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(Regência Histórica 03) - Quase um Cavalheiro - Jacquie D'Alessandro (rev. PRT)
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandro
Por insistncia de seu pai, Lady Vitria Wexhall se v forada a viajar de Londres ao imvel rural d
visconde Sutton, na Cornualha, onde no se interessa tanto pelo nobre como por seu irmo menor, o D
Nathan Oliver, um antigo espio. O destino tornou a unir Vitria com o primeiro homem a quem beijo
faz trs anos, antes de que se apagasse do mapa depois do fim turvo de uma de suas misses.
Mas o reencontro na Cornualha no est livre de dificuldades. Nathan deve recuperar umas ji
roubadas, para o que Vitria resulta ser uma pista involuntria. Esporeada pela busca das jias e d
misterioso ladro, e por causa de uma atrao intelectual e fsica, a relao entre Vitria e Nathan avan
a chamas por uma novela onde abundam os pretendentes de linhagem, os dilogos faiscantes e
sensualidade de toda uma poca.
Gostei muito do livro e adorei faz-lo.
Um bom livro... a autora detalhista nos dilogos e, gosta de expressar pensamentos e desejos,
quais os personagens so cativos durante o livro inteiro... praticamente se devoram em pensamentos
vontades... risos.
A virginal "mulher moderna" tem um censo engraado de vingana... Ela acredita que, parodiando, de
dar um tiro no prprio p para que o mocinho sinta muita dor e sofra bastante... claro que o exemplo
exagerado.
Mas, o que dizer de uma virgem sem experincia que resolve dar um beijo em um cavalheiro para depo
deix-lo apaixonado por ela enquanto ela vai embora em direo a um matrimnio planejado e
detalhes? Ela prpria ainda no esqueceu o mesmo... claro que a virgem moderna muito curiosa e po
isso, existem momentos deliciosos...
Boa leitura e, tenho certeza que ser prazerosa.
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandro
Nathan Oliver protegeu contra seu peito a valise de couro gasto cheio de jias roubadas e
recostou contra a spera casca do imenso olmo em na tentativa de recuperar o flego. Uma bota de can
longo em toda regra... J quase cheguei. J quase o obtive, pensou. S tinha que cruzar o claro iluminad
pela luz da lua, entregar o bota de cano longo ao homem que esperava do outro lado do bosque e tud
teria terminado. Por fim desfrutaria de segurana econmica durante o resto de seus dias.Inspirou lenta e profundamente, at que o ar chegou ao fundo de seus ardentes pulme
acalmando assim seu pulso acelerado. O corao lhe retumbava no peito, e no lhe custou perceber se
batimentos do corao nos ouvidos e na boca do estmago.
Apesar de que todas eram reaes j conhecidas, experimentadas durante as dzias de vezes q
tinha agido assim anteriormente, nesta ocasio as sensaes foram mais acusadas... por motivos q
Nathan no duvidou em deixar sem piedade a um lado.
Maldio, sua conscincia escolhia sem dvida o momento menos conveniente para lhe censuraMesmo assim, e apesar de todos seus esforos por impedir sua intruso, as dvidas e a culpa que lh
tinham acusado desde que tinha aceitado levar ao final
este encargo em particular, sua conscincia continuava lhe perseguindo. Esquece-o. Assunto encerrad
Te limite a terminar com isto, disse-se.
Com maior cautela, jogou uma olhada atrs da rvore, com todos os sentidos alerta. A lua
ocultou depois de uma nuvem, lhe sumindo na escurido. Uma brisa fresca, prenhe de aromas marinho
sacudiu as folhas, mesclando-se com o canto noturno dos grilos e com o de uma coruja prxima. Embotudo parecesse em calma, Nathan notou que lhe fechava o estmago, alerta; um instinto que muito bo
servio lhe tinha feito no passado. Ficou totalmente quieto durante dois minutos mais, esquadrinhand
aguando o ouvido, mas no detectou nada estranho. Colocou-se o vulto sob o brao, assegurando
melhor contra o corpo, inspirou fundo uma vez mais e ps-se a correr.
Quando quase tinha alcanado j o amparo do bosque do outro lado, ouviu-se um disparo. Nathan
jogou ao cho, dando um doloroso golpe no flanco. ouviu-se um segundo disparo de pistola em rpi
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandrosucesso, seguido por um surpreso grito de dor.
- Cuidado! - exclamou algum.
Gelou-lhe o sangue nas veias. Demnios tinha reconhecido essa voz.
Levantou-se, apoiando-se nas mos, e correu para o lugar de onde lhe pareceu que procedia
grito. Depois de uma curva do atalho, viu no cho uma figura masculina. Com toda sua ateno posta
homem derrubado, no ouviu o rudo a suas costas at que foi muito tarde, antes de poder reagir, viu-
empurrado e a merc de um golpe que impactou diretamente entre suas omoplatas e lhe fez perder
equilbrio. A valise que continha as jias saiu disparada de suas mos, mas outra mo, embainhada e
uma luva negra, a pegou. Logo a escura figura se desvaneceu na escurido, agarrando firmemente o qu
segundos antes tinha pertencido a Nathan. Sem apenas denncia, esporeado pelas afiadas garras d
medo, levantou-se e correu at o homem que jazia no cho. Caiu de joelhos junto a ele e olhou os olh
consumidos pela dor de seu melhor amigo.
- Maldito seja, Gordon, que demnios est fazendo aqui? - perguntou com a voz empanada pe
medo enquanto procedia a lhe efetuar um apressado reconhecimento. Quando tocou o ombro de Gordo
descobriu nele o pegajoso calor do sangue.
- Estava a ponto de te fazer a mesma pergunta - descobriu Gordon.
- Alcanaram-lhe somente uma vez?
Gordon se estremeceu e logo assentiu com a cabea.
- Alcanou-me o segundo disparo. Di como um demnio, mas no mais que um arranho. N
sei se Colin teve tanta sorte. Vi-lhe desabar-se com o primeiro disparo.
Nathan ficou gelado para ouvir o nome de seu irmo.
- Onde est?
Gordon assinalou esquerda com um brusco movimento de cabea. Ao voltar-se, Nathan viu u
par de botas que apareciam debaixo de um arbusto. A viso lhe sacudiu como um golpe fsico e teve qu
apertar com fora as mandbulas para reprimir o
agudo Nooo! que brotou de sua garganta. tirou-se o leno com rapidez, aplicou-o ferida do Gordon
colocou sobre ela a mo de seu amigo.
- Aperta-o o mais forte que possa.
Ento se levantou de um salto e atirou das botas com a maior suavidade, at que o corpo aparec
no lamacento atalho, ao tempo que em sua cabea se repetia o eco de uma nica prece: "No permi
que morra.
No permita que minha cobia lhe tenha matado".
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Assim que Colin emergiu de entre os arbustos, Nathan se ajoelhou a seu lado. Colin elevou o olh
para ele, soltou um gemido e Nathan por fim deixou escapar o flego que tinha contido. Seu irmo estav
vivo. Agora tinha que concentrar-se em lhe manter assim.
- Pode me ouvir, Colin? Onde lhe acertaram? - disse entre dentes ao tempo que se
conhecimentos de medicina se abriam passo a navalhadas entre o pnico, lhe obrigando a manter a calm
e a concentrar-se no trabalho que tinha entre mos.
- Perna - ofegou Colin.
Nathan localizou o sangue e a ferida na coxa de Colin e, depois de um breve exame, dis
secamente:
- No h ferida que indique a sada da bala. - desatou-se a gravata e aplicou presso para conter
fluxo sangneo. - Tenho que te tirar a bala o antes possvel. Logo ter que costurar ao Gordon. Devemo
voltar para casa. Tm cavalos?
- No - disse Gordon, diretamente a suas costas. - E que diabo te faz pensar que vou deixar qu
me costure?
Nathan lanou um olhar por cima do ombro e viu Gordon de p, lhe olhando com fria. Seu amig
seguia pressionando-a parte superior do brao com a mo, mas inclusive na penumbra Nathan pde v
como gotejava o sangue entre seus dedos. Como
tambm pde ver a ira brilhando nos olhos do Gordon.
- Possivelmente porque sou o nico mdico que h nos arredores e porque ambos precisa
cuidados mdicos imediatos.
- Diria que esta noite no exerce somente de mdico, Nathan. - O olhar de Gordon se desviou pa
Colin. - J te havia dito que algo sujo se tramava. - Voltou ento para fixar o olhar em Nathan - por qu
Maldito seja, por que o tem feito?
A mentira cuidadosamente tecida e alojada na garganta de Nathan que supostamente devia l
proteger se desfez como um tecido insuficientemente confeccionado vista da derrota acontecida es
noite. Sua mente, normalmente gil, sentia-se incapaz de pensar vista de seu melhor ami
ensangentado e de seu irmo vtima de um disparo de pistola. Sem dvida, Gordon lhe acreditav
culpado de algo... E tinha boas razes para isso. Entretanto, a julgar pelo tom de voz e pelo olhar glac
de seu amigo, tambm suspeitava o pior.
Nathan voltou-se lentamente para olhar ao Colin e ficou de pedra. Por muito que as palavras d
Gordon lhe tivessem dodo, foi o olhar que alcanou a ver nos olhos de seu irmo o que lhe golpeou com
um murro no estmago. E no corao.
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Os olhares de ambos se encontraram, enfrentadas, e as vsceras do Nathan se encolheram ante
dvida e a acusao to eloqentemente evidentes que viu nos olhos de Colin.
- Nathan?
S uma palavra. Mas o modo em que a disse, o olhar que delatavam seus olhos, bastou pa
cravar uma estaca no corao de Nathan.
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A mulher moderna atual no deve sob nenhum conceito permitir que um cavalheiro se aprovei
dela, jogue com seus afetos ou a considere um simples entretenimento a abandonar depois de u
interldio de prazer. Se um cavalheiro cometer o engano de atuar assim, ela deveria responder lh
tratando de um modo igualmente depreciativo. Uma rusga vingada em seu momento pode, desse mod
ficar enterrada no passado.
Guia feminino para a consecuo da felicidade pessoal e a satisfao ntima. Charles Brihtmore.
- O que isso que l com tanta ateno, Vitria?
Sem poder reprimir um sobressalto culpado, lady Vitria Wexhall fechou bruscamente o mag
exemplar forrado em pele do Guia feminino que descansava sobre seus joelhos e levantou os olhos pa
fix-los em tia Delia, que ia sentada frente a ela na carruagem e durante a ltima hora, tinha estad
cochilando, mas que nesse instante a olhava com uns olhos violceos iluminados pela curiosidade.
O calor se apropriou das bochechas de Vitria, que rezou para no revelar-se to avermelha
como lhe parecia est-lo. Deixou o livro sobre o assento de veludo cinza e rapidamente o cobriu sob se
xale de cor verde escura. Sem dvida tia Delia ficaria horrorizada se chegava a surpreend-la lendo o liv
cujo explcito e provocador contedo tinha provocado um voltado de escndalo em Londres. E no lh
cabia dvida de que a sua tia horrorizaria saber o que planejava levar a cabo assim que
chegassem a Cornwall, graas a ter lido o livro.
- No mais que um dos livros que comprei na livraria Wittnower's antes de sair de Londres. -
antes de que sua tia pudesse seguir questionando-a, acrescentou apressadamente: - Te encontra melh
depois de sua sesta?
- Sim. - Tia Delia acompanhou sua resposta com uma careta resignada e estirou o pescoo a um
outro lado. - Embora me alivia saber que por fim chegaremos hoje a Cornwall e deixaremos de est
confinadas neste carro.
- Estou de acordo contigo.
A viagem de Londres tinha resultado comprido e rduo, uma viagem que Vitria no teria realiza
em circunstncias normais. Se algum lhe tivesse sugerido que ia renunciar por prpria vontade
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandrocomodidade, ao glamour e ao torvelinho social da sociedade londrina - sobre tudo no momento em que
temporada estava a ponto de dar comeo - para transladar-se s remotas e incivilizadas terras d
Cornwall, lhe teria dado um ataque de risada. Embora bem certo que pouco podia imaginar que dispor
da oportunidade idnea para vingar-se merecidamente do homem que a tinha ofendido no passad
Armada com seu exemplar do Guia feminino, que tinha lido com muita ateno, e com um plano d
ataque claramente desenhado, estava preparada.
Mesmo assim, seguia incmoda ante o pouco oportuno da viagem.
- Ainda no posso acreditar que papai tenha insistido em que faamos esta viagem justo agor
Sem dvida poderamos ter esperado umas semanas.
- Com o tempo aprender, querida minha, que at os homens mais joviais so, no fundo, irritant
criaturas.
- Como irritante o inoportuno desta viagem - disse Vitria.
A irritao que levava borbulhando sob sua pele desde que tinha sido incapaz de convencer a s
pai para que atrasasse a viagem voltou uma vez mais a super-la. Por motivos que no era capaz
decifrar, no tinha conseguido convencer a seu pai, um homem normalmente indulgente. Quando fico
patente que ele no pensava dar seu brao a torcer, Vitria por fim tinha acessado a dobrar-se a se
calendrio. No era sua inteno incomodar nem desiludir indevidamente a seu pai, quem em estranhas
ocasies lhe pedia algo. E tampouco estava disposta a deixar escapar a ocasio de pr em seu lugar
passado, posto que essa seria sem dvida a ltima oportunidade. Se tudo saa segundo o plano de vid
que com tanto esmero tinha desenhado, ao ano seguinte por essas datas seria uma mulher casada e co
um futuro assegurado. Possivelmente inclusive se converteria em me.
- Quando penso em todas as veladas que estou perdendo no alcano a entender no que estar
pensando papai.
Tia Delia arqueou as sobrancelhas.
- Ah, no? Surpreende-me ouvir falar assim com algum com uma mente to brilhante. No h
dvida de que seu pai deseja verte casada.
Vitria piscou.
- Sem dvida. E essa tambm minha inteno. Mas esse no pode ser o motivo de que mande a
Cornwall. Sobre tudo agora. S no ltimo ms, tanto o baro do Branripple como o baro do Dravensb
iniciaram com papai conversaes em relao ao matrimnio.
Com a temporada a ponto de dar comeo em Londres, e com as numerosas oportunidades d
afianar minha relao com um dos bares que isso supe, ou inclusive de conhecer mais cavalheir
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandrocasaderos, papai se teria beneficiado muito mais da situao se eu tivesse ficado na cidade.
- No se o cavalheiro ao que deseja que conhea est no Cornwall, querida minha. - Tia Del
franziu os lbios. - Eu gostaria de saber por qual dos Oliver se decanta seu pai,se pelo baro vivo ou pe
Colin, seu herdeiro, o visconde do Sutton.
Ou possivelmente seja pelo filho caula, o doutor Nathan Oliver?
Vitria conseguiu manter-se impassvel ante a meno daquele nome.
- Seguro que no se trata de nenhum deles. A lorde Sutton conheci brevemente... em uma ocasi
j fazem trs anos... E quanto ao baro, no acredito que papai me anime a me casar com um home
to velho como lorde Rutledge.
- Conforme acredito, o velho lorde Rutledge um ano mais novo que eu - disse tia Delia em u
tom seco como o p. antes de que Vitria pudesse desculpar-se por seu desacerto, sua tia prosseguiu
Mas se esquece do doutor Oliver.
Oxal o tivesse feito j... oxal tivesse podido... mas o farei. depois desta visita, conseguirei l
exorcizar de minha mente, pensou.
- No, no me esqueci dele. s que no me parece necessrio tirar colao seu nome, posto qu
nem papai nem eu consideraramos jamais as possibilidades de um candidato to humilde, sobre tud
quando dois bares manifestaram j seu interesse.
- No recordo te haver ouvido mencionar nem um s pedido de Branripple nem de Dravensb
querida.
Vitria encolheu os ombros.
- Ambos so cavalheiros distintos e muito cobiados, procedentes de famlias muito respeitada
Qualquer deles seria um excelente partido.
- bem sabido que ambos pretendem desposar a uma herdeira.
- Como o caso de muitos outros com nobres ttulos e bolsos vazios. Sempre soube que iriam m
querer por minha fortuna. Do mesmo modo que sempre soube que teria de fazer um bom matrimn
para assegurar minha fortuna.
Nem que dizer tem que no posso contar com que Edward ser generoso uma vez papai j n
esteja entre ns.
Vitria reprimiu um suspiro ante a meno de seu irmo mais velho. Por muito que lhe doesse, e
inegvel que Edward, que nesse momento se encontrava no continente fazendo somente Deus sabia
que, era um mulherengo irresponsvel, jogador,
briguento e bbado que a bom seguro se desfaria dela assim que seu pai falecesse. Naturalmente, lord
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandroWexhall a deixaria economicamente acomodada, mas Vitria desejava formar uma famlia. Filhos. E um
firme situao na sociedade.
- No tem a menor preferncia entre o Branripple e Dravensby?
- Em realidade no. So de idade e temperamento similares. Tinha planejado acontecer ma
tempo em sua companhia durante a temporada para assim poder me decidir por um dos dois.
- Ento est segura de que te casar com um deles?
- Sim. - Por que no punha-se a voar seu corao ante semelhante perspectiva? O matrimnio co
qualquer desses dois homens se traduziria para ela em uma vida de luxos na cspide da sociedade. Se
dvida sua mente estava preocupada com a tarefa que se props levar a cabo em Cornwall. Seguramen
o entusiasmo que devia sentir por seus pretendentes se faria manifesto assim que completasse se
objetivo.
Tia Delia suspirou.
- Lamento-o muito, querida.
- Que o lamenta? O que o que lamenta?
- Que no te tenha apaixonado.
- Apaixonada?
Vitria rompeu a rir. Entretanto, inclusive ento, uma pontada interna a sacudiu. Freqentemen
albergava essa classe de estpidas fantasias, como era prprio da maioria dessas moas. No obstant
tinha maturado e, em um alarde de bom tino, tinha deixado a um lado tamanha estupidez.
- Sabe to bem como eu que o amor uma pobre base para o matrimnio - disse. - Sobre tud
quando h implcitos sobrenomes, ttulos, fortunas e propriedades familiares. O matrimnio de papai
mame no esteve apoiado no amor.
- A imagem do rosto de sua me se desenhou em sua mente: era a imagem que Vitria levava n
corao, em que aparecia sua me sorridente e formosa, antes de que a enfermidade lhe roubas
primeiro a vitalidade e logo a vida.
- Possivelmente no, mas chegou o dia em que o afeto que sentiam um pelo outro floresceu a
converter-se em amor - disse tia Delia. - No todos os casais so to afortunados. Eu no fui.
Vitria deu um suave aperto mo de sua tia em uma amostra de compaixo. A dcada que tin
durado o matrimnio de sua tia viva no tinha sido uma poca feliz na vida da senhora.
- Tal como eu o vejo - prosseguiu tia Delia, - a razo de que seu pai insistisse em que viesse a
Cornwall era ampliar seus horizontes. Que visse outras partes do pas, alm de seus lugares prediletos
Londres, Kent e Bath. Que abrisse a mente, e o corao, a novas experincias e a outras pessoas.
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7/31/2019 (Regncia Histrica 03) - Quase um Cavalheiro - Jacquie D'Alessandro (rev. PRT)
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- Suponho que tem razo. Embora no acredito que papai espere me encontrar um pretendente
Cornwall. Sem dvida me haveria dito isso.
- Voc acredita? No compartilho sua opinio, querida. Como no demorar para saber, os home
so freqentemente criaturas irritantemente reservadas.
Vitria no pde discuti-lo, sobre tudo no que a seu pai se referia.
- E por que no me ia dizer isso Mesmo assim?, assim que a pergunta escapou de entre se
lbios, soube a resposta. - No me diria isso porque sabe que eu jamais aceitaria viver to longe d
cidade. To longe de... - Agitou a mo para abranger com ela toda um nada verde que tinha ante seu
olhos. - longe da civilizao. Como eu no iria viver na cidade durante a temporada? E durante o ver
sem dvida a no mais de umas poucas horas de Londres, o suficientemente longe para desfrutar de um
conveniente tranqilidade rural, e o bastante perto para gozar do torvelinho social da cidade, as lojas,
me manter ao dia das ltimas modas e das ltimas intrigas.
Ergueu as costas contra o respaldo do assento. Podia tia Delia estar certa? De ser assim, seu p
estava condenado a ser vtima de uma dolorosa decepo, pois por muito encantados que fossem o bar
e o visconde, Vitria nunca aceitaria um matrimnio que a atasse, por lei, a um homem que pudess
releg-la - e que sem dvida a relegaria aos desolados e remotas paragens do Cornwall. Um calafrio
percorreu assim que o pensou.
- Lembrana que conhecemos visconde Sutton em Londres faz uns anos - disse tia Delia. - U
jovem arrumado.
- Sim. - Excepcionalmente arrumado, pensou Vitria. Embora era o irmo caula de lorde Sutto
quem tanto a tinha perturbado. - Mas, no que me diz respeito, daria igual a se tratasse do homem ma
belo do planeta. No estou interessada nele.
- Nessa ocasio tambm conhecemos seu irmo caula - disse tia Delia, enrugando a frente. -
doutor Oliver. A primeira vista no custava adivinhar que brilhava nele a fasca do demnio.
A imagem que Vitria tantos esforos tinha feito por tentar se separar de sua memria se materializ
imediatamente em sua mente. Um jovem alto, de ombros largos e de cabelo ondulado e castanho, dotad
de uns intrigantes e brincalhes olhos de cor avel e de um sorriso travesso que inexplicavelmente -
inegavelmente - a tinha fascinado do instante em que ambos se conheceram em Londres fazia trs an
em casa dos Wexhall. Inclusive nesse instante, o corao pareceu lhe dar um tombo... sem dvida
resultado da severa irritao provocada pela simples lembrana do doutor Oliver.
Com a imagem dele firmemente instalada em sua cabea, assaltaram-na as inquietantes lembran
daquela noite vivida fazia j trs anos. Vitria acabava de celebrar ento seu dcimo oitavo aniversrio
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandrose viu avermelhada de segurana feminina ante sua fabulosamente bem-sucedida primeira temporad
uma segurana a que tinha dada asas o indisputvel interesse que tinha despertado nos olhos d
pecaminosamente atrativo convidado de seu pai. A imaginao de Vitria tinha catalogado imediatamen
ao doutor Oliver como um aventureiro, um dissoluto pirata que se fugiria com ela e que a levaria a se
navio para beij-la e... Enfim, no sabia com total segurana que mais, mas sem dvida, fora o que foss
era o mesmo que avermelhava ferozmente as bochechas de sua camareira a dozela Winifred quando
jovem mencionava ao Paul, o arrumado lacaio novo.
A imagem de instantnea atrao que o doutor Oliver despertou nela tinha sido embriagadora
assustadora, absolutamente comparvel a nada do que lady Vitria tinha experiente com antecednc
apesar de que francamente a tinha confundido pois bem era certo que tinha visto outros arrumado
cavalheiros antes, inclusive mais arrumados que o bonito jovem. O prprio irmo do doutor, lorde Sutto
que se encontrava a menos de trs metros de onde ela estava, era sem dvida o mais arrumado dos do
e parecia muito mais cavalheiresco e correto.
Entretanto, ningum poderia ter negado que Vitria era incapaz de explicar sua reao ante
doutor Oliver. Havia algo nele, possivelmente fossem seus cabelos, um pouco muito compridos, ou
gravata ligeiramente enrugada, ou os brilhos travessos que rondavam seu olhar e as comissuras de se
deliciosos lbios o que tinha capturado sua fantasia. O que a levou a desejar lhe tocar o cabelo, lhe alis
a gravata e lhe perguntar o que era o que lhe resultava to divertido.
Mas era, sobre tudo, sua forma de olh-la o que lhe tinha acelerado o corao, lhe produzind
acaloradas pontadas de prazer da cabea aos ps. Nathan tinha pousado nela o olhar com um
combinao de clida diverso e um imperturbvel flerte que arrematava os limites do decoro. E embo
Vitria deveria haver-se sentido horrorizada, o certo que se mostrou encantada. O doutor Oliver no
parecia com ningum nem a nada do que tinha experiente at o momento, e quando lhe sugeriu que lh
levasse a dar uma volta pela galeria dos retratos, ela tinha aceitado imediatamente, decidindo que n
havia nada de indecoroso nisso. Sua tia e lorde Sutton estariam na habitao contiga. A porta que un
ambas as salas estaria totalmente aberto... Entretanto, assim que esteve a ss com ele, o aprumo qu
normalmente caracterizava a Vitria a abandonou. Horrorizada, viu como seus esforos por impression
ao doutor Oliver com sua maturidade, seu vestido novo e sua conversao no chegaram a bom port
Viu-se tagarelando sem flego e dando amostra de uma incontinncia verbal que no era capaz
controlar. Tudo o que tinha aprendido sobre maneiras pareceu abandon-la e se limitou a balbucia
incapaz de pr freio a nervosa corrente de palavras que ferviam de seus lbios. Embora a cabea lh
ordenava calar, que levantasse o queixo e que se limitasse a obsequiar a seu acompanhante com u
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandrolargo e frio olhar, por motivos que no alcanou a compreender, seus lbios seguiram movendo-se e
palavras derramando-se deles. At que por fim ele a silenciou com um beijo.
Uma quebra de onda de calor a abrasou ao recordar aquele beijo aquele incrvel beijo com o qu
ele a tinha deixado sem flego, lhe confundindo os sentidos, lhe detendo o corao no peito e lh
debilitando os joelhos. Foi um beijo to breve... Muito.
Vitria tinha aberto os olhos e se encontrou com o olhar dele e com um sorriso malicioso em seus lbios
- Assim funcionou - murmurou ento Nathan com um rouco suspiro. Ao ver que ela ficava mud
ele arqueou uma sobrancelha e disse : - No tem nada mais que dizer?
Ela conseguiu sussurrar duas palavras como nica resposta:
- Outra vez.
Algo escuro e delicioso tinha aparecido nos olhos do Nathan, quem a deleitou com um tipo de be
distinto: uma lenta, profunda e luxuriosa fuso de bocas e flegos, um emparelhamen
assombrosamente ntimo de lnguas que despertou todas e
cada uma das terminaes nervosas do corpo de Vitria. Pegou-se a ele, ansia de um desespero e de u
desejo que no alcanava a compreender. To s alcanava ou seja que queria mais, que desejava q
ele no deixasse de beij-la. Mas no foi assim e, com um gemido, ele a tirou dos braos e, retirando
de ao redor de seu pescoo, separou-a com firmeza dele.
Olharam-se fixamente durante segundos compridos e, apesar de que Vitria se viu obrigada
interpretar a intensa expresso que leu no rosto dele, to aturdida estava que lhe resultou do tod
impossvel. Logo os lbios do Nathan se curvaram at esboar um malicioso sorriso e estendeu os bra
para ela. Com um pequeno movimento de seus dedos largos e fortes, ajustou-lhe o corpo do vestido, qu
apesar de que ela nem sequer tinha reparado nisso, estava assombrosamente torcido, e a seguir l
aconteceu a gema do polegar por seus lbios ainda formigando. O doutor pareceu a ponto de dizer alg
quando seu irmo lhe chamou da habitao contiga. levou-se ento a mo de Vitria boca e pegou
lbios a seus dedos.
- Um interldio de tudo inesperado e prazeiroso, minha senhora - sussurrou, depois do qual, depo
de despedir-se dela com uma piscada dissoluta, saiu apressadamente da habitao.
Temerosa de enfrentar-se a sua tia antes de recuperar o julgamento, Vitria correu a sua habitao. D
p, diante de seu espelho de corpo inteiro, ficou perplexa ao ver nele seu reflexo. O perfeito pentead
estava grosseiramente desordenado, o vestido enrugado, a pele acesa e os lbios vermelhos e inflamado
Entretanto, at sem essas manifestaes externas do apaixonado intercambio com o doutor Oliver,
expresso de assombro e de descobrimento que iluminava seus olhos a teria delatado
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7/31/2019 (Regncia Histrica 03) - Quase um Cavalheiro - Jacquie D'Alessandro (rev. PRT)
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandroimediatamente.
O sentido comum a ameaava a horrorizar-se ante seu mais que surpreendente comportament
ante as liberdades que lhe tinha concedido ao doutor, mas seu corao se negou em redondo. Com
podia esperar-se dela que pensasse com claridade quando, pela primeira vez em sua vida, quo nic
desejava era sentir?
No tinha permitido a nenhum dos numerosos cavalheiros que tinham tentado ganhar seu fav
durante a temporada que a beijassem. Tinha sonhado com seu primeiro beijo. Sem dvida tinha planejad
a cena ao detalhe, como o fazia com tudo na vida: teria lugar nos sbrios jardins, depois de que
cavalheiro em questo o tivesse solicitado e tivesse recebido sua permisso. Entretanto, em apenas u
instante todos seus planos se desvaneceram em uma nuvem de vapor. Nem em suas mais atrevid
fantasias teria ousado conjurar nada semelhante aos incrveis e mgicos momentos que tin
compartilhado com o doutor Oliver. No via a hora de voltar a lhe ver, e depois do que tinha
compartilhado, sabia que ele ficaria em contato com ela.
Mas Vitria no tinha estado to equivocada em toda sua vida. Nunca voltou a lhe ver nem o
saber dele.
Agora, ao contemplar da janela da carruagem as interminveis colinas verdes salpicadas
pequenas casas de campo com seus tetos de palha que marcavam a presena de uma nova aldeia, Vitr
fechou os olhos e se envergonhou em silencio ao dar-se conta de quo estpida tinha sido, ante a idio
espera esperanada que tinha regido sua vida durante as semanas seguintes a aquele encontro. Tinh
procurado o Nathan em cada oportunidade, esperando impaciente dia aps dia a chegada do carteir
sobressaltando-se cada vez que ouvia o repico da aldrava de bronze contra a porta principal, anuncian
alguma visita. No caiu ante a verdade a que to cega tinha estado at uma manh hora do caf d
manh, seis semanas depois de que o doutor Oliver lhe tivesse roubado esse beijo, quando, sem lhe d
maior importncia, mencionou o nome do jovem a seu pai. Com uma s frase, seu pai tinha fei
pedacinhos todas suas esperanas.
O doutor Oliver tinha retornado ao Cornwall a manh seguinte de sua visita casa e no tinha inten
de retornar a Londres.
Vitria recordava ainda a febre de humilhao que a tinha abrasado. Pequena estpida tinha sid
Tinha atribudo todos esses ideais romnticos e hericos a um homem que no era mais que um rufi
Um homem que a tinha beijado at lhe fazer perder o sentido sem a menor inteno de voltar a falar co
ela. Um homem que lhe tinha roubado seu primeiro beijo, um beijo que at a data no tinha podid
apagar de sua cabea quando sem dvida ele nem sequer devia lembrar do encontro.
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7/31/2019 (Regncia Histrica 03) - Quase um Cavalheiro - Jacquie D'Alessandro (rev. PRT)
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandro
Era a primeira vez na vida que Vitria se viu to sumariamente desprezada, tratada com tan
mesquinharia, e no lhe tinha gostado nem um pouco. Que homem to grosseiro e insofrvel.
Possivelmente fora um cavalheiro por nascimento, mas no havia dvida de que sua educao e su
moral brilhavam claramente por sua ausncia, posto que no possua um mnimo de maneiras.
Muito bem, quando chegasse a hora de partir do Cornwall, Nathan se lembraria dela. Tinha sido jovem
impressionvel, e ele era o suficientemente experiente para saber que se estava aproveitando de s
inocncia. Tinha jogado com ela de um modo que sem dvida Vitria teria esquecido e pelo que poder
haver-se reconhecido culpado de ter podido lhe esquecer. A ideia da vingana jamais lhe tinha passad
pela cabea at que, acessando s demandas de seu pai, viu-se obrigada a empreender essa viagem n
desejada, feito ao que se somava a recente aquisio do Guia feminino. Mesmo assim, graas a ambos
fatores, encarregaria-se de que o doutor Oliver casse por fim no esquecimento. O Guia feminin
aconselhava vingar a essa classe de rufies e enterr-los no passado ao que pertenciam, e Vitria esta
totalmente decidida a faz-lo. Flertaria com ele e lhe beijaria to sem piedade como ele o tinha feito co
ela para logo partir, lhe deixando com lembranas que atormentassem suas largas e escuras horas entre
crepsculo e o amanhecer. Retornaria alegremente a Londres e se casaria com um de seus bare
deixando por completo o episdio com o doutor Oliver atrs dela. Sim, era um plano excelente.
A voz de tia Delia desviou sua ateno da paisagem.
- Segundo seu pai, o doutor Oliver um grande mdico, afirmao que estou segura correta.
- Por que o diz?
Os olhos de sua tia cintilaram.
- Era bvio que tinha muito boa mo para o trato com os doentes. Seu pai tambm mencionou
interesse do doutor Oliver pelos temas cientficos.
Vitria logo que conseguiu conter a careta que lutava por lhe esticar os lbios. Sem dvida, Nath
desfrutava cravando asas de insetos a plafones e essas coisas. E, quanto a sua profisso Ora.
Uma prova mais de que no era um autntico cavalheiro, pois nenhum cavalheiro que
apreciasse se dedicaria a um ofcio.
A carruagem diminuiu a marcha at avanar lentamente, e soou ento a voz ensurdecedora
profunda do chofer:
- Podem ver daqui a panormica lateral do Creston Manor, detrs dessas altas rvores da direit
senhoras. J s fica seguir este caminho para rodear a propriedade e chegar parte dianteira. Estarem
ali em um quarto de hora.
Os cavalos retomaram um passo mais alegre, e Vitria e sua tia estiraram o pescoo para olh
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandropela janela. Assim que deixaram atrs as rvores, uma impressionante casa ensolarada ficou vista.
fachada de tijolo, despintado at um delicado rosa plido, parecia refulgir no suave reflexo da tardia
dourada luz do sol da tarde. Incrustada entre rvores muito altas e pastos de cor verde esmerald
Creston Manor resultava de uma vez imponente e tentador.
Desde sua vantajosa panormica lateral, Vitria pde ver os elegantes jardins e estbul
convocados na parte posterior, e um reluzente lago de guas azuis na parte dianteira que refletiam d
uma vez as rvores circundantes e a casa, ao tempo que o austero desenho do edifcio ficava claramen
suavizado pelas ondulaes da gua.
Um movimento junto aos estbulos chamou a ateno de Vitria, quem se inclinou para diant
Havia dois homens junto s portas abertas dos estbulos. Um deles era um cavalheiro de cabelos escur
com roupa de montar. Parecia estar falando com o outro, que sem dvida era um criado, pois no leva
camisa e sujeitava com a mo o que parecia ser um martelo.
O olhar de Vitria ficou preso nas costas nuas do homem que, inclusive da distncia, podia aprec
larga e coberta de uma brilhante capa de suor. Sentiu que o calor lhe avermelhava as bochechas
apesar de tentar apartar os olhos, seu olhar, repentinamente teimoso, negou-se a retirar-se. Embora se
dvida sua reao se devesse simplesmente a que se sentia escandalizada. obvio.
Os serventes da propriedade que sua famlia tinha no campo jamais se dedicariam ao cumprimento d
suas tarefas semidesnudos.
No pde evitar perguntar-se que aspecto teria o homem visto de frente, dado o cativante q
resultava a panormica posterior.
Tia Delia levantou seu monculo.
- Acredito que o cavalheiro do cabelo escuro lorde Sutton.
Vitria se obrigou a desviar o olhar ao outro homem e assentiu.
- Sim, acredito que assim .
- E o outro... - Tia Delia se aproximou tanto a janela que quase chegou a pegar o nariz ao cristal
Deus do cu, nenhum de meus criados tem semelhante aspecto.
Basta para que algum deseje dedicar-se a inventar desculpas para chamar ao queri do moo se
camisa.
Os lbios de Vitria se franziram levemente ante o escandaloso comentrio da senhora.
- Essa uma das coisas que mais me gostam de ti, tia Delia. Sempre diz o que pensa... inclusiv
quando o que pensa ...
- Atrevido? Querida, ento quando mais divertido resulta expressar o que algum pensa.
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- Estou segura de que colocar uma camisa antes de entrar na casa - disse Vitria, ainda tentan
bisbilhotar a cena e ocultar a nota de tristeza de sua voz.
- Uma lstima. Embora suponha que tem razo.
A carruagem girou ao chegar esquina e o homem se perdeu de vista. Assim que as du
mulheres voltaram a recostar-se contra o respaldo de seus assentos, tia Delia voltou a falar:
- Arrumado a que esse homem ter deixado um caminho de coraes quebrados a seu passo.
- Imagino que sim - murmurou Vitria, compadecendo-se imediatamente dessas mulheres, po
sabia perfeitamente como se sentiam. No obstante, graas ao Guia feminino e a seu cuidadoso plano,
encarregar se pessoalmente de que nem seu corao nem seu orgulho seguissem enterrados na lama.
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandro
A mulher moderna atual deve admitir que, assim que se imponha, far frente a muitas tentae
s vezes a tentao adota a forma de um apetecvel vestido ou de uma deliciosa confeco, aos qu
dependendo de sua situao econmica, possivelmente deveria resistir. Entretanto, s vezes a tenta
adota a forma de um apetecvel e delicioso cavalheiro, em cujo caso no deveria resistir.
Guia feminino para a consecuo da felicidade pessoal e a satisfao ntima. Charles Brihtmore.
Nathan cravou outro prego, esmurrando a pequena cabea de metal com um ofego satisfeito.
- Dando rdea solta a suas frustraes? - perguntou uma voz grave a suas costas.
Nathan se esticou ante o comentrio de seu irmo. Logo inspirou fundo e se obrigou a relaxar o
ombros, perguntando-se quando o desconforto que se instalou entre Colin e ele terminaria por dissipar-s
Isso, claro, em caso de que chegasse a dissipar-se algum dia. Soltou um ofego, sacudiu o prego com u
golpe final que acompanhou com um grunhido e olhou por cima do ombro.
Impecavelmente vestido com seu traje de montar, imaculadamente uniformizado e gotejando
imagem do perfeito cavalheiro que Nathan tinha deixado de emular fazia j tempo, seu irmo lh
observava com essa expresso to habitualmente inescrutvel nele.
Nathan se voltou e agarrou a camisa enrugada que tinha deixado apartada no cho para sec-la
frente molhada. O sol lhe esquentava as costas nua e agradeceu a brisa fresca e perfumada que l
acariciou a pele quente.
- Dando rdea solta as minhas frustraes - repetiu. - Sim, de fato isso exatamente.
- A julgar pela quantidade de marteladas que ando ouvindo toda a manh deve estar realmen
frustrado. - Colin assinalou com o queixo a obra do Nathan. - Um pequeno curral que estava construind
para os animais.
- Se por acaso no te tinha dado conta, cheguei a casa com um bom nmero de animais.
- Teria resultado condenadamente difcil no reparar neles, com todos esses mugidos, balido
cacarejos, latidos, miados, grasnidos, grunhidos e que classe de som o que faz essa cabra?
- Essa cabra tem um nome. Petunia.
Colin se beliscou a ponte do nariz e negou com a cabea.
- Me deseja muito virtualmente impossvel entender por que te empenha em manter semelhan
coleo de animais, e ainda mais impossvel compreender que necessidade tinha de traz-los pa
Cornwall. Mas o que realmente no chego a entender o que te levou a condenar a essa pobre besta lh
pondo um nome como o da Petunia.
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- No fui eu quem o ps. Foi a senhora Fitzharbinger, a paciente que me deu de presente iss
quem a chamou Petunia.
- Bem, est claro que a senhora Fitzharbinger no possui o menor sentido do olfato porque e
minha vida cheirei nada menos parecido fragrncia de uma flor que essa besta imunda.
- Eu em seu caso mediria minhas palavras, Colin. Petunia muito sensvel aos insultos e mui
dada a arremeter contra o traseiro de todo aquele que fala mal dela. - Lanou um olhar cabra que, pa
ouvir seu nome, levantou sua cabea brava do canteiro de flores onde ruminava e lhe olhou com se
olhos negros como a obsidiana. Um revelador molho de flores violetas e de caules aparecia pel
comissuras da boca da Petunia ao tempo que seu desordenado queixo no deixava de mover-se.
- Sente especial predileo pelas petunias. Desde a seu nome.
Colin elevou o olhar ao cu.
- Se realmente lhe tivesse dado o nome atendendo a seu manjar favorito, facilmente poderia hav
la chamado Leno, Boto, Vitela...
- Sim, adora comer papel.
- Bem o vi esta manh quando comeu uma nota que tinha deixado no bolso de meu colet
Momento no qual tambm perdi um boto. - Dedicou um olhar furioso e glacial a Petunia. A cabra segu
mastigando sem alterar-se no mais mnimo.
- O que aconteceu com seu leno?
Colin entrecerrou os olhos.
- Isso foi ontem. que esta besta no sabe que erva. O que supostamente deve comer?
- De fato, as cabras preferem as moitas, os arbustos, as folhas e as anlagas.
- Diria mas bem que prefere comer-se tudo o que no esteja parecido ao cho. E a men
oportunidade.
- Possivelmente. Mas no acredita que valoriza suas palavras. Eu em seu lugar poria a salvo
traseiro. - Nathan arqueou uma sobrancelha . - Sua nota devia ser de alguma dama. Petnia mostra u
grande apetite pelas cartas de amor.
- Porque tambm sabe ler, obvio.
- O certo que no me surpreenderia descobrir que assim . Os animais so muito ma
inteligentes do que imaginamos. Tenho descoberto que Reginald pode diferenciar entre as mas e
morangos. No gosta dos morangos.
- Estou seguro de que Lareiras e o resto dos jardineiros respiraro aliviados quando se inteirare
da notcia, sobre tudo dado o triste estado das petunias. E qual dos membros de sua prole Reginald?
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandroganso?
- No, o porco.
Colin desviou o olhar ao lugar onde Reginald estava convexo sobre o flanco na maior amostra d
felicidade porcina, sombra de um olmo prximo.
- Ah, sim. O porco. Outro presente de um paciente agradecido?
- De fato, foi o pagamento de um paciente agradecido.
- Paciente que sem dvida acreditou te prover com um festim de porco, presunto e bacon.
- Provavelmente. Que sorte para o Reginald que eu no goste de muito bacon.
- Nem tampouco a carne de cabea de gado, a julgar pelo aspecto dessa vaca.
- Margarida. chama-se Margarida. - Nathan assinalou com um movimento de cabea ao bovin
negro e branco que pastava junto ao Reginald . - Sei que desfruta te considerando um homem insensv
mas observa-a.
Um olhar desses enormes e lquidos olhos marrons e nem sequer voc poderia pensar nela, com
uma simples fonte de leite fresca.
Colin negou com a cabea.
- Deus do cu, um claro candidato a dar com seus ossos no manicmio. Petunia. Margarida
resmungou. - Todos os seus mascotes tm nome de flor?
- No todas. O nome do mastim R.B.
- A julgar pelo tamanho do animal, suponho que vem de Rompe Bancos, no?
- No. De Rompe Botas. Disse divertido.
- Obrigado. - No houve nenhuma dvida sobre o tom sarcstico empregado pelo Colin. - E R.B.
tambm o pagamento de algum outro paciente agradecido?
- Sim.
- Como suponho que tambm o so os patos, os gansos, o gato e o cordeiro.
- Correto.
- consciente de que o dinheiro a compensao habitual pelos servios de um mdico?
- Tambm o recebo. de vez em quando.
- vista desta coleo de animais, devo supor que muito de vez em quando.
Nathan se encolheu de ombros. Nunca tinha conseguido convencer ao Colin nem ao pai de amb
de que estava plenamente satisfeito vivendo em uma casa de campo que podia caber sobradamente
salo do Creston Manor, nem de que seu mal emparelhados animais eram seus amigos. Sua famlia.
como tal, necessitava-os ali para que lhe ajudassem a brigar com o calvrio que, conforme suspeitav
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandroesperava-lhe volta da esquina.
- Sinto-me pago com acrscimo tendo um teto sobre minha cabea e mantendo alimentados
meus amigos peludos e emplumados.
- Muito mais domesticado que nos velhos tempos - disse Colin.
Imediatamente, o muro que se levantava entre ambos e que tinham estado sorteando da chegad
do Nathan no dia anterior no pde seguir sendo ignorado. Mesmo assim, Nathan no desejava falar d
passado.
- Muito mais, sim. E assim como eu gosto.
- Esta era sua casa, Nathan. No tinha por que te haver partido.
Como era possvel que umas palavras pronunciadas com tanta doura pudessem lhe golpear co
semelhante fora?
- Ah, no? - Nathan no conseguiu apagar do todo a amargura que impregnava suas palavras.
Colin lhe observou atentamente durante segundos compridos desde uns olhos verdes t
semelhantes aos de sua me que inspiraram no Nathan uma nova quebra de onda de lembranas cont
os que teve que debater-se. Por fim Colin voltou a cabea e fixou o olhar na distncia.
- Poderia ter eleito de forma distinta.
- No vejo como. Embora tivesse querido ficar, papai me tinha ordenado que partisse.
- Falou presa da raiva. Como voc. Aps, tem-te escrito vrias vezes, te convidando a voltar pa
casa.
- Certo. Mas para ento eu j me tinha instalado em Little Longstone. - Passou-se a mo pelo
cabelos. - Apesar de que mantemos uma relao civilizada, seguem existindo certas... asperezas ent
papai e eu que no estou seguro de que vo limar se em algum momento. - No lhe fez falta acrescenta
"Como as que existem entre voc e eu". As palavras ficaram suspensas entre ambos como uma nvo
mida.
Colin assentiu devagar.
- Tampouco tinha inteno de voltar.
Nathan fixou sem querer o olhar na zona do bosque situada atrs do Colin. Sacudiu a cabea co
um tenso gesto.
- No.
- E entretanto, aqui est.
- A carta de lorde Wexhall no me deixou muita escolha.
- Pareceu-me que aproveitaria a oportunidade para limpar seu nome.
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandro
- Me acredite se te disser que a oportunidade de faz-lo a nica razo pela que estou aqui. - Um
pontada de culpa beliscou ao Nathan quando viu que Colin apertava a mandbula, mas lhe pareceu qu
dizer a verdade sem rodeios era sua melhor opo.
J havia muitas mentiras entre ambos.
- Evidenciada pelo fato de que faz trs anos que no estiveste em casa - murmurou Colin.
Sim, trs anos. Trs anos desde que sua vida tinha trocado drasticamente. Trs anos enterran
lembranas e lutando desesperadamente para encontrar a paz.
Por encontrar um lugar onde sentir-se em casa, onde o passado no lhe espreitasse desde e
todos os cantos.
- Tenho-lhes escrito.
- Estranha vez...
- Dediquei todo meu tempo a encontrar um lugar onde me instalar. Onde me assentar.
- E teve que ser a quinhentos quilmetros daqui.
- Sim. Em um lugar onde ningum me conhecesse. Onde ningum estivesse sabendo dos fatos.
- Partindo assim s conseguiu parecer ainda mais culpado.
- Em qualquer caso, todos me acreditavam culpado, de modo que no vejo que isso importasse.
Os dois irmos se dirigiram um largo e apreciativo olhar. Logo Colin disse:
- Surpreendeu-me que atirasse a toalha to facilmente. Que no lutasse por limpar seu nom
Nunca foi dos que se rendem.
- Bom, suponho que no me conhecia to bem como acreditava.
- Isso parece.
- Ou eu a ti. - Outro olhar se cruzou entre ambos e Nathan disse ento: - Pelo menos, a um
distncia de quinhentos quilmetros no estou submetido aos olhares nem s fofocas. Essa uma d
razes pelas que minhas "bestas", como voc os chama, sejam para mim to importantes. Tem-lhes se
cuidado meu passado. No me julgam. No podem me fazer danos.
- E assim como desejas viver? Sem sentir nada?
- Evitar o rechao e a dor no quo mesmo no sentir nada.
- Passaram trs anos, Nathan. J hora de que troque.
- J o tenho feito.
- Falava em trminos mais geogrficos.
- Repito-te que j o tenho feito. s que este lugar... ficar aqui ... difcil. - Seu olhar descende
at a perna do Colin, que como bem sabia estava salpicada de cicatrizes. - To fcil resultou a
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandroesquecer?
- obvio que no. Nem ao Gordon tampouco. Mas nem ele nem eu deixamos que o ocorrido poss
conosco.
Nathan quase se estremeceu para ouvir mencionar aquele nome. Gordon... baro do Alwyck
vizinho e amigo da infncia.
Outro homem que a ponto tinha estado de perder a vida e tinha cicatrizes em todo o corpo p
culpa dessa desastrosa e ltima misso para a Coroa. "Por minha culpa..."
- A nenhum dos dois lhes acusou de ter roubado as jias. Nenhum de vs perdeu a honra. Nem
reputao. Eu o perdi tudo. Nenhum foi responsvel pela voz do Nathan se apagou e apertou a mandbu
com tanta fora que lhe doeram as gengivas.
- Salvou-me a vida, Nathan. Tambm ao Gordon.
Um amargo suspiro surgiu das vsceras do Nathan. Sim, tinha reparado com xito o dano fsic
ocasionado, mas tinha fracassado em muitas outras frentes. Frentes nos que no tinha a menor inten
de pensar, que no desejava reviver. No tinha conseguido esquecer a dvida acusadora que tinha vis
nos olhos do Colin. E no era menos do que merecia.
Decidido a guiar de novo a conversao para temas menos dolorosos, disse:
- Suponho que nossas convidadas chegaro hoje.
Colin lhe olhou durante vrios segundos e assentiu devagar, captando a mensagem com claridad
Excelente. Nathan tinha suportado todas as lembranas que era capaz de suportar por um dia.
- Sim. espera-se que lady Vitria e sua tia cheguem hoje - assentiu Colin. - Lady Vitria... Menti
se dissesse que me lembro muito bem dela. To s lembrana de maneira vaga que e
extraordinariamente formosa.
Anos de prtica tinham ensinado ao Nathan a manter seus rasgos perfeitamente impassve
Recordava muito bem a lady Vitria.
- A bom seguro no lembra dela porque a vez que estivemos juntos deixou menina comig
enquanto voc te dedicava a conversar com sua tia, a irm de lorde Wexhall.
- Hum, sim. Sem dvida tem razo. Conforme acredito recordar, lady Delia era uma personagem d
mais divertido.
- No saberia te dizer - apontou Nathan com um olhar intencionado, - pois fui eu quem teve qu
carregar com lady Vitria.
- Carregar, diz? Que curioso. Se mal no recordar, mas bem a requisitou e lhe pediu que
mostrasse seus espantosos retratos familiares. - Colin assentiu devagar, e Nathan reconheceu se
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandrodificuldade o brilho nos olhos de seu irmo.
De repente lhe surpreendeu admitir quanto tinha sentido falta desse brilho. - Lembrana tamb
que apareceu bastante nervoso atrs de voc, depois da conversao com a deliciosa lady Vitria.
Nathan deu uma portada mar de lembranas que pugnavam por fazer sua entrada.
- Nada disso. s que no desfrutei conversando com essa menina altiva. - Maravilhou-s
desapaixonadamente ante a capacidade que ainda possua de mentir sem o menor esforo. Sem dvid
havia coisas que no trocavam. Mesmo assim, a dor surda que sentiu nas vsceras lhe indicou q
possivelmente, e depois de tudo, a mentira sim tinha requerido nessa ocasio certa dose de esforo.
- Conversando? isso o que estiveram fazendo naquela habitao tenuemente iluminada da qu
retornou despenteado por completo? E, aos dezoito anos, Vitria no era j nenhuma menina - dis
Colin, em cujos olhos o brilho parecia haver-se acentuado.
- Pois te asseguro que se comportou como tal, tagarelando neciamente sobre o tempo e a moda.
- Bem, agora que cumpriu j os vinte e um, nem sequer voc me negar que j deixou de ser um
menina. E lorde Wexhall a envia aqui. Conforme dizia em sua carta, espera que dela cuide. Qu
interessante.
- E como sabe voc com tanta preciso o que continha a carta que me enviou lorde Wexhall?
- Porque a tenho lido.
- No recordo te haver dado permisso para que o fizesse.
- Estou seguro de que essa era sua inteno. Desde no fosse assim, no a teria deixado em um
das mesas da biblioteca.
- Asseguro-te que no tenho feito nada semelhante. - Maldito Colin e suas magnficas habilidad
de ladro. Bem, possivelmente fora gil com os dedos, mas sem dvida no era um perito na leitura d
cdigos.
Por muito que tivesse estudado em profundidade a missiva de lorde Wexhall, jamais teria podid
decifrar a mensagem secreta que continha. Nathan sentiu uma pontada de culpa por no t
compartilhado o contedo oculto da carta de lorde Wexhall com seu irmo, mas queria esperar a receb
mais informao para faz-lo. No tinha sentido arrastar a seu irmo a uma situao que potencialmen
podia resultar perigosa at saber com exatido qual era a situao.
Colin agitou a mo em um gesto depreciativo.
- Embora possivelmente fora em uma mesa do salo. Como dizia lorde Wexhall em sua carta? A
sim. "Espero que cuide de Vitria e que te ocupe de que no sofra nenhum dano" - recitou com vo
sonora.
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7/31/2019 (Regncia Histrica 03) - Quase um Cavalheiro - Jacquie D'Alessandro (rev. PRT)
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandro
- Me pergunto que classe de dano cr lorde Wexhall que pode sofrer sua filha.
- Provavelmente tema que Vitria se perca e caia por um escarpado. Ou que gaste em demasia n
lojas do povoado.
Colin arqueou uma sobrancelha de forma mais eloqente.
- Possivelmente. Mas fixa lhe que se dirige a ti. Em nenhum momento me menciona. A menina
tua responsabilidade. Naturalmente, se for to encantadora como a lembrana, possivelmente poderia m
deixar convencer para te ajudar a cuidar dela.
Nathan culpou ao calor que lhe abrasava nessa estranha tarde de calor. Demnios, a conversa
estava lhe provocando dor de cabea.
- Excelente. Deixa que te convena. Darei-te cem libras se cuidar dela - lhe ofereceu Natha
empregando um tom despreocupado totalmente renhido com a tenso que lhe consumia.
- No.
- Quinhentas.
- No.
- Mil libras.
- Nem pensar. - Colin sorriu. - Para comear, e tendo em conta que habitualmente seus clientes lh
pagam com animais de granja, duvido que tenha mil libras, e, a diferena de ti, no tenho o menor dese
de que me pague com coisas que mugem.
Por outro lado, nem por todo o ouro do mundo renunciaria a verte fazer algo que com tant
claridade detesta, como te ocupar de cuidar de uma mulher a que considera uma idiota mimada
irritante.
- Ah, sim, os motivos que me levaram a estar trs anos longe daqui voltam a cair sobre mim de u
colcho.
- De fato - prosseguiu Colin como se Nathan nada houvesse dito , - darei-te cem libras, em moed
em curso, se consegue cumprir com seu dever com lady Vitria sem que te veja brigar com ela.
Acostumado como estava natureza brincalhona do Colin, Nathan disse:
- Defina "brigar".
- Discutir. Intercmbio acalorado de palavras. Brigas verbais. Dou por feito que no cairo e
nenhuma mostra de brigas fsicas.
- No tenho inteno de me aproximar de menos de trs metros dela - disse Nathan, convencid
de cada uma de suas palavras.
- Provavelmente seja melhor assim. Est solteira, sabia?
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7/31/2019 (Regncia Histrica 03) - Quase um Cavalheiro - Jacquie D'Alessandro (rev. PRT)
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandro
Nathan guardou silncio. No, no sabia. Embora pouco importasse. Encolheu-se de ombros.
Em sua mente se desenhou uma imagem de negros e sedosos cabelos, risonhos olhos azuis e um
boca luxuriosa e deliciosa. Apesar de ser plenamente consciente de que ela ps a prova com ele su
artimanhas femininas recentemente cunhadas, Nathan tinha ficado encantado com semelhan
combinao de inocncia, flerte e nervos que ela demonstrou em sua presena, e tinha sido incapaz d
resistir tentao de lhe roubar um beijo. O certo que to s procurava com isso dar com um mod
zombador de pr fim ao nervoso bate-papo de Vitria, mas o beijo provocou um incndio que o aturdi
As virginais jovens de boa famlia recm sadas do colgio no tinham sido nunca prato de seu gosto,
Nathan no tinha contado com sua reao aquele beijo.
Nem com a dela. Ambas lhe tinham pilhado por surpresa e no era amigo das surpresas.
No obstante, aqueles breves instantes roubados tinham ficado no passado e, como bem sabia,
lembranas e os lamentos estavam melhor enterrados na mais profunda vala que algum pudes
encontrar. Durante os ltimos trs anos se convenceu de que lady Vitria tinha maturado at converter-
pouco mais que na tpica filha panaca de qualquer nobre, incapaz de manter uma conversao que n
versasse sobre a moda e o tempo.
Uma presunosa flor de estufa que emprestava a altivez e a maneiras afetados. Uma mulher que
zangava e fazia panelas para sair-se com a sua... Em soma, Nathan a tinha catalogado exatamente com
a classe de mulher a que no agentava.
E agora se veria obrigado a suportar sua companhia. A proteg-la. Mas do que? De quem? E p
quanto tempo? Segundo a carta codificada de lorde Wexhall, este tinha oculto certa informao n
bagagem de lady Vitria, informao que responderia a essas perguntas e que poderia lhe ajudar
resolver o mistrio das jias desaparecidas que tinham culpado a ele e a sua conscincia, durante
ltimos trs anos. Recuperar as jias. E recuperar tudo o que tinha perdido.
- Inclusive embora cr que Vitria corre perigo, resulta estranho que Wexhall mande a sua filha
Cornwall - disse Colin. - Acredito que o que tenta afastar ela de algum pretendente pouco desejvel.
Provavelmente tenha a esperana de casar bem moa, em cujo caso parece haver eleito a
como vtima, ejem... Quer dizer, como afortunado.
Nathan se limitou a fixar nele o olhar.
- Impossvel. Lorde Wexhall desejaria para sua filha a um herdeiro, no a um segundo. - E men
que ningum a um segundo com uma reputao to manchada como a minha, pensou. perguntou-s
quanto saberia lady Vitria sobre seu passado... Quanto lhe teria contado seu pai ou se teria sido livre
fofocas em Londres . - E no imagino a lady Vitria desejando para si nada menos do que isso. - A
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandrosobrancelhas do Nathan se arquearam ao tempo que lanava a seu irmo um olhar especulativo.
- Sim, certo, possivelmente lorde Wexhall espere livrar-se da menina, em cujo caso, e sem lug
a dvida, seria voc a vtima desejada, ejem... Quero dizer o afortunado.
- Mesmo assim, seus desejos apontam a que voc seja quem cuida dela. E no tenho a men
inteno de permitir que me termine endossando isso .
- Dada sua condio de herdeiro e a meu de pobre segundo que se cobra em animais de gran
seus servios mdicos, no me cabe dvida de que no vou ter a menor necessidade de endossar-lhe
ningum. Suspeito que lady Vitria correr diretamente em sua direo.
- No sabe quanto me alegra ser to ligeiro de ps.
- E no sabe voc o afortunado que me sinto de no ser dono do ttulo nem das propriedades qu
bem poderiam seduzir a uma herdeira, ou inclusive converter o matrimnio em algo peremptrio, pois n
tenho nenhuma necessidade de dar um herdeiro.
Temo-me que todas as esperanas matrimoniais da famlia recaem em ti, lorde Sutton.
- Deveria te casar se o ttulo fora teu.
- A Deus obrigado, no o .
- Mas o seria se eu no conseguisse dar um herdeiro famlia.
- S se morrer, e parece gozar de uma sade excelente. se isso trocar, felizmente sou um mdi
magnfico e me encarregarei de que viva at a velhice. E que te case. e tenha muitos filhos. - Natha
sorriu .
- E tudo isso enquanto eu sigo mantendo minha condio de despreocupado celibato.
- Lembra-te de quando eu te atirava ao lago, irmozinho ?
- Certamente. Assim aprendi a nadar. - Dedicou ao Colin um intencionado olhar da cabea a
ps . - Como ver, j no sou to pequeno. Lhe veria e lhe desejaria isso para me atirar agora ao lago.
- Possivelmente. - Colin assentiu, assinalando ao curral com a cabea. - Te falta muito pa
terminar?
- Necessitarei aproximadamente uma hora mais. - Olhou a imaculada camisa branca do Colin,
colete de brocado, a jaqueta marrom do Devonshire, as calas abombados e as botas lustrosas. - Supon
que no me daria uma mo com isto?
- Supe bem. Vou ao Penzance ao encontro de uma dama. Uma dama encantadora que,
diferena de sua lady Vitria, em nenhum caso mereceria ser descrita como uma menina altiva.
- No minha lady Vitria.
Colin se limitou a rir.
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandro
- Estarei de volta a tempo para me reunir com vs para o jantar. - Logo, com um gesto da m
entrou no estabulo, deixando ao Nathan lhe olhando fixamente atrs dele, com um estranho n n
garganta.
Deus, quanto tinha sentido falta do seu irmo. Apesar de que at ento em nenhum momento
permitiu pens-lo, ver de novo ao Colin havia tornado a ressuscit-lo tudo em uma dolorosa quebra d
onda. Essas pequenas amostras de camaradagem que tinham compartilhado antigamente lhe abriam e
dois o peito ante o peso da perda, embora tambm lhe davam um raio de esperana por quan
apontavam a que com sua visita possivelmente conseguisse pr fim s desavenas com a famlia.
Agarrou outro prego com um suspiro, colocou-o em seu lugar e o golpeou com preciso com
martelo. A vibrao reverberou em todo seu brao e repetiu a ao enquanto especulava sobre o qu
cabia esperar das seguintes semanas.
Quando, trs anos atrs, abandonou seu posto ao servio da Coroa sob uma escura nuvem d
suspeita e com a reputao feita pedacinhos, jurou-se que sob nenhum conceito voltaria para redil... sal
no caso de poder contar com a oportunidade de limpar seu nome. Mesmo assim, no momento de fazer-
aquele juramento no suspeitava que chegaria o dia em que essa oportunidade lhe apresentaria. Tinh
enterrado o passado, construiu-se uma nova vida em um novo lugar e vivia em paz... Uma grand
diferena com a vida que tinha deixado atrs. Entretanto, quando de repente tinha surgido a oportunidad
de poder recuperar as jias e de restabelecer sua reputao, os sentimentos que lhe embargavam era
mais que ambivalentes.
Algum lhe tinha aconselhado em uma ocasio que tomasse cuidado com o que desejava porq
os desejos podiam fazer-se realidade. No tinha alcanado a captar do todo a dimenso do conselho a
esse momento.
E ao repentino reverso que acabava de sofrer sua pacfica existncia se unia agora o fato de t
que voltar a ver lady Vitria.
Em qualquer caso, sua relao com ela seria mnima. No em vo tinha planejado a situao
detalhe. faria-se com a informao que a menina levava com ela e logo, o antes possvel, voltaria
mand-la a Londres.
Com sorte restabeleceria a honra de seu nome, voltaria ento para sua tranqila casa de cam
em Little Longstone e retomaria sua pacfica existncia. Sim, sem dvida era um plano excelente.
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandro
A mulher moderna atual deveria em primeiro lugar dar amostra de uma atitude distante para
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandrocavalheiro ao que deseja apanhar. Os homens desfrutam da caa, do desafio que supe para eles ganh
o favor de uma dama. Se est interessado, nen uma manada de cavalos selvagens lhe impedir
persegui-la. Entretanto, assim que esteja firmemente apanhado, deixa de ser necessrio e desejv
seguir mostrando a mesma atitude distante.
Guia feminino para a consecuo da felicidade pessoal e a satisfao ntima. Charles Brightmore.
Depois de ter terminado por fim com o curral, Nathan apresentou a sua coleo de animais se
novo lar temporrio. Deu uns tapinhas de nimo slida redondez do Reginald e foi recompensado co
uma rstia de aspirados grunhidos. Petunia lhe golpeou com suavidade a coxa e Nathan lhe deu de com
um punhado de suas flores favoritas.
- Nem te ocorra dizer-lhe ao jardineiro - lhe advertiu, acariciando o pelo ocre da cabra. depois d
assegurar-se de que seus amigos estavam cmodos, Nathan colocou a camisa e cruzou os canteiros d
grama que lhe separavam do Creston Manor.
Tinha os braos e os ombros doloridos e cansados, embora fosse uma sensao da que desfrutav
pois com ela impedia que sua mente vagasse por zonas que desejava a todo custo evitar.
Enquanto andava sob a larga e fresca sombra do Creston Manor desenhada pelo sol minguant
ouviu o inconfundvel som de uma voz feminina. medida que se aproximava da casa, pde por fi
distinguir com claridade as palavras.
- As chuvas deixaram os caminhos em um estado simplesmente espantoso.
Nathan se deteve junto esquina da casa. Apoiou as costas contra a fachada de tijolo e contev
um gemido. Apesar de que tinham acontecido h trs anos desde que a tinha ouvido pela primeira ve
no havia forma possvel de confundir essa voz.
Lady Vitria tinha chegado.
O corao do Nathan executou um tombo inusitadamente ridculo e suas sobrancelhas se unira
imediatamente em um profundo cenho. Que demnios lhe ocorria? Algo, sem dvida. Possivelmente fo
a falta de sono. Sim, isso devia ser. Pois no havia outra explicao para uma reao to idiota. Fechou
olhos e golpeou a parte posterior da cabea contra a pedra da parede duas vezes com suavidade, porqu
por muito tentador que resultasse cair inconsciente, no tinha nenhum sentido prolongar o inevitve
quanto antes descobrisse o que precisava saber sobre ela, antes poderia enviar a de retorno a Londres.
Baixou o olhar e um sorriso atirou das comissuras de seus lbios. Lady Vitria sem dvida
desfaria ao lhe ver com suas calas manchadas, a camisa molhada e por fora das calas, e as bot
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandrogastas. animou-se grandemente. Isso a empurraria a partir de Cornwall o antes possvel. Nathan sup
que devia rodear a casa at a parte traseira do edifcio e trocar-se de roupa, mas dado que Colin e seu p
estavam de visita no povoadoado, o dever de dar a bem-vinda s convidadas recaa sobre seus ombros.
Separou-se da parede e voltou para a esquina com passo firme. Um carro bem equipado, de cor neg
lustrosa e que luzia o braso da famlia do baro do Wexhall, deteve-se no caminho curvo que dav
acesso casa. Um par de faxineiras com aspecto desfalecido, que sem lugar a dvida eram as criadas d
senhoras, esperavam junto a uma segunda carruagem que transportava mais bagagem. O exterior e
rodas do carro, profusamente salpicados de barro, davam f do espantoso estado do caminho.
Duas filas de cavalos de idntico cinza esperavam pacientemente enquanto Langston e a senho
Henshaw, o mordomo e a ama de chaves do Creston Manor, dirigiam ao servio nos trabalhos d
descarga dos bas.
Enquanto se aproximava, Nathan estudou o grupo com ateno.
Uma mulher que reconheceu como lady Delia, irm de lorde Wexhall, estava falando com
senhora Henshaw. Lady Delia, que vestia um casaquinho azul marinho em cima de um vestido d
musselina de cor nata salpicado das rugas que tinha deixado nele a viagem, e com um chapeuzinho d
encaixe, parecia no ter trocado nada nos ltimos trs anos, a ltima vez que ela e Nathan se viram. Vin
anos antes, teria sido descrita como uma bela mulher.
Nesse momento, e embora a palavra ainda o fazia justia, sua maturidade exigia um trmino ma
prximo a "formosa".
Nathan seguiu adiante, estirando o pescoo, e vislumbrou a parte posterior de um chapeuzinh
amarfilado com volantes. Sua proprietria estava quase escondida entre a turba de criados q
perambulavam pela cena. Nesse preciso instante, lady Delia se apartou a um lado, deixando vista
perfil de lady Vitria. Nathan diminuiu o passo e a estudou.
Com um vestido de musselina de um tom rosa plido e um casaquinho de cor rosa fcsia, lad
Vitria aparecia banhada em um resplandecente e dourado halo de sol, como uma delicada flor
primavera. Uma enrgica brisa com aroma de mar, cortesia do Mount's Bay, ameaava lhe arrancar
chapeuzinho. A jovem se levou uma mo coberta por uma luva cor nata para manter em seu lugar
ridcula bagatela, que supostamente era a ltima moda francesa. Apesar de seus esforos, vrios cach
escuros emergiram do chapeuzinho e, a merc da brisa, acariciaram-lhe a bochecha.
Ao Nathan lhe ocorreu a ridcula ideia de compar-la com um retrato do Gainsborough, captura
como estava pela brisa e o sol e com os rasgos parcialmente escurecidos pelo chapeuzinho e o bra
levantado.
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandro
O nico que faltava a lady Vitria para completar a imagem era um campo de flores silvestres.
possivelmente tambm um cachorrinho pulando a seus ps. Justo nesse momento, ela se voltou e
olhares de ambos se cruzaram.
Nathan sentiu vacilar seus passos at deter-se por completo ao tempo que sentia como se tives
recebido um murro no estmago, algo que j tinha experiente a primeira vez que tinha pousado o olh
nela, trs anos antes. A brisa pegava o vestido de Vitria a seu corpo at sugerir que a forma curva
feminina que se encaixou to perfeitamente na sua sem dvida seguiria fazendo-o.
Um dourado raio de sol a emoldurava em um halo de resplendor que lhe dava todo o aspecto d
um anjo, embora Nathan recordava vividamente a maldade que tinha visto danar em seu sorriso.
Um inconfundvel brilho resplandeceu nos olhos de Vitria, seguido por um brilho de outra cois
que Nathan no obteve a decifrar de tudo mas que apagou qualquer dvida de que ela recordasse
apaixonado beijo que ambos tinham compartilhado.
Logo seus rasgos ficaram desprovidos de toda expresso e seus olhos se encheram de uma f
indiferena que subiu por suas sobrancelhas. Indubitavelmente, Nathan no tinha deixado uma impress
favorvel em lady Vitria.
Embora no estava seguro de que isso lhe resultava mais molesto que divertido ou viceversa.
O olhar da jovem deu um rpido repasse roupa do Nathan. A seguir franziu os lbios com firmez
e arqueou uma sobrancelha, dando amostras de uma eloqncia que indicava que o aspecto de l
resultava quase to atrativo como algo que bem pudesse ter arrancado do fundo de um de seus delicad
sapatos. Excelente. Levava ali menos de dois minutos e Nathan tinha conseguido alter-la. Odiava ser
nico em ver-se pego despreparado.
Conteve um sorriso e se adiantou para ela.
- Saudaes, senhoras - disse ao unir-se ao grupo. - Me agrada ver que chegaram sem sofr
nenhum contratempo. tiveram uma viagem agradvel?
Lady Delia se levou a olho um adornado monculo e lhe olhou com ateno.
- um prazer voltar a lhe ver depois de todos estes anos, doutor Oliver.
- O prazer meu, lady Delia - disse Nathan, lhe oferecendo um sorriso e uma formal reverencia.
O olhar afiado de lady Delia no passou por cima o aspecto descuidado do Nathan.
- Ao parecer foi voc vtima de alguma classe de catstrofe.
- Absolutamente. Isto no mais que o resultado de um projeto junto aos estbulos que resulto
ser um trabalho sujo. Neste momento voltava para casa a fim de me pr apresentvel para sua chegad
embora temo que j muito tarde.
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- Junto aos estbulos? - Os olhos de lady Delia se abriram de par em par. - Estava ali faz u
quarto de hora? Utilizando um martelo?
- Assim . De ter sabido que sua chegada era to iminente...
- Bobagens, querido jovem. No nos teramos perdoado que tivesse abandonado seu projeto p
ns. - Lady Delia lhe dedicou um sorriso deslumbrante e acrescentou: - Me pergunto se recorda da min
sobrinha, lady Vitria...
- obvio que recordo a lady Vitria. Orgulho-me de no esquecer jamais um rosto. - Nem um bei
apaixonado, pensou. Voltou-se para ela e se encontrou sendo o branco do inspido olhar de lady Vitri
Certamente no era essa a clida bem-vinda que ele tinha recebido a ltima vez que se viram
Provavelmente, depois de certa reflexo, a jovem lhe teria relegado categoria de rufio por lhe hav
roubado aquele beijo e lamentava no lhe haver esbofeteado.
Bem, perfeito. Isso abreviaria ainda mais suas interaes.
Nathan saudou lady Vitria com uma formal reverencia e voltou a erguer-se quo alto er
Recordava que ela era ligeiramente mais alta que a mdia, embora bem era certo que o alto da cabea d
jovem apenas lhe chegava ao ombro. Agora que estava mais perto dela, pde apreciar sua ctis perfeit
to s matizado por um favorecedor tom rosado. O certo que a via muito ruborizada. Provavelmente
causa do excessivo calor lhe reinem no interior da carruagem. Surpreendentemente, e apesar do qu
como ele bem sabia, devia ter sido uma rdua viagem, Vitria no mostrava o menor indcio de cansa
No, a via fresca e preciosa. Afetada, dotada de uma fria elegncia e convertida em uma verdadei
dama. Mesmo assim, ao Nathan no teve a menor duvida de que a moa no demoraria para cair e
alguma depresso como a maioria das senhoras de sua fila e acabaria por recostar-se em todas e cad
uma das tumbonas do Creston Manor primeira ocasio.
O olhar do Nathan estudou com ateno os olhos de Vitria, reparando em sua vivida tonalidad
azul, que resultava ainda mais destacvel pela meia lua riscada pelas pestanas escuras que os coroava
A ltima vez que os tinha visto, esses olhos estavam semicerrados e velados de pura excitao. E lo
estava essa boca to luxuriosa e carnuda. Embora tudo no comportamento e no traje de Vitria resulta
perfeitamente afetado, nada tinha de afetado em seus lbios. Nathan recordou imediatamente o delicio
sabor desses lbios, e quo aveludados os tinha sentido sob os seus. Nos ltimos trs anos, a jovem
transformou em uma preciosidade maiscula. Mas Nathan j no percebia esse brilho peralta em se
olhos, essa brincalhona curva em seus lbios, e distradamente se perguntou qual podia ser a causa d
semelhante mudana. A bom seguro teria decidido acertadamente que beijar a desconhecidos na gale
no era uma boa idia. Embora pouco importava a ele. No, absolutamente.
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Vitria j lhe tinha deixado fora de combate em uma ocasio... no pensava lhe dar a oportunida
de repeti-lo. Preferia mil vezes a uma mulher singela, afetuosa e doce que uma dessas belez
presunosas e quente de estufa.
- Como vai, lady Vitria?
Ela elevou a cabea e, at apesar da diferena de altura entre ambos, as engenhou para lhe lan
um olhar depreciativo, como se fora uma princesa e ele o mais humilde de seus servidores.
- Doutor Oliver... - O olhar de Vitria voltou a percorrer seu sujo traje e enrugou o nariz, sem
dvida percebendo o ofensivo aroma do Reginald e da Petunia. Quando os olhares de ambos voltaram
cruzar-se, ela acrescentou:
- Segue voc exatamente tal como lhe recordo.
Embora Nathan deveria haver-se sentido insultado ante a insinuao lanada por ela que aponta
a que a ltima vez que se viram ele estava sujo, desalinhado e cheirava como um demnio, sentiu-
surpreendentemente divertido pelo comentrio.
- Honra-me que voc lembre de mim, minha senhora. Nosso encontro foi... breve.
Ela resmungou algo que soou sospechosamente a "no o suficientemente breve" e logo disse:
- Esperava que seriam seu irmo ou seu pai quem nos recebesse.
- Nenhum dos dois est em casa neste momento, embora retornaro para jantar esta noit
Enquanto isso, Langston e a senhora Henshaw o tm tudo preparado para sua visita.
- Excelente. Nem tem que dizer que estamos ansiosas de poder nos instalar e nos refrescar u
pouco depois da viagem.
- Naturalmente. - Embora, a julgar pelo aspecto de absoluto frescor que percebeu nela, Nathan n
foi capaz sequer de imaginar que necessidade tinha Vitria de refrescar-se. Estendeu o brao para a cas
- Me Sigam, o peo.
Vitria se sujeitou com a mo a saia do vestido, ps-se a andar depois do doutor Oliver e deix
escapar um suspiro de alvio ao no ter que seguir obrigada a olhar esses intrigantes olhos salpicados
pequenas bolinhas douradas que viam muito, que sabiam muito; a no ter que ver essa deliciosa boca q
com tanto detalhe a tinha iniciado nas maravilhas da arte de beijar. Diabo, estava extremamen
acalorada e sem dvida lhe faltava o flego, e, por muito que se empenhasse em querer culpar disso
fadiga provocada pela viagem, o mais extenuante que tinha feito tinha sido permanecer sentada e su
conscincia no lhe permitia dar vida a uma mentira to flagrante.
No. O doutor Oliver era sem dvida a fonte de seu desconforto, e bem era certo que n
conseguia recordar ter vivido uma situao mais vexatria que essa. Que demnios lhe ocorria? Es
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7/31/2019 (Regncia Histrica 03) - Quase um Cavalheiro - Jacquie D'Alessandro (rev. PRT)
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandrohomem tinha um aspecto espantoso. Sujo. Desalinhado.
Era a completa anttese da imagem do cavalheiro. E cheirava como se tivesse passado o d
limpando os estbulos e submetido a um rduo trabalho. Sem a camisa...
O olhar de Vitria se pousou nas costas larga do doutor e imediatamente notou como uma queb
de onda de calor lhe subia do peito. Sabia por fim o que ocultava sua camisa suja e enrugada, ou a
menos o que tinha podido ver da distncia.
Oxal essa distncia no tivesse sido to enorme...
Ps fim a to perturbadora reflexo antes de que pudesse jogar raiz e lhe encher a cabea d
imagens que no desejava... imaginar. Ao parecer, desde que tinha lido o Guia feminino (coisa que tin
feito em meia dzia de ocasies) suas reflexes tinham ido decantando-se cada vez mais para cois
dessa ndole. Embora, naturalmente, essa era a misso do livro: animar s mulheres a trocar o modo e
que viam a si mesmas e tambm aos homens. Animar mulher moderna atual a tomar as rdeas de s
destino e no permitir que este ficasse determinado exclusivamente em funo de seu sexo. Vitria tin
tomado os ensinos do livro muito a peito. E at a data estava merecidamente orgulhosa de sua atua
Tinha conseguido impedir que seus lbios enlouquecessem atacando a outros de forma indiscriminad
embora isso tinha requerido esforo, pois tinha certa tendncia a balbuciar quando ficava nervosa,
maldio, esse homem a punha realmente nervosa.
Elevou o queixo e ergueu os ombros. Era uma mulher moderna. E, como tal, uniria sua fortaleza, n
esqueceria em nenhum momento com quem estava lutando, e poria seu plano em ao. No era a mesm
menina inocente que o doutor Oliver tinha conhecido fazia trs anos. Sua voz interior a advertiu de qu
para sua desgraa, ele seguia sendo o mesmo homem devastadoramente atrativo que ela tin
conhecido. Mas Vitria podia resistir com facilidade a seus encantos. Sabia muito bem a classe de rufi
que era. E muito em breve lhe faria saber que no era uma mulher com a que podia jogar a seu desej
Consolou-a o fato de que se apresentava batalha bem armada com seu Guia feminino e com um pla
infalvel.
O atalho de cascalho rangeu sob seus sapatos, arrancando a de suas reflexes. Apart
bruscamente o olhar das costas do doutor Oliver para abranger com ela a majestuosidade do Cresto
Manor, e no pde negar o surpreso prazer que experimentou ante a magnificncia da casa. Du
impressionantes escadas de pedra subiam em graciosa curva, perfilando-se como dois braos em atitu
de bem-vinda, dispostos a abraar a todo aquele que se aproximasse da imponente porta de carvalho.
As janelas resplandeciam, refletindo a dourada luz do sol, e as vetustas e muito altos colunas
tijolo concediam estrutura uma atmosfera do encanto do velho mundo que deslumbrou o sentido d
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandroproporo de Vitria.
Pousou a mo sobre o negro e brilhante corrimo de ferro forjado e seguiu escada acima depo
dos passos do doutor Oliver. Elevou o olhar e se encontrou lhe olhando as costas. Terei que estar cega
ela tinha uma vista excepcionalmente aguda) para no precaver do modo em que as calas se adaptava
a suas musculosas pernas. Em como esses msculos se flexionavam com cada degrau. Na firmeza de se
quadris. Na largura das costas. A fascinante forma de seu traseiro.
Que terrivelmente te exasperem resultava que Nathan tivesse um aspecto to maravilhoso p
detrs como por diante. Quo incrivelmente irritante que, apesar do sujo que estava, do suor e de cheir
como se tivesse estado pulando o dia inteiro em um celeiro sujo, Vitria tivesse que agarrar-se com for
ao corrimo para dominar o entristecedor desejo de estirar a mo e lhe tocar.
E quo absolutamente perturbador e lhe frustrem que o corao lhe tivesse dado um tombo n
peito assim que tinha visto ao Nathan. Exatamente como lhe tinha ocorrido trs anos atrs, a primeira v
que seus olhos tinham reparado nele. Diabo.
Que demnios lhe ocorria? Sem dvida a comprida viaje lhe tinha diminudo o julgamento, po
simplesmente o descuidado aspecto do doutor Oliver era j prova autentica de que seguia sendo t
pouco cavalheiro como o dia em que se viram pela primeira vez. Bem, assim que se tivesse dado u
banho, trocou-se de roupa e tivesse desfrutado de uma comida quente e de uma boa noite de descans
em uma cama decente voltaria a recuperar o julgamento.
Mesmo assim, era inegvel que o doutor Oliver seguia sendo demonacamente atrativ
Possivelmente ainda mais. Por fortuna, Vitria sabia a classe de grosseiro que era e isso lhe impediria
perder a cabea. Entretanto, durante os segundos breves em que ambos se estudaram, tinha notado q
havia nele algo distinto... algo em seus olhos no que no tinha reparado at ento. Sombras... de do
possivelmente. Ou de segredos. De haver-se tratado de outra pessoa, Vitria se teria compadecido dele.
Bem era certo que uma fissura de compaixo a ponto tinha estado de penetrar em seu cora
antes que a esmagasse como a uma barata. Se o doutor tinha feridas, sem dvida as merecia. E, quan
aos segredos... bem, no tinha que o que preocupar-se.
Tambm ela tinha os seus.
Levantou o olhar e de novo se deleitou a panormica que lhe oferecia as costas do doutor Olive
Esquerda, direita, esquerda, direita, flexo, flexo... Cus, quantos degraus havia? Conseguiu apartar
olhar daquele traseiro exageradamente fascinante e se deu conta, aliviada, que s ficavam cinco degrau
Quando chegou ao alto da escada, o doutor Oliver se voltou e se deteve para esperar tia Delia, qu
executava sua ascenso a passo mais lento. Vitria tambm se deteve. notou-se desconcertada ao ver-
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Quase um Cavalheiro Srie RegnciaHistrica - 03 Jacquie DAlessandrode p a menos de um metro dele. E o fato de perceber-se desconcertada no fez a no ser aumentar su
irritao. Como podia ser que, a pesar do aspecto desalinhado do Nathan, no pudesse apartar os olh
dele? Sem dvida, de ter sido ela a que tivesse estado suja e com a roupa enrugada, e de ter cheirad
como se acabasse de derrubar-se em um celeiro, ningum se teria atrevido jamais a qualificar a d
atrativa.
- Est voc bem, lady Vitria? - perguntou o doutor. - A noto sufocada.
Vitria lhe deu de