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A Incorporação da Metodologia Hermenêutica... - Fobe Revista Diálogos N.° 21 Mar. / Abr. - 2019 121 A incorporação da metodologia hermenêutica na exegese bíblica contemporânea.* Jean Luc Fobe PUC-SP 1 Resumo. A exegese na Teologia Bíblica tem a proposta da compreensão plena dos textos das sagradas escrituras empregando as ferramentas estruturalista e histórico gramatical. A hermenêutica corresponde ao envolvimento racional cognitivo e emocional do seu intérprete, e deslocando o seu significado para o leitor contemporâneo de forma relevante. A distinção entre exegese e hermenêutica se faz historicamente a partir da reforma com a valorização do sentido original do texto das escrituras. A hermenêutica contemporânea ou filosófica se desenvolve historicamente a partir do século XIX sendo aplicada diretamente a interpretação bíblica. A metodologia hermenêutica moderna desenvolvida desde Schleiermacher é apresentada evolutivamente, com sentido crítico na incorporação de ferramentas para hermenêutica exegética contemporânea, capacitando o estudioso das escrituras a se aproximar mais do sentido original e sensus plenior dos textos das sagradas escrituras. As ferramentas ou chaves hermenêuticas contemporâneas são apresentadas no processo de incorporação metodológica do exegeta aumentando a sua compreensão da Teologia Bíblica. Palavras chaves: Hermenêutica Bíblica, Exegese Bíblica, método hermenêutico exegético, integração exegese e hermenêutica. 1 Jean Luc Fobe, mestrando em Teologia pela Pontífícia Universidade Católica de São Paulo. [email protected]

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A Incorporação da Metodologia Hermenêutica... - Fobe

Revista Diálogos – N.° 21 – Mar. / Abr. - 2019

121

A incorporação da metodologia hermenêutica na exegese bíblica

contemporânea.*

Jean Luc Fobe – PUC-SP1

Resumo.

A exegese na Teologia Bíblica tem a proposta da compreensão

plena dos textos das sagradas escrituras empregando as ferramentas

estruturalista e histórico gramatical. A hermenêutica corresponde ao

envolvimento racional cognitivo e emocional do seu intérprete, e

deslocando o seu significado para o leitor contemporâneo de forma

relevante. A distinção entre exegese e hermenêutica se faz

historicamente a partir da reforma com a valorização do sentido original

do texto das escrituras. A hermenêutica contemporânea ou filosófica se

desenvolve historicamente a partir do século XIX sendo aplicada

diretamente a interpretação bíblica. A metodologia hermenêutica

moderna desenvolvida desde Schleiermacher é apresentada

evolutivamente, com sentido crítico na incorporação de ferramentas para hermenêutica exegética contemporânea, capacitando o estudioso

das escrituras a se aproximar mais do sentido original e sensus plenior

dos textos das sagradas escrituras. As ferramentas ou chaves

hermenêuticas contemporâneas são apresentadas no processo de

incorporação metodológica do exegeta aumentando a sua compreensão

da Teologia Bíblica.

Palavras chaves: Hermenêutica Bíblica, Exegese Bíblica, método

hermenêutico exegético, integração exegese e hermenêutica.

1 Jean Luc Fobe, mestrando em Teologia pela Pontífícia Universidade Católica de São

Paulo. [email protected]

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The incorporation of hermeneuticla methodology in contemporary

biblical exegesis.*

Abstract. Exegesis in Biblical Theology has the proposition of full

understanding of the texts of the sacred scriptures employing the

structuralist and grammatical historical tools. Hermeneutics

corresponds to the cognitive and emotional rational involvement of its

interpreter, and shifting its meaning to the contemporary reader in a

relevant way. The distinction between exegesis and hermeneutics is

made historically from the reform with the appreciation of the original

sense of the text of the scriptures. Contemporary or philosophical

hermeneutics develops historically from the nineteenth century and is

actually applied to biblical interpretation. The modern hermeneutic

methodology developed since Schleiermacher is presented, with a

critical sense in the incorporation of tools for contemporary exegetical

hermeneutics, enabling the student of the scriptures to come closer122

to the original sense and sensus plenior of the texts of the sacred

scriptures. Contemporary hermeneutic tools or keys are presented in the

process of methodological incorporation of the exegete by increasing

their understanding of Biblical Theology.

Key words: Biblical Hermeneutics, Biblical Exegesis, exegetical

hermeneutic method, exegesis integration and hermeneutics.

A teologia bíblica e a exegese. A Teologia Bíblica (TB) tem como propósito a compreensão

teológica na sua essência propositiva ou sentido original, analisando os

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seus aspetos históricos e geográficos textuais imediatos, a compreensão

do seu leitor inicial, buscando o sentido original desvinculado de

aspectos dogmáticos ou doutrinários preconcebidos.

Classicamente a TB envolve dois processos distintos, sincrônico

implicando uma análise exegética do texto bíblico isolado ou no seu

contexto imediato, e o método diacrônico com intertextualidade

considerando a unidade teológica bíblica e a revelação progressiva

sobrenatural2.

A exegese é definida como um comentário ou dissertação de um

texto ou palavra para o seu esclarecimento, obtendo uma minuciosa

compreensão, descrição ou explicação.

A exegese bíblica é o processo na obtenção da explicação e

interpretação do texto bíblico principalmente no seu contexto imediato

criativo para o seu leitor imediato.

A compreensão do meio histórico narrativo, a complexidade

literária imediato temporal com a transposição para o leitor

contemporâneo é o objetivo primário da exegese bíblica, seguindo-se da

identificação da intenção primária do emissor e do texto, e qual é a

reflexão teológica revivida pelo leitor contemporâneo3.

A hermenêutica aborda a interpretação do texto para o leitor

atual, não necessariamente abordando o seu significado imediato,

promovendo uma abertura de possibilidades teológicas de acordo com a

necessidade do receptor da mensagem contemporânea.

A hermenêutica bíblica é considerada como a ciência e arte da

interpretação dos textos das sagradas escrituras, implicando em um

envolvimento racional cognitivo e emocional do seu intérprete, e

2 . GOLDSWORTHY, Graeme. “Biblical Theology and Hermeneutics.”

Southern Baptist Journal of Theology. 2006, 10 (2), p. 4-18. 3

. WEGNER. Uwe Exegese do Novo Testamento. Editora Sinodal. São

Leopoldo, Brasil, p. 11-13, 2001.

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deslocando o seu significado para o leitor contemporâneo de forma

relevante.

A distinção entre a exegese e a hermenêutica, historicamente, se

mantém até a influência do Iluminismo com a Reforma que passa a

incorporar a interpretação histórico gramatical, com elementos da

hermenêutica contemporânea, preservando a essência da busca da

interpretação original4.

A evolução histórica da hermenêutica influência diretamente os

princípios da exegese mantendo a base estruturalista e o método

histórico gramatical, com uma evolução na leitura hermenêutica

4/20

do texto, tornando relevante o texto bíblico para o tempo

presente, deslocando a mensagem teológica para a contemporaneidade.

A busca do sentido original e do sensus plenior da revelação das

escrituras sagradas contínua a ser o objeto da exegese5, e de uma

hermenêutica exegética se adaptando a progressão do pensamento pós-

moderno.

A evolução da exegese a partir da interpretação histórico

gramatical tem se voltado para a incorporação dos princípios

hermenêuticos modernos, abrindo a possibilidade da associação das

duas metodologias, o que pode ser nomeado de hermenêutica exegética.

O referencial metodológico da exegese contemporânea evoluiu

progressivamente da fundamentalista, estruturalista, e histórico-crítico,

4. CAHILL, Michal. The History of Exegesis and our Theological Future.

Theological Studies . 2000, 61, p. 332-347. 5. VIRKLER, Henry A; AYAYO, Kerelynne Gerber. Hermeneutics. Baker

Academic, Grand Rapids, USA, p. 24, 2007.

2. WEGNER. Uwe Exegese do Novo Testamento. Editora Sinodal. São

Leopoldo, Brasil, p. 15-23, 2001.

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até a influência da hermenêutica simbólica, interpretativa textual, e a

aplicação de uma metodologia desconstrutivista.

O método fundamentalista considera o texto impassível de

relação com a realidade atual, e que o leitor deve se adaptar sem

interação com a revelação das escrituras. A hermenêutica exegética

fundamentalista considera que a revelação do texto bíblico deve

incorporar uma interpretação literal independente da forma literária.

A metodologia estruturalista pressupõe uma análise sincrônica

do texto bíblico buscando a sua inserção imediata literária, e

particularmente a análise literária e das formas. O estruturalismo tem a

limitação, isoladamente, de permanecer somente no texto sem o objeto

da aplicação para o leitor.

O método histórico-crítico tem origem a partir do liberalismo

alemão com a aplicação das ciências humanas e da religião no sentido

amplo, e o mais empregado nas análises diacrônicas. Esta metodologia

identifica o texto bíblico fazendo parte de uma manifestação cultural

histórica e passível de questionamentos como qualquer texto histórico e

escrito.

A metodologia atual da exegese contemporânea ou hermenêutica

exegética incorpora elementos do método estruturalista e do método

histórico-crítico, também chamada baixa e alta crítica respectivamente,

buscando a incorporação dos elementos evolutivos históricos da

hermenêutica, tornando o texto das escrituras compreendido

historicamente com aplicação relevante para o leitor contemporâneo.

Evitando a secularização do método histórico-crítico, que

incorpora o liberalismo alemão e dá margem a interpretação das

escrituras como manifestação cultural e religiosa temporal e geográfica,

se tem incorporado os princípios da exegese teológica de Barth e a

canônica de

5/20

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Childs6, incorporando os elementos positivos da alta crítica, sem

promover um questionamento da essência da fé cristã. A incorporação das metodologias histórico-crítica e

estruturalista recebe a designação de método histórico gramatical, que é

a base fundamental da hermenêutica exegética. O texto para estudo exegético segue as linhas gerais da crítica

textual, quando existem variantes textuais como menor extensão e datação

mais antiga. O método histórico gramatical delimita o texto, as palavras

principais de perícope com análise dos verbos, personagens envolvidos,

qual o motivo do texto, situação espacial e geográfica, o porquê e de

que maneira, estrutura da passagem, tipo de linguagem empregada,

simbologia, cronologia dos eventos7.

O contexto histórico e cultural em conjunto com análise literária

e gramatical fazem parte da busca do sentido original do texto. A análise

exegética do texto inclui análise léxica, morfológica, estilística, sintática,

literária e teológica. O método histórico gramatical procura identificar

através do estudo do texto e seu contexto de elaboração a mensagem do

autor, e a sua apropriada compreensão para o leitor imediato da

mensagem. A metodologia histórico-crítica empregada na exegese traz a

necessidade de aplicação da interpretação do sentido do texto.

A aplicação dos princípios hermenêuticos em conjunto com a

metodologia histórico crítica favorece uma aplicação da mensagem do

texto contextualizada, sem a perda do sentido original ou sensus plenior.

A hermenêutica moderna ou contemporânea aborda o texto

escrito e o seu processo interpretativo, com os seus aspectos verbais e

não verbais, aplicando o estudo do significado, a filosofia da linguagem

e a semiótica.

6

. SCALISE, Charles J. Canonical Hermeneutics: Childs and Barth.

Scottish Journal of Theology. Feb 1994, 47, p. 61-88. 7. KUNZ, Claiton André. Método histórico-gramatical. In: Via teológica.

Curitiba: FTBP, 2008. Nº 16 (2), p. 23-53.

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A epistemologia da hermenêutica, fenomenologia da

interpretação, da comunicação e da linguagem tem sido aplicada na

interpretação textual bíblica objetivando o aprofundamento e relevância

da mensagem teológica das escrituras8.

A fenomenologia da comunicação verbal aplicada a

interpretação bíblica de centralizada no emissor, na mensagem e no

receptor, tem progressão histórica na hermenêutica das sagradas

escrituras.

O método histórico-crítico, sincrônico, centraliza a compreensão

da origem e produção do texto, o mundo e o tempo atrás do texto, e as

circunstâncias do autor. O estruturalismo diacrônico é uma mudança do

método histórico-crítico promovendo uma mudança para autonomia

isolada do texto. O texto, a partir da análise estruturalista, se

autolegitima e se torna o foco central do processo de comunicação. O

leitor passa a ser o centro do estudo hermenêutico a partir do processo

interpretativo no século XX, com análises diferentes, se valorizando as

relações do texto com o autor.

O desafio da hermenêutica moderna é que os três métodos de

análise do texto baseado na centralização isolada, são insuficientes

isoladamente no aprofundamento do sentido do texto, com manutenção

do seu original. A perspectiva atual é considerar o texto bíblico como

ato de comunicação literária entre o autor e o texto, motivando uma

interpretação da interação com o leitor. A hermenêutica geral associada

a metodologia literária possibilita uma interpretação teológica relevante.

O presente trabalho faz a descrição dos elementos progressistas

da hermenêutica com a perspectiva de sua incorporação pragmática ao

método exegético buscando uma fusão entre exegese e hermenêutica,

ou uma hermenêutica exegética.

8. VAN DER MERWE, D. ‘Reading the Bible in the 21st century: Some

hermeneutical principles: Part 1’, Verbum et Ecclesia. . 2015, 36(1), p. 1-8.

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A incorporação metodológica da exegese com a hermenêutica

não é de toda estranha, já tendo Bultmann abordado a proximidade das

duas9.

A hermenêutica exegética como fundamentação teórica

metodologia possibilita uma sólida compreensão história gramatical do

texto, e uma compreensão relevante contemporânea para o leitor com

consequente busca de uma reflexão teológica aprofundada.

Evolução contemporânea da hermenêutica. A hermenêutica contemporânea tem uma evolução histórica

progressiva a partir Schleiermacher e Dilthey, com a hermenêutica

fenomenológica e existencialista (Husserl e Heidegger), filosófica de

Gadamer, fenomenológica de Ricouer, crítica de Habermas,

estruturalismo contemporâneo de Patte, desconstrutivismo de Derrida,

teologia dialética e exegética de Barth e Bultmann, teologia

hermenêutica de Thieselton e Vanhoozer, e hermenêutica literária de

Culpepper e Moore.

A interpretação bíblica contemporânea tem sua origem com

Daniel Ernst Schleiermacher (1768-1834) com a sua proposta inovadora

na época, que inicia a ruptura dos conceitos de emissor, mensagem e

receptor como independentes, propondo que o ser humano tem uma

disposição linguística como essência existencial. A interpretação tem

potencialmente dois aspectos o gramatical e o psicológico. O aspecto

gramatical da interpretação corresponde ao contesto da compreensão do

texto em todas as suas dimensões, adquirindo a palavra um sentido que

lhe é próprio. O aspecto psicológico do texto é a reação emocional

induzida no leitor, além da simples compreensão racional. A

compreensão do discurso envolve dois momentos, o da compreensão e

o da interpretação particular existencial. A hermenêutica a partir de

9. PATTE. Daniel. What is Structural Exegesis. Wipf and Stock Publishers,

Eugene, Oregon, USA, p. 4, 1976.

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Schleiermacher passa a analisar o texto como uma condição existencial

do leitor em busca de uma interpretação10

.

A inovação de Schleiermacher é abordar a hermenêutica como

um processo complexo que envolve a mediação entre o sistema

linguístico de composição do texto e uma mensagem particular

individual, com interação entre uma comparação linguística e uma

abordagem psicológica. Se faz um processo comparativo com estruturas

de linguagem contemporâneas promovendo atualização pragmática do

texto11

.

Os conceitos de Schleiermacher foram retomados posteriormen-

te pelo filósofo Wilhelm Dilthey (1833-1911), que popularizou a teoria

da compreensão geral proposta previamente com a terminologia de cír-

culo hermenêutico, simbologismo iniciada por Shleiermacher até Hei-

degger, indicando que a compreensão textual se move constantemente

entre as partes na procura da plena compreensão do sentido12

.

O processo interpretativo é o continente verbal linguístico

responsável na determinação do sentido do texto. O texto deve ser

interpretado no seu conjunto a partir da análise individual de cada

elemento constitutivo. A hermenêutica é considerada uma necessidade

epistemológica e não filológica. A textualização tem um contexto

histórico com o registro existencial e pessoal como manifestação

cultural. A hermenêutica filosoficamente adquire uma perspectiva meta

teórica para compreender as experiências humanas demonstradas em

uma expressão linguística. A hermenêutica histórica e epistemológica

adquire um aspecto histórico existencial do autor e do escritor que

10. RICOEUR, Paul. "Schleiermacher's Hermeneutics." The Monist, 1977,

vol. 60 (2), p. 81-97. 11. LANDA, Garcia; ANGEL, José. Retroactive Thematization, Interaction,

and Interpretation: The Hermeneutic Spiral from Schleiermacher to

Goffman. Belgian English Language and Literature. 2004 (2), p. 155-166. 12

. KEANE, Nial; LAWN, Chris. The Blackwell Companion to

Hermeneutics, First Edition. John Wiley & Sons, Inc. West Sussex, UK,

2016.

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necessitam ser compreendidos. Dilthey amplia o conceito de uma

hermenêutica existencial da própria pessoa, e a desloca uma

cosmovisão atual da existência humana e os seus rumos. O texto é

analisado no seu contexto imediato histórico, geográfico, gramatical, a

percepção do leitor inicial e as suas consequências para a época. O texto

deve ser compreendido pela visão existencial do seu autor na mensagem

e na sua contextualização, o leitor adquire a compreensão do sentido

original pela visão do escritor13,14

A fenomenologia hermenêutica de Martin Heidegger (1889-

1976) e reflexiva de Edmund Husserl (1859-1938) avança no processo

da compreensão hermenêutica contemporânea. A visão de Heidegger é

da compreensão do texto com a conscientização como objeto da

reflexão da existência humana ou uma experiência pessoal, com a

crítica do historicismo e psicologismo, baseados na lógica da análise da

intencionalidade. A teoria reflexiva de Husserl é orientada para o

aspecto teórico do texto e não para as dimensões das experiências

vividas pelo autor ou leitor 15

. As duas visões distintas hermenêuticas

propostas por Heidegger e Husserl em conjunto permitem uma análise

dialética da hermenêutica, uma visão ontológica do autor e receptor,

associada a análise do texto. Na figura do círculo hermenêutico de

Heidegger o leitor entra no mundo criado pelo texto e incorpora a sua

mensagem.

Hans-Georg Gadamer (1900-2002) faz uma reformulação dos

conceitos de Heidegger e Dilthey deslocando a hermenêutica para uma

manifestação ontológica do homem a partir da linguagem, ampliando o

13. DILTHEY, Wilhem; JAMESON, Frederic. The Rise of Hermeneutics

New Literary History. 1972, Vol. 3 (2), p. 229-244. 14. MAKKREEL, Rudolf. "Wilhelm Dilthey", The Stanford Encyclopedia

of Philosophy. (Fall 2016 Edition), Edward N. Zalta (ed.), URL =

<https://plato.stanford.edu/archives/fall2016/entries/dilthey/>. 15

. Von HERRMANN, Friedrich-Wilhelm. Hermeneutics and Reflection:

Heidegger and Husserl on the Concept of Phenomenology, Kenneth Maly

(tr.), Toronto University Press, 2013.

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sentido do círculo hermenêutico para uma metáfora do diálogo com a

fusão com a comunicação. O universo linguístico torna possível

reconstruir o sentido original no tempo e no espaço da existência

humana, mais do que o texto e sua mensagem, a hermenêutica propicia

o conhecimento das pessoas. A historicidade na interpretação do texto

transcende o ser humano e recobra a força da tradição. Quando se

obtém um sentido ontológico, historicamente valido, estamos diante do

seu significado. A hermenêutica transcende também o aspecto histórico

e gramatical do texto e torna relevante a experiência contemporânea do

receptor. A história vivida passa a ser experiência na tradição, e é

aplicável para o leitor distante. A experiência do leitor é mais relevante

do que o texto isoladamente ou do autor16

.

Paul Ricouer (193-2005) propõem que a interpretação seja

direcionada para o texto como elemento essencial no processo

hermenêutico. A hermenêutica incorpora uma tensão entre as intenções

subjetivas iniciais do autor e o significado objetivo percebido pelo leitor.

O texto adquire um processo existencial próprio, além do aspecto da

tradição de Scheleimacher, do aspecto da historicidade de Dilthey, da

ontologia do leitor de Heidegger e interage com o conceito do círculo

hermenêutico de Gadamer. A teoria hermenêutica de Ricouer dá vida

própria ao mundo do texto. O leitor é influenciado pelo texto e passa a

ser transformado por ele. A interação texto e leitor é

epistemologicamente independente do propósito inicial do escritor, e

transcende o tempo e a cultura, o texto passa ter vida autônoma e

independente. Existe um distanciamento dialético da criação do texto e

a sua leitura, especialmente na literatura ficcional em que adquire vida

própria. A interpretação estruturalista do texto é preterida com uma

interação com a própria psique do leitor. A interpretação

16 . REGAN, Paul. Hans-Georg Gadamer’s philosophical hermeneutics:

Concepts of reading, understanding and interpretation. META:

RESEARCH IN HERMENEUTICS , PHENOMENOLOGY , AND

PRACTICAL PHILOSOPHY. Dec 2012 ,Vol IV (2), p. 286-303.

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fenomenológica de Paulo Ricouer materializa a ruptura entre o

significante inicial e aquele dado pelo leitor. A metodologia filosófica

hermenêutica é centrada em três fases de um arco: explicação,

compreensão e apropriação17

.

A articulação entre a hermenêutica bíblica e a filosófica é a

interpretação de um corpo textual com a incorporação de simbologia do

próprio texto. A prática existencial aproxima a hermenêutica bíblica e a

filosófica com a mudança do comportamento, a religiosidade promove a

regeneração da vontade e uma capacidade criativa da imaginação. A

dialética entre filosofia e fé é poética existencial, e é uma argumentação

racional. A ética é ontológica, a partir da interação entre fé e razão. O

terceiro ponto de contato entre a hermenêutica bíblica e filosófica é conceitual e especulativa, com base neoplatônica e Aristotélica. O

simbolismo religioso do mal e sua fenomenologia na condição no

mundo ocidental tem reflexo direto na hermenêutica a partir da leitura

do receptor. Paul Ricoeur vai além da perspectiva de Heidegger, que

considerou o homem essencialmente dependente da linguagem como

conhecimento pessoal e de relacionamento. A linguagem é manifestação

única e pessoal que pode ser compreendida por outros. A linguagem

incorpora símbolos dentro da perspectiva de comunicação que vai além

do seu significado imediato18

.

A hermenêutica crítica de Jürgen Habermas (1929-) aborda os

limites do preconceito do leitor no processo de interpretação do texto. A

interpretação do texto é dependente da capacidade do leitor de interagir

com os seus pressupostos ideológicos. Existe uma barreira a ser

transporta de maneira racional pelo leitor com a mensagem do texto, e

indiretamente do emissor. O texto pode ser submetido a um processo de

17

. GHASEMI, A et al. Ricoeur’s Theory of Interpretation: A Method for

Understanding Text. World Applied Sciences Journal. 2011, 15 (11), p.

1623-1629. 18

. ITAO, A D S. Paul Ricoeur’s Hermeneutics of Symbols: A Critical

Dialectic of Suspicion and Faith. KRITIKE. Dec 2010. Vol 4(2), p. 1-17.

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distorção pela ideologia cultural e moral do leitor que necessita ser

reconhecida criticamente no processo de interpretação. A perspectiva

ontológica não é desvinculada do ambiente social, moral e cognitivo do

leitor como fator limitante no sentido original e do sensus plenior19

A teologia dialética e exegética de Karl Barth (1886-1968)

amplia o horizonte da compreensão hermenêutica apontando que não

existe um sentido único textual, com tensões dialética, muitas opostas

na mensagem. A teologia dialética incorpora o conceito de paradoxo de

Kirckgard, indo além, e admitindo tensões entre verdades

aparentemente opostas na interpretação do texto bíblico20,21

.

Os teólogos alemães Rudof Bultmann (1884-1976) e Dietrich

Bonhoffer (1906-1945), abordam de maneira distinta a necessidade do

significado hermenêutico do texto bíblico. Bultmann considera que o

texto deve refletir uma interpretação ontológica na sua

autocompreensão, incorporando o pensamento existencialista de

Heidegger. Bonhoffer com a sua teologia da esperança, aborda a

necessidade da interpretação se distanciar da religiosidade institucional

e centralizar na revelação divina. A distinção de significância

hermenêutica dos dois permite a identificação da necessidade de busca

da identidade e uma chave hermenêutica no texto direcionada,

existencial ou espiritual, o leitor passa a se compreender ou

compreender a revelação divina22

.

19. ROBERGE, Jonathan. What is critical hermeneutics? Thesis Eleven.

2011, 106(1), p. 5–22. 20 . TRIBBLE, H. W. What is the Dialectical Theology? Review &

Expositor. 1936, 33(1): 27–41. 21. VORONKOVA, L. P. “Crisis Theology” and Its Dialectical Problems.

Soviet Studies in Philosophy,. 1980, 19(2), p. 27–43. 22 . RICHARDS, Jeffrey Jon. Hermeneutics and homiletics of Rudolf

Bultmann and Dietrich Bonhoeffer in the American discussion. A

Dissertation Submitted to the Theological Faculty of the Philipps-

University Marburg, Marburg, Germany, Summer Term, 2008 for the

Degree, Doctor of Theology.

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Mikhail Bakthin (1895-1975) propôs que a linguagem extrapola

a expressão da cognição do homem, a prática da redação é um processo

fundamentalmente social, moral e político, indo até além da

manifestação individual pessoal. A literatura é a manifestação cognitiva

do reflexo do contexto do seu autor. A comunicação é a expressão da

intimidade de cada um, projetada na linguagem. A expressão da

linguagem é única, apesar da possibilidade de releitura posterior. A

hermenêutica deve não somente buscar a interpretação do texto para o

leitor, mas deve buscar a intenção cognitiva do emissor, somando o

enunciado proposto por Heidegger da manifestação cognitiva da

influência social, política que influenciaram o autor. A linguagem é

expressão hermenêutica que necessita ser traduzida para a compressão

cognitiva do emissor e de suas influências. Além das relações

cognitivas ou puramente éticas, a linguagem tem relações estéticas na

sua construção, implicando na necessidade da compreensão da

ferramenta linguística empregada na busca do sentido, mesmo sendo o

sentido ético o mais apropriado. A proposta é de uma compreensão

integrada estética, ética e cognitiva. A proposta hermenêutica de

Bakthin propõem uma integração entre cognitiva progressiva Kant,

ontológica de Heidegger e simbólica de Heggel23

.

A metologia hermenêutica de Rudolf Bulltmann (1884-1976),

no período imediato a teologia liberal alemã, pressupunha a necessidade

da compreensão da inserção histórica de narrativa textual e sua

mudança temporal procurando distinguir a sua incorporação na fé, com

distinção do que seria mito e fato histórico21

. O mito e o preconceito

crítico do texto bíblico deve ser devidamente identificado na busca de

um sentido que se torne relevante para o leitor, mas relegando a

interpretação alegórica como válida. A relevância do Novo Testamento

existe para a percepção do homem como centralidade de mensagem. Na

sua análise sobre a Teologia Exegética do Novo Testamento (Das

23

. ÇALISKAN, S. Ethical Aesthetics /Aesthetic Ethics: The Case of

Bakhtin. Journal of Arts and Sciences Say. May, 2006, 5, p. 1-8.

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Problem einer theologischen Exegese des Neuen Testament,1921) existe

uma crítica sobre o método hermenêutico histórico que limita a busca do

significado do texto no passado se omitindo da sua aplicação ao homem

contemporâneo. A proposta final da busca de uma hermenêutica relevante

se faz pela necessidade de uma interpretação de relevância existencial pela

associação de uma análise histórica, filológica, com a busca da necessária

desmitologização e restrição dos preconceitos existenciais do próprio

exegeta (“New Testament and Mythology.”, 1947). A hermenêutica deve

ter aplicação para a compreensão da fé como objetivo último, a exegese

não pode ser realizada sem um profundo conhecimento gramatical do texto

e o reconhecimento das limitações autoexistenciais do exegeta (“Das

Problem der Hermeneutik” was published in Zeitschrift für Theologie und

Kirche in 1950). O Teólogo da Esperança, Dietrich Bonhoffer (1906-1945), tendo

como base o conceito que o NT é a revelação do messias e o AT o seu

anúncio, propôs uma hermenêutica integrada a teologia sistemática e com

uma chave de leitura cristocêntrica. Na sua perspectiva a exegese não

poderia se omitir de revelar uma mensagem ontológica cristocêntrica com

uma ação pneumatológica direta. O princípio hermenêutico desconstrutivista de Jacques Derrida

(1930-2004) propõem que o texto apresenta elementos na sua

composição que necessitam ser analisados individualmente para

compor as possibilidades potenciais de interpretação. O texto além de

uma mensagem pragmática fechada possui elementos que a partir do

processo de desmembramento, e posteriormente de reconstrução

permitem ir além da mensagem primária do autor, admitindo uma

relação metafísica com o leitor. Longe da meta de obter o sentido

original e o sensus plenior, o desconstrutivismo busca as alternativas

potenciais de leitura. A inovação de Derrida é a incorporação de uma

relação de diálogo entre a pessoa do leitor e do texto, que é modificado

pela incorporação progressiva das possibilidades das potenciais

mensagens. O leitor se apropria do texto mediante a desconstrução. O

preconceito do leitor, preconizado por Habermas, interage com o leitor

de maneira progressiva obtendo uma nova leitura, mesmo plural, do

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sentido do texto. A ida ao texto, por parte do leitor, possibilidade de

maneira progressiva uma hermenêutica transformativa. A fragmentação

e reconstrução como princípio metodológico é dirigida para qualquer

forma de expressão da comunicação, independente da reflexão teológica

e sem a exigência do sentido original, e admite uma multiplicidade de

sentidos a partir da interação texto leitor. Cada elemento textual passa a

ter significado isoladamente, representando uma cena isolada da

mensagem, que adquire significado isolado. O processo

desconstrutivista é considerada pós estruturalistas, se desprendendo da

análise fragmentada para obtenção do sentido potencial amplo do texto.

Com a metodologia desconstrutivista cada elemento do texto passa a ser

independente. O desconstrutivismo de Derrida aplicado a hermenêutica

propõem uma ruptura com a unidade do texto, valorizando os seus

elementos individuais e a interação com o leitor24

. Daniel Patte (1939-) reconhecido pelo seu método exegético

estruturalista ou estruturalismo contemporâneo faz a proposição de

incorporação dos métodos exegéticos clássicos com uma interpretação

hermenêutica. Considerando a distância da narrativa do autor, a exegese do

texto deve passar por um processo de revitalização mediante a metodologia

hermenêutica dando vida ao texto, tornando-o um novo discurso. O

processo exegético é revitalizado transpondo a mensagem reinterpretada

pela hermenêutica, dando-lhe um caráter ontológico e significativo para o

leitor contemporâneo. O texto é submetido a uma análise da sua

composição entre os elementos, personagens, mensagens, organização

sintática e semântica. O estruturalismo proposto se desloca de uma simples

análise histórico-gramátical para uma decomposição construtiva em busca

de uma compreensão hermenêutica, sem desvinculação do seu sentido

original, distinto da nova hermenêutica8.

24 . YEGEN,Ceren; ABUKAN, Memet. Derrida and Language:

Deconstruction. International Journal of Linguistics. 2014, Vol. 6 (2), p.

48-61.

8. PATTE. Daniel. What is Structural Exegesis. Wipf and Stock Publishers,

Eugene, Oregon, USA, p. 337-358, 1976.

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Anthony Thiselton (1937-) faz a análise que a hermenêutica

contemporânea, a partir de Gadamer, que aplica a fusão com a filosofia,

que é elemento importante na compreensão dos elementos ontológicos

do texto, a busca do significado do ser, e passa a ser a centralidade da

metodologia hermenêutica. A hermenêutica bíblica deve ir além do

reconhecimento e da integração da história do intérprete e historicidade

do texto. O texto precisa passar por uma modernização do seu sentido, o

sentido da mensagem é dependente do contexto, e a sua relevância

obrigatoriamente passa por uma transposição temporal do significado.

Incorporando a necessidade de uma teologia sistemática no processo

hermenêutico, também destaca o preconceito do intérprete que necessita

ser identificado para uma melhor percepção de uma mensagem

relevante contemporânea. Além da hermenêutica pastoral e ontológica

com uma visão horizontal, se admite também uma leitura social25

.

A hermenêutica literária de Alan Culpepper (1972-) não é

considerada inovativa, mas permite uma compreensão ampliada do

texto bíblico principalmente no NT. O primeiro aspecto é a

identificação do texto como metafórico, sendo um espelho da realidade

da época narrativa da comunidade cristã primitiva, a vida e ensinos de

Jesus Cristo. Os personagens são construídos a partir da sua descrição

no texto adquirindo vida própria, personalidade e independência. O

escritor deixa elementos textuais que devem ser identificados

identificando a sua personalidade e intenção. A hermenêutica literária

não abandona os outros conceitos da hermenêutica mas promove um

aprofundamento da análise exegética com o intuito de aprofundamento

da mensagem26

.

25. BARTHOLOMEW, Craig G.“Three Horizons: Hermeneutics from the

Other End―An Evaluation of Anthony Thiselton’s Hermeneutic

Proposals.” European Journal of Theology 5.2 (1996), p. 121-135. 26

. PORTER, S. E.; ROBINSON, Jason C, Hermeneutics: An Introduction

to Interpretive Theory. Eerdmans, Grand Rapids, USA. 2011.

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Stephen Moore (1954-) segue os passos do pós-estruturalismo e

do desconstrutivismo no aprofundamento da hermenêutica bíblica,

sendo nomeada de hermenêutica crítica. A hermenêutica critica de

Moore, distinta da de Habermas, considera que exista um processo

evolutivo transformando as estruturas ideológicas pessoais, a

hermenêutica centrada no leitor não somente é limitada, como

excessivamente criativa com nítido reflexo do contexto social do

hermeneuta27

.

Kevin J. Vanhoozer (1957-) questiona o que foi perdido na

hermenêutica contemporânea considerando que a hermenêutica bíblica

deveria ser a alma da teologia. A hermenêutica não pode se omitir de

uma visão canônica, sistemática e doutrinária sob risco de esvaziamento

da sua proposta principal que é servir de meio para a revelação

sobrenatural. O perigo da hermenêutica filosófica é que ocorra a perda

da mensagem da verdade revelada nas escrituras. A interpretação do

texto pode ser um processo reducionista, direcionada para o leitor

independente da proposta inicial do escritor, o intérprete passa a ser o

centro da metologia hermenêutica. O texto deixa de transformar o leitor,

mas o leitor transforma o texto, com risco de perda da sua proposta

doutrinária. A hipótese propositiva de Hodge-Henri de indução e

dedução do texto bíblico não pode ser esquecida a partir de uma

proposta de metologia interpretativa textual em termos de revelação,

com informações de uma revelação teológica construtiva da pessoa. Na

sua proposta de evitar um desvio de finalidade da interpretação do texto

ele propõem: buscar a verdade por trás do texto com uma análise

histórica aplicada; a verdade do texto identificando o veículo

empregado cognitivamente pelo escritor e que está contido na forma

27

. MOORE, S. D. Doing Gospel Criticism as/With a “Reader.” Biblical

Theology Bulletin: Journal of Bible and Culture, 1989, 19(3), p. 85–93.

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literária do texto; e a verdade transmitida pelo texto com uma

interação como leitor28

.

A Nova Hermenêutica proposta genericamente por Ernst Fuchs

(1903-1983) e Gerhard Ebeling (1912-2001) se contrapõem ao princípio

que a revelação dos textos bíblicos tem como foco o leitor cristão,

motivado por uma ação pneumatológica, para uma perspectiva

existencial que suplanta a moral e ética cristã. A mensagem dos textos

bíblicos mediada pela linguagem tem um aspecto transformador do

leitor que independe do processo de fé ou ação sobrenatural. A

experiência humana é mais importante que o processo de revelação. O

texto bíblico não se restringe ao seu sentido pragmático de revelação

sobrenatural, mas passa a ser a própria revelação do ser projetado. A

liberdade da interpretação textual é primazia no processo de

autorevelação metafísica e ontológica. A nova hermenêutica adquire

uma relevância ética existencial em detrimento de uma revelação

sobrenatural, abondando o propósito definido pelo autor29

.

Integracionismo da exegese e da hermenêutica: uma meta a

ser atingida. A hermenêutica moderna tem um caráter histórico evolutivo a

partir do pensamento filosófico dos seus autores, que de maneira

progressiva incorpora a busca do sentido e históricos originais para um

sentido ontológico a partir do texto.

A interpretação contemporânea motiva uma relevância para o

texto para o leitor mediante uma resposta cognitiva e fenomenológica.

28

. VANHOOZER, Kevin J. Lost in interpretation? Truth, scripture, and

hermeneutics. JETS. March 2005, 48(1), p. 89–114. 29

. SURBURG. Raymund E. The New Hermeneutic Versus the Old

Hermeneutics in New Testament Interpretation THE SPRINGFIELDER.

January 1974 Volume 38 (1), pp 13-21. Ivan Oliver. The 'Old' and the

'New' Hermeneutic in Sociological Theory. The British Journal of

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A abordagem clássica da exegese histórico gramatical em busca

do sentido original e o sensus plenior necessita uma confrontação com

os estudos hermenêuticos contemporâneos com o objetivo de uma

atualização metodológica e conceitual para manter sua relevância da TB

em tempos de pós modernidade.

O questionamento central é se a abordagem metodológica

conceitual da hermenêutica moderna de emissor, mensagem (texto) e

receptor pode ser incorporado pela exegese sem uma ruptura de sua

essência. A resposta é que se faz necessário um intermediário para a

interpretação da mensagem para o receptor. A pessoa do hermeneuta

não somente é essencial na tradução e atualização do texto para a

compreensão do leitor, como deve empregar uma metodologia

elaborada (Atos 8,31)

A proposta de uma hermenêutica exegética integracionista não

pode abandonar a proposta inicial de busca do sentido original do texto

e o sensus plenior, como meta da TB (2 Pedro 1,20), mantendo a

instrumentalização da metodologia histórico gramatical.

O modelo hermenêutico integracionista também deve estender a

percepção dos três elementos essenciais da comunicação: emissor,

mensagem (texto), e receptor, para uma visão pneumatológica que age

no texto e no receptor.

A neo-ortodoxia da inspiração textual bíblica de Barth vai além

da ação pneumatológica no emissor (2 Pedro 1,21) e da mensagem (2

Timóteo 3,16-17) para uma ação sobrenatural no receptor. A neo-

ortodoxia de Barth não nega a importância da tratativa hermenêutica do

texto, mas incorpora o quarto elemento sobrenatural no processo que o

apóstolo Paulo na Carta aos Coríntios chama de vivificação (2 Coríntios

3,6).

A proposta integracionista desloca a exegese da metodologia

exegética meramente interpretativa histórica para uma relevância

contemporânea.

Faz-se necessário a identificação de quais métodos

hermenêuticos possibilita em essência a preservação da base

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metodológica da exegese, ampliando o seu horizonte interpretativo com

a devida relevância, mantendo a integridade do sentido dentro da

perspectiva de preservação da sua mensagem original.

A possibilidade de sentidos diversos possíveis do texto, uma

reação dinâmica do receptor (preconceito-transformação) é inegável,

mas deve manter sempre a sua proposta primordial de revelação da

verdade sobrenatural das escrituras.

A abordagem dinâmica linguística e psicológica de

Schleiermacher tem aplicação direta em busca de uma hermenêutica

exegética, ampliando a compreensão mediante o emprego da ferramenta

linguística, e sua interação com leitor além da compreensão racional. A

dimensão psicológica de Schleiermacher admite a motivação

pneumatológica do texto bíblico.

A teoria reflexiva de Husserl orientada para o aspecto teórico do

texto e não para as dimensões das experiências vividas pelo autor ou

leitor é uma metodologia disruptiva que abandona os conceitos da

ferramenta histórico gramatical limitando a construção da busca do

sentido original e mesmo sensus plenior. A aplicação reflexiva de

Husserl restringe a abordagem exegética da TB com limitação na sua

aplicação para uma hermenêutica bíblica somente cognitivo existencial

autoapropriada.

A fenomenologia de Heidegger admitindo uma interação

dinâmica texto leitor, retomada posteriormente por Ricouer e Derrida,

aborda a compreensão tanto de uma compreensão racional como

pneumatológica do texto bíblico. A crítica da fenomenologia

hermenêutica é a sua desvinculação da proposição inicial do texto

transferindo a mensagem para uma perspectiva individual ontológica,

objeto da reflexão da existência humana particular ou uma experiência

pessoal exclusiva ou centrada. A interação entre texto e leitor é uma

realidade incorporável pela proposta de hermenêutica exegética, mas

não se valida uma experiência pessoal independente e relativizada do

sentido original e sensus plenior das escrituras.

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Os princípios hermenêuticos de Dilthey de análise no seu

contexto imediato histórico, geográfico, gramatical, percepção do leitor

inicial e as suas consequências para a sua época se sobrepõem a

metodologia histórico gramatical. A projeção existencial do autor,

preservando a mensagem na sua contextualização, com progressão de

sua compreensão e projeção contemporânea já faz parte da metologia

histórico gramatical.

A hermenêutica literária de Culpepper é relevante para a exegese,

considerada como ferramenta de aprofundamento da compreensão do

texto.

O preconceito do leitor, que pode acarretar limitação no

processo de compreensão textual, também deve ser reconhecido, a

proposta de Derrida de desconstrução e interação progressiva com o

texto com aproximação da mensagem textual possibilita uma melhor

compreensão, com o cuidado de não promover uma ruptura da

mensagem de revelação da verdade sobrenatural do texto bíblico. A

entrada no círculo hermenêutico do autor de maneira repetitiva promove

uma mudança do preconceito do leitor para uma percepção progressiva

da mensagem.

O processo de revitalização do texto proposto por Daniel Patte

como método exegético estruturalista ou estruturalismo contemporâneo

também pode ser considerado relevante para uma exegese integracionista. A hermenêutica literária de Culpepper acrescenta uma nova

dimensão na exegese contemporânea como ferramenta interpretativa.

As críticas de Kevin J. Vanhoozer sobre os limites da atuação da

hermenêutica filosófica são pertinentes para manter os princípios da

exegese bíblica e sua aplicação para a TB. A hermenêutica filosófica

não pode se abster da centralização na verdade sobrenatural da

revelação e manifestação doutrinária.

A perspectiva da hermenêutica de Thiselton identifica a missão

holística potencial da compreensão do texto, que passa a partir de uma

atualização do significado abordar uma visão pastoral, ontológica e

mesmo social.

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A neo-ortodoxia da inspiração textual de Karl Barth não pode

ser deixada em segundo plano na proposta de integração exegese e

hermenêutica, mantendo o elemento pneumatológico na relação escritor

e texto e leitor. A ferramenta hermenêutica cristocêntrica na

hermenêutica proposta por Bonhoffer também deve ser incorporada na

metodologia de uma hermenêutica integracionista, cristocêntrica e

respeitando uma teologia sistemática.

Conclusão: A exegese como processo de interpretação bíblica deve ser a

alma da teologia empregando ferramentas metodológicas. O texto

bíblico para uma TB revelação teológica devida e sua consequente

interpretação, a partir de uma análise cognitiva pessoal com interação

pneumatológica. O exegeta deve ser um elemento intermediário facilitador

no processo de esclarecimento da interpretação do texto revelado. A incorporação de uma compreensão mais aprofundada do texto

mediante metodologias hermenêuticas é fundamental para uma relevância

do texto como veículo da revelação (1 Tessalonicenses 5:21). A hermenêutica contemporânea tende a deslocar a importância

metafísica para o leitor, muitas vezes omitindo a proposta inicial do texto,

omitindo a ação pneumatológica transformadora necessária para uma TB,

fundamentada da busca do sentido original do texto e sensus plenior. A hermenêutica moderna quando excede os limites já apontados,

com a ruptura da revelação pragmática do autor deve ser rejeitada pela

hermenêutica exegética. A hermenêutica exegética ou integrativa deve incorporar as

ferramentas valiosas desenvolvidas pela hermenêutica a partir de

Schleiermacher, sempre as reservas de não se distanciar do sentido

original do texto e o sensus plenior, e que a centralidade deve ser focada

para o texto, e suas interações com o leitor. O processo transformador

da interpretação do texto deve ser identificado como direcionado para

uma ação pneumatológica como essência e não do leitor.

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As ressalvas do reducionismo apontadas por Vanhoozer da

hermenêutica filosófica, e as restrições da nova hermenêutica associada

ao liberalismo teológico são uma preocupação fundamentada para evitar

o processo de ruptura entre a exegese fundamentada no método

histórico-gramatical e a hermenêutica. A autonomia do texto bíblico e seu

processo transformador ontológico no leitor apontada por Paul Ricoeur

deve ser lembrada no processo exegético (Hebreus 4:2). O exegeta contemporâneo deve empregar todas as ferramentas

metodológicas para o seu trabalho interativo com o texto bíblico,

mantendo a base histórico-gramatical, processo interpretativo histórico,

identificações das limitações de preconceito do exegeta, análise das

possibilidades interpretativas, análise estrutural do texto, possibilidades

de intertextualidade, reconhecimento dos ensinos doutrinários, processo

transformador do texto frente ao leitor, reconhecimento da ontologia do

leitor, e manter a visão canônica, sistemática e doutrinária das sagradas

escrituras.

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