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RELATÓRIO PESQUISA QUALITATIVA II

ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM GUIAS DE TURISMO

ESTUDO DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM TURISMO NO DISTRITO FEDERAL

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Relatório produzido com base em análise do discurso e conteúdo,

relativo a pesquisa qualitativa guias de turismo locais do Distrito Federal

Brasília Dezembro de 2010

RELATÓRIO PESQUISA QUALITATIVA II

ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM GUIAS DE TURISMO

ESTUDO DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM TURISMO NO DISTRITO FEDERAL

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Estudo para o Levantamento das Oportunidades de Investimentos para o Setor de Turismo no Distrito Federal 2010 Ministério do Turismo – Mtur / Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal – Sebrae-DF/ Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília – CET-UnB.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser fotocopiada, gravada, reproduzida ou transmitida sob qualquer meio eletrônico ou mecânico sem o prévio consentimento dos autores.

Endereço para contato: Centro de Excelência em Turismo Campus Universitário Darcy Ribeiro Gleba A Módulo E – Universidade de Brasília Asa Norte Brasília – DFTelefone: 3107-5959 Fax (61) 3107- 6380E-mail: [email protected]

MTUR

Luiz Eduardo Pereira Barreto FilhoMinistro de Estado do Turismo

Mário Augusto Lopes MoysésSecretário Executivo

Frederico Silva da Costa Secretário Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo

Hermano Gonçalves de Souza CarvalhoDiretor do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimentos no Turismo

SEBRAE-DF

Antonio Rocha da Silva Presidente

José Carlos Moreira De LucaMaria Eulalia FrancoRodrigo de Oliveira SáDiretoria Executiva Banco de Brasília S.A - BRB Banco do Brasil S.A.- BB Caixa Econômica Federal - CAIXA Companhia de Planejamento do Distrito Federal - CODEPLANFederação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal - FAPE/DF Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Distrito Federal - FACI/DF Federação das Indústrias do Distrito Federal - FIBRAFederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal - FECOMÉRCIO Secretaria de Estado de DesenvolvimentoEconômico do Distrito Federal – SDEServiço Brasileiro de Apoio às Micro ePequenas Empresas – SEBRAEUniversidade de Brasília - UnB

Conselho Deliberativo

Maria Eulalia FrancoFernando Neves dos S. FilhoRoberto Faria Santos Filho Aparecida Vieira Lima Giana Maria Gagno Maria Auxiliadora Umbelino de Souza Equipe Técnica do Sebrae-DF

Regina Célia Xavier dos Santos Consultora Técnica

CET-UNB

José Geraldo de Sousa JuniorReitor da Universidade de Brasília

Neio Lúcio de Oliveira CamposDiretor do Centro de Excelência em Turismo

Domingos Sávio SpeziaAssessoria Técnica do Centro de Excelência em Turismo

Maria de Lourdes Rollemberg MolloCoordenação do Núcleo de Economia do Turismo

Cléssios Renato Silveira CelestinoCoordenação de Projetos de Gastronomia

Ariádne Pedra BittencourtCoordenação de Projetos em Hotelaria

Elisângela Aparecida Machado da SilvaCoordenação de Projetos em Turismo

Karen Furlan BassoLuiz Carlos Spiller PenaDavi BimbattiAna Rosa Domingues dos SantosAnalistas de Projetos em Turismo

Milene TakasagoResponsável Técnica do Projeto

Karen Basso Entrevistadora

Sara PolettoResponsável pela análise de conteúdo e discurso

Dázia BezerraTécnicos em turismo

Humberto Sales de AndradeKeila Karine Silva RabeloEstagiários

FICHA TÉCNICA

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APRESENTAÇÃO, 04 1. Metodologia, 05

2. Análise, 09 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS, 19

4. BIBLIOGRAFIA, 20 5. ANEXOS I. Roteiro das entrevistas, 21

II. Degravação literal das entrevistas, 23

SUMÁRIO

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APRESENTAÇÃO

O Projeto Estudo para o Levantamento das Oportunidades de Investimentos para o Setor de Tu-rismo no Distrito Federal está sendo executado pela Fundação Universidade de Brasília (FUB), por meio do Centro de Excelência em Turismo (CET/UnB), para fornecer ao SEBRAE-DF e ao Minis-tério do Turismo os resultados de uma pesquisa direcionada a oportunidades de investi-mento em turismo no Distrito Federal. As informações prestadas ao fim da execução desse projeto deverão subsidiar novos investimentos e ações com abordagem clara e confiável das potencialidades existentes em curto e médio prazo, organizadas em fichas técnicas e relatórios analíticos.

O estudo das oportunidades de investimento no setor do turismo no DF foi contrata-do segundo especificações técnicas que envolvem análise ambiental e setorial, pesquisas quantitativas e qualitativas, estudos comparados e prospecções, levantamento de dados secundários para construção de um cadastro de empreendimentos atuantes no setor turis-mo; visitas técnicas a atrativos e empreendimentos turísticos; entre outros.

O presente relatório diz respeito a uma área especifica do projeto, que é relativa à pes-quisa qualitativa, realizada através de entrevistas de profundidade com uma amostra de 10 (dez) representantes de guias de turismo locais do Distrito Federal.

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METODOLOGIA

A pesquisa qualitativa foi realizada junto a uma amostra de dez guias de turismo que atuam no Distrito Federal, segundo diferentes perfis e tempo de experiência. Pela pró-pria característica da pesquisa, não se buscou coletar dados quantificáveis, mas noções, particularidades e interpretações individuais que auxiliassem na identificação de possíveis investimentos, oportunidades e ameaças ao turismo no DF.

Conforme recomendações dos parceiros deste Projeto, o CET-UnB optou pela realiza-ção de entrevistas individuais, aplicadas por meio de um roteiro semi-estruturado pré-concebido e validado tecnicamente pelo SEBRAE-DF, gravadas em áudio e transcritas lite-ralmente de forma a compor a análise de conteúdo.

Para a seleção dos entrevistados, foi adotado um plano de amostragem não probabilísti-ca por conveniência por meio da identificação de representantes da categoria consideran-do uma gama diversa de percepções, de acordo com sua experiência e formação.

Inicialmente, no entanto, o CET-UnB havia proposto uma amostra não probalística por julgamento, considerando o tempo de atuação como guia de turismo no mercado do DF, os tipos de roteiros realizados e a experiência em atrativos culturais ou naturais, com a seguinte distribuição das unidades amostrais:

1. Tempo de experiência no mercado local

Hipótese: maior ou menor tempo de experiência poderia representar diferentes visões e enriquecer o estudo.

• cinco(5) guias com até cinco(5) anos de experiência e

• cinco(5) guias com mais de cinco(5) anos de experiência

2. Roteiros mais frequentemente executados

Pretendia-se selecionar os guias com experiência no receptivo local do Distrito Federal considerando guias regionais (6 guias), cuja experiência é clara e direta com o mercado do DF – uma vez que trabalham especificamente com o receptivo de interesse-, mas também considerando os guias classificados como nacionais e internacionais, que também atuam com turistas emissivos, em viagens fora do Distrito Federal. Pois, apesar de termos dispo-

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nível no CADASTUR3 guias nessas três subcategorias, reconhecia-se que, na prática, um guia internacional pode atuar em qualquer território e por seu domínio linguístico, muitas vezes atuam no receptivo local com turistas internacionais. Portanto, o CET-UnB pretendia inicialmente incluir 2 guias nacionais e 2 internacionais para observar suas percepções, enriquecendo a diversidade da amostra.

3. Quanto à experiência em tipos de atrativos

Buscava-se selecionar unidades amostrais de diferentes visões com relação ao potencial e aproveitamento da oferta turística do DF e de novas oportunidades de negócio por meio da in-clusão de guias com experiência em atrativos culturais/cívicos e guias com maior experiência em atrativos naturais, com os seguintes elementos amostrais (5 guias com experiência em atrativos naturais do DF e 5 guias com experiência maior em atrativos culturais/cívicos)

A partir desta proposta, o CET-UnB buscou identificar esses profissionais por meio de sua Base Cadastral, de consultas à presidente do sindicato de guias do DF, aos parceiros e às principais agencias de receptivo do DF, que conhecem os guias mais ativos atualmente.

Ao contatar os guias listados para as entrevistas, escolhidos por julgamento e pré-aprovados pelo SEBRAE-DF, observou-se indisponibilidades e riscos de atraso na execução do projeto, prin-cipalmente devido ao Congresso de Guias que aconteceria durante a semana reservada para aplicação das entrevistas.

Assim, considerou-se, por fim, uma amostra probabilística por conveniência, sendo necessário dar prioridade aos guias que aceitassem participar da pesquisa de modo a não comprometer o prazo de encerramento do Projeto. Esse fator alterou a metodologia inicialmente proposta para a pesquisa.

Foi inserido à pesquisa um bloco inicial de cinco perguntas para identificação do perfil da amos-tra, de modo a conferir o tempo de experiência do entrevistado, sua formação, os principais rotei-ros que executa, os valores cobrados, entre outros dados que não necessariamente fariam parte da análise desta coleta, mas que poderiam auxiliar futuras consultas e pesquisas. Cumpre destacar que o conteúdo desta primeira etapa foi degravado e apresentado ao SEBRAE-DF preservando apenas a fala em que os entrevistados se identificam com seus nomes. Esse conteúdo é identificado como PERFIL DO GUIA nas degravações em anexo, tendo duas entrevistas incompletas por indisponibi-lidade de aplicação na data em que ocorreram.

O conteúdo da segunda etapa da pesquisa, identificado nas degravações como PERCEPÇÃO DESTINO BRASÍLIA, corresponde ao solicitado pelo parceiro do Projeto.

Fora a falta de agenda, destaca-se que com os guias de turismo não houve empedimentos ou

3 O CADASTUR é o Sistema de Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos, meios de hospedagem, agências, opera-doras, transportadoras e outros, desenvolvido pelo Ministério do Turismo para divulgar as empresas cadastradas no órgão oficial. Acesso disponível em: www.cadastur.turismo.gov.br.

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entraves no agendamento, sempre solícitos em colaborar, o que permitiu que toda a coleta fosse realizada presencialmente, no Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (CET-UnB), entre os dias 23 e 29 de abril de 2010, compondo a seguinte amostra4 :

1. Entrevistado 1

Categoria: Nacional, regional localIdiomas falados: Inglês, italiano Roteiros mais comercializados: Fun Tour Brasíliatur cívico-arquitetônicoExperiência: Mais de cinco anos

2. Entrevistado 2

Categoria: Nacional/regional localIdiomas falados: InglêsRoteiros mais comercializados: Cívico, Estrangeiro, Cultural Experiências: Menos de cinco anos

3. Entrevistado 3

Categoria: Nacional/Regional localIdiomas falados: Espanhol, inglêsRoteiros mais comercializados: Cívico, Arquitetônico, Ecológico. Experiências: 25 anos nos segmentos cultural e ecoturismo, atendendo principalmente estrangeiros.

4. Entrevistado 4

Categoria: Regional localIdiomas falados: portuguêsRoteiros mais comercializados: Arquitetônico, Cívico, Cultural, Jurídico e RuralExperiência: Cerca de cinco anos

5. Entrevistado 5

Categoria: Internacional/ Nacional/ Regional localIdiomas falados: Alemão, inglês, espanholRoteiros mais comercializados: arquitetônico, cívico – city tours

4 O CET-UnB reservou a esses profissionais o direito de sigilo das informações prestadas. Seus nomes estão sendo relevados nos arquivos em áudio, em respeito à parceria entre as partes executantes deste Projeto. No entanto, ressalta-se o sigilo das informações prestadas e reforça-se a necessidade de consulta e autorização prévia com o entrevistado, caso haja interesse em tornar público todo ou parte de seu conteúdo citando a fonte.

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Experiência: 29 anos atuando como guia de turismo regional, principalmente para es-trangeiros interessados em turismo cultural, rural, científico e ecoturismo.

6. Entrevistado 6

Categoria: Regional localIdiomas falados: Inglês, JaponêsRoteiros mais comercializados: Arquitetônico, Cívico, Ecoturismo, Jurídico,RuralExperiências: 12 anos com turismo cultural e em área natural (rural, ecoturismo)

7. Entrevistado 7

Categoria: Regional localIdiomas falados: Espanhol, francês, inglêsRoteiros mais comercializados: cívico, arquitetônico, cultural Experiência: Mais de vinte anos atuando com turismo cultural e cívico, principalmente para estrangeiros

8. Entrevistado 8

Categoria: internacional/regional local, Idiomas falados: inglês, francês, alemão e espanholRoteiros mais comercializados: cívico, arquitetônico e culturalExperiência: quatro anos, principalmente com turismo cívico-arquitetônico, cultural, atendendo ao turista internacional.

9. Entrevistado 9

Categoria: Nacional/regional localRoteiros mais comercializados: Cívico, Arquitetônico, Ecológico, Jurídico, CulturalExperiências: Menos de cinco anos

10. Entrevistado 10

Categoria: nacional/regional localIdiomas falados: português e espanholRoteiros mais comercializados: Cívico, Athos Bulcão, Arquitetônico Experiências: nove anos, atuando principalmente com turismo cultural e brasileiros

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ANÁLISE

“O discurso é uma prática, uma ação do sujeito sobre o mundo. Quando pronunciamos um discurso agimos sobre o mundo, marcamos uma posição. Sujeitos falam de um lugar social” (Fernandes, 2005).

Analisar entrevistas implica no reconhecimento de que se está realizando a cada se-gundo uma releitura, uma resignificação, como diria Geertz. “Começamos com as nossas próprias interpretações do que pretendem nossos informantes, ou o que achamos que eles pretendem, e depois passamos a sistematizá-las” (GEERTZ, 1978, pág.25).

Nesse sentido é imprenscindível reforçar que a primeira e constante busca do cientista é - uma vez reconhecendo que não conseguimos manter a neutralidade – estar em cons-tante vigilância epistemológica, ou seja, se manter alerta ao seu lugar de fala, a sua posição social, acadêmica e cultural, para que elas interfiram o mínimo possivel nas análises a serem realizadas (Barchelard, 1996).

Dessa maneira, reconheço aqui minha identidade de cientista social, Antropóloga, pro-fessora universitária e consultora de processos participativos antes de iniciar o processo que se segue, afinal como lembra Foucault (2005), o que define, de fato, o sujeito é o lugar de onde fala. “Não importa quem fala, mas o que ele diz nao é dito de qualquer lugar” (Foucault, 2005). No mesmo sentido, faz-se importante reconhecer que nossos entrevistados são representantes de guias de turismo, atuantes na Capital Federal. Como já apresentado na metodologia, a amostra reúne pessoas com capacitação e atuação di-ferenciadas dentro da área. Ressalto, também, que a aplicação das entrevistas em profun-didade foram realizadas por outros profissionais, dentro do roteiro pré estabelecido que encontra-se anexo nesse documento.

A presente análise tem como o ponto focal, reunir as idéias elucidadas pelos guias en-trevistados sobre três questões centrais, a saber:

1. O que os turistas procuram no Distrito Federal?2. O que há de mais impactante para compor o setor de turismo no Distrito Federal? 3. Quais são as principais deficiências para o setor do turismo no Distrito Federal?

Essa questões abarcam diversas categorias e subcategorias envolvidas com a análise se-torial e todas transitam pelas falas e, também, nesse relatório. São elas: Meios de hos-

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pedagem; Agências de turismo; Serviços de alimentação; Espaços, infra-estrutura para realização de eventos; Transportadoras turísticas; Empreedimentos de lazer; Serviço de transporte; e Outros serviços.

O relatório aqui subscrito traz uma leitura realizada através das falas de guias de turismo, com experiências diferenciadas quanto a tempo e área específica de atuação, acerca de Oportunidade de Investimentos em Turismo no Distrito Federal. O objetivo nessa etapa do trabalho foi dar voz a personagens que vivenciam o turismo como forma de sustento, profissão e possibilidade de empreedimento em nosso país.

Importante ressaltar que as entrevistas tomaram direcionamentos muito específicos de-vido ao encaminhamento e indução realizados pela entrevistadora em alguns momentos. Esclareço, no entanto, que a fala dos guias pôde ser percebida e que tais induções acaba-ram por tornar as entrevistas mais repetitivas do que não fidedignas.

Essa amostra pretende ser representativa e assim pode-se afirmar que “quando um dis-curso é proferido, ele já nasce filiado a uma rede tecida por outros discursos com seme-lhantes escolhas e exclusões” (Indursky e Ferreira, 2005). A fala sempre reflete uma visão de mundo determinada, necessariamente vinculada à dos seus autores e ao seu meio cul-tural. Como lembra Brandão (1993), “o sujeito nao é origem, a fonte absoluta do sentido, porque na sua fala, outras falas se dizem”.

Mesmo consciente de que na medida em que retira-se de um discurso fragmentos e insere-se em outro discurso, fazemos uma transposição de suas condições de produção (Brandão, 1993), opta-se por elucidar todo o relatório com trechos retirados das entrevis-tas degravadas, a fim de torna-lo o mais fidedígno possível, inclusive quanto a linguagem utilizada por nossos informantes.

A Universidade de Brasília, através de seus pesquisadores, se comprometeu com os entrevistados que suas identidades seriam mantidas em sigilo Assim, faz-se necessário informar que, por esse motivo, não são apresentados nomes ou qualquer informação ao final das citações literais utilizadas.

Para dar início a sistematização das falas e discursos trazidos aqui pelos Guias de Turis-mo, utiliza-se a teoria da análise de conteúdo, buscando sistematizar estatísticamente os discursos, analisando numericamente a frequência de determinados termos e referências que geram uma espécie de mapa mental, no qual todas as idéias centrais presentes nos discursos trazidos pelos guias de turismo se fazem vizualizar:

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O destino turístico Brasília é claramente visto pelos guias como potencialmente muito rico. Estaríamos falando de muitas possibilidades, pouco exploradas. Reconhecer Brasilia como um local com características diferenciadas parece ser o grande “mote” para tornar competitivo um destino que não é de “sol e praia”.

O reconhecimento de que hoje poderíamos falar em uma “linha forte” do turismo no Distrito Federal quando nos referimos ao turismo jurídico, cívico e arquitetônico, não significa desacretidar no potencial de desenvolvimento do turismo cultural e histórico, artístico, místico e ecológico. Ao contrário, quando os guias se referem ao potencial do destino, apontam a preocupação com a preservação do bem em todos os seus aspectos.

“E quando eu falo preservarmos Brasília é não só em monumentos, mas as-sim, na sua cultura, no seu jeito de ser, na manifestação popular, porque nós já temos uma manifestação popular, né, que eu já vejo assim...e as pessoas saberem, ter entendimento que Brasília foi uma cidade que recebeu o título de patrimônio histórico.”

Um dos fatores de maior dificuldade para a ampliação das atividades turísticas na Capi-tal Federal estão ligados, segundo nossos informantes, a uma falta de divulgação interna e externa das potencialidades locais. A incansável tarefa das agências de turismo em todo país seria vender os roteiros de sol e praia, dificultando a ampliação da atividade em locais como Brasília. Dessa maneira, o primeiro trabalho a ser realizado e incentivado pelo Mi-nistério do Turismo seria de promover, divulgar os roteiros, atividades e história do destino.

“É uma cidade que não foi feita por fazer, ela foi pensada, ela foi planejada, ela tem uma estrutura boa, tem prestadores de serviços, muitas vezes eles só precisam de alguma orientação pra melhorar uma coisa aqui ou ali, mas a cidade em si oferece coisas maravilhosas. E a própria história da cidade é muito envolvente (...) e além de tudo é a capital do país. Então acredito que as pessoas tem que colocar isso na mente das outras pessoas que estão em outras capitais que queiram conhecer a capital do seu país, porque todo mundo quer conhecer Londres, né, todo mundo quer conhecer Paris, todo mundo quer conhecer Roma, porque não conhecer Brasília?”

“O que atrapalha Brasília é isso, justamente isso, a política. Porque pro brasi-leiro é difícil pra ele desvincular isso.”

“Por falta de informação. Por falta de informação, por falta de uma política mais adequada de promoção da cidade, por desconhecimento. É um absur-do. As pessoas não conhecem Brasília. As pessoas não sabem o quê que tem aqui. Eu falo isso com toda a segurança porque, porque eu já estou cansado

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(...). Eu estou cansado de ouvir turistas que chegam aqui em Brasília, brasilei-ros e estrangeiros, chegam aqui em Brasília e falam assim: “Puxa... Me falaram que aqui não tinha nada... No entanto eu tô vendo muita coisa bacana...”

“Aquelas revistas que distribuem nos aviões (...). Podia ter tanta coisa sobre Brasilia...”

A visão do turista quando chega a Capital Federal não estaria ligada diretamente as bele-zas arquitetônicas e/ou históricas, mas sim ao sentimento de um lugar de poder, hierarquia, corrupção, política, distanciamento. Diante de todas essas características, muito fortemente trazidas pela mídia - televisiva e escrita - no país e no mundo, o turista não se sente atraído por Brasília. Vários guias lembram do interesse mundial em visitar sempre a Capital Federal de qualquer país e afirmam que esse interesse não é despertado com Brasília justamente devido a essa divulgação e a uma priorização exarcebada do turismo de sol e praia.

Interessante perceber que vários guias sentem que a visão do turista quando chega a Brasília é muito diferenciada da que esperava e que está imbricada em cada um dos bra-sileiros e até estrangeiros.

“Quando chegam tem uma visão completamente pesada sobre Brasília. A partir do momento que você mostra, que você já sai do hotel ou do ponto de partida (...) e você começa a mostrar o eixo monumental, asa norte e asa sul, eles já começam a se encantar. Quando eu digo que Brasília não tem nome de ruas, tem números de quadras, que não existem bairros, mas existem seto-res, eles já começam a ficar interessados. Quando digo que Brasília tem gente de todas as cores, de todas as raças, de todos os lugares do mundo (...), eles se sentem em casa. E quando eu digo a eles que Brasília não é aquilo que eles vêem na televisão aí eles começam a olhar pra cidade com uma visão diferente. Quando termina o trabalho eles vão embora e dizem que querem voltar outra vez pra aproveitar mais.”

“Porque até eu ouço muita reclamação de estrangeiros que procuram paco-tes que incluam Brasília no roteiro e muitas vezes não encontram, eles tem que insistir, as vezes até comprar um pacote privativo para vir até Brasília, ou esperar determinada agência que vai ter uma saída numa data específica que inclua Brasília.”

“Elas falam: “-Nunca imaginava que Brasília era isso, nunca imaginava, eu só via Brasília, é o poder administrativo, eu não via esse outro lado bonito que Brasília tem, esse lado encantador”

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“(...)nesse aspecto Brasília sempre fica prejudicada porque tem essa fama, essa má fama de que se vê tudo rápido, que não tem muita coisa que ver.”

“’O que que você vai fazer em Brasília?’” Eu acho que isso aí (...) prejudica a gente, né? Aí a pessoa fala assim: “-Não, porque todo país que eu vou conhe-cer eu faço questão de conhecer a capital...”. É ele que está impondo, não é a agência que está mandando a bom grado para nós. “

Junto ao processo de divulgação e promoção do destino, destaca-se que todos os guias entrevistados chamam a atenção, de forma crítica, para a inexistência ou funcionamento inadequado de Centros de Atendimento ao Turista – CAT. Retoma-se, mais uma vez, a dificuldade em obter informações através de folderes, flayers, propagandas, programações diversificadas com horários, oportunidades de lazer na cidade. Raros materiais impressos sobre os atrativos seriam obtidos apenas quando se chega aos mesmos, mas não existiria um incentivo claro de visitação a outros pontos.

“É, em qualquer cidadezinha do sul, que é um lugar mais assim, até mais desenvolvido, mesmo no nordeste, a gente viaja, né (...) você tem um centro de atendimento, você tem mapa, você tem isso, você tem aquilo, você tem informação. Na capital você não tem o centro de atendimento ao turista há anos no aeroporto, poxa. Como é que eu posso falar que isso é um destino, as pessoas gastam fortunas viajando e vendendo Brasília nas feiras internacionais e não se preocupam de colocar um, né?!”

“Não tem centro de atendimento ao turista. Quando tem é difícil você ter várias línguas, quando você tem o mapa, as vezes é só em português você não tem outros idiomas.”

A capacitação bilingue de guias, atendentes de hotéis, restaurantes e CAT’s é vista como um grande e necessário investimento, visto como algo que deve ser apoiado e promovido por orgãos como o Ministério do Turismo, Sebrae, Senac. Ligado a essa capacitação, ouvi-mos um chamado interessante para o conhecimento mais aprofundado sobre a cultura de outros países, afim de estarem preparados e não perderem espaço. Essa indicação e suges-tão de investimentos necessários para ampliar e melhorar a atividade turística local, aparece junto com o reconhecimento da importância de se exigir o credenciamento de guias na ci-dade, que também devem ter conhecimento histórico e cultural do destino a ser trabalhado.

“cursos de idiomas, bato nessa tecla, e juntamente com esses cursos é tam-bém um estudo sobre o comportamento, a cultura de outros países. Porque não adianta você falar outro idioma e você não saber que se você mostrar a sola do sapato pra um árabe é uma ofensa, entendeu? Então tem que ser

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atrelado a isso, você saber um pouco sobre a cultura do outro pra poder recebê-lo...”

“(...) É, idiomas, é uma ameaça e uma oportunidade também, porque assim, se não me falha a memória, tem um ou dois guias que falam chinês, ou três, no máximo. Em inglês tem uma faixa até boa, inglês e espanhol, porém japo-nês não sei se só tem um guia ou dois. Então assim, é uma ameaça pra quem não fala, uma oportunidade pra quem fala.”

Quando fala-se em infra-estrutura para recebimento do turista, de forma geral, os entre-vistados expressam seu contentamento com hotéis – fazendo ressalvas sobre a importância da melhoria no atendimento ao cliente -, com os atrativos e com a elogiada gastronomia – que pontua Brasília como terceiro polo brasileiro. No entanto quando a análise recai sobre o desenvolvimento dos roteiros já podemos pontuar diferentes situações de dificuldade para a execução do trabalho de guia especificamente, que é aqui o foco buscado.

O transporte, locomoção, estacionamentos e infraestrutura próxima aos destinos pare-cem ser os fatores de maior negatividade para o desenvolvimento e ampliação da ativida-de turística na Capital Federal. Essas questões foram apontadas por todos os entrevistados de forma enfática.

Reconhecem duas questões paralelamente: por um lado afirmam que o turista que chega sozinho, sem agência ou pacotes, tem enorme dificuldade para se locomover, co-meçando do aeroporto e também para ir aos atrativos. Não há transporte coletivo para todos os locais - que são muito distantes um do outro - e não há, principalmente, placas que informem como chegar, que ônibus pegar. Nesse sentido, o turismo em Brasília é visto por nossos entrevistados como algo muito caro e difícil de ser realizado por turistas que não tem muito dinheiro ou mesmo que goste de viajar com mochilas.

“Se você não vem a Brasília com um ônibus que vai te levar, ou tem dinheiro pra pagar um taxi, você não tem uma condução que te leve, que te indique um ponto turístico. Por exemplo (...) vem sozinho, tem pouca grana, pra co-meçar a rodoviária já mata (...) você acaba com Brasília. (...) Que ônibus que te leva ao Catetinho? Nenhum. Você tem que parar lá no meio do Guará, porque eu vou pegar muita gente lá, eu recebo muito turista que tem que pegar lá no Catetinho, até pra mim é difícil. Eu tenho que ir pro Gama, descer lá naquele ponto de ônibus, ou então esperar uma boa vontade pra você pegar pra Santa Maria, pro cara me deixar mais perto debaixo do viaduto, pedir favor, o moto-rista atravessar aquela pista perigosa pra eu ir, então quer dizer, sem carro você não vai ao Catetinho, tá? CCBB você não chega sem carro. (...) Quem que sabe daquele ônibusinho da AABB, do CCBB que pega o grupo pra ir?

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“É... dalí do Camping ele vai pegar um, vai pegar outro, e assim, como a ci-dade é tudo separado a gente não tem aquela coisa meio de Rio de Janeiro: “-Você sabe qual é o ônibus?”. Por que aqui o cara, quando ele vai pensar em perguntar, ele vai parar por uma hora, talvez, num lugar e não vai passar uma pessoa, sabe?”

Por outro lado, contraditóriamente, a cidade não parece ser um destino para se visitar em grupos. O estacionamento para grandes ônibus é difícil em todos os locais, desde o aeroporto, onde existe um local reservado, mas que estaria sempre ocupado por carros menores ou táxis. O deslocamento pela cidade está cada dia mais árduo, devido ao trân-sito, alguns locais com árvores de baixo porte e, mais uma vez, estacionamentos.

“Estacionar um ônibus em Brasília? Um simples carro já está difícil, mas um ônibus? As vezes se torna quase impossível se estacionar um ônibus e manter a segurança dos passageiros. Porque (...) se você deixa eles ali na 109 sul, por exemplo pra descer é carro indo e vindo toda hora, então (...) se for um grupo de 3ª idade, eles são mais lentos, né, e você tem que se virar nos 30 e depois, o que acontece? O ônibus não pode ficar ali parado na frente do restauran-te, ele vai ser estacionado em outro local, quem sabe perto de uma quadra residencial ali, quando pode. E na hora de ir embora? Se não estiver próximo a uma passagem de pedestres você tem que andar um tantão no sol quente com o grupo de turista. Então eu acho que isso sacrifica demais o grupo. Isso é uma grande dificuldade.”

“(...) eu não podia me aproximar do Congresso Nacional porque o ônibus era muito alto, eu tive que parar ali na lateral e o sol estava muito quente...e também tem a questão da altura dos ônibus passarem pela W3 sul, os ônibus Double deck e outros modelos maiores esses não conseguem passar por ali e quando passam, ou são danificados ou causam aquele fuzuê no meio do trânsito. Então isso é difícil.”

“(...) Os carros estão estacionando nos lugares de você fazer a curva, os ôni-bus não conseguem nem mais fazer a curva. Porque onde era pra ter espa-ço pra qualquer um, o povo tá estacionando nos balões. Se não começar a multar esse pessoal, educar o pessoal pra não colocar o carro, a gente não consegue nem trafegar de ônibus daqui uns dias. E ter estrutura. Onde que o ônibus para? Você não tem onde parar o ônibus.”

A problemática dos estacionamentos é sempre apresentada junto com o reconhecimen-to de falta de mão de obra qualificada de motoristas para o City Tour, que, segundo os

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guias, deve ser alguém que entenda a lógica da atividade. Além disso, reclamam que ge-ralmente os ônibus que operam em Brasília não tem equipamentos mínimos necessários, como é o caso de um microfone.

“não temos ônibus dedicado a City Tour. Então, primeiro que eles são ônibus com cabine, que atrapalha a visão. Para poder viajar a noite o motorista fecha as cortinas, o passageiro dorme. Mas para o City Tour ele não é o ideal, o ideal é um ônibus sem cabine e a gente não tem ônibus sem cabine aqui para fazer City Tour.”

“Então a gente não tem equipamentos próprios para City Tour, como tem no Rio agências, empresas de ônibus que são dedicadas a fazer Tour. Eles tem ônibus curtinho que tem mais acesso. Aqui você tem esses ônibusão enormes de Double Deck, motoristas despreparados para atender turistas, são acostu-mados a viajar onde eles são o Rei da Estrada, eles mandam no ônibus, eles são os reis, aqui eles tem que se submeter a outras regras né,”

A acessabilidade para cadeirantes, grupos de terceira idade ou com alguma outra de-ficiência é considerada muito complicada pelos guias que trabalham com atendimento direto ao turista.

“Há certos monumentos que não há essa acessibilidade para o cadeirante, para pessoas portadoras de necessidades especiais. Então eu acho que essa parte tem que ser trabalhada e as pessoas, as autoridades perceberem isso, porque é um público cada vez mais voltado para o turismo. É um público que está a procura, muitas vezes eles não vão (...) porque não tem acessibilidade.”

“Também na Praça dos 3 Poderes, onde visitamos ali a maquete, aquela esca-da é muito alta. As pessoas da 3ª idade reclamam muito, existe um corrimão, mas quando o sol está quente não dá pra tocar porque é de ferro, até queima a mão das pessoas.”

“Vários atrativos (...) na Dom Bosco você já não consegue, já é complicado porque tem aquelas escadarias todas e não tem acesso de rampa, eu ainda não vi acesso de rampa na Dom Bosco, se tem eu não vi (...)”

Essa realidade caminha junto com a dificuldade de infra-estrutura próxima aos atrativos. Segundo nossos entevistados, não exitem banheiros públicos, lixeiras e, principalmente, locais para se beber ou comprar água durante o dia. Todos esses fatores são apresenta-dos pelos mesmos como boa possiblidade de investimento em Brasília para os próximos anos, uma vez que sempre ouvem reclamações de seus clientes devido a eles. Da mesma

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maneira, alguns disseram sentir falta de uma quantidade maior de locais com vendas de souvenirs da Capital.

“deixe-me citar, os banheiros, por exemplo da Torre de TV, eu acredito que eles não ficam assim tão em evidência e daí você desce aquela escada, aquele lugar quente e escuro, causa um mal estar (...)”

“você procura uma lixeira, você não tem uma lixeira nos pontos pra ti, o pesso-al chupa um picolé e não tem onde jogar no lixo. Não tem lixo, você não tem banheiro, você não tem água, né. O mais importante, banheiro, água e lixeira, e isso não tem. É o cúmulo do absurdo você não ter água pra você beber (...)”.

Sob o olhar de possíveis investidores, mas principalmente, de pessoas que vislumbram maior estabilidade de trabalho, os guias entrevistados ressaltam que deve-ser dar atenção, também, ao entorno de Brasília, no qual vislumbram o crescimento do turismo ecológico e místico. Ressalta-se, ao final, que o fato de praticamente todos os destinos serem gratui-tos é algo muito interessante e elogiado pelos atuais visitantes e que deve ser divulgado, pensando em agregar novos turistas ao destino.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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AA Capital Federal é apresantada como um local de grandes potencialidades, a ser explora-do. Um local que reúne turismo cívico, arquitetônico, jurídico, histórico, cultural, místico e ecológico. A percepção chave parece criar mecanismos de divulgação mais eficazes so-bre o destino, que alcancem todo o país e que esse comecem, de fato, a ser comercializa-do por agências em todo país, com o incentivo a maoir tempo de permanência na cidade.

Através da divulgação, percebe-se o chamado para a capacitação local em vários aspectos – recepção, línguas, história, cultura -, bem como a melhoria dos equipamentos de serviços e acessabilidade para cada um dos atrativos. Reforçar a gastronomia e arquitetura – que já são imagens positivas do destino - segue junto ao desafio de criar um sistema de transporte coletivo eficiente, Centros de Atendimento ao Turista, placas de sinalização turística entre outros.

Os eventos da Copa do mundo e das Olimpíadas são vistas como grandes impulcio-nadores do crescimento da atividade turística e, também como possibilitadores de uma consolidação de Brasília como destino de grande procura no Brasil.

Pode-se dizer que a Capital Federal é pontualmente vista como local de crescimento e de investimentos na aréa do turismo. Um local no qual se vislumbra o desenvolvimento e aprimoramento em vários quesitos e que precisa ter atenção a preservação de seus patri-mônios, sejam arquitetônicos, cívicos, culturais e históricos. Uma grande demanda nacio-nal e internacional é sonhada como contínua e está atrelada ao reconhecimento do destino como local essencial de turismo por ser a Capital administrativa do país e possuir tantas riquesas artísticas, ecológicas, cívicas, históricas e culturais estampadas a “céu aberto”.

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BRANDÃO, Maria Helena. Introdução a análise do discurso. Ed 2ª. Campinas, SP: Ed da Unicamp, 1993.

BACHELARD, Gaston. A Formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Ed 7ª. Tradução de Luiz Felipe Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1978.

INDURSKY, Freda e FERREIRA,Maria Cristina (Org). Michel Percheur e a análise do discurso: uma relação de nunca acabar. São Carlos: ClaraLuz, 2005.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução de Bernardo Leitão et al. Ed 2ª. Campinas: Unicamp, 1992.

PERCHEUX, Michel. Línguas e instrumentos linguísticos. Campinas: Pontes, 1999.

BIBLIOGRAFIA

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ANEXOS

I. ROTEIRO DAS ENTREVISTAS

Roteiro de pesquisa qualitativa com guias de turismo

Objetivo: identificar a percepção de uma amostra de 10 guias de turismo locais, sobre os principais aspectos que afetam positivamente e negativamente o desenvolvimento da cadeia produtiva do setor de turismo no DF.

APRESENTAÇÃO

Ao ser recebido, o pesquisador deve:1. Saudar o entrevistado (Bom dia, boa tarde, boa noite) e se apresentar2. Falar sobre o Estudo de Oportunidades de Investimento em Turismo no DF (CET/

SEBRAE-DF E MTUR) 3. Explicar a técnica que será utilizada para a entrevista/ gravação em áudio4. Garantir a confidencialidade das informações obtidas / ética em pesquisa5. Agradecer a participação

A – IDENTIFICAÇÃO DO(S) SERVIÇO(S) PRESTADO(S)

A1. Identitificação do guia

A2. Qualificação do guia

A2.1 Nível de escolaridade

A 2.2 Principais cursos de formação que possui para exercer a profissão de guia de turismoA2.3 Principais cursos de formação que teria interesse em fazer para melhorar sua qua-

lificação como guia de turismoA2.4 Idiomas que tem fluência

A3. Tipo de prestação serviço

A3.1 Perfil do público para o qual presta serviço, em geral (receptivo local)A3.2 Quantos roteiros executa em média por mêsA3.3 Qual a duração média dos roteiros que executa

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A3.4 Principais roteiros dos quais realiza com os turistas A3.5 Executa os roteiros elaborados e promovidos pela Brasiliatur? Quais? Por que? A3.6 Principais empresas às quais presta serviço A3.7 Valor médio cobrado pelo serviço prestado por roteiro de 4h de duração

B. PERCEPÇÃO DO DESTINO BRASÍLIA

B1. Avaliação do Destino Brasília em geral** Atenção ao item: buscar extrair da fala do entrevistado, opiniões POSITIVAS E NEGA-

TIVAS com relação a(os):a) Próprios serviços prestados pelos guias de turismo locais/regionaisb) Atrativos turísticosa) Serviços das agências de receptivob) Transportadoras turísticas e serviços de transportesc) Serviços e equipamentos de gastronomiad) Serviços e equipamentos de hospedageme) Serviços e equipamentos de lazer e entretenimentof) Espaços, infraestrutura e serviços para realização de eventos Centros de informação turística

B2. Percepção com relação ao turismo no DF do ponto de vista de seu trabalho como guia de turismo

B3. Imagem do destino Brasília em seu dia a dia de trabalho com os turistasB4. Principais aspectos que afetam o desenvolvimento do turismo no DF (facilitam e

dificultam)B5. Principais oportunidades e ameaças que visualiza para o turismo no DF nos próximos

10 anosB6. Tendo por base os comentários dos turistas e sua experiência, o que acha que poderia

ser uma oportunidade de negócio no turismo de Brasília (e que não vem sendo desenvolvido)?

B7. Propostas e recomendações para o turismo no DF nos próximos 4 anos (pensando em COPA DO MUNDO)

B8. Gostaria de fazer alguma observação com relação ao que foi dito?

Agradecemos sua colaboração e garantimos o sigilo das informações prestadas!

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II - DEGRAVAÇÃO DAS ENTREVISTAS

ENTREVISTA 1

Data: 23/05/2010Entrevistadora: Karen Basso

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

PERFIL DO GUIA

Como que você classifica em geral o perfil do público para o qual você presta serviço como guia de turismo? Você trabalha mais com o público nacional ou internacional?

Olha, como eu te falei anteriormente, eu trabalho basicamente para o órgão oficial de turismo, que é a Brasilian Tour agora. É, então nós trabalhamos com todo tipo de público, desde crianças de escolas públicas, né, que não tem recursos e que vem aqui pra conhe-cer é um turismo cívico, desde embaixadores, e, enfim, né, então meu público é bem diversificado, (##) todas as idades, faixas etárias, classes sociais...

Não tem um perfil que você ache na sua experiência que você trabalha mais? Não, é muito variado?

É, é assim, eu trabalho muito com a mídia também, né, assim, vem muitos jornalistas, muita gente que faz matéria, é, que vai publicar, que sai em televisão, né, também.

E assim, é, geralmente os roteiros que você executa eles tem qual prazo de duração?

Hum, também varia bastante. É, as vezes é meio dia, as vezes é um dia, as vezes são 3 dias, nós da Braziliatur, de vez em quando fazemos Fun Tour e posicionamos a vinda de pessoas pra cá, então isso aí demora uns 3, 4 dias.

Qual é o tipo de roteiro que, particularmente, você tem mais interesse? Arquitetônico, cívico, enfim, qual é o perfil do roteiro que você, particularmente, possui mais inte-resse em fazer?

Ah, bom, eu elenquei 3, 4 pontos, vamos dizer assim, eu posso até estender até pra 5, (risos) mas dentro, eu elenquei, dentro da cidade eu elenquei 4 pontos importantes que eu particularmente sou apaixonada que é o Quartel General do Exercito Militar, por ele ter todos os elementos característicos da construção de Niemeyer, né, contrastes da linha reta com a linha curva, aqueles espaços vazios, aquelas diversas perspectivas, né, que a

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pessoa pode ter, o Santuário Dom Bosco que, assim, realmente é incrível, né, de uma paz assim e também reflexos durante cada dia é um tipo diferente, o Itamarati pra mim é o palácio mais bonito de Brasília, né, é linda a arquitetura dele, é, dentro da cidade aí a própria Unidade de Vizinhança que eu nunca deixo de levar, né, assim, porque é pra pessoa entender como é que funciona a vida mesmo da cidade.

Mas em termos de roteiro, você trabalha mais com o turismo cívico, ou arquitetônico? Ou turístico religioso?

Arquitetônico.

Se fosse pra você optar por trabalhar, se você fosse trabalhar só com um, independen-te do perfil seria o arquitetônico? É o que mais te dá paixão, vamos dizer assim...(!!)

É porque aqui em Brasília eles se misturam muito, né? O cívico com o arquitetônico como é que eu trabalho o cívico... Né, misturam né, assim, se eu for, se bem que assim, o cívico eu tenho que realmente falar das leis e tudo, é aquela, o cívico ele é bem direcionado pra coisa de você entender como é que funciona o órgão e tal. Então é realmente, então é o arquitetônico.

E em termos de demanda o que, geralmente você executa é o arquitetônico também? Ou é outro? Ou também varia de acordo com o perfil que você atende?

É varia muito. Assim como, se você está trabalhando com a mídia você faz de acordo com o que eles tem, o que eles querem ver, né. Então, eu sempre eu direciono o meu roteiro para o interesse dele, do público, né. Então aí varia bastante. A maioria das pessoas, por exemplo, um público que é ligado na mídia eles sempre querem algo diferente: “-Olha, eu quero algo diferente do arquitetônico, eu quero entender a cidade, eu quero saber que povo que está aqui, o que eles fazem, eu quero ver como é que é a parte gastronômica, como é que, que que tem de diferente”. Né, para não ficar só na massificação do arqui-tetônico, né. Então é assim, aí você tem que ir pra outros lados, né, mostrar um pouco da área rural que é maravilhosa, né, falar da, eu sempre nunca deixo de falar também na questão da Estação Ecológica das águas emendadas, embora você não possa ir até lá, né, porque é uma área reservada para pesquisas, só das pessoas saberem e entender o que é o cerrado, qual a importância dele, tudo, aí você já começa a, né, vai pro lago, lago Paranoá que você pode fazer aquele passeio de barco, então realmente quebra as perspectivas da pessoa, né. Você não deixa de estar ali em contato com o arquitetônico, né, porque durante o passeio você tem o Palácio da Alvorada, tem a Ponte JK, você vê toda a cidade, né, então essa coisa é, ta tudo assim muito misturado, né.

Bacana. É, com relação aos roteiros, né... Quantos roteiros em média você executa por mês?

Quando você fala em roteiros você está falando em roteiros certinhos, arquitetônico,

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jurídico, como, ou você está falando de roteiros? Ou você está falando de Tours assim, roteiros formatados ou Tour que você monta?

Como é que você considera isso? Vamos abrir um parêntese. Existe o Tour formatado e existe um outro que você faz sob medida para aquele cliente?

Exato, eu considero todos, qualquer, desde o que é formatado oficial, digamos assim entre aspas, até o que foi formatado sob medida, né.

Anhan...

Olha, veja bem, como eu te falei que trabalho no órgão oficial de turismo, né, então eu tenho uma carga horária a cumprir, é muito raro eu fazer um freelancer, pegar um tour assim que, as pessoas já me contratam e tal. Então a demanda do órgão que eu trabalho, é, vamos dizer, uns quatro, uns quatro tours assim por mês, no mês. As vezes é, né, as vezes é isso.

E você sente que existe uma sazonalidade, existem épocas do ano que a procura é muito maior?

Sim, existem, existem épocas eu, é assim, eu acredito que em agosto tenha mais demanda, assim, meio do ano, não sei se é questão de é, de férias né, férias exteriores, eu não sei, en-fim, eu acho que na época da seca tem bastante, né, porque é um período mais de seca, né?

É, bacana. É, acho que eu perguntei isso mas, os principais roteiros os quais realiza com os turistas. É, tem como você citar 3? Agora to pensando os oficiais, tem como você citar 3 dos principais roteiros que você executa com eles?

É o arquitetônico. O jurídico como ele é um roteiro mais direcionado para alunos de direito, eu faço, assim, normalmente uma vez por ano. É, ele certinho, né, quando você vai, to fazendo um roteiro jurídico é que eu não vou sair daqui... Então é uma vez por ano que eu faço porque tem um grupo de Londrina que eles sempre vem e eles sempre me chamam, aí eles vem uma vez por ano mais ou menos. Eu faço certinho o roteiro jurídi-co. Ah, eu procuro inserir bastante também o roteiro de Athos Bulcão, né, porque você também conhece toda a cidade e ta ali no arquitetônico ligadinho, né. (risos) É, assim, o rural também eu gosto muito de, é, de levar, mas as pessoas tem que estar já há um bom tempo aqui para poder conhecer a cidade e ter (?) o, né, porque ninguém vem pra cá por conta de um turismo rural, é um adicional, né. E então e o místico religioso não faço muito não. Não... Bom...

Ok. É, as principais empresas com as quais presta serviço? Tem alguma empresa di-recionada ou você trabalha mais como autônoma?

Não, eu sou mais como autônoma e no órgão público que eu trabalho.

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Brasíliatur?

Brasíliatur.

Ok. É, mesmo quando autônoma existe também, você tem alguma parceria com al-gum prestador de serviço, algum meio de hospedagem? Algum parceiro que te indica, ou não?

Não, não, eu não.

Tá ok. E valor, qual é o valor médio cobrado atualmente pelo serviço? Por quatro ho-ras de duração. Vamos considerar um roteiro de 4, em média 4 horas de duração, né?

É, uns 150 reais.

E tour de dia inteiro também você cobra...

200 reais.

Ok, obrigada.

PERCEPÇÃO DE BRASÍLIA COMO DESTINO TURÍSTICO

Agora a gente vai para a percepção de Brasília então. É, como é que você avalia o destino Brasília hoje em geral? De um modo geral?

É, olha, assim a minha experiência e é uma coisa que, quem trabalha no serviço público muitas vezes fica assim meio desestimulado (risos), né, por conta do trabalho, mas eu acho que a principal paixão minha pelo que eu faço vem diretamente do público que eu traba-lho. Sabe, você perceber que uma pessoa vem aqui com uma impressão de Brasília e ela sai completamente modificada, né, todas as expectativas que ela chega aqui elas são, né, já não é mais né aquilo, já é uma outra coisa completamente diferente, e ela sai apaixona-da, ela sai gostando de Brasília: “-Nossa que cidade linda, que legal, quanta coisa que eu conheci aqui, né, quanta coisa que eu fiquei sabendo, poxa, que barato...” Né, então isso tudo eu acho que é o principal pagamento pra mim e motivação pra eu trabalhar, assim, é, nesse sentido, né. Mas você perguntou o que mesmo?

Como é que você avalia o destino Brasília em geral?

Ah, sim, é, então, aí você, o destino, você ta falando em destino então a gente tem que avaliar todos os equipamentos, né, a gente tem que avaliar hospedagem, a gente tem que avaliar restaurantes, é serviços, vários né. Então, é, eu acho que ta assim, sabe, eu acho que o, o felling assim, sabe, de... Ainda não, acho que ainda não caiu a ficha assim do potencial que pode ter e das pessoas estarem trabalhando a capacitação mesmo. Então

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eu ouço muita reclamação de hospede que o atendimento não foi legal no hotel porque faltou um bloquinho, poxa, um hotel de 5 estrelas faltou um bloquinho de anotação, uma coisa básica, um sabonete eu tive que pedir. Sabe essas coisas assim é, e um taxi, não consegui um taxi, fiquei meia hora tentando, parando, né, então, como Brasília tem essas, realmente, taxi eles ficam num ponto você não, você não tem em Brasília ficar passando taxi toda hora como no Rio em São Paulo, né, você... Então, ou ir num restau-rante é, como você própria vai levar, são poucos os restaurantes que você, é que tenha essa, “-Olha eu estou trazendo gente...”, para, de repente para operadores e tal e você consegue uma negociação, ou você consegue, sabe? Isso tudo, essa visão a mais não dalí, a gente tava até conversando isso agora no congresso de turismo é que ainda não pegou aqui em Brasília eu acho, sabe? Então, é muito trabalho de formiguinha, poucas pessoas tem essa conscientização e é muito lento o processo, porque como Brasília é basicamente uma capital administrativa, ela foi pensada para isso e ela deveria ser isso mesmo, né, e assim é continuar sendo mesmo, não tem essa visão empresarial, né, essa visão empre-sarial ela é muito pouquinha, ela é muito... Então assim, realmente é difícil porque as coisas demoram pra andar, né. Demora pra pegar o pique né e as vezes quando pega o pique muda o governo e aí parece que tudo volta, né... Você tem a área administrativa, tem a área empresarial, mas tudo ta emendado, né. Os empresários dependem muito da máquina administrativa que, que sabe, então, se uma coisa não, aí já, a máquina é muito difícil de engrenar. Eu sinto isso.

Humhum. Por que você acha que a máquina é tão difícil de engrenar? (risos) É, como que em geral você percebe o turismo no DF do ponto de vista do seu trabalho como guia? Agora olhando do ponto de vista do seu trabalho como guia, quando você está em campo, como é que você, quer dizer, você pensou um pouquinho como é que está Brasília de modo geral... O destino Brasília tem essa especificidade tem essa insegu-rança, você pontuou os serviços, a falta de qualidade, a falta de cultura empresarial e aí quando você pensa, como que em geral você percebe o turismo no DF do ponto de vista do seu trabalho nesse dia-a-dia enfrentando tudo isso...

É, eu as vezes, apesar de eu adorar as árvores de Brasília, de vez em quando não dá pra passar porque o galho ta muito baixo e o ônibus ta muito alto, cresceu demais, a falta de estacio-namento, acontece o cara vai descer pra passar é... Existe, no próprio roteiro Athos Bulcão tem muita coisa que se faz a pé, mas como é que eu vou levar um grupo a pé num sol caus-ticante do DF, com pouca calçada, né, onde que... E aí se torna difícil, se torna complicado, é, falta de banheiros públicos, as pessoas, numa praça as vezes tem um ponto turístico que ta funcionando que só tem um banheiro que ta... Será que tem mesmo? Será que não esta interditado? Então é falta de um lugar para você tomar uma água, será, “-Aqui não tem nin-guém vendendo nada.” Né, você não tem uma opção assim. Então é um meio complicado.

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Interessante. A avaliação, qual que seria a sua avaliação com relação a imagem que Brasília tem como destino? Do ponto de vista, tanto de quando você está guiando, você vai vendo quando o turista chega com uma imagem, que ele vai embora com a mesma imagem? Ou, como é que é a sua avaliação em relação a imagem que se tem de Brasília como um destino turístico?

É a imagem de Brasília antes da pessoa ver é aquela coisa né. É sempre, é, a mais crítica possível, né. (risos) A pessoa vem aqui altamente crítica, né, a imagem que se tem de Bra-sília é a que se vê nas mídias por aí, que é, são esses escândalos da administração pública, né, então, e que todo mundo aqui é marajá, né. Eu acho assim, como destino turístico, eu não acho que Brasília seria um, ela é vista fora como um destino turístico, não sei, acho que não. Ela tem um atrativo turístico por conta da expressão cultural, né, da arquitetu-ra, mas é, eu acho que o chamativo de Brasília, pelo menos para os, isso assim é, seria o chamativo de Brasília para o turismo estrangeiro, eu acho que seria esse apelo cultural da arquitetura inovadora de Niemeyer, do projeto arquitetônico de (?) “Scot Free”. Mas o, é, para o brasileiro talvez seria mais a questão cívica mesmo de conhecer a capital.

Ok. E quais os principais aspectos que afetam, na sua opinião, o desenvolvimento da cadeia produtiva do turismo no DF? Aí, é, enfim do ponto de vista positivo e do ponto de vista negativo? O que que afeta essa, você comentou do movimento da maquina a engrenagem, mas eu falo especificamente do turismo mesmo no DF.

Que afeta como...

É, quais os principais aspectos que, na sua opinião, afetam o desenvolvimento do turismo no DF?

É, acho que transporte, é, transporte é uma coisa que é complicada, né, porque nós temos as vias que correm paralelas, né, então nós temos o metrô no meio do eixo rodoviário e a, a pessoa que pega o metrô, que é um transporte que deve ser, assim, bacana né, e vai lá pra, vai estudar, por exemplo, não to falando da pessoa que habita aqui, mas o turista, vamos pensar no turista, né, que ele quer, queira conhecer a cidade, transporte público, é... É, já é meio complicado né, é quase, você tem ali saindo da rodoviária ônibus pra lá, ônibus pra cá e tal, mas é, as pessoas assim, eu acho que transporte, pela, pelo horário, a questão que eu falei do metrô, assim, ele vai para o setor hoteleiro, ele está de metrô, ele para ali... Vai andar um tanto. Acho que a questão do transporte, assim, é o que mais as-sim é meio complicado ainda em Brasília. Principalmente agora com o excesso de carros...

... É um ponto negativo?

É, porque tem, as vezes tem muitos turistas que vem, né, não é, é o turismo mais de baixa renda e quer fazer tudo, curtir, né, então ele encontra dificuldades. Vamos imaginar que

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um grupo de turistas mochileiros que vão para o camping, né. Só tem um ônibus que pas-sa ali no Camping, né. E dalí do Camping ele vai pegar um, vai pegar outro, e assim, como a cidade é tudo separado a gente não tem aquela coisa meio de Rio de Janeiro, “-Você sabe qual é o ônibus?” Por que ali o cara, quando ele vai pensar em perguntar ele vai parar uma hora, talvez, num lugar e não vai passar uma pessoa (risos), sabe? Então eu vejo assim.

Do ponto de vista, por exemplo, dos atrativos turísticos, você acha que são pontos, a gente ta, é, eu vou meio que induzir o seu pensamento, não induzir, mas orientar, por exemplo, pontos fortes e pontos fracos. Quando você pensa atrativos turísticos, pontos fortes e pontos fracos? Positivos e negativos no conjunto de atrativos que Brasília tem.

Ah, pois é...

Você vê problema ou você vê qualidade?

Por exemplo, você pensa em ponto forte, eu acho o museu, museu é, museu vivo da memória candanga o Catetinho é um dos pontos fortes é, de Brasília. Assim, as pessoas gostam de lá, embora não tenha uma estrutura que né, que as vezes as pessoas pensam em pontos fortes, “-Pô, tem uma mega estrutura pra receber”, não, é uma coisa simples, como é simples Brasília, e isso eu gosto de passar para as pessoas, sabe, a pessoa, uma das coisas que eu acho que quebra a expectativa das pessoas, “-Ah, eu vou para a capital”, “-Capital deve ser aquela coisa”. E na verdade ela chega aqui, das coisas que ela, que ela vê que não, aqui é tudo muito simples, né. A simplicidade de Brasília cativa muito as pes-soas, né. Ela não tem essa coisa, ela não é pomposa, ela não é ornamentada, ela, não, são simples. Né, então, por exemplo, Catetinho Museu e o Museu Vivo, eu acho coisas lindas assim, vê como é que tudo surgiu, olha como e que é essa coisa. E aí você cai na questão do transporte. O mochileiro chega aqui, “-Mas como é que eu vou pra lá?”

Entendi, como é que você avalia... (#)... prestação, guias da cidade, você avalia aces-sível, você avalia, quer dizer é fácil, por exemplo, para esse...

Difícil.

... Para esse guia saber com quem, para esse turista saber com quem, quem contatar, ou...

Difícil, (??)... Nós estamos numa gestão aqui já, quantos anos que ta essa gestão? E nós não temos um posto de atendimento ao turista no aeroporto. Básico em qualquer cidadezinha do sul... (#)

Aí a gente já ta falando de...

... Você tem centros de informações, centro de atendimento ao turista...

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Aqui em Brasília?

É, em qualquer cidadezinha do sul, que é um lugar mais assim, até mais desenvolvido, mesmo no nordeste, a gente viaja, né, você faz uma, você tem um centro de atendimento, você tem mapa, você tem isso, você tem aquilo, você tem informação... Na capital você não tem o centro de atendimento ao turista há anos no aeroporto, poxa. Como é que eu posso falar que isso é um destino, as pessoas gastam fortunas viajando e vendendo Brasília nas feiras internacionais e não se preocupam de colocar um, né... A máquina emperra as vezes, o que que é? O que ta acontecendo? Não tem centro de atendimento ao turista. Quando tem é difícil você ter várias línguas, quando você tem o mapa, as vezes é só em português você não tem outros idiomas. É, porra.

É. (risos) Serviços de agencias de receptivo. Como é que você avalia também as agên-cias de receptivo de Brasília?

Você não tem um centro de atendimento você não tem como dar informação. Aí chega um turista, “-Eu quero um guia.” A onde que ele vai procurar um guia? Eu quero um, eu quero um hotel, não tem nenhum Toten. (risos)

Serviços de transporte você comentou, serviços de gastronomia?

Ah, a gastronomia é ótima né. Nós estamos aqui no terceiro pólo, né, gastronômico do nosso país, é ótima a gastronomia.

As opções de hospedagem para os turistas?

Pois é, as opções de hospedagem, nós temos uma grande vantagem porque nosso parque hoteleiro é um do lado do outro e no centro da cidade, né. Isso é um máximo assim né, assim em Brasília, você ta no centro, no setor hoteleiro você tem facilidade de ir para qual-quer canto. Você está ali no meio da rodoviária e na rodoviária passa ônibus para tudo quanto é lugar, né? Então tem-se isso, né. Essa facilidade, agora a qualidade de atendi-mento, né, é, trabalhada dentro desses hotéis eu acho que fica um pouco a desejar. Acho que esses hoteleiros precisam prestar mais atenção em capacitar melhor, em dar, assim, eu acho que falta muito do povo brasiliense assim e que trabalha nesse ponto cari... É ser mais carismático, ser mais... Né...

Receptivo.

Receptivo mesmo. É. Relaxado, talvez trabalhe muito sobre pressão, não sei o que que é.

Mas você sente um serviço tenso?

Não, não sei, as vezes... Sabe? Não sei se é... É difícil, é diferente.

Os serviços de lazer e as opções de lazer e entretenimento de Brasília, pro destino Brasília?

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Lazer. É, Brasília é muito, eu acho, ela é muito, ela tem muitas opções. Hoje nos temos bastante opções em lazer. Entretenimento, assim, tem vários lugares que tem música, música é o forte, né, de Brasília. Opção de teatro, a vida cultural é bem bacana. Agora é muito assim, eu acho que falta um pouco mais de divulgação, né, e por Brasília ser uma cidade muito esparramada e os pontos, eles ficam muito dispersos, né, a gente não tem uma concentração, um “point”, né, então eles ficam, um aqui, outro lá. Então pra própria pessoa que ta na “night”, por exemplo (risos) ela sai daqui e vai (?) “toooolio”, depois vai pra lá...

E se for um turista e tiver de taxi ele já...

Desiste né. (risos)

É, por fim, espaço e prestações de serviços para realização de eventos, como é que você avalia isso?

Então tem muitos hotéis agora, tem bastante área de convenções, nosso próprio Centro de Convenções ta um espaço bacana, central, de fácil acesso, né. Mas eu acho que assim para é... Você vai falar ainda de restaurantes? Quer dizer, são pouquíssimos os restau-rantes que atendem acima de mil pessoas. A gente tem a capacidade para receber, mas para juntar esse povo tudo num restaurante? Geralmente os maiores restaurantes, como o Mangaio agora que é um espaço grande, ele não vai fechar assim para um evento só, dificilmente, principalmente no final de semana que eles tem um público já, imagina a pessoa pede para ficar lá... De Sobradinho para vir comer aqui e ta fechado para um evento, então eles não fazem isso. Então, também...

Falta investimento.

É porque é tudo né, integrado, você não pode trazer um evento de... Imagina.

Quer dizer a estrutura que existe ela não está atendendo, não esta... (#) ... que vocês estão tentando captar, né, porque, Brasília pode já captar, mas falta...

Falta solucionar a prestação de serviço em volta, né. Entorno.

Bem, agora eu vou entrar na avaliação do guia, sobre, por exemplo, as vezes o guia vem pra cá ele elogia, ou ele reclama e nessa fala do guia geral que você está lidando sempre, você identifica oportunidade, tipo, no elogio constante, ou na reclamação constante, no próprio desafio que você tem que enfrentar você identifica oportunida-de de negócios que, “-Olha, podia investir nisso porque ta todo mundo reclamando e não tem quem faça, ninguém investe.” Tem isso na fala? Você sente isso na própria fala do turista? Necessidade de algum serviço, de alguma coisa que Brasília não ofe-rece e que sempre você percebe que o turista sai insatisfeito? Sente falta.

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Agora eu me lembrei de um, as vezes eu estava guiando um turista e, na verdade ele só reforçou o que um outro já tinha falado também de, inclusive, os dois repórteres, jorna-listas, é... O que que é muito assim, o que que é legal assim em Brasília, é uma coisa não vendável que é qualidade de vida. Que que a gente melhor tem? É a nossa qualidade de vida, mas isso não é vendável (risos).

Que coisa né?

Né, então vem pra cá morar, não, não vem não porque se não vai ficar muito cheio (risos). Tá sendo muito cheio. Então, é... Tem coisas realmente, tem, por exemplo, a Barca Bra-sília, a Barca Brasília ela desenvolve um trabalho muito bacana. Ele está desenvolvendo como formiguinha, sozinho, sabe? Ele desenvolve um turismo pedagógico, é... Ele faz aquela a Barca Poética, ele chama a... Sarau de poesia na barca, é, ele faz música, ele cha-ma música, músicos de Brasília para tocar em... Barca da Filosofia, né, chamando filósofos para fazer a noite... E só o passeio de barco ele já é muito bacana, mas é pouquíssimo e dentre eles a Barca Brasília é o único que desenvolve isso, você entra na Barca você não vai fazer só um passeio de barco, você vai adquirir tanto conhecimento. Porque ele lá ele tem um telão, ele vai mostrando exatamente o ponto que você está passando, ele conta a história da criação todinha do lago Paranoá, ele fala de todos os pontos que tem ali em volta, de todas as possibilidades, olha que bacana, olha que legal que seria se nós tivésse-mos maior quantidade desse produto para vender. Olha que legal que seria se o projeto orla estivesse já operando e nós pudéssemos ter Marinas públicas, hoje em dia ele ta, é um empresário que ta ali batalhando, batalhando para dar um ótimo serviço, de qualida-de e ele, as vezes você depara que não tem um porto público, uma Marina pública para atracar. E nós temos um projeto aí que não anda né. Então existe inúmeras possibilidades da gente desenvolver, sim...

É, quais são os principais aspectos que, na sua opinião, facilitam o trabalho do guia de turismo no DF? Pelo menos 3, você consegue imaginar rapidinho assim. 3 aspectos que valorizam a minha vida como guia...

Acesso...

Acesso em que sentido?

Acesso, por pior, assim, o meio de transporte público é deficiente, mas o meio de trans-porte particular é ótimo, né? Se por um lado eu to com um ônibus gigante, aí eu não vou poder passar em tesourinhas, eu não vou poder cruzar a W3, que não cruza, eu não vou poder as vezes passar por um lugar que tem árvores, tudo bem, mas se eu to com um carrinho menor eu ando essa cidade inteira, posso mostrar a cidade inteira em um dia. Enfim, se eu tivesse um público pequenininho e tal, isso é muito legal, onde que no Rio, em São Paulo a gente consegue mostrar a cidade inteira, claro que... (#)...

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A mobilidade.

... Mobilidade, é muito, muito bacana aqui em Brasília. A pessoa fala “-Olha, você ta sen-tindo que a gente já foi em vários lugares e a gente quase não parou em semáforo, quase não pegou nenhum trânsito, olha que legal.”

Qual o outro fator que você acha que facilita muito o seu trabalho?

: Ah, é... Eu acho que por Brasília ser uma capital administrativa a maior parte dos pontos tu-rísticos são gratuitos, então você pode ter, você tem acesso aos pontos turísticos, é, não preci-sa nem perguntar “-Quer ir? Por que lá tem que pagar.” Então as vezes é uma limitação, então eu acho que por não termos, a maior parte gratuito então eu acho que isso também facilita.

E um 3º? Teria?

Ah, o que facilita?

É.

Terceiro... Tá, eu acho que a própria localização do parque hoteleiro, né. Que ta bem pertinho dos monumentos, né, e a própria concentração dos, da maior quantidade de pontos turísticos no mesmo eixo.

Ok. Agora as dificuldades. Pelo menos 3 dificuldades...

Só? (risos)

Que dificultam o seu trabalho.

Que dificulta é sempre mais. Estacionamento, é... Estacionamento... Que dificulta.

Estacionamento nos atrativos? Ou, nos restaurantes também? Todos os lugares, é em geral esse problema de estacionamento ou ela é mais... (#) ao acesso aos atrativos?

É as vezes é em geral... Estacionamento principalmente quando se está com um carro grande, né.

Quer dizer, quando você esta com um ônibus grande é tanto a mobilidade quanto o estacionamento?

É, exato... Que que dificulta mais? (...) É... Eu acho que é a falta de estrutura, de infra-estrutura para receber mesmo, essa coisa do banheiro, de um lugar para a pessoa tomar uma água, né, aqui é muito seco, “-Nossa, onde é que tem uma água pra comprar”, agora não tem, só lá, banheiro nesse aspecto é terrível.

E você sente que neles existe alguma coisa da qual eles sempre...

Ah, falta de lugar para a pessoa comprar coisa. Nos pontos mesmo, isso eles reclamam bastante.

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Souvenir.

É, e assim, coisas próprias da cidade. Souvenirs próprios da cidade. É um souvenir assim mais refinado, né, uma coisa, ou mais criativa, não precisa nem ser mais refinado, mas mais criativo da cidade: “-Olha que bacana eu to levando de Brasília!” Nem, né. É, eu acho que falta isso para, porque as pessoas sempre gostam de, pô to aqui quero levar uma coisa da cidade. As vezes não tem como parar, ou sei lá, você está, não ta funcionando, não está aberto. Então, uma variedade também, as vezes é muito as mesmas coisas, sabe? E as vezes “-Ah, mas isso eu não sei...” Então eu acho que...

Ok. Você teria alguma proposta, alguma recomendação para o turismo no DF nos próximos 4 anos? Sei lá, vir uma copa do mundo aí, pode vir, vários eventos que es-tão vindo, tem alguma, se você soubesse propor, sugerir algo pro DF em termos de turismo nos próximos 4 anos.

Ah é algum mecanismo assim que possa juntar todos esses serviços turísticos, todos estes prestadores de serviços turísticos para falar uma linguagem só, ou ter uma maior integra-ção, ou uma maior confiança, né, proporcionar uma maior confiança de eu estar ofere-cendo aquele hotel porque ele realmente tem um serviço legal, é, sabe? Se for falar em termo de guias, não sei se fazer um workshop e levar os guias para conhecer mesmo as instalações dos hotéis para ver como é que é o serviço e ao mesmo tempo os hoteleiros estar vendo aquele guia ta interessado e ele poder ter o contato. Então começar a juntar mesmo esse pessoal que presta serviço para, é, ter uma fala comum, sabe? Hum...

Quando eu falo 4 anos eu penso assim a curto prazo. Para Brasília ficar pronta para um turismo que possa vir. E essa articulação então entre o próprio mercado do tipo (#) de turismo é fundamental.

É, exatamente. Mesmo a cultura também. Tem muitos guias que não sabem, o que que traduz Brasília? Em termos de artesanato, em termos de cultura, em termos de música, de, sabe? É, enfim, sei lá... Teria um... Não sei... (risos)

Quais seriam as principais ameaças que você, quer dizer, você visualiza algum tipo de ameaça em termos de competitividade, em termos também de Brasília como um des-tino turísticos, porque se não, sei lá, melhorar esses aspectos todos que você colocou como negativos, quer dizer, você visualiza algum tipo de ameaça nos próximos 10 anos para Brasília como um destino turístico? Até pela própria experiência que você tem como guia, quando os turistas vão embora insatisfeitos, por exemplo, isso acontece...

Olha, é engraçado, eu trabalho há 26 anos, né. E eu fico feliz da vida quando eu aprendo alguma coisa, porque, é... Então, assim, eu sinto as vezes que guias que trabalham muito tempo eles se limitam aquilo que eles sabem e aquilo passa a ser lei, sabe? E eles não, é...

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é, não ficam aberto as coisas assim, as vezes, sabe? Então é, eu acho que nós precisamos bastante de capacitação em todos as áreas de prestação de serviço. É, em termos de Brasí-lia, a gente as vezes não vislumbra muito futuro, né, eu tive há pouco tempo, estava acom-panhando um jornalista também (risos), tenho muito contato com jornalistas, né, ele: “-É eu queria fazer uma entrevista com alguém que fosse assim da época bem de Brasília, que pudesse me falar.” Anhan, vou levar você lá no instituto histórico geográfico, quem sabe Coronel Afonso não esteja lá e te fale, ele trabalhou diretamente com o Juscelino, né, ele pode te dar umas... E aí, nisso a gente aprende, estar em contato com esse povo que trabalhou direto, nossa o Coronel Afonso é uma graça de pessoa, né. E aí eu aprendi ali com ele, ele me falou uma coisa que eu não sabia, olha que bacana, eu fico tão feliz quando (risos), e ainda mais de fonte tão fidedignas, né. Não sei se você sabe também, mas é, Juscelino ele chegou no primeiro mandato dele com aquele slogan, né 50 anos de desenvolvimento em 5, 50 em 5, né, então ali a meta dele era desenvolver estradas e principalmente desenvolver estradas, né, porque ta trazendo Brasília para o planalto ele fez muitas estradas de rodagem e estradas de ferrovia, é, e construiu Brasília, começa sim-ples, mas ele proporcionou, enfim, acho que ele tem uma meta dele de desenvolvimento e integração que era a base do trabalho dele, e aí ele não queria se reeleger, na época não tinha reeleição mas o contexto social poderia fazer ele ser reeleito, ele não quis, e ele tinha a meta para a reeleição em 65, e a meta dele de reeleição, na reeleição de 65 era fazer 5 de agricultura para 50 de fartura, você já ouviu falar disso?

Não.

Olha que legal também. Então o que que ele fez? Brasília ta aqui, várias estradas que ele construiu ao longo do exercício dele no primeiro mandato, ligando Brasília a norte, sul, leste, oeste, enfim de todos os cantos que vieram os candangos, né? Então, nessa volta de Brasília, nessas estradas principais e vicinais que ele havia construído ele iria fazer inúmeras agrovilas com todo o equipamento necessário, para que? Para fazer com que esses candangos e as pessoas que vieram para cá tivessem novas oportunidades de se desenvolver economicamente. O que aconteceria com isso? Brasília, ela se manteria uma cidade puramente administrativa, pela qual ela foi pensada, não haveríamos hoje essa, é, esse entorno desigual, né, esse entorno totalmente congestionado hoje, Brasília não estaria sofrendo com isso, e principalmente, imagina Águas Lindas hoje com uma popu-lação quase maior do que Brasília, né, em tão pouco tempo. E o que que a gente teria? Um crescimento econômico, né. Então, sabe? São coisinhas assim que as pessoas, que os governantes, hoje em dia as pessoas entram no governo para, e não tem nenhum plano de governo, né, não tem visão do futuro, não tem nada. Então imagina o que seria Brasília hoje se esse, ne, se isso pudesse ser colocado.

É verdade. Eliana, e falando de visão de futuro, o que você visualiza de oportunidade

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para Brasília no futuro? Nos próximos 10 anos.

De que?

Oportunidade.

Ah, de oportunidade?

É, ou vinculado ao próprio turismo, pode, inclusive, não ser necessariamente, mas que abastece o turismo também.

Ah, olha a questão de nós termos o aeroporto já internacional, é bastante bom, né, cada vez melhor. Então eu acho que é uma grande oportunidade da gente estar desenvolvendo Brasília como essa coisa mesmo de portal, né, do planalto, do planalto todo, o cerrado, explorar bastante o cerrado, sustentavelmente, né, assim, visando divulgar mais e dando oportunidade para as pessoas conhecerem essa riqueza do cerrado toda, né. Então eu acho que Brasília como um portão de entrada para isso é bem bacana, porque você consegue trabalhar a parte cultural, parte arquitetônica, parte rural, integrar isso num, a diversidade toda nossa e dá opções, aumentar esse leque de oportunidades de atrativo para o turista, né.

Bacana. Tem alguma última, alguma última consideração, observação com relação a tudo isso que a gente conversou que você gostaria de fazer para deixar registrado para a gente analisar depois? Algum comentário que ficou?

Ai a gente passeou tanto, ne. Eu achei assim a pesquisa bem bacana, bem formulada as-sim, né, porque assim abrange bastante coisa.

E agora eu vou entrar um pouquinho em você, agora.

Ah é, ainda tem isso?

É só um pouquinho só. Em relação a sua, na verdade em relação a sua qualificação e se você anseia de qualificação, você até falou de qualificação também. Então, nível de escolaridade é superior, ne?

Isso.

Você tem algum, seu curso de formação foi em Artes Cênicas aqui na UNB? (!!) (##) (??)

É engraçado. Não, foi Artes Cênicas. Engraçado que na época que eu tava fazendo Artes Cênicas eu tinha uma chefe que ela falou assim: “-Mas porque você ta fazendo artes cêni-cas? Você mexe, trabalha com turismo, porque você que você não foi fazer alguma coisa mais ligada ao turismo?” Aí assim eu, aí pensei, e falei assim “-Poxa, mas acho que tanto a ver”, porque, o que que eu faço? Eu trabalho diretamente com o público e mostro arte, porque Brasília é arte. Então eu acho que as artes cênicas me ajudou bastante em termos de você saber impostar uma voz, em termos de você lidar com o púbico, em termos de

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você saber como você fala, eu acho que foi fantástico para mim, entendeu?

Teve algum outro curso de formação que complementou, que você achou que foi com-plementar? Ou é mais a formação de artes mesmo? Algum curso que você tenha feito.

Não, eu fiz vários assim, cursos de, todos esses cursos assim mais direcionados ao guia assim, oferecidos, eu sempre faço, né, algum cerimonial, curso de idioma, um curso de capacitação de roteiros, um curso... Eu sempre procuro estar fazendo né.

E quais os idiomas que você tem fluência Eliana?

Olha, fluência, assim como eu te falei, eu trabalho mais com o órgão oficial, pelo órgão oficial não é, eu não trabalho com tanta freqüência, então a fluência ela depende da fre-qüência que você coloca o seu idioma né? Então eu entrei, no meu concurso foi italiano, é, eu acho que quase uns 7 anos depois que eu entrei que eu fui fazer o primeiro trabalho em italiano, então daí você imagina a minha fluência. Então assim eu não tenho muita fluência não, eu falo devagar, falo pausado, as vezes eu não entendo muito. (!!)

E basicamente o italiano?

E inglês.

E inglês.

Inglês é o que eu mais pratico, mas, assim eu também não me acho tão fluente não.

E como guia tem algum curso, alguma formação que você acha que você precisa, tem interesse em fazer, que você acha que seria fundamental que você ia complementar a sua área, a sua, o seu trabalho como um guia de turismo que, de repente não existe, ou de repente até existe, mas você não tem, não ta fazendo. Tem algum curso que te interessa? Em relação, que você acha que complementa sua formação, que você tem vontade de fazer? Até se esse curso não existir, algo que você sente falta.

Superior que você fala? Ou qualquer...

Pode ser superior ou pode ser de extensão, específico. Tanto faz, eu deixo aberto.

Ah, eu acho que, na verdade, eu queria, é... Idioma é sempre super importante, né. Mas eu acho assim que idioma é, um curso de idioma é tão difícil você... Na verdade eu acho que seria, isso aí tem que ir pra fora para, um tempo para vir bem, porque eu acho tão lento um curso de idioma para você ter fluência, você não estando em outro país, sabe? Para mim eu acho que, no meu trabalho, seu eu fosse, tivesse mais fluência nesses idiomas seria melhor...

Um diferencial.

É, eu acho que idioma, idioma é sempre um diferencial, né...Obrigada...

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ENTREVISTA 2

Data: 29/04/2010Entrevistadora: Karen Basso

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

PERFIL DO GUIANão aplicada

PERCEPÇÃO DE BRASÍLIA COMO DESTINO TURÍSTICO

Eu gostaria de comentar agora sobre a percepção do destino Brasília em geral, ta? Então eu queria que você me falasse um pouquinho, como é que você avalia o destino Brasília? Como um destino turístico, Brasília.

Eu acredito que é uma excelente destino. Brasília tem muito para ver, para ser mostrado. Eu acredito no potencial da cidade, é uma cidade única, diferente e que atrai pessoas do mundo inteiro. É uma coisa, é uma cidade ao mesmo tempo moderna e histórica. E os seus monumentos tem uma beleza encantadora, né. O nosso próprio cerrado verde. É di-ferente, é como eu disse no início é único, eu sou apaixonada por Brasília, então como eu começo falar de Brasília eu me emociono, porque Brasília ela é linda, ela é maravilhosa, temos artes em todos os lugares, dentro dos monumentos, fora, ou seja, a arte integrada a arquitetura, então isso é assim, não é todo, não é não, nem em todos os lugares en-contramos isso, né, é diferente. Eu gosto de Brasília, eu acho que Brasília tem um grande potencial para ser desenvolvido, para ser trabalhado. As pessoas que vem a Brasília elas ficam encantadas, porque elas não tem o que temos aqui, né. No mundo inteiro, eu já tive a oportunidade de trabalhar com pessoas de outros países e eles ficam assim encantados com a cidade, né. Eu sinceramente acredito que futuramente Brasília, é, como que eu diria? Brasília é um sonho, é esperança de todos. É, Brasília é, é divina, é, como eu disse, é única... (!!)

Eu então agora apontar alguns itens em específico, ta. Então queria que você avaliasse o destino Brasília, por exemplo, do ponto de vista da acessibilidade.

Acessibilidade.

É.

Ah, olha a acessibilidade ainda deixa a desejar, porque nem todos os monumentos tem

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essa infra-estrutura, mas as pessoas já estão percebendo e já estão começando a trabalhar isso, né. E também eu vejo assim, é claro que tem muitos trechos que ainda, não só de monumentos, mas que as vezes a calçada está meio arrebentada, ou, é, ou aparado, ou até mesmo o transporte, né, em relação a alguns transportes que não estão adaptados, infelizmente. E assim como também outros monumentos. Então eu acredito, na minha opinião, que é um ponto de vista a, um ponto a ser trabalhado, a ser desenvolvido, por-que ainda deixa muito a desejar. Há certos monumentos que não essa acessibilidade para o cadeirante, para pessoas portadoras de necessidades especiais. Então eu acho que essa parte tem que ser é, trabalhada e as pessoas, as autoridades perceberem isso, porque é um público cada vez mais voltado para o turismo. É um público que está a procura, muitas vezes eles não vão em certos lugares porque eles não tem essa oportunidade, não conhe-cem ou deixam de participar, porque não tem acessibilidade.

Huhum. Do ponto de vista da mobilidade, da acessibilidade de carro pela cidade, ou do acesso dos ônibus de excursões para Brasília, da própria mobilidade das pessoas, dos turistas dentro aqui de Brasília. Como é que você avalia nosso destino?

Olha só, o, essa parte de infra-estrutura de estacionamento deixa muito a desejar. Muitas vezes a gente não tem, assim, um local, você leva o grupo, digamos, exemplo, um restau-rante, você não consegue estacionar o ônibus, você as vezes tem que dar voltas e mais voltas para estacionar o ônibus. Então, daí vem a, acho que essa questão também deve ser trabalhada, um estacionamento. É claro que entre as quadras não há possibilidade de fazer isso, até mesmo porque a cidade é uma cidade que recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade e assim, tem certos lugares que você não pode mexer. Mas, realmente, essa parte de estacionamento, essa infra-estrutura é muito deficiente, deixa muito a desejar. Por exemplo ali no congresso a gente pode estacionar, mas aí o ônibus não pode ficar ali, porque se ficar é multado. E daí você fica sem saber onde colocar esse ônibus. E também, é, talvez aí, perceber também e procurar trabalhar não com aquele ônibus que é de 2 andares porque, na verdade a cidade não tem muito essa, não tem, não tem muito não, não tem infra-estrutura para receber, para comportar esse tipo de ônibus. O ideal seria um microônibus, mas já que não, as vezes não dá pra ser com o microônibus, talvez seria interessante o outro ônibus. Ou também trabalhar essa parte, não sei como explicar, mas essa parte de um estacionamento, mas aí você questiona, como que iria criar um estacionamento e daí essas pessoas iriam andar até os monumentos, ou até chegar ao restaurante? Porque Brasília, de uma certa forma, tudo é muito longe. É muito distante. As vezes você percebe que ta tudo pertinho, mas é um pouco longe. Então eu acredito que... Agora em termos das pessoas se locomover, que parece que também tem essa questão, né, eu vejo, assim, eu não vejo dificuldades das pessoas andarem em Brasília. Tirando-se, como eu disse, há algumas calçadas que estão quebradas para as pessoas cadeirantes, ou

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pessoas com uma certa deficiência, ou então melhor-idade, as vezes deixa alguma coisa a desejar, em termos, assim, de calçada mal conservada, eu acho que conservar essa infra-estrutura, né, para que possa então... Daqui eu não vejo muita dificuldade, não vejo, não percebo, né, ainda não percebi, pode ser que há, mas que eu ainda não percebi isso. Agora outra coisa, assim, as vezes as pessoas não tem muita disponibilidade de, não tem hábito, digamos assim, de fazer uma caminhada, que seria interessante, por exemplo, ali na praça dos 3, digamos, na Explanada dos Ministérios até a Praça dos 3 poderes. Seria interessante fazer um trabalho com o turista começando ali da rodoviária até esse pon-to, porque daí você conhece a cidade e você vê os monumentos e aprende muito mais do que dentro do ônibus. Eu vejo assim, você pega um grupo, sai dalí da, digamos, da rodoviária, do marco zero ali e andar toda a explanada, todos os ministérios passando, entrando nos monumentos e explicando, do meu ponto de vista eu acho que isso é muito interessante. As pessoas aprenderiam mais, as pessoas olhariam com outros olhares do que só dentro de um ônibus.

Ok. Do ponto de vista da qualidade no atendimento.

Em relação a?

Ao destino Brasília em geral.

Monumentos, restaurantes.

O conjunto mesmo. Os serviços que a gente presta para o turista. Como você avalia a qualidade no nosso atendimento em geral?

Olha, algumas pessoas diz assim: “-Ah, as vezes Brasília atende mal.” Eu, pessoalmente, procuro atender meus clientes bem. Que, daí você fazer um bom trabalho, o que acon-tece? Primeiro, porque o guia, na verdade é o primeiro contato das pessoas. Se você faz um trabalho, atende as pessoas bem, elas, de uma certa forma elas já começam a se sentir mais confortável, elas começam a sentir bem. Agora, é claro que tem, as vezes, alguns monumentos, alguns restaurantes... Eu não tenho assim muito de reclamar, mas as vezes demoram, ou porque as vezes ta cheio demora para trazer as coisas, mas eu não tenho muito o que reclamar, assim...

Você acha que em geral o turista sai satisfeito?

Olha...

Com a qualidade do atendimento?

Olha, as pessoas que eu já atendi, de uma certa forma, assim, elas saem satisfeitas. Agora, o que acontece, tem alguns monumentos que as vezes, tem assim, de uma certa forma... Mas eu acho que não, não muito, porque quando você agenda o monumento ta ali, aten-

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de, é, por exemplo a Câmara, ou o Itamarati, tem um bom atendimento, o Congresso tem um bom atendimento. Eu não, eu acho que eu não tenho... (!!)

Você acha que ta bom?

Eu acho que ta bom. É claro que precisa melhorar, assim, ou manter a qualidade, né. Mas eu não tenho assim... para o restaurante que eu levo, o pessoal atende bem, eu não tenho...

Ok.

As vezes deixam, deixam a desejar em estacionamento, né. Porque nem sempre você pode levar em todos os restaurantes porque, devido o estacionamento do grupo que você estiver. Né, mas onde que eu tenho feito, ta tudo ok, tranqüilo.

Tá, com relação aos nossos preços.

É de refeição, de...

Geral. Do destino Brasília. Refeição, dos hotéis, o preço dos atrativos que cobram, o preço da água, enfim, os nosso preços em geral.

É, Brasília, de uma certa forma, o custo de vida é muito caro, né, as vezes para as pessoas comprar as coisas ou, é, irem no restaurante, elas, de uma certa forma, elas, o shopping, elas acham um pouco elevado.

Com relação a promoção e comercialização do destino Brasília, no Brasil e no exterior.

Em relação a preços? A estada a Brasília?

Em relação a promoção, como é que se divulga Brasília (Ah, sim.), em termos das agências ou o próprio governo, enfim, como é que você avalia a promoção do destino Brasília e como é que você avalia a comercialização, a forma como Brasília tem sido comercializada.

Hum, difícil responder, mas eu acredito, eu creio que vem fazendo uma boa divulgação, principalmente em relação a 2014 vem aí a Copa, acho que tem trabalhado bastante nesta questão. Eu na verdade, eu não tenho assim acompanhado, né, como que ta sendo, como que é feito...

Por isso que você comentou que é difícil de responder...

É, por isso que eu comentei que é difícil, eu ainda não, é, não parei para avaliar.

Agora, de modo geral, os turistas que você atende, você é guia, vieram pra cá de al-guma forma. Então, pode ser, de repente, como é que você sente que foi a promoção, ou a própria comercialização?

Olha, é, em termos nacional muitos turistas vem para conhecer a cidade, é, devido ser a capital do Brasil, né, então eles vem com esse intuito de conhecer mesmo Brasília, é...

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Os monumentos, o estilo de vida de Brasília como que é, é, a, que mais? Principalmente escolas, né, que ta estudando determinada assunto, ou que está estudando sobre Brasília. E aí é a parte prática ela traz para conhecer a cidade.

Você acha que houve alguma divulgação ou alguma propaganda, alguma coisa que fez com que aquele turista se interessasse em vir para cá?

Acredito que sim. Agora já com grupos internacionais eu já tive, assim, é, oportunidade de atender e eles, uma boa parte, são assim voltados mais para a arquitetura. São arquitetos, então, por exemplo, eu atendi 2 arquitetos de Nova York e eles passaram 6 meses juntan-do dinheiro para poder conhecer Brasília, ou seja, conhecer a obra de Oscar Niemeyer. Apesar de, apesar não, Oscar Niemeyer tem obras no Brasil inteiro e no mundo inteiro também, mas assim, o conjunto todo ta centralizado aqui em Brasília, então estas pesso-as elas estudam Oscar Niemeyer, elas gostam do arquiteto, então elas vem para cá com esse objetivo direcionado, só conhecer, só as obras de Oscar Niemeyer, né. Então, elas se sacrificam, elas, através mesmo da faculdade, do conhecimento do arquiteto. Então elas vem direcionadas, toda a maioria, todos assim, de Frances ou Inglês que eu já recebi eles vem já com isso, então eles não se interessam por outra coisa a não ser a obra do Oscar Niemeyer. Porque é uma coisa que eles passaram, ou um ano, ou seis meses juntando dinheiro e investindo nisso para conhecer as obras do arquiteto. E também já teve assim, não só em Brasília, mas assim, as vezes de vir pra cá, de ir primeiro no Rio e depois do Rio vir pra cá, ou ir para Belo Horizonte só com esse objetivo. E também Brasília tem também o turismo jurídico, que tem aqueles alunos das universidades de direito que eles vem sempre a Brasília para conhecer as côrtes. Por exemplo, para assistir uma seção lá na OAB, conhecer a OAB, voltado só para essa, para esse atrativo, sem interesse nenhum de conhecer outros monumentos, só mesmo os tribunais, as cortes e a OAB, um pouquinho também do Congresso, porque é o Congresso é que faz as leis, né, o Itamaraty inclui nesse também, né. Então é isso.

Ok. Com relação a articulação da cadeia produtiva. Eu quero dizer assim a articulação de todos os prestadores de serviço de turismo aqui no DF. Como é que você avalia o nosso destino em termos de articulação?

De todos os empresário, de todo o Trade, é isso?

É.

Hum, eu as vezes, em relação, porque quando eu recebo um grupo é difícil eu receber por agencia, né, as vezes, já aconteceu com agencia, mas assim... Ai, você poderia repetir?

Claro. Com relação a articulação, a articulação do Trade. A forma, como é que você visualiza o nosso destino, como é que você avalia o destino Brasília do ponto de vista,

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união dos prestadores de serviço, a articulação, trabalho em parceria...

Eu creio que eles trabalham sim em parceria, é, eu creio que sim, que muito...

Você se sente assim articulada com taxista, hotéis, restaurantes, os próprios guias?

A, hotéis, sim, restaurantes sim, agora, guias também, né. Muitas vezes são alguns guias que eu acho que trabalham para mim, então eu me sinto que sim. Agora em relação a taxista eu não tenho nem, eu não tenho nada para reclamar, em relação a eles. O que eu ouço é que as vezes, parece que eles, de uma certa forma tumultuam o trabalho do guia, né, não deixa o guia trabalhar, tem essa coisa assim no aeroporto. Comigo, até agora, nunca aconteceu nada para que eu possa relatar, mas eu já ouvi relatos de que eles, tanto no aeroporto, como na parte de hotelaria, de hotéis eles fazem muita pressão. Só que lembrando que o trabalho do guia é um e do taxista é outro... (!!)

Eu usei o taxista como um exemplo, é... (#)

Não, eu to dizendo assim, em relação, eu to dizendo não porque você usou, mas assim, em relação, do conflito que eles fazem entre os guias. Eu to colocando essa situação. Por-que são coisas diferentes. Não estou esclarecendo o que você colocou, não, mas como você lembrou de taxista, querendo colocar que o serviço do guia é um e o serviço do taxista é outro. E que nem o guia não vai tirar trabalho do taxista e nem o taxista vai tirar o trabalho do guia. Ou seja, se trabalhar em união, essa parte trabalhar em união, acho que tem tudo para crescer, para se desenvolver. Creio eu que a união de todo um Trade. É, agências, hotelaria, taxistas, restaurantes, guias, todo mundo é falando a mesma língua, isso é muito... Isso, só temos a ganhar, e não a perder.

E você avalia que nós aqui em Brasília hoje estamos bem, bons ou ruins nisso?

Eu creio que as vezes alguma coisa deixa a desejar, né.

Ok. Com relação a estrutura turística?

Estrutura turística, é, estar preparado para receber, é isso?

(#) É, eu vou... É isso... Eu vou falar um pouquinho sobre infra-estrutura, logo depois disso, mas antes queria saber sobre a nossa estrutura do turismo.

Ah, creio eu que precisa melhorar, principalmente a parte de transporte, né. Porque se tem um bom transporte as pessoas que chegam, digamos, elas podem se locomover, diga-mos do aeroporto até o hotel, ou seja, que tenha ônibus com mais qualidade e que não demore tanto, eu acho que isso já ajuda aquele, digamos, aquele turista que vem duas, digamos, duas pessoas e que ele não contratou uma agencia, que ele não tenha ninguém para receber ali. Então, se tivéssemos um bom transporte com certeza ele vai ter, ele vai chegar no seu destino com tranqüilidade e com segurança, ou seja, não ter só os taxis ali,

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digamos, as pessoas chegam é obrigado a pegar o taxi porque não tem um outro veículo, por exemplo, se tiver um ônibus, um ônibus que circule da, digamos, do aeroporto, ou até mesmo da rodoviária para o setor hoteleiro, ou seja, mais opção.

Com relação a infra-estrutura da cidade para o turismo?

Olha, infra-estrutura... Eu acredito que tem muita a melhorar, é, a infra-estrutura também no meu ponto de vista assim não é tão ruim. É aquilo que eu digo, as vezes tem alguma calçada que não está adequada, né, que está, é, cheia de buraco, por exemplo, a praça dos 3 poderes ela estava meio, é, como eu diria, ruim, mas ela passou por uma reforma. Ou seja, há também as vezes, por exemplo ali no Santuário Dom Bosco, as calçadas estão muito quebradas, agora deu uma melhoradinha porque tinha uma área assim que só vi-nham pessoas, pedintes, pessoas ali, sabe? Pessoas que não tem teto, né, digamos assim, ou que tem, mas que abandonam por um certo período do dia e que ficam ali, talvez uma forma de pedir, não sei. Mas que tinham pessoas dormindo ali. O local estava, de uma certa forma abandonado, aí quando você chega com o cliente da um aspecto negativo. Não é que você despreze essas pessoas, ou que acham que essas pessoas tenham que ser jogadas fora, ou, desvaloriza essas pessoas, não, é uma forma de você conservar o monumento e, não sei. Eu penso... Melhorar a qualidade, dá um aspecto positivo, bonito, uma coisa limpa, é, as calçadas não quebrar, não quebradas, eu acho que... Né, porque um monumento, por exemplo o santuário como eu citei, é um monumento em que as pessoas gostam de ir e procuram.

Ok. Com relação a qualidade dos produtos ofertados aos turistas.

Produtos que você diz assim, digamos, material.

Os souvenires, os, é, em geral né. A gente pode generalizar porque a gente ta queren-do fazer uma análise geral, então, você pergunta quais exatamente, eu posso te dizer materiais, mais palpáveis mesmo, não os serviços, os produtos que o turista pode consumir, levar para casa, enfim, produtos...

Ah, por exemplo depende do monumento, fica meio, as vezes fica meio difícil porque geralmente quando eu faço trabalho, seja o turismo jurídico ou o arquitetônico, ou o cí-vico mesmo, então a gente, eu nunca levo para o shopping. Então, o que acontece? No Memorial JK eu vejo que, eu observo assim, mas eu vejo que é bom. Na Catedral também tem. Quando as pessoas as vezes procuram alguma coisa elas encontram. É claro que se-ria interessante ter mais, mais coisas em outros pontos, mas assim, eu não ouço ninguém reclamar. Porque, até mesmo as vezes quando você recebe um turista ele não tem assim muito tempo. Ah sim. Tem a Torre também e a Torre tem muita coisa boa que as pessoas gostam, que as pessoas adoram ir ali, mas as vezes tem coisas que as pessoas reclamam por ter o preço muito alto, ser muito caro, por exemplo a camiseta de Brasília é 20, é 18

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reais, algumas pessoas questionam isso, entendeu? Talvez seriam, eu não sei como te di-zer, mas que fosse um pouco, um preço não tão...

Alto.

Tão alto quanto é. Mas, por exemplo, em dizer assim de coisas mesmo, a feira, eu acho que a feira ela é boa, apesar da infra-estrutura dela naquele local não ser boa, não é de forma alguma. Porque inclusive uma vez eu estava fazendo um City Tour e alguém perguntou: “-Ai aqueles barracos ali são os sem terras?” Entendeu? Então, é claro que a gente, como, a gente tem que, nós como guias, eu vejo assim, temos que valorizar a ma-nifestação da cultura popular. Porque um povo sem cultura não existe, né. Se a gente não valorizar isso e perder isso, dá o processo de aculturação, mas é interessante, por exem-plo, no caso da Torre, agora ta sendo feito, né ta, logo irá mudar para um local bem mais adequado, com uma infra-estrutura melhor, então eu acho que isso já vai mudar muito a cara. Né? E as pessoas vão ver com outro olhar, até você explicar “-Não ali não é barraco, não é nada disso”, é uma feira, porque você como guia, você tem que passar coisas posi-tivas, você dizer: “Não, ali é um lugar maravilhoso, é um lugar onde as coisas de Brasília, você encontra tudo que for de Brasília, artesanato, muito mais, para que você possa, para que você possa levar...” Então um aspecto positivo, ta bem? Eu vejo assim.

Como, em geral você percebe o turismo no DF do ponto de vista do seu trabalho como um guia de turismo?

Como guia de turismo, como que eu percebo?

O turismo acontecendo.

Aí eu vejo... Como que eu poderia dizer? Deixa eu pensar. Eu vejo como algo bom. Bom por que? Não porque eu to trabalhando, é claro, não porque eu to ganhando, mas é bom para todo mundo, é bom para todo prédio, é bom para cidade, é bom para, para, para as pessoas, por exemplo, a pessoa que vende uma água de côco, digamos, é bom para essa pessoa, é bom para o pequeno empreendedor, é bom na economia, traz economia para a cidade. Então todos se beneficiam com o turismo, com o turista, não sei se é... (!!)

E você percebe isso acontecendo?

Percebo.

E vive isso?

Vivo, sim, percebo as pessoas, de uma certa forma, comprando ou gastando, de uma certa forma eu percebo isso, eu sinto isso.

E como é que você vê a imagem do destino Brasília em seu dia-a-dia de trabalho com os turistas?

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A imagem de Brasília... Olha, eu procuro passar coisas boas, coisas positivas e isso, de uma certa forma, quando você passa coisas positivas, quando você mostra a história de Brasília, quando fala de Brasília, quando você fala dos monumentos, quando você fala lá de JK, quando você fala da Missão Cruz, isso de uma certa forma as pessoas não conhe-ciam antes, elas só conheciam a parte administrativa. Então elas tem um outro olhar para a cidade, elas olham de forma positiva. Elas falam: “-Nunca imaginava que Brasília era isso, nunca imaginava, eu só via Brasília, é o poder administrativo, eu não via esse outro lado bonito que Brasília tem, esse lado encantador”, por exemplo, esse sol maravilhoso, esse horizonte maravilhoso que tem e é único aqui, nós só temos aqui. Então as pessoas, de uma certa forma elas saem daqui encantadoras e com a intenção de voltar mais vezes.

E você acha que elas chegam com essa imagem, não? Sim? Não?

Tem pessoas, há pessoas... Com essa imagem que eu falei para você? Não, já chegam, muitas vezes chegam com imagem negativa de que Brasília não presta, que Brasília só tem isso e aquilo, só coisas negativas. Mas depois que você fala, que você explica e que você mostra as pessoas começam a ver Brasília com outro olhar. Não só, até mesmo as pessoas, se você pegar pessoas que moram aqui e que tem uma idéia distorcida de Brasília, que diz assim: “-Eu vou viajar, eu vou para Caldas Novas, ou para Pirenópolis, ou vou para a Bahia para Porto Seguro, Salvador, qualquer lugar”, mas que, porque, dizendo assim, aqui Brasília não tem nada para se ver, não tem nada para fazer... E você pegar essa pessoa, porque eu já tive uma oportunidade de fazer isso, e mostrar para ela, e falar das coisas que tem em Brasília e mostrar os monumentos, elas tem outra perspectiva de Brasília, porque muitas delas não conhecem nem ali a Praça dos 3 Poderes, não conhecem o Itamaraty, não conhece nada disso. Então, passam a ver a sua cidade com um novo olhar, com novos olhares. Eu vejo isso. Todas as vezes que eu recebo grupos, já teve muito isso, das pessoas estarem negativas, das pessoas dizerem só coisas ruins de Brasília e elas saírem com ou-tra... E agradecer e dizer: “-Eu não sabia que Brasília era tudo isso”, “-Eu não imaginava que Brasília era tão bela”.

Em sua opinião, quais os principais aspectos que afetam o desenvolvimento do turis-mo aqui no DF positiva e negativamente. Do ponto de vista, eu vou citar vários, eu vou pontuando e vou retomando. Mas do ponto de vista dos próprios serviços dos guias... Diminuir a pergunta?

Ai, você quer positivo e negativo em relação ao que os turistas, o que os turistas?

O que o trabalho para os guias, a prestação de serviço de guias é, em que sentido... positivo e negativo o trabalho dos guias afeta o desenvolvimento do turismo no DF?

Olha eu acredito que Brasília tem um grupo de guias muito eficiente, muito eficaz, que traba-lham mesmo com vinc... com dedicação e com qualidade, estão procurando sempre se qua-

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lificar. Eu vejo assim, e que cresce um bom trabalho com qualidade, eu vejo isso. E acredito...

Você acha então que afeta positivamente?

Positivamente, acredito que essa equipe, esses guias estão cada vez mais procurando me-lhorar, procurando um curso de formação. Eu vejo com bons olhos, eu vejo que é positivo.

Ok. Como que você acha que os atrativos, assim, é... Os atrativos turísticos existentes no destino Brasília estão afetando o desenvolvimento do turismo no DF?

Os atrativos, né?

É.

Olha, os atrativos em Brasília, todos os atrativos eu vejo com bons, são bons. Né, tem assim, qualidade. É, como eu disse pra você eles são diferentes, tanto dentro como fora você encon-tra artes, não só Athos Bulcão, mas todos, vários artistas. E eles realmente estão assim voltados né a atender as pessoas desde que você marque. Porque se você não marcar, por exemplo, o Congresso, você quer ir no Congresso, não adianta você chegar lá com um grupo de pessoas sem ter marcado. Não é porque eles tem má vontade, eles atendem mal, não é isso, é porque eles tem ali uma agenda e que tem um compromisso e que as pessoas, que nós como guias temos que saber agendar isso para que essas pessoas, que chegar naquele horário as pessoas possam nos atender, não chegar lá de repente, porque daí vai tumultuar a vida do, do, a nossa vida, com nosso cliente né, e deles também porque muitas vezes eles não tem como receber, porque não foi agendado, eles estão recebendo outro grupo, não tem como. Então eu vejo isso, por exemplo tanto como o Itamaraty também, é excelente você chega e recebe, recebe bem, tem bom atendimento, as pessoas que estão ali nas relações públicas atendem bem, né. Então eu vejo, no meu trabalho que eu tenho feito, eu não vejo, assim, nenhum atrativo colocando empecilhos, assim, sabe, colocando barreiras, eu nunca me deparei com isso. Por exemplo o QG, se você quer visitar o QG você agenda, chega lá eles tem toda uma preocupação em te atender, em passar o que eles podem daquela instituição, assim como a OAB, então eu não vejo, como os tribunais, eu não vejo dificuldades. E cada dia mais eles tem interesse de mostrar, de receber o público, de receber o turista. Porque na verdade é, os monumentos públicos eles são de todos nós brasileiros, então é interessante que você conheça o STF, o STJ, o Congresso, o Itamaraty. Então eu não vejo, eu nunca esbarrei... (!!)

Você não vê nenhum ponto fraco nos atrativos?

Não, até agora assim, em relação a isso, não. Assim, de atendimento não tem, comigo, pode ser que futuramente venha acontecer, mas... (!!)

Com relação a alguma outra coisa que não o atendimento você vê alguma coisa? Não?

É, as vezes é comum falando da acessibilidade, essa parte de acessibilidade. Mas porque

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os monumentos há tempos atrás não tinham essa perspectiva, não tinha essa, não tinha, não estava direcionado a esse público, né.

Com relação aos serviços das agência de receptivo?

Olha, eu, como eu disse pra você em termos de agências, mas eu acho que é um, é um grupo de pessoas que estão aí unidas e procurando desenvolver um bom trabalho, claro que eles, é, se interessam nisso porque eles sabem, porque se o cliente for bem atendido o cliente voltará mais vezes e trará mais pessoas. E se o cliente for mal atendido ele vai falar para umas 17 pessoas, enquanto o cliente bem atendido ele vai falar por 3 pessoas, praticamente isso. Então eu creio e vejo que eles procuram atender bem.

Com relação as transportadoras turísticas e serviços de transporte?

As transportadoras... É, eu tenho trabalhado com algumas e eu vejo também que eles tem essa preocupação de atender bem, de estar com o seu transporte de bom estado, de boa qualidade. Eu vejo assim também.

É, serviços e equipamentos de hospedagem?

Hospedagem eu vejo, Brasília é, é uma cidade que recebe muitos congressos, muitos eventos, então o que eu percebo que eles cada dia mais estão procurando melhorar, estão procurando investir na infra-estrutura, eu vejo assim. Que eles estão, porque, realmente quem não se adaptar, quem não buscar isso provavelmente vai sair do mercado. Não só a parte de transportadora, de veículo, de coisa, mas de hotéis, mas de restaurante, todas as pessoas que não estiverem voltado, direcionado para um bom atendimento, uma boa qualidade para o seu cliente provavelmente, futuramente ele não vai ter espaço mais, né. Então as pessoas estão percebendo isto.

É, serviços e equipamentos de gastronomia?

Oh, olha Brasília é uma cidade que não deixa a desejar. É o 3º pólo né, e aqui temos a...

É, 3º pólo em que sentido?

3º pólo gastronômico.

Ah, ok.

É, Brasília ela tem desde a cozinha regional, a nacional, a internacional, ela ta bem servida. Eu vejo assim. Está bem servida. Você encontra restaurantes com comidas típicas, então, domingo a domingo. Então essa parte ta bem servida. Eu vejo assim.

É, serviços e equipamentos de lazer e entretenimento?

Olha lazer as vezes, há lazer, as vezes as pessoas podem até dizer assim “-Ah, não há la-zer.” É claro que precisamos de mais, mas não podemos dizer que não existe lazer aqui.

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Por exemplo, as vezes as pessoas é que não procuram, por exemplo, nas terças-feiras lá no teatro em um concerto, que de uma certa forma é muito bom, eu gosto, né. Tem, Parque da cidade tem vários atrativos, é, o Pontão tem, né. Há teatros, por exemplo, na caixa econômica, ali o teatro da caixa econômica. Então sempre, nesses outros teatros aí que agora eu não consigo lembrar, sempre tem atrativos, sempre há atrativos. Né, o que é, as vezes a vida da gente é tão tumultuada que as vezes você acaba não usufruindo disso, mas que há, há sim. Na W3 sul, é, naquele espaço Renato Russo. Eu acho que Brasília ta bem servida. Eu não, eu as vezes eu acho que eu sou tão apaixonada por Brasília e eu conheço só Brasília praticamente, conheço Coritiba, mas minha vida ta toda aqui em Brasília, então vejo Brasília assim, que tem sim atrativos. E que você no final do dia, você faz um Tour com seu cliente e que você tem a oportunidade de levar-lo no teatro, tem a oportunidade de levar, por exemplo um dia desses eu fiz um tour e levei eles no teatro, eles adoraram, eram alunos carentes de outro estado e eles ficaram deslumbrados com aquilo. Então eu acho que tem, a, por exemplo eu, se eu for fazer o trabalho com o meu, eu to falando “eu”, não to respondendo por outras pessoas, se eu vou fazer o trabalho cabe eu checar o que tem, o final do Tour o que eu possa oferecer ao meu cliente, né. E isso é feito, eu procuro fazer, não só quando eu to aqui em Brasília, fazendo guiamento aqui em Brasília, mas também quando eu vou para outros estados com o grupo. Então isso é interessante. É o diferencial.

Com relação aos espaços, infra-estrutura e serviços para realização de eventos?

Ah, serviços de eventos, né. Ah, eu vejo o serviço de eventos, eu acho que o Centro de Convenções Ullisses Guimarães está bem, eu acho que para eventos ele comporta grande, médio e pequeno evento, é, congressos, eventos. Eu acho que Brasília tem, tem, como é que eu diria, tem espaço para isto.

E centros de informações turísticas?

Ai, deixa muito a desejar, infelizmente. Infelizmente é negativo. O turista tem muito que, assim, muito a desejar. Mas também assim, tem aquele outro lado, se você for na Brasília Tour você vai encontrar muito material, você vai encontrar muita coisa. Eu digo assim CATs, né, em termos assim, por exemplo, no aeroporto, ali na Torre. As vezes alguma coisa fica a desejar, mas por exemplo se você for na Brasília Tour você vai encontrar muito... Digamos que você vai receber um grupo e quer ofertar com material sobre Brasília, é só você ir lá que você tem muito material para passar. Agora, informação, quando eu disse que é negativo é assim tem termos, por exemplo, você chegar num CAT e perguntar para aquela pessoa que está atendendo certo monumento, eu digo nesse ponto, entendeu? Ou até mesmo que fale um outro idioma, você entendeu? Não é em termos assim de material como por exemplo tem na, na, né? Eu digo nisso, você chegar e ter aquela pessoa que já te direcione no lugar certo e que se pergunte sobre um hotel ou sobre um restaurante,

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que ta ali, “-Não aqui é esse, é esse, é esse.” Você tem, dê umas 3 opções para o cliente para que ele possa ser bem servido. Eu acho que essa parte... Talvez eu esteja equivocada, mas essa parte assim de pessoas bem, né, mas... Também tem, eu volto ao mesmo tempo, acho que tem também o pessoal que faz o turismo e que está, talvez eles não tenham assim, deixam a desejar também na parte de falar um outro idioma. É, é uma crítica não destrutiva, uma crítica construtiva.

Anhan, mas se for destrutiva você pode fazer também até porque a gente melhora, né. Não se preocupe. Eu vou perguntar agora, eu gostaria de saber quais são os principais aspectos que facilitam o seu trabalho como guia de turismo aqui no DF?

Aspectos que facilitam?

É, o que facilita o seu trabalho aqui no DF? Pelo menos 3 coisas que lhe vem a mente, que você fala “ah, que bom que isso funciona, que bom que isso existe porque facilita meu trabalho.”

Meu Deus!

Se tiver difícil para lembrar dos que facilitam eu então inverto para a questão, vamos pensar nas que dificultam, de repente, quem sabe, você vai lembrar das que facilitam também.

Hum, as vezes o que dificulta é quando eu chego na Torre e a Torre ta, o elevador ta quebrado.

O elevador ainda ta quebrado?

Não, agora não, já ta funcionando.

Bom, mas eu diria... (!!)

As vezes, não sempre, mas as vezes você não tem como levar porque as vezes ele ta que-brado. Mas isso foi uma ou duas vezes, uma vez que aconteceu. O que dificulta? O que facilita? Ai, facilita as vezes eu agendar algum monumento. Ah, dificulta, ah lembrei um que dificulta muito, o trânsito. Dependendo do momento o trânsito não flui.

Engarrafamentos.

É não flui, engarrafamento, muitas das vezes. O que mais? Pode ser até que eu me lembre depois, mas... Acho que é isso.

Tem mais nada que você... Se você vier a lembrar você pode pontuar, ta? É quais as principais oportunidades e ameaças que visualiza para o turismo no DF nos próximos 10 anos? Quando você pensa DF daqui a 10, próximos 10 anos.

Daqui a 10 anos né? Ai, o que dificulta?

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Ameaças, o que ameaça o turismo?

O trânsito é um. O trânsito, engarrafamento é um. E, o que ameaça...

O turismo né.

O turismo... Não, os monumentos vem... É, a conservação dos monumentos, isso me pre-ocupa muito. A manutenção, a conservação dos monumentos. Isso...

E oportunidades?

Ah oportunidades? Daqui a 10 anos.

Ao longo de 10 anos, nos próximos anos até daqui 10 anos.

Eu acho que Brasília vai continuar, espero que Brasília continue linda como é, né. É, eu acredito que daqui a 10 anos Brasília só tende a melhorar. Eu vejo assim que todo Trade, todas as pessoas estão voltadas e buscando melhorias para a cidade. Eu acredito que Bra-sília vai estar assim encantadora. (risos)

Bacana. Tendo por base os comentários dos turistas que você guia e a sua experiência guiando aí sempre. O que você acha que poderia ser uma oportunidade de negócio em turismo aqui Brasília?

Nossa, negócio? Olha, o turismo, o turismo geral, o turismo arquitetônico, o turismo ju-rídico, o turismo voltado para você buscar pessoas até mesmo aqui dentro de Brasília. Buscar pessoas que não tem acesso a Brasília. Há pessoas que não conhecem Brasília. E com isso ir divulgando até chegar nos outros estados, né. E você fazer um trabalho bom, e o turismo, o eco-turismo, o turismo rural, o turismo de arvorismo, né?

É, arvorismo.

É, porque Brasília tem muitas, há muitos hotéis rurais e que eles, principalmente, se eles, eles procuram fazer um trabalho não só na parte de alimentação, mas assim típico, né, essa coisa de conservar a cultura popular, né, por exemplo como ali em Sobradinho o seu Teodoro, né. Então, são coisas que se valorizarmos, se preservarmos, se ajudarmos, todo mundo ajudando é uma coisa assim que tem, digamos, um impacto muito grande para...

Você visualiza um potencial...

Um potencial, exatamente. As cachoeiras que ficam próximas as Brasília. Então Brasília é uma cidade, o turismo místico, né, o turismo religioso, então Brasília é uma cidade dife-rente e que há várias vertentes no turismo que se trabalharmos com isso é claro que temos que ter um público específico. Não adianta pegarmos por exemplo um grupo de nível, de arquitetos, ou de nível médio mesmo e levar nas Cortes. Aí queimamos, pronto queimou. Porque eles realmente não vão assistir aquelas sessões porque são voltadas para aquele

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grupo, entendeu? Então eu vejo Brasília, eu vejo o crescimento assim, de turismo, Brasília, muito grande, mas muito mesmo.

E teve alguma vez que, de repente, ou algumas vezes, não sei, de tanto, você obser-va que o turista sente falta de alguma coisa, aí você vira e fala, você mesmo pensa, “-Nossa, gente, precisava de um negócio desse tipo aqui.”

Ah sim...

Ou então, você mesmo, de repente nem é o turista que sente falta, mas você no seu dia-a-dia, na sua experiência em campo você pensa assim, “-Quer saber? Eu vou é abrir um negócio, vou criar alguma assim e vou rachar de ganhar dinheiro aqui...” Isso acontece? (risos)

(risos) Sim.

E o que seria isso? Quais seriam essas...

Por exemplo, em relação não só a visão do turista, mas minha também. É, chega em vá-rios monumentos não tem água. “-Aonde é que vamos comprar água?” Não em água. Por exemplo, na praça dos 3 poderes deveria funcionar aquela casa do chá, deveria funcionar porque as pessoas ficam ali com muita sede, não tem água, não tem nada, então seria uma boa, não só o cliente pensa, mas eu também penso, eu vejo assim, e não só, por exemplo, de vai modificar ali, mas que a casa de chá funcionasse e ali também funcionasse junto um CAT, acho que seria muito bom, entendeu? E assim, é claro que Brasília é uma cidade diferente, mas assim, em alguns pontos a gente chega e não acha, o principal é água, mas as vezes as pessoas, “-Ah, eu queria carregar meu celular...” É claro que é impossível, mas talvez se tivesse a casa de chá ali poderia também ter como elas carregar um celular, né. Poderia ter esse tipo de serviço. E, minha expectativa, assim se eu tivesse assim, nossa se eu pudesse assim, eu colocava... (risos) (??)

Vai entregar o ouro?

É...

Mas eu acho que o que você sente que ta faltando, sabe? Porque é essa a idéia a gente identificar oportunidades de investimento para o turismo, para ele ser melhor em Brasília.

Ah, mais souvenires... (#)... É, vender mais souvenir. É, o que mais, porque, certos lugares mesmo que você há a necessidade de certas coisas, mas você não tem como colocar ali, entendeu? Como por exemplo: a explanada dos ministérios você não vai colocar um ne-gócio ali, porque se você colocar um negócio ali você, de uma certa forma você acabou com a cidade, penso eu. Então, mas... Ah, na Torre também ali ter um espaço para coisas, para as pessoas poderem encontrar água, se bem que já tem as lojinhas que tem água

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côco, tem a tapioca, mas assim, e realmente eu acho que eles, não eu vejo o pessoal am-bulante vendendo água, nunca... Então coisas assim voltadas... Porque as vezes a gente, a gente as vezes fica com o cliente muito tempo com sede porque não tem onde ele tomar água, então por isso que eu lembrei da água, então não tem como ele... Principalmente na praça dos 3 poderes.

Tendo em vista aí os próximos 4 anos, que virá, ou que pode vir a ocorrer em Brasília nos próximos 4 anos. Quais seriam as suas propostas e recomendações para o turis-mo no DF?

Ah, qual seria?

Quando eu falo em 4 anos eu penso nos eventos que estão para acontecer aqui...

Ah, acredito eu que melhorando transporte, principalmente, melhorando transporte. É, melhorando o estádio, né, ou seja, a infra-estrutura, né. O que mais?

Tem alguma recomendação, você pensa assim “-Poxa pra...” Sei lá, para a Copa do Mundo, a Copa do Mundo vindo aí eu recomendaria tal coisa para tudo correr bem...

Nossa, eu nunca pensei (risos). Ah, eu... Acho que eu recomendaria... Não sei, realmen-te agora não veio nada na minha cabeça. Eu acho que todos os Trades estar por dentro, acredito eu que estão, os hotéis, os restaurantes bem preparados para receber, mas o que eu vejo meio foco mesmo é o transporte.

Transporte.

Porque que eu vejo o transporte de Brasília assim um pouco caro.

Caro?

É, caro e de péssima qualidade.

Quando você fala transporte de Brasília, você ta falando público ou o turístico também?

Público.

O público.

Público. Porque se a pessoa quer pegar um ônibus até para ir para um shopping ela en-contra com facilidade, para ir na W3 sul ela encontra com facilidade.

Por fim teria alguma coisa que você gostaria, alguma outra sugestão ou algum co-mentário que você gostaria de deixar com relação a tudo que a gente conversou aqui?

Hum. Preservarmos a nossa cidade. Preservarmos a cidade, os monumentos, é, aquilo que JK deixou, ne, aquilo que obras de Athos Bulcão, que estão muito abandonadas muitas, preservarmos isso que ele trabalhou desde o início de Brasília de 1959 que ele veio para

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cá e morreu aqui, um dos pioneiros que não deixou a cidade, ou seja, conservar a obra do Athos Bulcão, conservar os jardins, o paisagismo de Roberto Bulermac e preservar mesmo, preservarmos tudo. Ter assim, como é que se diz, amarmos Brasília de corpo e alma, assim como muitos pioneiros fizeram, por exemplo como o Dr. Ernesto Silva fez, dar continuida-de a isto. Até mesmo interessante, as vezes eu fico pensando, porque é diferente quando você conversa com uma pessoa, por exemplo eu conversando com você, outras pessoas, mas seria interessante conversarmos com os pioneiros, com pessoas que, os candangos que ainda existem aí, que vieram, construíram Brasília, viram Brasília nascer, sabe, e que estão aí as experiências deles e, de uma certa forma, preservar todo conjunto arquitetônico, todo o conjunto Brasília. E quando eu falo preservarmos Brasília é não só em monumentos, mas assim, na sua cultura, no seu jeito de ser, na manifestação popular, porque nós já temos uma manifestação popular, né, que eu já vejo assim... Né, preservar, eu vejo... É assim uma, né. E as pessoas saberem, ter entendimento que Brasília foi uma cidade que recebeu o título de patrimônio histórico e que, como por exemplo fazer aquelas cercas nos prédios, seja ela verde, ou ela de arame, sei lá de que, mas assim, tirar aquilo, e aqueles puxadinhos também que parecem ter, estraga. Essas coisas assim, manter Brasília preservada como ela era antes, entendeu? Como do início, sem ficar modificando, né, que isso eu acho que vai valorizar a cidade, valorizar o seu povo, né, eu vejo isso, é meu ponto, minha colocação final é essa né.

Preservação.

Preservação.

ENTREVISTA 3

Data: 27/04/2010Entrevistadora: Karen BassoDegravadora: Karen Basso

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

PERFIL DO GUIA

Queria que você falasse um pouquinho, inicialmente, da sua formação, principalmen-te para exercer a profissão de guia de turismo.

Bom, eu me formei em História, na UNB, em 1985. Antes de me formar em História eu já vinha, já trazia um interesse pelo turismo, né, mas... Eu entrei na Universidade... “Tava”

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um pouco indeciso e acabei fazendo História. O que foi bom como formação, para minha profissão, de guia, foi bom ter uma base de historiador. Entendeu? Então, foi uma coisa interessante. Porque uma coisa ajudou a outra, né? Então eu formei em história... Eu já falava... já falava bastante idiomas. Porque também quando eu era... quando eu era crian-ça... Primeiro porque minha mãe é mexicana. Estrangeira. Então ela trouxe uma bagagem, primeiro o espanhol básico, que eu aprendi com ela, e depois me aprofundei com cursos, né, de espanhol. E quando eu comecei a trabalhar como guia eu já falava já bastante es-panhol, e aprofundei também, com outros cursos, e com o próprio turista. O inglês. Meus primeiros idiomas são o espanhol e o inglês, né? E o inglês, quando eu era criança eu mo-rei na Inglaterra. Meu pai mudou-se para a Inglaterra; minha família toda mudou-se para a Inglaterra; Londres. Nós ficamos lá quase três anos. E... E eu peguei uma base também no inglês, quando era criança. Depois, quando eu voltei para o Brasil, continuei os estudos, aprofundando os estudos, e quando eu cheguei já na fase maior, eu já falava já bastante o inglês, não é... E também foi um passo, então, para começar também, a trabalhar como guia de turismo, não é. Então, quando eu terminei História eu já tinha essa base, né. E logo eu comecei a trabalhar como guia de turismo. Logo em 85, ou seja, há 25 anos, que eu comecei a trabalhar como guia de turismo. E... é.... Ao longo de todos esses anos eu fui aprofundando meu conhecimento, eu fui estudando sobre Brasília; como formado em História, eu já tinha já muito interesse por Brasília. Eu sou daqui de Brasília. Sou da primeira geração de Brasília. Para ser mais preciso, eu fui o terceiro a nascer no Hospital de Base (risos). Então.. Nasci junto com a inauguração de Brasília (risos). Já sabe a minha idade, né? (risos) Então... Então meu pai é arquiteto. Também foi uma grande escola para mim... Meu pai. Meu pai veio para Brasília por causa do Lúcio Costa. Meu pai foi muito amigo do Lúcio Costa... Veio trabalhar em Brasília. Meu pai “tava”..., também, formado. Meu pai.. ele... ele... atrasou os estudos, mas depois que ele se formou, lá no Rio de Ja-neiro, ele veio trabalhar em Brasília. Veio primeiro sozinho, depois começou a ir e vir ao Rio de Janeiro. Depois trouxe toda a família para a inauguração de Brasília. Então, meu pai foi um pioneiro. E a minha infância... a minha infância também foi uma coisa muito interessante aqui em Brasília. Infância e parte da adolescência, né? A minha infância foi o quê? Foi justamente cercada por esse pessoal, né? Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Joaquim Cardoso... Engenheiro. O Burle Marx, também era muito amigo do meu pai. O Athos Bulcão vivia na casa do meu pai! Né... A gente era muito... Então, eu cresci ouvindo essas coisas. Informações sobre Brasília. História de Brasília. Arte de Brasília.. Isso foi sempre ficando muito forte em mim, né. E eu, independente de, se eu fosse guia de turismo hoje ou não, independente disso, eu sempre seria um grande defensor de Brasília porque eu já cresci com toda essa carga, né, de informações, de história, da arte de Brasília. Não sei por que não virei arquiteto! Eu tenho um irmão arquiteto. Meu irmão e meu pai “é” arqui-teto... Mas eu sempre gostei, sempre me preocupei, sempre gostei dessa questão da arte

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de Brasília, né, de todos os seus artistas plásticos, de todos os seus arquitetos, a história de Brasília também, eu me interesso muito. Eu sou uma pessoa que conheço, posso dizer com certeza, que conheço muita coisa sobre a história de Brasília.. E isso tudo foi dando uma bagagem, que um dia iria desabrochar no meu trabalho como guia de turismo. Então, o que aconteceu? Eu comecei a trabalhar. Eu me formei em História. Fui desenvolvendo todo esse trabalho, né, comecei a trabalhar como guia de turismo. Depois de uns bons anos, eu fiz um MBA em turismo, na UPIS. Então, além de tudo, eu tenho uma pós em turismo. Eu fiz alguns cursos rápidos, também. Como aqueles cursos de turismo que a gente fazia, né? Aqueles cursos, workshops, que aprofundava um tema específico sobre a cidade: turismo cívico, teve o Athos Bulcão, e etc. E eu também fui desenvolvendo, né, tive uma vontade de abrir uma consultoria uma época. Eu tive uma consultoria de turismo uma época. Eu tive, também, uma agência de turismo antes. Mas aí eu tive uns certos problemas com meu sócio e acabamos que a gente vend.., nós vendemos a agência. Mas eu comecei a trabalhar com consultoria e turismo. Mas eu fui.. Não sei! Eu sei que eu era chamado a trabalhar como guia.. O pessoal me chamava, me chamava, me chamava, né? Então, eu fui também, fui embalando nessa atividade, né? Acabou que chegou, quando eu vi, eu já estava já muito envolvido com essa atividade, não é? E continuo, né? Apesar de que eu tentei, nesses anos aí, tentei alguns outros caminhos. Tentei até trabalhar uma época aqui no CET (risos) E... E... Não sei! Eu acredito que... Não sei! Meu pai falou assim: “Não, você nasceu para mostrar Brasília”. Meu pai sempre falou isso né...

E nisso... Você tem quanto anos como guia?

Guia mesmo, assim, eu comecei em 85. Ou seja, há 25 anos atrás. Só que eu parei só uns três anos. Eu peguei numa fase boa ainda do turismo, uma fase mais forte, né, onde, na época, vinham muitos grupos. Muitos grupos grandes. Então, você trabalhava mais com grupos do que trabalhava individualmente, né. Hoje eu trabalho mais..., assim: com casal, uma pessoa, um casal, três pessoa, quatro pessoas no meu carro. E, às vezes, um grupo maior. Às vezes. Não é sempre.

E tem algum curso, existe algo que você ainda gostaria de estudar que você acha que complementaria seu trabalho como guia?

É sempre bom fazer algum curso de reciclagem. É sempre bom. O problema é que às ve-zes a gente enfrenta um problema, né? Porque às vezes a gente trabalha em horários em que, complica um pouco a gente comparecer a um curso, né? Mas, a gente... Eu sempre gosto de, se possível, na medida do possível, sempre fazer um curso. Sempre fazer um curso que..., por exemplo, acho que nunca é tarde as pessoas saberem mais sobre a his-tória de Brasília. Ah! Sem falar também, que eu já fui professor de formação de guias de turismo no SENAC. Eu trabalhei no SENAC por quase dois anos. Formei grupos de guias de turismo regional, nacional. Então, também foi uma coisa interessante na minha forma-

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ção. Eu trabalhava como guia, mas também trabalhava a noite no SENAC dando aula para esses grupos. E eu sempre acho que quanto mais você pode oferecer cursos que envol-vem a história de Brasília, que é uma coisa muito... Você vê aí, a gente vê na televisão aí, constantemente, informações erradas sobre Brasília. É um absurdo! Agora mesmo eu vi no DFTV uma informação aí que, como é que pode? Ao mesmo tempo em que eles falam bem de Brasília, eles também esculhambam com a cidade. Então, o que é que é então? Qual é a condição deles? Real? O quê eles querem realmente, né? Então, ficam colocando informações erradas, que a gente fica vendo que as pessoas não sabem. Existe uma grande falta desse conhecimento. E o guia de turismo, também. A gente percebe que nem todos têm uma formação, tem um conhecimento adequado de Brasília. Eu já vi guia de turismo falando coisas que não têm nada a ver com Brasília, não é? Então, a gente precisa corrigir essas coisas. Então, um curso, por exemplo, um curso de história de Brasília é importante. Detalhes históricos de Brasília “é” sempre importante. A gente pensa que a gente não tem uma história. Mas tem uma história muito rica. Muito legal. Acho que você sabe disso. Acho que é importante também que a pessoa... Acho que são dois aspectos básicos: a história de Brasília é muito importante as pessoas conhecerem; e também, a questão da arquitetura da cidade. Acho que são poucos os guias que podem realmente falar sobre as obras do Oscar (Niemeyer) e de outros arquitetos, de outros artistas plásticos. A gente não vê ainda muito, ainda muito ainda assim uma grande parte dos guias falando com mais profundidade sobre esses temas. É claro que nem sempre você vai poder aprofundar, porque nem todo o turista está interessado também em aprofundar uma coisa mais densa sobre arquitetura e urbanismo em Brasília. Mas às vezes acontece. Você pega um turista que quer saber. E aí você tem que ter o conhecimento. Então, você... Às vezes têm guias que não estão muito preparados, né? Então, eu acho que é sempre interessante cursos que envolvam a questão da arquitetura, do urbanismo. O porquê de Brasília. O quê que Brasília representa como a história da arquitetura moderna no mundo. O quê que ela foi naquela época, no final dos anos 50 e início dos anos 60. A importância de Brasília ate hoje, né? (Brasília) É ainda, na prática, a maior experiência urbanística do mundo. Não tem uma experiência urbanística que supere Brasília ainda, com todos os problemas que ela enfrenta hoje. Não tem uma cidade no mundo que tem uma experiência urbanística como Brasília. Você tem a Camberra, você tem Chandigarh, você tem algumas cidades que já estão desenvolvidas, né? Mas não é na mesma escala, na mesma proporção de Brasília, na mesma magnitude de Brasília.

Ok. Lucio, você comentou um pouquinho que hoje você guia casais.. Eu queria que você comentasse sobre o público que guia atualmente, perfil, faixa etária, se te pro-curam com interesses específicos...

Tá. A maioria são estrangeiros. O meu trabalho, eu diria, que o trabalho é 80% são es-

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trangeiros. Hoje mesmo estou pegando agora, daqui a pouco, estou pegando um casal de língua inglês. Não sei de que país é exatamente. Mas é... A maioria são estrangeiros, que eu trabalho. Não é? Então, às vezes também, por causa dos eventos que acontecem aqui - congressos, conferências - também, pego público brasileiro. Nacional. Mas essencial-mente estrangeiros. De língua espanhol ou de língua inglês. Daí tem um leque de países enorme, né? Que fala o idioma inglês, né? E também, espanhol também.

E geralmente grupos pequenos?

A maioria... Eu trabalho... Geralmente eu trabalho com o meu carro. Casal, três, quatro pessoas. Casal. Uma às vezes. Assim vai. Mas a média é duas, três pessoas, a média. Às vezes acontece de chegar um grupo. Por exemplo, chegou um grupo agora, na semana passada, de 40 poloneses. Na semana retrasada tive um grupo de 10 suecos. Numa van. Foi numa van. Não foi no meu carro, né? Mas assim. Eu diria que 90% do meu trabalho é mais ligado no meu carro... Só, com casais, não é? E... É um público, também, muito heterogêneo. Um público muito variado. Você tem pessoas que estão interessadas em arquitetura. Outros não estão interessados em arquitetura. Outros querem trabalhar com ecoturismo. Outros estão fazendo um tour no Brasil mais ligado ao ecoturismo e não tanto ligado a arquitetura. Aí tem um detalhe que eu queria te falar, uma outra hora, que é claro não vai ser isso (??), que a gente tem que desenvolver esse lado aqui em Brasília, que é muito rico aqui na região. E o turista se surpreende com isso. Depois a gente fala sobre isso.

Ok. Com relação aos roteiros. Quantos roteiros você executa, em média, por mês?

Ahhhhhhhhh

Pode ser por semana e a gente faz o cálculo

É. Mas você fala os tipos de roteiros?

A freqüência. Quantos dias você está guiando, ou em média três vezes por semana, em média quantos roteiros você.. (!!!)

Olha, essa época agora, por exemplo, agora, abril, justamente final de abril, maio e início de junho, é a mais baixa temporada de estrangeiros. Por quê? Porque os europeus, os norte-americanos, canadenses, estadunidenses, europeus, e parte do mundo, o ano letivo deles finaliza em junho e começa em setembro. O ano letivo, né, desse pessoal. Então, o que acontece? Abril, final de abril, maio e junho, “ta” todo mundo estudando, traba-lhando, estudando, esperando começar as férias de verão, que é em junho. Então, aí em julho, agosto, setembro, e também outubro e novembro, costuma ser os meses mais altos. Por quê? Porque também outubro e novembro? Por causa também que muitos que tem negócios, na Europa, na América do Norte, fecham. Porque o hotel fecha, o restaurante

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fecha. Por causa da temporada de frio, de inverno. Então, eles fecham e vão curtir a vida, vão viajar. Então, é o segundo semestre... Você tem um movimento mais linear, né? É a alta temporada. É a época em que a gente mais trabalha aqui em Brasília é final de julho, agos-to, setembro, outubro e novembro. É a alta temporada de estrangeiros. Somando, também, com os eventos que acontecem na cidade. Você tem mais congressos aqui em Brasília no segundo semestre do que no primeiro semestre. Geralmente entope de eventos, congres-sos, é uma loucura. Então, sempre também tem um brasileiro, um grupo que quer fazer um city tour, alguma coisa, né? Ir pra Itiquira. Ir pra Pirenópolis. Não sei quê... Então, você sempre tem uma atividade, também, ligada a isso. Então, é linear. E agora, por exemplo, maio, final de março, abril, maio, é muito assim, né... é muito sazonal. Tem semana que você não tem quase nada e tem semana que você tem cheia. Por exemplo, eu tava cheio semana passada. Todos os dias. Essa semana.... Hoje vai ser o primeiro trabalho que eu vou pegar (terça-feira). Hoje à noite, no fim da tarde. E na quinta-feira mais um. Então, eu vou ter dois trabalhos nessa semana. Mas vamos colocar assim, numa média de três a quatro serviços por semana na temporada normal. Três a quatro serviços por semana.

O que daria 16 por mês aí, numa média..

Exatamente, 16.

E qual é a duração média dos roteiros que executa?

Olha, como todo mundo geralmente que vem a Brasília... Aí tem outro problema, né? Quando consegue vir, né? Porque é um absurdo! Você vai lá fora do Brasil... Não sei se você já viu isso... E não precisa ir fora do Brasil, não?! Em algumas capitais brasileiras eu já presencie isso, e já presenciei no exterior. É um absurdo! O pessoal não vende Brasília. Bra-sília não é uma cidade que está nos roteiros turísticos. Do mundo. Do Brasil. E do mundo.

Por que será que isso acontece? Você sabe?

Por falta de informação. Por falta de informação, por falta de uma política mais adequada, de promoção da cidade, por desconhecimento. É um absurdo. As pessoas não conhecem Brasília. As pessoas não sabem o quê que tem aqui. Eu falo isso com toda a segurança porque, porque eu já estou cansado, desde 85... Eu estou cansado de ouvir turistas que chegam aqui em Brasília, brasileiros e estrangeiros, chegam aqui em Brasília e falam assim: “Puxa... Me falaram que aqui não tinha nada... No entanto eu tô vendo muita coisa ba-cana...” Então, a grande maioria dos turistas que vem a Brasília, não sei (??)3 pelo menos (??)4 os que eu pego, a grande maioria sai surpreso com Brasília. Sai com outra imagem de Brasília. A grande maioria. Noventa por cento das pessoas que vem para Brasília já chega

3 Não consegui compreender o que ele diz. Muito rápido. 4 Não consegui compreender o que ele diz também. Rápido e somado a risos

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com um pé atrás. Achando que não vai valer à pena, que é só ali o Congresso Nacional, aquela imagem da política, que interfere muito aqui na nossa vida... não é? Então, o que acontece? Com a aquela imagem: “Ah, eu vou ver só a Catedral, o Congresso e acabou. Não tem mais nada para ver”. Quando ele começa a perceber que tem muita coisa para ver. E entender o que é isso aqui. Perceber o que é isso aqui... Ele fica super surpreso e su-per feliz! Conheço pessoas que preferem... É... Não gostaram de Salvador... Muitos turistas estrangeiros, por exemplo, que não gostaram de Salvador; não gostaram de Manaus; não gostaram de... Mas adoraram Brasília. Eu já participei de muitas experiências como essa. “Ah, se eu soubesse que Brasília era assim eu não ficava cinco dias em Salvador e um dia aqui em Brasília!” É assim que acontece... Fica um dia. Um dia para o outro, entendeu? E um dia em Brasília. Não! Ficava aqui... Ao contrário, ficava aqui quatro, cinco dias porque, além de conhecer a parte arquitetônica, eu faria também outros passeios. Que eu já vi que existem aqui também, né?! Entretanto, Salvador.. não quero. Não gostei de Salvador. Achei péssimo, achei muito ruim, muito bagunçado.5 O pessoal critica muito. Fora a violência, né? Fora a violência...

Mas aí, eu precisava saber a duração média do tour...

É quatro horas o tour, em média. Três horas e meia, quatro horas, o tour arquitetônico-urbanístico panorâmico. A gente entra em alguns monumentos. A gente entra, por exem-plo... Agora voltou a abrir a Catedral, né? A Catedral é um ponto fundamental. A gente entra na Igreja Dom Bosco, na Catedral. A gente mostra a Superquadra. A gente caminha na Superquadra. A gente vai para o comércio local da Superquadra. A gente vai na Torre de Televisão. A gente pára nos Três Poderes6. Vai no Espaço Lúcio Costa, no Palácio do Alvorada (por fora do Palácio da Alvorada), a Ponte JK, o Memorial JK. Se ele quiser entrar, dá para fazer em 15, 20 minutos. Rapidinho. Só para ele ter uma idéia. O Quartel Gene-ral do Exército Brasileiro... Esse tour arquitetônico-urbanístico dá para fazer em três horas e meia, estourando quatro horas. Depende também do número de fotos e da maneira como ele tira as fotos. Porque tem turista que demora a tirar fotos. Pára, fica olhando... Aí demora a tirar fotos. Então, isso tudo toma tempo,né? Então, às vezes, um tour que você pode fazer em três horas e pouco, acaba levando quatro horas, no máximo, né? Mas é uma média de três horas. Vamos colocar três horas e meia a quatro horas um tour arqui-tetônico-urbanistico da cidade. E isso é uma introdução a cidade, tá?! Uma introdução. Aí depende dos roteiros, né?

É. Chegamos lá agora. Você só comentou do cívico-arquitetonico... Eu gostaria de sa-ber quais são os principais roteiros que você realiza com o turista.

5 Todo esse trecho grifado está da forma como o entrevistado disse. Porém, cabe esclarecer que durante a fala ele repro-duzia a fala dos turistas. 6 Praça dos Três Poderes.

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Geralmente é esse. Porque geralmente a pessoa que vem a Brasília vem com esse inte-resse. Porque como eu falei no início, né, ele é impedido de vir, tem pessoas no Brasil e no exterior que falam assim: “O que você vai fazer em Brasília? Quê isso?! Não vai pra lá não! Não faz nada..”

Se você fosse citar três? O cívico-arquitetônico seria o primeiro. Se a pessoa tem mais tempo, ou sei lá, qual é o segundo roteiro que você mais executa?

O cultural. Seria um cultural. Porque daí você envolve Athos Bulcão. Daí você envolve a visita interna de alguns palácios, como o Itamaraty, o Congresso Nacional, a Caixa Eco-nômica. Passar por alguns trabalhos, do roteiro Athos Bulcão... Que também é... A gente mostra também a Universidade de Brasília. A gente mostra, então, é um tour também cultural...

E o terceiro?

O terceiro... Olha, aí já é uma coisa, uma característica minha (risos)... Porque eu também faço muito, eu faço muito passeio a noite com o turista em Brasília. Um Brasília by night. E um Brasília by night surpreende muito o turista, né?! Porque o pessoal acha que aqui não tem nada, que ninguém se diverte, que aqui ninguém faz nada e aí quando eu mostro aquelas ruas cheias de bares, entupidas de gente, muitos restaurantes, um roteiro gastro-nômico fantástico e lugar para dançar, para ir, para ver, tudo.... Dependendo do final de semana, tem um show ou não, tem um teatro ou não. Dependendo da situação. Quando ele vê tudo isso, ele fica surpreso. “Eu não imaginava nunca em Brasília um negócio des-ses!” (CORTE NA GRAVAÇÃO)

Retomando então... a gente estava falando sobre os principais roteiros, né? Estávamos falando do by night.

O By night nunca foi mencionado nesses cursos, entendeu? É difícil, né? É uma coisa meio complicada mesmo de mencionar. Mas é uma coisa que é interessante porque mostra a ilu-minação dos monumentos, dá outro ar, né? Outras luzes. As luzes. A iluminação, os ângu-los. Um ar mais futurista. Não é? Quem nunca veio a Brasília e chega a Brasília pela noite, e faz um by night, fica impactado. Eu já vi muitas pessoas: “nossa, eu não esperava...” Já vi pessoas que se emocionaram vendo Brasília assim à noite, pela primeira vez. Né? Vendo o Palácio do Itamaraty, vendo os Três Poderes... Na Catedral. Então... E além disso, além de mostrar esses monumentos... o Memorial JK, também, iluminado. Além de mostrar esses monumentos iluminados, aí eu mostro também a noite para o turista. Aí eu vou naquelas ruas que tem muitos bares, na Asa Sul, na Asa Norte. Levo no Pontão.. Aí, conforme o interesse dele a gente vai jantar em algum local, conforme o tipo de comida que ele quer. Então, tem um leque de opções que não falta, né? Pra restaurantes... Então, o pessoal fica

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assim super surpreso. Eu já peguei turista muito exigente. Turista assim, vip. Turista super viajado, que já viajou o mundo inteiro, já foi nos melhores locais do mundo”, né? E fica bastante...“Olha, Brasília me surpreendeu, heim? Eu não esperava isso não. Brasília foi uma cidade que..” Não é? Então, eu acho que é isso. Acho que Brasília... (risos). São coisas que surpreendem, né? Aqui em Brasília. E um outro roteiro que eu diria que tem que ser de-senvolvido mais, tem que acontecer uma integração maior, é a questão dos roteiros ecotu-rísticos da região. Atrativos naturais da região. Ecoturísticos, né? Porque muita gente acha: “Ah, Brasília é um deserto, né? Brasília não tem nada. Não tem verde. Não tem água. É um deserto. É seco o ano inteiro.” É... é... aquela idéia, né? E o estrangeiro? Muito menos, sabe muito menos, imagina muito menos ainda. Então, por exemplo, essa questão dos roteiros ecoturísticos, né? Que envolve também a história da região, que envolve também atrativos culturais e que envolve também passeios ecológicos, né? Tinha que ser mais desenvolvido e também oferecidos cursos de capacitação nessa área também.

Agora. Existe procura? Você como guia...

Procura. Existem. Eu já levei muita gente a Pirenópolis. Que veio a Brasília só para conhe-cer Brasília e também conhecer Pirenópolis. Conhecer Chapada dos Veadeiros. Conhecer Itiquira, não é? Mas nesse ínterim ali, a gente oferece coisas diferentes também. A gente oferece Chapada Imperial, não é.. A gente oferece algumas fazendas rurais, turismo rural da região, também, que é uma coisa interessante. Muito interessante aqui. Então, você tem sim. Eu acho que... Eu sempre combati um pouco essa questão de fechar Brasília para o turismo cívico, turismo arquitetônico-cívico. Eu sempre achei que é importante. É um produto forte daqui. Lógico. Brasília foi ricamente projetada por Oscar Niemeyer, mas você também tem que mostrar outras coisas da região. Não sé se prender a esse turismo cívico, arquitetônico, cultura.

Ta ok. Olha só, você lembra que há uns dois anos atrás a Brasiliatur fez um trabalho com roteiros turísticos aqui em Brasília. Ela colocou uma cartela de cinco roteiros....(!!!)

Aliás, estavam muito mal... Eu achei assim muito mal, não era uma coisa clara.. A apresen-tação daqueles roteiros estava um pouco difíceis, né? Não estavam claras. Não precisava a duração. Não precisava, não definia o tempo, a duração, o que seria realmente visita-do. Era muito vago como colocava... Não ficou, acho que foi uma coisa que não vingou muito, né?

É.. eu queria que você falasse mais sobre isso realmente, eu queria te perguntar na verdade, daqueles cinco roteiros elaborados, promovidos pela Brasiliatur, colocados à disposição do trade, você executa hoje algum? Qual que você executa? Qual que você não executa? E por que?

Olha. Por exemplo. Aquele jurídico, por exemplo, muito pouco. O jurídico. É raro aconte-

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cer de fazer. Porque você... Às vezes o turista não tem tempo. Ele vem pra cá com o tempo muito limitado. Então você tem que mostrar, ele quer conhecer a arquitetura da cidade. É claro que em alguns momentos, quando você entra, por exemplo, num palácio. Você entra num STF, às vezes, você acaba envolvendo o turismo jurídico, também. Faz parte do Jurídico, né? Mas, às vezes não dá para fazer todo o roteiro jurídico. Você tem que fazer uma mescla de vários atrativos turísticos da cidade e fazer um tour que dê a ele uma noção da arquitetura, da idéia cívica e da arquitetura da cidade. Então o que acontece? Eu acho que o que mais vinga, sem dúvida, é o turismo arquitetônico-cívico. Isso é o que mais vinga na cidade, sem dúvida. Até porque a cidade é isso (risos). A cidade é muito forte nesse aspecto arquitetônico e cívico da cidade. Isso é muito forte. Não resta dúvida, né?! Esse é talvez o produto mais forte, né? Em si, da cidade. Agora, esse turismo também, cultural, eu diria que seria.. que envolve, entendeu, o turismo jurídico de certo modo, em certos aspectos. Mas o turismo cultural, também, é muito interessante e as pessoas, também, procuram muitas vezes, né? O roteiro Athos, também, às vezes é possível fazer... nem sempre. É muito raro alguém de fora solicitar um roteiro Athos. É muito difícil. Mas, às vezes, vem pessoas que tem mais proximidade com a arte, mais sensíveis à arte, mas... Um perfil mais ligado às artes plásticas. Então fica mais fácil você oferecer a essa pessoa um turismo que explique, né, quem foi Athos Bulcão, o que ele fez na cidade. E as pessoas se interessam muito. Gostam muito também. Mas o que predomina, sem dúvida alguma, é o arquitetônico-cívico. Isso aí é a marca mais forte da cidade.

Quais são as principais empresas as quais presta serviço?

Tem a Prestheza Turismo, que ainda detém, talvez, a maior parte do receptivo aqui da cidade. Você tem a Power Turismo, também. Que é a Luiza. A Luiza é uma grande bata-lhadora aqui do turismo receptivo, né? Ela... Quando a gente pensa que ela vai abandonar o turismo, ela continua lá. Luiza...Então, é uma pessoa que merece um grande respeito.Uma pessoa que luta, sempre lutou pelo turismo aqui de Brasília. Né? A Luiza... E ela está recuperando, ela passou por dificuldades, uma fase difícil, e esta recuperando agora, de novo né mais serviços. Então, a Power também é uma empresa importante aqui em Brasília, no receptivo, não é? É... tem a Santa Julia, que também às vezes me chama para trabalhar. Tem também o Veloso, a Veloso Turismo, não é? Tem... que mais? Alguma outra assim... Existiam outras que acabaram, né? A MS, a MS Turismo tinha um receptivo muito forte e acabou, né? A Toscana turismo tinha um receptivo muito forte também e acabou. Então, daquele auge, quando eu comecei naquela época em 85, né? Tava tudo assim: era a Toscana, era a MS, era a Prestheza, era a Presmic Turismo, que continua ainda, também, a Presmic, mas caiu muito a Presmic, né? A Power. A Luiza fundou a Power no início dos anos 90, não é? Que mais? Essas são as que eu mais trabalho.

Ok. E outras indicações? Ou melhor, quanto do seu trabalho é hoje realizado graças à par-

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ceria com os agentes e quanto é realizado graças à sua própria cartela de clientes, enfim?

A não, a grande, grande maioria são com os agentes de receptivo. A grande, grande maio-ria. Eu tenho as pessoas que, ao longo dos anos, a gente, né, cultiva uma amizade, né, é...

Tem alguma outro parceiro que não seja da area de agenciamento? Se tem parceiros da hotelaria, ou parceiros da gastronomia? Não precisa citar quem, mas tem parcei-ros da hotelaria?

Às vezes alguns hotéis me chamam. Às vezes, também. Alguns hotéis tem lá meu nome, né? Numa emergência, às vezes, me chamam. Numa situação difícil, às vezes, me cha-mam. Mas isso também é pouco. Eu trabalho essencialmente a parceria com as agências.

Ok. Com relação ao valor médio cobrado por serviço para um roteiro de quatro horas?

Nisso nós temos um problema, né? Porque na verdade é o seguinte, não é só o roteiro. Nós temos que buscar o turista no aeroporto... Quando o serviço é completo, o pacote é completo, é buscar no aeroporto, o traslado para o hotel, o city tour que ele vai fazer, que está incluído, e o traslado para o aeroporto, de novo. Não é? Esse pacotinho tá muito baixo hoje, nas agências. Precisava dar uma... A gente sabe que algumas agências sofre-ram muito, problema aí, né? De crise e dificuldade... E algumas quase fecharam. Outras fecharam, né? Então, o que acontece? É... é... A gente sabe que existem problemas, mas também da forma está, da forma como ta indo, ta muito, ta muito... Tá baixo. Ta precisan-do uma... é... a gente está preocupado.

(#) Quanto está, na média?

(#) Porque está ficando difícil, por um lado. Olha, a média está o seguinte: tem empresa que paga o traslado, né? In, out e city tour, né? Ta pagando só 150 a 180 reais, 150 reais, dependendo... Se for só um full day tour, o dia inteiro, vai pagar 180 a 200 reais. Com o traslado! E se for o half day tour, vai pagar 150 a 160, com o traslado. Então é muito baixo hoje em dia... Com os custos... Para os custos... Então, a gente é obrigado....Nós somos obrigados, também... Por isso que eu sou, talvez, o rei do By Night, né? (risos) Porque... (risos) Acho que é difícil conseguir um guia que vende tanto By Night como eu... Porque eu preciso ter para criar uma renda! Se eu não criar uma renda, não é? E depender só das agências, fica difícil sobreviver. Dá até para sobreviver, mas fica difícil...

Isso porque a sua profissão principal é a de guia...

É. Eu só trabalho com isso. Às vezes eu tenho uma consultoria, mas o meu trabalho prin-cipal é ser guias. Mas eu só trabalho com isso. Não é? Então, o que acontece? Para você capitalizar mais e criar uma renda melhor, você tem que, às vezes, ficar de manhã, de tarde e de noite. De manhã, de tarde e de noite. Muitas vezes a pessoa vem só com half day tour e eu vendo um complemento. Aí vira um full day tour. Entendeu? Eu vendo um

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complemento com almoço, entendeu? Então, é uma forma de você também ganhar um trocado a mais, porque senão, se depender só do que a agência paga... Você sobreviveria, mas sobreviveria mais apertado, entendeu? Então você tem que ter essa renda extra para você ter um ganho maior. Senão não dá para sobreviver só do que a agência paga. Fora que eles às vezes demoram, muitas vezes, para pagar. Tem agência que está já há três, quatro meses devendo, né? Entendeu? Então é complicado.

PERCEPÇÃO DE BRASÍLIA COMO DESTINO TURÍSTICO

Agora a gente vai para o amplo. Eu vou conversar contigo sobre a percepção do destino Brasília. Então, começo do geral mesmo: qual é a sua avaliação do destino Brasília hoje?

Eu acho que Brasília é isso. Como falei aquela hora: Brasília surpreende, né? O turista, né? O problema é esse. O problema é que Brasília está mal “promocionada”. Mal divulgada, mal “promocionada”. As pessoas não sabem o que é que tem em Brasília. As pessoas não vêm para cá... É claro que também, aí tem todo um processo histórico. É difícil. Aí vem muitas explicações históricas, né? Brasília já nasceu sob o fantasma da mudança... é... Os cariocas que era... o (?) da capital... Então, aquele glamour do Rio naquela época. É... Anos da Bossa Nova... As praias, né? Os que estavam no poder político, os que tinham posições mais altas no poder político, não queriam deixar jamais o Rio de Janeiro para vir trabalhar em Brasília. Então, Brasília já nasceu nesse espectro assim, de uma cidade “ihhh, o quê que eu vou fazer em Brasília, no meio daquele cerrado lá?” Então, a gente veio sofrendo ao longo dos anos, né? Essa... A imagem criada de Brasília primeiro, foi por causa disso, né? Naquela época não tinha o que fazer em Brasília. Naquela época “tava” começando a cidade, então, até hoje muitas pessoas acham que em Brasília não tem o que fazer... Então, não vem à Brasília. “Vou fazer o quê em Brasília? Não tem o que fazer em Brasília!” A idéia ainda persiste. Muita gente fala isso ainda. Muita gente fala ainda. E não só gente que mora no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Salvador. Gente que mora aqui também! Que me surpreende, que fala “ai, aqui não tem o que fazer”. Mas como não tem o que fazer, né? Então me explica o quê que é para você o não fazer, né? Então, hum, é..... Isso é uma coisa que atrapalha muito a gente aqui em Brasília. Agora, acontece que é aquilo que eu te falei: a maioria que vem pra cá, e se ele pega um bom guia, se ele pega um guia que sabe mostrar a cidade, que conhece a cidade, que sabe da história da cidade, que sabe os detalhes da cidade, que sabe realmente apresentar a cidade como deve ser apresentada – e isso não quer dizer só falar de aspectos positivos, não. Tem que também mostrar algumas coisas. Só que Brasília é uma experiência que tem muitos as-pectos positivos, né? Aí, às vezes, um aspecto negativo pode complicar muito a coisa, né?

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Como a questão da política, né, aqui em Brasília. A nossa imagem no contexto nacional é muito vinculada ao trabalho da política. Só a corrupção, a política. Então, às vezes, por causa disso, a pessoa fala “o quê que eu vou fazer? Só tem político em Brasília. Só tem gente ligada ao poder. Não tem o que fazer na cidade. Então, a gente vai fazer o que em Brasília?” Então, se o guia é um guia bom, capacitado, sabe mostrar a cidade, conhece bem a cidade, sabe a histórica de Brasília, ele vai fazer com que aquela pessoa foge com essa opinião da cidade.

Eu vou agora pontuar alguns itens e queria que você avaliasse o destino Brasília do ponto de vista da ACESSIBILIDADE.

Acessibilidade para com as pessoas que tem dificuldade em transitar? Olha, já foi pior. Já foi pior. Mas ainda é difícil, né? Ainda tem muitos aspectos.

Agora, com relação à MOBILIDADE, aí eu falo de transitar mesmo, acesso à maioria dos atrativos, o trânsito, exemplo, o turista à pé aqui... como é que é? Como é que você avalia o destino Brasília no quesito MOBILIDADE. Você pode comparar também, se quiser pensar no Rio, São Paulo, ou só Brasília.

Claro. Não, eu acho que apesar de toda essa pressão que hoje existe em Brasília, né, a gente sabe que a maioria dos carros que hoje circulam na cidade de Brasília, no Plano, né, a maioria dos carros que circulam no Plano não são moradores daqui. São pessoas que vem de outras cidades, ou cidades satélites, ou cidades do entorno, não é? E que vem trabalhar em Brasília. Então, a pressão hoje é muito forte em cima de Brasília. Apesar disso, é mais na hora daquele movimento do rush, naquele movimento das sete e meia, oito, oito e meia da manhã e seis, seis e meia e sete da noite. É aquele problema, aque-les horários mais de pico, não é? Fora isso, a circulação é muito boa. Os turistas sempre elogiam “nossa, que legal dirigir aqui.” É bom, é gostoso dirigir em Brasília. Tudo é mais prático. Você tá em cinco ou dez minutos na hora normal. Assim, sem movimento. Você tá em cinco ou dez minutos em qualquer lugar, não é? Poucos semáforos, em comparação com outras cidades, não é? Então, é uma cidade que ainda, apesar de todos os problemas, de toda a pressão que existe em cima dela hoje, é ainda uma cidade boa de circular com o carro também.

Com relação aos pedestres. Os pedestres é o seguinte. Os pedestres é evidente que exis-te um problema, que as pessoas não sabem, né? E muitas pessoas que vem a trabalho a Brasília, por exemplo, né? Tem pessoas que vem a Brasília do aeroporto para o centro. Fica ali no centrinho. Vai para o Ministério e depois vai embora. Então, eles não circulam, não caminham na cidade. As pessoas pensam que Brasília é só o Eixo Monumental. Com relação ao Eixo Monumental, é, especialmente àquela parte frontal do Eixo Monumental, onde tá o Setor Cultural Sul, Norte, a Esplanada, o Congresso, os Três Poderes, essa par-

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te até que é bastante interessante de caminhar. Dá para você caminhar ali, você tem os Ministérios com muitas árvores, a arborização, você tem algumas... é.... Apoio, né? Com barracas, com... Tomar alguma coisa, beber alguma coisa, comer alguma coisa, é.... É uma área mais... O fluxo de pedestres é maior. E é fácil. Parece longe, mas as pessoas podem caminhar ali meia hora tranquilamente, aquela parte. Ali do Museu Nacional, não é.... Da Rodoviária, por exemplo, até o Congresso, ele pode fazer ali, meia hora, quarenta minutos, numa boa. Não sei se você... É como você caminhar a praia de Copacabana. Não é? Então..... Agora. Ninguém vai caminhar todo o Eixo Monumental, né? É um pouco difícil. Até porque também, alguns pontos tem uma certa dificuldade de travessia. Eu não sei se vocês se lembram desse detalhe, é um detalhe que eu briguei muito, eu acho que ali tem.... Eu posso dizer que tem um dedinho meu ali, eu acho. Aquele semáforo, que colocaram, a pouco tempo ali, ao lado do Setor Hoteleiro Sul, ali perto da Torre. Tem a Torre... Colocaram acho que há dois anos, um ano e meio, dois anos esse semáforo, ao lado ali do, perto ali do Meliá. O semáforo. Esse semáforo não existia. Tinha o semáforo do Setor Hoteleiro Norte, ali, do Mc Donalds, ali, do Hotel Eron, que agora é Airan, Airan. Então, tinha um ali, que já ajudava o turista a atravessar o Eixo Monumental para a Torre. Mas no Sul não tinha, nunca teve. E a gente brigava, brigava...O Shiro, eu falava para o Shiro, da Prestheza Turismo, “fala para o pessoal lá da Brasiliatur, não sei quê...Tem que colocar um semáforo ali! Porque ali não tem como o turista se deslocar para a Torre. É um absurdo isso!” Era impossível atravessar aquele Eixo em certas horas, né? Uma vez um grupo meu não pode atravessar ali. Eu mandei o ônibus embora, era de noite, e teve um jogo de futebol no Mané Garrincha. E eu falei, eu vou até lá mostrar o Eixo, né? Era de noite. Que nada! O jogo acabou e todo mundo começou a voltar de carro do Mané Garrincha e eu queria... O grupo estava no Hotel San Marco. E eu não pude atravessar. Eu tive que chamar o ônibus de novo. Entendeu? Então, esse semáforo foi colocado a pouco tempo, né, e foi depois de muita, muita, muita falação. Agora, esse é um problema, né? Alguns pontos do Eixo Monumental você tem até uma certa facilidade para andar e em outros pontos não. Agora, com relação à residencial.... Não é? Eu acho que... Eu conheço, eu tenho um amigo, por exemplo, alemão, um amigo alemão, turista, que eu conheci aqui em Brasília. Ele adora vir a Brasília. Ele já veio dezessete vezes a Brasília. Esse alemão. Dezessete vezes a Brasília. E tá aqui agora! Esses dias, em Brasília. Ele adora caminhar nas Superquadras, naqueles cafés, naqueles comércios locais... Pára ali, num boteco, num barzinho, num restaurante. Fica ali, naquelas áreas verdes, naquela arborização. Ele acha fantástico aquilo ali. Não é? Como os turistas, também, que eu apresento as Superqua-dras, acham uma maravilha. Toda aquelas áreas verdes, as Superquadras, a arborização das Superquadras, os comércios locais, com seus barzinhos. Porque é outra escala, não é? Não é a escala monumental, do Eixo Monumental. É a escala residencial. Então, as pes-soas gostam também disso. Entendeu? Então eu diria que, o Eixo Monumental... é... é....

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tem esse problema, um pouco difícil, né? Eu acho que tem também o problema da falta de urbanização, que ainda não foi completa. Muita gente se esquece disso. O Lúcio Costa concebeu coisas, mas... é.... é.... Especialmente o Setor Hoteleiro Norte... O Sul melhorou um pouquinho agora, colocaram mais calçada no Setor Hoteleiro Sul. Você reparou que fizeram umas obras ali, no Setor Hoteleiro Sul? Não tinha quase nenhuma calçada o Setor Hoteleiro Sul. Você andava na rua. E aí colocaram, finalmente, de dois anos para cá, co-locaram calçadas, que amenizou o problema do turista, ou do cliente, da pessoa, do pe-destre, caminhar pelo Setor Hoteleiro Sul. Facilitou um pouco mais, melhorou. E o Setor Hoteleiro Norte ainda não tem quase nenhuma calçada. Então o problema de Brasília não é tanto... é...o Lúcio... É evidente que o Lúcio ia querer uma calçada. O problema é que não completaram, ainda, a urbanização de alguns pontos de Brasília. E o Setor Hoteleiro Norte é um exemplo disso. Nós precisamos melhorar.

E agora, vamos falar um pouquinho da QUALIDADE NO ATENDIMENTO, em geral...

Você fala o guia? O hotel?

Geral...

Os recepcionistas... taxistas...

Se você quiser pontuar alguns pode ficar à vontade. Mas eu pergunto no geral.

É. Em decorrência de que ainda não se criou uma grande tradição turística na cidade, apesar de que já existe um movimento, um fluxo bastante razoável, mas não se criou ain-da uma tradição turística, uma cultura turística na cidade. Não é? Então, por exemplo, eu acho que existem muitos aspectos falhos, sem dúvida, né? Precisa capacitar mais pessoas. Sem dúvida. Precisa melhorar é.. a... a... Por exemplo, os recepcionistas de hotéis, em Brasília, poucos recepcionistas de hotéis, sabem falar em Brasília, o básico. Não precisa ser um cara conhecedor, um cara que conheça profundamente a cidade, mas dar informações básicas. Você vê recepcionistas que não sabem nada de Brasília e falam mal de Brasília. Há pouco tempo peguei agora, há pouco tempo aí, cheguei com um pessoal, acho que da África do Sul, que justamente por ter Copa agora, e vamos ter a Copa em 2014, eles vieram ver aqui em Brasília algumas coisas com relação à próxima cidade da Copa. E... Eu tava lá na recepção desse hotel, né? E simplesmente ele perguntou para a recepcionista “o que a gente pode fazer aqui em Brasília?” Sabe o que ela falou? A recepcionista?: – “Ahh, aqui não tem nada. Aqui não tem o que fazer”. Então.... Aí eu falei: - “Peraí, peraí”. Aí eu me intrometi, né?! Falei: -“Peraí. Que Isso? Não fala isso não. O cara acabou de che-gar da África do Sul. Turista aqui. Você vai falar isso pra ele? Que isso?! Não faz isso não. Você pode até ter a sua opinião, tudo bem, mas não precisa falar isso, né? Agora eu acho que você tinha que conhecer mais Brasília porque não é bem assim não, né? Vamos...” Aí ela: - “Ahh, é...” Ela ficou um pouco sem jeito assim, né? Mas não pode, poxa. Não pode

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falar isso, né? São esses detalhes aí, que não sei, a gente nota, né, na mão-de-obra aqui de Brasília que.... Eles não valorizam a cidade. Falam mal da cidade! Como é que pode? En-tão, a gente tem que ter uma capacitação nos recepcionistas. É.... Eu não sou contra que os taxistas tenham também uma educação básica, com relação a falar algumas palavras em inglês e espanhol, não é? Para poder, às vezes, atender um estrangeiro que não pega um guia de turismo, né? É...é... Que possa explicar algumas coisas básicas, informações básicas da cidade. Não tem nada de mais o taxista saber. O que não pode acontecer é confundir as funções, né? São coisas diferentes. São atividades diferentes, né? A...a... O preparo, né? Para preparar um guia de turismo, toda a escola, todo o preparo que ele faz, o curso no SENAC, o curso de idiomas, tudo isso... Não é uma coisa fácil, né? É... Então é difícil. Pode até ter um taxista que consiga, né, desenvolver um pouco mais uma capa-cidade melhor de explicar, mas na média ainda, são pessoas que não tem uma formação maior ainda, são pessoas que ainda precisam ter um conhecimento a mais, não falam nada de..., já falam mal português (risos), quanto mais falar ainda um idioma estrangeiro, né? E tem muito pouco conhecimento sobre o que é Brasília. Muito pouco conhecimento também. Não é? É... uma vez eu vi uma reportagem do DF TV com um taxista que dizia que falava inglês, não é? Então ele mostrou (risos), explicando a Praça dos Três Poderes, né? (risos) Não dava. Não dava não (risos) Desculpe mas não dava, né?

E com relação aos nossos preços. Ao preço do destino Brasília. Ao preço de nossos serviços relacionados ao turismo.

Olha, eu não diria só ao preço de Brasília. Eu acho que é o Brasil é um país caro. E Brasília não fica fora. Eu acabei, por exemplo, eu fiz uma viagem agora para os Estados Unidos, né? E aí a gente vê, né? Poxa... realmente, né? O Brasil tá muito caro. Brasília não foge da regra. Não é? Turisticamente eu diria que Brasília tá mais barata que muitas capitais do Brasil aí. Porque você vai no Nordeste, por exemplo, Salvador, Recife, Fortaleza, né? O pessoal tem alguém visão ainda de ganhar naquele momento. Arrancar o que puder arrancar do turista. Não é? Escalpelar o turista, entendeu? E dane-se se ele vai achar ruim, se vai voltar um dia, depois, não quer nem saber, entendeu? Então, essa cultura de se dar bem com o turista logo de cara, arrancar o máximo dele, você vê muito em outras capitais por aí afora. Eu já vi muito isso, né? E aqui em Brasília melhorou isso. Eu acho. Eu acho que melhorou. Uma coisa que eu posso dizer. Eu lembro quando, em 85, tinha muito mais guias na praça. Porque também tinha muito mais turismo, né? E uma parte dos guias, naquela época que trabalhavam, né, gostavam também de escalpelar muito o turista, de abusar muito do turista, né? Limpar o turista. E isso foi mudando um pouco. Hoje eu vejo que existe já um senso, um bom senso de conseguir também ganhar alguma coisa com o turista, mas também apresentar um bom serviço. Então eu tenho notado que melhorou nesse aspecto ao menos um pouco, né? Mas era muito mais forte isso, né? O Brasil. Eu

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acho que Brasília é uma cidade que, você tem, por exemplo... Quer ver? Passeios que não são caros. Não são... Dá para fazer passeios interessantes aqui em Brasília que não são caros, entendeu? É... Em compensação... É... Em compensação, por exemplo, um by night. Um by Night completo é um tour privativo. É um tour privativo que eu faço, enten-deu? Que eu faço assim, às vezes. Não é? Não é um tour da agência. É um tour privativo meu, não é? É só para aquele turista, não é? Eu posso fazer um by night assim, em torno de 200 reais, um by night. Só para poder ter uma idéia, né? Você vai vender um by night lá em Salvador, um by night lá no Rio de Janeiro, vão cobrar mais: 250 para 300 reais. Vão cobrar, entendeu? Então é por aí.

Com relação à SEGURANÇA.

Olha, segurança. Brasília perdeu muito também com relação à segurança, mas ainda, em comparação com outros locais, é um local onde é bastante seguro, eu diria, né? Eu nunca... Nesses 25 anos de turismo, só um casal de espanhóis, que estavam aqui em Bra-sília uma vez, que foram à noite para o shopping, compraram lá umas coisas, voltaram caminhando e aí uns pivetes levaram os pacotes desses turistas. Esse foi o único caso que eu... Eu não estava na hora com eles, né? Eles estavam sozinhos, mas foi o único caso que tive esse incidente com o turista que eu guiei. Em 25 anos. Comigo. E com outros guias também, muito pouco. Muito raro os casos de problemas assim.

Você já falou um pouquinho, mas eu vou retomar esse tema: PROMOÇÃO E COMER-CIALIZAÇÃO do destino Brasília.

Muito ruim. É muito fraco. Tanto no Brasil... Eu acho que a gente ta perdendo um pouco de tempo. É importante fazer no exterior. Claro. Tem que ter uma frente no exterior. Mas também, por exemplo, eu nunca vi, nunca vi, veiculado na televisão brasileira uma pro-paganda, uma publicidade de Brasília que mostrasse um pouco o outro lado da cidade. Nunca vi. Né? Sempre quando mostram Brasília, quando alguma coisa assim, mostram aquela coisa do poder político, não é? Tudo bem que a arquitetura de Oscar Niemeyer ta presente em vários palácios do governo, a gente sabe disso. Mas é sempre aquela coisa muito focada no poder político, na arquitetura, e no poder político. Não mostra o lado do lazer do brasiliense. Nenhum, eu nunca vi veiculado. Por que não faz uma propaganda assim, uma propaganda mostrando assim o final de semana, que muita gente fala que o final de semana não tem aqui, todo mundo vai embora no final de semana, né? Então. Por que que não mostra assim, algum local, uma propaganda assim, tipo assim, é.... Um pessoal assim, caminhando no Parque da Cidade, por exemplo. Né? Aí, conversam as-sim, por exemplo: - “Ah, o que você está fazendo aqui no final de semana?” “Ah, eu quis aproveitar. Curtir aqui ... no Parque. Comer um churrasco aqui não sei aonde, né? Tomar uma cerveja com meus amigos aqui. Jogar um voleibol de areia aqui no Parque. Ou então

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mostrar um clube da, um Pontão, algum... O Lago da cidade, né? Mostrar, né? As pessoas vivendo, né? Vivendo. Desfrutando a cidade. Eu nunca vi uma propaganda nesse sentido. Eu acho que está na hora.. Nem está na hora. Acabou a hora, já passou da hora de mostrar isso. Chega! Depois de cinqüenta anos, está na hora de mostrar o outro lado de Brasília. Por que? Porque Brasília já criou todo uma, toda uma uma vida própria. Que antes não tinha. A gente até entende. Mas agora não. Agora...

E como é que você avalia o destino Brasília do ponto de vista da ARTICULAÇÃO dos prestadores de serviço de turismo?

Olha, isso também depende muito também da demanda turística. A demanda turística, ela caiu, estrangeira, ela caiu bastante. E brasileira aumentou. E de estrangeiros caiu. En-tão, por exemplo, apesar de que o meu trabalho é 90% com estrangeiros, não é.... É....É porque como nós falamos idiomas, e pouca gente fala idiomas, então eles... Os poucos estrangeiros que vêm à Brasília, né, têm poucos guias. Hoje os guias atuantes aqui mesmo, que estão ativos, são uns dez, doze, quinze. Realmente ativos, assim, que trabalham, que ganham bastante, que vivem só disso. São poucos guias, né? Então. Agora, essas agências vão se articulando, conhecem já há muito tempo esses guias, se articulam e mantém, con-seguem administrar e dar conta disso, né? O que eu vejo um pouco falho, às vezes, é com relação, por exemplo, eu vejo que alguns guias não conhecem muito bem com relação a restaurantes. Não sabem levar o turista, ele não pega o perfil do turista, muitas vezes, e leva para o restaurante que não está ao nível daquele turista, entendeu? Realmente ele pode estranhar. Eu já vi, eu já vi turista levando turista que quer uma coisa um pouco mais elaborada, levando a um local muito simples, ordinário, que ele não gostou, entendeu? Já vi guias fazendo isso. Então, tem que ter também uma articulação melhor, às vezes, com o guia com o restaurante. E também o próprio restaurante, também, tentar oferecer faci-lidades para que os guias também levem pessoas ao restaurante. Porque a gente também vive disso. A gente vive de cortesias, de comissões, às vezes, de cortesias, é uma coisa... Um ajuda o outro, né? A nossa vida é assim. Então, é importante que ocorra uma melhor articulação também. Alguns restaurantes com os guias, e os guias, também, aprenderem um pouco mais como direcionar melhor o turista para tal restaurante, conforme o perfil dele. E as agências, também. Acho que com relação às agências com os guias, mantém um bom relacionamento. Tem a questão do pagamento. Eu acho que está baixo. Acho que está começando a arrumar. A coisa está ficando um pouco difícil ultimamente porque eles não querem mudar esse pagamento e.... A gente está ficando com essa dificuldade, né? Os gastos são grandes e a gente está com essa dificuldade de manter aí, o mesmo padrão, oferecer um carro bom para o turista, né? Oferecer um material melhor para o turista, né? Então... Tem que manter o carro, tem que manter o carro limpo, o carro bem apresentá-vel, funcionando bem e isso são gasto, né? Fora a gasolina, fora... Então é importante tudo

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isso. Outra questão também são os ônibus, né? Os ônibus também, com o turista. Nós não temos em Brasília ônibus de turismo. É muito difícil encontrar um ônibus. O que tem são aqueles ônibus de turismo de viagem. Ônibus de turismo com visão panorâmica para o city tour nós não temos aqui em Brasília. Tem aquele projeto, né, aquele projeto lá do city tour, né? Brasília City Tour. Daquele ônibus verde, você já viu? De dois andares? Inclusive a minha voz, a gravação, é minha lá, né? Inglês, espanhol e português. Eu que fiz aquela gravação... Não é. Foi uma consultoria que eu fiz para eles. É uma coisa muito resumida porque você não pode falar muito, detalhar muito ali, né, mas é um texto que a gente em cada ponto, através de GPS, ele vai, chega no ponto, o GPS coincide, né, com o local e aí vem a gravação. Português, inglês e espanhol. Então, aquilo é um ônibus de turismo, de city tour, mas não é, eu me refiro ao.... Aquilo é aberto, né? Então, aquele teto, né, é flexível, né, então a pessoa pode colocar o teto flexível para fora e fica aquele... é... Sem teto, né, e o pessoal vê... Dia de sol é muito bom, no que vê a cidade. Mas eu me refiro àquele ônibus fechado, mais com visão panorâmica. Que não tem aquelas divisórias de aço entre uma janela e outra, que seja, né, janelas trampas, que tenham aquele telhado que entra assim, ó, que o teto de vidro entra assim, como se fosse um teto e aí, você tem uma visão panorâmica. Nós não temos esse ônibus. Tinha que ter um ônibus assim. Esses são ônibus de turismo. Você vai para a Europa. Não precisa ir para a Europa, não. Você vai para o México. Que é um país... Um país que mais recebe turista na América Latina é o México. Então. Você vai para o México, você vê esses ônibus panorâmicos muito bons. Na Europa isso é fato, existem trens e ônibus panorâmicos. Então, você tem assim... é.. é... Isso falta aqui em Brasília. Não é? Essa questão dos ônibus. E com relação aos taxistas, né, é uma relação meia, meia, tempestuosa. É uma relação meia complicada. Nós já sofremos uma época aí uma perseguição muito grande. Eles simplesmente não queriam que nós trabalhássemos. Não queriam. Não podia ter guia de turismo no aeroporto. Mesmo com Ordem de Serviço. Porque a gente entende que com os guias, tinha uma época aí, que tinha uns guias que ficavam laçando o turista no aeroporto. Aí a gente até entende que tira o meio do taxista, né? Porque o turista, esse turista veio sem nada e ele vai lá, pega o turista, leva para o carro dele e vai passear. Os laçadores criaram... Foram eles que criaram esse conflito com os taxistas. Não é? Os laçadores. Mas só que, poxa, são cinco mil taxistas e eram cinco laçadores, seis laçadores. (risos) Contra cinco mil taxistas. Então, eles iam assim, em cima deles, batiam no pessoal, a coisa era feia. Estragavam os carros dos guias.

E isso faz tempo ou é recente?

Às vezes acontece até hoje. Eu lembro. Só que eles são, é um ou dois que ficam lá laçan-do. Um ou dois, né? Mas eram uns cinco, seis, sete, que ficavam uma época lá. Naquela época que eu comecei, né? E... E mesmo guias que iam trabalhar, os que só vão para o aeroporto buscar turista com uma Ordem de Serviço, né? Esses guias, mesmo assim, às

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vezes, eram repreendidos pelos taxistas. Então, é uma relação meio tempestuosa, meio difícil, né? Eles acham, eles acham que não precisava de guia de turismo. Não é? Que eles sabem mais do que os guias. Pode até ter algum taxista que realmente tenha bastante conhecimento, por que não? Pode até ter. Nada contra isso, mas em princípio, não tem. É difícil. Não é? São poucos os taxistas que têm alguma noção a mais, de como apresentar Brasília, né? Então, é uma relação meio tempestuosa, né? E... A gente nem tem... Eles têm um espaço enorme lá no aeroporto. Um espaço gigantesco no aeroporto, lá, para colocar seus carros, né? E os guias de turismo não têm nem um local. E ainda é reprimido pela polícia turística do aeroporto! A gente vai buscar o turista lá, né, que vai receber o turista... Às vezes, não pode parar nem um minuto ali no desembarque do aeroporto... Não pode parar nem um minuto ali porque já vem um PM ali. PM da polícia turística! Vem lá: - “Ó, se não sair vou te multar agora!”. Poxa! Aí você vai explicar para o cara, o cara não enten-de. Já vem com ignorância. Aí você mostra que está com trabalho... “Não quero saber. Se ficar aqui mais um minuto eu te multo!” Pô... Eu to pegando um turista que vai chegar. Se-não eu vou ter que ficar... Vou ter que parar o carro lá longe. Aí, eu vou ter que esperar... Ele vai ter que esperar aqui o turista. Eu vou ter que ir lá longe pegar o carro, trazer aqui de volta... Então é complicado. A gente tinha que ter um local no aeroporto para poder receber o turista, a gente não tem isso. Bom. Ainda tem outra história, o aeroporto, uma coisa mais macro, né? Depois você vai, a gente vai falar sobre isso? Sobre o aeroporto?

É. Eu vou te perguntar agora sobre a INFRAESTRUTURA TURÍSTICA do DF. Como é que você avalia o destino Brasília com relação à ESTRUTURA do turismo. Entra o ae-roporto também, se você quiser falar um pouco mais...

É. Olha. Eu estou muito preocupado, por exemplo, com essa coisa da Copa... Eu não sei como... A Maria Elisa, filha do Lúcio Costa. A Maria Elisa Costa. Eu não sei como é que... Eu não vi ela até hoje falar nada sobre isso, né? E me admira muito ela não falar sobre isso. Aquele veículo de transporte... Veículo Leve sobre Trilhos, né? Eu não sei de quem foi a idéia de colocar esse veículo na W3... A W3! Que tem um problema seriíssimo. É uma ave-nida que, infelizmente, ela perdeu aquele glamour dos anos 60... Era a principal avenida da época, onde tinha o maior comércio dos anos 60 em Brasília e foi perdendo ao longo dos anos. Para o shopping e outras coisas, não é? E cortaram os estacionamentos, ali. Mui-tos estacionamentos que tinham ali foram perdidos, quando vieram aqueles cruzamentos que fizeram, não é? E imagina o turista que desembarcar no aeroporto, em Brasília, pegar aquele Veículo Leve sobre Trilhos e entrar na cidade, pela W3.... Do jeito que ela está agora?! Porque eu duvido, eu tenho muitas dúvidas, sérias dúvidas, de que esse Veículo Leve, se conseguirem fazer esse VLT, é.... Se vão conseguir revitalizar a W3 em tão pouco tempo. Antes da Copa do Mundo. Até antes da Copa do Mundo. Pode até ser que um dia a W3 recupere seu visual, que melhore seu aspecto, não é, e que seja mais agradável aos

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olhos. Porque agora é um terror, né? Você passa pela W3 agora e é um terror. Especial-mente ali na, especialmente entre a 710 à 703... Tá um terror a W3! Ta um trem fantasma aquilo ali, entendeu? (risos). Infelizmente. É uma vergonha, né? Imagina o turista entrando por ali, vendo todas aquelas casas horrorosas, aquela confusão de arquitetura, que... Né? Bagunçada, né? Tumultuada. Entrando pela cidade, Patrimônio Mundial da Humanidade, não é? Projetada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, entrar por aquela avenida totalmente esculhambada? Será que daria tempo de fazer esse VLT e recuperar a W3 toda? Eu não acredito nisso não. Eu sei que a gente tem que ser otimista, mas eu não acredito nisso não. Pelo que eu já vi, pelo histórico de Brasília, pelos problemas políticos que nós temos aqui, acabamos de ter agora um problema seriíssimo, né? Pelo histórico político nosso aqui, eu duvido que até a Copa de 2014... Pode até ser que o VLT funcione, mas recuperar aquela rua toda degradada como esta a W3 hoje, acho muito difícil. Muito complicado.

Mas ali é uma coisa... É um trabalho muito complicado, muito demorado... Não é assim da noite para o dia, entendeu? Eu acho muito em cima agora isso, né?

E existe mais alguma outra...

O aeroporto de Brasília. Ele precisa de ampliação, urgente. Ele é o segundo, não sei se você sabe, né? Ele é o terceiro aeroporto em (de) movimento no Brasil. Ele supera o Ga-leão, sabia? O primeiro é Congonhas.

Não é Guarulhos?

Não, mas Congonhas tem mais movimento do que Guarulhos. É só vôo doméstico, mas ele tem muito movimento em vôo doméstico, né? Então você tem Congonhas, Guarulhos, Brasília e Rio de Janeiro. Brasília está com doze milhões de passageiros ano. Não é? E... Aquele terminal. Aquele terminal, aquela, ele ta inacabado, né? Falta completar aquela outra ala, ala... Acho que é a ala sul, que a ala norte está pronta. A ala sul... E fazer o ter-minal dois. Então é importante ter isso porque nós temos já duas pistas, né? Duas pistas de corrida, né, a outra pista foi a pouco tempo inaugurada, há uns sete anos atrás, né? A cidade precisa de um aeroporto melhor para receber vôos internacionais. Precisa. É uma limitação. É uma pena que Brasília não tenha condições de fazer a capital... de fazer uma, uma... Tinha que ter mais vôos internacionais, né? É muito importante isso. Senão a gente vai ficar sem vôos na cidade. Agora estão cogitando até de vôo de Atlanta, da Delta e tem o vôo da TAP, só. Mas com certeza aqui poderia ter um pouco mais de vôos internacionais, mas também teria que oferecer um aeroporto melhor.

Em relação à INFRAESTRUTURA GERAL? Infraestrutura

Melhorou um pouco, ultimamente. Melhorou um pouquinho, né? A gente tem, acho que, um bom comércio, uma boa hotelaria, né? Daquelas doze cidades da Copa, não sei se

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você sabe, mas acho que é a terceira cidade com mais hotéis, né? Pode ver lá. É a terceira. De leitos. Leitos de... pra... de dormir, né? Leitos. É a terceira cidade, se não me enga-no. A primeira é São Paulo, acho que a segunda o Rio e um pouco abaixo do Rio, vem Brasília em termos de leitos. E depois, as outras capitais é tudo abaixo de Brasília. Então, nos temos já uma boa estrutura hoteleira, mas pode ser melhorada. Tem que ser melho-rada. Pode ser melhorada e tem que ser melhorada, sem dúvida. Com relação ao Lago, por exemplo. O Lago é importante também. Eu acho interessante essa “proximação” da cidade com o Lago. Então, por exemplo, eu acho que o Pontão é o maior exemplo disso. É dizem que agora, vão revitalizar de novo a Orla ali do Norte, do Setor de Clubes Nor-te, onde está a Concha Acústica, né? Vão também revitalizar ali, parece, de novo e vão tentar trazer mais coisas. Estão fazendo aquela orla em frente ali à Ponte JK, com aqueles restaurantes, o Gazebo, o Triplex ali, né? Com aqueles restaurantes ali. Não é? O Mangai também, ali. Então, tem que melhorar aquela área ali, com certeza. E acho que mais ou menos isso. Acho que a cidade oferece uma boa estrutura, sem dúvida. Entendeu? Ainda. Em comparação com outras cidades, oferece uma ótima estrutura.

Em relação à QUALIDADE DOS PRODUTOS ofertados aos turistas, em geral.

Eu diria razoável. Em algumas coisas melhores, outras piores, mas eu acho que é razoável, né? Pode melhorar. Agora, por exemplo, agora com essa questão de mudar a feira da Torre lá pra baixo. Eu acho uma coisa boa, interessante. Alguns feirantes não querem, né, porque... Mas acho besteira, acho que eles não vão perder... Pode ser que no início dê um impacto um pouco, ne, negativo no início, mas depois vai retomar o movimento com certeza, né? Quando ver, todo o sábado e domingo vai ter movimento ali, eu tenho cer-teza. Não vai perder aquele movimento que tem embaixo da Torre, né? Agora, tem que facilitar o acesso... Isso é que eu não sei como é que ta lá, como é que vai ser o acesso. Como vai ser o acesso das pessoas que estão na feira para a Torre porque tem umas esca-dinhas muito feias e ruins ali. Não sei se eles vão fazer uma rampa para facilitar o acesso das pessoas na torre, não é, e vice-versa. Eu não sei. Né? Mas, tem que ter alguma coisa que facilite esse acesso. Tanto para os deficientes, né? A questão da acessibilidade. Como também para as pessoas normais.

Como, em geral, você percebe o turismo no DF do ponto de vista do seu trabalho como guia de turismo?

Todos ficam bastante... Bom. Eu sou uma pessoa que gosto do meu trabalho. Eu gosto do meu trabalho. Então sempre quando eu mostro Brasília muita gente fala: “Poxa Lucio, você é entusiasta de Brasília”. Aí eu falo assim: “Olha, eu sou um entusiasta, mas o que me faz mais ser um entusiasmado não é, tanto, Brasília, mas é porque eu gosto do meu trabalho”. Então, eles gostam disso. Eles se sentem bem com isso, quando vêem uma pes-

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soa que gosta de mostrar, de falar, de explicar as coisas, se entusiasmar e tudo isso... Então, eles gostam disso. É um trabalho bem reconhecido. Muito bem reconhecido.

E como que você vê a imagem do destino Brasília do ponto de vista do turista? Como é que eles vêem Brasília? Como é que você sente isso?

É como eu te falei antes, né? Uma coisa é o turista que vem a Brasília, antes de chegar aqui e outra coisa é o turista que depois viu aqui. Então, a grande maioria dos turistas vem com uma imagem diferente, né? Achando que num...Que vai ser mais ou menos, já vem com o pé atrás. Especialmente os brasileiros. Engraçado. O brasileiro tem muito preconceito com a capital. Uma pena, né? Então, Então, é.... Especialmente os brasileiros. Nossa, eles vem assim com... Já chegam aqui, assim, com uma carga negativa, né? Então para você tentar mudar um pouco isso e dar outra idéia para eles, você tem que ser um guia que saiba fazer isso, senão não vai conseguir mudar a cabeça dessa pessoa. Pelo menos aliviar essa imagem negativa que ele tem. E o turista estrangeiro, muitas vezes não tem conheci-mento maior. Ele só sabe assim que, é uma cidade projetada, né? Mas que ... é... que dá para ver só em um dia. Mas quando ele vê que você pode ficar aqui dois, três dias e fazer uma, ou até mais, e fazer muitas coisas ao longo desses dias, eles ficam muito surpresos e saem muito satisfeitos. Toda a vez que a gente faz um serviço de turismo a gente tem uma avaliação do turista. A Prestheza, a Power, a Julia, a Santa Júlia, o Veloso, eles fazem uma avaliação, não é? Entao, eles fazem umas perguntas básicas ao turista. Então, todos os turistas ficam bastante satisfeitos. Falam “valeu a pena conhecer Brasília”; “não sabia que era assim”; “foi uma grande surpresa”; não é? “recomendo Brasília”, né? Então, existe uma grande aceitabilidade, pelo menos, da grande parte dos que eu recebo aqui em Brasília, o turista, eles ficam muito satisfeitos com a cidade.

Eu gostaria de saber quais os principais aspectos que afetam positivamente e ne-gativamente o turismo no DF, no seu ponto de vista, com relação a alguns itens em específico, que eu vou citar a seguir, ok? Vou começar com os próprios SERVIÇOS PRESTADOS PELOS GUIAS DE TURISMO.

(risos). É. Eu acredito que é positivo. Sem dúvida. É uma experiência positiva. Agora, tem que ter, é como eu falei, tem que ter um preparo maior, né? Existem muitos guias que ainda não estão devidamente preparados para apresentar Brasília e com relação à Copa do Mundo, tem que ter uma capacitação maior, tem que ter... Ou pelo menos, ou pelo menos pessoas que venham trabalhar na época do Copa, né, que tenham uma bagagem mínima de conhecimento com relação ao que é Brasília em todos os seus aspectos, né? Mas eu acho que é uma experiência positiva, sem dúvida. Muitas vezes, muitas operado-ras, de São Paulo, Rio de Janeiro, recebem comentários dos guias de Brasília, comentando que os guias fazem um trabalho muito bom aqui em Brasília. Especialmente essa turma de

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dez, quinze aí que são bastante ativos e tem uma experiência grande. Não é? A própria Luiza, da Power Turismo, ela já falou: “Eu recebi agora um relatório de uma operadora do Rio de Janeiro dizendo que os guias de Brasília são os guias mais conceituados do Brasil”.

Com relação aos ATRATIVOS TURÍSTICOS.

Ótimo. Apesar de que as pessoas não sabem, acham que não tem, né? Mas é ótimo. Com relação à manutenção desses atrativos turísticos... Por exemplo, com relação a monumen-tos arquitetônicos. É claro que houve uma época aí, agora ta melhorando um pouquinho de novo, eles estão reformulando, reformando vários monumentos, né? Mas demorou muito. Demorou demais, né? Muita coisa deteriorou. Mas, ou seja, Brasília surpreende o visitante e tem muitos atrativos turísticos, tanto no que se refere a arquitetônico, né, como também naturais da região, histórico, que as pessoas gostam muito.

Com relação aos serviços das AGÊNCIAS DE RECEPTIVO.

Ta melhorando cada vez mais. Ta aumentando a concorrência. Existe até aquele, aquela associação, né, a ABARE. Exatamente. Está aumentando a participação de agências na ABARE. Não é? E... É uma experiência que está demonstrando que o turismo está crescen-do. Tá crescendo. Apesar de toda a crise, está crescendo.

Com relação às TRANSPORTADORAS TURÍSTICAS e os serviços de transportes disponíveis.

Fraco ainda. Acho fraco. Fraco para razoável. Tem muita coisa para mudar e muita coisa para eles aprenderem. Esses dias mesmo eu fiz o traslado com um grupo, né? Aquele grupo de poloneses que eu guiei na semana passada... Eu já conhecia esse grupo. Eu já conhecia a guia que estava guiando esse grupo, polonesa, que roda o Brasil todo com esse grupo. Eu já conhecia ela e ela faz questão do microfone no traslado do aeroporto para o hotel. Tem que ter o microfone! Porque ela explica umas coisas... É um grupo de quarenta pessoas, né? Tem que ter o microfone! Ônibus grande, não pode ficar sem o microfone. Aí o cara da empresa de ônibus.. Eu falei com o pessoal, eu falei com a Pres-theza. A Prestheza falou com a agência de ônibus, com empresa de ônibus: “Tem que ter microfone”. Então tá bom. Quando eu chego lá no aeroporto, quando eu liguei para o motorista: “Pode vir buscar a gente aqui. Já estamos na floricultura, pode vir buscar a gente aqui. Encostar aqui.” Ta bom. Quando nós entramos no ônibus, o cara mandou um microfone que não funcionada. Daí a guia ficou furiosa. Tinha que ter um microfone! Daí eu disse: “Eu vou comunicar. Eu já tinha pedido. Falado.” Aí eu liguei para a empresa do ônibus, para o gerente, né, da empresa. Sabe o que ele falou para mim? “Eu trabalho há doze anos com turismo e nunca vi precisar de microfone para traslado”. Eu falei: “Oh, só se for você, né? Porque se você for na Europa, se você for até no Nordeste, se você for no Nordeste... você vai ver todo mundo lá com microfone no ônibus porque você tem que ter, tem que explicar algumas coisas. É um grupo grande. Se você tem um grupo de dez

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pessoas, tudo bem. Mas é um grupo de quarenta pessoas. Tem que ter um microfone”. Não há uma cultura de turismo, né? Então, por isso que eu falei que no transporte, ônibus é razoável. Ruim para razoável.

E com relação à GASTRONOMIA.

Ótimo. Brasília hoje é o terceiro pólo. O terceiro pólo gastronômico do país, né? Tudo... Tende a crescer cada vez mais. Você tem opções. A cada mês surgem novas opções. Tem tanta coisa hoje. Eu, que sou uma pessoa acostumada a sair a noite. A conhecer os res-taurantes em Brasília. Hoje, perdi o controle. Tem tanto coisa que perdi o controle. Tem tanta coisa que eu já perdi o controle. Tem tanto coisa de opção de gastronomia que eu já não sei mais todos de cabeça, né? Porque é tanta coisa que tem (risos). Não é? E os turistas ficam muito interessados, muito surpresos com isso.

Com relação aos MEIOS DE HOSPEDAGEM, equipamentos e serviços.

Bom. Excelente não, bom.

Tem que melhorar a capacitação?

Tem que melhorar. É.

Com relação aos serviços e equipamentos de LAZER E ENTRETENIMENTO.

Eu diria bom. Mas a cultura de lazer... Ainda não é aquela cidade que tem, por exemplo, toda hora tem um show, né? Falta um show, às vezes. Um final de semana legal, né? Às vezes coincide ter um show legal no final de semana. Mas precisa ter mais shows, mais vida cultural. Tá precisando de mais vida cultural. Agora, com relação à restaurantes e bares, ta muito bom. Quem quer ir para um bar, opções de bares e restaurantes é o que não falta. Que faz parte de lazer e entretenimento, né? Você tem o Lago, você tem o Par-que da Cidade. Eu acho que nesse aspecto é bom. Agora, com relação à parte de lazer e entretenimento cultural é que está um pouquinho fraco ainda.

Espaços, infraestrutura e serviços para a realização de eventos?

Ta melhorando. Eu diria que é bom, não é assim fantástico, mas é bom. Você tem o Centro de Convenções, que foi reformado a pouco tempo. Você tem o Brasil 21. Você tem o Royal Tulip, né, que tem um bom local de eventos, né? Você tem outros hotéis também que tem espaços para eventos. Então eu acho que está bom. Pode melhorar, mas está bom. (risos)

Centros de informações turísticas

Ainda é uma coisa fraca também, né? Tem tudo para... A gente precisava ter um centro de informações turística bastante atuante no aeroporto, no centro da cidade, num local movimentado, não em locais isolados lá do centro; com pessoas que realmente tem uma

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boa noção de Brasília e que fale idiomas. Não adianta falar só português não. Tem que ter um bilíngüe porque o turista que gosta de caminhar, o andarilho, ele pára num local desses e pergunta. Chega num local que tem uma pessoa que não tem capacitação, não tem conhecimento e não, e muito menos, não fala idiomas, aí, não adianta.

Lucio, quais são os principais aspectos que facilitam o dia a dia de seu trabalho?

No sentido de receber serviços ou de apresentar?

No sentido de executar o seu trabalho.

Eu acho que é a minha formação. Isso é importante. Minha educação, minha formação. O fato de falar idiomas, isso é importante. Tudo isso me deu uma bagagem. Né...

Mas... Eu quero dizer fatos externos...

Ahhh, fatos externos. Externos... Olha. A cidade, ela facilita. Por exemplo, é muito mais fá-cil você pegar um turista no aeroporto de Brasília do que você pegar um turista, você está em Copacabana e vai pegar um turista lá no Galeão, entendeu? (...) Então, por exemplo, você está, em dez minutos, quinze minutos você está no aeroporto. Então, isso é muito bom. Facilita muito para você receber o turista. O fato também de ter uma circulação boa, nas horas, sem ser no horário de rush, ter uma circulação boa. E... Isso também facilita muito o nosso trabalho. Piorou com relação ao trânsito, com relação aos locais de esta-cionamento. Não é? Então, isso dificulta um pouco. E também com relação ao controle, de pardais, de... E você ter que explicar as coisas e ficar ligado ao trânsito, né? Então, para não fazer algum problema, alguma besteira.

Quais são os três principais aspectos que dificultam o seu trabalho. Você pontuou dois aí: os pardais, os estacionamentos...

É. Os pardais. A falta de estacionamentos. Os engarrafamentos no horário do rush, que estão aumentando cada vez mais, não é? E a falta de cultura turística com relação aos policiais, que já vão logo multando. Não esperam... Às vezes eu paro ali no Congresso, ali ao lado, né... É o Congresso Nacional, poxa, tem que mostrar ali, explicar, né? Às vezes eu paro ali e vem logo uma polícia, turística de novo, implicar comigo. Com o guia de turismo que está mostrando a cidade para o estrangeiro. Então, aí eu tenho que explicar: “Peraí, eu estou mostrando aqui, é só um segundo, eu não vou ficar aqui parado, eu vou sair. Eu estou mostrando aqui, os turistas, eles estão filmando, tirando foto, né? Então, tem que ter uma cultura turística, tanto da política, entendeu, como também das autoridades locais, né? Para resolver esses detalhes, entendeu? A gente não tem espaço no aeroporto. Isso é uma dificuldade também. A gente precisava ter um espaço para os guias de turismo realmente terem um local para receber o turista, para... É... Um estacionamento próprio para os guias de turismo no aeroporto. E a gente não tem isso. E é uma dificuldade. E aí

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os taxistas, além de terem toda aquela parte, quase toda aquela parte, quase toda frontal do desembarque, ali embaixo, metade deles ali é dos motoristas de táxi. Metade. E ainda usam o local que era para ser do turismo e usam lá e não admitem que a gente se intro-meta lá. Para você ver como a coisa é difícil. A relação é difícil.

Quais são as principais oportunidades e ameaças que você visualiza para o turismo no DF nos próximos dez anos.

Eu acho que a Copa do Mundo seria uma grande oportunidade para Brasília. Até, não sei porque, com relação também à infraestrutura, não sei porque que não fazem a abertura aqui, é uma pena, não é? Porque São Paulo quer, porque quer, porque quer fazer lá a abertura, não é? E aqui, em Brasília, capital, os hotéis estão próximos do Estádio, as pes-soas podiam ir caminhando para o Estádio. Ou senão, na época dos jogos, colocar um circular de ônibus entre os hotéis e o estádio ali, toda hora circulando. Seria, ía ser uma maravilha para os turistas que viessem ver a abertura da Copa. A imprensa internacional teria o Centro de Convenções ali como base, para transmitir, para fazer toda a base da imprensa internacional no Centro de Convenções, ao lado do Estádio. Não é? O estacio-namento, que não faltam ali na área do estádio. Ali no ginásio de esportes, no estádio. Então, a Copa do Mundo seria a grande oportunidade para a gente mudar essa nossa imagem, ajudar a amenizar essa imagem ruim de Brasília. E é uma pena que, o pessoal de São Paulo, quer porque quer, os cartolas de lá, quer porque quer fazer a abertura lá, né? A FIFA já se pôs contra fazer o jogo lá, né? Porque aquele Morumbi não serve, porque é uma área muito ruim, longe dos hotéis, complicadíssimo o trânsito, não tem estacionamento, não é? Então, é uma pena que a gente vai perder isso, né? Por causa de dinheiro. E não por causa de bom senso. Por causa de dinheiro a gente vai perder a abertura da Copa do Mundo por causa de dinheiro. Outra coisa, a questão da, eu acho que a oportunidade da Copa também é trazer mais, é preparar mais a cidade, turisticamente, preparar em todos os seus níveis, todos os setores, tanto profissionais, como em infraestrutura, de modo ge-ral, não é? Eu acho... Eu acho que seria uma oportunidade a mais para Brasília melhorar e desenvolver esses aspectos importantes para melhorar a sua cultura turística. Isso é muito importante, né?

Ameaça, eu acho que ameaça a gente ta tendo mais, desde o início de Brasília. Brasília tem sido degradada, destruída desde o seu início, não é? E cada vez mais, cada vez mais. Hoje não pode ter um espaço aberto, um buraco aberto que já querem construir um condomínio, querem construir um residencial, né? Island Off. Island não sei o quê. Todo aqueles nomes, né, estrangeiros, né? É... Querem fazer aqueles residenciais, né? Estilo Flo-rida, entendeu? Mobiliárias, né? Especulação imobiliária tremenda, né? Uma especulação terrível aqui no DF, né? Estão acabando, estão querendo... Aí depois falam que Brasília foi pensada para 500 mil habitantes e agora está com quase três milhões. Não é.... É o DF

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que está com 3 milhões. A idéia do Lúcio Costa ainda continua. A gente não tem mais de 500 mil habitantes no Plano Piloto. Então, o que acontece? A cidade de Brasília mesmo, não chega nem a 500 mil habitantes. Se chegar a 400 mil é muito. No Plano Piloto. Se chegar. Se você pegar os dados populacionais, né? E o que tem 3 milhões de habitantes é o Distrito Federal. Aí sim, né? Lúcio Costa não projetou o DF. Ele projetou Brasília. Não é? Então, a imprensa usa muito isso, né? “Ah, porque Brasília foi pensando para 500 mil habitantes, mas esta com dois milhões e tantos, quase três milhões de habitantes”. Sem falar o entorno, né? Então, aí, eles acham... Eles colocam Brasília... Eu já vi no DF TV. Co-locando no DF TV lá, né? Águas Lindas – DF. Sabe? É complicado isso, né? Então, a gente tem... Eu acho que essa coisa da.... Esse crescimento desordenado em volta de Brasília. A falta de água que vai acontecer. Já está acontecendo em alguns pontos. Não é? A questão da violência. É uma ameaça também, se não tomar cuidado. A violência vai aumentar, vai aumentar, vai aumentar. A questão também do transporte público, não é? Tem que melhorar muito também, para evitar aqueles engarrafamentos. Tem que melhorar o nosso sistema de metro tem que melhorar os serviços de transporte coletivo de ônibus, não é? Tem que, tem que é... é... Melhorar os acessos da cidade. Transitar. Então, são umas coi-sas que têm que ser feitas para aliviar. Tem que melhorar fundamentalmente o transporte coletivo, com relação à Copa do Mundo porque isso é uma ameaça muito grande. Senão não vai adiantar. Não vai...

Eu ía te perguntar, ía colocar também a questão das propostas e recomendações para o turismo nos próximos quatro anos pensando em Copa do Mundo, mas como você já falou um pouco sobre isso, eu acho que: teria mais alguma coisa que você gostaria de pontuar?

Com relação à Copa? Não, eu acho que tem que ter mais hotéis. Eu acho que tem que ter mais preparo, um real preparo de pessoas, né, que possam realmente oferecer um serviço profissional ao receber os visitantes, né? Tanto... Desde o zelador do hotel, aos recepcio-nistas, aos camareiros, aos maleteiro, né? Tem que ter um pessoal mais capacitado. É.... Os restaurantes também tem que ter cardápio com inglês, com espanhol. Não pode ser só em português. Os restaurantes também, nesse aspecto, falham muito, né? Eles não têm assim, você vai, poucos restaurantes aqui em Brasília tem um... Tradução em inglês, para os visi-tantes. Pouquíssimos. Com raras exceções. Então, você tem que trazer um ar mais cosmo-polita para essa questão, né, dos restaurantes e dar uma tradução desses menus. Até para o deficiente visual. Alguns já tem, né? Em braile, né, menu em braile, né? Alguns até tem, mas são poucos também, né? Então, aí vem... Os guias de turismo. É fundamental que os guias, né, os que estão entrando no mercado agora e os que já estão também, tenham ainda mais preparo, mais conhecimento, mais cursos, né? Então, é todo um conjunto de fatores que vai oferecer uma melhor recepção para a Copa do Mundo, né?

E para fechar, como base em tudo o que você vê os turistas comentarem com você,

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as próprias angustias e alegrias que você tem como está em campo com eles e você ve uma necessidade que Brasília não supre. Existem algo, algum negócio que poderia ter em Brasília?

Eu acho que precisava ter uma casa de espetáculo. Nem que fosse uma vez por semana. Por exemplo, quarta-feira é o dia mais cheio de Brasília, não é? Então, por exemplo, eu já vi turistas que chegam aqui em Brasília e falam: “No hay una casa de espetáculos?” Né? Não tem uma casa de show? Com samba, com música. Não é questão de turismo sexual, não. Eu me refiro assim a uma casa, assim como tem no Rio de Janeiro aquele... como é que chama, o... aquela casa de show famosa, lá no Rio? É uma casa de show que todo o dia faz show de samba... Capoeira, samba, essas coisas assim, né? Como chama mesmo o nome? Agora esqueci....

Tipo um Clube de Choro?

É. Alguma coisa... Mas aí é que ta. O Clube do Choro são shows específicos. Agora, tinha que ter uma coisa que oferecesse continuadamente, assim, toda a semana, em um dia específico. Ou de terça para quinta, ou só quarta-feira, que fosse só quarta-feira, que é o dia mais cheio de visitantes em Brasília, não é? Que tivesse algum show de música brasileira, um show assim, não é? Que fosse uma casa bem dançante, não é? Porque é difícil, às vezes, você quer... Por exemplo, sexta-feira quando eu faço um by night aqui em Brasília, às vezes sexta-feira eu levo o pessoal no Bar do Calaf. Você já foi no Bar do Calaf? Tem o maior sambão lá sexta-feira à noite, né? E eles gostam. “Ahh, eu não sabia que jamais eu veria uma coisa dessas em Brasília”. Eles não imaginavam, entendeu? Então. Só que quarta-feira, às vezes não nenhum local de Brasília, e eu estou com o turista terça, quarta, quinta, às vezes, e aí não tem nenhum local em Brasília que tenha um show assim, mais típico da cidade, das coisas brasileiras. Então, acho que era interessante, de repente, algum empresário, em parceria de repente com outro, o Clube do Choro, ou montar uma casa mesmo, que toda quarta-feira ele fizesse um espetáculo básico da cultura brasileira também. E não precisava ser só samba, também. Outras coisas, também, típicas aqui da região do cerrado, do Planalto Central, alguma coisa da Amazônia, de repente, caso não foi para a Amazônia ainda, alguma coisa do sul... Como aqui, também, é uma cidade que tem muitas influencias, de várias culturas, poderia ser uma coisa também de oferecer mais variedade de shows de coisas típicas do Brasil. Danças típicas do Brasil, por exemplo, não é? Com comida, com bar, serviço de bar. É uma coisa assim que acontece. Ah! É o Scala, no Rio de Janeiro, né? Não! Plataforma, perdão. Plataforma é um local que toda a noite tem um show de espetáculo. Mas como lá tem um fluxo turístico grande, eles podem fazer. Mas não seria todo o dia. Mas com certeza, quatro vezes por semana tem lá esse show lá no Rio de Janeiro, no Plataforma. Tinha que ter uma coisa aqui dessa aqui em Brasília. E eu acho que já é possível fazer. Desde que haja um interesse, um planejamento,

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um interesse, um pessoal sério que pegue isso e consiga montar, montar uma equipe de bailarinos, de restaurante, de ... né? E fazer uma coisa assim, legal, da cultura brasileira, não só regional, mas de repente nacional. Como Brasília é a capital do Brasil, então, essa seria uma coisa interessante, eu acho.

Lucio, tem alguma ultima observação com relação a tudo o que foi dito?

É. Eu só espero que... é... a Copa, né? A Copa do Mundo seja uma oportunidade para Brasília conseguir também melhorar o seu conceito em turismo, como destino turístico, como local interessante de se visitar, melhorar essa nossa imagem da cidade, sair um pou-co dessa coisa só da política, né? Que é uma coisa, é um fardo que a gente vai carregar, eu acho que para sempre, mas pode ser amenizado essa fardo, né? Eu acredito nisso. A gente pode amenizar o peso desse fardo. Então, a Copa pode ser essa oportunidade, de amenizar o peso desse fardo, entendeu? E é... é aquela história, é uma pena que 95% já certo que São Paulo que vai fazer a abertura da Copa, né? E no entanto, Brasília, que é a capital do Brasil, que com certeza teria um público enorme, né? Eu já vi muitos co-mentaristas falando: “A abertura da Copa em Brasília? Jamais! Não tem tradição, Brasília, futebol...” Ué, mas não precisa ter tradição em futebol para receber um grande evento Copa. Quantas vezes a seleção brasileira joga aqui em Brasília, enche o Mané Garrincha? O Mané Garrincha enche quando vai ter jogo da seleção aqui, né? Imagina uma Copa do Mundo? Então, o pessoal não tem nenhuma noção disso, né? Acha que aqui não ía dar certo e... E tinha que ser em São Paulo. Mas na verdade é tudo interesse econômico, ne? Eles querem guardar lá em São Paulo, né? Dentro, nesse aspecto eu entendo porque eles estão defendendo o lado deles, que vai rolar muito dinheiro, lógico. Mas Brasília me-receria isso porque tem todas as condições de receber uma abertura de Copa. Eu tenho certeza absoluta que daria certo, se fosse feito aqui, né? E a gente vai perder com isso, mas mesmo que a gente não tenha essa abertura de Copa, a gente pode fazer algo.. Teremos algumas partidas aqui, ne? E a gente pode fazer um trabalho bom, fazer um trabalho bom, bem feito e agradar os visitantes.

Ok. Obrigada.

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ENTREVISTA 4

Data: 26/04/2010Entrevistadora: Karen Basso

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

PERFIL DO GUIA

Eu vou começar falando um pouquinho de você, tá? Geralmente a gente começa do geral e vai pro específico, agora eu vou começar do específico e depois eu vou pro geral. Primeiro eu queria saber um pouquinho qual é a sua qualificação, então se você teve alguma formação universitária, qual é? Tem curso de especialização ou não? Ou curso de extensão? Queria que você falasse um pouco da sua formação.

Eu tenho, eu sou, tenho o curso técnico de guia de turismo e também sou tecnóloga em turismo, formada pela Universidade Norte do Paraná. Me formei em 2007 e dentro da área, como guia de turismo tenho vários outros cursos também de especialização: Turismo cívico, arquitetônico, turismo rural, mas o que eu atuo mais é o turismo cívico, e tem outros cursos também complementares que foram oferecidos pelo Ministério do Turismo que eu aprovei-tei a oportunidade. Muitos cursos do SEBRAE também. Então estou sempre me atualizando.

Bacana, tem algum curso que, em especial, você teria interesse em fazer para melho-rar a sua qualificação como guia?

Olha, como qualificação acredito que um bom curso de idioma, de idioma em inglês e chinês. Inglês e chinês.

Atualmente você tem alguma especialidade de idioma? Tem fluência em algum idioma?

Só monolíngüe mesmo, só português.

Só português. Ok. E qual que é o tipo de público que você mais presta serviço? Qual é o turista que você mais guia?

Olha, eu trabalho com todos os grupos, a partir de 3 anos de idade até 90 e tarará, mas o público mais incidente são os públicos de estudantes.

Estudantes.

Estudantes.

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Nacionais, né?

Nacionais, sempre nacionais.

É, quantos roteiros tem executado em média por mês?

Por mês? Bem, atualmente eu tenho executado pouco porque eu estava aguardando a resposta de um projeto chamado turismo cívico que irá começar agora a partir de Abril pra Maio, então, Abril já está acabando, seria em Maio. O início de mês foi bem complicado, então como eu sou agente de viagens também, aí eu presto serviço para as agências de viagens, com venda de passagens aéreas, pacotes. Então como guia mesmo não dá pra ficar sempre só atuando como guia, esse ano eu tive poucos trabalhos, a demanda foi pouca.

Se você fosse jogar uma média você diria...

Digamos que fosse é, a uma média geral, 2 tours por semana, pouquíssimo.

Hunhum, 2 tours por semana daria, até que tá bom viu, porque né, daria 8 por mês.

Isso. Ah, perdão seriam 2 tours por mês.

Ah, tá, 2 por mês.

É, nesse primeiro período.

Tá ok.

Nesse primeiro período sim.

E quando tem algum projeto acontecendo aí a média é de quanto?

Aí, geralmente são no mínimo 3 tours por semana, quando há algum projeto.

Ah, ok. É, nesse sentido então eu posso entender que existe uma sazonalidade?

Existe.

Você trabalha mais com projetos e aí fica dependendo mais de quando o projeto tá acontecendo.

Exatamente.

Fora isso, você sente que existe sazonalidade também, se não houvessem os projetos, se você trabalhasse por demanda de prestadores de serviço mesmo, de agências de receptivo, você sente que tem?

É, existe uma lacuna muito grande que é o início do ano até, de dezembro até março é muito parado, aí a partir do final de março para abril em diante que as escolas começam a procura, mas no início do ano é bem difícil mesmo para você conseguir trabalho.

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Ah, ok. Qual que é a duração média dos roteiros que executa?

Olha, se for um tour meio período dá pra fazer em 3 horas, se for o dia inteiro dá em cerca de umas 6, 5 horas, gira em torno.

5 horas, ok. Quais os principais roteiros que realiza com os turistas?

Eu realizo muito o arquitetônico, juntamente com o cívico. Esses dois são os mais procurados.

Teria um terceiro?

O terceiro é, seria a parte cultural.

Cultural, ok. Você citou 3 já, esses 3 nomes eles nem é né, tem a alguns roteiros que a Brasíliatur estruturou anos atrás e colocou no mercado para serem comercializados ou na forma como estavam ou utilizados em parte, né. Eu queria saber se você execu-ta esses roteiros, quais, se sim e não, quais e por que? Tá?

Humhum.

Só um minuto. Então vamos lá, retomando, é com relação aos roteiros da Brasíliatur, quais você executa, sim, não, porque?

Humhum. Os que eu mais executo, é o turismo arquitetônico e o cívico e eu implemento muito dentro desses turismos a parte do Brasiliato, porque depois que eu fiz a capacitação sobre Brasiliato me expressou muito sobre a obra, e daí eu descobri que as pessoas não conheciam o Athos Bulcão. E a maior parte delas, digamos que 99 por cento saem encan-tadas, assim, então assim eu não faço só esse, mas eu sempre coloco ele entre esses tours que eu faço por causa do reconhecimento do artista.

Bacana, tá ok. Quais as principais empresas com as quais presta serviço? De agências de receptivo...

É, com a Paula’s Turismo, a Suprema e a Presteza.

OK. Além delas, além das empresas... (!!)

E o SESC.

E o SESC. Além das empresas de receptivo, você também, eu percebi inclusive quando você falou de projeto e tal, você também trabalha, eu queria saber se você também trabalha com turistas direto, você tem uma linha, algum tipo de cliente direto, de repente você tem algum contato com Universidade de outros estados. Quer dizer, se existe algum outro canal de comercialização do seu serviço direto e, ou então se existe outro prestador de serviço, de repente um restaurante que é seu parceiro ge-ralmente te indicam, um hotel que geralmente te indica, ou uma própria empresa de consultoria, enfim, que também trabalhe bastante contigo?

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Olha, de restaurantes assim eu que indico o restaurante. É, em questão de hotéis não. Agora os trabalhos que eu recebo são sempre boca-a-boca. As pessoas fazem um primeiro trabalho comigo e daí elas me indicam para amigos em outros estados e eu, não sei como, semana passada mesmo um entrou em contato comigo de Belém do Para, ela “-Ah, eu gostei de você!” E aí, através do site do Sindgetur.

Hummmm. Muitas pessoas que consultam entram em contato direto contigo pelo site?

Isso, porque eu não fiz nenhuma divulgação ainda desse trabalho.

Humhum, legal. Qual que é o valor médio do serviço cobrado? Você falou que tem, eu vou puxar como para um roteiro de 4 horas de duração, mas se você quiser fazer, porque como você comentou que você tem de 3 horas, e também de 5 a 6, ou de 4 a 5, não sei, queria que você dissesse mais ou menos em média quanto é que você cobra pelos roteiros?

Olha, em média os meus tours, é de 3, 4 horas eu cobro 100, 120 a 150 reais. O tour de dia inteiro eu cobro 200 reais.

Ok. Então tá bom, obrigada.

PERCEPÇÃO DE BRASÍLIA COMO DESTINO TURÍSTICO

Agora eu vou querer saber um pouquinho sobre a sua percepção de Brasília. Eu vou para um quesito mais amplo. Como é que atualmente você avalia o destino Brasília em geral?

Em geral? Eu acredito que existem ainda muitas falhas que precisam ser preenchidas pra que a cidade seja mais atrativa, porque só os monumentos em si não falam por si só, por-que, acredito que Brasília não seja tão bem divulgada lá fora. Então pras pessoas falarem “-Ah”, irem em Brasília só pra... A gente vê isso todo dia na televisão. E quando o turista chega aqui ele perde completamente essa visão, então assim, ele observa a arquitetura e no geral o urbanismo, ele volta com outra visão, porque o que ele vê na televisão ele associa o monumento, ao repórter que está falando sobre algum político que fez algo er-rado, então eles, isso cria uma certa repulsa, quando eles vêem, por exemplo um repórter gravando na frente da Catedral, ou no Palácio do Itamarati, eles acham bonito, mas eles prestam mais atenção no que o jornalista tá falando do que no próprio monumento e no embelezamento da cidade, por incrível que pareça é assim.

Humhum. Aí eu vou pontuar alguns itens específicos pra ver então como é que você avalia o destino Brasília com relação a acessibilidade, acessibilidade e mobilidade, não só aces-sibilidade, é, cadeirante, cego, mas também a própria acessibilidade pras pessoas assim...

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Pras pessoas em geral?

É, em geral.

Humhum, perfeito. Quanto a acessibilidade. Quanto a acessibilidade alguns pontos dei-xam muito a desejar, não só na questão de cadeirantes, mas também pras pessoas, prin-cipalmente da 3ª idade. Então assim, tem alguns lugares, por exemplo, deixe-me citar, os banheiros, por exemplo da Torre de TV, eu acredito que eles não ficam assim tão em evidência e daí você desce aquela escada, aquele lugar quente e escuro, causa um mal estar, e as vezes você vai no banheiro pra, ou pra lavar o rosto, ou pra se aliviar de alguma coisa, o banheiro ele simboliza um refúgio e eu acho que o banheiro da Torre da TV não oferece isso. Também na Praça dos 3 poderes, onde visitamos ali a maquete, aquela esca-da é muito alta, as pessoas da 3ª idade reclamam muito, existe um corrimão, mas quando o sol está quente não dá pra tocar porque é de ferro, até queima a mão das pessoas e deveria ser um outro meio das pessoas com dificuldades de locomoção poderem visitar a maquete. E tem muitas outras coisitas assim que são difíceis mesmo, no geral. Se você for fazer um percurso caminhando tem a questão do sol também, isso daí castiga muito. Então assim, acredito que nos dias de sol muito forte, ou você teria um chapéu, um guarda sol, alguma coisa assim pra proteger o turista. E, no geral, acredito que a questão também da segurança de policiamento mesmo, porque assim, tem pessoas, ali próximo a rodovi-ária, quando você vai visitar o Teatro Nacional existem aqueles trombadinhas que ficam ali na rodoviária, estão sempre rondando por ali e você não vê um policial. Então eu acho também essa questão da acessibilidade junto com a segurança, acho que o turista tem que ter, acho não, com certeza o turista tem que se sentir seguro em um local.

Com relação a mobilidade? O trânsito, estacionamento, enfim, como chegar no atrativo, ou como escapar da, sei lá, do engarrafamento, do rush, alguma coisa neste sentido?

Olha, como referência a essa questão do trânsito já está assim, insuportável já, as vezes, sexta-feira mesmo eu fiz um tour que ia do Congresso Nacional ao Memorial JK, até lá tudo bem, mas pra voltar tava um engarrafamento terrível. Então, assim, o ônibus era alto, eu estava com um grupo de adolescente, ainda bem que eles podiam caminhar tranqui-lamente, mas eu não podia me aproximar do Congresso Nacional porque o ônibus era muito alto, eu tive que parar ali na lateral, se fosse um carro pequeno, o sol estava muito quente, eu poderia deixar-los na frente do Congresso. E também tem a questão da altura dos ônibus passarem pela W3 sul, os ônibus Double deck e outros modelos maiores esses não conseguem passar por ali e quando passam, ou são danificados ou causam aquele fuzuê no meio do trânsito. Então isso é difícil.

Com relação a qualidade no atendimento em geral?

Qualidade no atendimento. É, acredito que o atendimento em Brasília é bom, mas pode

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melhorar bastante, acredito que possa melhorar bastante.

Preço. Nossos preços?

Preços. Eu acho que os preços poderiam ser um pouco menores, eu acho os preços, por exemplo da Torre de TV, eu acho eles altos. Camelôs ali no meio da praça, também eu acho alto. Eu acho que poderia... restaurante... (!!)

No meio da praça que você fala é na praça dos 3 poderes?

... na Praça dos 3 poderes ficam uns ambulantes ali e as vezes a gente vê assim que eles vendem um produto para um cliente, se for mais simples por um preço, se eles verem um cliente com outro estilo eles até aumentam o preço, eu não acho isso correto, sinceramen-te eu não acho isso correto. Os restaurantes também eu acho que eles poderiam dar uma maneirada nos preços, porque com isso eles iriam atrair mais pessoas, porque qualidade e preço juntos, isso daí dá muito maior resultado.

É, quer dizer então, quer dizer você fala qualidade e preço junto você considera-se caro o que o serviço que se presta?

Isto.

Nesse sentido.

Isso, por exemplo, tem restaurantes na asa norte que você vai comer em um self-service, você coloca um pouquinho, toma um refrigerante, deu 50 reais. Eu acho caro, porque? Se você fosse jantar calmamente, ou almoçar tranqüilo, mas você vai numa correria tão louca, é só aquele intervalinho que você teve pra parar, comer alguma coisa e continuar o passeio. Aí não dá pra você apreciar com bastante, né, degustar bastante a comida, então, acho que deveria ter preços diferenciados para o turista.

Com relação a promoção e a comercialização do destino Brasília?

Olha, é, eu vejo que a Embratur juntamente com o Ministério do Turismo, a Brasíliatur, tem trabalhado, é Brasília, um material bem, eu já vi materiais muito interessante sobre Brasília. Eu não sei como esses materiais chegam em outros estados, eu não sei como é que chegam às operadoras, porque as pessoas procuram muito praia, nordeste e como Brasília não tem esse atrativo a gente tenta, com se diz? Tenta levar pro outro lado da beleza que é o céu, são os monumentos, a cidade em si, o planejamento, mas se você não souber vender isso aí você não consegue encantar as pessoas. Então eu acredito que as pessoas que mais se encantam são aquelas que vem mesmo. Aquelas que só olham muitas vezes falam assim “-Ah não eu prefiro ir pra um turismo de praia, do que... O que que tem em Brasília?” As pessoas costumam falar assim. E quando chegam aqui né elas se surpreendem.

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Com relação a articulação da cadeia produtiva, articulação de prestadores de serviços geral?

Olha, eu não tenho contato com toda a cadeia produtiva, né, mais com a minha catego-ria e algumas agências de receptivo, ramo hoteleiro, né, mas assim com os hotéis, muito pouco, só aquele contato de buscar o turista e deixá-lo lá. Mas eu acredito que pode ser melhorado e muito, porque um precisa do outro, o próprio nome já diz é uma cadeia e tem que ser produzida, para se produzir tem que haver parceria. Então eu acho que tem que elencar mais, se juntar mais essa cadeia produtiva.

Com relação a infra-estrutura?

Infra-estrutura, olha...

Tanto a que a atende ao turista como a geral.

Como a geral. É, algumas, eu acredito que ela seja boa, mas que tem muita coisa a ser melhorada. Os hotéis eu acho que ele são muito bons, muitos deles pecam com os aten-dentes. Eu já vi hotel que é considerado o mais chique de Brasília porém vi uma gerente se negando a ajudar uma pessoa que precisava porque sujou a roupa na cadeira e ela disse que quando nós locamos a cadeira estava limpa. Poderia ela muito bem ajudar a pessoa e falar, “-Vamos ali até o toalete, vou te ajudar...” E aquilo me chocou, porque eu imaginei que um hotel tão chique tivesse pessoas também preparadas pra receber o tu-rista, ou quem quer que seja que loque o espaço deles, então, eu acho que essa questão aí da qualidade do atendimento precisa ser melhorada. Agora, estrutura física dos hotéis, acredito que tenha hotéis para todos os bolsos e todos os gostos, né. Mas não basta ter só estrutura física, tem que ter... (!!)

Você acha que um mochileiro, por exemplo, que chega aqui, tem onde ficar?

Tem, tem o albergue da juventude por exemplo, porque ele não é um turista tão exigente, né. Eles já tem um outro tipo de visão de turismo, eles, o próprio nome diz, ele é um mo-chileiro, ele coloca a mochila nas costas e quer ganhar o mundo, ele não está preocupado com o conforto, ele está ali só de passagem.

Bacana. Então, com relação a qualidade dos nossos produtos?

Qualidade dos nossos produtos. Os produtos turísticos em geral, né? Bem, nós temos ex-celentes hotéis fazendas com uma culinária maravilhosa, os próprios hotéis também tem os seus restaurantes, né, a parte, com gastronomias bem interessantes. Temos restaurantes de renome aqui em Brasília, muito bons, desde comida nordestina até culinária interna-cional. Então, pra essa parte aí estamos bem preparados. É, alguns monumentos assim, em se falando de estrutura, estão deixando muito a desejar. Um grande exemplo é a Praça dos 3 Poderes. Eu me nego a levar as vezes um turista na Praça e ver aquele monte de pombo, pombo transmite tantas doenças e ele acaba também sujando ali aquele busto, né, do pre-

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sidente Juscelino e o museu que tem ali. Então assim, eu não acho uma boa idéia aqueles pombos lá, mas também tem a questão ambiental. Então, alguém que está envolvido com a parte ambiental tem que entrar em contato com a pessoa responsável pelo, o órgão res-ponsável pela parte do patrimônio para ver o que se pode fazer ali, porque eu acho que a Praça é um monumento, né, um status muito bonito, porém oferece uma periculosidade na questão de doenças que podem ser transmitidas através dos pombos.

Ok. Com relação, aliás, como, em geral, você percebe o turismo no DF do ponto de vista do seu trabalho como guia de turismo?

Como guia de turismo eu percebo Brasília como um lugar maravilhoso para se mostrar as pessoas, por que? É uma cidade que não foi feita por fazer, ela foi pensada, ela foi planeja-da, ela tem uma estrutura boa, tem prestadores de serviços, muitas vezes eles só precisam de alguma orientação pra melhorar uma coisa aqui ou ali, mas a cidade em si oferece coisas maravilhosas, e a própria estória da cidade é muito envolvente, então, e além de tudo a capital do país. Então acredito que as pessoas tem que colocar isso na mente das outras pessoas que estão em outras capitais que queiram conhecer a capital do seu país, porque todo mundo quer conhecer Londres, né, todo mundo quer conhecer Paris, todo mundo quer conhecer Roma, porque não conhecer Brasília?

E como é que você vê a imagem de Brasília no imaginário dos turistas que você guia?

Quando chegam tem uma visão completamente pesada sobre Brasília. A partir do mo-mento que você mostra, que você já sai do hotel, ou do ponto de partida que você sai e você começa a mostrar eixo monumental, asa norte e asa sul, eles já começam a se en-cantar. Quando eu digo que Brasília não tem nome de ruas, tem números de quadras, que não existem bairros, mas existem setores, eles já começam a ficar interessados. Quando digo que Brasília tem gente de todas as cores, de todas as raças, de todos os lugares do mundo, eles ficam, eles se sentem em casa. E quando eu digo a eles que Brasília não é aquilo que eles vêem na televisão aí eles começam a olhar pra cidade com uma visão di-ferente. Quando termina o trabalho eles vão embora e dizem que querem voltar outra vez pra aproveitar mais. Então é sempre essa visão que o turista tem quando chega e quando sai após um tour que é feito.

Com relação aos serviços? Você acha que eles saem satisfeitos, eles ficam... Ou em ge-ral, enfim, eles gostam de tudo que eles vêem, acham que os atrativos são bem conser-vados, acham que o serviço do hotel foi bom? Como é que você sente essa opinião dos turistas com quem você está, principalmente quando você está fechando o roteiro?

Isso, olha, eu acredito que eles gostam, eles gostam do tratamento que os motoristas dão, eles gostam também quando chegam num ponto como a Torre de Tv e aí eu dou uns toques pra eles “-Olha, procura negociar o preço.” Então, as vezes eles saem satisfeitos,

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“-Olha, era 12 reais, eu consegui por 10.” Uma coisa mais ou menos assim. Gostam da comida, né, do restaurante, alguns restaurantes enchem demais e daí eu explico pra eles que é só no horário de hush mesmo, ou a gente chega uma hora antes, né, que as outras pessoas, ou chega numa hora depois. E isso acontece muito quando, por exemplo, eu levo um grupo as 13 horas num restaurante, o restaurante tá assim. Aí, daqui a pouquinho, meia hora eles já vêem o pessoal (?) esvazia, eu falei “-Gente é por que nós devíamos ter chegado uma hora antes.” Aí eles entendem. Então assim, geralmente eles gostam, gostam muito do atendimento.

Ok. Em sua opinião. Quais os principais aspectos que afetam o desenvolvimento do turismo no DF, tanto do ponto de vista positivo quanto do ponto de vista negativo em relação a alguns itens que eu vou ir pontuando, tá?

Certo.

Então eu vou retomando de vez em quando pra lembrar. Principais aspectos que afe-tem o desenvolvimento do turismo em relação aos próprios serviços prestados pelos guias? Aspectos positivos que influenciam no desenvolvimento do turismo, aspectos negativos que possam vir a influenciar.

Pelo serviços prestados pelos guias?

Isso.

Bem, eu acredito que os próprios guias, as vezes eles são pontos negativos. Existem guias que eles estão acostumados a trabalhar só com 3ª idade, então quando eles pegam um grupo de, entre aspas, “meninos”, que são estudante eles não tem aquela paciência, e as vezes eles querem atrair a atenção dos jovens de toda forma como se uma pessoa mais madura, que tem mais consciência, eles querem prender a atenção de toda forma, e o jovem ele não gosta disso. Você tem que entrar no mundo deles, na dimensão deles. Outros guias que falam muito. Então você tem que ter a hora de saber falar, também eles querem falar, eles querem ouvir mas eles querem trocar idéias, né. E sobre informações erradas que os guias passam, ou por não saberem e tentam responder pra poder se livrar da pergunta, ou então pra dizer que ele sabe mais. Então eu acho que muitas vezes o guia peca por isso, porque ele falou demais, ou porque ele não soube passar a informação.

Do ponto de vista dos atrativos turísticos.

Os atrativos turísticos... Os atrativos turísticos são positivos porque grande parte deles, para uma cidade de 50 anos, estão relativamente novos, né, diferentes de um Coliseu romano por exemplo. É, mas assim, mas algumas coisas nos atrativos turísticos, pode ser que a pessoa olhe e não preste tanta atenção porque ainda não recebeu as coordenadas, o guia não falou um pouco, ele fica meio solto. Mas, no geral eles ficam muito encantados

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com os atrativos, em geral.

Serviços das agências de receptivo.

As agências de receptivos, eu acredito que são parceiradas, assim, em dar oportunidades para os guias, né, profissionais e, eu acredito também assim que, não sei porque, mas grande parte delas só chamam determinados guias. Então tem que se ver isso, porque que ele não dá tra-balho pro cicrano ou pro beltrano. É, o outro já vinculou, virou aquela parceria só com aquele guia. E no dia que aquele guia estiver atendendo outros grupos? Eles vão deixar de atender? Então assim, eu acho que eles tem que nivelar essa questão de prestação de serv... como é que você fala? Contratação de serviços de guia, né? De dar oportunidade pra outras pessoas.

Ok. Transportadoras turísticas. Serviços de transporte em geral.

Serviços de transporte em geral. Geralmente os ônibus que eu, pelo menos nas empresas que eu já prestei serviço, grande parte dos ônibus estão em bom estado de conservação, muito bem... (!!)

Em situação turísticas?

Isso, muito bem cuidados.

Então você não vê nenhum aspecto negativo? Tá funcionando bem em termos de...

Eu nunca tive problemas com as transportadoras turísticas.

E os transportes em geral?

Os transporte em geral fora... (!!)

Os turísticos.

...os turísticos, aí eu ando de ônibus (risos), deixa muito a desejar, viu?

É, né?

Muito a desejar, principalmente ônibus. O metrô já está assim saturado né, você fica enla-tado, porque depois que as pessoas descobriram que é bom andar de metrô, elas deixam de andar de ônibus. Os ônibus que circulam em Brasília, a maior parte deles não são ônibus novos, são ônibus maquiados e, assim, ou eles quebram, ou eles demoram muito, final de semana as vezes você fica 2 horas esperando um ônibus. Então eu não indico nun-ca um ônibus pra um turista. Eu sempre digo a eles, dividem em grupo de 3 e paguem um taxi. Porque, não dependam de ônibus. Porque as vezes você fica numa parada, quando você conhece, tranqüilo, e quando você não conhece? Você está num lugar que você não sabe pra onde vai direito e fica, as vezes, numa parada de ônibus que é perigosa, ali um tempão e o ônibus não passa, ou se passa é daqui a uma hora e meia, duas horas. Então, para os turistas eu indico serviço de taxi.

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Com relação aos serviços de gastronomia? Serviços e equipamentos de gastronomia, você acha que os nosso... Os principais, quais são os principais aspectos que afetam o desenvolvimento do turismo com relação aos... (!!)

A gastronomia?

... equipamentos.

Olha, tá falando dos restaurantes em si, né?

Lanchonetes, sorveterias, em geral, todos os serviços de gastronomia.

Olha, existem aqueles de, como é que se diz? De primeira linha, que não deixam a de-sejar. Porém, tem muito, muita sorveteria, muito bar, assim de 3ª categoria, abaixo de 3ª, mas os que são bons não são muito acessíveis, principalmente para a população local. O turista, quando ele vem, ele vem sem noção de preço, então as vezes ele não percebe: “-Ah, eu tô almoçando, eu tô fazendo um happy hour num barzinho muito chique em Brasília.” E no final vai sair uma conta absurda, mas ele acha que ele não conhece e que aquilo é novo. Agora, quem mora aqui, muitas vezes numa sexta-feira, sai do trabalho pra ir para um happy hour, ele fala assim: “-Não, eu prefiro ir no bar do fulano, que fica em tal lugar.” Do que ir prestigiar uma verdadeira gastronomia aqui no centro de Brasília mesmo por que ele sabe que vai ficar muito caro.

Com relação aos serviços e equipamentos de hospedagem?

Hospedagem? Olha, com relação a hospedagem eu acho que Brasília tem uma prestação de serviços assim, uma estrutura de hotéis muito boa. Tem hotéis simples, claro, mas tam-bém são mais baratos. Agora os hotéis mais sofisticados eles estão nivelados com outros hotéis em outros estados. Eu acho que o preço tá bem legal.

Tá. Ok.

E o atendimento também.

Os serviços e equipamentos de lazer e entretenimento?

Lazer e entretenimento, eis a questão. (risos) Por exemplo: teatro. Teatro é uma coisa para poucos. É, Teatro Nacional, para muito poucos. Porque assim, eu acho muito caro um ingresso de uma peça por 70 reais, por exemplo, mais de 100 reais, eu acho muito caro. Então, existem outros teatros menores, né, que são divulgados na rede do DF Tv por exemplo, é, meia é 10 reais e tal, mas as pessoas desanimam de ir pra essa parte cultural porque elas dependem de ônibus, então dá aquela preguiça de você ficar 2 horas espe-rando um ônibus, é, por exemplo, você tá em Taguatinha ou na Ceilândia e essa peça é lá no Plano Piloto. Então gera essa preguiça. E a... (!!)

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Isso você fala a população local?

Local. Agora para o turista, em geral, tem alguns atrativos, né, como o centro cultural ban-co do Brasil que é aberto a população e também pro turista em si, é, temos teatro, temos alguns shows, mas eu acredito que pra chegar próximo ao Rio de Janeiro vai demorar um bocado, viu. (risos) Tá, acho que falta muito.

Com relação aos espaços e as estruturas de serviços para realização de eventos?

Olha, com referência a eventos eu acho que nós temos boas prestadoras de serviço. Há um, menos de um mês atrás que eu fui a um evento de turismo, Centro Oeste Tur, em Goiânia, e dalí eu vi que Goiânia não está preparada para eventos igual Brasília. Aqui nós temos um, as prestadoras de serviço de eventos que oferecem as recepcionistas todas uniformizadinhas, né, o cardápio muito bem pensado, os garçons excelentes, nós temos garçons assim maravilhosos, são muito bem preparados, e eles estão sempre atentos, eu acredito que o pess... E também assim, com referência ao espaço, nós temos o Brasil 21 que é um espaço maravilhoso para eventos, o Centro de Convenções que está assim um mega espaço, dá pra acontecer vários eventos ao mesmo tempo, o Brasília Golden Tulip, né, que é o antigo Blue Tree, que está maravilhoso e temos outros espaços menores, né, temos o Museu Nacional também. Então assim, nos próprios órgãos públicos existem es-paços para eventos. Eu acho que nós estamos bem, bem calçados. É...

E você acha que quando tem um grande evento em Brasília, Brasília também tá bem calçada pra, não só receber o evento, fazer o evento num equipamento bom, mas ter serviço pra toda essa população que vem pra cá pra participar do evento? Serviço que eu falo é, hospeda todo mundo, alimenta todo mundo, desloca todo mundo? É, enfim, guia todo mundo? Tem guia pra todo mundo?

Não, eu acho que se passa um pouquinho da cota aí todo mundo já fica louco. Por exem-plo, essa semana que teve do aniversário de Brasília, tava todo mundo atrás de guia e não encontrava. Porque todo mundo já estava com algum serviço e não podia deixar de aten-der o grupo que já estava pra atender outro. Então, eu acho assim, se passar um pouco da cota já falta gente pra prestação de serviço. Tem que preparar mais pessoas.

Ok. E com relação aos Centros de Informações Turísticas?

Fraquíssimos! Deixam muito a desejar. Grande parte deles colocam meninos, verdadeiras crianças que estão, ou no primeiro, ou no segundo da faculdade, não sabe pra que lado vai o mapa, as vezes despreparados pra, se você pede um folder, “-Não, não posso, não posso.” Sabe? Aquela coisa assim. É, o próprio aeroporto também tem que se melhorar. Quando o turista chega, muitas das vezes não tem ninguém ali pra receber. Então assim, na Torre de Tv tem um grupo que vende um tour no ônibus jardineira, mas é aquela coisa

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muito engessada, se perguntarem um pouco a mais pros meninos eles se enrolam todos. Desses do Brasília Shopping, eu já fiz testes com os alunos que ficavam lá que eu fiquei assim, bestificada sabe, com a resposta, fingi que era turista e tudo pra ver se eles me indi-cavam alguma coisa e acabavam se enrolando. Um ou outro se destaca, né, um ou outro estudante que tá ali no meio se destaca, mas grande parte deles não estão preparados. Tem que haver mais pontos de divulgação para o turista.

Ok. Quais os principais aspectos que facilitam o seu trabalho como guia de turismo hoje?

Os principais aspectos?

Pelo menos 3 coisas que vem a sua mente, assim, que facilitam o seu trabalho, você falar “ – Que bom que isso existe.”

Mas assim, em que sentido? Que facilita o meu trabalho até eles chegarem a mim, até me procurarem ou quando eu estou em campo já?

Olha, eu, a pergunta era quando você está em campo, mas agora, como eu sou curio-sa eu gostaria de saber antes também, se tiver alguma coisa na sua mente eu queria que você falasse.

Porque assim, é, como eu não fico muito tempo assim esperando, “-Olha, vamos fazer um serviço e tal...” Eu acabo fazendo outros serviços porque se eu fosse depender de ser só guia de turismo o negócio estava complicado, sabe? Mas assim, é, até chegar a mim fica assim, “- Você pode fazer um serviço hoje pra mim?” Uma agência de receptivo. Aí, tá, presto serviço e tal, papapá, daí, talvez daqui a um mês ou dois meses essa mesma em-presa vai entrar em contato comigo de novo. Ou seja, há uma dificuldade muito grande, falei: “-Será que eles não fizeram serviço durante todo esse tempo?” Ou será que eles já tem uns guias específicos, né. Quando não tem ninguém que eles me chamam, tem isso. Então assim, acredito que quem não trabalha muito com essa questão de divulgação e tal papapá, você fica muito a mercê, esperando que alguém entre em contato com você.

E quando você está em campo, o que facilita o seu trabalho?

Quando eu estou em campo o que facilita o meu trabalho é que, assim, é um roteiro super fácil de se fazer, primeiro eu sempre faço a parte cima, desço, e daí faço um apro-veitamento de rota, né. Geralmente, nunca tem complicações com motoristas, são todos muito passivos, né? Muito...

Sabem o caminho direitinho...

...sabem o caminho direitinho. Tô falando guiando grupo com motorista local aqui, né, quando a gente guia, aí há dificuldade de guiar e orientar o motorista que vem de fora é meio complicado, porque, de uma certa forma, você acaba perdendo a atenção que você

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estava dando ao grupo pra poder falar, “-Vira pra esquerda! Vira pra direita!” Mas a gente consegue, né. E também assim a questão do conhecimento de já, como não muito o que inventar, são sempre os mesmos pontos, então você já conhece as pessoas, por exemplo, que recebem lá no Congresso Nacional, no Itamarati, e acaba que quando você chega você passa aquela segurança pro turista que o pessoal fala assim “-Nossa! Tudo bem? Você tá sumida!” ou “-Você aqui de novo!” Então isso é muito gostoso. Essa questão da facilida-de de fazer esse percurso, tirando o trânsito, né, tirando outros empecilhos.

Tem algum outro ponto positivo, algum outro item que facilita o seu trabalho, que você gostaria de falar?

Algum outro item que facilita o meu trabalho? Deixe me ver... É algo parece que, assim de surpresa, eu acredito que o que facilita o meu trabalho, primeiro de tudo é o amor, por estar fazendo uma coisa que eu amo fazer. A outra é estar preparada pra poder passar os conhecimentos que tenho, né. Assim esse preparo, se recebe as capacitações, as pesquisas em particular e de prestar bons serviços, isso facilita pra que outros trabalhos venham.

Agora vamos para o que dificulta.

O que dificulta? Muitas vezes a gente chega com um turista de surpresa, um serviço de surpresa e você vai, por exemplo no Museu dos Valores, a maioria das vezes se você tives-se um grupo, um numero X de pessoas eles não te recebem de forma alguma. Mas aí tem a questão das ordens da casa, né, e as vezes aquele grupo quer porque quer conhecer o Museu e você não pode levá-los porque só entra ali com o guia local. Acontece muito isso também no Palácio do Itamarati, se você não tiver agendado, de forma alguma, o grupo, você não entra. Já no Congresso Nacional eles são mais maleáveis. Isso dificulta bastante. Com referência aos restaurantes. Dificulta quando o restaurante fica ali pro eixinho e eu to com um ônibus grande, e pra entrar com essa ônibus naquelas quadras ali apertadinhas, porque nas tesourinhas eles não passam, se passarem ficam presos ali, as tesourinhas difi-cultam bastante, isso aí eu posso falar pra você. (risos)

E aí pra onde as pessoas levam? Vocês não levam, né?

Bem, a gente faz um malabarismo muito grande, por exemplo, tem um restaurante na 109 sul que se você conversar um pouquinho com o motorista, assim, ou se tiver conversando com algum turista, se você não entrar na entrada certinha você vai ter que fazer uma volta astronômica, sabe? Então, dificulta bastante. A gente sempre procura levar nos lugares que sejam fáceis pra estacionar. Estacionamento, está aí a grande dificuldade. Estacionar um ônibus em Brasília, um simples carro já está difícil, mas um ônibus, as vezes se torna quase impossível se estacionar um ônibus e manter a segurança dos passageiros. Porque, por exemplo, se você deixa eles ali na 109 sul, por exemplo pra descer é carro indo e vindo toda hora então você tem que, se for um grupo de 3ª idade, eles são mais lentos,

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né, e você tem que se virar nos 30 e depois, o que acontece? O ônibus não pode ficar ali parado na frente do restaurante, ele vai ser estacionado em outro local, quem sabe perto de uma quadra residencial ali, quando pode, e na hora de ir embora, se não tiver próximo a uma passagem de pedestres você tem que andar um tantão no sol quente com o grupo de turista. Então eu acho que isso sacrifica demais o grupo. Isso é uma grande dificuldade.

Ok, a gente está chegando ao final. Principais oportunidades e ameaças que visualiza pro turismo no DF nos próximos 10 anos?

Principais oportunidades e ameaças?

É.

Bem, eu acredito que oportunidades, é, nós temos imensas, né? Falta preparo. Então, muita oportunidade pra preparar muita gente nossa, né, pra atender bem. É, infra-estru-tura também, se crescer ela tem que ser melhorada. É, idiomas, é uma ameaça e uma oportunidade também, porque assim, se não me falha a memória, tem um ou dois guias que falam chinês, ou três, no máximo, em inglês tem uma faixa até boa, inglês e espanhol, porém japonês não sei se só tem um guia ou dois. Então assim, é uma ameaça pra quem não fala, uma oportunidade pra quem fala. E se vier uma demanda maior que, o que esse guia que fala esse idioma exclusivo aí não vai poder atender, se torna uma ameaça pra as agências de receptivo, porque elas não vão poder atender essa demanda, certo? Uma ameaça também é o trânsito, se não melhorar essa questão do trânsito, é uma grande ameaça pra se fazer um trabalho de turismo pra daqui a 10 anos, acredito que não precisa nem chegar até isso, até antes mesmo é uma grande ameaça. E oportunidades, é, nossas, nossos atrativos, assim, é, novos segmentos de turismo que a cidade possa oferecer.

Então quando você fala segmentos você diz, explica um pouco mais...

Segmentos, por exemplo, atualmente as pessoas procuram o turismo cívico, arquitetôni-co, ou rural, por exemplo, pode-se surgir novos segmentos como o religioso já é procura-do, mas tem outros segmentos que podem ser desenvolvidos aqui.

Ok, é, tendo por base os comentários dos próprios turistas que você guia, a sua expe-riência, quantos anos você tem de experiência? Desculpa.

Desde 2004, são 6 anos.

6 anos, e, é, enfim, essa experiência no dia-a-dia com o turista, o que você acha que poderia ser uma oportunidade de negócio em turismo e que não vem sendo, ou que não vem sendo explorada, que você vê que o turista sente falta, que você sente falta quando você está em campo com eles? E pode ser, ou algo que não existe, que você já identificou ou que o próprio turista já fica te lembrando: “- Por que que não tem isso? – Por que que não tem isso?” Ou algo que existe mas que não supre as necessi-

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dades, que você fala “-Pô, olha aí uma oportunidade, a pessoa que investir nisso aqui vai ganhar dinheiro.”

Olha, são tantas coisas, mas assim agora, assim de “surprise”. Eu acredito que, deixe me ver, esse daqui é caso pra se pensar. É, eu acredito que, por exemplo, um... Um próprio centro de atendimento ao turista, né, com eficiência, com eficiência. É, deixa me ver mais o que... Dá uma pausa aí (risos) pra gente poder pensar... (...) Olha, eu acho que... Menina é tanta coisa, é porque você me pegou de surpresa, nem imaginava...

Que engraçado é tanta coisa (#)...(risos)

... que não vai... Deixa eu ver... Uma coisa que... É, porque assim, os nossos tours são tão, eu to pensando aqui e pensando em outras cidades, por exemplo, é, viaja pra outras cidades e vê outros atrativos, trabalha com outros guias, o que pode ser comparado... (...)

Você falou do centro de informação ao turista. Você acha que, não sei, você acha que teria algum serviço de transporte que não existe e que o turista fala “- Por que que não tem alguma coisa?” Ou algum alimento, ou algum souvenir que deveria ter e não existe?

Isso.

Ou algum, não sei, algum site na internet que divulgue a programação. Porque todo mundo reclama que não sabem onde que tem a informação? Ou enfim, tem algo que você vê na fala do turista que sempre se repete, que você fala “-Gente, a pessoa que investir nisso aqui vai rachar de ganhar dinheiro, porque todo mundo quer e não tem.” Ou tem mas não supre, alguma coisa assim.

Huhum, deixa me ver, é porque assim... (!!) (##) (??) to pensando num grupo, nesse úl-timo grupo agora...

Eles identificaram alguma coisa (??)...

Que eu percebi... (...) Era um pessoal do nordeste... (...) Pessoal de 3ª idade. Não era nor-deste não era do norte... Eu acredito que um serviço assim de transporte que não tivesse só, que não fosse só taxi. Tipo uns micro-ônibus com preços pequenos, mas que fosse voltado pro turista, entendeu? Por exemplo, as senhorinhas da 3ª idade saíram do evento, é, Centro de Convenções e daí elas não querem é comer comida pesada, elas querem ir num determinado restaurante que tenha uma comidinha tranqüila, só que quer ir todo mundo junto, não querem ir picado em taxi, picado, você entendeu? O grupo quer ir. Acho que falta isso. E o ônibus delas não está lá, elas vieram por conta própria, entendeu, e quer ir todo mundo junto pra determinado lugar. De lá elas querem ir pro Pontão. Falta isso, porque eles vieram de avião, então eles não tem ônibus pra isso, entendeu?

Entendi.

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E não contrataram, os serviços que eles contataram foi só pra levá-los no Centro de Con-venções de manhã e daí pegá-los a noite, e a noite ele só tem a incumbência de levá-las no hotel, e do hotel pra lá elas querem ir ou pro supermercado comprar uma água, ou querem ir num restaurante, mas quer ir, digamos que o grupo tenha 30 pessoas, 20 delas querem ir a um supermercado, 20 delas querem ir jantar e a outra parte que sobrou quer ir no supermercado e depois ir pro hotel, e extrapolou o serviço do ônibus lá que eles contrataram e o cara não pode fazer, se fazer eles vão ter que pagar extra, e na verdade o ônibus, o dono lá não quer que faça extra porque ele precisa do ônibus amanhã cedo. Então tinha que ter algum ônibus, alguns, né, de plantão, carros diversos.

Ok, vamos lá. A última, é pensando em copa do mundo. Você tem alguma sugestão ou recomendação pro DF, pro turismo no DF pra copa?

Pra Copa do Mundo? Olha, primeira recomendação: cursos de idiomas, bato nessa tecla, e juntamente com esses cursos é, também um estudo sobre o comportamento, a cultura de outros países. Porque não adianta você falar outro idioma e você não saber se você que se você mostrar a sola do sapato pra um árabe pra ele é uma ofensa, entendeu? Então tem que ser atrelado a isso, você saber um pouco sobre a cultura do outro pra poder recebê-lo e não, ao invés de você ser um receptivo você ser um ofensivo pra ele... Isso daí... (!!)

Teria alguma última observação em relação a tudo que nós, que foi dito aqui e que você gostaria de...

Olha, eu acredito que assim a observação que eu tenho com referência a minha classe de guia de turismo é que as pessoas sejam mais éticas e mais unidas. Assim, não sejam tão, a palavra não é bem essa, mas assim, que não sejam tão egoístas. Que façam uma coisa ma-cro, que dê pra todo mundo, entendeu? Que todo mundo se prepare e que todo mundo se una, porque o turista de uma certa forma ele percebe tudo, por mais que ele esteja de passagem ele percebe se você se dá bem com fulano, se você se dá bem com cicrano e nós não somos pra sempre, vai que você tá marcado pra receber um grupo amanhã e esse grupo vai ficar contigo durante 3 dias, no primeiro dia você fez um serviço eles gostaram, aí depois no outro dia você chama uma outra pessoa e ela faz de má vontade ou faz de qualquer jeito, então isso daí, e pode ser ao contrário também, né? Então eu acho que tem que se nivelar e tentar fazer o melhor possível para o turista.

Ok, obrigada, deu 58 minutos...

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ENTREVISTA 5

Data: 26/04/2010Entrevistadora: Karen Basso

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

PERFIL DO GUIA

Eu vou começar identificando um pouquinho o seu serviço, ta? Qualificação, quantos anos você tem de mercado?

Tá, eu já atuo como guia de turismo regional há 29 anos. Principalmente com os turistas estrangeiros (?)... também com brasileiros, mas é... Dos idiomas inglês, alemão e espanhol. Eu trabalho principalmente para as agências de receptivo, todas elas praticamente e nos últimos tempos também tenho feito alguns serviços independentes também, através de con-tatos diretos.

E a sua formação? Você...(!!)

Eu sou formado, eu sou, eu fiz Letras/Tradução na Universidade de Brasília – Alemão.

Alemão.

É.

Então você tem fluência, você guia com fluência em Alemão, inglês...(!!)

Alemão, inglês e espanhol.

Espanhol também. Ok. Qual é o público, você falou que é estrangeiro, maior parte deles é estrangeiro, família, grupo, individual?

Bom, eu trabalho muito com grupos de excursão, trabalho com individuais que são casais em geral, às vezes, alguns períodos do ano você tem famílias da Europa, por exemplo em férias, tem diminuído muito mas houve uma época que tinham meses específicos onde recebíamos muitas famílias, e hoje até abriu o leque, tenho trabalhado também com delegações oficiais que vem em visita oficial ao Brasil, trabalhei recentemente com a delegação da Índia nesse encontro Bricks, atendimento também a empresários brasileiros e estrangeiros que vem re-solver algum trâmite aqui no governo federal, grupos de fazendeiros também tem um nicho específico em algumas épocas do ano de fazendeiros norte americanos e colombianos.

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É turismo científico?

Não, é turismo rural, eles vem conhecer o modelo produtivo daqui. Os americanos vem para a parte de grãos, os colombianos vem mais, em geral para Expozebu em Uberaba e aproveitam para visitar fazendas de criação de gado em Goiás, Minas, São Paulo. As vezes eu acompanho esses grupos. E pessoas até mesmo, até comentava lá fora com a [outra guia entrevistada] isso que a gente ta tendo que diversificar, não pode mais se ater a atender apensas turistas, né, pessoas que vem participar de manifestação, pessoas que vem resolver algum tramite burocrático, as vezes usa os serviços dos guias, como motorista, como, para dar algum apoio. É muito comum as reuniões de sindicatos, tem um nicho que a gente aten-de as vezes. A Fisco, esse pessoal. Não é um trabalho especificamente de guia, mas é um tra-balho de apoio, né, de alguém que é local, conhece a cidade, sabe, então às vezes contrata. Então eu tenho percebido isso, a gente tem, não dá mais pra gente trabalhar somente com o turista, o turista clássico, que vem para, que paga um pacote e que vem para conhecer a cidade. Ele já não é maioria, né, aliás acho que nunca foi, mas em relação aos anos 80, por exemplo, diminuiu muito o numero de turistas. Até as pessoas sempre tem, vê o turismo assim como uma coisa muito bonita, né, impressão bonita e tal, o que ele tem crescido, tem aumentado é a impressão que as pessoas tem é que o turismo tem crescido aqui, né. Mas, na ótica do guia de turismo ele diminuiu, o numero de turistas diminuiu. Tem aumentado o numero de visitantes como um todo,(??), pessoas que vem a trabalho, vem resolver... Até as vezes tem assim, tirar um visto. Você pega uma pessoa que vem tirar um visto na embaixada americana, contrata um guia de turismo para buscá-lo no aeroporto, levar na embaixada, e depois faz um passeiozinho e volta para o aeroporto.

Eu vou pedir só pra você falar um pouquinho mais alto as vezes, ta?

Tô com a garganta um pouco, to meio com uma gripe e minha voz não é muito alta e ta pior hoje.

Desculpa, eu vou forçar um pouquinho.

Tá, vou procurar falar mais...

Pertinho. Vou colocar aqui perto de ti. Quantos roteiros você tem executado, você executa por mês em média?

Olha eu trabalho em média 3, 4 vezes por semana. Aí, como é que a gente fazia essa conta-bilidade aí, no caso, se é, as vezes é um roteiro por serviço, como pode ser mais de um por serviço, em geral um roteiro por serviço, se é um passeio de meio dia, é um roteiro de meio dia visitando os pontos principais, se é um roteiro, se é uma permanência de dia inteiro o turista comprou um pacote de dia inteiro, um “full Day”, seriam, seria já um roteiro de dia inteiro, eu não sei como é que você está medindo isso. É, porque roteiro tem inúmeros...

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É eu vou entrar no tour menor de horário, de tempo de duração do roteiro, mas essa pergunta mais específica para gente ter uma idéia de quantos roteiros você faz ao mês. E principalmente se você depende, se você só trabalha com isso, se é sua principal fonte de renda, ou não? Por que as vezes a pessoa 1 por semana, dá 4 por mês, ou 1 por mês.

Não, eu vivo exclusivamente disso, eu faço essa média aí de, talvez...

3 ou 4 por semana.

3 ou 4 por semana...

O que dá aí cerca de 16 por mês?

É, por aí.

Talvez menos.

É depende da época do ano.

Isso que eu queria saber também, se tem sazonalidade, qual seria a época de pico, qual seria a época de mais calmaria?

Tem, por exemplo, para os guias que falam idiomas estrangeiros o segundo semestre, em geral, é alta temporada que começa em Setembro, Setembro, Outubro, Novembro, No-vembro é o mês de maior movimento de grupos de estrangeiros. Esses 3 meses são os de maior movimento. Depois, aí Dezembro dá uma paradinha, retoma novamente antes do carnaval, era, isso aí tudo tem mudado, retomava já em Janeiro, agora tem retomado, Fevereiro ou Março. Abril, aí Maio entra, que seria a baixa temporada, Maio e Junho pra gente é baixa temporada. Aí Julho começa, no passado começavam vir os europeus do sul, italianos, franceses e espanhóis, portugueses, hoje já não vem tanto, então a gente começa a temporada no segundo semestre mais ou menos na segunda quinzena de Julho para frente. Mas aí tem, por exemplo já, como são férias escolares, já tem, por exemplo, as vezes vem um funcionário da embaixada americana, ta servindo aqui no primeiro ano aí vem um pa-rente visitar. Por ser férias lá a gente também, pode se dizer que Julho já seria então também temporada. A gente tem num total de 12 meses, 8 meses de temporada e 4 meses de baixa temporada, digamos assim.

Ok. Qual que é a duração, agora sobre a duração média dos roteiros que executa?

Não, a duração média é de 4 horas dos roteiros.

Ok, quais os principais roteiros que você realiza?

É, o nosso principal atrativo é a coleção de arquitetura moderna, que a capital tem a maior coleção do mundo, é o roteiro que a gente chamava antigamente de roteiro numero 1, que é o Tour, o City Tour de meio dia, onde se visitam os pontos principais como a Catedral, Pra-

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ça dos 3 Poderes, Palácio da Alvorada, Santuário de Dom Bosco, Engenho de Fátima, Setor Militar, é o roteiro de atrativos arquitetônicos de meio dia de duração. Não sei agora como é que ele ta sendo chamado aí, a gente chama de Tour numero 1 antigamente. É o roteiro...

Caracteriza como cívico, porque tem o cívico, tem o arquitetônico, agora ta...

É, eu até trabalhei nisso aí, foi feito mais por uma questão de sistematizar quando forem às feiras ter uma coisa mais uniforme, né. Mas cada um chama do jeito que quiser, cada operador, né.

Depois desse roteiro, que você tem o numero 1 básico, que mais executa, tem o se-gundo que também mais execute? Queria que você me dissesse pelo menos 3 que você mais executa.

É, bom, na verdade a permanência do turista em Brasília é muito curta, não é? O turista raramente fica aqui 2 noites, ele fica em geral 1 pernoite quando muito, você tem grupos de arquitetos que ficam mais de 2 noites, mas turistas em geral as vezes não ficam nenhuma noite, ele chega de manhã e vai embora no final do dia. Então a gente executa esse passeio de meio dia ou o passeio de dia inteiro que seria uma mistura de cívico com arquitetônico, né. É, seria mais aprofundado, com mais horas, com visitas internas, por exemplo, ao Con-gresso, ao Itamaraty. O passeio de meio dia a gente normalmente não entra no Congresso e no Itamaraty, porque são visitas que demoram 50 minutos, a gente dá opção para o turista ir depois por conta própria sozinho, ou fica sem ver se não dispuser de tempo e não quiser ir depois por conta própria né.

Ok. É houveram aqueles roteiros que a Brasíliatur realmente sistematizou, né, os 5, Jurídico e tal, que, mas 3 da feira, mas enfim eles também tinham, tiveram o enredo, envolveram... (!!!)

É, tem os místico por exemplo...

Eu gostaria de saber se você executa algum?

Executo, por exemplo...

Qual e por que?

Esse ano eu executei o Tour Místico, eu fiz, eu fui ao Vale do Amanhecer, nós estamos já no mês de Abril, fui uma única vez, se eu for considerar nos últimos dois anos eu fui uma vez por ano no Vale do Amanhecer com turistas, a pedido dos turistas, que eram turistas que tinham essa orientação exotérica, mística e me pediram e eu levei. Gostaram muito até. O Tour Jurídico, de vez em quando eu tenho consultas, para te ser sincero eu nunca fechei um Tour Jurídico com aquele consultor. Sobre preços, disponibilidade de dia, de datas, mas eu sempre vejo na rua aí os estudantes, a gente consegue identificar porque ta todo mundo

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vestido de preto, né, os jovens de terno preto no maior solão, e as meninas também, então a gente identifica de longe que são estudantes de direito. Eu sempre vejo aí na rua, mas eu mesmo nunca fiz esse Tour. Tem esse Tour, por exemplo, eu fui a Pirenópolis também esse ano eu acho que eu fui uma ou talvez duas vezes. Ou seja, 90% do meu tempo ou mais é aqui o Tour Arquitetônico, ou o Tour Cívico aqui dentro da cidade. Justamente porque o turista não tem tempo, é impossível ele fazer, se ele vem para passar um dia não tem como ele ir a Pirenópolis, não tem como ele ir ao Itiquira, eu fui a Itiquira também em Dezembro do ano passado eu fui em Itiquira. Eu acho que o ano inteiro eu fui uma vez no Itiquira. Então o nosso carro chefe é arquitetura já que as pessoas não tempo, né. E essa semana eu teria ficado com um casal de alemães que não ficaram, iam vir para a visitação da cidade, não vieram por causa do vulcão, ia ficar 7 dias com eles, aí eu ia por em prática todos os roteiros, já tinha acertado para ir ao Itiquira um dia, ir a Chapada Imperial, ir a Pirenópolis, conhecer as Cidades Satélites, ia fazer bem completo, já conhecem Brasília, já vieram uma vez estavam voltando.

Bacana.

Mas aí por causa do vulcão não chegaram a vir.

É, quais são as principais empresas com as quais você presta serviço?

Olha, eu trabalho muito com a Presteza Turismo, né, que é a agência líder no receptivo, com a Power Turismo que são as duas maiores agências de receptivo a estrangeiros, e tem uma série de outras que eu trabalho também, Sport, aqui e ali, por exemplo, a Veloso de Tor, a Viagens Brasil, algumas até locadoras de veículos também eles me chamam.

É isso que eu ia te perguntar, se tem alguma outra prestadora que não agência da qual você tem o contato.

Tem, é, normalmente são, esses serviços são normalmente, são serviços, por exemplo essa delegação oficial da Índia quem me contratou foi uma locadora de veículo, eu trabalhei como motorista e interprete, uma espécie de motorista intérprete. Foi uma locadora, Jovi-Tours que me contratou.

Ok. Teve, e tem também, sei lá, hotéis que te...

Também, os hotéis, normalmente eles chamam assim de última hora quando tem algum cliente interessado em fazer um Tour Privativo aí eles telefonam para os guias. Tenho feito até bastante, semana passada eu fiz dois desses Tours.

Na sua fala eu identifiquei também que você também tem uma cartela de clientes com os quais você já trabalhou...

Tenho.

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... E que voltam a te procurar ou te indicam para outros amigos e você também tem essa...

Tenho, eu tenho, como eu já trabalho há quase 30 anos como guia, já sou muito conhecido e tenho alguns clientes que me procuram através de indicação de outros que já foram clien-tes meus no passado, ou mesmo procuro sindicato, procuro a própria, o próprio Ministério do Turismo cadastrou, já recebi...

Interessante.

Agora mesmo enquanto eu esperava eu recebi uma solicitação de uma agência do Rio e de São Paulo que me encontrou através acho que do sindicato, acho que esteve na reunião e não me encontrou.

É, qual é o valor médio cobrado pelo serviço prestado, no roteiro médio de 4 horas por exemplo. Que você ta…

É, 150 reais.

Quatro horas.

É.

Seu teto, se fosse falar o preço menor que você cobra, não (?), de repente é um roteiro rápido, qual que é o teu limite pra você trabalhar?

80 reais, o mínimo, né, o piso.

No mínimo, sem isso não dá?

É, normalmente não...

Ok. Esse preço é por pessoa ou é o pacote?

Pelo serviço, pelo serviço.

PERCEPÇÃO DESTINO BRASÍLIA

Agora eu vou entrar um pouquinho na percepção do destino Brasília ta, como um todo. Como é que você avalia hoje o destino Brasília em geral?

Olha, o destino Brasília é um destino bem interessante porque as pessoas que vem, é, principalmente as pessoas mais cultas, as pessoas que vem ao Brasil para conhecer o país como um todo e não apenas o estereótipo de praia e samba e futebol, normalmente o tu-rista que vem a Brasília, vem sabendo que ele, grande parte sabe o que ele vai encontrar, ele vem buscando essa arquitetura moderna, a fama que Brasília já tem, e em geral eles

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gostam muito, em geral eles gostam. Porque até eu ouço muita reclamação de estrangeiros que procuram pacotes que incluam Brasília no roteiro e muitas vezes não encontram, eles tem que insistir, as vezes até comprar um pacote privativo para vir até Brasília, ou esperar determinada agência que vai ter uma saída numa data específica que inclua Brasília, né. Eu to falando isso em relação aos europeus que de vez em quando manifestam essa preocupa-ção, que eles não conseguem, querem ir a Brasília e não tem roteiros que incluam Brasília. Incluem Rio, Iguaçu, ou então outros destinos do Brasil, mas não inclui Brasília. Então é, as pessoas tendem a crer que Brasília não tem muita coisa para ver. Que você vem num dia, então existe essa cultura de que o turista que vem passar 15 dias no Brasil para ir visitar só Rio, Iguaçu, Manaus, Salvador, Belo Horizonte, Ouro Preto, Brasília, sempre Brasília vai ficar sacrificada com menos tempo. Eles não vão, por exemplo, sacrificar uma noite a mais no Rio, uma noite a mais no Amazônia, para ficar um dia a mais em Brasília, preferem sacrifi-car Brasília e ficar um pernoite a mais nessas, noutros locais. Então, nesse aspecto Brasília sempre fica prejudicada porque tem essa fama, essa má fama de que se vê tudo rápido, que não tem muita coisa que ver. Aqueles que vem e tem interesse, que tem cultura para poder acompanhar, né... Quando, todo mundo que vem aqui, quando tem um bom guia que pode explicar realmente gosta porque... Eu noto assim, as pessoas de maior nível cultural são aquelas que apreciam mais, que tem um entendimento de que que é arquitetura, consegue entender a importância, da repercutilidade de uma capital como Brasília. Tem muita gente que critica por criticar e não, sem fundamento, sem base, né. Assim eu vejo que é uma, é competição dura com os outros destinos Brasileiros né, porque o turista, to falando do tu-rista internacional, ele vem para o Brasil normalmente 1 só vez, raramente vai voltar, então ele quer conhecer o máximo possível de localidades enquanto está aqui, e Brasília sempre fica meio que relegada ao segundo plano. Apesar de que, cada vez mais, tem aumentado a importância. Eu noto que as pessoas tem, “a...

Procurado mais.

... Procurado, pelos que vem e diz “-Ah eu me lembro quando era, estávamos na escola Brasília foi inaugurada, sempre tive Brasília em mente porque desde da época de escola, agora eu to, ta transformando em realidade essa minha visita aqui e tal” . Então Brasília já é um ícone, né, dentro dos atrativos mundiais de visitação já tem uma marca já.

E como é que você avalia o destino Brasília com relação a algum aspectos específicos? Eu vou citar alguns, aí você vai pensando... Acessibilidade, mobilidade, qualidade no atendimento, preço, segurança, promoção e comercialização, articulação das presta-doras de serviço, estrutura turística e infra-estrutura geral, turística também, a geral, e qualidade dos produtos ofertados para o turista. Eu fui citando, eu ia citar uma por uma, mas eu passei todas para você falar um geral.

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É, bom, a articulação por exemplo eu noto que a ta tendo um trabalho de articulação novo, né, através do Sebrae, e o Estudo Tradergeners, eu sei que estão acontecendo reuniões, as pessoas estão se conhecendo, os diversos atores envolvidos no turismo, isso é positivo. E em relação a atendimento ainda falta qualificação, a reclamação que todo mundo, o estrangeiro faz, as pessoas que trabalham nos hotéis não falam inglês, não estão bem treinadas. Nunca me esqueço um dia que eu estava lá no antigo Blue Tree com um hospede no café da manhã, ele pediu um ovo mexido lá e o ovo estava pronto há uns vários minutos, estava a gerente mais 3 funcionários, impecavelmente vestidos e estavam esperando o ovo esfriar para ir bus-car e levar o ovo para ele. O que adianta? Todos impecavelmente vestidos, mas não foram treinados para levar com rapidez antes que o ovo esfrie. Ou seja, ou aprende de berço, ter uma família que sempre viajou, que conhece como funciona ou não tem atendimento por-que a qualificação, o treinamento é pequeno. O hotel que é considerado hoje o melhor de Brasília que o Royal Tulip e as pessoas reclamam direto. Falta preparo, falta qualificação. E segurança, Brasília ainda é uma cidade relativamente segura, não é problema, né. A infra-es-trutura da cidade é relativamente boa. Agora mobilidade é um problema né, uma concepção arquitetônica dela dificulta a mobilidade de pedestre né. Então Brasília não vai, sempre vai existir, é um problema que ele não tem como sanar porque o próprio conceito arquitetônico dela, as coisas são distantes, né. Não tem como a pessoa se deslocar a pé para tudo quanto é lugar. Olha que eu encorajo, eu encorajo muito as pessoas quando tem tempo para fazer um Tour comigo de manhã e a tarde, falo vão ao Congresso, se quiserem, se gostarem de caminhar, andar a pé e ir caminhando tudo. As vezes eu encorajo de ir no dia seguinte de manhã cedo quando o sol ta menos forte. Eu acho que pulei algum item desses que você...

Preço.

É, os preços, Brasília não é tão caro, por exemplo eu tenho experiência do Rio de Janeiro, lá em geral as coisas são mais caras, hotelaria, os serviços turísticos são mais caros que aqui, é bem verdade que o custo de vida também lá é alto, né. Se bem que Brasília hoje tem um custo de vida muito alto, né. Eu acredito que os preços praticados pelas agências não são tão baixos não. Os turistas do Brasil hoje, temos que admitir que é um destino caro. Né, in-clusive até a comida que eles sempre relatavam como sendo barata dizem que já está quase tão cara como na Europa. Realmente não ta barato o Brasil.

Agora o serviço e o preço de Brasília você acha que atende? As vezes o preço é alto e o serviço é ótimo, então o turista sai satisfeito... (!!)

É, eu acho que não, eu não sei, essa é uma questão bem delicada porque eu trabalho como guia, eu sei que a remuneração que a gente ta recebendo está abaixo do que eu considero justo, considero necessário para gente ter uma vida digna aqui. Daqui uns dias a gente não conseguir mais nem morar na cidade, eu vou, to pensando, eu moro na Asa Norte, fui nasci-do e criado na Asa Norte, to me vendo já morando numa cidade satélite em breve, porque...

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Tá muito caro o custo de vida...

Muito caro o custo de vida e a remuneração não está acompanhando. Inclusive eu tenho chamado os colegas para gente discutir isso para o segundo semestre, sentar com as agên-cias porque ta muito defasado a nossa remuneração e eles também alegavam que estavam com os preços defasados, porque todos os tarifários são baseados em dólar, o dólar tava defasado, eu sei que eles reajustaram os tarifários agora para 2010 é, preço/qualidade não ta batendo não. Nem sempre por culpa das operadoras, das agências, por culpa de falta de equipamentos. Se você quiser alugar um ônibus hoje em condições de fazer um city tour, porque as vezes tem dificuldade, você tem um ônibus muito moderno, alto, bonito, mas que não é prático para fazer um city tour, um ônibus para viajar, não é um ônibus para você entrar numa super quadra, descer, a cada 10 minutos, fazer uma parada, descer com 30, 40 pessoas de 3º idade. Então a gente não tem equipamentos próprio para City Tou, como tem no Rio agências, empresas de ônibus que são dedicadas a fazer Tour, eles tem ônibus curtinho que tem mais acesso. Aqui aí você tem esses ônibusão enormes de Double Deck, motoristas despreparados para atender turistas, são acostumados a viajar onde eles são o Rei da Estrada, eles mandam no ônibus, eles são os reis, aqui eles tem que se submeter a outras regras né, tem que compor junto com o guia, onde vai, onde não vai, ou se vai primeiro em tal lugar. Então tem despreparo e falta de equipamentos, aí as vezes não condiz, a gente tem problemas sérios de usar ônibus velho. Deu feriado, por exemplo, todo mundo aluga os ôni-bus para viajar, só ficam ônibus velho aqui. Todo ano tem problema em Outubro na semana do saco cheio, sempre tem turista, ano passado eu fiz um Tour com um ônibus de cantor sertanejo. Teve reclamação, o pessoal que (?), era um ônibus que tinha ar-condicionado, um microfone, ainda tinha um motorista tão ingênuo que foi um dos passageiros na frente disse que era motorista também, falou: “-Ah, esse carro aqui não tem seta não, vou mostrar pra ele...” eu falei, não faz isso não, não mostra isso pra ele não que ele vai ficar preocupado, esse carro a seta não funciona, aí ele foi contar para o colega dele que era o cliente, “-Não, não fala isso para ele não, deixa assim mesmo...” O carro não tinha seta né. (risos)

Nossa! Como que em geral você percebe o turismo no DF do ponto de vista do seu trabalho?

Bom, eu já, eu nunca tive outra profissão na vida, né, então eu tenho muito entusiasmo com o meu trabalho, eu gosto muito do que faço, praticamente nunca fiz outra coisa na vida a não ser ser guia, comecei muito novo, com 13 anos de idade eu já era guia. Gosto muito da cidade e tenho muito prazer em fazer esse trabalho e eu me considero um embaixador de Brasília em relação ao humano, eu tenho um mister maior que eu considero na minha vida de ser guia aqui em Brasília, eu acho que é um privilégio, tanto como eu posso passar para as pessoas de fora a minha experiência de ter nascido e ter sido criado aqui, como eu aprendo muito com eles também, então eu gosto muito desse trabalho, tenho muita satis-fação em executá-lo.

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E como você vê a imagem, você até falou um pouquinho agora há pouco, mas eu não entrei muito, vou entrar agora. Como que você vê a imagem do destino Brasília na men-te, na cabeça, no ideal dos turistas que você guia. Dizer como é que eles vêem Brasília.

É, as pessoas vem, sempre, primeiro vem com muita curiosidade para conhecer a cidade porque é uma cidade diferente, e existem duas versões, né, tem aquelas pessoas que vem, vê a cidade, a construção de Brasília, o negócio da capital como uma coisa positiva e admiram a arquitetura a monumentalidade da cidade e já tem outros que vem com essa mentalidade de que aqui não tem muita coisa para se ver, que se vê rapidamente. Aí o turista que normal-mente que paga pra vir, que compra um pacote, esse vem com interesse. Aquele que vem por exemplo para o Congresso de determinada categoria profissional e as esposas tem um programa paralelo, um Tour pela cidade. Elas não tem a mínima, elas fazem o Tour porque ta na programação, ficam batendo papo, interessadas em fazer compras. Então tem dois tipos de turistas, aquele que compra o pacote para vir conhecer Brasília, esse gosta, presta atenção, admira, tira fotos, e tem aquele que vem participar de eventos e é oferecido um City Tour como parte da programação, principalmente para os acompanhantes e esses já fazem um passeio sem muita motivação, acham que rapidinho se vê as coisas. É, infelizmente... (!!)

As vezes nem tem tanto interesse...

... nem tem tanto interesse. Tem, existe essa cultura, eu sei disso entre as operadoras do Rio de Janeiro, que é o nosso portal de entrada, de que Brasília se vê em poucas horas, que Brasília não tem muita coisa para se ver. Isso eu ouço relatos de turistas que tentaram vir a Brasília, disse “-Não, não vale a pena. Por que você vai a Brasília? Fazer o que lá? Não tem nada para ver lá...” Isso, é, agentes de turismo falam isso no Rio, por exemplo. Então existe esses dois lados, tem gente mal informada que generaliza, diz que não tem nada para ver, que não vale a pena.

É verdade. Na sua opinião quais os principais aspectos que afetam o desenvolvimento do turismo aqui em Brasília, no DF, do ponto de vista, ah eu vou pontuar vários itens, ta? Eu vou começar pelo ponto de vista dos próprios serviços de guia de turismo. Então queria que você me dissesse assim quais são os pontos positivos, quais são os pontos negativos? O que que, do trabalho dos guias, dos guias que estão aí, quais os aspectos que afetam o desenvolvimento do turismo no DF?

É, bom, em primeiro lugar, os guias que permaneceram na profissão são pessoas que gostam do trabalho, que tem muita experiência. Eu vejo isso como positivo. Por outro lado, o aspec-to negativo é que não há renovação, por exemplo hoje em dia se você precisar de 5 guias em inglês que tenham o mesmo padrão só de idioma você não vai ter, vai ter dificuldade de conseguir, isso sem falar nos outros aspectos, de conhecimentos gerais, de cultura e tal. E os jovens não sentem estimulados, por que eles fazem o curso de formação de guia e não con-

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seguem viver da profissão, eles fazem um serviço uma vez por mês, se dá um (?) ponto aqui eu vou morrer de fome se continuar trabalhando como guia, aí vão procurar outra coisa. Então é um paradoxo, a gente, por um lado, tem necessidade de mão de obra quando tem um evento aí pontual que precise de muita gente, falta guia, mas, por outro lado, você não, os guias não conseguem sobreviver da profissão, com exceção desses como eu que já atuam a mais de 20 ano, são muito conhecidos, mas é, as agencias reclamam, hoje em dia em Alemão nós temos 2 ou 3, tem eu, tem a Brirgit, que estava aí, tem a Renata que também é pouco conhecida, ela também tem outras atividades, não é a atividade principal, ela nem é muito conhecida como guia de Alemão e fala o alemão, é guia de alemão, né.

Do ponto de vista dos atrativos turísticos.

Ah, dos atrativos eu acho que cada vez tem aumentado mais os atrativos, eu acho que não tem assim, tinham alguns que estavam em mal estado de conservação, a situação do Sena-do Catedral por exemplo, ta em reforma, já está reaberta a visitação, a Torre vai entrar em reforma. Ou seja os atrativos eu não vejo como um problema não, pelo contrário, cada vez aumentou mais, tem hoje CCBB para se visitar, tem o Templo da Boa Vontade, o próprio Campus da Universidade, não falta atrativo aqui.

Serviços de agências de receptivo.

É, as agências de receptivo hoje são um número reduzido e entrou muita gente aventureira, tem muita gente que não é agência fazendo trabalho de agência, como locadoras de veícu-los e tem vários profissionais de outras atividades paralelas executando o serviço de agência sem ter o preparo adequado para isso.

É, transportadora turísticas e os serviços de transporte.

É, esse é um problema meio, é complicado, eu já tinha mencionado antes, principalmente ônibus, nós não temos, aqui é um problema crônico, não temos ônibus dedicado a City Tour. Então, primeiro que eles são ônibus com cabine, que atrapalha a visão, para poder via-jar a noite o motorista fecha as cortinas, o passageiro dorme. Mas para o City Tour ele não é o ideal, o ideal é um ônibus sem cabine, a gente não tem ônibus sem cabine aqui para fazer City Tour. Que a gente tem, que precisa de ônibus que tenha, conforto, ar-condicionado e microfone, aí os que tem esse conforto, ar-condicionado, são aqueles ônibus grandões que são próprios para City Tour dentro de uma cidade grande. Aí a nossa dificuldade é essa, você tem os ônibus muito bons, mas que não servem e os motoristas não tem preparo para dirigir aqui. Não gostam, muitos falam “eu não gosto de fazer City Tour, eu gosto é de viajar. Tô fazendo isso aqui porque me mandaram vir fazer isso aqui hoje, mas eu não gosto. A Catedral por exemplo é uma que tem uns ônibus bonitões, mas...

Será que eles não gostam por causa dos problemas, tem que dar muitas voltas... (!!)

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Tem que dar volta, tem que ter paciência, não tem, tem que ter paciência, tem que, tem outro trato, motorista de viagem tem um trato diferente do motorista de turismo. Tem que saber lhe dar com as pessoas e tem que ser um bom motorista, tecnicamente falando, de dirigir, ser bom de roda, mas tem que ter um trato pessoal, relação pessoal é diferente, tem que saber lidar com o guia, com os estrangeiros, tem que estar com sorriso no rosto. Eu tenho um exemplo clássico de um grupo que eu faço que sempre quer o mesmo motorista, e o mesmo guia, e o mesmo ônibus, quer, é uma política da empresa, eles remuneram, tem gorjeta específica para esses profissionais, aí eles querem que o profissional dê a mão aos velhinhos para descer, estar com sorriso no rosto. E aqui deu um que foi cortado era assim, ele só ficava com sorriso no rosto no dia de ir embora, porque sabia que ia vir a gorjeta, né, porque se não ele virava a cara, “-Não quero ir”. Então tem um problema sério de, como eu te falei... (Com o serviço de transporte, né?) É, transporte, princi-palmente ônibus, Van tem bastante, van não é problema, mas ônibus é problemático.

Ok. Serviços e equipamentos também de gastronomia.

Olha, equipamento de gastronomia eu acho que Brasília ta bem servida, apesar de que o turista que a gente lida não tem tempo de usufruir de tudo isso, porque ele não fica aqui tempo suficiente. Ele faz no máximo uma refeição aqui, mas eu acho que a gente ta bem servido, tem muitas opções. É, não ta nada barato, hoje em dia, outro dia um pedido de levar uma pessoa num restaurante a la carte, no meio da semana, num almoço e tive uma certa dificuldade. Porque eu não queria levar no Piantela, eu queria mocar, um local mais aprazível assim, aí seria, a opção seria o Beer Faz do Pontão, só que na segunda-feira ele não abre para almoço. Eu acabei levando no Academia, não no Clube de Golf, no Oliver. Não foi tão bom não, o atendimento foi bom e tudo, mas a comida é, não fez juízo ao preço não. E, mas no geral tem muita opção. A gente tem trabalhado muito com Buffet, tenho levado mais para Buffet, principalmente para almoço. Se você pensar hoje não tem tanta opção a la carte para almoço. Tenta lembrar agora, onde você vai comer a la carte para almoço? Não tem tantas opções, tem o Beirute, mas aí tem que ver que tipo de cliente você ta, né, que, um cliente mais formal, mas também não queria num restaurante fechado de político ele queria uma coisa aberta. Eu fiquei matutando para ver onde eu levava.

É, com relação ao serviços e equipamentos de hospedagem?

É, ta, ta bastante bom, né, tem vários hotéis novos em Brasília, é, os equipamentos são bons, a qualidade do atendimento de serviços é que o pessoal ainda reclama muito.

Lazer e entretenimento.

Também acho que tem muita coisa em Brasília. É pena que eles não conseguem ver tudo que tem. Por que tem muita coisa, tem Orquestra Sinfônica toda semana, tem Centro Cul-tural da Caixa, CCBB, tem muito, eu menciono tudo isso para eles, quando eu vejo, se a pessoa tem interesse, eu todo dia leio o jornal para justamente ter esse embasamento.

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Ok, centro de informações turísticas?

Estão fechados no momento, e ta precisando, ta fazendo falta.

Tá fazendo falta né. Quais os principais aspectos que facilitam o seu trabalho de guia aqui no DF? Três que você possa contar.

Bom, é, a própria espacialidade da cidade, a proximidade dos atrativos facilita né, você pode visitar um roteiro de quatro horas, você pode fazer ele, se precisar fazer em 2 corrido dá para você cobrir quase ele completo, para fazer uma coisa perto da outra. O trânsito que ainda é razoável, apesar da gente estar reclamando do trânsito que ta ruim, se comparado a outras capitais, São Paulo ou Rio, aqui a gente ainda tem condições de se deslocar de um ponto a outro com certa facilidade. E aqui você tem, por exemplo, eu fui guia no Rio, lá quando tem chuva você fica meio sem ter opção, tudo lá é Corcovado, é Pão de Açúcar, Praias, você tem pouca opção de, num dia chuvoso, de fazer visitas internas como aqui. Porque se tiver um dia inteiro de chuva no mês de Novembro, Dezembro, você pode en-cher de visitas internas, Itamarati, Congresso, Memorial, Banco Central, TBV, que facilita o trabalho do guia, você não...

TBV é o Templo...

Templo da Boa Vontade. Você não tem, assim, a natureza não te impede de fazer um rotei-ro. No Rio complica, só tem Corcovado, Pão de Açúcar, se ta chovendo, ta nublado, você não enxerga nada e você não tem muita alternativa para suprir, né.

Interessante. E quais são os principais aspectos que dificultam o seu trabalho como guia?

Que dificultam? As vezes, acho que não seria um problema tão grave, as vezes falta de estacionamento, falta de local próprio para estacionar. A área do Congresso Nacional, por exemplo, as vezes eu deixo um turista lá, fico rodando em volta até eu conseguir estacionar para voltar e encontrar com ele. Quando eu to só como guia num ônibus não, porque não é preocupação minha estacionar, né. Eu não vejo nenhuma, nada que dificulte aqui no meu trabalho. Material informativo tem bastante, talvez a falta dos centros de informação turís-tica, para ter mais facilidade de acesso. E a gente tem, se o turista não for se hospedar, for passar um dia, tem que ir num hotel, eu sei que eu consigo um mapa da cidade em versão gratuita. E eu, teoricamente, teria que ir lá na Brasíliatur, né, mas eu sei que os hotéis tem esses mapas e material mais vasto, eu vou em qualquer um dos hotéis e peço um mapa, por exemplo, mas isso aí talvez atrapalhasse, os CATs não estarem em pleno funcionamento, né, não ta funcionando né os Centros de Atendimentos ao Turistas. Mas eu não vejo assim, eu to tentando me lembrar, tentando buscar por alguma coisa... A acessibilidade, a entrada aos órgão, aos edifícios públicos também nunca foi tão facilitada como é hoje em dia, né. Não consigo ver uma terceira... Dificultador...

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Ok. Se vier você pode falar, ta, se você lembrar de alguma coisa. Quais são as princi-pais oportunidades e ameaças que você visualiza para o turismo nos próximos anos, nos próximos 10 anos. Oportunidades para o turismo, ameaças para o turismo.

Bom, as oportunidades que eu vejo é, os meios de comunicação hoje mais abertos, né, a internet, os meios de comunicação de massa, fazem com que as pessoas tenham conheci-mento de Brasília com mais facilidade e isso pode despertar o interesse em vir conhecer. Os próprios, condições de viajar hoje mais facilitadas, com aviões mais baratos e tal, possibilita um outro tipo de clientela que antes não tinha acesso as viagens e que tem hoje acesso a viagens turísticas. E, a ameaça que eu vejo é a cidade não acompanhar isso. Por exemplo, esse tal de VLT ou qualquer transporte eficiente de massa ligando o aeroporto ao centro. Hoje (?) enquanto nós fazemos capitais é uma necessidade. Eu sei que isso vai causar de-semprego entre os taxistas, tem muita rejeição, mas se a gente quiser se inserir como, num destino turístico importante no mundo, Brasília vai ter que ter um sistema de transporte eficiente, barato, do aeroporto para os hotéis por exemplo. Ou o VLT ou o Metrô, qual-quer tipo de transporte de massa rápido, confortável e eficiente. Isso, se a gente não fizer esses equipamentos que precisam ser feitos isso pode ser um entrave para o crescimento do turismo, né. Um dos exemplos seria esse, transpor uma ligação, um corredor, ligando o aeroporto com os setores hoteleiros, por exemplo. Em geral, né, essas coisas, todos esses equipamentos modernos que facilitam hoje a vida do turista, né. Por exemplo, a ampliação do aeroporto, tem que haver uma ampliação, tem que ter um aeroporto com condição de receber mais vôos internacionais, né, hoje são 3 vôos apenas, né, tem um de Lisboa da TAP, um de Atlanta da Delta e os vôos de Buenos Aires, que é a Gol e a Tam tem, né. Mas precisa ter um aeroporto internacional de verdade.

E com base nos comentários dos turistas que você guia. As coisas que eles sentem falta ou que eles não gostam, e as sugestões que eles as vezes deixam também. Quais são as oportunidades de negócio em turismo aqui em Brasília? Que você visualiza.

Por exemplo, restaurante Indiano, não tem aqui, né. Deve ter só, no Brasil tem poucos, aqui não tem. O Brasil não tem uma colônia indiana significativa né, e em Brasília não tem nenhum restaurante indiano.

E os turistas chegam a pedir isso?

É, não chegam, já chegaram pedir, mas já fizeram já, gente comentando sobre restaurantes, sempre tem um que fala “-Tem comida isso, e isso, e isso...” e aí chegando no indiano que não existe. É, por exemplo, eu sempre fui um defensor da maior exploração do lago. Hoje em dia ele está sendo mais explorado, tem aí 3 ou 4 barcos fazendo, tem o Edmilson da Bar-ca Brasília, tem o Toá Toa, tem o outro barco grande, é, por um lado eles se lançaram a fazer isso e investiram, eu não sei como é que ta o retorno do investimento deles, as vezes eu fico

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até com pena deles, porque se lançaram nisso daí e, acho que é pouco a pouco ta se con-solidando isso aí, mas eu sei que eles passaram, o Edmilson por exemplo, que eu conheço um pouco mais, passou dificuldades no começo. Porque é um custo muito alto você manter um barco grande desse num lago, né, com tripulação, com a manutenção do barco e fica li-mitado a, não tem assim passeios regulares. Ele ta fazendo passeios regulares, mas ainda são caros, as pessoas não utilizam, o turista não fica aqui tempo suficiente. Eu acho que a gente hoje tem que, quando fala em turismo, a gente tem que, a gente tem outros clientes que não são turistas. Eu notei, eu tenho observado um numero muito grande de pessoas que vieram morar em Brasília recentemente porque foram aprovados em concursos, eu fui na Chapada Imperial, é, uma boa parte das pessoas que estavam lá são moradores de Brasília, novatos, gente que veio trabalhar porque passou em concurso e ta agora começando a conhecer Brasília. Aí tava lá na Chapada Imperial num sábado usando um atrativo. Então é um turista que não é turista, é um morador de Brasília novato que está, esse passeio de barco as 4 ou 5 da tarde tem, domingo, sábado a tarde o Edmilson faz esse passeio. Ele atrai esse tipo de público, eu to notando pela minha convivência social, minha mulher é funcionária pública, tem muitos colegas novatos, eles estão se associando aos clubes, estão freqüentando o lago, estão usufruindo o que Brasília tem de melhor que já quem mora aqui há muitos anos, já usufruiu ou hoje está em outra fase que não quer mais usufruir, já se cansou, por um motivo ou outro não ta mais freqüentando um clube, não está indo para estes lugares. Mas aí quan-do você pergunta “turista” a gente tende a se ater ao turista clássico, né. Esses são, é clientela também para esses atrativos, né, mas não é turista clássico é morador de Brasília novato.

E pensando na Copa do Mundo, nos próximos 4 anos, você teria alguma sugestão, recomendação para Brasília, para o turismo no DF?

Olha, teria que (Celular), que já está fazendo, né, que é essa qualificação que é importante, né, melhorar a qualificação das pessoas envolvidas. Eu vejo um pouco de ceticismo, eu sei que vai ser bom em tudo, mas, talvez as preliminares, eu que já trabalho tanto tempo nisso aqui, talvez vai aumentar o volume de serviço durante os dois anos que antecederem os jogos e durante os jogos também, mas, assim, eu não posso deixar de ficar animado, mas eu como guia de turismo não vejo assim grande fonte de trabalho a mais para mim, a menos que eu crescesse, montasse uma agência, montasse uma empresa de transporte, alguma coisa pra mim poder trabalhar mais, porque se eu ficar limitado só ao meu trabalho de guia, aí eu vou fazer um serviço por dia como eu faço hoje, eu sou só um, né. E seu eu tiver, a minha inten-ção é tomar uma atitude empreendedora, montar alguma empresa onde eu possa usufruir melhor disso, usufruir do meu conhecimento também que eu tenho sobre Brasília e dos con-tatos que eu tenho, mas, principalmente qualificar as pessoas melhor, né. Os equipamentos, já projetando essa demanda maior, acho que vão, o numero de leitos hoteleiros, tudo isso aí vai aumentando eu acho que paulatinamente, ne, conforme vai chegando mais perto, né.

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ESTUDO DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM TURISMO NO DISTRITO FEDERAL

Hunhum. Por fim, tem alguma sugestão, alguma observação com relação a tudo que nós, tudo que foi dito aqui?

Ah, eu acho muito válido esse tipo de enquete que vocês estão fazendo, porque só assim dá pra entender, né, ter um panorama do que acontece. Porque fala-se muito em turismo, as pessoas leigas tem uma idéia muito glamorosa do turismo, né, e não é bem assim. Todo mundo acha, “-Ah, é turismo, vou estudar turismo, o ecoturismo é lindo, que bonito, você é guia de turismo e tudo...” Turismo é tudo de bom, né? (risos) No imaginário das pes-soas, né, e, achei muito válido para você entender todo esse universo, né, o que que está acontecendo, né, eu acho que é muito válida essa iniciativa aí dessa pesquisa.

Eu agradeço muito...

ENTREVISTA 6

Data: 25/04/2010Entrevistadora: Karen Basso

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

PERFIL DO GUIA

Eu vou começar identificando um pouquinho o seu serviço, ta? Qualificação, quantos Primeiro eu queria que você falasse um pouquinho para mim sobre a sua escolaridade, sua formação.

Bom a minha formação é exatamente aqui na UNB, eu formei-me em letras em julho de 72, trabalhei um pouco como professora de ginástica, também como educação física, né, como educadora, e demorei para entrar na sala de aula, porque achei que não tinha o perfil para ficar ensinando logo numa matéria que eu penei muito para aprender. Porque como eu sou descendente de japonês, de língua, dos japoneses, tinha muitas dificuldade em língua portuguesa, mas aí isso serviu como um desafio para mim, então eu me formei em língua portuguesa e literatura portuguesa. E dava aula, tanto de língua portuguesa como em língua japonesa. Aí como eu estava (?) primeiro concursada e depois aposentada, eu falei assim, bom agora eu vou lidar com uma coisa que eu gosto muito que na área do turismo. Aí, antes de me aposentar eu fiz o curso de guia de turismo, pelo CIUC.

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CEUC.

É, agora UniCeub, né. Mas naquela época nós, acho que nós não gastamos assim nenhum centavo, porque foi tudo assim a doação pelo fundo de apoio do trabalhador, FAT. E daí então eu comecei a minha vida de guia de turismo e atendo tanto os brasileiros, de todo os rincões, de todos os lugares do Brasil, tanto faz estudante como melhor idade, como aque-les que querem conhecer Chapada dos Veadeiros, eu levo tudo. E japoneses também e um pouco dos americanos, o meu inglês não é muito forte, é o básico. Mas dá pra mostrar sim algumas coisas, mas não é o meu forte.

Hunhum. Então você trabalha mais com os japoneses?

Com japoneses e brasileiros mesmo.

Tá, ok. Tem algum curso de formação específica que você fez que ajudou na sua for-mação como guia?

Sim, eu fiz eco-turismo, depois que as minhas filhas cresceram e que eu falei assim “-Bom, eu quero agregar alguma coisa ao turismo.” Então eu fiz eco-turismo aqui no CET da UNB. É, sou especialista nessa área.

Bacana. Quanto tempo você atua como guia de turismo?

Foi, já tem 12 anos.

12 anos.

É, 12 anos.

Ok. Tem algum curso de formação que você gostaria de fazer e não fez ainda para atuar como guia? Você acha que complementaria bem. As vezes o curso nem existe, mas algo que você sente falta.

Uai eu sinto sim, eu gostaria sim de prestar consultorias, gostaria de fazer assim cursos de consultoria, como prestar consultoria a alguém que está precisando. Isso me interessa bas-tante, mas eu não procurei, realmente eu estou muito acomodada agora assim... (risos) As minhas netas estão nascendo então eu fico assim meio que dividida. Mas agora já não tra-balho mais na secretaria de educação, o tempo me sobra mais né. Porque antigamente eu ficava até de madrugada corrigindo provas, trabalhos e tudo mais.

E agora você tem guiado mais ou não?

Tenho, tenho guiado mais. Tenho guiado mais.

Tem sobrado mais tempo para isso...

Fiz o curso para guia internacional. Porque meio que me interessa muito conhecer outros

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países. É, então eu sou regional, guia regional e guia internacional. É.

Bacana. Hoje em dia você tem fluência então, basicamente, português e japonês e inglês também?

Isso, um pouquinho.

Tá, ok. Qual é o perfil do público o qual presta serviço? Você comentou por cima, queria que você aprofundasse um pouquinho, são jovens, adultos ou idosos? Se todos tem algum interesse específico?

Tem, é, são assim, alunos, ou de direito, que a gente vai lá e faz o turismo jurídico, que nós fomos capacitados há 2 anos atrás, e, ou os arquitetos que alguém me pede ou o pessoal da universidade, eles falam, “-Olha, tem que ser uma coisa assim mais dada, mais elaborada, porque eles são especialistas, são arquitetos, então eles vão querer ver muito profundamen-te, né, bem assim, com muito detalhe e você se prepare...” Aí eu vou lá em me preparo. Porque não é coisa assim que você guarda na cabeça o tempo todo, porque você tenta diversificar um pouco, né. As vezes você fica só naquele mesmo, na mesmice e não dá, porque aí são alunos de arquitetura ou de direito, então é um pouquinho diferente.

Ok. Quantos roteiros executa em média por mês? No geral

Por mês, a mesmice praticamente assim uns, talvez uns 10, uns 10 City Toures assim que eu faço, né. Mas, mais especializada acho que no máximo 2, no máximo 2.

Por mês?

Por mês.

E qual é a duração média dos roteiros que executa?

Eu fico o dia inteiro, enquanto não passar tudo que eu pretendo passar eu fico com a pes-soa. Embora a pessoa me pague só meio período, ou meio dia, num sei o que, seu acho que ainda ta faltando mostrar alguma coisa eu colo nele, se ele tiver horário, agora se tiver horário para ir embora aí não tem jeito, mas a (??) de ficar o dia inteiro para querer descansar eu não deixo ele descansar, eu levo. Falo assim, “olha, tem mais alguma uma coisinha, o senhor não quer conhecer o centro?” Aí ele via né, vai com todo ânimo.

E em média, então quer dizer que, é mais raro você fazer, executar aqueles roteiros de 3 horas, 2 horas, ou não?

Sempre faço de 3 horas. Depende do que pedirem eu faço. Eu tento condensar o máximo se tem pouco tempo, mas de modo geral eu tento... (!!)

Quais os principais roteiros que você realiza?

Bom, é, esse básico do turismo cívico, que são maioria para estudantes, né. E pouco, mas

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pouco mesmo dos arquitetos, mas assim, de vez em quando aparece. Ou é um arquiteto que vem do Rio e quer conhecer a arquitetura de Oscar Niemeyer, só quer Oscar Niemeyer, então a gente só centra nele. Ou então aqueles que falam assim “Eu quero conhecer a UNB inteira.” A UNB tem uma enormidade de locais para você apresentar, e é longe, eu gosto de andar também, eu não vou de carro, sabe? Não mostro só fora, eu entro com eles e mostro e tal. Porque foi a minha Universidade então a gente conhece um pouquinho, né.

E, com relação também, você tinha (??) sobre o jurídico, (??) também então diria, o numero 1 é o cívico... (##)

Cívico, Jurídico...

... Que pega mais esses monumentos... depois teria o arquitetônico...

Para a 3ª idade, isso, o arquitetônico...

E o 3º eu posso dizer que é o Jurídico?

É o jurídico.

Rural, ou ... (#)

Rural, é, rural eu gosto demais, mas não tem vindo não. Eles tem um horário assim tão com-pactado, eles falam assim “-Ai, eu não sabia que tinha isso...” O turista não sabia, entendeu? Então ele já vem... Eu gostaria de mostrar essa parte rural. Aí tem também uma senhora japonesa que falou que queria ver só a obra de Athos Bulcão, também sou capacitada em Athos Bulcão, aí a gente faz também um turismo sobre isso.

Mas é mais raro?

Mais raro, muito raro.

É, então a gente falou um pouquinho desses roteiros, e são roteiros, na verdade...(trecho confuso)... Os roteiros que a Brasiliatur, né, há dois anos atrás ela estruturou e colocou no mercado, tanto para facilitar a comercialização como para facilitar a in-serção de novos enredos dentro dos, das, dos produtos que estavam por aí. Eu queria saber, que desses roteiros a gente sabe que saíram roteiros prontinhos pro consumo, mesmo a gente sabendo que as vezes a gente se apropria de parte dele, não dá pra fazer ele pronto, eu queria saber, né lá (?) em sim, você executa o roteiro elaborado pela Brasiliatur? Sim e não. Qual que executa mais e por que?

Qual que executo mais?

Ou também qual que você nunca executa. Você já falou que as vezes é o Rural e o Athos, né?

Não, o Athos eu executo ainda, porque eu faço questão de falar que as obras que eu estou mos-trando tem uma participação muito grande do Athos Bulção, né. Tem alguns que conhecem

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e tem outros que não conhecem, aí eu falo toda a biografia dele, falo da importância desse homem. Agora... (!!)

Da forma como eles foram concebidos os roteiros, assim, você executa e vende como se fosse da... (!!)

Eu tenho, as vezes eu vendo, praticamente é aquele, o nosso Unidade de Vizinhança, pelo menos o 1º o eixo monumental, naturalmente não pode sair disso né, eu tento sair, eu saio sempre, aí eu vou para área residencial também, mostro as duas asas. Nem todos pedem, mas eu mostro que são duas asas, áreas residenciais, que tem unidades de vizinhança, a importância da igrejinha, daquela, do nosso cine Brasília. Aliás eu deixo o carro lá e venho andando com eles, se tem tempo né, se não tem paciência, aí eu já vou com o carro. E é, eu gosto muito de colocar alguma coisa a mais, as vezes ele não pede setor militar ou ur-bano, mas eu coloco. Desço com eles, mostro tudo lá também, vou naquela, eles tem um museu muito bonito lá naquele prédio depois da Concha acústica, a maioria não conhece. Nem os guias fazem este, nem todos os guias. Eu mostro aquela parte, aquela parte da ex-posição das armas, do, da praça dos Cristais, que foi toda revitalizada, você conhece muito bem lá, né? E depois eu passo por baixo e eu mostro a residência dos próprios militares, a escola, hospitais, eles não sabiam que tinha isso, tem o clube, tem hotéis, tem um monte de coisas lá deles, né. E estão fazendo mais 3 prédios, então... Essas coisas que me suscita assim a curiosidade e falo assim “-Olha, eu sei que vocês não estão tendo tempo para ver isso, mas rapidinho, descer rapidinho, eu levo...” (risos) Eu mostro porque afinal de contas é uma parte da nossa história que envolve os militares, né, então, eu mostro sim. Então eu saio um pouco da rota assim, sai. E parte religiosa, eu adoro essa parte religiosa. Eu acho que deveria ter um turismo místico, entende? Só um motorista me pediu para mostrar aquela, aquela que fica perto da escola JK, da religião messiânica, messiânica não, é... (Mesquita?) ...mesquita. Só um turista até agora nesses 10 anos me pediu para mostrar aquilo. Aí de quebra eu mostrei aquela rosa cruz, muita gente também não conhece, é difícil né. Então acho que ta faltando essa parte sim. Eu não gosto muito do, da história do turismo ligado a história egípcia por exemplo, ter tem, você tem prontinha até, tenho até colegas meus que formaram naquela época há 12 anos atrás e que ele tinha formatado já a história desse, do Faraó Akenaton, né. Ele já conhecia essa história, mas eu não gosto de colocar, eu mostro todos os templos que tem e da importância, porque essa cidade toda é muito, ela dá essa possibilidade de muitas religiões numa mesma...

Ecumênica.

Ecumênica.

Ok. É, quais as principais empresas com as quais presta serviço?

Bom, aqui em Brasília nós temos a Presteza, tem a do Veloso que é, você conhece a do An-

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tônio, né, Antônio Veloso, tem a PresMik, também me trata muito bem, tem a própria Sete, Sete da UNB, também tem me contratado através do projeto do Dr. André, né, Carriadine, um pouco do Albergue, também me chama de vez em quando...

O Albergue, que bacana!

Albergue da juventude. É. As vezes aparece um ônibus, eles querem uma coisa mais elabo-rada e aí eles falam assim “-Ou você ou a Maria José.” Aí nós temos aceitado, temos feito. São professores que chegam lá e querem, né, que passe as informações mais, mais próximas o possível.

Também tem, porque tem as agências de receptivo que geralmente trabalham em parceria, né...

Exato.

... contratam os guias. Também tem as vezes o próprio turista que vai e gosta, pega o telefone e entra em contato de... (!!)

É, eles entram em contato também, de vez em quando são eles próprios que ligam também. Ah e tem o, aquela agência que fechou agora, mas é Enlace...

É Enlace.

E a outra da Maria Luíza, a Power, a Power também tem me chamado. Agora não, não sei o que aconteceu, a Enlace e a Power não tem me chamado. Me falaram que parece que fecharam um negócio ass... (!!)

A Power eu não sei, mas a Enlace acho que fechou mesmo...

É, né? Pois é, eu não sei qual que foi, qual é o problema que surgiu.

Ok. Qual que é o valor médio cobrado pelo serviço prestado? Pro roteiro de quatro horas em média. O seu valor.

O meu valor é assim, se for língua portuguesa eu costumo cobrar em torno de 150 o preço do próprio sindicato, eu sempre falo “-Olha, ta defasado e tal, vou (?) ter que ir lá..” aí eles fazem sempre uma caixinha e me dão um pouquinho mais, entendeu? Mas... (!!)

Tem algum teto, por exemplo, por menos de 80, por menos 100, por menos de 50, Karem eu não trabalho.

Não Karem, eu trabalho até de graça, se for necessário, por exemplo a colega, o colega chega lá fala assim “-Eu não previ que eu tinha que pagar o guia você pode fazer por quanto?” Eu falei assim “-Bom, por você eu faço de graça, mas dessa vez, na próxima vez você já coloca embutidinho o valor do guia, porque da próxima vez eu vou cobrar.” Aí ela vem e já sabe que eu vou cobrar tanto. Aí depende, porque aí se for muita gente e for muito trabalhosa, tem

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cadeirante, tem as pessoas assim que dá mais trabalho, que você tem que ajudar, aí eu coloco um pouquinho mais, mas não menos que, não mais do que 150, entende. Agora quando a pessoa quer me pagar só R$60, as vezes a pessoa com uma quantia ínfima para mim eu falo: “-Ou ele está me gozando, ou ele ta menosprezando meu trabalho, certo”. E você tem que valorizar o seu trabalho. Eu falei “-Olha, menos que 100, 120, por você ser conhecida eu não faço”. Ou então eu faço de graça de uma vez porque aí eu não passo raiva.

E isso sempre por grupo né?

É isso é por grupo.

Tarifa do seu dia?

É. Isso. Agora se for japonês, aí eu acho que pela língua, eu acho que tanto o mandarim também eles cobram um pouquinho mais, o inglês também deveria ser cobrado, mas eu não sei se cobram, eu acho que, eu já cobrei até 350 já, de grupo japonês, grupo.

Dia todo...

Dia todo. E recebendo lá e fazendo o check out lá no aeroporto, deixando na porta da en-trada deles irem embora e eu ter certeza que realmente eles estão no portão certo. Eu não largo lá, falo “-Até logo, até logo”, e vou embora, entendeu? (risos) Por a gente tem colegas que fazem isto. E eu acho que a nossa obrigação é deixar lá no portão, é o tratamento que eu gostaria que tivesse comigo. Aí eu faço a mesma coisa.

PERCEPÇÃO DESTINO BRASÍLIA

Agora eu vou um pouquinho pro geral, ta? Percepção do destino Brasília. Como é que você avalia o destino Brasília hoje em geral?

Brasília como um todo, né?

Como um destino turístico.

Ah, eu acho assim fantástico, deveria ser mais divulgado, eu acho. Porque nós contamos com agências que fazem propaganda contrária a nós. Que são... Uns de nossos turistas ja-poneses falou assim “-Olha, a agência tal me disse o seguinte ‘-O que que você vai fazer em Brasília?’” Eu acho que isso aí é super, assim, prejudica a gente, né? Aí a pessoa fala assim, “-Não, porque todo país que eu vou conhecer eu faço questão de conhecer a capital...” É ele que está impondo, não é a agência que está mandando a bom grado para nós. Aí quan-do ele vem e eu faço tudo para agradar e tudo mais, aí ele manda os parentes. Olha, procura fulana de tal, agência tal, a guia tal e assim faz. Então eu acho que o nosso, o nosso roteiro

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que (?) faz parte de Brasília eu acho que é, que estão até atraente. Agora sempre falei pra eles, “-Ó, vocês vem com três dias.” Não é possível você conhecer Brasília com...

Um dia...

...um dia, 3 horas, 4 horas, isso ai você ta, sei lá, perdendo tempo. Então é como uma agente falar “O que você vai fazer lá?”, com 3 horas, 4 horas você não pode ver nada. Então real-mente é melhor que você fique no Rio, em São Paulo e tal. Agora se você quer vir aqui na próxima vez, conhecer Brasília mesmo. Então no mínimo 2 dias, no mínimo.

Eu vou pontuar alguns itens, ta? Com relação ao destino Brasília. Acessibilidade, no sentido de mobilidade, no sentido de ter acesso, ir e vir aos lugares.

Ah, problema (O próprio turista...), problema, o cadeirante não passa em determinados locais, pessoas cegas menos ainda. Então, a acessibilidade acho que ta zero por enquanto.

Qualidade no atendimento.

Nossa qualidade como guias, ou da agência?

A qualidade do destino.

Do geral?

É. Brasília. O turista japonês, ou o próprio nacional que você guia. Como é que ta a qualidade do nosso atendimento?

É, eu acho que o trabalho do guia não ta muito bem assim obrigado para eles. Eles vem achando que, como é...

Mas eu não falo só do guia...

Não? De modo geral?

De modo geral. Do produto Brasília, do destino Brasília...

É bom.

A qualidade do atendimento...

Sim, o hoteleiro é boa, o setor de restaurante (Hunhun. O lazer.), a... A lagoa, o lazer tam-bém e tal, a shows, né, basta você está informado né, naquele livro lá de agenda para você indicar, né. As vezes não tem nada, mas mostra-se também um bar bem característico e tal, não sei o que, você dança conforme a música, né.

Com relação aos preços do destino Brasília?

Bom, eles tem reclamado um pouco, eles acham que ta ...

Tá caro?

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Tá caro.

Em relação a segurança.

Boa.

Boa?

É.

Promoção e comercialização.

Comparando com o Rio, né?

É a gente sempre fala meio que comparando, né? Com outros lugares.

É, meio que comparando. Agora se você ver assim, ah eu vou deixar uma pessoa ir na região administrativa eu não deixo, a não ser comigo durante o dia. A noite eu não me aventuro não.

Então, quer dizer, quando a gente fala de segurança a gente pensa o Plano Piloto ta bom.

Isso.

Saiu do Plano Piloto já não dá pra arriscar?

Já não dá. Por exemplo, eu levei um pessoal lá pra Planaltina e nós saímos de lá meio bati-dos, porque começaram a parar vários carros assim meio esquisitos e nós achamos que eles iam nos assaltar. É, a gente não esperou para acontecer isso. Eu falei “-Vamos, vamos, entra, entra, entra, vamos embora, depois eu explico o que que é.” Isso acont.... (!!)

E isso cria uma imagem, o turista fica com medo né.

É. É.

O turista, mas é melhor fazer do que correr risco...

Pois é, eu fui obrigada a fazer, porque...

É, com relação a promoção e comercialização do destino Brasília?

Como assim? Eu como agência, como guia?

Como é que você sente que está a promoção do destino, comercialização do destino, acha que ta boa, que ta ruim, como é que você avalia a promoção que existe? Lá fora mesmo...

Acho que ta... Tá boa não, acho que ta boa não. Eles não estão vendendo Brasília. Com exceção do dia 21 de Abril, “Venha conhecer Brasília a capital!” Fora isso aí eu não vejo muito movimento. Mesmo quando há aquelas salas de turismo, não é tão forte assim, não sei o que falta. Mas que falta, falta alguma coisa, ou a gente estudar mais e ter o poder de convencimento para, sabe? Para realmente chamar os turistas para cá, porque ainda a gente

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teria prejudicado por esse escândalo todo, então, acho que... Mas assim, a cidade em si a gente fala muito aquela la da arquitetura, né, a gente puxa mais para esse lado, mas... Acho que não ta bom não, poderia ser melhor.

Hunhum. Articulação da cadeia produtiva dos prestadores de serviços. Pessoal dos hotéis, dos restaurantes, com vocês guias, com, enfim, com o governo, como é que você avalia isso?

Bom, o que eu, o que me pesa muito é sempre aquela briga que eu tenho com dono de restaurante porque quando você vai com um ônibus, ta tudo bem, 10 pessoas, ta tudo bem ainda, se bem que ele não fica assim muito satisfeito, mas se você chega com uma meia dúzia, ou então com uma pessoa, ou duas pessoas, um casal digamos, eles já não querem dar para o motorista, que eu acho que é a pessoa mais importante no caso que deva ser alimentado. Eles falam assim “-Não, com duas pessoas nem o guia!” As vezes eles tiram também da reta. Então é muito difícil o profissional trabalhar e ainda você ter que, por exemplo deixar o cliente lá nesse restaurante X, não vou, até não vou nem falar dos nomes, coloca lá no restaurante e daí duas horas você tem que ir lá buscar porque você tem que se alimentar também, o motorista também tem que se alimentar. E o hotel, o restaurante não tem essa sensibilidade de falar “-Olha, há uma mesinha aqui reservada para vocês.” Pode ser um prato mais simples. A gente não pede a mesma coisa que eles oferecem para o turista naturalmente. Olha, difícil, se você não negociar e não brigar lá. Então eu saio, porque eu tento colocar o motorista para ele alimentar, porque eu acho que é um ser humano como eu, e que ta precisando tanto como eu ser alimentado, como o turista. Aí quando eu vejo que ele não dá para o motorista aí eu saio, ele fala “-Para você eu garanto, mas para ele não.” Aí eu saio junto com o motorista, a gente vai procurar um lanche por aí. Isso sempre eu faço. Primeira coisa que eu luto é pelo motorista. E quando são dois motoristas que vem de outro estado, piora a coisa. “-Não, dois motoristas não, um já to achando difícil dar aí, dois motoristas não.” Então essa coisa do restaurante eu acho ruim.

Com relação a estrutura turística. A estrutura para o turismo? E a infra-estrutura tam-bém. A gente vai considerara isso de estrutura geral...

Ah, dos hotéis né?

É. É, estrutura turística, estrutura hoteleira, estrutura de atrativos, estrutura que há pro turismo...

E eles estão reformando tudo agora, mas a gente já vinha reclamando muito que não tava boa, os atrativos estavam todos caindo aos pedaços. E que a gente tava assim até com certa vergonha de mostrar. E os mais fortes eram justamente os que estavam mais detonados, né.

Com relação a infra-estrutura. Água nos lugares, banheiro...

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Nada, não tem, inexiste...

É... Energia...

Inexiste porque, aí você como guia você tem que falar, “-Olha, não tem água.” Aí a agência vai providenciar, já devia ter alguém providenciado. “-Olha, não temos o nosso microfone.” Entendeu? Porque, afinal de contas eu acho que a agência deve vir munida do microfone, é o mínimo! Se eles vieram comunicando entre si na viagem, tinha que ter também para o guia que vai mostrar a cidade. Então, eu já fiz viagem, já fiz um City Tour que eu era obri-gada a ficar parada segurando na porta, dirigindo o motorista que não conhecia a cidade e falando para professora para ela repassar lá pro fundo. Você já viu que bela, que belo City Tour eu fiz desse jeito. Ou então o carro parava, com o barulho dele eu não podia ouvir nada, pedia para parar o carro e aí antes do pessoal descer eu falava. Mas, de modo geral, essa história de dirigir o motorista e falar o City Tour, não tem essa estrutura nos ônibus de modo geral. Mas a cidade em si, eu acho que, de modo geral, que regularmente não ta tão ruim. Agora o problema é de acessibilidade, como você já mencionou ai, não tem, ta muito pouco, a desejar.

Ok. Qualidade dos produtos ofertados aos turistas?

Tá muito ligado, né, essas perguntas?

Tá, elas todas estão, compõem uma coisa só no final, né?

É. Olha, a qualidade no atendimento você ta dizendo, ou qualidade no alimento mesmo, né, do que se vende também, né?

É mais dos produtos.

São bons.

Os produtos são bons.

Agora deveria diversificar um pouquinho mais, eu acho que poderia diversificar.

Ok. É, em geral né?

É, em geral.

É, como que, em geral, você percebe então o turismo no DF do ponto de vista do seu trabalho como guia de turismo?

Eu acho que é um, sinto assim que é uma fatia muito boa e que deveria ser mais bem apro-veitada. Isso eu sinto. Quando eu vejo, eu fico muito satisfeita quando os guias vem, ou, os guias não, os turistas. E acho que nós deveríamos aproveitar e recebê-los muito bem, sabe? Deles saírem satisfeitos, falando assim “não, realmente eu conheci, vi pelo olhar da, desse guia, ou dessa guia que a cidade é realmente maravilhosa...” Tanto é que eu sou apaixonada

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por essa cidade, vim só pra estudar e ia voltar, acabei ficando, casei-me, minhas netas estão nascendo agora. Daí você vê que eu sou apaixonada por essa cidade. (risos)

Como que você vê a imagem do turista, quando o turista chega, (??) assim, como é que esse turista vê? Como é que você sente que o turista vê e entende Brasília?

Ah, depende ein. Vai depender de cada pessoa, as vezes há turista que toma cerveja na hora do almoço e dorme o tempo todo, e pede desculpa inclusive porque ele dormiu a tarde inteira, digamos assim, só prestou atenção na parte da manhã. Ou então ele leva um cutucão da mulher o tempo todo. Aí fica aborrecido. Aí depende, tem aqueles interessados que vão até o final e ainda pergunta mais assim, a noite eles falam assim: “-Nós vamos inda fazer uma visita noturna?” Tem aqueles que são assim e tem aqueles são pouco interessados.

Mas, por exemplo, os japoneses que você guia, você sente que eles chegam aqui em Brasília o que é Brasília?

Sim..

Com uma imagem, por exemplo, as vezes o turista vem com uma imagem de que Brasília é a terra da corrupção, que não... (!!) (#)

Não, não...

Outros vem “-Não, Brasília e terra de Niemeyer... (#) Como é essa visão, como... (!!)

Eles são muito discretos, entendeu? Eles nunca falam assim, “-Ah, essa cidade que não presta, cheia de político.” Jamais falariam isso. Mas eles estudaram ipsilitere o que é Brasília, quem é Oscar Niemeyer (Você fala dos japoneses?), quem é Lúcio Costa. É, os japoneses. Então, você não pode pensar que eles não sabem nada e que qualquer batata fria você vai colocar goela a dentro, não consegue. Porque aí eles dão um chega pra lá, você entendeu? Então você tem que estar estudando como eles também, como eles já vem estudados, en-tão você só vai confirmar o que eles já sabem. Aí eles ficam interessados, querem conhecer mais, e mais, e mais, e se você falar “-Olha, tem um By night assim assado. Você quer ir?” - “Tem Oscar Niemeyer no meio?” Eu falei, não, falei assim, “-Ele mora no Rio”. (entre risos – muito difícil de entender) Aí ele falou assim: “-Então não, porque nós estamos cansados, nós vamos dormir porque amanhã nós vamos embora mais cedo”. Mas se eu falar “-Olha, tem um bar assim onde ele freqüentava.” Vamos supor que tivesse. Eles iriam. Entendeu? Agora já levei lá no hotel, na Alvorada, né? Levei porque eu falei que tinham as obras de Athos Bulcão e tinha um barzinho ali muito interessante e tal, aí, “-Ah, então eu quero ir.” Sabe?

Em sua opinião quais os principais aspectos que afetam o desenvolvimento do turis-mo aqui no DF?

Hum.

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Aspectos positivos, aspectos negativos. Com relação aos atrativos turísticos.

Com relação aos atrativos turísticos?

É.

Muitos não gostam de pagar aquele ingresso do, do memorial JK, que eu acho uma pena, mas a própria agência que faz isso.

É pouco né? Quatro reais.

Pouco, quatro reais, agora virou seis reais, mas, poxa em vista do que você paga lá fora, seis reais é uma ninharia. Então nem todos, a maioria faz vôo panorâmico. Mas eu sempre falo, “-Olha se vocês quiserem a gente para e faz o panorâmico – panorâmico? (muchoxo) – a visita interna.” Mas muitos poucos falam assim “-Não, eu paguei o panorâmico.” Então, fica por isso mesmo.

Então eles não gostam de pagar para entrar nos atrativos?

Não gostam, de modo geral não gostam.

E mesmo os japoneses?

Não, os japoneses não, eles não tem é tempo as vezes. Entendeu? Mas, quando eu falo assim “-É o fundador de Brasília, graças a ele tem essa cidade, que nasceu graças a determi-nação desse homem.” Eles falam assim “-Ele era bem quisto, ou era mal quisto?” Bem quisto claro, muito respeitado... “-Ah, então eu quero ver.” Se você falasse o contrário, talvez ele entrasse também, porque eles gostam de ver as coisas assim meio estremadas, né. É.

Com relação aos serviços das agências de receptivos. Pontos fortes e pontos fracos. Positivos e negativos.

Bom, fortes eu acho assim: eles são obrigados a me com..., eu to falando da minha parte, eles são obrigados a me contratar porque o turista chega e fala assim “-Eu quero um guia japonês, que fale a língua japonesa.” Mas mesmo assim eu sinto que eles contratam uns piratas de vez em quando. Entendeu? Ai, as vezes eu fico muito aborrecida. Outro dia contrataram um rapaz que falava francês no lugar de japonês, e aí lá pelas tantas o rapaz telefonou desesperado porque ele não se fazia entender, nem, o japonês falava e ele não entendia, aí ele pediu pelo amor de Deus que eu falasse com ele pra ver o que ele queria realmente pra poder falar para ele. Eu falei “-Porque que você ta com cliente japonês? Você ta me passando a perna?” Brinquei com ele. “- Tá não, mas agência falou que ele falava o francês.” A maioria fala que falam o francês, mas não fala nunca. Principalmente assim o pessoal da terceira idade não fala. (risos) Nem falam o inglês, quanto mais o francês. Aí, quer dizer, a agência é culpada dessa história. Aí então, de vem em quando eu me sinto, tem outros colegas também que sentem a mesma coisa, eles colocam um guia pirata, digamos

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assim, que cobra um pouquinho menos e eles ganham muito em cima do próprio guia. Não pagam o que você pretende, o que você pediu, eles sabem o seu preço, que é determinado por eles também, aí eles pegam um pirata, pagam bem menos e ganha muito mais em cima dele. Que isso é uma prática horrorosa que eu acho terrível, mas há algumas agências que fazem isso.

Com relação aos serviços de transportadoras turísticas e transporte?

Fora esses que vem de fora, eu acho que os da agência são muito bons. Esses com quem eu trabalho, a Presteza, a Smick, a Power. A Power se não tem ela contrata o ônibus bons, a Smart também a mesma coisa. Então eu não tenho o que questionar. Só essa história do mi-crofone que as vezes falha, eles esquecem. Eu não sou obrigada a ir com microfone, certo?

Serviços e equipamentos de gastronomia? Você já comentou uma dificuldade que você tem, porque os serviços de gastronomia não acolhem, né...

Os motoristas...

Os motoristas.

É.

Mas tem alguma outra, ponto forte, ponto fraco?

O ponto forte é que ele tem praticamente tudo que o cliente quiser, até um pouquinho mais, se ele quiser mudar um pouquinho o prato, sugerir alguma coisa lá, eles fazem, todos eles fazem. Só tem esse senão, esse ponto negativo. Há restaurante que “-Não, você pode trazer porque eu garanto o seu e o do motorista.” Claro que este aí a gente vai levar mais vezes.

Humhum, claro.

Agora tem outro que já é determinado pela agência, que já pagou e ele não acolhe o mo-torista. Acho grave isto.

Ok. Com relação aos serviços e equipamentos de hospedagem. Você acha que Brasí-lia, o destino Brasília ta bem servido? Isso é um ponto forte ou temos problemas com isso também?

Tem, as vezes tem um hotel tão bom como o da asa sul por exemplo, o cliente, o turista reclamou do ar-condicionado, é, não sei se eles tinham colocado remédio contra barata, assim recentemente, eles estavam falando que haviam cheiros estranhos no hotel, e pediram para trocar de quarto umas 3 vezes e não ficaram satisfeitos, saíram xingando, entendeu? Então, acontece com os hotéis ditos 5 estrelas, eu to me referindo a 5 estre-las, to nem falando da rebarba de 2 estrelas nem nada, 5 estrelas. Ou então falaram que tinha, os japoneses fazem muita questão do banho de imersão, porque eles são acostu-

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mados a tomar o ofurô, né. E eles não tem e falam que tem e a agência compra pensando que tem, aí eles se sentem enganados, lesados. Aí eles escrevem lá, eu falo “-Escreve!” Porém, se vão entender ou não? Põe! Reclama! Como é que eles vão saber que você está insatisfeito se você não escreve? Aí eles escrevem.

Lazer e entretenimento.

Bom, só vejo lazer assim, no caso, se a pessoa quiser ir para um bar, entendeu? Ou então ele gosta muito de natureza, então aceita o convite meu de ir para a água mineral, entende, mas é muito raro. As vezes eles só dão uma voltinha assim, fica com medo da água e tal, eu falo “- Olha, é água minera e tal...” Eles para e ficam lá, tararan... Mas é difícil você convencer... “-Não, eu não vim com maiô. –Não to com short aqui e tal, não quero entrar.” Mas assim, a maioria bebe, vai pro bar e tá achando que os (??) bebe também. Ou então aquele que quer uma gravata assim fantástica, ele ganhou do colega que fez uma gozação com ele e trouxe assim, bem esquisita, a gravata, aí ele quer encontrar uma aqui em Brasília. Aí ele pede para levar para shopping. Aí eu ando com eles, vou procurando porque há problema da língua né. A gente anda pra caramba, mas. Ele sai satisfeito, a gente encontra outra coisa exótica lá e ele sai comprando. Mas dificilmente eu levo pro shopping, sabe? Eu prefiro ficar mais mostrando a cidade do que ir ao shopping.

Opções de compras ta bom pros turistas?

Fora aquelas da torre e do Memorial JK e da LBV eu não vejo outro tipo de compra.

Então, não ta bom.

Não ta bom não. Não ta bom não.

Tá certo.

Eu acho que poderia ser mais... Eu acho que ta faltando até o guia ganhar alguma coisa com isso também, sabe, ou a própria agência. “-Olha, nós vamos vender camisetas assim e assado, você leva alguns, e eu vou te dar uma comissão sobre isso, afinal a venda é sua também.” Eu acho que ta faltando isso. Não é encher de quinquilharia... (!!) (#)

... Um pouco na articulação...

É, então a agência e o guia poderiam fazer isso aí. Ou então nos pontos turísticos, não o que-bra galho, mas assim uma coisa certa. Lá no próprio atrativo deveria ter, né. E, por exemplo, teve um casal de americanos que eram muito jovens, e um casal de japoneses também e eles queriam fazer um passeio de barco, de barco, né, assim, não tinha tempo, infelizmente. “-Ah, então eu queria bicicleta para andar aqui no parque.” Não havia bicicletas para alugar. Então, isso é duro sabe.

É, com relação a espaços, infra-estrutura e serviços para realização de eventos. O que

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você acha? Acha que ta bom ou ta ruim?

Se for um evento lá naquela, no nosso querido eixo monumental, eu acho terrível lá. Eu tenho a impressão que o estrago que ta acontecendo lá na Catedral, justamente, eu acho que é uma série de eventos ali, entendeu? Que ta acontecendo e que deveria ser afastado lá pelo lado do GDF, lá pelo lado do Ginásio de esportes, lá tem inclusive um grande giná-sio, né. Tem o Estádio Mané Garrincha, que poderiam acontecer lá os eventos. Porque que tudo tem que acontecer no eixo monumental? Me diz. Lá na frente lá do Congresso, que é a obra mais apreciada pelo Oscar Niemeyer e pelo, pela Catedral. Catedral também não, não agüenta. Eu acho que eles são muito fortes, muita gente, muita, muito movimento, eu acho que ta acabando com nossos... Inclusive a nossa, o nosso Teatro Nacional também. Quer dizer, é a minha opinião, né, minha má impressão, que eu acho não deveria ser, não deveria acontecer tudo lá não, né?

Humhum. Mas você acha que de um modo geral Brasília ta... pontos fortes para eventos?

Sim, eu acho que sim, e... É...

Você acha que é só o local onde acontecem alguns eventos é que precisam ser revistos?

Acho. E aquelas escadas do Centro de Convenções, excesso de escadas... De pessoas assim da terceira idade naquela escadaria, nem pensar! Tá tudo errado ali. Já teve senhoras caindo da escada. A acessibilidade lá, zero, né. Lá é zero.

E com relação aos centros de informação turísticas?

Ah, eu gostaria que ela começasse a funcionar de fato com turismólogo e com os guias aos mesmo tempo, numa parceria e que envolvesse principalmente os guias. Não é para ela ficar panfletando não, é pra ela ir junto com o guia, com os turistas. Então, isso é muito importante que o Trade acorde para isto. Ah, até o CAT, nenhum deles foi assim elogiado, entendeu? Tanto aquela que existe no aeroporto, nem esses que existiam em alguns pontos e que não existem mais. Deveria ter muito lá na praça dos 3 poderes, reativar aquela casa do chá, eu acho que deveria ser um excelente CAT ali, um centro de referencia e atendimento e que não está funcionando, não sei porque, o que está faltando. Aqueles CATs que foram fundados agora pertos dos hotéis também nada. Não sei o que está acontecendo. Então, os CAT tá nota zero, não ta funcionando nada. Eu acho que deveria colocar os guias lá pra trabalhar.

Quais são os principais aspectos que facilitam o seu trabalho de guia aqui no DF hoje?

O que me facilita muito é um motorista bom, que conheça a cidade e que eu não tenha que fa-lar “-Fulano! Agora tal lugar.” Eu entrego um papel assim, para dizer o que que, o roteiro que ele deve seguir e que ele vai embora eu só vou falando, só passando informações. Eu detesto aquela estória do guia trabalhar como motorista e falando e está sujeito a muita coisa, porque o trânsito de Brasília ta cada vez mais difícil, né, mais complicado. E eu sei de colegas que fazem isto.

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Tem algum outro fator que facilita o seu trabalho que você gostaria de falar?

O microfone naturalmente. Quando não tem. E essa estória de inclusão do motorista, isso aí eu acho que é... 3 pontos. Transporte: melhorar o transporte de modo geral, é... (#) ...os pontos dos atrativos que não há parada, ou assim, facilitada para os ônibus e nem para o carro do guia e nem para van, nem nada...

Você já ta falando de uma dificuldade?

É...

É, estamos chegando lá... (risos)

É, o que facilita é o motorista já saber o caminho. Facilita demais.

Um motorista experiente facilita então.

Isso, facilita.

Um microfone dentro do carro ajuda também.

Isso. Ah, você ter que ficar pedindo, exigindo, pedindo pelo amor de Deus, porque Brasí-lia... (!!)

Agora essa parte, eu to vendo que você tá, eu vou te perguntar quais são os principais aspectos que dificultam o seu trabalho, então... (!!)

Pelo contrário?

É a falta de microfone que você convive sempre, é um motorista sem experiência... Eu queria que você pensasse no que está sempre pronto, que só faz, sabe? Que você vira e fala “-Poxa, isso facilita o meu trabalho, que bom que existe isso.” Existe algo que você possa lembrar que facilita o seu trabalho? Que facilita, ta sempre ali. Que funciona.

Que sempre funciona? Os atrativos principais, que estão sempre lá?

Não sei (risos), pode ser o acesso aos atrativos, não sei, o fato de não ter... (!!)

O acesso, claro.

...cobrado, talvez.

Hunhum. Porque de modo geral o brasileiro não gosta de pagar. Ele quer tudo de graça. Aí que eu explico, é a manutenção, tan tan tan, ran ran ran, mas eu sempre falo, dou exemplos também do, desses museus lá fora que tudo é pago, né? Nada é de graça. Porque a gente vai lá, qualquer viagem aqui na Argentina, Uruguai e Paraguai você ta pagando. Nada é de graça pra você.

É, verdade.

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Então, é exatamente o que eu falei que facilita você bota ao contrário e já...

É, o que dificulta já apontou bastante coisa...

É apontei muita, muita coisa.

É, principais oportunidades e ameaças que visualiza para o turismo nos próximos 10 anos? Aqui no DF.

As ameaças? Bom, esse ônibus que já circula na Torre de Televisão e faz, dizem que ele faz só panorâmico, essa é uma ameaça para o guia. Pode até estar facilitando para o turismo, eu não sei, mas para nós guias ele é uma ameaça.

Humhun. Mas e para o turismo em geral? Alguma coisa que você vê que é uma ameaça para o turismo, para o teu trabalho, para o trabalho deles, pro trabalho de todo mundo.

A má preservação dos principais atrativos. Isto ameaça a própria cidade, não só o turismo, né, propriamente dito, mas eu acho que a própria cidade.

E oportunidades daqui 10 anos? Nos próximos anos.

Nos próximos anos nós temos que sempre atualizar os nossos conhecimentos. Nós estamos mortos. Então, o que a gente sabe hoje, daqui 10 anos possivelmente isso é muito pouco, porque a cidade ta crescendo. Então, ou atualizar sempre. E trazer o seu olhar renovado para você poder repassar aos turistas, eu acho isso muito importante. O que eu falava a 10 anos atrás eu falo totalmente diferente hoje. Daqui 10 anos se eu tiver andando com as mi-nhas próprias pernas eu gostaria de estar falando bem melhor, sabe? Com outro olhar, talvez assim muito mais encantada. Eu já sou encantada, mas assim, mais encantada ainda com a cidade para poder repassar isso para o turista.

Bacana. Tendo por base, os comentários dos turistas e a sua experiência. O que você diria que existe e que há hoje de oportunidade que você vislumbra de oportunidades de investimento em turismo aqui no DF?

Investimento, né. Ah, eu, essa cidade aqui é, pode acontecer muitas coisas aqui. Acho que ela... Tá faltando assim, não inventar mais roteiros, já tem roteiros suficientes, é o jeito de passar para o turista. Eu acho que é isso, sabe? Então, se as agências e o Ministério do Turis-mo já acordar para esse problema de atualizar o guia, estão no caminho certo. Porque essa tal da reciclagem é uma palavra muito feia, né? Mas o atualizar o conhecimento de todos e aprontar, já preparar os novos, porque essa turma vai embora, um dia vai embora, e eu to nessa, nesse caminho também. Então, pois é se eu conseguir passar, repassar para os novos o pouco que eu sei, ne, mexer na educação mesmo desses novos e dar um novo trabalho para eles, eu acho que isso aí vai ser a nossa solução aqui do turismo no Brasil, sabe, em Brasília principalmente.

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E assim, uma Copa do Mundo vindo aí, daqui 4 anos, tem alguma recomendação ou proposta que você visualiza para o turismo no DF para a Copa?

Ai eu to muito preocupada, (?) sabe com o que? O transporte de modo geral. Eu vi a Copa Pan-americana e Para Pan acontecendo no Rio, eles conseguiram resolver, é uma cidade tão movimentada como o Rio, eles conseguiram. Então a gente também tem possibilidade porque nós temos mais avenidas do que lá no Rio, com eles, com menos avenidas eles conseguiram, então, eu acho que é por aí, pelo transporte. É, bom, estão dizendo aí, não sei quanto que vem, mas esse transporte, né, que vem do aeroporto direto para W3 sul, W3 norte já iria desafogar, principalmente no eixo monumental, sem ter a obrigatoriedade dos carros, ônibus, grandes ônibus ficar andando pela cidade, que eu acho que isso muito terrível, muito demorado, porque a pessoa tem que ir lá no eixo e voltar no eixo, porque na-quelas, nas interseções assim das tesourinhas tal, ele não passa, nem naquela ponte, a ponte é muito baixa pra ele. Então, eu acho que deveria se pensar no micro-ônibus circulando pela cidade, entendeu? Ou então esse transporte aí que eles estão pensando, da rodoviária até a W3 sul, W3 norte, e nas outras...

É, do aeroporto?

É. E da rodoviária, do aeroporto para as regiões administrativas seria o micro-ônibus e não mais aqueles ônibus grandes e nem permitir que esse pessoal do estado, de fora do estado brasileiro viessem pra cá com aqueles ônibus enormes e pesados e, não sei né, eles, talvez eles achem que fique muito caro vir com dois micro-ônibus ao invés de um ônibus com 50 pessoas, não sei. Mas que dificulta demais o nosso trabalho. É o transporte.

Então ta bom, pra terminar, na verdade eu vou querer explorar um pouquinho mais essa questão do que os turistas, por exemplo, o comentário que os turistas fazem para ti nesses anos que você ta trabalhando, eu tenho absoluta certeza que houveram comentários do tipo “-Poxa, porque que não tem isso aqui? Ou -Porque que aquilo ali...” enfim, que te levam a crer que, pô, se alguém abrir um negócio nisso aqui vai rachar de ganhar dinheiro, porque todo turista que vem aqui sente falta disso. Tem algo que vem a sua mente que o turista sente falta? Que você sentiu na fala do turista que poderia ser uma oportunidade de investimento?

Agora, agora assim, para ele, é o Centro de Atendimento. Eu acho...

Que eles falam muito?

Que eles falam muito. Quando eu tenho que arranjar um mapa, eu tenho que ficar, eu mes-ma ir lá na Brasiliatur e pegar os meus mapas, porque eu vou lá na, naquele, o como é que chama? Esap, Enap, aquela, atendimento lá do Aeroporto, no segundo andar?

Ai, não sei.

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Como que chama aquilo?

Ah, que é lá em cima, aquela central. Centro de atendimento para todo mundo.

Pra todo mundo.

Esqueci o nome também, mas sei qual é.

Você sabe qual é né?

Sim, logo do lado da TAM ali.

Isso.

Hunhum.

Se eu falo assim, eu levo a lista, falo assim, “-Olha... (!!)

Que era onde era a Infraero, né?

É, acho é a Infraero mesmo, é sede. Aí eles...

Quer dizer, não... Nossa faltou meu vocabulário.

Uma agência, há uma agência lá, são alguns funcionário e eles ficam lá. Aí eu falo assim pra eles, “-Eu to com tantos, e são 3ª idade, eles não podem ficar andando tanto. Eu preciso de tantos guias, tantos mapas.” Guias turísticos mesmo, né. Porque eu sou guia de turismo e eu tava querendo o guia turístico. Ele falou “-Não pode, assim ela tem que trazer eles todos pra cá.” Então eu prefiro que você vá lá e verifique lá no ônibus que eles estão lá e você leva o tanto que eu to falando que tem, aí você distribui lá. “-Não, não posso fazer isso.”

Não pode sair daqui.

É, não pode sair daqui. Então é uma coisa que eles sempre, eu propriamente, por interesse meu, a agência também não tem para me dar, então eu vou lá e já pego de uma vez rapidi-nho, lá na Brasíliatur e já vou com o peso morto praticamente, porque eu sei que eu quero distribuir para eles. Então isso ta faltando. Eles sempre falam assim “-Poxa, não tem mapa.” E eles falaram assim, que não dão mapa porque algumas pessoas foram lá e tentaram vender para os turistas. Ou teve alguém que já teve essa idéia ruim, vendeu um material que você, graciosamente ganha, né. Então, isso aí é o principal. Outra, Brasília é muito seco, não tem um barzinho, assim, nos pontos do CAT, que pudesse, entendeu? Explorar a bebida. Muitos deles, assim, ele nem, e não almoçaram as vezes e morrem de sede e não tem água, nem a mínima água não tem. É.

Tem alguma última coisa que você gostaria de falar com relação com tudo isso que foi dito?

Bom, é, um ponto bom assim dessas minhas, do meu trabalho de guia que eu faço com muita satisfaça e recebo muitos elogios também, felizmente. Então, eu entrego tudo para

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agência porque, tenho uma certa hora lá que eles colocam, é, se o trabalho foi, como é que foi? Aí ta lá, pontuações, porque que foi bom, porque que foi ruim, tempo (??), e eles colo-cam, eles colocam mesmo. Ou eles te colocam lá no céu, ou te detonam de vez. Então, eu faço isso com muito prazer mesmo, eu gosto. Eu gosto também de viajar, então ta faltando essa parte da, essa parte internacional, eu to fazendo estágio por em quanto, daqui a pouco vou começar a levar grupo.

Bacana.

É, aí eu vou deixar um pouco o lado receptivo. Futuramente isso vai acontecer.

Tá ok. Muito obrigada...

ENTREVISTA 7

Data: 26/04/2010Entrevistadora: Karen BassoDegravadora: Karen Basso

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

PERFIL DO GUIA

Eu queria que você falasse um pouquinho de sua qualificação, ta? Qual que é o seu nível de escolaridade e alguns cursos que tenha feito ao longo de sua carreira.

Bom, a minha formação, né? Universitária, né? Tradutora e intérprete na Faculdade Iberoa-mericana de São Paulo, né? Especialização em Francês e Inglês. Espanhol de família. Então eu falo inglês, francês e espanhol. Aí depois eu entrei como guia por acaso, na época em que guia aqui era “diz-que-me-diz-que”, né? Um dizia, o outro dizia, o outro repetia, o outro fala-va, não havia nada consistente, vamos dizer, né? Isso há uns vinte anos atrás. Aí depois houve interesse do governo em formalizar. Perguntaram se a gente queria formalizar. Nós dissemos que sim e foi feito um cadastro, né? E aqueles que participavam daquele “diz-que-me-diz-que” fizeram, vamos dizer, uma pequena adequação das coisas.... é... Como falar, o que falar, um nivelamento e tal, e tiramos a carteira. Foi a primeira carteira que a gente tirou, né? E aí ficou. Eu comecei daí, vamos dizer, a fazer os roteiros turísticos de receptivo de Brasília.

Interessante... e desses, tiveram alguns que você apontaria como principais cursos de

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formação que possui para exercer a profissão de guia de turismo. Você apontaria esse que foi feito nessa época como um deles?

Esse foi muito incipiente. Foi... Nós dávamos aula para a pessoa que nos deu aula, né? (ri-sos) Esse foi assim... Foi um oba oba, né? Não... A pessoa estava perdida. Ela não sabia o que perguntar ou como perguntar, né? Porque na realidade, o turista, ele não quer saber o nome científico da arvore, né? Ele quer saber que ela chama barriguda e que, sabe? Tem a flor assim ou assado. Ele quer saber que é a quaresmeira, porque é na época da quaresma e tem uma bonita flor. Salvo, lógico, alguns casos específicos, tal, que já vão entrar numa linha... né? Mas ele não quer saber assim... Se você encher a cabeça do turista de informa-ções muito técnicas, ele vai se cansar. O turista, ele tem um tempo e esse tempo tem que ser respeitado. Se você ultrapassar, ele cansa e a visita fica chata. Né? Então, o guia de turismo é uma pessoa que não pode cansar. Ele tem que deixar sempre aquele gostinho de quero mais, sabe? Nunca terminar de fazer tudo. É como se... né?! Eu vou voltar, porque eu ainda não vi isso, né? A gente conta... “ah, mas você não viu isso... ah mas você não viu aquilo” que é para ver se dar tempo dele querer fazer outra coisa.

Teve algum curso de formação que você considera que foi fundamental para a sua...

A teve. Depois disso tiveram vários. O SEBRAE fez dois muito bons. Um deles foi assim, maravilhoso...

Você sabe dizer o nome?

Com a Tríade. Aonde foi lançado aquele.... Brasília em Athos.

O de formação para o Roteiro Athos Bulcão?

É. Nós fizemos também aquele para os cegos, né? Também foi muito bom. E um dado pela UNB... Assim, em conjunto com a UNB. Acho que também pela Tríade. Na época do Athos que vários arquitetos daqui foram até nós dar depoimento, inclusive arquitetos da época. A gente teve reuniões, ixi, há muito tempo atrás com o Cláudio Coutinho, né? Ele dando aula. Então, nesse meio tempo a gente teve alguma coisa muito boa por aí, né? Que abriu a mente da gente.

Hum rum. E tem algum curso de formação que você teria interesse em fazer para me-lhorar a sua qualificação como guia de turismo? Alguma coisa que você vislumbra...

hummm, eu não sei... Eu acho que... Veja bem, como guia de turismo a gente está sempre precisando, né? A gente esta sempre precisando fazer alguma coisa. Então, nós fizemos, por exemplo, turismo rural. Nós fizemos turismo rural, né? Mas eu, particularmente, eu tenho uma dificuldade. O meu turista é basicamente estrangeiro, né? E muito interessado, às vezes, no nosso cerrado, né? Nós não temos tempo hábil de levá-lo ao cerrado. Para ver

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mesmo, o cerrado, nós não temos tempo. Porque infelizmente o tempo que é dado ou são três horas ou são seis horas. Então, isso acarreta um problema sério para nós, que a gente não tem tempo de fazer nada. Então, eu gostaria de quê uma pessoa percorresse junto co-migo, junto com a gente, fizesse um curso de vegetação do cerrado percorrendo o tour em si. Por quê? Porque aí a gente não desviaria, sabe? Essa planta, qual é? Vamos dar um nome a ela. Né? Vamos dar uma... Porque aí já seria uma pessoa que... Ela, ela, realmente quer. Ela realmente tem um interesse, né? Daí já é uma outra coisa. Eu falar o nome da planta, o nome científico, o que é, tal. Né? Eu já vi gente chamando quaresmeira... é... é... chamando o Ipê de Quaresmeira. Entendeu? Então... Pra quê que ela serve... Nós temos toda aquela parte nossa, agora bem atual, né? Com a parte de cura das plantas, né? Do cerrado, que está bastante em alta, né? Com relação aos nossos produtos medicinais que saem da seiva e coisa e tal. Então nos podemos colorir um pouco mais, dentro do limite que nós temos. E quem sabe, aguçar o turismo rural.

Sim. Interessante. Qual é o perfil geral do público do qual você presta serviço? Você comentou que a maioria é estrangeiro... como eles são? Família, grupos?

São família. Não, são famílias. Ou são casais, ou até a família toda. A maioria são casais. Nós perdemos o mochileiro. Perdemos, totalmente. Antigamente você tinha muuitos mo-chileiros, né? Que a gente chamava de mochileiro. Que era um individual, ou sozinho, ou adolescente, o suíço... né?

Esses casais que você comentou, a maioria é estrangeiro?

E mais de idade.

Quais são as línguas que você tem fluência?

Inglês, francês e espanhol.

Ok. A maioria é estrangeiro, então. Casais. Eles vêm de quais países, geralmente?

Bom, como eu falo francês e francês não é todo mundo e... O francês é um pouco difícil e exigente, eu pego muito francês, né? Dentro da língua inglês, australiano, new zealandes, inglês... americano, mas é muuuito raro. Ele quer ir para a praia, ele não quer cultura, ele... né? É muito difícil. Holandês...

E você comentou que nós perdemos o mochileiro e eu fiquei curiosa. Por quê?

Não sei. Não faço idéia. Não sei se é porque ficou muito caro. Não sei se é porque outro estado venha a oferecer alguma coisa a mais para eles... Mas, nós perdemos, veja bem. O turismo em Brasília perdeu assim, 80% (oitenta por cento) depois que perdeu o air pass.

O air pass....

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O air pass, se ele voltasse, voltava o nosso turismo. Qual era o air pass? O turista comprava lá fora quatro localidades no país. Dentro dessas quatro localidades, se o avião pousasse e saísse e ele não dormisse, ele não pagava. Se ele dormisse, ele pagava. O estar aqui. Então, como Brasília é passagem para tudo quanto é lugar, nos tínhamos uma movimentação muito grande... Nem que fosse de poucas horas. Porque ele era obrigado a parar aqui para ir para Manaus... Então ele parava de manhã e saía à noite. Ele era obrigado a parar aqui para ir a Salvador. Ele parava de manhã e saía à noite. Então a gente tinha uma rotatividade muito grande e conseguia mostrar muito. Nessa época os mochileiros eram constantes. Né? Então, talvez, como o mochileiro é uma pessoa de um poder aquisitivo... é... Talvez nem tão mais baixo, mas que naquele momento ele está fazendo uma coisa, né, mais “controladinha”, tal-vez a gente perdeu por causa disso, ele tem que optar dentro do país, não é? Por alguma coisa.

Ta certo. Esse público que você atende tem um interesse específico? Você sente isso, ou não?

Cultural. Altamente cultural. O francês é altamente cultural, né? Ele... O francês, ou esse inglês, ou esse holandês... Quer dizer, quem vem pra cá, ele vem porque bateu o pé para vir. Porque Brasília é cortada. Se você for a qualquer agencia de turismo e disser: “Eu quero ir à Brasília”. Eles te perguntam imediatamente: “Por quê?” “Pra que?” Né? Então, essas pessoas dizem: “porque eu quero ir a Brasília!” E normalmente são de mais idade. Por quê? Porque vivenciaram na sua escola, na sua faculdade, ou no seu momento, alguma coisa... né? Escutaram alguma coisa sobre Brasília e eles querem ver.

Quantos roteiros em média a senhora executa por mês?

Hum... Agora está ridículo! Você pode dizer que a gente passeia. Um a dois.

Um a dois. Ok. Você acha que tem sazonalidade?

Sim. Tem. Você tem o carnaval. Quando tem o carnaval, automaticamente, não aqui, mas, se aumenta nos outros lugares, você tem um pouco mais de movimento. Quando tem as férias lá, né, em junho e julho, na Europa, você tem mais movimento, né?

Ok. Qual que é a duração média dos roteiros que executa?

Ou são três horas ou são cinco a seis horas, ne? A gente divide num meio dia ou full day.

E quais são os principais roteiros que realiza?

Você tem que mostrar o básico, né? O básico são aquelas perguntas: “e isso?”. Então, Ca-tedral você tem que mostrar; Congresso você tem que mostrar; Itamaraty você tem que mostrar; o Alvorada você tem que mostrar. Isso eles perguntam de cara, né? A Torre, eles perguntam, né? E alguns perguntam Memorial. Né? Eu faço questão de mostrar tudo seja em três horas, seja em cinco horas. Eu vou, ou demorar mais, ou demorar menos. Entrar ou não, né? A Torre eu não faço mais. Deixo para eles fazerem, assim eu tenho mais tem-

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po para fazer outras coisas que, como Brasília está, vamos dizer, pior para a gente circular, então a gente tem que cortar. Então, cortar vamos cortar a Torre que eles podem andar, botaram um semáforo, já ta mais fácil. Quando não tinha semáforo tava mais difícil. E o Quartel General eu deixo para opcional porque, realmente, não tem muito. Não turva... A Ponte. A Ponte agora tá dificílimo porque eles pedem a Ponte. A Ponte entrou na cabe-ça deles e no roteiro, né? (risos da entrevistadora). Então para a gente encaixar a ponte... (risos) é um tempo para levar até a Ponte. Você tem que achar esse tempo, né? Você tem que cortar alguma coisa, tem que cortar a Torre, por exemplo, né?

E as Superquadras...?

Ai, eu adoro mostrar as Superquadras! Eu mostro sempre a 107... tem que mostrar! É a vida. Senão você não mostra a vida. E só mostra o edifício. E eles gostam muito. Eles di-zem: “Nossa, eu não sabia que era assim. Eu não sabia que era isso”. Eles gostam muito.

Anos atrás a Brasiliatur apresentou para a cadeia produtiva cinco roteiros, lembra? Desses roteiros a senhora executa algum?

Não

Por quê?

Por quê? Uma coisa que eu comentei lá, em sala de aula, e eles não fizeram caso. Não adianta lançar aquilo. As agências boicotam os roteiros. Você tem que lançar o roteiro fora, na origem de quem vai vender. Porque a agência daqui, ela se conforma com o arroz e o feijão. Ela não tem interesse nenhum em fazer coisa a mais. Não tem. Parece que isso não entra na cabeça deles, né? Então, esses roteiros têm que ser mostrados fora. Têm que ser mostrados na França, na Europa. Direto. Tem que ser mostrado no Rio de Janeiro. Você acha que o Rio de Janeiro vai vender dois dias em Brasília sendo que ele pode vender quatro no Rio de Janeiro? Ele não vai vender um dia a mais em Brasília podendo vender quatro no Rio de Janeiro! Ele não é bobo! Né? Então, o que quê acontece? Não é passar por cima de ninguém, não! Nessas feiras, eu participei há muitos anos atrás de duas feiras internacionais, nessas feiras internacionais levar esses roteiros. Mas levar com o guia. Não levar com a agência. A agência vai boicotar esse roteiro! Levar com o guia. Leva a agência e leva o guia. O guia vende fora a agência, né? E ele mostra. Esse roteiro Brasília em Athos, eu me apaixonei para mostrar para o povo brasiliense. Sabe? Aquele que vai lá na Torre de Televisão. Aquele que fica lá. Aquele que vai lá comer o seu sanduíche, que vai comer uma comidinha típica do seu país e tal...Se você vender Brasília em Athos um pouco resu-midinho, eu uma hora, vamos dizer. Sei lá! A dez, quinze reais por pessoa, terminando na Sorbê para tomar um sorvetinho, vendo o painel de Athos Bulcão, né? Eu tenho certeza que vai render! Para o Brasiliense?! E aquele turista que estiver solto ali, ele vai ir! Então, Brasiliathos é um tour que pode ser nosso, que pode ser DE Brasília. E entrar no roteiro

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através disso... Porque o turista estrangeiro ele comenta, ele fala. Tudo o que acontece de mau e de bom vai para lá. Tudo. Tudo o que a gente fizer aqui cai lá, no ouvido deles lá.

Quais as principais empresas às quais presta serviço? Ou você trabalha mais de for-ma autônoma?

Eu trabalho, sou independente, né? Então eu trabalho com a Suprema, trabalho com a Santa Martha, com a Santa Julia, com o Convention Bureau. Eu me filiei a eles então eu pego muito serviço direto do Convention Bureau. Porque as empresas daqui, infelizmen-te, elas estão tendo bastante problema e elas passam esses problemas para a gente e não é possível. A gente tem que pagar a nossa água, a nossa luz, a nossa comida, né?

Ah, então, você diz com relação ao pagamento. Vocês prestam serviços e não recebem.

É. Trabalho com a Presmic... Trabalho com várias! Só que... A que mais paga, e não vou citar nomes, não paga o guia. Ou deixa de pagar. Ou paga dali a quatro meses. Isso não tem condições.

A que mais pega, você quer dizer, assim?

A que mais pega.

Ah, ok. E daí você não está trabalhando mais com ela, no caso?

Não.

Ta. E fora isso, você trabalha também de fora autônoma? Digo assim, tem a sua rede de cliente ou, de repente, um restaurante te indica, ou é um meio de hospedagem que te indica diretamente. Você trabalha dessa forma também?

Os meios de hospedagem, eles podem vir a dar pra gente. Mas os meios de hospedagem, não estou dizendo o hotel em si, mas a recepção, ela tem um vício, né? Que é cobrar mui-to além da tabela, para ficar com eles o dinheiro. Então, quer dizer, o que quê acontece? A gente, para sair com o nosso carro, botar gasolina e rodar 70km... São 70 a 100 km, em média, um tour bem feito. Brasília é muito grande em extensão. Numa língua estrangeira, principalmente, ou mesmo em português, você tem um gasto relativo. Aí eles querem uma participação muito grande nisso. Eles pedem algo demais do turista. Então, de duas uma: ou o turista desiste (porque é caro, acha caro). E para eles como tanto faz, como tanto fez, eles não fazem questão, né? Ou eles pegam qualquer pessoa, como um taxis-ta, colocam num taxista, o taxista leva lá... sei lá, por 70 reais ou coisa parecida, dá uma voltinha rápida e trás. O que quê acarreta isso? Uma visão totalmente distorcida da nossa cidade, né? Um dia eu tive um arranca rabo terrível com um jornalista por causa disso. Eu fui contratada do Itamarati para mostrar a cidade para o jornalista. Aí eu fui lá, ele era holandês. Eu fui lá e ele disse: “não, eu só quero ir até o hotel”. Eu falei: “Olha, eu sinto

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muito, mas eu tenho que lhe mostrar a cidade”. “Não, mas eu só quero ir até o hotel”. Eu falei: “Olha, eu sinto muito, mas o Itamaraty me contratou para eu lhe mostrar a cidade e eu VOU lhe mostrar a cidade”. “Não, porque eu não posso, porque eu não tenho tempo” E eu falei: “quanto tempo o senhor tem?” “Não, mas a senhora não entendeu, eu não quero!” Eu falei: “Não, quem não entendeu foi o senhor! O senhor vai entrar no meu car-ro, nós vamos sair daqui, vamos VER a cidade e o senhor VAI chegar no seu hotel”. (risos da entrevistadora). E fiz ele entrar. Aí fiz o tour rapidinho, em uma hora, contando a histó-ria real da cidade. Ah, eu perguntei; ele falou assim: “Eu já vi a cidade”. Eu falei: “Quem lhe mostrou a cidade?” “Um taxista”. Falei: “O senhor vai entrar dentro do carro!” (risos) Aí ele entrou dentro do carro e fui, contei a história, em uma hora ele tava liberado... Depois de uma hora ele falou: “Nossa... Realmente eu não tinha visto a cidade”. Aí ele falou para mim assim: “Bom, agora eu quero ver aonde é que tá todo mundo”. Eu falei: “Ah é? Peraí que eu te mostro aonde é que tá todo mundo!” Estava inaugurando a LBV?! Aquilo estava uma “zorra”, um caos total, tava assim ó (gesto de lotado), aquele pedaço, né?! “Eu vou te levar aonde tá todo mundo...” Ai deixei, aí ele se perdeu lá dentro, fez filmagem, fez coisa e tal... Resultado, ele gostou e tal. Então, são essas coisas... Isso tem que tomar muito cuidado. Aí depois fica falando mal do guia, entendeu? “Brasília não tem guia!” Porque não viu o guia. Então eu acho que nos tínhamos que ter... Lá no aeroporto uma distribuição de folhetos aonde se dirigir: agências e guias de turismo, né? Mas assim, não um CAT jogado num lugar que você não enxerga. Um CAT aonde se desembarca, né? “Pegue aqui o seu folheto. Nem que isso fosse subsidiado pelas agências e pelos guias. Não precisa ser o governo. O governo não precisa ser o papai de todo mundo, né? E lá, os patrocínios. Tal, tal, tal. Você pode se dirigir a essas agências, a esses guias, a esses... sabe? Ele pode tomar o seu táxi, ele vai lá de taxi, ele vai poder optar. Ele vai poder optar, não tem problema, mas ele vai ter acesso.

Qual é o valor médio cobrado por roteiro (você falou de três a cinco horas, então se for de três ou se for de cinco).

Olha, atualmente, pra quem.... Bom, pra mim, né? Eu vou falar de mim, os outros vão falar de cada um. Tão pagando R$ 150 por três horas e umas, R$ 180 por... é... R$ 180 pelo dia inteiro. Eu já avisei que não vou fazer mais, que eu vou fazer R$ 180 por três horas e R$ 200 por dia inteiro.

Isso é independente do número de pessoas, ou você tem um número?

Não. Vai oscilar. Vai oscilar. Pode até, de repente, a pessoa que está te contratando dizer: “Olha, são duas pessoas, não posso. Vai meu carro, vão duas pessoas..” E você faz a menos. Vamos di-zer, você faz R$100. Agora, menos de cem reais eu acho que já é exploração. Entende? Agora, o que ta havendo é que tem gente morta de fome que ta fazendo a R$80, R$60 reais.

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Ok. E isso prejudica bastante, né...

Prejudica a nós mesmos, né? E a eles mesmos porque cada vez mais eles conseguem pagar menos as suas contas. Né? Então, cada vez mais eles estão menos satisfeitos, mais des-contentes e um pior serviço, né? Porque você não faz um serviço contente, né? Então....

PERCEPÇÃO DESTINO BRASÍLIA

Agora eu vou falar um pouquinho mais do geral, ok? Vou começar te perguntando como é a sua avaliação geral do destino Brasília.

Se a gente não fizer algo, e rápido, nós vamos perder.

Perder mercado?

Vai. Totalmente! Nós já perdermos!? Nós já estamos só com o turismo executivo... Ou esse que bate o pé?!

Hum rum.. E isso você fala ao longo de quantos anos? Eu preciso dessa... pois você está há vinte anos no mercado...

Rápido, rápido, rápido!

E quanto tempo você acha que a gente perdeu? Quero dizer, há cinco anos você acha que ainda tinha bastante turista ou é coisa de dez anos atrás?

Não... Não. Eu saí. Fui trabalhar na construção. Eu tenho duas profissões...

Hum rum... E antigamente você trabalhava só como guia?

Antigamente eu trabalhava como guia. Olha, eu trabalhava como guia. Para você ter uma noção: eu trabalhava SÓ como guia, eu ganhava tanto dinheiro que eu tinha vergonha. Porque eu ganhava de todos os segmentos e ainda do turista. Como eu não era uma pes-soa, assim, acostumada a ganhar gorjeta ou isso ou aquilo eu acabava tendo até vergonha. Eu chegava a fazer três tours por dia...

E isso em que época?

Não, são uns vinte anos atrás mais ou menos, né? Então, você fazia um tour três horas de manha, três horas de tarde e três horas de noite. Ou fazia um tour de uma hora! E ganha-va... Eu lembro até quanto que a gente cobrava, a gente cobrar cem dólares por pessoa. Era muito dinheiro! Porque naquela época...

Retomando, sobre Brasília perder mercado...

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Noturno, por exemplo, by night. By night nós perdemos totalmente. Antes nós fazíamos by night direto. Então, o turista chegava no hotel, “que quê eu posso fazer?” Imediata-mente, pufff. Você vendia um by night, emendava um by night, fazia o by night. Aí são dois motivos: Primeiro, o turista não... é... Não tem o mesmo poder aquisitivo, talvez. Né? Segundo, talvez, uma desmotivação nossa. Porque ele vai querer pagar muito pouco e nós também não vamos ter muito para mostrar. Né? Então, a cidade não correspondeu, a mostrar. Antes os monumentos ficavam todos acesos, agora não ficam. Tem monumentos apagados. Né? Desde daquele momento que houve aquela recessão de luz. É... do... que foi cortado. Pediu-se que houvesse uma redução na luz, tal. É... com o apagão. O apagão! Muitos edifícios não voltaram a ser iluminados. A Torre antigamente, você subia de noite. Agora ela voltou.

Ah é?

Eu não voltei porque eu ainda tenho medo porque eu não sei se eu vou chegar lá e vou encontrar ela aberta ou não. Porque é se a pessoa pode, se a pessoa não pode, se a pessoa está, se a pessoa não esta. Não é assim. O turismo tem que trabalhar 100%, tem que estar.

E antigamente estava?

Antigamente era direto! E era lindo você ver a cidade lá de cima à noite. A primeira coisa que a gente oferecia era “vamos subir na Torre”. Primeira coisa que ele dizia: “Vamos!” Né? Ele não sabe onde ele esta... Então, essas coisas que a gente foi perdendo, né? E isso está cada vez pior. Agora, nós... Em contrapartida, aumentaram coisas. Tem o museu pra gente mostrar. Tem o museu lá do... a... o Centro Cultural Banco do Brasil, adoro aquele espaço. Adoro levar gente lá! Mas não tenho tempo porque nós aí precisaremos de um dia a mais. Isso só pode ser conseguido na fonte, na Europa ou na América, que tem que se trabalhar o produto Brasília um dia a mais. No mínimo um dia a mais.

Porque geralmente o turista vem pra cá e passa um dia só?

Um dia só. Não dá.

hum rum. Ok. Eu vou pontuar alguns itens de como avalia o destino Brasília: Acessi-bilidade e mobilidade.

Bom. A gente tem um roteirinho, né? Esse roteiro é bem bom. Brasília tem um acesso muito fácil. Então você faz o roteirinho... Agora não vamos levar em consideração agora, que tá tudo bagunçado, tem alguns problemas, né? Não vou considerar isso... Isso vai melhorar. Então, você tem um roteiro que dá bem. Só que nós estamos tendo, já começa-mos a ter um problema grave que é estacionamento. Então, eu acho que todos os carros de turismo deveriam ter uma licença específica para parar de dez a trinta minutos em determinadas áreas, independente de aonde elas fossem. Porque, por exemplo, o museu.

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Foi feito sem estacionamento, é um absurdo. Bom, não sem estacionamento. O estacio-namento está longe! Não dá para andar aquela distância. Nós não temos tempo de ir da rodoviária, aonde esta o estacionamento, vamos dizer, até o museu à pé. Se perde muito tempo. Outra, aquele estacionamento foi tomado por gente do Setor Bancário. Então, nós não podemos. Então tem que colocar uma plaquinha ali, ó: carros e ônibus de turismo. Não só ônibus, pelo amor de Deus. Porque tem os carros que transportam três, quatro, duas pessoas: “carros e ônibus de turismo”. Permitido por tanto tempo, ou sei lá eu, criar um adesivo, não sei. Qualquer coisa assim. Por que o táxi pode formar uma fila imensa, fi-car o dia inteiro parado e nós não podemos parar trinta minutos para mostrar um edifício. Lá em baixo, na Praça dos Três Poderes, nós paramos num local extremamente perigoso, na decida. O guarda especial, ele tem todo o direito de nos multar lá, se ele quiser. Graças a Deus ele não multa porque eu acho que ele usa o seu bom senso. Mas deveria de ter uma placa correta permitindo que a gente mostrasse o Espaço Lúcio Costa.

Ok. Com relação à qualidade do atendimento em geral

Não estamos a nível de primeiro mundo nunca. Nunca! Falta muito para chegar lá. E para esses eventos de agora, nós tínhamos que correr. Já tinha que ter começado, nós estamos atrasados. Inglês para todo mundo. Aula de inglês para todo mundo! Né? Aula de etique-ta, bons modos. Obrigado, por favor, sim senhor, não senhor.

Ok. Com relação a nossos preços como destino Brasília.

Brasília é caríssimo.

Você acha que a gente perde competitividade por ser caríssimo?

Muito! Muito. O Hotel, ele é caro. É... Bom, vamos ver. Alguns que eu conheço aí fora. Os que eu não conheço, eu não sei, né? Mas eu acho assim, que o nosso hotel é muito caro e é executivo. Ele não é um hotel de luxo. Então eu acho que ele tem que se adequar um pouquinho.

Em relação à segurança. Você acha que Brasília é um destino seguro?

Nós estamos começando a ter problema. Então nós já deveríamos de estar tomando pro-vidências.

Promoção e Comercialização de Brasília?

Em que termos? Coisas nossas que eles possam levar? Ou promoção de Brasília lá fora?

É, como um destino turístico...

Nada! Nada! Nada.... Eu fui... Nós tivemos agora o... Não sei se você viu ou participou do negócio lá, do Sindicato, da reunião, né? Dos guias de turismo. Foi levado um vídeo

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sobre Brasília. Lindo! Maravilhoso! Porque que esse vídeo não tá por aí, circulando. Por que que não jogam eles, como como a gente escuta Minas Gerais, como a gente escuta Rio de Janeiro? Ele é lindo! Sobre o caminho real, sobre as nossas cidades antigas, como se veio até Brasília, desde aquele período do descobrimento até agora, tudo o que foi feito. Porque não? Tão lindo. Tá pronto! Só divulgar.

Com relação à articulação

Eu participo do Convention, né? Do Convention Bureau. Não há uma união. As partes, cada uma, quer ser mais que a outra ou ultrapassar a outra. Então, não se entendem.

Ok. Em relação à infraestrutura geral e estrutura turística existente

Olha, se vier esses eventos vai ser um fiasco. Os guias, que somos, né? Primeiro eu não queria a formação de novos guias. Porque, eu digo assim, se nós estamos passando fome, vai formar mais guias, nós vamos passar mais fome. Né? Aí, depois, eu parei e pensei: Não, é egoísmo meu. O negócio é o seguinte, nós não temos guias. Porque quando tem qual-quer... Se tiver dois eventos aqui em Brasília, já começam as empresas a ligar e eu dizer “eu não posso”, você também dizer você não pode, a outra não pode, a outra não pode, porque está todo mundo ocupado. Entende? Então, guias bons já não tem. Ou saíram, ou se mudaram, ou morreram, ou... Porque os jovens não entraram. Ta? Então, eu acho que nós já deveríamos estar formando guias. O SENAC forma? Mas... Não é bem esse tipo de formar, sabe? É formar na rua! É o trabalho de rua, né? O de ler, tudo, o SENAC forma. O trabalho de rua, o trabalho psicológico, sabe? O trabalho de agüentar 40 pessoas brigando dentro de um ônibus, enchendo o saco, né? Você atender num restaurante 40 pessoas... Aonde é que você leva? As pessoas às vezes dizem assim: “Ah, o guia ganha comissão”. Ta. Vai levar em qualquer local aonde você ganhe comissão. Não vai dar certo. Nós levamos um grupo no Don Durica. Foi um fiasco total! Porque não tem tarimba pra grupo.

Não comporta muita gente, né?

Não. Ele não, não sabe lidar. Né? Você vai levar num de... Assados e Grelhados, de R$ 9,90, e resolve perfeitamente porque ele sabe lidar. A agilidade, é rápida, é simples, é fá-cil. Então, você tem coisas assim que só... Você só almoça num.. Né? Então, você tem que ter cursos adequados para,né, para o guia de turismo, que isso nós, que somos antigos, aprendemos lá. Então eu acho que vocês deveriam de aprender, de aproveitar o nosso conhecimento, que já ta por acabar para passar para os novos, que a gente não ta vendo na rua. Ou, os que está vendo, estão cometendo erros terríveis.

Interessante. Como que em geral a senhora percebe o turismo no DF do ponto de vista do SEU trabalho como guia de turismo. Você comentou agora, por exemplo, que você sente falta de guias novos e quando você os vê, eles estão cometendo fiascos. Em

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geral, como é que você percebe que o turismo está acontecendo no DF atualmente?

É uma desmotivação. O pessoal ta caindo tudo fora. Né? Estão entrando os motoristas. E é verdade, são motoristas! Que trabalhavam com a gente, que escutavam e de tanto escutar acaba...Né? Só que, claro, ficamos nós os que temos línguas, porque eles não sabem as línguas, então, aí já... Né? Mas para o português ficaram os motoristas, a exceção de uma parte formada pelo SENAC, tá? Mas coitada, a professora Monica não dá conta mais, né? Porque ela tem que dá em sala de aula, tem que dar in loco, tem que dar... Sabe? Tem que... Eu acho que.... O Fabrício, eu tava conversando com o Fabrício, tinha que haver uma parceria. Porque eu falei para o Fabrício: “Fabrício, todo mundo tinha que ter uma língua pelo menos!” “Ah, mas nós não damos conta” Aí eu falei: “Mas vocês não tem que dar conta! Faz parceria.” Né? Então, sei lá. É... A CVC disse que pega os guias de uma empresa particular. Por que não isso? Uma empresa particular que forme guias, que quali-fique guias, né, e que ceda os guias. Por que não isso? Aí o que quê aconteceria: tem um evento. Eu não quero um guia, mas eu quero uma pessoa com postura, tal, né? Ela vem naquela empresa também. Ela sabe aonde ir, ela sabe aonde procurar, né? Que é o que o Convention tentou fazer, mas o pessoal parece que não entende isso. Eu tento catequizar o povo mas eles não conseguem entender isso.

É... a Senhora comentou que a senhora guia bastante o público estrangeiro, bastante franceses, muitos ingleses... Eu queria saber como é que é a percepção que você tem da percepção deles. A imagem que eles têm de Brasília. Tanto para terem vindo ou, inclusive, aqui. Como é que o turista vê Brasília? Como é que você sente isso?

Ele adora o passeio. Ele sai muito feliz depois que ele fez. Né? Nunca... Nunca me acon-teceu, bom, pra dizer nunca?! Vou dizer uma ou duas vezes nesse tempo todo, de alguém se arrepender de ter vindo por outros motivos. Não pelo passeio em si, mas por alguma coisa desagradável que tenha acontecido. Mas ele não se arrepende de ter vindo. E mui-tas vezes ele sai dizendo: “eu ficaria mais um dia”. Sabe? Porque aí você aproveita para dizer “Você poderia ir para Pirénopolis” Ou “Você poderia ir para Itiquira.” Né? Ou você poderia ir para o Catetinho, pra uma cidade satélite ou para uma coisa assim. A gente não tem muito tempo para levá-lo, né? Você já imaginou você pegar essa pessoa e levar, não vamos longe, não. No Guará, comer pescoço de peru. Você já comeu? Vá no Guará, na 19. Acho que é na 19 ou 17. Comer pescoço de peru no Mané. É a coisa mais maravilhosa do mundo, né? Todo mundo lá chupando, melando os dedos. Aquela algazarra, aquela balburdia. Então são coisas assim onde eles vão ver uma Brasília humanizada, que a gente não... Não consegue levar.

Por falta de tempo, basicamente....

Não tem tempo.

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Eu quero saber da sua opinião com relação aos principais aspectos que afetam o turismo no DF positiva e negativamente. Aí eu vou citando alguns itens e eu gostaria que você falasse, de modo bem objetivo, quais são os aspectos que afetam positiva e negativamente. Em relação aos próprios serviços prestados pelos guias de turismo locais/regionais?

Tem muita gente que só faz por dinheiro. Aí, pronto. Isso é extremamente negativo. Como agora nós estamos desmotivados, ta sendo um ponto negativo. Dinheiro! Falta de um pa-gamento adequado pelas empresas, pelas agências.

E positivo?

Os que sobraram, sobraram porque amam. Então eles passam um amor terrível. Entende? Então, os que estão formados, estão desmotivados por causa do pagamento. E os que são... é.. que já são antigos, eles passam muito amor. Então, quando eu termino um city tour, ou a Maria José, você já deve ter visto, quando ela falou, é... A gente tem um amor muito grande pela cidade. Então, e eles perguntam pra gente: “Nossa, mas você gosta daqui, não? Você gosta de Juscelino, não?” A gente passa esse amor, essa coisa.

E isso contagia...

O guia tem que contagiar! Ele tem que fazer isso! Né?

Hum rum. Com relação aos atrativos turísticos?

Ah, não falta. São muitos! Faltar não falta. Você tem: conservação, né? Conservação ta terrível. Vamos ver agora, né? Com essa melhoria, essa coisa. Agora, o IPHAN deixa muito a desejar. Né? Deixa muito a desejar. Ele não cuida mesmo.

Com relação ao serviço das agências de receptivo?

Péssimo. Nesse sentido que eu te disse.

Pagamento, né?

Eles deveriam ir ao Rio de Janeiro, deveriam de fazer um trabalho, deveriam de... sabe? Existe um... Olha... Porque a gente já fez um monte de fan tour aqui. Trazer as agências do Rio para cá, ou de Salvador, ou de Recife, ... prá cá. Fazer um fan tour ao contrário. Eu acho! Seria uma coisa boa. Tanto das agências como de alguns exemplares de guias. Sabe por que? Porque eles talvez vissem aonde eles estão pecando. As agências daqui, às vezes eu falo para alguma: “Olha, tem brecha, a empresa tal me pediu. Você pode ir lá e pegar.” Eles não querem brigar uns com os outros. E eu falo: “Gente, isso não é brigar, isso é concorrência!” É concorrência, é abrir novos campos, isso não é brigar. Mas parece que eles fizeram um acordo entre eles que as agências que são tua eu não posso tomar, as agências que é dele, eu não posso tomar, a agência que é dela... Mas peraí, eu posso

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dar um bom serviço. Então se você fizer um fan tour, a agência de cá, que ta sendo mal atendida do Rio de Janeiro vai olhar. “Opa, tem outras agências lá, eu vou tentar testar”. Aí não vai ter aquilo de eu sair de lá, para entrar, para tomar. Vai ter aquilo desta agência testar o serviço, para conhecer.

Com relação às prestadoras de serviço turísticas e às prestadoras de serviço de transportes?

Antigamente a gente tinha, naquela época que tinha muito serviço, nós tínhamos até que uma... Os ônibus, por exemplo, eles faziam mais questão de estar limpos, de ter mais microfones, apesar de ter mais serviço e de ser mais constante e mais difícil manter isso bem, né? Eles tinham mais... Faziam mais questão de estarem limpos, com os microfones funcionando, bem higienizados por dentro, por fora, né? Motoristas mais adequados. Agora parece que vem caindo, vem caindo, vem caindo. E a gente não pode dizer que são as empresas porque as empresas são grandes. Nesse caso, a gente não pode dizer que é porque o serviço caiu. Porque as empresas de turismo que sobraram são grandes. Elas têm dinheiro suficiente para lavar esses ônibus e manter esses ônibus. Outra, coloca um mo-torista de Goiânia. O guia fica doido! Ele não sabe aonde ir, ele me pega uma tesourinha, a gente tem que sair correndo lá de trás para ele não entrar na tesourinha. Sabe? Então, você tem que ficar lá com ele, assim, vigiando a porta, o motorista, e o “coiso” porque ele vai pegar uma tesourinha. Ou senão você tem que falar antes para ele não pegar uma tesourinha, entende? Então, eles têm que cuidar mais.

Com relação aos serviços e equipamentos de gastronomia. Você comentou, por exem-plo, que eles não têm capacidade de atender grupos grandes. São poucas opções, então? Ou depende?

Não. Eu acho que nós temos. Eu acho que nós temos só que... Por exemplo, se é um grupo simples, você tem suficiente. Né? Você tem muito Buffet. Né? E tem que ser Buffet porque você tem que comer rápido e ir embora. Se é um grupo mais fino, mais... Aonde você já levou numa Fogo de Chão, você já levou numa churrascaria boa, você já levou... E daí? Se você tiver que levar em dois locais bem finos com uma alimentação rápida, aí o bicho pega. Já fica difícil, né? Então, Mangai. Mangai surgiu para preencher essa lacuna. Porque aí o Mangai supre um Buffet elegante e bom, né? Só que não é comida da terra! É comida nordestina, né? “Ah, mas eu vou comer comida nordestina!” Alguns querem, outros não querem, né? Então, talvez... Né? Talvez mais um de grande porte. Se bem que nós temos o Pontão. Só que se a gente levar para o Pontão, o que quê a gente faz, marca hora e dispersa o pessoal. Aí quando eles voltarem, infalivelmente você vai ter bronca. “Ah, no Bierfass não me atenderam rápido” “Ah no outro não sei que” Entende? Porque aí vai ser a La carte. E a La Carte vai dar complicação.

Em relação aos serviços e equipamentos de hospedagem?

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Negativo: estacionamento de ônibus. Ponto lá em cima, né? Como você movimento o ônibus e como você pega o passageiro. Né? Isso aí é terrível. O pessoal da recepção não sabe botar as chaves, ainda... Não sabe olhar: eu tenho um grupo hoje, eu já vou preparar as chaves. Não sabe fazer isso. Antigamente ele sabia! Hotel Nacional fazia. O Carlton, que são os antigos, ainda sabe fazer. Os novos já não sabem fazer. Sabe? Se preocupar em olhar: quem é que vai dar entrada agora à noite? Poxa, eu vou ter um grupo aí de dez pes-soas, já vou separar essas chaves. Né? Então, ele não existe, teria que haver treinamento.

Com relação às opções de lazer e entretenimento?

Tem, mas a gente tem que sair caçando. E elas dependem de locomoção, né? Então, eu vou te dizer o que me acontece particularmente com meus grupos franceses: “Ah, eu quero escutar música”. Ta. Você tem o Clube do Choro, você tem o Café Cancun, você tem o 306, com Feitiço Mineiro, você tem isso.... Mas tudo você tem que tomar táxi. Aí eles já... “Não, porque não sei que... porque não se quanto”. No setor hoteleiro não tem nenhuma oferta. No norte ainda você tem, né? Um pouco próximo. Mas no sul, você não tem. Né? Você não tem uma oferta de música assim bem próxima, que eles possam andar. Então Brasília é ruim nesse sentido. Aquele edifício que tem perto do Hotel das Nações, Alvorada, Carlton, que botaram a Amil, você lembra? Primeiro era um Bingo, depois... Porra, vai me bota a Amil lá dentro! Que coisa horrorosa. Aquilo dava duas ou três casas noturnas maravilhosas, sabe? Com música... ótimo, maravilha, vai à pé. Né? Agora vamos ver se lá no 21, aonde tem lojinhas, mas acho que não tem nenhuma de porte grande, para ter uma musica, né? Precisa musica, precisa um restaurantezinho pequeno. Eles não querem entrar dentro do Shopping: “ah não, o shopping eu conheço, em qualquer parte do mundo”. Eu concordo com eles. Né?!

Com relação aos espaços, infraestrutura e serviços para realização de eventos?

Bom, eu atendo bastante eventos, né? E teve o 21 que veio para complementar, né? Por-que tava faltando, e ainda falta. Ta crescendo, né? Esse mercado ta crescendo, graças a Deus. Pelo menos isso, né? Esse ta crescendo bastante. Então, eu acho que tudo que vier é bem vindo, não... Né? O centro de convenções complementou, com aquela ampliação. O 21 complementou. Né? Então eu acho que o quê vier é bem vindo.

Centro de informações turísticas?

Você não ta perguntando isso, ta?

(risos) To. To perguntando. Nós não temos atualmente, né, nenhum funcionando.

Não. Nenhum. E quando, se teve, foi dado à faculdade. O pessoal perdidaço. Não foi dado uma orientação. Porque eu não posso culpar eles nem nada. Também não posso dizer que a faculdade não deu orientação. Não sei quem não deu. Mas você chegava lá

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e eles não sabiam nada! Outra, eles não sabiam línguas. Não pode! A pessoa que esti-ver lá tem que saber várias línguas. Não uma, nem duas, nem três, é várias. Se você não conseguir uma pessoa que saiba várias, então tenha uma, ou duas, ou três que comple-mentem, né? Eu não sei espanhol, mas o outro sabe. O outro sabe inglês, o outro sabe Frances, vamos nos complementar, vamos falar, né? E todos tem que saber inglês, né? Isso é uma condição básica, né? Informações turísticas. Uma vez nós tivemos uma palestra de uma pessoa que viajava muito na cabeça dele, eu acho. Mas ele falou coisas muito certas. Folhetos dentro dos hotéis. Você não tem aquele livrinho de testemunha? Sei lá eu, de testemunha de Jeová, sei lá eu o que que é. Aquele livrinho que se coloca dentro do criado-mudo de todos os hotéis? Folheto turístico dentro de todos os hotéis, de todos os criados-mudos. Que fosse obrigatório colocar. Abriu, achou. Foi-nos prometido pelo Ministério do Turismo que quando clicasse o botão da televisão a primeira imagem seria Brasília. Brasília com suas informações turísticas e o que fazer em Brasília. Independente de guia ou agente de turismo. Não foi feito.

Agora eu vou entrar um pouquinho no seu trabalho de novo. Quais são os principais aspectos que facilitam o seu trabalho como guia de turismo no DF? Pelo menos três que vem a sua cabeça.

Que facilitam? Bom, a circulação de Brasília, né? Eu sou de São Paulo e adoro a circulação de Brasília. Isso facilita muito a gente ir pra cá ou ir pra lá, mudar o roteiro, por exemplo, né? Só não facilita por aquilo que eu te disse que às vezes estacionar é um problema, mas é mínimo dentro de São Paulo ou Rio, né? Que mais, facilita.... Eu acho que também a quantidade de monumentos, né? De atrativos que a gente tem juntos. Concentrados, né? Porque se a gente quiser a gente vai pra fora, mas se não, a gente fica aqui. Então isso nos permite atender o cliente em três horas se a gente quiser, ou em seis, ou em uma, se hou-ver necessidade. Né? Quantidade de atrativos. Que mais... Eu tenho a vantagem das mi-nhas línguas. Então, isso me permite pegar um roll maior. Ou, a cidade, por ser também, como é que chama... Executiva, administrativa, nós temos os eventos. O evento também é um... Facilita porque você pega um evento e através do evento você pode pegar um turista, você pode atender, você pode ampliar o roll, né?

Agora eu queria que você me dissesse o que mais dificulta o seu trabalho como guia.

A falta de turista. Cadê o turista? Se ele entrar aqui ele vai ser atendido. Vai ser bem recebi-do e vai sair contente. Mas cadê esse turista? Onde é que a gente acha, né? Ta. O boicote das agências. Que eu te digo, eu acho que não é uma coisa consciente, ta? Eu acho que é uma coisa inconsciente. Eles têm um pacote para vender. De 15 a 20 dias. Eles têm um Brasil imenso. Eles têm que escolher, né? Então eles vão escolher! Então, nós temos que fazer parte desse pacote de alguma forma. Nós temos que mostrar um atrativo violento

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que, né? Que possa motivar, né? Todas essas publicações que saíram no Correio, no jornal, foram maravilhosas.

Do Brasília 50 anos?

Nossa, foram maravilhosas. Aquilo incentivou muito. Aquilo, né, trouxe um calor humano, uma vida, uma coisa. Então, é uma coisa assim, alguma coisa que motive muito. Porque senão nós vamos ser cortados.

Ok. Quais seriam as principais oportunidades e quais as principais ameaças que vi-sualiza para o DF nos próximos 10 anos?

Pois é... Se a gente não fizer algo essa cidade vai cair eu desuso, ninguém vai conhecer mais Le Corbusier, Oscar Niemeyer, muito menos Lúcio Costa, que já não conhecem, né? É... Ela não vai mais ser moderna, porque ela não tem arranha-céus, ela não tem prédios já, né, num estilo mais moderno. E vai haver muita gente dizendo: “ah, eu não vou lá não. Pra que? Aquilo lá já não... Já passou!”. Né? Nós temos que contar como é que foi a saga de Brasília, né? Ela não foi só uma cidade moderna, ela teve toda uma história, toda uma historia política, toda uma saga, né? Toda uma coisa que, inclusive agora ta acontecendo, continua acontecendo.

Então eu posso entender que a principal ameaça que você vê é...

Cair em desuso!

O esquecimento desse contexto de construção. Seria isso? Cair em desuso é nesse sentido: ser esquecida, não ser valorizada, é nesse sentido?

É.

E oportunidade?

Aqui?

É. Nos próximos dez anos para o turismo. Você vislumbra oportunidades?

Nenhuma. Se a gente não fizer nada, nenhuma. Agora eu não sei o que está sendo es-tudado nas faculdades. Por exemplo, nessas faculdades, como UNB de... é... O turismo em termos financeiros. O turismo em termos econômicos, né? Eu acredito muito, né, na indústria do turismo. O turismo é uma indústria. É o que mais dinheiro nos trás. Você me perguntou há tempos atrás... Poxa vida, eu tinha três turnos, eu ganhava mil dólares dia. Você sabe o que é mil dólares dia? Naquela época? Quando, se você segurasse de manhã e soltasse a tarde, você já quase tinha um terço a mais do dinheiro que você tinha na mão, né? Eu fiz uma viagem para o exterior a base desse dinheiro, barriguda, com o marido, sustentando a viagem. Eu fiz uma reforma num apartamento quando voltei. E continuava

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trabalhando! Barriguda. O pessoal ria, dava caixinha, não me deixava dirigir. Brincava. Entende? Então, agora, primeiro, nem caixinha. Você, às vezes fala: “ah, porque caixi-nha”. Não é isso! Isso que nós estamos falando é porque mudou. Mudou mundialmente o contexto de turismo. Então tem que... Nós temos que alterar o contexto aqui também. O turista é mais pobre. Não adianta vocês falarem. Então, você tem o turista executivo? Então vamos pegar esse turista executivo, mudar a linha. Vamos para o turista executiva para acompanhar (isso dele – não tenho certeza – 32’47”). Vamos fazer com que esse turista executivo tenha melhor condição de ser atendido. Ele não é bem atendido. Ele não come bem. Ele não pode largar o seu local de ser... ó, ele está no Centro de Convenções, tem que tomar um táxi para ir até o seu hotel ou até o seu restaurante. Nem sempre isso é viável. Deveria ter um ônibus específico, gratuito, para ir até o hotel. Eu não digo até o resto, mas até o hotel.

Tendo por base os comentários que os turistas fazem e a sua experiência, o que a senhora acha que poderia ser uma oportunidade de negócio no turismo de Brasília?

Bom, uma é aquilo que eu te disse: uma empresa de formação de guia de turismo. Já que eu não posso mais competir com os que vão ser formados, eu formar adequadamente. Né? Então eu acho que uma empresa de um nível tal que as pessoas pudessem se dirigir a ela para pegar uma pessoa adequada, né? Então isso seria uma coisa. Uma empresa que tivesse uma ética aonde eu não vou cobrar de você, cliente direto, o mesmo preço que eu vou cobrar da agência. A agência vai pagar 150 e você vai pagar 300, como você pagaria para a agência. Então, se você particularmente vier me pedir, você vai pagar 300. Se a agência vier me pedir, ela vai pagar 150, que foi uma das queixas deles, que a gente fura a agência. Mas a gente fura porque a gente ta morto de fome! E tem que furar, porque senão você não tem comida.

A gente ta prestes a sediar uma COPA DO MUNDO ai...

É por isso que eu to falando disso! Formar! Se houvesse uma união. Eu não tenho dinhei-ro, então eu não posso. Mas eu faria com o máximo prazer. Seria isso. Uma união. É... Escolas de línguas. Né? Guias de turismo, já com uma tarimba boa. Guias de turismo. É... Acho que faculdades. Porque afinal de contas, porra, a pessoa tá investindo quatro, cinco anos lá no seu... né? Na sua coisa. Mesmo que ela não vá ser guia de turismo. Mas para esse “coiso”, especificamente, ela poderia tirar um certificado a mais, ou sei lá, isso vocês é que dão o nome, né, a mais que seria um guia de turismo. Ela poderia ver o que quê a carreira dela significa mesmo lá naquela ponta. Então, depois ela vai ser uma agente de turismo? Mas ela vai entender aquela ponta lá. Quem é que tava lá, representando ela?

E tem o SEBRAE, né? Tem o SEBRAE, como parceiro. O SEBRAE e o SENAC. Dá para unir todos e fazer uma bela (...não dá para entender 36’52”).

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E alguma outra oportunidade de negócios que você visualiza para outra categoria, sei lá, alimentos e bebidas, de repente...

Alimentação sempre...

Ou sei lá, para eventos... Alguma coisa que Brasília não tem e que poderia ter? Ou que você sente na própria fala do turista: “Poxa, gostei mas faltou...” Não sei.

Alimentação lá no setor hoteleiro. É péssimo. Péssima, péssima, péssima. E parece que o Chamas já desistiu, né? Eu vi lá, não sei quê... Amoré mio ou coisa parecida. Provavelmen-te vai virar puteiro de novo, de luxo, de novo. Então, quer dizer, ali, aonde fizeram o 21... Fizeram uma praça para poder contornar os carros e os ônibus. Ali tem várias lojinhas. Ali seria um ótimo lugar de ter... Só que achei um pouco pequena. Talvez, talvez duas, daria um mini-restaurantezinho para uma comida, sabe? Uma comida mais típica nossa, tal, que o turista pudesse ir lá, assim. Sentar ali, na frente... Aquele local é tão agradavel, tão bom. Ficou bonito ali. Ó, não precisa falar mais. Você viu na Torre, no Posto da Torre? Vá no Posto da Torre, do lado do Posto da Torre. O dono do Posto da Torre deu mais uma dentro. Aquele rapaz é maravilhoso. A vista dele é 100%. Do lado ele abriu uma lancho-netezinha. Ta estourando de vender.

É... porque aquela turma toda não tem o que comer, né?

Não tem um lanche diferente do Mc Donalds. Entendeu? É isso.

De tudo o que a gente comentou aqui existe algo que a senhora gostaria de enfatizar? Algo que não foi dito e que a senhora gostaria de dizer?

Ah! Avião, chegando. TAP e a outra que você falou. Quando chegou a TAP, eu achei que nós íamos ter um aumento substancial de turismo. Nada! Cadê? Onde ta o povo da TAP? O que quê acontece com o povo da TAP? Eles reembarcam!

Reembarcam?

Só pode ser!! (risos) Eles não ficam aqui! Eu não atendo gente da TAP. Com raríssimas exce-ções. E você vê correr assim: “shhiiii”. Você vê eles perguntarem alguma coisa para o pessoal lá dentro e saírem correndo. Quer dizer, eles vão reembarcar. Eles não ficam em Brasília. Nem uma noite sequer. Então, se o hotel, talvez, desse uma vantagem. “Poxa, eu to passan-do por aqui, eu vou dar uma dormidinha aqui”. Sabe? Então, naqueles livros de bordo... Naquelas revistas de bordo... Entrada naquelas revistas. Veja, eu já guardei tantas dessas re-vistas para ler das localidades do país, né, do nosso Brasil. Porque são bonitas... Sabe? Nessas revistas, Brasília, pelo amor de Deus, todos que entrarem aqui que tenha Brasília, né? Esse que vai entrar agora, também, que tenha Brasília. Porque a gente não vê nada.

Outra, o aeroporto, se continuar daquele jeito... Aqueles dez anos que nós falamos? Aca-

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bou também, ta? Não tem condições de você atender turismo lá! Para pegar lá a gente para em fila tripla e o policial vem multar o ônibus. Isso é ridículo! Enquanto dois carros estão parados em fila dupla, sem ninguém dentro. Ele vem multar o ônibus porque ta atrapalhando. A gente é obrigado a olhar de cara feia para ele.... Em Salvador tem um local específico.

Nossa, engraçado. Eu nunca tinha parado para pensar nisso. Que lá no aeroporto não existe uma estrutura para ônibus de turismo...

Vá lá. Você tem aquele localzinho que vende flores? Olha lá. Tem um cartazinho: estacio-namento de ônibus de turismo. Olha! É só carro particular parado.

Não. Pra você ter uma idéia, eu já parei lá com o meu carro e eu nunca vi essa placa...

É desse tamaninho...

Estacionamento para ônibus de turismo! (risos)

É desse tamanho (sinal com as mãos de pequeno). E aí o que quê acontece, quando vem um ônibus de turismo, ou ele para em fila dupla, né? O que é ruim e difícil. Ou, fila tripla. Como eu já fiz questão, de parar o trânsito, e do cara ficar uma onça. E eu olhar feio para ele e dizer: “multa”. Ele ficou quieto. Parou e pensou duas vezes. Mas ele pode multar. E quem vai levar a culpa é o motorista do ônibus porque a empresa do ônibus culpa o motorista. Ele é que tem a obrigação de não levar multa. Não é assim gente! Motorista do ônibus agora... Lá, no aeroporto, agora, não tem mais local de estacionar. Você já olhou isso? Vá! É outro local que vocês têm que ver porque é a entrada da COPA. A entrada da Copa. Sabe aquele posto de gasolina ali em baixo? Os carros ficam até lá agora. Ta? Então. Antigamente, ali, os ônibus grandes ficavam lá. As vans, menores, ficavam num cantinho na virada da “coisa”. Agora nem no cantinho, nem lá não cabe mais.

No cantinho da TAM Express ali?

Sabe quando você vai voltar, retornar?

Ah sim, sei.

Tinha um cantinho, que ali tinha uma plaquinha: ônibus de turismo, que arrancaram.

Que agora ta cheio de carro particular também, porque a turma não quer pagar... Porque o estacionamento é meio caro, também, pode ser, né?

Caríssimo!! Caríssimo!! Então tem que obrigar aquela pessoa do estacionamento a traba-lhar corretamente, né? Ou, dar condições. Mas os ônibus de turismo, esses não tem jeito. Eles têm que ter um local para estacionar. Porque como é que eles vão pegar uma seleção, pelo amor de Deus? Né? A gente passa todas essas dificuldades, na realidade, dentro da

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tua pesquisa você teria que ter um tempo para você passar algum tipo de dificuldade des-sa. E, por exemplo, um fantour desses no Rio de Janeiro.

Fazer um benchmarking, né?

Como é que se comporta no Rio de Janeiro? Como é que se comporta aqui? Bahia recebe toneladas de pessoas. Eu trabalhei 45 dias na Bahia. O ônibus tem o seu local. E ninguém toma o local do ônibus. Né? Ele tem o seu local, ele para lá. Os carros particulares, esses que se danem, tudo bem. Mas o ônibus não. Então, tem que tomar cuidado com essas coisas, senão, a primeira impressão é aquela que nós vamos que vai ser a pior de todas: é Brasília não ter condições.

Eu queria lhe agradecer muito. Obrigada.

ENTREVISTA 8

Data: 28/04/2010Entrevistadora: Karen Basso

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

PERFIL DO GUIA

Eu gostaria que você nos contasse um pouco sobre a sua formação, sua formação e cursos de especialização ou extensão que você tenha feito para exercer a carreira de guia hoje.

(risos) Ai meu Deus! A minha é formação é totalmente eclética, e porque que depois eu fui para como guia? Enfim, eu ainda continuo tendo outra atividade paralela, mas enfim. Minha formação eu sou, primeiramente tradutora. Saí do segundo grau como tradutora para alemão. Depois eu quis ser arquiteta, me formei em arquitetura. Exerci essa profissão até chegar em Brasília. É até um anacronismo né, eu cheguei aqui em Brasília e me decep-cionei com a arquitetura. (risos) Não, mas é uma coisa assim, é uma visão bem especial, eu gosto muito é da arquitetura social e aqui eu não vi oportunidade para isto, isto a parte. Bom, depois eu, estando aqui, eu havia já sido também secretária, porque, enfim, aconteceu de eu ser viúva e tenho 3 filhos, então eu corri atrás do que podia ter, né do que eu podia fazer. E então eu fui durante muitos anos secretária executiva, paralelamente a arquitetura e aqui em Brasília eu não pude ser arquiteta devido a minha função como secretária da embaixada da Alemanha. Então eu trabalhei muitos anos na embaixada

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da Alemanha como secretária da administração. É, dada a minha curiosidade em tudo, então, realmente eu me dediquei bastante a essa profissão, a essa função na verdade e conheci todos os bastidores do Itamarati ou da diplomacia e foi muito interessante, e foi interessante o tempo que durou também, depois eu achei que não, isso aí não é a minha praia e pedi demissão. Então eu quis, na verdade já estava aqui há alguns anos em Brasília e eu simplesmente só havia ouvido falar muito de Brasília, né, como arquiteta lógico tam-bém, sempre, Oscar Niemeyer sempre é uma, é um farol que muitos seguem, e então eu quis aproveitar essa, esses anos sabáticos que eu me dei, que eu vim trabalhando direto durante anos e anos, então eu disse assim “-Não, eu vou conhecer Brasília.” E eu pensei assim, porque não entrar no curso de turismo, porque afinal de contas vai me mostrar tudo que a cidade oferece, tudo que a região oferece. E eu queria entender porque que as pessoas, ou se apaixonam por Brasília ou tem uma enorme dificuldade de se adaptar a cidade. E como eu vim pra cá como forasteira, né? E eu sou de São Paulo, mas eu fui criada no Rio de Janeiro e eu vim aqui com um contêiner de quarenta pés com a minha mudança inteira, meus filhos, meus animais, meus, toda a minha vida e me instalei aqui, então eu pensei assim, “não, eu quero, eu quero entender a cidade, eu quero entender.” E aí eu me inscrevi em um curso de guia. Eu já havia visto...

No SENAC?

No SENAC, no SENAC. É, me pareceu o mais sério, né, e o mais assim, mais, realmente perto da realidade. E então eu realmente gostei demais, muito mesmo, achei até que poderia ter tido mais aulas para cada módulo, eu fiz o de turismo regional, primeiramen-te, de fato o meu foco era Brasília, era conhecer o Distrito Federal e a, e depois eu fiz o internacional e pretendo agora realmente completar essa trilogia de cursos (risos), com o nacional. E acontece que eu acabei vendo que Brasília não é somente a explanada dos ministérios, né. Porque eu mesma moro fora aqui do Plano Piloto, eu moro a uns 40km daqui, eu moro numa chácara, nessa chácara, eu moro, inclusive, perto da única cachoei-ra assim dentro, pode se dizer até do ambiente mais urbano de Brasília que é a cachoeira do Tororó. É, essa chácara fica a uns 20 minutos da cachoeira do Tororó e eu, assim, fiquei impressionada o que, eu me apaixonei de verdade pelo cerrado, né. É, acho que minhas primeiras noites aqui eu quase não dormi porque eu via aranha diferente do que eu via, conhecia, lá da mata atlântica, né, uns insetos assim rastejantes e cobras, sabe, na porta de casa, eu disse “-Meu Deus do céu!! Onde é que eu fui parar!!” Mas eu achei assim fabuloso, sabe, eu achei assim a natureza que cerca Brasília... (!!)

Mas, é, além do curso do SENAC você chegou a fazer algum curso de especialização ou não?

Em turismo especificamente não, eu me formei, veja eu me formei como arquiteta, eu fiz extensão em patrimônio histórico e monumentos.

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Hoje você utiliza isso, você acha que esse curso foi bom pra tua form... (!!)

Eu acho assim, eu acho, é, eu acho que sim, eu faço muitos guiamentos para arquitetos. E aconteceu uma coisa muito engraçada que também me levou a escolher essa função, que eu abraço com maior orgulho, eu uso o meu crachá com um orgulho tremendo, como guia. E eu fico muito triste quando eu vejo outros guias que não são cadastrados, né. E realmente nos tomam bastante o mercado, mas isso é a parte. É, eu realmente, eu tava ainda numa outra função, muito breve, na embaixada da Suíça na área de cultura e eu recebi um telefonema de uma arquiteta na Suíça, uma arquiteta brasileira que trabalha com um grupo de arquitetos na Suíça, e ela me ligou e perguntou auxilio a embaixada e solicitou um guiamento aqui em Brasília para um grande grupo de arquitetos, e eu, na época, isso foi acho que em 2006, eu me vi diante do fato de que não existem arquitetos que guiam arquitetos. E eu disse assim, “-Poxa, meu Deus do céu, como é que essa menina vai ser virar?” Aí eu catei junto ao sindi-cato, junto ao CREA, junto ao IAB, né, e foi muito difícil eu achar alguém que falasse inglês e que se dispusesse a fazer o guiamento mais específico, mas técnico. Mas, enfim, aí depois não foi mais um, assim, mais um empurrãozinho para eu realmente escolher essa função.

E desde quando, há quanto tempo você trabalha como guia?

Bom, eu posso dizer, eu trabalho assim, como, vamos dizer registrada, vamos dizer desde 2006, 2007...

Tem quatro anos.

Quatro anos, não é muito tempo, né. Mas eu me dedico muito. E anteriormente eu fazia guiamentos no Rio também, por conta, enfim, de, do idioma, ou na minha função como secretária, é, fazendo assim meio que a hostess para o chefe que viesse, uma coisa assim, e aí eu mostrava pra eles. Então sempre, e todos os meus parente, né, parente de toda, da Áustria só viriam, viam para cá, eu mostrava e pesquisava e contava sobre a cidade, então eu sempre me vi nessa função e aí eu decidi, “-Não, vamos fazer direito, vamos se registrar e tudo mais, né.” E eu gosto demais.

Você comentou que tem um curso que você tem a intenção de fazer o curso de guia nacional do SENAC. Existe algum outro curso que você intenção de fazer para a sua profissão de guia?

Bom, sim, é, fluências nos idiomas, além do alemão que eu penso em alemão e tudo, mas eu gostaria de ter mais prática, por exemplo, no francês, porque eu saio da escola falando francês, na embaixada da Suíça que eu fiquei pro “Coupe hero”, também as cenas todas eram em francês, mas eu gostaria de ter um curso mais específico de conversação em francês. É, sempre eu to procurando melhorar o meu inglês, melhorar o espanhol, são idiomas nos quais eu faço guiamento.

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Então, é o Frances, inglês, espanhol e o alemão. Ok (#).

...é, e o alemão. E a, então, eu, por exemplo, as minhas, eu faço fixinhas. Tenho as fixinhas em inglês e espanhol.

Fixinhas que você diz é?

Fixinhas assim sobre a cidade.

Ah, ok.

Faço uma pesquisa, falo sobre o clima, falo sobre o cerrado em si, né, sobre os monumen-tos...

É um método de estudo que você tem...

É um método de estudos, exatamente...

...pra, pra ter a sua fala dentro do roteiro?

Exatamente, eu faço essas fixinhas, né, um dia antes eu dou uma olhada, ou então as ve-zes, mas como eu já tenho uma certa prática então uma outra palavra me ajuda, me serve como escada e aí... porque né.

Claro, interessante.

E, eu gosto, realmente eu gosto do que eu faço. Eu acho, inclusive que essa função devia ser muito melhor remunerada.

Hunhum. A gente vai chegar lá.

Exatamente.

Uma outra questão que eu gostaria de saber, em relação, né a sua profissão, é, que, qual é o tipo de público. Primeiro, na verdade é, você comentou que já faz uma outra atividade, (??), quer dizer você não vive só de guia... (!!)

Não dá. Não daria.

Não dá. E qual é o público em geral que você guia? É mais grupo, grupos grandes, grupos pequenos, é mais pro público estrangeiro ou nacional, casais, ou jovens, ter-ceira idade?

Não, eu guio geralmente grupos grandes e eu mesma faço, então, eu sou solicitada e aí eu ela-boro o roteiro, viabilizo, enfim, os restaurantes, entro em contato e tudo e faço então, monto o roteiro, faço orçamento, já marco os horários e geralmente são grupos grandes de escolas...

Então são jovens?

São jovens, com seus respectivos professores.

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Naciocinal?

Nacionais, bem, nacionais, e eu também, muitas delegações que vem a Brasília. E, geralmente eu sou então, as vezes são só delegações maiores 10, 15 pessoas, menores as vezes é um grupo de 2, 3, mas são pessoas em visita oficial a cidade e, geralmente então a Brasiliatur me chama.

E geralmente é estrangeiro?

E geralmente são estrangeiros.

Ok. É...

Eu trabalho muito como free-lancer, eu não tenho muito contato com as agências, ta? Eu trabalho muito para a Brasíliatur e muito por conta própria.

Ah, eu ia realmente te perguntar, quais são os principais empresas as quais presta serviço?

É, eu trabalho para a Presteza, né, mesmo porque eu to a pouco tempo, eu me considero pouco tempo no mercado, então eu já entrei dentro de uma linha assim de prestar serviço a Brasíliatur e a Santa Marta, que ela também faz, apesar dela ser mais uma empresa de transporte, mas ele recebem, eles mexem muito com eventos, então geralmente a Santa Marta então me chama e a Presteza turismo...

Tem algum outro parceiro direto, as vezes uma embaixada, ou as vezes o próprio cliente que também, que um da foi turista e hoje indica para várias pessoas?

Isso está começando agora, depois de mais ou menos 3 anos na atividade eu já estou tendo assim indicações...

Diretas, né, demanda direta.

É.

Ok. Só pra voltar no perfil do público, você sente que parte dos turistas que você guia hoje tem um interesse específico? Te procuram por um interesse específico, ou não, e geral? Tipo, fazer, é...

Não...

... querem fazer sobre arquitetura, ou querem saber sobre o jurídico, ou querem sa-ber... Existe algum...

Não, não, nesse sentido não. Basicamente, bom, eu posso dizer o interesse maior, vamos dizer assim, o maior interesse específico seria a arquitetura mesmo, né, e mais as outras linhas ainda não, o jurídico, tanto quanto o rural, né, o histórico, são linhas que eu gostaria de fazer mais guiamentos dentro dessas direções, né.

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Ok. Quantos roteiros você executa por mês em média?

Olha, não muito, eu faço mais ou menos uns 4 a 6.

4 a 6. Existe, você já percebeu alguma sazonalidade, existe alguma época do ano em que a procura é maior, e outra época do anos que praticamente não tem procura?

Bom, eu vejo a procura durante, por exemplo, durante as férias, então, mas só que, por exemplo, são agências de fora que já vem com seus guias, o que realmente não seria mui-to correto, né, mas são agências de fora, que fora, que vem com seus guias, eles fazem guiamento aqui, porque nós vimos durante janeiro e fevereiro bastante ônibus de fora, mas não aqui. E, todos os colegas comentaram isso, a gente como vai comentando um com outro e tal e a notícia circula, né. Realmente, por exemplo, esse agora foi emblemá-tico, janeiro e fevereiro teve muitos, aconteceu de haver muitos ônibus de fora. E com os guias mais de fora. E eu não, a minha atividade realmente começou com, afora as visitas oficiais a cidade e tal que eu guio, começou agora no início do ano letivo, né, porque aí as escolas também programam pra vir pra cá visitar a cidade, então aí começou mais, (?).

E qual é a duração média dos roteiros que você executa?

Infelizmente, bom, felizmente agora, tão mais ou menos o dia, eles são basicamente são pessoas que vem do estado de São Paulo, então eles viajam a noite toda, fazem o roteiro e voltam a noite. Então é uma pancada para eles, né. Realmente é cansativo.

Cansativo mesmo. É...

Muito cansativo, porque são todos adolescentes...

Posso dizer então que é em média 6 horas de guiação?

Não, não, eu pegos os ônibus as 7:30h e entrego as 6:30.

Dá umas doze horas quase?

11h.

Ok. Quais os principais roteiros que realiza com os turistas?

Bom, eu gosto de fazer assim muito variado, então, por exemplo, os que são, é, eu sempre pergunto, eu sempre pergunto ao cliente, né, o que que gostaria de ver. E tento encaixar dentro da programação. Infelizmente dentro de um período tão curto, porque os museus abrem as 9 e fecham as 5, não tenho muito espaço para poder incluir mais coisas. Eu acho que a cidade de Brasília oferece aí mole um roteiro de 5 dias, mas assim tranqüilo, né. Mas as pessoas são, assim, vem com a idéia fixa de Explanada, sempre tento tirar fora da Explanada um pouco, obviamente o Congresso Nacional tem que ter, né, e muitos fazem questão de ir ao Congresso Nacional, só que devido ao horário do Congresso Nacional,

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você acaba matando um ou outro monumento que você poderia, eventualmente também ver. Porque eles só te dão esse tempo de 8 horas, praticamente, né, afora o almoço, nem conto, então, e o café da manhã, então realmente fica difícil. Então é assim, eu monto o cronograma, eu não trouxe nenhum pra você, mas eu monto o cronograma assim, 7 ho-ras, 7 e meia, 8 horas, 8 e meia, (risos) 9 horas, 9 e meia, tudo certinho, 9 e quinze, 10 e quarenta e cinco e eu tento me manter em cima do que eu elaborei.

Se você fosse tentar padronizar, seria um cívico/arquitetônico, ou ele é tão variado que não dá pra dar um nome... (!!)

É um cívico... Não, é um... Não geralmente é um cívico, né, é um cívico, não chega a ser arquitetônico porque são muitas informações que a eles, no caso de ser estudante não interessa... (!!)

E quando você está com as delegações? Quais são os principais roteiros que você executa com as delegações?

Também, eles vem realmente eles querem, não dá muito tempo, as vezes são 3, 4 horas, dificilmente é um dia inteiro as delegações, porque, ou eles tem um seminário, ou estão saindo de um seminário, ou então eles tiveram um encontro com Lula de manhã cedo, depois do almoço rapidinho...

Então também é o cívico? Você pode dizer assim...

É o cívico, é o cívico, basicamente...

...o 3 roteiros que eu mais executo Karem, é o cívico, depois...

Cívico e arquitetura e só.

Ok. Os, sabe aqueles roteiros que a Brasíliatur organizou, o rural, o jurídico...

Exatamente, eu fiz toda a capacitação também.

O cultural, Athos Bulcão...

Cultural, é, tudo.

Porque eles foram 5 ao todo?

É.

Algum deles você executa hoje?

Sim, o cívico e o arquitetônico, né, mas eu gostaria de fazer, de mostrar os...

Os outros.

... os outros, mas não tive ainda a oportunidade, mas...

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Não há procura?

Não há procura dentro do que eu, dentro do, vamos dizer assim, do meu conhecimento, ou seja, não do meu conhecimento, dentro do que as pessoas me solicitam.

Hunhum.

Não há tempo. Eu gostaria sim de chegar, “-Olha, nós conhecemos agora aqui a Explana-da dos Ministérios, né, agora vamos pras asas, vamos fazer um Athos Bulcão, sabe? E não dá tempo.

Não dá tempo.

Não dá tempo, infelizmente não dá tempo. Eu acho assim, eu já elaborei um roteiro, por-que eu tenho uma operadora junto com a minha irmã...

Hunhum.

... E além dele um restaurante.

Huhum.

... E essas duas são as minhas atividades paralelas. Então, é, realmente Brasília pode ofere-cer um roteiro, tipo, quarta-feira a tarde, que começa com o Palácio da Alvorada, porque é o único horário aberto e vai, enfim, agora ainda não, mas poderia terminar domingo no Palácio do Planalto, que também é o único horário aberto. A pessoa que chega aqui na quarta-feira e vai embora no domingo, gente ela conhece muito de Brasília, ela saí com a impressão totalmente diferente, ta. E infelizmente as pessoas chegam, eu recebo, eu fico assim, eu fico as vezes até frustrada, eu realmente confesso que eu fico frustrada porque, por exemplo, Brasília é vendida lá fora como, o que eles mais enfatizam é o roteiro cívico.

Humhum...

Não é nem o histórico.

Eu vou chegar lá, a gente, só pra fechar essa parte do ser trabalho eu gostaria de saber qual é o valor médio cobrado pelo serviço prestado por roteiro, em média e como você falou que a maior parte é de 12hs, qual é o valor médio cobrado. O nosso padrão e o de 4 horas de duração, mas aí a gente...

Então, eu cobro, para 4 horas eu cobro 150 ou 180 reais. E o dia inteiro eu cobro 220.

220, ta ok.

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PERCEPÇÃO DESTINO BRASÍLIA

Agora vamos para percepção do destino Brasília, e aí vamos retomar essas questões de, né, da satisfação, da percepção do turista. Eu vou começar do geral, ta. Como que você avalia o destino Brasília hoje em geral?

Destino, no sentido de alguém escolher a cidade para um destino turístico?

No sentido da sua avaliação, quando você olha Brasília como um destino turístico, assim, o que que lhe vem a cabeça, eu falo avalia o destino Brasília. O que vier.

O que, bom, o que vem a cabeça é, porque que eu venho pra cá? Né, porque que eu vou, vamos supor, ah eu estou fora, sou uma turista quero ir a Brasília. Certo ela vai ver um museu aberto do Oscar Niemeyer, é o que mais atrai, sabe que é o que mais atrai.

Você sente que é isso que traz as pessoas pra cá?

É, isso que traz as pessoas pra cá, né. É o Congresso Nacional, é a Catedral, é o domo, né, que é o museu nacional, é toda a estrutura, vamos dizer assim, o plano urbanístico de Lúcio Costa... Interessa...

Inclusive os estrangeiros?

Inclusive os estrangeiros, eles querem saber, entender a setorização de Brasília, eles que-rem entender porque que Brasília é assim, ela é tão moderna, ainda continua sendo tão moderna, porque a maioria das pessoas que vem pra cá elas vem de capitais super antigas, e Brasília daqui a 50 anos continuará sendo ainda muito moderna, por conta desse plano urbanístico. Não é um plano urbanístico que eu acredito que seja bastante polêmico, não é todo mundo que gosta, não é todo mundo que aplaude. E dentro mesmo da comuni-dade de arquitetos. Porque é tudo muito setorizado, né. Então, você ta numa prancheta, você setoriza o que você quiser, em cima do papel manteiga, certo? Você desenha, rabisca o que você quiser, só que eu acho que muitas vezes falta a concepção de que você está setorizando um monte de pessoas, um monte de almas, um monte de vidas, sabe? Então a pessoa que vem de uma cidade como o Rio de Janeiro, que vem de Santos como eu vim também, para cá, ou que vem de Fortaleza, enfim, do Brasil inteiro, do mundo inteiro, vem pra cá, ela, acho que as primeiras 48 horas são de choque, porque você, se você tiver uma lista e esquecer de comprar uma coisa você vai ter que não, você não pode ir lá na esquina comprar, não, “ai lá na tem outra loja”, não, você vai ter que imaginar, “-Poxa, onde é que tem isso aqui agora.” Né? Eu acho que isso passa pela cabeça de muitos, né. Agora mas eu quando eu to... (!!)

O turista sente isto também?

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Sente, sente. Ele sente, talvez ele não sinta mais tanto quanto há 10 anos atrás, 11 anos quando eu cheguei. Eu acho que Brasília deu um salto assim enorme, por exemplo, prin-cipalmente em termos de cultura, e isso tem muito a ver em atrativos culturais, isso tem muito a vem também com a independência administrativa que surgiu após a constitui-ção de 88, né. É, uma legislatura própria, um executivo próprio. Isso eu acho que, as pessoas elas não são dirigidas, elas mesmas podem se dirigir, sabe? Então, eu acho que isso influencia demais, e isso influenciou muito positivamente o que Brasília oferece em atrativos culturais. Talvez os atrativos não sejam tão, vamos dizer assim, não há uma gama tão grande, um leque de atrativos tão grandes ou diferentes como Rio ou São Paulo que continuam sendo aqui no Brasil, acho que, guiam né a todos os atrativos, a programação deles, você abre um jornal, uma folha de São Paulo você não sabe o que você vai querer fazer primeiro, né. Mas, eu acho que já melhorou bastante, e eu acho que também em função dessa política mais voltada para a cidade, né.

Eu vou pontuar alguns itens em específico para que você avalie o destino Brasília em específico. Porque eu (?) já pergunte em geral, aí eu vou começar agora apontar algumas questões, por exemplo, vou começar pela acessibilidade. Como é o destino Brasília com relação a acessibilidade?

É horrível. O destino Brasília, acessibilidade por terra é um caos. É, assim, você entra gar-rafão. Todos os acessos são assim, todos. Porque a maioria das pessoas... (!!)

Como assim num garrafão?

...você, quando você chega no trânsito, tanto a saída sul, né, entrada sul no caso de ma-nhã cedo, a saída norte, a entrada norte no caso de manhã cedo, o pessoal que vem de Valparaíso de Goiás, ta... É um trânsito infernal!

Entendi.

Até as 9 horas, ou você, se você quiser, por exemplo, sair da estrada da marinha, você tem uma coisa pra fazer no Gama, ou no Guará, ou em Santa Maria, né, se você não chegar e não atravessar aquilo ali antes das, das 7 e meia, no mais tardar 7 e meia, você vai ver assim um rio de carros na sua frente até as 9 horas.

Entendi.

Então, eu acho isso analisando, porque eu pego eles, eu pego muitos turistas, ou lá, real-mente vindo de Valparíso, porque eu imaginei, “-Não, era melhor.” Mas um ledo engano. É, a saída sul então nem dá, né. A rodoferroviária meu Deus do céu, o que que é aquilo? Como acessam a cidade.

Porque eles chegarem de ônibus por transporte, né? Por transporte...

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A maioria que eu pego, porque eles viajam a noite de ônibus, né, eles não vem de avião. Então, é um caos.

E dentro da cidade, uma vez aqui, como é que você avalia a acessibilidade?

Bom...

E a própria mobilidade também.

Eu acho que Brasília não foi planejada e nunca se vislumbrou Brasília com a quantidade de carros que tem. É, houve agora um documentário, foi realizado pelo Renato Barbiere que “Idade de Brasília”, né. O início e o fim desse documentário é a mesma imagem e é emblemático, ele desfocou, é uma imagem, você imagina assim uma imagem dos eixos, a tesourinha e tudo, né, e ele desfocou os prédios e você só vê o rio de carros, vermelhos, os faróis, sabe? Você não se dá conta da quantidade de carros que tem em Brasília, acho que pra cada habitante, pra cada 2 habitantes tem um carro, é mais ou menos isso.

É, essa é a média.

É, nem num chega acho que a ser isso não, é pra cada 1 e ponto 8 habitantes já tem um carro, né, não chega nem a ser dois habitantes. Então eu acho assim horroroso!

E do ponto de vista na qualidade no atendimento?

Ah, não, e quanto a acessibilidade, os ônibus grandes de turismo aqui, é um sufoco, eles não tem, não tem como andar pela quantidade de carros na rua, porque aqui não existe transporte solidário, aqui não existe a mentalidade de transporte solidário. Você vai numa casa do lago sul, você tem 5 carros na garagem, todos os 5 saem com uma pessoa tam-bém. Eu acho um absurdo! Mas não existe, não existe o transporte solidário e também não existe muita comunicação inter-vizinhos, eu percebi isso. Não é que nem no Rio, ou em São Paulo, ou em Santos como eu vi, né, você não sabe o que acontece na casa do vizinho a não ser os antigos, né, os pioneiros assim tudo existia uma solidariedade muito maior, isso aí e fato e todo mundo comenta. Os que vem agora, né, os que vem de uns 20 anos pra cá, é, ninguém conhece o que ta acontecendo no lado, né. E isso reflete no trânsito. Cada, são três filhos, cada um tem um carro, mais a mãe, mais o pai são 5 carros dentro da garagem. Que as vezes não cabe né, então fica um em frente. Enfim, e aí isso atravanca o trânsito, os ônibus não tem como fluir, não existe, não foi criada uma guia só pra ônibus, né, não se imaginou essa enormidade de veículos, nunca, né, e Brasília foi, eu fico pensando assim, na época, quando Brasília foi criada, eu acho isso um erro de não ter-se pensando em como uma pessoa pode atravessar a cidade onde mora, né, sem carro. Porque Brasília ela tem um trânsito maravilhoso, no sentido de tesourinhas e tal, né, essa concepção quando, por exemplo, a partir das 9 horas da manhã, até meio-dia, 11 e meia, depois de 3 até as 5, perfeito, é maravilha, é uma maravilha você dirigir em Brasí-

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lia, aí você consegue percebe como o trânsito foi concebido fluente. Mas aí, fora desses horários, ou então de madrugada, né, então não tem como. E os ônibus modernos hoje, nenhum passa por debaixo de um viaduto...

Das tesourinhas...

Né? Olha, os Double Deckers, geralmente são os Double Decker que eu faço guiamento, a gente, eu pergunto antes o ônibus, porque eu já tenho que imaginar o itinerário e onde que vai, por exemplo, almoçar, onde é que vai estacionar o carro, quanto tempo leva para os turistas descerem do ônibus pra ir a pé ao restaurante? E aí , onde é que tem, onde é que eu posso deixar os ônibus? Eu posso deixar porque geralmente é um ou dois ônibus, né, já estão me pedindo um guiamento com 3 ônibus, eu já fico assim “-Meu Deus do céu!” Já é um... (!!)

Como é que vai ser?

Já é não, já é uma estratégia eu já digo pra colegas, porque cada um tem que ter um guia, não é? No início, o que eu fazia... (!!)

É fácil conseguir lugar pra (##)... (?) estacionar 3 ônibus?

Não é, não é, você, eu, simplesmente eu faço a organização tão diferente pra cada, é um guiamento pra cada ônibus...

E cada um leva num restaurante, por exemplo?

E cada um leva num restaurante. Porque não tem condição, inclusive os restaurantes da-qui eles não tem capacidade para receber, poucos são aqueles que tem capacidade para receber uma cacetada assim tipo de 60...

De uma vez só.

...de uma vez só, ta. Os restaurantes daqui não gostam, os restaurantes do plano, ta, eles não estão acostumados e também não gostam muito do cliente de senta, principalmente o cliente europeu, né, gosta de sentar e tal, e ficar, não, não querem. Realmente é assim, é linha de pro-dução né. Senta, come e vai embora, ta. Então isso é uma coisa que só os mais caros, por exem-plo, da All Clean, (?) Maraukuinch, você senta, você chega, lá o serviço é perfeito, você come, devagar, rápido, como você quiser, entendeu? Mas a maioria, por exemplo, o Casarão também é muito bom, mas a maioria são aqueles realmente que servem aos bancários, que serve o pessoal que sai do serviço e vai comer e vai embora, né. E eles então são mais em conta, ta. Por exemplo, o Chilli Pepper, eu consigo levar um ônibus ali, porque eu consigo estacionar no início da quadra residencial, ta. E eu sei, assim, bom, charmosos né e tal, deixa o ônibus ficar aqui, mas é sempre, nunca é, por exemplo se chegar, sei lá, o síndico lá do primeiro bloco e disser “-Não, aqui não pode ficar ônibus.” Eu sei que não pode ficar ônibus, e aí eu vou fazer o que?

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Humhum. Ou seja, vocês vão no jeitinho e tem que ter um conhecimento da cidade, onde cabe um ônibus, e vocês não, quer dizer que nem sempre vocês escolhem o restaurante pela qualidade do atendimento, (#) ou pela, pelo movimento que é ofe-recido, mas na verdade é pelo lugar de colocar o ônibus, vamos supor.

É, é, por exemplo, eu agora vou fazer um guiamento já agendado há mais de mês atrás, né, esse é ano tem acontecido muito isso, já vou fazer guiamento ainda agora em maio agendado em dezembro do ano passado. Então eu tive que viabilizar, assim o preço né, em dezembro, imagina maio vai ser outro preço e também a questão do ônibus, né. Eu já perguntei, já fui lá, já verifiquei: não, o ônibus pode parar aqui. É, agora por exemplo na asa norte também agora em, dia 4 de maio, a pessoa fez questão de almoçar no talher Brasil com um grupo de estudantes, ta, então, fui lá, verifiquei, ta, não dá pra nenhum, praticamente nenhum dá pra você botar um ônibus na frente. É sempre mais fácil nas re-sidenciais, e as quadras residenciais você sabe que não foram feitas para estacionamento de ônibus, muito menos um ônibus enorme como são os que eu faço guiamento, ou os mais modernos, né.

Ok. Em relação a qualidade no atendimento. Destino Brasília.

Isso é em modo geral o Brasil, ta. O Brasil, o brasileiro ainda precisa saber prestar serviço. Sabe? Precisa saber que ele está numa função voltada para outros, ou seja, ele está numa função, no caso guarda de um monumento, ou atendente no balcão dum hotel, basica-mente, mas basicamente dentro dos monumentos, basicamente esse setor mais de ponta voltado diretamente ao turista, não onde vai pernoitar, geralmente a rede hoteleira aqui é muito boa, podia ser muito melhor, mas é muito boa. E os atendentes também deram um salto assim enorme em qualidade da administração e idiomas, falar idiomas, de sei lá 6 anos pra cá, né, um salto enorme. Mas dentro dos monumentos, os monumentos em si é uma tristeza, é uma frustração.

Com relação aos preços, os preços do destino Brasília?

Todos? É, comida, enfim, saídas e tal... Bom, Brasília é uma cidade cara, né, e as pessoas que vem pra cá sabem disso. Ta certo, ou você come, a não ser que você goste realmente e queira enfrentar uma rodoferroviária, uma rodoviária pra comer um pastel do Sózio, né, e tomar um caldo de cana, que é baratíssimo, então você quer ficar parado num carrinho que vende uma comida muito boa, mas enfim, não é um restaurante, tudo bem você vai ter que pagar, né. É, então eu acho que aqui os preços são caros, é, a parte, vamos dizer assim, o cinturão verde ele atendia as necessidades da cidade, não atende mais, tanto é que tudo quase é importado. Vez por outra quando você, ou por exemplo, o setor, o Pão de Açúcar,né, ele abre aqui uma loja, ele tem aqui a cadeia dele de lojas, ele já vem com os mesmos produtos que você vai encontrar em Santos, São Paulo, né, você vai encontrar

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os mesmos produtos aqui também e é parte da empresa, é filosofia da empresa pegar sempre produtos locais, óbvio, né, que são mais frescos, principalmente as folhagens, mas, e os produtos orgânicos, né, então os orgânicos sempre estão dentro da linha deles e tam-bém Big-box, enfim essas, todas as redes de supermercados, eles vão pegar as coisas do local, óbvio, mas isso não atende, não atende. Então eu acho que isso encarece uma... (!!)

Produção local não atende o mercado local?

Não, não atende.

Ok. E isso encarece, aumenta os preços do nosso destino.

É.

Com relação a segurança?

Eu acho que Brasília é uma cidade bastante segura, né, dentro do, eu acho que, assim, de uns 10 anos, acho que piorou, antigamente eu acho que devia ser mais segura, né, eu vim aqui pra cá com os filhos adolescentes e há uns 11 anos atrás pipocavam assim notícias de “-Ah, gangues debaixo de bloco.” Principalmente na asa norte, infelizmente isso continua, tem agora o problema do Crack, o problema das drogas assim a céu aberto e isso é divulgado no Brasil inteiro, tanto é que quando os estudantes chegam aqui, “-Ah, eu quero ver a, como é que é...” (!!)

Cracolândia?

...a Cracolândia.

Porque ta sendo veiculado na TV.

É ta sendo veiculado, quer dizer, infelizmente, né.

Com relação a promoção e comercialização do destino?

Eu acho que podia se fazer muito mais, mas muito mais. É, talvez se faça bastante né, mas não se faça super direcionado, podia-se melhorar a veiculação.

Diversificar também a promoção, a forma de promover?

Eu acho que diversificar sim os grupos pra chamar atenção em diversos grupos. Eu acho que...

Diversos grupos você quer dizer diferentes perfis de mercado.

Diferentes perfis de mercado. Por exemplo, eu acho que sempre se, a Body, é, ou a Bra-síliatur participa de algumas feiras, mas mesmo, sempre com as mesmas fotos, chega tem esses detalhes né de mesmas fotos, mesmos folhetos, eu acho que é, me parece as vezes que não conseguem se desfazer de toda a parte que já gastou, né, em folhetaria, ta, vou levar lá também, vamos levar lá também, mas eu acho que não, é eu acho que devia ser,

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por exemplo, a divulgação já começa com o próprio turista. E o turista estrangeiro quando chega aqui ele vem com o South American Handbook, porque? Ele praticamente não precisa do guia, mas porque que ele vem com South American Handbook? Porque nada é inglês. Sabe? Você vai para um, você está em Roma, você se imagina em Roma, você mudar aqui, o centro mais perto assim dentro do perímetro, vamos dizer 2 kilômetros em volta do coliseu, ta, ou chegando, é Vaticando também, são mais ou menos 2 kilômetros, andei aquilo tudo a pé, então você vê uma ilha de informação, você já ta nela você já ta vendo lá no final da rua outra ilha de informação e quando você chega lá, Karem, é uma riqueza de material, sabe? Olha eu paguei eu 10 quilos de peso extra, mas eu vim com tudo, sabe? E isso não se vê, mas não é só em Brasília não, não se vêm em lugar nenhum no Brasil, sabe? Mas isso atrai, isso atrai gente, o cara gente em casa mostra e essa infor-mação... (!!)

E em Brasília sente isso, que o turista estrangeiro vem com um guia.

Ele vem com um guia, é lógico.

Existe esse guia então...

Existe em alemão, mas (##)...

E ele consegue se achar com o guia? Ele consegue...

Ele consegue se achar, consegue se achar, entendeu? A não ser que, assim, seja um turista que realmente queira ter contato com um guia ali local, entendeu? Ou que não queira ficar assim lendo e olhando, lendo e olhando, sabe? Então, ele vai, liga para uma agência, solicita um guia e paga. Mas a grande maioria dos turistas hoje em dia, eles mesmos vão na internet fazem booking ponto com, reserva um hotel, é...

E você acha que aqui em Brasília, Brasília consegue se vender assim? O turista es-trangeiro chega aqui em Brasília por conta própria? Você acha, você tem sentido isso? Quando você está guiando, por exemplo você vê guias estrangeiros auto-guiados?

Consigo, eu vejo, eu vejo. Eu acho assim, eu acho que eles tem uma, eles não vislumbram a distância enorme que tem que percorrer a pé, sabe? Eles não tem noção, nenhum mapa consegue realmente, eles não acreditam né, então eu fiz um guiamento uma vez, foi anos passado, fiz um guiamento para um grupo de arquitetos, eles queriam que queriam jantar fora mas por conta própria, então eu expliquei “-Olha, vocês aqui nessa quadra, vocês vão, perto do hotel de vocês, é uma quadra perto do hotel de vocês e vocês vão conseguir alguns restaurantes muito bons, interessantes e tal”, “-Mas e a gente, é o que? Atravessar a rua?” “-Não, eu disse é assim, é perto da quadra de hotel mas vocês vão ter que pegar condução.” Eles não acreditaram.

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E foram a pé.

E foram a pé, no dia seguinte foi assim, “-Mas, mas realmente é, a pé não dá.” Entendeu? E eram assim, era um grupo de estudantes, estão formando em arquitetura, né, era de São Francisco, então eles realmente, eles ficaram, e... O turista quando chega aqui, ele chega todo equipado para fazer sozinho, né.

Porque eles estão acostumados talvez com outras capitais.

É, que você consegue andar a pé. Mas isso, isso, eu to falando, eu fiquei em Roma, né, eu cruzei, acho que andei, claro, do meu hotel até o Vaticano andei tudo a pé, mais de 2 kilômetros, mas nisso você vê um monte de coisas, sabe? Você vê prédios lá com a tabuleta de 1570, né, o Brasil ainda tava com 70 anos, um, selvageria, é, selvageria e os portugueses recém, né porque demorou 30 anos para alguém botar o pé aqui, imagina, né. E então a, e você consegue, você vê aquela quantidade, você fica assim maravilhada sabe, e tudo no idioma que você quer.

E com relação a articulação da cadeia produtiva? Como é que você visualiza a articu-lação do próprio mercado? Você mesmo comentou que você, além de trabalhar como guia você também é sócia de um restaurante, é sócia de uma operadora, então assim, como é que você visualiza essa união dos prestadores de serviço de turismo, existe, ta boa, não ta boa, funciona, não funciona? Dos guias com o empresário do restaurante, com as agências de receptivo, com...

Eu acho que sim, eu acho que, por exemplo o guia com o empresário do restaurante ain-da ta assim no início, sabe, de ter essa política, nem todos sabem que, por exemplo o guia ele não paga o almoço, o motorista não paga o almoço, ta, isso é de praxe.

Nem todos quem? Nem todo os empresários?

Nem todos os empresários gostam, sabem disso...

Ou gostam.

Ou então, ou gostam, tanto faz, um e outro, né. Então, sempre, não é natural, não é na-tural, não está na mentalidade do empresário da casa, né, o dono da casa, ou do gerente, porque o empresário, geralmente quase nunca ta, a não ser que ele seja ele mesmo o empresário e o gerente que está a frente de um negócio ali. Então, mas não é fácil você chegar, né, você faze todo, elabora todo o roteiro e tal, chega num restaurante antes e diz, “-Olha eu gostaria de reservar uma mesa tal. Eu sou guia e eu peço gratuidade.” Então, gratuidade? Eu digo “-É, é praxe e tal.” Eu explico esse negócio... Então eu tenho recebido, não, eu nunca recebi um não, mas tem que convencer, ta? É, quanto aos hotéis, os hotéis geralmente passam serviços de guia, mas isso é praxe, é normal. E agora quanto a outra?

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Não assim, de modo geral... (!!)

Mas as operadora, não as operadoras não, as agências, ta, porque as a operadoras quase não negociam...

Ah, claro, as agências.

As agências. As agências eu acho que elas se aproveitam demais da conta dos serviços de guia. Assim, existe uma praxe dos guias...

No sentido de explorar?

...de explorar mesmo, de explorar mesmo. Fazer um guiamento daqui pra Porto Seguro por exemplo, né, dá muito dinheiro. Lógico. Você lota, toda turma de formatura quer fazer a formatura em Porto Seguro, né. E aí tudo bem, mas aí botar guia pra dormir junto com cliente pra não pagar o quarto da guia ou do motorista é o fim da picada, não é não? Ou então dar para o guia a, ano passado eu peguei um colega meu ele ia fazer Porto Se-guro por 70 reais por dia, sabe? Eu achei que foi um absurdo!

Com relação a estrutura turística e a infra-estrutura geral? No dia-a-dia como é que você avalia o destino Brasília com a estrutura turística que a gente tem pra oferecer e a infra-estrutura que tem pra atender esses fregueses?

Bom, mais ou menos.

Mais ou menos.

Mais ou menos.

Por que?

Eu acho que, mais ou menos por que? Pra ser bem sincera, né. Não chega a ser boa, o bom vou dizer pontual, é um hotel, é uma empresa, entendeu? Mas não a estrutura em si da cidade, é um atrativo, sabe? Mas não toda a estrutura da cidade não. Por que? Porque não existe a mentalidade voltada para o turismo.

E a infra-estrutura?

No sentido de hotéis para receber? Transporte?

No sentido de limpeza, banheiro...

Não, não existe banheiro público, não existe. Na explanada inteira você não tem um banheiro público, você não tem um restaurante, um lugarzinho pra comprar uma água, você não tem, a não ser as barraquinhas que estão ilegais, mas que (?) são eles que fazem, se você ta trabalhando no ministério, você quer tomar um lanche, você vai pra onde? No início não foi planejado, projetado antes, ta, quer dizer, realmente pensou-se que o

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funcionário vai trabalhar de 8 ao meio dia, vai pegar o seu carro e vai pra um restaurante. Né? Porque não existe um lugar onde tenha, onde você possa comprar uma quentinha. Então, as pessoas, muito, empreendedoras né, porque o brasileiro tem essa mentalidade empreendedora, então já se instalaram lá, vai a mãe passa o ponto né pra filha, é lógico, é lógico, né, mas não tem onde comer, certo? Então, nesse sentido é uma aridez total, a explanada é uma aridez total. Para um turista comum que não vá, que não está andando dentro de um esquema de ônibus, ou dentro de um esquema, por exemplo, da Brasíliatur quando recebe os turistas estrangeiros, não, é um serviço classe internacional.

E como você avalia, a gente falou um pouquinho da qualidade, a gente falou um pouquinho da estrutura, falou dos nossos preços. Como você avalia a qualidade dos produtos ofertados pelo turismo hoje? Como é que você visualiza isso?

Eu nunca fiz assim um...

Pode ser do ponto de vista dos próprios turistas. Você acha que eles saem satisfeitos?

Não, eles saem, eles saem...

Nossos produtos são competitivos?

Sim, sim, eu acho que Brasília tem que ser visitada por todos e os turistas que vem pra cá, eu me sito aí muito feliz quando acontece isso, geralmente acontece isso, eles querem voltar. Porque eles viram que Brasília não é só quatro horas ou um dia, né. Então existe muito mais pra se ver, muito mais pra se visitar, muito mais pra conviver aqui na cidade do que o programa que eu tive que montar, ou que eu recebo pra mostrar.

É, agora do ponto de vista do seu trabalho como guia de turismo, como que em geral você percebe o turismo acontecendo no DF hj?

Eu acho que... ele podia ser mais variado, eu, pessoalmente, gostaria de fazer outros ro-teiros, eu gostaria de mostrar muito mais do que o tempo me permite, e nesse sentido fica assim meio monótono, né, realmente fica meio monótono.

Como que é a imagem do turista que vem a Brasília? Como que o turista vê Brasília quando ele vem pra cá? Aliás, como que você a imagem do destino Brasília no dia-a-dia do seu trabalho com os turistas?

Bom, o turista quando chega aqui ele fica fascinado, a primeira impressão, né. Ele está vendo, realmente ele está dentro de um monumento histórico e esse é o fascínio que eu compartilho, né, eu vivo, bom eu tenho uma chácara, mas eu compartilho de um mo-numento histórico, né, e assim, a céu aberto e isso realmente é fascinante, porque você chega aqui, você vislumbra, e aí eu entro, enveredo sempre na história, sempre enveredo na história, então as pessoas, eu faço com que as pessoas vejam que aqui não havia ab-

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solutamente nada antes, e quando elas se percebem, né, desse fato concreto, então elas ficam de boca aberta, sabe? Elas ficam realmente fascinadas, elas saem daqui enriquecidas com essa capacidade do ser humano de tirar das entranhas, vamos dizer assim, uma cida-de, uma capital de um país, né, de imaginar e colocar isso em pé, sabe? Então, isso, isso...

Ela já vem pra cá...

Não, ela já vem pra cá com essa imagem, elas vem pra cá porque, todo mundo que vem a Brasília, bom, já sabe de Brasília, sabe? Não vem nenhum que “-Ai meu Deus! Que ci-dade é essa?” Nenhum desce de Marte cá, né, todo mundo vem pra cá e já sabe o que é Brasília, mas não sabe como foi feita Brasília, sabe? E isso só se consegue ver aqui. E isso é fascinante, ta? Isso realmente é enriquecedor. Agora, é, quanto, agora como se chega, por exemplo com esse fascínio todo, com Esso “-Ah meu Deus!” E se chega na praça dos 3 poderes e não tem uma água pra comprar, a não ser os carrinhos, né.

Em sua opinião quais são os principais aspectos que afetam o desenvolvimento do turismo no DF do ponto de vista de pontos fortes, pontos fracos? Com relação aos atrativos turísticos de Brasília?

Bom, eu acho assim. É, folhetaria, folhetaria não existe, não existe, ta? É muito raro eu conseguir chegar com um grupo de turistas num museu nacional, eu fui ver agora, foi há umas duas semanas atrás eu acho, eu fiz um guiamento, cheguei no museu nacional e, eles pediram pra ir pro museu nacional, cheguei lá tinha acabado, era o dia seguinte a inauguração de uma exposição, arte contemporânea, visando já o aniversário de Brasília, não tinha nada. Não tinha uma coisinha que falasse da exposição, sabe? Nada, absolu-tamente nada. E eu acho assim, eu acho isso erradíssimo. Eu acho que todos os atrativos deviam ser cobrados, todos os atrativos deviam ter, deviam ter...

Taxa de visitação.

...uma taxa de visitação, uma renda da visitação que voltassem para o monumento. Ou então, essa taxa poderia então ser (?) vista para a folhetaria, sabe? Porque isso divulga a cidade, a pessoa vai chegar vai levar fotos, mas hoje com a câmera digital você faz 100 fotos num dia e depois você a noite, você não, as vezes não ta afim, ta cansado de botar isso no computador e muito mais cansada depois de botar e imprimir isso, quer dizer, hoje em dia eu já aboli, eu não viajo mais com câmera digital, a minha é aquela maquininha que (risos), vou clicando e pronto. Então essa concepção de fazer fotos, né, então as pes-soas pensam, “-Ah, todo mundo tira foto mesmo.” Sim, mas cadê o texto? Sabe? Daqui há alguns anos você vai pegar aquilo ali, “-Poxa, meu Deus do céu que legal, eu tive aí...” Isso é, e isso não existe, isso, você vai pros Estados Unidos, você vai pro Peru, ta, você tem folhetaria, mas você não tem folhetaria no Brasil.

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Como é que você avalia pontos fortes e pontos fracos, não sei, com relação aos pró-prios serviços prestados pelos guias de turismo locais?

É, existem duas, eu acho que existem não é só duas não, algumas vertentes que levam a pessoa a se tornar guia de turismo, ta. Tem alguns poucos que vivem disso, né. Vivem porque já estão há anos luz no mercado, né, nasceram, basicamente são pessoas que nas-ceram aqui, ou seja, conhecem todo o histórico de Brasília, né, do mesmo jeito que, por exemplo eu conheço o histórico do Rio de Janeiro talvez melhor, porque aqui eu sempre faço pesquisa, né, eu leio o jornal, pego folheio tudo, tudo, tudo, pra poder me colocar no mesmo conhecimento, no mesmo patamar que um guia que nasce aqui, né. Porque a pessoa que faz guiamento comigo não quer saber se eu nasci aqui ou não, ela quer infor-mação, né. Então eu tenho que correr atrás. Então, existe as pessoas que fazem guiamento por profissão mesmo, porque sempre foram guias e não pensaram em ser outra coisa, exis-tem outras pessoas que querem fazer guiamento porque gostam e visam, é, gostam das viagens em si, elas começam como guia nacional, ou então fazem um guia regional por-que o guia regional, você tendo o guia regional, nacional e internacional você é meio que um turismólogo, quase, né? Enfim, e aí, existem, eu acho que somente aqueles que fazem dois guiamentos por dia é que conseguem sobreviver do turismo, ta. É, os outros não. Os outros tem outra renda e os outros, ou aposentados, tem a renda da aposentadoria ou então eles tem outras atividades como eu tenho, ta. E então eu acho assim, eu acho que nesse ponto eles... E eu acho que existe também uma grande gama de pessoas que não são cadastradas, não são registradas, mas já estão muito tempo no mercado, e esses daí são considerados meio que piratas. Nós que somos mais novos, vamos dizer assim no mer-cado, a gente considera os outros piratas, por que? Porque eles fazem um guiamento de meio período por 50 reais, sabe? Mas eu acho que você tem que dar valor a essa função, eu não vou sair no meu carro, ta, mesmo porque eu já logo digo: “-Olha, eu não tenho carro para fazer guiamento.” Eu tenho um Fiat Uno sem ar-condicionado, como é que eu vou fazer guiamento? Não tem condição. Então eu já digo logo porque eu não tenho, não faço guiamento no meu carro, mesmo porque também não é, não é legal, legal mesmo no sentido jurídico, ta, de você fazer o guiamento e dirigir, mas muita gente faz, ta. E aí você cobra, 50, 80 reais, ou então você pega um ônibus inteiro, cobra 80 reais, logicamente que ele ta assim, nadando em guiamentos, talvez não em dinheiro, mas em guiamentos. Nisso, ta pegando os guiamentos das pessoas que realmente cobram mais, eu cobro, eu não sou barata, não sou, ta, mas eu também não, não, eu faço um bom guiamento. E eu faço um guiamento seguro, eu faço um guiamento redondo, então, sabe? Eu não vejo porque que eu vou cobrar 70 reais, ta. Então eu também... (Fim da primeira parte)

Continuação...

... em relação aos guias né? Em relação aos guias aqui de Brasília existe também um, não

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existe um coleguismo, não existe. Então, por exemplo, eu realmente eu bato de frente com isso e eu faço questão de, eu recebo muitas chamadas de guiamento, mas eu passo pros outros, ta. Porque eu acho que se eu começar com essa mentalidade outros também começam, outros também me passam guiamentos, sabe? Então eu acho que tem que ser assim. E quando eu fecho, por exemplo, um guiamento e depois eu passo pra outra pessoa eu fecho o preço alto mesmo e o sindicato cobra 200, 300, o preço do sindicato é 200, mas quem não é cadastrado na Embratur e que não é sindicalizado ele faz por 70 e as agências adoram, óbvio.

Ok. Com relação as agências de turismo? Você já falou um pouquinho, mas assim... (!!)

Eu acho que, eu acho que as agências... Eu acho que... Eu acho que existem muitas agên-cias, existem poucas agências boas, aquela agência que realmente quer prestar um serviço e que está vendo na sua frente um cliente, lógico, que vai lhe trazer dinheiro, ta? Mas que está vendo também a (?) satisfação do cliente na sua frente, são poucas. E eu acho que as pessoas, e eu acho que aqui, aí é realmente, é uma preguiça cultural, ta? No sentido de capacitar os seus funcionários, entendeu? Eu acho que as muitas, eu percebi isso, muitos donos eles não abrem, vamos dizer assim, o seu, o seu, como é que vou dizer assim? Os seus conhecimentos aos funcionários, porque? Porque não querem, tem medo que os funcionários vão tomando o lugar e os funcionários, por sua vez, não são capacitados, sabe? A falar um nome estrangeiro direito, a saber de onde vem a pessoa, a se informar sobre o cliente, entendeu? Outro dia eu recebi um grupo também, a estudante de arqui-tetura, me preparei totalmente para estudantes noruegueses, em inglês e tudo mais, assim pro final do guiamento eu percebo que são estudantes holandeses, não, eu percebi que eram estudantes holandeses no final do guiamento eu vi que, poxa eles podiam ter falado alemão, porque eles falam alemão, né? E fui contratada pra inglês. Então eu acho assim, eu acho que por exemplo... aí eu falei com a agência, mas olha eles são da Holanda não são da Noruega.

Com relação aos espaços e infra-estruturas e serviços para realização de eventos?

Aí Brasília, assim, como capital, realmente é uma capital de eventos, aí é fabuloso. Sabe? Acho que tem, tem muitos espaços, tem espaços dentro de escolas que não são conhe-cidos, tem um teatro lindo que é da escola Carmem Salés, na asa norte. Mas, olha, é um teatro fantástico, e não é conhecido.

Com relação ao centro de informação turística?

Meu Deus! Eu acho que esses CIT, que tem, acho que 3, ah isso aí é uma piada.

Nem sabia que tinham 3. Quais são os principais aspectos que facilitam o seu traba-lho como um guia no DF?

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Que facilitam o meu trabalho?

Cita pelo menos 3 coisas que facilitam o seu dia-a-dia como guia. Externas ta, não suas...

Sim, internas.

Coisas que funcionam, você falar que pontos funcionam, facilitam o seu trabalho.

Bom, o acesso, assim a pontualidade nos monumentos, né, isso aí é notório, salvo uma vez que eu cheguei...

Como assim pontualidade?

...as 9 horas da manhã eu sei que todos estão abertos.

Ah, ta.

Já é uma coisa. Só uma vez eu cheguei no espaço Lúcio Costa, tava fechado, tava uma chuva e o guarda não queria abrir pra mim porque a pessoa responsável pelo espaço não tinha chegado, eu disse “-Olha, vem cá, eu não posso esperar, to com os turistas todos aqui pegando chuva.” Né? Aí foi um bafafá lá, mas aí eu acabei entrando. Salvo essa, esse dia. Mas então, realmente, os monumentos abrem pontualmente, fecham as vezes até um pouco depois do horário porque aí o turista ta lá dentro e tudo, isso facilita, eu acho que facilita. É o que facilita... Basicamente isso. O trânsito é difícil, depende do horário.

Isso dificulta os eu trabalho?

Isso dificulta.

Então 3 aspectos que dificultam? Trânsito você falou, é um...

O trânsito, estacionamento, né, trânsito e estacionamento, tanto faz, em restaurante e ou então nos monumentos, isso é difícil.

Se você vier a lembrar de mais algum você pode falar, ta? No meio da nossa...

Sim, certo.

Principais oportunidades e ameaças que visualiza pro turismo no DF nos próximos 10 anos?

Bom, ameaça assim notória, conhecidíssima de todos e não respeitada é com o patrimô-nio cultural da humanidade, né. Aí eu realmente acho que se continuar assim ela não merece esse título, ta? Não merece mesmo, não merece.

E oportunidades?

E oportunidades, aí depende da cadeia hoteleira. Eu acho que a cadeia hoteleira ela é, vamos dizer assim, o que é considerado luxo aqui, na Europa e nos Estados Unidos é

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considerado 3 estrelas, entendeu? Se quiser atrair realmente turistas com grana, turista que gaste, né, porque hoje em dia nenhum turista gasta assim, qualquer um, mesmo com dinheiro, né, faz o cálculo, “-Ah, ta, quanto é que ta dólar? Ah 2 por 1. Ah isso aqui é barato! –Não, isso aqui é caro, lá nos Estados Unidos é talvez mais em conta.” Entendeu? Qualquer um faz hoje em dia isso daí. Ninguém sai mais assim, é, o turismo, o turista em si ele mudou muito de 15 anos pra cá. Né? Então agora, realmente a cadeia hoteleira deixa a desejar, ela não é ruim, mas ela não pode se comparar a uma cadeia, a um hotel nos Estados Unidos ou na Europa em si.

Ok. Tendo por base os comentários dos turistas na sua experiência. O que você acha que poderia ser uma oportunidade de negócios para o turismo de Brasília e que não vem sendo desenvolvido, por exemplo?

Negócio...

É. Por exemplo, você vê na fala, o próprio turista as vezes sente falta de alguma coisa, ou você mesmo, na sua própria experiência você fala “-Poxa, se abrisse um negócio nessa área aqui, se abrisse uma lavanderia, se abrisse uma padaria, se abrisse um... A pessoa ia ganhar, o empresário ia ganhar muito dinheiro porque nós não temos esse serviço, ou porque temos e não, o que tem não... atende”.

Acho que em geral, principalmente ônibus. Ônibus fora dessa rota, entendeu, egoísta que é a W3, tá? Aqui, você na Europa você está acostumado de, em Estocolmo você não precisa de ônibus, em Viena, quer dizer, não precisa de ônibus, não precisa de carro, né, você tem um sistema de transporte público maravilhoso, ta, e aqui você não tem isso. Você, eu trabalhei nas embaixadas, ta, eu pegava, eu saia na L2 e descia a pé, porque não tem ônibus pra lá, e olha o que tem de gente trabalhando nas embaixadas e nos clubes, todo mundo desce a pé, sabe? Então já começa por aí, eu acho que o sistema, a viação pública... (!!)

Sistema de transporte coletivo.

... é, sistema de transporte coletivo, não existe aqui, não existe. Todo mundo quer pegar as rotas grandes, que é W3 pra... Você tem, sei lá, 3 ônibus pro (?) P sul, ta, e você tem um pra São Sebastião, vamos dizer assim, essa... Então você, e você fica aguardando tudo no mesmo ponto, e você não tem, eles não andam, as zebrinhas aqui, entendeu, as ze-brinhas são poucas, elas tem um roteiro muito interessante, só que elas são pouquíssimas pra quantidade, podia ser muito mais, muito, uma quantidade muito maior, né. Depois o serviço que, qualquer serviço que torne o turismo mais independente, mais confortável, ta? Por exemplo, uma venda, um jornaleiro, sabe? Você, e isso, mas aí é o seguinte, aí a gente entra, a vida pulsa, a vida em Brasília, e eu faço questão sempre de levar então é pras águas, sabe? Não é que nem o Dicró falou no Fantástico, a explanada, a explanada

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é vazia, a explana é um monumento, entendeu? Você vai em Florença você vê o David de Michelangelo, sabe, é um monumento. Você vem aqui a Brasília você vê a explanada, mas explanada não é Brasília, ta? Alí não pulsa vida, ali é simplesmente só política e ad-ministração, ta? E ali faltava, faltava infra-estrutura pra atrair turista prá lá pra que ele visse Brasília pulsando, não, não tem uma árvore na explanada dos ministérios, quer dizer, na praça dos 3 poderes, né, mas por que? Porque Oscar Niemeyer não gosta, todas as obras de Oscar Niemeyer você vai ver é aquela coisa pelada porque foca o monumento, então você está na praça dos 3 poderes como você está diante do David de Michelangelo, en-tendeu? Agora se você quiser tomar uma coca-cola, se você sair lá do museu em Florença e você vai lá na próxima bodega e vai pedir uma coca-cola, né? E ali não tem, aquela, por exemplo, tem um...

Uma estrutura.

... uma estrutura para uma lanchonete projetada a trocentos anos, desde o início de Brasí-lia e não é usada, sabe? Não é usada, o turista não consegue entender. Quando ele mostra aquilo ali e pergunta o que é aquilo ali, eu digo que é uma lanchonete parada que nunca, praticamente, funcionou, né, ele não consegue entender, o turista não consegue. Agora, quando a gente vai pras águas aí pulsa, porque é tudo verde, é lindo, é maravilhoso, é um parque, a pessoa que mora numa das asas ela ta morando dentro de um parque e isso é um atrativo enorme, ta? Agora os serviços são muitos parecidos me todas as entre - qua-dras, sabe? Eu acho que devia, devia, é... E eles são parecidos por que? Porque tem essa setorização, entendeu? Então você está, tudo bem, você tem a rua das farmácias, a rua da moda, a rua da elétrica, né, a asa norte, por exemplo qualquer um percebe que é uma di-versificação muito maior. E, de fato o centro antigo de Brasília, vamos por assim, a cidade antiga de Brasília, a cidade velha de Brasília seria a asa sul, né. Muitos percebem isso, né, o início dos blocos e tudo mais. E na asa norte você já tem uma outra, um outro pulsar.

Pensando a Copa do Mundo, pensando nos próximos 4 anos. Quais seriam as suas propostas e recomendações pro turismo no DF quando a gente pensa no que ta pra vir daqui 4 anos?

Capacitação. Eu acho que se pudesse, é... Capacitação, sei lá, do jornaleiro ao taxista, sabe? Mas, não é capacitação, não é nem só, o conhecimento de Brasília todo mundo tem, mas é capacitação em receber o turista, sabe? É, e, assim, não é, é uma, era até assim muito chato por exemplo quando o guia, ou qualquer pessoa que lida com o turista, eu acho isso assim anti-ético, quando quer ganhar em cima e quer pedir gorjeta, sabe? Isso ta fora de cogitação. É a capacitação em receber e passar informação sem esperar nada em troca, sabe? É receber de verdade, não é vender, é receber, sabe? E porque tá certo, ele não compra de você, mas ele obteve informações de você, você passa, ele vai lá pra fren-

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te e ele, isso aí é um círculo tão grande que daqui há alguns anos engloba todo mundo, mas todo mundo, a maioria, não todo mundo, a maioria quer ganhar ali na hora, né. E aí quando não ganha fica mal, fica chateado, né, isso vai dos que querem vender lá na Torre, né, as pedras, muitas vezes não são de Cristalina, e, então eu acho que... Mas aí chega, aí eu acho que tinha que ter uma, é, eu acho que essa mentalidade de capacitar, de abrir a cidade, de falar com todo mundo, vamos receber daqui a 4 anos né, porque muita gente não consegue vislumbrar a Copa da Mundo, por exemplo com estádios que estão assim, né? Com o Mané Garrincha ou o Nilson Nelson que ainda continuam nesse estado, sabe? E, então essa mentalidade, sabe, de dar segurança as pessoas aqui, que o comércio todo vai melhorar, isso eu acho que isso aí tem que vim lá de cima, sabe? Mais propaganda, puxar mais a população pros turistas, eu me lembro, isso há muitos anos atrás, quase que acho que mais de 20 anos atrás, quando começaram a fazer isto com a polícia do Rio de Janeiro, sabe? Criou-se a polícia do turista.

Bem, teria alguma outra, alguma observação, alguma outra colaboração com relação a tudo que foi dito aqui hoje nesse nosso bate papo?

Eu acho que Brasília tem uma capacidade turística imensa só que é muito mal aprovei-tada, sabe, e é a capital do país, tá? Então, quando alguém chega aqui e, por exemplo, chega aqui num domingo, né, participou do seminário e tudo, “-Ah, não ainda vou ficar mais uma segunda-feira aqui.” Segunda-feira ele não vê nada. Já começa por aí, é uma crítica muito grande isso, porque eu acho que segunda-feira você não pode fechar todos os museus, mas é que a pessoa ali é um funcionário público encarregado de terça a do-mingo, então que contratem outros, ou que fazem escalas, tá bom, o Museu Nacional tá aberto na segunda, vai fechar na terça, de meio-dia até tarde, de manhã fica aberto, entendeu? E isso, você segunda-feira, segunda-feira Brasília é uma cidade morta, se ela se voltar, se Brasília continuasse se pensando somente como uma cidade voltada para a política, ou seja, não tem senador aqui, não tem deputado, eles estão todos nas cidades de origem, tá, então pronto, então continue assim, agora se quiser fazer turismo então tem que realmente pensar como turista, né. Você como turista, você chega numa cidade que você viajou quilômetros, né, que você gastou dinheiro pra ficar lá, você em plena segunda-feira “-Que que eu vou fazer? Nada?” Entendeu? O avião só vai sair as 5 horas da tarde, eu vou fazer o que? Bater perna em shopping? Eu não gosto de comprar, eu não gosto de shopping, e agora? Entendeu, você não faz nada, você não faz absolutamente nada, e isso, isso eu acho ruim, e essa, a mentalidade turística tem que mudar, mas Brasília tem tudo pra ser, pra se igualar a uma das grandes capitais turísticas, por que? Porque já é um (?) Voouping, é o terceiro maior Voup Aeroporto do Brasil, é a terceira maior Marina, imagina ninguém acredita, fala “-Lago Paranoá, né” do Brasil, tá? Enfim, tem tudo pra atrair gente com posses, sabe, e empresários que daqui podem visitar outras cidades, mas

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Brasília funciona muito assim, funciona muito como um Voup de outras, outros locais, né? Então segunda-feira eu faço o que? Não segunda-feira nem pra Pirenópolis eu posso ir porque lá também tá tudo fechado.

Ok, muito obrigada...

Desculpa minha sinceridade, viu....

ENTREVISTA 9

Data: 29/04/2010Entrevistadora: Karen Basso

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

PERFIL DO GUIANao aplicada.

PERCEPÇÃO DESTINO BRASÍLIA

Vou começar no geral, tá? Depois eu vou entrar um pouquinho no específico, um pou-quinho sobre você também, sua formação e tal. Mas eu vou começar hoje querendo saber como que você avalia o destino Brasília em geral? O destino turístico Brasília. Pode pensar em DF, né, como um todo.

Eu acho que Brasília tem muita coisa boa. O destino em si é excelente, falta, na minha opinião, seria mais propaganda. Mostrar pro povo o que tem aqui, porque, infelizmente, o que acontece com Brasília? Nós temos aqui vários tipos de turismo, nós temos turismo ecumênico, nós temos o turismo cívico, nós temos o turismo jurídico, nós temos o arqui-tetônico, vários tipos, você pode, é uma gama de turismo tão grande que você pode ir pra tudo quanto é lado. Tem coisa pra todo mundo ver. O que não tem é a beleza da praia, só. Porque os turistas brasileiros eles sempre procuram uma praia e tudo. E o que eu avalio é o seguinte: infelizmente a maioria dos brasileiros pegam Brasília assim, é um gancho, eu vou pra Caldas Novas, aproveito e vou pra Brasília, vou pra Bonito, vai passar, aproveito e vamos em Brasília, eu vou agora pra Trindade, tem um turismo religioso ali perto de Goiâ-nia, vou aproveitar e vou ver Brasília, então o pessoal, é difícil ter um grupo que vai, “-Eu

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vou conhecer Brasília, eu vou conhecer a capital!” Então precisa muito mais de propaganda mesmo. E o que a gente mais sofre, por exemplo dentro dum ônibus é você tirar da cabeça do povo a parte, infelizmente, do que ocorre dentro, não é de Brasília, mas é dentro do cenário político do Brasil, que é a corrupção, que é coisa que poderia estar acontecendo em qualquer outro lugar, se a capital fosse no Rio, ou em qualquer outro lugar que ela tiver. Então, infelizmente muito brasileiro não desassocia a corrupção do governo com a beleza que é Brasília. Então a primeira coisa que a gente tem que fazer, pelo menos eu faço assim, é tirar a cabeça do povo isso, desvincular, vamos ver a beleza que é Brasília, a única cidade considerada patrimônio cultural pertencendo ao século XX, a maio área tombada, então, você mostrar isso pro povo, você tem que fazer um trabalho com o grupo, depois de meia hora de conversa é que eles vão começar a ver Brasília. Aí, é isso que eu acho que falta mais uma política de informação pro grupo, “Venha conhecer Brasília, a sua capital é aqui! Co-nheça a sua capital!” Eu acho que falta investimento lá fora, porque, infelizmente o brasi-leiro ainda não valoriza Brasília. Uma cidade tão bonita e ele não valoriza. Então é isso que eu vejo do turismo, tem tudo pra receber o turista, tudo, né, nós temos assim belíssimas obras de arte espalhadas por Brasília inteira a céu aberto, arquitetônico e tudo, mas falta essa parte aí, de divulgação e de, sei lá, de mostrar pro povo que não é isso. Então a gente sofre muito com isso. É assim que eu vejo. Um lugar que tem uma gama muito grande pra você aproveitar, mas tem pouca gente querendo vir ver. É isso que eu acho.

Ok. Eu vou pontuar alguns itens específicos. Aí eu quero que você pense nisso e fale um pouquinho sobre o que vem a cabeça quando eu falo, destino Brasília, como é que você avalia em termos de acessibilidade?

Em termos de acessibilidade vindo pra cá hoje não é tão difícil. Nós temos hoje campa-nhas de acessibilidade pra chegar a Brasília, ou pra chegar nos monumentos? O que você tá querendo dizer?

Ambos.

Ambos. Eu acho que pra chegar a Brasília é o mesmo, tá com muito, tudo quanto é lugar, porque hoje a gente tem passagens aéreas baratíssimas, dependendo da coisa, e fazendo uma propaganda legal o pessoal vem final de semana. Agora a acessibilidade dentro de Brasília já é outra estória. Porque? Se você não vem a Brasília com um ônibus que vai te levar, ou tem dinheiro pra pagar um taxi, você não tem uma condução que te leve, que te indique um ponto turístico. Por exemplo, o cara vem, “-Eu quero conhecer Brasília.”, vem sozinho, tem pouca grana, pra começar a rodoviária já mata, você chegar na rodoviária você já mata Brasília, você acaba com Brasília... (!!)

A rodoferroviária?

... a rodoferroviária, é, já mata, né. Agora com essa rodoviária agora já é uma coisa.

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Com a nova né?

É, com a nova. Agora vai ter os CATs, que não tinha. Então já acredito que com os CATs, eles já dando informação, mas e o ônibus? Que ônibus que te leva ao Catetinho? Ne-nhum. Você tem que parar lá no meio do Guará, porque eu vou pegar muita gente lá, eu recebo muito turista que tem que pegar lá no Catetinho, até pra mim é difícil. Eu tenho que ir pro Gama, descer lá naquele ponto de ônibus, ou então esperar uma boa vontade pra você pegar pra Santa Maria, pro cara me deixar mais perto debaixo do viaduto, pedir favor, o motorista atravessar aquela pista perigosa pra eu ir, então quer dizer, sem carro você não vai ao Catetinho, tá? Outra acessibilidade aos outros pontos. CCBB você não chega sem carro, ônibus, quem que sabe daquela ônibusinho da AABB, do CCBB que pega o grupo pra ir? Pra você ir pra terceira ponte você não sabe que pegando pra qual-quer satélite você passa na terceira ponte, você não vai pra terceira ponte. Agora ainda tem alguns que você pode sugerir que vai pra Explanada, você quer ir na LBV, como? Se você não souber, se você pegar o zebrinha ou qualquer um que vá pra 715 norte, você vai pra 715 sul, você não chega. Então, a acessibilidade pro turista que vem sozinho, se ele não está grupo é zero. Não tem como, não tem ônibus pra isso. Você não tem um ônibus que te leve, você não tem um ônibus que você pode tua mala, colocar dentro do ônibus e ir pro aeroporto, você tem que pegar taxi. Então esse negócio fica muito caro. Pra um turista isso é caro demais, você ter que pegar um taxi pra você ir pro aeroporto, não tem um ônibus pra você ir pro aeroporto. Você tem o zebrinha que faz, mas ele te deixa na W3 e, assim, não tem ninguém pra te ajudar com a mala, não tem lugar pra mala, tem urgentemente que ter um ônibus que faça a linha aeroporto rodoviária só pra turista, a linha exclusiva turista. Então eu acho que nesse ponto de acessibilidade aqui tem muito pra melhorar, muito.

Ok. Agora eu vou entrar, você sabe que a gente as vezes também se refere a acessibi-lidade como, cadeirante, cegos... (!!)

Cadeirante então nem tem como, isso aí se você falar acessibilidade pra esses então é péssimo.

É, ok.

Se você colocar um coitado dum turista pra descer ali no espaço do SICOF, o cara vai de trombeta, cai lá embaixo, não tem como, ele não entra lá. Eu já tive casos de eu ter que carregar, da gente ter que carregar o cadeirante na mão e outro carregar... Isso, vários pontos são assim.

Vários atrativos turísticos você fala?

Vários atrativos, todos, praticamente todos. Você consegue no máximo na, agora na ca-

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tedral você ainda consegue entrar, na Dom Bosco você já não consegue, já é complicado porque tem aquelas escadarias todas e não tem acesso de rampa, eu ainda não vi acesso de rampa na Dom Bosco, se tem eu não vi. Nos outros pontos também, nos ministérios, ali na praça, é muito, não tem acesso, não, aqui em Brasília cadeirante, deficiente não tem vez não. Se esses aqui já não tem imagina esse tipo.

Qualidade no atendimento.

Do que? De hotel?

Geral. Como é que você avalia a qualidade do atendimento? Se você quiser pontuar: “-Olha, de hotel é bom, mas restaurante não é. Setor gastronômico é bom, mas o se-tor de lazer não é.” Pode pontuar, mas em geral como é que você avalia a qualidade no atendimento do destino Brasília?

Eu acho que se eu for colocar de 1 a 10 eu colocaria 6. Não colocaria nunca mais do que isso. Porque o pessoal tem muito que aprender ainda. Já cheguei em restaurante, de ser os turistas maltratados, entendeu? Deles verem que é turista que quer mais barata, uma comida mais barata, então, eu acho que você tem que fazer o turista voltar, não interessa se ele vai pagar 40 ou 50, porque ele volta, e aqui ele vem de muito, de muito de 10 em 10, você vem de muito. Então, eu acho que há uma diferença principalmente no setor de restaurantes de fazer a distinção entre aquele que vai pagar mais, o que vai tomar mais coisa, entendeu, principalmente a gente vê isso em churrascaria, de consumo, que eles ganham mais no consumo de refrigerante e tudo. De tratar mesmo diferenciado a pessoa que eles acreditam que tem um poder aquisitivo menor. De eu já ter que brigar em vários restaurantes por serem, não serem bem tratados, entendeu? Então há muito essa diferen-ça, é difícil. Você também não tem um restaurante que você possa chegar 2, 3 ônibus de uma vez só. É difícil, a não ser uma churrascaria que já fica inviável a Brasília a 40 reais. Quando você chega em Curitiba, em qualquer outro lugar, é 20 reais, 25 reais uma chur-rascaria, aqui a mais barata é 45. Para um grupo que está aqui passando um dia, não vai voltar porque é tudo muito caro. E o restaurante, que alguns que são mais baratos são muito cheios, porque aí a população Brasiliense também corre pra ele, então você tem que ter, aí você já tem que explicar pro turista que ele tem que ter muita paciência naque-le restaurante, porque é mais barato então tá muito cheio, você nunca vai conseguir, você não consegue reservar num restaurante tipo o Assados e Grelhado que é o que a gente tá levando mais por causa do preço, é mais barato, é uma comida de qualidade, você não consegue reservar uma mesa pra 30 pessoas, tem que pegar 2 aqui, 2 juntar, juntar com outro, juntar com outro, então isso falta. Em hotéis o que eu já pude notar também é aquele negócio das informações também não serem muito bem dadas. Eu acho que os recepcionistas não estão muito preparados, e tem sempre aquele, infelizmente, se eles

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notarem que a pessoa vai dar uma grana eles informam bem. Então tudo, infelizmente, aqui Brasília eu acho que rola muito no que o turista vai fornecer pra essa pessoa, inde-pendente, eu acho que eles não tem aquela visão, “-Não, o turista vai voltar, vai trazer di-nheiro pra nós.” Então aquele que está ali direto, não é todos, lógico, mas em sua maioria vê o turista como (??)... isso aí eu vou conseguir alguém, vou dar, vou ganhar tanto. Então eu não acho que eles vêem o turista como aquele que pode vir, que pode trazer o outro. Ele quer ganhar ali imediato, entendeu? Ele não pensa numa coisa... Também não são os donos que estão ali dentro, né. Quem tá ali na porta não é, geralmente não é o dono, né. Então acho que tem muito disso.

Eu ia te perguntar dos preços, você já falou um pouquinho, mas como é que você avalia então o destino Brasília do ponto de vista preços?

Caro, caro. Do ponto de vista aqui, caro pra turista, porque, a gente pode falar “Rio é caro, São Paulo é caro?” É, mas você tem muita oportunidade de lugar barato também, entendeu? O São Paulo é caro, mas o São Paulo é caro específico. Você quer ir num lugar gostoso pra comer você já sabe que vai pagar caro, o Rio é a mesma coisa. Aqui é difícil as vezes escolher. Ou você tem uma churrascaria de 40 e tantos reais pra cima, ou você vai num quilo que é 20 e tantos reais, então você não tem, nem preço bom, agora a gente tá com 2 ou 3 restaurantes só com preço, que é tipo o Assados e Grelhado, que a gente leva mais e o, que faz um preço legal, o Chão Nativo, são esses que ainda pensam nos grupos que vem, que esses são os que mais investem ainda em ônibus e tal, mas os outros... É muito caro pra você levar. Um turista que chega, tá aqui, geralmente Brasília é último ponto dele, porque normalmente tá vindo de outro lugar, né, é o último ponto, daqui vai embora pra casa, aí já tá com a grana, já acabou a grana. Então não tem muito restaurante que tem o preço bom, muita fartura de preço, variedade de preço, lugar que você possa escolher preço legal, eu acho que não tem, falta muito.

Com relação a segurança?

Bem, é difícil falar dentro de Brasília, eu ainda não vi nada, nenhum cliente meu, nenhum passageiro meu reclamou que foi roubado, que teve algum problema, mas eu sei que o pessoal que fica ali nos hotéis, eu vejo casos por exemplo de... (??) Porque aquele que vai embora no outro dia você não tem o retorno dele, mas aquele que fica 2 dias aí você tem o retorno, aquele que tá no Congresso, já é aqueles que estão no Congresso. Eles reclamam muito da área, principalmente o setor hoteleiro onde fica o Saint Peter, Saint Paul, e o Bonaparte, aquela área é uma área muito crítica, deles serem abordados pra, se sair noite, entendeu, deles ficarem preocupados de ir ali no shopping Pátio Brasil, deles serem abordados por pessoas, naquela região, que é uma região crítica que todo mundo já sabe que é mesmo crítica, é aquela região, de serem abordados pelas pessoas pra pedir

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dinheiro e ficar, entendeu? Então, aquela região, eu, é uma região que eu acho que pre-cisa segurança a noite. Quanto aos atrativos e aquele grupo que só vem passar o dia aqui, esse a gente não tem problema, mas aquele que vai ficar mais um dia, tem umas regiões de hotéis que precisa de segurança sim, acredito que sim.

Com relação a promoção e comercialização de Brasília? Você já apontou que na sua fala, quando você falou no destino geral você apontou um pouquinho, falou algo com rela-ção a isso. Existe alguma coisa a mais que gostaria de colocar com relação ao destino? Como avalia o destino Brasília do ponto de vista da promoção e da comercialização?

É, eu acho que é fraco. Poderia ser melhor, poderia ser bem melhor, eu acho que Brasília, eu não sei é só, eu sou tão apaixonada pro Brasília, sou tão apaixonada, que quando eu entro no ônibus o pessoal fica assim, ah, eu consigo ver, a gente tenta mostrara com outros olhos o que é Brasília, entendeu? Ver a beleza, pensar como que eles colocaram a árvore, aquela árvore que florindo, todo mês florindo uma árvore. Então é muito difícil você votar isso, porque lá fora é muito mal divulgado isso. Então eu lembro que eu peguei um grupo, 4 pessoas, que a mulher teve que brigar na agência porque ela queria vir pra Brasília e agência falou “- O que você vai fazer em Brasília? Brasília não tem nada. Brasília você vê em três horas. Então é isso que é preciso ser passado nas agências que vendem Brasília lá fora. Brasília não se vê em 3 horas, Brasília não se vê, não é isso que é Brasília, Brasília não é só aqueles monumentinho por fora é toda uma estrutura lá dentro pra você conhecer no Itamarati, isso não faz com 3 horas nunca, 3 horas você vê, você vê qualquer lugar com 3 horas. Então falta mesmo divulgação e um empenho maior do governo de promover dentro das agências lá fora. Aquelas que vão vender Brasília pro pessoal vender Brasília de falto legal, porque você ter, a ponto dum cliente ter que brigar, “-Não, eu quero conhecer Brasília! Eu quero conhecer minha capital!” Porque, não, vamos vender Fortaleza, vamos vender Natal, eles querem vender só outros destinos turísticos, praia né, parece que brasi-leiro só quer praia e não é, tem muito brasileiro que se preocupa com a cultura também, mas tá mal divulgado, tá mal vendido isso aí, precisa de uma coisa melhor.

Do ponto, como é que você avalia a articulação da cadeia produtiva, a articulação do próprio mercado interno, dos restaurante, com os hotéis, com os guias, com as agências de viagens, com os taxistas, enfim, todo mundo que faz o turismo acontecer na cidade?

Eu acho que precisa de mais integração. Não tem muita... Eu acho que cada um quer o seu quinhão e não pensa, não avalia que pra cada um ter o seu tudo tem que funcionar igual, todo mundo, um depende do outro. Então vem o taxista que faz o serviço do guia, vêm de vez em quando, mas isso é raramente, que são poucos que pode fazer o serviço de taxista, aí vem o cara lá do... Se cada um ficasse no seu lugar e fizesse e desse o devido valor a cada, a cada meio, ou, eu acho que falta muito uma reunião, uma integração, a gente tá até participado desse grupo gestor que tá tendo aí, tem vários grupos tentando,

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pró Copa, justamente tentando articular isso daí, mas precisa de, de uma integração e de valorização de cada ponto. Eu acho que são poucas as pessoas que pensam que o guia se-ria importante. Acham que qualquer um poderia fazer o papel do guia, que qualquer um pode chegar e mostrar a cidade e vender a cidade e não é gente, não é assim, não é assim que funciona. Porque é no final que você vai pegar, eu to com um grupo de 40 pessoas, ele vai com 40, não vai naquele restaurante que a comida é estragada, ninguém entra, eles esquecem isso também. Não entra nesse hotel que esse hotel é assim, que esse hotel tem mofo, ninguém vai naquele hotel. Então eles tem que ter uma integração e uma coisa, por exemplo, tem restaurantes aqui que realmente eles não respeitam nem o guia nem o motorista, você não tem a cortesia. Por exemplo, o Porcão é a coisa mais difícil, eu nem levo no Porcão, nem penso em Porcão quando as pessoas querem ir, porque? O que é uma refeição pro Porcão pra você dar pro guia e pro motorista, porque o motorista tem que entrar, o motorista é extremamente importante, ele é que tá trazendo todo mundo, se ele não tiver de bom humor ele bate, ele não vai, entendeu? Não dão. Outros, também não dão. Então, quer dizer, se não é aquele guia mais antigo que já tem traquejo e já tá tudo, você não consegue negociar. É muito difícil, eles não vêem a coisa como, o retorno que tem. Tem o outro que já tem a mente mais aberta, pode ver que esses estão progredindo.

Com relação a estrutura turística do nosso destino?

Ai isso é brabo, falta muita coisa. Nós não temos, você procura uma lixeira, você não tem uma lixeira nos pontos pra ti, o pessoal chupa um picolé e não tem onde jogar no lixo. Não tem lixo, você não tem banheiro, você não tem água, né. O mais importante, banheiro, água e lixeira, e isso não tem. É o cúmulo do absurdo você não ter água pra você beber. E se você não tiver 2 reais pra você comprar uma água você morre de sede, 2 horas da tarde, 3 horas da tarde você tem um grupo lá naquele... Você pega escolinha, os meninos não tem dinheiro, é tudo escola pública que vem, os meninos não tem 2 reais pra comprar uma água, morre de sede. Se você também não aluga um ônibus, que o ôni-bus já vem com água, morre tudo de sede. Ou vai ter que morrer em 2 real. Ou morre de sede ou morre em 2 reais, porque não tem como. Não tem, não tem... Isso, em questão de infra-estrutura pro turista, tem muito que resolver, mas é muito. Principalmente parada pro ônibus, agora a polícia, a gente vai ter fazer um jeito com as polícias porque, onde que esses ônibus vão parar? Brasília não cabe mais carros. Os carros estão estacionando nos lugares de você fazer a curva, os ônibus não conseguem nem mais fazer a curva. Porque onde era pra ter espaço pra qualquer um o povo... O povo tá estacionando nos balões. Se não começar a multar esse pessoal, educar o pessoal pra não colocar o carro a gente não consegue nem trafegar de ônibus daqui uns dias. E ter estrutura. Onde que o ônibus para? Você não tem onde parar o ônibus. Em frente a Catedral você já não tem mais, porque aquele lugar que era (??), a Torre que era um lugar que você já podia colocar ônibus, o

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pessoal que trabalha do outro lado ocupou a Torre que nem turista não chega na torre pra estacionar. Você vai 9 horas na torre hoje, você não acha uma vaga. E não tem ninguém na Torre. Tá todo mundo... Então vai ter que dar um jeito nesse negócio, pra carro, pra estacionamento, principalmente pra ônibus, porque vai vir muita gente de ônibus. E não tem nem onde um ônibus parar.

É eu ia, eu tinha aqui como um item estrutura turística e infra-estrutura geral, você já pon-tuou um pouco dos 2, teria mais alguma coisa com relação a estrutura para o turismo? E a infra-estrutura geral que também, nem entra turismo, que você queira comentar?

Como? Nessa estrutura com o turista você tá falando o que? De informação? Do que?

É, estrutura, eu vou entrar também na questão de informação mas mais a frente. Mas a estrutura turística eu to partindo do princípio que são, inclusive os próprios equi-pamentos de prestação de serviços, hotel, os atrativos, como é que estão os atrativos, como é que estão...

Os atrativos...

... e infra-estrutura geral entra um pouco essa questão de banheiro público, né, de limpeza, enfim, também a lixeira...

Eu acho que tá melhorando, a gente tá vendo a Catedral já sendo reformada, tá termi-nando, já entregou, falta a outra parte. A Praça que tava uma vergonha aquele monte de vela lá que eu não entendo, o povo faz macumba de noite lá, aquilo lá acabou com a praça, acabou aquilo lá é tudo pedra portuguesa que teve que ser substituída de tanto que o povo tava queimando vela, aquilo lá precisa de uma iluminação a noite. Aquela praça, se transformasse aquela praça lá ia ser uma praça de lazer que o pessoal ia pra lá a noite, aquilo lá você passa é um breu. (!!)(Karem: A praça dos 3 poderes?) A praça dos 3 poderes. Aquilo lá é um breu a noite. Aquilo lá precisa de iluminação a noite justamente pra evitar esse tipo de coisa também, que não vai estragar o piso. O Palácio tá sendo re-formado, né. Os outros atrativos, a Torre já tá sendo melhorada. Então eu acredito que já está caminhando pra melhorar, mas há quanto tempo que a gente vem pedindo e falando nessa reforma. Então eu acho que já tá, o caminho já tá traçado, vamos ver se prossegue, mas que os atrativos precisam de reforma, isso aí nem tenha dúvida de que precisa. Ho-téis, tem muitos hotéis bons, mas tem uns hotéis ainda que precisam estruturar, como tirar carpete, não se usa mais carpete. Os hotéis, o pessoal do hotel tem que dar uma... Gente, tira o carpete, taca piso em tudo e o pessoal reclama muito de alguns hotéis com cheiro de mofo, pedem pra trocar. Né, então, tipo o da Torre, tipo o Priston, tipo o Calton, uns hotéis um pouco mais antigos que precisam ter uma revisão, tem que fazer uma reavalia-ção disso aí, porque aquele que tem a 3ª idade, que é o que tá mais vindo pra cá, ele tem até que adaptar pra 3ª idade e pra deficiente físico também, colocar barra do banheiro,

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porque o pessoal já liga, “-Você sabe se esse hotel eles tem barra no banheiro pro idoso.” Então, já tá mais do que na hora deles pensarem no idoso que é, a fonte hoje é o idoso, fonte de renda pro turismo hoje é o idoso, porque tem muito mais possibilidade, tempo e dinheiro pra viajar, né.

Com relação a qualidade dos nosso produtos, produtos ofertados? Aí eu vou desde os souvenires pro turista até isso, você já falou, vou retomar, até hospedagem dos hotéis, dos produtos em geral. Como é que você avalia o destino Brasília?

Não, a qualidade eu acho que tem muita qualidade, tem muita coisa, acho que você pode ir em, você tem uma gama de, você tem como escolher, agora nesse montante do (trecho inteligível) ou do souvenir, eu acho que você tem desde o de 5 reais ao de 50 ou de 500, então você tem pra tudo quanto é gosto. Você chega, por exemplo, numa Torre de Tv, lá naqueles lá você tem camisetas baratas, você pode comprar, preços acessível, como você tem também os lá do Memorial JK que tem os mais baratos e tem uma qualidade maior, então tem para tudo quanto é público. As pedras, que o pessoal procura muito. Então eu acho que tem né, nessa questão de levar lembrança de Brasília nós não estamos, até tá muito bem, acho que a qualidade tá até muito boa, tá, nesse ponto sim. Os atrativos a gente já falou já tá, isso aí. Eu acho que Brasília tem qualidade de tudo, isso aqui é uma cidade muito grande, se tiver investimento nisso aí e propaganda lá fora, tem tudo, tudo pra dar certo, tudo, é só querer, eu acho que é só querer.

É, como, em geral, você percebe o turismo no DF do ponto de vista do seu trabalho como guia de turismo?

Como no meu trabalho é o seguinte, ainda tá muito pouco. Por exemplo, se eu tiver que viver disso eu não sustento a minha família. Eu acredito que alguns guias sim, que são mais antigos, que aí já tem o mercado nas mão, que já conhecem tudo que vem, tem mais ma-leabilidade, aquele antigos mesmo de 20 anos, 30 anos, agora esses que estão entrando agora, se não for muito bom e estudar muito e estar no local e gostar do que faz, não tem como sobreviver, porque? Eu por exemplo, no meu caso, se não é o dinheiro do mês do meu marido eu não poderia trabalhar de guia, iria poder fazer guia, teria que arrumar um emprego e ser guia só final de semana. Então, do ponto de vista trabalho é muito pouco ainda, muito, muito pouco. Teria que ter bastante, por exemplo, nós não tivemos nada, janeiro, fevereiro, março, nada, nada, não ganhei nem 10 reais nesse 3 meses, não traba-lhei, não teve o turismo que era pra ter, tem os transfers, tem, aí tem, aí a gente “-Ah, mas esse tanto de congresso?” Tem esse tanto de congresso, mas o povo vem pro congresso eles não tem nem tempo de fazer o City Tour. Tem uns tipos de congressos que não dá tempo das pessoas fazerem. E o que você vai fazer o tempo é tão pouco que se você não tiver ali um, já tiver uma (??)(...) ainda dos receptivos que já tá combinado e tudo, não sai,

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não sai nada. Então é muito complicado. Viver de guia não tem condições, tá muito difícil mesmo. E eu acho também que, eu acho que o governo poderia apoiar, por exemplo, o curso de inglês teria que ter, ele vai, o governo vai ter que investir nos guias, não tem como, não vai ser só os taxistas. Alguém vai ter que dar curso de guia, não é todo guia que tem dinheiro pra pagar um curso de inglês. Muitos eu to vendo, tem muitos já procuran-do, eu já to fazendo espanhol, eu já comecei inglês, mas tá caro pra eu pagar 2 cursos, eu to pagando espanhol e inglês, pra mim tá caro, por isso que eu já to procurando na UNB, o curso de línguas aqui já vou começar em janeiro pra ver se eu pago menos, porque eu não to dando conta de pagar dois cursos. E se você não tiver no mínimo duas línguas pra Copa, não tem nem como trabalhar.

Como que você vê a imagem do destino Brasília no seu dia-a-dia de trabalho com os turistas? Ou seja, como é que você sente que o turista vê Brasília?

Eu acho assim, depois que a gente já passa já conversa, todo mundo sai daqui maravilha-do. Mas você tem que mostrar a Brasília, a essência de Brasília, a importância da transfe-rência da capital, aí eu acho que entra muito o trabalho do guia. Se o guia chegar, “-Isso aqui é a Catedral, isso aqui é isso.” Só mostrar, realmente ele vai chegar, “-Ah, eu vi, é bonito.” Mas você tem que mostrar a essência de Brasília, como que isso aqui foi cons-truído, então você tem que ter, se você não tiver muita informação pra passar pro turista, pra você envolver o turista, “-Gente olha como é que essa cidade é bonita, olha o tanto de verde, olha como que o Lúcio Costa pensou, olha a super quadra, em que lugar do mundo que tem?” Então, a gente tem que, eu acho aí a parte já é do guia, o guia que tem que envolver, se o guia consegue envolver, todos eles voltam e saem daqui maravilhados com Brasília. Porque Brasília é muito bonita.

Mas você acha que eles chegam com uma outra imagem?

Todos chegam. A maioria chega. Infelizmente a corrupção dentro do governo atrapalha e muito. Infelizmente atrapalha. É difícil você pegar um turista que consegue dissociar. Você está passando ali, “-Gente nós vamos passar na praça dos 3 poderes.” Aí já grita um engraçadinho “-Segura a carteira gente!” Entendeu? É, infelizmente é difícil não ter isso dentro de um... Só não acontece isso com dos meninos, né, que os meninos aí que são mais novos, meninos que eu digo assim escola, quando vem escola, eles já não falam isso, mas também só querem ir pra shopping, também não tem idéia, né. Mas, infelizmente a corrupção e as coisas que acontecem dentro do contexto político atrapalha Brasília, infeliz-mente o brasileiro é difícil de dissociar essas coisa. Então eu acho que a gente que fazer tipo uma campanha, sei lá, tentando dissociar isso, sei lá, “Venha a Brasília, venha ver o patri-mônio cultural”, focar muito e... É difícil. Todos, não tem um turista que eu pegue que não fale, é muito difícil de não ter um grupo que não tenha um que não fale sobre a política.

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É, eu vou colocar a sua opinião, eu gostaria de saber quais são os principais aspectos que, na sua opinião, afetam o desenvolvimento do turismo no DF, daí pode ser, posi-tivamente ou negativamente. Eu poderia ir, eu posso ir citando alguns aspectos e você vai pensando. O que afeta positivamente o desenvolvimento do turismo, o que afeta, o que atrapalha o desenvolvimento do turismo no ponto de vista de alguns itens que eu posso ir citando...

Anhan, fala...

Então ok. Vou começar pelo próprio serviço prestado pelo guia de turismo. O que você acha que atrapalha e o que você acha que ajuda, né, ponto forte e ponto fraco?

Ponto fraco do próprio guia é que, talvez, eu acho que precisa de ter procura maior, investimento maior do próprio guia, em querer buscar e aprender mais e de ter mais reciclagem. Então eu acho que se um guia também for ruim ele também afeta muito a imagem de Brasília, se ele for muito bom ele já traz um ponto. Então eu acho que o que pode atrapalhar é a falta, eu acho que teria que ter mais oportunidade, tipo o governo oferecer mais oportunidade de reciclagem, nem usa mais a palavra reciclagem, né, de uma atualização dos guias envolvidos, de fazer cursos, mais cursos e tudo, porque só o curso realmente do SENAC você não sai de lá preparada pra fazer um City Tour, de forma alguma. Tem que ter mais...

Com relação aos atrativos turísticos?

Eu acho que só de ser Brasília, do Oscar Niemeyer, ser considerado patrimônio cultural, Brasília já é um atrativo, a palavra, falou “Brasília” já é atrativo, isso é positivo, muito positivo. As obras de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, tudo que tem aqui, todos os artistas, Sesquiate, tudo, é muito importante. Eu acho que isso aí já é, só o Oscar Niemeyer já vende, né já...

E tem alguma coisa que você acha que atrapalha, que é ponto negativo?

É só a política mesmo, não adianta, é a única coisa que eu acho, isso não tem...

Você acha que...

A única coisa, é isso. O que atrapalha Brasília é isso, justamente isso, a política. Porque pro brasileiro é difícil pra ele desvincular isso.

Do ponto de vista dos serviços das agências de receptivo?

Não, eu acho que tá bem. Estão, eu por exemplo pelo que eu to vendo o pessoal até não tem reclamado muito não, acho que eles estão bem, eles estão organizados agora, melhorou muito, pode melhorar mais, mas já melhorou muito, tá. Eu acho que tá bem o receptivo ta ok. Agora o que atrapalha justamente o receptivo, por exemplo, você chegar

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no aeroporto e não ter como deixar um ônibus ali, você não tem como nem embarcar, você não consegue nem embarcar, porque o aeroporto ele não tem estrutura pra receber ônibus, e a gente precisa trabalhar muito com ônibus. Então é outra coisa que precisa colocar ali. Você não tem como pegar o turista ali, você tem que, tudo correndo, aí até acaba atrapalhando o seu serviço porque você tem que “-Vamos, vamos, vamos!” Joga a mala correndo e sai correndo, isso é muito ruim. Teria que ter um lugar só pra ônibus, específico pra ônibus. O brasiliense, a cadeia, sei lá, o Trade turístico tem que pensar que ônibus é a coisa mais importante, ônibus, isso aqui é pra ônibus, ninguém mais pode pisar aqui. E cobrar mesmo do pessoal, colocar cone, não adianta, então o brasiliense vem, estaciona onde não deve, se a gente não cobrar isso não tem onde os ônibus parar, se o ônibus não tem onde parar não tem como pegar o turista, não tem como fazer City Tour. Então isso aí tem que ser pensado.

Com relação as próprias transportadoras turísticas e os serviços de transporte? O que você acha que auxilia, promove o desenvolvimento do turismo, o que você acha que atrapalha o desenvolvimento do turismo?

Eu acho que eles precisam melhorar mais é a frota, né. Tirando algumas, tem pouco, eu acho que tem pouco, tem pouco ônibus, tanto que toda vez que tem evento grande a gente tem que recorrer a Goiânia. E aí vem muito ônibus ruim, muito ônibus velho, então, eu acho que os empresários teriam que ver que isso aí vai dar certo, que pode investir mesmo que...

Com relação aos serviços e equipamentos de gastronomia?

Acho que Brasília tem muito gastronomia, a gastronomia daqui é fantástica, fantástica! A gente tem de tudo! Tem tudo quanto é tipo de comida, tudo quanto é tipo de coisa, nós temos chefs ótimos, eu, na minha opinião, Brasília tá com tudo no sentido de gas-tronomia. Você tem onde levar o turista de tudo quanto é tipo, eu acho muito bom. Mas a gastronomia nesse sentido assim, você levar um turista pra comer uma comida alemã, você levar um turista pra comida turca, pra você ir lá no, no... entendeu? Tem muito, gas-tronomia tem pra todo quanto é tipo de turista sim, eu acredito que sim. Tem bastante, precisa ter mais restaurante, aí já não sei se entra gastronomia em si, né, mais restaurantes populares, com preço mais em conta, mas em questão de gastronomia e circuito gastro-nômico, pessoas que tem grana, pessoas que querem conhecer, ixe, fantástico Brasília.

Você acha que do ponto de vista do desenvolvimento do turismo em geral, atender todos os públicos, atender, você acha que...

Ah, falta. Eu acho assim, o que eu, deixa eu tentar me colocar melhor. Dentro do que eu acho de gastronomia, se você pegar um público que quer conhecer gastronomia, um público que tenha dinheiro pra gastar, você tem onde levar. Agora no sentido, você vem

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com um grupo grande que você precisa de mais opções de várias comidas a preços mais acessíveis aí falta, viu.

Com relação aos serviços e equipamento de hospedagem?

Tem muito hotel que tá precisando dar uma melhorada. Tem que entrar mesmo no clima da terceira idade, tem que mandar colocar barra, tem que adaptar para cadeira de roda, que não tem, você hotel que é muito difícil...

Você acha que a nossa oferta atende todos os gostos? Bolsos?

Atende. Não, atende sim. Tem os mais baratos, tem o Econohotel, tem os outros, tem os hotéis mais baratos, mas ainda assim é um dos lugares mais caros, né? É uma das hospe-dagens mais caras do Brasil é aqui. É caríssimo hospedar aqui. Tanto que agora tem grupo indo pro Núcleo Bandeirante, indo pra, pro Cia, porque eles não estão dando conta mais de pagar, é caro, aqui em Brasília poderia ser um pouco mais barato, e eu acho que viria mais gente. Mas mesmo assim eles já estão barateando, porque eu acho que eles estão sentindo, já cheguei a ver hotel fazer a 70 reais a diária, pra grupo eles estão, já estão até melhorando muito porque eles estão vendo que a sazonalidade ali tá braba, né. Tem que dar vazão pra esses quartos vazios, né.

Com relação aos serviços e equipamentos de lazer e entretenimento?

Eu acho que podia ter mais opções, porque a gente fica a noite, onde que vai levar grupo, tudo? Você não tem acesso de ônibus, por exemplo. Poucos você consegue entrar. Como é que você entra numa super-quadra? Já tá cheio de carro estacionado tudo errado. Sabe o que está acontecendo? Você entra numa super-quadra, você não tá conseguindo mais sair pro eixo. Aquelas saídas que você sai de uma entre quadra que tem, por exemplo um boteco, aí tem a saída pro eixinho, não tem? Ou você vai por baixo e vai pro outro eixo de cima. Alí o povo tá estacionando de uma tal maneira que o ônibus não consegue mais virar. Então você não pode nem, eu não to mais arriscando levar, por exemplo, um ponto atrativo que é super interessante levar grupo é na igrejinha, você não tá conseguindo mais, eu não posso mais porque os ônibus estão cada vez maiores, e o pessoal está estacionan-do nas rotatórias, você não consegue chegar a um ponto da gente ter que descer e pegar carro e colocar em cima da calçada, juntar 10 homens, ou então a gente vai ficar o dia inteiro ali por falta disso aí. (!!) (??) Já fizemos, já fiz isso, já fiz, já aconteceu de fazer isso. Porque nós estávamos a meia o homem não aparecia, o dono do carro, o carro, totalmen-te parado, lugar, ninguém saia, tudo preso pra lá, tudo preso pra cá, veio um tanto de gente da rua, pegamos o carro e colocamos na calçada. Dez homens levantaram o carro e colocaram na calçada pro ônibus passar, porque o ônibus também não voltava, porque já tava 500 mil carro atrás e não tinha como. Não tem, então isso falta com... Agora tem que fazer o que? Eu acho muito importante fazer uma conscientização do brasiliense. “-Olha,

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nós vamos trabalhar na Copa, não estacione o carro, seu carro vai ser multado, tem que dar espaço pro ônibus, não sei o que pro ônibus passar...” Vai ter que educar o brasiliense pra Copa, não é só o Trade turístico não. Se o brasiliense, se não fizer uma campanha pro brasiliense pra Copa nós estamos ferrados. Não tem como, o ônibus não vai passar, nós vamos ter que passar por cima dos carros. Vai, sério, o negócio tá feio. Aí, como é que eu faço? Eu vou levar um grupo lá no Dudu, não tem como, no gastronômico. Alí agora você ainda consegue levar aqui no Garota Carioca porque tem aquele espaço do shopping você ainda consegue manobrar o ônibus. Você pode ter oferta mas você não tem como levar. Agora grupo pequeno de van você ainda tem bastante oferta sim, eu acho que pode ser, o problema é como levar, grupo grande você não leva.

Ok. Com relação a espaços, infra-estrutura e serviços pra realização de eventos?

Ah, eu acho que tem bastante. Tem muito espaço pra evento, aqui tem bastante, em Brasília tem muito. Acho que tá, tá bem de eventos, você pode até ter mais, porque agora tá puxan-do muito, né. Mas tem, eu acho que tem muito espaço pra evento aqui, a gente tem espaço demais pra evento. Todos os hotéis tem espaço, eu acho que tá legal, na minha opinião.

Com relação aos Centros de Informações Turísticas?

Isso aí não tem, né? Aonde? Não tem. Não tem ninguém pra te informar nada. Imagino que, vamos ver agora com os CATs, né. Isso se eles também, quem que eles vão colocar nos CATs, porque o que eu ouvir dizer é que vai ser remanejado o pessoal que já passou em concurso, que já estuda, que já trabalha para ir pros CATs, é um absurdo! Você não colocar pessoa que sabe o que é o que é, onde vai e como vai, não adianta você colocar não, você tem que saber quem que você vai colocar nos CATs, isso aí vai pesar muito. O que adianta colocar uma pessoa, “-Ah, Brasília deixa eu te ensinar...” A pessoa tem que saber o que ela vai informar, ela tem que ter ali um, vai ter que ter o Trade turístico e juntar, “-Olha, o hotel de tanto a tanto, a faixa de tanto a tanto tá aqui, o ponto turístico legal aqui, a noite você vai aqui...” Vai ter que fazer uma cartilha pro turista e vai ter que ser alguém que, esses CATs que vão ser inaugurados tem que ter pessoas especializadas ali dentro. Ou um guia, ou um estudante de turismo, mas alguém que saiba sobre Brasília. Não adianta nada fazer igual o governo quer fazer não, porque vai acabar, não vai adian-tar nada fazer aqueles CATs e pegar funcionários comum de qualquer lugar e remanejar pra lá. Aí vai, eu acho que vai ferrar com tudo. Na minha opinião se você não tiver gente preparada pra colocar ali não vai adiantar nada não.

Ok. É, eu vou pedir pra que você agora imagine o seu dia-a-dia de trabalho e diga quais são, pelo menos 3, dos principais aspectos, os principais fatores externos, tá ali a sua própria capacitação, enfim, principais fatores que facilitam o seu trabalho como um guia de turismo aqui no DF?

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Acho que as ruas largas, já o próprio traçado de Brasília, isso facilita bastante porque mes-mo o ônibus que não sabe fica mais fácil da gente indicar e tudo. Facilita o traçado, mas atrapalha é placa, porque não tem placa nenhuma né? Pra quem vem de fora e tudo, mas pra gente que conhece eu acho que o fato mesmo das ruas serem mais largas, o próprio traçado do Lúcio Costa já ajuda bem a gente chegar nos lugar e explicar, eu acho muito fácil trabalhar em Brasília, eu acho muito fácil porque você sai rápido em qualquer lugar, né, então isso é um aspecto, né. Você quer quantos?

Pelo menos 3.

Que me ajude? Que ajuda, que facilita?

É.

Os hotéis serem concentrados. Aí tudo isso aí já vai acabar sendo a mesma coisa, mas os hotéis serem todos concentrados ali no setor já é mais fácil, porque você já pode passar num hotel, pegar, então os hotéis, a facilidade dos hotéis, de shoppings perto, aí ajuda muito a gente aí também a trabalhar. Deixa eu ver outro aspecto que ajuda a trabalhar em Brasília... Eu acho que só de ser Brasília já facilita bem, né. Eu acho que Brasília, eu adoro isso aqui, então eu sou muito suspeita pra falar. Quer dizer, é muito fácil você poder falar dos atrativos.

E se você, se eu te pergunto dos aspectos que dificultam?

Aspectos que dificultam a gente a trabalhar. Por exemplo, você vai trabalhar, você vai alu-gar um ônibus, o microfone é péssimo, você não tem microfone, então isso aí já é horrível, você não consegue trabalhar, principalmente quando o evento é grande, é isso que eu to te falando, pega um evento daí todos os ônibus ocupados você não consegue pegar um ônibus com microfone, você não pega um motorista que conheça a cidade, então você tem ao mesmo tempo que fazer o City Tour na goela lá e você ainda tem que levar, então esse ponto deles não estarem preparados pro turismo, os ônibus aqui não estão prepara-dos pro turismo, nenhum ônibus aqui tá preparado pro turismo. Não sei se a gente quer comparar com a Europa, com os outros lugares que você vai, o pessoal já tem o lugarzinho lá pra sentar, aqui o guia não tem lugar pra sentar ele tem que ficar em pé mesmo, eu também até gosto de falar em pé, mas isso não é seguro, não é seguro você ficar em pé falando, o certo é fazer igual lá mesmo, você tem o seu lugarzinho. Então aqui o lugar do guia, o guia ainda não tem o espaço dele. Não tem espaço nem no ônibus, mal tem um microfone. Então isso atrapalha muito. Outra coisa que eu acho que atrapalha muito são pessoas que vem pra cá, também qualquer um possa fazer esse serviço de guia... Essa falta, por exemplo, de fiscalização que a gente não tem aqui, de ter um guia certo, você poder cobrar, e você vê um tanto de grupo vindo pra cá sem guia, que atrapalha porque não sabe, você vê a pessoa passando informação errada, então, a própria falta de fiscalização

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também atrapalha muito. E eu acho que a falta de apoio, de ter um órgão que apóia o guia pra fazer essas coisa de, por exemplo um curso de inglês, um curso até de etiqueta, entendeu? A gente passa lá no curso lá do coisa, mas você esquece, tem que ter sempre alguém empenhado nisso aí, acho que o Sebrae é uma ótima, Sebrae já deu muita força pra gente aí nesse ponto junto com o SET, até quero ver como tá com a Ariadne aquela coisa que ela ia conseguir um curso de inglês pra nós e ficou por isso mesmo, a gente tem que cobrar dela de novo.

È.

Você consegue ler no escuro assim essas letrinhas desse tamanho?

Eu to decorando já.

Pelo amor de Deus.

È, quais são as principais oportunidades e ameaças, que você visualiza pra o turismo nos próximos 10 anos? Aqui no DF.

Ameaças é esse crescimento louco que está aí. Esse tanto de loteamento, esse tanto de coisa, isso aí é a parte, isso aí já é político-geográfico, né, mas isso aí é uma ameaça muito grande, daqui um tempo esse tanto de carro, eles não vão ter como, isso que eu to falando, daqui 10 anos você não faz City Tour dentro de ônibus em Brasília. Se não houver uma política agora de já deixar tudo separadinho, o local do ônibus e tudo, a gente não vai conseguir trafegar aqui dentro, porque tá muita gente, muito carro, então isso tá atrapalhando demais e vai ter que ter o espaço mesmo pro turismo. Ônibus de tu-rismo, só ônibus de turismo que para aqui. Alí aquela explanada, aquele monte de carro espalhado, porque lá você não conseguindo nem entrar, a gente não tá conseguindo sabe fazer o que? Aquela voltinha, nós estamos subindo a explanada, aí tem que fazer aquela voltinha pra você ir pro Congresso, você não tá conseguindo mais fazer aquela volta, porque o carro estaciona aqui, aí tem carro de cá, o ônibus não consegue virar, não tem espaço, porque tem carro aqui e carro aqui. Isso tá, como é que você faz, você dá 300 voltas, entrar ali naquele Supremo Tribunal Federal, atrás ali no trecho, todos os Tribunais Superiores ali é loucura total você entrar com ônibus ali, você se ferra. Você não consegue entrar ali atrás mais de tanto, vai ter que ter um jeito disso, vai ter que pegar o negócio do DFTRANS aí, dá um jeito de fazer um estudo nisso aí, quantos ônibus, quantas vezes eu fiquei fichada com ônibus porque eu fui no setor de embaixadas, vim por dentro e não tem como porque ali é cheio de carro, isso aí vai acabar com o turismo em Brasília, você vai ver. Vai chegar um ponto que nenhum ônibus quer vir mais pra cá. Não tem como passar. Isso aí vai, é aquele negócio, tem que conscientizar o povo que ali não é lugar de estacionar. Não interessa, não tem lugar? Não vai de carro. Então melhora o transporte público em Brasília. Aí já não é problema meu, é problema de política. Tá estacionando

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ali, multa todo dia, multa todo dia, cobra, eu não sei, vai ter que dar um jeito se não tem como você passar mais. Isso vai acabar com o turismo, você vai ver.

E com relação as oportunidades?

Pra trabalhar?

De crescimento, oportunidades pra trabalhar também, claro né.

Oportunidades de crescimento você tá falando dentro?

Dos investimentos. Vamos supor que dê tudo certo, que se consiga amenizar as coi-sas. Você colocou uma ameaça, ou mesmo que ainda a coisa vá aos trancos e barran-cos. Você visualiza alguma oportunidade, nos próximos 10 anos, novas oportunida-des, oportunidades para o turismo no DF?

Se der certo aquela, essa, esse, esses projetos da escola, de vir pra cá, porque começando já eu acho que isso aí tem muita possibilidade porque você já vai trazer o cidadão pra cá, o menino já vem pra cá com 14 anos, então ele vai querer vir pra cá visitar Brasília, então eu acho que isso aí já é um tipo até de educar o brasileiro pra conhecer Brasília, desde mais novo. São esses projetos escolares aí que eu vejo pra melhorar o turismo, tirando esse de fazer propaganda, eu acho que é por aí mesmo. Dos projetos que tem as escolas, você tem que trazer é o menino pra cá, porque aí ele que vai começar a gostar disso daqui. Então o negócio é lá em baixo, porque Brasília tá difícil. Falar assim, “-Você vê possibilida-des?” Por exemplo, eu to com 10 anos que eu to, e eu não... Porque eu cresci, o que eu cresci, porque eu cresci porque eu investi, mas se eu crescer por questão que eu ganhei dinheiro, que eu, isso aí de forma alguma, você tem que esperar.

Tendo por base os comentários que os turistas fazem pra ti, a sua experiência em campo e os insights que você possa ter tido, e já venha tendo, ou que o próprio turista tenha dito na hora de ir embora ou durante o passeio. O que você acha que poderia ser uma oportunidade de negócio no turismo em Brasília? E que não tá sendo aproveitado.

Os cafés. O turista sente muita falta de ter um lugarzinho pra comprar, tipo ali na praça, até aquele espaço ali, ele precisa de um espaço que na onde ele entre tem a oportunida-de de vender, não sei o que acontece. Onde você vai comprar um produto turístico? Se você não parar na Torre, você já dançou. Se não deu tempo de parar na Torre, só vende ali na Torre. E algumas lojinhas que estão abertas. Se você não tem os ambulantes ali, que eles são, eles estão ali totalmente irregulares e tem que ficar correndo, ali teria que ter um posto de venda ali na praça dos 3 poderes, então postos oficiais de Brasília, postos oficiais de Brasília pra vender as coisas de Brasília, poderia ser um preço mais barato, vender ca-miseta, todos, em todos os atrativos, na Catedral, tem o coisa que vai vender na Catedral, na Dom Bosco, no Senado, no Senado eles já colocaram um deles lá, mas é particular.

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Mas coisas assim, isso aí vai, todo mundo sente falta, “-Ah, eu quero comprar um nego-cinho.” “-Ou, mas não tem um lugarzinho pra tomar um cafezinho aqui?” Porque o que acontece? Quando você pega um guiamento, você vai no que você tem de 3 horas, 4 horas pra fazer, aí todo mundo fala: “-Pelo amor de Deus! Me leva numa farmácia.” Tem que desviar totalmente o teu City Tour, se você não tiver tempo pra ir numa super-quadra, que é o que eu to... que tem uma farmácia. Você não tem onde encontrar uma farmácia, você não tem onde comprar um remédio pra dor de cabeça, você não tem onde comprar, se não é aquele ambulante que vende água você não tem onde comprar. Então ter pos-tos mesmo pra você vender, pra vender o cafezinho, uma água, um remédio pra dor de cabeça, um absorvente, você entendeu? Isso dá até dinheiro que você não tem idéia. Eu era doida pra montar, se montasse nesses pontos um cafezinho, vender um café com pão de queijo, menina você não tem idéia do que vende. As vezes ele chegam aqui morren-do de fome e não é ainda a hora de ir, você não tem um boteco pra levar eles pra tomar um café, é uma vergonha, não tem. Onde você vai levar eles pra tomar um café que não seja o hotel? Você não tem ainda o hotel, eles só vão entrar no hotel, ou não vão entrar no hotel, igual vem grupo de Caldas Novas, não deu tempo de tomar café. Aonde que você leva esse povo pra tomar café? Entendeu, não tem onde levar esse povo pra tomar um café. Então vamos supor que o SENAC colocasse esses cafés deles aí, esse povo que tá tudo estudando, colocasse postos do SENAC pra café da manhã, itinerante, eles tem, de vez em quando põem ali em frente aos ministérios, eu já vi de vez em quando, ainda pego, consigo ir lá, pra vender um pão com manteiga, um café com leite, coisa simples, mas bonitinho, organizadinho, entendeu? Ou Brasiliatur, chega ali naquela casa de chá, que eu nunca vi aquele negócio aberto lá.

Na fábrica de t.... (!!)

É, coloca lá um lugar pra vender postal. O povo quer comprar, o povo quer gastar. Por mais que ele seja pobre ele não sai daqui sem levar um cartão postal, uma camiseta. E não tem lugar pra isso. A gente fala hoje, a gente tem o comércio informal, que é aqueles moços vendendo lá, você tá entendendo? Mas precisa ter, e vai vender, vai vender, na Copa? Se não tiver vai perder dinheiro. E eu acredito que o SENAC, essas coisas de café deles aí, põe aqueles moços dele tudo bonitinho com as toquinhas, tudo limpinho, vende um café com leite, vende uma, vende um pão, vende uma água e um cafezinho. E aí a gente para, a gente passa e para, “-Olha ali tem um lugar pro café, dou 10 minutos pra todo mundo tomar um café.” E gente a alegria do povo, porque esse povo não tem onde comer, a não ser quando vai pro restaurante. Todo mundo quer um cafezinho no intervalo e não tem, tá.

Com relação a Copa do Mundo mesmo. Com relação aos próximos 4 anos aqui no DF. Tem alguma proposta ou recomendação que você daria pro turismo no DF nos

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próximos 4 anos? E aí a gente pensa na Copa, porque vai, pode vir a acontecer daqui a 4 anos. A gente nem sabe se vai de fato acontecer, mas acho que vai.

Será que pode perder? Ai que pena, né...

Não, olha, não sei...

É mas pode ser...

Eu to aqui induzindo, não, não sei...

Mas é mesmo assim de qualquer coisa pro próximos 4 anos, tem...

Bem, quando eu falo como é que a gente teria que estar daqui 4 anos pra receber uma Copa do Mundo aqui... (!!)

Se você não tiver quase tudo do jeito que eu falei, não vai adiantar nada. Se você não tiver espaço pro ônibus, tem que pegar a DFTRANS, eles vão ter que estudar isso aí, os espaços pro ônibus, colocar aquele tijolinho ali pra entrar só ônibus, vai ter que fazer uma educa-ção pro brasiliense, o brasiliense não estacionar porque o ônibus não tá... Isso até é pra Copa não, isso é pra daqui 4, 10 anos que ninguém vai conseguir entrar dentro de Brasília mais, você não trafega mais em Brasília de ônibus, tá um caos. Postos aí pra você tomar um café, um lugar que você possa tomar um café que não seja nas entre quadras, seja dentro desse roteiro que a gente tem de turismo, que é a explanada, entendeu? Alí tem que ter um lugar desse povo tomar café. Rodoviária eu não posso levar nunca turista lá que ele sai correndo daquela sujeira, aquela imundície, não tem nem como. Então precisa de ter um lugar pra esse pessoal tomar um café, tomar uma água, ir ao banheiro, então vai ter que fazer essa estrutura toda, então nós estamos mal, nós estamos mal porque o pessoal reclama. “-Gente, tem um lugar pra beber água? Gente, eu preciso ir ao banheiro, não tem um lugar pra ir ao banheiro. Pessoal, eu preciso dum posto de atendimento mé-dico.” Aí você tem que já correr com o grupo pro H-Ram, tem que ficar horas esperando atendimento, então nesses lugares tem que ter postos de atendimento. Ainda bem, uma vez eu tava com um aluno, o cara foi, o menino foi doido, ele veio na praça dos 3 poderes e não viu que tinha o espaço Lúcio Costa lá em baixo, só viu aquela cerca que parece um banco, né. O menino achou que lá era, que era coisa, e foi pular o banco e aquilo é um banco pra você sentar, só que em baixo é um buraco, ele simplesmente pulou e caiu lá em baixo no buraco do espaço Lúcio Costa ali, a sorte é que a gente tem o pessoal do Senado, foi o pessoal do Senado que foi atender aquele cara ali. Porque que não tem um posto de atendimento ali no espaço Lúcio Costa, na praça dos 3 poderes? Tem que ter. Você chega com um velhinho aí com pressão alta, pressão baixa, dá um piripáque naquela praça dos 3 poderes, o que custa por um posto, uma unidade de salvamento aí, esses meninos de roupa amarela que é, como é que chama? Brigadista, os brigadistas tem que estar ali na

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praça dos 3 poderes, é obrigatório ter ali. Você vai num, qualquer museu, qualquer coisa em qualquer lugar lá fora, se você tiver uma dor de cabeça você tem um posto, você não tem um posto de saúde. Não um posto de saúde, um posto de pronto atendimento com um médico e um brigadista, ou então só o brigadista que possa fazer, socorrer ali na hora, dar uma água, dá um remédio pra pressão, sei lá, alguma coisa e depois levar pro hospital, mas tem que ter atendimento médico.

Teria mais alguma, alguma outra observação, alguma sugestão, alguma outra questão a colocar com relação a tudo que foi dito aqui nessa entrevista?

Eu acho que a Brasiliatur poderia investir mais nos guias. Em vez de ficar aquela coisa que não tem guia. Porque a gente escuta lá fora, “-Ah, em Brasília não tem guia! Brasília não tem guia.” Não pode! Isso aí tem que acabar! Então, tem sim. Então vamos pegar o que tem aqui e vamos melhorar. Então é muito melhor você então ajudar do que você criticar. Então vamos ajudar, vamos pegar esses aqui, chama todo mundo, vamos fazer um curso, se você não tiver curso não vai poder trabalhar, se você não fizer essa atualização você não vai trabalhar não. Dá 3 oportunidades de atualização, uma de manhã, uma de tarde e de noite, porque a gente tá trabalhando, tá. Tem que ter esse apoio. É tipo assim, pra gente mesmo, eu acho que eu nunca perdi nenhum desses aí, sempre vou em todos, mas a gente sente que tem outros com mais dificuldade, que isso aí poderia sanar muito bem. Essa ajuda do SET, ajuda do SEBRAE, ajuda do SENAC, eu acho que esses órgãos poderiam muito ajudar. Então eu acho que o SENAC, ele não tem que só formar guia e soltar não, ele tem que, ou, não tem de 2 em 2 anos, não tem que a gente não é obrigado a renovar a carteira? Então se você fosse renovar a carteira você vai ter que fazer o curso de coisa, é obrigatório. Bota isso como obrigatório pra você ver como é que melhora. É só fazer isso. É a minha opinião.

Ok.

Né?

Obrigada...

Só pra finalizar, eu creio que cortou ali a gravação. O valor médio cobrado pelo servi-ço prestado por você de 4 horas de duração?

Na faixa de 100 a 150, vamos por 120 que aí fica no meio.

Mais padrão. Ok...

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ENTREVISTA 10

Data: 28/04/2010Entrevistadora: Karen Basso

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

PERFIL DO GUIA

Eu gostaria que você falasse um pouquinho do seu nível de escolaridade, dos principais cursos de formação que você possui para exercer a profissão de guia?

Sim, eu sou uma estudante de turismo, eu tenho curso superior incompleto. Eu tranquei, na verdade, a faculdade porque fiquei um pouco decepcionada na sua profissão. Faz mais de dez anos que eu estou no mercado de trabalho como guia e não ter um suporte nos principais órgãos do governo, então eu fiquei meio indecisa. Mas eu amo minha profissão e o que eu faço. Mas eu estou nessa: se termino essa faculdade ou se começo outra.

Quer dizer que você estar cursando ainda turismo?

É.

E você fez outros cursos do SENAC, ou não?

Sim, eu fiz três cursos técnicos. Eu sou guia regional do Distrito Federal, excursão nacional Brasil e America do Sul. Também tenho curso em eventos, cerimonial de eventos que também é um curso técnico do SENAC. E fiz vários cursos: turismo jurídico, arquitetônico, turismo em Athos Bulcão, também fiz um circuito educativo brasiliatos como mediadora que eu atuei. E trabalhei em vários anos, desde de 2004, 2006 com os JEBS que eram os Jogos Escolares, junto com o ministério dos Esportes. E vários projetos também educativos, nas escolas. Eu trabalho com serviço voluntário também nas escolas públicas do Distrito federal com o projeto “Bulcanear” que é sobre a Athos Bulcão e na subida dos azulejos. E fiz curso de educação ambiental. Eu circulei toda a minha área de turismo. Estou sempre procurando. Então eu sou apaixonada e por isso que eu assim, ganho mais como técnica do que eu acho que ganharia como uma turismóloga. Porque eu gosto é de estar em con-tato com o público, né.

Na ponta, né. E há quantos anos você atua como guia de turismo aqui no DF?

Eu comecei em 2001, 2002, que eu fui guia do Distrito Federal. (#)

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Então você tem guiado aqui... (!!)

Todo esse tempo.

... no receptivo fazem 9 anos praticamente?

É, sim. Que eu, porque eu comecei uma semana depois que eu acabei o curso eu já co-mecei a trabalhar com uma amiga minha que ela era gerente de um receptivo em Brasília, aí, comecei a trabalhar Brasília, Caldas Novas, aí trazia o pessoal de Caldas pra vir pra Brasília, aí então não parei mais, sempre nessa parte.

Bacana, e tem algum curso que você tem interesse em fazer pra melhorar a sua qua-lificação como um guia de turismo?

Eu acho que é a minha formação, terminar né, a graduação, uma pós, né. Porque assim, eu acho que a experiência que eu ganhei nesses, né, eu já tenho. Quer dizer, todos esses cursos, todos esses anos, e eu acho que é só a graduação mesmo que falta pra mim.

Quais são os idiomas que você tem fluência?

Tenho espanhol, porque eu sou da fronteira com a Argentina então eu tinha bastante con-tato com o espanhol e eu to fazendo o básico de inglês.

Você é gaúcha?

Sou gaúcha (#)

Veio pra cá... (#) Com a família?

Não, com o esposo.

Olha só, bacana. Qual é o perfil do público pro qual presta serviço em geral aqui no DF?

Eu estou prestando serviço pra escolas agora, porque eu to trabalhando muito com o tu-rismo cívico e o pedagógico, né, e esses projetos educativos.

Ok. Então é um público mais nacional e de jovens?

Sim.

Eles tem algum interesse específico? Você guia... (#) (?) ... interesse específico ou não?

Não, eles gostam dessa... O que mais me chamou a atenção foi esse projeto do Athos Bulcão, que foi o que mostrou mais, o projeto que mostrou mais interesse por Brasília. E este nas escolas públicas também, sobre Athos é o que tá chamando atenção também até da parte arquitetônica da cidade.

Ah, ok.

É, e dos principais artistas, né, Juscelino, Lúcio Costa, né, e Oscar Niemeyer... É, eles estão

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chamando mais atenção.

As principais personalidades?

É.

Ok. Quantos roteiros você executa em média por mês?

Olha, turismo... Eu trabalho direto com o turismo cívico e o pedagógico. Direto, né. Eu to com uma agência agora que ela faz esse projeto pedagógico e também ela faz viagens de pesquisa e aqui no entorno.

Se você fosse jogar assim, sei lá, de repente por semana tem uma média de dia que trabalha com condução, como guia?

Como guia eu consigo ficar 4 vezes na semana, né. Eu consigo...

Então em média posso jogar aí 16 (É.) roteiros por mês.

É.

Ok. Você acha que tem uma sazonalidade?

No mínimo.

Ah, é no mínimo?

É o mínimo, é o mínimo, porque como tem viagens, como eu levo as pessoas e busco as pessoas nos locais pra virem Brasília também aqui próximo, né, Pirenópolis, Caldas Novas.

E você sente alguma sazonalidade? “-Ah Karem de Julho a Junho é bem alto, Janeiro quase não tem procura.” Tem disso aqui em Brasília?

Tem, Janeiro, mês de Janeiro é muito fraco, Janeiro e Fevereiro, né, que é mês das férias, né. Então assim, agora Julho nós temos bastante procura, Julho das escolas.

Quais seriam os meses de pico?

De pico?

De maior procura.

De maior procura em Brasília eu acho que é próximo das férias mesmo. De Março a Julho, né, e depois eu entro com Agosto a Novembro. É a maior procura.

Maior procura. Qual é a duração média dos roteiros que executa?

É de 3 a 4 horas que nós fazemos.

E, quais os principais roteiros? Você comentou...

É (??)... É, cívico, roteiro cívico. E também trabalhei aqui num projeto da UNB que tinha

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o projeto de turismo cívico, nós fizemos da república, um sonho irreal e também tem a interiorização da capital. Agora a procura com essa história de 50 anos de Brasília eles procuraram muito saber sobre a construção, como que o Lúcio Costa projetou a cidade, teve muito interesse próximo ao aniversário... (!!)

Se você fosse falar então os 3 principais roteiros que executa? Em ordem assim do que você mais executa até o 3º lugar.

É, o primeiro é o turismo cívico, né, depois o turismo arquitetônico e também o pedagógico.

Pedagógico. Ok. Você lembra dos 5 roteiros elaborados pela Brasiliatur? Que foram lançados em 2008? Os roteiros da Brasiliatur.

Ai, não lembro de tudo...

Que é o Jurídico, o Arquitetônico... (#)

Isso, foi aí que eu fiz os cursos. Foi o Jurídico, o Rural, o Arquitetônico, o Cívico e o Athos.

Cultural. Desses roteiros elaborados/promovidos pela Brasíliatur, quais que você exe-cuta e quais você não executa e por que?

Eu executo... Eu fiz, na época eu fiz uma cirurgia, eu não pude fazer o roteiro cívico, o curso do roteiro cívico e o rural, daí eu fiz os do turismo jurídico, o arquitetônico e do Athos. Eu executo mais o turismo cívico e do Athos e, pelo fato também que eu tenho 4 cursos sobre Athos Bulcão, e mais todo aquele circuito educativo do Brasiliato, né, que foi 1 anos inteiro.

Ok, quais as principais empresas as quais presta serviço?

Eu sou autônoma, né. Então assim, eu presto serviço pra todas agências de turismo, mas agora eu presto mais serviço pra agências, assim, que fazem viagens, não, presto mais, aqui pra dentro de Brasília, serviços as escolas, mas... Pra agências de turismo mais é pra viagens.

(???) Viagens nacionais?

É, viagens nacionais.

Dessas empresas que você presta serviço aqui, você citou as escolas. Elas te solicitam diretamente, então você tem algum parceiro direto, por exemplo, ah um hotel tal que sempre te indica, ou a escola que sempre te chama, ou o próprio cliente, uma vez que você guiou alguém e ele começou a te indicar tanto que você tem quase todo mês você tem alguma solicitação direta do próprio turista?

(risos) É, eu tenho a Alana da Tríade, ela me indicou muito trabalho, né. Ela conheceu o meu interesse pelos projetos que eu fiz com ela. A Renata também me indicado e a pre-sidente do sindicato a Mônica... (!!)

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Renata de onde?

A Azambuja, é aqui de artes.

Ah, ok. Aqui da UNB né?

Isso. E também a Mônica Trazeira que é a presidente do sindicato dos guias, né. Porque ela conheceu meu interesse pelo trabalho, que eu trabalho direitinho, que eu sempre to buscando inovar, então ela me indica também. E sempre tem assim as escolas, elas sabem do meu trabalho, vêem meus cursos, né, e sempre mostram interesse de eu fazer um projeto com eles nas escolas. Eu comecei com serviço voluntário e agora já querem me pagar pelo serviço.

Anham, bacana. Qual que é o valor médio cobrado pelo serviço prestado, por roteiro de 4 horas de duração?

É, pela regara do sindicato, né, nós temos uma diária de 200 a 250 a diária de 4 horas.

E o seu teto? Quanto que você costuma pedir?

É, eu sempre peço de 150 a 200, sabe. Assim, quando eu fico com um grupo mais de 3 dias né, aí eu abaixo a minha diária né, porque 3 dias juntos. E, se não, se for um dia só eu deixo a diária fixa.

Você costuma guiar bastante 3 dias junto o mesmo grupo?

Sim, bastante.

Esses são grupos de escolas que vem de fora?

Sim, é. Sempre tem projetos, inclusive de Minas Gerais, Divinópolis – Minas Gerais, es-colas com projetos que falam sobre turismo e sobre a história de Brasília, eles trabalham muito, e então eu fico com eles aqui aquele 3 dias do projeto e sempre fico procurando alimentação, hotel, né, uma hospedagem mais barata, um albergue, eu sempre trabalho com esse tipo de projetos, né.

PERCEPÇÃO DESTINO BRASÍLIA

Em relação a percepção do destino Brasília. Agora a gente vai pro geral, tá, vamos olhar o turismo como um todo. Como é que você avalia o destino Brasília hj?

Eu acho assim que eles mostram mais, o governo mostra mais interesse acho que no aéreo do que o rodoviário. E o rodoviário eu acho que é o que, é um dos que mais procura, principalmente as escolas, pra conhecer sobre a história, sobre... E assim, a mídia eu acho

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estraga muito a nossa cidade, porque ela fala muito da parte negativa, da parte política, né, e não mostra a verdadeira cidade que é Brasília, a história, a grandeza dessa cidade, né. O que nós temos aqui é uma história muito rica e muita, né, essas obras de artes, arquitetura, diferente, uma cidade planejada dando certo, tão certo tanto que ela tá já crescendo demais a população, né. E eu acho assim que então mostram mais essa parte negativa, então isso aí prejudica um pouco. E assim, falta um pouquinho de organização, eu acho, de união, né, de interesse pra nós guias mesmos, nós não temos muito apoio, né, deles mesmo do ministério do turismo algumas vezes, da Brasiliatur, a própria Brasiliatur, né. Então, eu acho assim que, e o nosso sindicato também não tem muita força né. Agora nós tivemos um congresso, eu não fui no congresso, mas eu soube que eles pediram pra nós trabalharmos no congresso pra receber os guias de fora, daí nós, falaram que quem ia trabalhar lá na recepção não ia arcar com despesa de inscrição do congresso, aí umas colegas minhas foram e quando chegaram lá tinha um receptivo de Goiânia. Então isso aí deixa a gente um pouco desmotivada né, porque a gente luta, estuda e ama essa cidade. Eu sou uma guia que assim, que eu sou mais brasiliense do que gaúcha, eu me dedico assim, falo com todo amor e carinho da cidade, daí então tem essas pequenas coisas que desmotivam a gente, né. Porque a gente tem condições, eu acho que se, né, se a gente se unir todos, como eu falei, setor hoteleiro, transporte, os guias, né, sindicato a gente tem força de, né, de fazer um grande evento aqui em Brasília. Eu aposto nisso como to apostando na Copa também, né, mas eu acho que tem que ter mais união de todos esses setores turísticos.

Eu vou citar alguns itens em específico. Porque eu te perguntei do destino Brasília em geral, agora eu vou tentar conduzir o seu pensamento em relação a alguns aspectos mais específicos. Com relação a acessibilidade. O destino Brasília, como é que você avalia?

Eu acho aí que, eu acho que é o mais difícil, né. Porque assim, as pessoas se deslocarem, né, eu acho que assim, falta mais divulgação também da mídia né, sobre Brasília, sobre a nossa história, tirar um pouco essa parte negativa pra gente ter mais acesso das pessoas, procurar nas escolas. Eu acho assim, super interessante começar com as crianças mesmo aqui dentro do Distrito Federal como tem tantos projetos nas escolas sobre Brasília e di-vulgar isso pra fora, né, de Brasília.

Com relação a qualidade no atendimento?

Qualidade do atendimento de todo em geral? Eu não, isso aí eu acho que não fica de-vendo. Brasília ela é, assim, eu acho que os turistas chegam aqui, são bem atendidos, só assim, falta um pouquinho, eu acho que assim de ceder um pouquinho mais, sabe? Assim, as pessoas preocupam acho que em ganhar, em ganhar, em ganhar e não abraçam mais a

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cidade assim, com amor, mostrar mais com amor, com carinho, ter mais paciência. Porque assim quase sempre no transporte principalmente, na nossa área, transporte, o motorista não é de Brasília, aí fica difícil porque daí o meu trabalho vai ficar complicado, porque eu tenho que guiar o motorista e falar pros passageiros, entende? Então, eu acho que é só isso que fica devendo, né.

Com relação.. (!!)

Pra um melhor atendimento.

Ok. Com relação aos nossos preços?

Os preços? Ah, eu acho que tem, também poderia ser um pouquinho mais baixo, algumas coisas. Né, colocar uma promoção no final de semana pra passar com a família, mostrar vários roteiros, né. Esse pessoal, porque Brasília tem muitos eventos, né, então as pessoas vem só no aéreo, ficam no hotel, vão para o evento, voltam pro hotel, entende? Eu acho que lá, se pudessem encaixar alguma coisa lá no hotel mesmo, o setor hoteleiro mostran-do, “-Olha, tem várias opções pra passar com a família, pra você conhecer.” Né? Aí seria mais interessante.

Com relação a segurança?

A segurança. Nós tivemos apoio da polícia de turismo, nós tivemos muito apoio disso. Só que assim, o que falta um pouco é fiscalização, né.

Quando você fala, tivemos apoio, é em que sentido assim?

Assim, alguns pontos turísticos, eles ajudam com o turista... (!!)

(#) Ajudam, é presente?

É.

Ah, tá.

Ajudam com o turista, a gente a atravessar a rua, né, colocar o ônibus no local apropriado pros turistas. Então eles dão essa apoio, a polícia de turismo, ela foi presente, assim, várias vezes. Mas assim, eu acho que a gente pode melhorar todos esses pontos que eu coloquei, dá pra melhorar, né. Ter um atendimento melhor.

Com relação a promoção e comercialização do destino Brasília?

Ah, aí comercialização e a promoção?

E a, é, promoção e comercialização.

É, eu acho que é muito fraco isso. Porque eu acho que tá faltando, como eu lhe falei, mais divulgação pra vender Brasília, eles vendem Brasília, eles colocam ali Brasília o Congresso

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Nacional, né, a política né. Eu acho que eles tinham que mostrar mais a parte da história, da nossa cultura, dessa mistura que nós temos dentro de Brasília, né. Só o fato de mostrar, eu acho que, uma quadra residencial de Brasília, como a qualidade de vida dentro de Brasília, né, eu acho que até chamaria mais atenção das pessoas pra virem aqui. Não sei se vão ter até vontade até de vir morar, né, não só ficar na parte turística mas, eu acho que tem que ter mais divulgação da nossa cidade, mostrar o outro lado de Brasília, né, uma Brasília que ninguém viu ainda.

Com relação a articulação da cadeia produtiva? Você até já falou isso, com relação a parcerias. Como é que você sente o destino Brasília é forte nisso, nós somos fortes, somos bem unidos, articulados?

Não, não acho que nós estamos bem unidos. Na minha profissão com... Porque a gente não tem muito contato, né, nós somo s terceirizados, então eles entram em contato com o nosso sindicato, então a gente não tem muito contato, mas eu acho assim que isso aí fica devendo também. (!!)

Você falou eles, falou eles, as agências? Os hotéis? Os restaurantes?

Isso, é. Isso, é.

Ah, ok.

Né, porque assim é muito difícil, são raros os restaurantes também que a gente consegue pra grupos grandes, as vezes chega em 3, 5 ônibus, e nós não temos essa demanda pra atender um grupo tão grande.

Ok. Com relação a nossa estrutura turística? Como é que você avalia a nossa estrutura turística?

Eu acho que ela é boa.

E a infra-estrutura?

Também. Agora né, eu acho assim... Mas assim, em relação, pra trazer um público maior eu acho que aí vai ficar faltando como eu te falei na, em tudo, vai ficar devendo em tudo.

Você fala a estrutura também, ou só a infra-estrutura?

É, na estrutura e no ate... na infra-estrutura também.

É, porque? Como assim?

Bom, como é que eu vou te explicar? Bom a estrutura nós temos, nós temos uns hotéis bons, restaurantes bons, e, só que nós não, nosso atendimento não é pros grupos grandes e sim pra né, pra pequenos grupos que vem fazer esses tipo de congressos, né, trabalhos.

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Ah, então nós não temos estrutura pra receber grupos grandes?

Pra receber grupos grandes, é grupos grandes.

Ok, com relação, por fim, a qualidade dos produtos ofertados aos turistas? Como é que você avalia?

Qualidade, da... Eu acho que é boa a nossa qualidade é muito boa, só que é tudo mais caro, né. O transporte, esse trânsito, eu acho que o meio de transporte que não facilita muito, né. O meio de transporte ele tá muito, é o que mais reclamam os turistas, o que mais reclamam que a hospedagem e o transporte é muito caro, né, pra recebê-los. Um grupo assim de escola que tá vindo estudar, ficar 3 dias como no projeto do turismo cívico sai mais caro, né.

Porque eles não conseguem ter como se deslocar? Nesse sentido? Ou...

É...

Ou é porque eles só pegam taxi e taxi é muito caro?

É, muito caro, entende? Porque assim, tem muitos ônibus que são altos e eles não con-seguem passar nas tesourinhas, né, não tem acesso a vários locais, então fica tudo mais difícil.

Ok. Como que em geral, você percebe o turismo no DF do ponto de vista do seu tra-balho como um guia de turismo?

Desculpa, você pode repetir?

Claro, do ponto de vista do seu trabalho como um guia, como é que você percebe o turismo no DF?

Como é que eu percebo, olha. Eu acho assim que nós temos muitas falhas com o turista. Uma que nós chegamos, se o turista chegar no aeroporto ele não tem ponto pra obter informações sobre a cidade, sobre o local de hospedagem, se ele não vier direto com, com já com todo o pacote, o planejamento pra ficar na cidade, ele fica meio perdido. Ele não tem essa estrutura aí pra receber o turista, não tem um posto de informação. Deveria acho que ter até um guia, né, alguém, ou algum turismólogo lá pra poder orientá-lo, né.

Como que você vê a imagem do destino Brasília em seu dia-a-dia de trabalho com os turistas? Eu quero dizer como é que você sente que é a imagem de Brasília pra eles...

É, muitos chegam com a idéia, eu peguei até, eu vou dar um exemplo de uma senhora de Caldas Novas que veio pra conhecer Brasília e ela ficou todo tempo, “-Eu não quero conhecer, porque eu conheço já pela televisão.” Achava que Brasília era eixo monumental né, então, aí o que eu luto no meu trabalho é pra tirar esse rótulo aí que ficou né, Brasília

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só essa parte política, negativa, e mostrar coisas mais bonitas que tem dentro de Brasília que é o, além dessa arquitetura que nós temos né, vários artistas aí... Aí ela chegou e ficou encantada, porque ela disse que ela já foi em várias igrejas, né, no mundo todo, e principalmente em Portugal aquelas igrejas mais linda que ela viu e ela ficou encantada com o santuário Dom Bosco e sobre a história do sonho de Dom Bosco, né, quando eu contei pra ela a estória e a homenagem do artista, né, fazendo o santuário Dom Bosco. Ela ficou encantada e se emocionou muito, então assim eu procuro sempre mostrar outra né, que o nosso turista tenha outra visão de Brasília e se apaixone como eu né, que sou apaixonada por Brasília. Então eu sempre mostro os pontos positivos né, que nós temos mais assim bonitos e belos né e que, e eles saem encantados, eles mudam sempre a opi-nião. Comigo eu consigo mudar, né. Várias vezes eu consigo mudar, tirar essa impressão ruim que eles tem. E andar, assim, quando eu mostro a igrejinha eu procuro andar dentro da super-quadras, vou lá com eles, mostro, os jardins que tem do Burle Marx, lá, conto a estória do Burle Marx, sento com eles conto, mostro, passo no meio dos prédios com ele né, pra eles terem uma idéia que, né, a qualidade de vida que nós temos aqui, né, acesso as essa obras como as do Athos Bulcão em qualquer lugar que a gente passa, né, e aquelas obras ali pra todos, pro público, então eles saem com outra visão de Brasília. Sempre vem com essa visão e saem com outra.

Com essa visão...

É, negativa, né, da política.

Negativa... É, eu vou agora pontuar alguns itens que dizem respeito a nossa cadeia produtiva pedindo pra que na sua opinião você avalie os principais aspectos que afe-tam o desenvolvimento do turismo no DF do ponto de vista positivo e negativo. Quais são os pontos fortes e quais são pontos fracos. Tá? Eu vou começar com os próprios serviços prestados pelos guias. Como é que...

Ãn, que... Você fala em relação assim que, o trabalho, que tem muito trabalho ou não...

É... (!!)

Eu acho, essa parte de nós guias, fica, eu acho negativo na parte assim que tem muitos guias piratas aí, como nós não temos fiscalização, então entra qualquer um, porque é muito fácil, segue aí um papel e lê sobre a Catedral e falar. Mas vivenciar a história, con-tar os fatos, né. (?) E prestar um atendimento pro turista, já peguei vários turistas que se acidentaram na hora lá, principalmente ali na, aqui no setor militar urbano, ali no QG, aquela escada escura, então, antes, na hora que nós descemos do ônibus já temos que orientar que aquela escada é escura, cuidar com os degraus e tudo. Então, chegam esses piratas e falam de qualquer jeito, falam daquela, decorado, aquele papelzinho e não

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prestam esse atendimento né, pro turista que é orientar também na segurança deles né. Porque eu já presenciei vários tombos, né, ali no setor militar desses “guias”, entre aspas, né, esses piratas que chegam, vem de Goiânia, um evento né, e vem guiar em Brasília e a gente não pode fazer nada porque não tem uma fiscalização. Agora o sindicato tá melho-rando porque ele fez um uniforme, então todos os guias sindicalizados, né, cadastrados pelo ministério do turismo tem um uniforme, então vai ficar um pouquinho melhor pro turista também, porque eu acho assim que é mais organizado a coisa né, a gente tá de uniformezinho, todos sindicalizados com a carteirinha, né, é outra visão também né, que eles tem... E qual é a outra pergunta?

Com relação agora é... seriam os pontos fortes e pontos fracos, né.

É, e os fortes, eu acho assim que... Ah, nós temos tudo, acho que nós temos tudo assim pra ter um bom turismo dentro de Brasília, né. Porque nós temos a parte do turismo ecológico aqui, próximo né, Braslândia ali e, umas cachoeiras, a Chapada dos Veadeiros tudo aqui próximo, que é um turismo interessante, né. Alí, o Parque Nacional de Brasília mesmo com a educação ambiental ali de dentro, né, a barragem da Santa Maria é um exemplo disso né. E também já tem a estória ali da missão cruz, dentro do parque, que chama a atenção, várias coisas ali a gente pode abordar no parque além da educação ambiental, e... (!!)

Hunhum. Eu ia perguntar aqui sobre os atrativos turísticos. Eu to sentindo na sua fala que você já tá falando um pouco dos atrativos (#) (?)... de atrativos, você considera que é um ponto forte?

É, eu acho é isso (!!)(#)... Porque assim, tem a parte mística, nós temos a parte mística, temos essa parte da educação ambiental, nós temos o turismo arquitetônico, o jurídico agora, né, que as faculdades, esse curso que nós fizemos, as faculdades estão mostrando interesse em vir aqui conhecer esse órgãos públicos, e eles abriram as portas né, pra esse turismo novo aqui em Brasília. A parte de eventos também, então, é, olha só, é muita coisa dentro de uma cidade que é só dois eixos, né. Brasília então, eu acho que é só explorar mesmo a cidade, eu acho assim que tem trabalho até pra todo mundo, né.

Com relação aos atrativos turísticos, você vê algum ponto negativo que você gostaria de comentar?

Não, eu só acho que tem que ter mais divulgação. É só a parte assim negativa que eu acho é que falta divulgação em tudo, sabe? Mostrar, como eu te falei, o outro lado que Brasília tem de melhor, né.

Com relação aos serviços das agências de receptivos?

Sim, o que você quer saber? Como elas atendem?

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É, quais os principais aspectos que afetam o desenvolvimento do turismo do pondo de vista do trabalho, dos serviços e dos produtos oferecidos pelas agências de receptivo?

Eu acho assim que as agências elas, nós temos várias agências assim que tem um bom re-ceptivo aqui em Brasília. Mas também, ela precisa explorar mais, porque eles estão muito no roteiro aqui, o panorâmico, né, todo eixo monumental, e no turismo cívico e tem mui-tos mais roteiros que podemos explorar. Alí o lago Paranoá é um que é excelente a gente fazer aqueles passeios de barcos com os turistas, que era uma opção pro turista que fica aqui, principalmente o turista que vem pra eventos, né, fazer um passeio no lago. Então, eu acho que falta eles explorarem mais, os receptivos aqui em Brasília.

É, serviços das transportadoras turísticas e serviços de transporte em geral?

É, o transporte ele fica devendo assim, muitos não sabem guiar aqui dentro, muitos moto-ristas são velho, assim, não tem paciência, porque geralmente trabalha muito com jovem, e não tem paciência. Então, eu acho que essa é a parte negativa do transporte. Aí, pra melhorar eu acho que tinha que ter um treinamento mesmo né, com todos os motoristas e guias dentro de um ônibus pra, como, né, atender melhor o turista.

Com relação aos serviços de gastronomia? E equipamentos também.

Ah, eu acho que a gastronomia aqui é maravilhosa.

Mas você comentou agora há pouco também que são poucos os restaurantes que atendem grupos. Você acha que isso é um problema?

É, só que... É, eu acho que o maior problema é isso. A gastronomia nós temos muita ofer-tas de né, de variedades de produtos, mas falta uma infra estrutura melhor né.

Infra-estrutura de restaurante... Com relação aos serviços e equipamento de hospe-dagem? Os nosso hotéis, os meios de hospedagem em geral, até o albergue, a oferta de hospedagem, os preços...

É, eu acho assim que pra, eu acho que deveria de ter, tem mais pra classe média alta, de-veria de ter mais pra uma classe menor que nós pudéssemos ter, que as escolas públicas de todo o Brasil, estaduais, pudessem ter acesso também a cidade, né. Então, como eu te falei, eu acho que é mais pro turista que vem do aéreo do que do rodoviário, né.

Com relação as opções de lazer e entretenimento?

Lazer e entretenimento? (#) É, eu acho que temos pouco isso aí também.

É?

Acho q falta, falta, assim, nós temos aqui como um exemplo, nós temos o Bayparque, né, que é um parque aquático, só que aí, eu levei um grupo lá de países de línguas portuguesas

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né e era um negócio muito sujo, mal cuidado, mal conservado e chamou muita a atenção deles né, porque é o único parque aquático aqui dentro e tá desse jeito, né. Então eu acho assim que teria que melhorar mesmo pra ter condições de receber um público maior, né. Porque hoje em dia o turista ele é mais exigente, ele tá pagando ele quer coisa boa, né.

Espaços, infra-estrutura e serviços para realização de eventos?

Ah, eventos eu acho que com o Centro de Convenções Ulisses Guimarães ali ele, nossa ele au-mentou muito os eventos em Brasília. E também, só que nós temo os hotéis hoje em dia tam-bém com suporte pra eventos e só que pra shows assim é só o Mané Garrincha, né. Eu acho que agora assim com a reforma, eu acho que vai, a gente vai conseguir um público até maior.

Centro de informações turísticas?

Ah, isso aí falta muito. Isso aí eu acho que é a principal ajuda até pra nós guias, sabe? Por-que ter uma referência, porque eles dão um, indicam um local e o passageiro fica meio perdido, já peguei várias gentes que não sabiam pra onde ir, né. Assim, porque não tem um local onde tem uma alimentação, uma variedade de preços, né. E alguém que faça um transporte também pra esses locais, porque muitos taxistas daqui de Brasília eles fazem, mas outros, né? Mas o preço sempre é muito alto e a reclamação do turista sempre é essa. É muito caro o taxi, muitos taxistas querem dar uma de guia, falam coisas erradas, eles fi-cam debatendo depois, “-Não, mas o taxista também disse isso.” Sabe? Aí eu digo, “-Não, mas eu estudei isso aqui, né, pra isso, né.” Então tem essas informações até dos taxistas, as vezes prejudicam até o nosso trabalho, né.

E aí você já me deu a deixa pra eu fazer a próxima pergunta que é: Quais os principais aspectos que dificultam o trabalho dos guias? O seu trabalho aqui no DF.

É... (!!)

Pelo menos 3, que você tiver em mente. Pode ser mais do que isso.

É, um ponto é os taxistas que tomam muito o nosso trabalho. Outro ponto muito negati-vo que eu achei foi esse ônibus ali na Torre de Tv, porque ele tirou o trabalho de muitos guias. Eu tenho sorte assim porque eu tenho bastante trabalho, mas tem uns colegas que trabalham... (!!)

Esse é o que a Brasiliatur tá oferecendo?

É um que tá na Torre, eu não sei agora quem é o responsável. (!!)(#)

É uma empresa de receptivo?

É, então, é um que tá fazendo Tour em Brasília, que ele não tem o teto, aquele verdinho. Então foi assim, no começo, até eu me decepcionei, porque eu assim, eu faço o meu ser-viço com tanto amor e carinho, não vou muito pelo dinheiro né, daí eles falaram, quando

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inauguraram aquele ônibus, “-Olha, a diária vai ser um pouco menor, mas a gente tá fazendo experiência, né, porque a gente recém tá começando...” Daí eu fui, quando eu cheguei (risos) eu fiz 7 tours, era por uma diária só.

Como assim? Não entendi.

Foi assim, eu cheguei ele falaram, “-Olha, é das 7 horas da manhã.” (!!)

O ônibus...

... né, que eu tinha que estar lá, porque o ônibus saia as 8 horas e... e de tarde tem outro tour, e eu pensei que fosse um horário, no caso assim, as 8 da manhã as 2 da tarde, pensei, né.

Porque o guia vai naquele ônibus narrando?

É, pra falar no ônibus, no começo né, no início. Então eu cheguei e eu pensei, tá, é um horário de manhã e não tem problema porque as vezes a gente faz uma diária por dia inteiro, né. Tudo bem. Aí eu cheguei e fiz, só que deu uma hora e meia, porque ele faz todo o contorno, ele sai da Torre, ele vai lá em baixo na ponte, ele volta até o Memorial JK e volta pra Torre. Eu fiz, deu uma hora e meia o tour, ne, daí eu parava na Torre e já pegava um grupo. Eu fiz 7 tours, sabe, 7 grupos. E daí eles pagaram só uma diária, sabe? Tudo bem, como era o começo, queriam saber do meu trabalho, só que depois disso foi só uma semana que todos os guias tiveram trabalho aí depois eles gravaram uma fita com tudo que a gente falou, pegou o melhor de cada um, gravaram uma fita, colocaram no ônibus e tiraram o guia. E o que acontece? A nossa diária é alta e eles cobram 20 reais. Então, o turista ele chega ele vai querer o mais barato, né. Ele não tá preocupado com a qualidade do serviço, né, informações, são poucas pessoas que querem informações, né, eles querem é tirar foto dos monumentos e tudo. Então, é mais fácil eles pagarem 20 reais do que pagarem a diária de um guia, de 200 reais.

E teria um outro aspecto que dificulta também?

É, o que dificulta pra mim então foi o taxi, né, que eu falei, esse ônibus e agora, poxa, eu esqueci... (risos) eu tava com ele aqui...

A gente pode pensar também no que facilita. Eu vou te perguntar o que facilita o seu trabalho? Se de repente vier alguma coisa na sua mente (?) que dificulta a gente re-toma.

Isso, tá bom. Agora que eu fico, me empolgo (?)(risos). Aí, bom, o que facilita é assim, essa união aí que os guias agora aqui eles estão mostrando interesse agora de se unir, estão vendo que se a gente não se unir não vai pra frente né, não dá certo. Então, de todos sindi-calizados, né, isso aí acho que é um ponto positivo, de fazerem um uniforme também, eu

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acho que já organiza mais a coisa, de procurar agora fazer um curso de inglês e espanhol, todos né, quem não tem essa língua vai ser obrigado a fazer pra Copa do Mundo. Então eu acho que esses aí são os pontos positivos que estão vindo pra nós. E esses cursos aí que nós ganhamos do SEBRAE, da Elo Consultoria, né, da Tríade, então, eu acho que é isso aí que faz a diferença, sabe? Se nós apostássemos mais em cursos de qualificações, né, o SENAC mesmo dando esses cursos. Um exemplo, sobre Lúcio Costa, sair um curso só sobre Lúcio Costa, um curso só sobre né, o outro cara. Então eu acho assim que aí faz a diferença. Até na hora de falar pro turista, o que ele perguntar você sabe responder todos esses, né, de tudo quanto é lado, as perguntas né que eles fizerem.

Quais são as principais oportunidades e ameaças que você visualiza pro turismo no DF nos próximos 10 anos?

Uai, oportunidades, essa Copa do Mundo eu acho assim que é uma oportunidade única que eu acho assim que vai ser a oportunidade de nós crescermos aqui no turismo, mostrar a capital do Brasil, né. E, qual é o outro?

Ameaças.

Ameaças? Eu acho que, ái eu acho que é só, o que eu vejo que estraga um pouco é essa parte política mesmo assim que é uma ameaça. Como aqui no aniversário de Brasília mui-tos ficaram assim sem trabalho no dia por causa disso, tudo, aquela programação que nós tínhamos né foi por água a baixo. Eu acho assim... (!!)

Por causa da imagem...

... da imagem pública.

Que é a questão da corrupção (#) no DF.

É, da corrupção eu acho (#) que é o que mais...(!!)

Promoveu.

É. É o que mais ameaça assim o turismo. Porque as pessoas vêem só essa parte, né, parte política.

É, tem alguma proposta e recomendação pro turismo? Agora pensando na Copa mes-mo, nos próximos 4 anos, porque eu coloquei em geral 10 anos e tal. Pensando na Copa, que ela vai acontecer daqui 4 anos, se tudo der certo. Tem alguma proposta ou alguma recomendação que você daria pro turismo pra que tudo corra bem, né, o turismo nos próximos 4 anos aqui no DF.

Bom, eu acho assim que tem que... Uma proposta pra melhorar na Copa do Mundo, né, em Brasília, o turismo? A segurança, né. A segurança.

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Você acha que tem que investir em segurança?

Investir em segurança. Na divulgação, como eu falei antes, tem que investir também... (!!)

Quando você fala em investir em divulgação é nacional, internacional?

É, tudo, geral, né, o Mundo Todo divulgar Brasília. Aí, pra fora principalmente, né, pra fora. E, segurança, fiscalização também, fiscalização...

Em que sentido?

Pra nós guias é o que é uma das partes negativas, o 3º que eu fiquei devendo foi essa pirataria mesmo que vem, esse pessoal que vem de fora né, vem sem, não tem um local apropriado pra ficar, e qualquer um entra aqui e fala sobre Brasília. Já teve pessoas que vieram aqui, de outros locais falando que Brasília era um avião, que os militares eram as poltronas e (risos), do avião, essas coisas. Então, né, que eu sempre deixo claro o projeto do Lúcio Costa, quando eu pego eles né. E então eu acho assim que... E ter maior qualifi-cação. Sim pra todas as áreas, né. Pra os restaurantes principalmente, pra conseguir rece-ber esse número grande de pessoas, né, locais também pra, dentro do próprio restaurante pra deficientes, que hoje em dia eles estão vindo com tudo, conhecendo, é um público que tá crescendo muito até tem um curso do Athos também que nós fizemos pra deficien-tes visuais, que é super interessante, porque há procura também né. Então, é qualificação. Exigir, acho que de todos, tanto o taxista como a camareira, como, um curso, o próprio hotel as vezes dar, ou o dono do restaurante dar um curso de inglês...

Qualificar.

...é, na qualificação dos funcionários.

Por fim, tendo por base os comentários dos turistas, coisas que eles comentam conti-go e a sua própria experiência guiando aqui em Brasília, 9 anos. O que você acha que poderia ser uma oportunidade de negócio que não vem sendo desenvolvida, ou que existe mas não supre a demanda? Você já teve algum insight assim? Com base no que os turistas te disseram ou o que você visse no dia-a-dia, de pensar, “-Poxa, o empre-sário que investir, que abrisse aqui, que abrir o negócio X vai ganhar muito dinheiro, porque não tem quem ofereça isso, ou porque o que tem aí não dá conta.

É, tem muitos, os turistas assim ficam o final de semana em Brasília e não sabem o que vão fazer né. Aí eu chamo atenção assim que tinha que ter um receptivo noturno, né. Assim que, né, que colocasse essa proposta pro turista pra ir a um barzinho, pra levar, buscar, entende? Assim, seria uma proposta legal, porque (?) são muitos que não, que o taxi é muito caro, né, e é perigoso a noite, porque eles acham que Brasília, assim, é muito vazia a noite, então a segurança né, a segurança, então... Seria bem legal, com um grupo eu,

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outra proposta assim dentro do receptivo deveria de ter um bombeiro, né. Pra prestar os serviços de primeiros socorros, isso aí, esses pontos assim que eu fico né questionando porque que não tem,né, nós temos oportunidade de dar um bom serviço e não tem, prin-cipalmente a noite no final de semana que o turista não tem o que fazer dentro da cidade. Por isso que é uma oportunidade de mostrar outros roteiros, né, pra os turistas.

Ok, bacana. Tem alguma outra, gostaria de fazer alguma outra observação com rela-ção a tudo isso que a gente conversou aqui?

Bom, eu acho assim, é o que mais me preocupa é a fiscalização mesmo do como, na minha profissão, uma maior ajuda assim dos setores como Brasíliatur, o Ministério do Turismo, dar mais apoio pra gente, ser mais rigoroso, né, com a carteirinha, porque entra muita pessoa que não tem o conhecimento que nós temos, né, e entram guiando e tem muitas pessoas que vem doutro país também e se intitulam como guias de turismo e, en-tão assim, poderiam dar uma oportunidade pra todos trabalharem e ficar um serviço bem melhor. Era colocar, um exemplo, um guia em cada ponto turístico, nem que nós fizés-semos cada um plantão, cada um fica tal hora num lugar, mas sempre ter um guia ali pra dar esse maior atendimento pro turista na hora que eles chegassem nesses monumentos, né. Eu acho que isso aí era um ponto, eles tentaram colocar uns meninos menores, duma escola que tiveram um projeto e tudo, mas eu acho que não deu certo. Mas assim nós termos vários estudos né, eu acho que não custava tentar colocar cada um pra melhorar, isso eu acho que é um dos pontos que ia melhorar bem o atendimento do, né. Fechava uma quantia X por mês, sei lá, não precisava ser a diária né, pra ficar cada guia num ponto turístico.

Bacana. Muito obrigada....

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