Rev dig 1 semestre 2014

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O consumidor brasileiro comum não está tão acostumado a se preocupar com isso, mas você já prestou atenção no design dos rótulos e das garrafas de cerveja?

Bem, para falar sobre este assunto, vamos começar como se deve começar: do começo (peço perdão pelo jogo de palavras, poderia dizer que foi acidental mas... não foi).

Antigamente, as grandes companhias cervejeiras e as empresas que eram fornecedoras das embalagens para elas não viam grande importância em trabalhar e desenvolver uma comunicação exclusiva para cada produto. Além dos altos custos e do tempo necessário de estudo para desenvolver essa comunicação, as empresas estavam acomodadas com a situação que viviam no mercado, que não era de uma concorrência tão acirrada quanto vemos hoje. A produção de cervejas se encontrava em um padrão estagnado. Até aí, tudo bem. Após a Revolução Industrial e os conceitos de linha de produção introduzidos por Ford, o padrão do mercadomercado era... Bem, seguir padrões. As empresas enxergavam com olhos sedentos quaisquer técnicas que pudessem ajudá-las a cortar custos, e a não-diferenciação era uma das mais empregadas, em todos as categorias de mercado.

Até que mais e mais (e mais) produtos foram aparecendo nas prateleiras de mercado, e mais uma vez todas as empresas encontraram a solução na mesma saída (ainda que praticada de formas diferentes): a diferenciação, ou a busca por uma imagem exclusiva para o seu produto, de forma a não apenas oferecer novas e mais distintas possibilidades para o público consumidor, como também destacá-lo em meio a um mar de cores e formas.

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Em parte pelo fato de que é muito difícil, no mercado de cerveja, buscar diferenciação em outras áreas - tendo em vista que a maior parte das empresas, por exemplo, costumam viver o mesmo momento tecnológico-, as empresas de cerveja então começaram a rotular suas garrafas e latas focando primeiramente em vincular a identidade de seus produtos a uma cor diferente dos demais, até que chegou em um ponto onde foi necessário fazer alguns investimentos mais pesados no design de seus rótulos ou garrafas. Até chegarmos mais ou menos no cenário de mercado que vivemos hoje.

Mas nem tudo que poderíamos conhecer é fácil de encontrar. Nós vivemos um modelo de mercado que privilegia muito as grandes produtoras e não dá muita abertura às menores cervejarias, que costumam trabalhar com produtos mais diferenciados, e tendem a ser um pouco mais caras (mas nem tanto, e nem todas). Elas oferecem produtos de qualidade, ao ponto de serem popularmente chamadas de “cervejas especiais”, e é justamente por essa falta de espaço nas prateleiras que os produtores tentam abrir seus próprios caminhos, e costumam, cada vez mais, investir na comunicação, e em rótulos e garrafas que chamem a atenção do seu público.público. E apesar do consenso de que se deve investir mais na diferenciação, pouco se vê no que diz respeito à inovação das garrafas. Isso de deve principalmente a fatores relacionados à logística da distribuição e da forma como se dá grande parte das vendas de cerveja: em bares locais, lugares que devido a algumas condições geralmente dependem, por exemplo, da presença diária de distribuidores, e de garrafas que sejam padronizadas e retornáveis. A ABNT acabou definindo em 1983 os formatos, dimensões e cores a serem utilizados na fabricação de garrafas retornáveis de uso comum para cervejas. A AMBEV, que devido ao seu domínio do mercado concentraconcentra a distribuição até de marcas que não pertencem à empresa, tentou tirar proveito de sua situação privilegiada, e fazer pequenas alterações nas garrafas que a dariam vantagem no mercado, e recebeu reações duras (judiciárias) à sua atitude.

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Mas, sem mais delongas, vamos falar sobre elas, as embalagens!

Para criar os rótulos, a equipe de design responsável encara longos meses de pesquisas e estudo. São analisadas as visões e a missão da empresa, a imagem que ela tem e/ou deseja passar, e até mesmo sua história. Então se estuda o conceito do produto, qual será (ou é, em casos de reformulação da comunicação da cerveja) seu público-alvo, a imagem que tem cerveja) seu público-alvo, a imagem que tem e/ou deseja-se que tenha, seus ingredientes, etc... A partir daí, começa uma busca por referências que passa por desde concorrentes com conceitos semelhantes, até às comunicações que estão no histórico ou em outras linhas de produto da empresa. E só então é que começa a criação e o então é que começa a criação e o desenvolvimento, a partir de esboços de fontes (letras), elementos, formas e cores que buscam transmitir o material coletado para estudo. Acabou se tornando um padrão as embalagens de cerveja buscarem transmitir nobreza e tradição - por isso um brasão e fontes góticas ou fontes com serifas bem proeminentes ou fontes com serifas bem proeminentes tendem a ser adotados-, e também refletir os ingredientes dos quais é feita a cerveja - daí o motivo do lúpulo e o malte serem elementos tão comuns às embalagens-, mas tudo sempre depende do público com o qual aquela cerveja procura conversar.

Por exemplo, a curitibana Diabólica, uma India Pale Ale com curiosos 6,66% de teor alcoólico, teve o nome supostamente inspirado no calor “infernal” que os oficiais britânicos enfrentavam na Índia. Em seu rótulo, predomina não só elementos que remetem a calor (como a predominância das cores vermelhovermelho e amarelo e um muro de chamas), como também muitos motivos que nos remetem a um cenário de velho oeste, cenário semelhante ao vivido pelos oficiais britânicos supracitados. Não é para pessoas buscando uma cerveja refrescante ou leve, mas sim uma

bem forte.

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A francesa Tequieros, uma Lager aromatizada com tequila e 5,6% de teor alcoólico, segue mais ou menos a mesma linha. Também busca remeter ao velho-oeste, inclusive deixando isso bem claro com a escolha de fontes. Mas a equipe de design optou por contrastar o vermelho com um verde claro, não só porque a TequierosTequieros é servida com limão, mas também para transmitir a sensação de uma bebida um pouco mais refrescante ao paladar.

Já a Mineira 3 Lobos optou por uma linguagem gráfica trabalhada com ilustrações muito interessantes, cuja temática encontra-se no bar Country que a família proprietária da cervejaria possuía em Belo Horizonte, e cada embalagem conta com uma cor predominantes que seja relacionada ao “ingrediente especial” daquela cerveja.cerveja. Por exemplo, a versão Exterminador de Trigo, que traz em sua receita o Capim Limão, é predominantemente verde. Vê-se no rótulo até mesmo “rasgos”, para representar as garras do jacaré que vem estampado. Ao olharmos para a embalagem, temos a sensação imediata que se trata de um produto um pouco mais sofisticado, quase “premium”. mais sofisticado, quase “premium”.

Já a belga Mikkeller, considerada uma das melhores cervejarias do mundo, optou por uma comunicação tão diferenciada que já se tornou bastante característica e inconfundível. Os rótulos costumam vir com cores chapadas e bem vivas, chamativas, com traços também muito característicos: fortes em alguns elementoselementos da ilustração, em outros, traço nenhum. E tudo pode servir de inspiração: desde quadrinhos belgas da década de 50, estudos de ilusão de ótica, cenários cotidianos ou simplesmente retratos de personagens, que são criados especificamente para aquela cerveja. No que diz respeito às fontes, a única identidadeidentidade percebida é no nome da cervejaria, que vem em letras retas e serifadas, mas imperfeitas quando observadas de perto, como nas antigas máquinas de escrever.

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Só para citar um nome, um dos maiores exemplos de designer de rótulos da atualidade é Randy Mosher, um designer com 30 anos de experiência e uma paixão genuína por cervejas. Após 20 anos exercendo a profissão de designer, ele decidiu se arriscar a trabalhar por conta própria, e com coisas que lhe interessavam. Assim, lançou, em 2004, um livro sobre cervejas artesanais que atraiu muita atenção não só do mercado cervejeiro, mas também de outros produtores, e Mosher eventualmente começou a fazer trabalhos gráficos para a Pepsi. Até que em 2007 Randy foi requisitado por uma cervejaria brasileira, a Colorado, e desenvolveu um trabalhotrabalho que foi muito elogiado e rendeu-lhe grande nome no mercado de cervejas. Seus últimos trabalhos no Brasil foram com as cervejas Santa Fé e Bauhaus Cobre. Até hoje, ele continua atuando em várias áreas do mercado gráfico e editorial, dando palestras, escrevendo livros (sobre cerveja) e desenhando rótulos (... especialmente para cervejas), e esse ano a Colorado lançou o Prêmio Randy Mosher de Design de Rótulos.

Quando visitamos um estabelecimento especializado em “cervejas especiais”, é possível ter uma noção de como o mercado de cervejas poderia ser mais bonito e diferenciado. É fácil de imaginar também que, com um pouco mais de oportunidade (demanda), o preço das “especiais” poderia diminuir bastante, e ficar no mesmo patamar das mais “comuns”, ou até menor. Temos que buscar incentivar cada vez mais o desenvolvimento do mercado e da criatividade dos que participam, para que cada vez mais seja comum ao brasileiro, por exemplo, colecionar diferentes garrafas da bebida mais amada pela nação.

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