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Apoio: Realização: Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais RESUMO DOS PAINÉIS Abertura Cerimonial A abertura contou com a presença do Secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará, José Nelson Martins de Souza. O Secretário deu as boas vindas aos participantes e discorreu sobre a satisfação em ter um evento como este sediado no Estado, elogiando a iniciativa do CEMADEN, bem como a presença e liderança da FUNCEME no tema em questão. O Secretário comentou os esforços envidados para o enfrentamento da seca e o desenvolvimento agrário, elucidando as características do Estado e citando experiências locais específicas. Além disso, o Secretário informou sobre a convocação do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, para reunião no dia seguinte à III RT, em Brasília, com 24 secretários de Estado, representantes do Conselho Nacional dos Secretários de Estado de Agricultura (Conseagri) para discutir as medidas emergenciais que seriam tomadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para amenizar os efeitos da estiagem nas regiões Sul e Nordeste do país. A mesa de abertura também contou com a participação do Presidente da FUNCEME, Eduardo Martins, que dedicou total apoio à realização do evento, bem como da Coordenadora de Relações Institucionais do CEMADEN, Regina Alvalá, que em seguida, apresentou a trajetória de criação e implementação do CEMADEN, bem como sua missão e desafios assumidos, ressaltando a seca como um dos deflagradores de desastres naturais no Brasil. PAINEL I: DEMANDAS SETORIAS NACIONAIS E/OU GLOBAIS Moderador: Carlos Frederico Angelis (Coordenação-Geral de Operações e Modelagem do CEMADEN) O Diretor de Combate à Desertificação da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente MMA, Francisco Campelo, discorreu sobre o tema “Mudanças Climáticas e Combate à Desertificação”. O Diretor enfatizou os esforços do MMA na estruturação do Departamento de Combate a Desertificação, com a perspectiva de promover e consolidar ações alinhadas às diretrizes da Convenção de Combate à Desertificação das Nações Unidas (UNCCD) e ao Programa de Ação Nacional de Combate à desertificação- PAN-Brasil. Neste contexto, citou diversos acordos de cooperação técnica firmados com organizações internacionais, tais como FAO; PNUD; GIZ; IICA; e, Agência Espacial Européia; bem como sobre articulações interinstitucionais em curso e em negociação com o INSA; INPE; CEMADEN; IBAMA; dentre outros. O Diretor mencionou que diversos projetos de conservação ao meio ambiente e combate a desertificação foram aprovados com recursos de diversas fontes de fomento, tais como o Fundo Clima; Fundo Nacional de Meio Ambiente e Caixa Econômica; FUNBIO; e, Fundo Caatinga e Banco do Nordeste. Atualmente, está em pauta para votação a Política Nacional de Combate a Desertificação, com possibilidade de ser apresentado na Rio+20. Relatório da III Reunião Técnica do CEMADEN Tema: Extremos Climáticos e Colapso de Produção Agrícola 02 e 03 de abril – Fortaleza - CE

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Apoio: Realização:

Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais

RESUMO DOS PAINÉIS

Abertura Cerimonial

A abertura contou com a presença do Secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará,

José Nelson Martins de Souza. O Secretário deu as boas vindas aos participantes e discorreu sobre

a satisfação em ter um evento como este sediado no Estado, elogiando a iniciativa do CEMADEN,

bem como a presença e liderança da FUNCEME no tema em questão. O Secretário comentou os

esforços envidados para o enfrentamento da seca e o desenvolvimento agrário, elucidando as

características do Estado e citando experiências locais específicas. Além disso, o Secretário

informou sobre a convocação do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, para reunião

no dia seguinte à III RT, em Brasília, com 24 secretários de Estado, representantes do Conselho

Nacional dos Secretários de Estado de Agricultura (Conseagri) para discutir as medidas

emergenciais que seriam tomadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para

amenizar os efeitos da estiagem nas regiões Sul e Nordeste do país.

A mesa de abertura também contou com a participação do Presidente da FUNCEME, Eduardo

Martins, que dedicou total apoio à realização do evento, bem como da Coordenadora de Relações

Institucionais do CEMADEN, Regina Alvalá, que em seguida, apresentou a trajetória de criação e

implementação do CEMADEN, bem como sua missão e desafios assumidos, ressaltando a seca

como um dos deflagradores de desastres naturais no Brasil.

PAINEL I: DEMANDAS SETORIAS NACIONAIS E/OU GLOBAIS Moderador: Carlos Frederico Angelis (Coordenação-Geral de Operações e Modelagem do CEMADEN)

O Diretor de Combate à Desertificação da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento

Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente – MMA, Francisco Campelo, discorreu sobre

o tema “Mudanças Climáticas e Combate à Desertificação”. O Diretor enfatizou os esforços do

MMA na estruturação do Departamento de Combate a Desertificação, com a perspectiva de

promover e consolidar ações alinhadas às diretrizes da Convenção de Combate à Desertificação

das Nações Unidas (UNCCD) e ao Programa de Ação Nacional de Combate à desertificação-

PAN-Brasil. Neste contexto, citou diversos acordos de cooperação técnica firmados com

organizações internacionais, tais como FAO; PNUD; GIZ; IICA; e, Agência Espacial Européia;

bem como sobre articulações interinstitucionais em curso e em negociação com o INSA; INPE;

CEMADEN; IBAMA; dentre outros. O Diretor mencionou que diversos projetos de conservação

ao meio ambiente e combate a desertificação foram aprovados com recursos de diversas fontes de

fomento, tais como o Fundo Clima; Fundo Nacional de Meio Ambiente e Caixa Econômica;

FUNBIO; e, Fundo Caatinga e Banco do Nordeste. Atualmente, está em pauta para votação a

Política Nacional de Combate a Desertificação, com possibilidade de ser apresentado na Rio+20.

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Levando em consideração a estratégia do CEMADEN de iniciar suas operações de

monitoramento em áreas prioritárias de riscos de desastres naturais, o Diretor sugeriu que

neste tema, o CEMADEN levasse em consideração a possibilidade de iniciar o

monitoramento nos municípios dos núcleos de desertificação (total 25 municípios)

para depois expandir o monitoramento ao restante do semiárido.

O Coordenador-Geral de Zoneamento Agropecuário do Departamento de Gestão de Risco

Rural da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -

MAPA, Gustavo Bracale, mencionou que o Zoneamento Agrícola de Risco Climático iniciou a

partir da década de 90 com o objetivo de orientar os produtores rurais quanto aos locais mais

susceptíveis a seca. O Coordenador-Geral destacou que não se trata de zoneamento de aptidão e

plantio, não elimina o risco de plantio, não trabalha com dados de previsão de tempo, não é

subjetivo, nem perfeito. Trata-se de uma atividade dinâmica. O foco é na produção agrícola e

qualquer impacto na produção agrícola sobre os produtores, a população e a economia. A

metodologia básica utilizada foi desenvolvida pela EMBRAPA, que define os parâmetros

específicos de cada cultura (fatores fenológicos). A operação e execução do zoneamento são feitas

por equipe multidisciplinar envolvendo cerca de 50 especialistas que integram os parâmetros das

culturas, aos dados das estações climatológicas (precipitação diária e análise da frequência) e a

classificação dos solos em um modelo agrometeorológico que gera os mapas de riscos municipais,

mesmo que os limites de riscos não coincidam com os limites municipais. Trata-se de um modelo

multi-risco (seca; temperatura elevada; excesso hídrico) e o Brasil é um dos poucos países que

aplicam este conceito. O diferencial do zoneamento agrícola de riscos climáticos consiste na

quantificação de riscos com base em balanço hídrico. Atualmente, são zoneadas 44 culturas

abrangendo 24 estados e a lista de municípios que atendem aos critérios de risco definidos pelo

MAPA é publicada no DOU.

A despeito da taxa de 80% de sucesso dos mapas de risco gerados, o Coordenador- Geral

considerou que ainda é preciso aperfeiçoar e expandir o monitoramento para melhor

qualificar o subsídio às formulações de políticas públicas.

A Coordenadora do Garantia Safra da Secretaria de Agricultura familiar do Ministério do

Desenvolvimento Agrário – MDA, Dione de Maria Freitas, discorreu sobre o Fundo Garantia-

Safra instituído pela Lei nº 10.420 visando garantir condições mínimas de sobrevivência aos

agricultores e às agricultoras familiares de municípios sistematicamente sujeitos a perda de safra

por razão do fenômeno da estiagem ou excesso hídrico, situados na área de atuação da

Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE, sendo que a cobertura de quebras

de safra por excesso hídrico foram recentemente incorporadas ao Fundo. O público alvo do

Garantia-Safra consiste em unidades familiares com renda de até 1,5 salário mínimo mensal, onde

se plantam entre 0,6 e 10 hectares de feijão, milho, arroz, mandioca, algodão ou são efetivadas

outras atividades agrícolas de convivência com o semiárido. Não há exigência de observação do

zoneamento agrícola de risco climático ou de qualquer tecnologia de produção. A Coordenadora

ressaltou a crescente a adesão dos municípios ao Garantia Safra que iniciou em 2002/2003 com

quase 180 mil agricultores de 333 municípios e em 2010/2011 alcançou 737 mil agricultores em

990 municípios. O Fundo reconhece as especificidades climáticas do semiárido e minimiza os

efeitos das adversidades climáticas para as famílias, em caso de perda, contribuindo com a

manutenção da dinâmica do comércio local em tempos de crise.

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A Coordenadora mencionou a preocupação com a sustentabilidade financeira do Fundo

em função das adesões crescentes e pagamentos superiores à dotação financeira

inicialmente planejada, reforçando a necessidade de aprimorar os processos de

verificação de perdas que atualmente é feita por amostragem, sendo que quando o

município declara a perda de mais de 50% da produção, todos os agricultores aderidos no

município são beneficiados. Além disso, mencionou a insuficiência de instrumentos

para determinar perda por excesso hídrico.

O Engenheiro Agrônomo da Coordenação do Seguro da Agricultura Familiar SEAF,

Ramon Fírveda Penas, complementou a apresentação do MDA, discorrendo sobre a abrangência

do Seguro da Agricultura Familiar - SEAF em todo o território Nacional, porém excluindo áreas

de riscos frequentes de eventos adversos e áreas protegidas. Os eventos sujeitos a cobertura

incluem chuva excessiva, geada, granizo, seca, variação excessiva de temperatura, ventos fortes e

praga/doença. O engenheiro explicou que no Custeio Agrícola do PRONAF a adesão era

automática e na parcela de Investimentos do PRONAF era opcional, sendo seguráveis as lavouras

zoneadas, irrigadas ou consorciadas. Mencionou que dentre todos os eventos que prejudicam a

produção agrícola, 90% dos seguros pagos são dos sinistros causados por secas.

Como recomendação ressaltou a necessidade de ampliação da rede de monitoramento

meteorológico (estações meteorológicas e radares) e da integração de dados de várias

instituições promovendo o intercâmbio em tempo real e reunindo todas as informações

em um local que facilitasse o acesso pela comunidade.

O Coordenador de Recursos Naturais, Gestão Ambiental e Adaptação às Mudanças

Climáticas do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura - IICA, Gertjan

Berkmam (Programa Transversal), discorreu sobre os Extremos Climáticos e Impactos na

Agricultura, relembrando que mais de 170 países endossaram a Agenda 21 aprovada na

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, mas no que tange ao

alcance das Metas de Desenvolvimento do Milênio e os objetivos associados, destacou os avanços

brasileiros na erradicação da fome e redução de pobreza em contraponto aos atrasos na

disponibilização de água potável e saneamento. O Coordenador arguiu que o crescimento

populacional e demandas decorrentes requerem maior planejamento e adequação aos princípios da

economia de baixo carbono, sendo que a agricultura, por ser uma atividade dependente de fatores

climáticos (temperatura, pluviosidade, umidade do solo e radiação solar), é altamente vulnerável

aos impactos das mudanças climáticas, o que nos remete à questão da segurança alimentar. E,

destacou que o IPCC prevê uma redução da área adequada à agricultura, da duração das

épocas de cultivo e do potencial de produção, principalmente, ao longo das margens das áreas

semi-áridas e áridas. Ilustrou a dinâmica das três Convenções das Nações Unidas (Mudanças

Climáticas, Biodiversidade e Desertificação), destacando a erosão do solo como elemento comum

às três Convenções e questão chave à sustentação da produção agrícola. O Coordenador

apresentou exemplos de eventos extremos ocorridos em diversas regiões do globo entre 2001 e

2010 e discorreu sobre a importância da gestão de riscos e atuação do IICA na disseminação de

ferramentas e conceitos de gestão de risco, destacando diversas parcerias e apoio a projetos no

Brasil e nos países do continente.

O Coordenador ressaltou que a agricultura é parte do problema, mas também é parte da

solução na obtenção de resiliência mediante o fortalecimento dos sistemas agrícolas por meio

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da diversificação e das estratégias de manejo dos riscos. E, por fim, recomendou enfoque nas

prioridades e Metas de Desenvolvimento do Milênio, destacando-se a necessidade de maior

governança para alcance dos objetivos.

Durante o debate do Painel I, dentre outras considerações, reafirmou-se a necessidade de

maior integração de informações para o monitoramento, incluindo-se citações de “data

mining” e “data warehouse”. Os participantes também contribuíram informando que a

probabilidade de acerto dos modelos desenvolvidos pelo INMET melhorou nos últimos anos,

diminuindo a necessidade de verificação em campo e agilizando o processo de pagamento do

Garantia-Safra, o qual era de 1 ano e hoje é de 3 meses. E, no que se refere às perdas de safra

por inundações, o MDA complementou que, embora estas perdas não sejam significativas, o

Garantia - Safra está se adequando a estes eventos, tentando realizar o mapeamento das áreas

de risco de excesso hídrico. Mas ainda falta o desenvolvimento de modelos de análise deste

fenômeno.

PAINEL II: PRINCIPAIS DEFLAGRADORES DE COLAPSO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA Moderador: Javier Tomasella (Coordenação-Geral de Pesquisa e Desenvolvimento do CEMADEN)

O Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, Dr. Paulo Nobre,

versou sobre o Estado da Arte em Previsões Climáticas para o NE do Brasil com uma breve

revisão teórica da variabilidade climática no Atlântico Tropical e dos esforços nacionais e

internacionais na discussão da previsão/previsibilidade sazonal do Nordeste Brasileiro,

destacando que o modelo acoplado Oceano-Atmosfera é insuficiente para a acurada previsão de

chuva na região Nordeste, em função da baixa previsibilidade dos eventos que ocorrem no oceano

Atlântico Tropical. Complementarmente, citou estudos realizados na África que indicam a

improbabilidade de agricultores individuais utilizarem as previsões climáticas sazonais, devido à

falta de precisão nas informações geradas para influenciar as decisões locais sobre quando e onde

plantar. O Pesquisador traçou a evolução das previsões climáticas sazonais, destacando que os

modelos mais antigos de previsão utilizavam métodos subjetivos e que os atuais sistemas de

previsão tendem cada vez mais a utilizar técnicas objetivas para combinar uma variedade de

modelos estatísticos e dinâmicos. Ponderou ainda que a melhor previsão climática é dada pela

média dos resultados de todos os modelos climáticos. Neste sentido, arguiu que o estado da arte

de previsões climáticas sazonais utilizam série de produtos numéricos de previsão climática,

ambos de modelos da atmosfera e acoplados oceano-atmosfera global. Sendo que os atuais

desenvolvimentos presentes nos centros de referência internacional incorporam metodologias de

análises objetivas para previsões climáticas probabilísticas com base em produtos numéricos

de modelos acoplados oceano-atmosfera; com resultados surpreendentes de aumento da qualidade

das previsões geradas. Adicionalmente, apresentou o desenvolvimento cronológico da previsão

climática sazonal no INPE, informando que as previsões climáticas sazonais são geradas

mensalmente no Brasil, com a liderança científica do INPE/CPTEC e participação do INMET e de

Centros Estaduais de Meteorologia. Além disso, mencionou que o Brasil está investindo no

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aprimoramento da capacidade de modelagem climática global com a construção do Modelo

Brasileiro do Sistema Climático Global – MBSCG.

Por fim, o Pesquisador ressaltou que o modelo de circulação global atmosférico do

CPTEC/INPE requer investimentos sustentados para melhorias da física do modelo,

que hoje apresenta comparação desfavorável com demais modelos de centros de

meteorologia no exterior. Também indicou que a abordagem metodológica utilizada de

forma consensuada no Brasil na elaboração das previsões climáticas sazonais ainda pode

ser aprimorada de forma a otimizar a confiabilidade e uso pelos setores de interessados.

Concluindo, informou que há indícios de seca acentuada para o semiárido neste ano.

O Pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (CNPTIA), Dr. Eduardo Delgado

Assad, discorreu sobre Sistemas de Informação Agrometeorológica, Cenários Futuros e

Impactos na Agricultura do Semi-Árido. O Pesquisador informou que há uma diversidade de

sistemas de informação agrometeorológica disponibilizada por diversos grupos (Agritempo-

Embrapa/Unicamp; SIMEPAR-IAPAR; CIRAM-EPAGRI; INMET; FUNCEME; etc), mas todos

são baseados em balanço hídrico, temperatura máxima, entre outras variáveis. O diferencial do

Agritempo em relação aos sistemas dos demais grupos é que está disponível para todo o território

brasileiro, gerando informação meteorológica e agrometeorológica para todos os municípios e

Estados. As instituições parceiras do Agritempo se comprometem a disponibilizar os dados

publicamente. O usuário contribui com a melhoria do sistema mediante os seus feedbacks. Mais

recentemente foi desenvolvido o WebAgritec que consiste em um sistema de monitoramento

agrometeorológico e será lançado no dia 30 de abril de 2012 para ser utilizado em todo o território

nacional. Este sistema disponibilizará dados sobre o monitoramento, diagnósticos e zoneamento de

risco climático, bem como vídeos e imagens associadas a inteligência artificial. A partir do

cadastro da gleba e respectivo empreendimento, definição de data de plantio e escolha de cultivar,

o sistema permite calcular a quantidade de fertilizantes e a previsão de produtividade associada ao

balanço hídrico, previsão de tempo e tendências. Os dados do empreendimento também podem ser

vinculados aos dados cartográficos, podendo ser identificados em mapas do Google. O sistema

possibilitará a geração de cenários, identificação de doenças e boas práticas agrícolas. No que se

refere aos cenários climáticos futuros, demonstrou que o indício de aumento de temperatura no

Nordeste é alto e, se forem consideradas as cultivares anuais, há claras ameaças para a manutenção

do cultivo de milho, feijão, etc.

O Pesquisador comentou a necessidade de maior difusão dos sistemas disponibilizados

para o pleno uso de seu potencial e capacidade. Postulou que no semiárido, ano muito

bom é atípico, sendo o ano ruim é mais comum, portanto temos que nos preparar melhor

para lidar com esta realidade. Além disso, argumentou que é preciso melhorar o sistema

de produção na caatinga para melhorar o estoque de carbono no solo.

O Professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ/USP, Dr. Paulo

César Sentelhas, discorreu sobre Uso de Modelos de Simulação de Culturas como Ferramenta

para Identificação de Agentes Deflagradores de Coplapso na Produção Agrícola. Dentre os

fatores responsáveis por colapso na agricultura no mundo, as inundações, os ventos intensos e as

secas são os principais. Sendo que no Brasil, em todas as regiões produtoras de fibras, energia e

alimentos, as perdas na agricultura devido a fatores climáticos se dão principalmente pela

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ocorrência de SECAS, que em muitos casos estão relacionadas aos eventos meteorológicos

associados ao ENOS, ZCAS, Dipolo do Atlântico, etc. Distintamente da Seca Meteorológica ou da

Seca Hidrológica, a SECA AGRÍCOLA é um fenômeno que envolve todos os aspectos do Sistema

Solo- Planta-Atmosfera, sendo, portanto, uma consequência da Seca Meteorológica integrada aos

fatores associados às culturas, ao solo e ao manejo. Os índices de Seca Agrícola com base no

balanço hídrico, apesar de quantificarem os eventos de seca para a agricultura de forma mais

confiável, não se adequam plenamente para quantificar os impactos sobre a produtividade das

culturas. O Professor apresentou a classificação de modelos de simulação de culturas (modelos

empíricos; matemático-fisiológicos; e, de processos), destacando que o modelo da FAO

(matemático-fisiológico) tem sido largamente testado e aplicado em diferentes condições

apresentando resultados satisfatórios desde que adequadamente calibrados. E, ponderou que apesar

da maior complexidade dos modelos de processos, nem sempre a expectativa de maior acuracidade

desses modelos é alcançada, pois mesmo sendo modelos mecanísticos de alta performance, eles

exigem calibração já que tem em suas formulações diversas relações empíricas. Maior

complexidade implica em maior dificuldade para aplicação prática e nem sempre maior

complexidade resulta em menores erros.

O Professor recomendou o uso de Modelos de Simulação de Culturas, especialmente os

matemático-fisiológicos e os modelos de processos calibrados, porque permitem

quantificar o potencial de colapso na agricultura em função de eventos de seca agrícola,

sendo assim a melhor opção para o monitoramento de áreas críticas, onde a

segurança alimentar é normalmente frágil. Também ressaltou que disponibilidade de

dados meteorológicos (densidade de estações, número de variáveis e confiabilidade) é

fundamental para que o sistema seja abrangente e confiável. O Professor postulou que a

consolidação de um sistema de monitoramento de colapso da produção agrícola deve

ser um esforço multi-disciplinar envolvendo especialistas de áreas de meteorologia, de

fitotecnia/agronomia, de agrometeorologia, de solos e de áreas correlatas, de modo a

serem gerados produtos condizentes com a realidade da agricultura local. E por fim,

recomendou o estabelecimento de parcerias para obter êxito no monitoramento.

O Diretor do Instituto Nacional do Semiárido – INSA, Dr. Ignácio Salcedo, discorreu

sobre a Agricultura Sustentável no Semiárido. O Diretor iniciou apresentando dados da estrutura

do semiárido brasileiro (SAB), ressaltando que um milhão de estabelecimentos agropecuários na

região são minifúndios, sendo responsáveis por 31% do valor da produção. Apresentou dados de

produção de alimentos, com ênfase na produção milho, feijão e mandioca e os respectivos

consumos de nutrientes do solo (nitrogênio, fósforo e potássio), ressaltando que a atividade

agrícola sem reposição de nutrientes acarreta a degradação do solo. A pecuária (28,2 milhões de

cabeças em 21,4 milhões de há) também foi correlacionada à necessidade de água para produzir

alimentos (vegetal e animal). E, em relação ao consumo de lenha e carvão proveniente de área

manejada; plantio florestal e desmatamento, ele ressaltou que o desmatamento é a fonte principal,

originando 80% da lenha e carvão produzidos no NE (17.000 km2 no período 2002/08). O

Diretor comentou os processos de erosão hídrica e as consequentes perdas de produtividade,

redução na disponibilidade de alimentos e os impactos ambientais que se revelam nos processos de

desertificação. E, enfatizou que a agricultura sustentável visa maximizar os benefícios sócio-

econômicos da geração presente, preservando a qualidade ambiental e a capacidade de produção

para as gerações futuras. Postulou ainda que as condições de deficiência hídrica não são

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homogêneas em área maior que um município; o uso de médias de séries históricas das chuvas

ignora a intensidade das chuvas; e, esta variabilidade dificulta distinguir tendências de curto e

longo prazo na sustentabilidade e capacidade de produção. Tratar a região de maneira global leva

a generalizações demasiado vagas e de pouca utilidade. Assim, a dificuldade para avaliar a

sustentabilidade ambiental e a capacidade de produção das várias formas de uso da terra, se origina

das diferentes escalas temporais e espaciais necessárias para esta finalidade.

No que se refere às metodologias para definir e estudar a sustentabilidade ambiental, o

Diretor sugeriu a identificação de módulos que se repetem dentro da região, em

condições mais ou menos semelhantes, por exemplo, em área de sequeiro: vales;

encostas úmidas; chapadas; áreas planas a onduladas secas (sedimentares e de baixa

fertilidade); áreas planas a onduladas secas (cristalino, sedimentares, e de boa fertilidade).

O Diretor destacou que faltam dados integrados para avaliação da informação disponível,

ou seja, é preciso melhorar a gestão da informação. Além disso, salientou que, na

prática, os próprios produtores e comunidades é que definirão o avanço ou retrocesso da

desertificação, por isso é crucial que se trabalhe na educação ambiental da população.

E, por fim, a convivência com os problemas de sustentabilidade deve preponderar sobre

abordagens restritas à maximização de lucros.

O Coordenador-Geral de Promoção do Desenvolvimento Sustentável da Superintendência

do Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE, Carlos Almiro, discorreu sobre O Papel das

Instituições de Desenvolvimento Regional Frente às Mudanças Climáticas. O Coordenador-

Geral apresentou uma retrospectiva de atuação da SUDENE no enfrentamento das secas,

ressaltando que a mesma nasceu com uma “face” de Defesa Civil e, atualmente, possui em sua

estrutura regimental uma Coordenação Regional de Defesa Civil. Relatou que, em pouco mais de

40 anos, foram gastos 578 bilhões de reais em programas especiais (POLONORDESTE;

PROJETO SERTANEJO; PROHIDRO; PAPP). Ainda hoje o semiárido é uma região frágil, o que

caracteriza a indústria da seca. O Coordenador-geral relatou que mais recentemente, entre 2010 e

2011, em Alagoas e Pernambuco, foram três inundações que deixaram mais de 170 mil

desabrigados. Ao todo, foram estimados gastos de mais de R$2 bilhões no atendimento às vítimas

e na reconstrução das cidades atingidas. Neste contexto, arguiu que chegou o momento de uma

abordagem diferente: em vez de torcer por tempo bom, planejar e agir. E exemplificou

comparando os custos de construção de 5 barragens para proteger as cidades de inundações (R$

500 milhões) aos gastos emergenciais durante as crises. Comentou também o risco dos produtores

rurais perderem suas propriedades por não conseguir saldar as dívidas agrícolas, sendo que a

principal causa de inadimplência nos últimos anos tem sido a seca. Apresentou instrumentos de

fomento ao desenvolvimento regional (PNDR – Política Nacional de Desenvolvimento Regional;

PRDNE – Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste; FDNE – Fundo de Desenvolvimento

do Nordeste; FNE – Fundo Constitucional do Nordeste). Destacou a responsabilidade da SUDENE

no âmbito do “Programa de Gestão de Risco e Respostas a Desastres” para o gerenciamento de

riscos e desastres na sua área de influência (mapeamento de áreas de risco com foco em

municípios recorrentemente afetados por inundações, enxurradas e deslizamentos).

O Coordenador-Geral comentou que os instrumentos de fomento ao desenvolvimento

regional podem ser acessados contribuindo para minimizar a migração de pequenos

agricultores para os grandes centros urbanos. E, por fim, comentou a expectativa na

celebração de acordo de cooperação técnica com o CEMADEN com o objetivo de

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respaldar tecnicamente, programas, projetos, desenvolvimento de banco de dados e

eventos, na área de gestão de riscos naturais no que se refere a: monitoramento de

desastres naturais; elaboração de estudos; promoção de capacitação e treinamento.

Durante o debate do Painel II, dentre outras considerações, foi observado que houve

mudança na capacidade de resiliência no NE e redução de notícias catastróficas na mídia. Os

planos do governo melhoraram a condição de vida, mas a convivência no semiárido depende não

só de produção de alimentos, mas também de moradia e educação para adaptação ao ambiente em

que se vive. Alegou-se que a percepção equivocada da convivência da população com o semiárido

dificulta o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis na região e que a sustentabilidade se

equivale ao somatório da Educação + Tecnologia + Saúde. Perceberam-se algumas divergências

no que se refere à eficiência dos investimentos em cisternas ou açudes, bem como em outras

questões conceituais referentes à riqueza, renda e condições mínimas de vida. Quanto aos modelos

agrícolas complexos, ressaltou-se que necessitam de uma boa estrutura observacional.

Ressaltou-se que incompletude das séries históricas existentes comprometeu o desenvolvimento

científico na área de modelagem e que faltam dados para alimentar tanto os modelos complexos

como os simples.

PAINEL III: Sistemas de Apoio à Decisão Moderadora: Regina Alvalá (Coordenadora de Relações Institucionais do CEMADEN)

O Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Dr. Reinaldo Lúcio Gomide, discorreu sobre a

determinação da variabilidade espaço-temporal de demanda hídrica e produtividade da água em

escala regional por meio de técnicas de sensoriamento remoto agrícola, associadas à

modelagem, geoprocessamento e dados agrometeorológicos. O Pesquisador apresentou um

estudo realizado baseando-se na hipótese de que assinaturas espectrais (imagens) e temperaturas

de superfície (do dossel de culturas e solos), adquiridas e processadas em porções do espectro

visível (RGB), NIR e Termal, podem detectar, caracterizar e mapear a variabilidade espaço-

temporal de demanda hídrica e produtividade, até mesmo EHC (função resolução). O estudo

pressupõe a integração de dados remotos com dados adquiridos em campo. A resolução espacial

mais refinada permite analisar parcelas e a resolução espectral permite detectar o estresse hídrico

com antecedência. O Pesquisador ilustrou a área experimental com os sistemas de aquisição

automática de imagens e temperatura das folhas das culturas e dos sensores do balanço de energia

e de clima para a calibração da pesquisa. O estudo está sendo realizado em dois polos de

desenvolvimento da Bacia do Rio São Francisco com o uso de imagens de satélites em conjunto

com dados de clima de duas redes de estações agrometeorológicas automáticas, sendo que a rede

de Petrolina/Juazeiro já está em funcionamento em Petrolina/Juazeiro e a rede do Norte de Minas

ainda será instalada. Além disso, explicou que a utilização do Software SEBAL (Surface Energy

Balance Algorithms for Land) permite estimar os balanços hídricos e de energia, que, por sua vez,

são úteis para avaliação da evapotranspiração e gestão de irrigação. Como resultado obtém–se

diferentes produtos, ou seja, mapas de evapotranspiração, mapas temáticos em escala regional de

demandas hídricas de culturas; suporte ao zoneamento climático; detecção de mudanças nas áreas

de produção agrícola, dentre outros.

O Pesquisador finalizou destacando a importância da espacialização de informações

hidrometeorológicas. Além disso, argumentou que os resultados - obtidos com as técnicas

de sensoriamento remoto (via aquisição e obtenção de imagens orbitais (satélites) e

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III REUNIÃO TÉCNICA DO CEMADEN

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suborbitais (Plataformas de superfície), associadas à dados climáticos de superfície, ao

modelo SEBAL e ao geoprocessamento) - poderão ser difundidos, ressaltando-se que a

sua utilização demanda treinamento e capacitação, podendo ser utilizado por técnicos,

produtores, lideranças e estudantes de graduação e pós-graduação de regiões envolvidas.

O Pesquisador da Embrapa Solos, Dr. Alexandre Barros, Informações de Solo como

Suporte aos Sistemas de Apoio à Decisão (SAD), ressaltando a importância para o monitoramento

de águas e solutos; serviços ambientais; mudanças climáticas; dinâmica hídrica; indicadores

bioquímicos; inputs para modelos atmosféricos, dentre outros. Discorreu sobre os diversos níveis

de informação de solo (Nacional, Regional, Estadual, Municipal, Local) em diferentes escalas (de

1:100.000 a 1:1.000.000), ressaltando que a escala e qualidade do levantamento do solo dependem

da qualidade do material cartográfico, variação ambiental, condições de acesso à área, intensidade

de prospecção e amostragem, etc. A identificação e mapeamento dos diferentes tipos de solo

(textura, fertilidade, pedregosidade, profundidade, retenção de água, etc) e ambiente (relevo,

rochosidade, vegetação (clima), drenagem, etc.) permitem indicar as potencialidades e limitações

dos ambientes. O Pesquisador apresentou diversos mapas de solos de Estados e municípios

nordestinos, ressaltando que Alagoas foi o primeiro Estado da região com mapeamento

informatizado. Apresentou diversos portais digitais nacionais e internacionais que disponibilizam

informações sobre solos e acrescentou que muitas informações ainda estão em papel; no entanto a

Embrapa Solos tem uma meta de disponibilizar todos os perfis de solo obtidos mais recentemente

na web. Em seguida, comentou o uso da informação em SAD, ressaltando o desafio de transformar

dados em informações e o aumento da demanda de dados “pari passu” ao aumento da

complexidade dos modelos. Destacou a utilização de funções de pedotransferência para obtenção

de informações de perfis de solo e que as informações não permitem a aplicação direta em

modelos matemáticos, como os de fluxo de água no solo, ressaltando que os modelos atmosféricos

usam parametrizações simplificadas (umidade de solo inicial “climatológica”) e que os dados de

sistema de simulação (tipo DSSAT) utilizam dados de solos de climas temperados.

Por fim, citou o relatório especial do IPCC-2012, registrando que a lacuna de dados

observacionais e a inabilidade dos modelos incluírem todos os fatores que influenciam as

secas impedem maior confiabilidade, além das médias produzidas pelas projeções de

secas pautadas nas reduções de precipitação e aumento da evapotranspiração. Assim, o

desafio consiste em transformar a grande quantidade de informações disponíveis na forma

que todos possam utilizá-las e recomendou utilizar as informações de solos em modelos

de simulação.

O Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Dr. Bernardo Rudorff,

discorreu sobre a Análise com Dados do TRMM e Índice Vegetativo do MODIS para o Semi-

Árido. O Pesquisador iniciou comentando as características das imagens de sensores óticos a

bordo de satélites de sensoriamento remoto (resoluções: temporal, espectral e espacial).

Mencionou o monitoramento de lavouras por imagens de satélites, destacando a grande dificuldade

na aquisição de informações devido à cobertura de nuvens em diversas regiões. Informou que

existem sensores com boa resolução temporal, o que permite a aquisição de imagens sem cobertura

de nuvens; no entanto, há perda de resolução espacial, mas a associação de componente espectral a

modelo agrometeorológico melhora o detalhamento espacial. Desta forma, o INPE, através do

LAF (Laboratório de Análise Florestal), disponibiliza imagens do sensor MODIS processadas, o

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que permite acompanhar a sazonalidade, mudanças de uso e cobertura da terra, produtividade,

entre outras. Complementarmente, o satélite TRMM (Tropical Rainfall Measuring Mission)

propicia a geração de estimativas de precipitação juntamente com informações de superfície em

resolução espacial de 20 m. O cruzamento de dados de precipitação com informações de NDVI

permite inferir se uma determinada área cultivada, da ordem de 6,25 hectares, foi ou não afetada

por uma estiagem. Com base nestas premissas, o pesquisador apresentou o mapeamento dos

municípios beneficiados pelo Garantia-Safra que declararam perda de pelo menos 50% da

produção por fenômenos de estiagem ou excesso hídrico para as safras de 2002/2003 até

2009/2010. Apresentou exemplos de aplicação dos dados TRMM no mapeamento da precipitação

pluviométrica na área de abrangência da SUDENE para o ano de 2005, bem como mapeamento do

calendário de plantio e da variação temporal do índice vegetativo.

Por fim, apresentou a visualização das séries temporais de dados de vegetação e de

precipitação (EVI/MODIS e TRMM 3B43) associadas ao Google para análise de

mudanças de uso e cobertura da terra, recomendando a sua utilização como ferramenta de

apoio à verificação de perdas de safra. E, disponibilizou a apresentação dinâmica com os

ensaios realizados para o Garantia Safra no link:

http://www.slideboom.com/presentations/521337/An%C3%A1lise-com-dados-do-

TRMM-e-%C3%8Dndice-Vegetativo-do-MODIS.

O Coordenador-Geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de

Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais – CEMADEN, Javier Tomasella, apresentou o

Sistema de Alertas Precoce de Secas e Desertificação – SAP: estágio de desenvolvimento atual.

O Coordenador-Geral arguiu que apesar dos avanços na área de monitoramento e previsão de

secas, a área de desertificação apresenta resultados muito incipientes. Os procedimentos de

avaliação do processo de desertificação são empíricos, de aplicação muito restrita, e focados

muitas vezes nos sintomas e não nos drivers (promotores) do processo. A análise temporal é ainda

muito limitada, e a regional praticamente inexistente. Neste sentido, o Projeto SAP foi idealizado

inicialmente no âmbito de um acordo entre o MMA e o INPE com o propósito de identificar os

precursores (drivers) do processo de desertificação no semiárido e, consequentemente, prover as

bases técnicas necessárias para formulação de estratégias de redução de desastres e de ações em

todos os níveis de governo e nas organizações sociais, bem como servir de fonte de informações

para a sociedade. Para isso, um sistema de alerta precoce à secas e desertificação deve permitir a

integração e assimilação de dados espaciais e temporais, tanto de caráter bio-geofísicos quanto

socioeconômicos, e nas mais variadas escalas temporais e espaciais. Com esta finalidade, estão

sendo ajustados mapas de geologia, geomorfologia, pedologia e uso/cobertura da terra na

resolução de 90 m. No presente momento, tais mapas já foram ajustados para os Estados do

Maranhão, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e, está em fase final o

Estado do Piauí. Após a finalização do ajuste dos mapas, haverá um trabalho árduo para ajustar as

classes dos diferentes temas e atribuir pesos referentes às vulnerabilidades, isto é, para posterior

análise multifatorial do conjunto de fatores socioeconômicos e biogeofísicos, cuja combinação

resultará em Indicadores Regionais de Desertificação de caráter objetivo e numérico.

Por fim, o Coordenador-Geral reiterou que o foco da abordagem proposta para este sistema de

alerta precoce é na identificação dos precursores do processo de desertificação, mais do que na

detecção do processo quando ele já está instalado (uso de sensores remotos). E que o Sistema

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demandará criação de uma interface amigável, de forma que o usuário possa atribuir pesos de

forma interativa.

O Presidente da FUNCEME, Eduardo Sávio Martins, discorreu sobre o Monitoramento

de Secas fazendo inicialmente uma clara distinção entre a seca meteorológica, hidrológica e

agrícola. Ilustrou o sistema de monitoramento da precipitação e suas forçantes, apresentando o

mapeamento dos dados do Estado do Ceará de 1990 a 2009. Apresentou o portal hidrológico do

Ceará resultante de parceria entre a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos – COGERH e a

FUNCEME para monitoramento da seca hidrológica, bem como a estrutura de um sistema de

alerta para seca hidrológica e agrícola. O Presidente destacou que um Sistema de alerta demanda

não apenas o repasse de informações para a defesa civil, mas também, o trabalho de integração das

várias instituições que atuam nessa área de desastres (Defesa Civil, FUNCEME, entre outras).

Arguiu que o modelos estatísticos são tão importantes quanto os modelos dinâmicos, ressaltando o

desafio da integração das bases de informação e da sua aplicação, evitando-se confundir o

prognóstico de chuva com prognóstico de produção agrícola, eventos que necessitarão da ação da

defesa civil, recargas de açudes, epidemias, e outros, uma vez que as chuvas não são os únicos

fatores determinantes. Apresentou o sistema de previsão para o Nordeste (Climate Dynamical

Downscaling Forecast System), expandido no intuito de incluir outros modelos globais e regionais

(superconjunto) e o downscaling para a América do Sul, e demonstrou os resultados do sistema de

previsão de afluências para o Reservatório de Orós. No que se refere à seca agrícola apresentou

dados da produção de culturas de sequeiro e a chuva anual média no Estado do Ceará no período

de 1947 a 2011, apresentando o índice de penalidade hídrica diagnosticado em tempo real da

produção de uma cultura, baseado na modelagem da umidade do solo a partir de dados de chuva

diária e relações estatísticas com o rendimento e, a partir disto, elaboração de uma classificação

crescente de perdas de rendimento. Como exemplo do uso da previsão de clima na estimativa de

safra, apresentou a aptidão (anos secos, anos normais e anos chuvosos) das culturas de milho e

feijão comum na região do Araripe, Cariri e entorno do Estado do Ceará.

Por fim, o Presidente, recomendou determinismo na análise de modelo para facilitar a

transmissão de informações para o usuário final; apontou a necessidade de avaliar a

melhor maneira de combinar todos os resultados de modelos, utilizando-se análises

históricas e não apenas informações de um ano; bem como a necessidade de criação de

centros que articulem diversos órgãos, inclusive a defesa civil; necessidade de uma base

de dados integrada para o Nordeste; e necessidade de calibração de dados de solos, uma

vez que estes são originados por diferentes fontes.

Durante o debate do Painel III, reiterou-se a necessidade de envidar mais esforços no

sentido de identificar os diferentes tipos de solo e incorporar as informações aos modelos, bem

como a necessidade de tornar pública tais informações (base de dados públicos). Sugeriu-se incluir

a quantificação de períodos secos no Sistema de Alerta Precoces à Secas e Desertificação - SAP,

pois outras instituições já quantificam a seca como, por exemplo, o número de dias com déficit

hídrico. Reafirmou-se a importância de incorporar indicadores de desertificação para o semiárido,

ressaltando-se que não é possível fazer manejo de culturas irrigadas somente com imagens de

satélite do Landsat e que há necessidade de estudos de caso para avaliar a eficiência de modelos

agrometeorológicos. Informou-se que será realizado levantamento de campo para todas as

componentes avaliadas no SAP, principalmente sobre solos.

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PAINEL IV: Colapso de Produção Agrícola e Fontes de Informação Moderadora: Meiry Sakamoto (FUNCEME)

O Coordenador do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

– IBGE, Carlos Simões Florido, apresentou Um Novo Olhar sobre os Números, discorrendo sobre

a experiência do IBGE na coleta de dados com equipamentos que possibilitam “especializar” as

informações. Como exemplo, citou a compatibilização da malha de setores com os biomas, bacias

hidrográficas, etc. Informou que o IBGE é responsável pelas estatísticas agropecuárias oficiais,

realizadas mediante nove pesquisas contínuas e o Censo Agropecuário, ressaltando que na região

Nordeste não houve variação significativa na produção e áreas plantadas no período de 1990-2010

das culturas de arroz, milho, feijão e mandioca. Com as informações atuais é possível observar

aumento de áreas cultivadas e outros biomas que não somente a caatinga. Apresentou também a

abordagem sobre os “SEM SEM”, isto é, agricultores familiares, sem escolaridade fundamental,

que não recebem assistência técnica nem são beneficiários do PRONAF, não tem receitas de

programas governamentais, e o valor total do autoconsumo é maior que a metade do valor total de

produção, ressaltando que grande parte dos chamados “SEM SEM” estão no Nordeste do Brasil,

com alguns muito próximos as áreas com melhores condições financeiras. No entanto, houve

aumento da área cultivada com soja. Descreveu as inovações adotadas no último censo, por

exemplo, a utilização de PDA e GPS para georreferenciar a unidade de investigação e suas

informações associadas que podem ser agregadas em unidades político-administrativas, mas

também em outras unidades espaciais (setor censitário; área de ponderação; grade estatística; face

de logradouro). As informações e malhas geradas podem ser mescladas com o Google Maps ou

disponibilizadas em ferramentas de SIG permitindo que usuários especialistas façam consultas

espaciais. Destacou que a independência de limites político-administrativos permite: a comparação

espacial direta; a comparação temporal direta por não se alterar com o tempo; eficiência

computacional pela distribuição regular; e, análises multi-escala com relacionamento hierárquico e

multi-resolução. Também apresentou o SIG Brasil – portal brasileiro de dados geoespaciais – na

Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais – INDE e indicou que o próximo passo consiste em

cruzar as informações do censo agropecuário com o censo demográfico.

O Coordenador salientou o movimento de conscientização para facilitar a obtenção de

informações e, assim, a geração de estatísticas. Comentou a dificuldade de separar áreas

de pastagens da vegetação natural. Por outro lado, ressaltou a dificuldade das informações

chegarem ao produtor recomendando que se recupere o papel de extensão no Brasil.

Recomendou o uso e armazenamento de informações no INDE (Infraestrutura Nacional

de Dados Espaciais) e sugeriu às instituições participantes que encaminhem suas

demandas ao IBGE que está aberto para pensar como melhor atender às demandas

nacionais, podendo desenvolver produtos inovadores que facilitem as análises dos

usuários.

O Especialista em Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas – ANA, Dr. Marcos

Airton de Souza Freitas, discorreu sobre o Monitoramento de Secas Meteorológicas no Semi-

Árido. O Especialista introduziu o assunto explicando que a previsão de secas e a gestão de

recursos hídricos no semiárido envolvem: gerenciamento de recursos hídricos superficiais e

subterrâneos; monitoramento de poços e açudes; monitoramento de secas e cheias; análise de

impactos sociais, econômicos e ambientais; e, ações mitigadoras visando reduzir os impactos

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extremos. Para a previsão de seca, a informação sobre a distribuição do período chuvoso é tão

importante quanto conhecer a ocorrência de secas. O Especialista falou sobre a importância de

sistemas de gestão da informação para os setores operacionais ao lidarem rotineiramente com o

dilema sobre usar ou economizar água no processo de tomada de decisão e avaliação das

consequências. Apresentou o Sistema de Gestão de Secas (SIGES) que inclui as etapas de

definição e classificação de seca, prevenção, monitoramento, análise dos efeitos e planos de

mitigação. Detalhou a concepção esquemática de alguns subcomponentes do SIGES, arguindo que

a escolha das variáveis a serem monitoradas depende do tipo de seca em questão e pode-se pensar

em compor índices em cada bacia que indique a seca que mais preocupa determinada região. No

caso do componente da análise de secas meteorológicas falou sobre a modelagem de redes neurais

artificiais para previsão de secas, bem como do uso do Rainfall Anomaly Index (RAI) para

monitoramento de secas e do Bhalme e Mooley Drought Index (BMDI) para subsidiar o

monitoramento e plano de mitigação dos efeitos da seca, dentre outros modelos. No componente

de análise de secas hidrológicas descreveu o Modelo CN-3S desenvolvido inicialmente para

aplicação no semiárido do Nordeste, o qual é um modelo conceitual simples para a geração de

deflúvios e fácil de calibrar. Apresentou algumas aplicações dos modelos na Agência Nacional de

Águas e no Brasil, concluindo com a descrição conceitual do Sistema Nacional de Informações

sobre Recursos Hídricos (SNIRH/ANA) que inclui os seguintes subsistemas: inteligência

geográfica; inteligência hídrica; inteligência documental; dados quali-quantitativos; planejamento

e gestão; e, regulação de usos.

Por fim, o Especialista ressaltou a necessidade de séries históricas para modelar melhor a

vazão de rios intermitentes.

O Gerente de Geotecnologias da Diretoria de Política Agrícola e Informações da

Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, discorreu sobre o Sistema de Monitoramento

Agrometeorológico e Espectral de Safras. O Gerente apresentou a atuação da CONAB no

desenvolvimento de atividades cobrindo todo o sistema de produção e consumo dos principais

produtos agrícolas para a sociedade brasileira, com o objetivo de contribuir para a regularidade do

abastecimento e garantia de renda ao produtor rural, participando da formulação e execução das

políticas agrícola e de abastecimento. Dentre as ações da CONAB, destacou a implementação e

reforço da política de instrumentos do Programa de Garantia de Preços Mínimos (PGPM),

Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Agricultura Familiar e Relatórios de

Gerenciamento da Armazenagem. Apresentou o projeto GEOSAFRAS que tem por objetivo a

melhoria do monitoramento de culturas e métodos de previsão; redução da subjetividade em

estimativas (área e produção); formação de especialistas em modelagem e monitoramento de

culturas; e, tornar as novas metodologias operacionais dentro da Companhia. O Geosafras possui

um componente de estimativas de áreas usando modelos estatísticos e mapeamento por

sensoriamento remoto e outro de estimativas de produção por modelos agrometeorológicos,

spectrais e modelos mistos. Quanto ao monitoramento spectral discorreu sobre o uso de imagens

de satélites (SPOT-Vegetation, LANDSAT, CBERS, MODIS (Terra & Aqua), ResourceSat1,

MSG2, etc) na elaboração de calendário agrícola; séries temporais de dados meteorológicos e

índices de vegetação. Apresentou diversos exemplos de mapas elaborados a partir da base de

dados georreferenciados, dentre os quais mapas das áreas de cana-de-açúcar, café e grãos em todo

o Brasil; mapas estaduais mostrando a ocupação do solo ou com máscaras de produções

específicas como a de arroz no Rio de Grande do Sul. Apresentou também modelos de estimativas

baseados em dados de temperatura, precipitação, topografia, e informações de dados de satélite, os

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quais apresentaram bons resultados para café e resultados promissores para a cana-de-açúcar.

Informou que pretendem expandir as avaliações para todo o Brasil.

Por fim, recomendou o uso do sistema de informação da CONAB (GEOWEB) –

disponível no site http://geoweb.conab.gov.br/conab/ - e informou que a CONAB tem

sido parceira de diversas instituições e provedora de dados para diversos estudos

relacionados ao tema.

O Superintendente do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE

do Banco do Nordeste – BNB, José Narciso Sobrinho discorreu sobre Estudos e Informações

Sócioeconômicas do Nordeste. O Superintendente iniciou apresentando a área básica de atuação

do BNB que consiste nos nove Estados da região Nordeste, o norte e os Vales do Mucuri e do

Jequitinhonha do Estado de Minas Gerais e o norte do Estado do Espírito Santo, compreendendo

1.775,4 mil km2, 1990 municípios atendidos em 11 Estados, com 187 agências e 6076

funcionários. Apresentou os dados censitários da região, ressaltando que, ao se comparar a

evolução do PIB, o Nordeste vem crescendo mais que todo o Brasil em termos percentuais, no

entanto, esse crescimento ainda não é significativo para que a região recupere o atraso. O

Superintendente apresentou dados das operações de crédito e globais do BNB, ressaltando o

crescimento de 40,9% do microcrédito (Urbano/Crediamigo e Rural/Agroamigo), entre 2010 e

2011. Destacou o apoio à pesquisa que alcançou o valor de 39 milhões em 2011 com recursos do

Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNDECI), Fundo de Desenvolvimento

Regional (FDR) e Fundo de Apoio às Atividade Sócio-econômicas do Nordeste (FASE). Ressaltou

editais recentes do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNDECI para

pesquisa, difusão tecnológica e convivência com o semiárido e apresentou alguns resultados no

semiárido que inclui projetos de incentivo à agricultura familiar, pesquisas para a prevenção de

desertificação, iniciativas para cultivos de espécies críticas da caatinga (palma adensada irrigada,

cultivo de Sabiá, cultivo de Xique-Xique), captação de água por barragem subterrânea e “in situ”,

do solo e construção de cisternas.

Por fim, o Superintendente reiterou que a convivência com o semiárido tem sido um dos focos de

atenção da ETENE e da FUNDECI, sendo que o monitoramento e alerta de secas é de extrema

relevância para o desenvolvimento da região.

Durante o debate do IV Painel, acrescentou-se que a atualização da classificação dos

municípios que pertencem ao semiárido deve ocorrer em breve, uma vez que a classificação é

dinâmica, e que o mapeamento de culturas no semiárido tem apoio de técnicos que vão a campo

para a coleta de informações in situ. Além disso, destacou-se a necessidade de um pacto federativo

com atribuição de responsabilidades a cada UF para trabalhar a lacuna de informações necessárias

e promover a sua distribuição gratuita.

Mesa Redonda e Encerramento Moderador: Eduardo Martins (Presidente da FUNCEME)

A mesa redonda foi composta pelos moderadores dos painéis Carlos F. Angelis

(Coordenação-Geral de Operações e Modelagem do CEMADEN); Regina Alvalá (Coordenadora

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de Relações Institucionais do CEMADEN); Javier Tomasella (Coordenação-Geral de Pesquisa e

Desenvolvimento do CEMADEN); Meiry Sakamoto (FUNCEME). Os moderadores apresentaram

suas impressões e pontos mais relevantes de cada painel e abriram o debate ao público que

destacou a necessidade de gerar informações prognósticas, com meses de antecedência, sobre

quando, onde e quanto vai chover; a necessidade de campanhas educacionais, que podem ser feitas

por agências bancárias e extensionistas; a oportunidade de gerar crédito/prêmio para o produtor

que utiliza boas práticas de manejo das lavouras; a oportunidade de promover o cultivo de espécies

nativas, adaptadas ao semiárido; a necessidade de criar uma base de dados nacional, com

metadados associados, que também estejam disponíveis para outros usuários além do CEMADEN;

e, por fim, enfatizou-se o grande desafio que está em trabalhar de forma articulada com as diversas

instituições envolvidas no tema, visando promover o desenvolvimento socioeconômico do

semiárido.

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Lista de Participantes Nome Instituição Telefone e-mail Cargo

Alexandre H. Cezar Barros EMBRAPA (Recife) (81) 3325-5988 [email protected]

Pesquisador do Centro Nacional de

Pesquisa de Solos, Uep Recife.

Aline R. Fernandes CEMADEN/MCT (61) 8111-9327 [email protected] Equipe MCT

André Souza MAPA/CONAB (61) 3312-6280 andrelfsouza@gmail

Consultor em agrometeorologia e

sensoriamento remoto

Antônio Carlos Simões Florido IBGE (21) 2142-4594 antonio.florido@ibge

Coordenador do Censo Agropecuário -

IBGE

Antonio Marozzi Righetto UFRN (84) 9418-3760 [email protected] Professor titular

Arnóbio Cavalcante INSA (83) 2101-6411 [email protected]

Bernardo Ruddorf INPE (12) 3208-6490 [email protected] Pesquisador

Carlos Almiro SUDENE (81) 2102-2420 [email protected] Coordenador

Carlos Frederico Angelis CEMADEN (12) 3208-7049 [email protected] Coordenador de Pesq. E Modelagem

Dione maria de Freitas MDA (61) 20200965 [email protected] Coordenadora do Garantia Safra

Eduardo Assad Embrapa (CNPTIA) (19) 3211-5810 [email protected] Pesquisador

Eduardo Martins FUNCEME (85) 3101-1119 Presidente

Fernando César Moura de Andrade FUNCEME (85) 3101-1120 Pesquisador

Flavio Rodrigues do Nascimento UFF e UFCE (21) 8287-7166 [email protected] Professor

Francinete Francis Lacerda IPA-PE (81) 9183-7733 [email protected] Pesquisadora

Francisco Campello MMA (61) 2028-1717 [email protected]

Diretor de Combate a Desertificação /

SEDRS

Francisco José Moreira Lopes IBGE

Chefe da Unidade Estadual do IBGE

no Ceará

Francisco Otávio Cunha Pires IBGE (85) 3464-5375 [email protected]

Supervisor das Estatísticas

Agropecuárias

Gertjan B. Beekman IICA (61) 2106-5411 [email protected]

Coordenador da Área de Gestão

Sustentável de Rec. Naturais e

Adaptação às Mudanças Climáticas

Gustavo Bracale MAPA [email protected] Coordenador-Geral

Ignácio Salcedo INSA (83) 2101-6411 [email protected] Diretor

Javier Tomasella CEMADEN (12) 3186-9306 [email protected]

Coordeandor de Pesquisa e

Desenvolvimento

João Bosco de Oliveira EMATERCE Técnico

José Hélcio Costalima de Queiroz Defesa Civil Estadual (85) 8899-1129 [email protected] Coordenador Estadual

José Leonaldo de Souza UFAL (82) 3214-1360 [email protected] Professor Associado

José Maria Pimenta EMATERCE (85) 3101 2416 [email protected] Presidente

José Narciso Sobrinho ETENE-BNB (85) 3299-3268 [email protected] Superintendente

José Nelson Martins de Souza Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Estado(85) 8879 7553 [email protected] Secretário

José Vanglésio de Aguiar IBGE [email protected]

Eng. Agrônomo Tecnologista em

Informações Geográficas e Estatísticas

Josualdo Justino Alves EMATERCE Técnico

Lauro Tadeu Guimarães Fortes INMET (61) 2102-4771 [email protected] Coordenador-Geral

Luciana Miura CEMADEN (12) 3186-9379 [email protected] Pesquisadora

Marcelo Cavás Asfora APAC (81)3183-1004 [email protected] Presidente

Marcelo Sestini INPE (12) 3208-7331 [email protected] Pesquisador

Marcelo Viana SUDENE [email protected] Técnico

Marcos Airton de Sousa Freitas ANA e UNIFOR (61) 2109-5207 [email protected] Pesquisador e Gestor

Marcos de Oliveira Santana MMA (61) 2028-1716/1717 [email protected]

Gestor do SAP/Analista de

Infraestrutura do MMA

Marcos Vinícius Assunção EMATERCE (85) 3101 8063 Técnico

Margareth Silvia Benício de Carvalho FUNCEME (85) 3101-1109 [email protected] Técnica

Maria Conceição Pontes Moreira EMATERCE (85) 3101 8063 Técnica

Meyre Sayuri Sakamoto FUNCEME (85) 3101-1090 [email protected] Pesquisadora

Minella Martins INPE (12) 8131-7487 [email protected] Mestranda

Paulo Cesar Sentelhas USP / ESALQ (19) 8112-2701 [email protected] Pesquisador

Paulo Nobre INPE (12) 3186-8553 [email protected] Pesquisador

Ramon Fírveda Penas SAF/MDA (61) 2020-0945 [email protected] Técnico

Raquel Cristina B. V. Pontes DNOCS (85) 3391-5548 [email protected] Técnica

Regina Célia dos Santos Alvalá CEMADEN (12) 3208-6644 [email protected]

Coordenadora de Articulação

Institucional

Regina Lúcia Feitosa Dias IBGE

Enga. Agrônoma - Técnica em

Informações Geográficas e Estatística

Reinaldo Lúcio Gomide Embrapa Minlho e Sorgo (31) 3027-1328 [email protected] Pesqusiador

Ricardo Sarmento Tenório UFAL (82) 8802-8758 tenó[email protected] Professor Associado III

Rita Márcia da Silva Pinho Vieira INPE (12) 3208-6171 [email protected] Doutoranda

Sonia Perdigão FUNCEME (85) 3101-1109 [email protected] Pesquisadora

Tânia Barreto Simões Correa SAP/Mapa (21) 2210.2001 Tâ[email protected] Técnica

Társis Piffer DIPAI/CONAB (61) 3312-6280 [email protected] Técnico