Revista Cult Trauma e “Cultura de Extermínio” - Revista Cult

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Trauma e “cultura de extermínio”TAGS: a cultura como trauma, betty fuks, dossiês, trauma

Betty Fuks

Sob o impacto da Primeira Guerra Mundial, Freud indagava-se atônito: por que todas asconquistas culturais do mundo moderno não são suficientes para impedir a destruição entre oshomens? Com um tom de profunda desilusão para com intelectuais e cientistas que, então,demonstravam clara afinidade com o infernal, ele dá início a uma série de reflexões queredundaram em um escrito que testemunha a função crítica da psicanálise na cultura: Deguerra e morte. Temas da atualidade. Aqui, sem retirar os conceitos da esfera em que foramcunhados, a clínica psicanalítica leva o leitor a pensar nos modos pelos quais a violência entreos homens se inscreve na cultura. A lógica da argumentação é precisa: se no homem o amor e oódio convivem conflitantes e as pulsões são forças que não podem ser qualificadas de boas ouruins, dependendo do destino que tomam na vida do sujeito (individual ou coletiva); e seapesar da linguagem o humano não se distancia do que ela própria não consegue simbolizar,então, a destruição dos laços sociais que sustentam o devir civilizatório não está fadada àsuperação no futuro. Muito pelo contrário, a violência e a crueldade entre os homensassombram e horrorizam quando retornam à civilização incorporando um elementoradicalmente cultural e histórico.

Nada poderia melhor ilustrar tal repetição do que o mito psicanalítico da fundação da cultura edas instituições sociais. “Num princípio, os irmãos expulsos da horda retornam, matam o pai eo devoram. Depois do parricídio os rebeldes renunciam à satisfação sem limites desejada eproibida pelo tirano, estabelecem, entre si, o pacto de manter vazio o lugar outrora ocupadopor ele e instituem a proibição do incesto”. A insistência de Freud em considerar, a partir dessanarrativa, que direito e lei foram originários de transformações da violência, condensa, deforma precisa, o duplo sentido deste termo em sua obra. Além de designar a força que sustentao processo simbólico e a relação entre os homens, indica, também, a presença bruta de umresto inassimilável dessa mesma força na operação que inunda o mundo de sangue e dor.

Guerras sempre existiram. Porém, as transformações culturais faziam daquele conflito mundialo mais destrutivo de todos os tempos. O Estado, que então incluía nos cálculos de poder o usode invenções científicas e tecnológicas a serviço da destruição, prenunciava o que estava poracontecer: Auschwitz e Hiroshima. Ou seja: o perigo mora ao lado do progresso. Nessecontexto paradoxal, Freud circunscreve uma diferença inédita entre as sociedades tribais e asmodernas: enquanto nas primeiras se respeita a morte de outrem, mesmo em se tratando deum inimigo, e enlutados praticam cerimoniais para expiar a culpa pelo assassinato; no mundomoderno a presença da morte, outrora sob o manto do divino, é dessacralizada. Dado que noinconsciente não há representação da morte, despindo-a do mistério, o homem não maisreconhece sua própria mortalidade. Sem privações e perdas, abole o luto, sinal de ausência dosimbólico. Bem dizem a psicanálise e os críticos que analisam a literatura de testemunho que ameta da morte é destruir a estrutura simbólica responsável pela transmissão psíquicageracional. Essa foi a intenção dos que tentaram apagar os vestígios dos genocídios queatingiram os armênios e judeus, ou dos que se passaram em Ruanda e nas ditaduras latino-americanas.

Além de mortal, a civilização é mortífera e traumatizante. Não sem razão Freud encontrou nosacidentes de guerra fundamentos para sustentar a hipótese da pulsão que o levou a reelaboraro conceito de trauma – a pulsão de morte. Um trauma é todo evento que provoca nopsiquismo, num período curto de tempo, o aumento de estímulos intensos demais para serabsorvido. Motivo pelo qual o sujeito manifesta apenas mais tarde, através de sintomas(fóbicos, depressivos), sonhos traumáticos ou síndromes de repetição, a lembrança doacidente. É interessante ressaltar a maneira como Freud consegue demonstrar que o eventotraumático, mesmo quando coletivo, ressoa de modo único e particular em cada sujeito.

Quando convocado a emitir um parecer sobre o estado psíquico dos soldados austríacos queretornavam das batalhas atormentados por lembranças emudecidas, sem ligação aparente como presente, recomenda que fosse dado aos jovens homens, então tratados cruelmente por meiode eletrochoques, o tratamento adequado a um ser de linguagem: falar sobre seu sofrimentopara responder ao trauma. Ampliar o discurso do presente ao passado, mantendo os doistempos imbricados um no outro. O trauma adquire só depois do acontecimento uma novaforma de causalidade e temporalidade históricas. A psicanálise oferece, assim, umapossibilidade de inscrição do fenômeno que toca o real, o traumático, levando o sujeito, afetadoem sua sensibilidade, a transformar a própria força traumática em ato de palavra.

A história do século passado pode ser tida como cristalizada na barbárie e no trauma. O restode violência que não se dissolve jamais retornou na invenção do extermínio e suas máquinas detransformar cadáver em sabão. Inaugurava-se assim o que alguns teóricos da cultura designamcomo “cultura do extermínio”, o cultivo programando e sistemático da destruição do outro.Nessa designação, encontra-se embutida a ideia paradoxal de cultura como via do retornotraumático da violência que levam ao paroxismo a segregação e o racismo.

O que é o racismo para a psicanálise? Trata-se da repulsa do sujeito ao que lhe é mais íntimo efamiliar, mas que é projetado sobre o objeto externo a quem endereça o ódio. Esse potencial deexclusão, situado para além de uma diferenciação entre o “eu” e o “outro” ou entre o “nós” e os“outros” visa, justamente, eliminar toda a diferença. Ora, voltando ao mito freudiano, não édifícil entender que a aliança entre os irmãos, que supostamente deveria sustentar a cultura,em tempos modernos se configura na exaltação do amor entre os membros do grupo. Amorque se garante no ódio dirigido a sujeitos despidos do traço que une o todo.

Desse horror, Freud chegou a nos falar premonitoriamente em O homem Moisés e omonoteísmo, texto em que avança seu pensamento sobre o caráter ilusório da identidade – “oeu não é senhor de sua própria casa” – através da operação textual de desconstruir a origemjudaica de Moisés, o fundador do monoteísmo. Uma afirmativa, Moisés, o egípcio – título doprimeiro ensaio –, aponta para uma das interpretações possíveis dessa obra aberta: o autorreitera que o fato da identificação, “multiplicidade de pessoas psíquicas”, impede a realizaçãode qualquer identidade coletiva fixa e imutável. No contexto político do tempo em que foielaborada a desconstrução da figura bíblica, a escrita freudiana adquire, sem excluir outrasinterpretações, a dimensão de ato interpretativo: desvela o ideal fantasmático de identidadeharmônica de seu tempo. Ideal que só pôde ser imposto à custa da eliminação dos restos nãoajustáveis ao projeto de sociedade sem Outro: judeus, ciganos, homossexuais e aquelescontrários à ideologia nazista.

Historicamente, a operação nos campos de concentração assentava-se sobre a injúriasistemática do sujeito através de sua seleção para pesquisas “científicas”. Basicamenteconsistiam na destituição subjetiva do prisioneiro até exterminá-lo, conforme Primo Levidescreve em sua obra. Sobre a segregação, Jaques Lacan, circunscrevendo o real em jogo naconstituição dos campos – redutos do sonho de higiene e de raça, sob os auspícios do“cientificismo” – profetiza que a segregação seria transportada para as manobras políticas denossa contemporaneidade. Enquanto analista, Lacan alcançava ler o que estava fora damargem do texto da história oficial, que dava como terminada a aventura “científica” noscampos. Sua leitura desvelou a metodologia dos nazistas que determinou o início da cultura deremanejamento dos grupos sociais pela ciência, obstinada pelo princípio do universal e dahomogeneização.

E aqui chegamos ao nosso milênio infestado pelos ecos dessa ideologia e ameaçado peloretorno de um sistema político em que os idênticos condenam à morte os que consideram nãomerecer viver. Logo, há uma ligação íntima e muda entre a crueldade nazi e o retorno dabarbárie no século 21. Aliás, nossa contemporaneidade começa sofrendo traumas massivos.Nova York e Madrid testemunham a onipresença do traumático na cultura de nosso tempo. Eos mares do sudeste asiático coalhados de cadáveres testificam o genocídio de refugiadosfugitivos dos campos de concentração atuais. O problema se agrava pelo fato de a política pós-moderna repetir o sonho nazista de fundamentar a categoria da cidadania na identidade dosujeito ao solo, à pátria, em detrimento do reconhecimento do Outro. Identidades nacionais seprestam fundamentalmente à rejeição de muitos. Daí ao estado de barbárie há só um passo: osfundamentalismos judaico, cristão e islâmico praticam em nome da identidade religiosaassassinatos em massa. Ecos dos Autos de Fé na Alemanha nazista, prenúncio do extermíniode milhões de homens, mulheres e crianças, soaram alto em fevereiro de 2015, quando oEstado Islâmico tocou fogo na biblioteca de Mossul, no Iraque. Em seguida assistimos ao realda cena de horror em que jihadistas queimam os não idênticos, pilotos capturados eenjaulados. Lá onde se queimam livros termina-se queimando pessoas (Heine, 1797-1856).

Vivemos a era do extermínio imperceptível, sob os auspícios da ciência: medidas favoráveis àesterilização de sujeitos com déficit cognitivo; permissão de eutanásia em doentes terminais foiestendida aos portadores de depressão, melancolia, além de servir aos que não querem sesubmeter ao curso de uma doença física, difícil de suportar. Médicos improvisam “máquinas desuicídios”. Trata-se de uma escolha do sujeito? Ou estamos diante de prisioneiros do Outro, odeus do mercado, que cria a demanda de morte e a quem o sujeito oferece a vida? Nessamesma linha, a esterilização em massa de mulheres pobres, como forma de lhes roubar odireito de fantasiar, é outra das invenções sinistras da atualidade. Será que o controle denatalidade precisa usar os métodos de “saneamento” nazista?

Sempre causando a sensação paradoxal de estranheza e familiaridade, a repetição de umevento traumático possui também a função de despertar o homem do sonho de uma sociedadeharmônica, no grau zero de mal-estar. O homem é o lobo do homem. Acordar para o real daviolência que nos habita e encontrar um dizer sobre o resto insolúvel da pulsão, essa é a

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diferença crucial da psicanálise com relação a outras leituras e manejos terapêuticos, o que lheconfere a possibilidade de deduzir pela lógica um trauma social e individual invisível.

Penso aqui no atual sonho diurno brasileiro: o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 171/93que reduz a maioridade penal para 16 anos. O objetivo, quase que imperceptível é, em simesmo, uma repetição traumática: apagar as marcas de um crime, a violência contraadolescentes da periferia, negros em sua maioria. Esta é a conclusão a que chegamos ao finaldo artigo “Para Brasília, só com passaporte”, de Eliane Brum. Baseada nos dados do Fundo dasNações Unidas para a Infância, a jornalista conclui que, se dos 21 milhões de adolescentesbrasileiros, apenas 0,013% cometeu atos contra a vida, e se os assassinatos de jovens brancosdiminui enquanto o dos jovens negros cresce, então a vida de um adolescente negro nãomerece ser vivida. Não se trata de escravizar como aconteceu até o século 19, mas da tentativade exterminá-los. São poucos os esforços públicos na educação e saúde para evitar que osjovens caiam na marginalidade, enquanto que o projeto de lei de confiná-los em prisõessuperlotadas significa uma sentença de morte. Num espaço concentracionário sofrerãoestupros, físicos e psíquicos, nocivos a qualquer esforço de levá-los a assumir aresponsabilidade pelo crime cometido. Nessa “cultura de extermínio”, o papel da mídia éveicular a propaganda mentirosa e tendenciosa, reduzindo adolescentes infratores à condiçãode inimigos objetivos do Estado brasileiro. Essa retórica em nada difere da propaganda nazistade que o judeu, acusado de ser portador de doenças aberrantes, ameaçava o Estado alemão.

Violência e crueldade: em que pesem respostas jurídicas, filosóficas, sociológicas e econômicas,a psicanálise identifica na impossibilidade que temos de abrir mão da compulsão do gozo nahumilhação, no abuso e no assassinato,, objeto da pulsão de morte. Um gozo incomensurável edo qual só se desiste por razões éticas e estéticas, nas palavras de Freud a Einstein em suaresposta à pergunta do físico sobre a insolubilidade da guerra. É nessa direção que apsicanálise pode intervir quando convocada a fazer uma crítica da cultura que testemunha.

Alguns gestos inesperados e singulares revelam que a ética é o dom daqueles que desenvolvemuma sensibilidade especial para com o intolerável. Em Atenas, o povo demonstrou possuir essedom quando, num protesto contra o racismo, cunhou a expressão política “Todos somosciganos”. Expressão que traduz a posição ética de identificação ao outro excluído comoestratégia de combate à barbárie. Dentro dessa lógica, é possível reconhecer que contra oantissemitismo o slogan “Todos somos judeus”, significa assumir o trauma da Shoah(Holocausto) como próprio, e não apenas dos judeus. Quando um rapaz de nossa periferia éespancado num parque na cidade do Rio de Janeiro, em plena luz do dia, por mascarados quese auto-intitulam “justiceiros”; quando ouvimos os gritos de Chauam, um jovem de 19 anosbaleado no peito, pela polícia, por ter sido identificado, imaginariamente, como bandidoenquanto brincava, é hora de sair às ruas gritando: “Eu sou o menino negro espancado noparque”; “Eu sou Chauam”. “Todos somos adolescentes negros”. Reconhecer que a história darepetição traumática da violência sobre a comunidade negra é nossa também. Despertar dosonho de estarmos protegidos, para que cada um inicie sua própria narrativa dessa tragédia.Despertamos. Então, nos damos conta de que poderíamos ter sido, ou poderemos ser, aspróximas vítimas. Para o Outro totalitário basta uma diferença, pequena o suficiente paraimpulsioná-lo a gozar cruelmente.

Betty Fuks é psicanalista e leciona na Universidade Veiga de Almeida.

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José Expedito Dos Santos • 13 dias atrás

Como é confortável saber que não se está sozinho, e aliviar por isso o piorobstáculo da vida, que é não conseguir entender, desde meu próprio filho eirmãos, até os mais distantes estranhos, como todos podem acreditar quesou contra todos, para não ser contra o outro inferiorizado sumariamente?

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