Resumo Livro Berne.
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RESUMO DO LIVRO DE FISIOLOGIA BERNE E LEVY
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Captulo 1
As vitaminas lipossolveis so absorvidas pelas clulas epiteliais do intestino delgado por
difuso simples atravs das membranas plasmticas luminais. Em contraste, as vitaminas
hidrossolveis no se difundem apreciavelmente atravs das membranas biolgicas, e, portanto,
protenas especiais de transporte de membrana so necessrias para a absoro das vitaminas
hidrossolveis.
No intestino delgado, a glicose e a galactose so absorvidas por transporte ativo secundrio
acoplado ao Na+. A presena de Na+ no lmen aumenta a absoro de glicose, e vice-versa. A
terapia de reidratao oral frequentemente empregada nas diarreias graves. Os pacientes ingerem
uma soluo contendo NaCl, glicose, K+ e HCO3-. A absoro de Na+ e glicose no intestino
delgado promove a absoro osmtica de gua, o que facilita a reidratao do paciente.
Captulo 2 - Equilbrios inicos e potenciais de repouso nas membranas
Glicosdios cardacos, como os digitlicos e drogas relacionadas, so capazes de aumentar a
fora da contrao do corao (captulo 16). Esses compostos inibem a ATPase Na+/K+. Como
resultado dessa inibio, o nvel intra-celular de Na+ nas clulas cardacas se eleva. Cada contrao
do corao iniciada por um aumento da concentrao citoslica de Ca2+ (captulo 15). Para o
msculo cardaco relaxar, o Ca2+ deve ser removido do citosol. A remoo do Ca2+ do citosol das
clulas cardacas realizada pelo bombeamento para o retculo sarcoplasmtico (RS) por uma
ATPase-Ca2+, na membrana do RS< e para fora da clula atravs da membrana plasmtica, por
uma ATPase-Ca2+ de membrana plasmtica, e por trocadores de Na+/Ca2+ na membrana
plasmtica. A ATPase-Ca2+ bombeia Ca2+ para dentro do retculo sarcoplasmtico; os trocadores
de Na+/Ca2+ bombeiam Ca2+ para fora da clula, atravs da membrana plasmtica (Esses
transportadores de ons foram descritos no captulo 1). Pelo fato de os glicosdios cardacos
aumentarem a concentrao citoslica de Na+, o trocador de Na+/Ca2+ no to efetivo em excluir
Ca2+ da clula. Consequentemente, a ATPase-Ca2+ pode acumular mais Ca2+ no RS e, ento, mais
Ca2+ liberado do RS para a prxima contrao cardaca, que ser mais forte que a normal por
causa do pico maior de Ca2+ no citosol.
Temos visto que a condutncia a K+ no repouso maior, e, assim, esse on tem a maior
influncia no potencial de repouso da membrana. Por essa razo, mudanas que ocorram na
concentrao de K+ no fluido extra-celular de um paciente iro afetar os potenciais de repouso da
membrana de todas as clulas. Um aumento de K+ no meio extra-celular despolarizaro
parcialmente as clulas (diminuio da magnitude do potencial de repouso da membrana), enquanto
que uma diminuio do nvel de K+, no meio extra-celular, ir hiper-polarizar as clulas (aumento
de magnitude do potencial de repouso das membranas). Tanto a despolarizao quanto a hiper-
polarizao de clulas cardacas (captulo 37) podem levar a arritmias cardacas, algumas das quais
ameaam a vida. Hipo-calemia (baixa concentrao srica de K+) pode ser resultado de um uso
prolongado de diurticos. A hiper-calemia (elevada concentrao de K+) ocorre na insuficincia
renal aguda e em um distrbio chamado de paralisia peridica hiper-calmica, que se caracteriza por
episdios de fraqueza muscular e paralisia flcida.
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Captulo 3
Os ovrios de certa espcie de peixe, conhecido como baiacu, contm TTX. A carne crua
uma iguaria muito apreciada no Japo. Os conhecedores apreciam o adormecimento dos lbios que
a carne do peixe causa devido presena de minsculas quantidades de TTX. Os preparadores de
sushi treinados na remoo dos ovrios com segurana recebem autorizao do governo para a
preparao do baiacu., A despeito dessas precaues, algumas pessoas morrem anualmente por
ingesto do peixe inadequadamente preparado.
A saxitoxina outro bloqueador dos canais para Na+, produzida por dinoflagelados de
colorao avermelhada que so responsveis pelas chamadas mars vermelhas. Mariscos se
alimentos dos dinoflagelados e concentram a saxitoxina em seus tecidos. Uma pessoa que ingira
esses frutos do mar podem experimentar uma paralisia potencialmente letal 30 minutos aps a
refeio.
Em um distrbio hereditrio, chamado paralisia primria hiper-calmica, os pacientes
apresentam episdios de contraes musculares espontneas e dolorosas, seguidas por perodos de
paralisia dos msculos afetados. Esses sintomas so acompanhados por nveis elevados de K+ no
lquido plasmtico e extra-celular. Alguns pacientes com esse distrbio apresentam mutaes dos
canais para Na+ dependentes de voltagem que resultam em velocidade reduzida de inativao por
voltagem. Isso causa potenciais de ao de longa durao nas clulas musculares esquelticas e um
efluxo aumentado de K+ durante cada potencial de ao. Isso pode elevar os nveis extra-celulares
de K+.
A elevao do K+ extra-celular causa a despolarizao das clulas do msculo esqueltico.
Inicialmente, a despolarizao faz com que as clulas musculares fiquem mais prximas do seu
limiar, de modo que os potenciais de ao espontneos e contraes so mais provveis. Conforme
a despolarizao das clulas se torna mais acentuada, as clulas se acomodam por causa da
inativao dos canais para Na+.; Consequentemente, as clulas se tornam incapazes de disparar
potenciais de ao e de se contrair em resposta aos potenciais de ao nos seus axnios motores.
Em algumas doenas, conhecidas como distrbios desmielinizantes, a bainha de mielina se
deteriora. Na esclerose mltipla, uma desmielinizao esparsa e progressiva dos axnios do sistema
nervoso central resulta em uma perda do controle motor. A neuropatia comum nos casos severos de
diabetes mellitus causada pela desmielinizao dos axnios perifricos. Quando a mielina
perdida, a constante de comprimento, elevada pela mielinizao, se torna muito menor.
Consequentemente, o potencial de ao perde amplitude na sua conduo eletrotnica de um n de
Ranvier para outro. Se a desmielinizao suficientemente severa, o potencial de ao pode chegar
ao prximo n de Ranvier com amplitude insuficiente para disparar um potencial de ao. O axnio
pode falhar em propagar os potenciais de ao.
Captulo 4
A importncia do influxo de Ca2+ na terminao nervosa para iniciar a liberao de
transmissor ilustrada pela sndrome miastnica de Lambert-Eaton. Pacientes com essa sndrome
tm fraqueza muscular e diminuio dos reflexos de estiramento. Esses pacientes produzem
anticorpos contra os canais para Ca2+ em seus terminais nervosos motores. Consequentemente, o
nmero de canais para Ca2+ decresce, havendo menor entrada de Ca2+ nas terminaes nervosas e
menos neurotransmissor sendo liberado em resposta a cada potencial de ao.
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As assim chamadas alfa-toxinas do veneno de serpentes so responsveis pela paralisao de suas
presas. Essas toxinas se ligam a stios de ligao de acetilcolina no receptor e impedem a ligao da
acetilcolina, inibindo sua ao. Flechas envenenadas por imerso das pontas em curare, uma alfa-
toxina extrada de certas plantas, so usadas por alguns ndios sul-americanos para paralisar suas
presas.
Pacientes com uma doena chamada miastenia grave so incapazes de manter a contrao
prolongada do msculo esqueltico. Esses indivduos tm anticorpos circulantes contra a protena
do receptor para a acetilcolina. Paciente com essa doena tm um menor nmero de receptores para
acetilcolina na membrana plasmtica ps-juncional e, consequentemente, os PPMs so menores. Os
sintomas incluem fraqueza muscular e incapacidade de sustentar a contrao muscular. Tratamentos
com anticolinesterase aumentam acentuadamente a capacidade desses pacientes em manter
contraes musculares.
Dficits em vias envolvendo acetilcolina (vias colinrgicas) no crebro tm sido implicados
em algumas formas de demncia senil (e..g, doena de Alzheimer). Tratamento com drogas
anticolinestersicas de ao prolongada, que penetram na barreira hematoenceflica, pode melhorar
a funo cognitiva em alguns indivduos que sofrem dessa demncia.
Neurnios que possuem altos nveis de dopamina so proeminentes nas regies
mesenceflicas, conhecidas como substncia negra e tegumento ventral. Alguns dos axnios desses
neurnios terminam no corpo estriado, onde participam do controle dos movimentos complexos. A
degenerao de sinapses dopaminrgicas no corpo estriado ocorre na doena de Parkinson, e essa
degenerao pode ser a maior causa do tremor muscular e rigidez que caracterizam essa doena.
Tratamento de alguns pacientes com Parkinson com L-dopa, um precursor da dopamina, aumenta o
controle motor.
Em contraste, a hiper-atividade da sinapse dopaminrgica pode ser envolvida em algumas
formas de psicose. Clorpromazina e drogas anti-psicticas relacionadas inibem os receptores de
dopamina na membrana ps-sinptica e, assim, diminuem os efeitos da dopamina liberada pelas
terminaes pr-sinpticas.
Anestsicos gerais prolongam o tempo de abertura dos canais para cloreto dos receptores
para GABA e, assim, prolongam a inibio de neurnios ps-sinpticos nas sinapses GABA-
rgicas. Receptores para GABA podem ser o alvo principal dos anestsicos gerais.
O pio e derivados so terapeuticamente teis como potentes analgsicos (alvio da dor).
Eles exercem seus efeitos analgsicos pela ligao a receptores opioides especficos. A ligao a
seus receptores inibida especificamente por um derivado da morfina, chamado naloxone.
Receptores para GABA-A so os alvos de duas maiores classes de drogas:
benzodiazepnicos e barbitricos. Benzodiazepinas (e.g., diazepam) so amplamente usadas como
ansiolticos e drogas relaxantes. Barbitricos so usados como sedativos e anticonvulsivantes.
Ambas classes de drogas se ligam a distintos stios nos receptores para GABA e aumentam a
probabilidade de abertura de canais para Cl-, em resposta ao GABA.
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Captulo 6
Certos vrus e toxinas podem ser transportados, por transporte axonal, ao longo de nervos
perifricos. Por exemplo, o herpes zoster, o vrus da varicela, invade as clulas do gnglio da raiz
dorsal, pode ficar alojado por muitos anos e, eventualmente, tornar-se ativo por uma mudana do
estado imunolgico do hospedeiro. O vrus pode ento ser transportado ao longo dos axnios
sensoriais para a pele. Um novo surto de leses da pele ocorre e produz as bolhas, erupes
dolorosas nos dermtomos de um ou mais nervos espinhais. Outro exemplo de transporte axonal o
da toxina tetnica. A bactria Clostridium tetani pode crescer numa ferida infectada e se o indivduo
no tiver sido vacinado contra a toxina tetnica, esta ser transportada retrogradamente nos axnios
dos motoneurnios, podendo extravasar para o espao extra-celular do corno ventral da medula
espinhal, e bloquear os receptores sinpticos para os aminocidos inibitrios. Esse processo pode
resultar em convulses tetnicas.
Um exemplo na diferena do limiar dos receptores sensoriais e para percepo est na
codificao perifrica da dor. Os estmulos dolorosos ativam receptores sensoriais, conhecidos
como nociceptores; registros foram feitos a partir de nociceptores nos nervos humanos. Uma tcnica
denominada micro-neurografia utilizada, inserindo-se um micro-eletrodo em um nervo perifrico
de um indivduo consciente. Os registros do axnio de um nociceptor individual indicaram que uma
ativao mnima do axnio, sob observao, pode no causar dor. Isso pode ser explicado se mais
que um axnio nociceptivo aferente precise ser ativado ao mesmo tempo para produzir dor, porque
o processamento nociceptivo central requer somao espacial. Alternativamente, um nociceptor
pode ter que ser ativado mais que uma vez, porque a somao temporal pode ser necessria. De
fato, parece que um nico nociceptor cutneo necessita descarregar em uma frequncia de 3Hz ou
mais antes que a dor seja percebida, e ela mais intensa quanto mais nociceptores forem ativados.
O processamento da dor, nas vias nociceptivas do SNC, caracterizado por curvas de
acelerao positiva. As funes estmulo-resposta de acelerao positiva dos nociceptores ajuda a
explicar a urgncia que se sente na medida em que a sensao da dor aumenta.
Clinicamente, a maneira usual de monitorar a atividade das unidades motoras a
eletromiografia. Um eletrodo colocado dentro de um msculo esqueltico para registrar os
potenciais de ao compostos das fibras musculares esquelticas de uma unidade motora. Se no
notada nenhuma atividade espontnea, solicita-se ao paciente que contraia voluntariamente o
msculo para aumentar a atividade das unidades motoras no msculo; se a fora de contrao
voluntria aumenta, mais unidades motoras so recrutadas. Alm do recrutamento de mais
neurnios motores, a fora de contrao afetada pela velocidade de descarga dos motoneurnios
alfa ativos. A eletromiografia empregada para vrios propsitos, por exemplo, a velocidade de
conduo dos axnios motores pode ser estimada, medindo-se a distncia entre as latncias dos
potenciais das unidades motoras, quando um nevo perifrico estimulado em dois pontos separados
por uma distncia conhecida. Outra aplicao a observao dos potenciais de fibrilao, que
ocorrem quando as fibras musculares so desnervadas. Os potenciais de fibrilao so potenciais de
ao espontneos que ocorrem em fibras musculares unitrias. Esses potenciais espontneos
contrastam com os potenciais da unidade motora, que so maiores e de longa durao, porque eles
representam os potenciais de ao de um conjunto de fibras musculares que pertencem unidade
motora.
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A sensibilizao dos nociceptores aferentes primrios ocorre quando substncias qumicas
como K+, bradicinina, serotonina, histamina e eicosanoides (prostaglandinas e leucotrienos) so
liberadas prximo aos terminais do nociceptor em resposta a uma leso do tecido ou inflamao.
Por exemplo, um estmulo nocivo aplicado pele pode destruir as clulas prximo ao nociceptor.
As clulas mortas liberam K+, que despolariza o nociceptor. Elas tambm liberam enzimas
proteolticas que reagem com as globulinas circulantes para formar a bradicinina, que ento se liga
ao receptor na membrana do nociceptor e ativa um sistema de segundo mensageiro, que por sua vez
sensibiliza a terminao. Outros agentes qumicos, como a serotonina liberada das plaquetas, a
histamina dos mastcitos e os eicosanoides de vrios elementos celulares, tambm contribuem para
a sensibilidade, ou por abrir canais inicos ou por ativar sistemas de segundos mensageiros. Muitas
dessas substncias tambm atuam em vasos sanguneos, clulas imunes, plaquetas e outros efetores
que participam da inflamao.
Captulo 7
A maior parte da inervao dos dermtomos provm dos segmentos correspondentes da
medula espinhal, no entanto, recebem inervao tambm dos ramos colaterais das fibras aferentes
primrias de vrios segmentos espinhais adjacentes. Assim, a transeco de uma nica raiz dorsal
causa uma pequena perda sensorial no dermtomo correspondente. A anestesia de um determinado
dermtomo requer a interrupo de vrias razes dorsais consecutivas.
Os indivduos idosos, s vezes, so suscetveis a uma condio de dor crnica, conhecida
como nevralgia do trigmeo. Os indivduos nessa condio experimentam episdios de dor intensa,
frequentemente lancinante, na distribuio de um ou mais ramos do nervo trigmeo. Geralmente a
dor desencadeada por um estmulo mecnico fraco na mesma regio. O fator que mais contribui
para esse estado doloroso parece ser uma leso mecnica do gnglio trigeminal por uma artria que
empurra o gnglio. O deslocamento cirrgico da artria pode, frequentemente, resolver esta
condio.
Efeitos da interrupo das vias medulares dorsais. Uma leso que interrompe as vias que
ascendem na regio dorsal da medula espinhal ir resultar em deficincias de discriminao ttil, de
sentido vibratrio, do sentido de posio e da sensao visceral. A habilidade em reconhecer figuras
desenhadas na pele (grafestesia) e o reconhecimento ttil dos objetos colocados na mo
(estereognosia) estaro parcialmente afetados. Algumas funes tteis permanecem, e estas
permitam a localizao de um estmulo ttil e a sensao de tremulao. A dor cutnea e as
sensaes de temperatura no so afetadas, mas a dor visceral diminui substancialmente.
Efeitos da interrupo das vias espinhais ventrais, incluindo o trato espino-talmico.
Ambos os componentes discriminativo-sensorial e afetivo-motivacional da dor so perdidos do lado
contra-lateral do corpo, quando o trato espino-talmico e as vias da medula espinhal ventral que o
acompanham so interrompidos. Isso motivou o desenvolvimento de um procedimento cirrgico,
conhecido como cordotomia ntero-lateral. Esse procedimento foi usado inicialmente para tratar dor
em muitos indivduos, especialmente aqueles que sofrem de cncer. Essa operao agora utilizada
esporadicamente, porque ocorreram aperfeioamentos na teraputica medicamentosa e porque a dor
frequentemente retorna meses ou anos aps a cordotomia inicial bem-sucedida. O retorno da dor
pode se dever a uma extenso da doena ou ao desenvolvimento de um estado de dor central. Alm
da perda da sensao de dor, a cordotomia ntero-lateral produz a perda das sensaes de frio e
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calor do lado contra-lateral do corpo. Testes cuidadosos podem revelar tambm uma deficincia ttil
pequena, mas as vias sensoriais da poro dorsal da medula espinhal estando intactas, fornecero
informaes tteis suficientes, tornando qualquer perda causada pela interrupo do trato espino-
talmico insignificante.
A destruio dos ncleo Ventral Pstero-Lateral ou Ventral Pstero-Medial no tlamo
diminui a sensao do lado contra-lateral do corpo ou da face. As qualidades sensoriais que so
perdidas refletem aquelas que so transmitidas principalmente pela via da coluna dorsal/lemnisco
medial e sua equivalente trigeminal. O componente discriminativo-sensorial da dor tambm
perdido. Contudo, o componente afetivo-emocional da dor est ainda presente se o tlamo medial
estiver intacto. Presumivelmente, a dor persiste devido s projees espino-talmicas e espino-
retculo-talmicas para essas regies do tlamo.
Em alguns indivduos, a leso do tlamo somato-sensorial resulta em um estado de dor
central conhecido como dor talmica, que um tipo de dor central. Contudo, a dor que
indistinguvel da dor talmica tambm pode ser produzida por leses no tronco cerebral ou no
crtex.
Efeitos de leses no crtex somato-sensorial. Uma leso no crtex SI de seres humanos
causa alteraes sensoriais semelhantes quelas produzidas por uma leso no tlamo somato-
sensorial. Contudo, frequentemente s uma parte do crtex est envolvida, e, com isso, a perda
sensorial fica restrita, por exemplo, face ou perna, dependendo da localizao da leso com
relao ao homnculo sensorial. As modalidades sensoriais mais afetadas so o tato discriminativo e
o sentido de posio. A grafestesia e a estereognosia so particularmente afetadas. A dor e a
sensao trmica so relativamente pouco afetadas, embora uma perda da dor possa acompanhar as
leses corticais. Por outro lado, as leses corticais podem resultar em um estado de dor central que
se assemelha dor talmica.
Efeitos de uma leso no crtex parietal associativo. Uma leso no crtex parietal
associativo do hemisfrio no-dominante com relao linguagem, causa deficincias na habilidade
de se relacionar com o espao extra-pessoal. Quando se solicita a uma pessoa afetada que copie
figuras geomtricas, as figuras so distorcidas. Por exemplo, os nmeros de um relgio podem ser
todos desenhados do lado do relgio que corresponde ao lado normal de um indivduo com a leso
(apraxia de construo). O indivduo nega a existncia do lado contra-lateral do corpo (sndrome da
negligncia) e apresenta dificuldade em vestir-se deste lado; ele tambm apresenta dificuldade para
ler mapas, dirigir ou desempenhar outras atividades que requeiram orientao espacial.
Captulo 8
Os defeitos de focalizao so causados por uma discrepncia entre o tamanho do olho e o
poder de refrao dos meios diptricos. Por exemplo, na miopia (viso para perto), as imagens dos
objetos distantes so formadas frente da retina. Lentes cncavas corrigem esse problema.
Inversamente, na hipermetropia (viso para longe), as imagens dos objetos distantes so formadas
atrs da regina;]; esse problema pode ser corrigido com lentes convexas. No entanto, tambm
possvel a focalizao temporria atravs da acomodao, o que pode fatigar os msculos ciliares e
causar esforo visual. No astigmatismo, existe uma assimetria nos raios de curvatura de diferentes
meridianos da crnea ou do cristalino (ou, por vezes, da retina). O astigmatismo costuma ser
corrigido com lentes cilndricas que possuam os raios de curvatura adequados correo no plano
afetado.
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medida que o indivduo envelhece, a elasticidade do cristalino gradualmente declina.
Como resultado, a acomodao do cristalino para a viso prxima se torna cada vez menos eficaz,
patologia chamada presbiopia. Uma pessoa jovem pode mudar a potncia do seu cristalino em at
14D. No entanto, quando a pessoa chega aos 40 anos de idade, o grau de acomodao cai metade,
e, depois dos 50 anos, diminui para 2D ou menos. A presbiopia pode ser corrigida por lentes
convexas.
Como foi mencionado, os axnios das clulas ganglionares da retina atravessam a retina na
camada de fibras pticas (camada 9) e entram no nervo ptico no disco ptico. Os axnios na
camada das fibras pticas passam em torno da mcula e evitam a fvea, assim como os vasos que
irrigam as camadas internas da retina. O disco ptico pode ser visualizado no exame fsico pelo uso
de um oftalmoscpio. O disco ptico normal tem uma depresso discreta em seu centro. Alteraes
no aspecto do disco ptico so clinicamente importantes. Por exemplo, a depresso pode ser
exagerada pela perda de axnios de clulas ganglionares (atrofia ptica) ou o disco ptico pode
fazer protruso no espao vtreo devido a edema (papiledema) causado por hipertenso craniana.
A rodopsina contm um cromforo, chamado retinal, que o aldedo do retinol, ou vitamina
A. O retinol derivado de carotenoides, como o beta-caroteno, o pigmento laranja encontrado nas
cenouras. Como outras vitaminas, o retinal no pode ser sintetizado pelo homem; em lugar disso,
derivado de fontes alimentares. Os indivduos com severa deficincia de vitamina A sofrem de
cegueira noturna, patologia na qual a viso defeituosa com pouca iluminao.
As observaes sobre cegueira para cores so compatveis com a teoria tricromtica. Na
cegueira para cores, um defeito gentico (recessivo ligado ao sexo), um ou mais dos mecanismos
dos cones so perdidos. As pessoas normais so tricromatas porque tm trs mecanismos dos cones.
Os indivduos que perderam um dos mecanismos dos cones so chamados dicromatas. Quando se
perde o mecanismo dos cones de comprimentos de onda longos, a patologia resultante chamada
protanopia; a perda do sistema de comprimentos de ondas mdios causa deuteranopia; e a perda do
sistema de comprimento de ondas curtas causa tritanopia. Os monocromatas perderam todos os trs
mecanismos dos cones (ou, em alguns casos, dois destes).
A interrupo da via visual em qualquer nvel causar uma falha na parte apropriada do
campo visual. Por exemplo, uma leso da retina ou interrupo do nervo ptico num lado produz
cegueira ou escotoma naquele olho. A leso das fibras do nervo ptico, quando essas cruzam no
quiasma ptico, resulta em perda de viso em ambos os campos temporais de viso; essa patologia
conhecida como hemianopsia bi-temporal. Ela ocorre porque as fibras cruzadas se originam nas
clulas ganglionares das metades nasais de cada retina. Uma leso no trato ptico inteiro, no NGL,
na radiao ptica ou no crtex visual num lado causa hemianopsia homnima, que uma perda de
viso no campo visual contra-lateral inteiro. A leso parcial resulta em falhas parciais no campo
visual. Por exemplo, uma leso da ala de Meyer causa quadrantanopsia homonima, que a perda
da viso no campo visual superior contra-lateral. Uma leso do crtex estriado pode no destruir
todos os neurnios que representam a mcula, e o resultado algumas vezes uma hemianopsia
homnima poupando a mcula.
Leses do crtex visual extra-estriado podem produzir vrios dficits. Leses bi-laterais do
crtex nfero-temporal podem resultar em cegueira para cores (acromatopsia) ou na incapacidade de
reconhecer faces, mesmo dos membros mais prximos da famlia (prosopagnosia). Uma leso na
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rea MT ou na MST pode interferir com a deteco de movimento e com os movimentos oculares.
De acordo com a escala, a fala tem uma intensidade de cerca de 65 dB. As principais
frequncias usadas na fala situam-se na faixa de 300 a 3.500 Hz. Os sons que excedem 100 dB
podem danificar o aparelho auditivo perifrico, e aqueles acima de 120 dB podem causar dor.
medida que as pessoas envelhecem, sua capacidade de ouvir altas frequncias declina, uma
patologia chamada presbiacusia.
De acordo com a escala, a fala tem uma intensidade de cerca de 65 dB. As principais
frequncias usadas na fala situam-se na faixa de 300 a 3.500 Hz. Os sons que excedem 100 dB
podem danificar o aparelho auditivo perifrico, e aqueles acima de 120 dB podem causar dor.
medida que as pessoas envelhecem, sua capacidade de ouvir altas frequncias declina, uma
patologia chamada presbiacusia.
O ouvido mdio tambm se presta a outras funes. So encontrados dois msculos no
ouvido mdio: o tensor do tmpano (inervado pelo nervo trigmeo) e o estapdio (inervado pelo
facial). Esses msculos se fixam, respectivamente, ao martelo e ao estribo. Quando se contraem,
abafam os movimentos da cadeia ossicular e, assim, diminuem a sensibilidade do aparelho acstico.
Essa ao pode proteger o aparelho acstico de sons prejudiciais que possam ser antecipados. No
entanto, uma exploso sbita ainda pode danificar o aparelho acstico porque no ocorre a
contrao reflexa dos msculos do ouvido mdio com a rapidez suficiente. O ouvido mdio ligas-e
faringe atravs da tuba auditiva. As diferenas de presso entre os ouvidos externo e mdio podem
ser equalizadas atravs dessa passagem. Se houver coleo de lquido no ouvido mdio, como
durante uma infeco, a tuba uterina pode ficar bloqueada. A diferena de presso resultante entre
os ouvidos externo e mdio pode produzir dor por deslocamento da membrana timpnica e, em
casos extremos, por ruptura da membrana timpnica. Voar e mergulhar tambm podem causar
diferenas de presso.
Uma causa comum de surdez a destruio de clulas ciliadas por sons intensos. As clulas
ciliadas podem ser destrudas, por exemplo, por exposio a rudo industrial ou por ouvir msica
em alta intensidade. Tipicamente, as clulas ciliadas em certas partes da cclea so seletivamente
danificadas e, desta forma, a audio pode ser perdida numa faixa de frequncias distinta. Tal perda
auditiva seletiva pode ser diagnosticada por audiometria.
Uma mistura de fibras ascendentes do sistema auditivo representa ambos ouvidos no nvel
do lemnisco lateral. Dessa forma, a representao do espao auditivo complexo, mesmo no nvel
do tronco enceflico. Consequentemente, pode ocorrer surdez uni-lateral com leses isoladas de
ncleos cocleares ou de estruturas mais perifricas. As leses centrais no causam surdez uni-
lateral, embora possam interferir com a localizao do som ou a discriminao dos tons.
As leses bi-laterais do crtex auditivo tm pouco efeito sobre a capacidade de distinguir as
frequncias ou a intensidade de diferentes sons, mas a capacidade de localizar o som e compreender
a fala fica reduzida. Leses uni-laterais, contudo, tm pouco efeito, especialmente se estiver
envolvido o hemisfrio no-dominante. Evidentemente, a discriminao de frequncias depende da
atividade de nveis inferiores da via auditiva, presumivelmente o colculo inferior.
Como j foi discutido, a surdez uni-lateral causada por danificao do aparelho auditivo
perifrico ou dos ncleos cocleares, mas no por leses do SNC. Uma perda de audio distinta
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para frequncias em particular pode ser decorrente de dano a uma parte do rgo de Corti (como na
exposio a sons intensos, como particularmente ao ouvir msica com alta intensidade ou por rudo
industrial). O grau de surdez pode ser quantificado para diferentes frequncias por audiometria.
Nessa, apresentam-se tons de diferentes frequncias e intensidades a cada ouvido. Faz-se um
audiograma para mostrar os limiares de cada ouvido para frequncias de sons representativas. A
comparao com o audiograma de indivduos normais mostra o dficit auditivo (em decibeis). O
padro de dficit auxilia no diagnstico da causa da perda auditiva.
Dois testes simples costumam ser usados clinicamente para distinguir os tipos mais
importantes de surdez, a de conduo e a neuro-sensorial. O teste de Weber usado para avaliar a
magnitude de uma surdez de conduo. Neste teste, a base de um diapaso vibrando colocada
contra a parte central da fronte e pede-se ao indivduo para localizar o som. Normalmente, o som
no localizado num ouvido em particular. No entanto, se a pessoa tiver surdez de conduo (como
por exemplo uma membrana timpnica perfurada, coleo lquida no ouvido mdio, otosclerose ou
perda da continuidade da cadeia ossicular), o som ser localizado no ouvido surdo porque ele
conduzido cclea atravs do osso. O som conduzido pelo osso pode ativar o rgo de Corti,
embora no to bem quanto o som conduzido normalmente atravs da cadeia timpnica e da cadeia
ossicular. Uma razo pela qual o som no teste de Weber no localizado no ouvido normal pode ser
que a audio no ouvido normal seja inibida pelo nvel sonoro ambiente (mascaramento auditivo).
No teste de Weber, a localizao do som no ouvido surdo por uma perda do mecanismo
normal de conduo pode ser facilmente demostrada em indivduos normais aos quais se pea para
colocarem um dedo em um dos ouvidos a fim de prejudicar a audio neste. Inversamente, nos
indivduos com surdez neuro-sensorial (como nas leses do rgo de Corti, do nervo coclear ou dos
ncleos cocleares), o som localizado no lado normal. No teste de Rinne, um diapaso vibrando
colocado contra o processo mastoide e pede-se ao indivduo para indicar quando o som desaparece.
O diapaso ento seguro perto do meato auditivo externo. Se o mecanismo de conduo estiver
lesado, o som no ser ouvido. A conduo ssea, nesse caso, melhor do que a conduo area. Se
a surdez for neuro-sensorial, o som no ser ouvido.
A gustao no avaliada, de rotina, no exame neurolgico. No entanto, um exame
detalhado pode incluir aplicao de substncias de teste nos dois teros anteriores e no tero
posterior da lngua de cada lado. A lngua deve ser mantida em protruso para impedir a mistura das
substncias de teste com a saliva e impedir a redistribuio subsequente para outras reas da lngua.
A gustao tambm pode ser testada por aplicao de uma corrente galvnica lngua. A sensao
de gustao pode ser perdida, por exemplo, depois de leso de um nervo craniano que contenha
aferentes gustatrios.
A olfao em geral no verificada num exame neurolgico de rotina. No entanto, pode ser
testada pedindo-se ao paciente que inale e identifique um odorante. Deve ser examinada uma narina
a cada vez, enquanto a outra narina ocluda. Os odorantes fortes, como a amnia, devem ser
evitados porque tambm ativam fibras sensoriais do trigmeo. A sensao olfatrio pode ser perdida
(anosmia) depois de uma fratura da base do crnio ou de leso de um ou de ambos os bulbos ou
tratos olfatrios por tumor (como um meningioma do sulco olfatrio). Ocorre uma aura de odor
desagradvel, muitas vezes odor de borracha queimada, durante crises uncinadas, que so crises
epilpticas que se originam na regio do uncus.
Captulo 9
Leso da medula espinhal algo comum, especialmente em jovens do sexo masculino. Tais
leses so causadas por colises de automveis, acidentes esportivos, ferimentos de guerra ou
-
ferimentos por arma de fogo. Dependendo do nvel e da magnitude da leso da medula espinhal, o
indivduo afetado pode ter paraplegia (paralisia dos membros inferiores) ou tetraplegia (paralisia
dos quatro membros). Muitas das pesquisas nesse campo concentram-se em desenvolver formas de
amenizar as consequncias da leso da medula espinhal. Caminhos promissores incluem: (1)
proteo contra dano secundrio pela administrao de agentes como a metilprednisolona pouco
depois da leso; (2) procedimentos para auxiliar no movimento, como a estimulao eltrica dos
nervos dos msculos dos membros inferiores; e (3) tratamentos na tentativa de promover a
regenerao e o reparo das vias motoras descendentes interrompidas. Evidncias recentes sugerem
que transplantes de clulas tronco embrionrias possam, no futuro, ser teis para restaurar alguns
dos circuitos danificados.
No homem, uma transeco abrupta da medula espinhal resulta em uma patologia chamada
choque espinhal, que se caracteriza por uma paralisia flcida, arreflexia, perda da funo
autonmica e perda de toda a sensibilidade abaixo do nvel da transeco. Numa paralisia flcida, a
articulao no oferece resistncia ao movimento passivo quando dobrada por um examinador. Essa
ausncia de resistncia resulta da perda dos reflexos de estiramento muscular, que normalmente
causam contraes musculares que se opem a alteraes na posio da articulao. O choque
espinhal geralmente dura 3 a 4 semanas. Depois que o choque espinhal se resolve, os reflexos
gradualmente retornam e depois se tornam hiperativos. A hiperatividade dos reflexos espinhais
demonstrada por maior resistncia que o normal quando se tenta dobrar uma articulao
passivamente. O movimento voluntrio e a sensibilidade jamais retornam, e a paralisia muda da
flacidez para a espasticidade. Alm disso, aparecem reflexos patolgicos (como o sinal de
Babinski), o tono muscular aumenta e as funes intestinal e vesical retornam, mas numa forma
alterada.
A hiperatividade afeta os reflexos de estiramento e os reflexos de retirada. Reflexos de
estiramento hiperativos associam-se no apenas a um aumento da resistncia ao estiramento
passivo, mas tambm, muitas vezes, ao clono (uma contrao alterante de msculos agonistas e
antagonistas em torno de uma articulao, como o tornozelo, depois de uma flexo inicial passiva
rpida da articulao). Os reflexos de retirada hiperativos em resposta a um estmulo nociceptivo
aplicado a um dos ps podem incluir no apenas flexo de uma ou ambas as extremidades
inferiores, mas tambm mico, defecao e sudorese. A postura costuma ser de flexo sustentada
das extremidades inferiores.
Em animais, a transeco espinhal produz alteraes semelhantes, mas o perodo de choque
espinhal geralmente breve. Portanto, nessa circunstncia os reflexos espinhais podem ser
estudados na ausncia de controles descendentes.
Os pacientes humanos com leso do tronco enceflico tambm podem desenvolver um
estado descerebrado que tem muitas das caractersticas reflexas das preparaes animais. O
prognstico, em tais pacientes, mau se os sinais de descerebrao aparecerem.
Os potenciais de ao so desencadeados nas fibras aferentes do grupo Ia quando um
mdico percute o tendo de um msculo, como o quadrceps, com um martelo de reflexos. O
resultado uma breve contrao muscular rapidamente amortecida. Quando a excitabilidade dos
motoneurnios alfa alterada patologicamente, o reflexo de estiramento fsico pode ficar hipoativo
ou hiper-excitvel. No passado, esse tipo de reflexo era denominado reflexo tendinoso profundo.
Esse termo no bom, contudo, porque os receptores responsveis pelo reflexo esto no msculo,
no no tendo. A percusso do tendo apenas proporciona um estiramento rpido do msculo.
A maneira mais comum para um mdico avaliar o nvel de excitabilidade dos
motoneurnios espinhais com o uso do martelo de reflexos. No entanto, uma outra abordagem
-
seria estimular os axnios de fibras do grupo Ia eletricamente e examinar as alteraes nas respostas
reflexas provocadas por um surto sncrono de atividade induzido nas fibras aferentes dos fusos
musculares. O reflexo pode ser objetivamente monitorizado pela eletromiografia. O reflexo mono-
sinptico desencadeado por estimulao do nervo tibial na fossa popltea e registrado a partir dos
msculos trceps surais o chamado reflexo H (de Hoffmann, que descreveu essa tcnica).
O crtex motor tem sido explorado em pacientes humanos submetidos a cirurgia para
remover tecido cicatricial que tenha causado epilepsia ps-traumtica. Muitas vezes, a resseco do
tecido cicatricial cura a epilepsia. No entanto, o cirurgio deve ser cuidadoso em no lesar reas
normais do crtex motor poque isso paralisar a musculatura afetada.
Uma causa comum de distrbio motor no homem a interrupo do trato crtico-espinhal
na cpsula interna; tais interrupes ocorrem em acidentes vasculares capsulares. O distrbio
resultante costuma ser denominado sndrome do trato piramidal ou doena do neurnio motor
superior. As alteraes motoras caractersticas desse distrbio incluem (1) aumento dos reflexos de
estiramento fsicos e tnicos (espasticidade); (2) fraqueza, geralmente dos msculos distais,
especialmente os msculos dos dedos; (3) reflexos patolgicos, inclusive o sinal de Babinski (flexo
dorsal do hlux e abertura em leque dos outros artelhos quando a planta do p estimulada com
instrumento pontiagudo); e (4) reduo dos reflexos superficiais, como o abdominal e o
cremastrico. No entanto, se apenas o trato crtico-espinhal tiver sido interrompido, como pode
ocorrer com uma leso da pirmide bulbar, a maioria desses sinais estar ausente. Nessa situao, os
dficits mais proeminentes so fraqueza dos msculos distais, especialmente dos dedos, e um sinal
de Babinski positivo. No ocorre espasticidade, mas o tono muscular diminui. Evidentemente, a
espasticidade depende do distrbio da funo do trato crtico-espinhal e de outras vias, como os
tratos retculo-espinhais.
Os efeitos da interrupo das vias do sistema medial so bem diferentes dos produzidos por
leses do trato crtico-espinhal. Os principais dficits so uma reduo inicial do tono dos msculos
posturais e perda dos reflexos de endireitamento. Os efeitos a longo prazo incluem
comprometimento locomotor e quedas frequentes. No entanto, a manipulao de objetos
perfeitamente normal.
Quando h uma excitao labirntica de um dos lados, como na doena de Mnire, ou
quando um labirinto se torna no-funcionante, como pode acontecer em decorrncia de traumatismo
craniano ou doena do labirinto, os sinais transmitidos atravs das vias reflexas vestbulo-oculares
dos dois lados se tornam desequilibrados. Resulta ento o nistagmo vestibular. Por exemplo, a
irritao do labirinto do lado esquerdo pode aumentar as descargas dos aferentes que suprem o
canal semi-circular horizontal esquerdo. O sinal produzido assemelha-se ao normalmente produzido
quando a cabea rodada para a esquerda (o que causa um desvio relativo na endolinfa em direo
cpula). Desse modo, o sinal desencadeia um nistagmo com fase lenta para a direita e fase rpida
para a esquerda. A direo do nistagmo nomeada de acordo com o movimento rpido; portanto,
esse nistagmo de batimento para a esquerda. A destruio do labirinto do ouvido interno direita produz efeitos semelhantes aos induzidos por irritao do labirinto esquerdo.
Os exames clnicos da funo labirntica so feitos comumente por rotao do paciente
numa cadeira de Brny para ativar os labirintos em ambos os lados ou por introduo de gua fria
ou morna no canal auditivo externo de um dos ouvidos (teste calrico). Quando uma pessoa
rodada na cadeira de Brny, desenvolve-se um nistagmo durante a rotao. A direo da fase
rpida do nistagmo a mesma direo da rotao. Quando a rotao da cadeira suspensa,
desenvolve-se um nistagmo na direo oposta (nistagmo ps-rotatrio). Se for feita uma tentativa
-
para o indivduo ficar em p, ele se sentir tonto e tender a cair.
O teste calrico mais til porque consegue distinguir entre disfuno dos labirintos nos
dois lados. A cabea curvada para trs cerca de 60, de modo que os dois canais horizontais
fiquem essencialmente verticais. Se for introduzida gua morna no ouvido esquerdo, a endolinfa no
canal semi-circular esquerdo tende a elevar-se medida que a gravidade especfica da endolinfa
diminui devido ao aquecimento. Como resultado, os quinoclios das clulas ciliares da crista
ampular esquerda so defletidos em direo ao utrculo, a descarga dos aferentes que suprem esse
epitlio aumenta e ocorre um nistagmo com a fase rpida para a esquerda. O nistagmo produz uma
sensao de que o ambiente est girando para a direita, e o indivduo tende a cair para a direta. Os
efeitos opostos so produzidos se for colocada gua fria no ouvido. Uma expresso mnemnica que
pode ajudar a lembrar a direo do nistagmo no teste calrico FOMM (fria, oposto; morna, mesmo). Em outras palavras, a gua fria resulta em fase rpida do nistagmo para o lado oposto, e a gua morna causa fase rpida para o mesmo lado.
O crtex parietal posterior costuma ser chamado crtex de associao parietal. Essa regio
recebe informaes somato-sensorial, visuais, vestibulares e auditivas das reas receptoras
sensoriais primrias. Uma leso do crtex parietal posterior no homem resulta em distrbios da
linguagem, mas quando a leso est no lado direito, o indivduo apresenta uma negligncia em
relao a estmulos somticos ou visuais contra-laterais. Os pacientes com leses no lobo parietal
direito tm dificuldade em reconhecer ou desenhar objetos tridimensionais e em reconhecer relaes
espaciais. Dificuldades semelhantes podem ser experimentadas por pacientes com leses do lobo
parietal esquerdo, mas essas podem ser mascaradas pelo distrbio da linguagem.
A preparao para esses movimentos voluntrios exige vrias centenas de mili-segundos. O
tempo exato depende da dificuldade da tarefa. Leses das reas pr-motora, motora suplementar e
parietal posterior podem atrapalhar a capacidade de preparo para movimentos voluntrios. Quando
tais leses so produzidas experimentalmente, os resultados se assemelham apraxia, a qual
representa a falha dos pacientes com leses do lobo frontal ou parietal para realizar movimentos
complexos apesar da reteno da sensibilidade e da capacidade de fazer movimentos simples.
Leses cerebelares comprometem a funo motora do lado correspondente do corpo. A
razo para esse comprometimento que o cerebelo d origem a conexes cruzadas que regulam um
sistema eferente motor de projeo contra-lateral, o trato crtico-espinhal lateral. Os dficits
motores especficos que resultam das leses cerebelares dependem de qual componente funcional
do cerebelo seja mais afetado. Se o lobo floculonodular for danificado, os distrbios motores sero
semelhantes aos produzidos por uma leso do aparelho vestibular; os distrbios incluem dificuldade
de equilbrio e marcha e, muitas vezes, nistagmo. Se o verme for afetado, o desequilbrio motor
afetar o tronco e, se a regio intermediria ou o hemisfrio for envolvido, ocorrero distrbios
motores nos membros. A parte das extremidades afetada depende do local da leso; leses
hemisfricas afetam os msculos distais mais que as leses para-vermais.
Tipos de disfuno motora em doena cerebelar incluem distrbios da coordenao, do
equilbrio e do tono muscular. A falta de coordenao chamada ataxia e costuma ser expressa
como dismetria, afeco em que os erros na direo e na fora dos movimentos impedem que um
membro se movimento suavemente at uma posio desejada. A ataxia tambm pode ser expressa
como disdiadococinesia, na qual supinaes e pronaes repetidas da mo so difceis de executar.
Quando movimentos mais complicados so tentados, ocorrer uma decomposio do movimento,
caso em que o movimento efetuado em uma srie de etapas distintas, e no como sequncia suave.
Aparece um tremor intencional quando se pede ao indivduo para encostar o dedo num alvo; a mo
afetada (ou p) desenvolve um tremor que aumenta em magnitude medida que h aproximao do
alvo. Quando uma postura mantida perturbada, poder ser visto comprometimento do equilbrio; o
indivduo tende a cair para o lado afetado e ter uma marcha caracterstica com a base de sustentao
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alargada. A fala pode ser lenta e indistinta, um defeito chamado de fala escandida. O tono muscular
pode diminui (hipotonia); a diminuio do tono pode estar associada a um reflexo patelar pendular.
Isso pode ser demonstrado por desencadeamento de um reflexo de estiramento fsico do msculo
quadrceps por percusso do tendo patelar; a perna continua a oscilar para frente e para trs devido
hipotonia, contrastando com a oscilao altamente amortecida numa pessoa normal.
Os dficits vistos nas vrias doenas associadas aos gnglios da base incluem movimentos
anormais (discinesias), aumento do tono muscular (rigidez em roda dentada) e lentido para iniciar
movimento (bradicinesia). Os movimentos anormais incluem tremor, atetose, corea, balismo e
distonia. O tremor das doenas que afetam os gnglios da base do tipo que faz as pessoas
parecerem estar contando moedas e ocorre quando a extremidade est em repouso. A atetose consiste em movimentos lentos serpenteantes das partes distais dos membros, enquanto a corea se
caracteriza por movimentos rpidos e chicoteantes das extremidades e dos msculos faciais. O
balismo se associa a movimentos violentos e globais dos membros (movimentos balsticos).
Finalmente, os movimentos distnicos so lentos e ocorrem no tronco, distorcendo as posies
corporais.
A doena de Parkinson distrbio comum caracterizado por tremor, rigidez e bradicinesia.
Essa doena causada por perda de neurnios na parte compacta da substncia negra.
Consequentemente, h uma reduo intensa da dopamina no estriado. H uma perda, tambm, de
neurnios do locus cereleus e dos ncleos da rafe, bem como de outros ncleos monoaminrgicos.
A reduo da dopamina no estriado provoca uma diminuio da atividade da via direta e aumento
da atividade da via indireta. O efeito resultante um aumento na atividade dos neurnios no
segmento interno do globo plido. Isso resulta numa inibio maior dos neurnios nos ncleos VA e
VL e a uma ativao menos pronunciada das reas corticais motoras. A consequncia a lentido do
movimento (bradicinesia).
Antes de os neurnios dopaminrgicos serem completamente perdidos, a administrao de
L-dopa pode aliviar uma parte dos dficits motores da doena de Parkinson. A L-dopa um
precursor da dopamina e pode atravessar a barreira hemato-enceflica. Atualmente, est sendo
explorada a possibilidade de transplantar neurnios que sintetizam dopamina para o estriado.
Pesquisas futuras, sem dvida, iro se concentrar no potencial das clulas-tronco embrionrias
humanas em desempenhar tal papel teraputico.
Outro desequilbrio dos ncleos da base a doena de Huntington. Ela resulta de um defeito
gentico que envolve um gene autossmico dominante. Esse defeito leva perda de neurnios
GABArgicos e colinrgicos do estriado (e tambm degenerao do crtex cerebral, com resultante
demncia). A perda de inibio do globo plido externo presumivelmente diminui a atividade dos
neurnios do ncleo sub-talmico. Por isso, a excitao dos neurnios do segmento interno do
globo plido seria reduzida. Isso desinibir os neurnios dos ncleos VA e VL. O resultante
aumento de atividade nos neurnios das reas motoras do crtex cerebral pode ajudar a explicar os
movimentos coreiformes da doena de Huntington. A rigidez da doena de Parkinson pode, num
certo sentido, ser uma sndrome oposta da corea porque o tratamento dos pacientes com doena de
Parkinson usando doses excessivas de L-dopa pode resultar em corea.
O hemi-balismo causado por uma leso do ncleo sub-talmico em um lado encfalo.
Nesse distrbio, movimentos involuntrios violentos dos membros podem ocorre contra-
lateralmente leso. Como o ncleo sub-talmico excita neurnios do segmento interno do globo
plido, uma leso do ncleo sub-talmico reduziria a atividade desses neurnios palidais. Portanto,
os neurnios nos ncleos VA e VL do tlamo seriam menos inibidos, e a atividade dos neurnios no
crtex motor aumentariam.
-
Em todos esses distrbios dos gnglios da base, a disfuno motora contra-lateral ao
componente doente. Isso compreensvel porque a eferncia final principal dos ncleos da base
mediada pelo trato crtico-espinhal.
Captulo 10
As funes dos diferentes lobos do crtex cerebral tm sido definidas a partir dos efeitos de
leses produzidas por doenas ou intervenes cirrgicas para tratar doenas no homem e por
experimentos em animais. Em uma outra abordagem, as manifestaes fsicas de crises epilpticas
foram correlacionadas com as localizaes cerebrais que do origem s crises (focos epilpticos).
Por exemplo, focos epilpticos no crtex motor causam movimentos contra-laterais; os movimentos
exatos se relacionam com a localizao somatotpica do foco epilptico. As crises que se originam
no crtex somato-sensorial causam uma aura epilptica, na qual se experimenta uma sensao. Da
mesma forma, crises que se iniciam no crtex visual causam uma aura visual (cintilaes, cores), as
do crtex auditivo causam uma aura auditiva (zumbido, zunido, tilintar) e as do crtex vestibular
causam uma sensao de girar. Comportamentos complexos decorrem de crises que se originam do
lobo temporal; ademais, uma aura com odor ftido pode ser percebida se o crtex olfatrio estiver
envolvida (crise uncinada).
Os potenciais evocados so usados clinicamente para avaliar a integridade de uma via
sensorial, pelo menos no nvel da rea receptora sensorial primria. Esses potenciais podem ser
registrados em indivduos comatosos, bem como em lactentes jovens demais para permitir um
exame clnico de sensibilidade. As partes iniciais do potencial evocado auditivo realmente refletem
atividade no tronco enceflico; portanto, esse potencial evocado pode ser usado para avaliar a
funo de estruturas do tronco enceflico.
A finalidade do sono ainda no est clara. No entanto, ele deve ter um alto valor biolgico
porque grande parte da vida passada dormindo e porque a falta de sono pode ser debilitante.
Distrbios clinicamente importantes de ciclo sono-viglia incluem insnia, enurese, sonambulismo,
apneia do sono e narcolepsia.
O EEG torna-se anormal sob vrias circunstncias patolgicas. Por exemplo, durante o
coma, o EEG dominado por atividade delta. A morte cerebral definida por um EEG iso-eltrico
mantido.
A epilepsia comumente causa anormalidades do EEG. H vrias formas de epilepsia, e as
crises epilpticas podem ser parciais ou generalizadas.
Uma forma de crise parcial se origina no crtex motor e resulta em contraes localizadas
dos msculos contra-laterais. As contraes depois podem propagar-se para outros msculos; a
propagao segue a sequncia somatotpica do crtex motor. Crises parciais complexas (que podem
ocorrer na epilepsia psicomotora) originam-se no lobo lmbico e resultam em iluses e atividade
motora semi-intensional. Durante e entre as crises focais, os registros eletroencefalogrficos podem
revelar espculas no EEG.
Crises generalizadas envolvem amplas reas do crebro e perda da conscincia. Dois tipos
mais importantes de crises so o pequeno mal e o grande mal. Na epilepsia do tipo pequeno mal, a
conscincia perdida transitoriamente, e o EEG exibe atividade de espculas e ondas. Nas crises do
tipo grande mal, a conscincia perdida por um perodo mais longo, e o indivduo pode cair ao
cho se estiver em p quando a crise comear. Ela comea com um aumento generalizado do tnus
-
muscular (fase tnica), seguida por uma srie de abalos musculares (fase clnica). O intestino e a
bexiga podem ser evacuados. O EEG mostra atividade epilptica amplamente distribuda.
As espculas do EEG que ocorrem entre crises completas so chamadas espculas interictais.
Eventos semelhantes podem ser estudados experimentalmente. Essas espculas se originam de
despolarizaes abruptas e de longa durao, chamadas mudanas de despolarizao, as quais
desencadeiam potenciais de ao repetitivos nos neurnios corticais. Essas mudanas de
despolarizao podem refletir vrias alteraes nos focos epilpticos. Tais alteraes incluem
potenciais de ao dendrticos regenerativos mediados por Ca2+ nos neurnios corticais e uma
reduo das interaes inibitrias nos circuitos corticais. Os potenciais de campo e a liberao de
K+ e de aminocidos excitatrios por neurnios hiperativos tambm podem contribuir para o
aumento da excitabilidade cortical.
Vrias reas do hemisfrio esquerdo esto envolvidas com a linguagem. A rea de Wernicke
uma grande rea centralizada na parte posterior do giro temporal superior, perto do crtex
auditivo. Outra rea de linguagem importante a rea de Broca, que est na parte posterior do giro
frontal inferior, perto da representao da face do crtex motor. Dano rea de Wernicke resulta
numa afasia sensorial, na qual a pessoa tem dificuldade de compreender a linguagem falada e
escrita; entretanto, a produo da fala continua fluente. Inversamente, uma leso da rea de Broca
causa afasia motora. Os indivduos com afasia motora tm dificuldade para falar e para escrever,
embora possam compreender relativamente bem a linguagem.
Uma pessoa com afasia sensorial pode no ter comprometimento auditivo ou visual, e uma
pessoa com afasia motora pode ter controle motor normal dos msculos responsveis pela fala ou
escrita. Desse modo, a afasia no depende de uma alterao da sensibilidade ou do sistema motor;
na realidade, um dficit de recepo ou planejamento da expresso da linguagem. No entanto,
leses no hemisfrio dominante podem ser grandes o suficiente para resultar em formas mistas de
afasia, bem como em alteraes sensoriais ou paralisia de alguns dos msculos usados para a
expresso da linguagem falada.
Um experimento semelhante foi feito em pacientes humanos que tinham passado por uma
transeco cirrgica do corpo caloso para impedir a propagao inter-hemisfrica de epilepsia. O
quiasma ptico permaneceu intacto. Foi possvel direcionar a informao para um ou outro
hemisfrio pedindo ao paciente para fixar a viso num ponto de uma tela. Projetava-se ento a
figura de um objeto para um dos lados do ponto de fixao para que a informao visual sobre a
figura chegasse ao hemisfrio contra-lateral. Uma abertura abaixo da tela permitia ao paciente
manipular objetos que no podia ver. Os objetos incluam aqueles mostrados nas figuras projetadas.
Os indivduos normais seriam capazes de localizar o objeto correto com qualquer das duas mos.
No entanto, os paciente com uma transeco do corpo caloso conseguiam localizar o objeto correto
somente com a mo ipsi-lateral imagem projetada (contra-lateralmente ao hemisfrio que recebeu
as informaes visuais). A informao visual precisaria ter tido acesso s reas somato-sensoriais e
motoras do crtex para a mo explorar e reconhecer o objeto correto. Com o corpo caloso cortado,
as reas visual e motora so inter-conectadas somente no mesmo lado do crebro.
Outro teste era pedir ao paciente para identificar verbalmente qual objeto era visto na
figura. O paciente daria uma resposta verbal correta a uma figura que fosse projetada direta do
ponto de fixao, de modo que a informao visual chegasse somente ao hemisfrio esquerdo
(dominante para a linguagem). No entanto, o paciente no conseguia identificar verbalmente uma
figura que fosse apresentada ao hemicampo visual esquerdo, uma vez que a informao visual foi
projetada para o hemisfrio direito.
Observaes semelhantes podem ser feitas em pacientes com um corpo caloso
transeccionado quando diferentes formas de estmulo so usadas. Por exemplo, quando tais
pacientes recebem um comando verbal para levantarem o membro superior direito, podero faz-lo
-
sem dificuldade. Os centros da linguagem no hemisfrio esquerdo enviam sinais para as reas
motoras no mesmo lado, e esses sinais produzem o movimento do membro superior direito. No
entanto, os mesmos pacientes no conseguem responder a um comando de elevar o membro
superior esquerdo. As reas da linguagem no lado esquerdo no conseguem influenciar as reas
motoras no lado direito, a menos que o corpo caloso esteja intacto. O resultado um tipo de apraxia
(incapacidade de controlar movimento voluntrio).
Estmulos somato-sensoriais aplicados no lado direito do corpo podem ser descritos por
pacientes com um corpo caloso transeccionado. No entanto, esses pacientes no podem descrever os
mesmos estmulos aplicados ao lado esquerdo do corpo. Informaes que chegam s reas somato-
sensoriais direitas do crtex no conseguem chegar aos centros de linguagem se o corpo caloso tiver
sido cortado.
As capacidades funcionais dos dois hemisfrios podem ser comparadas pela explorao do
desempenho de indivduos com transeco do corpo caloso. Tais pacientes resolvem quebra-cabeas
tridimensionais melhor com o hemisfrio direito do que com o esquerdo, sugerindo que o
hemisfrio direito se especializa em funes espaciais. Outras funes que parecem estar mais
associadas ao hemisfrio direito que ao esquerdo so a expresso facial, a linguagem corporal e as
entonaes da fala. O corpo caloso promove coordenao entre os dois hemisfrios. Os pacientes
com um corpo caloso transeccionado no possuem coordenao entre atos motores. Quando esto
se vestindo, por exemplo, uma das mos pode abotoar uma camisa, enquanto a outra tenta
desaboto-la.
Uma concluso admirvel dos experimentos nesses pacientes que os dois hemisfrios
podem operar de forma independente quando j no esto interconectados. No entanto, um dos
hemisfrios pode se expressar com linguagem, enquanto o outro se comunica apenas de maneira
no-verbal.
Uma consequncia da privao visual durante o desenvolvimento das vias visuais pode ser
a ambliopia do olho privado. A ambliopia a capacidade visual reduzida e pode ocorrer, por
exemplo, em crianas com estrabismo devido a uma fraqueza relativa de um dos msculos extra-
oculares. Efeitos semelhantes podem ser produzidos por uma catarata ou por miopia no corrigida.
Captulo 11
Uma via nociceptiva visceral importante que tem origem nos rgos plvicos faz sinapse
com neurnios no corno posterior das pores lombo-sacrais da medula espinhal, cujos axnios se
projetam via coluna dorsal ao ncleo grcil. Os sinais nociceptivos viscerais so ento transmitidos
ao ncleo ventral pstero-lateral do tlamo e, da, presumivelmente, ao crtex cerebral. A
interrupo dessa via responsvel pelos efeitos benficos de leses cirurgicamente induzidas da
coluna dorsal em nveis torcicos inferiores para aliviar a dor produzida por cnceres dos rgos
plvicos.
O controle simptico da pupila algumas vezes afetado por doenas. Por exemplo, a
interrupo da inervao simptica da cabea e pescoo resulta na sndrome de Horner. Essa se
caracteriza por constrio pupilar, ptose palpebral parcial causada por paralisia do msculo tarsal
superior, perda de sudorese na face, vasodilatao da pele facial e retrao do olho para a rbita
(enoftalmia). A sndrome de Horner pode ser produzida por uma leso que: (1) destrua os neurnios
pr-ganglionares simpticos na medula espinhal torcica alta, (2) interrompa a cadeia simptica
cervical ou (3) lese a parte inferior do tronco na regio da formao reticular, atravs da qual as vias
descem medula espinhal para ativar neurnios pr-ganglionares simpticos.
-
O reflexo pupilar luz algumas vezes est ausente em pacientes com sfilis, que pode afetar
o SNC (na tabes dorsalis). Embora a pupila deixe de responder luz, continua presente, ainda, a
resposta de acomodao normal. Essa patologia conhecida como pupila de Argyll-Robertson. O
mecanismo ainda controverso. Uma explicao que as fibras do trato ptico que passam para a
rea pr-tectal atravs do brao do colculo superior so interrompidas pela meningite sifiltica. A
interrupo causada pela presena de espiroquetas no espao sub-aracnoide. Embora a aferncia
para o ncleo pr-tectal olivar esteja interrompida, a conexo do trato ptico para o ncleo
geniculado lateral mantida, e a pupila capaz de responder ao reflexo de acomodao visual.
Tambm existe uma via reflexa espinhal para a mico. Essa via operacional no recm-
nascido. No entanto, com a maturao, as vias de controle supra-espinhais assumem um papel
dominante no desencadeamento da mico. Depois da leso da medula espinhal, os adultos
humanos perdem o controle da bexiga durante o perodo de choque espinhal (incontinncia
urinria). medida que a medula se recupera do choque espinhal, recupera-se um certo grau de
funo vesical devido a um aumento do reflexo de mico da medula espinhal. No entanto, a bexiga
tem um aumento do tono muscular e deixa de se esvaziar completamente. Essas circunstncias
frequentemente levam a infeces urinrias.
Na febre, o ponto de ajuste para temperatura corporal est elevado. Isso pode ser causado,
por exemplo, por pirognios liberados por microrganismos. O pirognio muda o ponto de ajuste,
levando ao aumento da produo de calor pelos tremores e conservao de calor pela
vasoconstrio cutnea.
As leses bi-laterais do lobo temporal podem produzir a sndrome de Klver-Bucy, que se
caracteriza por perda da capacidade de detectar e reconhecer o significado de objetos por indcios
visuais (agnosia visual), uma tendncia para examinar os objetos oralmente, ateno a estmulos
irrelevantes, hiper-sexualidade, alterao dos hbitos alimentares e diminuio da emocionalidade.
Os componentes dessa sndrome podem ser atribudos leso de diferentes partes do neo-crtex e
do crtex lmbico. Por exemplo, as alteraes do comportamento emocional so amplamente
decorrentes de leses da amgdala, enquanto a agnosia visual causada por leso das reas visuais
neo-crtex temporal.
Captulo 12 - Fisiologia do msculo esqueltico
Doenas genticas causando distrbios na homeostase do Ca2+ no msculo esqueltico
incluem hipertermia maligna (HM), doena do ncleo central (DNC) e doena de Brody (DB). HM
um trao autossmico dominante que tem consequncia ameaadoras vida em certas interveno
cirrgicas. Anestsicos como o Halotano ou ter e o relaxante muscular succinilcolina podem
produzir liberao descontrolada de Ca2+ do retculo sarcoplasmtico, resultando em rigidez do
msculo esqueltico, taquicardia, hiperventilao e hipertermia. Essa condio letal se no tratada
imediatamente. Existe atualmente uma srie de testes (usando respostas contrteis de bipsias
musculares) para avaliar se um paciente tem HM. A incidncia de HM de aproximadamente 1 em
15.000 crianas, ou 1 em 50.000 adultos tratados com anestsicos. HM o resultado de um defeito
no canal liberados de Ca+ do retculo sarcoplasmtico (RYR) que ativado na presena dos
anestsicos acima, resultando na liberao de Ca2+ para dentro do sarcoplasma, e portanto,
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contrao muscular prolongada (rigidez). O defeito no RYR no restrito a um nico locus. Em
alguns casos, HM tem sido associada a um defeito no RDHP do tbulo T.
Doena do Ncleo Central (DNC) uma caracterstica rara, autossmica dominante, que
resulta em fraqueza muscular, perda de mitocndrias no centro da fibra muscular esqueltica, e
alguma desintegrao dos filamentos contrteis. DNC em geral associada estritamente HM, e os
pacientes com DNC tratados como suscetveis HM em situaes cirrgicas. A hiptese corrente
que as regio centrais, desprovidas de mitocndrias, so reas de Ca2+ elevado, devido mutao
no RYR, do que resulta a captao mitocondrial do Ca2+, e, por sua vez, produz uma sobrecarga
das mitocndrias com Ca2+ e a perda delas.
Doena de Brody (DB) caracterizada por espasmo muscular indolor e relaxamento
muscular prejudicado durante exerccio. Numa corrida escada acima, por exemplo, os msculos
podem se enrijecer, ficando temporariamente fora de condies de uso. Essa anormalidade no
relaxamento ocorre nos msculos das pernas, braos e plpebras, e a resposta piora no frio. DB
pode ser autossmica dominante ou recessiva e pode envolver mutaes em at 3 genes. DB,
contudo, uma ocorrncia rara (afetando 1 em 10.000.000 de nascimentos). Parece que DB resulta
de atividade reduzida da bomba de Ca2+ SERCA 1 encontrada nos msculos esquelticos rpidos.
O decrscimo da atividade da SERCA 1 tem sido associada mutao no gene SERCA 1, embora
possa tambm haver um fator acessrio que contribua para a reduo na captao do Ca2+ pelo
retculo sarcoplasmtico no msculo esqueltico rpido de indivduos com DB.
Captulo 13 - Fisiologia do msculo liso
A contrao inapropriada do msculo liso est associada a vrias situaes patolgicas. Um
exemplo o vasoespasmo mantido de uma artria cerebral que se desenvolve vrias horas aps uma
hemorragia sub-aracnoide. Supe-se que radicais livres gerados pela hemorragia elevam a [Ca2+]
citoplasmtica nas clulas do msculo liso arterial nas vizinhanas. A elevao da [Ca2+]
citoplasmtica ativa a CCLM, o que leva fosforilao das pontes e contrao. A vasoconstrio
priva outras reas do crebro do suprimento de oxignio e pode levar a uma leso permanente ou
morte dos neurnios na vizinhana. Durante alguns dias a artria cerebral permanece sensvel a
agentes vasoativos, e portanto o tratamento com vasodilatadores pode restaurar o fluxo. Entretanto,
aps vrios dias, as clulas do msculo liso no respondem mais aos vasodilatadores, perdem as
protenas contrteis e secretam colgeno extra-celular. O lmen da artria permanece constrito em
consequncia de alteraes estruturais e mecnicas que no envolvem a contrao ativa.
Captulo 14 - Sinopse do corao, vasos sanguneos e sangue
Ativadores exgenos do plasminognio, como a estreptoquinase e ativador tecidual do
plasminognio (tPA), so usados clinicamente para dissolver cogulos intra-vasculares. Esse
tratamento utilizado especialmente para dissolver cogulos nas artrias coronrias de pacientes
com infarto agudo do miocrdio (o dano ao msculo cardaco mais frequentemente causado por um
cogulo em um artria coronria importante).
A heparina usada nos circuitos de perfuso artificial, durante cirurgia cardaca a cu
aberto, e para prevenir a extenso de cogulo intra-vascular. Para a anticoagulao prolongada usa-
se o dicumarol. Essa droga inibe a sntese de fatores dependentes da vitamina K e usada no
tratamento de condies como tromboflebites (inflamao de uma veia associada ao cogulo
sanguneo intra-vascular).
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Captulo 15
Ordinariamente, a frequncia de disparo do marcapasso controlada pela atividade das duas
divises do sistema nervoso autonmico. Aumento na atividade nervosa simptica, atravs da
liberao de norepinefrina, eleva a frequncia cardaca principalmente pelo aumento da inclinao
da despolarizao diastlica lenta. Esse mecanismo de aumento da frequncia cardaca ocorre
durante o exerccio fsico, ansiedade ou determinadas doenas, como doenas infecciosas febris.
Aumento na atividade vagal, atravs da liberao de acetilcolina, diminui a frequncia
cardaca pela hiperpolarizao da membrana das clulas de marcapasso, e reduo da inclinao da
despolarizao diastlica lenta. Esse mecanismo de reduo da frequncia cardaca ocorre quando a
atividade vagal predomina sobre a atividade simptica. Um exemplo extremo a sncope vasovagal,
um breve perodo de vertigem ou de perda de conscincia causada por um intenso surto de atividade
vagal. Esse tipo de sncope uma resposta reflexa dor ou a certos estmulos psicolgicos.
Mudanas na atividade neural autonmica geralmente no alteram a frequncia cardaca por
modificar o nvel limiar de Vm nas clulas nodais do marcapasso. Contudo, certas drogas
antiarrtmicas, como a quinidina e procainamida, elevam o potencial limiar das cadeias automticas
para valores menos negativos.
Captulo 16
Se o corao for distendido demasiadamente com sangue durante a distole, como pode
ocorrer na insuficincia cardaca, ele funcionar menos eficientemente. Mais energia necessria
(maior tenso na parede) para o corao distendido ejetar um determinado volume de sangue por
batimento do que para o corao normal, no distendido. O bombeamento menos eficiente do
corao distendido um exemplo da lei de Laplace, que declara que a tenso na parede de um vaso
ou de uma cmara (nesse caso, os ventrculos) igual presso transmural (presso atravs da
parede ou presso de distenso) vezes o raio do vaso ou da cmara. A relao de Laplace
comumente aplica-se a vasos de paredes infinitamente finas, mas pode ser aplicada ao corao uma
vez que se faa uma correo para a espessura parietal. A equao envolve estresse parietal, presso
transmural, raio e espessura da parede.
Um paciente com insuficincia cardaca geralmente tem o corao dilatado, dbito cardaco
baixo, reteno de fluido, presso venosa elevada e um fgado aumentado, e edema perifrico, e
frequentemente tratado com digitalina e um diurtico. O digitalina aumenta o clcio intra-celular
do cardiomicito e, portanto, aumenta a fora contrtil. O diurtico reduz o volume de lquido extra-
celular e, portanto, diminui a carga de volume (pr-carga) sobre o corao, a presso venosa, a
congesto heptica e o edema.
Em raras instncias, os pacientes receberam doses excessivas de epinefrina sub-
cutaneamente para o tratamento de ataques asmticos severos. Esses pacientes desenvolveram
acentuada taquicardia e aumento na contratilidade miocrdica, dbito cardaco e resistncia
perifrica total. O resultado desse tratamento uma presso arterial perigosamente alta.
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Nos corao com sobrecarga, como na insuficincia cardaca congestiva, quando o volume
ventricular muito grande e as paredes ventriculares so estiradas at o ponto onde a
distensibilidade mnima, pode ser ouvida uma terceira bulha cardaca. Uma terceira bulha cardaca
em pacientes com doena cardaca geralmente um sinal grave.
A insuficincia mitral e a estenose mitral produzem, respectivamente, sopros sistlicos e
diastlicos que so mais bem audveis no pice cardaco. A insuficincia artica e a estenose
artica, por outro lado, produzem, respectivamente, sopros diastlicos e sistlicos que so mais bem
audveis no segundo espao intercostal logo direita do esterno. As caractersticas dos sopros
servem como um guia importante para o diagnstico de doena valvular.
Quando a terceira e a quarta (atrial) bulhas so acentuadas, como ocorrem em certas
condies anormais, sons triplos (chamados ritmos de galope) podem ocorrer, assemelhando-se ao
som do galope de um cavalo.
Um aumento na contratilidade miocrdica como o produzido pelas catecolaminas ou pelos
digitlicos, em um paciente com o corao em falncia, pode diminuir o volume ventricular residual
e aumentar o volume de ejeo e a frao de ejeo. Com coraes severamente hipodinmicos e
dilatados, o volume residual pode tornar-se muito maior que o volume de ejeo.
A contrao atrial no essencial para o enchimento ventricular, como pode ser observado
em pacientes com fibrilao atrial ou bloqueio atrioventricular. Na fibrilao atrial, as miofibras
atriais contraem-se de uma maneira contnua e desordenada e, portanto, os trios no podem
bombear sangue para dentro dos ventrculos. No bloqueio atrioventricular completo, os trios e os
ventrculos batem independentemente uns dos outros. No entanto, o enchimento ventricular pode
ser normal em pacientes com essas duas arritmias.
Em certos estados patolgicos, as vlvulas atrioventriculares podem estar acentuadamente
estreitadas (estenticas). Em tais condies, a contrao atrial exerce um papel muito mais
importante no enchimento ventricular do que no corao normal.
Captulo 17
Na insuficincia cardaca congestiva, o NaCl e a gua so retidos, principalmente porque a
estimulao do sistema renina-angiotensina-aldosterona aumenta a liberao de aldosterona do
crtex da adrenal. O nvel plasmtico do PAN (Peptdeo atrial natriurtico) tambm est
aumentando na insuficincia cardaca congestiva. Pelo aumento da excreo renal de NaCl e da
gua, esse peptdeo gradualmente reduz a reteno de lquidos e as consequentes elevaes na
presso venosa central e na pr-carga cardaca.
Efeito inibitrio primrio idntico tambm opera em humanos. Um eletrocardiograma de
paciente tetraplgico ilustra essa situao, quando o paciente no pode respirar normalmente e
precisa de intubao traqueal e respirao artificial. Quando o cateter traqueal era brevemente
desconectado para permitir cuidados de enfermagem, o paciente rapidamente desenvolvia uma
profunda bradicardia. A sua frequncia cardaca era 65 batimentos por minutos logo antes da
desconexo do cateter traqueal. Menos de 10 segundos aps a interrupo da respirao artificial, a
sua frequncia cardaca caa para aproximadamente 20 batimentos por minuto. Essa bradicardia
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podia ser evitada pelo bloqueio dos efeitos da atividade vagal eferente com atropina, e o seu incio
podia ser retardado consideravelmente hiperventilando-se o paciente antes de se desconectar o
cateter traqueal.
Os receptores ventriculares foram implicados no incio da sncope vasovagal, que uma
sensao de vertigem ou de breve perda da conscincia que pode ser desencadeada por um estresse
psicolgico ou ortosttico. Supe-se que os receptores ventriculares so estimulados por um volume
de enchimento ventricular reduzido combinado com uma contrao ventricular vigorosa. Em uma
pessoa que permanece em p imvel, o enchimento ventricular diminudo, pois o sangue tende a
acumular-se nas veias do abdome e das pernas. Consequentemente, a reduo no dbito cardaco e
na presso sangunea arterial leva a um aumento generalizado na atividade neural simptica do
reflexo barorreceptor. A atividade simptica intensificada no corao evoca uma contrao
ventricular vigorosa, que, deste modo, estimula os receptores ventriculares. Supe-se que a
excitao dos receptores ventriculares inicia as alteraes neurais autonmicas que evocam a
sncope vasovagal, isto , a combinao de uma bradicardia profunda, mediada pelo vago, e uma
vasodilatao arteriolar generalizada mediada por uma reduo na atividade neural simptica.
O corao parcial ou completamente desnervado em vrias situaes clnicas: (1) o
corao transplantado cirurgicamente totalmente desnervado, embora fibras intrnsecas, ps-
ganglionares parassimpticas persistam; (2) a atropina bloqueia os efeitos vagais sobre o corao e
o propanolol bloqueia as influncias beta-adrenrgicas simpticas; (3) certas drogas, como a
reserpina, depletam as reservas cardacas de norepinefrina e, portanto, restringem ou abolem o
controle simptico; (3) na insuficincia cardaca congestiva crnica as reservas de norepinefrina
cardaca com frequncia esto severamente diminudas e, portanto, qualquer influncia simptica
atenuada.
A presso atrial esquerda maior do que a direita responsvel pela observao que, em
indivduos com defeitos congnitos no septo atrial, nos quais os dois trios se comunicam entre si
via um forame oval patente, a direo do fluxo pela comunicao geralmente da esquerda para a
direita.
Problemas cardiovasculares so comuns na insuficincia adrenocortical (doena de
Addison). O volume sanguneo tende a cair, o que pode levar a uma hipotenso severa e colapso
cardiovascular, a chamada crise addisoniana.
A atividade cardaca reduzida em pacientes com funo tireoidiana inadequada
(hipotireoidismo). O inverso verdadeiro em pacientes com glndulas tireodianas hiperativas
(hipertireoidismo). Caracteristicamente, os pacientes hipertireoideos exibem taquicardia, dbito
cardaco elevado, palpitaes e arritmias, como a fibrilao atrial. Nos indivduos hipertireoideos, a
atividade neural simptica pode estar aumentada ou a sensibilidade do corao a ele pode estar
aumentada. Estudos mostraram que o hormnio tireoidiano aumenta a densidade dos receptores
beta-adrenrgicos no tecido cardaco. Em animais experimentais, as manifestaes cardiovasculares
do hipertireoidismo podem ser simuladas pela administrao de tiroxina.
Captulo 18
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Traados de presso podem ser obtidos a partir de dois transdutores de presso inseridos no
ventrculo esquerdo de um paciente com estenose artica, uma condio na qual o orifcio artico
estreito. Os transdutores estavam localizados no mesmo cateter e estavam a uma distncia de 5 cm
um do outro. Quando ambos os transdutores estavam bem no interior da cavidade ventricular
esquerda, ambos registravam as mesmas presses. Contudo, quando o transdutor proximal era
posicionado no orifcio valvar artico, a presso lateral medida durante a ejeo era muito menor do
que a registrada pelo transdutor na cavidade ventricular. Essa diferena de presso estava associada
quase que inteiramente velocidade de fluxo, muito maior no orifcio valvar estenosado do que na
cavidade ventricular. A diferena pressrica reflete principalmente a converso de alguma energia
potencial em energia cintica. Quando o cateter era retirado ainda mais, de modo que o transdutor
proximal estivesse na aorta, a diferena pressrica era ainda mais pronunciada, pois havia perda
substancial de energia atravs do atrito (viscosidade) medida que o sangue flua rapidamente
atravs do orifcio estenosado.
A reduo na perda lateral na regio do orifcio valvar artico estenosado pode influenciar o
fluxo sanguneo coronariano em pacientes com estenose artica. Os orifcios das artrias coronrias
direita e esquerda esto localizados nos seios de Valsalva, imediatamente posteriores s pregas
valvares. Os segmentos iniciais desses vasos esto, portanto, orientados em ngulos retos com
relao direo do fluxo sanguneo atravs das valvas articas. Portanto, a presso lateral aquele
componente da presso que impele o sangue atravs das duas grandes artrias coronrias. Durante a
fase de ejeo do ciclo cardaco, a presso lateral diminuda pela converso de energia potencial
em energia cintica.
Estudos angiogrficos em pacientes com estenose artica revelaram que a direo do fluxo
frequentemente se reverte nas grandes artrias coronrias no final da fase de ejeo sistlica (isto ,
o sangue flui em direo aorta, e no em direo aos capilares miocrdicos). A reduzida presso
lateral na aorta estenosada sem dvida um importante fator causador dessa reverso do fluxo
sanguneo coronariano. Uma caracterstica importante que agrava essa condio que a demanda
do msculo cardaco por oxignio est aumentada. Portanto, a queda pronunciada da presso lateral
durante a ejeo cardaca pode contribuir para a tendncia de os pacientes com estenose artica
severa apresentarem angina pectoris (dor torcica anterior associada a um suprimento sanguneo
inadequado para o msculo cardaco), que pode levar morte sbita.
A turbulncia geralmente acompanhada por vibraes audveis. Quando existe fluxo
turbulento dentro do sistema cardiovascular, ele pode ser detectado atravs de um estetoscpio,
durante o exame fsico, como um murmrio. Os fatores enumerados acima, que predispem
turbulncia, podem produzir murmrios ouvidos durante o exame fsico. Na anemia severa,
murmrios cardacos funcionais (murmrios no causados por anormalidades estruturais) so
frequentemente detectveis. A base fsica para tais murmrios reside (1) na reduzida viscosidade do
sangue na anemia e (2) nas altas velocidades de fluxo associadas ao alto dbito cardaco que
geralmente prevalecem em pacientes anmicos.
Cogulos sanguneos, ou trombos, desenvolvem-se muito mais provavelmente no fluxo
turbulento do que no laminar. Um dos problemas com o uso de valvas artificiais, no tratamento
cirrgico da doena cardaca valvar, que os trombos podem ocorrer em associao com a prtese
valvar. Os trombos podem ser desalojados e ocluir um vaso sanguneo crucial. Assim, importante
projetar tais valvas para evitarem turbulncia.
Em certos tipos de doena arterial, particularmente em pacientes com hipertenso, as
camadas subendoteliais dos vasos tendem a degenerar-se localmente e pequenas regies do
endotlio podem perder a sua sustentao normal. O arraste viscoso na parede arterial pode causar
uma ruptura entre uma regio normal e uma regio de suporte anormal do revestimento endotelial.
O sangue ento pode fluir no lmen do vaso atravs da fenda do endotlio e dissecar as vrias
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camadas da artria. Tal leso chamada de aneurisma dissecante. Ele ocorre com maior frequncia
nas pores proximais da aorta e extremamente srio. Uma das razes pela sua predileo por esse
local a alta velocidade do fluxo sanguneo, com a associao de grande valores de diferena de
presso na parede endotelial. O estresse de cisalhamento na parede do vaso tambm influencia
muitas outras funes vasculares, tal como a permeabilidade das paredes vasculares a grandes
molculas, a atividade biossinttica das clulas endoteliais, a integridade dos elementos no sangue e
a coagulao do sangue. Um aumento no estresse de cisalhamento sobre a parede endotelial
tambm um estmulo efetivo para a liberao de xido ntrico (NO) a partir de clulas endoteliais
vasculares. O NO um potente vasodilatador.
Uma elevao da razo do hematcrito de 45% para 70% (tal como a que ocorre na doena
sangunea policitemia vera) aumenta a viscosidade aparente do sangue em mais de duas vezes. Essa
alterao na viscosidade tende a exercer um efeito proporcional sobre a resistncia ao fluxo
sanguneo. A alterao na resistncia vascular perifrica, que ocorre com um aumento da
viscosidade sangunea, pode ser apreciada quando se verifica que, mesmo nos casos mais severos de
hipertenso essencial, que o tipo mais comum de hipertenso, a resistncia vascular perifrica
raramente se eleva por um fator maior que dois. Nesse tipo de hipertenso o aumento da resistncia
vascular perifrica se d por vasoconstrio arterial.
Captulo 19
Em pessoas idosas, as curvas de presso-volume dos seus sistemas arteriais se deslocam
para baixo e a inclinao delas diminui. Desse modo, para qualquer presso acima de 80mmHg, a
complacncia diminui com a idade. Essa mudana na complacncia a manifestao do aumento da
rigidez (arteriosclerose) do sistema, causado por progressivas mudanas nos contedos de colgeno
e elastina das paredes arteriais.
A presso de pulso arterial prov uma valiosa informao sobre o dbito sistlico de uma
pessoa, desde que a complacncia arterial esteja essencialmente normal. Pacientes qe tm
insuficincia cardaca congestiva severa, ou que tiveram uma hemorragia severa, tm
provavelmente presso de pulso arterial muito baixa, porque seus dbitos sistlicos so
anormalmente baixos. Contrariamente, indivduos com elevados dbitos sistlicos, como na
regurgitao pela vlvula artica, tm, provavelmente, aumento na presso de pulso arterial.
Similarmente, atletas em repouso tendem a ter dbitos sistlicos elevados porque suas frequncias
cardacas so usualmente baixas. O tempo de enchimento ventricular prolongado nesses indivduos
induz os ventrculos a bombearem um grande dbito sistlico, e consequentemente suas presses de
pulso so altas.
Na hipertenso crnica, uma condio caracterizada por uma elevao persistente de RPT, a
curva Pa:Va encontra-se alterada. A mudana na inclinao que existe nessas curvas em relao ao
padro revela que as artrias so menos complacentes nas presses arteriais altas que nas baixas.
Qualquer aumento do volume arterial produzir uma elevao na presso (i.e., uma presso de pulso
maior) quando as artrias so mais rgidas do que quando elas so mais complacentes.
Consequentemente, o aumento na presso arterial sistlica (exceder o aumento na presso arterial
diastlica. Desse modo, se as artrias se tornam substancialmente menos complacentes quando a
presso arterial aumenta, um aumento na resistncia vascular perifrica elevar a presso sistlica
mais do que a presso diastlica.
Essas mudanas hipotticas na presso arterial assemelham-se muito quelas encontradas
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em pacientes com hipertenso. A presso diastlica de fato elevada nesses indivduos, mas
ordinariamente no mais que 10 a 40 mmHg acima do nvel mdio normal de 80 mmHg. No
incomum, todavia, encontrar presso sistlica elevada de 50 a 100 mmHg acima do nvel mdio
normal de 120 mmHg. A combinao da resistncia aumentada e complacncia arterial diminuda
pode ser representada por um deslocamento do painel esquerdo superior para o direito inferior num
grfico de presso por complacncia; isso , a presso mdia e a presso de pulso aumentariam
significativamente. Esses resultados tambm coincidem com as mudanas das presses arteriais
sistlica e diastlica previstas nos grficos alterados de volume por presso de pacientes
hipertensos.
Captulo 20
O aneurisma artico sifiltico, que agora raro, e o aneurisma abdomina