Relações comerciais e acumulação mercantil: Portugal, Hamburgo ...

917

Click here to load reader

Transcript of Relações comerciais e acumulação mercantil: Portugal, Hamburgo ...

  • 1

    UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CINCIAS HUMANAS

    ADELIR WEBER

    RELAES COMERCIAIS E ACUMULAO MERCANTIL:

    PORTUGAL, HAMBURGO E BRASIL ENTRE A COLNIA E A NAO

    v. 1

    SO PAULO

    2008

  • 2

    ADELIR WEBER

    RELAES COMERCIAIS E ACUMULAO MERCANTIL:

    PORTUGAL, HAMBURGO E BRASIL ENTRE A COLNIA E A NAO

    Tese apresentada Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Doutor.

    rea de Concentrao: Histria Econmica Orientador: Jos Jobson de Andrade Arruda Co-orientadora: Maria Cristina Moreira Escola de Economia e Gesto da Universidade do Minho, Braga, Portugal Co-orientador: Horst Pietschmann Department fr Geschichte Lateinamerikas an der Universitt Hamburg, Alemanha

    v. 1

    SO PAULO 2008

  • 3

    AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    Weber, Adelir W3731c

    Relaes comerciais e acumulao mercantil: Portugal, Hamburgo e Brasil entre a colnia e a nao/ Adelir Weber 2008. 2v.

    Orientador: Jos Jobson de Andrade Arruda

    Tese (Doutorado em Histria Econmica) - Universidade

    de So Paulo So Paulo, S.P.

    1. Comrcio 2. Brasil 3.Portugal 4. Balana de comrcio 5. Cartas consulares I. Arruda, Jos Jobson de Andrade II. Ttulo

  • 4

    FOLHA DE APROVAO Adelir Weber

    Relaes comerciais e acumulao mercantil: Portugal, Hamburgo e Brasil entre a colnia e a Nao Tese apresentada Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Doutor.

    rea de Concentrao: Histria Econmica

    Aprovada em:

    Banca Examinadora Prof. Dr. ____________________________________________________________________

    Instituio: ____________________________ Assinatura: ___________________________

    Prof. Dr. ____________________________________________________________________

    Instituio: ____________________________ Assinatura: ___________________________

    Prof. Dr. ____________________________________________________________________

    Instituio: ____________________________ Assinatura: ___________________________

    Prof. Dr. ____________________________________________________________________

    Instituio: ____________________________ Assinatura: ___________________________

    Prof. Dr. ____________________________________________________________________

    Instituio: ____________________________ Assinatura: ___________________________

  • 5

    minha querida famlia Ao Instituto das Apstolas do Sagrado Corao de Jesus

    Universidade do Sagrado Corao, Bauru-SP comunidade do Colgio So Jos, Bauru-SP

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    O presente trabalho o resultado de uma longa caminhada, um extenso percurso em

    que somente poderia ser realizado com o apoio de uma rede completa de amigos, colegas,

    instituies e professores. A eles devo cordialmente gratido e receio que, devido ao espao

    limitado, no possa enumer-los todos.

    Em primeiro lugar, agradeo especialmente ao meu orientador, Prof. Dr. Jos Jobson

    de Andrade Arruda, por todo apoio, estmulo e dedicao incansvel nestes anos que foram

    fundamentais para que se realizasse este trabalho.

    Ao Instituto das Irms Apstolas de Sagrado Corao de Jesus, de que fao parte, pela

    oportunidade de realizar este estudo de doutoramento.

    Universidade de So Paulo, por ter possibilitado as condies para que este trabalho

    fosse realizado.

    CAPES, pela bolsa de doutoramento concedida atravs do Programa de Ps-

    graduao em Histria.

    Ctedra Jaime Corteso que, por meio de seu programa de financiamento de estgio

    de pesquisa em Portugal, apoiou a pesquisa e o estgio no exterior, bem como ao Projeto

    Temtico Dimenses do Imprio Portugus, do qual fao parte e, especialmente, ao Ncleo

    Economia e Sociedade.

    Ao Itamaraty e Marinha do Brasil, por terem aberto os centros de documentao para

    que fosse realizada a pesquisa em seus arquivos.

    Ao IHGB, especialmente a coordenadora, Dr. Regina Wanderley; ao Instituto Martius

    Staden em So Paulo, na pessoa da minha amiga Vernica; Cmara de Comrcio e Indtria

    Brasil-Alemanha, especialmente o setor Economic Department.

    Universidade do Sagrado Corao, criando as condies institucionais para que a

    pesquisa se viabilizasse.

    Estendo meus agradecimentos s instituies e aos professores que me apoiaram

    durante a pesquisa, tanto em Portugal como na Alemanha: Universidade de Lisboa, na

    pessoa do Prof. Dr. Antonio Augusto Marques de Almeida: Universidade de Economia do

    Minho-Braga, particularmente a Prof. Dr. Maria Cristina Moreira, por ter me acolhido na

    Universidade e me orientando na pesquisa, contribuio significativa que nosso orientador a

    convidou para atuar como co-orientadora em Portugal.

  • 7

    Meus agradecimentos tambm ao Prof. Dr. Eduardo, da Universidade do Minho; o

    Prof. Dr. Aurlio de Oliveira, da Universidade do Porto pelas indicaes bibliogrficas;

    Prof. Maria Tereza Rabaa Gaspar, da Universidade de Lisboa.

    Universidade Pblica de Hamburgo, por ter me recebido, com destaque para o Prof.

    Dr. Horst Pietschmann, que, semelhana da Dr. Maria Cristina Moreira, atuou como co-

    orientador na Alemanha. Ao Prof. Frank Glashoff proclamo imensa gratido; Ao Dokusearch,

    na pessoa da Dr. Cludia Thorn; Handelskammer-Hamburg, na pessoa da Dr. Carla

    Schumacker e o Prof. Dr. Otto-Ernst Krawehl, da Biblioteca da Universidade Estadual de

    Hamburgo; ao Staatsarchiv de Hamburgo, na pessoa da Dr. Ursula Bttner; aos Professores

    do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Hamburgo, Dr. Adiel Henrquez,

    Prof. Dr. Vnia Kahrsch e Prof. Dr. Hering.

    Estendo minha gratido tambm ao Prof. Dr. Alexandre Engel, da Universidade de

    Gttingen; os Professores Doutores Jrgen Schneider, Markus Denzel, Carl Von Ossietzky,

    Michael Eckert, Thomas Helmcke, Rainer Postel, Roland Sochor, Marcus Pfeil, Peter Leicher,

    Klaus Weber, Ina klotzhuber e Annette Schikarski, pelas valiosas indicaes bibliogrficas e

    sugestes a respeito da pesquisa.

    Gratido tambm aos atendentes dos arquivos e bibliotecas portugueses, alemes e

    brasileiros, por toda a dedicao e empenho em favorecer a pesquisa.

    querida Prof. Dr. Vera Ferlini, a quem agradeo imensamente pelo incentivo,

    dedicao e acompanhamento desta pesquisa. Meu muito obrigada tambm aos estimados

    professores, tanto da USP como da UNICAMP.

    Prof. Dr. Sylvia Lenz, da Universidade de Londrina, pelas sugestes e indicaes

    bibliogrficas; Prof. Dr. Miryam Schuckar, pela ajuda nos contatos na Alemanha; Prof.

    Dr. Eliane Simionato, por ajudar na elaborao das tabelas; ao Prof. Dr. Antonio Walter

    Junior e a Augusto Kapella, por ajudar na traduo de textos do alemo gtico e outros. A

    querida Margarete Ivo Andrade Costa, por ajudar na transcrio das cartas consulares, Maria

    Aparecida Ferreira do Esprito Santo, pela digitao de parte do texto, Vivian Fraga, pela

    verso do resumo, Ana Cludia de Marchi, por todo o estmulo e pela digitao da

    documentao do Arquivo do Itamaraty, e querida Angela Moraes, que, com muita

    dedicao, fez a correo e a diagramao do texto.

    Enfim, um agradecimento muito especial minha querida comunidade do Colgio So

    Jos, e a todos que, direta ou indiretamente, viabilizaram este trabalho, meu muito obrigada.

  • 8

    RESUMO

    WEBER, Adelir. Relaes comerciais e acumulao mercantil: Portugal, Hamburgo e Brasil entre a nao e a colnia. 2008. 917 f. Tese (Doutorado) Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2008. O foco desta tese a relao comercial entre trs plos principais: Brasil, Portugal e Hamburgo. Em dois momentos distintos, antes da abertura dos portos, quando o Brasil uma colnia portuguesa e, posteriormente, quando se torna um pas autnomo. O fluxo comercial de Hamburgo com o Brasil, atravs de Portugal, intenso a partir de 1796, ano em que as balanas de comrcio o registram regularmente. Sendo mesmo Hamburgo, ao contrrio do que se costuma pensar, o principal importador de efeitos coloniais brasileiros e, por decorrncia, seu principal consumidor e distribuidor na Europa do Norte e Oriental. Depois da abertura dos portos, o movimento se retraiu, mas se recuperou nos anos seguintes a paz na Europa aps a queda de Napoleo, voltando a ter papel significativo com a proclamao da Independncia brasileira em relao a Portugal. Os principais produtos nesse estratgico comrcio e importao hamburguesa era, sobretudo, o acar, couros e algodo. As fontes para o estudo foram as Balanas Gerais de Comrcio de Portugal com seus Domnios e Naes Estrangeiras, as Balanas Comerciais de Hamburgo e os relatrios e as cartas consulares. Palavras-chave: comrcio, Brasil, Portugal, Hamburgo, balana de comrcio, cartas consulares.

  • 9

    ABSTRACT WEBER, Adelir. Commercial relations and mercantile accumulation: Portugal, Hamburg and Brazil between the colony and the Nation. 2008. 917 f. Thesis (Doctoral) Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2008. The present work focus on the commercial relationship among the tree key poles Brazil, Portugal and Hamburg in two distinct moments: before the opening of the ports, when Brazil was a Portuguese colony, and afterwards, when Brazil became an independent country. The commercial flow from Hamburg to Brazil, through Portugal, is intense from 1796, the year when the trade balance started to register it regularly. In fact, contrary to what one may think, it was Hamburg the main importer of the effects from Brazil colony and therefore its major consumer and distributor along Northern and Oriental Europe. After the opening of the ports, the flow had retread but the peace recovered it on the following years, especially after Napoleons fall when the flow had played a major role with the proclamation of the Brazilian Independence from Portugal. Sugar, leather and cotton were, above all, the principal products in this strategic trade and in the Hamburguese importation. The source of the study was the General Balance of Trade between Portugal and his Colonies and Nations, Hamburgs Balance of Trade, reports and consular letters. Key words: trade, Brazil, Portugal, Hamburg, trade balance, consular letters.

  • 10

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1: Total da entrada de acar, caf e ndigo em Hamburgo e Holanda, procedentes de Bordeaux (1751-1752).................................................................................................................................................... 48Grfico 2: Importaes hamburguesas da Inglaterra, Frana, Espanha e Portugal, 1753 (em marcos bancrios)........................................................................................................................................................ 91Grfico 3: Nmero total de navios aportados em Hamburgo, procedentes de Portugal, Frana e Inglaterra (1765-1823).................................................................................................................................................... 120Grfico 4: Nmero total de navios aportados em Hamburgo, procedentes de Portugal, Frana e Inglaterra (1765-1823). .................................................................................................................................................. 121Grfico 5: Capacidade dos navios aportados em Hamburgo de Portugal, Frana e Inglaterra (1765-1823) (porcentagem). ............................................................................................................................................... 124Grfico 6: Exportao de linho da Silsia (1748-1788) (em tleres). ........................................................... 175Grfico 7: Exportaes de linho do Condado de Ravensberg, 1755-1808 (em tleres)................................. 181Grfico 8: Nmero de navios aportados em Hamburgo, procedentes de Portugal (1765-1823).................... 223Grfico 9: Importao de Hamburgo em Portugal, em 1753 (em marcos bancrios e porcentagem)............ 246Grfico 10: Importaes portuguesas da Inglaterra, de 1703-1796 e de 1796-1815 (ris)............................ 225Grfico 11: Nmero de navios aportados em Hamburgo, procedentes do Brasil (1814-1843)..................... 290Grfico 12: Importaes portuguesas das Naes estrangeiras (1796-1831) (em ris)................................. 346Grfico 13: Exportaes portuguesas para as Naes estrangeiras (1796-1831) (em ris)............................ 358Grfico 14: Fluxo comercial entre Portugal e as Naes estrangeiras (1796-1831) (em ris)....................... 366Grfico 15: Superavit entre exportaes e importaes portuguesas para as Naes estrangeiras (1796-1831) (em ris)................................................................................................................................................ 369Grfico 16: Importaes portuguesas das Naes estrangeiras (1796-1831) (em ris)................................. 376Grfico 17: Exportaes portuguesas para as Naes estrangeiras de produtos brasileiros e de outras origens (1796-1831) (em ris)........................................................................................................................ 382Grfico 18: Comparao entre importaes e exportaes portuguesas das Naes estrangeiras (1796-1831) (em ris). .............................................................................................................................................. 402Grfico 19: Participao absoluta dos pases compradores de produtos brasileiros (1796-1831) (em ris).. 420Grfico 20: Comparao entre importaes portuguesas de produtos brasileiros e sua reexportao para as Naes estrangeiras (1796-1831) (em ris)................................................................................................ 423Grfico 21: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (em ris).................................................. 431Grfico 22: Exportaes portuguesas para Hamburgo (1796-1831) (em ris)............................................... 440Grfico 23: Comparao das exportaes portuguesas para Hamburgo (1796-1831) (em ris).................... 441Grfico 24: Comparaes das exportaes portuguesas de produtos do Brasil e de outras origens para Hamburgo. ..................................................................................................................................................... 445Grfico 25: Exportaes portuguesas para Hamburgo e outras Naes estrangeiras (1796-1831) (em ris). ............................................................................................................................................................... 451Grfico 26: Exportaes portuguesas para Hamburgo (1796-1831) (em ris)............................................... 452Grfico 27: Fluxo comercial, importaes e exportaes portuguesas em Hamburgo (valor absoluto anual e total) (1796-1831). ............................................................................................................................ 462Grfico 28: Importaes portuguesas de suas colnias (1796-1831) (mil ris)............................................. 472Grfico 29: Exportaes portuguesas para o Brasil e outras colnias (1796-1831) (mil ris)....................... 477Grfico 30: Posio relativa s importaes portuguesas para o Brasil e outras colnias (1796-1831) (mil ris). ............................................................................................................................................................... 480Grfico 31: Posio relativa s exportaes portuguesas para o Brasil e outras colnias (1796-1831) (mil ris). ............................................................................................................................................................... 483Grfico 32: Fluxo comercial entre Portugal e suas colnias (1796-1831) (mil ris)..................................... 496Grfico 33: Superavit das exportaes e importaes portuguesas de suas colnias (1796-1831) (mil ris). ............................................................................................................................................................... 497Grfico 34: Comparao entre importaes e exportaes portuguesas do Brasil e outras colnias (1796-1831) (mil ris). ............................................................................................................................................. 500Grfico 35: Importaes portuguesas por regies brasileiras (1796-1831) (ris).......................................... 506Grfico 36: Importaes portuguesas do Brasil, por produto (1796-1831) (em ris).................................... 511Grfico 37: Exportaes portuguesas para as regies brasileiras (1796-1831) (mil ris).............................. 516Grfico 38: Exportaes portuguesas para o Brasil, por produto (1796-1831) (ris).................................... 522Grfico 39:Importaes portuguesas das regies brasileiras (1796-1831) (em ris).................................... 549Grfico 40: Exportaes portuguesas para as regies brasileiras (1796-1831) (mil ris).............................. 577Grfico 41: Nmero de navios aportados nos portos de Lisboa e Porto........................................................ 598

  • 11

    Grfico 42: Nmero de navios que partiram dos portos de Lisboa e Porto................................................... 600Grfico 43: Nmero total de entradas e sadas de navios nos portos de Lisboa e Porto................................ 600Grfico 44: Reexportaes portuguesas de produtos brasileiros para as Naes estrangeiras (1796-1831) (quantidade). .................................................................................................................................................. 606Grfico 45: Reexportaes portuguesas de produtos brasileiros para as Naes estrangeiras (1796-1831) (em ris). ....................................................................................................................................................... 611Grfico 46: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (em ris)......... 616Grfico 47: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (acar branco: arrobas e preo). ............................................................................................................................... 625Grfico 48: Importao portuguesa de acar branco brasileiro e reexportao para Hamburgo (1796-1831) (quantidade). ........................................................................................................................................ 632Grfico 49: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (acar mascavado: arrobas e preo). ........................................................................................................................ 636Grfico 50: Importao portuguesa de acar mascavado brasileiro e reexportao para Hamburgo (1796-1831) (quantidade/ valor/ porcentagem).............................................................................................. 642Grfico 51: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (algodo: arrobas e preo). ............................................................................................................................................ 646Grfico 52: Importao portuguesa de algodo brasileiro e reexportao para Hamburgo (1796-1831) (quantidade). .................................................................................................................................................. 651Grfico 53: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (anil: arrteis e preo). ............................................................................................................................................................ 655Grfico 54: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (arroz: arrobas e preo). ......................................................................................................................................................... 659Grfico 55: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (caf: arrobas e preo). ......................................................................................................................................................... 664Grfico 56: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (couros secos: arrobas e preo). ............................................................................................................................................ 668Grfico 57: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (tabaco: arrobas e preo). ............................................................................................................................................ 673Grfico 58: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (cacau: arrobas e preo). ............................................................................................................................................ 677Grfico 59: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (couros salgados: arrobas e preo). ............................................................................................................................. 681Grfico 60: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (pau-brasil: quintais e preo). ............................................................................................................................................ 685Grfico 61: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (salsaparrilha: arrobas e preo). ............................................................................................................................................ 689Grfico 62: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (ipecacuanha: arrteis e preo). ............................................................................................................................................ 693Grfico 63: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (vaquetas: arrobas e preo). ............................................................................................................................................ 697Grfico 64: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (tapioca: arrobas e preo). ............................................................................................................................................ 701Grfico 65: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (ris)........................................................ 707Grfico 66: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (trigo: alqueires e preo)......................... 713Grfico 67: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (aniagens: quantidade e preo)............... 717Grfico 68: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (bretanhas: volume e preo)................... 721Grfico 69: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (brim: volume e preo)........................... 725Grfico 70: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (crs: volume e preo)............................ 729Grfico 71: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (linho: quintais e preo).......................... 734Grfico 72: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (ferro: quintais e preo).......................... 739Grfico 73: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (cobre em folha: volume e preo)........... 743Grfico 74: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (ao: volume e preo)............................. 747Grfico 75: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (panos de linho: volume e preo)........... 751Grfico 76: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (calhamaos: volume e preo)................ 755Grfico 77: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (centeio: volume e preo)....................... 759Grfico 78: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (vidro: volume e preo).......................... 763Grfico 79: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (cambraias: volume e preo).................. 767Grfico 80: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (armas brancas e de fogo: volume e preo).............................................................................................................................................................. 771

  • 12

    Grfico 81: Importao portuguesa do Brasil (1796-1831) (em ris e porcentagem).................................... 779Grfico 82: Ordem de importncia das importaes portuguesas das regies brasileiras (1796-1831) (quantidade).................................................................................................................................................... 843Grfico 83: Importao portuguesa no Brasil: acar branco (arrobas) (1796-1831)................................... 844Grfico 84: Importao portuguesa no Brasil: acar mascavado (arrobas) (1796-1831)............................. 844Grfico 85: Importao portuguesa no Brasil: algodo (arrobas) (1796-1831)............................................. 845Grfico 86: Importao portuguesa no Brasil: tabaco (arrobas) (1796-1831)................................................ 845Grfico 87: Importao portuguesa no Brasil: couros secos (arrobas) (1796-1831)...................................... 846Grfico 88: Importao portuguesa no Brasil: arroz (arrobas) (1796-1831).................................................. 846Grfico 89: Importao portuguesa no Brasil: cacau (arrobas) (1796-1831)................................................. 847Grfico 91: Importao portuguesa no Brasil: couros salgados (arrobas) (1796-1831)................................. 847Grfico 92: Importao portuguesa no Brasil: anil (arrobas) (1796-1831).................................................... 848Grfico 93: Importao portuguesa no Brasil: pau-brasil (quintais) (1796-1831)......................................... 848Grfico 94: Importao portuguesa no Brasil: ipecacuanha (arrteis) (1796-1831)...................................... 849Grfico 95: Importao portuguesa no Brasil: salsaparrilha (arrobas) (1796-1831)...................................... 849Grfico 96: Importao portuguesa no Brasil: vaquetas (arrobas) (1796-1831). 850Grfico 97: Ordem de importncia das exportaes portuguesas para as regies brasileiras: quantidade (1796-1831).................................................................................................................................................... 886Grfico 98: Exportaes portuguesas para o Brasil: bacalhau (quintais) (1796-1831).................................. 887Grfico 99: Exportaes portuguesas para o Brasil: manteiga (arrobas) (1796-1831).................................. 887Grfico 100: Exportaes portuguesas para o Brasil: aniagens (varas) (1796-1831).................................... 888Grfico 101: Exportaes portuguesas para o Brasil: bretanhas (peas) (1796-1831)................................... 888Grfico 102: Exportaes portuguesas para o Brasil: brim (peas) (1796-1831).......................................... 889Grfico 103: Exportaes portuguesas para o Brasil: cambraia (peas) (1796-1831)................................... 889Grfico 104: Exportaes portuguesas para o Brasil: ao (quintais) (1796-1831)......................................... 890Grfico 105: Exportaes portuguesas para o Brasil: azeite (almudes) (1796-1831).................................... 890Grfico 106: Exportaes portuguesas para o Brasil: panos de linho (varas) (1796-1831)........................... 891

  • 13

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Entrada de acar, caf e ndigo em Hamburgo e Holanda, procedentes de Bordeaux (1751-1752). ......................................................................................................................................................... 48Tabela 2: Comrcio hamburgus no sculo 17 (% do total das toneladas e em marcos bancrios).......... 88Tabela 3: Comrcio martimo hamburgus no sculo 18 (milhes de marcos bancrios)......................... 89Tabela 4: Importaes hamburguesas da Inglaterra, Frana, Espanha e Portugal, 1753 (em marcos bancrios). ................................................................................................................................................. 91Tabela 5: Nmero de navios aportados em Hamburgo, procedentes de Portugal, Frana e Inglaterra (1765-1823). .............................................................................................................................................. 119Tabela 6: Capacidade dos navios aportados em Hamburgo de Portugal, Frana e Inglaterra (1765-1823). ......................................................................................................................................................... 123Tabela 7: Exportao de linho da Silsia (1748-1788) (em tleres).......................................................... 175Tabela 8: Exportaes de linho do Condado de Ravensberg, 1755-1808 (em tleres).............................. 180Tabela 9: Nmero de navios aportados em Hamburgo de vrias naes. 203Tabela 10: Nmero de navios hamburgueses aportados em Hamburgo, procedentes diretamente dos portos do Brasil.......................................................................................................................................... 233Tabela 11: Importao de Hamburgo em Portugal, em 1753 (em marcos bancrios e porcentagem)....... 246Tabela 12: Importaes portuguesas da Inglaterra, de 1703-1796 e de 1796-1815 (ris)......................... 254Tabela 13: Reconhecimento da Independncia e os tratados do Brasil com as Naes............................ 272Tabela 14: Importaes portuguesas para as Naes estrangeiras representao absoluta (1796 -1831). ......................................................................................................................................................... 328Tabela 15: Exportaes portuguesas para as Naes estrangeiras representao absoluta (1796-1831). ......................................................................................................................................................... 333Tabela 16: Importaes portuguesas das Naes estrangeiras, representao absoluta e percentual (1796-1831) (mil ris). .............................................................................................................................. 342Tabela 17: Exportaes portuguesas para as Naes estrangeiras, representao absoluta (1796-1831) (em ris). .................................................................................................................................................... 354Tabela 18: Comparao das exportaes e importaes portuguesas totais para as Naes estrangeiras (1796-1831) (mil ris). .............................................................................................................................. 365Tabela 19: Superavit das importaes e exportaes portuguesas para as Naes estrangeiras (1796-1831) (valores absoluto e relativo). ........................................................................................................... 368Tabela 20: Importaes totais portuguesas das Naes estrangeiras, por produtos (1796-1831).............. 374Tabela 21: Exportaes portuguesas para as Naes estrangeiras, por origem (1796-1831) (mil ris).... 380Tabela 22: Superavit das importaes e exportaes portuguesas para as Naes estrangeiras (1796-1831) (valores absolutos)........................................................................................................................... 392Tabela 23: Posio das reexportaes portuguesas para as Naes estrangeiras de produtos brasileiros (1796-1831). .............................................................................................................................................. 407Tabela 24: Participao absoluta dos pases compradores de produtos brasileiros (1796-1831) (mil ris). ........................................................................................................................................................... 416Tabela 25: Comparao entre importaes portuguesas de produtos brasileiros e sua reexportao para as Naes estrangeiras (1796-1831) (em ris)........................................................................................... 422Tabela 26: Importaes totais portuguesas de Hamburgo, por artigo (1796-1831)................................... 429Tabela 27: Exportaes portuguesas para Hamburgo, por origem (1796-1831) (mil ris)........................ 438Tabela 28: Comparaes das exportaes portuguesas de produtos do Brasil e de outras origens para Hamburgo. ................................................................................................................................................ 444Tabela 29: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo e outros pases (1796-1831). ......................................................................................................................................................... 449Tabela 30: Fluxo comercial de importaes e exportaes portuguesas em Hamburgo (valor absoluto) (1796-1831). .............................................................................................................................................. 461Tabela 31: Importaes portuguesas do Brasil e outras colnias (1796-1831) (mil ris).......................... 470Tabela 32: Exportaes portuguesas para o Brasil e outras colnias (1796-1831) (mil ris).................... 475Tabela 33: Posio relativa s importaes portuguesas do Brasil e outras colnias (1796-1831) (mil ris). .......................................................................................................................................................... 479Tabela 34: Posio relativa s exportaes portuguesas para o Brasil e outras colnias (1796-1831) (mil ris). ................................................................................................................................................... 482Tabela 35: Superavit das exportaes e importaes portuguesas de suas colnias (1796-1831) (mil ris)............................................................................................................................................................. 492Tabela 36: Total de importaes e exportaes portuguesas para o Brasil e outras colnias (1796-1831) (mil ris).......................................................................................................................................... 499

  • 14

    Tabela 37: Importaes portuguesas por regies brasileiras (1796-1831) (mil ris)................................. 504Tabela 38: Importaes portuguesas do Brasil, por produto (1796-1831) (mil ris)................................. 509Tabela 39: Exportaes portuguesas para as regies brasileiras (1796-1831) (mil ris)........................... 514Tabela 40: Exportaes portuguesas para o Brasil, por produto (1796-1831) (mil ris)........................... 520Tabela 41: Importaes portuguesas das regies brasileiras (1796-1831) (em ris)................................. 529Tabela 42: Importaes portuguesas das regies brasileiras (1796-1831) (em ris e porcentagem)......... 547Tabela 43: Importaes portuguesas das regies brasileiras, 1796 a 1831 (porcentagem)........................ 548Tabela 44: Exportaes portuguesas para as regies brasileiras (1796-1831) (mil ris)........................... 559Tabela 45: Exportaes portuguesas para as regies brasileiras (1796-1831) (mil ris) (ris e porcentagem).............................................................................................................................................. 575Tabela 46: Exportaes portuguesas para as regies brasileiras (1796-1831) (porcentagem).................. 576Tabela 47: Comparao das exportaes e importaes portuguesas totais para as Naes estrangeiras e colnias (1796-1831) (mil ris)............................................................................................................... 594Tabela 48: Nmero de navios aportados nos portos de Lisboa e Porto..................................................... 597Tabela 49: Nmero de navios que partiram dos portos de Lisboa e Porto................................................ 599Tabela 50: Reexportaes portuguesas de produtos brasileiros para as Naes estrangeiras (1796-1831) (quantidade)..................................................................................................................................... 605Tabela 51: Reexportaes portuguesas de produtos brasileiros para as Naes estrangeiras (1896-1831) (em ris)........................................................................................................................................... 610Tabela 52: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (produtos).... 615Tabela 53: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831)...................... 623Tabela 54: Importao portuguesa de acar branco brasileiro e reexportao para Hamburgo (1796-1831) (quantidade/ valor/ porcentagem).................................................................................................... 630Tabela 55: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831)...................... 634Tabela 56: Importao portuguesa de acar mascavado brasileiro e reexportao para Hamburgo (1796-1831) (quantidade/ valor/ porcentagem).......................................................................................... 640Tabela 57: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831)...................... 644Tabela 58: Importao portuguesa de algodo brasileiro e reexportao para Hamburgo (1796-1831) (quantidade/ valor/ porcentagem). ............................................................................................................. 649Tabela 59: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (anil)............ 653Tabela 60: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (arroz).......... 657Tabela 61: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (caf)........... 662Tabela 62: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (couros secos).......................................................................................................................................................... 666Tabela 63: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (tabaco)....... 671Tabela 64: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (cacau)......... 675Tabela 65: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (couros salgados). .................................................................................................................................................. 679Tabela 66: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (pau-brasil).. 983Tabela 67: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (salsaparrilha)............................................................................................................................................. 687Tabela 68: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (ipecacuanha)............................................................................................................................................. 691Tabela 69: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (vaquetas).... 695Tabela 70: Exportaes portuguesas de produtos brasileiros para Hamburgo (1796-1831) (tapioca)...... 699Tabela 71: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (quantidade, valor em ris e porcentagem).............................................................................................................................................. 706Tabela 72: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (trigo: quantidade e valor)................... 711Tabela 73: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (aniagens: quantidade e valor)............. 715Tabela 74: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (bretanhas: quantidade e valor)........... 719Tabela 75: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (brim: quantidade e valor)................... 723Tabela 76: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (crs: quantidade e valor).................... 727Tabela 77: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (linho: quantidade e valor)................... 732Tabela 78: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (ferro: quantidade e valor)................... 736Tabela 79: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (cobre em folha: quantidade e valor)... 741Tabela 80: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (ao: quantidade e valor)..................... 745Tabela 81: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (panos de linho: quantidade e valor)... 749Tabela 82: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (calhamaos: quantidade e valor)........ 753Tabela 83: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (centeio: quantidade e valor)............... 757Tabela 84: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (vidro: quantidade e valor).................. 761

  • 15

    Tabela 85: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (cambraias: quantidade e valor)........... 765Tabela 86: Importaes portuguesas de Hamburgo (1796-1831) (armas de fogo e armas brancas: quantidade e valor)..................................................................................................................................... 769Tabela 87: Importao portuguesa do Brasil (1796-1831) (em ris e porcentagem)................................. 775Tabela 88: Importaes portuguesas do Brasil: acar branco (arrobas/ris) (1796-1831)....................... 787Tabela 89: Importao de Portugal no Brasil: acar mascavado (arrobas/ris) (1796-1831).................. 792Tabela 90: Importao de Portugal no Brasil: algodo (arrobas/ ris) (1796-1831).................................. 801Tabela 91: Importao de Portugal no Brasil: tabaco (arrobas/ ris) (1796-1831).................................... 804Tabela 92: Importao de Portugal no Brasil: couros secos (arrobas/ ris) (1796-1831).......................... 807Tabela 93: Importao de Portugal no Brasil: arroz (arrobas/ ris) (1796-1831)...................................... 811Tabela 94: Importao de Portugal no Brasil: cacau (arrobas/ ris) (1796-1831)..................................... 814Tabela 95: Importao de Portugal no Brasil: caf (arrobas/ ris) (1796-1831)....................................... 817Tabela 96: Importao de Portugal no Brasil: couros salgados (arrobas/ ris) (1796-1831)..................... 820Tabela 97: Importao de Portugal no Brasil: anil (arrteis/ ris) (1796-1831)........................................ 823Tabela 98: Importao de Portugal no Brasil: pau-brasil (quintais/ ris) (1796-1831)............................. 826Tabela 99: Importao de Portugal no Brasil: ipecacuanha (arrteis/ ris) (1796-1831).......................... 829Tabela 100: Importao de Portugal no Brasil: salsaparrilha (arrobas/ ris) (1796-1831)........................ 892Tabela 101: Importao de Portugal no Brasil: vaquetas (arrobas/ ris) (1796-1831).............................. 835Tabela 102: Importao portuguesa do Brasil (1796-1831) (quantidade/ porcentagem)........................... 842Tabela 103: Exportao de Portugal para o Brasil: bacalhau: (quintais) (1796-1831).............................. 857Tabela 104: Exportao de Portugal para o Brasil: manteiga (arrobas) (1796-1831)................................ 860Tabela 105: Exportao de Portugal para o Brasil: aniagens (varas) (1796-1831).................................... 863Tabela 106: Exportao de Portugal para o Brasil: bretanhas (peas) (1796-1831).................................. 866Tabela 107: Exportao de Portugal para o Brasil: brim (peas) (1796-1831).......................................... 869Tabela 108: Exportao de Portugal para o Brasil: cambraia (peas) (1796-1831)................................... 872Tabela 109: Exportao de Portugal para o Brasil: ao (quintais) (1796-1831)........................................ 875Tabela 110: Exportao de Portugal para o Brasil: azeite (almudes) (1796-1831)................................... 878Tabela 111: Exportao de Portugal para o Brasil: panos de linho (varas) (1796-1831).......................... 881Tabela 112: Exportaes portuguesas para o Brasil: produtos (quantidade e porcentagem)..................... 885

  • 16

    SUMRIO

    INTRODUO 21 CAPTULO 1 A CONJUNTURA HAMBURGUESA AO FINAL DO SCULO

    18 E INCIO DO SCULO 19 251.1 O SIGNIFICADO POLTICO E ECONMICO DE HAMBURGO NO

    CONTEXTO ALEMO 251.1.1 A ALEMANHA PR-INDUSTRIAL 25

    1.2 A PRAA COMERCIAL DE HAMBURGO NO SCULO 18 E PRIMEIRAS DCADAS DO SCULO 19 46

    1.2.1 PANORAMA DAS CIDADES HANSETICAS 461.2.2 HAMBURGO COMO ENTREPOSTO COMERCIAL 521.2.3 REDE DE NAVEGAO HAMBURGUESA COM AS NAES 771.2.4 HAMBURGO FACE S NAES EUROPIAS 861.2.5 INFLUNCIAS POLTICAS E CONJUNTURAIS SOBRE O

    DESENVOLVIMENTO DO COMRCIO E DA NAVEGAO HAMBURGUESES 93

    1.3 MERCADORES DA PRAA COMERCIAL DE HAMBURGO 1251.3.1 SETOR INDUSTRIAL HAMBURGUS 134

    1.4 O COMRCIO HAMBURGUS NA ECONOMIA DO ATLNTICO, ENTRE FINS DO SCULO 18 E INCIOS DO SCULO 19 141

    1.4.1 REDIRECIONAMENTO DAS RELAES COMERCIAIS ULTRAMARINAS HAMBURGUESAS 158

    1.4.2 PRODUTOS TRANSACIONAIS NO COMRCIO HAMBURGUS DE EXPORTAO E IMPORTAO 166

    15. A PR-INDSTRIA ALEM VOLTADA AO COMRCIO INTERNACIONAL 168

    CAPTULO 2 HAMBURGO E O IMPRIO LUSO-BRASILEIRO 191

    2.1 RELAES COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL E HAMBURGO 1912.2 UMA ESTRATGIA TRIANGULAR: AS RELAES

    COMERCIAIS ENTRE BRASIL, PORTUGAL E HAMBURGO 2242. 3 A ECONOMIA BRASILEIRA NO SISTEMA ECONMICO

    INTERNACIONAL NO FINAL DO SCULO 18 E INCIO DO SCULO 19 249

    2.4 TRATADO DE COMRCIO E NAVEGAO ENTRE AS CIDADES HANSETICAS E O BRASIL 273

    2.5 COMRCIO DIRETO ENTRE BRASIL E HAMBURGO 2802.6 O COMRCIO DO ACAR BRASILEIRO EM HAMBURGO 304

    2.6.1 ACAR DE CANA VERSUS ACAR DE BETERRABA, NA SEGUNDA METADE DO SCULO 19 306

    CAPTULO 3 O COMRCIO ENTRE PORTUGAL BRASIL E HAMBURGO

    POR MEIO DAS FONTES QUANTITATIVAS (1796-1831) 3133.1 AS BALANAS DE COMRCIO 313

    3.1.1 PORTUGAL NAES ESTRANGEIRAS: IMPORTAES, 1796 A 1831 325

    3.1.2 PORTUGAL NAES ESTRANGEIRAS: EXPORTAES, 1796 A 1831 330

    3.1.3 PORTUGAL NAES ESTRANGEIRAS: IMPORTAO: REPRESENTAO ABSOLUTA E PERCENTUAL 335

    3.1.4 PORTUGAL NAES ESTRANGEIRAS: EXPORTAES (REPRESENTAES ABSOLUTA E PERCENTUAL) 348

    3.1.5 FLUXO COMERCIAL ENTRE PORTUGAL E AS NAES ESTRANGEIRAS 360

  • 17

    3.1.6 COMPARAES DAS EXPORTAES E IMPORTAES PORTUGUESAS TOTAIS DAS NAES ESTRANGEIRAS, 1796 A 1831 (MIL RIS) 367

    3.1.7 ANLISE DAS IMPORTAES TOTAIS PORTUGUESAS DAS NAES ESTRANGEIRAS (POR PRODUTOS) 371

    3.1.8 ANLISE DAS EXPORTAES PORTUGUESAS POR ORIGEM (REPRESENTAO ABSOLUTA E PERCENTUAL) 377

    3.1.9 FLUXO COMERCIAL DAS IMPORTAES E EXPORTAES PORTUGUESAS PARA AS NAES ESTRANGEIRAS

    3833.2 ANLISE DAS REEXPORTAES PORTUGUESAS DE PRODUTOS

    BRASILEIROS PARA AS NAES ESTRANGEIRAS 4033.2.1 PORTUGAL REEXPORTAES DE PRODUTOS BRASILEIROS PARA

    AS NAES ESTRANGEIRAS: POSIO 4033.2.2 PORTUGAL NAES ESTRANGEIRAS: REEXPORTAES DE

    PRODUTOS BRASILEIROS 4093.2.3 COMPARAES ENTRE COMRCIO DE IMPORTAES

    PORTUGUESAS DE PRODUTOS DO BRASIL E SUA REEXPORTAO PARA AS NAES ESTRANGEIRAS 421

    3.3 ANLISE DO MOVIMENTO COMERCIAL ENTRE PORTUGAL E HAMBURGO 4243.3.1 PORTUGAL HAMBURGO: IMPORTAES (REPRESENTAES

    ABSOLUTA E PERCENTUAL) 4243.3.2 PORTUGAL HAMBURGO: EXPORTAES (REPRESENTAO

    ABSOLUTA E PERCENTUAL) 432 3.3.3 COMPARAES DAS EXPORTAES PORTUGUESAS PARA

    HAMBURGO, ORIGEM (REPRESENTAO ABSOLUTA E PERCENTUAL) 442

    3.3.4 PORTUGAL HAMBURGO: EXPORTAES PORTUGUESAS DE PRODUTOS DO BRASIL PARA HAMBURGO E OUTRAS NAES ESTRANGEIRAS (REPRESENTAO ABSOLUTA E PERCENTUAL) 446

    3.3.5 FLUXO COMERCIAL ENTRE PORTUGAL E HAMBURGO 453

    CAPTULO 4 EXPORTAES E IMPORTAES PORTUGUESAS DE SUAS COLNIAS, 1796 A 1831 465

    4.1 COMRCIO PORTUGUS COM SUAS COLNIAS: MOVIMENTO DE IMPORTAO E EXPORTAO 4654.1.1 PORTUGAL IMPORTAES COLONIAIS REPRESENTAO

    ABSOLUTA E PERCENTUAL 4684.1.2 PORTUGAL EXPORTAES PORTUGUESAS PARA AS SUAS

    COLNIAS (REPRESENTAO ABSOLUTA E PERCENTUAL) 4734.1.3 POSIO RELATIVA S IMPORTAES PORTUGUESAS DO

    BRASIL E OUTRAS COLNIAS 4784.1.4 POSIO RELATIVA AS EXPORTAES PORTUGUESAS PARA O

    BRASIL E OUTRAS COLNIAS 4814.1.5 FLUXO DAS IMPORTAES E EXPORTAES PORTUGUESAS DE

    SUAS COLNIAS 4844.1.6 FLUXO COMERCIAL ENTRE PORTUGAL E SUAS COLNIAS 498

    4.2 ANLISE DO MOVIMENTO COMERCIAL ENTRE PORTUGAL E O BRASIL, POR REGIES 5014.2.1 PORTUGAL BRASIL: IMPORTAES POR REGIES

    (REPRESENTAO ABSOLUTA E PORCENTAGEM) 5024.2.2 PORTUGAL IMPORTAES DO BRASIL POR PRODUTOS 5074.2.3 PORTUGAL BRASIL: EXPORTAES POR REGIES

    (REPRESENTAO ABSOLUTA E PORCENTAGEM) 5124.2.4 PORTUGAL BRASIL: EXPORTAES POR PRODUTOS 517

  • 18

    4.3 ANLISE DO MOVIMENTO COMERCIAL ENTRE PORTUGAL PARA AS REGIES BRASILEIRAS POR PRODUTOS 5234.3.1 PORTUGAL BRASIL: IMPORTAES DAS REGIES

    BRASILEIRAS (POR PRODUTOS) 5234.3.2 PORTUGAL BRASIL: EXPORTAES PARA AS REGIES

    BRASILEIRAS (POR PRODUTOS) 553

    4.4 ANLISE RESULTADO FINAL DO EXERCCIO DO MOVIMENTO COMERCIAL DE PORTUGAL COM AS NAES ESTRANGEIRAS E PORTUGAL COM AS SUAS COLNIAS 583

    4.5 NMERO DE NAVIOS PORTUGUESES E ESTRANGEIROS QUE ENTRARAM E SARAM COM CARGAS PELAS BARRAS DE LISBOA E PORTO 596

    CAPTULO 5 ANLISE DOS PRINCIPAIS PRODUTOS COLONIAIS

    COMERCIALIZADOS ENTRE PORTUGAL E HAMBURGO 6015.1 PORTUGAL NAES ESTRANGEIRAS: REEXPORTAES DOS

    PRINCIPAIS PRODUTOS (QUANTIDADES) 6015.1.1 PORTUGAL NAES ESTRANGEIRAS: REEXPORTAO DOS

    PRINCIPAIS PRODUTOS (REPRESENTAO ABSOLUTA EM RIS) 607

    5.2 PORTUGAL HAMBURGO: PRINCIPAIS PRODUTOS BRASILEIROS DE REEXPORTAO PARA HAMBURGO (PREOS, QUANTIDADES E VALOR ABSOLUTO EM RIS) 6125.2.1 PRODUTOS EXPORTADOS POR PORTUGAL PARA HAMBURGO 6125.2.2 EXPORTAES PORTUGUESAS DE PRODUTOS BRASILEIROS

    PARA HAMBURGO 6145.2.2.1 O COMRCIO DO ACAR BRANCO 6175.2.2.1.1 BALANO GERAL ENTRE A IMPORTAO

    PORTUGUESA DE ACAR BRANCO NO BRASIL E SUA REEXPORTAO PARA HAMBURGO 626

    5.2.2.2 O COMRCIO DO ACAR MASCAVADO 6335.2.2.2.1 BALANO GERAL ENTRE A IMPORTAO

    PORTUGUESA DE ACAR MASCAVADO NO BRASIL E SUA REEXPORTAO PARA HAMBURGO 637

    5.2.2.3 O COMRCIO DO ALGODO 6435.2.2.3.1 BALANO GERAL ENTRE A IMPORTAO

    PORTUGUESA DE ALGODO NO BRASIL E SUA REEXPORTAO PARA HAMBURGO 647

    5.2.2.4 O COMRCIO DO ANIL 6525.2.2.5 O COMRCIO DO ARROZ 6565.2.2.6 O COMRCIO DO CAF 6605.2.2.7 O COMRCIO DOS COUROS SECOS 6655.2.2.8 O COMRCIO DO TABACO 6695.2.2.9 O COMRCIO DO CACAU 6745.2.2.10 O COMRCIO DOS COUROS SALGADOS 6785.2.2.11 O COMRCIO DO PAU-BRASIL 6825.2.2.12 O COMRCIO DA SALSAPARRILHA 6865.2.2.13 O COMRCIO DA IPECACUANHA 6905.2.2.14 O COMRCIO DE VAQUETAS 6945.2.2.15 O COMRCIO DA TAPIOCA 698

    5.3 ANLISE DO MOVIMENTO COMERCIAL DE IMPORTAO E EXPORTAO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS ENTRE PORTUGAL E HAMBURGO 7025.3.1 PRODUTOS IMPORTADOS POR PORTUGAL DE HAMBURGO 702

  • 19

    5.4 PORTUGAL HAMBURGO: PRINCIPAIS PRODUTOS DE IMPORTAO PORTUGUESA EM HAMBURGO (PREOS, QUANTIDADES E VALORES) 7055.4.1 O COMRCIO DO TRIGO 7085.4.2 O COMRCIO DE ANIAGENS 7145.4.3 O COMRCIO DAS BRETANHAS 7185.4.4 O COMRCIO DAS PEAS DE BRIM 7225.4.5 O COMRCIO DE PEAS DE CRS 7265.4.6 O COMRCIO DE LINHO 7305.4.7 O COMRCIO DE FERRO 7355.4.8 O COMRCIO DE COBRE EM FOLHA 7405.4.9 O COMRCIO DE AO 7445.4.10 O COMRCIO DE PANOS DE LINHO 7485.4.11 O COMRCIO DE CALHAMAOS 7525.4.12 O COMRCIO DE CENTEIO 7565.4.13 O COMRCIO DE VIDRO 7605.4.14 O COMRCIO DE CAMBRAIAS 7645.4.15 O COMRCIO DE ARMAS BRANCAS E DE FOGO

    768CAPTULO 6 ANLISE QUANTITATIVA DOS PRINCIPAIS PRODUTOS

    EXPORTADOS E IMPORTADOS POR PORTUGAL DO BRASIL 772

    6.1 PORTUGAL BRASIL: PRINCIPAIS PRODUTOS DE IMPORTAES PORTUGUESAS (PREOS E QUANTIDADES) 772

    6.2 VARIEDADE DE PRODUTOS IMPORTADOS POR PORTUGAL NO BRASIL 780

    6.3 ANLISE ESPECFICA DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DE IMPORTAO PORTUGUESA NO BRASIL 782

    6.3.1 O COMRCIO DO ACAR BRANCO 7826.3.2 O COMRCIO DO ACAR MASCAVADO 7896.3.3 O COMRCIO DO ALGODO 7946.3.4 O COMRCIO DO TABACO 8036.3.5 O COMRCIO DOS COUROS SECOS 8066.3.6 O COMRCIO DO ARROZ 8096.3.7 O COMRCIO DO CACAU 8136.3.8 O COMRCIO DO CAF 8166.3.9 O COMRCIO DOS COUROS SALGADOS 8196.3.10 O COMRCIO DO ANIL 8226.3.11 O COMRCIO DO PAU-BRASIL 8256.3.12 O COMRCIO DE IPECACUANHA 8286.3.13 O COMRCIO DE SALSAPARRILHA 8316.3.14 O COMRCIO DE VAQUETAS 8346.3.15 SNTESE DO COMRCIO DAS IMPORTAES PORTUGUESAS DO BRASIL 837

    6.4 RELAO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DE EXPORTAES PORTUGUESAS PARA O BRASIL 8416.4.1 VARIEDADE DE PRODUTOS EXPORTADOS POR PORTUGAL AO

    BRASIL 8516.4.2 O COMRCIO DO BACALHAU 8566.4.3 O COMRCIO DA MANTEIGA 8596.4.4 O COMRCIO DE ANIAGENS 8626.4.5 O COMRCIO DE BRETANHAS 8656.4.6 O COMRCIO DE PEAS DE BRIM 8686.4.7 O COMRCIO DE CAMBRAIA 8716.4.8 O COMRCIO DE AO 8746.4.9 O COMRCIO DE AZEITE 8776.4.10 O COMRCIO DE PANOS DE LINHO 8806.4.11 SNTESE DO COMRCIO DE EXPORTAO PORTUGUS PARA O

    BRASIL 883

  • 20

    CONSIDERAES FINAIS 892 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 897

  • 21

    INTRODUO

    Esta tese enfoca, essencialmente, as relaes comerciais entre o Brasil em seus dois

    momentos, de colnia portuguesa e pas independente , Portugal e Hamburgo, cobrindo o

    vasto perodo de 1796 a 1831, limites fixados pela srie contnua das Balanas de Comrcio

    entre Portugal, seus Domnios e as Naes Estrangeiras. Apesar de centrada no movimento

    comercial entre os plos citados, a abordagem muito mais ampla, pois envolve atividades

    industriais nos pases europeus, especialmente na Alemanha e Portugal, questes de relaes

    internacionais, sobretudo considerando-se a complexidade do momento em tela, pois, como

    sabemos, as guerras quase ininterruptas entre os fins do sculo 18 e incios do sculo 19,

    tornaram este num dos perodos mais conturbados da histria, responsveis, inclusive, pelo

    massivo deslocamento da Corte portuguesa para o Brasil, como analisou em livro recente o

    professor Jos Jobson de Andrade Arruda.

    O objetivo inicial de nosso projeto de tese era extremamente simples, pois se tratava

    de repetir, de certa forma, o padro de tratamento conferido por nosso orientador ao seu

    prprio estudo, pioneiro entre ns, sobre O Brasil no Comrcio Comercial, baseado na

    documentao das Balanas organizadas pelo contador Maurcio Jos Teixeira de Moraes.

    Nesse caso, nossos limites cronolgicos estariam entre 1796 e 1811, pois estes eram os

    microfilmes disponibilizados por nosso orientador, adquiridos nos anos 1970, a partir da srie

    existente na Biblioteca Nacional de Lisboa. passaramos a compor, nesse caso, um conjunto

    de trabalhos setoriais sobre as relaes de comrcio do Imprio portugus, a exemplo do

    trabalho sobre o comrcio entre a Itlia e Portugal, do prprio professor Jobson, ainda indito,

    e de outro trabalho, de Jos Carlos Fernandes Galati sobre o comrcio de Portugal com a

    Frana. Um trabalho preliminar sobre as relaes com Hamburgo havia sido iniciado por

    Osvaldo Pagnozi, destinado a se tornar uma dissertao de mestrado, mas que no foi

    concludo, tendo passado apenas pela etapa da qualificao.

  • 22

    Na medida em que nosso orientador considerava fundamental a continuidade desse

    trabalho, retomamos o caminho original, ampliando consideravelmente a cronologia e a massa

    documental compulsada. De fato, tendo sido contemplada com uma bolsa de doutoramento da

    CAPES, junto ao programa de bolsas da Ctedra Jaime Corteso/ Instituto Cames, tivemos a

    oportunidade nica de percorrer arquivos portugueses e alemes. Em Braga, orientada pela

    Professora Maria Cristina Moreira, consultamos o acervo digitalizado das Balanas de

    Comrcio da Universidade do Minho e, no arquivo de obras raras, consultamos vrias

    correspondncias do consulado portugus em Hamburgo e outras correspondncias enviadas

    pelas autoridades hamburguesas ao Conde da Barca. Em Lisboa, consultamos os relatrios

    consulares no Arquivo da Torre do Tombo e outros valiosos documentos confirmando as

    relaes entre Portugal e Alemanha, na Biblioteca Nacional.

    A estada em Portugal deu-nos a oportunidade de um deslocamento altamente

    compensador cidade de Hamburgo. L, sob orientao do professor Horst Pietchmann,

    trabalhamos uma vasta documentao sobre o comrcio de Hamburgo, muitos deles escritos

    em alemo gtico, exigindo muitos esforos para serem traduzidos, mas cuja incorporao

    tese realmente fariam enorme diferena, pois, at o momento, todos os trabalhos realizados

    neste mbito haviam se baseado exclusivamente nas Balanas de Comrcio portuguesas, ao

    passo que os dados colhidos nos arquivos hamburgueses propiciavam-nos um olhar crtico

    comparativo sobre a documentao. Altamente positivo foi o fato de, ao lado da

    documentao quantitativa, encontramos ampla massa documental qualitativa, na forma de

    cartas consulares, relatrios, que permitiram um entrosamento entre os dois tipos de fontes,

    experincia que nosso orientador j havia realizado quando da elaborao de sua tese de

    doutoramento, em que se buscava um adensamento da anlise qualitativa pela utilizao

    adequada da documentao quantitativa. Estamos cientes de que os nmeros, assim como

    todos os documentos, foram construdos, por isso mesmo no os entendemos como realidades

  • 23

    objetivas e inquestionveis, verdades absolutas. Eles so apenas o ponto de partida e no de

    chegada do conhecimento, mas tambm no so mais positivistas por sua essncia. Os

    desafios atuais para fazer uma pesquisa que se traduza numa tese de histria econmica so

    muitos. O principal deles, contudo, uma espcie de resistncia histria econmica, muitas

    vezes identificada com o marxismo, que passou a sofrer uma severa desconstruo com o ps-

    modernismo. Os aficionados da histria cultural, por outro lado, desconsideram a histria

    econmica como um objeto desejvel de estudo, mal percebendo, alis, de que a prpria

    histria cultural foi alvo quando da hegemonia absoluta da histria econmica e social nos

    meados dos anos 1950.

    Em sntese, nossa meta especificar a natureza das relaes comerciais entre o Brasil,

    fulcro de nossa ateno, Portugal e a cidade de Hamburgo, com a finalidade de aquilatar a

    importncia desse escoadouro europeu para as mercadorias brasileiras, uma espcie de centro

    distribuidor de produtos originrios de vrias partes do mundo, mais especificamente, de

    produtos coloniais. Por desdobramento, a importncia relativa da colnia brasileira face s

    demais colnias do Imprio portugus ficaria explicitada, da mesma forma que a importncia

    econmica dos produtos ultramarinos nas receitas portuguesas, oriundas da balana

    comercial. A especificao do tipo de produto, quantidades, valores, ter como conseqncia

    a demonstrao do grau de interseo do comrcio colonial brasileiro com o movimento

    internacional. Desde que temos a possibilidade de analisar este movimento antes e depois da

    abertura dos portos, ser possvel perceber a diferena entre os padres de comrcio em

    regime de monoplio e em regime de concorrncia, especialmente num regime de

    concorrncia, cujos privilgios alcanados por via de tratados preferenciais estabeleciam um

    verdadeiro imperialismo do comrcio livre, exercido pelo Imprio britnico, conforme estudo

    recente do Professor Jobson, o texto Uma colnia entre dois Imprios: a abertura dos portos

    brasileiros 1800-1808.

  • 24

    No fundo, o projeto inicial da pesquisa sofreu intensas alteraes porque obedeceu aos

    ditames da pesquisa, como, alis, prprio do ofcio do bom historiador. Os projetos

    excessivamente enrijecidos tornam-se camisas de fora, nos quais tendemos a forar os

    documentos. No o caso desta tese, que se distribui da seguinte forma. No primeiro captulo,

    traamos um panorama relativo a conjuntura hamburguesa no final do sculo 18 e incio do

    sculo 19, em que abordaremos o significado poltico e econmico de Hamburgo no contexto

    alemo, mais especificamente um panorama sobre as condies para a Revoluo Industrial na

    Alemanha. Abordaremos tambm a praa comercial de Hamburgo, sua relao comercial com as

    praas internacionais, o setor industrial em Hamburgo e os mercadores que realizavam as relaes

    comerciais. Trataremos o comrcio hamburgus na economia do Atlntico no perodo supracitado

    e os produtos que, direta ou indiretamente, participaram do movimento de exportao e

    importao comercial atlntico hamburgus. Segue-se, no segundo captulo, uma abordagem

    relativa ao comrcio entre Brasil, Portugal e Hamburgo. Primeiramente, analisaremos o comrcio

    entre Portugal e Hamburgo e em seguida o comrcio entre Portugal Brasil e Hamburgo e, a partir

    da abertura dos portos brasileiros, o redirecionamento do comrcio hamburgus direto com o

    Brasil. No terceiro, analisaremos o comrcio entre Portugal, Brasil e Hamburgo, nos anos de 1796

    a 1831, atravs das fontes quantitativas. Em um primeiro momento, analisaremos o movimento

    comerciais portugus com as Naes; em seguida, as reexportaes portuguesas de produtos

    brasileiros para as Naes estrangeiras e, por fim, analisaremos o movimento comercial entre

    Portugal e Hamburgo e o impacto dos produtos brasileiros nesse comrcio. No quarto captulo,

    trataremos do comrcio entre Portugal e suas colnias, a posio de cada uma delas no comrcio

    de importao e exportao; abordaremos especificamente o movimento do comrcio de

    importao e exportao entre Portugal e as diversas regies brasileiras. No quinto captulo,

    empreendemos a anlise dos principais produtos comercializados entre Portugal e Hamburgo.

    Finalmente, no sexto captulo, abordaremos a anlise dos principais produtos no comrcio entre

    Portugal e o Brasil.

  • 25

    CAPTULO 1 A CONJUNTURA HAMBURGUESA AO FINAL DO SCULO 18 E INCIO DO SCULO 19

    1.1 O SIGNIFICADO POLTICO E ECONMICO DE HAMBURGO NO CONTEXTO ALEMO

    1.1.1 A ALEMANHA PR-INDUSTRIAL

    As dificuldades para se compreender, minimamente, a histria do Estado alemo

    remontam poca da fundao oficial, por Otto I, do Sacro Imprio Romano Germnico, em

    fins do sculo 10.. O Imprio Alemo, at o sculo 19, no possua um territrio integrado,

    com um centro econmico e administrativo:

    Na Alemanha, h quatro cidades livres: h diferentes Potncias com Governos mistos; e h outras Soberanias, cujos Governos so absolutos; como possvel, com estas diferentes Constituies e Legislao, que possa esta mesma gente ter idias de unio, de ordem e de raciocnio civil, sendo estes povos revestidos de diferentes princpios, e vivendo todos continuamente entre si em comunicao diria? Como possvel que a ordem da Educao Civil, sendo variada, no seja o modo de pensar tambm diferente nesta gente? Que sendo as Regulaes e Leis analisadas nas diferentes Universidades de Alemanha, por variadas opinies, no seja a Conformidade Civil perturbada, enquanto h nos princpios uma diversidade de pareceres? Assim, concluo que, enquanto a Alemanha no tiver um s Governo, uma s Lei, e uma s Educao Civil, improvvel que todos os Congressos do Mundo, possam organizar esta poro de gente a uma opinio exata e com toda conformidade de obedincia civil, que causa aquela mbil moral que se chama em todas as outras Naes patriotismo nacional.1

    Enquanto outros pases consolidavam-se em Estados Nacionais, com um s poder

    estatal central e uma s religio oficial, a nao alem manteve-se dividida. Montanhas e vias

    1 Enquanto Alemanha, julgo, ser impossvel vir ao fim de calar esta doutrina, conquanto sem barreiras, h estados que se tocam; que gozam de diferentes Constituies, e de diferentes Legislaes. Como possvel amalgamar-se diferentes opinies sobre um s ponto de vista poltico, se h objetos intermedirios, que desviam os raios pticos em diferentes direes? Como natural vista humana que povos que se tocam sem alguma barreira fsica, ou moral, nem em lngua, nem em costumes, nem em maneiras, podem ver outros gozarem de diferentes leis, civis e religiosas, de outros privilgios, e outras regalias, que no cuidam no modo de melhorar, se possvel a sua situao poltica?. Carta do Ministro portugus em Hamburgo, Jos Anselmo Corra Henriques, a Thomas Antnio de Vilanova Portugal. Hamburgo, 21 de julho de 1820. Coleo de Documentos manuscritos do Ministrio dos Negcios Estrangeiras, Correspondncias consulares trocadas entre

  • 26

    delimitavam sua diviso em ducados, arcebispados, eleitorados, principados e Cidades-

    Estado.2 Estas estruturas, freqentemente, desenvolviam ligaes mais estreitas com regies

    no germnicas do que uma com as outras.3 Por sculos, as terras germnicas serviram,

    portanto, como intermedirias sobre o gradiente entre Oeste e Leste: De fato, desde o sculo

    16, o gradiente oeste tornou-se mais pronunciado; seus vizinhos ocidentais receberam

    mltiplos estmulos de expanso colonial cujos efeitos sobre a Alemanha foram muito

    atenuados.4 Na poca da Reforma de 1517, as divises da Alemanha passaram a ser no

    somente polticas mas tambm religiosas, com alguns prncipes aderindo ao protestantismo,

    permanecendo os imperadores, da dinastia dos Habsburgos, catlicos.5

    , portanto, de grande importncia para a histria da Alemanha ter encontrado sua

    identidade nacional primeiro na esfera cultural da literatura e da filosofia e que isto tenha sido

    secundariamente seguido pela unificao econmica na unio aduaneira de 1834, enquanto

    sua unio poltica teve de aguardar at 1871.6 Foi pelo Tratado de Paz de Vestflia, em 1648,

    que se oficializou a existncia de dois credos na Alemanha, o protestante e o catlico, de

    maneira que o protestantismo pode ser seguido ao Norte, enquanto que o Sul manteve-se

    catlico.

    Ao longo do sculo 18, apresenta-se a diviso entre a dinastia prussiana e a austraca.

    A ustria dos Habsburgos se volta para a defesa a Leste e Sudoeste de seu territrio, abrindo

    Portugal e o Consulado em Hamburgo. Dos anos 1820 a 1827. Caixa 611. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Lisboa, Portugal. 2 Enquanto outros pases consolidavam-se em Estados Nacionais, com um s poder estatal central e uma religio oficial, a nao alem manteve-se fragmentada em mais de quatrocentos principados e algumas Cidades-Estado. A decadncia culminou com a derrota dos Habsburgos na Guerra dos Trinta Anos, na primeira metade do sculo 17, com cerca de um tero de sua populao dizimada. LENZ, Sylvia. Brasil, Cidades Hanseticas e Prssia: uma histria social dos alemes no Rio de Janeiro (1815-1866). 1999. Tese (Doutorado) Histria. Ps-graduao em Histria, Universidade Federal Fluminense. Niteri, Rio de Janeiro, 1999. p. 29. 3 BORCHARDT, Knut. Die industrialle Revolution in Deutschland (R. Piper) 1972, 1998 Englische Ausgabe, Industrial Revolution in Germany 1700-1914. (Fontana Economic History of Europe, bug. V Carlo M. Cipolla. Lieferung, IV, 4). London, 1972. Braga, nov. 2001. p. 78. 4 BORCHARDT, 2001, loc. cit. 5 LENZ, op. cit., p. 29. 6 BORCHARDT, op. cit., p.85.

  • 27

    mo, aps o Tratado de 1648, das pretenses territoriais na divisa com a Frana.7 A

    monarquia austraca, desde aquela poca, um sistema de governo conservador, valorizando as

    grandes extenses de terras, era um Estado mantenedor, mesmo depois da Revoluo

    Francesa, do equilbrio diplomtico por meio da tradio dos casamentos e ao mesmo tempo

    acolhedor, no importando a procedncia dos povos, lngua, credos e mesmo religio; a

    expanso de seu territrio culminou em 1867, na formao da monarquia dupla: o Imprio

    austro-hngaro.8

    Quanto dinastia Hohenzollern, do Reino Brandenbug-Prssia, sob o governo de

    Frederico Guilherme, visou consolidao de um Estado centralizado, burocrtico e

    militarizado, de modo a fortalecer sua nao, adotando como slogan: Tudo para o povo, mas

    nada atravs do povo.9 Este governo promove o povoamento de vastas reas vazias, asilando

    protestantes, como os huguenotes e outros. Proporcionaram a vinda de famlias judaicas para

    desenvolverem o comrcio e a indstria prussiana.10 Investiram na construo de estradas e na

    abertura de hidrovias, visando a um maior intercmbio de mercadorias, de modo a

    proporcionar a economia e a modernizao do Estado.11 Tanto a Prssia como a ustria

    dominavam os Estados menores do Imprio, isso para manter a tradio de uma sociedade

    estamental, nobilirquica e agrria ou para racionalizar o sistema governamental,

    investimento na formao militar, no incremento e na viabilizao do comrcio e da

    produo.12 Em 1806, temos a sentena final daquela Alemanha, com a abdicao do

    Imperador Francisco II.

    7 RAFF, Diether. Deutsche Geschichte, vom alten Reich zum vereinten Deutschland. Auflage 6, Wilhelm Heyne Verlag: Mnchen, 1997. p. 49; LENZ, Sylvia. Brasil, Cidades Hanseticas e Prssia: uma histria social dos alemes no Rio de Janeiro (1815-1866). 1999. Tese (Doutorado) Histria. Ps-graduao em Histria, Universidade Federal Fluminense. Niteri, Rio de Janeiro, 1999. p. 30. 8 HANTSCH, Hugo. Die Geschichte, sterreichs (1648-1918). 2 Bd . Wien: Styria, 1968. p. 374; LENZ, 1999, loc. cit., 30. 9 RAFF, op. cit., p. 49. 10 ENGELMANN, Bernt. Wir Unternanen. Wien: C. Bertelsmann, 1973. p. 181. 11 RAFF, op. ci.t, p. 171. 12 LENZ, 1999, loc. cit.

  • 28

    A situao germnica no centro da Europa e sua falta de unidade poltica envolviam-

    na mais freqentemente em conflito polticos que os pases perifricos. Tornou-se com

    freqncia a cena de destrutivas guerras, como a Guerra dos Trinta Anos, que devastou o pas

    poltica e economicamente. No sculo 17, as guerras em algumas partes do Imprio foram

    devastadoras.13 Governantes e seus sditos permaneciam completamente atentos ao risco de

    guerra e isto retardou o crescimento da interdependncia econmica entre as regies.14 Em

    1789, a Alemanha ainda permanecia politicamente dividida entre 314 territrios

    independentes e sujeita a mais de 1.400 taxas de cavaleiros imperiais.15

    Havia pouca mobilidade na sociedade alem pr-industrial; no se mantinham linhas

    rgidas de demarcao entre os Estados, mas eram com freqncia enfaticamente reforados.16

    Muitas regras tradicionais de status ainda dominavam a vida nas aldeias e cidades no sculo

    18, encasulando o indivduo na segurana social. Pressionava-se rigidamente suas atividades

    econmicas em um molde poltico-social, conformando a iniciativa individual e as

    inovaes.17 Na verdade, as guildas urbanas perderam parte do seu controle sobre a indstria e

    o comrcio, medida que se desenvolveram na Alemanha os artesos rurais e manufaturas;18

    como estimativa, a indstria rural correspondia a um tero de todos os artesos em 1800,

    porm os artesos rurais eram com freqncia apenas assimilados hierarquia rural e,

    portanto, sem liberdade prpria.19 No decorrer do sculo 16, as camadas mdias alems

    tinham perdido sua influncia poltica e econmica, que assistira a um constante progresso

    desde o final da Idade Mdia e, por conseguinte, perderam, tambm sua importncia na esfera

    13 A decadncia culminou com a derrota dos Habsburgos na Guerra Trinta Anos, na primeira metade do sculo 17, com cerca de um tero de sua populao dizimada. LENZ, Sylvia. Brasil, Cidades Hanseticas e Prssia: uma histria social dos alemes no Rio de Janeiro (1815-1866). 1999. Tese (Doutorado) Histria. Ps-graduao em Histria, Universidade Federal Fluminense. Niteri, Rio de Janeiro, 1999. p. 29. 14 Ibid. 15 BORCHARDT, Knut. Die industrialle Revolution in Deutschland (R. Piper) 1972, 1998 Englische Ausgabe, Industrial Revolution in Germany 1700-1914. (Fontana Economic History of Europe, bug. V Carlo M. Cipolla. Lieferung, IV, 4) London, 1972. Braga, nov. 2001. p. 85. 16 ENGELMANN, Bernt. Wir Unternanen. Wien: C. Bertelsmann, 1973. p. 181. 17 LENZ, Ibid., p. 30. 18 HAUSER, Arnold. Histria Social da Arte e da Literatura. 7. ed. So Paulo. Martins Fontes, 1998. p. 598.

  • 29

    cultural. O comrcio internacional transferiu-se do Mediterrneo para o oceano Atlntico; as

    cidades da Liga Hansetica e da Alemanha Setentrional perderam sua posio para os centros

    comerciais holandeses e ingleses; as cidades da Alemanha Meridional, em particular

    Augsburgo, Ratisbona e Ulm, ento os principais centros da cultura alem, declinaram. Esse

    declnio das cidades alems significou o declnio das camadas mdias alems; os prncipes j

    nada tinham a esperar ou a temer delas.20

    Na Alemanha, observam-se os primeiros passos em direo industrializao no final

    do sculo 18. Em 1784, foi instalado um moinho mecanizado de fiao de algodo em

    Ratinga, e foram construdas diversas cpias dos motores a vapor de Newcomen e de Watt.

    Segundo Knut Borchardt, quaisquer consideraes sobre a revoluo industrial na Alemanha

    devem comear com esses eventos.21

    A partir do sculo 17, empreendedores principescos e seus funcionrios promoveram

    manufaturas fora das guildas.22 A Alemanha tambm possua muitas manufaturas nos sculos

    18,23 porm, tiveram vida curta e a maior parte delas entrou em colapso com o Antigo

    19 KRIEDTE, Peter; MEDICK, Hans; SCHLUMBOHM, Jrgen. Industrialisierung vor der Industrialisierung. Gttingen: Vandenhoech und Ruprecht. 1977. p. 68. 20 HAUSER, Arnold. Histria Social da Arte e da Literatura. 7. ed. So Paulo. Martins Fontes, 1998. p. 598. 21 Porm, a transformao desses comeos incipientes em um slido avano, um salto adiante para olhos modernos, levou na Alemanha muito mais tempo que na Gr-Bretanha. Especialistas ainda discordam se isso comeou em 1834, 1842-1843, ou mesmo 1850. Por razes que sero evidenciadas adiante, decidimo-nos por localizar esse comeo em 1850 e descrever como preliminar o primeiro perodo do final do sculo 18 metade do 19. Isto deixa em aberto a questo quanto ao final da revoluo industrial na Alemanha. Pode muito bem ser verdade que as instituies impelidas pelo crescimento econmico entre 1850 e 1873 garantiram mais ou menos sua continuao; todavia, no pode ser visto como determinante da revoluo industrial alem. A Alemanha apresenta uma dificuldade adicional pelo fato de que sua rea somente adquire coeso poltica e econmica ao longo do sculo. BORCHARDT, Knut. Die industrialle Revolution in Deutschland (R. Piper) 1972, 1998; Englische Ausgabe, Industrial Revolution in Germany 1700-1914. (Fontana Economic History of Europe, bug. V Carlo M. Cipolla. Lieferung, IV, 4) London 1972. Braga, novembro, 2001. p.85. 22 LENZ, Sylvia. Brasil, Cidades Hanseticas e Prssia: uma histria social dos alemes no Rio de Janeiro (1815-1866). 1999. Tese (Doutorado) Histria. Ps-graduao em Histria, Universidade Federal Fluminense. Niteri, Rio de Janeiro, 1999. p. 31. 23 Ainda por volta de 1800, estava na Alemanha mais da metade da populao ocupada, das numerosas manufaturas conhecidas poca, operando na produo txtil, que, para o princpio da nova poca e at o sculo 19, deviam ser registrados como uma espcie de indstria-chave WEBER, Klaus. Deutsche Kaufleute im Atlantikhandel, 1680-1830. Unternehmen und Familien in Hamburg, Cdiz und Bordeaux. Mnchen: Beck, 2004. p. 59.

  • 30

    Regime, seja por no terem no momento encontrado demanda ou ainda por concorrncia dos

    artesos tradicionais, que as superavam.24

    O sucesso ou a falncia das proto-indstrias no depende primariamente do

    desempenho tcnico, mas da habilidade do empreendedor no atender a novas exigncias da

    moda cortes ou da compulsoriedade do recrutamento do trabalho.25 A auto-suficincia

    domstica desempenhou na Alemanha, no final do sculo 18, papel muito maior do que

    aquele desenvolvido na Gr-Bretanha.26 Todavia, quatro de cada cinco pessoas, por volta de

    1800, vivam em lares que dependiam grandemente da produo agrcola.27 Nessas dcadas, a

    populao agrcola engajada na produo industrial domstica tinha seu ritmo ligado aos

    meses do inverno por muito tempo, em que elas se encontravam liberadas para a mudana.28

    Havia, ento, certo nmero de razes por que a Alemanha, no final do sculo 18, estava

    atrasada em relao parte da Europa ocidental, embora se comparada a pases da Europa

    oriental e meridional, sem contar outros pases, fora da Europa, a Alemanha estivesse

    relativamente avanada29. As condies variavam nas diversas partes do pas. H toda

    24 WEECH, J. Friedrich von. A agricultura e o comrcio no sistema colonial. So Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 10. 25 A auto-suficincia domstica desempenhou na Alemanha, no final do sculo 18, papel muito maior do que aquele desenvolvido na Gr-Bretanha. Quando os pees pagavam suas rendas e taxas feudais, o retorno de sua produo comercializvel deixava-as com pequena quantia disponvel. claro que havia intercmbio entre os setores econmicos, porm, estima-se geralmente que, em 1800, algo assim como 80% da populao ocupava-se na agricultura. Esta figura indubitavelmente subestima a significao de outros empregos da populao rural, sejam fiao e tecelagem. Na economia domstica, cunhada pela proto-indstria, desenvolvem-se tambm novas formas de distribuio de trabalho e planejamento do tempo dentro da famlia e mesmo a distribuio dos papis dos gneros e dos velhos precisava alterar-se quando tambm mulheres e crianas deveriam ser liberadas para a lucrativa fiao. WEBER, Klaus. Deutsche Kaufleute im Atlantikhandel, 1680-1830. Unternehmen und Familien in Hamburg, Cdiz und Bordeaux. Mnchen: Beck, 2004. p. 44. 26 KRIEDTE, Peter; MEDICK, Hans; SCHLUMBOHM, Jrgen. Industrialisierung vor der Industrialisierung. Gttingen: Vandenhoech und Ruprecht. 1977. p. 40. 27 Acresce-se que, em certas regies agrcolas serranas mdias, as inclemncias climticas e a composio do solo tornavam piores as condies desses grupos pobres que, em comparao com as regies das terras baixas, ficavam abaixo da agricultura de subsistncia. No por acaso as indstrias territoriais da Europa pr-industrial concentravam-se nas regies agrcolas serranas improdutivas. KRIEDTE; MEDICK; SCHLUMBOHM, 1977, loc. cit. 28 ZORN, Wolfgang. Probleme der Deutschen Gewerbe und Handelsgeschichte 1650-1800. In: OTTO, Bruner; KELLENBENZ, Hermann (Hrsg.). Festschrift fr Hermann Aubin zum 80. 1 Bd. Geburtstag: Wiebaden 1965. p. 304. Famlias engajadas na agricultura ou indstria, durante o sculo 18, eram pesadamente oneradas com dbitos feudais e taxaes publicas. Isto mais adiante deprimiu o poder aquisitivo da populao como um todo, bem abaixo do nvel apropriado aos mtodos inadequados de produo. 29 KRIEDTE KRIEDTE, Peter; MEDICK, Hans; SCHLUMBOHM, Jrgen. Industrialisierung vor der Industrialisierung. Gttingen: Vandenhoech und Ruprecht. 1977. p. 60, 80.

  • 31

    justificativa para apontar a Alemanha, como um todo, um pas predominantemente agrrio,

    ainda que, em 1800, somente 20% da populao da Saxnia fossem empregados

    exclusivamente na agricultura. Nos vales ao sul do Ruhr, vinculados produo de txteis e

    ferro, a densidade populacional atingiu 150 a 250 pessoas por quilometro quadrado.30 As

    indstrias exportadoras que cresceram no Baixo Reno, na Vestflia, Luscia e Baixa Saxnia

    beneficiavam-se do conflito entre a Gr-Bretanha e a Frana no final do sculo 18 e da

    obteno americana da independncia em 1783.

    Diferentemente de pases mais avanados, boa parte da Alemanha deixou de participar

    do desenvolvimento contnuo da economia de mercado, que conferiu um mpeto vital s

    atividades dos moradores. Organizao social e estrutura poltica, delineadas anteriormente;

    comunicaes inalteradas at o fim do sculo 18, e a discriminao persistente contra o

    comrcio livre combinavam-se para inibir a aplicao da diviso do trabalho e a seleo

    racional de stios e conseqente eficincia na explorao de recursos naturais. Tudo aponta

    para a existncia de um grande volume de capacidade ociosa.31 Em lugar algum os fatores de

    produo foram completamente utilizados. O emprego sazonal da fora de trabalho rural era,

    por conseguinte, desigual, mas tampouco trabalhava regularmente a industrial: Acresce-se

    que em certas regies agrcolas serranas mdias as inclemncias climticas e a composio do

    solo tornavam piores as condies desses grupos pobres que, em comparao com as regies

    das terras baixas, ficavam abaixo da agricultura de subsistncia.32 No por acaso que as

    indstrias territoriais da Europa pr-industrial concentravam-se nas regies agrcolas serranas

    30 A preparao dessa forma descentralizada de produo possibilitada em primeira linha atravs da formao de uma ampla camada baixa regional. Essa camada havia se desenvolvido segundo o crescimento demogrfico no final do sculo 17 e no 18 e tinha especial participao real nos territrios, devido estrutura de propriedade predominante de pequenos at mdios lavradores. KRIEDTE, Peter. Sptfeudalismus und Handelskapital. Grundlinien der europisschen Wirtschaftsgeschichte von 16. bis zur Ausgang des 18. Jahhundersts. Gtingem. 1980. p. 29 31 BORCHARDT, Knut. Die industrialle Revolution in Deutschland (R. Piper) 1972, 1998 Englische Ausgabe, Industrial Revolution in Germany 1700-1914. (Fontana Economic History of Europe, bug. V Carlo M. Cipolla. Lieferung, IV, 4) London 1972. Braga, nov. 2001. p. 89. 32 WEECH, J. Friedrich von. A agricultura e o comrcio no sistema colonial. So Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 10.

  • 32

    improdutivas.33 Da que nessas dcadas a populao agrcola engajada na produo industrial

    domstica tinha seu ritmo ligado aos meses do inverno. Ainda em 1834, na Prssia, no mais

    de 74% dos teares de linho eram manejados por operrios de ocupao integral em

    tecelagem.34

    Incertezas de produo e suprimento de morosidade de transporte foram responsveis

    pela vinculao de grandes somas de capital em estoques.35 O ritmo sazonal da colheita em

    uma sociedade predominantemente agrria exigia, de qualquer forma, que uma grande

    proporo da produo anual fosse estocada por longos perodos.36

    Uma das peculiaridades do grande salto frente dado pela Alemanha no sculo 19

    apareceria como avano simultneo da tecnologia manufatureira e da velocidade de converso

    economia do mercado, a revoluo na organizao.37

    Um dos fenmenos mais notveis o crescimento populacional. Com o crescimento

    da populao, a indstria e a agricultura tambm se expandiram no sculo 18. Cresceram

    simultaneamente a demanda e o suprimento de mo de obra.38 Naturalmente, com o aumento

    da populao, aumentou a fora laborial; conseqentemente, crescia a produo industrial

    nesse sculo.39 Alm disso, ao final desse perodo, um boom de exportaes acentuou a

    expanso comercial, beneficiando, em particular, a indstria do linho.40 Porm, nas indstrias

    artesanais e domsticas, o crescimento baseava-se nas tcnicas existentes:41 fiao

    mecanizada, motores a vapor e tornos de carga permaneciam em contextos isolados.42

    33 KRIEDTE, Peter; MEDICK, Hans; SCHLUMBOHM, Jrgen. Industrialisierung vor der Industrialisierung. Gttingen: Vandenhoech und Ruprecht, 1977. p. 40. 34 BORCHARDT, Knut. Die industrialle Revolution in Deutschland (R. Piper) 1972, 1998 Englische Ausgabe, Industrial Revolution in Germany 1700-1914. (Fontana Economic History of Europe, bug. V Carlo M. Cipolla. Lieferung, IV, 4) London 1972. Braga, nov. 2001. p. 91. 35 KRIEDTE; MEDICK; SCHLUMBOHM, op.cit., p. 67. 36 BORCHARDT, 2001, loc. cit. 37 Ibid., p. 14. 38 WEECH, Ibid,. p. 11. 39 BORCHARDT, 2001, loc.cit. 40 WEBER, Klaus. Deutsche Kaufleute im Atlantikhandel, 1680-1830. Unternehmen und Familien in Hamburg, Cdiz und Bordeaux. Mnchen: Beck, 2004. p. 60. 41 KRIEDTE Peter; MEDICK, Hans; SCHLUMBOHM, Jrgen. Industrialisierung vor der Industrialisierung. Gttingen: Vandenhoech und Ruprecht, 1977. p. 40.

  • 33

    O acentuadssimo aumento da manufatura exportadora, computando-se aqui

    principalmente os setores txtil e metalrgico,43 insere-se num amplo aro geogrfico que se

    estende a oeste, a noroeste at regio serrana, sobre a Bergland a Sudoeste44 e os distritos

    mineiros e fundidores da regio do Harz at Erzgebirge para a saxnica Oberlausitz e,

    finalmente, para a Bomia e a Silsia, no sudeste. Tambm h, na Alemanha do Sul, o espao

    de Wurteemberg, da encosta oriental da Floresta Negra at Alb, em Schwab, Calw, Urach e as

    cercanias das cidades imperiais da Ulme Lindau.45 Ao lado dessas regies interioranas havia

    tambm as grandes cidades manufatureiras, como Nrenberg e Augsburg, embora tenha

    perdido um pouco de seu significado e brilho passado desde a Guerra dos Trinta Anos.46 Na

    conexo com as mercadorias alems de exportao ultramarina, o linho silesiano o principal

    produto no ranking de exportao,47 sendo exportado em grandes quantidades tambm para a

    frica e Amrica, onde eram preferencialmente usados no vesturio dos escravos. O mercado

    africano no deve ser menosprezado, pois o comrcio atlntico de escravos floresceu por

    41 BORCHARDT, Knut. Die industrialle Revolution in Deutschland (R. Piper) 1972, 1998 Englische Ausgabe, Industrial Revolution in Germany 1700-1914. (Fontana Economic History of Europe, bug. V Carlo M. Cipolla. Lieferung, IV, 4) London 1972. Braga, nov. 2001. p. 121. 42 Ibid., p. 122. 43 ZORN, Wolfgang. Probleme der Deutschen Gewerbe und Handelsgeschichte 1650-1800. In: OTTO, Bruner; KELLENBENZ, Hermann (Hrsg.). Festschrift fr Hermann Aubin zum 80. 1 Bd. Geburtstag: Wiebaden 1965. p. 304. 44 Especialmente o espao Osnabrck-Bislefeld Paderborn. 45 WEBER, Klaus. Deutsche Kaufleute im Atlantikhandel, 1680-1830. Unternehmen und Familien in Hamburg, Cdiz und Bordeaux. Beck: Mnchen, 2004. p. 63. 46 A Guerra dos Trinta Anos trouxe s manufaturas silesianas e sua cidade-mercado de Jauer uma conseqente runa nas dcadas seguintes, elevando-se, com isso, a cidade de Hirchberg, conhecida por suas tecelagem de vus, condio de novo centro de comrcio e grfico, principalmente Handeshut e Schmiedeberg. A autoridade recomendava, j em 1651 e 1691, a imitao do seguro linho francs de forma a combater a forte concorrncia francesa na Espanha esse projeto concretizado por especialistas huguenotes que, aps a abolio do dito de Nantes (1685), migraram da Frana. L, a produo txtil entrou em uma crise ininterrupta at pelo menos 1716, durante a qual o saber tcnico dos emigrantes fez melhorar a fabricao alem de linho. ZIMMERMANN, Alfred. Blthe und Verfall des Leinengewerbe in Schlesien. Gewerbe-und Handelspolitik dreier Jahrhunderte. Breslau, 1885. p. 20. 47 A Silsia conta-se seguramente como a regio exportadora lder. Comparada com as velhas regies txteis na Alta Itlia, na Alta Alemanha