocorre em cascata de reações e tem,

como seu principal fator estimulante, o PGC-1α. O PGC-1α é um fator de

regulação transcricional que induz a biogênese mitocondrial pela ativação de

fatores, como o NFR-1 e NRF-2. Estes, que por sua vez, promovem a expressão

de várias enzimas mitocondriais, interagem com o Tfam, fator de transcrição

mitocondrial, que está diretamente ligado à transcrição e replicação do DNA

mitocondrial4,7. Uma série de outras reações e fatores promovem a expressão de

PGC-1α, como por exemplo, a expressão das sirtuína 1 (SIRT1). Esta proteína,

produzida no fígado durante o jejum e estimulada pela piruvato quinase, ao ser

ativada, desacetila a PGC-1α, elevando a sua atividade e desencadeando o

processo de transcrição citado (figura 2).

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Figura 2 – Mecanismo de ativação da biogênese mitocondrial ativada pela PGC-1α e SIRT1. Ao ser

estimulada pela quercetina ou resveratrol, a SIRT1 ativa a PGC-1α que, através dos NRFs, eleva a

transcrição de DNA mitocondrial promovendo a biogênese. Adaptado de François R.; SHULMAN, Gerald I,

2010.

Um exemplo de composto químico que demonstrou uma ativação da SIRT1 é o

resveratrol. O resveratrol é um composto fenólico com alta similaridade à

quercetina que, quando administrado oralmente em humanos submetidos à

exercício, elevou a biogênese mitocondrial no músculo esquelético melhorando a

tolerância ao exercício. Devido à semelhança da estrutura química (figura 3) entre

o resveratrol e a quercetina, acreditou-se que a quercetina poderia promover um

aumento no desempenho esportivo pelo mecanismo citado, sendo este

considerado uma hipótese4,7.

quercetina resveratrol

Figura 3 – Estruturas químicas da quercetina e resveratrol. A semelhança estrutural e a distância entre os

anéis benzênicos levaram pesquisadores a avaliar se a quercetina possuiria o mesmo efeito que o resveratrol.

Mais recentemente, estudos demonstraram que a quercetina possui a capacidade

de promover a biogênese mitocondrial através da ativação da PGC-1α7. A

possibilidade de que a quercetina pudesse propiciar uma melhora no desempenho

de atletas passou a ser alvo de muitos estudos nos últimos anos devido à,

principalmente, essa capacidade de promoção da biogênese mitocondrial. Sendo

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assim, diversos grupos de pesquisa estão realizando experimentos com a

finalidade de verificar a real eficácia de sua suplementação.

O uso de antioxidantes como ergogênicos já vem sendo realizado há muito tempo

utilizando outras substâncias capazes de diminuir a oxidação no organismo

humano e, teoricamente, favorecer o desempenho esportivo. Uma das vias mais

populares de inibição do estresse oxidativo é através do uso do ácido ascórbico

(vitamina C) como suplemento alimentar. O ácido ascórbico é encontrado

majoritariamente em frutas cítricas, como laranja e limão, além de ser também

encontrado em pimentões, espinafre e brócolis. Seu uso está intimamente ligado à

prevenção do escorbuto, que leva a manifestações hemorrágicas (petéquias,

equimoses, sangramento das gengivas), edema nas articulações, fadiga, lassidão,

tonteiras, anorexia, alterações cutâneas, infecções e morte8.

Essas alterações ocorrem, pois a vitamina C age como um cofator para duas

enzimas essenciais para a biossíntese de colágeno, a lisil e a prolil hidroxilases.

Essas enzimas, por sua vez, hidroxilam resíduos prolil e lisil nos polipeptídios de

colágeno. Essas modificações levam a formação e estabilização do colágeno de

tripla hélice o que originará as fibras de colágeno, dando sustentação ao tecido

conjuntivo evitando assim alterações em seu metabolismo e prevenindo contra os

sintomas da doença9. O ácido ascórbico é uma lactona hidrossolúvel que atua

como uma coenzima que se modifica ao longo do curso de reações enzimáticas e

necessitam de um cofator para atuarem8. O potencial antioxidante está ligado às

hidroxilas, que possuem enorme capacidade redutora, uma vez que são grandes

aceptoras de elétrons provenientes das espécies reativas10. Por conta do seu

potencial antioxidante, o ácido ascórbico desperta o interesse de pesquisadores

para ser incorporado na suplementação de atletas, auxiliando na performance

esportiva por, possivelmente, reduzir o estresse oxidativo.

Com base nas informações acima apresentadas e projetando a quercetina como

uma potencial substância com efeitos ergogênicos semelhantes ou ainda

melhores que o ácido ascórbico, esse trabalho visa analisar os efeitos da

quercetina sobre a biogênese mitocondrial e os efeitos dela no seu uso durante a

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prática esportiva, avaliando se há benefícios em seu uso utilizando como base

artigos científicos publicados.

Paralelamente, serão comparados os efeitos da vitamina C, frente aos efeitos da

quercetina, no âmbito esportivo, procurando-se contrapor os resultados de dois

antioxidantes de diferentes classes. Sendo a quercetina um flavonoide que atua

através da doação de elétrons, e sendo o ácido ascórbico uma lactona

hidrossolúvel que atua como aceptor de elétrons, especula-se que ambos os

compostos possuem a mesma finalidade que é a de aperfeiçoar a atividade

esportiva.

Figura 4 – Mecanismo de oxidação do ácido ascórbico8. Ao ser oxidado por um elétron de elementos

oxidantes, é formado o radical ascorbila que, quando novamente oxidado, gera o radical ácido

desidroascórbico.

2. OBJETIVO(S)

Os objetivos dessa revisão são, através da busca por artigos científicos, avaliar os

reais efeitos da quercetina no desempenho esportivo verificando se os estudos

comprovam a hipótese de que o flavonoide pode desempenhar um importante

papel na biogênese mitocondrial e se o seu uso pode ser benéfico para atletas

profissionais ou amadores. Além disso, através de um comparativo com um

antioxidante largamente utilizado no meio esportivo, o ácido ascórbico, visar

estabelecer um paralelo entre diferentes classes de antioxidantes, de modo a se

prover informações relevantes sobre as suas ações no rendimento esportivo.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Como fonte de pesquisa, foram selecionadas as bases de dados mais

amplamente utilizadas e com maiores acervos de artigos científicos, como

PubMed e Web of Knowledge.

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Para que se atingisse o objetivo do trabalho, artigos que relacionassem a

quercetina com o aumento do desempenho esportivo de indivíduos treinados ou

não, bem como estudos que relacionavam o uso de ácido ascórbico também

dentro do ambiente esportivo, foram considerados. O objetivo na comparação

entre os dois antioxidantes foi o de se estabelecer um paralelo entre as duas

classes de antioxidantes e os seus efeitos no desempenho esportivo.

Para a busca dos artigos científicos, foram utilizados termos em inglês

relacionados aos objetivos do trabalho. Termos como “quercetin and

performance”, “quercetin and endurance”, “sports”, “enhancement” e “ascorbic

acid” foram utilizados como palavras-chave durante a pesquisa.

Para efeitos de avaliação dos resultados, foi considerado um período entre 2009 e

2015, para que se apresentassem resultados atualizados e efetivos, de modo a

reduzir a defasagem dos achados. Eventualmente, alguns artigos mais antigos

foram utilizados apenas para um melhor entendimento de teorias e conceitos.

Artigos cujos métodos de pesquisas, sendo eles desenho dos estudos, parâmetros

avaliados e populações estudadas fossem semelhantes, foram incluídos no

trabalho. Desse modo, foram selecionados estudos cujos principais parâmetros de

avaliação incluíam o VO2max, a distância máxima percorrida durante o VO2max e

tempo máximo de esforço. Outros parâmetros como expressão de RNA

mensageiro dos fatores da biogênese mitocondrial também foram considerados,

uma vez que os resultados apresentados demonstrariam ou não a real eficácia da

suplementação, pelo menos na expressão de tais fatores.

Também foram selecionados artigos cuja população alvo se baseava entre

indivíduos não treinados ou que realizavam atividades físicas esporádicas, porém

não eram considerados treinados (atletas amadores). A seleção desses artigos foi

realizada para que se obtivesse uma melhor comparação uma vez que estudos

semelhantes seriam avaliados.

Estudos que não se enquadravam ou que diferiam muito dos critérios

mencionados acima acabaram por ser descartados.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quercetina

Estudos em cobaias: primeiros achados

Como forma de se determinar os possíveis efeitos da quercetina no estímulo da

biogênese mitocondrial, ratos foram suplementados com doses de 12,5 e 25

mg/kg misturadas a suco de laranja11. Foi avaliada a capacidade máxima de

resistência através do desempenho na esteira, uma vez que o seu aumento

poderia indicar uma melhora no desempenho físico dos ratos. Para as duas doses

pode-se observar um desempenho extremamente semelhante, sendo que para a

dosagem de 12,5 mg/kg observou-se uma elevação no tempo de corrida de 36% e

na de 25,0 mg/kg elevou em 37%.

Para casos em que os ratos corriam por esforço voluntário, apenas a dosagem de

25,0 mg/kg foi utilizada, além do placebo. As medidas foram tomadas 24 horas por

dia durante os sete dias de suplementação e sete dias seguintes ao tratamento,

sendo avaliado um total de 14 dias. Nos dias 6 a 14 foi identificado um aumento

na distância percorrida, o tempo de exercício também se elevou nos dias 7 e 14 e

o pico de velocidade foi maior durante os dias 2 e 3 (Figura 5).

Figura 5 – Resultados para o esforço voluntário dos ratos. A quercetina elevou a distância percorrida e o

tempo de exercício a partir do sétimo dia.

Sendo assim, foi possível identificar um aumento considerável no desempenho

geral para os animais que foram suplementados com quercetina.

Em um segundo estudo, ratos sedentários e treinados foram suplementados com

quercetina, para que se avaliassem os efeitos do flavonoide no desempenho

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esportivo deles12. Os ratos foram suplementados com doses de quercetina de 25

mg/kg, diluída em uma solução de 1% de metil celulose, contendo também

vitamina B3 e C em dias alternados. Aos grupos administrados com placebo, foi

administrada somente a solução de metil celulose, juntamente com vitaminas B3 e

C. Não foram encontradas diferenças entre os dois grupos na distância máxima

percorrida. A média de metros percorridos foi de 986 e 1002 para a quercetina e o

placebo, respectivamente.

A capacidade de resistência também foi avaliada, não sendo encontradas

diferenças estatisticamente significativas no desempenho entre a suplementação

com a quercetina e os grupos placebo, embora o grupo suplementado tenha

corrido por um tempo 5,91% maior e uma distância 14% mais longa no teste de

resistência. No teste incremental e no teste de alta intensidade (figura 6), os

resultados não diferiram entre as condições do placebo e da quercetina. O peso

final dos animais também não foi alterado. E, embora a distância alcançada pelo

grupo treinado e suplementado tenha sido 18,6% superior ao placebo,

estatisticamente não foram encontrados resultados significativos (figura 6).

Figura 6 – Distância percorrida até a exaustão no treino incremental e no treino de resistência. Para os

parâmetros avaliados, não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos placebo e quercetina.

Seguindo a mesma metodologia de realização para os testes e para a

suplementação do estudo mencionado anteriormente, avaliou-se os efeitos da

quercetina na síntese de PGC-1α e SIRT1, além do DNA mitocondrial na

musculatura de quadríceps dos ratos13.

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Tanto os grupos de exercício como o de quercetina elevaram a expressão de

PGC-1α. A combinação do exercício com o flavonoide resultou num aumento de

128% dos níveis de expressão de PGC-1α quando comparados com o grupo sem

o flavonoide. Em relação aos níveis de SIRT1, resultados semelhantes para o

grupo não suplementado foram encontrados antes e depois do exercício.

Foi possível identificar que a suplementação de quercetina, durante a realização

de exercícios, impediu a elevação dos níveis de expressão para a SIRT1 (figura

7), resultado oposto à avaliação do efeito dela em ratos sedentários.

Figura 7 – Efeitos da suplementação de quercetina e do treinamento físico na expressão muscular da PGC-1,

da SIRT1 e DNA mitocondrial. É possível identificar um aumento na expressão para o grupo sedentário

suplementado com quercetina.

Nem a quercetina e nem a realização de atividades físicas, isoladamente, foram

capazes de elevar os níveis de DNA mitocondrial, entretanto, a combinação do

exercício e da quercetina levaram a uma redução dos teores de DNA mitocondrial

quando comparados com o exercício sozinho.

Ao se observar os primeiros achados em ratos, é possível identificar um potencial

estímulo da quercetina nas vias de biogênese mitocondrial. Embora a expressão

dos mRNAs não possa assegurar que as respectivas proteínas terão a sua síntese

estimulada, é notável que ela possui um grande potencial no que se refere à via

metabólica da biogênese mitocondrial.

Portanto, quando testado em animais, os resultados se demonstraram otimistas

com o uso e os possíveis efeitos da quercetina do desempenho esportivo tanto em

relação à atividade física quanto à possível biogênese mitocondrial.

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Estudos em humanos

Indivíduos não treinados e não ativos

Quando se avaliou a capacidade ergogênica da quercetina em indivíduos não

treinados, alguns resultados contraditórios também foram encontrados.

Selecionando trinta indivíduos adultos do sexo masculino e considerados

sedentários ou sem serem fisicamente ativos, estes foram submetidos a seis

semanas de testes14. Os testes resumiram-se à corrida na esteira por 12 minutos

a uma inclinação de 15% sendo verificada a distância máxima percorrida pelos

indivíduos.

Durante a corrida na esteira por 12 minutos, a variação na distância alcançada foi

significantemente maior para a quercetina do que para o placebo, sendo que para

a quercetina, foi alcançada uma variação de distância de 29,2 metros (distâncias

médias percorridas na pré-suplementação com quercetina 986 m e pós

suplementação 1013 m) e -11,9 metros para o placebo (distâncias médias

percorridas na pré-suplementação com placebo 1002 m e pós suplementação 990

m) 14. Não foram encontrados resultados significativos quando se avaliou a taxa

respiratória.

Em contrapartida, outro estudo no qual foram avaliados os efeitos do uso da

quercetina em curta duração em indivíduos recreacionalmente ativos, porém não

treinados, não se encontraram resultados amplamente favoráveis15.

Quando se mensurou a concentração plasmática de quercetina anterior à

realização da atividade física, para os dois grupos não foram encontrados

resultados significantemente diferentes. Após o início dos testes, a concentração

plasmática do grupo que recebia o flavonoide foi superior ao do grupo controle,

como era de se esperar (Figura 8)

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Figura 8 - Concentração plasmática de quercetina nos dois grupos antes e depois do tratamento.

Com isso, atingiu-se o objetivo de se elevar a concentração total de quercetina

através da ingestão da bebida suplementada. A seguir, foram medidos os volumes

máximos de oxigênio (VO2max). A média do grupo que recebeu a suplementação

foi de 87 ± 216 ml/min, ao passo que o grupo controle obteve um valor médio de

11 ± 222 ml/min. Já a média de variação por tempo no exercício, uma medida da

capacidade de esforço, foi de 1,1± 2,2 min e 0,6 ± 1,2 min para o grupo

suplementado e para o placebo, respectivamente. Estatisticamente, não houve

alterações significantes ou expressivas entre os dois grupos antes e depois do

tratamento com o flavonoide.

A variação média para a quercetina foi de 3,0 ± 5,3 kJ antes e após o tratamento.

Já para o grupo placebo, a variação média foi de 0,7 ± 12,2 kJ. Além disso, o

efeito do tempo sobre o tratamento não foi estatisticamente significante,

comprovando que não houve alteração no desempenho para os dois grupos. A

diferença entre os dois estudos apresentados pode estar no tipo de participantes.

Para o estudo o qual foram obtidos resultados positivos, os participantes eram

sedentários e não praticavam atividades físicas regulares sendo que a realização

do esforço físico pode ter contribuído para a melhora no desempenho. Como

comentado no início deste trabalho, a atividade física é capaz de estimular não

somente a biogênese mitocondrial, mas também condicionar os indivíduos a

possuírem um melhor condicionamento físico. Já para o grupo em que não foram

encontrados resultados significativos, os participantes eram fisicamente ativos,

embora não fossem altamente treinados. O que os leva a ser mais condicionados

do que os sedentários e, portanto, mais resistentes a adaptações físicas

provocadas pela atividade física.

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Em indivíduos sedentários, a quercetina parece não exercer efeito ergogênico. A

administração de 1.000 mg de quercetina parece não exercer efeitos significativos

nesses indivíduos, em especial na capacidade de consumo de oxigênio35. Para

indivíduos suplementados, após a realização da atividade, foi obtido um valor

médio de 3,05 ± 0,74 l/min, sendo que para o placebo foi de 2,98 ± 0,68 l/min,

indicando que não há diferenças que justifiquem o uso do flavonoide como

promotor da ergogenia.

A figura 9 demonstra a ausência de efeito sobre indivíduos sedentários, quando

avaliado o consumo máximo de oxigênio. Os dados se mostram extremamente

similares com ou sem o uso da quercetina.

Figura 9 – Resultados da suplementação com o placebo e com a quercetina expressado em ml.kg-1

.min-1

.

Nenhuma alteração significante foi observada durante ou após o tempo da avaliação.

Sendo assim, em humanos não treinados, a quercetina parece não desempenhar

o mesmo efeito que em ratos. Ainda que haja uma possível melhora na

capacidade física dos participantes, alguns parâmetros demonstrados podem ser

intensificados mostrando que os efeitos encontrados em animais em laboratórios

não devem ser extrapolados para humanos.

Indivíduos não treinados (ativos) e treinados

Ao se avaliar os efeitos da quercetina em indivíduos sobre o VO2max e sobre a

capacidade de resistência em indivíduos que praticavam atividades físicas

regulares, mas não eram altamente treinados, foram constatadas melhorias nos

parâmetros avaliados em relação ao placebo16. Após a realização dos testes,

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identificou-se um significante aumento no VO2max, por volta de 3,9%, em relação a

condição do placebo. Não foram observadas alterações na composição corporal.

Após o tratamento, dez dos doze indivíduos avaliados obtiveram um aumento no

VO2max, como é possível identificar na figura 10.

Ao se avaliar o tempo de corrida até a fadiga, notou-se um maior tempo para a

condição da quercetina em relação ao placebo, 105,7 ± 6,3 e 93,4 ± 6,6,

respectivamente. Um aumento próximo de 13,2%. Para 8 dos 12 indivíduos, a

distância percorrida foi maior após o tratamento com quercetina.

Embora os resultados nos indivíduos suplementados com quercetina não tenham

sido extremamente superiores aos dos indivíduos que receberam o placebo, é

possível identificar uma melhoria na capacidade física dos participantes

suplementados.

Figura 10 – A suplementação por curto período de tempo elevou o consumo máximo de oxigênio VO2max em

participantes ativos, mas não altamente treinados. A suplementação com quercetina elevou em

aproximadamente 3,9% o consumo máximo de O2.

Entretanto, os efeitos positivos da quercetina não parecem ter alterações para

indivíduos altamente treinados, como no caso de soldados militares. Ao serem

administrados 1.000 mg de quercetina por dois dias, não foram encontrados

resultados que efetivamente comprovassem o seu efeito benéfico. Assim como em

Davis et al 2010, avaliou-se o VO2max não sendo encontrados diferenças

significantes entre o grupo placebo e o grupo suplementado. Para o grupo

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17

suplementado, a taxa de percepção do esforço foi de 10,46 ± 1,9, e para o

placebo, 10,3 ± 1,9.

Tabela 1 – resultados de VO2max para os grupos placebo e suplementados

É possível verificar que não há diferenças significativas nos resultados encontrados para os grupos avaliados.

Na figura 11 pode-se verificar que para medidas de tempo máximo para o esforço

físico, também não há diferenças significativas entre os dois grupos. É possível

perceber apenas um aumento na dor muscular para os indivíduos que fizeram uso

da quercetina.

Figura 11 - A) O desempenho do teste de tempo não foi significativamente diferente entre tratamentos ou

dias de teste. B) Classificação do esforço percebido durante o ciclo mas que não foi afetado pelos

tratamentos. C) As classificações de dor muscular foram estatisticamente semelhantes para B e P, sendo

apenas Q no dia 2 diferente, mostrando que o grupo com quercetina ficou mais dolorido após o exercício.

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18

Com os dados avaliados, foi constatado que não há efeitos ou mudanças

significativas quando se usa a quercetina em indivíduos treinados, como no caso

de soldados. Há de se considerar que o tempo de administração do flavonoide foi

extremamente curto em relação aos outros estudos encontrados na literatura. Dois

dias podem não ter sido o suficiente para que os resultados fossem significativos,

quando para a maioria dos estudos um tempo mínimo de 7 dias foi o utilizado para

que se obtivesse uma concentração plasmática satisfatória para a realização dos

testes. Sendo assim, o tempo de administração realmente parece ser um fator que

deve ser levado em consideração durante a realização dos testes.

Ciclistas altamente treinados também parecem não estarem suscetíveis aos

efeitos da quercetina, ainda que por um curto período de tempo17. Quando

avaliado o VO2 por períodos de três horas, não foram encontrados resultados

positivos ou significativos da quercetina em relação ao placebo. O mesmo se

observa para a capacidade física realizada (figura 12). Não foram encontradas

variações que demonstrem a capacidade ergogênica da suplementação com o

flavonoide.

Figura 12 – Resultados de esforço e consumo de oxigênio para os grupos placebo e quercetina. Não foram

encontradas diferenças significativas entre os dois grupos. Capacidade física (a) e consumo de oxigênio (b)

para corridas de 3 horas para ambos grupos quercetina (n= 20) e placebo (n = 20). Dados combinados para

os três dias de testes sucessivos.

Quando se avalia a eficiência bruta da atividade dos ciclistas com o rendimento

sendo medido em três semanas, não foram encontrados resultados que

demonstrassem um aumento na eficiência, assim, ela não foi capaz de promover

um aumento no rendimento dos ciclistas17.

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19

Figura 13 – Eficiência bruta para corrida de 3 horas com quercetina e placebo. Dados combinados de três dias

consecutivos.

A suplementação com quercetina pelo tempo estudado, 3 dias para a realização

dos testes de capacidade física e consumo de oxigênio e de 3 semanas para a

eficiência bruta, podem não ter sido suficiente para que para os efeitos biológicos

esperados, como foram os encontrados em ratos por Davis et al. 2009.

Ultramaratonistas também não parecem ser afetados pelos possíveis efeitos da

quercetina. Para esses indivíduos, ao serem suplementados por três semanas

com doses diárias de 1.000 mg do flavonoide, previamente a uma prova de 160

km, não foram verificados efeitos notáveis18.

Figura 14 - Efeito da quercetina e placebo no esforço percebido ao longo do teste.

Quando analisamos o gráfico, percebemos que o grupo suplementado tende a

acompanhar o grupo placebo, com exceção pontual próximo à distância de 150

km. Os efeitos estariam relacionados à alta capacidade antioxidante da quercetina

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20

como uma contramedida nutricional ao dano oxidativo induzido no exercício e,

subsequentemente, diminuiria a taxa de esforço percebido (RPE) para atletas de

resistência. Um dos possíveis motivos para que não tenham sido encontrados

resultados positivos, pode ter sido a diminuição da concentração plasmática da

quercetina ao longo da prova. Uma administração de quercetina ao longo da prova

poderia apresentar um desfecho diferente do encontrado no estudo. Este pode ser

um ponto a ser questionado em futuros estudos, uma vez que nos testes

apresentados a administração ocorria sempre previamente à realização da

atividade física e não havia reposição da substância ao logo do exercício de alta

duração.

Novamente, é possível verificar que, para participantes altamente treinados, não

há efeitos significativos no uso da quercetina. O tempo de administração e as

quantidades utilizadas podem ser fatores decisivos na comprovação dos efeitos

ergogênicos. Entretanto, deve-se levar em consideração que, indivíduos altamente

treinados, tendem a possuir uma maior capacidade mitocondrial devido à

realização das atividades físicas intensas, como mencionado no início desse

trabalho, além de diferentes pessoas possuírem diferentes padrões de absorção

da quercetina.

Absorção e biodisponibilidade

A absorção da quercetina depende da sua forma estrutural. Estudos em ratos

indicaram que a forma aglicona é absorvida tanto no estômago como no intestino

delgado. O mecanismo pelo o qual isso ocorre ainda não é claro, mas há indícios

de que a absorção da forma aglicona ocorra, num primeiro momento, através de

difusão passiva e posteriormente por um peptídeo transportador de ânions

orgânicos (OATP). O transporte mediado por OATP, uma proteína carreadora de

influxo, é pH dependente. Esse mecanismo de absorção foi observado ao se obter

uma alta absorção da quercetina na presença de estrona-3-sulfato19. Em pH baixo,

os transportadores OATP estavam ativos, sugerindo que a quercetina pudesse

atuar como um substrato de alta afinidade do peptídeo transportador para entrar

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na célula. Ao se elevar o pH, a quercetina passou a entrar na célula por difusão

passiva19.

Figura 15 - Esquema preditivo da via de transporte intestinal de quercetina. Quercetina é absorvida através

do epitélio intestinal por difusão transcendelar passiva. Mas a quercetina também parece usar portadores

OATP para entrar nas células19

.

Apesar do mecanismo de absorção não estar completamente elucidado, o

transporte da quercetina parece ser dependente de energia, sendo o seu

transporte inibido por ortovanadato de sódio. Ao contrário da forma aglicona, as

formas glicosiladas não são absorvidas no estômago, mas sim no intestino

delgado. Nele, elas são deglicosiladas através da ação da hidrolase lactase

florizina, uma beta glicosidase. Em seguida, a quercetina em sua forma aglicona é

absorvida passivamente, assim como quando é administrada diretamente em sua

forma aglicona.

A absorção está diretamente ligada à biodisponibilidade, que pode ser definida

como a fração oral que é administrada, absorvida e que fica disponível para

atividade biológica. Quando se avalia a biodisponibilidade da quercetina em

humanos, verifica-se que ela não é extremamente alta. Estudos indicam que

aproximadamente 44,8% fica disponível para ação biológica quando administrada

em via etanólica, o que pode ser um tanto quanto superestimada, uma vez que o

álcool eleva a absorção do flavonoide20.

Embora os mecanismos da baixa absorção não sejam claramente explicitados,

estudos em ratos relacionam a má absorção com a baixa solubilidade da forma

aglicona21. A baixa absorção da forma aglicona pode se dar em parte pela sua

propensão, e de seus metabólitos, de ser efluxada de volta para o lúmen intestinal,

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22

após a captação celular. O efluxo ocorre através na membrana apical dos

enterócitos, no qual a permeabilidade da membrana basolateral para a apical é

duas vezes maior do que da apical para a basal21.

A biodisponibilidade é extremamente importante para que se obtenham os efeitos

desejáveis quando se visa a prática esportiva. A baixa oferta para a atividade

biológica dificulta a obtenção de resultados positivos. Em um estudo de meta-

análise realizado, foi avaliada a biodisponibilidade da isoquercetrina frente à

quercetina em sua forma aglicona23. Primeiramente, como o autor alega, a

biodisponibilidade da forma aglicona e da forma glicosídea poderia ser elevada,

em porcos e ratos, apenas com a administração de uma dieta com altas

quantidades de gordura, álcool ou oligossacarídeos não digeríveis. Sendo assim,

o modo de administração utilizado nos estudos citados também deveria ter sido

levado em consideração durante a realização dos testes. Quando administrados

quercetina, isoquercetrina e rutina em doses de 30 µmol/kg a concentração de

metabólitos da quercetina foi maior após a administração de isoquercetrina em

relação à administração de quercetina em sua forma aglicona. A biodisponibilidade

relativa para a isoquercetrina foi de 235% quando comparada com a forma

aglicona22.

Em outro estudo, ao serem comparadas as biodisponibilidades da quercetina

aglicona e da isoquercetrina, foram encontrados níveis consistentes de

metabólitos em amostras dos rins, coração, pulmão e fígado de ratos alimentados

com a isoquercetrina. Isso demonstra que a biodisponibilidade da quercetina pode

ser elevada com o uso de isoquercetrina como sua fonte principal24.

Muito embora o foco desse trabalho não seja avaliar a relação de efeitos entre as

diferentes formas de quercetina, suas outras estruturas também devem ser

levadas em consideração nos estudos relacionados a efeitos ergogênicos. Isso,

pelo fato de que a biodisponibilidade é um dos principais fatores quando se avalia

a absorção do flavonoide. Em linhas gerais, quanto maior a absorção, maior a

oferta de flavonoide para o organismo e maior a sua ação. Assim, como a

biodisponibilidade é importante, a quantidade de quercetina administrada também

pode ser o diferencial entre a obtenção de resultados positivos ou negativos.

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23

Em muitos dos estudos realizados, um dos prováveis efeitos para os resultados se

apresentarem melhores em ratos do que em humanos, pode ser as quantidades

de flavonoide administradas. As quantidades de quercetina utilizadas nos estudos

com humanos não ultrapassaram uma dosagem de 1000 mg/dia. Esses valores

são considerados seguros e suficientes para se alcançar as concentrações

plasmáticas necessárias para a realização dos estudos. Entretanto, se

utilizássemos as mesmas proporções em gramas por quilograma para humanos,

teríamos um valor acima do valor máximo utilizado. Para ratos, a quantidade

máxima administrada foi de 25,0 mg/kg. Para um indivíduo de aproximadamente

70 kg, uma dosagem de 1750 mg/dia deveria ser considerada. Vale ressaltar que

concentrações maiores, da ordem de 40 000mg/dia, foram administradas em ratos

sem que fossem encontrados resultados adversos severos, sendo verificada

apenas alteração na coloração do epitélio de alguns segmentos do intestino

delgado25. Sendo assim, a realização de estudos com quantidades maiores de

quercetina poderiam levar a resultados diferentes dos encontrados, tanto em

humanos como em ratos.

Sinalização da biogênese mitocondrial

Quando a via de sinalização da biogênese mitocondrial é estudada, pode-se

observar que diversos fatores estimulam a ativação da PGC-1α, que por sua vez,

está indiretamente ligada à ativação da biogênese mitocondrial. Dentre os fatores

que podem estimular a ativação da PGC-1α está a SIRT1. Induzida no fígado

durante o jejum e com resposta mediada pela piruvato quinase, possui sua

atividade controlada pelos níveis de AMP/ATP e NAD+ e regula a desacetilação

de diversas proteínas.

A proteína quinase ativada por AMP (AMPK) e a fosforibosiltransferase

nicotinamida (NAMPT), através de diversos caminhos, elevam os níveis

intracelulares de NAD+/NADH. Esse aumento estimula a SIRT1 pois fosforila o

seu resíduo de Thr522, passando-a do estado oligomérico para monomérico e

elevando a sua atividade26. A PGC-1α permanece acetilada na célula, isto é,

desativada. Entretanto, ao possuir os seus resíduos de lisina desacetilados pela

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24

SIRT1, os quais são transferidos ao NAD+27, ela é ativada e se move para o

interior do núcleo para ativar o metabolismo relacionado à transcrição de genes28.

O aumento nos níveis de NAD+ pode ser mimetizado pela quercetina, uma vez

que ela estimula a expressão/atividade da AMPK, que por sua vez ativa a NAMPT

elevando os níveis de NAD+ no meio intracelular e levando a desacetilação da

PGC-1α28.

Fator de regulação co-transcricional, a PGC-1α ativa diferentes fatores

responsáveis pela promoção da biogênese mitocondrial29. Dentre eles, os dois

mais importantes para a promoção da biogênese mitocondrial são o NRF-1 e o

NRF-2. Estes fatores de transcrição estão diretamente ligados à transcrição de

genes mitocondriais, como o mtTFA. Este, por sua vez, inicia o processo de

transcrição e replicação do genoma mitocondrial, levando assim à biogênese

mitocondrial e elevando a fosforilação oxidativa30. Em estudos realizados em ratos

após 7 dias de suplementação de quercetina com doses de 12,5 e 25 mg/kg, foi

avaliada a expressão do mRNA da PGC-1α e da SIRT1 na musculatura do sóleo e

no cérebro11.

Figura 16 – Suplementação de curto prazo da quercetina aumentou a expressão de genes associados com a

biogênese mitocondrial. (PGC-1) e sirtuína 1 (SIRT1) foram medidas no músculo esquelético e cérebro após 7

dias de alimentação com quercetina11

.

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25

Um aumento de 100% na PGC-1α foi encontrado para ambas as doses de

quercetina na musculatura do sóleo e um aumento de 50 e 100% no cérebro para

o mesmo fator estimulante. Para a SIRT1, uma elevação de aproximadamente

200% foi encontrada na musculatura do sóleo para ambas as doses de quercetina

e de 50 a 100% para o cérebro para as doses de 12,5 e 25,0 mg/kg,

respectivamente. A biogênese mitocondrial também foi avaliada com base na

determinação do DNA mitocondrial, tendo os valores de números de cópia

praticamente dobrados no músculo e no cérebro, como na figura 5, para dosagens

de 25 mg/kg de quercetina. Para a dosagem de 12,5 mg/kg, não foi notada

alteração relevante. Nesse primeiro estudo, a musculatura do sóleo talvez não

fosse a mais apropriada para avaliação uma vez que tecidos dessa região são de

contração lenta e possuem uma alta capacidade mitocondrial e, logo, com uma

elevada expressão da PGC-1α.

Figura 17 - A suplementação com quercetina aumentou o conteúdo de DNA mitocondrial (mtDNA) no

músculo esquelético e cérebro. A quercetina foi administrada a 12,5 ou 25 mg / kg durante 7 dias

consecutivos11

.

Para grupos de ratos sedentários e que se exercitaram, foi administrada

quercetina12 sendo encontrado um aumento da expressão de PGC-1α. A

combinação do exercício com a quercetina resultou num aumento de 128% dos

níveis de expressão de PGC-1α quando comparados com o grupo sem o

flavonoide. Em relação aos níveis de SIRT1, resultados semelhantes para o grupo

não suplementado foram encontrados antes e depois do exercício. Foi possível

identificar que a suplementação de quercetina durante a realização de exercícios

impediu a elevação dos níveis de expressão para a SIRT1 (Figura 8), resultado

inverso quando se avalia o efeito dela em ratos sedentários. Isto é, a quercetina

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26

demonstrou-se capaz de estimular a expressão dos cofatores de transcrição e,

potencialmente, elevar os níveis desses cofatores.

Porém, quando a expressão do mtDNA é analisada, nem a quercetina e nem a

realização de atividades físicas foram capazes de elevar os seus níveis. O mais

curioso dentre os dados obtidos foi que a combinação do exercício e da quercetina

levou a uma redução dos teores de DNA mitocondrial quando comparados com o

exercício sozinho (figura 24). Em humanos, ao avaliar os níveis de mRNA para

PGC1-α e SIRT114 constatou um aumento na expressão dos mRNAs. Ainda que

tenha havido uma elevação tanto no placebo como na quercetina, os resultados

mais expressivos foram encontrados para o flavonoide (Figura 18).

Figura 18 - Os níveis de mRNA do músculo esquelético para quercetina em comparação com placebo para

SIRT1 e PGC-1α12

.

O aumento na expressão de mRNA, tanto para os cofatores e fatores de

transcrição, não confirmam que de fato haverá uma elevação da expressão e o

consequente estímulo da biogênese, mas são apenas indícios do seu potencial

efeito no estímulo da expressão mitocondrial. Isso porque uma vez comprovada

que a expressão estaria diretamente ligada ao estímulo da biogênese, o mtDNA

muito provavelmente estaria com a sua expressão elevada. Contudo, caso a

expressão dos ácidos nucleicos se traduzissem diretamente em expressão das

proteínas, o que ocorreria seria uma ativação da PGC-1α, que ativaria a

biogênese mitocondrial levando a um aumento da fosforilação oxidativa, facilitada

pela transcrição, translação e replicação. Como resultado, a fadiga seria retardada

em exercícios prolongados e o consumo máximo de oxigênio seria elevado. Desse

modo, promoveria um aumento na performance esportiva7.

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27

Ácido ascórbico

Em ratos treinados, ao serem suplementados com vitamina C, verificou-se uma

inibição da ativação da biogênese mitocondrial pelas espécies reativas de

oxigênio31. Ratos treinados, sem o uso de ácido ascórbico, obtiveram uma

elevação na concentração do mRNA para o fator de transcrição mitocondrial A

(mTFA) e para o fator respiratório nuclear 1 (NFR-1). Ao administrar a vitamina C

em ratos treinados, houve uma inibição desses fatores de transcrição e,

consequentemente, uma menor concentração dos fatores (Figura 19).

Figura 19 - A regulação positiva induzida pelo treinamento do fator respiratório nuclear 1 (NRF-1) e do fator

de transcrição mitocondrial A (mTFA) é inibida pela administração de vitamina C.

Gomez-Cabrera et al.31 demonstraram que o treinamento físico estimula a via de

síntese PGC-1α NFR-1 mTFA citocromo C, o que promoveria a biogênese

da mitocôndria. Desse modo, a vitamina C preveniria a transcrição de genes

envolvidos na biogênese mitocondrial e na concentração da proteína do citocromo

C induzida por exercício, além da expressão do RNA mensageiro de enzimas

antioxidantes, como a superóxido dismutase e a glutationa peroxidase. A elevação

de espécies reativas de oxigênio (EROS) pelo exercício físico é necessária para

que haja adaptações fisiológicas, por exemplo, o estimulo a PGC-1α. A inibição do

crescimento mitocondrial é um dos possíveis motivos pelos quais a vitamina C

pode prejudicar o desempenho esportivo32. Vale ressaltar que o conteúdo

mitocondrial pode ser determinado pela concentração de proteína do citocromo C,

isto é, quanto maior a sua concentração, maior o conteúdo mitocondrial e maior o

desempenho do indivíduo33. Desse modo, a vitamina C poderia agir não como um

antioxidante, mas como um pró-oxidante34.

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28

Yada et al35, baseados nos resultados encontrados por Gomez-Cabrera et al.,

realizaram estudos em ratos treinados e suplementados com vitamina C para

verificar os possíveis efeitos inibitórios do ácido ascórbico na adaptação física.

Dos resultados encontrados, é possível inferir que não há alterações negativas,

isto é, a vitamina C não inibiu a adaptação ou interferiu na biogênese mitocondrial.

Para verificar os efeitos, Yada avaliou o conteúdo proteico de PGC-1α em ratos

treinados e suplementados com 250, 500 e 750 mg/kg/dia de vitamina C. Na figura

20 é possível avaliar os resultados encontrados.

Figura 20 - Teor de proteína PGC-1α nos músculos epitrocleróticos de ratos tomados 48 h após a última

sessão de treino. É possível verificar que não há diferenças estatisticamente significantes entre os grupos

suplementados.

Embora não tenham sido encontrados resultados negativos, os resultados também

não se demonstram positivamente favoráveis. É possível verificar que, para

quantidades próximas, entre 250 e 500 mg/kg/dia, não há uma diferença

significante entre os conteúdos quando comparados com os de ratos treinados e

sem terem sido suplementados. Como já discutido anteriormente, o exercício

físico é capaz de promover a biogênese mitocondrial, contudo, ao avaliarmos os

resultados encontrados por Yada, não é possível determinar se foram, de fato,

obtidos pela adaptação ao treinamento ou pelo efeito ergogênico da vitamina C, já

que se apresentam muito próximos. Os efeitos se mostram semelhantes em

humanos fisicamente ativos, porém, não altamente treinados, quando

suplementados com 500 mg de vitamina C por 16 semanas33. Ao se avaliarem

parâmetros como consumo máximo de oxigênio e esforço máximo, não se

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29

observaram diferenças entre os resultados dos grupos suplementados e do grupo

placebo, como é possível verificar na figura 21.

Figura 21 - Consumo máximo de oxigenio (A), potência máxima (B), antes e após a realização dos

treinamentos. A suplementação com vitamina C não foi capaz de melhorar o desempenho dos participantes.

Contudo, um aumento na dosagem pode levar, senão a prejuízos ao desempenho,

a resultados não totalmente satisfatórios31.

A administração de 1.000 mg de vitamina C diários, pode não prejudicar o

desempenho, mas também não possui uma capacidade ergogênica que justifique

o seu uso34. Para os indivíduos suplementados, o valor máximo de VO2 foi de 58,1

± 5,3 mL/kg/min, já para o placebo, foi de 62,1 ± 52,6 mL/kg/. Assim, para

indivíduos recreacionalmente ativos por um período de 4 semanas, não se

demonstrou amplamente superior ao do grupo placebo. O mesmo pode ser

verificado para o teste de corrida de10 km. É possível verificar que há um aumento

no tempo de corrida, mas nenhum dos resultados se sobressai com destaque.

Para esse teste, após a suplementação os indivíduos obtiveram um tempo de

47:01 ± 5:57min:s, já para o placebo, foi de 45:08 ± 3:01 min:s.

QUERCETINA Versus ÁCIDO ASCÓRBICO

Comparando-se os resultados dos estudos dos dois antioxidantes, é notório que

nenhum deles possui um grande potencial como agente ergogênico, ao menos

nas condições em que foram avaliados. Isto é, levando-se em consideração

tempo, formas e modos de administração, além da dosagem, que devem ser

reavaliadas em futuros estudos. Para ambos os antioxidantes, quando há uma

melhora nos parâmetros testados, essa não é extremamente superior aos

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30

resultados encontrados pelos grupos placebos e não há uma uniformidade no

aumento dos parâmetros. Para aqueles em que há um aumento de desempenho,

esse é pontual, somente para alguns parâmetros avaliados é visível essa melhora.

Além disso, os dois agentes se demonstraram mais eficazes em ratos do que em

humanos, muito provavelmente pela proporção dose/área corporal ser diferente, o

quer interfere nos resultados quando a extrapolação é feita para humanos. Não se

pode descartar a diferença de microbiota entre as cobaias e os humanos, que

pode ser fundamental no metabolismo de açúcares ligados às agliconas dos

flavonoides. Apesar disso, quando comparados os resultados, é possível verificar

que a quercetina possui uma pequena vantagem sobre o ácido ascórbico. Não

pelo fato de que o estímulo de proteínas atuantes na biogênese mitocondrial está

acontecendo, mas pelo fato de que ela não promove a inibição destes fatores

prejudicando o desempenho esportivo daqueles que a utilizam.

Desse modo, e com base nos resultados encontrados, é possível inferir que a

quercetina apresenta-se como um melhor agente ergogênico atuante como

antioxidante do que a vitamina C.

6. CONCLUSÃO

Apesar da quercetina não apresentar resultados totalmente satisfatórios, é

possível notar uma melhora no desempenho esportivo para alguns parâmetros,

como tempo máximo sobre esforço, mesmo que essa melhora ainda seja

pequena. Talvez, o principal ponto a ser avaliado seja a capacidade de promoção

da biogênese mitocondrial, uma vez que a ação da quercetina, ainda que

pequena, é capaz de estimular esse processo bioquímico. Essa capacidade deixa

oportunidades para que mais estudos sejam realizados, relacionando a

capacidade ergogênica com a promoção da biogênese da mitocôndria. Para isso,

poderiam ser levados em consideração os pontos mencionados no trabalho e que

relacionam as quantidades e as formas em que a quercetina é administrada, ainda

que para os estudos apresentados, quantidades próximas, mesmas proporções e

mesma forma estrutural foram utilizadas. Talvez, uma abordagem com

quantidades maiores, mais frequentes e por um maior período de tempo possa

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31

encontrar resultados diferentes dos que já foram apresentados. Até mesmo para

que se tenha um maior conhecimento sobre os seus efeitos no organismo para

que não haja contradições como no caso da vitamina C.

Para o ácido ascórbico, quando se comparam os resultados com a quercetina, ele

não se apresenta como um antioxidante extremamente eficaz no seu uso como

ergogênico, podendo ser inclusive prejudicial para a prática esportiva. Dos

resultados apresentados, os quais não foram encontrados prejuízos aos ratos

durante a sua administração, os efeitos positivos também não foram

extremamente significantes. Tal efeito pode demonstrar que o ácido ascórbico,

apesar de ser um ótimo antioxidante, teria a sua utilização restrita na prevenção

de doenças ou simplesmente na redução de radicais livres no organismo e não

como um agente promotor da ergogenia.

7. BIBLIOGRAFIA

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