Revista Herbarium Edicao 01
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Revista HerbariumW W W. H E R B A R I U M . N E T • P E R I Ó D I C O | A N O I | A G O S T O 2 0 1 0 | N Ú M E R O 0 1
fi toterápicosA vez dos FITOTERAPIA
Herbarium 25 anosa inovação como princípio ativo
Neste ano, o Herbarium, maior e mais respeitada
indústria de fitoterápicos do Brasil, comemora 25 anos.
Contrariando a ação do tempo, a empresa está com
um rosto mais jovem do que nunca: ganhou uma nova
logomarca, novas embalagens, mais modernas, inspiradas
em valores como o rigor científico, o respeito pela
natureza e a busca constante pela inovação.
Ao mesmo tempo em que valoriza a tradição, respeitando
e preservando o conceito clássico de fitoterapia e a
experiência acumulada em mais de duas décadas, o
Herbarium investe em novas pesquisas e tecnologias.
Como empresa inovadora, o Herbarium trouxe para o
Brasil as principais tendências mundiais em fitoterápicos
e mantém uma busca constante por novos produtos
originados da flora brasileira.
O Herbarium é a indústria farmacêutica que possui a
maior linha de fitomedicamentos do Brasil e também o
maior número de fitoterápicos registrados na Anvisa.
Um dos principais diferenciais dos produtos da marca é o
rígido controle de qualidade pelo qual são submetidas as
matérias-primas e a produção de cada medicamento.
Herbarium, 25 anos. Inovação como princípio ativo.
Herbarium 25 anosa inovação como princípio ativo
Neste ano, o Herbarium, maior e mais respeitada
indústria de fitoterápicos do Brasil, comemora 25 anos.
Contrariando a ação do tempo, a empresa está com
um rosto mais jovem do que nunca: ganhou uma nova
logomarca, novas embalagens, mais modernas, inspiradas
em valores como o rigor científico, o respeito pela
natureza e a busca constante pela inovação.
Ao mesmo tempo em que valoriza a tradição, respeitando
e preservando o conceito clássico de fitoterapia e a
experiência acumulada em mais de duas décadas, o
Herbarium investe em novas pesquisas e tecnologias.
Como empresa inovadora, o Herbarium trouxe para o
Brasil as principais tendências mundiais em fitoterápicos
e mantém uma busca constante por novos produtos
originados da flora brasileira.
O Herbarium é a indústria farmacêutica que possui a
maior linha de fitomedicamentos do Brasil e também o
maior número de fitoterápicos registrados na Anvisa.
Um dos principais diferenciais dos produtos da marca é o
rígido controle de qualidade pelo qual são submetidas as
matérias-primas e a produção de cada medicamento.
Herbarium, 25 anos. Inovação como princípio ativo.
Herbarium 25 anosa inovação como princípio ativo
Neste ano, o Herbarium, maior e mais respeitada
indústria de fitoterápicos do Brasil, comemora 25 anos.
Contrariando a ação do tempo, a empresa está com
um rosto mais jovem do que nunca: ganhou uma nova
logomarca, novas embalagens, mais modernas, inspiradas
em valores como o rigor científico, o respeito pela
natureza e a busca constante pela inovação.
Ao mesmo tempo em que valoriza a tradição, respeitando
e preservando o conceito clássico de fitoterapia e a
experiência acumulada em mais de duas décadas, o
Herbarium investe em novas pesquisas e tecnologias.
Como empresa inovadora, o Herbarium trouxe para o
Brasil as principais tendências mundiais em fitoterápicos
e mantém uma busca constante por novos produtos
originados da flora brasileira.
O Herbarium é a indústria farmacêutica que possui a
maior linha de fitomedicamentos do Brasil e também o
maior número de fitoterápicos registrados na Anvisa.
Um dos principais diferenciais dos produtos da marca é o
rígido controle de qualidade pelo qual são submetidas as
matérias-primas e a produção de cada medicamento.
Herbarium, 25 anos. Inovação como princípio ativo.
EDITORIAL
Na minha visão, viver de forma natural é
buscar o equilíbrio em todos os aspectos
da nossa vida. No âmbito externo, por
exemplo, o respeito ao meio-ambiente
e a busca de uma sociedade mais
justa e ética. Mas, principalmente,
o equilíbrio da nossa fisiologia e o
respeito à individualidade do nosso
próprio organismo é o que realmente
determina uma vida mais natural e,
consequentemente, uma saúde perfeita.
No Herbarium, acreditamos que é
possível viver de forma mais natural.
Por isso, assinamos hoje a linha mais
completa do mercado de produtos para
a saúde de origem natural. Justamente
para que você possa escolher aqueles
produtos que ajudem a trazer equilíbrio
à sua fisiologia, que é única. Com cerca
de 100 produtos entre fitomedicamentos,
fitoterápicos tradicionais e suplementos
para as mais variadas necessidades
nutricionais e de saúde, o Herbarium tem
uma missão: estar presente no dia a dia
daqueles que buscam o bem-estar de
forma natural e orgânica.
E foi para se relacionar com esse
consumidor mais exigente e esclarecido
que, em 1997, surgiu o Jornal Herbarium
Saúde. Desde então, temos procurado
entender as necessidades desse
consumidor e contribuir para aumentar
o seu conhecimento em relação aos
produtos para a saúde de origem natural
e tudo que envolve esse universo. Com
o tempo e a grande aceitação por parte
dos seus leitores, o informativo cresceu.
E agora, temos o prazer de apresentar
a primeira edição da Revista Herbarium.
Com um novo formato, trazendo matérias
mais aprofundadas e sempre abordando
assuntos ligados à saúde e bem-estar de
forma natural, a Revista Herbarium cresce
mas não perde a sua essência.
E no momento histórico em que
completa 25 anos, o Herbarium,
indústria líder e pioneira na produção de
fitoterápicos e suplementos nutricionais
no Brasil, apresenta muitas outras
novidades: a sua nova logomarca busca
traduzir o equilíbrio entre o tradicional
e o atual. Ou seja, a essência de uma
empresa sempre em renovação, mas
que mantém intacta suas raízes. As
novas embalagens, que visam dar
ainda mais visibilidade no ponto de
venda para que o nosso consumidor
saiba sempre diferenciar um produto
original Herbarium. E ainda o nosso
site, totalmente remodelado, para o
qual convidamos você para uma visita.
Entre e fique à vontade. Pessoalmente
sinto-me extremamente realizado em
fazer parte de um time de profissionais
como o do Herbarium, que ama aquilo
que faz. E por isso faz com muito amor. E
assim como eu, tem uma crença fiel aos
benefícios de viver uma vida mais natural.
Pessoalmente, acredito e busco um
estilo de vida em que o respeito à minha
própria natureza é tão importante quanto
o respeito à natureza do nosso planeta.
E valorizo tudo aquilo que é essencial
e original. As boas coisas da vida são
únicas, assim como os bons momentos.
Que passam, mas duram para sempre.
Um abraço e vida longa a todos!
Marcelo
EXPEDIENTE REVISTA HERBARIUM
Direção Editorial: Andréa Barbieri e Célia Regina Dias von Linsingen. Conselho Editorial: Adriana Henemann, Andréa Barbieri, Célia Regina Dias von Linsingen, Karina Onishi e Rodrigo Dias. Projeto Gráfico: Karina Onishi e Rodrigo Dias. Diagramação: Karina Onishi. Produção Editorial - Projeto Editorial e Produção de Conteúdo: Tercetto Editorial. www.tercettoeditorial.com.br. Editoras: Liliana Negrello e Raquel Marçal. Colaboraram nesta edição: Aline Gonçalves, Débora Rubin, Márcia Luz e Renato Lemos (reportagem), Renata Chede (fotografia) e Christian Schwartz. (revisão). Jornalista Responsável: Andréa Barbieri MTB: 3720. Impressão: Maxi Gráfica. Tiragem: 70.000 exemplares.
A Revista Herbarium é uma publicação do Herbarium Laboratório Botânico Ltda, coordenada pela equipe de Marketing, de distribuição gratuita e dirigida aos seus consumidores. Queremos saber a sua opinião, o seu comentário ou a sua sugestão através do e-mail: [email protected], 0800 723 8383 ou para: Av: Santos Dumont, 1111, CEP: 83403 - 500, Colombo - PR. As informações contidas na Revista Herbarium possuem propósito educativo e não têm a intenção de substituir cuidados médicos apropriados, diagnóstico ou prescrição. Ignorar cuidados médicos adequados pode causar danos à saúde. Durante a gestação e lactação, até mesmo os fitoterápicos devem ser utilizados somente com supervisão médica.
“Estamos vivendo um momento no qual cada vez mais pessoas buscam uma vida mais natural. Mas, afinal, o que é viver de forma natural”?
Marcelo GeraldiPresidente do Herbarium
Guardiã das letrasFAÇO, LOGO EXISTO
06
Conheça Kauanna Batista, a universitária curitibana de 18 anos que comanda uma biblioteca comunitária
ÍNDICE
A vez dos fitoterápicos
FITOTERAPIA
10
As plantas medicinais têm tudo para conquistar seu lugar nas
farmácias e nas receitas médicas
Alimentos de fibra NUTRACÊUTICA
16
A ciência descobriu que as fibras também podem
proteger a saúde dos pulmões
Não, obrigada!CLUBE DA TPM
22
Psicóloga canadense afirma que as mulheres só não vão mais longe na carreira porque não querem
Feitos para durarSER SUSTENTÁVEL
28
Na contramão dos artigos descartáveis, a indústria começa
a fabricar produtos que podem ser usados por muitos anos
“I Love Santa Terrressa!”
LAZER
34
O bairro carioca com jeito de interior atrai turistas estrangeiros
em busca de um outro Rio
6 Revista Herbarium| Agosto 2010
Guardiã das letras
FAÇO, LOGO EXISTO: GENTE QUE NÃO ESPERA ACONTECER
Aos 18 anos, Kauanna Batista comanda uma biblioteca montada com livros jogados
no lixo e é prova viva de que vontade e iniciativa podem mudar qualquer realidade
Aline Gonçalves, de Curitiba
Existem pessoas que parecem feitas de
uma matéria diferente. Na superfície, são de
carne e osso, como todo mundo, mas por
dentro têm uma força transformadora que
não se curva diante da realidade. Kauanna
Batista, 18 anos, moradora do bairro
de baixa renda Vila Torres, em Curitiba,
certamente é feita dessa matéria misteriosa.
Há quase um ano, a menina magrinha
e morena de sorriso cativante comanda a
primeira biblioteca comunitária da região,
cujo acervo é quase totalmente formado
de livros tirados do lixo. O pequeno
espaço, que fi ca em uma das ruas mais
movimentadas do local, abriga quase cinco
mil obras. Grande parte delas foi doada
ou vendida por catadores de materiais
recicláveis que vivem na Vila, um local
violento, onde pouca gente consegue
prosperar.
Foto
: Ren
ata
Che
de
7 Revista Herbarium | Agosto 2010
Kauanna era ainda menor de idade
quando tomou a frente do projeto que
leva os livros do lixo às estantes. A
biblioteca havia surgido do esforço de
um grupo de pessoas que se reuniu para
organizar o primeiro Dia da Cultura Vila
Torres, em junho do ano passado. Entre
os empreendedores entusiasmados
estavam Carlos Roberto Teles, conhecido
como o palhaço Chameguinho, a
comunicadora Silvana Rausis Scachenco,
coordenadora de projetos da Fundação
de Ensino Técnico e Industrial
(Fundacem), e Claudio dos Santos, que
representava a associação Vila de Ofícios
I. Kauanna foi convidada a integrar o
grupo porque já mantinha um programa
de rádio on-line – o Rádio Escola – que
trazia, além de músicas, notícias sobre
política, educação, lazer e mídia.
Os primeiros livros da biblioteca foram
comprados dos catadores por José
Francisco Sanches, o Baleia. Na região,
ele é conhecido como promotor cultural
por diversas iniciativas. É dele a casa que
abriga a biblioteca. “Ele ia alugar o espaço
para o irmão, mas conversamos e eles
acharam que a ideia de abrir a biblioteca
era melhor”, explica Kauanna.
Antes de o espaço ser criado, se
alguém da Vila Torres quisesse pegar
um livro emprestado, teria que ir até o
centro da cidade, onde fica a biblioteca
pública mais próxima. Hoje, cerca de 50
pessoas têm ficha de empréstimo e a
média de circulação é de 30 obras por
mês. As obras mais procuradas são as de
literatura infantil, as que figuram nas listas
do ensino médio e também os livros de
direito, autoajuda e administração.
A biblioteca foi inaugurada em 7
de julho de 2009, mas antes disso
Kauanna passava pelas ruas e chamava
as crianças para escutarem histórias,
desenharem e lerem no espaço que
estava sendo criado. É isso que ela faz
há quase um ano: reúne a meninada para
atividades de reforço escolar, leitura e
pintura, jogos e brincadeiras. O objetivo
é manter as crianças ocupadas com
atividades educativas e artísticas, além
de formar leitores.
Como teve mais chances do que a
maior parte dos jovens da Vila Torres,
Kauanna sabe bem que esse trabalho
pode mudar a vida deles. Depois da
escola, frequentava aulas de artes,
esportes e línguas. “Queríamos estimulá-
la e colocá-la em contato com outras
crianças, mas também protegê-la da
violência das ruas”, explica a mãe da
jovem, Valdime Batista Ferreira, a Val, de
47 anos. “Kauanna foi uma menina tímida,
mas que gostava de fazer teatro, balé,
tirar fotos, e que procurava meios para se
expressar”, completa.
A disposição vem de família. A jovem,
sua mãe Val e sua avó Sebastiana
Batista, de 64 anos, formam uma trinca
de mulheres fortes e decididas. A avó,
migrante do norte do Paraná, chegou a
Curitiba com os filhos e o que encontrou
foi apenas um barraco de nove metros
quadrados para morar. Aos sete anos de
idade, Val já trabalhava como doméstica,
e alguns dos irmãos mais velhos tinham
começado a catar lixo para ajudar a
sustentar os meninos mais novos.
A história é semelhante à de muitas
pessoas que chegaram à Vila Torres há
40 anos. Mas a visão da avó de Kauanna
– que sempre valorizou a educação –
transformou o futuro da família. Hoje,
praticamente todos os parentes vivem do
comércio e têm uma situação financeira
estável. Val conseguiu terminar a
faculdade e mantém uma mercearia, onde
trabalha com a ajuda do marido e da filha.
8 Revista Herbarium| Agosto 2010
SAIBA MAIS: Para acompanhar as atividades que Kauanna desenvolve, acesse: http://kauannasocial.blogspot.com
Mesmo tendo uma situação familiar e
fi nanceira mais equilibrada que a maioria
dos moradores da região, todos os
parentes da jovem também já sofreram
com a violência. O irmão mais velho, de 28
anos, foi agredido por policiais e acabou no
hospital com duas fraturas graves. “Quero
sempre colaborar no desenvolvimento da
Vila e das pessoas daqui, mas também
penso em me mudar porque não temos
muita liberdade”, conta Kauanna. Mesmo
que o futuro dela não esteja ali, a jovem não
perde a vontade de mudar a realidade.
.
conta José Francisco Sanches, o Baleia.
Para Kauanna, participar do projeto foi uma
descoberta pessoal. “Fui percebendo o
meu potencial, entendendo o que poderia
fazer pela comunidade e, principalmente,
que serviria de exemplo para outros
adolescentes daqui”, revela Kauanna. A
repercussão da biblioteca comunitária na
mídia atraiu a atenção de muita gente. “O
projeto começou a ter reconhecimento,
curiosos vinham visitar e fazer doações”, diz
Kauanna. Os pais dela também entraram
para a equipe. “Minha mãe cuida da parte
burocrática e meu pai faz a manutenção
da casa, busca doações e atua como
voluntário na parte de educação”.
Kauanna está na faculdade, no primeiro
ano de relações públicas na Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
Mas já fez curso técnico em administração,
participou do projeto Pró-Jovem, trabalhou
como aprendiz no Banco do Brasil, estudou
locução, fez o programa de rádio virtual,
jogou em um time de futebol, criou um
blog e recebeu o Prêmio Voluntariado
Transformador 2009, do Centro de
Ação Voluntária da capital paranaense.
Felizmente, a menina não para.
CONVÍVIO COM A VIOLÊNCIA
A Vila Torres não é um bairro ofi cial de Curitiba. É uma região à margem do rio Belém, entre os bairros Prado Velho, Jardim Botânico e Rebouças.
O dia a dia dos moradores do local, uma das ocupações mais próximas ao centro de Curitiba e também uma das mais antigas, está imerso na falta de estrutura urbana e na violência.
O número de moradores não é ofi cial, mas segundo as lideranças locais chega a oito mil. São trabalhadores, seus fi lhos e netos, que convivem com grupos ligados ao tráfi co de
drogas e suportam o risco de estar no meio de confl itos, muitas vezes, resolvidos à bala. O que não impede que no local haja muitas iniciativas de cunho social e cultural.
São três associações de bairro, mais de dez organizações sociais, igrejas dos mais diferentes credos e uma cooperativa de catadores de papel. Muitos acadêmicos das universidades locais procuram analisar e compreender como grupos com propósitos tão distintos surgem nesse mesmo espaço.
De tanto ver coisas erradas a sua volta, ela quis abraçar todas as oportunidades que teve,
9 Revista Herbarium | Agosto 2010
Ação expectorante e broncodilatadora auxiliar no tratamento da tosse
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10 Revista Herbarium| Agosto 2010
fitoterápicosA vez dos
Eles foram vistos com desconfiança por décadas, mas agora os medicamentos à base de plantas medicinais têm tudo para
conquistar seu lugar nas farmácias – e nas receitas médicasRaquel Marçal, de Curitiba
As plantas medicinais fazem parte
da vida brasileira desde muito antes
de Cabral aportar por aqui – afinal,
para os índios a farmácia sempre
esteve ali no quintal da oca. Séculos
mais tarde, esse hábito ancestral
de buscar a cura na horta persiste:
basta ver que todo mundo tem
uma receita caseira tiro-e-queda
para aquela gripe, tosse ou dor
de estômago. Mas ao comprar
um medicamento na farmácia a
história muda: poucas vezes a
receita médica prescreve cápsulas,
comprimidos, xaropes ou pomadas
feitos de extratos de plantas.
Por que será? “O uso de plantas
medicinais na medicina ocidental foi
dilapidado na década de 1940 com
as descobertas dos medicamentos
sintéticos durante a Segunda Guerra
Mundial”, explica a farmacêutica
Tânia Fernandes, pesquisadora da
Casa de Oswaldo Cruz, no Rio de
Janeiro, e autora do livro Plantas
Medicinais: memória da ciência no
Brasil (Editora Fiocruz, 230 págs.,
R$ 30). “O desenvolvimento da
medicina especializada e altamente
tecnológica ignorou todo um saber
que tinha as plantas medicinais e a
fitoterapia como prática”, afirma.
FITOMEDICINA: SAÚDE DE RAIZ
11 Revista Herbarium | Agosto 2010
Mas parece que daqui para frente
os tempos serão outros. Uma boa
medida são as vendas de fi toterápicos,
que crescem 12% ao ano, segundo a
Associação Brasileira das Empresas do
Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar
e de Promoção da Saúde (Abifi sa). Em
comparação, estima-se que o crescimento
anual do mercado de drogas sintéticas
seja de 3%. Às voltas com as perdas
de patentes de moléculas químicas,
até os laboratórios cujo forte são os
medicamentos sintéticos já estão se
voltando para o mercado promissor da
fi toterapia. Outro sinal dos novos tempos foi
a aprovação, há quatro anos, da primeira
política governamental para o setor, a
Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos. Sua elaboração vinha sendo
discutida exaustivamente entre indústrias
e governo desde meados dos anos 1990,
mas sua execução – que envolve vários
ministérios, a Embrapa e a Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) – promete ser ainda
mais complexa.
Para se ter uma ideia da extensão do
desafi o, o texto contém 17 diretrizes
abrangendo um ciclo que começa no
cultivo correto da planta e termina no
paciente que fará uso do fi toterápico.
Entre uma ponta e outra estão ações
para fortalecer a cadeia produtiva das
matérias-primas – com o uso sustentável
da biodiversidade brasileira e a inclusão da
agricultura familiar –, o fomento à pesquisa
científi ca, a incorporação de tecnologias
em todo o processo, a capacitação técnica
de profi ssionais desde o ensino médio até
a pós-graduação, a inclusão da fi toterapia
nos currículos de medicina e das plantas
medicinais e fi toterápicos na lista de
medicamentos do Sistema Único de Saúde
(SUS). “A Política é muito abrangente e
envolve aspectos sociais, econômicos
políticos e tecnológicos, por isso a sua
implantação não é uma tarefa fácil”, avalia
Elzo Velani, presidente da Abifi sa.
Até o aumento das exportações
brasileiras, tanto de fi toterápicos quanto de
matérias-primas, está previsto na Política.
Seria uma virada e tanto, uma vez que hoje
80% dos extratos utilizados pela indústria
na fabricação dos medicamentos são
importados, sobretudo da Europa, mas
também da China.
afi rma Anny Trentini, Gerente Técnica do
Herbarium Laboratório Botânico. Outro
grande problema é a falta de padronização
da matéria-prima. “Há muitos produtos
com nomes iguais mas que não são da
mesma espécie”, afi rma Anny. “Como as
composições químicas são diferentes,
eles não possuem o mesmo efeito
farmacológico”, explica.
Buscar essa padronização é uma
missão que está nas mãos da Embrapa.
Em fevereiro, a empresa assinou um
convênio com a Universidade do Mississipi,
nos Estados Unidos, justamente para
padronizar os extratos de plantas, além
de descobrir novos compostos químicos
e fármacos no Cerrado e na Caatinga. Até
2013, as duas instituições farão pesquisas
conjuntas dando ênfase a espécies da
Relação Nacional de Plantas Medicinais
de Interesse do SUS (Renisus). Hoje, há
72 espécies catalogadas. Todas já são
utilizadas pela população, mas a maioria
carece de estudos para confi rmar sua
segurança e efi cácia.
O Brasil não tem uma infraestrutura adequada de cultivo e processamento das plantas. Se a planta não foi bem cultivada e se o extrato não foi bem preparado, a indústria não pode usá-lo. A saída é importar,
12 Revista Herbarium| Agosto 2010
Atualmente, há oito fitoterápicos
disponíveis na rede pública – o que é
pouco, dado que a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) já
tem 512 registrados. Segundo o
Ministério da Saúde, a próxima leva
de fitoterápicos a serem custeados
pelo SUS terá 30 medicamentos,
mas por enquanto não há previsão
de quando essa nova lista será
divulgada. O Ministério também
pretende realizar cálculos para saber
se a prescrição dos fitoterápicos
representa alguma economia para
o governo. É possível que sim. “A
economia poderia ser em média de
30%”, diz a farmacêutica Isanete
Bieski, fundadora do Fitoviva, um
projeto pessoal dela que acabou
sendo adotado como programa
municipal de fitoterapia pela
Secretaria de Saúde de Cuiabá (MT).
O percentual citado por Isanete
é baseado em cálculos feitos
pela equipe do programa, que
funciona desde 2004 na capital
matogrossense. Segundo ela, em
cinco anos foram implantadas dez
farmácias vivas nos postos de
saúde, para distribuição de mudas,
cultivadas a partir de sementes
fornecidas pela Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp).
Hoje, as várias hortas medicinais da
cidade têm guaco, alfavaca, cidreira,
citronela, losna, ginseng, camomila
e hortelã. “Também promovemos
sete cursos sobre plantas medicinais
- inclusive um só para médicos -,
dos quais participaram mais de mil
pessoas”, conta Isanete, que deixou
a coordenação do programa no ano
passado, mas ainda sonha implantar
uma farmácia de manipulação
municipal.
Esse sonho já é realidade na
cidade do Rio de Janeiro, que
implantou seu programa de plantas
medicinais em 1992. Os cariocas
contam com um curso permanente
de cultivo básico e uso das espécies,
aberto a toda a população. Mas
o grande destaque do projeto é
a produção de 25 medicamentos
em sete laboratórios farmacêuticos
municipais. No total, 21 espécies são
utilizadas, entre elas arnica, confrey,
erva baleeira e chapéu de couro.
“As plantas são oriundas de mudas
certificadas e a manipulação dos
medicamentos ocorre com controle
de produção dos processos”,
afirma Helene Frangakis de Amorim,
gerente do programa. Dois dos
medicamentos prescritos nos
postos de saúde são comprados de
indústrias farmacêuticas: o xarope de
guaco e as cápsulas de espinheira-
santa. “Há uma grande adesão por
parte da população e dos médicos
que possuem conhecimento na
área”, esclarece.
Mas grande parte dos médicos
ainda não tem esse conhecimento
e, por isso, acaba não prescrevendo
fitoterápicos. “Os profissionais
têm dúvidas sobre os princípios
terapêuticos e sobre sua efetividade”,
afirma Antônio Amorim, diretor da
Faculdade de Ciências Médicas
da Universidade Federal do Mato
Grosso, que em 2010 implantou
uma disciplina de fitoterapia no
currículo do curso. A situação é bem
diferente no país em que mais se
consomem fitoterápicos no mundo,
a Alemanha. Lá, 50% das vendas de
medicamentos são de fitoterápicos.
É um medicamento
de origem vegetal,
isto é, obtido a partir
de plantas medicinais
secas ou recém-
colhidas e de seus
extratos naturais.
Os fitoterápicos são
produzidos com
a planta inteira e,
portanto, contêm os
vários componentes
ativos da espécie.
Nisso, os fitoterápicos
diferem dos
fitofármacos, que
são medicamentos
fabricados com um
princípio ativo que é
isolado e “copiado”
em laboratório.
Normalmente, quando
a substância ativa é
isolada da planta, tem
uma ação diferente
daquela apresentada
na espécie inteira.
O QUE É UM FITOTERÁPICO?
13 Revista Herbarium | Agosto 2010
Cáscara sagrada (Rhamnus pushiana)
usada no tratamento de constipação ocasional (prisão de ventre)
Garra do diabo (Harpagophytum procumbens)
é um anti-inflamatório (oral) indicado para dores lombares e osteoartrite (artrose)
FITOTERÁPICOS NO SUS A rede pública terá em breve mais de 30 medicamentos fitoterápicos disponíveis para a população. Veja os que já podem ser encontrados nos hospitais conveniados e postos de saúde de 13 Estados
Alcachofra (Cynara scolymus)
usada no tratamento de dores na região abdominal associadas a disfunções relacionadas ao fígado e à bile
Aroeira(Schinus terebenthifolius)
usada em produtos ginecológicos antiinfecciosos
Espinheira Santa(Maytenus ilicifolia)
indicada como auxiliar no tratamento de úlceras e gastrites
Unha de gato(Uncaria tomentosa)
antiinflamatório (oral e tópico) para casos
de artrite reumatóide, osteoartrite
(artrose) e como imunoestimulante
Insoflavona da soja(Glycine max)
age como coadjuvante no alívio dos sintomas
do climatério
Guaco(Mikania glomerata)
indicada no tratamento de tosses e gripes
A fitoterapia faz parte do currículo dos
cursos de medicina alemães desde 1993, é
considerada parte da medicina convencional,
não da alternativa, e usada para tratar
várias doenças, incluindo cardiovasculares,
respiratórias e digestivas. O mesmo acontece
no Japão, onde metade dos médicos prescreve
fitoterápicos. O Ministério da Saúde japonês
aprovou o uso desses remédios em 1967 e,
hoje, há 210 fórmulas disponíveis no sistema
público de saúde do país.
Por aqui, o governo sabe que, sem a adesão
dos médicos, a política para o setor será
inócua. Por isso, o Ministério da Saúde planeja
para o segundo semestre de 2010 um curso
de capacitação via internet para médicos da
rede pública – mas a participação não será
obrigatória. O que deve ter realmente efeito é
a inclusão futura de disciplinas de fitoterapia
nos currículos dos cursos de medicina de todo
o país, outra ação prevista na política federal.
Os pacientes e a comunidade médica vão
agradecer. “O consumidor está mais aberto a
utilizar os fitoterápicos, que são eficazes e têm
menos efeitos colaterais. E os médicos estão
mais interessados em estudar e prescrever
essa opção terapêutica”, afirma Anny Trentini,
do Herbarium Laboratório Botânico.
14 Revista Herbarium| Agosto 2010
Ela tem propriedades bem conhecidas – deixa qualquer jardim mais colorido e alegre e é eficiente para tratar queimaduras na pele. Agora a calêndula (Calendula officinalis) está sendo apontada também como arma contra o envelhecimento da pele causado pela exposição ao sol. Isso é o que dizem as conclusões preliminares de um estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. Testes realizados com animais na Faculdade de Ciências Farmacêuticas comprovaram que o extrato da planta é capaz de recuperar a pele danificada pelos raios solares. Os ratinhos tratados no experimento apresentavam lesões induzidas por luz ultravioleta, como alterações na morfologia do tecido e das células e inflamação na pele. “As análises mostram que o extrato de calêndula, administrado por via oral ou
tópica, foi eficaz para prevenir o estresse oxidativo causado pela radiação solar”, conta a farmacêutica Yris Maria Fonseca, coordenadora do estudo. “O extrato também estimulou a síntese de colágeno, o que pode evitar os sinais característicos de pele envelhecida, como rugas e perda de elasticidade.” Segundo Yris, o extrato da calêndula é rico em flavonóides e polifenóis, substâncias conhecidas por inibir a ação dos radicais livres causadores do envelhecimento. Mas ela ressalta que o efeito não deve ser atribuído a nenhum composto isolado, e sim à interação de vários princípios ativos presentes na planta.
A hortelã (Hyptis crenata) pode virar remédio contra a dor no futuro. É o que indica a conclusão preliminar de um
estudo da pesquisadora brasileira Graciela Silva Rocha, pós-doutoranda na Universidade de New Castle, na Inglaterra. Em um experimento feito com ratos, a cientista observou
que uma dose de chá de hortelã teve o mesmo efeito da endometacina, um analgésico e anti-inflatório.
Ainda falta descobrir qual composto químico da planta seria o responsável pelo alívio da dor.
PELE | Calêndula contra as rugas
15 Revista Herbarium | Agosto 2010
• CASTANHA DA ÍNDIA - Aesculus hippocastanum 100mg - Atua na prevenção e no tratamento de varizes. Indicada em casos de insufi ciência venosa, incluindo varizes nas pernas e pés. Aumenta o tônus e a resistência das veias e diminui a fragilidade capilar. MS: 1.1860.0080.003-0.
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Novas Embalagens Herbarium
Pioneiro em divulgar o conceito de Fitoterapia no Brasil,
o Herbarium tornou-se referência em qualidade e inovação neste
segmento. Uma das novidades que o Herbarium traz, no ano em que
comemora 25 anos, é a modernização das embalagens das linhas de
Fitoterápicos, Suplementos Nutricionais e Fitomedicamentos.
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,
16 Revista Herbarium| Agosto 2010
NUTRACÊUTICA: PARA COMER MELHOR
Alimentos de fibra Que elas são importantes para regular várias funções do corpo, ninguém
discute. A novidade é que um estudo americano agora revela a possibilidade
de as fibras contribuírem até mesmo para a saúde dos pulmões
Márcia Luz, de Curitiba
A presença das fibras no cardápio diário
proporciona uma série de benefícios ao
organismo: ajuda a emagrecer, garante
o bom funcionamento intestinal, dá uma
mãozinha para equilibrar o colesterol...e pode
fazer bem para os pulmões. Isso mesmo.
Um estudo publicado no American Journal
of Epidemiology afirma que quem consome
grandes quantidades de fibra, especialmente
a partir de grãos integrais, tende a apresentar
um risco menor de desenvolver doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), como
bronquite, enfisema e outros problemas que
afetam a capacidade de respiração.
17 Revista Herbarium | Agosto 2010
Os pesquisadores responsáveis pela
novidade surpreendente acompanharam
111 mil adultos americanos entre 1984 e
2000. As análises consideraram fatores de
risco como idade, peso, nível de atividade
física e tabagismo, e apontaram que os
indivíduos que consumiam mais fibras tinham
um terço a menos de risco de acabarem
incluídos no grupo de portadores da doença.
O grupo de pesquisados que mais ingeriu
fibras consumia uma média de 28 gramas
por dia (os especialistas recomendam que
os homens se alimentem com 30 gramas
a 38 gramas do nutriente por dia, e as
mulheres, com 21 gramas a 25 gramas).
O resultado da pesquisa revelou que a
quantidade testada pode ser suficiente para
diminuir o risco de desenvolver DPOC. A
explicação dos especialistas é de que as
fibras teriam propriedades antioxidantes e
antiinflamatórias. Não que elas tenham o
poder milagroso de garantir que uma pessoa
nunca vá ter doença pulmonar, mas ajudam
a diminuir o risco.
Como todos os novos estudos, também
esse ainda causa alguma desconfiança
inicial. Para Ana Cristina Miguez, professora
do curso de Nutrição da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC-PR),
ainda é cedo para tirar conclusões, já que
muitos fatores envolvidos no aparecimento
de DPOC extrapolam o terreno da dieta
alimentar. “É difícil ter certeza de que um
único nutriente isolado seja responsável pela
prevenção de uma doença. Afinal, a dieta
alimentar envolve muitos outros elementos
– vitaminas, proteínas e afins. Então, como
saber que foi a fibra que diminuiu o risco de
adquirir DPOC e não a presença de vitamina
C, por exemplo?”, questiona.
A professora considera que os indivíduos
pesquisados que apresentaram menor
risco de desenvolver a doença tinham
certamente uma dieta geral mais saudável,
o que fortaleceria o organismo e ajudaria na
imunização em qualquer circunstância, mas
não descarta a possibilidade de que as fibras
tenham mesmo o poder de prevenir DPOC.
“Ainda é cedo para afirmar isso, mas a
possibilidade não deve ser descartada, já que
as fibras se mostraram eficazes na prevenção
de outras doenças, como o câncer de cólon
e diabetes, por exemplo.”Outros profissionais
da área de nutrição fazem coro: “É preciso
mais investigação prática, mas a revista em
que o estudo foi publicado é bastante séria, o
que faz com que a pesquisa deva ser levada
em consideração”, ressalta a nutricionista
Luciana Humphreys Alberge.
O que por enquanto está acima de
qualquer suspeita é o fato de que as fibras
são fundamentais para a saúde de maneira
geral, e que seu consumo adequado traz
uma série de benefícios inestimáveis. Um
exemplo é a ajuda que esses nutrientes
emprestam à luta pela perda de peso.
“As fibras proporcionam saciedade e,
consequentemente, diminuem a fome”,
explica o médico Ismael Lago, membro
da Associação Brasileira para Estudos
da Obesidade. “Alimentos ricos em fibras
exigem maior tempo de mastigação, e isso
leva à redução da quantidade de comida e
do consumo calórico da dieta”, completa.
Outro aspecto importante relacionado ao
consumo de fibras diz respeito ao controle
do colesterol. Devido a fatores fisiológicos,
as fibras têm a capacidade de equilibrar os
níveis de colesterol (redução do LDL, o ruim,
e aumento do HDL, o bom) e contribuem na
metabolização de carboidratos, prevenindo
doenças coronarianas e cardiovasculares. “As
fibras solúveis são as mais recomendadas
para esse fim”, afirma a professora Ana
Cristina. “A pectina, presente na casca da
maçã, por exemplo, é um tipo de fibra que
forma um gel que adere à parede do intestino,
impedindo a absorção de colesterol”, explica.
18 Revista Herbarium| Agosto 2010
E, como se não bastasse,
as fibras têm ação no controle
do açúcar no sangue. “Elas
auxiliam na prevenção ou
estabilização do diabetes,
pois retardam a absorção da
glicose, vinda dos alimentos
fontes de carboidratos”, explica
o médico Ismael Lago.
Os brasileiros parecem estar
cada vez mais convencidos
de que as fibras são de fato
imprescindíveis. Segundo
dados do Euromonitor
International, o setor
de produtos do gênero
cresceu 852% no país nos
últimos 5 anos. Uma outra
pesquisa, encomendada pela
multinacional inglesa Tate
& Lyle, revela que 33% dos
brasileiros ingerem regulamente
alimentos e bebidas com fibras.
O estudo apontou ainda que
67% dos consumidores do país
passaram a pensar mais sobre
alimentação saudável nos
últimos dois anos.
Os números são positivos,
mas nada de cantar vitória
antes da hora. A educação
alimentar ainda é necessária
para que o hábito de ingerir
fibras atinja a maior parte da
população. Em sua prática
diária, os nutricionistas
reconhecem o desafio: “Com
base na prática clínica e na
análise de recordatórios ou
diários alimentares, é possível
perceber que o consumo de
fibras pela população – que
deveria estar entre 25 gramas
e 30 gramas ao dia – ainda
é baixo”, constata Luciana
Humphreys Alberge. Segundo
dados do Estudo Nacional
de Despesa Familiar (Endef),
do IBGE, de 60% a 85 % da
população brasileira apresenta
um consumo de fibras menor
do que 20 gramas por dia. A
nutricionista Priscila Conyvolic
emenda: “Isso ocorre pelo
frequente consumo de
alimentos refinados em
contrapartida ao consumo
de alimentos integrais. Muitas
pessoas não chegam a
consumir nem uma porção de
fruta ou verdura ao dia”, afirma.
Os produtos industrializados
que prometem ser ricos em
fibras ajudam, mas não são
suficientes para garantir uma
dieta saudável. É importante
prestar atenção às informações
do rótulo. Segundo Ana Cristina
Miguez, não adianta consumir
10 barrinhas de cereais e
achar que é suficiente. “É
preciso ter equilíbrio e prestar
atenção no conjunto da
alimentação, que deve conter
carne magra, frutas, hortaliças,
legumes, cereais integrais e
muito líquido”, destaca. Mas
o médico Ismael Lago alerta:
quem não tem o costume de
ingerir fibras deve começar
a consumir aos poucos para
atingir os níveis recomendados
gradualmente. “Além de
provocar desconforto intestinal,
o consumo exagerado pode
resultar na eliminação de
alguns nutrientes e interferir na
absorção do zinco e do cálcio”,
explica.
Confira abaixo uma lista de ingredientes que, incluídos no cardápio diário, fornecem a quantidade ideal de fibras
MULHERES (21 a 25g)
• Goiaba (01 unidade – 189g) 10,02g
• Granola (1/2 xícara – 30g) 3g
• Lentilha cozida (01 concha – 60g) 3g
• Mamão papaia (1/2 unidade – 142g) 2,41g
• Arroz integral cozido (01 escumadeira – 112g) 2,41g
• Banana (01 unidade pequena) 2,40g
• Tomate (01 unidade – 109g) 1,91g
• Acelga crua (01 xícara – 52g) 0,73g
HOMENS (30 a 38g)
• Goiaba (01 unidade – 189g) 10,02g
• Feijão cozido (01 concha – 59g) 4,51g
• Maçã (01 unidade – 130g) 4,03g
• Cenoura crua (01 xícara – 109 g) 3,06g
• Aveia em flocos (02 colheres de sopa – 24g) 3,06g
• Arroz integral cozido (01 escumadeira – 112g) 2,41g
• Banana (01 unidade pequena) 2,40g
• Mamão papaia (1/2 unidade – 142g) 2,41g
• Tomate (01 unidade – 109g) 1,91g
• Pão de forma com centeio (01 fatia – 25g) 1,91g
• Acelga crua (01 xícara – 52g) 0,73g
NA MEDIDA
19 Revista Herbarium | Agosto 2010
OS CAMPEÕES Encha o prato de fibras escolhendo os alimentos certos
Os problemas que surgem na hora de ir ao banheiro parecem ter virado uma espécie de “preocupação nacional”. No terreno da propaganda, proliferam anúncios que prometem resolver os horrores da prisão de ventre. Mas será que esses produtos realmente funcionam? Segundo a nutricionista Luciana Alberge, a constipação é uma queixa muito comum que ocorre, na maioria das vezes, por maus hábitos alimentares.
E as pessoas tendem a procurar a maneira mais fácil para resolver a questão. “Na maioria das vezes, esses produtos realmente funcionam, porém, no caso dos iogurtes, não é a fibra o principal responsável por sua eficácia. Esses iogurtes possuem bactérias, geralmente lactobacilos e bifidobactérias que naturalmente habitam intestinos de pessoas saudáveis, auxiliando no seu funcionamento”, explica. A forma não tão imediata,
porém duradoura de resolver o problema seria fazer uma reeducação alimentar. Uma nutrição baseada no consumo de fibras ajuda diretamente nos problemas da constipação. “Elas têm a capacidade de fazer com que o bolo alimentar fique menos tempo parado no intestino, estimulando o movimento peristáltico”, conta Luciana. Então, nada de ficar só nas soluções fáceis. A dica é apostar mesmo numa alimentação saudável e equilibrada.
COMBATE À PRISÃO DE VENTRE
FRUTAS:Goiaba (01 unidade – 189g) 10,02g
Maçã (01 unidade – 130g) 4,03g
Pera (01 unidade – 133g) 3,99g
VERDURAS:Espinafre cozido (01 xícara – 166g) 5,31g
Cenoura crua (01 xícara – 109 g) 3,06g
Vagem (01 xícara – 111g) 2,78g
GRÃOS:Feijão cozido (01 concha – 59g) 4,51g
Lentilha cozida (01 concha – 60g) 3g
Grão de bico cozido (01 concha – 55g) 2,91g
CEREAIS:Cereal à base de trigo (1/2 xícara – 25g) 8g
Farelo de aveia (02 colheres de sopa – 22g) 3,30g
Granola (1/2 xícara – 30g) 3g
20 Revista Herbarium| Agosto 2010
O cientista Nam Dang, da Universidade da Flórida – em conjunto com colegas da Universidade de Tóquio, no
Japão – descobriu que o chá de folhas de papaia secas tem grande poder no combate a inúmeras variedades de
câncer, como os de mama, fígado, pulmão e pâncreas. Os pesquisadores trabalharam com culturas de diferentes
células cancerosas, deixando-as expostas ao extrato da folha de papaia, e mediram os resultados por 24 horas. O crescimento das células doentes diminuiu em todos os casos. Os efeitos curativos foram ainda mais fortes
nas células que receberam doses extras do chá. O estudo também revela que o extrato da fruta aumenta
a produção de moléculas que regulam o sistema imunológico – justamente aquele mais penalizado por doenças como o câncer. Os testes com o chá de papaia não registraram efeitos colaterais, o que representaria
uma vantagem adicional em relação às terapias tradicionais empregadas para frear a doença. O trabalho agora é identificar e separar os componentes específicos
que atuam para combater o câncer.
O BRASILEIRO À MESA: Conheça alguns números que revela
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• Carnes gordas: 33% não abrem
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• Verduras e hortaliças: 30,4% comem
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HÁBITOS | Falta saúde no prato
Embora o Brasil seja um país conhecido por sua abundância de frutas e verduras, a maioria da população não tem o hábito de incluir esses itens em seu cardápio diário. Isso é o que revela uma pesquisa apresentada pelo Ministério da Saúde neste ano. As frutas e hortaliças estariam presentes com regularidade – mais de cinco vezes na semana – no prato de apenas 30,4% dos brasileiros. E somente 18,9% da população consumiria as cinco porções diárias – equivalentes a 400 gramas – recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo os autores da pesquisa, os resultados acompanham uma tendência mundial. Como as pessoas estão sempre correndo, acabam optando por alimentos mais práticos, como os pré-cozidos
ou enlatados. O levantamento de dados apresentado pelo Ministério foi feito a
partir 54.367 entrevistas.
| Papaia contra o câncer
21 Revista Herbarium | Agosto 2010
Volta e meia cientistas do mundo todo fazem novas
descobertas sobre os benefícios do ômega-3, uma
gordura importante não apenas por ter um papel na
produção de hormônios e no transporte de vitaminas,
mas também por desempenhar funções protetoras no
organismo: ajuda a combater a obesidade, a prevenir a
oesteoporose, algumas doenças nos olhos e certos tipos
de câncer.
Como se vê, a lista de motivos para incluir fontes de
ômega-3 na dieta é longa. Por isso, é bom nunca deixar
faltar no prato os alimentos mais ricos nesse nutriente: a
linhaça e os peixes de água fria, como salmão e sardinha.
A recomendação é consumir 1 grama de ômega-3 por
dia. Para isso, basta ingerir diariamente 40 gramas de
semente de linhaça triturada e, três vezes por semana,
250 gramas de sardinha, cavala ou salmão, explica a
nutricionista Vanderli Marchiori, membro da Associação
Brasileira de Nutrição Esportiva e da Associação Paulista
de Nutrição.
E há outra razão para a linhaça ser ainda mais
recomendada. A sementinha tem a proporção ideal de
ômega-3 e de seu primo, o ômega-6, que está presente
nos óleos de milho, de soja e na margarina. Os dois
“parentes” devem estar em equilíbrio para evitar
encrencas. “Quando em excesso, o ômega-6 facilita o
aparecimento de inflamações”, acrescenta Vanderli.
A proporção ideal, diz a Organização Mundial de Saúde, é
de 4 a 10 gramas de ômega-6 para 1 grama de ômega-3.
A linhaça ajuda a manter tudo nos conformes, já que nela
tem muito mais ômega-3. Na conta de gorduras totais, a
semente apresenta 16% de ômega-6 e 57% de ômega-3.
Ponto para a linhaça!
Linhaça:aqui tem muito ômega-3
22 Revista Herbarium| Agosto 2010
Não, obrigada!Psicóloga canadense afirma que esta é a resposta de grande parte das
mulheres dos países ricos a ofertas de promoção no trabalho. Ou seja,
elas ocupam cargos inferiores e ganham menos porque querem
Débora Rubin, de São Paulo
CLUBE DA TPM: E OUTRAS COISAS DE MULHER
23 Revista Herbarium | Agosto 2010
A americana Kim era uma das poucas
mulheres de sua turma no curso de
engenharia nos anos 1970. Após duas
décadas de uma carreira promissora
como engenheira química, jogou tudo
para o alto e virou personal trainner. Elaine
quase chegou ao segundo posto mais
importante de uma multinacional. Mas
disse não à oferta para seguir como uma
simples executiva. Se aceitasse, teria de
mudar de cidade, o que prejudicaria o
marido e os fi lhos. Chegar aonde havia
chegado era sufi ciente.
As histórias de Kim e Elaine são apenas
uma amostra dos inúmeros casos
relatados pela psicóloga canadense
Susan Pinker no livro O Paradoxo Sexual
– Hormônios, genes e carreira, lançado
no começo do ano pela editora Record
(406 páginas, R$ 42,90). O objetivo
de Pinker, ao começar a escrever a
obra, foi responder a uma pergunta
que muito a intrigava: se as meninas
se saem, em média, bem melhor que
os meninos durante os anos escolares,
por que os meninos tendem a se tornar
chefes, executivos, gênios da ciência
ou superempreendedores? Onde estão
as meninas brilhantes da escola no
mercado de trabalho?
Atrás de respostas, Pinker foi longe.
Entrevistou mulheres que abandonaram
carreiras brilhantes – como Kim –, outras
que recusaram salários estratosféricos –
como Elaine –, e ainda mergulhou fundo
em dezenas de estudos científi cos sobre
gêneros. Também conversou com ex-
pacientes de sua clínica. Especialista em
crianças com problemas como Transtorno
de Défi cit de Atenção (TDA), autismo
e dislexia, foi atrás dos pacientes que
atendeu quando crianças para descobrir
como estavam se saindo como adultos.
Considerando que os meninos têm
de quatro a dez vezes mais chances de
desenvolver problemas de aprendizagem
do que as meninas, Pinker estava
especialmente curiosa para saber o que
seus pacientes do sexo masculino tinham
feito de suas vidas. No geral, estavam
muito bem, obrigado. Um tinha virado
chef de cozinha. Outro, superempresário.
Por outro lado, as meninas, que eram
minoria em seu consultório, não estavam
em funções de grande destaque.
A partir do microcosmo dos pacientes,
Pinker ampliou sua pesquisa para o
universo geral. Sua conclusão é a de
que a biologia de cada sexo defi ne as
escolhas profi ssionais. A exposição à
testosterona faz com que os homens
sejam menos sociáveis, mais ousados
e mais dispostos a correr riscos (veja
quadro na página seguinte). Daí buscarem
trabalhos mais ambiciosos nos quais
se sintam desafi ados. Já as mulheres
crescem sob a infl uência da ocitocina –
hormônio responsável pelas contrações
do parto e pela amamentação. Com
isso, tendem a dar mais atenção ao
próximo. Ajudar alguém
ou simplesmente interagir
com outras pessoas
ativa o mecanismo de
recompensa do cérebro e
faz com que elas sintam
um prazer enorme em
ser solidárias. Essas
características entrariam
em confl ito com a postura
agressiva, combativa e
autocentrada exigida por
um mercado de trabalho
essencialmente masculino.
Isso explicaria o alto
número de desertoras.
24 Revista Herbarium| Agosto 2010
Homens Mulheres
De acordo com os estudos citados por Susan Pinker, a
combinação do DNA com os hormônios determina muitos
comportamentos típicos de cada sexo, que podem ser ou não ressaltados pela
cultura e a educação
OS SEXOS FRÁGEIS
“As mulheres precisam sentir que fazem
alguma diferença no mundo”, resume
Pinker. Enquanto os homens se sentem
mais confortáveis criando produtos ou se
dedicando com afinco a um único assunto,
as mulheres querem ter uma vida composta
de vários fatores, dando peso igual para
cada um deles: trabalho, família, lazer etc.
Os homens não se importam em colocar
100% de sua energia no trabalho.
Por causa dessa biologia mais “amorosa”,
as mulheres tendem a escolher profissões
que propiciem essa interação com o outro
e que, historicamente, pagam menos. É
o caso das áreas de educação e saúde.
Mesmo as alunas que vão muito bem
nas ciências biológicas e exatas preferem
carreiras que permitam o contato com o ser
humano – como medicina – a trabalhar em
laboratórios ou pesquisas acadêmicas.
Pinker faz uma ressalva importante. Sua
teoria foi baseada na realidade dos países
desenvolvidos. Afinal, somente com uma
poderosa rede de seguridade social é que
alguém pode se dar ao luxo de escolher
trabalhar menos. Por aqui, segundo o
IBGE, 34,9% das famílias são chefiadas
por mulheres. De forma que são poucas as
brasileiras que têm opção. “Muitas, quando
querem diminuir a carga horária ou serem
donas do próprio tempo, pedem demissão
e optam por uma destas três coisas: abrir
um negócio, virar consultora ou dar aulas”,
afirma Eliane Figueiredo, da consultoria em
Recursos Humanos Projeto RH e membro
do Grupo de Mulheres Líderes Empresárias.
Meninos tendem a olhar mais para objetos, máquinas e engenhocas.
São mais hábeis em calcular distâncias.
São mais agressivos desde pequenos.
Têm mais chances de ter problemas como dislexia, transtorno de déficit de atenção e autismo.
Tendem a abandonar mais os estudos.
Meninas fixam mais nos rostos
das pessoas.
Deslocam-se a partir de pontos
de referência (igreja, pracinha, casa amarela).
São mais empáticas, solidárias e cooperativas.
Tendem a sofrer mais com depressão e ansiedade.
Tendem a abandonar mais as carreiras.
25 Revista Herbarium | Agosto 2010
A própria consultora é um exemplo:
quando virou mãe, há 18 anos, deixou
a carreira em um banco para abrir sua
consultoria, mesmo tendo recebido a
contraproposta de viajar menos e assumir
uma função mais tranquila na instituição.
Ao afirmar que a biologia pode determinar
o destino profissional de cada pessoa,
Pinker ouviu reações nervosas no lado
de cima do Equador. Em especial das
feministas que tanto brigaram pela igualdade
de gêneros. Surpreendentemente, uma
das feministas mais notórias do Brasil,
Rose Marie Muraro, faz mais elogios que
críticas à tese de Pinker. “A mulher quer,
sim, um trabalho mais humano”, diz. “Basta
que as empresas valorizem as qualidades
tipicamente femininas.” Muraro lembra
que aquelas que tentaram mudar sua
natureza para se equiparar aos homens – as
“mulheres bigodudas”, como ela define – se
tornaram frustradas na vida pessoal. “Foi
uma catástrofe. Não é a mulher que tem
que mudar, mas o universo corporativo.”
Para a escritora e feminista, isso está
acontecendo, ainda que lentamente. Ela cita
como exemplo a lista das maiores empresas
da revista Forbes. A cada década, cresce
o número de empresas comandadas por
mulheres. Talvez muitas delas ainda se
submetam ao esquema masculino para
prosperar. No entanto, mais mulheres em
cargos diretivos é um possível indicador
de que o estilo de liderança cooperativo
– tipicamente feminino – é benéfico para
as companhias. “A revista Fortune uma
vez publicou um estudo mostrando que
empresas que têm mulheres no corpo
diretivo dão mais retorno aos acionistas”,
completa a consultora Eliane Figueiredo.
Ao final de seu polêmico livro, Pinker
afirma que o sistema é que pode estar
equivocado – e que sua teoria, para alívio
geral, está longe de mandar as mulheres
de volta ao tanque. Não se pode mais,
argumenta ela, nem obrigá-las a buscar
carreiras de que não gostam só para atingir
a igualdade no mercado de trabalho, nem
aceitar o modelo corporativo existente.
“Nos dias de hoje, os locais de trabalho
e os planos de carreira para um homem
médio solteiro, inclinado à competitividade
e à luta pelo sucesso, desencorajam muitas
mulheres”, ressalta a autora.
26 Revista Herbarium| Agosto 2010
Psicólogos da Universidade de Delaware, nos Estados
Unidos, comprovaram que o ciúme afeta a visão. Pelo
menos nas mulheres. Os pesquisadores pediram a
casais que observassem imagens em um computador.
As mulheres deveriam identificar fotos de paisagens
misturadas a imagens desagradáveis. Aos homens foi dito
para organizarem as paisagens em ordem de beleza. Na
metade do experimento, veio a pegadinha. O cientista
anunciou que, dali em diante, os homens teriam de opinar
sobre a beleza feminina. Ao final do teste, a parceira teve
de responder como se sentiu com o fato de o namorado
ou marido estar ranqueando moças bonitas. As mais
incomodadas foram as mais distraídas pelas imagens ruins, a
ponto de não verem as fotos que deveriam. A “cegueira” não
havia se manifestado na primeira parte do teste.
PSICOLOGIA | O ciúme também é cego
A internet pesa mais nas decisões de compra das brasileiras do que a televisão. Foi o que constatou um levantamento da empresa de pesquisa de mercado Sophia Mind, especializada no segmento feminino, feito com 6 mil mulheres em todo o país. Para 36% delas, visitas a sites e redes sociais são obrigatórias antes de decidir o que comprar. E 42% disseram ficar sabendo das novidades sobre produtos de beleza via web. Já para 35% ainda é a tevê a influência mais poderosa.
FILHOS | Desobediência seletiva
Tirar seu pimpolho do parquinho é uma batalha? Ele teima em escolher a própria roupa? Depois de analisar o comportamento de 60 crianças, entre quatro e sete anos, psicólogos americanos e canadenses encontraram uma possível explicação para esses típicos comportamentos infantis. Segundo eles, há três áreas que as crianças consideram como sendo o pedaço delas – roupas, amizades e lazer – e, por isso,
fazem tanta questão de ter a última palavra
nesses domínios.
Para testar a
turminha, eles
pediram aos pequenos
para adivinhar como os
personagens de uma
história – também crianças
– iam se comportar
quando os pais fictícios
os proibissem de roubar,
brincar com um amigo ou
usar determinada roupa.
Todas as crianças previram
que os personagens iam
desobedecer aos pais
nos dois últimos casos,
mas que seguiriam a
regra de não roubar.
“Essa descoberta sugere
que as crianças fazem
distinções importantes
entre diferentes tipos de
regras quando tomam
decisões e sabem o limite
da desobediência”, diz
Kristin Hansen Lagattuta,
coordenadora do estudo.
27 Revista Herbarium | Agosto 2010
Com o novo site do Clube da TPM,
você fi ca sabendo tudo sobre a
TPM, pesadelo das mulheres e
dos homens. No site, você terá
acesso às dicas para não sofrer
desnecessariamente, como enfrentar
os temidos sintomas, além de
consultar as principais novidades nas
áreas de beleza, saúde, nutrição,
família, moda e outros assuntos.
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28 Revista Herbarium| Agosto 2010
Na contramão da oferta de produtos
descartáveis que estimulam o
consumo, algumas empresas lançam
tendência ao apostar em bens que
podem ser usados anos e anosMárcia Luz, de Curitiba
durarFeitos para
O consumismo exacerbado – que estimula
a compra desnecessária e a multiplicação
de lixo – ainda dá as cartas na sociedade
ocidental. Mas essa compulsão quase
global já mostrou seus maus efeitos na
vida do planeta, o que fez surgir uma nova
categoria de consumidor: o consumidor
consciente. A nova tendência, que dá
mostras de ter vindo para ficar, tem
motivado algumas empresas a apostar em
produtos mais duráveis, feitos para agradar
a essa clientela mais preocupada com o
meio ambiente.
SER SUSTENTÁVEL: PELO BEM ESTAR DO PLANETA
29 Revista Herbarium | Agosto 2010
Um bom exemplo é a inovadora
Wishbone Bike, uma bicicleta que
acompanha o crescimento das crianças
do primeiro até o quinto ano de idade.
Criada por um casal de neozelandeses,
donos do estúdio de design Wishbone
(www.wishbonedesign.com), a bicicleta
é feita de madeira certificada, não tem
pedais e funciona com a propulsão dos
pés, no estilo Flintstones. O mesmo
brinquedo pode ser convertido de triciclo
– adequado às crianças menores – em
uma bicicleta que serve para pequenos
de até 5 anos. Segundo Jenny Mclver,
diretora da Wishbone, a grande vantagem
da bicicleta é se adaptar às necessidades
de quem está em fase de crescimento.
“Queríamos fazer um brinquedo com o qual
pudessem se divertir nos seus primeiros
anos, até que estivessem prontas para uma
bicicleta tradicional.” Para isso, a peça tinha
de ser resistente o bastante para durar
e, ao mesmo tempo, leve e fácil de ser
manuseada. O projeto já recebeu grande
reconhecimento. Em 2009, a wishbone
bike foi incluída na seleção de top 100 de
Estilo & Design da revista americana Time.
A bicicleta concretiza uma das principais
metas da empresa: oferecer produtos que
passem de pai a filho, ou de irmão para
irmão, despertando a consciência da família
para a importância de adquirir bens mais
duráveis. Hoje, a clientela da Wishbone é
composta principalmente por famílias ativas,
com orientação para uma vida sustentável.
Para Jenny Mclver, a procura por produtos
duráveis é uma tendência crescente entre
o público consumidor e o mercado deve se
orientar cada vez mais nessa direção.
“Precisamos aceitar a responsabilidade
pelo nosso futuro. Nossa filosofia é fazer
o possível na produção de itens para toda
a vida, e não há nenhum componente
em nossos produtos que não possa
ser mais tarde reutilizado, reciclado ou
decomposto”, declara. A Wishbone já
comercializa a bicicleta em inúmeros países
e, no momento, está em busca de parceiros
interessados em importar os produtos e a
marca para o Brasil.
Seguindo a mesma tendência, outro
exemplo de produto durável é o tênis que
se expande de acordo com o crescimento
dos pés das crianças, à disposição em lojas
britânicas. Batizado de Inchworm (www.
inchwormshoes.com), o calçado pode variar
em até três tamanhos, graças a um botão
que, ao ser pressionado, permite que o
tênis estique. A empresa Fat Shoes Day,
responsável pela distribuição do produto na
Grã-Bretanha, acredita estar possibilitando
aos pais uma economia de ao menos um
par de tênis por ano. O Inchworm foi criado
nos Estados Unidos pelo americano Hank
Miller e pode ser encontrado em países da
Europa, Ásia e Oriente Médio.
Abaixo, a bicicleta ecológica e o tênis que “crescem” com as crianças
30 Revista Herbarium| Agosto 2010
No Brasil, o mercado de produtos
sustentáveis também começa a aquecer e
já há iniciativas em prol da economia e da
durabilidade. É o caso da Divicar
(www.divicar.com.br), empresa fabricante
de móveis e acessórios para crianças, com
distribuição em todo o país. A preocupação
de possibilitar um uso prolongado dos
produtos motivou a criação de uma linha
de móveis que se transformam: berços
que viram caminhas, cômodas que viram
escrivaninhas. Tudo para garantir que os
pais possam utilizar os móveis por mais
tempo e consumam menos. “Outro fator
importante é que utilizamos matéria-prima
de excelente qualidade que pode durar por
muitos e muitos anos e, assim, os produtos
acompanham o crescimento das crianças”,
explica Carlos Carvalho, diretor da Divicar.
Versatilidade é a principal característica
desses móveis. Entre eles, destaca-se
o Sol e Mar, um berço que é também
cômoda e trocador e ainda dispõe de uma
bicama auxiliar. Todo o conjunto pode
mais tarde se transformar em uma cama
de solteiro com cama auxiliar e estante
ou escrivaninha. Já o berço Spazio é
uma novidade que está fazendo sucesso:
num primeiro estágio, pode ser montado
como mini-berço, facilmente transportável.
Depois, deve ser remontado como berço
normal, com as duas laterais móveis. E
ainda pode virar mini-cama ou, finalmente,
um sofazinho. “Um grande benefício desse
produto é que o bebê se acostuma a dormir
no berço desde os primeiros dias de vida”,
ressalta Carvalho. Segundo o diretor, o
custo desses móveis é um pouco superior
à média do mercado, mas o investimento
vale a pena pela durabilidade. “Os produtos
vendem muito bem e, a cada novidade que
lançamos, a aceitação aumenta.”
Mas não adianta ter uma oferta
de produtos sustentáveis se não há
consumidores conscientes. Por isso,
ensinar a consumir é um trabalho urgente
e que precisa começar cedo. De acordo
com Daniela Carla Prestes, coordenadora
de serviço de psicologia do Hospital Infantil
Pequeno Príncipe em Curitiba, o maior
hospital exclusivamente pediátrico do Sul
do Brasil, o consumismo, assim como
outros problemas que atingem as crianças,
são um reflexo da atitude dos pais.
De bebê a teen: o berço com trocador vira cama, estante e gaveteiro
31 Revista Herbarium | Agosto 2010
Na busca por uma alternativa de consumo sustentável, há quem resgate itens que iriam para o lixo, como o empresário Ugo Gutierrez Filho. Tudo começou quando Ugo comprou uma casa e percebeu que não ia ter dinheiro para mobiliá-la. Pediu a amigos e familiares doações de móveis usados, que seriam restaurados por ele e seu fi lho. A necessidade virou hobbie e, em pouco tempo, a casa fi cou pequena para a quantidade de móveis e objetos renovados pela dupla. Assim surgiu a Boulle – Móveis de Fundamento (www.boulle.com.br), um negócio inusitado cujo principal mérito é aproveitar todo tipo de material para a
confecção de móveis e acessórios para casa – janelas antigas, rodas de carroça, arados, pilões, vidros, grades e até canoas. Ugo busca sua matéria-prima em sítios e fazendas do interior do Paraná e do Rio Grande do Sul e até no Uruguai. “Percorremos de caminhão as estradas rurais e paramos nas propriedades, comprando objetos que as pessoas não usam mais”, explica. A madeira, por exemplo, vem de casas que seriam demolidas. Uma roda de carroça vira mesa de centro, arames de cerca viram luminárias. “Além de serem duráveis, esses materiais guardam histórias”, enfatiza Ugo.
NADA SE PERDE, TUDO SE TRANSFORMA!
explica. Na mesma linha, Carla Diz,
coordenadora da Mais Criança (empresa
especializada em promoção da família,
prevenção e combate ao abuso e à
violência contra crianças e adolescentes),
enfatiza que a criança se desenvolve
a partir dos referenciais que são
mostrados e afi rmados. “Como os pais
trabalham o assunto? Eles valorizam as
pessoas e suas atitudes positivas, como
generosidade, solidariedade, ou fazem
distinções entre quem tem ou não tem
dinheiro?”, questiona.
Em suma, a atitude dos pais em
relação ao consumo é o que vai servir de
exemplo aos fi lhos. Para Carla, crianças
que não aprendem em casa, e na escola,
a discernir o supérfl uo do necessário,
passam a exigir desde cedo a ”maçã
da fulaninha”, ”a bolacha do sicrano”,
o “sanduíche do beltrano”. Pronto: está
dado o primeiro passo em direção ao
consumismo. Felizmente, muitas escolas
já começam a trabalhar a consciência
ambiental dos alunos. “Hoje as crianças
aprendem a se preocupar com questões
que antigamente eram ignoradas, como
a reciclagem e a economia de água,
e chegam a ensinar os pais sobre o
assunto”, conta Daniela. Como as crianças
aprendem tudo muito rápido, basta
incentivá-las para que se tornem cidadãs
mais preocupadas com o planeta – e
menos com o brinquedo da moda.
Muitas vezes, os pais são consumistas e, mesmo que tentem orientar os fi lhos a não sê-lo, acabam parecendo contraditórios em suas atitudes,
32 Revista Herbarium| Agosto 201032 Revista Herbarium| Agosto 2010
NA PRÁTICA | Dica para o consumidor responsável
Quem já não ouviu falar em lâmpadas que gastam menos energia, mecanismos que ajudam a reaproveitar a água da chuva, utilização de energia solar? Se você é dos que acham tudo isso muito interessante, mas não tem a menor ideia de como trazer essas possibilidades para o seu dia a dia, a dica é dar uma olhada na loja virtual Produtos Sustentáveis. Você vai encontrar luminárias fabricadas a partir de tubos de papelão, painéis simples de geração de energia solar e todo tipo de acessórios para colocar em prática uma rotina de harmonia com o meio ambiente.
Saiba mais no site www.produtossustentaveis.com.br
A Fiocruz/Farmanguinhos desenvolveu uma arma contra o mosquito da dengue (Aedes aegypti) que não faz mal à saúde ou ao meio ambiente. O novo bioinseticida atua nas larvas do mosquito, impedindo que elas consigam se alimentar e causando infecções nos bichinhos. As formulações são diferentes para atacar os vários focos onde os mosquitos se reproduzem. Nas caixas d’água, por exemplo, deverão ser usadas pastilhas – cada uma com poder de limpar até 50 litros. Em 48 horas, o produto acaba com as larvas e protege o ambiente por até 21 dias. Para locais maiores – como piscinas, lagos, reservatórios – o bioinseticida é usado em forma de comprimido hidrossolúvel. A descoberta deverá ser produzida em breve e lançada junto com outros seis inseticidas desenvolvidos pelo instituto. Mas, enquanto isso, o melhor ainda é manter limpos vasos de plantas, pneus e garrafas que fi cam a céu aberto.
BIOINSETICIDA | Sem dengue, com saúde
33 Revista Herbarium | Agosto 2010
34 Revista Herbarium| Agosto 2010
Com seu ar de cidade do interior e jeito alternativo de viver, o bairro carioca
roubou as atenções – e os turistas gringos – do circuito Ipanema-LeblonPor Renato Lemos, do Rio de Janeiro
A francesa Sophie Lohaine, 23 anos,
garimpa em um balcão do Ateliê Maria
Rendeira, no Largo dos Guimarães,
para escolher o suvenir que levará
para casa: está entre uma miniatura
do bondinho e uma boneca vestida de
porta-bandeira da Mangueira. Depois
pega uma blusa amarela com um
desenho estilizado dos Arcos da Lapa.
Coça a cabeça. Está indecisa. Tudo
ali chama sua atenção – e não apenas
dentro da lojinha. Hospedada por uma
semana em uma casa de Santa Teresa,
a turista acaba de chegar de um banho
de cachoeira nas Paineiras, que fica na
estrada entre Santa Teresa e a Floresta
da Tijuca, e tenta resumir – numa mistura
de inglês e, va lá, português – como têm
sido seus dias por ali: “It’s a wonderful
place. Beleza. I love Santa Terrressa!”
Santa Terrressa!” “I Love
LAZER: ÓCIO CRIATIVO
35 Revista Herbarium | Agosto 2010
Sophie não está só. Qualquer
pessoa que circular pelas ladeiras
de Santa Teresa poderá ouvir gente
se referindo ao lugar daquele jeito:
“Santa Terrresssa”. Um monte de
erres e um monte de esses. É que
o bairro carioca, conhecido como
refúgio de artistas, intelectuais
e adeptos do estilo de vida
alternativo em geral, está cada vez
mais ocupado por estrangeiros,
principalmente franceses. Não por
acaso, o lugar é conhecido como
Montmartre carioca, em referência
ao bairro de Paris.
Eles andam pelas ruas, abrem
lojas no comércio, se penduram
nos históricos bondinhos, montam
ateliês, ensinam técnicas de
reciclagem de lixo, cozinham
em restaurantes, investem em
hotéis e pousadas – e falam sua
mistura de erres e esses. Tomam
“caipirrinha” no Bar do Mineiro,
tocam “tamborrim” no Bloco das
Carmelitas, comem “carrurru” no
bar do Arnaudo. Esse movimento
estrangeiro – somado ao
burburinho dos blocos no carnaval,
à proximidade com a boemia da
Lapa, à natureza exuberante da
Floresta da Tijuca (a maior floresta
urbana do mundo), ao vaivém calmo
dos moradores e a uma arquitetura
de encher os olhos – devolveu
ao bairro um lugar de destaque
na geografia e na cultura carioca.
Santa Teresa está de volta ao topo
das atrações de quem visita o Rio.
“Daqui a uns três ou quatro anos,
Santa Teresa será o principal bairro
do Rio de Janeiro”, afirma o francês
Damien Montecer, gerente do Hotel
Santa Teresa, o primeiro no Rio a
fazer parte do Relais & Châteaux,
que cota os estabelecimentos que
unem charme e conforto no mundo
inteiro. “Eu mesmo me mudei para
o bairro no ano passado. É um lugar
como nenhum outro no Rio.”
O Hotel Santa Teresa foi
construído a partir da reforma do
antigo Hotel dos Descasados,
um lugar que, como o nome
sugere, servia ao povo saído dos
casamentos que queria morar só.
Foi comprado por franceses e ficou
quatro anos em reforma. Agora tem
suítes de 120 metros quadrados, um
ótimo bar com vista para o centro
da cidade, um restaurante quatro
estrelas e decoração feita de peças
de demolição, azulejos portugueses,
objetos de arte garimpados no país
inteiro – além de um tremendo bom
gosto. É a cereja do bolo de um
bairro que a cada dia investe mais
na hospedagem. De todos os tipos
e preços. Há hotéis, albergues e
pousadas. Foi ali, por exemplo, que
surgiu o primeiro esquema Cama &
Café (versão do conhecido Bed &
Breakfast) no Brasil.
“O turista que visita Santa Teresa
não é o mesmo que vai para
Copacabana ou Ipanema. Ele
vem sabendo exatamente o que
encontrar: uma maneira alternativa
de viver”, diz Carlos Magno, um dos
sócios do Cama e Café, rede que
disponibiliza casas de moradores
para turistas a preços mais baixos.
“Estamos há sete anos no circuito
e só de franceses já trouxemos uns
1500. Em Santa Teresa a gente
passa nas ruas ouvindo um “bom
dia”, um “ó de casa”. É como estar
no interior a cinco minutos do centro
da cidade e das praias.”
De cima para baixo: Hotel Santa Teresa (Lobby, Bar dos Descasados e Suite Júnior) e Casa da Renata (Suite)
36 Revista Herbarium| Agosto 2010
Nós desenvolvemos uma ideia de turismo sustentável que poderia ser modelo. O morador é parte atuante nisso, não está apenas cedendo sua casa,
Para entrar no Cama e Café, a casa tem
que oferecer no máximo três quartos. Os
preços são tabelados entre R$ 100 e R$
220 e o dono tem que estar morando lá.
Atualmente são 40 casas funcionando,
a maior parte delas centenária. A Casa
da Renata é uma delas. São três quartos
disponíveis, internet comunitária, recepção
afetuosa e a chance de tomar o café da
manhã no jardim, acompanhado dos micos
que visitam o lugar.
A dona é uma jornalista que, nas horas
vagas, planeja programas para os seus
hóspedes. Renata Bernandes indica visitas
ao Parque das Ruínas e ao Museu da
Chácara do Céu e, claro, uma circulada
pelos botequins, como o Bar do Gomes,
o Bar do Mineiro e a Adega do Pimenta.
Quando o hóspede quer ir à praia ou
conhecer pontos turísticos como o
Corcovado (a poucos quilômetros dali) ou
o Maracanã, ela é capaz de tirar o próprio
carro da garagem para levá-lo lá. Diz que
conviver com gente de diferentes lugares
tem tornado sua vida muito melhor.
diz Renata, que foi morar no bairro há 17
anos, depois de vender um apartamento
no Leblon. “Não é só no transporte. Nós
já desenvolvemos hortas nos nossos
quintais que forneciam ervas medicinais
para o posto de saúde pública. É cidadania.
O morador de Santa Teresa leva isso muito
em conta.”
Esse morador de Santa Teresa é uma
mistura de artistas plásticos, funcionários
públicos aposentados, hippies de várias
espécies, músicos, gringos de toda a parte
do mundo e, fundamentalmente, pessoas
que adoram morar ali.
GUIA TURÍSTICO DE SANTA TERESA
Onde fi car• HOTEL SANTA TERESA O prédio é uma antiga fazenda colonial reformada para receber um spa, um bar sofi sticado, um restaurante francês e obras de arte recolhidas em várias partes do Brasil. Rua Almirante Alexandrino, 660, tel. (21) 3380-0200, www.santa-teresa-hotel.com. Preços entre R$ 750 (Superior Room) e R$ 2.900 (Loft Suíte)
• CASA DA RENATAHospedaria que funciona dentro do programa Cama e Café (www.camaecafe.com.br), criado no bairro há sete anos. É uma casa antiga e charmosa, com três quartos disponíveis, um deles com ar-condicionado e banheiro privativo. Para quem quer um lugar com o astral do bairro a preços mais em conta. É mais ou menos como fi car na casa de amigos.Rua Almirante Alexandrino, 1086,
tel. (21) 2507-6007, www.casadarenata.com.
br. Preços entre R$ 100 (solteiro no quarto
simples) e R$ 190 (casal em suíte com ar-
condicionado).
Onde comer• APRAZÍVELRestaurante que junta bom gosto, um visual privilegiado da cidade e uma cozinha de alto nível, com variações criativas da culinária brasileira. As mesas fi cam espalhadas nos jardins, pátios, varanda e gazebos. Madonna, quando esteve no Rio em janeiro, jantou (e tomou muita caipirinha!) por lá, antes de descer as ladeiras para assistir a um show no Circo Voador. Um lugar para deixar o tempo passar. Ah!, os preços não são baixos, não. Rua Aprazível, 62 , tel. (21) 2508-9174,
www.aprazivel.com.br. Aberto de terça a
domingo.
37 Revista Herbarium | Agosto 2010
• ESPÍRITO SANTAA chef manauara Natacha Fink serve receitas de todas as regiões do Brasil. Só de arroz há quatro pratos diferentes no cardápio, que também tem opções de peixes e frutos do mar, frango e saladas. Rua Almirante Alexandrino, 264, Largo dos
Guimarães, tel. (21) 2508-7095,
www.espiritosanta.com.br.
• BAR DO GOMESÉ um típico armazém, com suas estantes de madeira e vidro forradas de garrafas de diversas procedências. Um ótimo lugar para tomar um chope gelado ou cerveja de garrafa e comer um dos famosos sanduíches da casa. Tem uma carta de cachaças respeitável.Rua Áurea, 26 (esquina com Rua Monte Alegre),
tel. (21) 2232-0822.
• BAR DO MINEIROÉ, possivelmente, o mais concorrido de todos os botecos do bairro. E é um típico botequim
carioca, com mesas de madeira e mármore,
balcão comprido e frequência animada. A boa
é experimentar o famoso pastel de feijão – ou
então investir na clássica dobradinha prato do
dia e cerveja gelada.
Rua Paschoal Carlos Magno, 99,
tel. (21) 2221-9227.
• BAR DO ARNAUDO
A especialidade é a cozinha nordestina, com
clássicos como carne de sol, feijão de corda,
aipim cozido ou frito e farofa de abóbora.
Rua Almirante Alexandrino, 316, loja B,
tel. (21) 2210-0817.
O que fazer• BONDE
É inevitável: o turista que estiver em Santa
Teresa em algum momento terá que pegar
o bondinho, o único em funcionamento na
cidade. O bonde dá ao turista a chance de
passear por todos os recantos do bairro – dos Arcos da Lapa ao charmoso Largo das Neves. Estação na Rua Lélio Gama, s/n.
Passagem: R$ 0,60.
• MUSEU DA CHÁCARA DO CÉU Uma construção de 1954, abriga obras de Miró, Matisse, Guignard, Di Cavalcanti e Iberê Camargo, entre outros. Além de conferir o acervo, o visitante pode circular pelos belos jardins do museu, que permitem uma visão de 360º da Baía de Guanabara. Rua Murtinho Nobre, 93, tel. (21) 2224-8981.
Entrada: R$ 2. Grátis para menores de 12 e
maiores que 65 anos. Fecha às terças-feiras.
• PARQUE DAS RUÍNASO parque é o que restou do Palacete Murtinho Nobre. Do deque onde está o café tem-se uma vista espetacular de toda a cidade. Só por isso já vale a visita. Rua Murtinho Nobre, 169,
tel. (21) 2252-1039. Grátis.
O lugar foi um dos primeiros pontos de
ocupação dos portugueses que, espertos,
trataram de subir os morros para, dali, ter
uma visão completa da Baía de Guanabara
e dos possíveis ataques de estrangeiros.
A vida do carioca, desde então, sofreu
muitas mudanças, mas o espírito do bairro
permanece o mesmo.
Andar por suas ruas de paralelepípedos
– muitas delas cortadas pelos trilhos do
bonde – é estar em contato com um
outro Rio de Janeiro. As casas têm as
janelas escancaradas para a curiosidade
do passante, os ateliês se abrem ao
visitante (anualmente, em julho, acontece
o Santa Teresa de Portas Abertas), as
rodas de samba e de choro se multiplicam
e o sobe e desce das ladeiras sugere
uma caminhada lenta. Restaurantes
sofisticados como o Aprazível (que
recebeu Madonna em sua última visita
à cidade) e o Espírito Santa vivem cheios.
Os chamados “pés-sujos” também.
O único cinema do bairro abriga,
às vezes, reunião da associação de
moradores, como a que, em março,
juntou gente para organizar um plano
de socorro às vítimas das enchentes e
deslizamentos que afetaram gravemente
o lugar. A coleta de lixo para reciclagem
foi pioneira em toda a cidade e, segundo
a Comlurb, que cuida da limpeza urbana
no Rio, é onde se tem os melhores
resultados. A própria Comlurb fez outra
descoberta sobre o bairro baseada no que
viu no lixo: os moradores de lá são os que
menos consomem remédios na cidade – e
preferem chás e fitoterápicos.
Santa Teresa está tinindo para agradar a
gente como Sophie que, apesar do pouco
tempo ali, já sabe se expressar quase
como uma carioca da gema: “Carrraca!
Bom demais aqui.”
38 Revista Herbarium| Agosto 2010
Keith Haring era um artista que valorizava um público em especial: o infantil. Em 1988, ele presentou sua amiguinha Nina Clemente – a filha de sete anos do pintor italiano Francesco Clemente – com um livro escrito e ilustrado por ele. O Livro da Nina Para Guardar Pequenas Coisas seria lançado nos Estados Unidos quatro anos mais tarde. A ideia da obra era tornar-se um objeto pessoal de Nina, para desenhar, pintar, colar adesivos, fotos dos amigos, lembranças de um dia no circo e até pensamentos – desde que fossem pequenas coisas. O livro ganhou uma tradução brasileira da editora Cosac Naify, que lançou também “Ah, se a gente não precisasse dormir”, uma introdução da obra de Haring para as crianças.
Talvez você não ligue o nome à pessoa, ou melhor, à obra. Mas certamente as figuras coloridas e suingadas acima lhe são bastante familiares. Elas são trabalhos do artista plástico americano Keith Haring, morto há 20 anos em consequência de aids. Para lembrar a data, a Fundação Keith Haring traz ao Brasil uma mostra com 94 obras – incluindo gravuras, litografias e desenhos – que serão expostas nas galerias da Caixa
Cultural (www.caixacultural.com.br). A exposição começa a percorrer o país por São Paulo (de 31/7 a 4/9), segue para o Rio de Janeiro (27/9 a 27/10) e depois deve chegar a Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Brasília, em datas a serem confirmadas. Paralelamente, haverá oficinas de arte específicas para crianças (com a participação de artistas amigos de Haring), além de palestras, vídeos e animações
sobre prevenção da aids dirigidos também a jovens e adultos. Arte com preocupação social era uma das bandeiras do artista, que morreu aos 31 anos. Ele sempre fez questão de levar suas obras às ruas – sua fama começou a crescer com os desenhos a giz feitos no metrô de Nova York nos anos 1980. As figuras deixadas por ele no Muro de Berlim, assim como um painel na Avenida Sumaré, em São Paulo, não existem mais.
ARTE | Keith Haring para maiores e menores
À Nina (e a todas as crianças)
39 Revista Herbarium | Agosto 2010
1985 - 2010 A partir de 2010