RELAÇÃO ENTRE RISCO, TRABALHO E MEIO AMBIENTE...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CINCIAS DA SADE
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM
RELAO ENTRE RISCO, TRABALHO E MEIO
AMBIENTE PARA OS PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM
DISSERTAO DE MESTRADO
Paola da Silva Diaz
Santa Maria, RS, Brasil
2013
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RELAO ENTRE RISCO, TRABALHO E MEIO AMBIENTE PARA OS PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM
Paola da Silva Diaz
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em
Enfermagem na rea de concentrao Cuidado, Educao e Trabalho em
Enfermagem e sade da Universidade Federal de Santa Maria como
requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Enfermagem
Orientadora: Profa Dra Silviamar Camponogara
Santa Maria, RS, Brasil
2013
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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Cincias da Sade
Programa de Ps-graduao em Enfermagem
A Comisso Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertao de Mestrado
RELAO ENTRE RISCO, TRABALHO E MEIO AMBIENTE
PARA OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Elaborado por
Paola da Silva Diaz
como requisito parcial para a obteno do ttulo de
Mestre em Enfermagem
COMISSO EXAMINADORA:
Profa Enfa Dra Silviamar Camponogara (UFSM)
(Presidente/Orientadora)
Profa Enfa Dra Dirce Stein Backes (UNIFRA)
(1 Examinadora)
Profa Enfa Dra Carmem Lcia Colom Beck (UFSM)
(2 Examinadora)
Profa Enfa Dra Tnia Solange Bosi de Souza Magnago (UFSM)
(1 Suplente)
Santa Maria, abril de 2013.
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DEDICATRIA
Dedico esta dissertao a minha me Marlei Cristina da Silva, a qual de um jeito nico
e de maneira preciosa esteve comigo em todos os momentos de minha vida, enchendo
meu caminho de amor e ternura, a ti dedico toda a minha gratido, por me ensinar o
verdadeiro sentido da vida, da amizade e do amor. Nosso encontro sempre esteve
marcado!
Da mesma forma no posso deixar de dedicar este trabalho, minha av Glaci Corra
da Silva, sempre a tive como exemplo de vida e de grande profissional, por realizar seu
trabalho com tanta dedicao, perseverana e amor. Seus traos esto entrelaados em
mim, pois s minha fonte de inspirao!
Tenho a certeza que sou abenoada por vocs existirem em minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Ao final de uma etapa to especial da minha vida, me pego pensando em todos aqueles que
tornaram esse sonho realidade, bem como tornaram essa conquista cheia de significados que
guardarei com todo carinho em meu corao. Por isso agradeo...
Deus, por estar comigo em todos os momentos, iluminando meu caminho, me dando fora e
perseverana nos momentos mais difceis,
minha orientadora e amiga querida, Silviamar Camponogara, por passar a fazer parte da
minha vida de uma forma decisiva e nica. No tenho palavras para agradecer seu
profissionalismo, sua compreenso e acima de tudo a sua amizade, voc foi um presente que
ganhei ao escolher a Enfermagem como profisso, com voc tenho f em uma educao e
assistncia digna e humana, obrigada por tudo,
minha me Marlei, por sempre acreditar em mim, me encorajar e me compreender nos
momentos de ansiedade e preocupaes, sempre me apoiando incondicionalmente em tudo que
sonhei, muitas vezes abrindo mo de seus sonhos em benefcio dos meus. Obrigada minha
amada me,
s minhas avs Glaci e Norma, por sempre terem um lugar aconchegante, terno e quentinho
para me acolher, por me incentivarem, apoiarem, e mostrarem o caminho certo,
compartilhando tantos aprendizados e f,
Ao meu pai Adalberto por estar de alguma forma sempre presente na minha vida e dos meus
irmos, s muito importante para todos ns,
Aos meus irmos, Camile, Isabelle, Henrique e Nicolas por compartilharem comigo tanto
amor, compreenderem meus momentos de ausncia, vocs so a luz da minha vida, por vocs
eu movo montanhas,
Ao meu namorado, amigo e companheiro de todas as horas Jaderson Prochinski, s tenho a
agradecer por poder contar contigo, obrigado por ouvir minhas angstias, meus medos, e me
proporcionar segurana e confiana para seguir em frente, sou to grata pelo amor sincero que
compartilhamos, e por todos os momentos que vivemos. Obrigada por entender meus momentos
de ansiedade, de inquietaes e de ausncia, estar sempre no meu corao,
querida famlia de meu namorado, Sandra, Otomar e Jailson, por me acolherem to bem,
me apoiarem e me cuidarem, os tenho com todo meu carinho,
minha madrinha Glani Corra de Medeiros, pelo exemplo, pela preocupao comigo,
ateno e dedicao,
minha tia Daniela Ribeiro, por me apoiar, me incentivar e compartilhar o amor pela
profisso,
Aos meus primos-irmos, Rachel, Nathan, Ricardo, e s minhas queridas amigas Tais,
Karine, Nani, Mila e Andrea, pelos momentos de descontrao e de amizade. Vocs so muito
especiais em minha vida,
minha professora e amiga Carmem Lcia Colom Beck, por ter me acolhido no Grupo de
Pesquisa Trabalho, Sade, Educao e Enfermagem, ter me apresentado pesquisa, ter me
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oportunizado tantos aprendizados, por me apoiar e por dividir tantos momentos decisivos
comigo, obrigada por fazer parte de minha histria, voc fez toda diferena em minha
trajetria,
professora Tnia Magnago, por ser essa pessoa to especial que contagia a todos com sua
dedicao, perspiccia e ateno. Obrigada pelo seu cuidado comigo, guardo cada conselho
seu com muito carinho. Voc teve um papel fundamental e especial em minha caminhada,
professora Irm Dirce, pela ateno e acolhimento carinhoso, desde o primeiro momento
que a contatei para participar de minha banca de defesa, obrigada pela sua dedicao e
exemplo de pessoa e profissional to significativos para todos que tem o privilgio de passar
por sua vida,
Ao curso Tcnico de Enfermagem do Centro Universitrio Franciscano, o qual tive a
oportunidade de trabalhar junto aos professores e alunos da turma 27, os quais tambm me
impulsionaram e me motivaram a seguir buscando uma carreira acadmica, um obrigada
especial aos meus primeiros alunos, hoje j formados e muitos j atuando na enfermagem, os
guardarei com muito carinho em meu corao,
Aos meus colegas de mestrado e do grupo de pesquisa e Estudos Trabalho, Sade, Educao
e Enfermagem, especialmente os que fazem parte do eixo temtico Sade, Enfermagem e
Meio Ambiente da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pelo convvio, parceria,
amizades e crescimento mtuo,
Universidade Federal de Santa Maria, pelo ensino de qualidade desde minha graduao
ps-graduao,
Aos acadmicos do curso de Enfermagem da (UFSM), que fizeram parte de minha caminhada,
por meio da docncia orientada, atividades e orientaes de iniciao cientfica, vocs tiveram
papel fundamental em meu crescimento profissional e pessoal,
Ao Programa de Ps-Graduao em Enfermagem (PPGENF) da UFSM, especialmente
professora Stela, professora Marlene e Girlei, por tornarem esse sonho possvel e por me
apoiar e auxiliar em todos os momentos que precisei,
Aos professores do PPGENF, pela imensa contribuio em minha qualificao profissional,
Aos sujeitos deste estudo, trabalhadores da enfermagem do HUSM, sem os quais, no seria
possvel a concluso desta dissertao,
Cordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior do Ministrio da Educao
(CAPES) pela concesso da bolsa de mestrado, que a partir disso me oportunizou dedicao
exclusiva ao curso.
Sou eternamente grata a todos os que, embora no mencionados, esto guardados em meu
corao, pois de alguma forma passaram pela minha vida e contriburam para a construo de
quem sou hoje.
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Por vezes sentimos que aquilo que fazemos no seno uma gota de gua
no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.
(Madre Teresa de Calcut)
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RESUMO
Dissertao de Mestrado
Programa de Ps-Graduao em Enfermagem
Universidade Federal de Santa Maria
RELAO ENTRE RISCO, TRABALHO E MEIO AMBIENTE
PARA OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Autora: Paola da Silva Diaz
Orientadora: Silviamar Camponogara
Local e Data da Defesa: Santa Maria, 25 de abril de 2013.
Ao pensar-se no contexto hospitalar em que trabalhadores de enfermagem esto
inseridos, especialmente quando consideramos que, esto em contato com algumas
situaes de risco presentes neste cenrio, bem como com os produtos resultantes das
aes necessrias para realizao da assistncia de enfermagem, muitas questes podem
ser exploradas. Uma delas est relacionada busca pela compreenso que os
trabalhadores de enfermagem inseridos nesse contexto, possuem sobre risco e que
correlaes isso pode ter com a sade e com o meio ambiente. Nesse sentido, os
objetivos deste estudo foram: conhecer o que os trabalhadores de enfermagem atuantes
no contexto hospitalar entendem por risco; evidenciar a percepo de trabalhadores de
enfermagem sobre a exposio a riscos no contexto do trabalho hospitalar; e conhecer
as percepes dos trabalhadores de enfermagem sobre a interface risco e meio ambiente.
A investigao realizada classifica-se como descritivo-exploratria, de abordagem
qualitativa, tendo sido realizada com trabalhadores de enfermagem de um hospital
universitrio do Sul do Pas. A coleta de dados ocorreu por meio de 13 entrevistas
semiestruturadas, com questes norteadoras a respeito da temtica investigada, e de
observao no participante junto a equipes de enfermagem. Os dados foram coletados
durante os meses de maio a setembro de 2012 e analisados com base no referencial
proposto para anlise de contedo. Para atender os preceitos ticos foi cumprida
integralmente a resoluo 196/96. Os resultados esto apresentados em trs artigos. O
primeiro artigo est organizado em duas categorias: risco: um conceito vago e
impreciso; e uma definio restrita sobre risco. O segundo artigo composto pelas
categorias: riscos relacionados profisso, a relevncia dos riscos qumicos e
biolgicos, risco psicolgico risco ergonmico e limitaes do uso adequado dos
Equipamentos de Proteo Individual. Por fim, o terceiro artigo composto pelas
categorias: risco e meio ambiente: outra histria; Risco e meio ambiente: a questo dos
resduos; e a responsabilidade da enfermagem frente a interface risco e meio ambiente.
Diante dos achados, refora-se a ideia de que em se tratando de Riscos, ainda h muito
que se avanar em termos de propagao de conhecimento e de apropriao sobre a
temtica. O que denota algo que deve ser cuidadosamente atentado pelos trabalhadores
de enfermagem, uma vez que eles tm participao e papel fundamental em diversas
questes que englobam riscos, tanto para a sade do trabalhador, como para os
pacientes por eles assistidos e para o meio ambiente.
Palavras- chave: Risco; Sade do trabalhador; Meio Ambiente; Enfermagem.
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ABSTRACT
Masters Dissertation
Nursing Pos-Graduation Program
Federal University of Santa Maria
RELATION BETWEEN RISK AND WORK ENVIRONMENT FOR
PROFESSIONAL NURSING
Author: Paola da Silva Diaz
Orientator: Silviamar Camponogara
Place and Date of the defense: Santa Maria, april, 25th
of 2013.
When we think of the hospital context in which nursing staff are inserted, especially
when considering that they are in contact with some risk situations present in this
scenario as well as the "products" resulting from actions necessary to perform nursing
care, many questions can be explored. One is related to the quest for understanding that
nursing workers, inserted in this context, have about risk and correlations that this may
have on health and the environment. In this sense the goals of this study were: to know
what the nursing staff working in the hospital context mean by risk; highlight the
perception of nursing workers about exposure to risks in the context of hospital work,
and understand the perceptions of nursing staff on the interface environment and risk.
The investigation is classified as descriptive and exploratory, qualitative approach and
was conducted with nursing staff of a university hospital in southern Brazil Data
collection occurred through 13 semi-structured interviews with leading questions about
the topic investigated, and non-participant observation. Data were collected during the
months from May to September 2012 and analyzed based on the proposed benchmark
for content analysis. To meet the ethical was fulfilled in full resolution 196/96. The
results are presented in three articles. The first article is organized into two categories:
risk: a concept vague and imprecise, and a narrow definition of risk. The second article
is composed by categories: risks related to the profession, the relevance of chemical and
biological hazards, ergonomic risk and psychological risk limitations proper use of
Personal Protective Equipment. Finally, the third article consists of the categories: risk
and environment: another story; Risk and environment: the issue of waste, and the
responsibility of nursing risk facing interface and environment. Given the findings, it
reinforces the idea that in the case of risks, there is still much to advance in terms of
spreading knowledge and ownership on the subject. What denotes something that
should be carefully attempt by nursing staff, since they have a stake and role in various
issues that involve risks, both for the health of workers, and for patients assisted by
them and for the environment.
Keywords: Risk; Occupational Health; Environment; Nursing.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Descrio do cenrio do estudo.............................................................
33
Quadro 2 Lista de artigos cientficos originados a partir dos resultados do
estudo......................................................................................................
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LISTA DE ANEXOS
Anexo A Autorizao do Comit de tica e Pesquisa 140
Anexo B Autorizao da Direo de Ensino e Pesquisa do HUSM 143
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LISTA DE APNDICES
APNDICE A Artigo cientfico encaminhado a revista Index de Enfermera... 123
APNDICE B Roteiro da observao no participante..................................... 135
APNDICE C Roteiro da Entrevista Semi-estruturada...................................... 136
APNDICE D Termo de Confidencialidade dos dados..................................... 137
APNDICE E Termo de Consentimento livre e esclarecido............................. 138
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SUMRIO
1 INTRODUO................................................................................................ 15 1.2 A aproximao com a temtica........................................................................... 18
Objetivos do estudo ............................................................................................. 19
2 FUNDAMENTAO TERICA............................................................. 20 2.1 Conceitos e correlatos de risco............................................................................ 20
2.2 Trabalho de enfermagem..................................................................................... 23
2.3 Trabalho, Risco e Meio ambiente........................................................................ 25
2.4 Delineando as produes na rea da Enfermagem sobre os temas: Sade do
trabalhador, Meio Ambiente e suas relaes com a concepo de
Risco.......................................................................................................................
27
3 UM DESENHO DO MTODO DE PESQUISA.................................. 32 3.1 Tipo de Pesquisa.................................................................................................. 32
3.2 Cenrio da Pesquisa......................................................................................... 32
3.3 Sujeitos da Pesquisa.............................................................................................. 34
3.4 Coleta de Dados.................................................................................................... 35
3.5 Anlise dos Dados................................................................................................. 37
3.6 Consideraes ticas............................................................................................ 38
4 RESULTADOS................................................................................................. 40 4.1 ARTIGO 1 - Concepo de risco para trabalhadores de enfermagem
hospitalar...............................................................................................................
41
4.2 ARTIGO 2 - A exposio aos riscos na viso de trabalhadores de
enfermagem hospitalares.....................................................................................
61
4.3 ARTIGO 3 - A inter-relao risco e meio ambiente na viso de
trabalhadores de enfermagem.............................................................................
88
5 DISCUSSO..................................................................................................... 111
CONSIDERAES FINAIS....................................................................... 115
REFERENCIAS............................................................................................... 117
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1 INTRODUO
Com o avano da humanidade, especialmente num contexto de globalizao, a
consolidao da denominada sociedade moderna e industrial indiscutvel, e,
juntamente com ela, uma srie de novas questes inerentes a vida social mostram-se
incertas. Pode-se dizer, de acordo com Giddens (1997), que o mundo social tornou-se,
em grande parte, organizado de modo consciente, e a natureza moldou-se conforme uma
imagem humana, mas estas circunstncias, pelo menos em alguns setores, criaram
incertezas maiores, a despeito de seus impactos, jamais vistos antes.
Dessa forma, riscos complexos e incertos apresentam, s sociedades modernas, o
desafio de tomarem decises em contextos nos quais a falta de conhecimento sobre os
possveis efeitos dos riscos e o que fazer em relao a eles assume um papel central
(PORTO, 2005). Diante desse panorama, muitas questes que tm reflexos na vida de
todos os seres humanos, relacionados a aspectos sociais, econmicos, religiosos,
polticos, ambientais, dentre outros, comeam a se delinear em algumas discusses,
tanto entre estudiosos, como entre a populao em geral.
Nesse sentido, vrios temas so trazidos para o debate, dentre os quais, os que
dizem respeito aos riscos originados pelas novas demandas das sociedades modernas.
Essa questo to marcante, que tem sido alvo de debate entre socilogos
contemporneos, os quais apontam que vivemos, contemporaneamente, numa
Sociedade de Riscos, que, por sua vez, no podem ser medidos e controlados, atingindo
a todos os indivduos, indistintamente (BECK, 1992; GIDDENS, 1991).
Nessa perspectiva, a abordagem sobre a Sociedade de Risco, que de acordo com
Beck, Giddens e Lash (1997), compreende um conceito utilizado para designar uma fase
no desenvolvimento da sociedade moderna, em que os riscos sociais, polticos,
econmicos e individuais tendem, cada vez mais, a escapar das instituies para o
controle e a proteo da sociedade, se faz veemente necessria. Esse debate, tem o
intuito de buscar-se uma compreenso sobre a representatividade das aes executadas
pelo homem, tanto para si, como para o meio com o qual se inter- relaciona.
Depreende-se que, nesse contexto de Sociedade de Risco, o desenvolvimento de
quaisquer aes, pode implicar em riscos para si ou para outrem, em quaisquer
contextos em que o indivduo materialize suas prticas. Deste modo, entendendo que o
risco existe para a pessoa exposta a ele, mas tambm ao meio ambiente como um todo,
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reflexes sobre novas concepes de risco se fazem necessrias. Contudo, destaca-se
esta tarefa como sendo um desafio, tendo em vista, de acordo com Castiel (2010), que
no costuma ser simples estar atento, de modo sustentado, a todos os riscos que nos
ameaam ao vivermos nossas vidas, sendo possvel afirmar que viver implica correr
riscos.
Os riscos da exposio a substncias nocivas sade se encontram presentes nos
espaos de vida e trabalho. As discusses sobre o assunto j emergem no cenrio
pblico, especialmente quando se refere poluio do meio ambiente, como por
exemplo, as relacionadas a contaminao do ar e da gua. (CASTIEL, 2010).
Nesse contexto, ao voltarmos o olhar para os espaos designados ao trabalho em
instituies de sade, devemos atentar que muitas podem ser as situaes de exposio
a riscos, que envolvem os trabalhadores desta rea. Algumas normas e
regulamentaes, estabelecidas pelo poder pblico, estabelecem limites de tolerncia
dos organismos contra riscos da exposio a substncias nocivas no meio ambiente. No
entanto, os limites de tolerncia no fazem ainda parte, veementemente, da cultura e das
normas de proteo da sade do trabalhador. (BITTAR, ITANI E UMBUZEIRO, 2009).
Dentre a gama de situaes de trabalho que confrontam o trabalhador com
situaes de risco, as que se referem ao trabalho da enfermagem merecem especial
ateno. Estes profissionais so expostos a uma srie de riscos a sade, pois a presena
de riscos ocupacionais, nos ambientes de trabalho desta categoria, inevitvel uma vez
que o contato com fatores qumicos, biolgicos, fsicos, mecnicos, ergonmicos e
psicossociais se faz presente em seu trabalho. (MARZIALE E RODRIGUES, 2002).
Dessa forma, a ampliao do debate sobre aspectos que inter-relacionam o trabalho
da enfermagem e o conceito de risco imprescindvel. Contudo, para alm de uma viso
meramente pontual sobre situaes/fatores de exposio, considerados, muitas vezes,
isoladamente, destaca-se a importncia de uma forma ampliada de debate sobre a
questo do risco, tendo em vista o pressuposto que a anlise isolada de um determinado
risco pode determinar um enfoque fragmentado do estudo, descontextualizando-o de
toda a complexidade que o envolve. (CAMPONOGARA, 2008).
Assim, a concepo de risco abrange uma srie de fatores a serem considerados.
Para Castiel (2003) a abordagem sobre risco deve ir alm do aspecto epidemiolgico,
envolvendo assim questes econmicas, ambientais, scio-culturais em geral, tendo em
vista que influenciam a formao de matrizes identitrias e de subjetividades. Desse
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modo, acredita-se que, em se tratando de risco e concepo de risco, ainda h muito que
se caminhar.
Existem diferentes maneiras de se entender o que de fato o risco ou um risco,
porm, no mundo globalizado em que vivemos, faz-se relevante olhar essa questo sob
distintos aspectos. Um deles tem relao com a questo ambiental, que est cada vez
mais em voga, tangenciando diferentes contextos de sade, e, por conta disso, exigindo
dos sujeitos, um posicionamento diferenciado sobre a questo dos riscos
(CAMPONOGARA, 2008).
Assim, ao falarmos em risco imprescindvel compreender que, novos riscos se
conformam com a sociedade moderna, tornando-se imperioso, recorrer-se a
fundamentao terica da sociologia, para compreender esse contexto. A esse respeito
Guiddens (1991) diz que a modernidade um fenmeno de dois gumes, que por um
lado cria oportunidades bem maiores para os seres humanos gozarem de uma existncia
segura e gratificante que qualquer tipo de sistema pr-moderno e, por outro, configura
um lado sombrio, que se tornou muito aparente no sculo atual, tendo como destaque a
degradao do meio ambiente.
Ademais, neste contexto, torna-se premente a necessidade de acrescentar mais
consistncia nas discusses sobre conceitos de risco, tendo em vista a complexidade do
assunto. Gamba e Santos (2006) ao enfatizarem a importncia da enfermagem frente a
abordagem sobre risco, afirmam que a contribuio das pesquisas em enfermagem que
formulem hipteses utilizando o conceito de risco e correlatos, constituem eixo
norteador para a busca de paradigmas que evidenciem valores, costumes, determinantes
concretos para colaborar com a melhoria da assistncia de enfermagem, o bem-estar e a
qualidade de vida de indivduos e coletividade.
Neste sentido, ao pensarmos no contexto hospitalar em que trabalhadores de
enfermagem esto inseridos, inclusive quando consideramos o contato com algumas
situaes de risco presentes neste cenrio, bem como os produtos resultantes das
aes necessrias para realizao da assistncia de enfermagem, muitas questes podem
ser exploradas. Uma delas est relacionada busca pela compreenso que os
trabalhadores de enfermagem, inseridos nesse contexto, possuem sobre risco e que
correlaes isso pode ter com a sade e com o meio ambiente.
Diante do exposto, a dissertao de mestrado ora apresentada, pretendeu
explorar a questo da concepo do risco na viso de trabalhadores de enfermagem,
numa perspectiva ampliada e contextualizada, no delimitando assim nenhum tipo de
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risco especfico, mas sim explorando que concepo de risco cada trabalhador carrega
em seu trabalho e em sua vida. Dessa forma, pretendeu-se evidenciar que concepo de
risco possuem os trabalhadores de enfermagem hospitalar.
Alm disso, tendo-se em mente que a questo do risco no tem relao nica e
exclusiva com o prprio sujeito exposto a determinado agente, mas sim com o ambiente
em geral, tornou-se pertinente perscrutar como esses trabalhadores percebem a inter-
relao entre os riscos advindos do seu processo de trabalho e o meio ambiente.
1.2 A aproximao com a temtica
Particularmente, a temtica relacionada a concepo de risco, a partir do olhar dos
trabalhadores de enfermagem, se mostrou de grande relevncia para mim, como objeto
de pesquisa, pelo fato de minha insero desde a graduao no Grupo de Pesquisas e
Estudos Trabalho, Sade, Educao e Enfermagem, no eixo temtico Sade,
Enfermagem e Meio Ambiente da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o
qual, por meio de um sub-grupo, discute acerca da interface sade e meio ambiente,
bem como sobre questes relacionadas aos riscos ambientais.
Dentre as questes levantadas pelo grupo citado surgem vrias inquietaes diante
de pesquisas, leituras, reflexes e discusses sobre a relao sade e meio ambiente.
Alm disso, com o intuito de conhecer o que tem sido produzido sobre a temtica
que aborda sade, meio ambiente e risco foi realizada uma busca de produes
cientficas disponveis online1 nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Cincias da Sade (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO)
e Bases de Dados em Enfermagem (BDENF), por meio da Biblioteca Virtual de Sade e
posteriormente no portal da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel
Superior (CAPES).
Os dados emergidos da anlise qualitativa da busca realizada na Biblioteca Virtual
de sade resultaram em trs eixos temticos que foram discutidos1: Dentre os temas
esto os que se referem ao trabalhador hospitalar reflexivamente afetado pela
problemtica ambiental; a necessidade da educao permanente referente temtica
ambiental; e ao Gerenciamento de resduos hospitalares. A abordagem acerca do risco
1 Um maior detalhamento das referidas buscas compem o artigo cientifico intitulado
Concepcin de riesgo a la salud: subsidios para el debate de trabajadores de enfermeira, o qual foi encaminhado para a revista Index de Enfermera(APNDICE A).
http://www.capes.gov.br/http://www.capes.gov.br/
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que relacione a sade do trabalhador e o contexto de meio ambiente apontou-se como
uma lacuna dentre as produes.
E em relao busca realizada no portal CAPES os principais assuntos
relacionavam-se biossegurana dos trabalhadores de enfermagem e ao gerenciamento
de Resduos hospitalares. Ademais, corroborando com a busca anterior, evidenciou-se
que as produes que abordam o meio ambiente ainda so escassas, e tratam o tema de
maneira muitas vezes secundria, sem dar grande nfase. Da mesma forma, a
articulao entre a questo do Risco, sade do trabalhador e meio ambiente apontou-se
como uma lacuna na busca ora realizada.
Dessa forma, evidenciou-se uma fragilidade na produo de conhecimento acerca
de uma percepo mais densa sobre risco para trabalhadores de enfermagem hospitalar,
bem como, se incluiu a necessidade averiguar se h uma concepo que envolva uma
preocupao com o risco ambiental, advindo das aes realizadas por estes sujeitos.
Nessa direo, diante de uma srie de peculiaridades inerentes ao trabalho da
enfermagem, buscar compreender como estes trabalhadores percebem e se
correlacionam com os riscos presentes em seu dia-a-dia torna-se de suma importncia,
para buscar compreender situaes que envolvem a sade desses trabalhadores, dos
sujeitos que com eles se inter-relacionam e algumas repercusses para o meio ambiente
como um todo.
Ademais, considera-se a importncia de uma viso ampliada sobre a concepo de
risco, que beneficie a sade do trabalhador e tambm resulte em um cuidado ambiental
por parte dos trabalhadores de enfermagem. Partindo dessas inquietaes, elegeu-se
como objeto do estudo a inter-relao entre risco, trabalho de enfermagem e meio
ambiente. E como questo norteadora: qual a relao entre risco, trabalho e meio
ambiente para os profissionais de Enfermagem? De modo a responder esta questo,
foram formulados os seguintes objetivos do estudo:
Objetivo geral do estudo:
- Conhecer as percepes dos trabalhadores de enfermagem sobre a interface risco e
meio ambiente.
E como objetivos especficos:
- Conhecer o que os trabalhadores de enfermagem atuantes no contexto hospitalar
entendem por risco.
- Evidenciar a percepo de trabalhadores de enfermagem sobre a exposio a riscos no
contexto do trabalho hospitalar.
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2 FUNDAMENTAO TERICA
A complexidade do tema requer que seja explorado a partir de um referencial
que possa dar suporte as discusses e correlaes ligadas ao conceito de risco. Assim,
didaticamente, este captulo pretende apresentar uma oportunidade de compreenso
inicial sobre a contextualizao da temtica que se refere concepo de Risco,
buscando trazer a luz suas possveis interligaes, diretas e/ou indiretas, com a sade
dos trabalhadores de enfermagem e tambm com o meio ambiente.
2.1 Conceitos e correlatos de risco
Dentre as discusses referentes concepo de Risco, novas perspectivas sobre
o que configura um risco englobam questes referentes sociedade moderna. Mas,
afinal, o que seria o risco em seu conceito em si, considerando-se que ele vem sendo
utilizado em diversos campos de saberes, e, destacadamente, no campo de saberes que
abrange a cincias da sade?
De acordo com Giampietro (2002), o conceito de risco aplica-se a situaes nas
quais possvel estabelecer uma distribuio de probabilidades, para um dado conjunto
de possveis consequncias, e h modelos vlidos para prever e representar o que ir
ocorrer, em um ponto particular no tempo e no espao.
Gamba e Santos (2006) discutem que, a compreenso da concepo de risco,
imprescindvel para desvelar a determinao multifatorial do processo sade doena e
cuidado. Os autores discorrem que Risco em sade concebido como um perigo
potencial de ocorrer uma reao tida como adversa sade das pessoas expostas a ele
ou, ento, a possibilidade de dano em diversas dimenses como, fsica, psquica, moral,
intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano.
Em relao aos riscos sade importante destacar a interface sade e meio
ambiente, uma vez que, de acordo com Lieber e Lieber (2003) sade e ambiente esto
inevitavelmente associadas s relaes de risco. Isto se deve ao fato de que o risco,
enquanto ideia subjacente de mensurao de algo no totalmente estabelecido, vem se
mostrando a forma mais adequada para se apresentar conhecimento cientfico relativo a
um objeto por demais complexo, como o ambiente.
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Em sua obra Correndo o Risco: Uma introduo aos riscos em sade, Castiel
(2010) traz uma contribuio de grande importncia sobre a temtica e ressalta que
preciso considerar que risco uma palavra com diferentes sentidos, que nem sempre
convivem em harmonia. (CASTIEL, 2010, p. 15) Para o autor, a discusso sobre risco
pode variar de acordo com o sentido que se atribui a ele. preciso ento ir mais a fundo
em sua essncia, no cerne do que conforma, de fato, um risco sade.
Para tanto, algumas inquietaes discutidas pela sociologia tendem a ser de
grande valia para compreenso e construo de uma nova concepo de risco, que
venha a valorizar tambm a sua interface com o meio ambiente. Nesse sentido, o
socilogo Guiddens (1991) em sua obra As consequncias da modernidade discute
acerca das implicaes que a modernidade traz para a sociedade, medida que a
industrializao cada vez mais representativa e, de certa forma, influenciadora. O
autor cita alguns fundadores clssicos da sociologia que pontuavam as possibilidades
benficas da modernidade e suas caractersticas negativas, destacando que, para estes
socilogos, tais possibilidades benficas superavam as caractersticas negativas.
Contudo, de acordo com Guiddens (1991) o trabalho industrial moderno tinha
implicaes degradantes, impondo, a muitos seres humanos, um labor maante,
repetitivo. Ainda assim, no se chegou a prever que o desenvolvimento das foras de
produo teria potencial destrutivo de larga escala em relao ao meio ambiente
(GUIDDENS, 1991, p. 17). Dessa forma, seria este potencial destrutivo um
desencadeante de novos riscos sade, originados substancialmente de um meio
ambiente ecologicamente afetado por essa moderna sociedade.
Para Giddens (2002) a modernidade uma cultura de risco. Neste sentido, o
autor afirma que a aferio do risco requer preciso e quantificao, mas por sua prpria
natureza imperfeita. Dado o carter mvel das instituies modernas, associado
natureza mutvel e, muitas vezes, controversas dos sistemas abstratos, a maioria das
formas de avaliao de risco se torna uma difcil tarefa.
Nesse contexto de modernidade, o termo sociedade de risco enfatizado por
Beck (1997) representando uma segunda Modernidade ou Modernidade reflexiva, que
emerge de processos como a globalizao e a individualizao, tornando difusos os
riscos globais, que se caracterizam por ter consequncias, de modo geral, de alta
gravidade, desconhecidas em longo prazo e que no podem ser avaliadas com preciso.
Nessa direo, Lieber e Romano (2002) reforam que o curso da modernizao originou
inmeros perigos e inseguranas, e na tentativa de definir o momento presente surgiu o
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termo sociedade de risco onde ocorrem transformaes tanto estruturais quanto das
relaes sociais.
Giddens (2002) ainda destaca que, em certas reas e modos de vida, h a
reduo do risco em geral em funo da modernidade, contudo, ao mesmo tempo, essa
modernidade introduz novos parmetros de risco, pouco conhecidos ou inteiramente
desconhecidos em pocas anteriores. Tais parmetros incluem riscos de alta
conseqncia, derivados do carter globalizado dos sistemas sociais da modernidade.
Neste sentido, Porto (2005) diz que, ao mesmo tempo em que novos processos de
produo e tecnologias geram riquezas e conforto, novos riscos ocupacionais e
ambientais podem ser incorporados aos territrios e afetar certos grupos populacionais,
em distintas escalas espaciais e temporais.
No que tange a avaliao de riscos, Freitas (2002) enfatiza que constitui uma
forma de aprofundamento da compreenso dos problemas ambientais, que ocasionam
efeitos indesejveis sobre a sade. Pode ter incio quando dados ambientais e dados de
sade indicam haver a presena de agentes perigosos (qumicos, fsicos ou biolgicos)
no ambiente, cujos efeitos sobre a sade devem ser avaliados quantitativa e
qualitativamente.
No grupo de riscos ambientais, incluem-se os agentes fsicos, qumicos e
biolgicos, existentes nos ambientes de trabalho, capazes de causar danos sade do
trabalhador em funo de sua natureza, concentrao ou intensidade e tempo de
exposio. O risco biolgico advm da exposio a vrus, bactrias, protozorios,
fungos, parasitas e bacilos; o risco fsico, de radiaes ionizantes e no-ionizantes,
rudos, vibraes, frio, calor, presses anormais e umidade; o risco qumico, a
substncias, compostos ou produtos qumicos, gases, vapores, neblinas, nvoas,fumos e
poeiras (IWAMOTO et al, 2008).
Neste contexto importante destacar que, o processo produtivo inclui atividades,
tais como: a extrao de matria-prima, sua transformao em produtos, o consumo
desses produtos e a formao de resduos, e que em todas essas etapas pode haver riscos
para a sade, tanto dos trabalhadores como das comunidades, e ainda riscos ao meio
ambiente. (BITTAR, ITANI E UMBUZEIRO (2009).
Assim, Segundo Freitas (2003), os problemas ambientais devem ser
compreendidos tambm como problemas de sade, uma vez que atingem os seres
humanos e as sociedades de maneira mltipla e simultnea. Deste modo, a discusso
sobre risco se faz imprescindvel, porm ainda se encontra encapsulada dentro de outras
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23
abordagens que buscam a preveno de riscos sem se aproximar, suficientemente, da
concepo de risco em si.
Camponogara, Kirchhof e Ramos (2008, p.555) enfatizam que: A concepo de
risco como um fator estruturante da sociedade da alta modernidade,influenciando os
processos sociais em vrias dimenses, no est difundida com a necessria amplitude,
o que traz consequncias tanto no nvel terico como no prtico.
Diante do exposto, refora-se a necessidade de associar os problemas ambientais
aos problemas de sade, a partir de uma discusso mais ampla sobre a concepo de
risco, no intuito de buscar-se um avano na preveno e promoo da sade das
pessoas, inclusive na sade dos trabalhadores e na preservao do meio ambiente.
2.2 Trabalho de enfermagem
Considerando-se os atributos da profisso, Pires (2009, p.740) diz que podemos
afirmar que a Enfermagem uma profisso desenvolvida por um grupo de trabalhadores
qualificados e especializados para a realizao de atividades socialmente necessrias.
Ao foco central do trabalho da enfermagem, pode-se atribuir o cuidado e a arte de
cuidar que permeia o processo de trabalho da enfermagem como um grande diferencial
dessa categoria de trabalhadores.
A esse respeito Pires (2009), discute que, o cuidar em enfermagem, em termos
genricos, tem o sentido de promover a vida, o potencial vital, o bem estar dos seres
humanos na sua individualidade, complexidade e integralidade. Envolve ainda um
encontro interpessoal com objetivo teraputico, englobando aes de conforto, de cura
quando possvel e, tambm, quando inevitvel o preparo para a morte. Contudo, a
prtica concreta da enfermagem nos espaos institucionais, muitas vezes, no
corresponde a essa perspectiva.
Enfatizando o debate sobre a sade do trabalhador de enfermagem e a questo
ambiental, interligados a concepo de risco, destaca-se que, alm da necessidade de
maximizar a qualidade de fatores internos dos servios de sade, pontualmente no
contexto hospitalar, preciso olharmos, concomitantemente, para os fatores externos ao
labor. Isso porque os trabalhadores, enquanto sujeitos, perpassam por ambos os espaos,
interagindo, usufruindo e realizando aes de efeito que relacionam os ambientes
internos e externos a estrutura de trabalho propriamente dita.
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24
Neste contexto, ao analisar as condies de trabalho dos trabalhadores de
enfermagem, pode-se ressaltar que estes esto em frequente exposio a fatores de risco,
que podem repercutir em agravos relacionados ao trabalho.
Paulino (2008) destaca que, entre os trabalhadores de sade, os que tm maior
probabilidade de acidentes so os de Enfermagem, principalmente os que trabalham em
hospital. Isso se deve ao fato do hospital ser um ambiente insalubre em que se
aglomeram pacientes com vrias patologias transmissveis, alm de ser um local em que
se lida, cotidianamente, com a morte e sobrecarga de trabalho. Assim, as implicaes do
trabalho para os trabalhadores de enfermagem incluem todo o meio ambiente no qual
ele est inserido, que refletir de maneira direta ou indireta em sua sade.
Diaz (2010) destaca que para efetivar aes de interveno que previnam o
adoecimento do trabalhador, preciso identificar os riscos existentes e, ento, a partir
disso, traar estratgias que tornem o ambiente de trabalho mais adequado ao
trabalhador, visando diminuir ou suprimir alguns fatores internos do servio que podem
levar ao adoecimento destes trabalhadores.
No que se refere sade dos trabalhadores de enfermagem, lembremos que, de
acordo com a Lei N 8. 080 entende-se por sade do trabalhador, um conjunto de
atividades que se destina, atravs das aes de vigilncia epidemiolgica e vigilncia
sanitria, promoo e proteo da sade dos trabalhadores, assim como visa
recuperao e reabilitao da sade dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos
advindos das condies de trabalho (MINISTRIO DA SADE, 1990).
Mendes e Dias (1991) salientam que, no Brasil, a implantao da Sade do
Trabalhador, ocorreu a partir da dcada de 80, no contexto da transio democrtica no
qual se iniciava uma nova forma de pensar o processo sade-doena e o papel do
trabalho. Um momento caracterizado pela co-existncia de epidemias, doenas
profissionais clssicas e o surgimento de novas formas de adoecimento pelo trabalho, as
quais eram advindas das mudanas das prticas laborais, frente globalizao da
economia e reivindicaes sindicais por melhores condies de trabalho.
Em vigor desde 2004, a Poltica Nacional de Sade do Trabalhador do
Ministrio da Sade (MS) visa reduo dos acidentes e doenas relacionadas ao
trabalho, mediante a execuo de aes de promoo, reabilitao e vigilncia na rea
de sade. Suas diretrizes, descritas na Portaria n 1.125 de seis de julho de 2005,
compreendem a ateno integral sade, a articulao intra e intersetorial, a
estruturao da rede de informaes em Sade do Trabalhador, o apoio a estudos e
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/proposta_pnst_st_2009.pdfhttp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/proposta_pnst_st_2009.pdfhttp://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2005/GM/GM-1125.htm
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pesquisas, a capacitao de recursos humanos e a participao da comunidade na gesto
dessas aes. (BRASIL, 2004).
No contexto da medicina ocupacional em seu pensamento clssico, conforme
Oliveira e Murofuse (2001), a sade do trabalhador era entendida como relacionada
apenas ao ambiente fsico, na medida em que o trabalhador est em contato com agentes
qumicos, fsicos e biolgicos que lhe causem acidentes e enfermidades. No entanto,
consideraes importantes que abordam a sade do trabalhador avanam numa proposta
interdisciplinar, relacionando ambiente de trabalho e corpo do trabalhador e abarcando
outros aspectos no menos importantes e no relacionados apenas a dimenso biolgica.
A esse respeito Ribeiro et al (2012, p. 496) enfatiza que o relacionamento do
homem com o trabalho e com ele mesmo vem passando incessantemente por alteraes,
que se tornam cada vez mais complexas, profundas e sofisticadas. Nesse setido, faz-se
relevante compreender a relao do trabalhador com o trabalho, tendo em vista que,
muitas significaes e implicaes so atribudas a partir dos processos de trabalho.
Dessa forma, de acordo com Dejours (2004) o trabalho implica o saber fazer, o
engajamento do corpo, a mobilizao da inteligncia, o poder de pensar e de inventar, a
capacidade de refletir, interpretar e reagir s situaes. Assim, o trabalho ultrapassa os
limites de tempo dispensados ao turno de trabalho propriamente dito, mobilizando a
personalidade do sujeito por completo.
2.3 Trabalho, Risco e Meio ambiente
Ao olharmos a questo ambiental, mister destacar que, a crise ambiental
contempornea vem intensificando as discusses e a percepo pblica acerca dos
efeitos dos processos de produo e consumo das sociedades industriais modernas sobre
a sade humana e a dos ecossistemas. Especialmente para o campo da sade do
trabalhador, o qual trata de condies e ambientes de trabalho que fazem parte e
interagem com ambientes mais gerais e ecossistemas, no podemos menosprezar a
importncia da questo ambiental para o futuro da humanidade como um todo,
tampouco polariz-la com questes e demandas especficas dos movimentos de
trabalhadores (PORTO, 2005).
No contexto contemporneo, a atual problemtica ambiental tem exigido um
posicionamento dos indivduos. fato incontestvel que vivenciamos uma crise
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ecolgica, cujas propores ainda no so totalmente conhecidas, mas que tem exigido,
da sociedade, em diferentes esferas, a adoo de medidas protetoras do meio ambiente.
Embora diferentes setores da sociedade tenham relao com a problemtica
ecolgica, o que se percebe que algumas reas do conhecimento e campos de atuao
ainda tm uma aproximao muito limitada com a questo. Um dos campos de atuao
profissional, que pode ser considerado nesse sentido o da sade, na medida em que,
em poucos espaos, so visveis discusses a cerca da interface sade e meio ambiente.
Estudo realizado por Camponogara (2008) revelou que uma srie de questes intervm
sobre a relao entre o trabalhador hospitalar e a problemtica ambiental, sejam elas
relacionadas ao contexto social contemporneo, as concepes de sade e meio
ambiente, como a aspectos laborais especficos do setor hospitalar e da sade, as quais
interferem na realizao de aes responsveis com o meio ambiente.
Nesse sentido, faz-se relevante buscar compreender como se d a realizao ou a
no realizao de aes responsveis com o meio ambiente no processo de trabalho da
enfermagem, buscando, assim, apreender a existncia de um cuidado ambiental que
parte da prtica de enfermagem. Para tanto, mostra-se premente aprender se estes
trabalhadores reconhecem a existncia de risco para o meio ambiente nas aes
realizadas em seu trabalho.
Os riscos podem ser assumidos como perigos, mas na medida em que se
presume que a sociedade atual aumenta a individualizao, os riscos so especialmente
coisas que os indivduos assumem (BECK, GIDDENS E LASH, 1997, p. 169).
Contudo, ressalta-se que, para assumir a existncia de riscos e, assim, agir
conscientemente para com a sade e para com o meio ambiente preciso que uma
relao de conhecimento, descoberta e reflexo sobre os riscos e suas inter-relaes
acontea.
Assim, acredita-se que exista a necessidade de uma interdisciplinaridade, que
possibilite a valorizao e a compreenso da verdadeira interconexo existente entre o
ser humano, a sade e o ambiente. Para que isso ocorra, h que se pensar na
possibilidade de insero do tema, de modo transversal as aes realizadas pelos
indivduos (CAMPONOGARA et al, 2011). Alam, Vaz e Almeida (2005) destacam que
existem lacunas no processo educativo no ambiente institucional, no existindo uma
viso interdisciplinar entre a mesma e os profissionais de sade, acerca do ambiente de
trabalho.
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27
Em pesquisa realizada por Peres (2011) ao abordar como sujeitos de pesquisa,
docentes da rea da sade, observou-se que estes, quando instigados a refletir sobre a
relao entre sade e meio ambiente, no cogitou outra resposta se no a de que h uma
indissociabilidade entre esses dois temas, reforando assim a imprescindibilidade de que
estes caminhem juntos na graduao em sade. Nesse sentido, para que ocorram
avanos no processo educativo numa perspectiva ambiental no contexto dos
trabalhadores da rea da sade, faz-se necessrio problematizar claramente a interface
sade e meio ambiente, bem como os impactos das aes realizadas pelos trabalhadores
para o meio ambiente e sua sade.
Assim, parte-se da idia que a realidade de algumas instituies de sade ainda
mostra-se muito limitada na viabilizao de estratgias que englobem o contexto
ambiental e a prtica laboral dos trabalhadores. Para Camponogara, Ramos e Kirchhof
(2009) quando so oportunizadas estratgias que viabilizem o conhecimento sobre a
problemtica ambiental ou minimizao de impactos ambientais, os sujeitos tm
maiores subsdios para reflexo sobre seus prprios comportamentos, motivando-os
para a construo de aes responsveis com o meio ambiente.
Em pesquisa realizada com enfermeiros hospitalares sobre o gerenciamento de
resduos hospitalares e algumas interligaes com o meio ambiente, Soares (2011)
constatou que, em relao responsabilidade ambiental, os enfermeiros tm noo de
que essa inclui o desenvolvimento de aes de orientao sobre educao ambiental, o
que envolve, antes de tudo, um comprometimento enquanto cidados.
Neste contexto, devido s exposies a que esto submetidos os trabalhadores de
enfermagem atuantes em contexto hospitalar, faz-se relevante considerar a relao
sade, trabalho, risco e meio ambiente, no sentido de buscar compreender como se d a
relao destas quatro esferas no ambiente de trabalho, e ento realizar reflexes sobre a
influncia deste meio sobre a sade do trabalhador, bem como sobre a necessidade da
conscientizao de um cuidado ambiental.
2.4 Delineando as produes na rea da Enfermagem sobre os temas: Sade do
trabalhador, Meio Ambiente e suas relaes com a concepo de Risco
Neste item, ser apresentada uma busca realizada em bases de dados, que teve
como inteno subsidiar o desenho do objeto de estudo da presente dissertao. A
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referida busca compe um artigo cientfico encaminhado revista Index de Enfermera
e pode ser acessado no (APNDICE A).
Com o intuito de conhecer o que tem sido produzido sobre a temtica que aborda
a relao entre a sade do trabalhador e o meio ambiente, foi realizada uma busca de
produes cientficas disponveis on line nas bases de dados Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Cincias da Sade (LILACS), Scientific ElectronicLibrary
Online (SciELO) e Bases de Dados em Enfermagem (BDENF), por meio da Biblioteca
Virtual de Sade, no perodo de maio a junho de 2011, utilizando os descritores sade
do trabalhador e meio ambiente.
No utilizou-se delimitao temporal para a busca das produes, tendo em vista
a perspectiva de abranger todas as publicaes disponveis acerca desta temtica. Foram
utilizados como critrios de incluso para seleo dos artigos: artigos em portugus,
ingls ou espanhol que estivessem disponveis online na ntegra e que apresentassem de
maneira explcita no ttulo ou resumo a contextualizao da sade do trabalhador e o
meio ambiente.
Os critrios de excluso foram os artigos que no contemplassem a temtica,
assim como outras produes que no fossem artigo cientfico, como, por exemplo,
teses e dissertaes. A partir dos critrios de incluso e excluso acima descritos e,
excluindo os artigos que se repetiam nas bases de dados utilizadas, totalizaram 18
artigos a serem analisados. Sendo ento, esquematicamente selecionados, 16 referncias
na LILACS e duas referncias na BDENF.
Os dados emergidos da anlise qualitativa resultaram em trs eixos temticos a
serem apresentados: O trabalhador hospitalar reflexivamente afetado pela problemtica
ambiental; Necessidade da educao permanente referente temtica ambiental; e
Gerenciamento de resduos hospitalares. A abordagem acerca do risco que relacione a
sade do trabalhador e o contexto de meio ambiente apontou-se como uma lacuna na
busca realizada.
A abordagem sobre a atual problemtica ambiental cada vez mais discutida nos
servios de sade, porm as discusses so limitadas, pois ainda no se pautam na
interface da sade e meio ambiente. Nota-se, por meio dos artigos analisados, que os
profissionais de sade pouco discutem sobre esta interface sade e ambiente. Eles
refletem sobre a problemtica ambiental, porm esta reflexo acaba por esbarrar em
lacunas de conhecimento sobre a interface sade, incluindo a a sade do trabalhador e
meio ambiente.
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29
Enfatiza-se a necessidade de oportunizar estratgias que viabilizem o
conhecimento acerca da temtica para os profissionais de sade, tendo em vista que
quando so oportunizadas estratgias que viabilizem o conhecimento sobre a
problemtica ambiental ou minimizao de impactos ambientais, os sujeitos tm
maiores subsdios para reflexo sobre seus prprios comportamentos, motivando-os
para a construo de aes responsveis com o meio ambiente (CAMPONOGARA,
KIRCHHOF E RAMOS, 2009).
No meio laboral dos trabalhadores da sade de grande relevncia que se
conhea este ambiente, que se reflita sobre e ele e, ento, partir para uma reflexo sobre
a influncia deste meio ambiente sobre a sade do trabalhador. Para tanto, preciso que
se oferea instrumentos que garantam uma reflexo seguida de aes que modifiquem
as prticas para um agir responsvel para como meio ambiente.
Neste contexto, destaca-se a existncia de lacunas no processo educativo no
ambiente institucional, no existindo uma viso interdisciplinar entre a mesma e os
profissionais de sade, acerca do ambiente de trabalho (ALAM, CEZAR-VAZ E
ALMEIDA, 2005).
Outra caracterstica das produes encontradas que falam sobre o gerenciamento
dos resduos hospitalares, abordam muito mais enfaticamente os resduos slidos,
salientado uma lacuna em estudos que abordem os resduos lquidos, os quais tambm
esto muito presentes no cotidiano laboral dos trabalhadores da rea da sade.
Em contrapartida ainda que se enfoque os gerenciamento dos resduos slidos
em algumas produes, a compreenso e abrangncia de seu significado e importncia,
se apresenta de forma restrita e limitada, tendo em vista que muitas vezes, o preparo dos
profissionais para trabalhar com os resduos oriundos das suas atuaes precrio
(CORRA ET AL, 2005). Desse modo, para que os profissionais tenham um melhor
preparo, se faz necessrio, a implantao de polticas de gerenciamento de resduos nos
diversos estabelecimentos de sade, objetivando a promoo da sade e a qualidade de
vida do ambiente.
Assim, posteriormente, com o objetivo de conhecer as tendncias da produo
do conhecimento em enfermagem acerca da temtica que aborde Risco, utilizou-se de
uma busca por teses e dissertaes no portal de uma agncia governamental do Brasil,
vinculada ao Ministrio da Educao e Cultura (MEC) do Pas, que tem
como objetivo promover a expanso, consolidao dos cursos de ps-graduao stricto
sensu, ou seja, dos cursos de mestrado e doutorado, em todo o pas. Esta agncia
http://www.infoescola.com/educacao/coordenacao-de-aperfeicoamento-de-pessoal-de-nivel-superior-capes/http://www.infoescola.com/educacao/pos-graduacao/http://www.infoescola.com/educacao/coordenacao-de-aperfeicoamento-de-pessoal-de-nivel-superior-capes/http://www.infoescola.com/educacao/coordenacao-de-aperfeicoamento-de-pessoal-de-nivel-superior-capes/
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denominada Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES)
responsvel por autorizar a abertura de novos cursos de ps-graduao, e avalia os
cursos em funcionamento periodicamente.
A busca foi realizada no perodo de setembro a outubro de 2011, utilizando-se
das palavras-chave Risco, Meio ambiente e enfermagem. Na busca realizada foram
encontradas 10 produes, os principais assuntos abordados incluem: Biossegurana
dos trabalhadores de enfermagem e Gerenciamento de Resduos hospitalares.
Destaca-se a existncia dos estudos que abordam a biossegurana como
significativos nas discusses sobre riscos sade. A biossegurana uma rea de
conhecimento relativamente nova, que se preocupa desde as boas prticas laboratoriais
at questes mais globais, como a biodiversidade e a biotica apontando, com um
enfoque social e ambiental, para a necessidade de adoo de medidas destinadas ao
conhecimento e ao controle dos possveis riscos (ROCHA E FARTES, 2001).
Segundo o Ministrio da Sade, setor governamental responsvel pela
administrao e manuteno da Sade pblica do pas, a biossegurana consiste na
condio de segurana alcanada por um conjunto de aes destinadas a prevenir,
controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes s atividades que possam comprometer a
sade humana, animal e vegetal e o ambiente (BRASIL, 2004). Contudo, apesar da
noo de biossegurana ser tipicamente fundamentada na abordagem cientfica do risco,
questes primordiais sobre os riscos no so respondidas por essa perspectiva
(MULLIGAN APUD NEVES, 2007).
Neste contexto, a biossegurana se mostra de suma importncia para a sade dos
trabalhadores. No entanto, ressalta-se a necessidade de novos estudos sobre a concepo
de risco em si, para que se compreenda melhor como as medidas de biossegurana vm
sendo construdas. neste sentido que emerge a necessidade de construo de reflexes,
por parte de cada sujeito, acerca da concepo de risco, entendendo que, deste modo,
aes de promoo e preveno de riscos seriam muito mais efetivas e satisfatrias.
As produes que abordam gerenciamento dos resduos focam mais a ateno
hospitalar, imbricando este gerenciamento como sendo a separao dos resduos
hospitalares, e ainda pouco contextualizando a temtica com a sade do trabalhador e a
questo ambiental. Nesse sentido, deve haver maior reflexo a respeito das diferentes
etapas do gerenciamento dos resduos e seu manejo para a sustentabilidade do ambiente
e a sade das pessoas (CORRA ET AL, 2005).
http://www.capes.gov.br/http://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde_p%C3%BAblica
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As produes que abordam o meio ambiente ainda so muito escassas, e tratam
o tema de maneira, muitas vezes, secundria, sem dar grande nfase. Da mesma forma,
a articulao entre a questo do Risco, sade do trabalhador e meio ambiente apontou-se
como uma lacuna na busca ora realizada. Ademais, a questo que se apresenta
conforma-se em desafio na construo de um conhecimento que englobe, fortemente, a
relao da sade e meio ambiente. Para tanto, emerge a necessidade de discusso,
reflexo e reconceptualizao dos conceitos de risco sade e ao meio ambiente.
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3 UM DESENHO DO MTODO DE PESQUISA
Este captulo pretendeu descrever os aspectos relacionados metodologia
adotada para realizao deste estudo.
3.1 Tipo de Pesquisa
Esta pesquisa, por sua pretenso de descrever qual a relao entre risco, trabalho e
meio ambiente para os profissionais de Enfermagem, foi mais bem respondida e mais
apropriadamente interpretada sob a perspectiva e o referencial da abordagem
qualitativa.
A abordagem qualitativa a mais indicada para a busca de informaes
relacionadas subjetividade dos sujeitos, captando os significados e significaes
expressas a cerca dos fenmenos em estudo. A abordagem qualitativa se aplica no
estudo da histria, das relaes, representaes, percepes, opinies, de como os
humanos vivem, sentem e pensam. Este tipo de abordagem entende o indivduo como
ser nico, com seus valores e significados (MINAYO, 2007).
Este estudo se caracteriza como sendo do tipo descritivo- exploratrio. Segundo
Gil (2006) as pesquisas descritivas tem como objetivo primordial a descrio das
caractersticas de determinada populao, fenmeno ou a existncia de relaes entre
variveis. Segundo esse autor, a pesquisa exploratria a mais adequada quando o tema
abordado pouco explorado.
As pesquisas de campo so desenvolvidas em cenrios naturais e procuram
examinar em profundidade as prticas, comportamentos, crenas e atitudes das pessoas
ou grupos na vida real, compreendendo um problema ou situao, com a possibilidade
de aproximao com o evento e pela possibilidade de se criar conhecimento atravs da
realidade (LEOPARDI, 2001).
3.2 Cenrio da Pesquisa
O cenrio da pesquisa foram as unidades de clnica mdica e clnica cirrgica do
Hospital Universitrio de Santa Maria (HUSM). Justifica-se a escolha destes setores
pelo fato de serem unidades que, em alguns pontos, so convergentes no que diz
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respeito ao contexto de trabalho, como por exemplo, a realizao da assistncia voltada
pacientes adultos, e que demandam diversos procedimentos de enfermagem.
O Hospital Universitrio de Santa Maria, foi fundado em 1970, um rgo da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que se localiza no campus da mesma, e
constitui o maior hospital pblico do interior do Estado do Rio Grande do Sul. um
hospital pblico federal que mantm atendimento primrio, secundrio e tercirio, sendo
referncia em sade para a regio central do Rio Grande do Sul. um dos nicos
hospitais da Regio Centro que atende totalmente pelo Sistema nico de Sade (SUS).
A instituio atua como hospital de ensino, tendo sua ateno voltada para o
desenvolvimento da assistncia, do ensino, da extenso e da pesquisa. Conta com um
quadro de pessoal de 1355 servidores federais, alm de pessoal terceirizado, distribudos
nas reas assistencial, administrativa e de apoio. O HUSM presta servios assistenciais
em todas as especialidades mdicas e serve como laboratrio de ensino para alunos de
graduao e ps-graduao em Medicina, Enfermagem, Farmcia, Fonoaudiologia e
Fisioterapia, dentre outros.
As unidades, onde se realizou a coleta de dados do estudo foram:
Quadro 1 Descrio do cenrio do estudo*
Clnica Cirrgica Clnica Mdica I Clnica Mdica II:
- localizada no terceiro
andar da instituio, onde
so assistidos pacientes em
situao pr-operatria e
ps-operatria, dispe de
42 leitos, sendo dois de
isolamento, conta com oito
Enfermeiros e 22 tcnicos
de Enfermagem;
- localizada no quarto
andar, dispe de 24 leitos
(18 destes para Hemato-
oncologia e seis para
Cardiologia), conta com
sete Enfermeiros e 14
tcnicos de Enfermagem;
- localizada no quinto
andar, dispem de 24 leitos
divididos entre as clnicas
de Medicina Interna,
Infectologia, Pneumologia,
Cardiologia, Neurologia e
Gastroenterologia, conta
com sete Enfermeiros e 20
tcnicos de Enfermagem.
Os dados descritos referem-se ao perodo de Novembro de 2011 a Fevereiro de 2012,
ressalta-se que estes so valores aproximados, tendo em vista que o nmero de
trabalhadores varivel em funo dos afastamentos legais e aposentadorias.
Destaca-se que o HUSM tem como viso de futuro ser um referencial pblico
de excelncia em assistncia sade, ensino e pesquisa, com preservao do meio
ambiente. Neste sentido, desde o ano de 2003, o HUSM conta com uma Comisso de
Gesto Ambiental (CGA), ligada diretamente Direo Geral, que tem como objetivo
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discutir sobre questes ambientais que afetem o funcionamento dos servios, bem como
elaborar e implementar estratgias de ao que permitam a assistncia em sade,
minimizando impactos ambientais.
A referida comisso rene-se, mensalmente, e tem carter multidisciplinar,
contando com a participao dos seguintes profissionais/representantes de servios:
representantes da Direo Geral da instituio, trs enfermeiros (dois ligados a
Comisso de Controle de Infeco Hospitalar e um responsvel pelo Servio de Higiene
e Limpeza), um mdico, um nutricionista, um farmacutico, dois docentes do
Departamento de Qumica e de Engenharia Qumica da UFSM. Sempre que necessrio,
a comisso solicita a participao de outros profissionais ou servidores, conforme a
especificidade de determinado assunto a ser discutido.
3.3 Sujeitos da Pesquisa
Fizeram parte da pesquisa os trabalhadores de enfermagem atuantes nas
unidades abertas do HUSM, incluindo assim as unidades de Clnica Cirrgica, Clnica
Mdica I e Clnica Mdica II. Dentre os trabalhadores estavam enfermeiros e tcnicos
de enfermagem.
Destaca-se que os auxiliares de enfermagem foram excludos do estudo, por
haver uma constatao emprica de que h um movimento de atualizao na instituio
referente a essa categoria de trabalhadores. Por meio de uma abordagem prvia a coleta
de dados realizada junto aos sujeitos, foi possvel perceber que a maioria dos
trabalhadores que foram contratados como auxiliares de enfermagem, posteriormente
buscaram e concluram a formao como tcnicos de enfermagem, e acabam por
desempenhar praticamente a mesma funo.
Ainda tendo em vista que as atribuies dos tcnicos e auxiliares de enfermagem
no so iguais de acordo com o decreto N 94.406/87, que Regulamenta a Lei n 7.498,
de 25 de junho de 1986, que dispe sobre o exerccio da Enfermagem, e d outras
providncias, buscou-se garantir uma homogeneidade no que diz respeito aos sujeitos
que tornaram possveis a obteno dos dados do estudo.
Constituram-se em critrios de incluso: enfermeiros e tcnicos de enfermagem
que atuassem h mais de trs meses nas unidades includas no estudo, tendo em vista o
pressuposto de que este tempo viabiliza uma maior vinculao e aproximao do
trabalhador com a dinmica laboral da unidade. Foram excludos da pesquisa os
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35
trabalhadores que estivessem em perodo de frias, bem como, em qualquer tipo de
licena no perodo de coleta de dados.
Os sujeitos foram selecionados de forma aleatria (mediante sorteio),
resguardando a proporcionalidade entre as diferentes unidades. O sorteio foi realizado
pela pesquisadora que fez uso da listagem dos trabalhadores de cada unidade, onde foi
atribudo um nmero para cada trabalhador e posterior sorteio manual.
A amostragem aleatria, conforme Gil (2006) consiste em atribuir a cada
elemento da populao um nmero para depois selecionar alguns desses elementos de
forma casual. Aps o sorteio, os sujeitos foram abordados. Nessa abordagem foram
especificados o objetivo e a finalidade da pesquisa, e logo aps foram convidados a
participar da mesma. No caso de aceitao era marcada a entrevista, no horrio e local
que o entrevistado achasse melhor, e que a pesquisadora, concordasse que era adequado.
Em caso de recusa, que foram trs, foi realizado um novo sorteio para preencher o
nmero amostral de trabalhadores.
3.4 Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada aps a aprovao do Comit de tica e Pesquisa
da UFSM, por meio de observao no participante e entrevista semi-estruturada, entre
os meses de maio e setembro de 2012.
Anteriormente ao incio da coleta de dados, foi realizada uma aproximao com
os cenrios da pesquisa, por meio de uma conversa de apresentao da pesquisadora.
Primeiramente foi realizado contato com as enfermeiras chefes das unidades e,
posteriormente, com os demais sujeitos que fazem parte das equipes de enfermagem,
com o intuito de justificar a presena da pesquisadora no local, bem como explanar os
propsitos da pesquisa.
Para a obteno dos dados foi realizada uma observao no participante, onde
foram observadas as equipes de enfermagem de cada setor. A referida observao
contou com o auxilio de um roteiro que foi utilizado pela pesquisadora (APNDICE B).
A observao no participante refere-se ocorrncia de situaes em que o
pesquisador assume uma postura de espectador dos eventos observados ou do cotidiano
dos grupos observados, sem participar ativamente do cotidiano que marca a realidade
investigada. preciso que o observador esteja apoiado em conceitos que imprimam
sentido ao que v, ao que ouve, ao que sente (LIMA, 2008).
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36
Foi utilizado um dirio de campo durante as observaes realizadas, que de
acordo com Minayo (2004), adequado a toda observao, sendo este dirio de campo
um instrumento prprio do pesquisador, onde devem constar todas as informaes:
observaes sobre conversas informais, comportamentos, gestos, expresses que digam
respeito ao tema da pesquisa.
O tempo total de observao foi de 33 horas, sendo aproximadamente 11 horas
de observao em cada setor investigado, onde foram registradas, em um dirio de
campo, as expresses corporais e comportamentais, verbais e no verbais, acerca da
temtica em estudo, presentes no cotidiano laboral.
As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas posteriormente a etapa de
observao no participante ter sido iniciada. Essa modalidade de entrevista possui um
roteiro apropriado e utilizado pelo pesquisador, partindo de certos questionamentos
bsicos para um amplo campo interrogativo (MINAYO, 2007). O roteiro da entrevista
utilizado na obteno dos dados pode ser acessado no APNDICE C.
De acordo com Gil (2006) na entrevista semi-estruturada permitida uma
relativa flexibilidade, pois as questes podem no seguir exatamente a ordem prevista e
podero, inclusive, serem levantadas novas questes, alm das pr-estabelecidas, de
acordo com o decorrer de entrevista.
Como o estudo de natureza qualitativa o nmero amostral seguiu uma
proporo ao nmero de trabalhadores, bem como das diferentes categorias
profissionais. A anlise dos dados se deu, concomitantemente, a coleta dos dados, ento
houve a possibilidade de novas incluses.
As entrevistas foram previamente agendadas com os trabalhadores, assim
garantindo um ambiente reservado, que fosse livre de movimentao e que tivesse a
privacidade necessria para a realizao da entrevista. Os locais de entrevista variaram,
sendo utilizadas as salas de lanche da enfermagem e a salas de educao em sade/
reunies do terceiro andar. Foi utilizado um gravador, sendo que, posteriormente, as
entrevistas foram transcritas e analisadas com referencial apropriado para a
interpretao dos achados.
Para o encerramento da coleta de dados obedeceu-se os critrios da amostragem
por saturao dos dados que refere-se a um recurso conceitual frequentemente
empregada nos relatrios de investigaes qualitativas em diferentes reas no campo da
Sade, entre outras. utilizada para definir ou fechar o tamanho final de uma amostra
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em estudo, interrompendo a coleta de novos componentes (FONTANELLA, RICAS E
TURATO, 2008).
Primeiramente foram realizadas trs entrevistas teste com uma enfermeira e duas
tcnicas de enfermagem. Posteriormente as adequaes ps-teste, foram entrevistados
treze trabalhadores de enfermagem, sendo: cinco enfermeiros e oito tcnicos de
enfermagem, quando constatou-se a saturao dos dados e foi realizado o encerramento
da coleta de dados. As referidas entrevistas tiveram durao mdia de 20 minutos.
3.5 Anlise dos Dados
Os dados foram analisados com base no referencial proposto para anlise de
contedo. Neste caso, foi utilizado o referencial de Bardin (2009).
Para Bardin (2009) tudo o que dito ou escrito suscetvel de ser submetido a
uma anlise de contedo. A anlise de contedo visa analisar as caractersticas de uma
mensagem atravs da comparao destas mensagens para receptores distintos, ou em
situaes diferentes com os mesmos receptores, visa ainda, analisar o contexto ou o
significado de conceitos sociolgicos e outros nas mensagens, bem como caracterizar a
influncia social das mesmas e analisar as condies que induziram ou produziram a
mensagem.
Mensagens obscuras que exigem uma interpretao, mensagens com um duplo
sentido cuja significao profunda s pode surgir depois de uma observao cuidadosa
ou de uma intuio carismtica. Por de trs do discurso aparente, geralmente simblico
e polissmico, esconde-se um sentido que convm desvendar. (BARDIN, 2009)
Neste sentido, a anlise de contedo de Bardin (2009), organiza-se seguindo as
seguintes etapas:
- reunio do corpus de anlise (entrevistas transcritas e anotaes referentes as
observaes);
- pr-anlise: leitura flutuante dos dados coletados, esta etapa corresponde organizao
do material pesquisado, com o intuito de tornar operacionais e sistematizar as ideias
iniciais; compreendendo a escolha dos documentos a serem analisados, a formulao de
hipteses/objetivos e a elaborao de indicadores que fundamentem a interpretao
final. Ou seja, pretende conhecer as falas, e refletir sobre as situaes observadas
possibilitando ao pesquisador instrumentalizar-se com impresses e orientaes, sem
privilegiar a priori qualquer elemento do discurso. Destaca-se que nesse sentido,
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necessrio ler e reler os materiais [entrevistas] at impregnar-se de seu contedo,
buscando tambm as mensagens silenciosas (BARDIN, 2009).
- categorizao de dados: a partir da leitura aprofundada do material de anlise,
buscando-se o estabelecimento de categorias e/ou sub-categorias. A categorizao
vista como uma operao de classificao de elementos constitutivos de um conjunto,
por diferenciao (isolar) e, em sequncia, por um reagrupamento analgico e
homogneo em funo de caracteres comuns, como temas, por exemplo (BARDIN,
2009).
- anlise interpretativa: quando as categorias foram trabalhadas com base nos autores da
reviso de literatura, somando-se a interpretao de dados pelos pesquisadores. Nesse
caso, para a reflexo e discusso das categorias apontadas neste estudo, utilizou-se dos
referencias tericos, bem como dos artigos cientficos que contemplaram as temticas
emergidas.
3.6 Consideraes ticas
Este estudo obedeceu aos preceitos ticos indicados para pesquisa com seres
humanos. O projeto de pesquisa foi submetido a autorizao da instituio onde foi
realizado o estudo e a aprovao do Comit de tica em Pesquisa com Seres Humanos
(CEP), da Universidade Federal de Santa Maria (CAAE N 01901312.6.0000.5346).
Somente aps a tramitao de todos os requisitos exigidos, foi iniciada a coleta de
dados.
Os sujeitos da pesquisa somente participaram do estudo, aps a leitura do Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (APENDICE I) e concordncia com o mesmo,
ficando (aps coleta de assinatura) de posse de uma via deste documento (a outra via
ficar em posse da pesquisadora), tudo em conformidade com a Resoluo 196/96 do
Conselho Nacional de Sade.
Foi garantido aos participantes do estudo o anonimato dos mesmos. Os
fragmentos dos depoimentos que fazem parte dos resultados do estudo foram
identificados pela inicial da categoria profissional do participante, seguida do nmero
correspondente ordem de realizao das entrevistas, por exemplo, (E1, E2, E3...) para
os enfermeiros e (TE1, TE2, TE3...) para os tcnicos de enfermagem.
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Foi garantida a possibilidade de desistncia de participao na pesquisa a
qualquer momento e o acesso as informaes por eles obtidas e aos resultados do
estudo.
A pesquisa apresentava riscos, como mobilizar sentimentos ou desconfortos de
quaisquer tipo frente a temtica proposta na entrevista. Neste caso, a pesquisadora
esteve disponvel para prestar esclarecimentos ou fazer os encaminhamentos que fossem
necessrios. A pesquisadora comprometeu-se a manter a confidencialidade dos dados,
bem como a utiliz-los somente para fins dessa pesquisa, de acordo com o exposto em
Termo de Confidencialidade (APNDICE D).
A pesquisadora se comprometeu em compartilhar os achados com os gestores e
trabalhadores de enfermagem dos servios estudados nesta pesquisa. Acredita-se que
este estudo poder contribuir com subsdios para a construo de conhecimentos sobre
sade do trabalhador e cuidado ambiental dos trabalhadores de enfermagem, bem como
para novas perspectivas de concepo de risco para os trabalhadores da rea da sad
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4 RESULTADOS
Por meio deste tpico, pretendeu-se trazer a luz os principais significados e
sentidos desvelados nesta pesquisa. Para melhor ilustrar os achados e otimizar sua
divulgao, os resultados deste estudo foram elaborados na forma de artigos cientficos,
o que permitido institucionalmente, conforme o Manual de Estrutura de Apresentao
de Monografias, Dissertaes e Teses (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
MARIA, 2012).
Posteriormente a arguio e contribuies que viro a serem realizadas pelos
membros da banca da defesa da presente dissertao, pretende-se melhor adequar os
artigos, conforme as normas de peridicos indexados com Qualis na rea da
Enfermagem na CAPES. Dessa forma, seguindo os referidos passos, os artigos sero
encaminhados para publicao.
Os artigos que compem os resultados e discusso so apresentados a seguir:
Quadro 2 Lista de artigos cientficos originados a partir dos resultados do
estudo.
4.1
Artigo 1
CONCEPO DE RISCO PARA TRABALHADORES DE
ENFERMAGEM HOSPITALAR
4.2
Artigo 2
A EXPOSIO AOS RISCOS NA VISO DE
TRABALHADORES DE ENFERMAGEM HOSPITALARES
4.3
Artigo 3
A INTER-RELAO RISCO E MEIO AMBIENTE NA VISO
DE TRABALHADORES DE ENFERMAGEM HOSPITALAR
-
41
ARTIGO 1
4.1 Concepo de risco para trabalhadores de enfermagem hospitalar
-
42
CONCEPO DE RISCO PARA TRABALHADORES DE
ENFERMAGEM HOSPITALAR
Paola da Silva Diaz
Silviamar Camponogara
RESUMO
O objetivo deste estudo foi conhecer o que os trabalhadores de enfermagem atuantes no
contexto hospitalar entendem por risco. Trata-se de um estudo descritivo-exploratrio
com abordagem qualitativa. A coleta de dados se deu por meio de entrevista
semiestruturada e observao no participante junto a trabalhadores de enfermagem de
um hospital universitrio do Sul do Pas. Para a anlise dos dados utilizou-se referencial
apropriado para anlise de contedo. Desvelou-se que os trabalhadores possuem um
conceito vago e impreciso de risco, bem como apresentam uma noo restrita sobre o
mesmo. A concepo de risco que possuem os trabalhadores de enfermagem hospitalar
apresenta fragilidades que devem ser olhadas com ateno. Considera-se isso essencial,
no s para suprir algumas lacunas do conhecimento relacionadas a conceitos de risco e
compreenso de sua complexidade, assim como para transformar a prtica destes
trabalhadores.
Descritores: Risco, Enfermagem, Enfermagem do Trabalho, Sade do trabalhador.
INTRODUO
Quando falamos em modernidade, nos referimos a um etilo/costume de vida ou
uma forma de organizao social que emergiu, na Europa, a partir do sculo XVII,
tornando-se mundial em sua influncia e adquirindo consequncias cada vez mais
universalizadas; tanto para o indivduo como para a sociedade em geral(1)
.
-
43
Esse contexto tem sido amplamente debatido, no mbito da sociologia
contempornea, de tal forma que, alguns estudiosos, atribuem sociedade atual, a
denominao de Sociedade de Risco, uma vez que, os riscos tm sido tratados como
sendo um componente introduzido por meio da modernidade, trazendo consequncias
significativas para as pessoas. De uma forma geral, pode-se dizer que essa sociedade
pe em risco a si mesmo(2)
.
Ao refletir-se sobre isso, pode-se afirmar que, diferentemente das pocas
anteriores, a sociedade de risco caracteriza-se essencialmente por uma carncia, que se
refere impossibilidade de prever externamente as situaes de perigo e, dessa forma,
v-se confrontada consigo mesmo em relao aos riscos(2)
.
Assim, olhar as questes relacionadas aos riscos contemporneos,
especialmente, do ponto de vista social necessrio, tendo-se em mente que muitos
riscos foram surgindo juntamente com a modernizao das sociedades. Essa
modernizao traz tona as desigualdades sociais, e evidencia que a globalizao dos
riscos remete a ideia de que ningum pode eximir-se das transformaes provocadas
pela modernidade, o que torna a sociedade, como um todo, exposta a diferentes
riscos(3,4)
.
Sendo assim, estar nesse contexto significa viver num ambiente de novas
oportunidades, mas tambm num ambiente de diferentes riscos, concomitantemente
inevitveis, gerados de um sistema orientado para a dominao da natureza e para a
leitura reflexiva da histria. Dessa forma, estar em contato com riscos inquietante para
todos, e ningum escapa(4)
.
Logo, ao pensarmos em riscos foroso destac-los como sendo um conjunto de
fatores determinantes para a sade dos seres humanos, da sociedade e do planeta.
Ademais, existem diferentes maneiras de se entender o que de fato o risco ou um
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risco, porm, no mundo globalizado em que vivemos, faz-se relevante abordar essa
questo sob distintos aspectos.
Nesse sentido, reconhecer a existncia de um risco ou de um conjunto de riscos
aceitar, no s a possibilidade de que as coisas possam sair erradas, mas que essa
possibilidade no pode ser eliminada1. preciso considerar que risco uma palavra
com diferentes sentidos, que nem sempre convivem em harmonia. Assim, a discusso
sobre risco pode variar de acordo com o sentido que se atribui a ele(5)
. preciso, ento,
ir mais fundo em sua essncia, no cerne do que conforma, de fato, um risco.
Neste contexto, a concepo de risco pode se dar de diferentes maneiras
dependendo do sujeito interpretador, e essa compreenso frente aos riscos que guiar o
comportamento dos sujeitos. Nesse enredo, a Enfermagem pode ser vista como uma
significante categoria de trabalhadores que pode atuar amplamente em questes que
envolvem riscos. Isso porque vrios fatores so decisivos na maneira como estes
trabalhadores lidam com os riscos a que esto expostos e com os riscos que produzem, a
partir dos produtos resultantes das aes necessrias para realizao da assistncia de
enfermagem. mister destacar que estas aes expe a outrem e a eles mesmos.
Ao enfatizar-se a importncia da enfermagem frente a abordagem sobre os
riscos, destaca-se que a contribuio das pesquisas em enfermagem que formulem
hipteses utilizando o conceito de risco e correlatos, constituem eixo norteador para a
busca de paradigmas que evidenciem valores, costumes, determinantes concretos para
colaborar com a melhoria da assistncia de enfermagem, o bem-estar e a qualidade de
vida de indivduos e coletividade(6)
.
Deste modo, entendendo que o risco existe para a pessoa exposta a ele, mas
tambm ao meio ambiente como um todo, reflexes sobre novas concepes de risco se
fazem necessrias. Em relao ao trabalho que exerce a enfermagem, h diversos riscos
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relacionados ao labor desses trabalhadores, que podem ser causados por fatores
qumicos, fsicos, mecnicos, biolgicos, ergonmicos e psicossociais, que podem
causar doenas ocupacionais e acidentes de trabalho(7)
.
Diante do exposto, a ampliao do debate sobre aspectos que inter-relacionam o
trabalho da enfermagem e o conceito de risco imprescindvel. Contudo, para alm de
uma viso meramente pontual sobre situaes/fatores de exposio, considerados,
muitas vezes, isoladamente, destaca-se a importncia de uma forma ampliada de debate
sobre a questo do risco, tendo em vista o pressuposto que a anlise isolada de um
determinado risco pode determinar um enfoque fragmentado e descontextualizado de
toda a complexidade que o envolve(8)
.
Assim, considera-se a importncia de uma viso ampliada sobre a concepo de
risco, que possibilite aos trabalhadores de enfermagem e a populao em geral,
subsdios suficientemente plausveis para que se lide com os riscos existentes da melhor
maneira possvel. Isso pode oportunizar a busca pela minimizao de situaes de
exposio a riscos, assim como um controle de riscos que podem ser evitados.
Desse modo, tendo em vista o pressuposto da importncia de compreender que o
descaso ou meramente uma conscientizao fragilizada sobre os riscos pode vir a se
tornar um problema de sade, surge emergncia do debate frente ao que se refere
concepo e compreenso dos riscos que tem relao direta e/ou indireta com o trabalho
da enfermagem.
Diante do exposto, apresenta-se a seguinte questo de pesquisa: qual a
concepo de risco para trabalhadores de enfermagem atuantes no contexto hospitalar?
Partindo dessa inquietao, o presente estudo buscou conhecer o que os trabalhadores
de enfermagem atuantes no contexto hospitalar entendem por risco.
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METODOLOGIA
Estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo-exploratrio, realizado com
trabalhadores de enfermagem de um hospital universitrio do Sul do Pas. Os dados
foram coletados entre os meses de maio e setembro de 2012.
Constituram-se em sujeitos do estudo trabalhadores