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Resolução de Problemas: abordagens no Ensino Fundamental II
Geralda de Fatima Neri Santana1
GD n° 14 – Resolução de Problemas
Buscamos investigar: quais ações pedagógicas dos professores que ensinam Matemática no Ensino
Fundamental II podem ser identificadas quando utilizam a resolução de problemas, tendo o problema como
ponto de partida no processo de ensino-aprendizagem de conteúdos de Matemática? Esta pesquisa é de
abordagem qualitativa e será realizada com quatro professores da rede pública do município de Maringá,
Estado do Paraná. O contato com os quatrocentos e cinco professores pesquisados foi via e-mails, destes
tivemos o retorno de onze. Para coleta de dados elaboramos um questionário, sobre o perfil profissional e
questão norteadora: para ensinar determinado conteúdo de Matemática qual Tendência Metodológica você
utiliza em sala de aula? Assinalamos os professores que disseram abordar a resolução de problemas e
consideravam ser importante a observação da pesquisadora durante o desenvolvimento da prática docente
durante suas aulas. As aulas serão observadas, e a coleta dos dados será feita por meio de um Diário de
Campo. As ações a serem observadas se referem: a) Propor o problema como ponto de partida, para
introduzir um novo conteúdo de Matemática e que permitam ser resolvidos por diferentes estratégias; b)
Discutir e cooperar na interpretação e compreensão do enunciado, e estratégias de resolução; c) Agrupar os
alunos e permitir tempo necessário para o planejamento e a execução de um plano elaborado; d) Socializar
com a classe as estratégias, formalizando os conceitos. Após a observação das aulas, efetuar análise do Diário
de Campo indicando o que ficou evidenciado nas práticas dos professores, em relação à questão proposta
inicialmente.
Palavras-chave: Resolução de Problemas; Ensino de Matemática; Ensino Fundamental.
Introdução
A resolução de problemas é uma das formas de abordar um conteúdo no ensino de
Matemática, conforme, (PARANÁ, 2008, p. 63), “[...] as tendências metodológicas que
compõem o campo de estudos da Educação Matemática” das quais podemos destacar,
entre outras, a resolução de problemas. Pesquisas, como as de Coelho (2006), Redling
(2011), Proença (2013) têm evidenciado que os professores têm conhecimento de que a
resolução de problemas é uma das tendências na área da Educação Matemática, mas
continuam exercendo práticas baseadas no ensino tradicional, com ênfase nos cálculos e na
memorização de regras, e quando dizem conhecer esta tendência e aplicá-la junto aos seus
alunos, isso não ocorre efetivamente.
Os PCN pontuam “a resolução de problemas como ponto de partida da atividade
matemática” (BRASIL, 1998, p.39-40). Esta abordagem explorando problemas traz a
participação do aluno, desta forma os conceitos e ideias matemáticas são construídas pelos
alunos.
1 Universidade Estadual de Maringá, e-mail:[email protected]. Orientador: Marcelo Carlos de Proença
Analisamos as dissertações, de Puti (2011), Pereira (2011) e Rodrigues (2012) que
em termos gerais, demonstraram que as ações dos professores em relação aos problemas
apresentados, permitiram estratégias de resolução diversificadas, oportunizando a
construção dos significados dos conteúdos. A partir desta constatação, levantamos a
hipótese de que há possibilidade de evidenciar ações pedagógicas relativas à resolução de
problemas na prática do professor, lembrando que “um dos objetivos da educação
matemática é contribuir para que o aluno possa desenvolver certa autonomia intelectual e
que o saber escolar aprendido lhe proporcione condições para compreender e participar do
mundo em que ele vive”. (PAIS, 2008, p. 67).
Neste montante, destacamos como objetivos específicos de tal trabalho: identificar
os conhecimentos de quatro professores de Matemática em relação às atividades
pedagógicas desenvolvidas por eles em sala de aula cujo foco seja a resolução de
problemas no ensino-aprendizagem de um conteúdo de Matemática; observar a prática
docente dos quatro professores que pontuaram no questionário online a resolução de
problema como abordagem de ensino; discriminar e analisar ações desenvolvidas pelos
professores e serem investigados, evidenciando seus conhecimentos sobre o trabalho em
que o problema é adotado como ponto de partida.
Formação de professores
Por meio de apontamentos, evidenciamos a importância da formação inicial e
continuada do professor, no decorrer dos tempos e percebemos a necessidade de constantes
buscas por formas eficazes de ensino. “[...] os docentes se sentem muitas vezes isolados,
esgotados, [...] o seu nível de stress aumenta diante dos múltiplos obstáculos e dificuldades
que encontram em seu trabalho diário.” (TARDIF; LESSARD, 2011, p. 10). São
destacadas a quantidade de alunos, a carga horária e outras tarefas docentes, fatos
observados desde 1960. No plano qualitativo, outros fatores têm contribuído deixando
mais árdua a tarefa do professor, como: os grupos de alunos são heterogêneos e suas
necessidades bem diversificadas.
As mudanças na sala de aula parecem caminhar a passos lentos, mesmo com
tantas reformas que dizem respeito ao trabalho docente, os professores mantém uma
postura tradicional e desconfiada, apesar de se esforçarem para adaptar suas práticas
pedagógicas de acordo com as novas propostas. Salientamos que
[...] apesar de mudanças e reformas nas últimas décadas, apesar das novas
tendências atuais que se desdenham, tem muita dificuldade em escapar às formas
estabelecidas do trabalho docente: aprendizagem do ofício na prática;
valorização da experiência; ofício com forte dimensão feminina; classes fechadas
que absorvem o essencial do tempo profissional; individualismo no ensino e logo
pouca colaboração entre os pares; pedagogia tradicional; visão muitas vezes
estática do saber escolar [...] (TARDIF; LESSARD, 2011, p. 12).
Pesquisas sobre formação do professor na resolução de problemas
As pesquisas de Cunha, Gomes e Santos (2009), Pasquini e Silva (2013), Proença
(2013), Proença (2013), Proença (2014), Proença (2015), Azevedo (2014), ressaltam a
necessidade de abordar junto aos professores e aos futuros professores de forma prática
possibilidades que permitam aos mesmos aprender a aprender, para depois saber ensinar.
As referidas pesquisas abordam cursos sobre resolução de problemas oferecidos na
formação inicial, assim como na formação continuada.
Diante do que destacamos até o momento, percebemos pelas pesquisas realizadas
que há necessidade de abordar junto aos professores e aos futuros professores de formas
que permitam aos mesmos aprender a aprender, para depois saber ensinar. Desta maneira,
o professor se coloca como aquele que também aprende.
Resolução de problemas
Ensinar numa perspectiva da resolução de problemas
Num ensino onde a abordagem utiliza o problema como ponto de partida do
ensino de Matemática, aluno e professor assumem papéis distintos que devem configurar
numa aprendizagem que tenha significado.
Há diferentes interpretações do significado de ensinar com uma perspectiva de
resolução de problemas. Os pesquisadores Schroeder e Lester (1989 apud PROENÇA,
2012), apresentam três modos distintos de abordar a resolução de problemas, sendo: 1)
Ensinar sobre resolução de problemas, o professor segue o modelo proposto por Polya
(1887-1985), ou seja, seguir quatro passos: compreender o problema, elaborar um plano
para resolvê-lo, executar o plano elaborado e fazer a verificação do resultado. Resolver
problemas baseado em Polya, é indicar os caminhos da solução com muitas perguntas. 2)
Ensinar para resolução de problemas, as ações do professor são direcionadas para a
aplicação da Matemática, neste caso, os alunos vão utilizar conhecimentos matemáticos e
aplicá-los tanto em problemas quanto em exercícios. 3)Ensinar via resolução de problemas,
esta é a forma de abordagem que estamos considerando, o problema vai ser utilizado como
ponto de partida para iniciar o ensino de um conteúdo. Ao professor cabe a função de
mediar à aprendizagem, possibilitando que o aluno participe ativamente da construção do
conhecimento.
A resolução de problemas considerada como abordagem de ensino representa uma
maneira eficaz de dar significado ao processo de ensino-aprendizagem da Matemática pelo
uso de problemas como ponto de partida para iniciar um novo conteúdo, visto propiciar ao
estudante uma participação ativa na construção do conhecimento matemático (BRASIL,
1998).
O que é um problema?
“Para que possamos falar da existência de um problema, a pessoa que está
resolvendo essa tarefa precisa encontrar alguma dificuldade que a obrigue a questionar-se
sobre qual seria o caminho que precisaria para seguir para alcançar a meta.”
(ECHEVERRÍA, 1998, p. 48).
Os PCN (1998) indicam que “Só há problema se o aluno for levado a interpretar o
enunciado da questão que lhe é posta e a estruturar a situação que lhe é apresentada.”
(BRASIL, 1998, p. 41).
Temos, na resolução de problemas, uma forma acessível ao conhecimento, sendo
possível levar os alunos a aprender a aprender. Nesse sentido,
A solução de problemas baseia-se na apresentação de situações abertas e
sugestivas que exijam dos alunos uma atitude ativa ou um esforço para buscar
suas próprias respostas, seu próprio conhecimento. O ensino baseado na solução
de problemas pressupõe promover nos alunos o domínio de procedimentos,
assim como a utilização dos conhecimentos disponíveis, para dar resposta a
situações variáveis e diferentes. Assim ensinar os alunos a resolver problemas
supõe dotá-los da capacidade de aprender a aprender, no sentido de habituá-los a
encontrar por si mesmos respostas às perguntas que os inquietam ou que
precisam responder, ao invés de esperar uma resposta já elaborada por outros [...]
(POZO; ECHEVERRÍA, 1988, p. 09).
Sternberg (2000) considera que a atividade de resolução de problemas exige
elaboração de estratégias, criatividade e deve estar de acordo com a experiência e o saber
do aluno, pois a busca pela resposta não se dá do mesmo modo para todos os envolvidos na
questão.
Ao trabalharmos com a resolução de problemas, é importante diferenciar um
problema de um exercício, pois “um problema se diferencia de um exercício na medida em
que, neste último caso, dispomos e utilizamos mecanismos que nos levam, de forma
imediata, à solução.” (ECHEVERRÍA; POZO, 1998, p. 16).
É de responsabilidade do professor propor atividades aos alunos durante todo
período letivo. Tais atividades não devem ser apenas exercícios prontos, mas também
situações problemas que permitam aos alunos refletir e aplicar os conhecimentos
matemáticos que possui.
Adotamos nesta pesquisa que problema é uma atividade que demanda interesse
pela solução, ou a busca pela resposta por meios próprios que exigem por parte do
resolvedor conhecimentos prévios e criatividade ao estabelecer as estratégias de resolução.
Etapas da resolução de problemas
Na obra de John Dewey publicada em 1910 com o título How we think (Como
pensamos), são apresentadas cinco etapas para a solução de problemas, tornando-se
referência na área educacional. Tais etapas ao longo do tempo foram também propostas na
visão de Wallas (1926), Hadamard (1949), Krutetskii, (1976), entre outros, apud Brito
Brito (2010) ainda ressalta que têm sido utilizadas, no processo de solução de
problemas, as seguintes etapas: a) representação; b) planejamento; c) execução; e, d)
monitoramento. “A solução de problemas refere-se a uma atividade mental superior ou de
alto nível e envolve o uso de conceitos e princípios para atingir a solução.” (BRITO, 2010,
p. 18).
Sternberg (2000) apresentam sete etapas fundamentais na resolução de problemas:
a) identificação do problema; b) definição e representação do problema; c) formulação da
estratégia; d) organização da informação; e) alocação de recursos; f) monitorização; g)
avaliação.
Ao analisar as etapas essenciais para o processo de resolução de problemas,
observa-se que, em geral, o número de etapas varia, pois depende de autor para autor.
Entretanto, todas abordam passos necessários em busca da resolução de um problema.
Ações pedagógicas em sala de aula: como abordar a resolução de problemas no
ensino
Tendo em vista o que seria problema e as etapas de resolução de problemas no
ensino de Matemática, o professor ao abordar o conteúdo, deveria ficar atento e focar suas
aulas nas seguintes ações: Quando propuser o problema, priorizar aquelas tarefas que
podem ser resolvidas por diferentes estratégias e que tenham significado no contexto do
aluno, de modo a evitar aquelas que admitem poucos caminhos de resolução (POZO;
ANGÓN, 1998); durante o processo de solução, fazer perguntas orais direcionando as
informações, tendo em vista conduzir o aluno a inferir, generalizar, deduzir, argumentar e
sintetizar (ANDRADE; NOGUEIRA, 2005); de acordo com Itacarambi (2010), a opção do
trabalho em pequenos grupos possibilita a interação entre os colegas, permitindo que as
estratégias de solução sejam compartilhadas. Para Allevato e Onuchic (2014), a ação do
professor é observar o trabalho dos grupos, destacando a importância de interação. Desta
maneira, o professor ao perceber as dificuldades dos alunos, não deve indicar a resposta,
mas fazer perguntas que favoreçam a continuidade da tarefa, assim, os alunos se sentiram
confiantes e motivados. Os questionamentos do professor, conforme Silva e Siqueira Filho
(2011) devem conduzir os alunos a utilizarem seus conhecimentos matemáticos, bem como
auxiliá-los a perceberem se suas concepções estão corretas ou não; para a análise da
solução do problema, verificar se a resposta encontrada condiz com a situação proposta.
Assim como apresenta Andrade e Nogueira (2005, p. 46), “[...] você encontrou como
resultado de um problema um número fracionário quando a resposta deveria ser um
número inteiro, pois o problema se refere a pessoas”.
De acordo com o trabalho realizado em sala de aula utilizando o problema como
atividade inicial para desenvolver um conteúdo no ensino de Matemática, às vezes o
mesmo problema é utilizado por aulas seguidas, porque o envolvimento dos alunos vão
gerando outras abordagens que torna enriquecedor o processo de ensino. Diante do
proposto, “[...] já que a cada solução provisória abre novas dúvidas,cada resposta dá
origem a novas perguntas.” ( POZO; CRESPO, 1998, p.98).
Suydam (1997) escreve sobre resultados de pesquisas com uso da resolução de
problemas e indica pistas de ensino que tendem a contribuir com as ações dos professores
quando propõe problemas a seus alunos. Tais pistas são indicadores sobre como as crianças
resolvem problemas, sobre os próprios problemas e sobre as estratégias para resolução de
problemas. Dentre elas passaremos a pontuar aquelas que julgamos inerentes ao foco desta
pesquisa: Tecer elogios à criança ainda continua trazendo bons resultados, porque a criança
sente-se confiante. Ensinar a criança a resolver por diferentes estratégias; Incentivar a
análise das soluções encontradas, fazendo uma retrospectiva; Ter bom senso ao propor
problemas de modo que os mesmos não sejam de nível elevado à capacidade do
resolvedor; Mostrar aos alunos como tratar com cautela as palavras-chave; Valorizar o uso
das gravuras, dos mapas, dos gráficos, dos diagramas, enfim, de material concreto que
generalizamos como sucata; Não apressar as respostas e incentivar as crianças a refletirem
sobre os problemas, porque alguns deles precisam ser ruminados.
Ao abordar a resolução de problemas para favorecer a compreensão do ensino de
frações, Proença (2015) estabeleceu quatro ações que poderiam ser contempladas quando o
professor escolhe por utilizar a resolução de problemas para ensinar um conteúdo de
Matemática em sala de aula, a saber:O problema como ponto de partida - um conteúdo que
o aluno ainda não sabe, ele pode vir a ficar sabendo através de um problema proposto para
dar iniciao a este assunto;Permitir aos alunos expor suas estratégias - deixar que o aluno
apresente, apresenta as maneiras que utilizou para resolver a questão proposta;Discutir as
estratégias dos alunos - promover a socialização das estratégias de resolução, deste modo
os alunos podem interagir apresentando as formas de resolução; Articular as estratégias
dos alunos ao conteúdo - cabe ao professor formalizar o conteúdo utilizando as estratégias
que foram coeerentes nos procedimentos de resolução.
O professor ao utilizar a resolução de problemas assume a postura de mediador.
Conclusão
Esta pesquisa encontra-se em andamento, e tem por objetivo investigar: quais
ações pedagógicas dos professores que ensinam Matemática no Ensino Fundamental II
podem ser identificadas quando utilizam o problema como ponto de partida no processo de
ensino-aprendizagem de conteúdos de matemática? Os quatro professores participantes
desta pesquisa são professores que lecionam a disciplina de Matemática no Ensino
Fundamental II e atuam em escolas ou colégios jurisdicionados ao Núcleo Regional de
Educação de Maringá da Secretaria da Educação do Estado do Paraná (SEED). Foram
enviados questionários para 405 professores. Entretanto, recebemos apenas onze, foram
selecionados quatro por apresentarem a resolução de problemas como proposta de ensino-
aprendizagem.
Para representar cada participante da pesquisa, vamos identificá-los por um par
ordenado, formado por uma letra maiúscula e um número subscrito. A letra P, o primeiro
elemento do par, escolhido por ser a inicial da palavra professor, o segundo elemento deste
par será um número, que identificará a ordem de chegada dos e-mails, por exemplo, P1
:representa o primeiro professor que respondeu o questionário.
Os participantes P6 e P9 indicaram fazer abordagem da resolução de problemas,
tendo o problema como ponto de partida. P7, indica 4 passos da resolução de problemas,
entre eles a leitura e compreensão do problema. P7, P9 e P11 relatam os procedimentos de
socializar as estratégias de resolução e a formalização do conceito matemático do conteúdo
que está sendo desenvolvido.
A próxima etapa da pesquisa, será o contato pessoal, da pesquisadora e os quatro
professores selecionados. Se necessário entrar em contato também com P8 para obter sua
permissão para observação das aulas. Nesta ocasião solicitaremos por meio do Termo de
Consentimento a permissão para que a prática do professor em sala de aula seja observada
sendo feito o registro no diário de campo, para as futuras análises, indicando o que ficou
evidenciado em relação à questão proposta inicialmente. Constataremos se este discurso do
professor sobre a resolução de problema acontece em suas aulas, atrelando teoria e prática.
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