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palavras-chave

Erosão localizada, pilar, fundação, cheias, patologias, cavidade de erosão, profundidade de erosão.

resumo

Pretende-se com este texto fornecer ao projectista de pontes uma identificação do fenómeno em causa, assim como dos aspectos de natureza hidráulica e estrutural que são relevantes na concepção, dimensionamento e reabilitação destas estruturas. São focados aos factores que influenciam a formação e a dimensão da profundidade de erosão localizada junto dos pilares de pontes. São apresentados métodos de cálculo de estimativa de profundidade das cavidades de erosão, e testam-se sensibilidades às variáveis presentes nos mesmos métodos. Apresentam-se por último, soluções de prevenção e reabilitação de pontes, assim como, os respectivos critérios de dimensionamento das mesmas.

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keywords

Local scour, pier, foundation, floods, pathologies, scour hole, local scour depth.

abstract

This text is intended to assist bridge engineer by outlining the local scour process and its hydraulic and structural aspects in design and rehabilitation of structures. Special care should be addressed when using temporary construction facilities. Special importance is given to the influence of the local scour factors. Different methods to estimate local scour are presented and a test on the parameters is performed to acquire sensitiveness on the most important variables. Finally, countermeasures for local scour at bridges piers and his design methods are presented.

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ÍNDICE 

1  A INFRAESCAVAÇÃO EM PILARES DE PONTES ...................................................................... 1 

1.1  Fenómeno e Suas Tipologias .............................................................................................. 1 

1.2  Consequências no País e no Mundo .................................................................................. 5 

1.3  Objectivos e Estrutura da Tese ........................................................................................... 7 

2  FACTORES QUE INFLUENCIAM  A EROSÃO LOCALIZADA ...................................................... 9 

2.1  Efeito da Intensidade de Escoamento ................................................................................ 9 

2.2  Efeito da Altura de Escoamento ....................................................................................... 15 

2.3  Efeito da Dimensão dos Sedimentos do Leito .................................................................. 17 

2.4  Efeito da Uniformidade dos Sedimentos  traduzida pelo Coeficiente de Graduação  gσ

  19 

2.5  Efeito da Forma dos Pilares .............................................................................................. 19 

2.6  Efeito da Direcção do Escoamento .................................................................................. 25 

2.7  Efeito da Geometria do Canal de Aproximação ............................................................... 26 

2.8  Efeito do Tempo ............................................................................................................... 27 

2.9  Efeito do Número de Froude  Fr  .................................................................................... 30 

3  MÉTODOS DE CÁLCULO DA PROFUNDIDADE DE EROSÃO .................................................. 31 

3.1  Generalidades .................................................................................................................. 31 

3.2  Método presente em Melville e Coleman (2000) ............................................................ 33 

3.3  Método presente em Richardson e Davis (2001) ............................................................. 40 

4  ANÁLISE PARAMÉTRICA DOS FACTORES QUE INFLUENCIAM A PROFUNDIDADE DE EROSÃO  43 

4.1  Generalidades .................................................................................................................. 43 

4.2  Ferramenta Informática ................................................................................................... 43 

4.3  Análise Paramétrica.......................................................................................................... 45 

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4.3.1  Problema A ................................................................................................................................ 46 

4.3.2  Problema B ................................................................................................................................ 54 

4.4  Considerações Finais ........................................................................................................ 61 

5  SOLUÇÕES DE PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO ..................................................................... 63 

5.1  Generalidades .................................................................................................................. 63 

5.2  Tapetes de Enrocamento ................................................................................................. 65 

5.2.1  dimensionamento...................................................................................................................... 67 

5.3  Tapetes de Colchões Reno ............................................................................................... 72 

5.3.1  dimensionamento...................................................................................................................... 73 

5.4  Tapetes de Blocos Artificiais ligados por Cabos ............................................................... 74 

5.4.1  dimensionamento...................................................................................................................... 76 

5.5  Filtros ................................................................................................................................ 77 

5.5.1  dimensionamento...................................................................................................................... 78 

5.6  Ensacados de Argamassa ................................................................................................. 80 

5.6.1  dimensionamento...................................................................................................................... 81 

5.7  Blocos de Betão com Geometrias complexas .................................................................. 83 

5.7.1  dimensionamento...................................................................................................................... 84 

5.8  Estacas não Estruturais (Sacrificial Piles) ......................................................................... 85 

5.9  Colares .............................................................................................................................. 87 

5.10  Pás Deflectoras (Iowa Vanes) ........................................................................................... 88 

5.11  Considerações Finais ........................................................................................................ 89 

6  CONCLUSÕES .................................................................................................................... 91 

6.1  Considerações finais ......................................................................................................... 91 

6.2  Desenvolvimentos Futuros ............................................................................................... 92 

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 95 

ANEXOS .................................................................................................................................... 97 

 

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ÍNDICE DE TABELAS 

Tabela 2.1 ‐ Factores para pilares uniformes (pilares alinhados com o escoamento)..................... 22 

Tabela 3.1 – Características e condições iniciais. ............................................................................. 34 

Tabela 3.2 – Velocidades críticas em Melville e Coleman (2000). ................................................... 35 

Tabela 3.3 – b de cálculo,  eb . .......................................................................................................... 36 

Tabela 3.4 – Tempo para a obtenção da profundidade de equilíbrio da cavidade de erosão. ....... 37 

Tabela 3.5 – Parâmetros K . ............................................................................................................ 38 

Tabela 3.6 – Parâmetros K para pilares fundados em grupos de estacas. ....................................... 39 

Tabela 3.7 – Velocidades críticas em Richardson e Davis (2001). .................................................... 41 

Tabela 3.8 – Parâmetros K . ............................................................................................................ 42 

Tabela 4.1 – Características iniciais geométricas, granulométricas e de escoamento dos problemas 

A e B. ................................................................................................................................................ 44 

Tabela 4.2 – Características  iniciais do  leito, do pilar e sua  fundação e presença de detritos dos 

problemas A e B. .............................................................................................................................. 44 

Tabela 4.3– Testes efectuados para o problema A. ......................................................................... 46 

Tabela 4.4 – Testes efectuados para o problema B. ........................................................................ 54 

Tabela 5.1 – Dimensões de um  tapete de enrocamento em  torno de um pilar  rectangular e do 

correspondente filtro geotêxtil (adaptada de Cardoso et al., 2004). .............................................. 70 

Tabela  5.2  –  Percentagem  de  redução  da  profundidade  de  erosão  (adaptada  de  Melville  e 

Coleman, 2000). ............................................................................................................................... 87 

Tabela I.1 ‐ Factores que  influenciam a erosão  localizada (adaptada de Melville e Coleman,2000) …………………………………………………………………………………………………………………………………………… Anexo I 

Tabela II.1 ‐ Cálculo de uma solução de enrocamento…………………….…………………….….…..……Anexo II 

   

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ÍNDICE DE FIGURAS 

Figura 1.1 ‐ Tipos de erosão nas pontes (adaptada de Melville e Coleman, 2000). .......................... 2 

Figura 1.2 ‐ Erosão Localizada junto de Pilares de Pontes (adaptada de Melville e Coleman, 2000).3 

Figura 1.3 ‐ Evolução temporal das profundidades de erosão com e sem transporte generalizado 

(adaptada de Couto, 2005). ............................................................................................................... 4 

Figura  1.4  ‐  Causas  de  danos  em  pontes  na África  do  Sul,  EUA  e Nova  Zelândia  (adaptada  de 

Annandale, 2006). .............................................................................................................................. 5 

Figura 1.5 ‐ Ponte José Luciano de Castro, 1979 (Estradas de Portugal, 2007). ................................ 6 

Figura 1.6 ‐ Ponte Hintze Ribeiro, 2001 (ANMP – Associação Nacional de Municípios Portugueses, 

2007). ................................................................................................................................................. 7 

Figura  2.1  ‐  Curvas  granulométricas  que  caracterizam  os  sedimentos  do  leito  (adaptada  de 

Melville e Coleman, 2000). ............................................................................................................... 11 

Figura 2.2 ‐ Variações da profundidade de erosão devidas à intensidade de escoamento (adaptada 

de Melville e Coleman, 2000). .......................................................................................................... 12 

Figura 2.3 ‐ Configurações de Fundo (adaptada de Melville e Coleman, 2000). ............................. 13 

Figura  2.4  ‐  Evolução  da  profundidade  de  erosão  no  tempo  e  nas  condições  de  escoamento 

(adaptada de Melville e Coleman, 2000). ........................................................................................ 14 

Figura  2.5  ‐  Variação  das  profundidades  de  erosão  para  alturas  de  escoamento  intermédias 

(adaptada de Melville e Coleman, 2000). ........................................................................................ 16 

Figura 2.6 ‐ Erosão junto de um pilar largo (adaptada de Melville e Coleman, 2000). ................... 17 

Figura 2.7 ‐ Variação da profundidade de erosão com a granulometria dos sedimentos (adaptada 

de Melville e Coleman, 2000). .......................................................................................................... 18 

Figura 2.8 ‐ Formas de pilares usuais (adaptada de Melville e Coleman, 2000). ............................. 20 

Figura 2.9 ‐ Tipos de pilares (adaptado de Melville & Coleman, 2000). .......................................... 20 

Figura 2.10 ‐ Exemplos de pilares não uniformes (adaptada de Melville e Coleman, 2000). .......... 21 

Figura  2.11  ‐  Variação  da  profundidade  de  erosão  para  pilares  não  uniformes  (adaptada  de 

Melville e Coleman, 2000). ............................................................................................................... 23 

Figura 2.12 –  Influência da não uniformidade dos pilares na profundidade de erosão  localizada 

(adaptada de Melville e Coleman, 2000). ........................................................................................ 24 

Figura 2.13 ‐ Variação da profundidade de erosão devido ao alinhamento do pilar em relação ao 

escoamento (adaptada de Melville e Coleman, 2000). ................................................................... 25 

Figura 2.14 ‐ Evolução da profundidade de erosão junto dos pilares, sob condições sem transporte 

sedimentar (adaptada de Melville e Coleman, 2000). ..................................................................... 28 

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Figura  2.15  ‐  Relações  entre  o  factor  tempo  e  a  espessura  de  escoamento,  a  intensidade  de 

escoamento e a granulometria (adaptada de Melville e Coleman, 2000). ...................................... 29 

Figura 3.1 ‐ Os diferentes casos pilar/fundação, adaptada de Melville e Coleman (2000). ............ 36 

Figura 3.2 – Presença de detritos (adaptada de Melville e Coleman, 2000). .................................. 37 

Figura 4.1 – Representação gráfica do problema A. ........................................................................ 44 

Figura 4.2 – Representação gráfica do problema B. ........................................................................ 45 

Figura 4.3 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso I do problema A. ... 47 

Figura 4.4 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso II do problema A. .. 47 

Figura 4.5 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso III do problema A. . 48 

Figura 4.6 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso IV do problema A. . 48 

Figura 4.7 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  50d , para cada  caso do 

problema A. ...................................................................................................................................... 50 

Figura  4.8  –  Evolução da profundidade de  erosão devida  à  variação de  V , para  cada  caso do 

problema A. ...................................................................................................................................... 50 

Figura  4.9  –  Evolução  da  profundidade  de  erosão  devida  à  variação  de  y ,  para  cada  caso do 

problema A. ...................................................................................................................................... 51 

Figura  4.10  –  Evolução  da  profundidade  de  erosão devida  à  variação  deb ,  para  cada  caso  do 

problema A. ...................................................................................................................................... 52 

Figura 4.11 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  *b , para cada caso do 

problema A. ...................................................................................................................................... 52 

Figura 4.12 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  Y , para  cada  caso do 

problema A. ...................................................................................................................................... 53 

Figura 4.13 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  θ , para  cada  caso do 

problema A. ...................................................................................................................................... 54 

Figura 4.14 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso I do problema B. . 55 

Figura 4.15 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso II do problema B.  56 

Figura 4.16 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso III do problema B. 56 

Figura 4.17 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso IV do problema B. 57 

Figura 4.18 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  50d , para cada caso do 

problema B. ...................................................................................................................................... 58 

Figura 4.19 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de V , para cada caso do 

problema B. ...................................................................................................................................... 58 

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Figura 4.20 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  y , para  cada  caso do 

problema B. ...................................................................................................................................... 59 

Figura  4.21  –  Evolução  da  profundidade  de  erosão devida  à  variação  deb ,  para  cada  caso  do 

problema B. ...................................................................................................................................... 60 

Figura 4.22 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  *b  para  cada  caso do 

problema B. ...................................................................................................................................... 60 

Figura  4.23  –  Evolução  da  profundidade  de  erosão devida  à  variação  deθ ,  para  cada  caso  do 

problema B. ...................................................................................................................................... 61 

Figura 5.1 ‐ Colector de detritos (Melville e Coleman 2000). .......................................................... 65 

Figura 5.2 ‐ Planta tipo de um tapete de enrocamento sobre um filtro de geotêxtil (adaptada de 

Cardoso et al., 2004). ....................................................................................................................... 69 

Figura 5.3 ‐ Corte tipo de um tapete de enrocamento em escavação e sobre um filtro de geotêxtil 

(adaptada de Cardoso et al., 2004). ................................................................................................. 71 

Figura 5.4 ‐ Corte tipo de um tapete de enrocamento sem escavação e assente em filtro geotêxtil 

(adaptada de Cardoso et al., 2004). ................................................................................................. 71 

Figura 5.5 – Colchões Reno (adaptada de www.maccaferri.com, 2008). ........................................ 73 

Figura 5.6 ‐ Blocos ligado por cabos associados a outras soluções (adaptada de Richardson e Davis 

2001). ............................................................................................................................................... 75 

Figura 5.7 ‐ Tapetes de blocos ligados por cabos (Richardson e Davis, 2001). ................................ 76 

Figura 5.8  ‐ Planta tipo de um tapete de blocos artificiais  ligados por cabos assente em filtro de 

geotêxtil (adaptada de Cardoso et al., 2004). .................................................................................. 77 

Figura 5.9  ‐ Secção  transversal  com ensacados de argamassa  (adaptada de Richardson e Davis, 

2001). ............................................................................................................................................... 81 

Figura 5.10  ‐ Secção transversal com ensacados de argamassa e utilização de grout para reforço 

da sapata (adaptada de Richardson e Davis, 2001). ........................................................................ 82 

Figura 5.11  ‐ Secção em planta com ensacados de argamassa assentes sobre a sapata (adaptada 

de Richardson e Davis, 2001). .......................................................................................................... 82 

Figura  5.12  ‐  Secção  em  planta  com  ensacados  de  argamassa  à  volta  da  sapata  (adaptada  de 

Richardson e Davis, 2001). ............................................................................................................... 83 

Figura 5.13 ‐ Blocos de geometrias complexas. ............................................................................... 84 

Figura 5.14 ‐ Ponte em Graves County (adaptada de Richardson e Davis, 2001). ........................... 85 

Figura 5.15 – Posicionamento de estacas não estruturais (adaptada de Melville e Coleman, 2000).

 .......................................................................................................................................................... 86 

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x  

Figura 5.16  ‐  Evolução da profundidade de  erosão utilizando  colar  como  solução de protecção 

(adaptada de Melville e Coleman, 2000). ........................................................................................ 88 

Figura 5.17 ‐ Pás Iowa como protecção de pilares (adaptada de Melville e Coleman, 2000). ........ 89 

Figura 5.18 ‐ Ponte em Schoharie Creek (www.timesunion.com). .................................................. 90 

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xi  

LISTA DE SÍMBOLOS 

B   Largura transversal do tapete de enrocamento; Largura do tapete de blocos ligados por 

cabos 

b   Largura transversal do pilar, igual ao diâmetro quando o pilar é circular 

db   Largura transversal do conjunto de detritos 

eb   Largura equivalente do pilar (b de cálculo) 

*b   Largura da fundação 

C   Coesão; Largura longitudinal do colchão Reno 

D   Diâmetro do pilar circular 

cD   Diâmetro do colar 

pD   Diâmetro das estacas 

d   Espessura do tapete de enrocamento 

sd   Profundidade da cavidade de erosão 

sed   Profundidade de equilíbrio da cavidade de erosão 

maxd   Diâmetro máximo dos sedimentos 

smd   Profundidade máxima da cavidade de erosão 

xd   Diâmetro dos sedimentos para x % passados no peneiro 

50ad   Diâmetro médio de cálculo para sedimentos não uniformes 

e   Distância longitudinal entre os centros das pás deflectoras 

Fr   Número de Froude 

G   Peso 

g   Aceleração gravítica 

H   Altura de duna; Altura do colchão Reno; Altura das pás deflectoras 

baH   Altura do tapete de blocos ligados por cabos 

h   Largura longitudinal do tapete de enrocamento; Largura longitudinal do tapete de 

blocos ligados por cabos 

vi   Índice de vazios 

K   Parâmetro de cálculo 

L  

 

Largura transversal do colchão Reno; Comprimento do tapete de blocos ligados por 

cabos; Comprimento longitudinal das pás deflectoras 

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xii  

l   Comprimento longitudinal do pilar 

Q   Caudal de escoamento 

sQ   Caudal sólido 

hS   Forma do pilar 

pS   Espaçamento entre estacas 

s   Densidade 

T   Duração da cheia; Altura entre o topo das pás deflectoras e a superfície de escoamento 

dT   Espessura do conjunto de detritos 

t   Tempo 

et   Tempo de desenvolvimento da profundidade de erosão de equilíbrio 

*cu   Velocidade de atrito junto ao fundo para sedimentos uniformes 

*cau   Velocidade de atrito junto ao fundo para sedimentos não uniformes 

V   Velocidade de escoamento 

aV   Velocidade crítica para sedimentos não uniformes (armour velocity) 

cV   Velocidade crítica para sedimentos uniformes (threshold velocity) 

caV   Velocidade crítica média para sedimentos não uniformes 

icdxV  

Velocidade crítica de aproximação de início de erosão para material com diâmetro 

característico dx 

cdxV   Velocidade crítica de início de erosão para material com diâmetro característico dx 

RV   Velocidade de cálculo (parâmetro) 

W   Largura do canal em estudo (distância entre pilares) 

Y   Distância entre o topo da fundação e a cota do leito 

y   Altura de escoamento 

X   Distância das pás deflectoras mais afastadas até ao pilar 

α  Ângulo de variação vertical da secção do pilar; Ângulo de direcção das pás deflectoras 

em relação à direcção do escoamento 

θ   Ângulo de ataque do escoamento em relação ao pilar 

baρ   Massa volúmica 

gσ   Coeficiente de graduação 

V  Volume do colchão Reno 

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xiii  

   

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xiv  

 

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1  

1 A INFRAESCAVAÇÃO EM PILARES DE PONTES 

 

1.1 Fenómeno e Suas Tipologias 

A designação “infraescavação” é utilizada neste trabalho como sinónimo de erosão localizada 

junto  dos  pilares  de  pontes,  que  por  vezes  descalça  as  sapatas  de  fundação  originando 

assentamentos exagerados ou expõe estacas que acabam por se deteriorar perdendo capacidade 

de sustentação. 

A erosão, designada na literatura em língua inglesa por “scour”, reflecte‐se na alteração dos 

fundos dos  cursos de água devido aos escoamentos que  sobre eles  se movem. Esta acção por 

parte dos escoamentos acontece aquando do aumento do seu poder erosivo devido às alterações 

no domínio das velocidades, intensidades de turbulência e tensões de Reynolds (Couto 2005). 

A erosão concretiza‐se pela formação de cavidades, denominadas cavidades de erosão. Estas 

formam‐se essencialmente junto a obstáculos presentes nos cursos de água tais como, esporões 

fluviais, detritos de alguma dimensão física e encontros e pilares de pontes (objectivo principal de 

análise neste trabalho). 

Os obstáculos presentes no curso de água modificam o mecanismo de escoamento presente, 

pois  fazem  com que  as  linhas de  corrente  se  aproximem  entre  si,  aumentando desta  forma  a 

velocidade, a vorticidade e a turbulência em toda a altura de escoamento (Couto 2005). 

Junto  das  pontes  podem  formar‐se  três  tipos  distintos  de  erosões,  com  possibilidade  de 

existirem em simultâneo (Figura 1.1): 

a) Erosões generalizadas que acontecem por razões estranhas à existência de obstáculos e 

podem grosseiramente dividir‐se em dois tipos: as de curta duração e as de longa duração. As de 

curta duração, caracterizam‐se por se gerarem durante cheias pontuais de curta duração e com 

tempos de retorno associados reduzidos. Já as erosões generalizadas de longa duração, formam‐

se aquando de cheias com tempos de retorno na ordem de vários anos. 

b) Erosões por contracção que  se devem de uma  forma  indirecta à presença dos pilares e 

encontros  das  pontes.  Isto  porque,  a  presença  destes  elementos  estruturais  provoca  um 

estreitamento  das  secções  de  escoamento,  aumentando  assim  a  velocidade  do  mesmo  e 

consequentemente as tensões de arrastamento nos fundos das novas secções geradas.  

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2  

c) Erosões localizadas que se desenvolvem junto dos pilares e encontros das pontes (Figura 

1.2) e que se devem somente à presença destes. 

 

Figura 1.1 ‐ Tipos de erosão nas pontes (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

Sendo  assim,  para  uma  análise  completa  das  infraescavações  em  pilares  de  pontes  deve 

fazer‐se um estudo que englobe uma análise à erosão por contracção e  também uma análise à 

erosão  localizada. Acontece no entanto, que a componente da profundidade de erosão devida à 

erosão por  contracção é normalmente bem mais  reduzida em  relação  à  componente devida  à 

erosão  localizada. Assim,  neste  trabalho,  e  somente  devido  a  esta  razão,  vai  dar‐se  atenção  à 

erosão  localizada  em  detrimento  da  erosão  por  contracção. Mas,  sempre  que  necessário  irá 

complementar‐se a informação e a inter‐relação entre estes dois tipos de erosão. 

Na  Figura  1.2 mostram‐se  os  diferentes movimentos  que  o  escoamento  efectua  junto  ao 

pilar, seja a montante ou a jusante e no interior da cavidade de erosão. De notar que nem sempre 

as  condições  in  situ  permitem  o  desenvolvimento  de  todos  os  diferentes  movimentos, 

denominados  por  vórtices,  assim  como  as  intensidades  implícitas  na  figura.  Destacam‐se  a 

montante  do  pilar,  o  vórtice  de  superfície  e  o  escoamento  descendente.  Já  a  jusante  do  pilar 

evidencia‐se o vórtice de esteira que tem origem a nível longitudinal na face a jusante do pilar e a 

nível  vertical  na  cavidade  de  erosão.  No  interior  da  cavidade  de  erosão  cria‐se  o  vórtice  em 

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3  

ferradura e que irá ter sempre uma acção pejorativa no que respeita à profundidade da cavidade 

de  erosão  e  na  sua  dimensão  em  planta.  As  intensidades  de  cada  um  destes  vórtices  e  do 

escoamento descendente, dependem directamente da altura e da velocidade de escoamento.  

 

 

Figura 1.2 ‐ Erosão Localizada junto de Pilares de Pontes (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

De  acordo  com Ramos  (1990),  as  erosões  localizadas podem desenvolver‐se  segundo dois 

tipos diferentes de condições de transporte sólido (Figura 1.3): 

i) Erosão sem transporte sedimentar, designada na  literatura em  língua  inglesa por “clear‐

water scour”, que acontece quando não se verifica a reposição do material erudido, atingindo‐se 

um  valor máximo quando  já não houver  capacidade de  remoção,  sendo  este denominado por 

Couto (2005), como o valor de equilíbrio estático.  

ii) Erosão com transporte sedimentar, designada na literatura em língua inglesa por “live‐bed 

scour”,  que  se  caracteriza  pela  contínua  alimentação  da  cavidade  de  erosão  com  sedimentos 

provenientes de montante do  leito por  arrastamento ou em  suspensão. Neste  tipo de erosão, 

atinge‐se um  equilíbrio quando  a  capacidade de  remoção de material  é  igual  à  capacidade de 

material  transportado  para  o  seu  interior  e  esta  situação  toma  a  denominação  de  equilíbrio 

dinâmico. 

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4  

Ainda  na  Figura  1.3,  mostra‐se  a  evolução  temporal  da  profundidade  das  cavidades  de 

erosão, Couto  (2005).Ambas as  situações distinguem‐se no que  respeita à  velocidade de atrito 

junto ao fundo do escoamento não perturbado, tendo‐se no caso da figura da esquerda um valor 

dessa  velocidade  inferior  à  velocidade  de  atrito  crítica  junto  ao  fundo  e  no  caso  da  figura  da 

direita  o  inverso.  A  velocidade  de  atrito  crítica  caracteriza‐se  pelo  início  do  movimento  dos 

sedimentos. O escoamento não perturbado é referido neste contexto como sendo o escoamento 

de aproximação, ou seja, o escoamento no trecho do canal situado imediatamente a montante do 

obstáculo. 

 

 

Figura 1.3 ‐ Evolução temporal das profundidades de erosão com e sem transporte generalizado (adaptada de Couto, 2005). 

 

  Do ponto de vista de erudibilidade, Ramos  (1990) enuncia  também que, os  sedimentos 

destes leitos podem ser classificados como coesivos ou não coesivos. Assim, nos sedimentos não 

coesivos a resistência ao movimento depende não apenas das propriedades das partículas que o 

constituem, tais como a forma, a granulometria e a densidade,mas também da posição relativa de 

cada partícula em relação às que a rodeiam. No entanto, nos sedimentos coesivos essa resistência 

depende também das forças de coesão entre partículas. 

 

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1.2

A

erosã

na en

F

Anna

respo

África

paíse

 

a

21%

Consequê

A grande qu

ão fluvial e r

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dale em 199

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a) África do 

Figura 1.4 ‐

21%

ências no Pa

uantidade de

amificações 

vil a nível mu

ma  análise  d

93 e aprese

ima no que r

dendo mesm

resentes no 

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 Causas de d

30%

8%

20%

20%

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e  trabalhos d

desta, reflec

undial. 

dos  gráficos

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respeita à ru

mo, como di

mesmo estu

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%

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Erosão

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15%

ndo 

de  investiga

cte bem a im

s  objecto  de

andale 2006

uína total ou 

iz o autor, e

udo. 

 

c) Nova Ze

ntes na ÁfricAnnandale, 2

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40

16%

ção que  se 

mportância d

e  conclusão

) na Figura 

parcial das 

extrapolar‐se

b) Estado

elândia 

ca do Sul, EU006). 

19

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24%

ErosãTalud

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Erosã

encontram 

deste proble

  de  um  est

1.4, conclui‐

pontes nos E

e essa conclu

s Unidos da 

 

UA e Nova Ze

22%

9%

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ema e a sua 

tudo  execut

‐se que a er

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%

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Estrut

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fia  sobre 

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tado  por 

rosão é a 

elândia e 

os outros 

 

ptada de 

ão de des

tos

mersão

tural

ão

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6  

Melville e Coleman  (2000), referem que num estudo realizado nos EUA sobre os danos em 

pontes  devidos  a  cheias  ocorridas  entre  1964  e  1972,  se  apontava  em  cada  cheia  para  um 

montante médio de 1 milhão de euros em danos. Referem ainda que na Nova Zelândia entre 1960 

e 1984 se verificaram estragos significativos em 29 pontes, devido às erosões localizadas junto de 

encontros de pontes. 

Em Portugal, Couto (2005) menciona diversas situações consequentes da erosão, das quais se 

destacam, a ruína da Ponte sobre o rio Alva  junto à confluência com o rio Mondego e em 1994 

problemas junto dos pilares da ponte da Gafanha.  

Refira‐se também e em particular a Ponte José Luciano de Castro, sobre o Rio Mondego, em 

Penacova,  que  teve  assentamentos  em  1979  no  pilar  central  e  em  1995  no  pilar  da margem 

esquerda  como  se mostra  na  Figura  1.5. Devido  a  estes  assentamentos,  sofreu  por  parte  das 

entidades  responsáveis  grandes  alterações  a  nível  de  solução  estrutural  e  comportamento 

estrutural (Estradas de Portugal 2007).  

 

 

Figura 1.5 ‐ Ponte José Luciano de Castro, 1979 (Estradas de Portugal, 2007). 

 

 Já  em  2001  assistiu‐se  à  ruína  total  da  ponte  Hintze  Ribeiro  sobre  o  rio  Paiva,  da  qual 

resultaram 59 vítimas mortais fazendo com que as entidades competentes tomassem consciência 

das possíveis consequências da erosão em pontes (ver Figura 1.6). 

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7  

 

Figura 1.6 ‐ Ponte Hintze Ribeiro, 2001 (ANMP – Associação Nacional de Municípios Portugueses, 2007). 

 

1.3 Objectivos e Estrutura da Tese  

Os objectivos principais deste  trabalho são conhecer o  fenómeno e as condicionantes do 

mesmo  através  da  análise  de  bibliografia  internacional  e  nacional.  Reunir  informação  no  que 

respeita às soluções utilizadas na abordagem do dimensionamento de pontes ou na reabilitação 

das mesmas. É  também um objectivo deste  trabalho  trazer para Portugal o conhecimento mais 

recente  no  que  respeita  à  erosão  localizada  em  pilares  de  pontes  como  causa  principal  da 

infraescavação dos mesmos.  

Como  estrutura  do  trabalho,  além  deste  capítulo  introdutório  onde  se  faz  a  síntese  de 

conhecimentos  relativos  à  erosão  localizada  em  pilares  de  pontes,  é  constituída  por  mais  5 

capítulos. 

No  capítulo 2  faz‐se a apresentação dos  factores que  têm  influência na profundidade de 

erosão junto dos pilares de pontes, assim como os desenvolvimentos nos mesmos até aos dias de 

hoje. 

No capítulo 3 expõem‐se dois métodos de cálculo de profundidades de cavidades de erosão 

que estão presentes na bibliografia e que são utilizados nos Estados Unidos da América e na Nova 

Zelândia. 

No capítulo 4 exibe‐se uma análise paramétrica de sensibilidades através da utilização de 

uma ferramenta informática, Excel que se traduz em variações de valores respeitantes a variáveis 

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de  cálculo  de  profundidade  de  erosão  aplicadas  a  dois  problemas  distintos  existentes  na 

bibliografia. Ainda no mesmo capítulo faz‐se a discussão dos resultados obtidos. 

No  capítulo 5 apresentam‐se as  soluções utilizadas na prevenção de erosões  localizadas, 

assim como nas reabilitações de pontes, tanto no mundo como em Portugal. 

No  capítulo  6  apontam‐se  os  objectivos  conseguidos,  a  discussão  sucinta  dos  resultados 

obtidos,  as  considerações  finais  deste  trabalho  e  a  delineação  das  directrizes  para  futuros 

desenvolvimentos do tema. 

A dissertação inclui dois anexos onde se inclui uma tabela que mostra os factores influentes 

na erosão localizada e um dimensionamento de uma solução de tapete de enrocamento. 

   

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9  

2 FACTORES QUE INFLUENCIAM  A EROSÃO LOCALIZADA 

 

Neste  capítulo  apresentam‐se  de  forma mais  pormenorizada  os  efeitos  que  os  diferentes 

factores  têm na erosão  localizada de pilares, mais directamente na profundidade das cavidades 

de erosão junto dos pilares das pontes.  

Os  processos  erosivos  têm  normalmente  lugar  aquando  das  cheias,  visto haver  aumentos 

significativos dos caudais e das velocidades de escoamento, assim como, maior probabilidade de 

transporte de sedimentos e detritos.  

Segundo Ramos (1990), a erosão  localizada é um fenómeno muito complexo e dependente 

de muitos factores com naturezas distintas, tais como, hidráulica, sedimentológica, topográfica e 

geométrica.  

Em Melville e Coleman (2000), exibe‐se uma tabela que mostra de forma sintética os factores 

de  que  depende  a  erosão  localizada,  Tabela  I.1  presente  no  anexo  I.  De  salientar  que  estes 

factores são aceites e referenciados pela generalidade dos autores que estudam este fenómeno. 

Contudo, denotam‐se grandes dificuldades em  isolar e dar as  relativas  importâncias aos efeitos 

dos diversos factores neste tipo de erosão. 

Como  complemento  da  Tabela  I.1,  não  se  pode  desprezar  o  homem  como  factor,  pois  a 

acção deste na  construção de barragens para produção de  energias, nas práticas  culturais nas 

bacias hidrográficas, nas dragagens, nas derivações de  caudais para  fins  agrícolas, domésticos, 

industriais  e  nas  modificações  de  traçado  dos  leitos  e  mesmo  quando  efectua  acções  de 

manutenção e reparação das estruturas,  influencia em grande escala a ocorrência de erosão ao 

longo dos cursos de água dos rios ou junto às diferentes infra‐estruturas já referenciadas. 

 

 

2.1 Efeito da Intensidade de Escoamento 

A erosão como já referido na parte inicial deste trabalho pode existir em escoamentos com 

e sem transporte sedimentar e em leitos constituídos por sedimentos uniformes ( 1,3 1,5gσ < − ) 

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10  

e sedimentos não uniformes ( 1,3gσ > ). De notar que não existe uma fronteira bem “delineada” 

entre sedimentos uniformes e não uniformes. 

A  erosão  em  escoamentos  sem  transporte  sedimentar  e  com  leitos  constituídos  por 

sedimentos  uniformes  ocorre  quando  1cV V < ,  em  que  V   representa  a  velocidade  de 

escoamento e  cV  a velocidade de  início de transporte para este tipo de sedimentos (velocidade 

crítica),  designada  na  literatura  em  língua  inglesa  por  “Threshold  velocity”.  Visto  não  existir 

transporte  sedimentar,  neste  tipo  de  escoamentos,  não  há  fornecimento  de  sedimentos 

provenientes  de  montante  para  preenchimento  da  cavidade  de  erosão.  Estas  condições  de 

escoamento  verificam‐se  normalmente  junto  ao  fundo  dos  leitos  de  cheia  do  rio  (zonas  com 

menores alturas de escoamento e por isso com menores tensões de arrastamento e consequente 

menor capacidade de transporte).  

A  erosão  em  escoamentos  com  transporte  sedimentar  e  com  leito  constituído  por 

sedimentos  uniformes  ocorre  quando  1cV V > .  Neste  tipo  de  escoamentos,  verifica‐se  a 

constante “alimentação” da cavidade de erosão por sedimentos em movimento provenientes de 

montante. 

A  erosão  em  escoamentos  sem  transporte  sedimentar  e  com  leito  constituído  por 

sedimentos não uniformes ocorre quando  1aV V < , em que  aV representa a velocidade de início 

de  transporte  para  este  tipo  de  sedimentos  e  é  designada  na  literatura  em  língua  inglesa  por 

“Armour velocity”.  

Assim,  cV  e  aV  têm significados equivalentes correspondentes a velocidades críticas, visto 

ambas serem velocidades de  início de transporte mas aplicam‐se para granulometrias diferentes 

de sedimentos. 

O cálculo de  aV  requer o conhecimento do  maxd  (diâmetro máximo dos sedimentos). Em 

prática,  90d   (ou  um diâmetro  similar) pode  ser utilizado no  lugar de  maxd ,  visto que  este  em 

condições normais é desconhecido (Figura 2.1).  

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Figura 2.1 ‐ Curvas granulométricas que caracterizam os sedimentos do leito (adaptada de 

Melville e Coleman, 2000). 

 

Em escoamentos  sem  transporte  sedimentar com  sedimentos uniformes, a profundidade 

de erosão aumenta quase linearmente com a velocidade de escoamento, V até ao valor limite de 

threshold velocity. Para esta velocidade, verifica‐se a profundidade máxima de erosão, sendo esta 

denominada na literatura em língua inglesa por “threshold peak”, Figura 2.2. Quando a velocidade 

excede a threshold velocity, o escoamento passa a ter transporte sedimentar e a profundidade de 

erosão decresce numa primeira  fase e  volta  a  aumentar  até um  segundo pico denominado na 

literatura  em  língua  inglesa  por  “live‐bed  peak”.  De  salientar  que  estas  alterações  na 

profundidade  de  erosão  são  relativamente  pequenas, mas  a  profundidade máxima  já  obtida 

(threshold peak) não é excedida. 

Como se deduz da Figura 2.2, quando os sedimentos são não uniformes o threshold peak 

baixa de valor passando a denominar‐se na  literatura em  língua  inglesa por “armour peak” e o 

live‐bed peak passa a ser a profundidade máxima de erosão. Esta redução do valor de threshold 

peak para o armour peak deve‐se à redução de sedimentos finos em relação aos grossos quando 

o escoamento é sem transporte sedimentar ( 1aV V < ) e este efeito é designado na literatura em 

língua  inglesa  por  “armouring”.  Este  corresponde  aos  sedimentos  mais  grosseiros  que 

permanecem  sem  ser  transportados,  formando‐se  no  topo  do  leito  e  por  vezes  também  no 

interior  da  cavidade  de  erosão,  tendo  um  comportamento  similar  ao  de  uma  camada  de 

enrocamento natural. Daí a redução da profundidade de erosão. 

 

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Figura 2.2 ‐ Variações da profundidade de erosão devidas à intensidade de escoamento (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

O  live‐bed  peak  é  sensivelmente  o  mesmo,  seja  para  sedimentos  uniformes  ou  não 

uniformes  e  é  atingido  aquando  da  evolução  das  configurações  de  fundo  que  resultam  do 

transporte sedimentar que está directamente dependente da intensidade de escoamento. 

Coelho (2006) diz que, uma vez  iniciado o transporte sólido, o escoamento da água sobre 

um  fundo móvel  interactua com ele, alterando‐o e evoluindo‐o sob diferentes configurações do 

fundo. É possível relacionar as configurações de fundo com a relação entre as forças de inércia e 

as forças de gravidade, ou seja, com o número de Froude (Fr ) do escoamento. 

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Figura 2.3 ‐ Configurações de Fundo (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

Diz também que, alguns dos tipos de configurações de fundo só ocorrem para escoamentos 

em que o  Fr  toma valores inferiores a cerca de 1, ou seja, escoamentos em regime lento. Outros 

só são compatíveis com escoamentos em regime rápido ou próximo do regime crítico. 

Considerando  um  escoamento  com  profundidade  constante  e  com  velocidades 

sucessivamente  crescentes,  sobre  um  fundo  de  areia  inicialmente  plano,  e  admitindo  que  o 

tempo  de  permanência  do  escoamento  com  determinada  velocidade  é  suficiente  para  se 

desenvolverem as correspondentes configurações de fundo, estas teriam a seguinte sucessão: 

i) Leito Plano Inferior 

ii) Rugas 

iii) Dunas  

iv) Leito Plano Superior 

v) Antidunas 

Coelho  (2006)  refere ainda que o caudal sólido é previsivelmente maior à medida que se 

desenvolve a sequência de configurações do fundo apresentada. Não se conhece nenhuma teoria 

genericamente aceite no que respeita aos mecanismos de formação das configurações do fundo.  

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A  dimensão  das  configurações  de  fundo  também  tem  sido  estudada,  com  o  principal 

objectivo de caracterizar a resistência ao escoamento. Principalmente no que se refere à altura de 

dunas e antidunas (porque podem ser da ordem de grandeza da altura do escoamento,  y ), sendo 

que  a  dimensão  destas  formas  pode  afectar  aumentando  as  profundidades  das  cavidades  de 

erosão junto a pilares de pontes. 

 

 

Figura 2.4 ‐ Evolução da profundidade de erosão no tempo e nas condições de escoamento 

(adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

Como  se  pode  constatar  na  Figura  2.4,  o  equilíbrio  é  atingido  mais  rapidamente  sob 

condições de presença de  transporte  sedimentar do que  sem  transporte  sedimentar. Assim, o 

live‐bed peak poderá ser condicionante em termos de dimensionamento, pois poderão não existir 

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escoamentos sem transporte sedimentar com duração suficiente de forma a se atingir o threshold 

peak. 

 

 

2.2 Efeito da Altura de Escoamento 

Este efeito é representado pela influência que a relação entre a altura de escoamento  y  e 

a largura do pilar  b  tem na profundidade da cavidade de erosão. Isto porque, esta relação  y b  

permite a classificação dos processos erosivos que se irão desenvolver. 

Para grandes alturas de escoamento comparadas com a largura do pilar, a profundidade de 

erosão aumenta proporcionalmente com a largura do pilar e é independente de  y . Isto porque, a 

energia  do  vórtice  em  ferradura  e  o  escoamento  descendente  associado  ao  vórtice,  estão 

relacionados com a largura do pilar e não com a altura de escoamento (Figura 2.5.). 

Inversamente, para baixas alturas de escoamentos  comparadas  com a  largura do pilar, a 

profundidade de erosão, aumenta proporcionalmente com o valor de  y independentemente do 

valor de  b .  Já para alturas de escoamento  intermédias, a profundidade de erosão depende de 

ambos os valores (b  e  y ) (Figura 2.5.). 

Por exemplo, o valor máximo da profundidade de erosão  junto de um pilar circular fino é 

aproximadamente  igual  a  2, 4b   (em  que  b   representa  neste  caso  o  diâmetro  do  pilar) 

independentemente  da  altura  de  escoamento  (Melville  e  Coleman,  2000).  Contudo,  com  a 

diminuição  da  altura  de  escoamento  (para  pilares  largos),  a  profundidade  de  erosão  poderá 

eventualmente tornar‐se independente de b . 

 

 

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Figura 2.5 ‐ Variação das profundidades de erosão para alturas de escoamento intermédias (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

Em  pilares  largos,  no  centro  da  face  virada  a  jusante,  onde  o movimento  do  fluido  é 

reduzido, a erosão  também é  reduzida e esta  zona  torna‐se  ineficaz na  formação de processos 

erosivos.  A  Figura  2.6,  resultante  de  ensaios  laboratoriais  em  paredes  finas  que  podem  ser 

equipadas a pilares largos, mostra um estado avançado da erosão localizada. Nesta mesma figura, 

pode visualizar‐se a formação de duas cavidades de erosão junto a cada face  lateral e cantos do 

pilar. 

 

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Figura 2.6 ‐ Erosão junto de um pilar largo (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

Para pilares de larguras médias (ou alturas de escoamento médias) a altura de escoamento 

influencia a profundidade de erosão quando o vórtice em ferradura ou o vórtice descendente são 

afectados pela formação de um vórtice de superfície designado na literatura em língua inglesa por 

“surface  roller”.  Os  vórtices  têm  direcções  opostas  à  rotação.  Em  princípio,  enquanto  não 

interagem mutuamente, a profundidade de erosão é independente da altura de escoamento, isto 

é, a erosão desenvolve‐se junto de pilares menos largos ou finos. Com a diminuição da altura de 

escoamento, o vórtice de superfície torna‐se mais dominante e os vórtices que se desenvolvem 

na base do pilar, tornam‐se  incapazes de mover sedimentos. Assim, a profundidade de erosão é 

reduzida para baixas alturas de escoamento.  

 

 

2.3 Efeito da Dimensão dos Sedimentos do Leito 

Para  sedimentos  uniformes,  a  profundidade  de  erosão  localizada  não  é  afectada  pela 

variação da dimensão dos mesmos  a não  ser que os  sedimentos  sejam  constituídos por  grãos 

muito  grossos. Muitos  investigadores  que  efectuaram  ensaios  em  laboratório  afirmam  que  os 

dados obtidos mostram que existe influência na profundidade de erosão aquando da variação da 

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dimensão  dos  sedimentos  se  50/ 50b d <   (sedimentos  grosseiros)  como  se  pode  visualizar  na 

Figura 2.7.  

Para erosão  localizada em pilares, Ettema referiu em 1980 que para pequenos valores da 

relação  50/b d ,  os  grãos  são  grandes  relativamente  à  escavação  efectuada  pelo  escoamento 

descendente e a erosão é impedida porque o leito poroso dissipa parte da energia do escoamento 

descendente. Quando  50 8b d < , os grãos são tão grandes relativamente aos pilares que a erosão 

é acima de tudo devida à erosão nas partes  laterais do pilar,  fazendo com que a erosão no seu 

global seja reduzida. 

 

 

Figura 2.7 ‐ Variação da profundidade de erosão com a granulometria dos sedimentos (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

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2.4 Efeito da Uniformidade dos Sedimentos traduzida pelo Coeficiente de Graduação  gσ  

A  Figura  2.2 mostra  a  evolução  do  estudo  feito  até  aos  dias  de  hoje  relativamente  à 

influência da uniformidade ou não uniformidade dos sedimentos na profundidade de erosão. 

Junto  das  condições  de  threshold  ( 1cV V ≈ ),  o  armouring  ocorre  sobre  o  leito  de 

escoamento de aproximação e na base da cavidade de erosão. Este enrocamento natural reduz 

significativamente a profundidade de erosão. De modo  inverso, para valores grandes de  cV V , 

quando  o  escoamento  é  capaz  de  deslocar  os  maiores  grãos  dentro  de  um  conjunto  de 

sedimentos não uniformes, a não uniformidade de sedimentos tem sempre um menor efeito na 

profundidade  de  erosão.  Já  para  valores  intermédios  de  cV V ,  o  efeito  do  coeficiente  de 

graduação  reduz progressivamente  com o aumento da  velocidade de escoamento, enquanto a 

quantidade de grãos transportados pelo escoamento aumenta. 

 

 

2.5 Efeito da Forma dos Pilares 

Os apoios que podem suportar os tabuleiros das pontes podem ser de vários tipos sendo 

que nesta síntese de conhecimentos se analisam os pilares com variadíssimas formas e tipologias, 

como se mostra na Figura 2.8 e na Figura 2.9. 

As profundidades de erosão dependem da obstrução que os diferentes obstáculos  fazem 

ao  escoamento.  Para  se  poder  fazer  qualquer  comparação  de  dados  de  diferentes  trabalhos 

laboratoriais  referentes  a  diferentes  formas  de  pilares,  considerou‐se  uma  forma  de  pilar 

standard,  sendo  esta  a  forma  circular.  Os  efeitos  das  outras  formas  são  tidos  em  conta 

multiplicando diferentes factores de forma em relação à forma standard. 

 

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Figura 2.8 ‐ Formas de pilares usuais (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

Os  factores  para  pilares  uniformes,  isto  é,  com  secção  constante  em  toda  a  sua  altura, 

foram propostos por muitos autores de  investigações nesta matéria (Tabela 2.1). No entanto, os 

factores  de  forma  só  têm  significado  real  quando  o  escoamento  tem  a  direcção  0oθ = .  Isto 

porque, uma pequena inclinação na direcção do escoamento irá eliminar qualquer efeito benéfico 

que a hidrodinâmica da forma do pilar possa ter. 

 

 

Figura 2.9 ‐ Tipos de pilares (adaptado de Melville & Coleman, 2000).  

 

Os pilares não uniformes incluem pilares fundados em maciços e sapatas, assim como pilares 

de secção variável como se mostra na Figura 2.10. Para os pilares não uniformes, as estimativas 

de erosão são baseadas respectivamente na largura do pilar e das fundações, sendo que além da 

largura das  fundações há que avaliar  também a altura e a velocidade do escoamento  junto do 

topo da fundação.  

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Figura 2.10 ‐ Exemplos de pilares não uniformes (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

Para pilares de secção variável, também estes não uniformes, a inclinação da variação tem 

influência  na  erosão  localizada.  Com  a  secção  menor  como  base  do  pilar  ter‐se‐á  maiores 

profundidades de erosão em relação a um pilar standard com a mesma largura (diâmetro) e vice‐

versa.  Os  factores  relativamente  a  estas  formas  de  pilares  (de  secção  variável)  foram 

desenvolvidos  por  diferentes  investigadores  que  contribuíram  com  diferentes  ensaios 

laboratoriais, dos quais se referem Neill em 1973, Chiew em 1984 e mais recentemente Breusers 

e Raudkivi em 1991. 

 

 

 

 

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Tabela 2.1 ‐ Factores para pilares uniformes (pilares alinhados com o escoamento). 

 

 

Para pilares  fundados em  sapata, maciço ou estacas, com o  topo da  fundação abaixo do 

nível do leito, a fundação pode ser determinante na redução da erosão localizada. No entanto, se 

o  topo destas  fundações se encontrar à mesma cota do  leito ou ainda acima deste, a presença 

destas fundações terá um efeito pejorativo na profundidade de erosão. Então, a não ser que se 

possa  prever,  é  perigoso  confiar  que  estas  fundações  se mantenham  abaixo  do  nível  do  leito 

durante o tempo de vida da ponte. 

Assim, podem descrever‐se diferentes  casos de  fundação  como  se mostra na  Figura  2.11, 

sendo que serão abordados e analisados variadas vezes ao longo deste trabalho: 

Caso I, onde o topo das fundações se mantém abaixo da cota do leito; 

Caso II, onde o topo das fundações se encontra exposto na cavidade de erosão; 

Caso  III, onde as  fundações e o  topo destas se encontram acima da cavidade de erosão 

mas abaixo do nível do escoamento; e 

Caso IV, onde o topo das fundações se encontra acima do nível do escoamento. 

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Figura 2.11 ‐ Variação da profundidade de erosão para pilares não uniformes (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

Para o Caso I, a profundidade de erosão é  inalterada pela presença das fundações enquanto 

para  o  Caso  II,  a  erosão  localizada  é  reduzida  devido  a  estas  interceptarem  o  escoamento 

descendente oferecendo um efeito benéfico. Já no Caso III, existe um aumento da erosão com a 

erosão máxima a acontecer para o Caso IV. 

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Na Figura 2.11,  Y representa a distância entre o  topo da  fundação e a cota do  leito, sendo 

que este valor é positivo em sentido ascendente e negativo em sentido contrário. 

Melville e Raudkivi em 1996 elaboraram um estudo detalhado de erosão  localizada para um 

pilar circular não uniforme, de diâmetro  D  e com uma fundação também circular e de diâmetro 

*D , Figura 2.12. A relação *D D variava entre 0,12 e 1 em relação aos quatro diferentes casos 

de  posição  do  topo  da  fundação  atrás  referidos.  A  conclusão  deste  estudo  diz  que,  a  erosão 

induzida pelo pilar uniforme  equivalente  (com  largura ou diâmetro,  eb )  ao pilar não uniforme 

induz no mínimo a mesma profundidade de erosão que o pilar não uniforme. 

 

 

Figura 2.12 – Influência da não uniformidade dos pilares na profundidade de erosão localizada (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

Para o estudo da erosão  localizada  junto  a pilares  fundados em estacas e onde o  topo do 

maciço de encabeçamento está claramente acima do nível do escoamento (Caso V), Hannah em 

1978 descobriu que a máxima profundidade de erosão estava  relacionada  com a dimensão do 

grupo de estacas como um todo. Assim, recomenda‐se preferencialmente a utilização de uma fila 

de  estacas  no  lugar  de  pilares  para  escoamentos  com  ângulos  de  aproximação  aos mesmos 

superiores a 8º . 

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2.6 Efeito da Direcção do Escoamento  

A  profundidade  de  erosão,  para  todas  as  diferentes  formas  excepto  a  circular,  é muito 

dependente da direcção do escoamento  traduzida pelo ângulo de ataque do mesmo, θ   (Figura 

2.13). Esta dependência aumenta com o incrementar da largura efectiva do pilar.  

Laursen e Toch’s em 1956 desenvolveram o gráfico que se mostra na Figura 2.13 e este é 

utilizado na maior parte dos métodos de cálculo de profundidades de erosão. Os valores de  Kθ , 

correspondente  ao  factor  de  alinhamento  do  pilar  em  relação  à  direcção  do  escoamento,  são 

obtidos  normalizando  os  valores  para  0ºθ = .  O  gráfico  refere‐se  a  pilares  rectangulares,  no 

entanto, com bom senso pode ser utilizado para outras formas de pilares. 

 

 

Figura 2.13 ‐ Variação da profundidade de erosão devido ao alinhamento do pilar em relação ao escoamento (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

A  Figura  2.13  representa  bem  a  importância  que  a  direcção  do  escoamento  tem  na 

profundidade de  erosão. Por  exemplo,  a profundidade de  erosão  junto  a pilares  rectangulares 

com  8l b =  é aproximadamente o triplo para um ângulo de ataque (ângulo que o escoamento 

faz com a  linha que define a simetria do pilar) ao pilar de  30º  do que para o mesmo pilar mas 

alinhado  com  o  escoamento  ( 0ºθ = ).  Este  ângulo  pode  variar  significativamente  durante  as 

cheias para  canais entrelaçados e poderá mudar progressivamente após um período de  tempo 

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26  

para  canais  com  alguma  sinuosidade. O  uso  de  pilares  circulares,  estacas  alinhadas  ou  outras 

formas  de  baixa  relação  comprimento‐altura  onde  são  possíveis  alterações  na  direcção  de 

escoamento, é benéfico. 

 

 

2.7 Efeito da Geometria do Canal de Aproximação 

O  efeito  da  geometria  do  canal  de  aproximação  (secção  do  canal  imediatamente  a 

montante do pilar em estudo) assenta nas várias  influências que as características do canal têm 

na  profundidade  de  erosão  localizada,  especialmente  se  este  diferir  muito  de  um  canal 

rectangular, normalmente utilizado em testes laboratoriais.  

Os canais utilizados nos ensaios laboratoriais são rectangulares, por isso, a maior parte dos 

resultados  desses  ensaios  relativamente  a  profundidades  de  erosão  localizada  referem‐se  a 

secções transversais com essa geometria. No entanto, os canais dos rios, não são rectangulares, 

isto é, são constituídos por diferentes formas.  

Este parâmetro é considerado por incorporar os efeitos das características seguintes: 

A secção transversal no canal de aproximação; 

A distribuição transversal da velocidade de escoamento a montante do pilar; 

A distribuição da rugosidade das margens e fundos do canal a montante do pilar; 

O  efeito  da  forma  da  secção  do  canal  de  aproximação  no  parâmetro  cV V , 

considerando um escoamento uniforme em secção rectangular. 

A geometria do canal não é muito  importante para o estudo da profundidade de erosão 

junto a pilares desde que as velocidades e as alturas de escoamento utilizadas nos cálculos para 

estimar a profundidade representem o escoamento de aproximação do pilar. 

 

 

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27  

2.8 Efeito do Tempo 

Em  escoamentos  sem  transporte  sedimentar,  a  profundidade  de  erosão  desenvolve‐se 

assimptóticamente em direcção à profundidade de erosão de equilíbrio. Já em escoamentos com 

transporte  sedimentar,  a  profundidade  de  erosão  de  equilíbrio  é  atingida mais  rapidamente  e 

depois disso oscila devido à constante e dinâmica entrada‐saída de  sedimentos da cavidade de 

erosão, Figura 2.4. 

Para  que  se  possam  obter  condições  de  equilíbrio  em  pequena  escala,  em  ensaios 

laboratoriais  com  escoamentos  sem  transporte  sedimentar,  é  necessário  desenvolver  testes 

durante muitos dias. Resultados obtidos para  tempos  inferiores a 10 ou 12 dias, podem exibir 

profundidades  em  valores  50%  inferiores  ao  valor  da  profundidade  de  equilíbrio  (Melville  e 

Coleman, 2000). 

A maior parte das equações para o cálculo da profundidade de erosão determinam o valor 

da profundidade de equilíbrio considerando o efeito conservativo do  tempo. No entanto, onde 

existam  escoamentos  sem  transporte  sedimentar,  a  profundidade  de  equilíbrio  poderá  ser 

demasiadamente conservativa. 

A evolução da cheia e seu comportamento é tão importante quanto o tempo de duração da 

mesma.  Normalmente,  a  duração  da  cheia  determina  se  a  profundidade  de  equilíbrio  em 

escoamentos com transporte sedimentar se irá atingir. 

Após o pico de  cheia o  escoamento  retrocede. A duração desta  recessão  é  também  ela 

muito importante, pois com esta, escoamentos com transporte sedimentar podem imperar o que 

poderá induzir erosões adicionais, especialmente se as condições próximas do limite de threshold 

se mantiverem durante demasiado tempo. 

Na Figura 2.14 exibe‐se o aumento assimptótico para  sed  (profundidade de equilíbrio) da 

profundidade  de  erosão  em  escoamentos  sem  transporte  sedimentar.  As  curvas  presentes  na 

mesma figura, revelam que a profundidade de erosão para os mesmos valores de  et t (onde  et  é 

o  tempo  de  desenvolvimento  da  profundidade  de  equilíbrio)  são  reduzidos  para  valores mais 

baixos de  cV V . 

 

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28  

 

Figura 2.14 ‐ Evolução da profundidade de erosão junto dos pilares, sob condições sem transporte sedimentar (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

Em 1997, Melville e Chiew descobriram que ambos  et  e  sed  estão sujeitos a influências por 

parte do escoamento e das propriedades dos sedimentos. Os resultados deste estudo consistiram 

em revelar as dependências adimensionais de tempos de equilíbrio  *et Vt D= , de espessuras de 

escoamento  y D , de  intensidades de  escoamento  cV V   e da  granulometria dos  sedimentos 

presentes no leito  50D d  e podem observar‐se na Figura 2.15. 

Assim, o  tempo de equilíbrio aumenta para baixos valores de altura de escoamento, mas 

torna‐se  independente desta para valores superiores da mesma. O aparente  limite da  influência 

da  espessura  de  escoamento  em  *t acontece  para  6y D ≈ .  O  valor  máximo  de  *t   é 

sensivelmente  525 10× . O diagrama  intermédio presente na mesma figura mostra que o tempo 

de equilibro aumenta rapidamente em escoamentos sem transporte sedimentar, atingindo o seu 

valor máximo para escoamentos limite de transporte sedimentar. Com o aumento do transporte 

sedimentar, espera‐se que rapidamente decresça  *t . Já o último diagrama apresenta a evolução 

assimptótica do valor de  *t  com o aumento de  50D d . O  limite da  influencia da granulometria 

fixa‐se para  50 100D d ≈ . 

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29  

 

Figura 2.15 ‐ Relações entre o factor tempo e a espessura de escoamento, a intensidade de escoamento e a granulometria (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

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30  

2.9 Efeito do Número de Froude  Fr   

O efeito do número de Froude apresenta‐se nesta  fase do  trabalho  como  referência aos 

efeitos de escala nos estudos em laboratório. 

Em 1998, Ettema entre outros apresentou alguns dados que sugeriam que a profundidade 

de erosão junto aos pilares não é linearmente dependente da largura dos mesmos a não ser que 

haja  uma  ligeira  semelhança  geométrica  do  pilar,  escoamento  e  sedimentos  do  leito.  A  não 

linearidade  pode  acontecer  nos  estudos  laboratoriais  levando  a  valores  da  relação  da 

profundidade de erosão como a largura do pilar muito superiores, ao que normalmente acontece 

in situ. 

Muitos  destes  estudos  laboratoriais  foram  efectuados  utilizando  areias  para modelar  os 

leitos dos  rios. Consequentemente, o material do modelo  relativamente ao  tamanho do pilar é 

maior  do  que  seria  in  situ.  Para  se  assegurar  a  semelhança  do  estado  de  mobilidade  dos 

sedimentos do  leito é necessário que se mantenha no modelo em  laboratório e no protótipo  in 

situ,  o  valor  de  cV V   constante,  implicando  deste  modo,  que  a  velocidade  utilizada  em 

laboratório  possa  ser maior  do  que  a  resultante  da  semelhança  de  Froude. Daí,  o  número  de 

Froude para o modelo em laboratório ser maior do que corresponderia ao número de Froude do 

protótipo, ou seja, a semelhança de Froude não é respeitada. 

Semelhanças de escoamento, requerem que se mantenham condições de tal forma que as 

pressões  a  jusante  variem directamente  com  a  geometria do pilar modelo em  laboratório, em 

relação ao pilar  in situ. Um pilar fino  irá  induzir um valor  inferior de  sd b  quando comparado a 

um pilar largo no mesmo escoamento in situ.  

Mas,  são  insuficientes  os  resultados  apresentados  por  Ettema  em  1998  que  visavam 

quantificar a influência do número de Froude na erosão localizada junto de pilares. Mesmo assim, 

estes mostraram  que  utilizar  2, 4b   como  valor máximo  da  profundidade  de  erosão  junto  de 

pilares é conservativo, para todos os pilares que sejam mais largos que 0,1 m. 

 

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31  

3 MÉTODOS DE CÁLCULO DA PROFUNDIDADE DE EROSÃO 

 

3.1 Generalidades 

O dimensionamento das pontes com vista à prevenção da erosão localizada junto aos pilares 

das mesmas  assim  como,  o  dimensionamento  das  soluções  de  reabilitação,  deve  ser  sempre 

acompanhado do cálculo da profundidade máxima das cavidades de erosão para as condições in 

situ. Assim, complementam‐se  informações sobre as condições existentes, podendo determinar 

de uma forma ainda mais completa qual a melhor solução a escolher.  

Existem variadíssimas formulações empíricas para estimativas da profundidade das cavidades 

de erosão,  sustentadas por modelos numéricos e dados de  campo  (não muito  frequentes para 

todo o tipo de pilares) com diferentes aplicabilidades. As discrepâncias verificadas nos resultados 

obtidos  por  estas  formulações  devem‐se  à  difícil  reprodução  na modelação  física  (efeitos  de 

escala)  em  laboratório  dos  movimentos  de  escoamento,  da  densidade  e  dimensão  dos 

sedimentos do leito, da localização da ponte entre outros factores que condicionam a existência e 

o tipo de erosão presente ou de provável ocorrência.  

Tem‐se  denotado  uma  crescente  preocupação  na  aplicabilidade  destas  formulações,  visto 

que  se  verificam por  vezes,  subestimações de profundidades máximas de  cavidades de erosão 

(Couto  2005).  Isto  deve‐se  muito  ao  facto  de  haver  dificuldades  na  recolha  de  dados  para 

calibração  dos modelos  de  análise  numérica.  Estas  recolhas  efectuam‐se  durante  as  cheias  e 

nestas,  não  só  os  caudais  de  ponta  são muito  curtos,  não  permitindo  facilmente  a  criação  de 

cavidades de erosão, como se verifica nas fases finais das mesmas cheias, um preenchimento das 

cavidades  de  erosão  com  sedimentos  presentes  no  escoamento. Ou  seja,  existe  formação  de 

cavidades durante a cheia, mas a própria cheia no seu final preenche as cavidades, fazendo com 

que não seja possível uma análise das profundidades dessas mesmas cavidades.  

Contudo,  há  que  notar  que  foi  graças  à  utilização  destes modelos  de  análise  numérica  e 

devido também aos acidentes com pilares de pontes (mais comuns e mais gravosos que do que os 

acidentes  com  encontros), que  se  verificaram nos últimos  anos,  grandes passos no  sentido da 

evolução na análise e compreensão do fenómeno da erosão junto dos pilares. 

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32  

Existe particular preocupação no que respeita à determinação da profundidade da cavidade 

de erosão, pois esta,  como  já  foi  referido no primeiro  capítulo, é  resultante do  somatório dos 

diferentes  tipos de erosão.  Isto porque, poderá não  ser possível  contabilizar  todos os  tipos de 

erosão  causadores  das  cavidades,  devido  ao  facto  da  erosão  nas  pontes  depender  de 

variadíssimos factores e complexas relações (Melville and Coleman 2000).  

Apresentam‐se  nos  subcapítulos  seguintes  algumas metodologias  utilizadas  no  cálculo  da 

profundidade de erosão localizada em diversos tipos de pilares, sujeitos a diferentes condições de 

escoamento.  Existem  como  já  se  referiu,  métodos  de  cálculo  distintos  tanto  na  forma  de 

abordagem, como na gama de parâmetros constituintes do cálculo.  

De notar no entanto, que por vezes os métodos utilizados para o cálculo são únicos no que 

respeita à consideração do tipo de pilar, tipo de escoamento ou até mesmo às características do 

leito entre outras, não podendo comparar‐se de  forma directa os  resultados obtidos, visto não 

terem as mesmas bases de cálculo. 

Neste  trabalho  faz‐se  alusão  a  dois  métodos  de  cálculo  de  profundidades  de  erosão 

localizada  presentes  em Melville  e  Coleman  (2000)  utilizado  na Nova  Zelândia  e  Richardson  e 

Davis  (2001)  adoptado  pelo  FHWA  ‐  Federal  HighWay  Administration  nos  Estados  Unidos  da 

América.  Há  que  relevar  também,  as  participações  de  Johnson  e  Torrico  em  1994  e  Jones  e 

Sheppard em 2000, ambos trabalhos presentes em Ramos (2006) e que apresentam metodologias 

de cálculo de profundidades de erosão em situações especiais. 

É necessário clarificar que, não existe de uma  forma geral o princípio de  interacção directa 

entre características, parâmetros e resultados, pois reconhece‐se nestes métodos uma enorme e 

complexa interacção entre todos os parâmetros que concretizam o cálculo, estando desta forma 

fundamentada a grande complexidade e dinâmica do fenómeno sempre referenciada em toda a 

bibliografia.  

 

 

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33  

3.2 Método presente em Melville e Coleman (2000) 

O método  de  cálculo  em  questão  resume‐se  na  equação  3.1,  onde  os  factores  K ,  são 

parâmetros que representam os diferentes efeitos de cada característica  (presentes no capítulo 

anterior) na profundidade de erosão,  sd junto dos pilares. 

s yb I d s td K K K K K Kθ=         3.1 

Assim,  

ybK ‐ Factor de profundidade de escoamento versus largura do pilar; 

IK ‐ Factor de intensidade de escoamento; 

dK ‐ Factor de características dos sedimentos; 

sK ‐ Factor de forma do pilar; 

Kθ ‐ Factor de alinhamento do pilar em relação à direcção do escoamento; 

tK ‐ Factor tempo. 

Para  se obter o  valor de  cada parâmetro, há que  efectuar previamente um  conjunto de 

cálculos. Apresentam‐se, na Tabela 3.1 as  características e  condições que  são necessárias para 

definir cada caso de estudo a efectuar. 

   

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34  

Tabela 3.1 – Características e condições iniciais. 

Características Geométricas do pilar e 

Fundação 

 Condições de Escoamento 

b (m)  Largura do pilar.    y (m)  Altura de escoamento. 

l  (m)  Comprimento longitudinal do pilar.  

Q (m3/s)  Caudal de escoamento. 

*b (m)  Largura da fundação.    W (m)  Largura entre pilares em análise. 

  Uniformidade do pilar.  

V (m/s)  Velocidade de escoamento. 

 Forma  da  face  do  pilar  (cilíndrico, 

rectangular, …). 

 

Y (m) 

Distância entre a cota do  leito e o 

topo  da  fundação.  Poderá  ser 

negativo caso o topo da fundação 

esteja acima da cota do leito. 

 Caso de enquadramento a nível de 

fundação (I, II, III, IV e V). 

 θ (o) 

Ângulo de ataque do escoamento 

relativamente ao pilar. 

Sp (m) Espaçamento entre estacas (medida 

entre os centros das mesmas). 

   Transporte Sedimentar. 

Dp (m)  Diâmetro das Estacas.    t (dias)  Tempo. 

     

Condições de Leito  

Características Extraordinárias 

50d(mm) 

Diâmetro mediano dos  sedimentos 

constituintes do leito. 

 dT (m)  Espessura do conjunto de detritos.

maxd(mm) 

Diâmetro  máximo  dos  sedimentos 

constituintes  do  leito.  Pode  ser 

substituído por d90 ou d85. 

 

db (m)  Largura do conjunto de detritos. 

gσ   Uniformidade dos Sedimentos.       

 

Na primeira abordagem a esta metodologia de cálculo, procede‐se à análise de velocidades 

críticas, de acordo com a Tabela 3.2. 

 

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Tabela 3.2 – Velocidades críticas em Melville e Coleman (2000). 

Velocidade  cV  para sedimentos uniformes ( 1,3 1,5gσ < ≈ ). 

1.   

1,4* 500,0115 0,0125cu d= +   500,1 1mm d mm< <  

0,5 1* 50 500,0305 0,0065cu d d −= −   501 100mm d mm< <  

2.   

*50

5,75log 5,53c cyV u

d⎛ ⎞

= ⎜ ⎟⎝ ⎠

   

Velocidade  aV  para sedimentos não uniformes ( 1,3gσ > ). 

3.   

max50 1,8a

dd =   

4.   

1,4* 500,0115 0,0125ca au d= +   500,1 1amm d mm< <  

0,5 1* 50 500,0305 0,0065ca a au d d −= −   501 100amm d mm< <  

5.   

*50

5,75log 5,53ca caa

yV ud

⎛ ⎞= ⎜ ⎟

⎝ ⎠ 

 

6.   

0,8a caV V=    

Parâmetro de interacção das velocidades 

7.   

( )a c

c

V V VV

⎡ ⎤− −⎣ ⎦  

 

Há que referir, como nota muito importante, o facto da largura, b  do pilar poder tomar no 

cálculo dos parâmetros um valor distinto da largura do pilar definida inicialmente, Tabela 3.3. Isto 

deve‐se a várias condições como o caso de enquadramento pilar/fundação (Figura 3.1), existência 

de detritos (Figura 3.2) e uniformidade de fundação. 

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Tabela 3.3 – b de cálculo,  eb . 

eb  

(cálculo) 

eb b=   Caso I 

**

* *ey Y b Yb b by b b y

⎛ ⎞⎛ ⎞+ −= + ⎜ ⎟⎜ ⎟+ +⎝ ⎠ ⎝ ⎠

 com  *,Y b Y y≤ − ≤  Caso II 

Caso III 

*eb b=   Caso IV 

( )0,52 0,52d d de

T b y T bb

y+ −

=   Presença de Detritos 

 

 

Figura 3.1 ‐ Os diferentes casos pilar/fundação, adaptada de Melville e Coleman (2000). 

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Figura 3.2 – Presença de detritos (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

Para finalizar a parte de cálculos prévios, tem ainda de se encontrar o valor de  et , que mais 

não  é  do  que  o  tempo  necessário  para  se  obter  a  profundidade  de  equilíbrio  da  cavidade  de 

erosão. Esta estimativa corresponde aos cálculos que se mostram na Tabela 3.4. 

 

Tabela 3.4 – Tempo para a obtenção da profundidade de equilíbrio da cavidade de erosão. 

( )et dias  

( ) 48,26 0,4ec

b Vt diasV V⎛ ⎞

= −⎜ ⎟⎝ ⎠

  6, 0, 4c

y Vb V> >  

0,25

( ) 30,89 0,4ec

b V yt diasV V b⎛ ⎞⎛ ⎞= −⎜ ⎟⎜ ⎟

⎝ ⎠⎝ ⎠  6, 0, 4

c

y Vb V≤ >  

 

Com base nos cálculos iniciais, é agora possível o cálculo da profundidade de erosão através 

da identificação dos valores dos parâmetros K , Tabela 3.5.  

   

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Tabela 3.5 – Parâmetros K . 

Parâmetro  Cálculo 

ybK  

2,4ybK b=   0,7b y <  

2ybK yb=   0,7 5b y< <  

4,5ybK y=   5b y >  

IK  

( )a cI

c

V V VKV

− −=  

( ) 1a c

c

V V VV

− −<  

1IK =  ( ) 1a c

c

V V VV

− −≥  

dK  50

0,57 log 2,24dbK

d⎛ ⎞

= ⎜ ⎟⎝ ⎠

 

1,3gσ < ⇒50

25bd

≤  

1,3gσ > ⇒  50

25a

bd

1dK =  50

25bd

>  50

25a

bd

>

sK  

Forma  sK  

Uniforme 

Cilíndrico ou circular  1,0 

Quadrado  1,1 

Afiado  0,9 

Arredondado  1,0 

Não uniforme  1,0 

Desalinhado com o escoamento, θ≠0o.  1,0 

Kθ  

0,65

coslK senbθ θ θ⎛ ⎞= +⎜ ⎟

⎝ ⎠  Pilares não cilíndricos 

1Kθ =   Pilares cilíndricos 

tK  

1,6

exp 0,03 lnct

e

V tKV t

⎧ ⎫⎛ ⎞⎪ ⎪= −⎨ ⎬⎜ ⎟⎝ ⎠⎪ ⎪⎩ ⎭

  1cVV

≤  

1tK =   1cVV

>  

 

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39  

No entanto, na presença de um pilar fundado num conjunto de estacas, os parâmetros  sK   

e  Kθ  deixam de ser calculados em separado, passando a tomar um valor conjunto de acordo com 

o  apresentado  na  Tabela  3.6.  Nesta,  os  conceitos  duplo  e  simples  referem‐se  ao  tipo  de 

alinhamento em planta do grupo de estacas visto poder‐se ter alinhamentos duplos ou simples. 

 

Tabela 3.6 – Parâmetros K para pilares fundados em grupos de estacas. 

 

Tipo de Alinhamento 

 

Sp Dp  

sK Kθ  

5oθ <   5 45o oθ≤ <   90oθ =  

Simples 

2  1,12  1,4  1,2 

4  1,12  1,2  1,1 

6  1,07  1,16  1,08 

8  1,04  1,12  1,02 

10  1  1  1 

Duplo 2  1,5  1,8 

 4  1,35  1,5 

  

Após  a  obtenção  de  cada  valor  dos  parâmetros  K ,  pode  obter‐se  por  fim  o  valor  da 

profundidade de erosão,  sd .  

De referir também que Melville e Coleman (2000) definem um valor máximo para o valor 

da profundidade de erosão através da equação 3.2,  sendo que até aqui, qualquer  referência à 

profundidade de erosão correspondia ao valor mais provável. 

max 2, 4se sd K K bθ=           3.2 

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40  

3.3  Método presente em Richardson e Davis (2001) 

A  determinação  da  profundidade  máxima  de  erosão,  sd está  implícita  no  cálculo  da 

equação 3.3 onde, à imagem do método anterior, os factores  K  representam os efeitos de cada 

característica (presentes no capítulo anterior): 

0,650,43

1 2 3 42sbd yK K K K Fry

⎛ ⎞= ⎜ ⎟

⎝ ⎠        3.3 

com, 

1K ‐ Factor de forma do pilar; 

2K ‐ Factor de alinhamento do pilar em relação à direcção do escoamento; 

3K ‐ Factor de configurações do escoamento; 

4K ‐ Factor que tem em conta o efeito de armouring por parte do material do leito; 

wK ‐ Factor correctivo só para pilares de grandes dimensões a ser multiplicado a  sd ; 

Fr ‐ Número de Froude (equação 3.4); 

b ‐ Largura do pilar. 

VFrgy

=             3.4 

com, 

V ‐ Velocidade do escoamento; 

g ‐ Aceleração gravítica (9,81 m/s2). 

  Novamente, devem avaliar‐se as velocidades críticas. Para isso apresenta‐se na Tabela 3.7 

o resumo de cálculo das mesmas. 

   

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41  

Tabela 3.7 – Velocidades críticas em Richardson e Davis (2001). 

50

50 50

0icdR

cd icd

V VV

V V−

= >−

 

xicdV = velocidade de aproximação necessária para  iniciar o processo de erosão  junto ao pilar 

para material com granulometria  xd , definida por: 

0,053

0,645x x

xicd cd

dV Vb

⎛ ⎞= ⎜ ⎟⎝ ⎠

 

xcdV =    velocidade de  início de erosão em  leitos constituídos por materiais com diâmetro  xd , 

definida por: 

1 6 1 36,19xcd xV y d=  

 

De seguida deve proceder‐se à obtenção dos parâmetros K, analisando a Tabela 3.8, onde 

os mesmos se encontram definidos. 

De  salientar que o parâmetro  wK  deve  somente  ser  calculado aquando da presença de 

pilares de grandes dimensões, ou seja, numa das seguintes condições: 

a) 0,8yb<  

b) 50

50bd

>  

c) 0,8Fr <  

Se  5oθ < , o  coeficiente dominante  é  2K , devendo nestes  casos passar a  considerar‐se 

1 1K = . 

   

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42  

Tabela 3.8 – Parâmetros K . 

Parâmetro  Cálculo 

1K  

Geometria do Pilar 1K  

Rectangular  1,1 

Arredondado  1,0 

Cilíndrico  1,0 

Afiado  0,9 

Grupo de Pilares Cilíndricos  1,0 

2K  

0,652 cos lK sen

bθ θ= +  

Se  12lb>  deve utilizar‐se  12l

b= , onde  l  é o comprimento do pilar em 

profundidade e θ  o ângulo de ataque do escoamento em relação ao pilar. 

3K  

Configurações do leito  Altura das Dunas (m)  3K  

Erosão sem transporte sólido  ‐  1,1 

Leito plano ou com Rugas  ‐  1,1 

Pequenas Dunas  0,6 3H≤ <   1,1 

Dunas de média dimensão  3 9H≤ <   1,1 a 1,2 

Grandes Dunas  9 H≤   1,3 

4K  

4 1,0K =   50 2d mm<  ou  95 20d mm<  

0,54 0, 4 RK V=   50 2d mm≥  ou  95 20d mm≥  

O valor mínimo de  4K é 0,4 e só deve tomar esse valor quando 50icdV V<  

wK  

0,340,652,58w

yK Frb

⎛ ⎞= ⎜ ⎟⎝ ⎠

  1xcd

VV

<  

0,130,251,0w

yK Frb

⎛ ⎞= ⎜ ⎟⎝ ⎠

  1xcd

VV

≥  

 

 

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43  

4 ANÁLISE PARAMÉTRICA DOS FACTORES QUE INFLUENCIAM A PROFUNDIDADE DE EROSÃO 

 

4.1 Generalidades 

Os métodos de cálculo descritos no capítulo anterior foram analisados e transpostos para a 

ferramenta  informática  de  cálculo,  Excel  através  da  criação  de  uma  aplicação  que  executa 

automaticamente,  após  introdução  inicial  de  características  e  condições  in  situ  de  um 

determinado problema, o cálculo da profundidade das cavidades de erosão. 

Esta aplicação informática possibilitou a realização de uma análise paramétrica dos factores 

que influenciam o cálculo da profundidade de erosão. 

A  criação  da  aplicação  informática  teve  também  o  intuito  de  facilitar  o  cálculo  de 

profundidades de erosão  localizada  junto a pilares de pontes, visto a complexidade  inerente ao 

mesmo. 

Decidiu‐se utilizar e analisar somente um método, presente em Melville e Coleman (2000) e 

referido em 3.2.  

 

4.2 Ferramenta Informática 

A  aplicação  informática  não  é mais  que  a  aplicação  do método  presente  em Melville  e 

Coleman  (2000)  e  pode  dividir‐se  em  duas  partes,  sendo  que  na  primeira  se  caracteriza  o 

problema  e  na  segunda  parte  desenvolve‐se  o  cálculo  da  profundidade  de  erosão  (de  forma 

automática). O cálculo está parcelado pelos parâmetros  K  que dependem dos cálculos prévios já 

referidos no capítulo anterior. 

Analisaram‐se dois problemas, denominados por problema A e problema B. Cada um deles 

apresenta diferentes características geométricas, de escoamento e de granulometria (Tabela 4.1 e 

Tabela 4.2) e estão representados graficamente pelas Figura 4.1 e Figura 4.2 respectivamente.  

Ambos os problemas foram retirados de Melville e Coleman (2000), permitindo assim, um 

teste à ferramenta informática e possibilitando confiança nos resultados obtidos. 

 

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44  

Tabela 4.1 – Características iniciais geométricas, granulométricas e de escoamento dos problemas A e B. 

 y  b  d50  dmax  V  Y  b*  Sp  Dp  l  θ  t 

(m)  (m)  (mm)  (mm)  (m/s)  (m)  (m)  (m)  (m)  (m)  (o)  (dias) 

A  2,0  0,60  5  27  0,81  ‐0,6  1,5  0,4  0,3  6  20  1 

B  9,2  1,5  20  80  4,34  4,0  2,0  0,4  0,3  6  20  1 

 

Tabela 4.2 – Características iniciais do leito, do pilar e sua fundação e presença de detritos dos problemas A e B. 

 Leito  Pilar e Fundação  Extra 

Sedimentos  Tipologia  Forma  Caso  Detritos 

A  Não Uniformes  Não Uniforme  Quadrado III  Não existentes 

B  Não Uniformes  Não Uniforme  Cilíndrico  I  Não existentes 

 

Os  problemas  A  e  B  apresentam  uma  profundidade  de  erosão  de  1,71m  e  3,60m 

respectivamente,  que  se  confirmam  em Melville  e  Coleman  (2000).  Assim,  tendo  verificado  a 

ferramenta informática, passou‐se à fase de análise paramétrica, sendo que o objectivo principal 

desta é comparar o efeito em cada um dos casos das variações nas variáveis do cálculo, podendo 

no final confirmar ou não, as afirmações presentes no segundo capítulo. 

 

   

Figura 4.1 – Representação gráfica do problema A.  

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45  

 

Figura 4.2 – Representação gráfica do problema B.  

 

4.3 Análise Paramétrica 

Entendeu‐se  identificar  a  influência  de  cada  variável  na  evolução  da  profundidade  de 

erosão, mantendo fixos os Caso I, Caso II, Caso III e Caso IV (Figura 3.1). Isto é, para cada um dos 

quatro casos, variou‐se individualmente cada variável e obtiveram‐se os valores da profundidade 

de erosão. 

Só  se  efectuou  a  variação  de  um  parâmetro  de  cada  vez, mantendo‐se  fixos  os  valores 

iniciais dos parâmetros que não estavam em análise. Na Tabela 4.3 e na Tabela 4.4 referem‐se os 

valores  de  variação  de  cada  um  dos  parâmetros  e  o  valor  fixo  adoptado  para  a  referência  da 

variável.  No  entanto,  por  razões  de  lógica  e  de  aplicabilidade  da  ferramenta  informática, 

verificaram‐se duas excepções: 

i) aquando  da  variação  de  d50,  entendeu‐se  que  dmax  deveria  também  variar 

geometricamente na razão inicial entre ambas as variáveis; 

ii) aquando da variação de y e Y, teve‐se o cuidado de utilizar intervalos de valores que não 

alterassem o caso de fundação em análise. 

Há que clarificar que aquando da variação da altura de escoamento, fica implícita também a 

variação do caudal, visto que se mantém constante o valor da velocidade. 

 

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46  

4.3.1 Problema A 

Apresenta‐se na Tabela 4.3 de uma forma resumida, os testes efectuados no problema A. 

Dos  testes  efectuados,  foram  gerados  gráficos  que  representam,  para  cada  teste  a 

influência de cada variável na profundidade de erosão. Assim, criaram‐se dois grupos de gráficos: 

os que representam a  importância de cada variável na profundidade de erosão em cada um dos 

quatro casos e os que representam a evolução da profundidade de erosão para cada variável para 

os quatro casos em análise. 

 

Tabela 4.3– Testes efectuados para o problema A. 

  Problema A 

Caso  I  II  III  IV 

  Variação  Fixo  Variação  Fixo  Variação  Fixo  Variação  Fixo 

d50  (mm)  [5;15]  5  [5;15] 5 [5;15] 5 [5;15]  5

V  (m/s)  [0,81;1,81]  0,81  [0,81;1,81] 0,81 [0,81;1,81] 0,81  [0,81;1,81]  0,81

y  (m)  [2,0;7,0]  2,0  [2,0;7,0] 2,0 [2,0;7,0] 2,0 [2,0;7,0]  2,0

b  (m)  [0,6;1,7]  0,6  [0,6;1,7] 0,6 [0,6;1,7] 0,6  

b*  (m)    [1,5;2,5] 1,5 [1,5;2,5] 1,5 [1,5;2,5]  1,5

Y  (m)  1,4; 3,8; 1,9; 4,5  [0,60;1,05] 0,5 [‐0,3;‐0,6] ‐0,3  [‐2,5;‐7,5]  ‐2,05

Θ  (o)  [20;70]  20  [20;70] 20 [20;70] 20 [20;70]  20

 

Passa‐se  à  análise  do  primeiro  grupo  de  gráficos  que  representam  a  importância  das 

diferentes variáveis em cada um dos quatro casos. 

Na  Figura  4.3,  identifica‐se  de  forma  clara  o  efeito  pejorativo  que  a  velocidade  do 

escoamento,  V   tem  na  profundidade  de  erosão,  sd .  No  entanto,  não  se  pode  desprezar  o 

aumento do ângulo de ataque do escoamento,  θ  e o aumento da  largura do pilar,  b  visto, a 

variação dos mesmos  corresponder a um aumento de da profundidade de erosão de  cerca de 

50%. Destaca‐se também o leve efeito benéfico que o aumento da altura do escoamento,  y  e o 

aumento do tamanho dos sedimentos,  50d e  maxd  têm na profundidade de erosão. 

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47  

 

Figura 4.3 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso I do problema A. 

 

Para o caso  II, os resultados são representados na Figura 4.4. Destaca‐se a  introdução de 

duas  novas  variáveis  em  análise  que  não  tinham  significado  no  caso  I.  Isto  porque,  estando  a 

fundação  abaixo  da  cota  do  leito,  a  variação  da  largura  da  fundação,  *b   e  a  variação  na  sua 

posição, Y  não têm qualquer influência na profundidade de erosão como já referido no segundo 

capítulo. 

 

 

Figura 4.4 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso II do problema A. 

 

No entanto, à excepção do caso  II (Figura 4.4), em que, devido ao aumento da  largura da 

fundação,  se  verifica  um  ligeiro  aumento  da  profundidade  de  erosão  (≈0,35  m),  não  se 

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48  

manifestam variações na profundidade de erosão para os casos  III e  IV  (Figura 4.5 e Figura 4.6) 

que sejam devidas ao aumento da largura da fundação. 

 

 

Figura 4.5 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso III do problema A. 

 

Pode observar‐se  também para os  casos  II,  III e  IV  (Figura 4.4, Figura 4.5 e Figura 4.6) o 

impacto negativo que o aumento da velocidade de escoamento tem no aumento da profundidade 

de erosão assim como o comportamento de θ , que se mantém sensivelmente igual ao verificado 

para o caso I. 

 

 

Figura 4.6 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso IV do problema A. 

 

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49  

Assim,  deste  primeiro  grupo  de  gráficos  analisados,  foca‐se  o  efeito  pejorativo  que  o 

aumento  da  velocidade  de  escoamento  tem  na  profundidade  de  erosão,  assim  como  a  sua 

evolução ao longo do intervalo de variação da mesma.  

São  de  referir  os  pequenos  benefícios  que  o  aumento  da  altura  de  escoamento  e  do 

diâmetro dos sedimentos têm na profundidade de erosão.  

Há ainda um aumento da profundidade de erosão com o aumento do ângulo de ataque do 

escoamento em relação ao pilar. 

O aumento da largura do pilar, da largura da fundação e as variações de Y, não revelam para 

este problema variações significativas na profundidade de erosão. 

Finalizando, há que frisar que, o valor máximo da profundidade de erosão obtido nos testes, 

é três vezes superior à altura de escoamento, o que reflecte muito bem a importância da erosão 

localizada em pilares de pontes neste tipo de problemas. 

Apresenta‐se de seguida o segundo grupo de gráficos para o problema em causa, onde se faz 

para  cada  variável,  uma  análise  da  variação  da  profundidade  de  erosão  para  cada  caso  de 

fundação. 

Da  análise  da  Figura  4.7,  onde  se  apresentam  as  variações  de  50d ,  interessa  realçar  a 

diferença nas evoluções entre os casos I e II em comparação aos casos III e IV. Pois verifica‐se para 

os casos  III e  IV uma evolução parabólica, havendo como nos casos  I,  II uma diminuição  inicial, 

mas  na  parte  final  uma  subida  da  profundidade  de  erosão  quando  os  valores  de  50d   se 

enquadram  no  intervalo de  variação de  [10;15]. Há  que  referir  que  no  cálculo,  dK   apresenta 

evoluções diferentes para cada teste, apresentando o valor máximo para o caso  IV.  Isto deve‐se 

principalmente ao facto de  dK  depender da relação b d  e como  eb  aumenta de caso para caso, 

faz com que a relação  b d  seja cada vez superior não permitindo para o caso IV,  1dK < , o que 

resulta  num  aumento  da  profundidade  de  erosão.  No  mesmo  cálculo,  verificam‐se  também 

evoluções  de  IK   e  tK ,  mas  com  o  mesmo  comportamento  para  os  quatro  casos,  não 

introduzindo assim nada de novo no valor da profundidade de erosão devida à variação de  50d . 

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50  

 

Figura 4.7 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  50d , para cada caso do 

problema A. 

 

Na Figura 4.8 evidencia‐se a  influência negativa que a velocidade de escoamento  tem na 

profundidade  de  erosão  do  caso  I  para  o  caso  IV,  mantendo‐se,  o  mesmo  comportamento 

evolutivo. Avaliando a influência da velocidade de escoamento, identifica‐se um aumento de pelo 

menos 40% da profundidade de erosão do caso I para o caso IV. 

 

Figura 4.8 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de V , para cada caso do problema A. 

 

 

 

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51  

As  variações  de  declive  devem‐se  a  IK   e  tK que  dependem  directamente  do  valor  da 

velocidade e das relações ( ) 1a c

c

V V VV

− −<  e  cV

Vrespectivamente. Ou seja, quando se passa a ter 

transporte  sedimentar, para  1,61V = m/s, os  valores de  IK   e  tK  passam  a  ser  constantes  e 

iguais a 1, mantendo‐se o valor de  sd  no seu valor constante máximo.  

O  aumento  da  altura  do  escoamento,  como  já  referido,  tem  um  impacto  positivo  na 

profundidade  de  erosão,  pois  verifica‐se  uma  ligeira  diminuição  da mesma  à medida  que  se 

aumenta y (Figura 4.9). A diferença dos três primeiros casos para o caso IV, tem a ver com o facto 

de no teste, ao se variar o  y há necessidade de se variar também o  Y  de modo a se manter o 

caso de estudo. 

 

Figura 4.9 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  y , para cada caso do problema A. 

 

Quando  se aumenta a  largura do pilar,  b seja em que  caso  for, gera‐se um aumento da 

profundidade de erosão, mas que de certa  forma, perante as outras variáveis, não  tem grande 

importância, pois é da ordem dos 8% da profundidade máxima de erosão registada (Figura 4.10). 

No  entanto,  há  que  referir  que  a  profundidade  de  erosão  de  aproximadamente  1,9 m, 

verificada para todos os casos em estudo para  larguras do pilar maiores que 1,5 m, não é baixa, 

pois a altura de escoamento é de 2,0 m. 

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52  

De salientar, que para o caso IV, não se efectuou qualquer variação na largura do pilar, pois 

estando  o  pilar  completamente  acima  do  escoamento,  não  se  espera  qualquer  influência  na 

profundidade de erosão (Tabela 3.3). 

 

Figura 4.10 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação deb , para cada caso do problema A. 

 

O aumento da largura da fundação (Figura 4.11) tem uma influência similar ao aumento da 

largura do pilar (Figura 4.10), excepto para o caso IV, onde não se verifica qualquer influência na 

profundidade de erosão. Não se faz qualquer análise para o caso I, visto a fundação estar abaixo 

da cota do leito (Tabela 3.3). 

 

Figura 4.11 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  *b , para cada caso do problema A. 

 

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53  

Na Figura 4.12, apresenta‐se a evolução da profundidade de erosão devida às variações de 

Y, que representa a distância entre o topo da fundação e a cota do leito. 

De  referir,  que  para  esta  variável  se  efectuaram  diferentes  variações  para  cada  com  o 

intuito de manter o caso de fundação em estudo, visto esse ser um dos pressupostos  inicias dos 

testes a ambos os problemas em análise (Tabela 4.3). 

 

 

Figura 4.12 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de Y , para cada caso do problema A. 

 

Quanto ao aumento do ângulo de ataque do escoamento em relação ao pilar, θ  denota‐se 

o mesmo  comportamento  para  todos  os  casos, mas  à  imagem  de  todas  as  outras  variáveis,  a 

profundidade de erosão é superior para o caso IV em relação ao caso I. 

 

 

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54  

 

Figura 4.13 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de θ , para cada caso do problema A. 

 

 

4.3.2 Problema B 

Apresenta‐se na Tabela 4.4 de uma forma resumida, os testes efectuados no problema em 

causa. 

Tabela 4.4 – Testes efectuados para o problema B. 

  Problema B 

Caso  I  II  III  IV 

  Variação  Fixo  Variação  Fixo  Variação  Fixo  Variação  Fixo 

d50  (mm)  [20;30]  20  [20;30] 20 [20;30] 20 [20;30]  20

V  (m/s)  [1,1;3,1]  4,34  [1,10;3,10] 4,34 [1,10;3,10] 4,34 [1,10;3,10]  4,34

y  (m)  [9,2;14,2]  9,2  [9,2;14,2] 9,2 [9,2;14,2] 9,2 [9,2;14,2]  9,2

b  (m)  [1,5;2,5]  1,5  [1,5;2,5] 1,5 [1,5;2,5] 1,5  

b*  (m)    [2,0;3,0] 2,0 [2,0;3,0] 2,0 [2,0;3,0]  2,0

Y  (m)  4,0  [0,0;0,5] 0,5 [‐5,0;‐6,9] ‐4,98  [‐9,5;‐14,5]  ‐11,0

Θ  (o)  [20;70]  20  [20;70] 20 [20;70] 20 [20;70]  20

 

À  imagem do problema A,  também se geraram gráficos que  representassem as variações 

respectivas a cada teste para cada variável de forma a identificar a influência que cada uma delas 

tem na profundidade de erosão.  

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55  

Os  gráficos  gerados  apresentam‐se  nos  mesmos  dois  grupos:  os  que  representam  a 

importância de cada variável na profundidade de erosão em cada um dos quatro casos e os que 

representam a evolução da profundidade de erosão para cada variável para os quatro casos em 

análise. 

Assim, passa‐se à análise do primeiro grupo de gráficos que representam a importância das 

diferentes variáveis em cada um dos quatro casos. 

No caso I (Figura 4.14), verifica‐se que o aumento da largura do pilar, leva a um aumento da 

profundidade de erosão. 

 

 

Figura 4.14 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso I do problema B. 

 

Já para o caso II (Figura 4.15), mantêm‐se as influências das variáveis verificadas no caso I, 

verificando‐se  somente  a  introdução  de  duas  novas  variáveis,  b*  e  Y, mas  que  não  implicam 

variações de grande importância na profundidade de erosão. 

 

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56  

 

Figura 4.15 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso II do problema B. 

 

 

Figura 4.16 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso III do problema B. 

 

No caso III (Figura 4.16) assiste‐se à substituição da variável mais influente no aumento da 

profundidade  de  erosão,  deixando  de  ser  a  largura  do  pilar,  b  e  passando  a  ser  a  largura  da 

fundação,  b*.  No  entanto  a  largura  do  pilar,  b  ainda mantém  um  efeito  pejorativo  bastante 

acentuado. 

De  salientar  que  a  aquando  da  diminuição  da  velocidade,  se  verifica  uma  grande 

diminuição da profundidade de erosão. 

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57  

Para  finalizar  a  análise  deste  grupo  inicial  de  gráficos,  analisa‐se  a  Figura  4.17,  onde  se 

apresenta o caso IV. Neste, denota‐se um aumento da profundidade de erosão para quase todas 

as variações nas variáveis, no entanto, mantêm‐se os comportamentos do caso anterior. 

 

Figura 4.17 – Evolução da profundidade de erosão para cada variável no caso IV do problema B. 

 

Como  continuação  da  análise  paramétrica,  passam  a  apresentar‐se  as  evoluções  da 

profundidade de erosão para cada variável para os quatro casos em análise. 

Da  análise  da  Figura  4.18,  onde  se  apresentam  as  variações  de  50d ,  interessa  realçar  a 

diferença dos valores da profundidade de erosão para os casos  I,  II e  III em comparação com o 

caso IV. Verifica‐se para os casos I e II uma profundidade de erosão 50% superior à profundidade 

de  erosão  para  o  caso  IV.  No  entanto,  tem  de  se  referir  a  não  influência  desta  variável  na 

profundidade de erosão, visto os valores da profundidade de erosão se manterem constantes ao 

longo da variação para cada caso. 

 

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58  

 

Figura 4.18 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  50d , para cada caso do 

problema B. 

 

Na Figura 4.19 evidencia‐se a  influência negativa que a velocidade de escoamento tem na 

profundidade de erosão para  todos os casos. Denota‐se  também um aumento de profundidade 

de erosão dos casos I, II e III para o caso IV, mantendo‐se no entanto, o comportamento entre os 

quatro diferentes casos, que  se deve ao  facto de  se atingir para  2,70V = m/s a velocidade de 

inicio de transporte sedimentar. 

Verifica‐se uma relação do dobro da profundidade de erosão para o caso IV em relação ao 

caso I, sendo que para o caso IV, a profundidade máxima de erosão atinge o valor de 7,45m, ou 

seja, 81% da altura de escoamento. 

 

Figura 4.19 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de V , para cada caso do problema B. 

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59  

 

Uma vez mais, como  se mostra na Figura 4.20, o aumento da altura de escoamento não 

influência a profundidade de erosão. Há no entanto que realçar, que para o caso IV tem‐se uma 

profundidade de erosão cerca de 2 vezes superior à dos casos I, II e III. 

 

 

Figura 4.20 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  y , para cada caso do problema B. 

 

Na Figura 4.21, identifica‐se de forma clara o efeito pejorativo que o aumento da largura do 

pilar, b  tem na profundidade de erosão para o caso  I. Esse efeito pejorativo vai diminuindo ao 

longo da evolução dos casos e para o caso IV nem se apresenta como variável passível de teste, 

visto o pilar estar completamente acima da cota da superfície de escoamento. 

 

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60  

 

Figura 4.21 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação deb , para cada caso do problema B. 

 

Na Figura 4.22, a largura da fundação assume a mesma importância que a largura do pilar 

no que  respeita ao efeito negativo na profundidade de erosão,  sendo que não  tem  significado 

variar o seu valor para o caso I, visto a fundação estará abaixo da cota do fundo e no caso II e III, 

dividir o protagonismo com a  largura do pilar (Tabela 3.3). Mas como  já dito atrás, esta variável 

ganha  relevância  no  caso  IV  onde  gera  uma  profundidade  máxima  de  erosão  de 

aproximadamente 10 m, quando a altura de escoamento é de 9,2 m. 

 

 

Figura 4.22 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação de  *b  para cada caso do problema B. 

 

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61  

Ao  contrário do problema A, o  aumento do  ângulo de  ataque  de  escoamento, não  tem 

neste problema e em qualquer dos casos influência na profundidade de erosão (Figura 4.23). Isto 

deve‐se ao facto de o pilar ser circular. 

 

Figura 4.23 – Evolução da profundidade de erosão devida à variação deθ , para cada caso do problema B. 

 

4.4 Considerações Finais 

Para o problema A, foca‐se a influência que a velocidade de escoamento tem no aumento da 

profundidade de erosão, assim como a sua evolução ao longo do intervalo de variação da mesma. 

Referem‐se  também  os  pequenos  benefícios  que  as  variações  da  altura  de  escoamento  e 

diâmetro mediano dos sedimentos têm na redução da profundidade de erosão. 

Assim, para valores altos de velocidades e de ângulos de ataque de escoamento, obtêm‐se 

maiores profundidades de erosão. 

De  referir  também que, aumentos da  largura do pilar, aumentos na  largura da  fundação e 

variações de Y, não revelam variações significativas na profundidade de erosão. 

O valor máximo da profundidade de erosão obtido nos testes é três vezes superior à altura 

de escoamento, o que reflecte a importância da erosão localizada em pilares de pontes. 

Já para o problema B, tratando‐se de um problema que reflecte características iniciais como 

a altura e a velocidade de escoamento entre outras distintas do problema A, reflectindo também 

conclusões distintas. 

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62  

Dá‐se  importância  às  influências negativas que os  aumentos da  largura do pilar,  e da  sua 

fundação têm no aumento da profundidade de erosão. 

Realça‐se  o  facto  do  ângulo  de  ataque  do  escoamento  não  induzir  variações  nas 

profundidades  de  erosão  devido  à  forma  cilíndrica  do  pilar,  revelando‐se  como  uma  possível 

solução a ter em conta na prevenção da erosão. 

Há que sublinhar de novo o valor da máxima profundidade de erosão obtida ao  longo dos 

testes neste problema B, visto  ter‐se obtido 9,87 m que neste caso até  se encontra na mesma 

grandeza de valor da profundidade de escoamento (9,21 m). 

 

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63  

5 SOLUÇÕES DE PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO 

 

5.1 Generalidades 

A primeira medida preventiva do fenómeno da erosão, passa pela correcta decisão do local de 

intercepção  da  ponte  com  o  curso  de  água,  designada  na  literatura  em  língua  inglesa  por 

“crossing  site”.  Na  selecção  deste,  deve  ter‐se  presente  que  as  características  geológicas, 

geomorfologicas  e  hidráulicas  estão  em  constante  alteração,  e  muitas  vezes  com  grandes 

impactos em curtos espaços de tempo.  

A  instabilidade do curso de água verifica‐se numa primeira abordagem através de vestígios 

existentes como degradações, movimentos  laterais, erosões nas margens ou alterações recentes 

efectuadas pelo homem nas proximidades.  

Também  se  verifica  que  a  decisão  da  localização  da  ponte  influencia  directamente  o 

comprimento desta, e assim, a quantidade, a forma e a colocação dos seus apoios, que poderão 

estar mais ou menos sujeitos à erosão. 

A  presença  de  curvas  no  curso  de  água  é  muito  influente  na  erosão,  pelo  que  devem 

encontrar‐se  soluções  que  evitem  a  construção  próximo  destas.  As  curvas  deflectem  o 

escoamento que fica muitas vezes a  incidir  isoladamente num ou noutro apoio, fazendo deste o 

elo mais  fraco  de  todo  o  conjunto  de  suporte  da  ponte.  Devem  também,  evitar‐se  terrenos 

aluvionares com declives exagerados e sem estabilidade, visto serem mais susceptíveis à erosão.  

A  segunda medida preventiva assenta na concepção  rigorosa das pontes a construir e  seus 

elementos  de  apoio,  com  particular  preocupação  nas  fundações.  Já  na  construção  e  na 

reabilitação  das  pontes,  devem‐se  prever  possíveis  problemas  de  erosão  causados  pelas 

estruturas necessárias à execução dos trabalhos. 

Ter‐se‐á ainda que considerar, a  inspecção de pontes como meio principal de acção, visto 

esta ser tão importante para cada ponte individual como para todo o conjunto das mesmas. Isto 

é, cada inspecção faculta às entidades responsáveis informações que posteriormente introduzidas 

em bases de dados,  certamente amplificam o  conhecimento em  relação a este  fenómeno e às 

formas de o prevenir e solucionar.  

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64  

Em Portugal, a EP Estradas de Portugal, SA, entidade responsável pelas pontes tem como 

base de dados o  sistema SGOA  (Sistema de Gestão de Obras de Arte) que  resulta da queda da 

Ponte Hintze Ribeiro e que faz uma gestão integrada das aproximadamente seis mil obras de arte 

existentes no país. 

Importa  referir que as  inspecções a pontes com problemas de erosão devem  ser  feitas por 

equipas  constituídas por  engenheiros de diferentes  áreas,  como  a hidráulica,  a  geotecnia  e  as 

estruturas, pois  só a  interdisciplinaridade destes  intervenientes garante uma boa  interpretação 

deste fenómeno e sua possível intervenção. 

Resumidamente, pretende‐se que haja por parte dos responsáveis e intervenientes em todas 

as etapas, desde a ideia de construir até à manutenção da mesma no dia‐a‐dia, uma abordagem 

defensiva e responsável baseada em conhecimento, investigação e sobretudo em bom senso.  

Assim, no contexto da reabilitação, há que referir que em poucas ocasiões se terá apenas de 

realizar uma protecção isolada aos pilares sem qualquer intervenção no leito. Isto porque, quando 

se  constatam  cavidades  de  erosão  e  fundações  à  vista  na  inspecção  aos  pilares,  verificam‐se 

também alterações no  leito  junto do pilar. Assim,  ter‐se‐á de  ter sempre presente uma solução 

protectora do pilar  e  correctiva  a nível do  leito, de  forma  a prevenir  e  solucionar o problema 

eficazmente.  

Podem  distinguir‐se  diferentes  grupos  de  medidas  de  intervenção,  as  hidráulicas,  as 

estruturais  e  o  acompanhamento  pós  construção/intervenção,  sendo  que  em  cada  um  destes 

grupos  se  pode  fazer  uma  subdivisão.  Assim,  dentro  do  grupo  das  intervenções  hidráulicas 

encontram‐se  subgrupos  como as alterações no escoamento e o  reforço do  leito designado na 

literatura  em  língua  inglesa  por  “bed  armouring”;  dentro  do  grupo  das  alterações  estruturais 

encontra‐se a modificação da geometria dos pilares e o reforço das fundações e  já no grupo da 

monitorização pós construção/intervenção podem definir‐se subgrupos das diferentes formas de 

monitorizar as pontes. 

Existem muitas soluções na bibliografia que ainda requerem investigação, análise e acima de 

tudo mente  aberta  e  ideias  inovadoras. Destas  soluções  em  estudo  destacam‐se  os  roços  nos 

pilares, os colectores de detritos (Figura 5.1), as diferentes formas dos blocos artificiais de betão e 

os diferentes tipos de filtros (ver subcapítulo 5.5). 

 

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65  

 

Figura 5.1 ‐ Colector de detritos (Melville e Coleman 2000). 

 

 

5.2 Tapetes de Enrocamento  

A  solução de  tapetes de enrocamento é  certamente a mais utilizada a nível mundial para 

contrariar os efeitos erosivos, devido ao  seu  fácil dimensionamento, execução e  custo  relativo. 

Consiste numa camada de rochas, largadas ou colocadas à mão junto dos pilares. Pode reportar‐

se a utilização de tapetes de enrocamento em mais de 6000 casos de erosão nos Estados Unidos 

da América (Melville e Coleman, 2000). 

O princípio básico da utilização de  tapetes de enrocamento  como  solução de protecção  à 

erosão está na  ideologia que as  rochas pertencentes ao  tapete de enrocamento  são bem mais 

pesadas do que os grãos presentes no  leito, resistindo assim aos esforços de corte que ocorrem 

junto aos pilares.  

Antes  de  1929,  eram  comuns  duas  ideias:  a  primeira  era  que  a  zona mais  problemática 

devido à erosão seria  imediatamente a  jusante do pilar;  já a segunda  ideia, era a colocação do 

tapete  de  enrocamento  até  uma  cota  que  fosse  superior  ao  nível mais  baixo  de  água. Nessa 

altura,  Engels  contrariou  ambas  as  ideias,  afirmando  que  a  zona  mais  problemática  era 

imediatamente a montante do pilar e que o tapete de enrocamento deveria estar sensivelmente 

ao nível do fundo e deveria também estar parcialmente mesclado com este. 

Page 86: Repositório Institucional da Universidade de Aveiro: Home · 2012. 5. 17. · 1.3 Objectivos e Estrutura da Tese ... Tabela 4.2 – Características iniciais do leito, do pilar e

66  

Lauchlan  e  Melville  (2001)  dizem  que,  em  escoamentos  com  transporte  sedimentar,  a 

destabilização  dos  tapetes  de  enrocamento  depende  em  primeira  instância  da  evolução  e 

progressão  das  configurações  de  fundo.  Concluem  também  que  após  a  progressão  das 

configurações de fundo, os blocos que se encontram misturados com o solo e que são a base do 

tapete  de  enrocamento,  se  mantêm  capazes  de  desempenhar  as  suas  funções  de  projecto. 

Quanto maior for o tamanho dos blocos, maior será a altura do tapete de enrocamento para uma 

determinada  intensidade de  escoamento, devendo para  isso  fazer‐se um dimensionamento do 

lado da segurança relativamente à intensidade de escoamento.  

Chiew (2004) diz que deverá efectuar‐se uma inspecção e manutenção periódicas. Se existir 

um amontoamento dos blocos dos tapetes de enrocamento  junto dos pilares, estes deverão ser 

recolocados na sua posição inicial, pois desta forma poderão não resistir novamente ao caudal de 

projecto. 

Qualquer dimensionamento de  tapetes de enrocamento deve  ter em atenção as possíveis 

formas de rotura dos mesmos, das quais se destacam, erosão das partículas, erosão do material 

da base, e rotura total.  

A não erosão das partículas está normalmente garantida aquando do dimensionamento do 

diâmetro médio  do  enrocamento, mas  tem  de  se  ter  em  atenção  que  esta  forma  de  rotura 

depende também da  inclinação do enrocamento, possível  impacto e abrasão, presença de gelo, 

ondas ou até mesmo vandalismo (quando o nível de água baixa em épocas quentes do ano pode 

de alguma forma deixar o tapete de enrocamento a descoberto).  

No que  respeita à erosão dos materiais na base do enrocamento, há que prever e evitar a 

erosão dos grãos mais finos que migram através dos vazios presentes no enrocamento, causando 

a quebra do enrocamento como um todo.  

Já a rotura total do tapete de enrocamento, acontece quando uma grande porção do tapete, 

seja da base ou dum dos lados, desliza ou afunda devido às forças de gravidade. Este último tipo 

de  rotura,  pode  acontecer  se  os  materiais  que  compõem  o  tapete  de  enrocamento  forem 

demasiado porosos, permitindo maiores áreas onde possam actuar as forças de pressão da água, 

tapetes muito  inclinados,  ou  perda  da  base  do  tapete.  De  ter  também  em  atenção  os  filtros 

colocados  na  base,  pois  sendo  demasiado  finos,  podem  tornar‐se  impermeáveis  e 

consequentemente provocar um crescendo de pressões de água no subsolo. 

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67  

Um  tapete de enrocamento  constituído por uma grande variedade de  tamanhos de  rocha 

garante melhores comportamentos que um  tapete de enrocamento uniforme, pois a variedade 

de tamanhos garante um maior travamento das rochas.  

Deverá por  isso, na altura da construção, assegurar‐se que os maiores  tamanhos de  rocha 

estão  uniformemente  distribuídos  por  todo  o  tapete  de  enrocamento  e  que  não  se  crie  uma 

camada de maiores rochas na base e menores rochas no topo, pois nesse caso perder‐se‐á toda a 

influencia que este  tipo de  tapete de enrocamento pode  ter. A criação de uma  superfície mais 

regular no  topo em detrimento de uma  face  irregular  irá  também  aumentar  a estabilidade do 

tapete de enrocamento (Richardson e Davis 2001). 

A  ter em  conta  também que um  tapete de enrocamento que  seja  largo, que  responde às 

forças hidráulicas, poderá romper caso se verifiquem migrações do escoamento no canal fazendo 

com  que  se  verifique  uma  escavação  da  base  do  enrocamento  ou  que  se  gere  erosão  por 

contracção.  

Os  tapetes  de  enrocamento  junto  de  pilares  podem  tornar‐se  ineficazes  se  existirem 

migrações de partículas do subsolo para fora do tapete através dos vazios do mesmo fazendo com 

que haja um assentamento parcial ou total do mesmo. 

Assim,  é  necessário  proceder  a  uma  análise  segura  e  assente  no  bom  senso  e  no 

conhecimento muito fundamentado neste campo, como em Richardson e Davis (2001), Melville e 

Coleman (2000), Cardoso et al. (2004) entre outros. 

 

5.2.1 dimensionamento 

Importa referir que existem três tipos diferentes de soluções de tapetes de enrocamento a 

serem ponderadas: 

i) com escavação antecedente do fundo, assente em filtro (Figura 5.3); 

ii) sem escavação antecedente do fundo, assente em filtro (Figura 5.4); 

iii) sem escavação antecedente do fundo,  sem aplicação de filtro; 

O  dimensionamento  dos  tapetes  de  enrocamento  requer,  como  o  próprio  fenómeno  da 

erosão, uma análise que abarque a hidráulica e a geotecnia.  

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68  

Existem  diferentes  apresentações  das  mesmas  fórmulas  para  a  obtenção  da  dimensão 

apropriada  dos  blocos  de  enrocamento.  Nos  Estados  Unidos  da  América,  de  acordo  com 

Richardson e Davis (2001) deve‐se utilizar a expressão de Isbash (eq. 5.1): 

( )2

500,692( )

1 2s

KVdS g

=−

            5.1 

em que,  50d é o diâmetro médio dos blocos,  sS a densidade dos mesmos, V a velocidade média 

de escoamento de aproximação (obtida pela multiplicação da velocidade do escoamento por um 

valor de 0,9 caso o pilar se situe junto à margem ou por 1,7 caso esteja perto do meio do canal de 

escoamento),  g a  aceleração  gravítica  e  K   um  parâmetro  de  forma  do  pilar  (sendo  1,5  para 

pilares  com  a  face  de montante  arredondada  ou  1,7  para  faces  rectangulares).  Dizem  estes 

autores que o diâmetro máximo dos blocos não deve ser superior a  502d  e a espessura mínima 

de escavação caso seja necessário, não deverá ser inferior a  503d . 

Segundo  Cardoso  et  al.  (2004),  para  velocidades médias  do  escoamento  de  aproximação 

inferiores a 5 m/s, sugerem‐se equações alternativas: 

• Equação de Breusers e Raudkivi de 1991: 

( )

350

1,50, 278

1rd F

y s=

−            5.2 

Na equação 5.2, o número de Froude,  rF  é definido com base na velocidade crítica de início 

de movimento junto ao pilar,  cV  dada por  2cV V= , e  y  é a profundidade média do escoamento. 

• Equação de Bonasoundas de 1973: 

250 6 3,3 4d V V= − +             5.3 

Nesta equação,  50d é expresso em  cm,  sendo a velocidade de escoamento, V expressa em 

m/s. 

• Equação de Quazi e Peterson 1973: 

( )

2,550

1,250,85

1rd F

y s=

−            5.4 

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69  

Nesta equação, o número de Froude,  rF  é definido com base na velocidade de escoamento 

de aproximação, V , diferindo assim da equação 5.2. 

Após  a  obtenção  do  diâmetro  médio  dos  blocos,  interessa  também  conhecer  a  curva 

granulométrica, a espessura dos tapetes e a respectiva configuração em planta e em corte. 

Atendendo  a  Cardoso  et  al.  (2004),  a  curva  granulométrica  deve  respeitar  as  seguintes 

condições: 100% mais finos que  501,5d ; 80% mais finos que  501, 25d ; 50% mais finos que  50d  e 

20% mais finos que  500,6d . De outra forma, pode adoptar‐se o critério de Taylor segundo o qual 

o bloco máximo e o bloco mínimo deverão pesar, respectivamente o quádruplo e um quarto do 

bloco  mediano.  Essas  relações  de  peso  correspondem  às  seguintes  relações  de  dimensão, 

100 50 1,58d d ≈  e  0 50 0,63d d ≈ . 

 

 

Figura 5.2 ‐ Planta tipo de um tapete de enrocamento sobre um filtro de geotêxtil (adaptada de Cardoso et al., 2004). 

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70  

A planta tipo dos tapetes de enrocamento colocados juntos dos pilares rectangulares é a que 

se  apresenta  na  Figura  5.2  em  que  θ  é  o  ângulo  de  ataque,  1B   e  1h   definem  a  extensão  do 

enrocamento e  2B  e  2h  a extensão de um possível filtro de geotêxtil. Estes valores encontram‐se 

definidos  na  Tabela  5.1  em  função  da menor  dimensão  D   dos  pilares  para  os  três  tipos  de 

tapetes possíveis. De notar que se considera  cos 1θ = para qualquer  15oθ < . 

A dimensão  D  apresentada representa o diâmetro de um pilar circular e é equivalente a  b  

quando o pilar se apresenta sob outras formas. 

 

Tabela 5.1 – Dimensões de um tapete de enrocamento em torno de um pilar rectangular e do correspondente filtro geotêxtil (adaptada de Cardoso et al., 2004). 

Solução  1B   2B   1h   2h  

Em escavação, com filtro  4 / cosD θ   3 / cosD θ   1,5 / cosD θ   / cosD θ  

Sem escavação, com filtro  5 / cosD θ   3 / cosD θ   1,5 / cosD θ   / cosD θ  

Sem escavação, sem filtro  3 / cosD θ   ‐  2 / cosD θ   ‐ 

 

Já  na  Figura  5.3,  apresenta‐se  o  corte  tipo  de  um  tapete  de  enrocamento  colocado  em 

escavação.  De  uma  forma  geral,  a  profundidade  mínima  de  escavação,  coincidente  com  a 

espessura  do  tapete  de  enrocamento,  é  de  502d d= .  No  entanto,  se  forem  expectáveis,  na 

secção  transversal do escoamento correspondente à dos pilares, cavidades de erosão devidas à 

contracção  da  secção  de  escoamento  ou  à  proximidade  de  uma  curva  do  curso  de  água,  a 

profundidade  de  escavação  e  a  espessura  do  tapete  não  devem  ser  inferiores  à  profundidade 

máxima esperada para essas cavidades.  

 

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71  

 

Figura 5.3 ‐ Corte tipo de um tapete de enrocamento em escavação e sobre um filtro de geotêxtil (adaptada de Cardoso et al., 2004). 

 

A  Figura  5.4  apresenta um  tapete de  enrocamento  sem  escavação,  sobre o  fundo do  rio. 

Neste caso,  independentemente da existência de  filtro, a espessura do  tapete de enrocamento 

deve obedecer à condição  503d d> . Importa referir que esta solução implica o alisamento prévio 

do leito do fundo, preenchendo as cavidades com enrocamento fino.  

 

 

Figura 5.4 ‐ Corte tipo de um tapete de enrocamento sem escavação e assente em filtro geotêxtil (adaptada de Cardoso et al., 2004). 

 

Esta solução não pode ser aplicada quando sejam possíveis erosões localizadas decorrentes, 

directamente, da existência de curvas ou da ocorrência da contracção da secção do escoamento. 

Também  se  torna  inaplicável  sempre que  a  espessura mínima do  tapete de  enrocamento  seja 

superior a 25% da altura de escoamento para o caudal de projecto. 

A não colocação de filtro só é admissível quando o material de fundo não é susceptível de ser 

sifonado através dos vazios do enrocamento, ou seja, quando o fundo é constituído por seixo. No 

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72  

caso de presença de materiais finos, dispensa‐se a colocação de filtro caso a espessura da camada 

de protecção respeite a condição da equação 5.5. 

2

85

15

( _ )6( )

Vd d material fundogd enrocamento

≥         5.5 

 

 

5.3 Tapetes de Colchões Reno 

Os tapetes de colchões Reno têm vindo a ser usados para protecção da erosão localizada em 

pilares de pontes nos Estados Unidos de América onde  se  reportam 567 utilizações  (Melville e 

Coleman, 2000). Em 1984, Simons encontrou, com outros colegas investigadores, que a tensão de 

Shields necessária para mover um bloco colocado dentro de um colchão de Reno era superior ao 

dobro da necessária para o mover fora do mesmo colchão.  

O  colchão Reno  é  uma  estrutura  paralelepipédica  fabricada  com  rede metálica  em malha 

hexagonal de dupla  torção  tipo 6x8 composta por duas peças, a  tampa e a base  (Figura 5.5). A 

base é constituída por um único pano de tela que forma o fundo, as  laterais e os diafragmas, o 

que confere aos colchões Reno uma maior resistência às operações de enchimento e aos esforços 

solicitados. Estes colchões são uniformemente divididos em células através de diafragmas duplos 

internos. São preenchidos por pedras de diâmetro médio a determinar consoante a  função que 

terá de desempenhar. Em Portugal o seu dimensionamento deve respeitar a norma EN 10223‐3 

(www.maccaferri.com, 2008). 

A utilização desta solução tem efeitos eficazes na presença de rios com fundo constituído por 

material fino, até granulometrias típicas da areia, pois para granulometrias superiores o efeito da 

abrasão  é  potencialmente  elevado  a  facilmente  provocaria  a  rotura  dos  respectivos  cestos 

metálicos.  Pela mesma  razão  também  não  são  aplicáveis  quando  o  curso  de  água  transporta 

grandes  quantidades  de material  sólido  por  arrastamento,  independentemente  da  respectiva 

granulometria. 

A  esta  solução  está  associado  na  sua  função  um  grau  de  incerteza  superior 

comparativamente à utilização de tapetes de enrocamento. 

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73  

 

 

Figura 5.5 – Colchões Reno (adaptada de www.maccaferri.com, 2008). 

 

Normalmente os  tapetes de  colchões Reno  são aplicados  sobre  filtros de geotêxtil  sem  se 

proceder  à  escavação  prévia  do  fundo.  Assim,  esta  solução  implica  o  alisamento  do  fundo, 

preenchendo cavidades com cascalho ou enrocamento fino. Sendo que, por vezes, o filtro é fixado 

no fundo dos colchões antes do respectivo enchimento com blocos. 

 

5.3.1 dimensionamento 

O dimensionamento destes  colchões  reparte‐se em quatro partes:  a definição do  volume, 

altura dos colchões, dimensão dos blocos a introduzir no respectivo interior e a configuração dos 

mesmos. Assim, o volume mínimo de cada colchão de acordo com Cardoso et al. (2004) é dado 

por: 

( )

6 6

3 30,069

1V K

s g∀ =

−          5.6 

em que as variáveis têm o significado já explicado em 5.2.1.  

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74  

A altura dos colchões deve ser a mais pequena possível, para não obstruir o escoamento mas 

nunca  deverá  ser  inferior  a  0,15 m.  O  diâmetro  dos  blocos  é  normalmente  determinado  em 

função  da  velocidade  do  escoamento  de  aproximação  através  de  fórmulas  e  tabelas  dos 

fornecedores.  

Devido ao aumento  local das  tensões por arrastamento no  fundo, a velocidade de  cálculo 

deverá ser dupla da velocidade média do escoamento de aproximação.  

A menor dimensão dos blocos deverá ser sempre 25% maior do que a abertura da rede e a 

maior dimensão não deverá ser superior a 2/3 da altura dos colchões. 

De acordo com Cardoso et al. (2004), a cobertura dos tapetes de colchões Reno em torno dos 

pilares  é  tal  que  a  distância mínima  da  respectiva  extremidade  a  qualquer  face  do  pilar  é  de 

2 / cosD θ .  Assim,  a  menor  dimensão  dos  tapetes  é  de  5 / cosD θ ,  considerando  por 

aproximação, tal como em 5.2.1, cos 1θ = para qualquer  15oθ < .  

 

 

5.4 Tapetes de Blocos Artificiais ligados por Cabos  

Apresenta‐se esta solução como uma alternativa ao enrocamento ou aos tapetes de colchões 

Reno. No entanto, em alguns casos poderá ponderar‐se a sua utilização em combinação com as 

soluções já apresentadas, desde que haja necessidade disso (Figura 5.6). 

Nos Estados Unidos da América, esta solução tem só seis aplicações conhecidas, não tendo 

por  isso  sido  posta  em  prática  com  regularidade  (Richardson  e  Davis,  2001).  Apesar  de  em 

laboratório se conseguirem obter resultados positivos, a sua aplicação em campo requer algumas 

condições ainda não bem delineadas. 

Apresentam‐se em Cardoso et al.  (2004) os tapetes com blocos de betão  ligados por cabos 

como  solução  contínua  de  protecção.  A  sua  flexibilidade  é  notável  e  assim,  suportam 

deformações do fundo aluvionar. Os blocos são de betão e têm forma paralelepipédica, podendo 

também optar‐se por uma forma distinta (Richardson e Davis, 2001). 

 

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Figur

 

T

não  s

seixo

desta

J

ligaçã

tapet

aço 

dispe

resist

D

as lig

para 

da re

 

 

ra 5.6 ‐ Bloco

Têm aplicaçã

sendo  aprop

s ou de gran

a solução.  

Junto dos pi

ão  entre  blo

tes, mas ao 

inoxidável  c

endiosos,  po

tentes aos ra

Deve evitar‐

gações entre 

isso, há que

de é comum

os ligado por

ão em  leitos

priados  para

nulometria su

ilares das po

ocos  devem

mesmo tem

cumprem  be

odendo  por 

aios ultraviol

se o escoam

os blocos. A

e inspecciona

m, sendo mai

r cabos assoc

s aluvionare

a  protecção 

uperior. A fo

ontes os am

  ser  suficien

po, deverão

em  as  espe

isso  ser  sub

etas. 

mento na bas

A erosão ent

ar o tapete a

s um motivo

 

ciados a outr2001).

s constituído

de  pilares  e

orma comple

mbientes  são

ntemente  fl

 resistir a es

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bstituídos  po

e do tapete,

tre os blocos

aquando de 

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ras soluções

os por mate

em  fundos  c

exa de pilare

 muito abra

exíveis  para

stes ambient

necessárias, 

or  cordas  de

 causando p

s também de

cheias e apó

cções freque

(adaptada d

eriais  finos  (

com materia

s não permit

asivos. Desta

a  permitirem

tes abrasivos

no  entant

e  nylon,  des

pressões de e

ever ser evit

ós as mesma

ntes (Richard

e Richardson

normalment

al  grosseiro 

te uma boa a

a  forma, os 

m  a  deforma

s. Assim, os 

o  podem  r

sde  que  est

elevação e ro

tada a todo o

as. A perda d

dson e Davis

75 

 

n e Davis 

te areias) 

como  os 

aplicação 

cabos de 

ação  dos 

cabos de 

evelar‐se 

as  sejam 

ompendo 

o custo e 

de blocos 

s, 2001). 

Page 96: Repositório Institucional da Universidade de Aveiro: Home · 2012. 5. 17. · 1.3 Objectivos e Estrutura da Tese ... Tabela 4.2 – Características iniciais do leito, do pilar e

76  

 

Figura 5.7 ‐ Tapetes de blocos ligados por cabos (Richardson e Davis, 2001). 

 

5.4.1 dimensionamento 

Deverão ter‐se em consideração duas características: o peso por unidade de área e a altura 

dos blocos. Quanto ao peso por unidade de área, é dado por: 

( )2

0, 201

ba

ba

VGsρ

=−

          5.7 

em que,  baρ  é a massa volúmica do material dos blocos,  bas  a correspondente densidade e V  a 

velocidade média do escoamento. O cálculo da altura dos blocos é dado por: 

( )1baba v

GHg iρ

=−

          5.8 

em que, a altura dos blocos, baH  depende de G  e do índice de vazios,  vi  . 

De notar que a  flexibilidade dos tapetes deve ser garantida através da análise do  índice de 

vazios, ou seja, espaçamento entre blocos. 

A Figura 5.8 representa uma planta tipo de um tapete de blocos ligados por cabos e como é 

de fácil percepção, tem uma largura de  4 / cosD θ  e um comprimento de  ( )3 / cosL D θ+ .  

O  filtro  de  geotêxtil  a  instalar  deverá  ter  a  largura  de  3 / cosD θ   e  o  comprimento  de 

( )2 / cosL D θ+ . Também aqui se admite  cos 1θ = para qualquer  15oθ < .   

De forma geral, a instalação de tapetes de blocos ligados por cabos não implica a escavação 

do  fundo,  sendo por  isso  colocado directamente  sobre o  filtro de  geotêxtil  e este por  sua  vez 

sobre o fundo, que deverá ser alisado e as cavidades existentes preenchidas. 

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77  

Mas  se,  0,25baH y> ,  deve‐se  efectuar  uma  escavação  do  fundo  para  que  a  espessura 

saliente do tapete não exceda os 0,25y. 

 

 

Figura 5.8 ‐ Planta tipo de um tapete de blocos artificiais ligados por cabos assente em filtro de geotêxtil (adaptada de Cardoso et al., 2004). 

 

 

5.5 Filtros  

Cardoso et al.  (2004) dizem que, durante as cheias em rios aluvionares caracterizados pela 

existência de transporte sólido, a aspiração de sedimentos através dos interstícios dos blocos dos 

tapetes pode conduzir à respectiva destruição. Para fazer frente a este problema, devem colocar‐

se filtros sob os tais tapetes. Os filtros podem ser granulares ou de geotêxtil.  

 

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78  

5.5.1 dimensionamento 

i) Filtros de Geotêxtil 

Quando  os  fundos  aluvionares  são  constituídos  por  areia,  deve‐se  optar  por  este  tipo  de 

filtro,  pois,  promovem  o  comportamento  do  conjunto  dos  tapetes  aumentando  a  respectiva 

estabilidade. Estes devem respeitar as seguintes condições (Cardoso et al., 2004): 

• Com excepção dos tapetes de ensacados de argamassa, a área coberta pelos filtros deve 

ser  inferior  à  dos  tapetes.  A  distância  ao  limite  dos  tapetes  deve  ser  da  ordem  de 

/ cosD θ   para  tapetes  de  enrocamento  ou  de  colchões  Reno  e  da  ordem  de 

0,5 / cosD θ  para tapetes de ensacados de blocos artificiais ligados por cabos.  

• Devem  ser  suficientemente  permeáveis  para  que  não  se  instalem  sub‐pressões 

susceptíveis de originar o levantamento dos filtros e dos tapetes, durante as cheias. 

• Devem  ser  fechados  para  que  não  possam  ser  atravessados  por  uma  percentagem 

significativa  de  partículas  finas  do material  do  fundo. Muitas  vezes,  isto  só  é  possível 

colocando um filtro granular sob o filtro geotêxtil. 

• Devem ser suficientemente resistentes para poderem ser cosidos ou pregados aos pilares 

sem  se  romperem,  uma  vez  que  os  pequenos  orifícios  podem  dar  origem  a  infra‐

escavações significativas. 

• Devem ter durabilidades da ordem de 100 anos nas condições iniciais de instalação. 

• Devem ser resistentes à acção dos raios ultravioleta. 

• Em  troços  sujeitos  a  erosão  e  deposição  alternadas  e  generalizadas,  tanto  o  geotêxtil 

como  o  tapete  que  se  lhe  sobrepõe,  devem  ser  colocados  ao  nível mínimo  do  fundo 

correspondente à fase de erosão generalizada. 

Os filtros de geotêxtil não devem ser utilizados em rios com fundo de seixo devido à natureza 

abrasiva dos seixos.  Instalam‐se normalmente em períodos de estiagem e devem ser fornecidos 

com  duas mangas:  uma  no  perímetro  interior,  a  colocar  junto  ao  pilar  e  outra  no  perímetro 

exterior.  Esta  última manga  deverá  conter  um  cabo  ligado  a  vários  ganchos  que  servem  para 

estender o filtro e fixá‐lo ao fundo. 

Na manga  interior é colocado um tubo flexível, durável, no  interior do qual se manipula um 

cabo com os mesmos requisitos. O cabo é esticado e agrafado ao perímetro do pilar de forma a 

eliminar quaisquer aberturas através dos quais os sedimentos dos fundos possam ser aspirados. 

Quando não se consegue na totalidade este objectivo, devem colocar‐se filtros granulares. 

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79  

ii) Filtros Granulares 

Este tipo de filtros é utilizável quando os filtros de geotêxtil não o são, pelo que geralmente, 

podem aplicar‐se na presença de leitos compostos por seixos. Caso não se consiga utilizar o filtro 

geotêxtil, o filtro granular pode também ser aplicado em  leitos de areia, não sendo no entanto, 

completamente  favorável. Não é permitida a sua utilização em conjunto com  tapetes de blocos 

artificiais ligados por cabos. A utilização destes filtros associados a ensacados de argamassa deve 

ser muito bem analisada em relação à uniformidade das dimensões dos blocos do tapete. 

Estes filtros são de complexa construção, podem sofrer grandes deformações e ser total ou 

parcialmente destruídos em fundos em que ocorra formação de dunas. 

Os filtros granulares ao serem dimensionados devem ter em conta as seguintes relações: 

50

50

( ) 40( )d filtro

d materialfundo<           5.9 

 

15

50

( )5 40( )d filtro

d materialfundo< <           5.10 

 

15

85

( ) 40( )d filtro

d materialfundo<           5.11 

 

Caso os  blocos  dos  tapetes  de  protecção  respeitem  as  condições  anteriores,  deixa  de  ser 

necessária  a utilização de  filtros.  Sendo normal,  a  título de  exemplo,  aquando da presença de 

leitos de seixos. 

Ao  contrário dos  filtros de geotêxtil, estes  filtros devem  ser aplicados  sobre  toda a área a 

proteger com enrocamento, colchões Reno ou ensacados de argamassa. 

 

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80  

5.6 Ensacados de Argamassa  

Os  tapetes  de  ensacados  de  argamassa  são  constituídos  por  blocos  soltos  de  argamassa 

moldados  em  sacos  de  sisal  ou  de materiais  plásticos.  É  uma  solução  económica, mas  a  sua 

obtenção  apresenta  como  ponto  fraco  a  pouca  angulosidade  dos  blocos. Assim  os  tapetes  de 

ensacados de argamassa são menos estáveis que os blocos descritos anteriormente. É portanto, 

uma solução de recurso que só deve ser utilizada em situações em que nenhuma outra solução 

seja praticável (Cardoso et al., 2004). 

Esta solução só deve ser utilizada em fundos de material relativamente fino, assim, os blocos 

tendem  a  ficar  totalmente  apoiados  no  fundo  e  diminui  a  probabilidade  de  se  partirem. 

Ensacados  de  grandes  dimensões  (maior  lado  superior  a  4,6 m)  devem  ser  evitados,  a  fim  de 

poderem acompanhar os assentamentos sem partirem e não criarem cavidades entre o leito e os 

mesmos (Richardson e Davis, 2001). Ensacados de pequenas dimensões (qualquer lado inferior a 

1,5 m) tendem a assentar de forma cómoda junto do leito. 

É preferível colocar um único estrado de blocos ao  invés de um amontoado. Em caso de se 

efectuar um amontoado, deve  ter‐se o cuidado de proteger as zonas de  ligação entre estrados. 

Deverá colocar‐se um filtro na base dos blocos (Richardson e Davis, 2001). 

Se possível, os sacos devem ser enterrados até ao topo dos mesmos ficar no estrato superior 

do  leito. Não  devem  ser  atados  em  conjunto  por  cabos metálicos  ou  outros  quaisquer meios. 

Deve  deixar‐se  cada  ensacado  atingir  a  sua  posição  de  equilíbrio,  não  forçando  a  sua  posição 

(Richardson e Davis, 2001). No entanto, os ensacados devem estar o mais junto possível, de forma 

a  evitar  entradas  de  escoamento  entre  eles  que  os  destabilizem  do  seu  comportamento 

homogéneo. 

Os tapetes de ensacados de argamassa deverão cobrir o leito à volta do pilar numa distância 

que seja 3/2 da largura do pilar mas numa largura mínima de 1,8m. 

Se  existir  uma  previsão  de  erosão  localizada  junto  dos  ensacados,  deve  ser  aplicada  uma 

parede deflectora de caudal de forma a proteger os ensacados de se movimentarem.  

Poderá,  como  se mostra  na  Figura  5.10,  utilizar‐se  esta  solução  em  combinação  com  um 

grout e estacas (Richardson e Davis, 2001). 

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81  

Deverá  efectuar‐se  uma  pequena  escavação  e  caso  existam  cavidades,  devem  ser 

preenchidas de forma a criar um apoio plano a cada ensacado (Richardson e Davis, 2001). 

 

5.6.1 dimensionamento 

Devem ser tidas em atenção as especificações do fabricante, pois estas diferem muito entre 

cada um. Richardson e Davis  (2001) apresentam as especificações a  ter em  conta na utilização 

desta solução.  Já em Portugal, Cardoso et al.  (2004) dizem que para o cálculo do diâmetro dos 

blocos, podem utilizar‐se  relações  comuns  ao  cálculo do  enrocamento,  tendo  em  atenção que 

geralmente  a  argamassa  é  menos  densa  que  a  rocha.  Aconselham  também  a  aumentar  o 

diâmetro em cerca de 20% aumentando assim a estabilidade dos tapetes. 

Da Figura 5.9 à Figura 5.12 apresentam‐se os cortes e as plantas possíveis a ter em conta no 

dimensionamento dos tapetes de ensacados de argamassa. As medidas apresentadas nas mesmas 

figuras respeitam os valores de Richardson e Davis (2001). No entanto, em Portugal, Cardoso et al. 

(2004) dizem que o corte e a planta destes tapetes são iguais aos do enrocamento com escavação 

prévia, com a única diferença na extensão do mesmo que nesta solução  (ver Figura 5.2) deverá 

ser de 1B  igual a  5 / cosD θ  e  1h  igual a  2 / cosD θ . Além disto, o filtro passa a servir de base a 

todo o tapete de ensacados de argamassa. 

 

 

Figura 5.9 ‐ Secção transversal com ensacados de argamassa (adaptada de Richardson e Davis, 2001). 

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82  

 

 

Figura 5.10 ‐ Secção transversal com ensacados de argamassa e utilização de grout para reforço da sapata (adaptada de Richardson e Davis, 2001). 

 

 

 

Figura 5.11 ‐ Secção em planta com ensacados de argamassa assentes sobre a sapata (adaptada de Richardson e Davis, 2001). 

 

 

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83  

 

Figura 5.12 ‐ Secção em planta com ensacados de argamassa à volta da sapata (adaptada de Richardson e Davis, 2001). 

 

 

5.7 Blocos de Betão com Geometrias complexas 

Este tipo de solução tem sido usada essencialmente em zonas sujeitas à erosão mas que não 

permite, por várias razões, a utilização de tapetes de enrocamento. Uma das razões é a grande 

dimensão dos blocos, pois desta forma resistem a maiores intensidades de escoamento.  

Estes  blocos  podem  ter  geometrias  distintas  e  em  muitos  casos,  únicas.  No  entanto, 

conhecem‐se  alguns  blocos  tais  como:  toscanos,  tetrápodos,  tetraedros,  dolos  entre  outros 

recentes e comerciais como os A‐JacksTM ou os Core‐locTM, Figura 5.13. 

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84  

 

Figura 5.13 ‐ Blocos de geometrias complexas. 

 

A principal vantagem da utilização destes blocos  tem a ver  com a  forma que  lhes garante 

uma maior estabilidade em comparação com os tapetes de enrocamento. 

 

5.7.1 dimensionamento 

Não  foi  até  hoje  normalizada  uma  forma  de  análise  e  dimensionamento  para  a  aplicação 

destes  blocos. No  entanto,  desenvolveram‐se  vários  critérios  assentes  em  parâmetros  como  o 

número de estabilidade de Isbash, o parâmetro de Shields e o número de Froude.  

O dimensionamento destes blocos assenta essencialmente na dimensão dos mesmos e na 

sua  colocação de  forma  a  serem estáveis  à  tipologia e  velocidade de escoamento. Refere‐se  a 

utilização de módulos, sendo esta a forma standard de aplicação, Figura 5.14.b. 

Encontram‐se em Richardson e Davis  (2001)  critérios e exemplos de dimensionamento de 

Toscanos e A‐Jacks.  

 

 

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85  

   

a) Sem protecção  b) Com protecção 

Figura 5.14 ‐ Ponte em Graves County (adaptada de Richardson e Davis, 2001).  

 

 

5.8 Estacas não Estruturais (Sacrificial Piles) 

Estas estacas são colocadas a montante do pilar a ser protegido da erosão. As próprias vão 

estar sujeitas à erosão devido à sua presença, no entanto a sua principal função é proteger o pilar 

deflectindo e reduzindo a velocidade do escoamento e criando pequenas regiões de vórtices de 

ferradura a jusante destas.  

A eficiência desta solução depende essencialmente do número de estacas utilizadas, da sua 

inserção no solo (parte imersa e emersa) e a geometria do conjunto. O conjunto de estacas pode 

ter muitas configurações geométricas, sendo a  triangular com o vértice virado a montante uma 

das mais  utilizadas,  estudadas  e  efectivamente  eficazes  (alguns  autores  admitem mesmo  uma 

redução de profundidade de erosão na ordem dos 50%), (Melville e Coleman, 2000). 

Apresenta‐se  de  seguida  um  estudo  feito  por Hadfield  em  1997  de  uma  destas  soluções, 

onde  se  fez  a  análise  da  profundidade  de  erosão  junto  de  um  pilar  circular  sob  condições  de 

presença de transporte de sedimentos. Foram analisadas diferentes soluções compostas por três 

ou cinco estacas e com diferentes geometrias de conjunto, sendo a mais eficaz apresentada na 

Figura 5.15 (Melville e Coleman, 2000). 

 

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86  

 

Figura 5.15 – Posicionamento de estacas não estruturais (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

A  eficiência  desta  solução,  como  já  referenciado,  depende  do  ângulo  de  ataque  do 

escoamento,  θ   e  da  intensidade  do  mesmo,  cV V .  Mostram‐se  assim,  na  Tabela  5.2,  os 

resultados do mesmo estudo, onde se apresentam as percentagens de redução da profundidade 

de erosão, sendo que os valores entre parênteses são referentes a pilares rectangulares.  

   

Page 107: Repositório Institucional da Universidade de Aveiro: Home · 2012. 5. 17. · 1.3 Objectivos e Estrutura da Tese ... Tabela 4.2 – Características iniciais do leito, do pilar e

87  

Tabela 5.2 – Percentagem de redução da profundidade de erosão (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

Ângulo de 

Escoamento θ  

cV V  

0,9  1,48  1,84 

0o  41%  18% (26%)  15% (16%) 

20o  23%  5% (13%)  1% (12%) 

30o  26%  ‐4%  ‐6% 

 

Facilmente se verifica que esta é uma solução a ponderar desde que o escoamento seja de 

baixa intensidade. 

 

 

5.9 Colares 

Os colares, são estruturas construídas em  torno aos pilares com espessura, altura e a uma 

altura dos pilares a determinar. A utilização desta  solução está assente na premissa de que ao 

introduzir um colar  junto à base do pilar, a probabilidade de  formação do vórtice em  ferradura 

será reduzida, Figura 1.2. Em 1992, Chiew definiu os parâmetros necessários para a determinação 

do efeito do diâmetro,  cD  e da posição (altura sobre o fundo), Y do colar (Zarrati et al., 2006). 

Os resultados mostram‐se na Figura 5.16. Conclui‐se então, que  junto a um pilar circular, a 

profundidade de erosão pode  ser  reduzida para metade  caso  se aplique um  colar que  tenha o 

dobro do diâmetro do pilar. Para uma maior eficácia, o colar deve ser colocado abaixo do fundo 

do leito. 

De  referir  que  este  estudo  foi  realizado  para  condições  de  escoamento  sem  transporte 

sedimentar,  não  tendo  sido  realizado  para  as  condições  de  escoamento  com  transporte 

sedimentar. Sendo assim, não se deve ponderar a escolha desta solução para casos em que haja 

presença de transporte sedimentar de alguma grandeza. 

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88  

 

Figura 5.16 ‐ Evolução da profundidade de erosão utilizando colar como solução de protecção (adaptada de Melville e Coleman, 2000). 

 

 

5.10 Pás Deflectoras (Iowa Vanes) 

Já se propuseram muitas e variadíssimas palas ou placas deflectoras de escoamentos para a 

redução da erosão localizada junto de pilares de pontes.  

A redução da erosão localizada junto dos pilares das pontes que estas pás provocam, deve‐se 

principalmente à criação de correntes secundárias directamente ligadas aos vórtices de ferradura 

e à direcção imposta aos sedimentos presentes no escoamento para a zona a montante do pilar. 

Em 1999, Lauchland investigou o uso destas pás para a redução da profundidade de erosão. 

Esta investigação foi conduzida para escoamentos com características de presença de transporte 

sedimentar, Figura 5.17. 

Verificaram‐se para esta investigação reduções de profundidade de erosão no intervalo de 30 

a 50%. Concluiu‐se também que o ângulo de ataque das pás em relação ao escoamento, α  e o 

espaçamento entre pás,  X  são os parâmetros que mais influenciam a eficácia desta solução. 

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89  

No entanto, há que continuar estas investigações a fim de fortalecer estas percentagens e de 

forma a caracterizar melhor esta solução. 

 

 

Figura 5.17 ‐ Pás Iowa como protecção de pilares (adaptada de Melville e Coleman, 2000).  

 

 

5.11 Considerações Finais 

Em  1987,  a  ponte  em  Schoharie  Creek,  nos  Estados  Unidos  da  América,  ruiu  e  fez  nove 

mortes (Annandale, 2006). A ruína deveu‐se à remoção do tapete de enrocamento existente junto 

dos pilares, por parte da turbulência e da grande velocidade de escoamento resultantes de uma 

única tempestade, Figura 5.18. 

 

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Figura 5.18 ‐ Ponte em Schoharie Creek (www.timesunion.com). 

 

Este  exemplo  serve  para  realçar  a  importância  de  monitorizar  as  alterações  que  os 

escoamentos provocam durante e após as grandes tempestades (cheias), sempre que se constrói 

uma nova  infra‐estrutura a montante de outra em estudo e sempre que se  induz uma alteração 

nas fundações ou junto destas (Richardson e Davis, 2001). 

   

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6 CONCLUSÕES 

 

6.1 Considerações finais 

Como primeira conclusão deste trabalho, há que focar o estado avançado de conhecimento 

do  fenómeno da  erosão  localizada  existente no mundo mas  com pouca bibliografia  em  língua 

portuguesa. 

Trata‐se de um  fenómeno  complexo e dinâmico, não  facilitando  análises ou decisões no 

que respeita a soluções de prevenção ou até mesmo reabilitação.  

De realçar também a complexidade no cálculo da profundidade das cavidades de erosão. A 

tentativa de modelos numéricos conterem uma reprodução dos diversos efeitos conduz a muitos 

cálculos e acima de tudo muitas  interdependências entre os factores que condicionam a erosão 

localizada. 

A  instabilidade do curso de água verifica‐se numa primeira abordagem através de vestígios 

existentes como degradações, movimentos  laterais, erosões nas margens ou alterações recentes 

efectuadas pelo homem nas proximidades.  

Também  se  verifica  que  a  decisão  da  localização  da  ponte  influencia  directamente  o 

comprimento desta, e assim, a quantidade, a forma e a colocação dos seus apoios, que poderão 

estar mais ou menos sujeitos à erosão. 

A  presença  de  curvas  no  curso  de  água  é  muito  influente  na  erosão,  pelo  que  devem 

encontrar‐se  soluções  que  evitem  a  construção  próximo  destas.  Devem  também,  evitar‐se 

terrenos aluvionares com declives exagerados e sem estabilidade, visto serem mais susceptíveis à 

erosão.  

Na construção e na reabilitação das pontes, devem‐se prever possíveis problemas de erosão 

causados pelas estruturas necessárias à execução dos trabalhos. 

Foca‐se  também,  a  diversidade  e  quantidade  no  que  respeita  às  soluções  existentes  para 

prevenção da erosão e para a reabilitação de pilares sujeitos à mesma, visto cada uma se aplicar a 

diferentes variações e condições de problemas in situ. 

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Para o problema A, foca‐se a influência que a velocidade de escoamento tem no aumento da 

profundidade de erosão, assim como a sua evolução ao longo do intervalo de variação da mesma. 

Referem‐se  também  os  pequenos  benefícios  que  as  variações  da  altura  de  escoamento  e 

diâmetro mediano dos sedimentos têm na redução da mesma profundidade de erosão. Já para o 

problema B, denotam‐se as  influências negativas que os aumentos da  largura do pilar e da sua 

fundação  têm  na  profundidade  de  erosão.  Em  contrapartida,  há  que  referir,  que mesmo  para 

velocidades consideráveis de escoamento, não se verificou impacto na profundidade de erosão o 

que contraria os resultados do problema A. 

No problema A, para valores altos de velocidades de escoamento e de ângulos de ataque do 

mesmo,  obtemos  maiores  profundidades  de  erosão.  Para  o  mesmo  problema,  aumentos  da 

largura  do  pilar,  aumentos  na  largura  da  fundação  e  variações  de  Y,  não  revelam  variações 

significativas na profundidade de erosão. 

Finalizando,  o  valor máximo  da  profundidade  de  erosão  obtido  em  ambos  os  problemas, 

sendo que para o problema A, é três vezes superior à altura de escoamento e para o problema B, 

é da mesma grandeza que a altura de escoamento,  reflectindo assim, a  importância da erosão 

localizada em pilares de pontes. 

 

 

6.2 Desenvolvimentos Futuros 

Como  seguimento  primordial  deste  trabalho,  aconselha‐se  a  analise  à  erosão  por 

contracção  em  pilares  de  pontes  com  o  objectivo  de  completar  o  conhecimento  referente  à 

infraescavação dos mesmos.  

Como desenvolvimentos futuros, há que focar acima de tudo duas vertentes, a de cálculo 

da profundidade de erosão e a das soluções de reabilitação.  

No que  respeita ao  cálculo da profundidade de erosão há que decidir qual dos métodos 

existentes  se  adapta  melhor  às  condições  geográficas,  geomorfológicas,  hidrográficas, 

sedimentológicas  entre  outras  de  Portugal  com  a  finalidade  de  adoptar  esse método  a  nível 

nacional. Ou seja, há que normalizar o cálculo da profundidade de erosão. 

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Quanto às soluções, têm de se criar cooperações entre empresas e universidades a fim de 

se melhorarem as soluções existentes e criar outras novas que sejam aplicáveis a problemas de 

erosão em pilares de pontes em Portugal. 

   

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95  

BIBLIOGRAFIA 

www.timesunion.com. (acedido em Abril de 2008). 

ANMP.  www.anmp.pt  ‐  Associação  Nacional  de  Municípios  Portugueses.  2007.  (acedido  em 

Novembro de 2007). 

Annandale, George W. Scour Technology. New York: The McGraw‐Hill Companies, Inc, 2006. 

Cardoso,  António  Heleno,  Cristina  Maria  S.  Fael,  e  Carlos  Matias  Ramos.  “Protecção  contra 

erosões  localizadas  junto  de  pilares  de  pontes.”  Construção Magazine. Vols.  8,  1º  trim.  Porto: 

Publindustria, 2004. 10‐15. 

Chiew,  Yee‐Meng.  “Local  Scour  and  Riprap  Stability  at  Bridge  Piers  in  a  Degrading  Channel.” 

Journal of hydraulic Engineering, Março de 2004: 218‐226. 

Coelho, Carlos. “Hidráulica Fluvial ‐ Sebenta das aulas teóricas.” 2006. 

Couto,  Lúcia  Teixeira.  Erosões  localizadas  juntos  de  esporões  fluviais  e  encontros  de  pontes. 

Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 2005. 

Estradas de Portugal. “www.estradasdeportugal.pt.” 2007. (acedido em Novembro de 2007). 

Lauchlan,  Christine  S.,  e  Bruce  W.  Melville.  “Riprap  Protection  at  Bridge  Piers.”  Journal  of 

hydraulic Engineering, Maio de 2001: 412‐418. 

Melville,  Bruce W.,  and  Stephen  E.  Coleman.  Bridge  Scour. Highlands  Ranch: Water  Resources 

Publications, LLC, 2000. 

Ramos,  Carlos  Alberto Matias.  “Dimensionamento  de  Pontes  ‐  Aspectos  Hidráulicos.”  Lisboa: 

LNEC, 1990. 

Ramos,  Carlos Matias.  Drenagem  em  Infra‐Estruturas  de  Transportes  e  Hidráulica  de  Pontes. 

Lisboa: LNEC, 2006. 

Richardson,  E.  V.,  e  S.  R. Davis.  “Evaluating  Scour  At  Bridges  ‐  Fourth  Edition.”  Publicação Nº 

FHWA‐NHI01‐001, HEC Nº18. Department of Transportation National Highway Institute, Maio de 

2001. 

www.maccaferri.com. (acedido em Janeiro de 2008). 

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96  

Zarrati, A. R., M. Nazarilha, e Mashahir. “Reduction of Local Scour  in  the Vicinity of Bridge Pier 

Groups Using Collars and Riprap.” Journal of hydraulic Engineering, Fevereiro de 2006: 154‐162. 

 

   

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ANEXOS 

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Anexo I 

Tabela I.1 – Factores que influenciam a erosão localizada (adaptada de Melville e Coleman, 

2000). 

 

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Anexo II 

Neste anexo apresenta‐se o cálculo de dimensionamento (Erro! A origem da referência não 

foi encontrada.) de uma  solução de enrocamento a  ser utilizada para o problema B  sujeito às 

condições  iniciais. A  solução escolhida  integra um  filtro granular, pois está‐se perante um  leito 

constituído por seixos. 

Tabela II.1 – Cálculo de uma solução de enrocamento. 

Dados iniciais: 

s = 2,7 

V = 4,34 m/s 

y = 9,2 m 

g = 9,81 m/s2 

   

Cálculo de:  Formulações e valores obtidos 

d50  Breusers e Raudkivi de 1991 

2VFrgy

= = 0,91 

( )

3

50 1,50, 278

1Frd y

s=

−= 0,88 m 

Curva granulométrica  100% mais finos que 1,50 d50 =1,32 m 

 

80% mais finos que 1,25 d50 =1,10 m 

 

50% mais finos que 1,00 d50 =0,88 m 

 

20% mais finos que 1,60 d50 =0,53 m 

Dimensões  em  planta  (Erro!  A 

origem  da  referência  não  foi 

encontrada.) 

Solução sem escavação e com filtro granular: 

15

cosbBβ

= = 7,98 ; 8,00 m 

23

cosbBβ

= = 4,79 ; 4,80 m 

11,5cos

bhβ

= = 2,39 ; 2,40 m 

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2 cosbhβ

= = 1,59 ; 1,60 m 

Dimensões  em  corte  (Erro!  A 

origem  da  referência  não  foi 

encontrada.) 

Solução sem escavação e com filtro granular: 

d > 3d50  sendo d > 2,65 m