Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

download Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

of 31

Transcript of Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    1/31115 Janeiro Ed. 20

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    2/312 2015 Janeiro Ed

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    3/31315 Janeiro Ed. 20

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    4/314 2015 Janeiro Ed

    Editorial

    Caros assinantes,

    Bem vindo seja 2015.

    Que possa trazer o solo frtil para que cada um possa plantar

    suas sementes de sonhos eprojetos, e que se desenvolvam com energia, sade e vitalidade.Que cada um possa encontrar o caminho da harmonia, do realizarsem esforos desnecessrios, sem atritos, sem desgastes. Istono quer dizer sem trabalho. Este sempre necessrio, mas noprecisa ser sinnimo de sofrimento.Recebam esta primeira edio de 2015, com vrias reexes, eque elas possam ser teis no seu processo e agreguem valor asua atuao como coach.Nosso tema central nesta edio o Dilogo.

    Conceito aparentemente to claro entre ns, entretantono . Na maior parte das vezes, quando pensamos estarmosdialogando, na verdade estamos em uma discusso, em umacompetio pela vitria de um ponto de vista.Arnaldo Bassoli nos brinda com um artigo que esclarece estasdiferenas. Desfrute.Amigos e amigas que nos acompanham.Eu e a equipe que produz a Revista Coaching Brasil, vibramospara que voc em 2015 supere limites, ouse mais, arrisquemais, supere medos, plante mais e permita-se esperar grandecolheitas. Tenha a conscincia do seu merecimento perante osesforos que tem empreendido.

    Tenha um excelente 2015 e uma excelente leitura,

    Luciano Lannes

    Luciano LannesEditor

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    5/31515 Janeiro Ed. 20

    6 Um Outro Olhar - Kritas Ribas

    8 Para Refletir - Sobre o Dilogo - Arnaldo Bassolli

    14 Para Refletir - O que o Coaching tem a ver com Democracia - lvaro de Carvalho Neto

    18 Para Refletir - 10 coisas que voc no deve fazer em 2015 - Thais Campos Olivio

    20 Coaching e Filosofia - Plato faria Coaching com poucos - Marcello rias Danucalov

    26 Eu, Cada Vez Melhor - O valor dos valores... - Carlos Legal

    ExpedienteRevista Coaching Brasil

    Publicao mensal da

    Editora Saraswati

    ano II num. 20 Janeiro 2015

    Diretor e Publisher

    Luciano S. Lannes

    [email protected]

    Projeto grco e editorao

    Estdio Mulata

    [email protected]

    www.estudiomulata.com.br

    Projeto de Site

    Mind Design

    [email protected]

    Editora Saraswati

    www.editorasaraswati.com.br

    Todas as edies da Revista

    Coaching Brasil estaro disponveis no site

    para acesso exclusivo dos assinantes.

    O contedo dos anncios publicados de

    responsabilidade dos anunciantes.

    A responsabilidade pelos artigos assinados

    dos autores.

    A Revista um veiculo aberto para a expres-

    so de idias e conceitos.

    Fale [email protected]

    [email protected]@revistacoachingbrasil.com.br

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    6/316 2015 Janeiro Ed

    Um outro olh

    Nosso coach Joo nos traz a seguinte questo:

    Atendi um cliente com problemas em seu casamento, que declarouque sua meta seria separar-se da esposa. H alguns anos vivi um dif-cil processo da minha prpria separao e precisei fazer terapia parame ajudar. Devo encaminhar esse cliente para um terapeuta?

    Ol Joo, sua dvida envolve

    algumas questes que no querodeixar que passem despercebidas,pois apesar de ser formulada em umanica questo h um embricamentode temas complexos, e que nopodem ser encarados isoladamentee que escolho ir desmembrando,como camadas de uma cebola.A primeira coisa que me chama aateno, e sobre a qual eu gostariade focar inicialmente o fato devoc receber para um encontro de

    coaching um coachee que relatauma questo pela qual voc jpassou. um fato bastante comumque situaes dessa naturezanos aconteam, anal de contassomos muito parecidos em nossasdiferenas assim como muitodiferentes em nossas semelhanas.Como adultos inseridos em umacultura, vivemos, numa viso macro,histrias bastante parecidas.Vejo casos como este como

    grandes desaos e excelentesoportunidades para aprendizagenspara ns coaches. Pontos deateno redobrada, pois existemmuitos riscos e quero propor umareexo sobre alguns deles.H inmeras e diferentes formasde nos posicionarmos enquantocoaches, e uma delas como

    sujeitos tcnicos, ou seja,

    prossionais que atuam a partir deuma tecnologia que denominamosCoaching, aplicando questionrios,preenchendo chas, elaborandoquestes, traando planos de ao,determinando e checando tarefas,entre outros procedimentos queem si no so bons ou maus epodem ser conduzidos com maiorou menor ecincia pelo coach.Uma outra forma de nosposicionarmos como sujeitos

    crticos, munidos de diversasestratgias reflexivas, nosimplicando no processo - o que absolutamente diferente de noscomprometermos com a soluoda questo ou o atingimentoda meta - e nos colocarmos servio de nosso coachee paraque ele elabore sua questo eencontre o melhor caminho deao, no contexto apresentado.Uma posio no exclui a

    possibilidade da outra, socomplementares e tanto maisefetivo ser um processo decoaching quanto mais amplasforem as possibilidades do coachadotar muitas formas de abordar asquestes que lhe so apresentadas.No caso apresentado, voc (coach)j viveu uma situao parecida e

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    7/31715 Janeiro Ed. 20

    escolheu aes que naquele momentode sua vida lhe pareceram as ideais, eque aparentemente tiveram um bomresultado. Essa experincia gerouuma aprendizagem, um saber, eprovavelmente voc ganhou com isso.O risco apresenta-se quando nscoaches nos apropriamos de nossosaber, transformando-o num saberuniversal, numa verdade, ou seja,

    armamos que as coisas so assim,pois fomos to profundamenteatravessados por nossa experincia,que passamos a cham-la deverdade, generalizando seus efeitose resultados para as demais pessoas.Exemplicando: se no seu casoa terapia foi uma tima soluopara a questo de sua separao,signica que quando a questo fora separao de um casal, o ideal que eles (ou um deles) procurempor terapia - e de preferncia namesma linha utilizada por voc.Talvez parea caricato dito dessaforma, mas fazemos isso o tempotodo em nossa vida pois nostempos atuais h uma enormepresso para que saibamos eopinemos sobre as coisas. Casono o faamos, corremos osrio risco de sermos acusadosde desinformados ou de umapessoa sem posicionamento - ofamoso em cima do muro, oque no exatamente um elogioem nossa cultura.Existe uma beleza, quenormalmente pouco reconhecida,quando nos colocamos no lugardo no-saber. Beleza que capaz

    de legitimar o outro em suasescolhas, mesmo que elas sejamdiametralmente opostas aquelasque faramos. Receber um clientesem a auto-imposio de saber oque fazer para que este encontreum soluo libertador pois nosabre caminhos para exploraocuriosa e juntamente com isso podenos gerar inseguranas e angstias,

    anal podemos pensar: se essapessoa me contratou para chegar auma meta, eu deveria saber o quefazer, especialmente se j passei porum problema parecido.No acredito que exista a formacerta (em si) de agir, ou seja, umaverdade absoluta que possa guiarnossos passos soluo denitivapara nossas questes. Penso queexistam formas diversas e nicas,que dependem de inmerasvariveis, como contexto, inteno,pessoas envolvidas, valores, desejos,alm de tantas outras.Lidamos nos processos de coachingnormalmente com questescomplexas, territrio ondeexistem muitas possibilidades ea idia central do processo deveser permeada muito mais pelaelaborao, pela reexo para aao do que pelo compromisso coma soluo denitiva e inequvoca deproblemas.Continuarei fornecendo Um OutroOlhar para esse caso na prximaedio, pois ainda existem pontosque quero abordar e que podemnos fornecer outras lentes paranossos atendimentos.

    Kritas RibasMestranda em Biologia-Cultural, Psicanalista, Filsofa, CoachOntolgica. Fundadora do Instituto Appana, consultora com

    experincia de mais de 20 anos no desenvolvimento de lideranas,palestrante e escritora de livros e artigos cientfcos.

    [email protected]

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    8/318 2015 Janeiro Ed

    Arnaldo BassoPsiclogo, psicoterapeuta, especializado em jogo

    cooperativos, facilitador de Grupos de Dilogo. Pgraduado em Cinesiologia e Gestalt-Terapia. U

    dos fundadores da Escola de Dilogwww.escoladedialogo.com.b

    [email protected].

    A palavra Dilogo de usocorrente; j a usamos muitas emuitas vezes na vida, quandoqueremos nos referir a umasituao em que pelo menosduas pessoas entram num tipode conversao em que de fatoh uma troca entre elas. Fala-mos em dilogo amoroso, por

    exemplo. Mas a idia de quedilogo algo que aconteaentre duas pessoas imprecisa,embora parea sustentada peloprexo dia, da palavra dilogo.Entretanto, dia, em grego, noquer dizer dois, mas sim atravsde. E logos quer dizer sentido,palavra. Assim, o signicadoetimolgico preciso da palavradilogo : quando um signica-

    Muito do que estaremos examinandoaqui, neste breve artigo, vem da concep-o e da metodologia de dilogo elabora-das pelo fsico quntico e colaborador deEinstein, David Bohm, inspirado em idiase encontros que teve com Krishnamurti, ogrande sbio indiano que viveu boa parteda vida ensinando sobre a libertao dohomem e que faleceu em 1986.

    do perpassa, passa atravs dealgum ou de um grupo.Dessa maneira, a situao dedilogo est essencialmenteligada ao compartilhamento.Mais exatamente, ligada aocompartilhamento de signi-cado: quando podemos com-partilhar experincias e o que

    elas dizem para ns, quandofalamos e os outros compreen-dem, e no somente escutam,quando sentimos que se formauma espcie de pensar ou agirgrupal, estamos em uma situ-ao de dilogo. Podemos tam-bm entrar em dilogo com nsmesmos, quando uma situaoevoca diferentes sentimentosou reaes e preciso inclu-las

    todas num todo que possamosaprender. No essencial, importante reparar, que nessecompartilhamento haja con-cordncia, ou consenso; o com-partilhamento est mais ligado participao, ao escutar ooutro e dar-lhe espao, do queconcordar com ele. Mas volta-

    remos um pouco mais tarde aisto. Apenas achei importantemencionar esse aspecto aquipara que no se pense que no di-logo h uma situao de conu-ncia (todos pensando igual), deuniformizao do pensamento.O dilogo o oposto da discus-so. A palavra discusso, assimcomo a palavra debate, tem amesma raiz que percusso, con-

    Sobre oDilogo

    8

    Para reetir

    2015 Janeiro Ed

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    9/31915 Janeiro Ed. 20

    cusso: quebrar. Quando discuti-mos, num grupo, h disputa entresignicados, para ver o que preva-lece no se busca chegar a umacompreenso maior. Muitas vezes,

    numa discusso, vence o mais vio-lento, ou o mais astucioso, e no omelhor ou mais profundo. No en-tanto, embora dito dessa maneirapossa parecer que a discusso um processo negativo, ou ao me-nos mais negativo do que o do di-logo, isso no sempre verdade.Para certos procedimentos, bemcomo tomadas de deciso, pre-ciso encontrar a melhor soluo,e possvel que ela exclua com-

    pletamente outras alternativas. o caso, por exemplo, de decidirse uma pessoa que se acidentoudeve ou no ser levada ao pronto--socorro; se algum tem crenas arespeito de isto ser bom ou no,sobre se importante este ouaquele tipo de medicina, etc. es-sencial oferecer todo o cuidadopossvel pessoa, e isso excluioutras consideraes filosficasou crenas.

    Mas dialogar completamentediferente de debater. Quando hum dilogo, ningum quer vencer.Este no o objetivo. Quando umerra, todos aprendem; quando umacerta, todos ganham. O protago-nista, aquele que tem o papel prin-cipal no conito, tomado exata-mente como aquele que expressaum conito que no s dele: dohomem, do ser humano, daquelegrupo. Se ele o expressa bem, en-

    to todos podemos buscar, juntos,uma possvel soluo, ou, se isso forimpossvel, passar juntos pelas di-culdades do momento. Quando umgrupo entra em clima de discus-so, a no ser que ela seja necess-ria como ferramenta, o que se quer bater contra o outro, derrot-lo,prevalecer sobre ou quase sem-pre, sem apreciar adequadamenteos mritos da questo. Discusses

    muitas vezes no so mais do quepalco para a disputa pessoal, pelabriga pelo poder.No dilogo, portanto, iniciamosbuscando a atitude adequada para

    poder receber diversas opiniesdiferentes. Se buscamos apenasque os outros concordem conosco,evitando a discordncia, j esta-mos num clima de unilateralidade.O dilogo essencialmente multi-lateral. E, sendo assim, compostoprincipalmente por e buscando asdiferenas, preciso colocar-se naposio de saber ouvir o outro. Ou-vir to importante quanto falar,ou talvez mais importante ainda.

    Voc j no teve a experincia deser escutado com tanta atenoque percebeu que sabia coisas queno sabia, que pde desenvolverseu pensamento at alm do pon-to em que estava, pela inunciabenca de algum que escutainteressadamente, com ateno,sua fala? Pois esse tipo de escutaintegral, inteira, que busca o dilo-go. Ouvindo atentamente, aqueleque fala se sente valorizado e o

    , realmente; e s por isso j tema oportunidade de expressar maisclaramente e talvez mais profun-damente aquilo que tem a dizer.Se concordamos ou no com eleno o ponto mais importante.Ouvindo-o com ateno, podemosperceber sua coerncia intrnseca,o caminho existencial inerente ssuas posies, perceber quandofoi preciso na comunicao de suaexperincia e quando partiu de

    alguns pressupostos para funda-mentar sua viso. Chegar a essespressupostos essencial para oprocesso do dilogo. Se busca-mos compartilhar significados,ento que tal se olharmos para osignificado desses pontos de par-tida para a ao? Poderemos des-cobrir coisas interessantssimas.Por exemplo, olhando aos pressu-postos de nossas aes e pensa-

    915 Janeiro Ed. 20

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    10/3110 2015 Janeiro Ed

    mentos podemos des-cobrir que eles j noso to importantes

    hoje quanto j foram.Ou que so equivoca-dos, ou insucientes. Mais

    ainda, podemos perceber quens os adotamos por mera imitaoou cpia de algum que, por ser maisvelho, da famlia, por ser algum quenos parecia mais inteligente, pode-roso, mais importante do que ns,passamos a tomar como modelo decomportamento. Isso pode acontecerde maneira mais autntica ou menos

    autntica, mais consciente ou menos,dependendo da qualidade da obser-vao que tivemos dessa pessoa. Umexemplo mais claro talvez seja a pro-paganda e as notcias na televiso. Portrs da propaganda h a incitao aoconsumo, mas sua face a de pessoasbonitas, interessantes, alegres, sensu-ais. As notcias muitas vezes mostramo lado mais supercial dos conitos. muito fcil, e quase a regra, que nosidentiquemos com a camada mais

    supercial, por alguma motivao in-consciente, e adotemos posturas ouidias que atribumos a esses esta-dos de ser. Se reetirmos sobre elase conferimos se elas batem com oque sentimos mais profundamente,timo. Se no, camos sendo uma es-pcie de outdoor existencial delas apenas uma chamada para fora, masno h nada l. Aprendemos a sersensuais conforme o modelo, crticosconforme o modelo, agressivos ou

    passivos conforme o modelo, e assimpor diante.Mas o dilogo um trabalho de aten-o. Um monge beneditino que co-nheci dizia que a melhor deniode amor que ele conhecia era exata-mente essa: amor ateno. Quandoprestamos ateno, estamos doando pessoa, ou sociedade, aquilo quetemos de mais importante: ns mes-

    mos, detendo-nos naquele ser ouprocesso para examin-lo, fazendo dens parte dele, nesse instante ou vice-

    -versa. Ao prestar ateno, no dilogo,oferecemos ao grupo todo a possibili-dade de reetir sobre a autenticidadee profundidade das opinies e pressu-postos que vivemos. No se trata dejulg-los, cuidado: aquilo que verda-deiro salta aos olhos e compartilha-do imediatamente pelo grupo. Possoser cristo, mas perceber claramenteque meu amigo budista ou muulma-no tem uma crena bonita e sincera,amorosa, em Al ou na natureza com-

    passiva que habita em todos ns. Nopreciso concordar com ele mes-mo porque no h disputa! e, emsua diferena, percebo que ele estperfeitamente bem e completo.Compartilhamos desse sentido deinteireza que vem em suas palavras,emoes, atitudes. timo!Um exemplo. Numa sesso de di-logo, logo em seguida escolha donovo papa, uma participante queixa-va-se com algum amargor da tendn-

    cia conservadora da igreja, dizendoque estava muito decepcionada, cha-teada, triste. Disse-lhe que aparen-temente ela possua um pressupostosobre como a Igreja deveria conduzirseus assuntos. Ela comeou imediata-mente e espontaneamente a contarque, vrios anos antes, quando aindaera jovem, tinha tido uma experin-cia muito desagradvel em um grupoda igreja: tinha sido rejeitada dura-mente por ter algumas opinies mais

    avanadas sobre o aborto, o uso dacamisinha etc. No mesmo instanteela percebeu e todos percebemos,no grupo, pela veracidade e a emo-o presente em seu relato queera isso que estava em questoquando falava do novo papa.E que, mesmo sendo ele apa-rentemente uma pessoa con-servadora, o que ela sabia

    1010 2015 Janeiro Ed

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    11/311115 Janeiro Ed. 20

    sobre ele ainda era pouco para que seexpressasse como zera.Ento o dilogo busca deparar-se comesses pressupostos, para tentar sus-pend-los. Suspender no reprimir;suspender examinar atentamen-te. Vamos examinar os pressupostospara ver que pensamentos contm.Quando explicados os pressupostos,a conversa adquire uma clareza e pro-fundidade totalmente inesperadas. Ahonestidade e a simplicidade iluminamtodo o grupo; as presses para pensardesta ou daquela maneira podem ce-der, pois entra em cena a autenticida-

    de de cada um e o carter existencialdaquilo que vivemos.Suspender um pressuposto exp-lopara examinar sua estrutura, crenas,pontos de apoio. Paradoxalmente,como no exemplo, ao darmos atenoe focar o olhar sobre ele que noslibertamos da limitao que ele nosimpe. A idia de suspender pressu-postos como uma prtica absolutano factvel; s ocorre a suspensoaps a conscientizao dessa estru-

    tura interna do pressuposto que es-tava ali limitando o campo de visoSuspender o pressuposto, ento, no reprimi-lo, nem suprimi-lo, nem fa-zer dele uma verdade apriorstica. examin-lo com a mente aberta.Acredito que meu deus o nicodeus. Se eu examinar, com a menteaberta, o deus alheio, minhas idiasprovavelmente cairo por terra. No fcil dialogar!O nosso pensamento e as nossas ati-

    tudes esto cheios de caixas pretas,ou seja, pontos que no submetemos reexo e que aprendemos a adotarpor aderncia: a partir de modelosexternos, como j disse antes, ou porcausa de uma educao autoritria,e assim por diante. So os chamadosncleos duros do pensamento: todopensamento ideolgico est cheiodeles; no quer examinar suas pre-

    missas, que absoluti-z-las. Essa a mesmaraiz do fundamentalismo.Mas a existncia de caixaspretas no obrigatoriamente sinalde patologia; a regra. No assimsomente para uma pessoa somos to-dos assim. Todos temos pressupostose ncleos duros no nosso pensamen-to. O que difere o modo de lidar comeles: enquanto o dilogo e as pessoasde mente aberta tentam explicit--los e humaniz-los, dissolvendo a suadureza, o fundamentalismo e o pen-samento dogmtico, ou literal, defen-de-os agressivamente, procurando su-primir a posio contrria. Suspenderos pressupostos e examin-los podetrazer uma expanso e uma liberdadeinterior de enorme importncia e pro-fundidade. O fato de uma vivncia noser a nica e absoluta verdade no dimi-nui em nada a sua validade e importncia!Isso dilogo: colocar-se com a menteaberta perante o que acontece.O dilogo faz um trabalho com o pen-samento coletivo, que algo muito

    poderoso. Se voc j foi a um estdiode futebol, a uma manifestao pol-tica, j viu um movimento de massaou um quebra-quebra generalizado,ou ainda, mais sutilmente, percebe ainrcia coletiva e as manipulaes doseu pensamento, sabe como isso verdade. Quando um grupo passa porum processo de dilogo, ao trabalharo pensamento coletivo, grandes coi-sas passam a ser possveis. Um grupobem trabalhado pode realizar muito,

    seja conjuntamente ou para cada umde seus membros em separado. O di-logo alinha o pensamento coletivo dogrupo (cuidado: no uniformiza), como olaser alinha os feixes de luz. Busca des-fazer as distores do pensamento e dologos desse grupo.Mas todo grupo, se tiver uma deter-minada massa crtica, um nmerosuciente de componentes, um mi-

    111115 Janeiro Ed. 20

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    12/3112 2015 Janeiro Ed

    crocosmo da sociedade como umtodo. Assim, quando um grupodesse tipo aprende a alinhar seupensamento, a compartilhar sig-nicados, a abrir sua mente paraaquilo que salta percepo, seusmembros aprendem a lidar comum sem-nmero de situaes pre-sentes a todo o momento pelomundo afora. O aprendizado podetornar-se universal, no sentido deaplicar-se a qualquer outra situa-o de sociedade ou grupo.O dilogo, ento, quer justamen-te esse alinhamento dos feixesde luz do grupo, essa coerncia,

    que justamente o termo usadopara descrever a propriedade daluz que compe o laser. Coernciasignica, etimologicamente, estarjunto. Estar junto no concordar,nem discordar. Essas categoriasno se aplicam aqui. Coerncia diferente de aderncia: ao aderira uma posio, um pensamento,um movimento, uma pessoa aderea algo que vem de fora e no pas-sa por ela, pela sua subjetividade,

    sua reexo, questionamento,adaptao, assimilao.A coerncia um estado de parti-cipao grupal. Ningum precisapensar como ningum; todos pen-samos juntos, e compreendemos. impossvel obter essa coernciapela fora. Tambm impossvelobt-la pela manipulao, pelocontrole ou pela persuaso. Nin-gum consegue estar realmentejunto do outro quando algo lhe

    imposto, ou quando toma algo ex-terno como seu sem digerir a ques-to, reetir, assimilar como dis-semos anteriormente sobre ospapis que aderimos a partir demodelos educativos ou da televi-so ou a mdia em geral.A coerncia tambm diferentedo mero interesse comum. Isto

    importante. Se somos um grupode ladres e temos um interessecomum, que roubar, isso no nostorna um grupo de dilogo. Issoporque praticamos um tipo de par-ticipao e conscincia que no coerente com o todo da socieda-de no est junto, no agrega,como se diz hoje, no compe. Aocontrrio, causa mais diviso. Por-tanto, o que o dilogo busca umestado mental de abertura e parti-cipao a tudo o que se apresenta,e a todos interna ou externamen-te. Como dissemos, o dilogo umtrabalho de ateno: ateno ao que

    vem de fora, e ateno ao que vemde dentro, e ateno ao que aconte-ce entre os outros e eu, e entre osoutros, e ns todos e o mundo.O dilogo um lugar de criaode conscincia e de compartilha-mento de signicado. Dialogarno a busca da uniformizaodo pensamento. um lugar ondeaprendemos a pensar junto, aindaque diferentemente se necessrio;apesar das diferenas, estamos

    juntos. Este aspecto algo a servivido, que no pode ser descritoem palavras. O dilogo que exporos pressupostos, as limitaes dopensamento, para que ele possacaminhar livre, na trilha da criati-vidade, no aqui e no agora.

    2015 Janeiro Ed

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    13/311315 Janeiro Ed. 20

    Para que haja essa coerncia, osindivduos que compem o gru-po precisam partir de sua prpriasubjetividade. Assim, importanteque se use, sempre que possvel,a forma verbal na primeira pessoado singular: eu vivi isso, eu penseiassim, eu percebi que, para mim,isto importante etc. O motivopara isso evitar o uso indiscri-minado do ns, a gente, todomundo, que remete para uma fal-sa conscincia coletiva, para umaconuncia sem reexo justa-mente o tipo de estar junto sem

    estar junto que se quer curar, nanossa sociedade to precisada deajuda. O dilogo busca no o eu,mas a experincia direta, que impossvel obter pelo a gente,ns, todo mundo.O dilogo busca tambm, ao exa-minar os pensamentos, sentimen-tos e emoes de cada um e cadasituao, aquilo que se chamou depropriocepo dos pensamentos.Sabemos que temos uma proprio-

    cepo dos nossos movimentos,salvo em situaes patolgicas:se prestarmos ateno ao corpo,sabemos que estamos sentados,que a mo pega o garfo para co-mer, que estamos olhando para ointerlocutor ou para o papel quelemos etc. Isso vem como experi-ncia, no como reexo. Tambmtemos a mesma capacidade comrelao aos nossos pensamentos:se prestarmos realmente ateno

    neles, notaremos que tm inten-sidade, afetividade quase umacor -, direo, inteno etc. Masnormalmente pensamos e identi-camo-nos apenas com o conte-do deles recuperamos essa pro-priocepo do pensamento. No bom perceber, logo ao pensar, queestamos exagerando, reagindo

    inadequadamente, ou desvalori-zando a questo principal etc.? Es-sas coisas no so apenas lgicasou racionais; so realmente umacapacidade de perceber com maisacuidade a ns mesmos, e aos ou-tros, e essa capacidade est a paraque a desenvolvamos e possamosdesfrutar do crescimento que elanos proporcionar.Pensamos sobre a vida, sentimoscoisas, e ao no nos percebermosnesse ato, tomamos o que pensa-mos ou sentimos como verdadeliteral sobre o mundo, e no comouma viso desta pessoa, neste mo-mento que pode mudar amanhpor causa de novas condies oupercepes a esse tipo de pen-samento fechado, circulandosobre si mesmo e de maneira a fe-char dentro de si o mundo, d-seo nome de pensamento literal. Sepenso, logo deve ser exatamen-te assim mesmo como pensei. quase ridculo que nos portemosassim, mas praticamente a regra

    que o faamos. No dilogo, emer-ge o pensamento participativo:percebo que sou uma parte, o pen-samento uma parte, fao partedesse grupo, compartilho comele fao parte no sentido de quecontribuo, de que estou includo,e de que sou apenas parte. Tudoo que vivemos apenas parteda mente universal, a mente detodos, essa ente que tambmsomos ns.

    Nesse sentido, como Krishnamurtidizia, cada um de ns a menteuniversal, a mente de todos cadaum de ns. Essa participao oobjetivo do dilogo que buscaum cimento social, um comparti-lhamento de signicados que ,no mundo de hoje, desesperadora-mente raro.

    15 Janeiro Ed. 20

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    14/3114 2015 Janeiro Ed14

    Para reetir

    Um empreendedor comea seu negcio a par-tir de grandes idias que intuem possibilida-des para a realizao de sonhos encantadores.A partir da a empreitada exige muito esforopessoal, persistncia, compromissos arrisca-dos, vnculos de confiana frustrados pou-cos consolidados, e muitos outros prazeres

    O que o

    COACHINGtem a ver com a

    DEMOCRACIA?

    lvaro de Carvalho NetConsultor Organizacional & Coac

    [email protected] a conquistar a vara, ajudando na descoberta doprprios potenciais para a pesca e apontando assertivamenpara tais virtudes como propriedades legtimas e originais n

    pessoa do pescado

    2015 Janeiro Ed

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    15/311515 Janeiro Ed. 20 15

    adrenais que agora fazem surgir novosobjetivos to bem justificados quantoos velhos sonhos do incio da jornada.O empreendimento se transforma, en-to, numa empresa. Sob o controle edireo do imaturo empresrio, pes-soas tentam se organizar a sua volta eem prol de seus clientes. Nesta fase, eleprovavelmente ainda exercita seu poderpessoal alimentando-se emocionalmentedele.Quando conscientizado da necessidadede profissionalizar seu negcio orga-niz-lo sistemtica e estrategicamente,o ento proprietrio de empresa aindapersistir com muitas das suas antigascondutas que, no seu entendimentontimo, foram as nicas alternativascapazes de lev-lo at onde chegou.Inicia-se a um rduo e longo processode crescimento pessoal e profissionaldo qual depende a sade competitivade toda a corporao, que por sua vez,sob o exemplo e influncia do donomais amadurecido, tambm desen-volver as outras pessoas envolvidas.Doravante, esses profissionais passama atuar motivados pelos resultadosformais de seus respectivos papis naorganizao. Buscam, atravs de suasmaturidades sempre em evoluo, ocrescimento do que interessa a todospor meio do que interessa especifica-mente ao seu cargo. Deixam de fazerpela pessoa do dono e passam a fazer

    por si, pela equipe, pela marca e pelocliente. Essas mudanas tm causa pr-tica: a capacidade de crescimento doque o empreendedor domina limitadaao ponto da transformao necessrial atrs e, ao contrrio, a empresa or-ganizada poder crescer globalmentesem perder sua identidade corporativa.

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    16/3116 2015 Janeiro Ed

    A democracia, assim como os negcios,segue em seu desenvolvimento de-pendente do amadurecimento da po-pulao que dela desfruta. Na mesmatoada que se fortalecem aspectos de-mocrticos de funcionamento do pas,as pessoas que nele vivem devem ir sepreparando para busca autnoma e li-vre dos prprios resultados e desejos;devem ir se separando da me refletidanas autoridades dos supervisores, pro-prietrios e governantes; precisaro selivrar da sensao excludente e se re-conhecerem humildes pertencentes dotodo acessvel a todos; carecero nota-rem-se adultas, porque sabem o que sepode e o que no se pode no sistemaquase impessoal que as rege.Isto no utpico e, ao mesmo tempo,no se trata de tarefa fcil. No pro-blema que se resolva com iniciativasmercadolgicas interesseiras, copiadase colocadas em pacotes bonitos, paracujos rtulos atrada (trada?) a aten-

    o da mesma criancice coletiva que sepretende amadurecer. O problema cultural, como se discursam em justi-ficativas comodistas por a. No entan-to, no se altera a cultura nacional deforma direta, mas a partir de medidasespecficas e pontuais que resultam emdinmicas que, estas sim, influenciamsignificativamente a esses tensores so-cioculturais. Iniciativas aparentementepequenas, e que trazem no bojo a in-teno verdadeira, tica e corajosa de

    fazer gente crescer: estimulando a con-quistar a vara, ajudando na descobertados prprios potenciais para a pesca eapontando assertivamente para taisvirtudes como propriedades legtimase originais na pessoa do pescador. Sem-pre existiram aes com propsitos le-ais como esses. Contos milenares per-

    2015 Janeiro Ed

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    17/311715 Janeiro Ed. 20

    sonificam grandes mestres chineses ou

    filsofos gregos, hbeis na sutil tarefade transformar pupilos em substitutos,por exemplo. Ainda neste sculo, mui-tas pessoas se exercitam informalmen-te na prtica do desenvolvimento pes-soal honesto. Nos sistemas educacionaisformais alguns poucos educadores tam-bm tm se mostrado bons no estmuloprodutivo de seus alunos. Entretanto,nada aglutinou tantas dessas nobrespossibilidades como os processos quese institucionalizaram h dcadas como

    coaching - de forma simplista: estmulossistemticos ao alcance de novas, desa-adoras e nobres metas com destaquee reforo das possibilidades autnomaspara empreitadas assim.As sensaes do sucesso pessoal e/ou profissional alcanado a partir dosprprios esforos so as mesmas queestimulam aos insistentes empreende-dores na busca por objetivos ulteriores.Impregnam e estimulam a novos desa-fios, num treinamento cclico e trans-

    formador de potenciais em habilidadesque, por sua vez, geram autoconfianae autoestima: pessoas amadurecidas egestoras de si mesmas mantenedorasdos processos democrticos.O contrrio disso tambm tentador e,talvez, o mais fcil a se fazer. O prazerdo comodismo encontrar consolo namassa medocre, que tambm hbilem justificar suas opes. No entanto,se por um lado aumenta o nmero depessoas ticas em movimento de auto-

    gesto na dinmica cultural, por outro,a admirao latente vai se expondo noscorajosos novos empreendedores dademocracia.

    15 Janeiro Ed. 20

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    18/3118 2015 Janeiro Ed

    1 - Deixar para depois...Teremos 52 segun-das-feiras em 2015, se voc deixar paracomear tudo na segunda, ter 52 opor-tunidades de conseguir realizar. Se voc

    entender que o dia certo para se comear

    qualquer coisa hoje, haver 365oportunidades. matemtico!

    4 - Repetir velhos hbitos e espe-rar resultados diferentes. Eins-

    tein foi sbio ao proferir: Loucu-ra querer resultados diferentesfazendo tudo exatamente igual.Em 2015, vamos nos deixar guiar

    por essas palavras!

    3 - Continuar procurando atender a expec-tativa dos outros! Voc consegue mensurar

    quantas vezes voc disse SIM em 2014?Pois .... A proposta para 2015 falar maisNO. No tente abraar o mundo, aten-

    der e agradar a todos, isso s vai gerarfrustrao, sentimento de incapacidade,

    infelicidade e atrasos na sua vida!D prioridade a voc!

    2 - Falando em dia certo. Perceba e acei-te que o nico momento que temos para

    realizar nossos sonhos e projees futu-ras o dia de hoje, o tempo presente,alis, ele no tem esse nome por acaso.Portanto, no adie suas metas, no se

    boicote, no se engane.O nico benecirio ser voc!

    10coisas que vocNO DEVE FAZER

    em 2015

    Thais Campos OlivLife Coach, palestrante e docen

    Foque, trabalhe, se esforO sucesso consequncia e no objeti

    [email protected] reetir

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    19/311915 Janeiro Ed. 20

    8 - Ser mole. Quanto maismole voc com a vida, maisdura ela com voc! A vida para quem tem coragem, ou-sadia e atrevimento. Respire

    fundo, encha seu pulmo comdoses desses trs ingredientes

    e bora!

    10 - Ter preguia. Eis o mal dosculo. No se deixe dominarpor seus pensamentos sabo-

    tadores. Pratique o TBC comfrequncia: Tire a Bunda da

    Cadeira... (com perdo do usoda palavra de baixo calo)!

    FELIZ 2015! o meu desejo.

    5 - No planejar... Onde voc querchegar? Quais suas metas para

    2015? Um planejamento mnimo essencial para o alcance de resul-tados e realizao de sonhos. Noh resultados sem planejamento,

    foco e aes!

    6 - Esperar que o ano te traga bnos erealizaes! O ano no traz nada, apenas

    um ano, dias que podem ser dias comooutros quaisquer, ou no! Trata-se de um

    novo ciclo. Quem determina sua grandiosi-dade, seu poder de realizao em sua vida

    voc mesmo! Voc pode construir um2015 maravilhoso... Comece desde j!

    7 - Ficar na platia. Comprou ingresso deprotagonista, de autor coadjuvante ou de

    telespectador para sua vida? Determine.Uma das grandes ddivas da vida o nossopoder de escolha. No culpe os outros pe-los seus maus resultados, olhe para si, sepermita o autoconhecimento e assuma o

    controle da sua vida.

    9 - Deixar a vida te levar. Tem pessoas queno tem foco, nem estratgias, to pouco

    sabem onde querem chegar. Essas pessoassofrem da sndrome de um famoso sambis-

    ta que j dizia isso em uma de suas letrasde msica... Seja diferente! Queira mais de2015, queira tudo que ele pode signicar e

    representar para voc. Estabelea metas,se cerque de artifcios e recursos que vo

    te ajudar a chegar L!Seno, o ano passa e passa em vo!

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    20/3120 2015 Janeiro Ed

    Marcello rias DanucaDoutor em Cincias (Psicobiologia), Filsofo e Coach Ontolg

    Consultor em Comportamento Humano e Fundador do Espao Marcello rias Aprimorando Men

    [email protected] e Filosoa

    Plato faria

    Coachingcom poucos...Muito poucos

    Em nosso ltimo encontro versamossobre a importncia de Scrates echegamos a armar que esse lso-fo exerceu em seu tempo, algo muitoparecido com o que hoje denomina-mos de Coaching, ainda que seus ob-jetivos fossem distintos dos nossos.Todavia, sua losoa chegou at nspor intermdio de seus alunos, e omais renomado de todos eles foi, sem

    sombra de dvidas, Plato. A losoaplatnica origina-se de uma vergonha,a injusta condenao morte de seumestre Scrates em 399, na cidade deAtenas. A quase totalidade da obrade Plato devotada memria dosensinamentos de seu professor, aindaque suas ideias e seu capital simblicotenham ultrapassado em muito o le-gado de seu preceptor.

    Para entender uma parte do pensa-mento de Plato importante terclaro o que vem a ser o dualismo on-tolgico. Para Plato o homem com-posto de duas substncias distintas, ocorpo e a alma. Contudo, temos queentender que quando Plato se refe-re alma, no est fazendo aluso alma crist, pois viveu quatro sculosantes de Cristo. Alma, para o grego

    antigo, sinnimo de pensamento. Ocorpo tem o atributo da sensibilidade,- aqui compreendida como a percep-o das sensaes -, desejante, tmpulses, inclinaes e perecvel. Ja alma tem o atributo da racionalida-de, inteligvel, pensante, conjectu-rante, atemporal e eterna. Quando aalma pensante entra em contato como corpo, tende a se esquecer das ver-

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    21/312115 Janeiro Ed. 20 21

    dades universais que teve acesso na-quilo que Plato chama de Mundo dasIdeias, ou seja, um local metafsicoonde no existem denies plurais,mas Ideias perfeitas e eternas, que

    prescindem dos contextos e das cir-cunstancias particulares de cada umde ns para existir. A Teoria das Ideiasou Teoria das Formas arma que For-mas ou Ideias abstratas imateriais sodetentoras do tipo mais basilar darealidade, o que no acontece como mundo material e impermanenteexperimentado por ns por meio daintermediao dos sentidos de nossocorpo. O corpo, no passa de uma ca-verna que obscurece a percepo da

    verdade, transformando-a em umasombra disforme e lgubre. Percebacaro (a) leitor (a), os ecos de Parmni-des nas ideias de Plato. Para Plato,as coisas captadas com os olhos docorpo so formas fsicas imperma-nentes e volveis que no reetem averdade, e as coisas que captamos pormeio dos olhos da alma so as formasmetafsicas permanentes e, por estarazo, verdadeiras. Sendo assim, asIdeias so as essncias eternas das coi-

    sas e das virtudes, tais como o bem, obelo, a justia, a coragem, a amizade,

    a piedade, o amor etc. Se Plato fosseum coach, teria como principal missoauxiliar seu cliente/coachee a entrarem contato por meio de um pensa-mento sosticado e elaborado com

    tais essncias, pois somente assimpoderia ajud-lo a deliberar melhorsuas aes. Todavia, provavelmentePlato seria coach de poucos, pois nu-tria a crena de que nossas almas nose equivalem, uma vez que, por natu-reza, algumas pensam bem e outraspensam mal. Aquele que nasceu comuma alma fraca, jamais conseguiriaaproximar-se das verdades universais,e, sendo assim, deveria exercer outrasatividades na cidade, abstendo-se de

    pensar e deixando ao lsofo a tarefade reetir como deveriam ser as me-lhores aes com vistas aquisio deuma cidade mais justa, honesta e boade viver, ou mesmo, no atual contextocorporativo, a empresa boa de traba-lhar.Scrates visava, sobretudo, uma sabe-doria prtica ao se questionar sobrea denio das qualidades morais.Plato supera este primeiro estgiosocrtico. Por exemplo, quando voc

    leitor (a) se refere a algo belo, est sereferindo ao que exatamente? O belo

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    22/3122 2015 Janeiro Ed

    existe em si mesmo? Pode-se aceitar

    que ele no seja nada, depois de seacumular uma ampla quantidade deobjetos belos, todos diferentes entresi? E se o belo no existe em si mes-mo, como explicar que este termopossa ser aplicado a uma abundnciade objetos percebidos pelas nossassensaes? Plato percebeu que ne-nhum objeto nos dado como sendoo belo em si. A denio do belo al-cana um grau de universalidade talque nenhum exemplo individual podedar conta. Plato, de tanto se esforar- assim como Scrates - na busca poruma denio que replicasse na lin-guagem o ser ou a essncia das coisas,chegou concluso de que h dois n-veis distintos de realidade, o sensvele o inteligvel, da seu dualismo onto-lgico. O grande projeto platnico foio de libertar-se do mltiplo para che-gar ao um. Contudo, preciso explicaro que incomodava Plato. Em Atenas, poca de Plato, os assuntos maisdelicados e controversos eram discu-tidos na gora, ou seja, no local ondeos gregos votavam as ideias mais rele-vantes para sua sociedade. Entretan-to, muitos proponentes dessas ideiascontratavam excelentes oradoresconhecidos como sostas, como Gr-gias e Protgoras, e estes apresenta-vam suas propostas com mais vervee contundncia do que aqueles noversados na arte do discurso eloquen-te. Foram alguns sostas que discur-saram contra Scrates em seu julga-mento, e a capacidade dos sostas deemocionar e persuadir os ateniensesera to grande que Plato, seguin-do os passos de Scrates, rebelou-secontra essa iniquidade. Foi na cidadeateniense, to apinhada de discursoscativantes, porm, vazios, que a pr-pria natureza da palavra escrita oufalada evoluiu. Para Plato, diferente

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    23/312315 Janeiro Ed. 20

    dos sostas, falar dizer o ser e nomanipular as mentes com preleesde impacto, pois, por trs da espe-

    rana de uma denio universal everdadeira de uma palavra, h o so-nho de um acordo entre os homense, consequentemente, de uma vidamelhor. Pense bem caro (a) leitor (a) enote que a inteno de Plato era dasmelhores. Segundo ele, quem puder,por exemplo, denir a justia, ser es-sencialmente justo, porque, se a justi-a bela, ningum que a compreendapoderia cair na injustia. Encontrar oacordo perdido na palavra e nas coisas

    o sentido da busca socrtica e, pos-teriormente, platnica.Mas anal, qual a atualidade destepensamento de Plato? Bem, pode-mos pontuar no mnimo trs tpicosde grande contemporaneidade. O pri-meiro deles me leva a crer que se Pla-to estivesse na plateia de um grandecongresso de treinamento e desenvol-vimento - desses que so direcionadosao mundo das grandes corporaes -,ou mesmo fazendo algumas formaesem Coaching aquelas que te capaci-tam em trs dias, por exemplo -, invaria-velmente encontraria em uma boa par-te dos palestrantes e professores, ecosde Protgoras e Grgias, bradando aosquatro ventos propostas e protocolosmilagrosos - no fundamentados em

    um pensamento slido - destinados aodesenvolvimento de lderes e pros-sionais de Coaching. O segundo tpico

    diz respeito ao relacionamento quetodo o coach deve tecer com a palavra,pois por meio dela que nosso traba-lho se constri, e foi Plato o primeiroa se aprofundar verdadeiramente nes-sa questo. Recorde-se que todos oslivros de Plato so investigaes bas-tante criteriosas sobre o signicado daspalavras. Scrates, sua principal perso-nagem, se perguntar o que a justiano dilogo A Repblica; a coragem investigada no Laques; a piedade, pen-

    so que voc se lembra, no Eutfron; asabedoria no dilogo Crmides; o amorno Banquete e assim por diante, sendoque em todos eles Plato intencionaaproximar-se, tanto quanto possvel,de uma denio justa e universal querepresente um acordo perfeito entrea palavra e a coisa investigada. Platonos alerta que aquele que, por exem-plo, vive na injustia e ao mesmo tem-po louva a justia, est em discordnciaconsigo mesmo e, portanto, infeliz.Algum coach j se deparou com proble-mas semelhantes em seus atendimen-tos? Plato aconselha-nos, assim comoseu mestre Scrates, a conhecer-nos ans mesmos, com vistas a impedir quese introduza em ns a raiz fundamentaldo desacordo interior: no saber, e crer

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    24/3124 2015 Janeiro Ed

    que se sabe.Para nalizar, podemos pontuar a atu-alidade do pensamento platnico noque tange ao exerccio da liderana.Contudo, caro leitor (a), preciso pru-dncia, uma vez que esta somenteuma das inmeras possibilidades dese investigar este intrigante temaque tanto erta com a prtica do Co-aching. Quem deve ser lder?; O quedeve fazer aquele que lidera?; Quaisas competncias que o lder deve ter?;

    Que tipo de relao deve manter older com aqueles que esto sob sualiderana? Lendo Plato possvel hi-potetizar quais seriam suas respostaspara essas questes. Deve ser lderaquele que sabe pensar! Deve lide-rar aquele que tem a alma de ouro, aalma brilhante. Deve ser lder o aman-te da sabedoria, ou seja, o lsofo.E quando Plato assevera isso, emhiptese alguma ele esta armandoque o lder deva ser legitimado pelos

    seus liderados, muito pelo contrrio.Pouco importa o que pensam os li-derados, pois o critrio da lideranano repousa nem no voto, nem nademocracia e nem tampouco na anu-ncia dos liderados, e sim na compe-tncia intelectiva daquele que lidera.Para Plato, no h nenhuma razopara que um indivduo portador degrande lucidez seja aplaudido pelasmassas. Contrariamente, o normal que o verdadeiro lder no desperte

    o calor e o entusiasmo de sua plateia,como faziam Grgias e Protgoras, ecomo fazem alguns polticos e pros-sionais da rea do desenvolvimentoe gesto de pessoas. Devido ao fatode pensar bem, o lder platnico sermal compreendido pela maioria de

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    25/312515 Janeiro Ed. 20

    Leituras sugeridas:

    BRISON, L. Plato. In:PRADEAU, J-F. Histria da Filosoa.Petrpolis: Vozes, 2011.ROGUE, C. Compreender Plato. Petrpolis: Vozes, 2005.

    seus liderados, portadores de almasmenos auspiciosas, pouco capazes decompreender seus pontos de vista.Logo, no h, no pensamento de Pla-to, nenhuma preocupao com aqui-lo que se denomina legitimidade dolder, pois isso pouco provvel queacontea, sendo o oposto mais plaus-vel. Plato cr que seja normal que osportadores de almas menos brilhan-tes no gostem daqueles que pensammelhor, pois este tipo de gente tendea produzir incmodos e sempre sedeslocam no sentido contrrio da ma-nada. A verdade pouco compreen-svel pelo maior nmero.Talvez voc esteja indignado (a) comPlato no mesmo leitor (a)? Toda-via, pare um pouco e reita. Respire!

    Tranquilize-se! H dois mil e quinhen-tos anos esse rapaz lido e relido.Milhares de teses foram devotadasao seu rico pensar e suas provoca-es continuam atuais. Muitos de nssomos mais platnicos do que pode-mos supor. Quando voc discute comalgum em nome da verdade, muitasvezes est buscando uma ideia supos-tamente imutvel. Platnica por de-nio. Contudo, nunca encontramosnada parecido com o Mundo das Ideias

    idealizado por este peculiar atenien-se. E se voc foi um dos que repreen-deu a eleio do nosso ex-presidenteLula, e o criticou com base na supostafalta de escolaridade, saiba que fezuso de um argumento chancelado hdois mil e quatrocentos anos, e seuidealizador era chamado Plato.

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    26/3126 2015 Janeiro Ed26

    Eu, Cada Vez Melhor

    Ovalordosvalorespara

    lideraraconstruode

    um2015extraordinrio

    No tentes ser bem sucedido, tenta antes ser um homem de valor.

    - Albert Einstein

    Carlos LeCoach, consultor e palestrante da CrescimentO que for a tua vontade, esse ser teu desti

    [email protected]

    Imaginemos que voc precisaandar com um automvel a 120km por hora e voc tem duas op-es: (1) andar pelo asfalto lisoou (2) andar pelo acostamento. bvio que possvel andar peloacostamento, mas isso colocariaem riscos voc e tambm outraspessoas. Andar pelo asfalto mais adequado e seguro. Essa a

    funo dos valores em nossas vi-das, trazer segurana e conforto,alm de uma convivncia harmo-niosa na sociedade.

    Qualquer organizao (famlia,empresa, cidade, pas, planeta) um aglomerado de indivduose cada um co-responsvel pelo

    seu xito ou fracasso da organi-zao a qual pertence. Entenderisto seria suciente para nosmobilizar a reetir sobre quetipo de resultados nossas aesindividuais esto gerando parans mesmos, para o meu prxi-mo e para as geraes futuras?Para falar sobre liderana e valo-res no contexto organizacional

    necessrio considerar essasquestes. Considero a base dequalquer liderana a qualidadeque a pessoa busca ser, pois so-mos seres inacabados, estamosevoluindo o tempo todo. Temosque nos comprometer a melho-rar a qualidade do que somosantes de melhorar a organizao

    onde atuamos. Antes de melho-rar a organizao a qual perten-ce, melhore a organizao quevoc . Se liderana a capacida-de de inuenciar pessoas, qual aqualidade da inuencia que voctem sobre si mesmo, seus pr-prios pensamentos e atitudes?Como vou lidar com o outro seno consigo lidar adequadamen-

    te comigo mesmo? Falamos commuita eloquncia sobre as rela-es que devemos construir comos outros, no poder da inuenciaque o lder tem que ter sobre osoutros, mas falamos pouco so-bre a intimidade que devemoster conosco. A mudana susten-tvel na organizao comea

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    27/312715 Janeiro Ed. 20 27

    pelo individuo, no h outro caminho.O PROBLEMAPenso que a fonte da crise de valores quevivemos atualmente atribuda a uma faltade equilbrio entre os direitos e deveres eao excesso de expectativas da maioria daspessoas na obteno de seus direitos. Cul-turalmente fomos condicionados a enfatizaros direitos e negligenciar os deveres. Umbom exemplo disso so alguns hbitos dacultura norte americana, como o individuo

    negligenciar o seu dever de cuidar da pr-pria sade, fumando dois maos de cigarrospor dia e quando adoece abre uma ao judi-cial contra a empresa de tabaco, pleiteandoseu direito a sade. uma grande inversode valores. Em minhas palestras, tenho ohbito de perguntar s pessoas quantosneste auditrio gostariam de ver um mundocom menos violncia? Por favor, levantem amo, sendo a manifestao unnime. Masquando pergunto ento, quantos de vocspraticam a no violncia no seu cotidiano,

    nos mnimos detalhes da vida, tratam aspessoas com justia e respeito, cultivampensamentos de compaixo e cuidam de suasade com disciplina? e ento no sobra umcom a mo para o alto. Gandhi dizia sejavoc a mudana que quer ver no mundo.INTEGRIDADE: FAA O QUE FALO E OQUE FAOE onde repousa minha excelncia? Na minha

    integridade. E o que nos leva integridade?Os valores assimilados e praticados, ou seja,a discurso coerente com a prtica. Os valo-res nos ajudam a criar um padro de condu-ta, criam sustentao e retido na vida e nasaes, sobretudo a prtica dos chamadosvalores universais. Os orientais chamam aprtica desses valores de Dharma (do sns-crito Dhri, que signica trama, urdidura etem o sentido de sustentao, limites ereto agir) e sua funo balizar e dar sus-tentao s aes.A palavra tica (do grego thos habitat,morada, abrigo e Ethos conduta, com-portamento) envolve os aspectos fsicos ecomportamentais que nos permite utilizar,de forma harmnica e sustentvel, todos osbens da vida, permitindo que nossos des-cendentes tambm o faam. Numa aborda-gem mais ampla, ela existe para garantir asobrevivncia do Homem. Entretanto, a ti-ca no um valor por si s (como muitas ve-zes encontramos em algumas organizaes

    a tica como um valor), mas um conjunto devalores sustentadores das aes e das rela-es humanas.VALORES UNIVERSAISEnto o que um valor? a consideraopor uma atitude apreciada ou estimadapelo dono do valor. Valores so apropriadosquando demonstram certas atitudes ti-cas. Um valor tico um padro de conduta

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    28/3128 2015 Janeiro Ed

    apropriado originado na manei-ra pela qual eu desejo que osoutros me vejam ou me tratem.As normas ticas no so exata-mente regras arbitrrias feitas

    pelo Homem, mas originam-sede uma considerao inerente ecomum ao seu prprio interessee conforto. Por isso, valores ti-cos so naturais e universais.Os valores universais devem seruniversais no contedo e relati-vos na aplicao, pois existemsituaes onde o que consi-derado tico torna-se no tico,dependendo do contexto. Porexemplo, sou capaz de aplicar

    um valor pela verdade (um valoruniversal) de forma muito con-sistente e absoluta em relaoa palavras dos outros, mas emrelao s minhas prprias pa-lavras, a aplicao ser menosconsistente e bastante relativa situao. Porque isso? Anal,a fonte dos meus valores en-contrada na maneira pela qualdesejo que os outros me tra-tem. fcil exigir que os outros

    observem padres ticos, demodo que eu possa ser o bene-cirio (foco no direito). Parece--me menos fcil ser coerentena aplicao desses padres nomeu prprio comportamento.No podemos fugir dos valoresporque ningum, vivendo nestemundo, pode fugir dos relacio-namentos. Desconsiderar umvalor me coloca em conito co-migo mesmo, pois quando prati-

    co uma ao que um no-valorpara mim, crio uma semente deculpa, que tudo que precisopara produzir insnia. Na pre-sena de conito sua qualidadede vida ca comprometida (ar-rependimento, culpa, sentimen-to de fracasso) e culmina com oenfraquecimento do prprio ca-

    rter. Os conitos aparecemquando sou incapaz de viverde acordo com um determi-nado valor que, consciente ouinconscientemente aceito, no

    entanto o contedo universaldos valores s pode ser ne-gado se no houver em mimqualquer preocupao pelaforma como a outra pessoame trata. Se eu desejo que aoutra pessoa tenha uma de-terminada conduta comigo,ento estou preso a um siste-ma de valores.

    VALORES NA LIDERANA

    Mohandas Gandhi, um ho-mem extraordinrio e um dosmaiores exemplos de lide-rana da humanidade baseousua conduta em dois valoresuniversais a no-violncia ea verdade. Viveu isso com in-tensa disciplina e em nenhummomento de sua vida, como l-der, negligenciou tais valores.Conta-se que antes de tomarqualquer deciso, Gandhi sub-

    metia os resultados da deci-so a esses dois valores. Se oresultado infringisse qualquerum deles, causando prejuzo aalgum, Gandhi no tinha du-vidas em refugar. Para com-preendermos precisamenteo conceito da no-violncia eda verdade disseminados porGandhi temos que conhecer osentido das palavras que ori-gina tais valores. Ahinsa (do snscrito A (ne-gao) e Hinsa(violncia))

    signica guiar-se cuidado-samente, de modo a evitarque qualquer conduta oucomportamento venha agerar dor, sofrimento ou hu-milhao, fsico ou psicol-gico a algum. Nesse senti-do, a conduta do lder deve

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    29/312915 Janeiro Ed. 20

    seguir o esforo consciente para seevitar causar qualquer atitude que ve-nham prejudicar algum. obvio que praticamente impossvel no causarsofrimentos, principalmente quandose est numa posio onde seu papel cobrar, exigir, inovar e muitas vezesdemitir. Mas quando voc tem o com-promisso consciente com este valor eas pessoas que o cercam esto cientesdesse compromisso, gera a compre-enso dos envolvidos. Deve-se fazero que deve ser feito, com qualidadena ao. A comunicao adequada eassertiva, o olho no olho nos ajudaa superar o autoritarismo e a violnciapsicolgica ou assdio moral nas rela-es entre lder e liderado.

    Satya (do snscrito Satya(verdade))no se limita apenas a palavra, masa autenticidade. A verdade funda-mental para se conquistar a credi-bilidade e confiana dos seus. No somente a absteno da mentira,mas a busca de uma perfeita coern-cia entre os pensamentos, as pala-vras e os atos. Tambm diz respei-to ao compromisso de no iludir osoutros, criando falsas expectativascom aquilo que no pode ser cum-prido.

    H uma passagem da vida de Gandhionde numa reunio com colaboradoresna frica do Sul, ele deveria ler um do-

    cumento. Um dos presentes se mani-festou, pedindo que Gandhi no lesseo texto, pois ele no concordava total-mente com seu contedo, por um moti-vo particular bastante forte. Gandhi en-to perguntou se havia mais algum nasala que se opunha a leitura do texto enenhum outro membro se manifestou.

    Surpreendentemente, Gandhi decidiu queno leria o texto. Questionado sobre suadeciso, ele afirmou que se tivesse maisalgum que se opusesse a leitura, ele terialido, pois seria excessivamente humilhan-te para apenas um membro do grupo serexcludo. Se quisermos nos manter no ca-minho para um padro de liderana maiselevado, teremos que expandir a aplicaoda melhoria continua de modo a incluir aprtica da tica. Temos que considerar aprtica de valores universais no estilo degesto.Gandhi lanava mo de votos para se im-por disciplina necessria para manter seucompromisso. Na vida prtica, isso equivale deciso irrevogvel. Por exemplo, quan-do um indivduo toma a deciso de jamaistomar drogas, ele no tem que passar peloprocesso de deciso a cada oportunidadeque se apresente a deciso j foi tomada.

    COMO DESENVOLVER VALORES UNIVER-SAIS NA ORGANIZAO?Nunca de forma autoritria. Somente quan-do reconheo o valor do valor em minha vidae estou disposto em assimil-lo, tornam-sevalores pessoais. A diferena que o valorassimilado no exige escolha da minha par-te, tornam-se espontneos. Para um valorno-assimilado tornar-se valor assimiladopreciso: Exercit-lo deliberadamente at que este-

    ja convencido de seu valor. Para se tornarespontneo devo considerar seu valor naminha vida pessoal.

    Reconhecer os resultados danosos (m-dio e longo prazo) do meio-valor.

    Que 2015 seja um grande ano, ao corretae boas escolhas. E assim possamos construirjuntos, um mundo melhor para se viver.Carlos Legal

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    30/3130 2015 Janeiro Ed

  • 7/24/2019 Revista Coaching Brasil Edicao 20 Jan -2015

    31/31

    Gostou da nossa20edio?