RESENHA DO ARTIGO SOBRE GESTALT
description
Transcript of RESENHA DO ARTIGO SOBRE GESTALT
Faculdade Santo Agostinho - FSA
Disciplina: Teorias e Técnicas Psicoterápicas nas
Abordagens Humanistas e Fenomenológicas
Professora: Ilana Arêa Leão
Turma: 01N8A
Resenha: Contribuições à compreensão diagnóstica em Gestalt-terapia: o uso do
ciclo de contato como base para uma tipologia gestáltica em diálogo com o
DSM-IV-TR, eixoII.
Teresina-PI
Maio/2014
Buscando contribuir com a discussão e a ampliação do trabalho, sugerido já por Perls, que, em
suas obras (1969, 1977a, 1977b, 1977c, 1997, 2002), utiliza o ciclo de contato, aqui adaptado do
modelo proposto por Ribeiro (2007), como um dos elementos de base da compreensão diagnóstica.
Como uma tipologia gestáltica pode dialogar com o eixo II do DSM-IV-TR, uma referência universal.
A Gestalt terapia ainda demanda muitos estudos acerca desse assunto e de como preparar esses
profissionais para atuar com essa possibilidade diagnostica. A relação psicoterápica se fundamenta
necessidade de que o psicoterapeuta faça uma compreensão diagnóstica de seu cliente, incluindo
aspectos saudáveis e patológicos, mas acima de tudo perceber as singularidades da personalidade, ou
seja, o sentindo de como cada um vive,fundamentada no ciclo de contato na visão gestáltica que serve
como um mapa para o cliente,essa compreensão diagnostica se fundamenta em quatro pontos
fundamentais que são: o fundo,a figura, a situação terapêutica de cada sessão e o campo existencial do
cliente.
O processo terapêutico vê seu cliente e o valoriza a pessoa singular que ele é. Como afirmam
Kluckhohn e Murray (citados por Pervin, 1978, p. 01), "todo homem é, sob certos aspectos, como todo
homem; como certos homens; como nenhum outro homem”. Essa compreensão diagnóstica ajuda a
compreendê-lo o meio ao homem genérico que é e seus aspectos únicos e singulares. Podemos
compreender o ser humano como um ser animobiopsicocultural, ou seja, composto por três níveis
articulados, o corporal, o psíquico e o espiritual.
Esse processo de diagnostica o cliente envolve esses requisitos de compreendê-lo sob a ótica
de único no processo, tanto normal como patológico evidenciando sua essência como pessoa no meio
cultural inserido. O diálogo que tento estabelecer, através do ciclo de contato, entre a Gestalt-terapia e
o DSM-IV-TR, eixo II, como referências de estilos de personalidade encontra sentido em meu trabalho
a partir de algumas reflexões, das quais quero destacar o cunho descritivo do DSMIV- TR, o que
facilita um olhar fenomenológico para ele e permite que se estabeleça um diálogo com a visão
gestáltica sobre o estilo de personalidade e a psicoterapia.
O conceito de contato é imprescindível a Gestalt-terapia, pois é necessário para que se criem
gestaltes e se refere à natureza e à qualidade da forma como nos damos conta de nós mesmos, de nosso
ambiente e dos processos a ele relacionados. O contato é móvel e não fixo, e dependente do suporte
ambiental e do auto suporte pessoal.
Goodman define em sua teoria do self, quatro fases principais em qualquer ação: o pré-
contato, o contato, o contato pleno, o pós-contato. Ao longo dos anos esse conceito foi aperfeiçoado,
sendo que para Ribeiro (2007) o ciclo do contato possui oito fases: a sensação, ou percepção corporal
de alguma necessidade; a conscientização dessa necessidade; a mobilização para atender essa
necessidade; a ação proveniente dessa mobilização; a interação que essa ação provoca; o contato final
movido pela necessidade; o fechamento proveniente desse contato final.
Existem descontinuações desse contato, também chamados bloqueios de contato ou
resistências. Essa descontinuação pode se tornar cristalizada, nesse caso a psicoterapia pode ter efeito
curativo, ajudando a pessoa a abandonar esse tipo de defesa patológica cristalizada. As resistências são
definidas como:
Deflexão é a capacidade de sair pela tangente, desviando-se do perigoso.
Introjeção ocorre quando um indivíduo incorpora normas, atitudes, modos de agir e
pensar que não são, a princípio, verdadeiramente dela.
Projeção há uma confusão entre o que é de fato da pessoa, de modo que ela atribui ao
externo algo que é na verdade dela.
Proflexão acontece quando a pessoa faz para o outro aquilo que gostaria que este outro
fizesse para ela.
Retroflexão é a capacidade de fazer voltar-se para dentro a energia que potencialmente
deveria ir para o exterior.
Egotismo pode ser descrito como a forma pela qual a pessoa desenvolve um eu tão
controlado e autossuficiente que traz o risco de anular o contato com os sentimentos e seu potencial
transformador.
Confluência é a capacidade de união com o outro. Capacidade de compor o “nós” que
se contrapõe ao “eu”.
Cada ser humano tem um jeito de ser que se repete, com maior ou menor plasticidade, isso é
caracterizado como estilo de personalidade, uma parte da estruturada personalidade humana. No
processo psicoterapêutico podem-se dissolver as descontinuações do contato que são estado
cristalizado, mas não podemos fazer uma pessoa deixar de viver o estilo de personalidade que é.
Para cada um dos estilos de personalidade exigirá do terapeuta um cuidado específico no que
diz respeito à comunicação, ao tato, ao acolhimento e à confrontação. No que diz respeito ao propósito
amplo da psicoterapia para cada tipo de estilo de personalidade, isso quer dizer que cada um deles
tenderá a demandar um tipo de mudança, uma rota no caminho da flexibilização, um norte.
O presente artigo tenta mostrar uma visão de que a Gestalt-Terapia , parte de uma premissa
que utiliza referenciais teóricos de sua abordagem para facilitar o acesso e compreensão do
psicoterapeuta ao DSM-IV-TR e assim possibilitar utilizar seus termos quando em contato com outros
profissionais sem perder sua essência e espontaneidade. Um exemplo a ser dado é quando algum
profissional faz uso de termos, mas técnicos do DSM-IV sobre alguns tipos de transtornos para o
gestaltista, este por sua vez entende o sentido do termo só que dentro de uma perspectiva derivado de
estilos de personalidade conforme o estudo da sua abordagem que capacita os seus adeptos a
compreender os termos técnicos do DSM-IV-TR sob uma ótica, mas gestaltista possível,
compreendendo que para definir um estilo de personalidade, primeiramente deve-se levar em
consideração os traços, para um estudo pautado no comportamento da pessoa de forma holística em
que o psicoterapeuta deve esta atento minuciosamente a cada detalhe ou até mesmo capacitado a
enxergar o paciente dentro de sua totalidade com suas diferenças dentro de seu próprio contexto.
Diante do exposto vale ressaltar que na psicoterapia da Gestalt- Terapia as pessoa são vistas
com tendo seu próprio estilo de personalidade e para que dentro desse processo terapêutico ocorram
mudanças, necessita-se de um tipo de demanda diferente que varia de pessoa para pessoa, já que
traços diferentes de personalidade existem e que cada pessoa tendera a manifestar reações diversas
para adequar-se no contexto que vivem, afim de suprir expectativas expostas por seu meio social,
cultural e econômico que de uma certa forma acaba que interferindo no modo de agir de um pessoa
que as vezes vive cercada de medo e ansiedade, no que diz respeito a essa tentativa de adequação em
meio a tantas variáveis do meio em que vive. O termo aqui utilizado é a introjeção, pois são pessoas
que tem grande resistência, medo e ansiedade de que durante a terapia seus conteúdos íntimos sejam
revelados ou invadidos pelo terapeuta, uma vez que são pessoas que temem ser ridicularizadas e
rejeitadas seja em qual for o âmbito ou esfera social que vive. Portanto o terapeuta precisa conduzir
bem o processo terapêutico encorajando bastante o cliente, pois este pode tomar rumos diferentes já
que a introjeção pode levar o paciente a reagir de forma recuada sobre uma barreira de medo e
ansiedade de se exposto ao ridículo ou de ser desprezado quando diante desse contato.
Para fazer uma analise minuciosa do que se caracteriza o estilo de personalidade projetor, é
valido esclarecer que geralmente são pessoas que apresentam desconfiança sobre o mundo
considerando este perigoso mantendo uma postura rígida, hostil e vigilante; no entanto não significa
dizer que esta pessoa não tenha um contato com a realidade, mas que apenas encontra-se em estado
vigilante de total desconfiança com um olhar sobre uma ótica, mas defensiva.
O estilo de personalidade profletor é aquele das pessoas que manifestam descontinuações mais
comumente na etapa da interação. Assemelha-se, nos critérios do DSMIV-TR, eixo II à personalidade
borderline, nas quais é flagrante a impulsividade, além de uma certa labilidade emocional, derivadas
de problemas ligados ao estabelecimento e à manutenção da identidade. O estilo de personalidade
retrofletor é o das pessoas que manifestam descontinuações mais comumente na etapa do contato final.
Assemelha-se, nos critérios do DSM-IV-TR, eixo II, à personalidade obsessivo-compulsiva, nas quais
é flagrante a contenção e a divisão que impedem ou atrapalham o caminho para o fechamento do
contato. O estilo de personalidade egotista é o das pessoas que manifestam descontinuações mais
comumente na etapa do fechamento do contato. Assemelha-se, nos critérios do DSM-IV-TR, eixo II,
às personalidades narcisista e antissocial, nas quais é flagrante a dificuldade para vivenciar
sentimentos, especialmente aqueles ligados à empatia e à culpa. O estilo de personalidade confluente é
o das pessoas que manifestam descontinuações mais comumente na etapa da retirada do contato.
Assemelha-se, nos critérios do DSM-IV-TR, eixo II à personalidade dependente, nas quais é flagrante
a devoção e o apego que impedem ou atrapalham a retirada do contato.
Diante do exposto fica claro como a gestalt terapia pode auxiliar essa demanda afim de
proporcionar ao terapeuta com seu cliente.
Referencias
BRITO, Pinto Enio. Contribuições à compreensão diagnóstica em Gestalt-terapia:
o uso do ciclo de contato como base para uma tipologia gestáltica em diálogo com o
DSM-IV-TR, eixo II.São Paulo, 2012