Relatorio de Campo Geomorfologia

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INTRODUÇÃO O trabalho de campo foi realizado no decorrer do trajeto da BR-174, de Manaus até a Serra do Tepequém, identificando diferentes feições geológicas tanto da Bacia do Amazonas quanto do Escudo das Guianas. Ele foi realizado no período de 17 a 22 de fevereiro de 2014, como parte do aprendizado da disciplina de Geomorfologia. Todos os afloramentos estudados são citados neste relatório, além das suas feições geológicas, tendo como princípios de trabalho as anotações, imagens, ilustrações, as atividades práticas realizadas no próprio afloramento, bem como a aplicação de todo o conteúdo visto em sala de aula e em todas as referências disponibilizadas na disciplina de geomorfologia. OBJETIVO Esclarecer e descrever as feições geomorfológica das áreas visitadas durante o trabalho de campo. CONTEXTO GEOMORFOLÓGICO 5

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INTRODUÇÃO

O trabalho de campo foi realizado no decorrer do trajeto da BR-174, de

Manaus até a Serra do Tepequém, identificando diferentes feições geológicas tanto da

Bacia do Amazonas quanto do Escudo das Guianas. Ele foi realizado no período de 17 a

22 de fevereiro de 2014, como parte do aprendizado da disciplina de Geomorfologia.

Todos os afloramentos estudados são citados neste relatório, além das

suas feições geológicas, tendo como princípios de trabalho as anotações,

imagens, ilustrações, as atividades práticas realizadas no próprio afloramento,

bem como a aplicação de todo o conteúdo visto em sala de aula e em todas as

referências disponibilizadas na disciplina de geomorfologia.

OBJETIVO

Esclarecer e descrever as feições geomorfológica das áreas visitadas

durante o trabalho de campo.

CONTEXTO GEOMORFOLÓGICO

De acordo com Spier, 1999, o Escudo das Guianas, que forma a parte

norte do Cráton Amazônico, é um domínio estável e antigo formado por

complexos granito-gnáissicos com um núcleo granulitico e faixas vulcano-

sedimentares metamorfisadas do Éons Arqueano (4.0 b.a – 2,5 b.a) e

Proterozóico (2,5 b.a. – 530 M.a.). Durante o Período Paleozóico essas rochas

foram submetidas a processos de erosão, depositando os sedimentos na Bacia

Paleozóica da Amazônia.

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A Bacia do Amazonas esta situada entre os crátons das Guianas ao norte e do

Brasil ao sul. Ela possui a forma sinéclise. Seu arcabouço estratigráfico possui duas

megassequências de primeira ordem, uma paleozoica, constituída por rochas

sedimentares de naturezas variadas com intrusões de diques e soleiras, e uma mesozoic-

cenozoica sedimentar. As rochas dessa sequência compõe o Grupo Trombetas composto

pelas formações: Autás Mirim (neo-ordoviciana), Nhamundá (eossiluriana), Pitinga

(siluriana) e Manacapuru (neossiluriana-eodevoniana) (CUNHA, 2007).

Figura 1 – Sinéclise da Bacia do Amazonas

DESCRIÇÃO DOS PONTOS

A Cachoeira Porteira se localiza no quilometro 13 da rodovia AM-240 no

município de Presidente Figueiredo onde as rochas são do Grupo Trombetas, arenito

Nhamundá. Como localização se tem:

Lat: 2°2’2,7’’S

Long: 59°55’11,8’’W

Alt: 113 m

Na figura 2 pode-se observar o perfil topográfico do local, indicando que o

terreno passa de uma área elevada, em torno de 200 m para uma área mais rebaixada,

entre 100 e 50 m. É nesta área mais baixa que se encontra a Cachoeira Porteira. Este

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perfil também reflete o perfil da área de Presidente Figueiredo, onde se encontra essa

cachoeira.

Figura 2 – perfil da Cachoeira Porteira

Para se chegar até o ponto da cachoeira foi necessário percorre um caminho com

altitude inicial de 173 m e solo bem amarelado e após 800 m de caminhada se chega a

uma parte plana, (113 m) com solo mais fino e branco. Ou seja, passou-se de um platô

para uma área mais baixa. Tal solo se encontra em todo o vale chegando próximo a um

curso d’água, que é um tributário do rio Urubu, cuja direção é norte-sul. Esse pacote

arenoso fino e branco, que se encontra ao lado da estrada faz com que se tenha uma

modificação na vegetação do local.

Figura 3 – (A) Arenito, rocha formadora do solo da cachoeira da Porteira. (B) Fragmento da rocha

mostrando que seus grãos são de quartos, arredondados e bem selecionados.

A rocha desta área possui uma cobertura preta de óxido proveniente do

intemperismo local. Seu solo é arenoso, bem selecionado e claro contendo uma grande

quantidade de quartzo arredondado proveniente de uma rocha sedimentar (arenito fino

com estratificação) (figura 3 A e B). A tonalidade acinzentada do solo se deve a matéria

orgânica proveniente da vegetação local.

As rochas apresentam uma intercalação de camadas horizontais e camadas com

estratificação cruzada, todas paralelas entre si. Porém o bloco é horizontal. A

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A B

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estratificação cruzada indica um ambiente de leito com ondas, onde a deposição ocorre

no flanco inclinado, como pode ser visto na figura 4 A e B. A inclinação indica o

sentido da corrente (norte). A camada horizontal indica um fluxo de maior energia.

Figura 4 – (A) Vista geral do arenito com estratificaçao cruzada. (B) Vista em detalhe da intercalação

das camadas horizontais e inclinadas.

Caminhando-se pelo leito da cachoeira percebe-se que as rochas começam a se

tornar inclinadas, obtendo sua maior inclinação ao redor do fluxo d’água. As camadas

se encontram rotacionados devido a falhas no terreno que fizeram com que uma camada

deslize sobre a outra, ou seja, um bloco desce e o outro sobe, expondo apenas a ponta da

camada. O restante das camadas se encontram em profundidade, como pode ser

observado na figura 5.

Figura 5 – Estrutura rotacionada da rocha devido a falha no terreno

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A B

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Observou-se que nas partes inferiores da rocha, e também na margem rio, uma

estrutura chamada de favo de mel (Figura 6 A e B), que consiste em depressões

causadas pela passagem da água que escava e remove as particulas, deixando a rocha

esburacada e mostrando que ela é composta de material permeável.

Figura 6 – (A) Estrutura em favo de mel na parte inferior da rocha; (B) Favo de mel no leito do rio.

O rio possui uma drenagem subsequente (Figura 7A), pois ele segue a estrutura

da falha presente na região. Seu fluxo é turbulento devido a fundo irregular proveniente

das camadas dobradas subjacentes, formando no fundo do rio as marmitas que são

depressões causadas pela remoção de particulas onde se tem o acumulo de sedimentos

pesados. Nele pode ser visto um knickpoint (Figura 7B) que é o deslocamento vertical

do rio causado por uma falha no local levando a formação de uma queda d’água.

Figura 7 – (A) Rio subsequente – segue a estruturação da camada; (B) Knickpoint, formando uma queda

d’água.

A Bacia do Amazonas possui a forma sinéclise, onde na porção central nota-se

um afundamento da mesma devido ao peso dos sedimentos sobrejacentes e nas bordas

se tem o afloramento de todas as camadas, inclusive as mais profundas da bacia. No Km

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A B

A B

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160 da BR-174 se encontra a borda norte da Bacia do Amazonas que possui as seguintes

coordenadas:

Lat: 1°36’26,4’’ S

Long: 60°12’10,1’’ W

Alt: 111 m

Os sedimentos que preencheram a Bacia do Amazonas são provenientes do

escudo das Guianas, que sofrem na atualidade uma inversão de relevo, ou seja, o escudo

que antigamente era mais elevado, se encontra rebaixado em relação a bacia, e esta

apresenta intenso processo de dissecação, alterando seu relevo original. Tal processo se

deve em parte pela geometria da borda da bacia que se encontra elevada e parte por

algum evento tectônico.

O escudo das Guianas é composto por rochas vulcânicas e metamórficas de

idade mais antiga formando o embasamento cristalino.

Esta borda de bacia elevada é o divisor dos rios que correm para o rio Amazonas

e para o Escudo, é nele que se tem a cabeceira dos rios. Na região plana (escudo das

Guianas), predominam os canais dendríticos. Já em direção a bacia encontram-se rios

com intensa erosão remontante e algumas capturas de rios que corriam para o escudo,

passando a correr em direção a bacia. Isso se dá devido a diferença de energia dos rios,

onde o que possui a maior energia captura o de menor, alterando seu curso.

Na figura 8 pode-se perceber a diferença de topografia quando se passa da Bacia

do Amazonas para o escudo das Guianas. Mostrando que no momento, a Bacia se

encontra mais elevada e em processo mais intenso de dissecação do que o escudo.

Figura 8 – perfil da borda norte da Bacia do Amazonas

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Figura 9 – Ponto da BR-174 que indica a divisão entre a Bacia do Amazonas e o Escudo das Guianas.

A Pedreira Martins Pereira está localizada no Km 160 da BR-174 em

Rorainópolis. É constituída por um corpo ígneo rochoso arredondado, stock granítico,

do tipo Pão-de Acúcar com superfície convexa, coloração preta devido ao intenso

intemperismo químico no local e da ação da vegetação. É uma rocha félsica, clara,

fanerítica, com minerais grandes, composta por quartzo, plagioclásio, feldspato e biotita

(figura 10 A).

Lat: 1° 4’ 18,1’’ N

Long: 60° 22’ 49,2’’ W

Alt: 105 m

Percebeu-se no local uma vegetação do tipo cactos de pequeno porte e arbustos

apenas nas partes que se encontram fraturados e no topo do corpo rochoso.

Devido ao intenso escoamento superficial e a alta inclinação da encosta do stock,

é possível se ver caneluras (valetas) profundas do lado esquerdo do corpo (Figura 10B).

Elas formam um feedback negativo, visto que a água aprofunda as caneluras, que

conseguem formar solos em sua encosta, instalando a vegetação no local. Com o

intemperismo biológico (físico-químico) se tem o aprofundamento das caneluras com

seu faturamento pela ação das raízes e a retirada de minerais das rochas para a

alimentação da planta.

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.

Figura 10 – (A) Vista geral do relevo tipo Pão de Açúcar; (B) Caneluras oriundas do escoamento

superficial.

Com o escoamento superficial ocorre a remoção mecânica dos grãos minerais.

Esta remoção pode ser evidenciada pelos buracos presentes nas caneluras e pelas

panelas na rocha (Figura 11 A e B). Primeiro se tem o intemperismo químico soltando

os grãos e depois o mecânico removendo-os. Estes grãos removidos são depositados na

base da rocha formando o solo local.

Figura 11 – (A) Buracos oriundos da remoção de partículas pelo escoamento superficial; (B) Panelas

presente na rocha.

Em profundidade, com alta pressão e temperatura, o corpo ígneo sofreu um

cisalhamento, deformação dúctil, o que acarretou certo grau de metamorfismo no local.

Devido o esforço sofrido pelo corpo, houve uma deformação das camadas e um reajuste

na posição dos minerais. Isto pode ser evidenciado quando se observa o alinhamento

horizontalizado das biotitas (Figura 12B).

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A B

A B

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Figura 12 – (A) fragmento de rocha felsica proveniente do stock mostrando a quantidade de minerais

presentes; (B) Alinhamento horizontalizado das biotitas, indicando presença de metamorfismo na rocha.

O corpo apresenta fraturas horizontais que acompanham sua estrutura, com um

conjunto imenso delas ocorrendo nas bordas da rocha (figura 13A). Essas são fraturas

de alivio de tensão devido à diferença de pressão que o corpo ígneo é submetido durante

seu soerguimento até chegar à superfície, ela também ajuda no formato da rocha. Com o

alivio da pressão o corpo rochoso se expande causando a abertura de fraturas paralelas a

superfície. Não são evidenciadas fraturas de alivio no interior da rocha. Com isso se tem

o acumulo de fragmentos de rochas no topo e na base do corpo devido a queda de

blocos e a esfoliação pelo alivio da carga. Esse processo é acentuado pelo fato da

encosta não apresentar solo, ficando assim mais exposta ao intemperismo químico.

Figura 13 – (A) Fratura de alivio levando a esfoliação da superfície da rocha; (B) Rompimento de

núcleo devido ao aumento de temperatura.

Em Mucajaí, o Morro do Cruzeiro é um stock granodiorito metamorfisado

(ortognaisse) do tipo inselberg (serra isolada com região plana ao redor em cima seco–

pediplano), com biotitas alongadas e alinhadas e presença de veios de quartzo (Figura

12A), localizado na área urbana da cidade de Mucajaí.

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A B

BA

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Lat: 2° 27’ 2’’ N

Long: 60° 55’ 23,3’’ W

Alt: 80 m na base e 130 m no topo

O corpo rochoso possui desplacamento devido a esfoliação (Figura 14B) por

alivio de pressão que acompanha a estrutura da rocha. Nas áreas com presença da

esfoliação a rocha se encontra oca e com o intemperismo químico agindo nos minerais.

Figura 14 – (A)Veio de quartzo na estrutura rochosa; (B) Base da rocha que foi fragmentada devido o

desplacamento da esfoliação.

Percebeu-se também algumas panelas, grandes depressões, em toda a sua

extensão (Figura 15 A e B). Elas são formadas pelo acumulo de água em áreas mais

elevadas da esfoliação proveniente do escoamento superficial. Elas possuem o formato

de gota e acumulam sedimentos provenientes do intemperismo da parte superior da

rocha, com formação de solo e vegetação no seu interior, o que faz com que aumente o

intemperismo no local ampliando as panelas. Elas se encontram praticamente alinhadas

umas com as outras.

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BA

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Figura – 15 (A) Área elevada da esfoliação que propicia o acumulo de água. Provável início da

formação de uma panela; (B) Panelas alinhadas em formato de gota.

A vegetação é praticamente ausente devido a não formação de solo na superfície

rochosa. Ela esta presente apenas no interior das panelas e em algumas fraturas, sendo

formada por arbustos e alguns cactos pequenos. O solo nas panelas possui a coloração

escura devido a ação biológica da vegetação.

As caneluras presentes são suavizadas devido a baixa inclinação da encosta

sendo quase imperceptíveis. Possui um deposito coluvional devido ao desplacamento da

superfície com esfoliação (Figura 16).

Figura 16 – Depósito coluvional proveniente do desplacamento da superfície rochosa;

Na parte superior do corpo rochoso se encontra uma camada menos resistente

levando a um aparecimento de “buracos” alinhados que foram formados pela ação do

intemperismo e erosão, que maior nessa área do que no restante da rocha. Esta camada

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BA

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permite que haja uma quebra no relevo, ou seja, uma angulosidade na superfície do

stock (figura 17 A e B).

Figura 17 – (A) Camada com diferença na litologia sendo menos resistente que as demais. (B) Vista

geral mostrando as panelas, a quebra no relevo e a ação do intemperismo e erosão na camada menos

resistente (formação de buracos alinhados).

Pelo perfil topográfico abaixo pode-se observar que a cidade de Mucajaí se

encontra em uma área praticamente plana com poucas declividades, sendo a mais

acentuada a passagem do rio local. Ele reforça o perfil do Escudo das Guianas de uma

área com baixas altitudes.

Figura 18 – perfil da cidade de Mucajaí

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BA

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Seguindo pela BR-401 sentido Boa Vista à Bonfim, pode-se identificar um conjunto de

serras e morros interligados como o morro redondo, do tipo Inselberg, que faz parte da

serra do tucano. Em destaque ao Morro da Antena no qual é o ponto mais alto da bacia

do tacutu, faz parte do planalto residual sedimentar da serra do tucano, pertencente à era

mesozóica (Figura 18 A).

É o estágio atual da evolução da bacia que se encontra em feedback positivo, a área era

topograficamente rebaixada hoje se encontra em altitudes elevadas, ou seja, houve a

inversão do relevo.

Lat: 3º14’28,4’’N

Long: 60º9’00’’W

Alt: 313m no topo.

Ao chegar no local, pode-se observar a presença de termiteiras de aproximadamente

1,30m de altura, estas retratam a composição subterrânea pois recolhem material

litológico para a construção dos seus edifícios habitacionais, criados pelas térmitas

geófagas. (Figura 16 A)

(Figura 16 – (A) Termineiras argilosas)

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A

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subindo o morro da antena pode-se visualizar estruturação de vales abertos e fechados em formas de “V” fortemente dissecados por ravinamento o que ocasionou incisão de drenagem de 1ª e 2ª ordem (Figura 18 B).

No perfil abaixo pode-se identificar o processo de ravinamento ocorrido pelo escoamento superficial da água de uma área topográficamente mais elevada.

O material presente na subida do morro apresenta forte lateritização, com material mal selecionado e bem fragmentado (Figura 17 A), e acamamento com intercalação de arenito e siltito, o que, com o escoamento superficial da água moldou a forma de relevo presente, devido a diferença litológica entre os materiais, ou seja, a litologia influenciando na forma de relevo colinoso com vertentes retilíneas (Figura 16 E).

Do topo, observa-se a planície de inundação com a mata ciliar e o conjunto de morros que seguem à costa do hemigráben (Figura 17 B).

(Figura 17 – (A) Litologia ao decorrer da subida do morro da antena. (B) Vista geral do topo do morro

da antena com vista para a costa do hemigráben pertencente a bacia sedimentar do tacutu).

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A B

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(Figura 18 – (A) Vista completa do morro da antena. (B) Vista dos vales em “V” dissecados pelo

escoamento superficial da água)

Na serra do Tepequém, a 210km de Boa Vista, O ponto em observação encontra-se em

coordenadas:

Lat: 3º45’51,8’’ N

Long: 61º43’24,1’ W

Alt: 673m de altitude

Foi observado um relevo residual com topo apresentando dobramento com orientação ENE-WSW, ou seja, sistema sinclinal. O topo é de forma côncava e possui drenagens associadas. (Figura 18 A)

O tipo de relevo presente foi desenvolvido a 1.8GA, ou seja, o relevo atual é controlado por estruturas antigas, denominado de morfoestrutura; estas morfoestruturas, como os variados tipos de relevos associados à estrutura do topo da serra do tepequém demonstrados pela presença de uma escarpa erosiva, com encosta, morros residuais alinhados com regiões planas entre eles.

(Figura 18 – (A) Vistal geral da morfologia da serra do tepequém)

Aos arredores da serra do Tepequém, em coordenadas:

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A B

A

Page 16: Relatorio de Campo Geomorfologia

Lat: 3º47’2,5’’N

Long: 61º45’8,8’’W

Alt: 564m de altitude

Antes de chegar a cachoeira do barata, há a ocorrência de voçorocamento devido a

incisão de drenagem causado pelo escoamento da água. Feições erosivas, remoção do

solo mais friável com pelo menos 0,5 de largura, 0,5 de profundidade e 30m de

comprimento (Glossary of Soil Science Terms, 2008), há a formação de pedestais.

Apresenta cicatrizes de movimentação de massa (força gravitacional aliada ao

escoamento superficial da água), (Figura 19 A e B).

(Figura 19 – (A) Incisão por voçorocamento do lado esquerdo do corte de estrada, com perfil mais

horizontalizado, possivelmente a continuação do voçorocamento maior presente na figura (B). (B)

voçorocamento mais verticalizado do lado direito do corte de estrada).

Chegado à cachoeira, apresenta vários knickpoints, com superfície lisa que com a erosão

remontante suavizou o perfil; de composição sedimentar do paleoproterozóico.

A cachoeira pode estar associada à morfoestruturas ou a morfotectônica, pois

evolutivamente, a drenagem foi instalada e escavou a paisagem até chegar ao nível da

rocha, ou seja, o antigo relevo de deposição se inverteu a exposição e ao entalhamento,

hoje topograficamente mais elevada (Figura 20 A e B).

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A B

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(Figura 20 – (A) e (B) Cachoeira do Barata, forma de relevo atual)

Subindo a serra do tepequém, para se observar a feição morfoestrutural escarpada, com

convexidade na parte central com sentido para 310ºW com a planície intermontana,

parede abrupta e vertente retilínea.

Coordenadas :

Lat: 3º45’15,9’’N

Long: 61º43’4,5’’W]

Alt: 674m

Apresenta composição ígnea do tipo extrusiva no qual preservam a forma de relevo de

idade de 1.7 a 1.8 GA; subindo a serra pode-se observar a inclinação da descida de

rampa de colúvio.

(Figura 21 – (A) Borda da escarpa e planície intermontana a 310ºW. (B) Porção lateral da escarpa a

250ºW)

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A B

A B

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Pelo perfil apresentado abaixo, observa-se o escarpamento acentuadado, a planície

intermontana, vertente retilínea na porção direita do perfil e parede abrupta com rampa

de colúvio na porção esquerda.

CONCLUSÃO

Dentre os benefícios adiquiridos durante a prática de campo da disciplina

Geomorfologia, o de ampliar e práticar os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de

aula, sem dúvida, merece destaque. Identificar na prática as estruturas geomorfológicas,

compreender e refletir sobre a formação, evolução e caracteristicas de estruturas

presentes na paisagem dos estados do Amazonas e Roraima, e assim, compreender os

eventos que ocorreram, por exemplo na região da Serra do Tepequém.

Ainda, com as informações adquiridas em trabalho de campo, fazer um levantamento

dos dados e conseguir uma quantidade de informações, que após a análise, puderam ser

organizados e distribuidos neste relatório.

Durante a prática de campo, o penúltimo ponto visitado, a subida para a serra do

tepequém não pode ser completado, pois os alunos que realizaram a prática de campo

não possuiam condições físicas, por tal ocorrido, os dados obtidos foi de pouca

quantidade.

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REFERÊCIAS

1. SPIER, C.A.; FERREIRA, C.F.F. Geologia, estratigrafia e depósitos minerais

do projeto Vila Nova, Escudo das Guianas, Amapá, Brasil. Revista Brasileira

de Geociencias. 29(2); 173-178, junho 1999

2. CUNHA, P.R.C.; MELO, J. H.G.; SILVA, O.B. Bacia do Amazonas.B.Geoci.

Petrobras, Rio de Janeiro, v.15, n. 2, p. 227-251, maio/nov. 2007

3. SOIL SCIENCE SOCIETY OF AMERICA. Glossary of soil science terms.

Estados Unidos. 2008. 88 p.

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