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RELATÓRIO DA COMISSÃO CULTURA, CIDADANIA E COMUNICAÇÃO CONSELHO GERAL DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA Março 2015

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RELATÓRIO DA COMISSÃO

CULTURA, CIDADANIA E COMUNICAÇÃO

CONSELHO GERAL DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Março 2015

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2 CONSELHO GERAL DA UC Comissão de Cultura, Cidadania e Comunicação

ÍNDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3

A CULTURA NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA ................................................ 7

A CIDADANIA NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA ........................................... 23

A COMUNICAÇÃO NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA .................................. 45

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INTRODUÇÃO

“A Universidade de Coimbra é uma instituição de criação, análise crítica,

transmissão e difusão de cultura, de ciência e de tecnologia que, através da investigação,

do ensino e da prestação de serviços à comunidade, contribui para o desenvolvimento

económico e social, para a defesa do ambiente, para a promoção da justiça social e da

cidadania esclarecida e responsável e para a consolidação da soberania assente no

conhecimento” (Estatutos da Universidade de Coimbra, 2008, artigo 2.º, “Missão”).

Atualmente com cerca de 24 500 estudantes (quase 13 000 deles em mestrado e

doutoramento e 873 em programas de mobilidade, cerca de oito dezenas dos quais de

nacionalidades diferentes), 1472 docentes, 64 investigadores e 1276 trabalhadores não

docentes (dados de finais de 2014/inícios de 2015), a Universidade de Coimbra é uma

das maiores universidades portuguesas e a mais conhecida internacionalmente, pois foi,

até à implantação da República, praticamente a única universidade que existiu em

Portugal, a ela tendo competido a preparação dos quadros que materializaram a diáspora

portuguesa à escala planetária. Por tudo isso, a sua missão transcende em muito a

formação estritamente profissional: a UC assume-se como um lugar de preparação de

pessoas que se destinam a ser tecnicamente competentes nas suas áreas de

especialidade, mas também indivíduos capazes de ler o mundo e de contribuir, de uma

forma esclarecida, para a construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna.

Deste modo, ao desenhar a arquitetura das suas comissões de trabalho, entendeu

o Conselho Geral da Universidade de Coimbra, no início do seu mandato de 2012-2016,

que se exigiria incluir entre essas comissões uma que se dedicasse à reflexão em

profundidade acerca do lugar da Cultura, da Cidadania e da Comunicação no seio da

UC, hoje em dia.

Da cultura, porque esta constitui uma marca de água do genius loci coimbrão e

inspira uma vivência académica sem paralelo no panorama universitário português. Da

cidadania, porque o Conselho Geral tem consciência de que a formação e intervenção de

um/a estudante não se resume, de modo algum, à sala de aula. Da comunicação, porque

esta é uma área por natureza transversal e que tem adquirido um valor estratégico cada

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vez maior, não só como recurso para otimizar a presença e a visibilidade da UC na

região, no país e no mundo, mas também como ferramenta indispensável ao reforço da

informação e da coesão da comunidade universitária de Coimbra.

No quadro das preocupações e atribuições desta comissão cabe também um

olhar acerca da saúde, da segurança, do ambiente e do desporto na Universidade de

Coimbra, que são valências cada vez mais importantes numa universidade completa e

competitiva. Em todas as áreas, trabalhámos sempre com o mesmo propósito e, apesar

dos ajustamentos a que as especificidades obrigaram, adotou-se um tratamento

semelhante: primeiro, evocar as condições objetivas em que se desenvolvem hoje as

atividades em cada setor; depois, proceder a um diagnóstico geral da situação,

identificando os pontos fortes e os pontos fracos, em cada valência; por fim, enunciar

um conjunto de recomendações que possam ajudar a reorientar a política da UC nas

várias matérias, nos termos que os próprios Estatutos da Universidade de Coimbra

preveem, ao definirem as competências desse órgão de governo que é o Conselho Geral

(art.º 41.º, alínea g): “Propor as iniciativas que considere necessárias ao bom

funcionamento da Universidade de Coimbra”.

Do ponto de vista metodológico, para produzir este relatório a Comissão de

Cultura, Cidadania e Comunicação (em funcionamento desde setembro de 2013)

entendeu dever realizar primeiro uma longa série de audições a pessoas com

responsabilidades nas áreas sob a sua observação, completada com algumas entrevistas

a estruturas da Universidade de Coimbra, da cidade ou até de fora dela que foram

selecionadas como interlocutoras particularmente relevantes. Assim, durante o ano

letivo de 2013-2104 e no início do ano letivo de 2014-2015, foram convidados a reunir-

se connosco (mediante apresentação prévia de um guião com perguntas contemplando

as diversas áreas): os/as senhores/as vice-reitores/as com tutela nas vertentes em apreço;

os/as senhores/as diretores/as de todas as faculdades da UC; os senhores diretores de

sete unidades de extensão cultural e apoio à formação (BGUC, AUC, IUC, TAGV,

Museu da Ciência, Centro de Documentação 25 de Abril e Jardim Botânico); o senhor

diretor do Colégio das Artes; a senhora diretora dos SASUC; os dois últimos

presidentes da Associação Académica de Coimbra [AAC]; os Organismos Autónomos

da AAC; as secções culturais da AAC; o senhor provedor do estudante; os/as

vereadores/as da Câmara Municipal de Coimbra com delegação de competências nas

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áreas em questão; cinco agentes culturais-educativos relevantes da cidade de Coimbra

(Cooperativa Bonifrates, Companhia Escola da Noite, Companhia O Teatrão,

Conservatório de Música de Coimbra e Exploratório Infante D. Henrique); quatro

federações desportivas nacionais (Ciclismo, Vela, Ténis de Mesa e Remo) e um antigo

membro do Conselho Desportivo da AAC, em representação do Presidente da AAC; e

ainda quatro organizações da área da intervenção social (Centro Distrital da Segurança

Social, Assistência Médica Internacional, Associação Integrar e Caritas Diocesana de

Coimbra).

Este relatório sustenta-se, portanto, numa recolha muito alargada de informações

(uma boa parte das quais foi também fornecida por escrito) e em perto de quarenta horas

de discussão com os parceiros acima identificados. Traduz, sobretudo, o entendimento

dos membros da comissão acerca das diferentes matérias, na sequência de um debate

interno que teve lugar no seio do grupo, em reuniões mensais que decorreram entre

novembro de 2014 e fevereiro/março de 2015 e que permitiram chegar a este resultado.

É agora desejo da comissão que este relatório seja objeto de uma discussão

alargada no seio do plenário do Conselho Geral, esperando-se que, numa fase posterior

(ao longo do ano letivo de 2015-2016), possa também ser discutido pela comunidade

académica, no seu conjunto, e pelas estruturas externas que se entender pertinentes

convidar para o efeito.

Por fim, a Comissão deseja exprimir o seu reconhecimento pela colaboração

prestada pelos vários parceiros e entrevistados, os quais, com o seu conhecimento

profundo das matérias em análise, iluminaram de forma muito especial esta missão.

Universidade de Coimbra, em março de 2015.

Pela Comissão de Cultura, Cidadania e Comunicação do Conselho Geral da UC

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Ana Teresa Peixinho, António Vilar Queiroz, Carlos Fortuna, João Gouveia

Monteiro, João Mota, Luís Saraiva da Silva, Mário Santos, Pedro Hespanha e Teresa

Tito de Morais.

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A CULTURA NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

1. Condições objetivas em que se desenvolvem as atividades culturais

Pelas razões enunciadas na Introdução a este relatório, para além da formação

científica e técnica dos seus alunos, cabe à UC garantir as condições materiais

indispensáveis e promover a intervenção e a fruição cultural de todos os seus membros.

Portugal é um país onde a cultura é pouco acarinhada. Basta olhar para a fatia do OGE

que lhe é atribuída, tomar nota dos temas dominantes nos grandes debates públicos,

consultar a nossa imprensa para o confirmarmos. O problema torna-se ainda mais grave

devido às dificuldades financeiras que o país atravessa e que têm levado a cortes severos

na cultura. Coimbra e a sua universidade dificilmente poderiam deixar de sofrer as

consequências de um enquadramento tão desfavorável, e também por isso a cidade não

tem tido facilidade em reter os principais atores culturais que forma.

Na verdade, as iniciativas culturais ocupam um lugar discreto na constelação das

atividades universitárias coimbrãs, no imaginário estudantil, no cerimonial universitário

e nas preocupações dos docentes, dos funcionários e de muitos responsáveis da UC. Isso

configura um empobrecimento e uma visão redutora da missão universitária e permite

identificar um campo de intervenção estratégica em que a UC tem tudo a ganhar e

absolutamente nada a perder.

Para mais, a UC dispõe de um potencial extraordinário para um investimento

muito mais forte, organizado e coordenado na área da cultura. Por um lado, pela massa

humana de que dispõe e pela aura simbólica de que desfruta não só em Portugal como

em todo o mundo, um estatuto que foi reforçado com a classificação como Património

Mundial da Humanidade. Por outro, pelas características de muitas das suas unidades

orgânicas, dos seus equipamentos e da sua organização interna: a UC dispõe de um

teatro académico [o TAGV] que é, até ver, pela sua dimensão e centralidade, a grande

sala de espetáculos de Coimbra; tem também uma única associação de estudantes [a

AAC], centenária e prestigiadíssima, instalada em edifício próprio e contíguo ao teatro

académico; a UC dispõe ainda de um conjunto singular de equipamentos extra-

faculdades (as unidades de extensão cultural e apoio à formação: UECAF) com grande

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prestígio e vocação para a dinamização cultural e para as atividades de interface com a

comunidade não universitária; na UC, existe um património material, imaterial e

biológico riquíssimo, com destaque (além do património construído) para o seu acervo

documental, livreiro e musical, para as suas coleções museológicas (algumas delas de

nível internacional) e para o seu Jardim Botânico; por fim, a memória histórica da

cidade identifica Coimbra como um lugar de encontro de povos e de civilizações, como

um espaço de tolerância e de diálogo intercultural, algo que a procura da UC por muitos

estudantes oriundos dos países da CPLP constantemente recorda.

O grande desafio que se coloca aos responsáveis pela UC é, assim, o de – apesar

dos grandes constrangimentos em matéria de recursos humanos e financeiros que hoje

se verificam – serem capazes de contribuir para explorar e articular de forma criativa e

minimamente organizada este imenso potencial, imprimindo um rumo estratégico claro

ao fortíssimo desígnio cultural que a sua instituição concentra, e conseguindo

transformar o que são hoje múltiplas iniciativas pontuais desgarradas numa oferta

coerente, continuada e atrativa, em profunda interação com a cidade e com a região.

2. Diagnóstico global da situação

2.1. Reitoria e Teatro Académico de Gil Vicente

A UC tem incluído na sua equipa governativa um/a responsável para a área das

atividades culturais. Trata-se de um sinal de atenção a este setor, que se tem traduzido

em resultados positivos, o mais conhecido dos quais é a realização da Semana Cultural.

Este evento tornou-se um dos principais acontecimentos culturais da Região Centro,

com a sua duração a ultrapassar, hoje em dia, dois a quatro meses. Inclui no seu

programa perto de uma centena de iniciativas (subordinadas a um tema comum) e

envolve agentes culturais exteriores à UC. Suscita uma forte mobilização interna e é

reconhecida a qualidade média dos eventos, ainda que com uma presença discreta das

artes performativas. Com vista ao seu crescimento, a Semana Cultural beneficiaria em

concentrar-se um pouco mais no tempo (de modo a não perder a sua identidade própria)

e em escolher como mote inspirador temas amplos, sim, mas não tão vagos que corram

o risco de se anular a si próprios. Um lançamento mais precoce da iniciativa estimularia

também uma participação mais intensa de eventuais parceiros, incluindo os externos.

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A Reitoria tem-se empenhado em muitas outras frentes de atividade cultural, por

exemplo através de iniciativas próprias como os espetáculos no Páteo da Universidade,

ou através da celebração de protocolos com diversos parceiros, o que tem ajudado a

viabilizar eventos de importância para a cidade, desde o Festival de Música ao ciclo

Jazz ao Centro. Relevantes são ainda as colaborações da UC com organismos como a

Academia de Música Aquilles delle Vigne ou a Capella Sancta Crucis, assim como as

ações desenvolvidas na área da lusofonia (ex: documentários, exposições, Casa da

Lusofonia). Do mesmo modo, devem ser destacados os esforços de preservação e

divulgação do património classificado e a exploração de novos canais de divulgação das

atividades culturais, através do projeto Agenda7 e da rentabilização da página da UC e

das redes sociais.

Com um orçamento de partida reduzido (112 000 € em 2013, contra mais de 200

000 € em 2006), a política cultural da Reitoria tem igualmente procurado

financiamentos suplementares (receitas próprias, patrocínios) e pôde promover algumas

iniciativas culturais relevantes, como a homenagem ao P.e António Vieira ou o colóquio

“Coimbra, Cidade Aberta”. Este último evento identifica uma área de intervenção que a

UC pode explorar no futuro, através da organização anual de uma grande iniciativa

envolvendo os países de expressão portuguesa, subordinada em cada episódio a um

tema específico e incluindo uma componente de reflexão e debate e uma outra de

manifestação artística, porventura com extensão a países lusófonos. Do ponto de vista

da rentabilização da classificação pela UNESCO, seria desejável a concretização de um

Centro de Interpretação e Acolhimento, dirigido aos inúmeros visitantes anuais da UC.

O Teatro Académico de Gil Vicente [TAGV] é uma peça chave da política

cultural da UC. Chamamos a atenção para o vazio formal criado pela extinção da

Fundação Cultural da UC [FCUC], que deixou o teatro numa situação desconfortável e

que urge ultrapassar: esta unidade precisa de recuperar um estatuto de autonomia

institucional que lhe permita ter acesso a financiamentos públicos para as artes. Com o

seu financiamento regular a atingir um mínimo histórico e com dificuldades para fechar

os apoios anuais da Câmara de Coimbra, o TAGV dispõe hoje de uma verba reduzida

para programação própria e cumpre a sua missão muito por via da integração em redes

de programação mais amplas, com destaque para a Rede 5 Sentidos e para a École des

Maîtres. Sem dispor de uma sala de ensaios, que beneficiaria a sua articulação com os

cursos de artes entretanto criados na UC e permitiria afirmar a sua produção própria, o

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TAGV apresenta hoje uma programação de muita qualidade – atenta ao teatro, à dança,

à música e ao cinema –, mas também muito direcionada para produções de pequena

escala, mais adequadas, talvez, a estúdios e a espaços de natureza ‘experimental’ e

difíceis de compaginar com uma sala de espetáculos que dispõe de perto de 700 lugares

e que se deseja muito aberta à cidade, às suas companhias e agentes culturais e à

produção de qualidade que se for fazendo no interior da AAC.

É também necessário dotar novamente o TAGV de estatutos próprios, o que

aliás permitiria reativar o Conselho Consultivo (com significativa participação externa)

e incentivaria a celebração de protocolos com os diversos agentes culturais de Coimbra.

É também desejável a dinamização do Serviço Educativo e uma maior coordenação com

outras salas de espetáculo da cidade; o que dificilmente poderá acontecer se não se

continuarem a tomar medidas de reforço do quadro de pessoal do teatro, que, com a

extinção da FCUC, viu sair 9 dos18 funcionários a tempo inteiro.

Sem deixar de se saudar a realização pontual de eventos musicais de grande

qualidade em outros espaços físicos (p. ex., na Capela de São Miguel ou na Biblioteca

Joanina), registamos uma ainda pobre capacidade para concretizar uma oferta regular

neste domínio, através de ciclos de música capazes de criarem boas rotinas culturais e

de fidelizarem públicos de todas as idades. Neste e noutros domínios, o estreitamento de

parcerias com grandes equipamentos nacionais (do CCB a Serralves, do Teatro

Nacional D. Maria II à FCG, da Cinemateca ao Teatro São Carlos ou à Casa da Música)

seria muito bem-vindo. Importa também explorar formas de comunicação e de

marketing cultural mais direcionadas e regulares, e encontrar formas de intercâmbio

com os principais agentes culturais da cidade que permitam obter retorno crítico dessas

atividades e que contribuam para uma programação menos desencontrada das

iniciativas, pois Coimbra tem boas condições para se tornar uma das grandes cidades

portuguesas no domínio da formação cultural. A este propósito, seria oportuno começar-

se a pensar, desde já, em estreita colaboração entre a UC e a Câmara Municipal de

Coimbra, numa possível candidatura a Capital Europeia da Cultura, em 2027. Seria

também uma oportunidade para discutir mais em profundidade o que a cidade, no seu

conjunto, precisa ainda de fazer para formar e fidelizar públicos de cultura e para

repensar a forma como se pode atrair, de maneira mais eficiente e duradoura, a

população universitária às iniciativas de natureza cultural. Esta matéria carece, aliás, de

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um estudo especializado, implicando uma recolha paciente e criteriosa de dados e o

diálogo com especialistas, que permita perceber melhor quais os motivos do

afastamento de muitos jovens, docentes, investigadores e funcionários não docentes

relativamente aos eventos culturais que têm lugar em espaços universitários, e que

permita apontar caminhos e soluções para ultrapassar esta limitação.

2.2. Associação Académica de Coimbra

A atividade cultural na AAC enfrenta graves dificuldades, que se devem à

degradação do edifício da Rua P.e António Vieira (infiltrações de água, falência do

sistema elétrico, dificuldades de isolamento e climatização) e às dificuldades financeiras

resultantes da extinção dos duodécimos atribuídos pela Reitoria aos organismos

autónomos [OA] ou da dificuldade de acesso por parte das secções culturais [SC] às

verbas da Direção-Geral [DG]. Também a redução da maior parte dos cursos para três

anos suscita ainda dificuldades de adaptação ao nível da continuidade do trabalho

realizado no interior das quinze SC e dos sete OA da AAC. Registam-se ainda

dificuldades de relacionamento com a DG e, por vezes, entre os diversos grupos, em

parte provocadas quer pela disputa dos espaços, quer pelos critérios que presidem à

distribuição das verbas. Deve destacar-se a redução substancial do saldo positivo da

Queima das Fitas, com as consequências na restrição do financiamento das SC. Uma

vez que o apoio camarário obedece agora uma apreciação ‘em bloco’ e, atendendo a que

os prazos para apresentação dos pedidos de apoio destinados a serem incluídos nesse

bolo comum são geralmente reduzidos, a situação agravou-se ainda mais.

Praticamente sem ‘orçamento de funcionamento’ e condenados a aproveitar os

eventos da Semana Cultural ou a recorrer a expedientes (atuações musicais em

cerimónias privadas, venda de espetáculos a empresas e municípios, apresentação de

projetos ao IPJ) para sobreviver e fazer face às despesas obrigatórias (telefone,

expediente, pagamentos a maestros, divulgação de eventos), é hoje muito difícil

produzir cultura com qualidade na AAC e só o generoso empenho de algumas centenas

de estudantes permite manter em funcionamento a maior parte das estruturas.

Porém, o problema é também de reconhecimento do serviço que os OA e as SC

da AAC prestam. A Reitoria investiu na criação do Observatório da Cultura e das Artes

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[OCUC], de cuja missão consta “apoiar a UC no desenvolvimento de uma política

estratégica para a cultura” e “acompanhar as atividades culturais da UC e da AAC”

(Artigo 1.º, “Missão”), podendo mesmo conceder regalias pedagógicas aos estudantes

com atividade cultural mais intensa. No entanto, ou por carecer ainda de divulgação, ou

por não se encontrar ajustado às possibilidades dos destinatários (em matéria de prazos

para apresentação dos relatórios e projetos), o OCUC ainda não constitui um estímulo

real à dedicação estudantil à atividade cultural extracurricular. Também a emissão de

um suplemento ao diploma, certificando o forte envolvimento dos ex-estudantes que o

mereçam nas atividades culturais, aguarda concretização.

Deteta-se ainda um reduzido grau de comunicação interna, no seio da AAC e

entre esta e a restante comunidade. O Conselho Inter Organismos Autónomos reúne

pouco e já não tem assento no Senado. Também ao nível das secções culturais, as

sinergias são escassas, porventura em consequência da situação desigual em que se

encontram e da falta de motivação que começa a invadir algumas delas.

Impõe-se prosseguir, na medida das disponibilidades financeiras, os esforços de

recuperação do edifício da Rua P.e António Vieira. Seria desejável que a Reitoria, em

colaboração com a DG, as SC e os OA, ajudasse a definir (p. ex., através de um

protocolo com um horizonte de quatro anos) regras claras de utilização desse edifício,

com registo da memória de ocupação de cada espaço e com uma definição das

finalidades a que se destina a sua utilização. Para além disso, a Reitoria deveria procurar

garantir um apoio financeiro aos OA, para compensar a extinção dos duodécimos,

mediante apresentação e aprovação de um plano de atividades anual ou bianual,

devidamente monitorizado. Por outro lado, todos os esforços da Reitoria no sentido de

aproximar a DG das preocupações das SC e de as ajudar a ter acesso a uma parte da

verba anualmente transferida para a DG, assim como a conseguir obter apoios

municipais ou regionais, serão bem-vindos; nesse sentido, a elaboração regular de um

plano de atividades culturais da AAC poderia revelar-se útil. A cedência de um ou outro

espaço subaproveitado (por exemplo o antigo edifício da FMUC) a estruturas da AAC

poderia ser outro contributo válido.

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2.3. Unidades de Extensão Cultural e de Apoio à Formação

A existência das UECAF representa uma enorme riqueza da UC, mas também

uma pesada responsabilidade de gestão, da qual o Estado se tem alheado. Por isso, estas

unidades vivem dias de angústia para conseguirem cumprir dignamente a sua missão. É

cada vez maior a contradição entre o prestígio e o valor simbólico destas estruturas e os

recursos (logísticos, humanos e financeiros) que lhes estão atribuídos.

A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra [BGUC], único depósito

obrigatório para além da Biblioteca Nacional, enfrenta graves problemas de espaço. O

edifício principal (1962) previa um armazenamento de 20 km lineares, mas hoje está

perto de alcançar os 30 km de estantes e urge encontrar uma solução de longo prazo

para este problema. O quadro de pessoal da BGUC previa 82 colaboradores, mas hoje

não tem mais de 40 (incluindo bolseiros e colaboradores pontuais); para cumprir as

funções para que foi criada (tratamento técnico, conservação e restauro, apoio à

investigação, promoção de iniciativas culturais), a BGUC precisaria – segundo

estimativa do seu atual Diretor – de poder contar com meia centena de colaboradores

fixos. De acordo com a mesma fonte, o seu orçamento é quase todo consumido nas

despesas estruturais ou de funcionamento, sobrando pouco para investir na

modernização de processos ou na digitalização dos fundos; a verba já nem permite

manter certas coleções que integram o acervo documental, algumas das quais foram

iniciadas há mais de um século.

No plano físico, torna-se urgente aferir o resultado da recente reparação do

telhado do edifício novo da BGUC, para garantir que a chuva deixou de cair em várias

zonas, incluindo na sala de leitura; também é urgente calafetar as janelas desta sala,

tanto mais que, conforme foi explicado pelo Senhor Vice-Reitor com tutela nesta área, o

sistema de aquecimento central da biblioteca já não está operacional e não é

recuperável. No caso da Biblioteca Joanina, onde o controlo do fluxo de turistas é cada

vez mais necessário, as infiltrações de humidade inspiram especial cuidado. Criar

condições para acolher grupos de estudantes e de investigadores que necessitem de

trabalhar em grupo e recuperar o espaço do átrio principal são outras das preocupações

que nos foram manifestadas pelo atual Diretor da BGUC, que conseguiu alargar o

período de funcionamento e que mantém uma média de 12 exposições anuais, para além

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de organizar ou acolher tertúlias e de desenvolver colaborações com faculdades e

centros de investigação da UC, assim como com bibliotecas portuguesas e estrangeiras

(sobretudo Salamanca e Brasil).

Na área de intervenção da BGUC encontra-se também o Serviço Integrado das

Bibliotecas da UC (SIBUC), uma estrutura de apoio técnico e de coordenação das 23

bibliotecas da UC. O seu reduzido número de colaboradores (quatro) torna difícil a

missão de apoio ao ensino e à investigação, de divulgação e disponibilização dos

acervos bibliográficos das bibliotecas da UC e de promoção da qualidade da informação

nos sistemas por si geridos e desenvolvidos. Ferramenta estratégica essencial da UC na

era da afirmação do digital, o SIBUC merece toda a atenção e apoio.

A Imprensa da Universidade de Coimbra [IUC], fundada pelo Marquês de

Pombal, destaca-se como a mais ativa editora universitária portuguesa. Nos últimos dois

anos, publicou uma média de dois livros por semana e investiu muito nas plataformas

digitais. Apesar de constituir um instrumento vital para a divulgação da ciência feita na

UC, a Imprensa enfrenta problemas graves: com uma equipa reduzida (vive muito à

custa de estagiários e bolseiros), teve uma quebra de financiamento na ordem dos 40%

nos últimos três anos, o que só parcialmente foi compensado com o reforço de verbas

para o projeto UC Digitalis. A sua instalação no piso térreo do Instituto de Coimbra

(onde os níveis de humidade são elevados) dificulta o serviço de armazenamento e de

arquivo, impedindo a criação do desejado núcleo museológico. A Direcção tem o sonho

de poder um dia recuperar para seu uso integral o edifício pombalino do Instituto de

Coimbra, cujo piso superior está afeto à FDUC; isso permitiria também constituir um

depósito eficaz para vendas em linha. Problema grave é também o da distribuição dos

livros. A visibilidade dos produtos da IUC no mercado livreiro é reduzida, o que

desagrada aos autores e compromete as vendas, já de si de valor e encaixe irregulares.

No Arquivo da UC [AUC], que desempenha também as funções de arquivo

distrital, as principais dificuldades prendem-se com a falta de espaço para novas

incorporações, com as limitações de financiamento e com a escassez de pessoal

(técnicos superiores e funcionários). Detentor de fundos muito ricos, o AUC está

integrado em alguns projetos internacionais relevantes, como o Family Search

(digitalização de registos paroquiais, passaportes, etc.) e goza de uma excelente

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imagem. O seu empenho na elaboração de um Guia de Fundos, na informatização do

ficheiro de alunos e na criação de melhores condições para utilização de fundos para

investigação tem sido manifesto. Também tem sido feito um esforço para tornar o AUC

e o seu rico acervo mais conhecidos do grande público e para reforçar a disponibilização

de documentação em linha. Ao AUC se deve igualmente a organização de muitas

exposições documentais. Procura-se ainda dar uma nova dinâmica ao aproveitamento

dos fundos do arquivo, através de iniciativas diversas, como a disponibilização ao

público generalista de um serviço de elaboração de árvores genealógicas.

O Museu da Ciência [MC] da UC constitui um projeto cultural muito importante

para Coimbra. Beneficia de uma excelente imagem externa, promove articulações com

muitas entidades nacionais e estrangeiras, já foi premiado internacionalmente, constitui

um dos principais centros de cultura científica do país, tem reconhecimento regular na

comunicação social e possui um Serviço Educativo muito dinâmico. As coleções que

integram o MC (oriundas dos antigos museus universitários) são muito valiosas (em

especial as de Física e de Antropologia), mas exigem um quadro mínimo de

conservadores de que o MC não dispõe. Atendendo à redução do financiamento, torna-

se também difícil a realização de uma grande exposição anual. Em matéria de espaços, a

situação é complexa, pois um equipamento destes carece de áreas amplas para

instalação de reservas, de zonas expositivas compatíveis com as suas coleções e de local

para atividades públicas. Instalada no restaurado Laboratório Chimico, a Direção do

MC anseia pela concretização da Fase II, com a extensão ao Colégio de Jesus e com a

dotação de recursos que lhe permitam cumprir um desígnio pluridisciplinar único.

O Centro de Documentação 25 de Abril [CD25] constitui um arquivo de

memória da história portuguesa (recente) sem paralelo, mas também é uma instituição

de apoio ao ensino e à investigação, para além de difundir informação especializada

para fora da comunidade universitária. Apesar da sua visibilidade em Coimbra ser ainda

algo reduzida, goza de prestígio nacional e internacional, associado ao espólio que

tutela, aos conteúdos que produz e aos serviços que presta. Existe hoje no CD25 – que

se debate com problemas graves de espaço – uma expetativa muito grande, que decorre

da transferência do centro, em 2015, para o Colégio da Graça; espera-se que isso resolva

a maior parte dos problemas logísticos, que impedem que se aceite a incorporação de

novas coleções. No entanto, rentabilizar a reinstalação e aumentar a capacidade de

resposta do centro significaria também poder dispor de mais recursos humanos (que

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baixaram de 12 para 5 em apenas quatro anos, obrigando à cooptação de estagiários) e

ver mitigada a quebra na dotação financeira, o que restringe as verbas disponíveis para o

cumprimento de missões essenciais, apesar do esforço para captação de receitas

alternativas. Com os recursos de que dispõe, o CD25 vai assegurando um serviço

inestimável, que pressupõe uma ligação estreita à comunidade e a diversas instituições.

O Jardim Botânico [JB], de origem pombalina, dispõe de um património vegetal

e cultural riquíssimo. Local de recreio, é também um espaço destinado à investigação e

um local privilegiado para a promoção de iniciativas culturais. Um projeto QREN em

curso ajuda a enfrentar alguns dos problemas mais graves (acessibilidade, segurança,

limpeza, manutenção), através da recuperação de muros, gradarias, portões e áreas

edificadas, da requalificação e manutenção das áreas vegetais, e da construção de

caminhos, vedações e instalações sanitárias. O projeto inclui a requalificação das

estufas, a criação de uma nova zona de entrada adaptada a condições de mobilidade

reduzida, o reforço das estruturas de investigação, a instalação de sinalética e de

mobiliário urbano e um melhor mapeamento e controlo ambiental.

O JB passou muito recentemente a UECAF, segundo a deliberação 31/2014 do

Conselho Geral da UC, de 24 de novembro de 2014. Na proposta aprovada, apresentada

pelo Senhor Reitor, definia-se da seguinte forma a definição da sua missão: “Apoiar a

investigação científica, o ensino e a transferência do conhecimento na Universidade de

Coimbra, com destaque para as matérias relacionadas com a Ciência Botânica.

Preservar espécies raras ou ameaçadas, em particular da flora de Portugal, dar a

conhecer espécies representativas dos diferentes ecossistemas do mundo, permitir a

fruição de um espaço natural, que suscite respeito pelo equilíbrio natural, e promover a

difusão do conhecimento sobre as plantas”. Está previsto que, durante o primeiro

semestre de 2015, o JB funcione com base em normas provisórias, aguardando a

aprovação do seu Regulamento. As linhas estratégicas de ação que se encontram

conjeturadas são as seguintes: criar condições para suporte à investigação; encontrar

formas de financiamento que permitam a continuidade da sua função de espaço de

divulgação sobre botânica e natureza em geral; e preservar as espécies raras.

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2.4. Faculdades e Núcleos de Estudantes

O entendimento dos responsáveis das oito faculdades da UC sobre a importância

das atividades culturais nas suas unidades orgânicas é bastante díspar, oscilando entre o

grande apreço e a clara subalternização. O cenário real, em matéria de concretização de

iniciativas promovidas por docentes e por discentes (através dos seus 26 núcleos de

estudantes) caracteriza-se por uma enorme dispersão: realizam-se em algumas escolas

eventos de música e de teatro, sessões de cinema, exposições, mas quase sempre de

forma pontual e descontínua e sem obedecerem a uma planificação de médio-longo

prazo, ou a uma articulação com outras faculdades. Algumas escolas possuem grupos de

teatro ou musicais próprios, mas os seus percursos são ditados por objetivos imediatos e

que não parecem ter qualquer articulação com o Plano Estratégico da UC.

Quando são promovidas por docentes, as iniciativas centram-se mais na área da

cultura científica, através da apresentação de livros ou da realização de tertúlias, por

vezes em articulação com outros equipamentos. Na FCTUC, existe o Centro Rómulo de

Carvalho, que desenvolve uma ligação estreita às atividades do Museu da Ciência.

Aqui, é oportuno destacar a existência do Exploratório Infante D. Henrique (um

consórcio que a UC ajudou a fundar e pelo qual continua a ser corresponsável), que

desempenha um papel de interface universidade-comunidade no que à sensibilização

para a ciência e à comunicação de ciência diz respeito, para além de ser um novo espaço

de lazer e de cultura para todas as idades, onde se conjuga o lúdico e o conhecimento e

onde se desenvolvem atividades não formais e muito interativas de investigação

educacional.

As dificuldades orçamentais, as restrições de espaço, a atual sobrecarga letiva e

a ideia restritiva da importância da cultura na formação do público universitário não têm

estimulado o crescimento e o cruzamento destas iniciativas. Momentos como a Semana

Cultural ou a Universidade de Verão podem, pois, desempenhar um papel importante

numa área em que os núcleos de estudantes têm também uma palavra decisiva a dizer.

Seria bom explorar este potencial ‘adormecido’, promovendo reuniões regulares entre a

Reitoria, as direções das faculdades e os núcleos estudantis (para partilha de

informações, coordenação de atividades, eventuais projetos comuns e apoios à

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divulgação) e convocando as UECAF a participar desta reflexão. A elaboração de

planos estratégicos de médio prazo poderia revelar-se também uma ferramenta útil.

No caso específico da FLUC, deve ser destacada a situação do Teatro Paulo

Quintela [TPQ], um espaço ideal para a realização de iniciativas culturais de pequena e

média escala (cerca de 200 pessoas), instalado numa faculdade que dispõe de um curso

de Estudos Artísticos. Há várias décadas que o TPQ aguarda um verdadeiro resgate e

existe até um projeto de recuperação deste espaço, mas ele nunca constituiu uma

prioridade. No entanto, muito do que se faz na AAC, nas faculdades ou no TAGV

poderia ser feito mais racionalmente no TPQ. As intervenções de que o teatro tem sido

pontualmente objeto (está em curso mais uma, para alargamento do palco, envolvendo a

Reitoria e as direções do TAGV e da FLUC) não têm resolvido o problema de fundo.

Seria também interessante pensar numa relação integrada entre o TAGV, o TPQ e o

Auditório da Reitoria, que dispõe de condições para exibição de cinema.

Regista-se também um claro défice na articulação com os organismos

autónomos da AAC e com os grupos e equipamentos culturais e educativos da cidade,

em que devemos destacar o papel que a Casa da Escrita e o Conservatório de Música de

Coimbra passaram a desempenhar, pela qualidade dos espaços que ocupam, pela

dinâmica e qualidade que imprimem à sua programação e pela sua atitude de abertura às

propostas que lhes são apresentadas pela UC. Coimbra tem assistido ao desabrochar de

projetos cruzados interessantes (p. ex., o “Linhas Cruzadas”, envolvendo o Teatrão, o

Jazz ao Centro, o CAPC e a Casa da Esquina), pelo que seria bom que a UC se

constituísse como parceiro ativo de mais parcerias assim. As colaborações pontuais que

houve – seja a nível de faculdades, seja a nível do TAGV ou das Semanas Culturais –

com os mais prestigiados agentes culturais da cidade, como é o caso da Escola da Noite

(que nasceu, no seio de um OA da AAC: no TEUC), provam o quanto essa colaboração

é desejável.

2.5. Museu Académico e Colégio das Artes

O Museu Académico [MA] foi criado em 1951, a partir de uma exposição

realizada pela Associação Académica e a Comissão Central da Queima das Fitas do ano

anterior, tendo sido instalado na sala da Direção da AAC, no Palácio dos Grilos,

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funcionando com uma comissão instaladora até se tornar uma secção da AAC (1958).

Desde 1987, está no Colégio de S. Jerónimo, embora só tenha começado a funcionar

efetivamente em 1990, através de um protocolo assinado entre a AAC, a Reitoria, a

Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra e os Organismos Autónomos, que

previa a elaboração dos estatutos do Museu (ainda não concretizados). A missão do MA

consiste em reunir, preservar e difundir pelo mundo os valores sociais, artísticos e

culturais da comunidade académica. As suas coleções e peças são numerosas e variadas:

trajes académicos; pastas académicas do séc. XIX; cartazes da Queima das Fitas; troféus

das secções desportivas da AAC; símbolos da praxe (como a tesoura, a moca, o penico

ou a colher de pau); guitarras de Coimbra (p. ex., a do Hilário e a de Artur Paredes); o

badalo da Cabra; património das Repúblicas; etc. O Museu possui uma biblioteca

centrada na temática da vida estudantil e um valioso acervo documental, que inclui o

arquivo da AAC, o do extinto Coral dos Estudantes de Letras da Universidade de

Coimbra (CELUC,) o da desaparecida Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra

no Brasil, o da Queima das Fitas ou o da República dos Kágados. O MA padece de

vários problemas: falta de pessoal e de espaço para acolher mais peças e coleções;

ausência de definição estatutária; carência de trabalho arquivístico; e escassa

divulgação. Tratando-se do único museu exclusivamente da vida estudantil no mundo e

tendo sido abrangido pela candidatura à UNESCO, poderá ser uma grande aposta da UC

e (graças ao seu arquivo, biblioteca e registos sonoros) um instrumento ímpar de apoio à

investigação sobre a vida académica. O projeto reitoral passa por torná-lo uma secção

do Museu da Ciência da UC.

O Colégio das Artes [CA] é uma unidade orgânica recente. Os Estatutos da UC

apresentam-no como uma “Escola de Estudos Avançados que dá coesão institucional a

uma reflexão científica interdisciplinar nos domínios artísticos e desenvolve o espírito

criativo, em diálogo permanente com o conjunto de saberes cultivados nas várias

Faculdades”. Instalado no Colégio das Artes e sem corpo docente próprio (organiza-se

através de colaborações prestadas por docentes de áreas confluentes às Artes), o CA tem

uma oferta formativa exclusivamente ao nível da pós-graduação. O seu projeto é,

portanto, absolutamente intrínseco, operando no campo da arte contemporânea, na sua

relação com a arquitetura, o cinema e as artes performativas, numa ótica fortemente

transdisciplinar. O seu posicionamento na confluência entre a investigação científica, a

produção do saber e a criação artística torna-o uma valência importante da UC e ajuda a

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20 CONSELHO GERAL DA UC Comissão de Cultura, Cidadania e Comunicação

explicar o perfil de muitos dos seus alunos (artistas, arquitetos, diretores de museus,

curadores, críticos de arte), a diversidade (geográfica e cultural) das suas proveniências

e a pluralidade dos contributos que o CA acolhe, através da realização de encontros,

tertúlias e debates por onde passam destacados agentes da cultura contemporânea.

2.6. Resumo

ASPETOS POSITIVOS:

Enorme potencial da UC na área cultural (prestígio, massa humana).

Força da marca “Universidade de Coimbra” em todo o mundo.

Classificação recente da UC como Património Mundial da Humanidade.

Coimbra: cidade com fortíssima vocação intercultural.

Forte comunidade de estudantes lusófonos na UC.

Existência de um/a Vice-reitor/a para a Cultura.

AAC: uma associação de estudantes com características únicas.

Belos espaços para a realização de iniciativas culturais de diversa escala.

TAGV: a maior sala de espetáculos de Coimbra.

Numerosas UECAF com uma história e um acervo ímpares.

Progressos recentes ao nível da oferta formativa no domínio das Artes.

Sucesso das diversas Semanas Culturais da UC.

Abundância de pequenas atividades culturais pontuais.

Forte ligação sentimental dos antigos estudantes de Coimbra à UC.

Abertura dos agentes culturais da cidade a parcerias com a UC.

ASPETOS NEGATIVOS:

Ausência de compreensão pelo Estado da missão cultural própria da UC.

Escasso relevo atribuído ainda às atividades culturais extras-curriculares.

Degradação ou esgotamento de alguns equipamentos e edifícios.

Dificuldades financeiras, quer dentro da AAC, quer nas UECAF.

Escassez de recursos humanos na maior parte dos serviços.

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Limitado reconhecimento, ainda, do ativismo cultural estudantil.

Falta de coordenação das atividades culturais (global e sectorialmente).

Dificuldades de divulgação eficaz das iniciativas (aspeto que será

retomado no capítulo sobre a comunicação).

Parcerias ainda insuficientes com os equipamentos culturais locais e

nacionais.

Extinção da Fundação Cultural, sem alternativa formal para o TAGV.

3. Recomendações

Na linha do diagnóstico traçado, resumem-se as principais recomendações,

sujeitas aos constrangimentos orçamentais de que a UC padece e à necessidade

de se fazer um esforço intenso para captação de financiamentos suplementares:

Atendimento das situações mais urgentes de degradação das condições

físicas dos espaços onde decorrem as principais atividades culturais.

Estudo da possibilidade de reforço do orçamento das UECAF.

Revisão dos critérios de financiamento dos organismos autónomos e das

secções culturais, e contributo para um protocolo sobre a utilização do

edifício da AAC.

Estudo da situação jurídica do TAGV e eventual constituição de uma

Associação Cultural que lhe permita a candidatura a apoios artísticos.

Reforço da articulação entre Reitoria, TAGV, AAC e agentes culturais

da cidade (ex: Conservatório de Música de Coimbra, Casa da Escrita,

Exploratório Infante D. Henrique, Centro de Artes Visuais, Companhias

de teatro, entre outros).

Estabelecimento de mais parcerias com equipamentos culturais nacionais

(ex: CCB, Fundação Serralves, Teatro Nacional D. Maria II, Fundação

Calouste Gulbenkian, Cinemateca, Teatro São Carlos, Casa da Música).

Concentração da Semana Cultural da UC em períodos não superiores a

seis semanas, com temas mais definidos e lançamento mais precoce.

Lançamento de uma grande iniciativa anual na área da lusofonia.

Aprofundamento do projeto “Coimbra, cidade aberta”.

Encontros regulares entre a Reitoria e os Diretores das UECAF.

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Reuniões periódicas entre a Reitoria e as direções das Faculdades e dos

Núcleos de Estudantes, para coordenação de atividades culturais.

Estudo de uma solução para a distribuição e venda dos livros da IUC.

Revisão do modelo operativo do Observatório da Cultura da UC.

Constituição, logo que possível, de um Centro de Interpretação e

Acolhimento da UC, e maior promoção da classificação pela UNESCO.

Definição de estatutos e de um projeto próprio para o Museu Académico.

Apoio ao lançamento da Fase II do Museu da Ciência, à mudança do CD

25 de Abril para o Colégio da Graça e à consolidação dos projetos do

Colégio das Artes e do Jardim Botânico.

Captação de financiamento destinado à recuperação do Teatro Paulo

Quintela e estudo da sua articulação com o TAGV e com o Auditório.

Realização de um estudo sobre a formação e fidelização do público

universitário (docentes, discentes e funcionários) e sobre a sua relação

com os espaços culturais da UC, com vista à dinamização da participação

nos eventos desta área e a uma maior sensibilização dos jovens para a

importância da fruição cultural.

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A CIDADANIA NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

1. Introdução

A abrangência do tema que se designou por “Cidadania” levou à identificação de

três áreas principais: a aprendizagem e exercício da cidadania; a saúde, segurança e

ambiente; o desporto. Procedeu-se a análise separada de cada, tendo em conta, por um

lado, os contributos recolhidos ao longo do processo de auscultação dos múltiplos

atores, internos e externos à UC, que aceitaram testemunhar, por outro, o processo de

reflexão interna que, forçosamente, teve também em conta esses mesmos testemunhos.

O contributo da Universidade para a promoção da justiça social e da cidadania é

não só uma componente destacada da missão estatutária da Universidade (art.º 2º),

como se traduz na realização por parte desta de atividades de desenvolvimento

económico e social em ligação com a sociedade, que vão muito além das valências

clássicas de ensino e de investigação.

Uma avaliação do papel da Universidade de Coimbra no domínio amplo da

cidadania implica, assim, ter em conta as várias dimensões em que se desdobra aquela

missão, designadamente: o facto de ser uma instituição aberta e inclusiva; o

reconhecimento da condição cidadã dos seus membros; a promoção de uma cultura de

cidadania nos vários espaços da vida universitária e o estímulo às iniciativas cidadãs na

academia e fora dela.

Nas audições que foram feitas procurou-se abordar estas várias dimensões que,

sendo em geral transversais a diferentes organismos da universidade, não deixam de os

implicar de um modo bastante desigual. Nalguns casos, dimensões mais específicas da

cidadania – questões da saúde, do desporto e da qualidade ambiental – puderam ser

tidas em consideração.

Metodologicamente, realizou-se uma análise SWOT, em que se identificaram: os

pontos fortes e fracos mais significativos, sobretudo relacionados com as características

do ambiente interno da UC; as ameaças, que refletem o ambiente externo à

universidade, potenciais geradoras de impacto negativo; as oportunidades, que

identificam os aspetos da envolvente externa e interna que revestem potencial de

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desenvolvimento positivo. Da análise realizada resultou um conjunto de evidências que

levaram à construção de um diagnóstico da situação.

De forma paralela, mas justificadamente integrada na área da cidadania,

pretendeu a Comissão auscultar os convidados sobre as questões decorrentes da Praxe

académica, nomeadamente sobre a oportunidade de promoção de um debate alargado e

da eventual tomada de posição institucional pelos órgãos de governo da UC sobre a

matéria.

A reflexão suscitada conduziu à elaboração de propostas/recomendações que

serão ponto de partida para debate que se pretende mais alargado.

2. Cidadania – aprendizagem e exercício

2.1. Diagnóstico

Destacam-se, como pontos positivos, os aspetos relacionados com a missão e a

organização da UC, o ambiente interno privilegiado, suas iniciativas e prática vivencial,

a par com a existência de uma Associação Académica com fortes tradições.

De um modo geral, as dimensões da cidadania encontram-se contempladas no

Plano Estratégico 2011-2015. Assim, no pilar da Missão, adota-se uma estratégia ligada

ao ensino destinada a “promover o desenvolvimento global dos estudantes, estimulando

a sua participação crítica e inovadora e promovendo o seu desenvolvimento pessoal e a

participação cívica”, o que revela uma preocupação da UC em investir numa cultura de

desenvolvimento pessoal e cidadão. Nesse mesmo pilar, uma estratégia de

“transferência de conhecimento”, não apenas científico-técnico mas também na

perspetiva da cultura e das artes, vem dar conta de propósitos alargados no domínio da

extensão universitária e de ligação forte com a sociedade. No domínio do

reconhecimento da condição cidadã dos seus membros, o Plano expressa muito

claramente o dever de a Universidade “desempenhar um papel ativo na promoção da

igualdade de oportunidades, nomeadamente através de uma ação social eficaz e de uma

particular atenção a estudantes com necessidades educativas especiais”. Sem prejuízo

do exposto, verifica-se alguma limitação quer na definição das metas – pouco

ambiciosas e nem sempre definidas de forma a englobar aspetos essenciais da cidadania

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– quer no foco da intervenção, muito centrado no mundo das empresas e desatento às

iniciativas públicas e do terceiro setor.

Ciente da necessidade de enquadrar institucionalmente as atividades de

voluntariado desenvolvidas pelos elementos da comunidade universitária, a

Universidade de Coimbra publicou uma “Carta de Princípios de Enquadramento do

Voluntariado na UC” e, em parceria com a Câmara Municipal de Coimbra, dinamiza

um Banco de Voluntariado para o qual contribui, essencialmente, com ações de

formação desenvolvidas pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação. Não

estão, no entanto, disponíveis dados que permitam avaliar o real impacto desta parceria.

A presença de Serviços de Ação Social fortes, intervenientes atentos às

necessidades presentes e futuras dos membros da comunidade UC, é uma mais-valia

reconhecida, com especial importância em tempos de crise. Os Serviços de Ação Social

da Universidade de Coimbra (SASUC) têm procurado dar resposta às necessidades

crescentes do seu público-alvo, avançando com novas iniciativas de apoio social aos

estudantes, das quais se destaca o PASEP, programa que disponibiliza ofertas de

atividade a tempo parcial, realizadas em Unidades Orgânicas, Unidades de Extensão

Cultural ou Serviços da UC, em troca de atribuição de benefícios sociais (senhas de

refeição válidas nas unidades de alimentação dos SASUC, redução nos montantes a

pagar pelo alojamento nas residências universitárias, redução do valor da propina

anual).

Os SASUC iniciaram também, em finais de 2013, um processo de reflexão

interna que pretendia repensar a ação social da UC, seu significado, sua missão e

modelo de ação. Definida a missão – “promover e criar condições para uma cidadania

ativa e consequente por parte dos diversos agentes da Universidade (estudantes,

funcionários, investigadores e docentes), contribuindo, por essa via, para o bem-estar e

o bem-ser dos que dela usufruem, num contexto universitário de cooperação e de

intervenção cívica” – foi apresentada ao Senado, em novembro de 2014, uma proposta

de definição de uma Carta de Princípios de Cidadania da Universidade de Coimbra, que

se pretende seja “instrumento de política universitária (…), referencial interno e externo

dos valores fundamentais que orientam e legitimam as opções estratégicas, as decisões

políticas e os modos de atuação da comunidade académica no contexto da Universidade

de Coimbra”.

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26 CONSELHO GERAL DA UC Comissão de Cultura, Cidadania e Comunicação

A Associação Académica de Coimbra, como a maior associação de estudantes

em Portugal, de características únicas e longa história, tem um papel de especial

relevância na análise do exercício real da cidadania, intervenção cívica e mobilização

estudantil. A multiplicidade de áreas e atividades que nela se promovem, com especial

destaque para as suas Secções e Organismos Autónomos, são vistas como um exemplo

desse mesmo exercício (refira-se, a título ilustrativo, o projeto “SOS Estudante”, linha

telefónica de apoio emocional e prevenção ao suicídio). De igual forma merece relevo o

papel que desempenha, na dinamização da vivência académica dos estudantes, imagem

de marca e mais-valia da UC. A AAC procura ainda desenvolver algumas ações de

solidariedade (Projeto “Lado a lado”, de co-residência de estudantes com idosos), não

sendo possível, contudo, perceber o seu real impacto.

Também algumas Faculdades, com destaque para a Faculdade de Psicologia e

Ciências da Educação (FPCEUC) e para a Faculdade de Economia FEUC), se envolvem

em iniciativas que promovem o exercício ativo da cidadania. São exemplos: o

Observatório da Cidadania e Intervenção Social da FPCEUC; o programa de

voluntariado (Pro-VoluntariU) da mesma Faculdade; a Incubadora Social Académica da

FEUC; a unidade curricular de “Ética e responsabilidade social” e o curso de pós-

graduação em Cooperativismo e Economia Social da FEUC.

A variedade e dimensão das redes intra e extrauniversidade que existem e se vão

desenvolvendo, com todo o dinamismo a elas associado, o ambiente crescentemente

multicultural, decorrente em larga medida do elevado número de estudantes e

investigadores estrangeiros, e a multiplicidade de iniciativas que ocorrem na UC, são

fatores que podem e devem contribuir para uma universidade aberta e inclusiva. Por

último, as características próprias da atividade desenvolvida na UC, centradas no

desenvolvimento do conhecimento, contribuem para a existência de um ambiente

privilegiado para a realização de estudos aplicados e definição de boas-práticas nas

áreas da cidadania e da justiça social.

Como aspetos menos positivos, constata-se a inexistência de estruturas formais

que garantam a articulação necessária entre a multiplicidade de interlocutores com papel

ativo na área da aprendizagem e exercício da cidadania e a ineficácia dos mecanismos

de comunicação interna.

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Assume especial relevo a passividade crescente dos estudantes, na sua

esmagadora maioria alheados do processo de participação cívica, fruto, em parte, da sua

própria ausência de formação e motivação, mas também da inexistência, na comunidade

universitária, de uma cultura de valorização da intervenção cívica. Com efeito, não se

detetam mecanismos de incentivo e reconhecimento para os que exercem os deveres de

cidadania. É também apontado ao Processo de Bolonha, pelo encurtamento dos ciclos

de estudo e pela diminuição do tempo não-letivo disponível, a responsabilidade pela

ausência de participação cívica estudantil. Com resultado idêntico se refletem os

múltiplos efeitos ocasionados pela crise, que exerce pressão acrescida sobre os

estudantes para a rápida conclusão dos seus cursos.

De igual modo se constata a inexistência de estudos sobre o impacto da crise nos

diversos corpos da UC, se bem que exista a perceção dos problemas e a atenção

necessária às situações mais críticas: dos trabalhadores, decorrentes da redução da

massa salarial, do congelamento das carreiras e da redução dos efetivos; dos estudantes,

decorrentes da redução do número de bolsas atribuídas.

As restrições impostas à Administração Pública nas áreas orçamentais e de

recrutamento, com a consequente sobrecarga horária nos diferentes corpos de

trabalhadores da UC, as frequentes alterações políticas e legislativas, a impossibilidade

de estimular, pelo prémio, os que ativamente participam em ações cívicas, são fortes

condicionantes ao desenvolvimento de políticas internas de apoio e incentivo ao

exercício da cidadania.

Problema há muito sentido, a questão da menor acessibilidade física a muitos

dos edifícios da UC, pelo impacto que tem na definição de uma universidade aberta e

inclusiva, é um ponto negativo a ter em conta.

Merece, também, referência a inexistência de protocolos de cooperação com as

Organizações Não-Governamentais que, na cidade e na região, se dedicam a causas

sociais relevantes.

No domínio das oportunidades identificadas, destacam-se as crescentes

necessidades sociais, decorrentes da crise e da evolução demográfica, vasto campo de

intervenção no qual a UC pode e deve participar. São, de igual modo, vistas como

oportunidades as mais-valias obtidas pelos que ativamente exercem a participação

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28 CONSELHO GERAL DA UC Comissão de Cultura, Cidadania e Comunicação

cívica: reforço das competências sociais e emocionais; aumento da empregabilidade

decorrente da sua valorização pelos empregadores. A educação pelos pares, vista como

o conjunto de iniciativas de entreajuda no seio do meio estudantil, pode constituir-se

como excelente mecanismo para o desenvolvimento de novas formas de participação

cívica da comunidade universitária. O substancial reforço da ligação aos antigos

estudantes, pela dinamização da Rede UC como fonte de desenvolvimento de iniciativas

e ações de intervenção cívica, apresenta-se como oportunidade a não desprezar. Por

último, destacam-se as fontes potenciais de financiamento externo passíveis de

utilização em programas que contemplem, também, a intervenção cívica e social.

Nas questões da Praxe, das posições dos auscultados não foi possível extrair

conclusões que apontem para uma opinião sequer maioritária.

2.2 Propostas | Recomendações

Da análise e reflexão realizadas resulta um conjunto de propostas que a Comissão de

Cidadania, Cultura e Comunicação sintetiza:

I. Adoção e divulgação de políticas tradutoras de forte compromisso da

Universidade de Coimbra com os princípios gerais de promoção da justiça social

e da cidadania, inscritos na sua missão, tendo em conta as várias dimensões em

que se desdobra: ser uma instituição aberta e inclusiva; reconhecer a condição

cidadã dos seus membros; promover uma cultura de cidadania nos vários

espaços da vida universitária, estimulando as iniciativas cidadãs na academia e

fora dela;

II. Desenvolvimento de estudos aplicados e divulgação de boas-práticas;

III. Implementação de práticas de reporte periódico;

IV. Criação de estrutura formal de coordenação;

V. Centralização dos canais de comunicação interna e externa da UC;

VI. Criação de mecanismos de incentivo e reconhecimento para os que exercem os

deveres de cidadania no seio ou fora do universo UC:

a. Estudantes: suplemento ao diploma; atribuição de créditos;

b. Estudantes e trabalhadores: instituição de prémio anual de incentivo ao

voluntariado e participação cívica, com recurso ao mecenato empresarial;

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VII. Desenvolvimento de “unidades curriculares” de opção, transversais, que

contemplem o exercício ativo de atividades enquadráveis na definição de

“iniciativas cidadãs”;

VIII. Recurso a mecanismos de educação pelos pares, vista como conjunto de

iniciativas de entreajuda no seio do meio estudantil:

a. Tutorias interpares, recorrendo aos melhores estudantes seniores para,

com a orientação dos coordenadores de curso, apoiarem o estudo dos

mais novos;

b. Criação de “bolsa de explicadores”, recorrendo a estudantes de

Doutoramento (eventualmente enquadrável no PASEP);

IX. Criação de programa de divulgação, para estudantes, das vantagens do exercício

ativo da cidadania (reforço de competências sociais; aumento da

empregabilidade decorrente da sua valorização pelos empregadores);

X. Recurso aos ex-estudantes para desenvolvimento de programas de tutoria

organizacional, como conselheiros de orientação profissional, estimulando a sua

reaproximação à Universidade e aumentando a capacitação laboral dos seus

orientandos;

XI. Estabelecimento de parcerias com as ONG;

XII. Procura ativa de fontes de financiamento externo;

XIII. Criação de programa de melhoria da acessibilidade física dos edifícios da UC;

XIV. Promoção de debate alargado sobre a Praxe na UC.

Reunindo as propostas enunciadas, a Comissão estrutura duas linhas de ação que

pretendem operacionalizá-las:

A. Cidadania e diversidade

A Universidade de Coimbra dispõe de várias declarações de princípios e

regulamentos, designadamente a Carta de Princípios do Estudante da Universidade de

Coimbra e o Regulamento Disciplinar dos Estudantes, que atestam a sua política anti-

discriminatória e a sua filosofia antirracista e em favor da sã convivência multicultural.

Todavia, a UC carece dotar-se de dispositivos e mecanismos que:

promovam uma profunda reflexão sobre a diversidade cultural que enfrenta e

deseja promover;

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permitam encontrar soluções expeditas e eficazes em caso de desrespeito pelas

normas e valores que adota enquanto instituição democrática e anti-

discriminatória;

possibilitem atuar de forma articulada com outras instituições que com ela

partilham o ambiente sociocultural que a rodeia, nomeadamente a cidade de

Coimbra.

Deste modo, apresenta-se um conjunto de sugestões que podem dotar a UC de

meios de ação adequados à missão de uma Universidade democrática que, em função do

seu ambicionado perfil internacional e multicultural, deverá saber atuar na defesa e

prossecução dos seus melhores desígnios.

Devemos fazer notar que as iniciativas propostas poderão contar com o concurso

especializado de instituições que têm desenvolvido ação de relevo no combate às

diferentes formas de discriminação, designadamente o Alto Comissariado para as

Migrações (ACM), a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e a Unidade de

Apoio à Vítima Imigrante e contra a Discriminação Racial (UAVIDRE).

I – No domínio da formação para a diversidade

A ausência de instrumentos e mecanismos institucionais, capazes de julgar situações

de conflitualidade em ambiente universitário, tende a remeter para avaliações ad hoc as

eventuais situações que podem ser mediadas e negociadas de forma pronta e eficaz. Sem

prejuízo dos instrumentos já existentes, a Universidade de Coimbra poderá beneficiar da

criação de estruturas intermédias de reflexão e garantia de respeito de todas e por todas

as pessoas da instituição. Propomos, assim, a elaboração de uma Carta da Diversidade, a

constituição de uma Comissão de Ética, com estas ou outras designações, e também a

elaboração de um Plano de Igualdade.

I.I – Carta da Diversidade

A Carta da Diversidade da Universidade de Coimbra deve ser entendida como guia

de comportamentos e práticas que observem normas e preceitos éticos, estritamente

respeitadores da multiculturalidade e da não-discriminação no meio universitário. Esta

Carta da Diversidade deve ser reveladora do posicionamento da UC enquanto

Universidade, fortemente empenhada na defesa do princípio da igualdade, que previne e

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repudia todas as situações de abuso, bullying, não-reconhecimento e demais formas de

violência, incluindo as situações de assédio e de violência sexual. Para a sua elaboração,

a UC poderá solicitar a colaboração de um conjunto de competências internas nos

domínios da sociologia, da filosofia (ética), das artes e da psicologia, mas também do

direito e das relações internacionais.

I.II – Comissão de Ética

Paralelamente à Carta da Diversidade, a UC poderá criar uma Comissão de Ética,

com capacidade de regulação e arbitragem nas relações e conflitos que possam ocorrer

no decurso das atividades académicas e das formas de relacionamento social em

ambiente universitário. Esta Comissão deve constituir o primeiro patamar de avaliação

de eventuais situações de desrespeito pelas normas e condutas em que assenta a

democrática multiculturalidade universitária. De igual forma, poderá esta Comissão

desempenhar papel de garantia de observância de padrões éticos nas várias atividades

desenvolvidas em meio académico – docência, investigação e prestação de serviços à

comunidade – apreciando e acompanhando os projetos de investigação que envolvam

temas sensíveis, nomeadamente os que incluam pessoas, animais ou material biológico,

bem como os específicos às ciências sociais e humanas, às tecnologias e às artes.

A composição desta Comissão deve ser suficientemente ampla, por forma a

assegurar, não apenas a paridade de género, como também a representatividade

tripartida dos diferentes corpos constitutivos da Universidade, ou de órgãos do governo

universitário e outras sensibilidades e formações ou competências técnico-científicas.

I.III– Plano para a Igualdade

Chamamos ainda a atenção para a conveniência de a Universidade de Coimbra

instituir o seu Plano para a Igualdade. A iniciativa poderá ser atribuída à Comissão de

Ética e corresponder aos propósitos de transversalização da igualdade a todos os

domínios de política e de funcionamento da instituição. Tal estratégia passa pela

consideração ativa e aberta desde a sua planificação, dos efeitos das diversas

orientações nas fases de implementação, controlo e avaliação nas situações respetivas

dos homens e das mulheres, bem assim como de outros grupos abrangidos pelas normas

e regulamentos institucionais vigentes.

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O Plano para a Igualdade da UC pode constituir-se no catalisador da integração da

perspetiva da igualdade nas estruturas e na gestão de cada organização ou setor

universitário, como instrumento capaz de introduzir a coerência e a sistematicidade

necessárias à gestão da diversidade que compõe qualquer organização moderna e

democrática. Por isso, o Plano para a Igualdade da UC proposto deve partir de um

diagnóstico inicial e ter em conta as seguintes variáveis: (i) história, cultura e natureza

da organização da instituição e respetivo campo de intervenção; (ii) características do

pessoal ao serviço e rotinas/procedimentos em vigor; (iii) padrões de comunicação

interna e externa.

II – No domínio da informação para a diversidade

II.I – Ação Institucional Articulada

A proximidade física dos campi universitários e da cidade impõe uma ação

articulada da Universidade e da Câmara Municipal no combate às diferentes formas de

preconceito e discriminação. A condição de estudantes da Universidade de Coimbra não

se confina ao espaço próprio da universidade. Os/As estudantes são também transeuntes

que circulam nos espaços públicos da cidade, usam os seus transportes, frequentam os

serviços e lugares de divertimento e consumo. Desta porosidade dos espaços urbanos e

universitários resulta a necessidade de uma política para a multiculturalidade cuja

eficácia será tanto maior quanto menos se restrinja a qualquer uma dessas

espacialidades.

No entender desta Comissão, cabe à UC propor às entidades de governação da

cidade, mormente à Câmara Municipal, a condução de ações de formação intercultural

que façam da vivência da cidade e da universidade uma experiência livre de todas as

expressões preconceituosas, discriminatórias e hostis.

A começar pela Polícia Municipal e também a PSP, a UC deve encontrar as vias que

melhor promovam um ambiente urbano/universitário seguro e acolhedor. É preciso

tornar estas duas autoridades policiais pontos seguros de proteção e denúncia das ações

discriminatórias e hostis. Neste sentido, a UC poderá propor ações de formação

intercultural especializada a todos/as os/as agentes da autoridade policial da cidade.

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Julgamos ainda que, nesta sequência, a UC poderá também procurar o devido

acolhimento junto da CMC para, em conjunto, serem levadas a efeito ações de formação

de igual índole intercultural junto dos/as motoristas dos SMUTC, de responsáveis por

serviços de atendimento público camarário e, não menos importante, junto dos/as

taxistas da cidade.

É de toda a conveniência que igual oferta de formação para a multiculturalidade seja

preparada para os/as funcionários/as das unidades orgânicas e outros serviços da tutela

da UC. Igual ação de formação deve ser promovida junto de docentes e

investigadores/as da UC.

Uma componente desta formação para a diversidade e a multiculturalidade deve ser

composta pela adoção do cânone da linguagem inclusiva e não discriminatória que, por

exemplo, no quadro de Programa Simplegis (Resolução do Conselho de Ministros nº

77/2010, publicada no Diário da República, 1ª série, nº 197, de 11 de outubro)

estabelece, no art.º 15º do anexo II, que “na elaboração de atos normativos deve

neutralizar-se ou minimizar-se a especificação do género através do emprego de formas

inclusivas ou neutras, designadamente através do recurso a genéricos verdadeiros ou à

utilização de pronomes invariáveis”.

II.II – Disseminação de Informação para a Diversidade e a Não-Discriminação

Ainda no domínio da Informação, entendemos que a UC deverá produzir e divulgar

massivamente informação multilingue sobre direitos e deveres dos/as estudantes,

designadamente os que se referem à igualdade de género e à política de não-

discriminação. Esses princípios encontram-se hoje já formulados de forma dispersa,

mas urge agregá-los em informação de formato leve e de fácil circulação.

Na divulgação profusa desses materiais, que pode ser pensada como “kit da

diversidade da UC”, deve ser dada prioridade a todos/as os/as estudantes que chegam

pela primeira vez à Universidade de Coimbra, independentemente do seu ciclo de

matrícula ou nacionalidade.

É essencial referir não apenas as boas práticas mas também os serviços de apoio

especializado (moral, psicológico, policial) em caso de assédio e outras formas de

violência. Onde se dirigir, o que denunciar e como fazê-lo é tão importante como atuar

preventivamente, devendo, por isso, ser fornecida também informação sobre os sinais

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que podem pronunciar ações de intimidação ou assédio, assim como as diferentes

linguagens que sinalizam discriminação preconceituosa e requerem, uns e outros,

cautelas especiais e denúncia.

Esta informação pode ser divulgada através dos diversos suportes online de que a

UC dispõe, com manifesto proveito da sua circulação.

B. Cidadania e voluntariado

Os Estatutos da Universidade de Coimbra definem como sua missão “o contributo

para a promoção da justiça social e da cidadania esclarecida e responsável e como fins a

formação humanística, filosófica, científica, cultural, tecnológica, artística e cívica”. A

comunidade universitária coimbrã, por sua vez, revela uma já longa tradição de apoio

institucional a causas solidárias, bem como práticas individuais e coletivas de ações de

voluntariado. O Voluntariado na UC constitui, assim, a materialização do exercício da

cidadania e do reforço da solidariedade, ao estimular a participação cívica dos

estudantes, inspirando-os a fazer a diferença, tanto na Universidade, como ao longo das

suas vidas.

A nível institucional, como resposta a desafios lançados por elementos da

comunidade universitária, foi adotada, em 2013, uma “Carta de Princípios do

Enquadramento do Voluntariado na UC”, que traduz uma clara vontade de definir, ainda

que parcialmente, uma política interna para o voluntariado. No entanto, a sua adoção

não teve consequências percetíveis, porque não operacionalizada (atente-se que na Carta

de Princípios se estabelece a figura do Coordenador do Voluntariado, a nomear pelo

Reitor, o que não veio a acontecer) e não divulgada, logo, não conhecida pelos

principais destinatários.

A proposta que a Comissão de Cultura, Cidadania e Comunicação apresenta passa

pela criação de uma Comissão de Promoção de Voluntariado na UC, transversal ao

universo académico, que teria como desígnio central estruturar a Política de

Voluntariado na UC, procurando definir e regular os princípios orientadores do

voluntariado, tendo por base os seus documentos fundamentais, como os Estatutos, o

Plano Estratégico, a Carta de Princípios do Enquadramento do Voluntariado na UC.

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A Comissão de Promoção do Voluntariado na UC teria como objetivos:

Promover valores e princípios de solidariedade, cidadania ativa e

desenvolvimento pessoal, social e cultural;

Reforçar o espírito de solidariedade e entreajuda nos estudantes, antigos

estudantes, trabalhadores e trabalhadores aposentados ou jubilados, estimulando

uma cultura de responsabilidade social na UC;

Investir na valorização e qualificação dos voluntários de forma integrada,

continuada e consequente;

Promover uma maior aproximação à comunidade local, tanto às empresas, como

às organizações da sociedade civil;

Construir uma cultura de valorização da intervenção cívica, dentro e fora da

Universidade;

A Comissão de Promoção do Voluntariado na UC deveria desenvolver, entre outras,

as seguintes atividades:

Implementar a Comissão de Promoção de Voluntariado na UC;

Propor um Coordenador do Voluntariado, a nomear pelo Reitor, como

estipulado na Carta de Princípios do Enquadramento do Voluntariado na UC;

Mapear os projetos de voluntariado existentes na UC, avaliando o seu impacto;

Congregar as diferentes iniciativas de voluntariado numa plataforma única

(plataforma online de gestão de bolsa de horas de voluntariado disponíveis, por

forma a otimizar a satisfação das necessidades dos beneficiários e instituições

parceiras, assim como medir os impactos);

Definir um plano de comunicação para o voluntariado, contemplando a criação

de um website dedicado;

Disseminar o Programa e Política de Voluntariado da UC;

Estruturar Programa de Capacitação para o voluntariado;

Criar Prémio anual de incentivo ao voluntariado e participação cívica,

recorrendo, por exemplo, à responsabilidade social das empresas;

Organizar uma conferência de apresentação e discussão pública da nova Política

de Voluntariado na UC;

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Criar novas parcerias, tanto com o setor público como privado: Câmara

Municipal de Coimbra, empresas, assim como com as Organizações da

Sociedade Civil;

Articular com outras plataformas de voluntariado existentes na Região.

3. Saúde, segurança e ambiente

3.1 Diagnóstico

A garantia de segurança e bem-estar de todos quantos na UC estudam e

trabalham é um direito de natureza incontestável e uma necessidade para uma

Universidade que aposta na promoção da justiça social e da cidadania. A proteção dos

estudantes e trabalhadores em matéria de segurança e saúde não é possível sem que se

assuma um compromisso com a prevenção dos riscos, com a vigilância da saúde e com

a satisfação dos seus direitos de formação, informação e consulta. De igual forma se

devem analisar as questões de natureza ambiental, de capital importância no domínio da

sustentabilidade.

São pontos fortes identificados, na vasta área que se designou como de “saúde,

segurança e ambiente”, a existência de uma Política de Saúde e Segurança, em que a

UC assume forte compromisso com a sua implementação, bem como a organização

interna administrativa, que contempla serviços dedicados à sua gestão. De igual forma

se destacam a experiência e conhecimento acumulados, fruto do exercício ativo dessa

mesma Política, o reconhecimento público, intra e extra comunidade UC, da validade da

sua intervenção nas áreas da saúde e segurança, a inclusão no Plano Estratégico de

iniciativas para a sustentabilidade. A multiplicidade de áreas do saber existentes na UC,

a sua oferta formativa diversificada no campo da saúde, da segurança e do ambiente, a

realização de estudos aplicados e definição de boas-práticas formam, no seu conjunto,

pontos muito fortes nesta análise.

Como pontos fracos destacam-se problemas decorrentes da ausência de

mecanismos de articulação entre a multiplicidade de interlocutores, a inexistência de

instrumentos estruturados de reporte periódico, o desconhecimento e ausência de

empenho dos órgãos de governo e de gestão, que condiciona a operacionalidade da

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Política assumida, a ausência de uma verdadeira cultura interna de prevenção. A

escassez de recursos humanos e materiais afetos às áreas em apreço, bem como a

inexistência de planos de formação específicos, são igualmente pontos fracos apontados.

Por último, destaca-se a complexidade do universo UC para as áreas da saúde e

segurança: dispersão física, fragmentação da estrutura organizativa, vetustez do

edificado, constrangimentos próprios a edifícios classificados, multiplicidade de

ambientes de trabalho.

As ameaças identificadas resultam da constante incerteza e frequentes alterações

políticas e legislativas, na Administração Pública em geral, no setor do ensino superior

em particular, com forte impacto no desenvolvimento de estratégias internas de

promoção da saúde e segurança e reforço da sustentabilidade ambiental. Destacam-se,

também, as restrições impostas à Administração Pública, sobretudo nos campos

orçamental e de recrutamento de recursos humanos.

No domínio das oportunidades identifica-se o potencial do projeto de ensino a

distância da UC e a diversidade de formações e experiência de docentes e não-docentes,

essenciais no desenvolvimento de programas de formação interna. São, de igual modo,

oportunidades, a existência de programas nacionais e internacionais para a promoção da

saúde, da segurança e do ambiente, bem como as possíveis fontes de financiamento

associadas. A preocupação crescente da opinião pública com as questões ambientais, o

mercado potencial para a prestação de serviços especializados, a inclusão da UC no

cluster da saúde de Coimbra, são outras das oportunidades a ter em conta.

3.2 Propostas | Recomendações

I. Adoção e divulgação de políticas tradutoras de forte compromisso da

Universidade de Coimbra com as questões de sustentabilidade, nas suas

vertentes económica, ambiental e social;

II. Demonstração inequívoca de empenho dos órgãos de governo e de gestão para

as questões de segurança, saúde e ambiente;

III. Implementação de práticas de reporte periódico (elaboração de Relatório Anual

de Sustentabilidade);

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IV. Reforço das estruturas de gestão existentes, para as áreas em apreço, dotando-as

de meios que lhes permitam um desempenho mais eficaz;

V. Aposta forte na informação e formação internas, de estudantes e trabalhadores:

a. Utilização de mecanismos de ensino a distância;

b. Recurso a know-how interno (docentes e não-docentes) para

desenvolvimento de instrumentos e ações de informação e formação;

VI. Reforço da prestação de serviços externos especializados;

VII. Procura ativa de fontes de financiamento externo.

4. Desporto

4.1. Caracterização do desporto na Universidade de Coimbra

4.1.1. Aspetos Gerais

Ao Desporto é cada vez mais reconhecido um papel determinante no processo de

formação, sendo uma marca incontornável nas grandes instituições de Ensino Superior

de referência, seja na prática desportiva regular, seja no processo de construção de uma

carreira de alto rendimento.

Apesar de ser consensual tal constatação, a realidade demonstra que o desporto

ainda não assume um papel determinante na atividade e na estratégia da UC, apesar de a

UC possuir um património edificado com valências para a prática desportiva, uma

Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, um estatuto do estudante atleta e

uma associação de estudantes com uma reconhecida afirmação nacional em diversas

modalidades desportivas e vir a ser palco da realização dos Jogos Europeus

Universitários em 2018 (EUG 2018).

A inexistência de uma caracterização da atual situação do desporto universitário

– a forma como se pratica, o número de atletas, as modalidades praticadas, os quadros

competitivos, a utilização de instalações ou os resultados desportivos – dificulta uma

melhor perceção da atual situação e possíveis soluções. Para mais, não existe um

documento estratégico para o desporto nem a este é reconhecido um papel nos

documentos estruturantes e estratégicos. Poderá ser esta uma das causas de, até à

presente data, não ter existido na UC uma política desportiva própria no que se refere à

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sua organização e desenvolvimento do desporto na sua vertente de prática regular e de

alto rendimento.

Sem prejuízo, existe a consciência pelos vários stakeholders de que a UC e a

cidade de Coimbra reúnem condições únicas para implementar um projeto de

desenvolvimento desportivo na área do desporto universitário, na vertente da prática

regular ou de alto rendimento.

Toda a política e gestão de recursos está informalmente delegada na Associação

Académica de Coimbra, associação desportiva que, desde sempre, foi muito mais do

que uma simples associação de estudantes e se constituiu como um clube com um papel

determinante no fomento da prática desportiva em Coimbra, em muito ultrapassando o

universo do desporto universitário.

4.1.2. Situação atual

Para fundamentar este relatório para além do Plano Estratégico e Orçamento

foram auscultadas várias entidades das quais se destacam quatro federações desportivas

(Remo, Canoagem, Ténis de Mesa e Ciclismo), consideradas especialmente relevantes

para a atividade desportiva no seio da UC, a Faculdade de Desporto e Educação Física,

a direção do Estádio Universitário e o Conselho Desportivo da Associação Académica

de Coimbra.

i. Vertente competitiva Federada/Alto rendimento/Quadros competitivos do

desporto universitário

Da auscultação das federações desportivas reteve-se que estas e os seus atletas

reconhecem a Coimbra caraterísticas únicas para desenvolver projetos de rendimento

desportivo. Todas elas se demonstraram disponíveis para cooperar na sua

implementação. A identificação de Coimbra com o desporto, os equipamentos

desportivos, as valências curriculares da UC, a sua situação geográfica e a proximidade

entre os equipamentos desportivos e escolares são mais-valias claramente sinalizadas.

É fundamental que se criem as condições para que exista uma real conciliação da

prática desportiva com o percurso académico e um maior esforço na enfatização do

papel do desporto na sociedade.

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40 CONSELHO GERAL DA UC Comissão de Cultura, Cidadania e Comunicação

A inexistência de um projeto específico para os universitários com condições

para a prática regular direcionada ao seu grau e preparação, a inexistência de formação

vocacionada para a sua idade e capacidades, a inexistência de quadros competitivos

adequados são aspetos que potenciam o afastamento dos estudantes, professores e

funcionários da prática desportiva. No que toca ao alto rendimento, constata-se que, tal

como a nível nacional, muitos dos atletas de alto rendimento com possibilidade de

acesso ao ensino superior veem-se na necessidade de optar entre a carreira académica e

a desportiva, tornando-se, em muitas situações, o acesso ao ensino superior como um

objetivo desportivo em si.

Das instituições auscultadas foi unânime que Coimbra é o local ideal para essa

conciliação já que, para além de ser um polo universitário de excelência dispondo de

infraestruturas desportivas, tem na sua proximidade dois Centros de Alto Rendimento,

podendo acolher uma enorme diversidade de modalidades desportivas. Além de que

algumas delas já desenvolvem em Coimbra modelos de enquadramento como é o caso

da canoagem, remo, natação, ciclismo ou judo.

ii. Vertente prática desportiva regular

São também questionáveis os benefícios na utilização das infraestruturas

desportivas propriedade da UC, dada a forma como são utilizados os recursos do

Estádio Universitário: poucos benefícios e serviços são oferecidos aos estudantes

universitários e a todos os que integram o universo da UC. Verifica-se, em

contrapartida, uma utilização massiva por outras instituições sem qualquer controlo

efetivo pela UC, apesar de ser esta a assegurar todos os seus custos de manutenção e

funcionamento. Esta situação, resultante de um certo alheamento dos responsáveis,

levou a uma enorme deterioração da infraestrutura que necessita de obras profundas.

Seria recomendável uma maior regulação no seu funcionamento, o cumprimento

integral do protocolo existente, entre a UC e AAC, com maiores benefícios para os

universitários e um custo real para todos aqueles que não pertencem ao universo UC.

Se o enquadramento desportivo é deficiente para os estudantes, no que respeita

ao seu corpo docente e funcionários não foi possível detetar a sua estrutura, quer ao

nível da prática desportiva regular quer da competitiva.

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A potenciação das diversas infraestruturas desportivas da UC, do Município e

dos diferentes polos de estudo universitários permitiria, de forma real, a prossecução

dos estudos conciliada com a prática desportiva regular ou de alto rendimento.

A UC, formalmente, tem dado especial atenção à importância da promoção da prática

desportiva entre a sua população estudantil, facto que levou à criação do “Regulamento

do Estudante Atleta da UC” ou à alocação dos Jogos Europeus Universitários (EUG

2018). Assim, a UC está consciente da mais-valia que é a diversificação das atividades

extracurriculares, sabendo que a competição valoriza e se rege por critérios de qualidade

e de rigor, atributos que também promove.

iii. Vertente investigação/inovação

O desporto hoje em dia é um setor de excelência para a investigação e inovação

com múltiplas aplicações, podendo potenciar as mais diversas áreas do conhecimento da

UC com projetos que podem assumir relevância internacional.

Os trabalhos de controlo do treino e enquadramento técnico, decorrentes das

parcerias entre a FCDEF e várias federações, entre as quais a de canoagem, resultaram

numa sinergia com resultados na caracterização e melhoria da performance dos atletas,

traduzindo-se numa mais-valia para a FCDEF, com a aquisição de dados para

investigação, a sua aplicação prática e a venda de serviços.

A constituição de uma equipa multidisciplinar com várias áreas do

conhecimento relacionadas com o Desporto de Rendimento ou atividade física,

recorrendo aos meios humanos e técnicos do universo UC, poderá dar uma resposta

única aos problemas colocados pelas diferentes modalidades.

4.2. Conclusões

4.2.1. Aspetos Positivos

Património edificado com valências para a prática desportiva;

Existência de uma Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física;

Estatuto do estudante atleta da UC;

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42 CONSELHO GERAL DA UC Comissão de Cultura, Cidadania e Comunicação

Associação de estudantes com uma reconhecida afirmação nacional em diversas

modalidades desportivas;

Realização dos Jogos Europeus Universitários em 2018 (EUG 2018);

Reconhecimento pelas federações desportivas e pelos atletas das características

únicas da UC para construir um projeto de desenvolvimento desportivo na área

do alto rendimento;

O número, diversidade e qualidade de equipamentos desportivos na cidade e a

proximidade de dois Centros de Alto Rendimento;

Existência de parcerias entre a FCDEF e várias federações desportivas;

Disponibilidade de equipamento e know-how para o desenvolvimento de

atividades de investigação na área do desporto;

Disponibilidade de equipamento e know-how para a prestação de serviços à

comunidade.

4.2.2. Aspetos Negativos

O desporto ainda não ocupa o desejável papel na atividade e na estratégia da

UC;

Inexistência de uma caracterização da atual situação do desporto universitário;

Inexistência na UC de uma política desportiva no que se refere à organização e

desenvolvimento do desporto nas vertentes de prática regular e de alto

rendimento;

Inexistência de condições para a conciliação da prática desportiva com os

percursos académicos;

Inexistência de mecanismos formais de articulação entre os vários interlocutores

na área da prática desportiva;

Gestão de recursos e de utilização do Estádio Universitário demasiadamente

centrados na AAC, com pouca intervenção por parte das estruturas de governo e

gestão da UC;

Incapacidade de utilização do desporto como “cartaz” para aumento da

atratividade da UC;

Avançado estado de degradação do Estádio Universitário.

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4.3. Recomendações

Definir políticas que criem condições para que o desporto assuma um papel

determinante na atividade e na estratégia da UC;

Produzir uma caracterização da atual situação do desporto universitário na UC;

Elaborar um documento estratégico para o desenvolvimento do desporto na UC,

com a definição de objetivos, modelo de organização, competição e gestão do

desporto na sua vertente de prática regular e de alto rendimento;

Potenciar as características únicas para o desporto, como os equipamentos

desportivos, as valências curriculares da UC, a sua situação geográfica e a

proximidade entre os equipamentos desportivos e escolares;

Criar as condições para uma real conciliação da prática desportiva com o

percurso académico;

Implementar um projeto de desenvolvimento desportivo na área do desporto

dirigido aos universitários com condições para a prática regular direcionada ao

seu grau e preparação, com formação vocacionada para a sua idade e

capacidades, com quadros competitivos adequados;

Implementar um projeto de desenvolvimento desportivo na área do desporto

universitário na vertente de alto rendimento, em parceria com as federações

desportivas e faculdades, com a criação de um modelo de residência

universitária vocacionado para o alto rendimento;

Desenvolver infraestruturas e mecanismos de logística para apoio aos estudantes

atletas de alto rendimento: residência universitária “dedicada”, adequação do

funcionamento das infraestruturas existentes às necessidades dos atletas

(horários de abertura e encerramento), disponibilização de meios de transporte,

cuidados de saúde diferenciados, acompanhamento técnico-científico;

Adotar estratégia de atração de estudantes atletas de alto rendimento;

Estender este projeto de desenvolvimento ao seu corpo docente e de

funcionários e, de forma sustentável e autossuficiente, a ex-estudantes da UC;

Desenvolver um modelo de gestão e utilização das infraestruturas desportivas

propriedade da UC, privilegiando os benefícios e serviços aos estudantes

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universitários e a todos os que integram o universo da UC e rentabilizando a sua

possível utilização por outras instituições;

Utilizar os EUG 2018 como uma alavanca para um novo modelo de organização

e oportunidade para criar um legado nas infraestruturas, na prática e na cultura

desportivas;

Encarar o desporto como setor de excelência para a investigação e inovação;

Constituir uma equipa multidisciplinar que dê resposta a problemas sentidos por

diferentes modalidades;

Definir uma política de divulgação ativa e de promoção externa da UC como

uma Universidade que aposta no desporto como imagem de marca.

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A COMUNICAÇÃO NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

I. A Universidade como serviço público e o relevo da Comunicação

A Comunicação organizacional, em todas as instituições, é uma área sensível e cada

vez mais estratégica, dando relevância pública à sua esfera de ação e abrindo as

instituições à sociedade civil. Não se trata de entender a Comunicação num sentido

estrito de plataforma para angariar possíveis públicos, mas antes como forma de

tornar pública a atividade científica, pedagógica e cultural justificando-a social e

politicamente. Embora por motivos meramente metodológicos este relatório aborde

a questão da Comunicação à parte, reconhece-se tratar-se de uma área transversal

que abrange todas as outras e que depende da cultura organizacional da instituição.

Presentemente, não é suficiente à Universidade de Coimbra, nem a nenhuma outra,

viver da sua marca ou da imagem alicerçada ao longo de séculos. A comunicação é

essencial, quer como estratégia de promoção da instituição, quer como forma de

organização e agregação interna dos membros da sua comunidade, quer ainda como

meio de projeção internacional.

Assim, distingue-se a área da comunicação interna da área da comunicação

externa (com públicos e estratégias diferenciadas), embora seja reconhecida a

necessária a articulação entre ambas.

O diagnóstico da comunicação na UC partirá da apresentação feita pela Senhora

Vice-Reitora Clara Almeida Santos, na qual se explicitou, de modo muito

circunstanciado e completo, a política de comunicação da UC. Também se terão em

consideração os contributos de diversas entidades institucionais, conforme

explicitado na Introdução deste relatório. Numa fase seguinte e com base nos

diferentes testemunhos auscultados, procede-se a uma análise em que se destacam

os aspetos mais e menos positivos e as possibilidades de melhoria.

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II. Diagnóstico da Comunicação na Universidade de Coimbra

Atualmente, e quando se compara o momento presente com um passado ainda

recente, percebe-se que a UC tem vindo a investir claramente na área da

Comunicação, quer interna, quer externa. Este investimento pode ser observado em

fatores concretos, nomeadamente, a existência de uma vice-reitora com o pelouro da

Comunicação – para mais especialista na área –, primeiro sinal da valorização

institucional deste campo, que se repercute na inclusão da Comunicação do Plano

Estratégico traçado pela Reitoria em 2011. Pela primeira vez, a UC teve um projeto

de comunicação estruturado, bem patente na criação do Projeto Imagem, Media e

Comunicação em agosto de 2013, com o intuito de: “gerir os canais de

comunicação interna global da UC, e os canais sectoriais que lhe forem atribuídos,

com vista a difundir aos membros da comunidade universitária informação relevante

para a prossecução das missões da Universidade; promover a coordenação das

atividades de comunicação interna setorial da iniciativa de outras estruturas da UC;

dar a conhecer, através da comunicação social e de outros meios generalistas

disponíveis, em particular na internet, e pelos canais setoriais que lhe forem

atribuídos, aos parceiros externos e à sociedade em geral informação relevante sobre

a atividade da UC, promovendo o seu prestígio e atratividade; gerir a informação

com os media, promovendo uma relação estável, dinâmica e não redundante com os

órgãos de comunicação social nacionais e internacionais; responder às respetivas

solicitações e acompanhá-los nas iniciativas por eles promovidas que digam respeito

à UC, nomeadamente pedidos de informação e contactos, declarações, filmagens ou

reportagens; promover a coordenação das atividades de comunicação externa

setorial da iniciativa de outras estruturas da UC; desenhar e produzir material

gráfico relevante para as atividades de comunicação da universidade, quer da sua

iniciativa quer de outros setores da UC; promover a articulação geral entre a

comunicação interna e externa; promover a salvaguarda da identidade e imagem da

Universidade de Coimbra, transversal a todas as áreas que a compõem, incluindo a

harmonização com essa imagem de outras que sejam criadas no âmbito da UC por

iniciativa de outros setores”.

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No âmbito deste projeto, sublinha-se a existência de um Grupo de Comunicação

da UC, que reúne mensalmente, onde se partilham experiências, estratégias e onde

estão incluídas as oito unidades orgânicas da UC. A Integração na Agenda 7,

partilhada com a CMC e com diversas instituições da cidade, é um aspeto que

permite aferir da visão estratégica da comunicação da UC. Incluindo cerca de 90

parceiros, esta agenda permite uma gestão descentralizada da divulgação da

informação, possibilitando a atualização permanente e a criação de calendários para

as organizações. Trata-se de uma ferramenta fundamental, não só porque permite a

desejável ligação da UC à Cidade e à Região, como também poderá evitar a

dispersão de agendas e o excesso de informação dispersa, aspeto de que se

queixaram algumas forças culturais da cidade.

Não menos importante, foi a recente construção do site noticias.uc.pt, que

acabou por absorver a UCV, constituindo-se como um meio fundamental de

valorização da comunicação interna e externa da UC. Ao contrário da página da

UCV, este site possibilita a realização de reportagens mais amplas e multimediais e

a inclusão de um maior número de notícias em diferentes formatos. Saliente-se

igualmente a valorização das redes sociais, meios fundamentais para a comunicação

com um público mais jovem – Twitter e FB – que tiveram, no decurso de 2013, um

crescimento de 20%. A página WEB da UC, embora tenha fragilidades que se

discriminarão posteriormente, sofreu, nos últimos 4 anos, consideráveis melhorias,

tornando-se mais atrativa, organizada e comunicativa. Neste âmbito, sublinhe-se a

criação de uma subpágina vocacionada para o Estudante Internacional. Este

instrumento é crucial na captação de novos estudantes, como se pode inferir das

conclusões de um relatório produzido pelo DAMC (Divisão de Avaliação e

Melhoria Contínua) em novembro de 2014: “Os alunos matriculados referiram

que conheceram as referências relativamente aos cursos em que se

matricularam através da internet (67,9%) através da presença da UC na

Escola (27,1%), da Universidade de Verão (8,7%) e Programa Visita à UC

(8,7%).”

A revista Rua Larga, revista de autopromoção da UC, é outra valência do plano

comunicacional. Com uma qualidade gráfica e editorial notáveis, constituiu-se como

um objeto identitário da UC. Segundo informações transmitidas pela Senhora Vice-

Reitora para a Cultura e Comunicação, esta Revista tem, por edição, um custo de

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6450 euros, incluindo o trabalho de fotografia, de edição de texto, de impressão e de

distribuição. Trata-se de um veículo relevante na comunicação externa da UC,

frequentemente utilizada como cartão de visita nas incursões internacionais da

equipa reitoral e de professores. Recentemente, tem atraído um maior número de

organizações a querer investir em publicidade, o que, por si, parece ser sintomático

do impacto e do prestígio da publicação, que é distribuída na Rede Pública de

Bibliotecas Portuguesas. Além deste aspeto, duas semanas depois da sua saída para

as bancas, a revista é disponibilizada em formato digital, o que alarga

substancialmente o seu impacto.

A preocupação do desenvolvimento de uma identidade gráfica coerente, patente

nos diversos instrumentos comunicacionais ao dispor da comunidade académica,

alguns de implementação muito recente, é outro aspeto que foi cuidado nos últimos

quatro anos.

A Universidade de Verão e Um Dia na UC são duas iniciativas muito relevantes

na atração de estudantes e na visibilidade da UC junto de públicos do ensino

secundário.

Ao nível da Comunicação Interna, salientam-se, como fatores muito positivos: i)

o desenvolvimento da plataforma Nónio e a sua constante melhoria. Trata-se de uma

plataforma essencial para a comunicação interna entre estudantes, docentes e

serviços, com grandes potencialidades no domínio pedagógico e no domínio da

circulação da informação interna; ii) A redução do tráfego de emails informativos,

com a criação do Tome Nota, bem como com a sectorização de envio de emails.

Estas valências que acabamos de discriminar permitem afirmar que a UC tem

atualmente uma política de comunicação articulada, entendendo a sua importância

estratégica na afirmação nacional e internacional da instituição. Contudo, existem

alguns aspetos que merecem reflexão e melhoria e que se prendem com as

condições em que a UC desenvolve o seu Projeto de Comunicação.

Parece ser inquestionável que o principal constrangimento é a escassez de recursos:

como é reconhecido pela própria Reitoria, nem todas as valências do PIMC podem

ser viabilizadas, sobretudo devido à carência de recursos financeiros e humanos.

Pese embora a existência de alguns concursos públicos recentes, no sentido de dotar

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o PIMC de mais pessoal qualificado, parece ser ainda insuficiente para gerir a

Comunicação Externa de uma instituição com a dimensão e complexidade da UC.

Alguns projetos de comunicação, nomeadamente a UCV, mantém-se com o recurso

a estagiários e /ou voluntários, o que pode constituir uma importante valência de

formação – relevante e desejável no quadro de uma Universidade que oferece

formação neste domínio – mas que representa também uma fragilidade em termos

de condução profissional do Projeto.

A falta de visibilidade nos media nacionais é também um aspeto que merece

ponderação. O facto de existir apenas uma funcionária afeta à assessoria da Reitoria,

para mais desintegrada do PIMC, não facilita a ponte ente a UC e a agenda

mediática nacional. Constata-se que, embora a presença nos media nacionais tenha

superado as expectativas, segundo documento apresentado em Conselho Geral –

Acompanhamento do Plano Estratégico e de Ação –, o certo é que a presença da UC

nos meios de comunicação é fortemente marcada pela negativa: por um lado, devido

à apetência congénita dos media por notícias dessa índole; por outro lado, devido à

macrocefalia endémica do país, que tendencialmente vai omitindo o valor e as

dinâmicas de outras regiões que não as das capitais (Porto e Lisboa).

Considera-se faltar também a articulação de uma política concertada e de

publicidade nos media digitais, sobretudo de uma publicidade dirigida, em função

de nichos de público específicos. Embora a publicidade da oferta formativa deva

cada vez menos passar pelos media tradicionais, entende-se que campanhas

massivas em alguns órgãos mais prestigiados poderia contribuir para a afirmação da

UC. Contudo, para tal, seria necessário um investimento avultado.

Embora se reconheça o esforço desencadeado pela Reitoria, na criação de um

Grupo de Comunicação, ainda há muito trabalho a fazer para consolidar uma

política integrada da comunicação. Esta lacuna refletiu-se nas audições aos diretores

das unidades orgânicas, das UECAF e da AAC. Em primeiro lugar, parece existir

um desequilíbrio na valorização da comunicação externa entre as Unidades

Orgânicas e as UECAF. Quer isto dizer que se constatou existirem grandes

clivagens entre as políticas e respetivas práticas de comunicação externa promovidas

pelas unidades orgânicas e pelas unidades de extensão cultural da UC. Algumas UO

dispõem de meios para a sua comunicação, inclusive Gabinetes de Comunicação,

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embora sempre muito limitados e baseados no voluntarismo, outras não dão grande

relevo a esta dimensão. O diagnóstico ao nível das UO, das UECAF e da AAC

revela algumas fragilidades que se traduzem essencialmente em três ordens de

razão: i) O desequilíbrio entre a importância concedida a esta vertente pelas oito

unidades orgânicas, que se traduz em práticas muito diferenciadas e, em muitos

casos, num certo amadorismo; ii) A falta de sensibilização de parte do corpo docente

e dirigente para a importância da Comunicação, reduzindo-a a um aspeto de

espetáculo ou a uma estratégia de propaganda; iii) A falta de meios que permitam a

profissionalização dos gabinetes de comunicação das UO e das UECAF. Este

desequilíbrio também afeta a própria AAC, em que, embora exista um gabinete de

comunicação e uma assessoria de imprensa, cada secção e organismo determina e

estabelece as suas prioridades de comunicação com o exterior. Em segundo lugar,

embora a Agenda 7, como acima referido, tenha conseguido atenuar a dispersão de

informação, parece existir ainda alguma multiplicação de agendas, de que alguns

agentes culturais da cidade se ressentem.

No que diz respeito à página WEB da UC, que tem merecido melhorias

permanentes aos longo dos últimos anos, crê-se que poderia ser melhorada em

termos de atratividade e de simplificação. Os resultados do inquérito realizado pela

Divisão de Avaliação e Melhoria Contínua em 2011 (com apenas 51,3% de

satisfação global) permitem constatar que alguns parâmetros têm uma avaliação

média negativa (inferior a 3). Embora o número de respondentes seja

excessivamente baixo – o que implica a sobrerrepresentação das opiniões daqueles

que têm uma experiência negativa –, a organização da informação parece não ter

resolvido ainda satisfatoriamente o problema de se encontrar a informação que se

procura. Reconhece-se, no entanto, a dificuldade de estruturar uma página

institucional de uma organização com a complexidade da UC, que responda a dois

públicos diferenciados: o utilizador interno e o externo.

Em termos de identidade gráfica, embora esta tenha vindo a ser trabalhada e

cuidada, o que fica bem patente no cuidado com a conceção dos materiais de

divulgação, julga-se que falta visibilidade e capacidade comunicativa, sobretudo

junto dos públicos mais jovens, potenciais estudantes da UC.

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Também no âmbito das estratégias de captação de estudantes, pensa-se que a

Universidade de Verão poderia ser pensada num outro formato mais consistente e

apelativo, que permitisse uma oferta integrada, não espartilhando áreas de saber.

III. Recomendações

Entende a Comissão de Cultura, Cidadania e Comunicação que os projetos em

curso, discriminados no ponto II, devem ser continuados e melhorados. Para o

efeito, elencam-se um conjunto de sugestões, com vista a dar uma dimensão

verdadeiramente internacional, atual e dinâmica da Universidade de Coimbra que,

embora deva continuar a preservar a sua marca tradicional, deve cada vez mais

“falar para o mundo”. A UC tem um capital simbólico e científico reconhecido,

participa em redes internacionais, possui uma dimensão, prestígio e complexidade

como instituição que exigem serviços de comunicação competitivos, atualizados,

profissionais e experientes.

a. Profissionalizar o mais possível o PIMC, no sentido de o dotar de

mais técnicos de Comunicação experientes: relações públicas,

assessores de imprensa, jornalistas, fotógrafos, designers gráficos,

etc.

b. Reformulação da página WEB da UC, tornando-a mais ágil, atrativa,

fácil de usar e em que a internacionalização da UC mereça mais

ênfase ainda.

c. Integrar a Assessoria da Reitoria como área do PIMC e investir em

pessoal especializado capaz de dialogar com as agendas públicas dos

media nacionais e internacionais.

d. Investir em publicidade nos media digitais e em alguns jornais

tradicionais de prestígio, envolvendo toda a UC, com despesas

partilhadas pelas unidades orgânicas.

e. Reforçar o Grupo de Comunicação (PIMC), para que possa integrar

e/ou coordenar de modo mais ágil ainda os projetos de comunicação

de cada UO e UECAF. A existência do Grupo de Comunicação é um

esforço assinalável mas ao qual falta uma dinâmica mais

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sistematizada e profissional, sobretudo por carências de recursos

humanos nas unidades orgânicas.

f. Participação da UC em programas de rádio e televisão (RTP2; TSF)

g. Incrementar e dar visibilidade a cursos de e-learning que darão uma

maior visibilidade internacional à UC. Esta é uma estratégia muito

utilizada por universidades inglesas e americanas, em que há muito se

aposta no MOCC (Massive Open Online Course). Lamenta-se, por

exemplo, que o Projeto I-Tunes University não tenha tido a merecida

continuidade.

h. Começar a investir na produção dos materiais gráficos em função dos

públicos a que se destinam, com especial atenção para o público mais

jovem. Um bom exemplo desta prática é o Guia do Estudante

oferecido aos estudantes internacionais, no corrente ano letivo.

i. Reformulação do programa da Universidade de Verão, tornando-o

mais um programa de iniciação universitária do que uma experiência

espartilhada por áreas do saber.

IV. CONSTRANGIMENTOS

A Comissão reconhece que a implementação de algumas destas sugestões

implicará necessariamente investimento por parte da UC. Assim, considera-se que

existem alguns constrangimentos de ordem orçamental aos quais a comissão é

sensível. Contudo, existem ainda constrangimentos de outra natureza,

provavelmente mais difíceis de dirimir: por um lado, a falta de sensibilização de

muitos funcionários/as e docentes para a importância da Comunicação, ainda

entendida como uma área menor, para a qual não é necessária formação

especializada; por outro lado, a recusa de definição de áreas estratégicas dentro da

UC, pelas quais a Universidade deve projetar-se internacionalmente.

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