Revista MÊS, edição 05

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I M P R E S S O PODE SER ABERTO PELA ECT circulação GRATUITA Editora Mês Ano 1 - nº 5 Junho de 2011 Comportamento Aumento do acesso à internet. Entenda quais os efeitos na vida das pessoas Saúde Inédito no Brasil. Nova técnica para combater câncer de próstata vem do PR Economia Empregos: onde e como achá-los? Encontre as respostas aqui Nossa Casa, nosso Planeta É o despertar para uma nova fase para além da conscientização em defesa do nosso patrimônio: aTerra

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Revista mensal do Paraná. Distribuição gratuita. Para receber, entre em contato com: [email protected]

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Editora MêsAno 1 - nº 5Junho de 2011

ComportamentoAumento do acesso à internet. Entenda quais os efeitos na vida das pessoas

SaúdeInédito no Brasil. Nova técnica para combater câncer de próstata vem do PR

EconomiaEmpregos: onde e como achá-los? Encontre as respostas aqui

Nossa Casa, nosso PlanetaÉ o despertar para uma nova fase para além da conscientização em defesa do nosso patrimônio: a Terra

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Mês do Meio AMbiente. Mais um bom motivo para você

colocar verde nos seus filmes.

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entrevista Monobloco

Em 2000, os integrantes da banda “Pe-dro Luis e A Parede” (Plap) decidiram fundar o Monobloco. Como surgiu essa ideia?

C.A. Ferrari (C.A.F) - O Celso [Alvim] e o Sidon [Silva] já davam aula num lugar chamado Pró-Arte, no Rio de Janeiro, e eles já experimentavam essa formação de tocar, com instrumentos de escola de samba, ou-tros ritmos. E na Parede [Plap] a gente já experimentava isso também. Então, pintou uma oportunidade da gente fazer uma Ofici-na lá em São Paulo, no SESC Vila Mariana. Coube a cada um de nós escrever alguns rit-mos e fazer essa experimentação. No final da semana, a gente teve um show e colocou os alunos para tocar com a gente. Quando a gente voltou para o Rio de Janeiro estava no começo da banda. Então, montar a Ofici-na foi uma forma de não dispersar. Foi um artifício para continuar junto, trabalhando, desenvolvendo nossas ideias.

“Quem bate o martelo, no final de tudo, é o público”

Mariane Maio - [email protected]

Você pode até não conhecer os integrantes, mas provavelmente já ouviu falar do Monobloco. Uma mistura de banda, oficina de música e bloco de carnaval, que em 2010 fez 120 shows pelo Brasil. Os meninos do Rio também ensinam a técnica a centenas de alunos em uma oficina de música e costumam arrastar multidões durante o Carnaval. No último, aproximadamente, 500 mil pessoas seguiram o bloco pelas ruas do Rio de Janeiro (RJ). O grupo, que veio à Curitiba para se apresentar em um Festival de Música (Lupaluna), conseguiu sacudir a galera e colocar samba no pé em muitos curitibanos, apesar do habitual clima frio que fazia naquela noite. Pedro Quental e C.A. Ferrari, dois dos 28 integrantes do Monobloco Show, bateram um papo com a Revista MÊS entre um ensaio e outro, e contaram como surgiu esse fenômeno da música brasileira. A diversão, assim como no show, é garantida!

Jorge Bispo

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“Ninguém esperava que tomasse essa proporção”

Pedro Quental

Defina o que é o Monobloco?

C.A.F - Um bando. [risos] Pedro Quental (PQ) - O Monobloco Show é uma banda, o Monobloco Oficina é uma oficina [de música], que gera um grande bloco e faz quatro ensaios e um desfile no primeiro domingo depois do carnaval.

No início do grupo, Celso Alvim deu uma entrevista e hoje duas declarações chamam a atenção: - “A gente não tem a intenção de gastar o negócio. A ideia é focalizar mesmo na época do carnaval, fazer apresentações esporadicamente e só”. - “Não queremos que ninguém vire músico do Monobloco. E é legal porque cada um pode mostrar o seu trabalho solo dentro do bloco também”.

C.A.F - Dá pra ver que ele estava completa-mente enganado. [risos]

Vocês não pensavam que o grupo toma-ria essa proporção? Quando decidiram mudar de ideia?

PQ - A intenção inicial era essa [não se lançar comercialmente]. Mas no decorrer do ano de 2001 começaram a aparecer muitos convites para shows com formações menores. Aí foi começando a se desenvolver esse conceito que foi o Monobloco Show. O que ninguém esperava é que tomasse essa proporção. C.A.F - O que é o mais legal, porque quan-do você faz as coisas na vida, se ficar pla-nejando muito, o negócio perde um pouco a graça de início. PQ - Essa coisa de ser uma formação dinâ-mica. Nós temos sempre rodízios internos. Se você for contar tem uns 28 trabalhando para ter 19 no palco. Para todo mundo po-der ter – e isso continua dentro do que o Celso falou – a possibilidade de seus tra-balhos paralelos.

Quais os projetos paralelos que vocês es-tão envolvidos?

PQ - Eu tenho meu trabalho solo, Pedro Quental, que eu tô gravando e pretendo lan-çar no início do ano que vem. C.A.F - Eu tô com o Pedro Luis e A Parede e tem outros trabalhos que eventualmente faço.

Já deu pra ver que a agenda de todos é bastante cheia. Como fazem para dar con-ta do Monobloco, trabalhos paralelos e ainda os compromissos sociais e pessoais?

PQ - Nós temos um grupo que é maior que os que estão no palco. No ano passado, o

Monobloco fez 120 shows. Eu fiz 90, mais ou menos. Então eu tive alguns fins de se-mana de folga. É claro que é difícil dar conta dos compromissos pessoais, a gente nunca tem fim de semana. É aquela coisa, família ressente. Tenho filho pequeno. É complica-do, mas a gente tá na chuva para se molhar. C.A.F - Eu sou músico desde que tenho 17 anos. Acho que com o tempo, você vai apren-dendo a dosar. O maior segredo é o equilíbrio.

Qual é a origem do nome Monobloco?

PQ - Remonta ao primeiro disco da Parede...C.A.F - Ao segundo [disco], o É tudo um real. No segundo disco, a gente resolveu fazer algumas faixas com um microfone mono, como se fazia antigamente, com som de bloco. Eu tocava caixa, o Celso também. O Mário tocava surdo, o Sidon o tamborim, o Pedro um chocalho, tocando em volta do microfone. Aí como era em mono, ao som de bloco, ficou monobloco, que também era um nome de chassi de ôni-bus que tinha lá no Rio, que a gente batu-cava. A gente lembrou que tinha esse nome também e falou: ‘bota Monobloco aí’.

Como conseguem manter o consenso en-tre tantos artistas?

PQ - A gente costuma dizer que no ônibus a gente tem a manta. Quando alguém se exalta muito joga-se a manta em cima. Mas isso é brincadeira. Na verdade, a criação e todas as atividades que a gente faz, tem um direciona-mento, que é da galera do Pedro Luis e A Pa-rede, mas tem muita liberdade, principalmen-te, na questão criativa, todo mundo dá ideia de arranjo. E é uma dinâmica que não sei exata-mente como dá certo, mas sei que dá certo. C.A.F - A dinâmica do caos. [risos] Quando você trabalha com pessoas capacitadas e inte-ligentes, que tão entendendo qual é a mecâni-

ca da coisa, o negócio tende a fluir e dar certo. Cada um sabe o seu espaço, que pode dar uma opinião no espaço do outro, em determinado momento, que aquilo não vai ser pessoal.

Como as decisões são tomadas?

PQ - Quem bate o martelo, no final de tudo, é o público. Às vezes, a gente concebe no estúdio uma história: ‘pô, essa música vai estourar no Carnaval e tal’ e nada. C.A.F - A cada show a gente varia o reper-tório. A gente não enjoa, o público não en-joa e continuamos todos felizes.

Vocês não trabalham com composições próprias, mas escolhem músicas conheci-das e dão uma “nova cara” a elas. Por quê?

C.A.F - No primeiro disco de 2002 tem bas-tante coisa autoral. Mas no decorrer do pro-cesso a gente constatou que de certa forma não precisa ficar escravo daquela coisa au-toral, porque a sonoridade do Monobloco é muito particular. Então, qualquer música que a gente pegue vai soar um pouco autoral, por mais antiga, mais conhecida que ela seja.

O ponto forte de vocês em todas essas músicas é a base de uma bateria de esco-la de samba. Como é feita essa releitura?

C.A.F - A Oficina cumpre muito esse pa-pel. Tu começa a entender a orquestração, qual a função de cada instrumento, para quê ele serve dentro daquele contexto. Cultu-ralmente é uma coisa nossa. Não existe em lugar nenhum do mundo, essa orquestração, essa forma de tocar. É basicamente isso, não tem muito mistério.

Quais os estilos de música mais presentes no repertório do Monobloco?

C.A.F - O samba a gente toca muito, tem o funk carioca, com a batida do maculelê, o xote, quadrilha, ciranda, marcha, samba--charme que é uma levada “sambeada”, que a gente toca em uma divisão rítmica ame-ricana. Tem uma quantidade imensa de rit-mos. Tem o congo, que é uma adaptação do ritmo de candomblé, o coco, quebra quilos, que foi um negócio que a gente criou. Tem várias coisas que a gente vai inventando no meio do caminho.

E o que vocês não tocariam?

PQ - O ano passado nós tocamos Bolero de Ravel na avenida, com a bateria com 160 integrantes. Já tocamos Amy Winehouse, Stevie Wonder, tocamos de tudo. A grande R

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Vocês já fizeram show em Curitiba e ou-tras cidades do Paraná. Qual é a aceita-ção do público aqui no Estado?

C.A.F - Espetacular. O primeiro show que a gente fez parecia que a gente tava em casa. Quando acabou o show, o pessoal daqui falou que foi diferente, que o curitibano não é assim não. Eu falei: “aonde a gente chega parece que o pessoal é assim, pra gente não foi estranho”.

O Monobloco já contou com a participa-ção de diversos artistas de renome nacio-nal. Como é tocar com esses artistas?

C.A.F - E é muito legal esse negócio... Você admira muito um cara, o Herbert [Vianna], por exemplo. Eu via show do Paralamas [do Sucesso] de moleque. E, de repente, tô no palco junto com ele. É gratificante.PQ - É emocionante também. E desmitifica aquela coisa que a gente tem do fã, do artista.

O Monobloco virou sucesso nacional, já ampliou suas fronteiras, com shows e oficinas fora do País. Por quais países já passaram levando o nome do Brasil?

PQ - O monobloco já foi para o Reino Unido – Irlanda, Escócia, Inglaterra –, Nova Zelândia, Austrália, Japão, Portugal. Acho que agora, no meio do ano, a gente tá indo pro Marrocos.

Como essa música tipicamente brasileira é aceita fora daqui?

PQ - Tá tendo um movimento muito grande de batucada no mundo inteiro. Tem grupo cover do Monobloco, na França.

“A música é uma forma de expressão”

C. A. Ferrari

parada é não ter preconceito. Você tem de ter um conceito musical, um estilo, achar uma veia e atacar. C.A.F - A música é uma forma de expressão, então se você começa: “ah, porque isso não toco”, você já está tachando como se fosse inferior ao que você faz. A música cumpre uma função justamente inversa. Ela é agre-gadora. Você tem de executar essa capacida-de de se adaptar as situações. Você tem de estar aberto às experiências musicais.

O que não falta em nenhuma apresenta-ção de vocês? O que a galera mais pede?

C.A.F - Animação, esculhambação, isso aí não falta. Ah, Taj Mahal, Fio Maravilha e País Tropical. Tim Maia e Jorge Ben são nossos orixás maiores, os nossos guias.

São daí que vêm as referências musicais do Grupo? C.A.F - A gente deu uma sorte danada, por-que na nossa época, você ligava o rádio e tocava muita música brasileira que era de boa qualidade, não que essa de hoje em dia não seja, é diferente. Tocava o disco inteiro do artista. A gente vem com uma variedade de informação muito grande. PQ - Vou parafrasear o Lobão. “Sou mú-sico, não sou engenheiro, sou popular, não sou erudito, sou brasileiro, não sou chinês. Faço música popular brasileira”.

Você considera que o grupo conseguiu resgatar de forma a popularizar o valor do samba para o brasileiro?

PQ - O samba nunca saiu das paradas de su-cesso. Se você for pegar desde o Donga pra cá tem sempre um sambista no topo das paradas. C.A.F - O samba foi o primeiro ritmo a se consagrar como ritmo brasileiro. Acho que a gente veio na carona. O samba é uma coi-sa popular, barata. É igual jogar bola. Bota dois chinelos de cada lado e já é futebol. PQ - Isso [futebol] é fácil pra gente tam-bém, porque são 26 homens viajando na estrada. De vez em quando aparece um des-campado, uma bola e acabou.

Vocês param para jogar?

PQ - Na estrada não, mas quando tem umas duas ou três horas de intervalo entre uma passagem de som e o horário do show e tem um campo no hotel...

E o Monobloco é bom de bola ou só engana?

PQ - Tem os bons e tem os que enganam. C.A.F - A gente é melhor tocando. [risos]

C.A.F - Lá fora a música brasileira sempre foi muito bem recebida. Eles são extrema-mente receptivos e muito curiosos a respei-to da cultura brasileira. Você vê o amor, o carinho que eles têm pelas coisas do Brasil. Chegar ao Japão e ver o povo cantando em português. Até sambando! É emocionante.

O grupo gravou CD em 2002, 2006 e 2010. Já estão preparando o próximo trabalho?

PQ - Os trabalhos estão sempre sendo pre-parados... Como o repertório é muito dinâ-mico, a gente tá sempre botando músicas novas e acaba testando coisas para os pró-ximos trabalhos. C.A.F - A gente tem três ideias de próximas coisas para acontecer. Uma que eu posso te assegurar – [porque] as outras ainda não chegamos a conclusões definitivas – é que a gente pretende aos poucos ir lançando músicas separadamente, independentemen-te, de ter um trabalho, disco, DVD. Pra ir esquentando. E quando vier esse próximo trabalho já ter alguma coisa na cabeça. Hoje em dia com a internet, não tem mais a necessidade de você ter um material físi-co. Mas tem outras duas coisas que eu vou guardar para surpresa.

Não tem como a gente saber?

C.A.F - Surpresa é surpresa. Você vai ver.

Estão preparando novidades para o pró-ximo Carnaval?

PQ - Isso aí... Ah! Todo ano. A Oficina, esse ano, começa agora em junho e segue até o carnaval. Nesse processo da oficina é que gestamos grande parte dessas novidades. É muito dinâmico. C.A.F - O carnaval sempre traz surpresas instantâneas no ato. [risos] A gente não cos-tuma planejar muito as coisas do carnaval. Tem dado certo e eu acho que é bacana essa coisa de um dia ser de um jeito, no outro pode ser completamente diferente. E a pla-teia ficar surpresa.

Quais são os planos do grupo para o futuro?

PQ - Acho que é continuar fazendo a ale-gria dos outros. A nossa ideia sempre foi essa, botar o povo pra dançar e correr esse País quantas vezes for possível.C.A.F - Pro futuro? Durar mais uns 50 anos.PQ - A fundação da velha guarda está próxima.C.A.F - Ô! Eu já, já, já tô com uma dor no joelho aqui. Daqui a pouco, eu boto a minha cadeirinha ali, meu chapeuzinho...

1 ddni.5.62 x 2.02 airadaP oicnunA 13/01/11 11:36

PANETTIEREAv. Cândido Hartmann, 3515Sto Inácio / Curitiba

PRESTINARIARua Euclides da Cunha, 699Bigorrilho / Curitiba

BABILÔNIAAl. Dom Pedro II, 541Batel / Curitiba

REQUINTEFrancisco Rocha, 1809Champagnat / Curitiba

Rua Recife, 34Cabral / Curitiba

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MATÉRIA DE CAPA 14

MEIo AMBIENTE: DA CoNSCIENTIzAção PARA A Ação

4 ENTREVISTA

12 MIRANTE

20 CoLUNA

21 MENSAgENS DoS LEIToRES

25 5 PERgUNTAS PARA: LEANDRo KRUg BATISTA

64 LIVRoS

65 ÁLBUNS

66 oPINIão

67 FoTogRAMA

CIDADES 22 BAIRRo, SINôNIMo

DE oPoRTUNIDADES DE NEgóCIoS

ECoNoMIA34 o PULo Do gATo

EDUCAção30 o APRENDIzADo EM

DUAS LíNgUAS

SAÚDE32 NoVo ALIADo CoNTRA o

CâNCER DA PRóSTATA

INTERNACIoNAL40 PALESTINA EM DIAS DE PAz?

CoMPoRTAMENTo42 CoNECTADoS EM BUSCA DE MAIS INTERAção

44 A IgUALDADE NA DIFERENçA

TURISMo48 o CAMINho Do VINho E oUTRAS DELíCIAS

PoLíTICA18 A CARA DoS FANTASMAS

20 A óTICA PARANAENSE SoBRE A REFoRMA PoLíTICA

CULINÁRIA E gASTRoNoMIA50 NoSTALgIA E BEM-ESTAR à MESA

sumárioEditora MêsAno I – nº 5Junho de 2011

ESPoRTE52 CoPA 2014: AINDA No PAPEL

CULTURA E LAzER54 PULMão VERDE No CENTRo DE CURITIBA

MEIo AMBIENTE50 PRojETo BEM ILUMINADo

AUToMóVEL62 Honda “cidade” em grande estilo

MoDA E BELEzA56 PoR DENTRo DA CASA CoR PARANÁ

TECNoLogIA26 o TEMPo ToDo oN LINE

28 A MULTIPLICAção DAS ANTENAS

AgRICULTURA38 MAIS QUALIDADE No

LEITE BRASILEIRo

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omo numa árvore frondosa e frutífera, assim será a edição deste MÊS. Lo-calizada em um lugar qualquer no Paraná, ela nos inspirará para mudar o

comportamento e partir para a ação em prol de um mundo melhor.

Vai nos encher o olhar, com as cores e novidades da Casa Cor Paraná 2011, que a MÊS antecipa para você. Vai também refrescar nossa memória em relação aos casos de preconceito que ainda persistem nos dias de hoje. Assim como, vai nos conectar ao meio, seja com os smartphones, tablets ou ainda no acesso à TV por assinatura. Nesse contexto, chegou também uma nova forma de comportamento, o qual leva as pessoas da internet para as ruas, numa integração e mobilização por causas maiores.

Ao redor dessa árvore será possível ver os novos tempos na agricultura, com o aumento da qualidade de vários alimentos, incluindo o leite nosso de cada dia. Já os frutos dela, trarão sabor ao apresentar o aconchego da nova tendência da gastronomia chamada Comfort Food e seus frutos também já são vistos na área econômica. A MÊS vai te levar a novas perspectivas em sua carreira, com dicas sobre a nova situação de empregos no País, na editoria de Economia.

E como essa árvore não é igual às outras, os próximos frutos, só serão vistos daqui a três anos, com o início da Copa do Mundo, no Brasil. Curitiba está selecionada como uma das cidades-sede. Mas será que deixará legados (frutos) importantes para os paranaenses? A MÊS foi averiguar os preparativos para a competição.

Quer viajar? Também é possível. Por entre os galhos dessa árvore, você conhecerá os Caminhos do Vinho, um traçado no município de São José dos Pinhais (PR), que a equipe da MÊS fez questão de conferir de perto.

Já as flores desse exclusivo exemplar da mata, você encontra numa floricultura mais próxima em seu bairro. Aliás, se não tiver uma perto de você, ta aí uma grande oportunidade de negócio. Veja o porquê na reportagem sobre as tendências e potencialidades dos principais bairros de Curitiba.

São tantas as faces dessa grande árvore, são tantas as riquezas que ela traz, que nem é possível exemplificar todas. Por isso, a mensagem principal é: vamos cuidar desse patrimônio! É o recado da matéria de capa, que você confere já nas primeiras páginas. Plante por aí essa ideia. Espalhe essa semente.

Ao final, sente-se ao pé dela para curtir um lindo pôr-do-sol, clicado em São Luis do Purunã (PR) e apresen-tado no Fotograma desta edição.

Boa leitura!

editorial

expedienteA Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da redação: Rua Comendador Araújo, 565, Centro – Curitiba (PR) Fone/Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: [email protected]

REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr. e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Olivei-ra; Departamento comercial: Sandro Alves / [email protected] – Fone: 41. 3223-5648; Produção gráfica: Posigraf; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Wallace Nunes, Eduardo Bentivoglio e Laurentino Gomes

Espalhem as sementesC

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Richa INo início do mês passado, o governador Beto Richa (PSDB) sofreu um momen-to de grande susto. O helicóptero que utilizava para realizar um deslocamento na cidade de São Paulo foi obrigado a fazer um pouso forçado no aeroporto de Campo de Marte, no bairro Santana, também na capital paulista. Segundo informações obtidas junto a pilotos em Congonhas, teria havido uma pane mecânica, o que obrigou a aeronave a pousar logo após a decolagem.

gleisi na Casa CivilA paranaense mais votada nas últimas eleições, a senadora Gleisi Hoffmann (PT), ficou com a responsabilidade de gerenciar o Governo Federal a partir da Casa Civil da Presidência da República depois da saída de Antonio Palocci (PT) no último dia 07. A presidenta Dilma Rousseff escolheu Gleisi para coordenar as atividades desse que é um ministério estratégico para o governo por conta das suas capacidades política e como gestora. O Paraná ganha assim mais um ministério. Tem Paulo Bernardo e também Gilberto Carvalho que têm relações com o Estado.

Agora parece que vaiAs movimentações políticas em Foz do Iguaçu dão sinais de que o atual Pre-sidente de Itaipu Binacional, Jorge Samek (PT) deverá mesmo ser candidato a prefeito. As articulações buscam montar uma grande aliança em torno de sua candidatura. Joga a favor de Samek a sua interlocução com os mais variados partidos da cidade.

PSD surge no ParanáO Partido Social Democrático (PSD), ideali-zado pelo prefeito de São Paulo Gilberto Kas-sab (ex-DEM), já fez suas primeiras conquis-tas em solo paranaense. O deputado federal Eduardo Sciarra (ex-DEM) e o deputado estadual Ney Leprevost (ex-PP) já assumi-ram a nova legenda e estão trabalhando para trazer novas lideranças para o novo partido. O objetivo é alavancar o partido no Estado a partir de um nome forte nas próximas eleições para Prefeitura de Curitiba. O convite para o ex-deputado Gustavo Fruet já foi feito. De olho nessa vaga também está Fábio Camargo, que deve sair do PTB em breve.

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Plano Nacional de EducaçãoO Plenário Aníbal Curi na Assembleia Legislativa do Paraná foi palco de um importante debate no último dia 6 de junho. Organizado pelo deputado federal Angelo Vanhoni (PT) - ex-presidente e membro da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, o evento debateu o projeto de lei que instituirá o Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020. O projeto foi encaminhado ao Congresso Nacio-nal pelo Ministério da Educação no final de 2010. Participa-ram das discussões políticos, representantes dos professores, de pais e de estudantes.

Richa IISegundo fontes ligadas a empresas que alugam helicópteros em Congonhas, o voo do governador seguiria para um pré-dio na região do bairro Pinheiros, Zona Oeste da cidade. Conforme a assessoria de imprensa, o governador do Paraná estava em São Paulo para uma consulta médica no Hospital Albert Einstein e de lá decolou para um almoço com a direção do banco de investimentos BTG Pactual. No final da tarde, Beto Richa retornou para Curitiba.

Richa IIIPessoas ligadas ao governador têm dito que no momento do incidente, o governa-dor estava acompanhado de um assessor. Ninguém, contudo, revela o nome de tal assessor. Se era uma viagem cumprindo uma agenda de governo é importante que a sociedade saiba quem acompanhava o governador. Assim como é importante também que saibamos quais os motivos da viagem, na conversar com a direção do banco PTG Pactual e o porquê de ir de he-licóptero. São dúvidas que ainda persistem.

ElEiçõEs: PrEfEitura

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“O deputado sempre posa de paladino da justiça. Ele tinha que ser o mais correto de todos. Ele é sempre o primeiro a denunciar a desgraça alheia, agora, vai se ver”

Deputado estadual, Reinhold Stephanes Júnior (PMDB).

Exportação para a RússiaRecentemente, o Paraná foi proibido de exportar carnes para a Rússia. Essa decisão do governo russo pode trazer prejuízos para a exportação paranaense da ordem de US$ 100 milhões por ano. O maior problema está com a carne suína que, segundo a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, é o setor mais sensível no Estado e terá um maior impacto econômico sobre o produtor e indústrias locais. O secretário Norberto Ortigara declarou-se surpreso e preocupado com a medida da Rússia.

Detran mais ágilAlguns serviços que antes tinham de ser pedidos pessoalmente no Detran do Paraná agora podem ser feitos pela internet. Desde o mês passado, quem precisa pedir a segunda via do certificado de registro ou da carteira de habilitação, fazer o licenciamento do veículo ou pedir a emissão definitiva da CNH não precisa mais sair de casa. É só entrar no site do órgão (www.detran.pr.gov.br), preencher o formulário, imprimir o boleto e fazer o pagamento. O documento será entregue pelos Correios.

“Quem fez a acusação vai ter que provar. Ele deve ter essas notas frias e algum comprovante de que esse dinheiro foi parar na minha conta. Se não, é muita irresponsabilidade, é burrice”

Deputado estadual, Tadeu Veneri (PT).

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Catástrofes naturais, mudanças climáticas, o lixo urbano; são temas que levam a sociedade a pensar sobre a importância da preservação a partir da mudança de comportamento

Terra tem reagido mostrando esse dese-quilíbrio. Tragédias naturais: enchentes, furacões, tsunamis, extinção de animais, entre outros prejuízos já são protagoniza-dos. É o momento de traçar o caminho em que as pessoas vão seguir: continuar a au-todestruição ou preservar para sobreviver.

Áreas preservadasFoi pensando no segundo caminho, que o agricultor José Orlando Crema começou a investir na recuperação da mata de sua propriedade em Bocaiúva do Sul (PR). A inspiração, segundo ele, veio do pai que foi um “amante da natureza”. Hoje, a área herdada é de preservação, a qual Crema tem muito orgulho. Para ele, é preciso que o homem passe a ver a natureza como um

matéria de capa

Meio Ambiente: da conscientização para a ação

Iris Alessi - [email protected]

esde os primórdios, o homem sempre dependeu da natureza e precisou saber conviver com ela. Afinal, estava em jogo

sua própria existência. A capacidade de dominar os recursos naturais e canalizar para benefício próprio foi o grande dife-rencial dos seres humanos em relação a outros animais. Mas por muitos séculos, o homem utilizou esses recursos, como se fossem inesgotáveis. É o momento de escrever a história reversa. Devolver esse patrimônio, sob penalidade de não garan-tir a própria sobrevivência.

Assim como na simples Lei de Newton, no Princípio de Ação e Reação, o planeta

Dpatrimônio e não como uma reserva de re-cursos exploráveis.

“Os recursos estão se acabando e você tem de encarar como patrimônio. Tem de pre-servar. Preservar a natureza não é uma op-ção hoje, é uma exigência, uma questão de sobrevivência da humanidade”, ressalta.

O agricultor participa do programa Des-matamento Evitado, da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), que incentiva e inves-te para que os proprietários mantenham suas áreas preservadas. Crema se orgulha ao contar que a área – que tinha uma par-te preservada e árvores centenárias – foi completamente reflorestada com árvores nativas do Paraná. “Eu plantei mais de 30

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Hoje vivemos um período de transição,

diz Moreira

Meio Ambiente: da conscientização para a ação

mil pés de araucária”, conta o agricultor que já está na segunda geração do plantio.

Em sintonia com a natureza, Sérgio Cze-lusniak e sua esposa Lindamir Czelus-niak, também têm uma propriedade que participa do programa. O casal da região de Irati (PR) enfatiza a importância de ter áreas preservadas em propriedades rurais. Segundo Sérgio Czelusniak, a terra sem a proteção “fica mais fraca. Você não vê um bicho. Não ter uma árvore na tua pro-priedade, você não tem uma água na tua propriedade, ela fica inviável”.

Mudança de comportamentoPara o CEO da HSBC Seguros, Fernando Moreira, um dos apoiadores desse progra-ma, “as mudanças climáticas, a preocupa-ção com a renovação de nossas fontes de energia e a redução na emissão de gases do efeito estufa exigem que governos, empresas e que cada ser humano cumpra suas responsabilidades para o futuro do planeta e para a preservação da vida”.

A relevância da mudança de comporta-mento das pessoas em relação à conserva-ção ambiental é um tema que deve ser ob-servado de perto também pelas empresas. De acordo com Moreira, a necessidade de as empresas olharem para fora de seus muros já existe há tempos, mas hoje vive-mos um período de transição que passa da conscientização para a ação. “É necessá-ria uma importante mudança na consciên-cia das pessoas e nas atitudes e ações das organizações [...] É essencial que todas as empresas percebam essa evolução”, res-salta o CEO do HSBC.

Essa postura no mundo corporativo é o que defende o diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educa-ção Ambiental (SPVS), Clóvis Borges. Para ele, as empresas precisam entender que não é assunto somente para empresas que trabalham com isso por negócio, mas todas têm de dar sua contribuição para o meio ambiente. “Caso contrário, a conta não fecha. [...] E hoje se a gente fizer uma curva de crescimento com base nos índices de consumo, de aumento de população e de uso dos recursos naturais em 50 anos, a gente precisa de alguns planetas para dar conta desse consumo”, enfatiza Borges.

Para o estudante Evandro, são os movimentos da sociedade civil organizada que podem reivindicar mudanças

PoLíTICA

Sem data para a votação na Câmara Fe-deral, o novo Código Florestal continua gerando polêmicas em todos os cantos do País. O novo texto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ainda tem muitos pontos polêmicos como a moratória para desmatamento, redução de Áre-as de Preservação Permanente (APPs), isenção de pequenos produtores para ter a Reserva Legal. O tema extrapolou o campo da discussão entre ambientalistas e ruralistas e ganhou as ruas, levando dezenas de pessoas a protestar.

Uma dessas manifestações aconteceu no centro de Curitiba. Cerca de mil estu-dantes, principalmente da Universidade Federal do Paraná (UFPR), caminharam pela rua XV de Novembro, no centro da cidade, para protestar e também alertar a população contra os possíveis prejuízos que a redução de áreas de preservação poderá causar.

Um dos participantes, o estudante de Agroecologia da UFPR, Evandro Ricardo Ramos, considera de suma importância a participação da população nesse processo. “São os movimentos que podem reivindi-car algumas mudanças”, diz Ramos.

Quem também participou da mani-festação foi a doutora em Zoologia e professora da UFPR, Liliani Tiepolo. “Quando uma Universidade como a UFPR – a mais antiga do Brasil – se posiciona contra o projeto de alteração dessa lei e considera de extrema rele-vância para toda a sociedade, que pode se guiar para também buscar um posi-cionamento crítico”.

Para a doutora, há inúmeros pontos preocupantes na proposta que está em discussão. Um deles é a redução das Reservas Legais na região amazônica e no cerrado, ecossistemas essenciais

para o País e o planeta. Segundo Liliani, a vocação dessas regiões é para a pre-servação de florestas e não deveria ser utilizada para outros fins.

Outro ponto que ela aponta como deli-cado é o uso das APPs. “Nem precisa-mos de muitos exemplos para rebater uma mudança na lei sobre este aspecto, vide os acontecimentos trágicos que têm marcado o Brasil em cada chuva forte de verão. As áreas de risco são áreas de preservação permanente, não devem ser ocupadas”, enfatiza Liliani.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que esteve em Curitiba para dialogar com agricultores familiares e com empresários sobre o substitutivo do Código Florestal, afirmou que é preciso ouvir e avaliar as opiniões dos diversos setores para verificar se o caminho que está sendo tomado é melhor para o País. “Nós estamos num esforço de diálogo e de construção de um caminho de con-vergência. Então, o processo hoje no âmbito do Governo é entendermos as diferenças e os desafios que todo o País coloca”, afirma Izabella.

Segundo a ministra, há diferentes situ-ações nessa questão nos diversos esta-dos brasileiros. “Nós temos discussões distintas no ponto de vista da biodiver-sidade e também da própria dinâmica da agricultura”. Izabella também ressaltou a importância da discussão do código nas áreas urbanas que, por muitas vezes, acaba sendo pouco discutido.

O debate sobre as propostas deve se es-tender ainda por algum tempo até ser aprovado por completo e ainda, obter a sansão presidencial, podendo também sofrer alterações. Até o fechamento des-ta edição, o projeto estava no Senado sem data para votação.

Novo Código Florestal reacende debate

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matéria de capaco, não tem disponibilização de alimentos, não tem conservação de solo”, afirma.

A ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que esteve em Curitiba recen-temente também reafirma essa preocupa-ção. Além de pensar em desenvolvimen-to, é preciso “olhar para o futuro”, porque sem os recursos naturais, a agricultura não vai se desenvolver. Sem proteger a biodiversidade, sem fazer uso de instru-mentos econômicos mais modernos que permitam aumentar a renda daqueles que tenham a floresta na sua terra, por exem-plo”, pondera Izabella, que defende o reconhecimento de propriedades que pre-servem florestas.

Programas de açãoA ação em prol da preservação e mudan-ças de hábitos deve ser feita em conjunto com a sociedade, governos, empresas e terceiro setor. Muitas ações são cobradas dos governantes, mas todos precisam es-tar envolvidos nesse processo.

Segundo o secretário Estadual de Meio Am-biente e Recursos Hídricos (Sema), Jonel

Rob

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Jr.

EMPRESAS

O acesso dos consumidores a mais infor-mações tem exigido das empresas uma mudança de comportamento com relação às questões ambientais. Muitas mudan-ças têm sido promovidas internamente pelas empresas, como a busca de pro-dutos sustentáveis, redução no consumo interno, reutilização de recursos, entre outros aspectos, por força dessa maior conscientização ambiental.

De acordo com o CEO da HSBC Segu-ros, Fernando Moreira, os consumidores hoje estão muito mais atentos e exigen-tes com as atitudes e responsabilidades das empresas. “As notícias se espalham rápido e qualquer discrepância entre discurso e prática da empresa pode virar notícia e causar um impacto muito ne-gativo para a imagem da mesma. E isso é uma ótima força que atua a favor da

Mudanças no mundo corporativo

Cerca de mil estudantes participaram de manifestação, em Curitiba, contra o novo Código Florestal

prática da sustentabilidade. Acredito que o tema tenha evoluído a tal ponto que praticar sustentabilidade se tornou pré--requisito para qualquer organização”, diz o CEO.

Essa mudança de comportamento levou à concessionária da Servopa a construir uma revenda de carros sustentável, em Curitiba. “Os tempos mudam e nós tam-bém devemos mudar. Então a sustenta-bilidade que há 10, 15 anos a gente não se preocupava muito com isso, hoje é uma obrigação de todos nós”, salienta o presidente do Grupo, Hans Voswinckel.

Para Voswinckel, apesar de este ser um processo lento, com custos, ele observa que o consumidor consciente valorizará as ações realizadas pelos empresários voltadas à preservação.

O diretor da SPVS analisa também a manu-tenção do chamado patrimônio natural, pois é desse bem que dependemos para sobre-

viver. “Se você não tiver processos ecoló-gicos com essa junção de espécies, você não tem água, não tem equilíbrio climáti-

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Nazareno Iurk, está em desenvolvimento um programa que tem como conceito a pro-teção associada a estudos de mudanças cli-máticas no Paraná. O intuito é desenvolver projetos nas indústrias para a redução e neu-tralização de emissão de carbono do proces-so de produção. “A razão desse programa é de conscientizar o setor produtivo para que possa haver uma neutralização dessas ações exatamente ajudando na questão da biodi-versidade”, afirma o secretário.

Outro programa da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos em parcei-ra com escolas visa levar as crianças para visitas regulares em áreas de preservação para que elas possam ter, em campo, in-formações sobre temas relacionados à biodiversidade. Atualmente, segundo a Secretaria de Meio Ambiente, o Paraná tem um pouco mais de dois milhões de hectares de áreas protegidas, o que equi-vale a 10,10% da área total do Estado.

Mais um ponto frágil na questão ambien-tal, de acordo com o secretário, está re-lacionado ao lixo urbano. Segundo Iurk, muitas das cidades paranaenses ainda não têm aterros sanitários para uma destina-ção mais adequada para o lixo. O secre-tário avalia que a nova lei de resíduos sólidos, aprovada no final de 2010, trará novas responsabilidades e mudanças de comportamento, tanto para o consumidor quanto para as empresas. “Traz uma novi-

dade que é a questão da logística reversa”, no qual o fabricante tem a obrigatoriedade de fazer a destinação correta do lixo que produziu. Para o secretário é o momento em que “todas as pessoas [...] devem fazer um exame de consciência e prestar aten-ção em seus próprios hábitos”.

Destinação de resíduosA separação e reciclagem dos resíduos já vêm sendo colocada em prática em São José dos Pinhais (PR). No mês passado, o município inaugurou a Central de Tria-gem e Valorização de Resíduos constru-ída para dar destinação correta ao lixo reciclável e gerar renda para comunida-des de catadores de lixo. Para a secretária Municipal de Meio Ambiente, Edilaine Vieira, essa é “a questão do século”.

“Quanto menos lixo reciclável for pro aterro, maior é a vida útil deles e maior a preservação do meio ambiente”, ressalta a secretária. Com a Central, Edilaine espe-ra duplicar a quantidade de lixo reciclável coletado, que atualmente é de 200 tonela-das por mês.

As preocupações ambientais já não são mais temas apenas de conversas de am-bientalistas. Essa pauta está em alta e já faz parte da vida das empresas, das escolas e do dia a dia dos governos. A ação é que pre-cisa se intensificar em todas as áreas.

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Faça o teste e descubra se você faz sua parte na preservação do Meio Ambiente. Seja sincero(a):

VoCê FEChA A ToRNEIRA ENQUANTo ESCoVA oS DENTES? 1. Sim

2. Não

3. ÀS vEzES

VoCê DESLIgA ToDAS AS LUzES, QUANDo Não ESTÁ No AMBIENTE? 1. Sim

2. Não

3. ÀS vEzES

VoCê SEPARA o LIxo RECICLÁVEL? 1. Sim

2. Não

3. ÀS vEzES

VoCê TENTA UTILIzAR VEíCULoS ALTERNATIVoS No DIA A DIA PARA SE LoCoMoVER, EM VEz Do CARRo? 1. Sim

2. Não

3. ÀS vEzES

EM SUA ALIMENTAção, VoCê PRIoRIzA ALIMENToS NATURAIS EM DETRIMENTo DoS INDUSTRIALIzADoS? 1. Sim

2. Não

3. ÀS vEzES

RESULTADO• Se você assinalou SIM em mais de três respos-tas. Parabéns! Você já começou a fazer sua parte. • Se você assinalou NÃO em mais de três res-postas. Sinal de alerta. Você está ajudando a destruir o Planeta. Repense suas atitudes. • Se você assinalou ÀS VEZES em mais de três respostas. Melhore. Você pode contribuir mais com o Meio Ambiente.

VidA pessoAlComo voCê SE Comporta No dia a dia

O agricultor Crema mostra orgulhoso uma das árvores centenárias de sua propriedade

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política

Assembleia Legislativa do Paraná (Alep-PR) já foi pal-co de muitas investigações de funcionários fantasmas. São

nomes que vêm e vão, sem nunca terem trabalho na Casa de Leis. O último alvo dessa suposta prática é nada mais nada menos, que o presidente da Casa, o de-putado Valdir Rossoni (PSDB), velho co-nhecido da política paranaense. Teve seu primeiro mandato ainda em 1990.

Mesmo antes de Rossoni assumir a cadei-ra de mais destaque e holofotes da Casa – como presidente – já estava sendo inves-tigado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), sob a liderança do procurador--geral de Justiça do Estado do Paraná, Olympio de Sá Sotto Maior Neto. “Os procedimentos investigatórios referidos e relacionados à existência de funcionários fantasmas no gabinete do deputado Valdir Rossoni tiveram início ainda em junho de 2010 [...]”, comunica o MP.

O caso está, atualmente, nas mãos do pro-curador de Justiça, Arion Rolim Pereira, coordenador do Centro de Apoio Opera-cional das Promotorias de Justiça de Prote-ção do Patrimônio Público, que informou – por meio de sua assessoria de imprensa – que o MP não vai repassar informações sobre casos que ainda estão em andamen-to e que as situações já apuradas viraram ações civis públicas e denúncias criminais.

VisibilidadeO escândalo mais recente foi protagoni-zado no mês de abril e continua repercu-tindo, quando veio a público que a mãe de seu homem de confiança, Altair Car-los Daru, a senhora Hellena Luiza Valle Daru, teria trabalhado no gabinete do de-putado entre 2003 e 2005. Teria, verbo

A cara dos fantasmasSupostos funcionários fantasmas do gabinete de Valdir Rossoni (PSDB) são apresentados, mas investigação ainda não foi concluída pelo MP

A

Com o mesmo discurso de “transparên-cia”, o deputado Valdir Rossoni, tão logo das denúncias divulgadas pela imprensa, afastou Daru, que era diretor administra-tivo da Assembleia. Depois levou docu-mentos que, segundo Rossoni, comprova-riam sua inocência e deixou a cargo do MP investigar.

Em sua defesa, Valdir Rossoni, dizia que era prática comum, quando antigos dire-tores colocavam funcionários lotados no

Roberto Dziura Jr.

Arieta Arruda - [email protected]

“ter” na condicional, pois Hellena Daru declarou à imprensa de que nunca traba-lhou no gabinete do agora presidente da Assembleia Legislativa.

Logo depois dessa denúncia, a oposição procurou Rossoni para buscar explica-ções. “Para nós [oposição] é uma denún-cia muito séria. Pois há um trabalho cole-tivo de deixar a casa mais transparente”, declara o deputado Enio Verri (PT), presi-dente da Oposição.

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gabinete de outro deputado, sem que o mesmo tivesse conhecimento. “Fico sur-preso que os parlamentares não tenham denunciado. Ao acatar essa prática, es-tão acatando a irregularidade”, comentou Enio Verri.

Quase baixando a poeira do “caso Daru”, estoura outra bomba. Vem novamente ao conhecimento da opinião pública de-núncias anônimas levadas ao MP de que Rossoni supostamente teria escondido mais 13 funcionários fantasmas em seu gabinete entre 2003 e 2010. Eram mais rumores. Fato este que levou a estreme-cer o relacionamento entre as instituições: Assembleia Legislativa e o Ministério Pú-blico do Paraná.

“Pode até abalar [a relação], mas eu não posso deixar meu nome ser jogado na lata do lixo. Estou lutando não apenas pela mi-nha honra, mas pelo que nós estamos fa-zendo pela Casa”, afirmou Valdir Rossoni.

Sob investigaçãoNo alvo agora estão mais de mil funcio-nários da Casa de Leis, que teriam recebi-do dinheiro e não teriam dado expediente no período investigado (de 2003 a 2010). São centenas de inquéritos que apuram os servidores da Alep. Treze pessoas foram apontadas como sendo do gabinete do de-putado Valdir Rossoni.

“O procurador recebe uma denúncia anô-nima, vaza isso. De repente você é es-crachado nos jornais. Gostaria que fosse feita as investigações e se culpado fosse, naturalmente, poderia ser tornada pública [a decisão]”, disse Rossoni sobre as acusa-ções anônimas que ganharam destaque nas páginas de jornal e em toda a imprensa.

Após o leite derramado, o presidente le-vou ao conhecimento dos deputados e da imprensa, no dia 16 de maio, o rosto de 11 funcionários que estão indicados como supostos fantasmas, sendo que uma funcionária não compareceu ao encontro, Carla Roberta Silveira, que apresentou atestado médico, e Nativo Burgel, que trabalhou entre 1999 e 2008, e faleceu aos 46 anos de idade, no ano passado.

Mesmo antes de Rossoni assumir a cadeira de

presidente da Assembleia, ele já estava sendo

investigado pelo Mp-pR

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CoNhEçA o NoME DoS SUSPEIToS A FANTASMAS

Lista dos apontados como funcionários que recebiam e não trabalhavam no gabinete do deputado Valdir Rossoni (PSDB). Eles foram apresentados no dia 16.05.2011, na Alep-PR, para a imprensa e ao Conselho de Ética da Assembleia: (na ocasião não puderam ser feitas imagens das pessoas)

Atualmente, somente quatro funcionários mencionados nas investigações continu-am trabalhando com o deputado. Segun-do Rossoni, um deles é tesoureiro, outro, diretor de finanças, e dois deles são as-sessores parlamentares que trabalham em seu gabinete.

Com essa iniciativa, o presidente da Casa julga que os esclarecimentos estão feitos. “Fica mais transparente, fica mais fácil. Trago, apresento e corre em paralelo a investigação”. Nem tão simplista assim, as investigações vão caminhar conforme a morosidade do Poder Judiciário.

Dentro da Assembleia Legislativa não foram abertas sindicâncias para apurar

os casos de funcionários fantasmas, por isso, tudo agora ficará a cargo do Mi-nistério Público. Procurado pela Revista MÊS para informar o andamento do “caso Daru” e também dos outros supostos fan-tasmas, o MP informou somente que “re-afirma-se o dever do Ministério Público do Estado do Paraná de atuar na defesa do patrimônio público, promovendo as me-didas necessárias à sua garantia, na pers-pectiva da construção de uma sociedade livre, justa e solidária”.

Agora é acompanhar e aguardar para ver as cenas dos próximos capítulos dessa história de terror, que já teve fantasmas, desvio do dinheiro público e os vilões ainda não foram punidos.

Mariana Rossoni* ...............................................................................2003 a 2006 * Filha do deputado, que à época se valeu da não proibição de contratar familiares para trabalhar no gabinete de seu pai

Roberto Costa Curta .....................................................................2007, 6 mesesSérgio Brun ...........................................................................................desde 2004Francisco gaida jr. ............................................................................2001 a 2006Ari Valdecir Nogueira .........................................................................desde 1990Ari Cristiano Nogueira.......................................................................desde 1992Antônio Brittes ..................................................................................2002 a 2006Carla Roberta Silveira .....................................................não compareceu à AlepCatiane Andrioli Nhoato ...............................................................2007, 2 mesesDulcimara Nogueira .........................................................................1995 a 2010Sionara Aparecida Pigatto Clivatti ................................................2005 a 2010Marcelo Venâncio de Brito ...............................................................2002 a 2010 Nativo Burgel* ...................................................................................1999 a 2008 * Faleceu no ano passado

O presidente da Alep-PR apresentou os antigos e atuais funcionários que estão no alvo da Justiça

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sobre a política

Por Tiago Oliveira [email protected]

Políticos prestem atenção em seus atos

É impressionante a capacidade que alguns políticos brasileiros têm de se afastar de suas bases e de seus compromissos de campanha. No caso de representantes nas casas legislativas isso é mais forte ainda. Mas será que isso ocorre por que a maioria dos que se elege para um cargo proporcional é mentirosa ou dissimulada? Acho que não.

Na verdade o que percebo é que a imensa maioria dos parlamentares brasileiros - e aí vale para todos os níveis: municipal, estadual ou federal - sofre da “síndrome do quero ser notado” e, nesse sentido, eles caminham para adaptar sua pauta de atuação na ânsia de atender aquilo que a imprensa ou grupos formadores de opinião demandam no decorrer do mandato. Na incansável luta por aparecer, alguns representantes nos legislativos tendem a esquecer seus discursos de campanha e buscar se reposicionar dentro de uma pauta que não ajudaram a construir.

Essa é uma realidade que não escolhe cor partidária. É uma síndrome que atinge a todos os partidos. Quem já viveu numa casa legislativa sabe do que estou falando. No desespero de conquistar um lugar ao sol, parlamentares utilizam da tática de repercutir o que sai na imprensa. Invariavelmente, o que sai no primeiro caderno dos jornais impressos. Isso faz com que, muitas vezes, a direção sobre o debate político seja paternidade da opinião publicada e não dos interesses daqueles que elegeram os parlamentares.

Do ponto de vista da tática, da construção da imagem não está errado. Mas o equívoco é não levar em conta um dado matemático: o espaço para eleger o “queridinho” dos setoristas é absolutamente limitado. É um ou dois porta-vozes dos governos e um ou dois da oposições. Conforme é o governo e a oposição, a mídia pode reduzir de um lado e aumentar de outro. Mas nunca passará de três ou quatro em cada campo político, os interlocutores da mídia. Em uma casa como a Câmara dos Deputados, por exemplo, isso significa dizer que mais de 500 deputados e deputadas ficariam pelo caminho, caso apostasse na estratégia de se pautar, única e exclusivamente, pelo desejo de aparecer na imprensa.

Desempenhar uma atuação parlamentar fundada no discurso de campanha, construindo um sistema de comunicação que possibilite que essa atuação retorne aos seus eleitores é uma garantia, não só de retorno em votos nas próximas eleições, como uma mostra de ho-nestidade política e eleitoral por parte do parlamentar.

Espraiar a pauta de atuação é importante para que o mandato parlamentar amplie seu diálogo com a sociedade. Contudo, a operação para a construção de uma pauta ampliada deve ser de soma, nunca de subtração. O mandato deve reforçar os laços com seus eleitores iniciais, com aqueles que contribuíram para a sua eleição. E só quando estiver realmente fazendo isso, pode se aventurar e buscar a ampliação, abrir o diálogo para outros setores.

Um exército em guerra para conquistar novos terri-tórios, sempre se certifica de que o seu território está protegido. Caso contrário pode ser atacado em casa. No caso dos parlamentares outros podem vir pescar em seus rios os votos ou construir relacionamentos (tema que abordarei em coluna futura).

Talvez aqui resida a causa dos grandes índices de renovação experimentados pela maioria das casas legislativas. O distanciamento dos mandatos em relação à vida real de seus eleitores e a ausência de propostas para a solução dos problemas cotidianos das pessoas e que foram objeto dos discursos eleitorais, aliado ao esporte nacional de falar mal de políticos praticado pela imprensa, com a insistência absoluta, são ingredientes fantásticos para patrocinar perda de mandatos através do sufrágio.

A maioria dos parlamentares brasileiros sofre da “síndrome do

quero ser notado”

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Se também quiser receber gratuitamente a Revista Mês, envie seu endereço para o e-mail: [email protected]

ESTILo PARANAENSEGostei das matérias abordadas pela Revista. Não sei como está sendo distribuída e gostaria de receber de alguma forma. Atenciosamente,

Aquiles Wozniack

MENSAgENS DoS LEIToRES

Mensagens do(a) Leitor (a) As cartas da Revista MÊS são de mensagens enviadas à redação por correspondência ou de recados deixados em nosso perfil no Twitter: @mes_pr ou no Facebook: MÊS Paraná. Participe!

Taci Tissei - @tacitissei - To gostando de ver a revista @mes_pr super antenada no #Esporte. Parabéns Equipe Mês!!!

Leandro - @leandrocze - A Revista @mes_pr mostra que a democracia, no Paraná, também é oligárquica. Vale conferir a entrevista com o professor Ricardo Costa.

Ana Paula Ribeiro - Informação colocada de uma forma clara e objetiva aos leitores. Sucesso e vida longa à revista. A edição de maio está muito diversifica-da. Acabo de lê-la e a reportagem sobre o trânsito da Capital merece destaque. Necessitamos de um trânsito mais organi-zado com condutores e pedestres com um comportamento adequado.

Parabéns pelo trabalho. A revista trabalha de uma forma crítica e reflexiva. Parabenizo toda a equipe pela excelente ideia de fazer uma revista com uma proposta jornalística diferente. Abri, li e me surpreendi.

zilton dos Santos, gerente comercial, em Curitiba

Parabéns por este veículo de comunicação excelente.Moacir Alves Pinto

Modelo em decadência Li a reportagem “Modelo em Decadência” da revista Mês de março de 2011 ao adqui-rir um exemplar numa banca de revista en-quanto estava na cidade e resolvi contribuir com a opinião sobre o transporte na cidade. Sou gaúcha, mas moro em Florianópolis (SC) e neste feriadão de Páscoa resolvi co-nhecer Curitiba com meu namorado. Sem-pre li reportagens e ouvi comentários da excelência do transporte público urbano e por este motivo decidimos nem ir de carro até a capital paranaense, todavia, a decep-ção ao usar o transporte público foi imen-sa. O ônibus que faz a linha turismo estava sempre completamente lotado e atrasado. Às vezes, o atraso passava de meia-hora, nunca e em nenhum trajeto conseguimos sentar. Embarcamos e desembarcados mais de uma vez e sempre “espremidos” no meio dos demais passageiros. Além dis-so, em muitos pontos turísticos as pessoas perdiam a vez de entrar no ônibus, tama-

nha era a lotação do mesmo. Teve casos de tensão que temi que a violência fosse se alastrar. Usuários desesperados para entrar nos veículos, às vezes, o faziam pela porta de saída. Muitos não entregavam os tíckets aos cobradores. Houve reclamação, bate--boca. Temi pela segurança. Foi assustador.Onde se perdeu a qualidade no transporte e planejamento urbano de Curitiba ? Não cogitavam a vinda de turistas no feriadão? Uma lástima a experiência de conhecer a cidade. É bem provável que muitos não voltem a cidade capital do Paraná enquan-to turistas. Eu, ao menos, não recomendo.Andressa da Costa Farias, professora

em Florianópolis

Preconceito As atitudes transloucadas e preconcei-tuosas por parte do Deputado Bolsonaro devem ser repudiadas pela sociedade bra-sileira, pois elas contribuem nada menos do que incentivar o preconceito contra

gays neste país, onde os mesmos tanto sofrem pela ignorância manifestada por pessoas desprovidas de caráter social e ético como o Sr. Bolsonaro, que deveria, sim, estar neste parlamento representando seu povo, legislando em prol das causas sociais, e em defesa dos excluídos de seu estado, o Rio de Janeiro. O partido a qual ele é filiado deveria também tomar provi-dências, como expulsão e o Conselho de Ética da Câmara Federal também precisa, em nome da ética e do respeito aos direi-tos humanos, tomar uma posição frente a estas bestialidades criminosas praticadas pelo parlamentar, que inclusive se utiliza da gráfica do Congresso, de verba pública para praticar homofobia distribuindo uma espécie de cartilha que ataca a comunidade homossexual brasileira. Este tipo de cida-dão nos faz lembrar uma mente insana, um dos mais canalhas viventes que passou en-tre nós, e que se chama Adolf Hitler.

Célio Borba, Curitiba,PR

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adaria, mercado, loja de mate-riais de construção, pizzaria e salão de beleza são as cinco ati-vidades comerciais mais consu-

midas pelos curitibanos em seus bairros. Para a escolha desses estabelecimentos a boa localização é o fator mais importante, seguido de outros quesitos, como conveni-ência, qualidade no atendimento e preço.

Esses dados foram obtidos pela pesquisa realizada pelo Instituto Chiusoli, sob en-comenda do Sebrae-PR. A “Pesquisa De-mográfica: características sociodemográ-ficas e econômicas de Curitiba” analisou os fatores que influenciam a escolha dos consumidores, diagnosticou quais os se-tores deficientes de cada região e projetou quantos estabelecimentos a Capital deve-rá receber até 2020. As informações estra-tégicas foram levantadas a partir de 4.018 moradores em 25 bairros de Curitiba, que representam 64% da população da cidade.

Pesquisa em Curitiba aponta que para 74% dos entrevistados ainda falta algum tipo de negócio no bairro em que moram

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Bairro, sinônimo de oportunidades de negócios

A dificuldade de deslocamento nas gran-des cidades acaba sendo um problema co-mum para os cidadãos que optam quase sempre por utilizar serviços, comércio e outras atividades de primeira necessidade em estabelecimentos que estejam próxi-mas às suas residências.

A localização é um dos motivos que atrai a moradora Vanessa Soares de Freitas. Ela mora há pouco mais de dois anos no bairro Água Verde. “É muito mais fácil eu pagar aqui do que ir para o centro me deslocar, enfrentar fila e ficar no trânsi-to. Aqui tudo é perto. É difícil ir para o Centro, eu sempre fico por aqui”, avalia Vanessa, que tem a opção de usufruir da infraestrutura do bairro vizinho, o Batel, já que mora na divisa entre os dois bair-ros. Mas para Vanessa, a localização não é o único fator, a qualidade também é le-vada em consideração na hora da compra.

Por isso, só a localização não é suficiente. Para Ademilson Milani, morador há 36 anos

do bairro Uberaba, “se não tiver a qualida-de do produto você acaba indo para outro bairro. Então, é tudo junto. Os produtos que são oferecidos aqui é porque tem variedade e qualidade”, salienta o morador.

Para o consultor do Sebrae-PR, Leandro Krug Batista, a variedade, a qualidade e outros diferenciais serão quesitos impor-tantes para marcar e atrair mais clientes para os atuais e futuros empreendimentos nos bairros da cidade.

cidades

Iris Alessi - [email protected]

ATIVIDADES MAIS UTILIzADAS NoS BAIRRoS

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 %

PadariaMercado Materiais de Construção PizzariaSalão de Beleza Lojas de Presentes Lanchonetes Sorveteria Sacolão Loja de Roupas

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NecessidadesA pesquisa do Sebrae-PR mostrou que muitos bairros curitibanos tem espaço para crescer no número de negócios. Cer-ca de 75% dos entrevistados disseram que sentem falta de alguma coisa em seu bair-ro. A atividade comercial que mais tem potencial de expandir nos bairros, como apontado por 62% dos entrevistados, são negócios relacionados com o lazer, como parques para as crianças, academia, ci-nema e clubes sociais; em seguida, bem abaixo, estão atividades de comércio ali-mentício (29%), prestação de serviços (24%) e comércio varejista (21%).

Morador do Uberaba há 44 anos, Belmiro Silvio Klein Júnior, se queixa da falta de lazer em seu bairro. “Comércio em geral está tudo bem. [...] Mas a parte de lazer não tem nada aqui”, destaca Belmiro. A também moradora do Uberaba, Alessan-dra Moro, utiliza bastante o comércio local, vai ao “salão, banco, mercado, far-mácia; tudo aqui”, porém, acredita que o bairro precisaria de academias ao ar livre.

oportunidade de negóciosA maior demanda nos bairros de Curitiba, segundo a pesquisa, é por padarias (87%), mercados (85%), lojas de material de cons-trução (70%), pizzaria (65%), salão de be-leza (59%) e loja de presentes (54%).

Mas atenção! Ao procurar um espaço para um novo empreendimento, o empresário também tem de estar atento à escolha da localização dentro do bairro. Para o con-sultor do Sebrae, é muito importante que o futuro empresário conheça o bairro que ele pretende investir para que não monte o seu negócio “no bairro certo e na rua errada”.

“Eu acredito que todos os bairros de Curitiba são mercados que podem ser ex-plorados. Existem alguns mercados, que precisam ser explorados em necessidades mais básicas, que é mercearia, padaria e assim por diante. Tem outros mercados que podem ser exploradas necessidades um pouco mais sofisticadas”, analisa Ba-tista. Sofisticação, no caso da falta de ati-

vidades noturnas, como na reivindicação feita pela moradora Vanessa.

ProjeçãoO levantamento mostra que os negócios têm potencial de crescimento. Enquanto a variação da população entre 2006 e 2009, na Capital, foi de 4% de acordo com a Receita Federal, o número de estabeleci-mentos cresceu 18%, mostrando que ain-da há espaço para novos empreendimen-tos na cidade.

O Sebrae-PR, utilizando a média de au-mento de algumas atividades entre 2006

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e 2009, projetou o crescimento para 2020, em Curitiba. Estima-se que mais 1.082 mercados, 577 padarias, 1.167 pet shops, 982 salões de beleza e 2.498 lojas de rou-pa iniciem suas atividades na Capital até o ano de 2020.

Para que esses negócios cresçam e pros-perem, a instituição aponta algumas carac-terísticas importantes para os empreende-dores: busca de oportunidade e iniciativa; busca de informações; correr riscos calcu-lados; persistência; exigir qualidade e efi-ciência; conhecimento; estabelecer objeti-vos e metas; planejamento; independência; persuasão e rede de contatos.

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Até 2020, Curitiba deve ganhar 1.082 mercados, 577 padarias, 1.167 pet

shops, 982 salões de beleza e 2.498 lojas de roupa

Alessandra Moro, moradora do Uberaba, no salão de beleza; uma das atividades que ela usa no bairro

PRINCIPAIS RAzõES DE USo DAS ATIVIDADES NoS BAIRRoS

LOCAIS loCAlizAção CoNVeNiêNCiA QuAlidAde do pReço QuAlidAde VARiedAde de AteNdiMeNto do pRoduto pRodutos

ACADEMIA 75% 31% 26% 20% 6% 1%LAN hoUSE 75% 36% 13% 14% 2% -MERCADo 75% 32% 16% 20% 9% 12%PADARIA 70% 32% 22% 13% 22% 11%PET ShoP 68% 26% 38% 19% 12% 3%

BAIRROS loCAlizAção CoNVeNiêNCiA QuAlidAde do pReço QuAlidAde VARiedAde de AteNdiMeNto do pRoduto pRodutos

BATEL 99% 82% 35% 25% 37% 13%BIgoRRILho 99% 82% 35% 25% 37% 13%PINhEIRINho 99% 79% 73% 24% 18% 39%ÁgUA VERDE 98% 57% 16% 28% 30% 1%PILARzINho 98% 91% 86% 31% 35% 12%

MoSSUNgUê 98% 63% 68% 44% 36% 34%CAMPINA Do 98% 63% 68% 44% 36% 34%SIQUEIRA

Fonte: Sebrae/PR

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o que os curitibanos querem? Todo pequeno e médio comerciante vive cheio de dúvidas. Natural. O mercado muda de forma veloz. Por isso, o consultor do Sebrae-PR, Leandro Krug Batista, dá dicas para pequenas e médias empresas e para os futuros empreendedores sobre o que passa na cabeça dos consumidores curitibanos. Entenda melhor como conquistar os clientes e quais as necessidades dos principais bairros de Curitiba (PR). Leia abaixo.

5 perguntas para: Leandro Krug Batista

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gócio, a parte de separação de contas da pessoa física e da pessoa jurídica, às vezes, é um fator que é complicado. Outro fator é quando o empresário monta um negócio que ele não vê uma proposta de valor, ou seja, ele monta um salão de beleza e, este salão de beleza, não corta cabelo melhor que o outro, não fica aberto mais tempo que o outro e tem um preço mais caro que o outro. O que a maioria chama de diferen-cial, a gente chama de proposta de valor. Ele não responde às seguintes perguntas: por que elas vão comprar de mim e não vão comprar de quem elas atualmente es-tão comprando? Por que elas vão mudar de comportamento? Essas perguntas, às ve-zes, o proprietário não responde e, por não responder, acaba perdendo dinheiro.

A localização é o principal fator que leva um consumidor a escolher um comércio, segundo a pesquisa. Qual o próximo passo?

LKB - Eu acredito que uma das grandes propostas de valor que Curitiba pode re-ceber daqui para frente é a parte da con-

veniência. E a conveniência são alguns as-pectos como funcionar até depois da meia noite, funcionar no sábado e no domingo, em véspera de feriado. Você ter atendimen-to em domicílio. Todo esse nível de conve-niência que uma grande metrópole tem à sua disposição é um diferencial para uma cidade, que está crescendo como Curitiba.

Quais podem ser os diferenciais do ne-gócio desse empreendedor?

LKB - Ele tem que pensar, como no caso do salão de beleza, como é que eu vou ter um diferencial que convença os consumi-dores que já consomem esse produto ou serviço a parar de consumir no estabe-lecimento que eles consomem e venham consumir comigo? Porque, isso tem um risco envolvido. Você [consumidor] vai todo dia pelo mesmo caminho e no outro dia muda de caminho, você tem um risco e isso tem um custo.

Curitiba tem potencial para a abertura de mais empreendimentos nos bairros?

LKB - A gente percebe que vão abrir ain-da mais de 200 salões de beleza na cidade, mais de 500 supermercados nos próximos 5, 10 anos. Isso mostra o seguinte: negócios abrirão em Curitiba, com toda a certeza, só que desses negócios, um pode ser o seu. E para que seja o seu e para que não apenas abra, mas sobreviva, tem de realmente fa-zer um planejamento, compreender a ne-cessidade daquele bairro e oferecer uma proposta de valor. Acredito que se manti-vermos esse crescimento econômico, esse nível de consumo; cada bairro com certeza terá uma necessidade a ser atendida.

Qual a abrangência da pesquisa?

Leandro Krug Batista (LKB) - A pes-quisa buscou trabalhar com 21 regiões da cidade de Curitiba. Essas regiões foram escolhidas por ter um índice de população muito grande e ter um grande número de estabelecimentos também.

Quais as maiores dificuldades para um empreendedor manter um negó-cio em Curitiba?

LKB - A grande parte dos empreendi-mentos que não dão certo é por falta de planejamento. Agora, além dessa falta de planejamento e conhecimento sobre o ne-

Iris Alessi - [email protected]

Grande parte dos empreendimentos que não dão certo

é por falta de planejamento

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tecnologia

edes sociais como Twitter, Fa-cebook e o uso constante do E-mail tem feito os olhos dos brasileiros ficarem focados em

telas ao alcance dos dedos, como é o caso dos smartphones e o novo brinquedinho tecnológico da vez, o tablet. No dia a dia do trabalho, da escola, na rua e em casa, as pessoas já se acostumaram a ver pes-soas conectadas, por ter fácil acesso à in-

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o tempo todo

Uso da internet móvel no Brasil deve crescer 108% até 2015, informa pesquisa

Iris Alessi - [email protected] ternet. Mobilidade essa que cresce junto à velocidade de um clique.

A tecnologia tem se popularizado entre os brasileiros e a estimativa é que o número de usuários de dados móveis aumente no País de forma vertiginosa. Segundo estudos realizados pela Huawei, em parceria com a Teleco, em 2010, a internet móvel ultra-passou a rede fixa, com um aumento de 138%. Esse valor tornou esse serviço como o de maior crescimento no Brasil. Este ano,

o País deve terminar com 32 milhões de acessos de banda larga móvel, ante os 17 milhões de banda larga fixa. Já são cerca de 90% dos municípios com população maior que 50 mil habitantes, que já possuem co-bertura de banda larga móvel.

Mas quais motivos levaram a esse aumen-to? De acordo com o gerente de contas da Cisco Brasil, André Neiva, a tecnologia está ficando mais comum por conta de di-versos fatores. “O primeiro ponto não está relacionado à tecnologia, mas sim aos há-bitos de consumo. As pessoas tendem a querer estar cada vez mais conectadas o tempo todo”, analisa o consultor. Para ele, outro ponto é que a internet móvel vence uma lacuna de mercado que a rede fixa não conseguia chegar.

O mestre em Telemática e professor do Departamento Acadêmico de Informática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Dainf-UTFPR), Leandro Batista de Almeida, cita que a necessidade criada pelo uso também ajuda a alavancar a utilização dessa rede. “É uma facilidade que você não tinha antes e, ao mesmo tempo, quando você tem, não consegue abrir mão dela”.

on line

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INTERAção

De acordo com números da Anatel, em abril de 2011, o Paraná registrava o 9º lu-gar em número de acessos de internet mó-vel em todo o Brasil, com 126,73 acessos a cada 100 habitantes. Há no Estado quase 12 milhões de usuários, 19,10% têm pla-nos pós-pagos. “A partir do ano passado, com o fato de você ter comunicação barata isso realmente pegou fogo no Brasil e a tendência é só aumentar”, diz o professor.

O gerente de contas da Cisco Brasil pon-dera que pré-pagos ajudaram a aumentar esse tráfego de dados, mas “teve um fator anterior a criação desses planos que foi um dos motivadores dessa variedade, que é o ambiente de competição”. O mercado das operadoras móveis tornou-se bastante com-petitivo forçando as operadoras a abusarem da criatividade para sobreviver. Criativida-de essa que colocou à disposição atrativos para que mais pessoas tivessem a “necessi-dade” de ficar on line o tempo todo.

tabletsO salto em vendas também deve alcançar o tablet, que ainda é o sonho de consumo de muitos brasileiros. Segundo pesquisa da consultoria GFK, 57% dos brasileiros gostariam de comprar um tablet da Apple (o Ipad), caso o preço fosse mais barato.

Esses aparelhos ainda são caros quando comparados com netbooks, encontrados por menos de R$ 1.000, salienta o pro-fessor da UTFPR. Já o preço do tablet da Apple é, em média, R$ 1.600. Entretanto, o professor destaca que a praticidade do

dispositivo deve atrair muitos consumi-dores, em breve, tornando-se o segundo computador das pessoas. “Uma neces-sidade criada”, finaliza Almeida. André Neiva também colocaria a praticidade desse aparelho como um chamariz, um di-ferencial no mercado da tecnologia. “Ele traz mais comodidade e possibilidade que o smartphone e menos que um laptop”, diz o consultor da Cisco.

Além disso, o Governo Federal já apro-vou uma Medida Provisória (MP) incluin-do os tablets no Programa de Inclusão Digital, atribuindo incentivos fiscais para baratear a fabricação e, em consequência a compra desse produto no mercado na-cional. Anunciou ainda que a Foxconn, uma gigante do setor, vai construir sua fábrica no Brasil. Isso deve tornar esse mercado mais competitivo, baixando os preços e popularizando essa tecnologia. Seja como for, no aparelho de smartpho-ne ou no tablet, ficar conectado o tempo todo é uma tendência já confirmada pelos usuários brasileiros.

A estimativa é que 32 milhões de usuários estejam conectados por

dispositivos móveis, no país, até 2015

UsuáriosÉ assim que acontece com a funcioná-ria pública, Giovanna Becker. Ela usa o smartphone todos os dias e ressalta a fa-cilidade de acesso e a praticidade depois que adquiriu um telefone com um plano de dados de internet móvel. “Tudo o que eu preciso tá na minha mão”, enfatiza Giovanna. Para ela, hoje seria muito difí-cil parar de utilizar o aparelho, pois ela fi-cou “mal acostumada” com a tecnologia.

Giovanna comenta a reação dos colegas de trabalho: “Cuidado com o celular da Giovanna”, dizem eles, conta ela, que sempre está com o celular em mãos tiran-do fotos e colocando em redes sociais.

A internet, que para Giovanna serve como entretenimento e interação, para o médico Oswaldo Rodrigues Truite Filho faz parte da rotina diária de trabalho. Ele optou pelo smartphone para controlar a agenda e os e-mails. “A internet do celular é mais vol-tada ao trabalho mesmo”, comenta o médi-co que também já adquiriu um tablet, mas ainda não o conectou à rede 3G.

Internet para todosPara Almeida, o aumento do uso da inter-net móvel se deu por causa da facilidade de comprar aparelhos que proporcionem o uso da rede móvel. Hoje, segundo o professor, os celulares smartphones estão mais baratos e, muitas vezes, são modelos de aparelhos que algumas operadoras ofe-recem sem custos ao cliente.

Antes um privilégio somente para os “clientes vip’s” das operadoras de telefo-nia, agora é um luxo possível para todos os clientes de telefonia celular, pois existe a possibilidade do acesso à internet por meio de planos pré-pagos. Segundo o professor, o barateamento da tecnologia também foi possível por conta desse boom do uso nos pré-pagos. “Ano passado, as operadoras passaram a oferecer planos muito baratos. Você paga hoje em dia menos de um real por dia para acessar a internet o dia inteiro. É aí que as coisas explodiram”, avalia Al-meida, que enfatiza que esse tipo de plano ainda é maioria no Brasil.

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Para Almeida, os planos mais baratos e disponíveis tanto para pós quanto para pré-pagos proporcionam conexão o dia todo

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A multiplicação das antenasCom 650 mil novos assinantes no 1º trimestre de 2011, a TV paga atinge 17,4% dos domicílios no País

tecnologia

Mariane Maio - [email protected]

Os primeiros três meses do ano foram especialmen-te positivos para um setor brasileiro, o de TV por assi-

natura. Segundo dados da Anatel, foram registrados 650 mil novos assinantes, totalizando quase 10,5 milhões de resi-dências. “Este número corresponde a uma penetração de 17,4% dos domicílios do País. É o percentual mais elevado, desde que a Anatel (Agência Nacional de Tele-comunicações) iniciou a série histórica para o acompanhamento dos serviços de TV por Assinatura, em 1998”, anuncia a Superintendência de Serviços de Comu-nicação de Massa (SCM) da Agência. Em abril, mais assinantes acumulados. O mês

oem 30,72% o crescimento no número de contratantes do serviço de TV paga (veja tabela). A região Sul é a segunda a pos-suir o maior número de assinantes a cada 100 domicílios, segundo dados de março da Anatel. A região em que o Paraná está

fechou com 238,3 mil novos assinantes em todo o Brasil.

O salto foi surpreendente. Em 2006, por exemplo, o crescimento anual era de cerca de 9%, já no ano passado fechou

CRESCIMENTo Do MERCADo DE TV PoR ASSINATURA

ANo ToTAL DE ASSINANTES CRESCIMENTo ANUAL (%)

2006 4.583.125 9,70%

2007 5.348.571 16,70%

2008 6.320.852 18,18%

2009 7.473.476 18,24%

2010 9.768.993 30,72%

MARço DE 2011 10.418.829 -

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tura. “Tenho a TV como fonte de lazer. Acho que sem a TV a cabo não tenho opção”. Peixoto não vê com bons olhos a popularização do serviço. Ele teme que ao diminuir o custo do serviço, pio-re a qualidade da programação.

Mais acessívelCom cada vez mais assinantes, essa po-pularização já começou. De acordo com a Anatel, “o crescimento observado é, entre outros motivos, um reflexo do aumento do poder aquisitivo dos brasileiros. Pla-nos do serviço mais acessíveis atraíram o ingresso de assinantes da classe C. A entrada de novos prestadores de serviço de TV por Assinatura via satélite (DTH) expandiu a oferta do serviço a regiões não exploradas pelos prestadores de Cabo e MMDS. As soluções convergentes que empacotam os serviços de telefonia, in-ternet e TV também contribuíram para o crescimento do setor”.

Com novas empresas e novos preços no mercado, a aposta da Agência é que esse crescimento continue. “A estimativa da Anatel é de que os serviços de TV por Assinatura continuem crescendo com o mesmo ritmo apresentado neste primeiro trimestre de 2011”, informa a Superinten-dência de Serviços de Comunicação de Massa da Anatel

situado chegou a marca de 16,9%, ficando atrás somente da região Sudeste – a mais populosa do País – que ficou com 25,8%.

Dentre esses milhares de brasileiros, está o casal Giovani e Patrícia Tosi, moradores de Curitiba (PR). Em março, recém-che-gados de Joaçaba (SC), o casal decidiu contratar a TV por assinatura, com plano mensal. A opção por esse tipo de serviço foi feita por conta da falta de opção dos canais abertos, afirma o casal. “A TV nor-mal deixa a desejar”, explica Giovani.

Outro motivo, foi fazer com que o filho de 8 anos de idade pudesse fugir das novelas e, assim, ter mais opções para a progra-mação infantil. “Ele gosta de desenhos. A TV sempre está ligada”, garante o pai. O casal, que chegou a ficar um período sem TV por assinatura, diz que sentiu bastante falta do serviço. Os filmes e documentá-rios estão na programação preferida deles.

PrioridadeOutro casal que faz parte dessa estatística é Arlindo Peixoto Nunes e Elizabeth Ca-bral Nunes. Assinante de TV paga há mais de 10 anos, o casal mudou de residência recentemente e teve de contratar um novo serviço. Essa mudança “forçada” fez com que eles revissem a qualidade e o valor do serviço e optassem por outra empresa.

Apesar de classificar a TV aberta do Brasil como uma das melhores do mun-do, Peixoto afirma que o serviço ainda deixa muito a desejar. “Devia servir para divertir e informar e passa a indu-zir e influenciar”, explica. Para ele, é impossível viver sem a TV por assina-

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oPçõES

Transmitidas por meios físicosCabo (TVC)

Transmitidas por microondasDistribuição de Sinais Multiponto Multicanais (MMDS)

Transmitidas via satélitesDistribuição de Sinais de Televi-são e de Áudio por Assinatura via Satélite (DTH)

Veja quais são as tecnologias de TV por assinatura disponíveis no mercado brasileiro:

A estimativa da Anatel é de que os serviços continuem crescendo com o mesmo

ritmo do 1º trimestre

A família Tosi optou pela TV por assinatura para que o filho pudesse ter mais opções

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star em contatos com diferentes nacionalidades, pessoas falan-do outras línguas e uma cultura diversificada à sua disposição,

parece ser algo muito distante para o en-sino no Brasil. Mas não é. Em Curitiba, é possível encontrar escolas que ofereçam a seus alunos um ensino bilíngue, no qual além de aprender um novo idioma, os alu-nos têm a possibilidade de conviver com crianças de diferentes países.

Um intercâmbio cultural sem sair do pró-prio País, é uma possibilidade oferecida por escolas bilíngues. Dois desses exemplos são

Escolas bilíngues colocam à disposição dos estudantes um intercâmbio cultural e o aprendizado em dois idiomas

E

o aprendizado em duas línguas

a Escola Internacional de Curitiba (ISC) e o Colégio Suíço-Brasileiro de Curitiba. Os alunos brasileiros dessas escolas convivem com crianças de diversos países como Esta-dos Unidos, Japão, países da Europa, países da América Latina, entre outros.

Segundo a diretora de Admissões e do Programa Brasileiro da ISC, Claudia Lebiedziejewski, o dia-a-dia da escola é uma grande integração cultural. Um ga-nho incomum na bagagem cultural de cada estudante. Numa simples aula sobre vegetação, por exemplo, os estudantes de outras nacionalidades trazem, para a sala de aula, as diferenças entre diversos países e, assim, podem comparar com a

educação

realidade do Brasil. “Qualquer coisa que a gente vai ensinar, as crianças trazem as suas histórias”, relata a diretora.

EscolhaPara a advogada Ana Elize Schott Lopes, mãe do aluno da 8ª série, Arthur Schott Lo-pes (14), a Escola Internacional foi aquilo que ela buscava para o filho desde quando ele era pequeno. Ana escolheu a escola bi-língue “porque eles trabalham com o ser humano de um modo integral. Eles fazem muito trabalho voluntário. [...] Eu tenho muito a ideia de ele ser preparado para a vida e não só para exercer uma profissão”.

Assim como na ISC, no Colégio Suíço--Brasileiro, as crianças trocam experiên-cias entre elas e também conhecem sobre as diferenças culturais fora da escola, par-ticipando de programas de solidariedade. Para a Diretora Pedagógica do Colégio, Denise Spredemann Friesen, esse contato com o mundo faz toda a diferença na for-mação dessas pessoas.

O estudo de um segundo idioma pode ser o primeiro chamariz para esse tipo de escola,

Iris Alessi - [email protected]

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REVISTA MÊS | JUNHO DE 2011 | 31

mas é preciso, antes de tudo, fazer com que o estudante também se adapte à nova lín-gua. Outro fator é o nível de aprendizado. Para os alunos brasileiros com pouco ou nenhum conhecimento de alemão, segun-da língua do Colégio Suíço-Brasileiro, as turmas são divididas em grupos de acor-do com o nível de conhecimento de cada criança. Já “o aluno que vem de fora ele vai ter aulas de português para ter contato com a língua”, ressalta Denise.

FuncionamentoSegundo a coordenadora, parte das disci-plinas é lecionada em português e parte delas em alemão. “Nós temos a base na-cional comum que é feita em português e temos as disciplinas de conhecimentos em alemão.” De acordo com Denise, as disciplinas de conhecimentos são as que instigam o aluno a debater, questionar, ter contato com a cultura, pesquisar, falar em público e também ter aulas de Matemáti-ca em alemão. “Através dessas matérias a gente busca levar uma linguagem em alemão técnico. Eles aprendem um voca-bulário em alemão”, completa Denise.

Diferentemente do Colégio Suíço-Brasi-leiro, na Escola Internacional de Curitiba, o aluno tem o inglês como língua de ins-trução principal. Ou seja, todas as disci-plinas da escola são lecionadas em inglês. “A exceção, por estarmos no Brasil e por atendermos a comunidade brasileira, é que a gente oferece uma aula de língua portuguesa por dia que é a carga horária que o MEC exige”, salienta Cláudia. Se-

gundo a diretora, a partir do quarto ano do Ensino Fundamental, eles também es-tudam História e Geografia do Brasil em língua portuguesa.

Já os alunos estrangeiros, têm aulas de por-tuguês, mas como segunda língua. Nessas aulas estes estudantes aprendem vocabu-lário, nome de objetos, iniciando a língua pelo básico. Arthur relata que seus colegas estrangeiros, antes de iniciarem as aulas regulares de português, participam de um “intensivo” do idioma brasileiro.

Para o adolescente Arthur, as diferenças vão além do aprender uma segunda lín-gua. Uma das coisas que o atrai na escola é poder aprender na prática. “Eu sentia que a escola brasileira era baseada só em prova”, disse o aluno ao avaliar a discipli-na de Física, que agora ele aprende expe-rimentando e não apenas na teoria.

Ensino SuperiorVestibular e universidades são palavras recorrentes entre pais e alunos. Esse foi outro motivo que levou Ana a procurar uma escola que ensinasse uma segunda língua a seu filho. Arthur agora já pensa em cursar uma universidade fora do Bra-sil. “Ele começou a demonstrar interesse de fazer faculdade fora. E aí eu comecei a ver como seria”, relata Ana. “Como eu vou estudar fora, eu estou me preparando para isso e a escola, em geral, prepara a gente para estudar fora, mas também pre-para super bem para o vestibular [do Bra-sil]”, completa Arthur. As duas escolas de Curitiba têm a certificação de Bacharela-do Internacional (IB), que segundo Deni-se, pode abrir a porta para mais de 1.500 universidades em todo o mundo.

Mas nem todos os alunos que se formam por esse tipo de escola optam por cursar uma universidade no exterior. “Eu tenho muitas famílias que estudam aqui que querem a educação internacional, mas que não tem planos de estudar fora”, ob-serva a diretora que se sente satisfeita por ver que os alunos terão essa bagagem à disposição de seu próprio País. Para ela, a educação recebida na escola dá condições dos alunos conhecerem o mundo. “Ele vai receber a instrução para ele poder esco-lher o mundo inteiro na frente dele”.

intercâmbio cultural sem sair do próprio país, é uma possibilidade oferecida por

escolas bilíngues

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A mãe, Ana, priorizou um ensino completo para seu filho, Arthur, que está cursando a 8ª série

Para a diretora, a integração cultural faz parte do dia-a-dia dos estudantes em escolas bilíngues

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tumor maligno mais frequen-te no sexo masculino, segun-do a Sociedade Brasileira de Cancerologia, agora tem um

novo combatente: o HIFU. O Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade (termo traduzido em português) surgiu como um aliado ao tratamento do câncer da prósta-ta localizado (primário) ou o que voltou, após outros tratamentos. Presente em ou-tros países há mais de 20 anos, a técnica chegou ao Brasil apenas este ano. Nessa

corrida contra a doença, os paranaenses saíram na frente. O primeiro procedimento realizado no País foi em Curitiba (PR). Até o momento, somente quatro pacientes se submeteram ao procedimento na Capital.

Como o próprio nome já diz, a técnica é indicada para pacientes com tumores lo-calizados e restritos à próstata. “O HIFU é um procedimento ablativo. Você elimi-na o tecido sem utilizar de cirurgia ou ra-dioterapia”, explica o médico urologista Marcelo Bendhack, presidente da Asso-ciação Latinoamericana de Uro-Oncolo-gia e primeiro a realizar o tratamento no País. A técnica consiste na introdução de uma cânula pelo reto. O aparelho transdu-tor possui três modos de ultrassonagrafia: a diagnóstica, a terapêutica e o doppler colorido, que permite visualização do flu-xo sanguíneo.

Técnica pioneira no Brasil foi aplicada pela primeira vez em Curitiba este ano; tratamento é menos invasivo e traz bons resultados de cura

o

saúde

“Na ultrassonografia diagnóstica você tem uma onda com maior profundidade, sem causar aos tecidos uma maior temperatura. Já na terapêutica você tem um foco menor e nesse foco a temperatura aumenta em até 98° Celsius”, esclarece Bendhack. Já o do-ppler colorido permite identificar os feixes neurovasculares, diminuindo assim os ris-cos do paciente ter efeitos colaterais, como a incontinência urinária e a disfunção erétil.

VantagensA principal vantagem da nova técnica é o fato de ser minimamente invasiva. Para se submeter ao HIFU, o paciente recebe uma anestesia geral ou bloqueio abaixo do um-bigo, mais sedação. O tempo de duração do procedimento depende do tamanho da próstata. Segundo o Dr. Marcelo se calcu-la 10 gramas para cada hora.

Novo aliado contra o câncer da próstata

Mariane Maio - [email protected]

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REVISTA MÊS | JUNHO DE 2011 | 33

Após o tratamento, a recuperação também é rápida. O paciente fica no máximo 24 horas no hospital. A única lembrança do tratamento é uma sonda para que o pa-ciente consiga urinar sem dificuldades. O tempo de uso da sonda vai depender da recuperação de cada indivíduo.

Além disso, de acordo com Bendhack, os resultados apresentados pelo HIFU são promissores. “Com a escolha certa dos pacientes temos a eliminação da doença, em um ano, em torno de 92% e, em oito anos, em torno de 83%”. Essa eliminação da doença ocorre por conta da morte do tecido (necrose tecidual) por coagulação, causada pelo aumento da temperatura da ultrassonografia terapêutica. “Se na re-gião você tinha um câncer e eliminou a região, então você eliminou o câncer”, afirma o médico.

Apesar dessa possibilidade de cura exis-tir, o especialista diz que a certeza só é possível após anos de acompanhamento, como em qualquer outro procedimento (cirurgia, radioterapia). “Para a gente de-finir a cura de um câncer só o tempo vai dizer. Técnicas e métodos podem ter sua eficiência de acordo com vários fatores. Não é só a técnica em si, mas é a caracte-rística da doença de cada paciente. Cada evolução de um paciente oncológico é praticamente única”, garante Bendhack.

Outra vantagem do HIFU é que, com a técnica, as chances de o paciente ter dis-função erétil e incontinência urinária após o tratamento são menores. De acordo com o médico, na cirurgia tradicional de 7 a 10% dos pacientes sofrem de incontinên-cia após a intervenção. Já com o HIFU este índice cai para até 2%. A disfunção erétil acomete de 20 a 90% dos pacien-tes que se submetem à cirurgia. Os que optam pelo HIFU, esse número cai para o intervalo entre 30 e 40% de chances de ter o problema.

EscolhaOs maiores riscos dos tratamentos con-vencionais fizeram com que o catarinen-se Evaldo Furtado, de 62 anos de idade, optasse pelo HIFU para tratar o câncer de próstata descoberto em abril de 2009. Furtado foi o primeiro paciente a rece-ber o tratamento no Brasil. Mesmo tendo

o índice de eliminação da doença em um ano

chega a 92%.

descoberto a doença há algum tempo, ele preferiu esperar quase dois anos até a téc-nica chegar ao País.

“Quando detectaram o câncer me sugeri-ram a cirurgia e falaram dos efeitos cola-terais, então resolvi pesquisar. Em Outu-bro de 2009 marquei uma consulta com o Dr. Marcelo e ele me disse da nova técni-ca, mas explicou que demoraria um pouco a chegar. Resolvi esperar”, conta Furtado, dizendo que seu maior medo era ficar com incontinência urinária.

A qualidade de vida após a cirurgia foi a grande preocupação do paciente, que afirma que em nenhum momento teve

medo por se tratar de uma técnica nova no Brasil. “Desde o dia que decidi, me preparei para isso. Não me interessava ser o primeiro e sim fazer o tratamento. Estou muito satisfeito”.

Furtado explica que os exames após o tratamento são otimistas, mas sabe que para ter certeza da cura deve continuar acompanhando. “Quando fiz o HIFU o PSA [uma proteína chamada Antígeno Prostático Específico] estava com 6. A expectativa era cair para 0,5 após o tra-tamento. Fiz o exame 60 dias depois e já estava com 0,5. Temos de acompanhar, mas a expectativa é que tenha eliminado o câncer”, explica.

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CUSTo x BENEFíCIoOs benefícios da nova técnica realmente são tentadores, mas o valor do tratamento é algo que deve ser levado em consideração. Segundo o Dr. Marcelo Bendhack, o dinheiro desembolsado dependerá da complexidade de cada tratamento. Apesar de não divulgar o preço, o médico afirma que o procedimento com a HIFU é mais caro que os tratamentos convencionais. O paciente Evaldo Furtado, que pagou quase três vezes mais que uma cirurgia tradicional, afirma ter valido a pena. “Para mim, a saúde e a condição física supera qualquer valor”.

Mas para que esse tratamento seja acessível a pessoas que não tem condições de pa-gar de forma particular, a solução pode estar próxima. “Nós estamos com a intenção de trabalhar junto com os órgãos governamentais para permitir um acesso também ao pacientes do SUS [Sistema Único de Saúde]”, garante o médico. Essa intenção ainda está no início, mas se a ideia vir a se concretizar, um número ainda maior de pacientes poderá contar com a nova técnica contra o câncer de próstata.

Os custos para o médico que pretende disponibilizar esse procedimento médico tam-bém são altos. Aos profissionais da Saúde, que quiserem adquirir um aparelho HIFU terão de desembolsar cerca de R$1 milhão, afirma Bendhack.

“Se na região você tinha um câncer e eliminou a região, então você eliminou o câncer”, afirma Bendhack

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nanceiras estrangeiras, completavam o cenário angustiante para os trabalhadores.

MudançaNo início deste século, essa realidade co-meçou a mudar. Houve um aumento ex-pressivo da classe média, diminuição da pobreza, incentivo ao ensino superior e técnico, mais políticas regulando o mer-cado para garantir um crescimento que culminou, no ano passado, em uma taxa de 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Maior alta em 24 anos.

Sem dúvida, foi um grande salto a olhos vistos para os trabalhadores serem inse-ridos no mercado de trabalho. Um dos

o pulo do gatoEmpresas à procura e trabalhadores em busca de uma vaga; descubra o que falta para esse encontro ter um final feliz

economia

Arieta Arruda - [email protected]

recisa-se de balconista. Precisa--se de soldador. Precisa-se de engenheiro civil. O cenário eco-nômico atual tem permitido cada

dia mais tornar a abundância de empregos “lugar comum”. De um lado, déficit de mão de obra nos mais diferentes níveis de escolaridade e, por outro lado, uma gran-de oportunidade para jovens que estão chegando, sem experiência, ao mercado de trabalho. A busca pela qualificação dos trabalhadores será palavra de ordem para a sustentabilidade do alto crescimento eco-nômico brasileiro nos próximos anos.

Há pouco tempo isso não era possível. A vida do trabalhador era mais difícil. No século passado, o trabalhador tinha poucas garantias de proteção do Estado, poucas eram as vagas e excessivo era o poder do empregador. “Antes as empre-sas tinham um ‘exército de reserva’ para escolher. Eram mais exigentes. Queriam o profissional pronto. Hoje, o empregador precisa mudar o modelo, tem de ser menos exigente. E as empresas estão mudando, contratando e capacitando”, afirma Angela Carstens, coordenadora da Coordenadoria de Intermediação de Mão de Obra da Se-cretaria Estadual do Trabalho (SETP).

O Brasil era fruto de uma economia ba-seada em um “capitalismo tardio e peri-férico”, no qual o desenvolvimento era calcado em uma concepção liberal-inter-nacionalizante. Isso significou uma au-torregulação do mercado, voltado ao co-mércio exterior, conforme apontou estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Apli-cada (Ipea), que fez um resgate histórico do emprego e da renda no País, chamado: Macroeconomia para o Desenvolvimen-to – crescimento, estabilidade e emprego (Ipea-2010). Altas taxas de juros, inflação descontrolada, poderio de instituições fi-

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alicerces para isso foi fortalecer o cres-cimento econômico em bases sólidas, conforme aponta o estudo do Ipea. E, atu-almente, a economia brasileira tem dado sinais de que esse fenômeno está ocorren-do de forma expressiva e consistente.

Famílias brasileirasMais brasileiros estão consumindo. Isso gera mais empregos e pode garantir me-lhoria no bolso do trabalhador. Uma mos-tra disso é o aumento do salário mínimo que puxa outros pisos.

Desde 2007, o salário mínimo subiu 43% em termos nominais. Indicativos de “sus-tentabilidade do impulso de crescimento

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da economia no curto prazo”, diz estudo do Ipea sobre o otimismo das famílias brasileiras referente a março deste ano, quando visitou 3.810 domicílios, em 200 municípios brasileiros.

Segurança no trabalho. Isso também pode ser visto em tempos atuais. Neste levan-tamento sobre a expectativa das famílias em relação ao emprego, 78% dos(as) chefes de família se sentem seguros em sua ocupação atual. Esse número é ainda maior quando considerada somente a re-gião Sul, são 90% dos trabalhadores que se consideram seguros no trabalho.

De acordo com o consultor de empresas, Eduardo Ferraz, o Brasil vive uma situa-ção de pleno emprego. Realidade festeja-

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os jovens têm uma grande chance na vida

de escolherem boas empresas para trabalhar

DICAS PARA EMPRESASPara Jim Collins, um consultor americano de gestão de empresas, é preciso trabalhar 4 fatores dentro da empresa. Imagine que a empresa é um avião, o presidente deveria tomar 4 atitudes:

Embarcar as pessoas certas e de-sembarcar as erradas;

Colocar as pessoas certas nas poltronas certas;

Definir o rumo que vai o avião;

Enquanto 90% das pessoas cer-tas não estiverem nos lugares certos, não sossegue. Essa é a sua principal função na empresa.

PARA OS TRABALhADORESAutoconhecimento é a chave para encontrar seu lugar no mercado de trabalho. Descubra qual é o seu perfil:

Sinestésico – gosta de gente, é falante, sociável, animado e extrovertido. Trabalhe: professor, cargos na área de serviços e atendimento ao público.

Visual – rápido, impulsivo, impacien-te, direto e agitado.Trabalhe: vendas, consultor e cargos que exijam resultados em curto prazo.

Auditivo – quieto, detalhista, reserva-do, é formal e organizado. Trabalhe: auditoria, projetista e car-gos que tenham tarefas operacionais.

Fonte livro: Por que a gente é do jeito que a gente é?, Eduardo Ferraz (2010).

da. No entanto, é preciso ter cautela. Os números significam sucesso de todos. “Tá todo mundo garantido? Não está. As em-presas estão precisando de mão de obra qualificada”.

É o que sente Kessia Ferreira, 18 anos de idade, estudante do curso técnico de Administração. Ela está à procura de um estágio e já percebeu que a qualificação é um fator determinante na contratação. “Tem que ter mais qualificação e expe-riência, as empresas pedem”.

Por isso, é hora dos jovens, como Kessia, ficarem atentos. Chegou sua hora! Entre eles, o índice de desocupação é grande, o que à primeira vista pode preocupá--los, é o grande pulo do gato, guardan-do uma grande oportunidade. “Entre 16 e 24 anos de idade é de 13% [taxa de desemprego]. Essas pessoas que nunca trabalharam têm uma grande chance na vida de escolherem boas empresas para trabalhar como aprendiz”.

Entretanto, lacunas na formação dos trabalhadores podem ser um grande em-pecilho na hora de conquistar um bom emprego. Segundo o indicador de Anal-fabetismo Funcional (Inaf), 27% dos brasileiros são analfabetos funcionais, aqueles que não sabem interpretar textos curtos, como um e-mail, por exemplo. “É gravíssimo, a economia vai continuar crescendo, vai continuar precisando de gente, gente que saiba pensar um pou-quinho, porque cada vez mais vai ser tudo automatizado, precisa pensar e sa-ber se comunicar”.

estudo e qualificação“Estudos verificaram que cada ano adicional de educação proporciona um aumento médio de 13% da renda do trabalho, controlado pelas características dos indiví-duos”, observa o relató-rio do Bradesco, estudo do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bra-desco, divulgado pelo jornal Valor Econômico.

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“Não perca tempo com os seus pontos fracos”, comenta Eduardo Ferraz

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A maior demanda é de mão de obra por profissionais que tenham mais de 11 anos de estudos. É o que também aponta An-gela Carstens, coordenadora da Setp. “A maior faixa está entre o término do ensino fundamental e do ensino médio”.

No Paraná, Angela comenta que as áreas carentes de mão de obra são de mercados antes desaquecidos e que agora estão em alta. As vagas estão mais concentradas na construção civil, na área de serviços, prin-cipalmente, na alimentação e na indústria metal-mecânica, esta última cada vez mais automatizada e necessitando de pessoal com nível técnico capaz de saber lidar com os mecanismos e sistemas informatizados.

Só no primeiro trimestre, segundo infor-mações da Secretaria Estadual do Traba-lho e do Ministério do Trabalho, foram gerados 50.935 novos empregos. Uma alta de 2,14%, se comparado com o mes-mo período de 2010. São 2.539.147 pes-soas que tiveram sua carteira assinada

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em todo o Estado por este período. Cerca de “30% conseguem emprego e 70% não conseguem. Eles têm escolaridade bai-xa”, contabiliza Angela.

Retenção de talentosSe os trabalhadores precisam se qualificar, as empresas também têm de se atualizar. A paranaense Pelissari Gestão & Tecnolo-gia, empresa que atua no mercado de Tec-nologia da Informação (TI), implantando sistemas de gestão em grandes e médias empresas, conquistou no ano passado um lugar entre as 100 Melhores Empresas para Trabalhar no País, no ranking do Ins-tituto Great Place To Work (GPTW). Por conta do alto grau de especialização do mercado em que atua, a área de Recursos Humanos da empresa tem dificuldades em encontrar pessoal qualificado para as vagas. “Não faltam candidatos, mas a for-mação é deficiente. Falta a base e acabam não tendo sucesso”, comenta Laísa Prust, coordenadora do RH da Pelissari.

Para driblar isso, a empresa lança mão de alguns mecanismos como parcerias com universidades e o programa Talento atrai Talento. “A maior fonte é por indicação”, comenta Laísa. A empresa também traba-lha na retenção desse colaborador. Para isso, o RH realiza uma pesquisa anual para ouvir dos colaboradores quais as me-lhorias que podem ser feitas na empresa, buscando aliar os anseios do trabalhador aos interesses do empregador. Resultado: “fizemos uma readequação de salários, melhorias na política de recrutamento.

Benefícios mais agressivos [...] A estabi-lidade não é mais o foco. A oportunidade de capacitação e oportunidade de cresci-mento e desafios é o que mais atrai. Eles querem ter boas perspectivas na carreira”, avalia a coordenadora.

Nível técnicoAntes, era normal os trabalhadores roda-rem por diversas áreas na busca de seu lugar ao sol. Hoje em dia, as vagas são mais específicas e exigem conhecimento aprofundado, por isso, não é coerente fi-car pulando de galho em galho. O melhor é ter foco na área de atuação. “Quem sabe muito sobre tudo, não sabe muito sobre nada. Tenha foco”, afirma Ferraz. Outro detalhe a ser percebido é que, segundo Angela e o consultor de empresas, dificil-mente o trabalhador entrará numa empre-sa no lugar de destaque. “Precisa achar a porta de entrada e lá mostrar a que veio”, comenta a coordenadora da Setp.

Dessa forma, o melhor pode estar na gra-duação formal ou em um curso técnico, boa alternativa também para se destacar no mercado de trabalho. Diferentemente de anos atrás, o ensino técnico voltou a ser in-centivado pelo Governo Federal e as vagas de trabalho é o que não faltam para esse tipo de qualificação. Com base nessa realidade, a presidente Dilma Rousseff anunciou re-centemente o lançamento do Programa Na-cional de Acesso ao Ensino Técnico (Prona-tec), que terá suas primeiras vagas abertas no mês de junho, inaugurando uma nova fase do ensino técnico no País.

Instituições privadas em Curitiba já per-ceberam essa necessidade do mercado e promovem esse ensino há algum tempo. “Tem bastante demanda. O público é mais maduro, já estão no mercado de trabalho e procuram uma recolocação”, afirma Luiz Henrique Bucco, diretor da Opetwork.

João Maria Silveira, de 54 anos de idade, se enquadra nesse perfil. Ele está desem-pregado desde o início de abril, quando foi dispensado da área de Promoção & Vendas em um supermercado da Capital. A empresa fechou e agora ele está preo-cupado com o peso da idade. “Quando estava empregado era o que as pessoas diziam, a idade pesa”.

Os cursos têm duração de dois anos e tem foco acentuado na prática do mercado de trabalho. De acordo com Bucco, a maio-ria dos estudantes é homem. “Eles vêm

“Não faltam candidatos, mas a formação é deficiente. Falta a base e acabam não tendo sucesso”, observa Laísa Prust

economia

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TRABALhE oS PoNToS FoRTES Mas independentemente de qualquer escolaridade, algumas regras precisam estar claras para quem não pretende ser autônomo ou empresário, e o so-nho do melhor emprego está em men-te. O profissional que busca uma vaga de emprego precisa ter clareza que tem de trabalhar alguns requisitos bá-sicos: competência, habilidade e atitu-de. “Ser pró-ativo, postura de respeito com os colegas, [bom] relacionamento com os fornecedores”, aponta Bucco. Para ele, o tendão de Aquiles dos tra-balhadores ainda é a comunicação. “O indivíduo e as organizações estão tra-balhando cada vez mais com a gestão participativa”, isso exige do colabora-dor capacidade de participar de forma ativa das decisões da empresa. Outra dica também é ter noções básicas de informática, português e matemática.

Para Eduardo Ferraz, a regra é traba-lhar naquilo que você é forte, que do-mine e tenha habilidade. “Não perca tempo com os seus pontos fracos, só trabalhe caso ele seja um ponto limi-tante. Algo que esteja atrapalhando os pontos fortes”. Outro fator a ser trabalhado é o bom networking, que é definido, pelo consultor, como sendo “aquele que você faz e não pede nada a ninguém”.

Também é importante ser sincero, inclusive quando falar dos pontos fracos. “De cada 10 [vagas], pode ser que você bata na trave em oito, mas onde você entrar, você vai entrar bem colocado. Cada um no seu quadrado... O que eu faço é ajudar as pessoas a achar o ‘quadrado’ onde ela funcio-na melhor”, explica o coaching. Por isso, encontre seu quadrado de atu-ação e trabalhe continuamente suas habilidades e competências.

buscar uma capacitação com um objetivo claro. Por isso, tem mais participação e assiduidade no curso”.

Os cursos, em muitos casos, estão em sintonia com a demanda do mercado, por isso, muitos trabalhadores mal terminam a capacitação e já saem empregados. Al-gumas empresas fecham parcerias com essas instituições de ensino para promo-ver a capacitação de trabalhadores para sua própria empresa.

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A R e v i s t a M ê s t o d o m ê s e m s u a c a s a .

B a s t a u m c l i q u e .

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Mais qualidade no leite brasileiro

Maior rigor para a produção do leite pretende garantir um produto de mais qualidade para o consumidor

m breve, o leite que chegará à sua casa terá mais qualidade. É o que se espera com o aumento das regras para a produção lei-

teira. O objetivo é elevar o patamar da qualidade do leite produzido no País. Para isso, o Ministério da Agricultura, Pecuá-ria e Abastecimento, instituiu a Instrução Normativa 51 (IN 51) destinada aos pro-dutores de leite.

Segundo o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa)

agricultura

Emil e a contagem bacteriana total dimi-nuirá, das atuais 750 mil unidades por mi-lilitro, para 100 mil por mililitro. Menos bactérias e células somáticas significarão mais qualidade no produto.

De acordo com a engenheira agrônoma da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Maria Silvia Digiovani, a IN 51 “traz parâmetros de qualidade do leite [...] que a partir de julho serão mais apertados”. Assim, o consumidor terá mais segurança no produto que vai utilizar.

PreparaçãoQualidade e segurança que o produtor do município de Chopinzinho (PR), no Su-

Iris Alessi - [email protected] do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os números serão mais rigorosos com a IN 51, visando, além do aumento da qualidade do produto no País, mais segurança e melhor valor nutricional para os consumidores. O alcance a outros mercados e o incremento na renda dos produtores também estão sendo levados em conta com a nova regra.

A normativa foi dividida em prazos di-ferentes para a adaptação dos produtores e, no próximo mês, o número de células somáticas por mililitro de leite, que atual-mente é de 750 mil, passará a ser de 400

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doeste do Estado, Euclides Forlin, consi-dera ser importante para quem consome. “Hoje, a saúde em primeiro lugar”. As-sim, “ela [a normativa] vem nos incenti-var a produzir com qualidade. [...] Noto que se produz muito leite de baixa quali-dade”, avalia Forlin ao verificar o merca-do em que atua.

O produtor do Sudoeste já está se prepara-do para as novas regras. Ele pondera que, com o aumento da qualidade na produção, o leite brasileiro poderá competir de igual pra igual no mercado internacional.

Segundo Euclides Forlin, “cerca de 70% a 80% dos produtores da região já estão dentro da lei”, afirma o produtor que cria 47 vacas das raças holandesa e Jersey, capazes de produzir entre 10 e 12 mil li-tros de leite por mês. Em sua propriedade, Forlin conta que teve de fazer pequenas adaptações para se adequar à nova norma, já que a produção desde o início é assis-tida pela Embrapa e conta com tanques adequados de armazenamento.

Apesar de a preparação dos agricultores estar sendo realizada desde 2002, segun-do Maria Silvia, nem todos os produtores estão aptos para começar a seguir as no-vas regras de imediato. Isso ocorre – den-tre outros fatores – por problemas estru-turais no País. Muitas regiões do Brasil têm problemas com os chamados garga-los de infraestrutura, como as péssimas condições das estradas para o transporte do produto e a falta de luz por períodos prolongados em algumas localidades, o que prejudica o resfriamento adequado do leite após a ordenha. “Eu acho que, de imediato, não vai conseguir chegar a esses valores”, analisa Maria Silvia, em relação aos produtores paranaenses. E mesmo assim, segundo a engenheira, os produtores do Paraná estão entre os mais capacitados para atender os novos requi-sitos de produção.

FiscalizaçãoPor isso, para que os produtos cheguem ao consumidor com a qualidade esperada, a fiscalização terá papel importante. Se-gundo o Dipoa, essas inspeções continua-rão sendo realizadas com o formato atual:

os números mais rígidos da iN 51 visam o aumento da qualidade do produto

em todo o país

O leite com maior qualidade deve chegar aos consumidores brasileiros a partir do próximo mês

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Para a engenheira agrônoma, os produtores paranaenses ainda não se adequaram totalmente

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fiscalização periódica pelo Ministério da Agricultura nas 1.525 indústrias que be-neficiam o leite – estabelecimentos re-gistrados no Sistema de Inspeção Federal (SIF) –, onde são feitas análises labora-toriais do produto. Ainda de acordo com o órgão, não foram definidas possíveis sanções que possam sofrer os produtores, caso o seu leite não se encaixe nos parâ-metros de qualidade em vigor.

O produtor de Chopinzinho entende que é necessário também que os laticínios façam sua parte na cadeia produtiva, não comprando a matéria-prima de baixa qua-lidade. Isso forçaria os produtores a pro-duzirem o leite com mais qualidade. Com as devidas adequações e a colaboração de toda a cadeia produtiva, o consumidor sairá ganhando ao levar à mesa um produ-to de maior confiabilidade.

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Conflito entre palestinos e o exécito israelense em Nablus

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Palestina em dias de paz?Retomada das discussões para um acordo, que vai gerar estabilidade na região, não deve ocorrer tão cedo

e judaico não pode ser alcançado com permanente ocupação”, afirmou Barack Obama em recente discurso. As palavras do líder americano é coro aos que acham ser impossível para Israel ser ao mesmo tempo judaico, democrático e incorpora-do à Cisjordânia.

Dessa tríade, sempre citada por acadêmi-cos, como o historiador israelense, Avi Shlaim, Israel só pode ser duas coisas ao mesmo tempo. Se quiser todo o território, anexando definitivamente a Cisjordânia,

alestinos e judeus brigam há séculos por estabilidade, terra e paz. Entretanto, a vida desses dois povos mais parece um brin-

quedo de ioiô, um vai e vem de acordo com as necessidades dos interessados na região do Oriente Médio.

No século XXI, não é diferente. Mais uma vez a janela para a chamada paz foi fechada, a partir dos discursos de líderes dos países em conflito. Nos dias finais de maio, em discurso no parlamento dos Estados Unidos, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou: “Os acordos de paz entre Israel, Egito e Jordânia são vitais, mas não suficientes. Temos de encontrar uma forma de forjar a paz duradoura com os palestinos”.

Mas Netanyahu disse que as negociações para chegar a um acordo de paz haviam fracassado nas últimas décadas, porque os palestinos não estavam dispostos a aceitar um Estado judeu. Ele conclamou o pre-sidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, a romper seu acordo de união com o movimento islâmico Hamas – que não reconhece o direito de existência de Israel – e negociar com o Estado israelense.

“O Hamas não é um parceiro da paz. Con-tinua comprometido com a destruição de Israel. Vamos negociar com a Autoridade Palestina, mas não com a versão palestina da Al-Qaeda”, declarou.

Do outro lado, os palestinos, veem que a declaração do primeiro ministro fora por deveras desastrosa e não abre sequer “uma fresta de ar” para salvar o caminho da paz. “Ele, Netanyahu, não quer a paz, pois não sabe o que diz”, teria dito o pre-sidente Mahmud Abbas.

Mas, com peso considerável nas nego-ciações de paz, os Estados Unidos que-rem mostrar que sua política de fato é de mudança. “Ter um Estado democrático

Wallace Nunes - [email protected] agências

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nesse território, além dos 300 mil colonos israelenses. Com a concessão de cidada-nia aos habitantes de origem palestina, levando em conta os mais de 1 milhão de árabes israelenses e outras centenas de milhares de Jerusalém Oriental, a maioria judaica de Israel correria risco. Seria um Estado binacional, mas não judaico, afun-dando o sonho de Theodor Herzl de criar uma pátria para os judeus.

Outra alternativa, defendida por um mem-bro do Likud, partido de Benjamin Ne-tanyahu, defende a anexação da Cisjordâ-nia, sem a concessão de cidadania para os habitantes palestinos. Neste caso, Israel poderia ser classificado como um Estado de apartheid, no qual milhões de habitan-tes não possuem direitos civis, isolando o país da sociedade internacional.

dessa tríade, sempre citada por acadêmicos, israel só pode ser duas coisas ao

mesmo tempo

precisará decidir se concede cidadania a milhões de palestinos que vivem em ci-dades como Nablus, Ramallah, Belém, Hebron e Jericó.

AnexaçãoNo passado, ao anexar Jerusalém Oriental e as colinas do Golã, os israelenses ofere-ceram o direito à cidadania aos moradores dessas áreas – muitos rejeitaram. No caso da Cisjordânia, seria mais complicado. Há mais de 2,5 milhões de palestinos vivendo

Por último, há a opção de dois Estados. Os Estados Unidos, organizações judaicas liberais e a oposição israelense defendem esta saída, usando como base as fronteiras de 1967, com alguns ajustes. Israel poderia manter os principais blocos de assentamen-tos próximos à fronteira da Cisjordânia, conservando a maior parte dos colonos sob a sua soberania, e passando o restante aos palestinos, incluindo outras terras em com-pensação para o território que ficasse com os israelenses. Agora, é observar o que deve acontecer quanto aos próximos passos.

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Irreversível, Netanyahu preferiu ser conservador e disse que não fará concessões aos palestinos

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Na verdade eu não sabia bem o que era. Fiquei sabendo que ia ter um

Reveillon fora de época, achei a ideia le-gal e fui”, conta o estudante de Medicina, Lucas Franchini. Ele foi uma das milhares de pessoas que compareceu, de forma es-pontânea, ao evento realizado em março, em Curitiba (PR). A organização estima que tenham participado entre 10 e 15 mil pessoas neste evento divulgado somente pela internet. O acontecimento trouxe à tona um novo fenômeno, a capacidade da internet em mobilizar as pessoas entorno de um propósito.

Com a ideia de oficializar um pensamento já incorporado na cultura brasileira – de que o ano só começa depois do Carnaval – três moradores de Curitiba resolveram se unir e convidar amigos para uma fes-ta, no mínimo, curiosa. “A iniciativa foi

Com quase 74 milhões de usuários no Brasil, a internet está mudando as relações interpessoais

Conectados em busca de mais interação

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comportamento

totalmente independente e sem fins lucra-tivos. Nosso objetivo foi apenas convidar algumas pessoas para um encontro diver-tido e inusitado”, afirmam Iuri Castelo, Isbella Fonseca e Nat Petry, organizado-res do evento.

O resultado superou as expectativas, tan-to deles, quanto de quem esteve por lá. “Posso dizer que ficamos surpresos com a adesão à ideia, já que vimos muitas pes-soas vestidas de branco, com champagne e uvas”, diz Isbella.

Dentre o público estava Lucas e seu grupo de amigos. “Não imaginava que iria ter tan-ta gente. Mas foi legal ver a galera lá, com energia positiva e todo mundo comemoran-do na hora que deu meia-noite”, lembra.

O detalhe mais impressionante é que essa grandiosa festa foi “organizada” em ape-nas quatro dias e com uma divulgação

Mariane Maio - [email protected]

feita exclusivamente pelas redes sociais. “[Atingimos] cerca de 27 mil pessoas no Facebook, com mais de 5 mil confirma-ções de presença. Utilizamos também o Tumblr, onde registramos mais de 16 mil visitas, vindas de 136 cidades do Brasil e outros 34 países”, contabiliza Isbella.

O lugar escolhido foi a Praça da Espa-nha, no bairro Batel. No local não havia música, banheiros químicos ou lixeiras, mesmo assim, os participantes do evento pareciam não se importar. A comemora-ção ficou a cargo das bebidas levadas por cada grupo e dos sons que viam dos car-ros estacionados ao redor ou das rodas de amigos, tocando violão, além, é claro, da contagem regressiva e dos fogos de artifí-cio disparados à luz do luar na virada da meia-noite.

Da tela à praçaImaginar como um evento “caseiro” con-seguiu mobilizar tantas pessoas na internet ao ponto de levá-las para uma praça, sem saberem ao certo o que encontrariam por

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de um Flash Mob para pedir à namorada, Mônica Pauline Silva (25), em casamen-to. Para isso, Fernando confeccionou 150 cartões com a foto do casal com os dize-res “Quer casar comigo?”. Depois, ele di-vulgou pelas redes sociais e comunidades virtuais pedindo para que as pessoas com-parecessem ao local marcado: um shop-ping de Curitiba.

Para atrair a namorada até o local, ele combinou um almoço. Enquanto ela o es-perava na praça de alimentação, ele ligou dizendo que estava atrasado. Em seguida, diversas pessoas começaram a se levantar e entregar para Mônica, uma a uma, os cartões feitos por ele. Depois de entregue os 150 cartões, Fernando apareceu fa-zendo o pedido oficial e entregando uma corrente com um coração dourado e uma

aliança, já escolhida pelo casal durante o namoro, em prata.

“Eu queria fugir do padrão e fazer algo romântico ao mesmo tempo”, explica o blogueiro. Apesar da surpresa, a namorada aprovou a ideia. “Eu não esperava. Come-çou a vir um monte de gente me entregando os cartões e espalhando pela mesa. Fiquei totalmente trêmula. Olhava para procurar ele. De repente ele surgiu. Eu não consegui resistir e até chorei”, lembra Mônica. O ca-samento está previsto para o início de 2012.

“Os Flash Mob´s surgiram como formas de você usar a internet para organizar pessoas que iriam para algum lugar, fazer alguma coisa. Uma mobilização muito rápida, por isso a ideia do Flash”, explica a professora Christiane. Na maioria das vezes, as pessoas que participam dessas manifestações não se conhecem, como foi no caso do casal apai-xonado. “A maioria das pessoas que partici-pou nem ficou sabendo da história toda que estava acontecendo”, conta Fernando.

Para Christiane, a internet possibilita essa mudança nas interações pessoais. “Permi-tir as interações virtuais, vai fazer com que as interações físicas também se alterem”. A professora também acredita que esse “poder” do mundo virtual irá aumentar ainda mais. “O brasileiro gosta de internet e dedica tempo para isso. O potencial da internet, em uma palavra, é: crescimen-to”, conclui a professora. As estimativas do IAB Brasil também são otimistas. Este ano, o número de usuários com mais de 16 anos deve chegar a 81 milhões de pessoas, um crescimento de 10% sobre 2010.

lá, é algo intrigante. O fato é que a internet que, anteriormente, foi acusada de isolar as pessoas do convívio social e da interação no “mundo real” está servindo como uma plataforma de aproximação e mobilização.

“O que afasta as pessoas são as cidades grandes, o trânsito, a falta de tempo, o ritmo de trabalho. Acho que a internet tem potencial para viabilizar encontros mais interessantes, resgatar contatos da infância. Não vejo a internet como vilã”, afirma a mestre em Comunicação Inte-grada e professora de Planejamento de Comunicação do Curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Positivo, Christiane Monteiro Machado.

A opinião da professora parece ser a mes-ma de muitos brasileiros. O ano passado foi um marco ao estabelecer no hall das mídias de massa a internet, que conta-bilizou quase 74 milhões de pessoas co-nectadas a partir dos 16 anos de idade, conforme levantamento da IAB Brasil (Interactive Advertising Bureau). Assim, o Brasil torna-se o oitavo país com maior número de internautas. Já no tempo de navegação, os brasileiros ficam com o primeiro lugar, com 45 horas por mês co-nectados. O Reino Unido vem em segui-da, com 43 horas, e os Estados Unidos, em terceira posição (40h).

Ajuda virtualQuem também se aproveitou dessas horas em frente ao computador para fazer um pedido diferente foi o blogueiro Fernan-do Cardoso Aguiar Neto, de 22 anos de idade. No início deste ano, ele se utilizou

os brasileiros são os que mais ficam na internet. São 45h por mês conectados

CURTIU?

A Revista MÊS continua essa história na internet. Mande pra gente seu depoimento, sua história com Flash Mob’s ou alguma experiência que tenha iniciado na internet e que ganhou as ruas. Participe! Twitter: @mes_pr Facebook: Mês Paraná (Perfil) e

Revista MÊS (Página)E-mail: [email protected] história pode estar na página de Mensagens dos Leitores da próxima edição da MÊS (julho/2011).

Por meio de um Flash Mob, e

com a ajuda de 150 pessoas, Fernando

pediu Mônica em casamento

“O potencial da internet, em

uma palavra, é: crescimento”, afirma Christiane Monteiro

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Em minha civilização, aquele que é diferente de mim, não me em-

pobrece, me enriquece”, disse Saint Exu-péry, autor da obra “O Pequeno Príncipe”.

No entanto, não é o que parece pensar o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que está sendo processado pela cantora Preta Gil, por suas declarações racistas e homofóbi-cas em um programa de TV. Este episódio revelou uma face cruel e discriminatória

Afro-brasileiros, homossexuais e religiosos são alguns grupos ainda alvos de preconceito; apesar de ser crime, a realidade está longe do exercício diário de igualdade

de alguns brasileiros e funcionou como uma caixa de ressonância para colocar em debate o tema.

Numa sociedade em que é normal ser desigual, ainda assim o preconceito tem

A igualdade na diferença

comportamento

Arieta Arruda - [email protected]

oPçõESNo País mais miscigenado do mundo, ainda há preconceito racial

100%(190.755.799)

Total de residentes

47,7%(91.051.646)

Branca

7,6%(14.517.961)

Preta

43,1%(82.277.333)

Parda

1,1%(2.084.288)

Amarela

0,4%(817.963)Indígena

0%(6.608)

Sem declaração

Nota: 1 - Os dados são dos Resultados Preliminares do Universo. Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010

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imperado. Uma das explicações para esse comportamento é porque “nós gostamos do espelho, daquele que é semelhante, tanto para amizade, quanto relacionamen-to amoroso. Isso reafirma nossas crenças. Então, os iguais se atraem. O preconceito está quando [você] acha que o que pensa é a verdade e que o outro é inferior a você”, explica Lídia Weber, psicóloga e profes-sora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). E é aí que mora o perigo.

Essa relação de inferioridade pode ser estabelecida desde a infância, por meio das relações afetivas. Os pais e profes-sores – que são figuras de autoridade na infância – podem contribuir para desen-volver pré-conceitos e normas sociais no indivíduo que, geralmente, são reafirma-das durante a vida.

Mas em um país que tem como caracterís-tica marcante a miscigenação, isso não de-veria ser diferente? Para a psicóloga Lídia Weber, em certo ponto sim, “o brasileiro é um povo mais afetivo. O espaço inter-pessoal é menor em relação a outros países [...] Mas uma condição é o ‘jeitinho brasi-leiro’, o levar vantagem em tudo. Nós não gostamos de seguir regras sociais”.

RacismoO curitibano Adegmar José da Silva Can-diero, representante do Movimento So-cial Negro, em Curitiba (PR), já sentiu na pele, mesmo antes de saber o que era, o tal do preconceito racial. “Meu primeiro contato na escola foi terrível. Na sala de aula, tinham bancos grandes e de um lado ficavam as meninas, do outro lado os me-ninos, atrás ficavam os negros. [...] Sem-pre fui muito maltratado”.

Também já foi chamado de “macaco” em uma lanchonete e viveu situações de ob-servar pessoas atravessarem a rua ao vê-lo caminhando do mesmo lado. Experiências que marcaram sua trajetória. Não era para menos, situações como essa “rebaixam a autoestima (o quanto gosta de si) e a autoe-ficácia (o quanto sou capaz) [...] Pode levar a depressão”, enfatiza a psicóloga.

Mas não foi dessa forma que Candiero revolveu enfrentar esse problema social.

“As pessoas são iguais por definição, temos o mesmo valor como ser humano,”

diz a psicóloga

Ele buscou referenciais negros no povo brasileiro e no mundo para fortalecer sua imagem e levar isso para a sociedade. Hoje ele trabalha, por meio da Cultura, para quebrar o paradigma, pois “cada vez que encontro alguma coisa do negro é de forma pejorativa, que destrói a imagem do negro, uma forma que não é verdade”.

Para ele, é dos bancos da escola que esse capítulo da história pode começar a mu-dar. “Se o negro tiver acesso a sua cultu-ra, sua história, a coisa começa a mudar. A mudança só começa na sala de aula”, disse. De acordo com Adegmar, um dos grandes responsáveis por manter esse cli-ma de indiferença perante aos afro-brasi-leiros é o preconceito institucionalizado nas diferentes esferas do Poder Público. “Pra eles [Poder Público], é interessante ‘embranquecer’ a Capital. Curitiba tem

cometido esse crime com o negro daqui”. Para ajudar a promover a mudança, Can-diero comenta que, este ano, serão feitas várias ações no combate ao racismo, pe-ríodo em que se comemora o Ano Interna-cional da Afrodescendência.

homossexualidadeOutro tipo de preconceito bastante vivo ainda no meio social é contra os homos-sexuais. É bem verdade que formas graves de repressão já ficaram para trás, como na Idade Média, em que pessoas eram quei-madas na fogueira ou, mais tarde, ainda eram tratadas como doentes ou crimino-sas. No entanto, há muito por avançar. “Em 75 países ainda criminaliza, sendo que em 7 países existe pena de morte”, afirma Toni Reis, presidente da Associa-ção Brasileira de Lésbicas, Gays, Bisse-

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Jr. o QUE A CoNSTITUIção FEDERAL DIz?

A lei afirma no artigo 5º da Constituição Federal que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. No entanto, é preciso ressaltar que “todos são iguais, na medida de suas desigualdades. Às vezes, é necessário tratar como desigual para que seja garantida, efetivamente, a igualdade”, afirma Luisa Padoan, bacharel em Direito.

Um exemplo disso são as provas em concursos públicos. Nos testes físicos, os pa-râmetros de aprovação entre homens e mulheres são distintos, conforme as capaci-dades físicas de cada gênero. Por isso, “nem sempre um paradigma se aplica a todo mundo indistintamente. É importante olhar o caso concreto, para ver como aplicar de forma justa”, ressalta Luisa.

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Luta: Adegmar Candiero trabalha pelo movimento negro no Brasil e no mundo

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xuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e grande estudioso da sexualidade humana.

Outros dados também impressionam. De acordo com Reis, um estudo da Unesco (ONU), informa que 40% dos adolescen-tes não gostariam de estudar com gays e 70% dos professores não sabem lidar com essa questão. No Brasil, 54% da comuni-dade LGBT já foi discriminada.

Para mudar isso, Toni Reis comenta que já existe o projeto do Ministério da Edu-cação (MEC), onde pretende trabalhar a “escola sem homofobia”. O projeto ainda está em fase inicial e já sofreu alterações e a retirada das cartilhas nas escolas por decisão do Governo Federal. Contra essa iniciativa, o deputado Bolsonaro também tem tentado combater com a distribuição de cartilhas trazendo os dizeres iniciais: “querem, na escola, transformar sua fi-lha de 6 a 8 anos em homossexuais!”. No material, ele intitula o Plano Nacional de Promoção da Cida-dania e Direitos Humanos de LGBT, como Plano Nacional da Vergonha.

Mas a sociedade tem cami-nhado em outra direção ao do deputado. Em decisão inédita, o STF (Supremo Tribunal Federal) deci-diu em favor da união estável de pessoas do mesmo sexo. Outro avanço bastante co-memorado por Toni Reis, que mora com seu companheiro há 21 anos. “Grande avanço. Imperou a dignidade, porque todos são iguais perante a lei”. Toni e David Harrad, seu companheiro, foram o primeiro casal a efetivar a união estável no Bra-sil. A celebração foi realizada no dia 09 de maio no 6º Tabelionato de Curitiba.

deficiente físico Outro exemplo de vida é o londri-nense Flávio Lúcio Peralta, que há 14 anos mudou sua vida e mu-daria a de muitas outras pessoas. No dia 21 de agosto de 1997, ele sofreu um acidente de trabalho. Sem estar com os equipamentos de segurança devidamente revi-sados, Flávio levou um choque de 13.800 volts no alto de um poste. A equipe de resgate che-gou a tempo para resgatá-lo

com vida, mas seus braços já estavam comprometidos, foram amputados.

Depois de várias cirurgias e um longo tra-tamento, Flávio fez dessa tragédia, uma mudança positiva. Atualmente, venceu seus medos e dá palestras por todo o País na área de motivação e segurança do traba-lho. “Independente de ser um deficiente fí-

sico, amputado, hoje percebo que qualquer pessoa está sujeita a muitos preconceitos. Esses sempre vão existir”, acredita Peralta.

Para que as vítimas de preconceito pos-sam saber lidar com isso, a psicóloga ensina que há um caminho possível. Pri-meiro com terapia, trabalhando o auto-conhecimento, conhecendo seus limites. Segundo passo é treinar o repertório de respostas. Assim, a pessoa aprenderá a ter um comportamento assertivo e não agres-sivo ou passivo perante as situações.

Preconceito religiosoA intolerância religiosa também ainda existe. Apesar de vivermos em um país laico, onde deveria predominar a boa con-vivência entre as diferentes religiões, é fácil encontrar exemplos de preconceito. É o caso da comunidade islâmica de Foz do Iguaçu. De acordo com o presidente

do Centro Islâmico, Dr Faisal Ismail, “infelizmente continuamos verifi-

cando preconceitos contra a co-munidade islâmica, [...] mesmo

na era de humanismo e status de igualdade na existência e na liberdade de expressão”.

Na luta contra esse mal, para ele, o melhor remé-dio é praticar a tolerância e construir um ambiente de paz. “Todos os com-ponentes dessa socie-dade brasileira são

chamados para comba-ter o preconceito e obri-

gados a adquirir igualdade religiosa, caso querem viver

em paz e harmonia, porque mui-to importa para todos, a boa con-

vivência diária e o respeito mútuo”.

Exemplos de vida, situações de pre-conceito, experiências negativas estão por todos os lados e a solução parece estar longe. Mas para Lídia Weber tem saída. “Sou otimista”. De acor-do com a psicóloga, o preconceito é aprendido, por isso, também pode ser desaprendido. “As pessoas são iguais por definição, temos o mes-mo valor como ser humano,” co-menta Lídia Weber.

comportamento

Superação: Flávio Peralta, depois do acidente, casou-se, tem um filho e hoje é palestrante e escritor

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o Caminho do Vinho e outras delícias

Na Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, os turistas conhecem a história, provam o vinho e, ainda, saboreiam comidas caseiras

om o frio cada vez mais in-tenso, junto com a estação, os hábitos alimentares também mudam. O famoso sorvete é

trocado pelo chocolate quente, a salada pela sopa e a cerveja pelo vinho. E já que essa é uma bebida saboreada por muitos, principalmente, nesta época do ano, a Re-vista MÊS decidiu unir a degustação com a diversão. Aliás, esse é o objetivo do Cami-nho do Vinho, roteiro turístico realizado na Colônia Mergulhão, distante 10 km de São José dos Pinhais (PR), cidade da Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

Idealizado em 1998 e concretizado em 1999, o Caminho conta com, aproxima-damente, 30 propriedades envolvidas. No percurso, os turistas encontram além do vinho, produtos embutidos, queijos, com-potas, doces, geleias, sucos, licores, e até mesmo a tradicional bebida brasileira, a

Ccachaça. Algumas propriedades são ape-nas espaços de lazer, como pesqueiros ou chácaras, lugares ideais para o contato com a natureza. Mas a maioria fabrica e vende o produto que dá nome ao trajeto: o vinho.

Quem deseja conhecer o local tem duas opções. A primeira delas é fazer o traje-to de carro. Os acessos são pela Avenida das Torres (entre Curitiba e São José dos Pinhais), pela BR 277 e pela BR 116. A outra opção é pegar o ônibus da Linha Tu-rismo, que sai todos os sábados, às 13h30, e aos domingos, às 11h, em frente ao Sho-pping São José. O percurso dura cerca de cinco horas. E foi nessa “aventura” que a Revista MÊS embarcou para mostrar to-dos os detalhes para você.

PartidaO dia estava propício para um passeio. Muito sol e até mesmo certo calor, atípico para a região nesse período do ano. No

local combinado, Rosana Juliatto Pissaia fazia a recepção, vestida com um traje tipicamente italiano. Após o embarque de todos os passageiros (três casais de Curitiba, uma senhora de São José dos Pi-nhais e a equipe da MÊS), ela se apresen-ta como a guia que irá nos acompanhar. Além de credenciada pelo Ministério do Turismo, Rosana nasceu na região e é proprietária do estabelecimento Vinhos Vô Dide e também do Salame Di’Vino. A história narrada por ela durante o percur-so é baseada em fatos reais e muitos deles vividos pela própria guia.

A história começa pela explicação do sur-gimento do Caminho do Vinho. O muni-cípio de São José dos Pinhais tem como característica marcante uma população rural. Aos 321 anos, a cidade tem cerca de 270 mil habitantes, sendo que apenas 30% deles moram na área urbana. No iní-cio da colonização, os imigrantes italia-nos preservavam a cultura no campo pro-

turismo

Mariane Maio - [email protected]

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sábados, é o último ponto do roteiro. Já aos domingos, o almoço inaugura o tra-jeto. Depois de 20 dias que viu a faixa “Aluga-se” em uma propriedade no Ca-minho do Vinho, Dona Eufrida Dunkel Valenga abriu a Casa Bela Café Colonial, há cinco anos. Hoje o espaço recebe até 400 pessoas em um final de semana.

Os 10 funcionários do estabelecimento dão conta de produzir os 60 itens servi-dos em um grande banquete. Mas as no-vidades vêm das mãos de dona Eufrida Dunkel Valenga, que confessou não con-tar todos os segredos às demais cozinhei-ras. “Sempre estou fazendo coisas novas. É difícil eu repetir pratos. Vários eu não posso trocar, porque já é da casa. Mas pratos novos, sempre estou criando”, con-ta. A satisfação na comilança é garantida ao final do passeio, principalmente, para a repórter que não teve tempo de almoçar antes de ir para o Caminho do Vinho.

duzindo o vinho. O produto caiu no gosto popular. Com isso, os produtores tinham de vender o vinho na porta de suas casas. As novas gerações foram se especializan-do e decidiram se unir para comercializar de forma organizada esse produto. Hoje, a Associação Caminho do Vinho-Colônia Mergulhão (Acavim), em parceria com a Prefeitura, toma conta do roteiro turístico.

A primeira parada é no portal do Cami-nho do Vinho. Ao lado, está o Armazém do Mazza, que torna-se ponto quase obri-gatório para visitação. Trata-se de uma mercearia, que tem o sorvete de massa como seu ponto forte. Os sorvetes mais vendidos são os de abacaxi com vinho e de nata com uva. O sabor é muito agra-dável e a melhor parte é que a bola custa apenas R$ 1. Depois do primeiro contato da expedição gastronômica em que va-mos passar, seguimos todos a pé para o Portal que inicia, oficialmente, o trajeto.

Degustação“Você tem de dar um gole vigoroso e jo-gar o vinho para o fundo, para as outras papilas. Onde sente o ácido. Lá no fun-do, a hora que você engolir, vai sentir o sabor da uva”, explica a guia Rosana na primeira adega, a Vinhos Laureanti. Se-gundo ela, é comum que as pessoas que não entendem do ato de degustar o vinho, provem com a ponta da língua e tenham uma impressão equivocada do sabor.

O vinho tinto seco é o preferido pelos apreciadores, mas o tinto suave é o cam-peão de vendas, afirma Marcelo Laurean-ti, sucessor da administração da proprie-dade, que seu pai tem há 35 anos. Hoje a esposa e os dois filhos de Marcelo ajudam nos negócios, que tem a expectativa de vender 20 mil litros de vinho em 2011. “Todos os vinhos são bons. O diferencial [do produzido na Colônia Mergulhão] é o vinho ser colonial. Eu produzo e conver-so com o cliente, explico como produz o vinho”, argumenta.

Um dos proprietários da Adega Bortolan, Elói Sava, vai além. Ele garante que o vi-nho produzido na região não dá ressaca e ajuda na digestão do alimento. Segundo ele, se você consumir a mesma quantidade de alimento tomando o vinho e depois fizer o teste sem tomar, vai perceber a diferença. “Com o vinho, três horas depois já fez a di-gestão”, assegura Sava. Ele explica ainda que o produto não contém conservante, por isso, deve ser mantido na geladeira.

Apesar de o vinho ser produzido nas pro-priedades rurais do Caminho do Vinho, a uva não é plantada na região. O clima da-qui não é propício para os parreirais. A uva Bordeaux (ingrediente do vinho tinto) e a Niágara (do branco) são trazidas em sua maioria da cidade de Caxias do Sul (RS).

Já a degustação é permitida, até mesmo incentivada, em todas as adegas. Mas é bom ir com calma, pois o percurso con-templa muitas casas especializadas na bebida. Nosso grupo conheceu ainda a Vinhos Pissaia, Renato Pissaia, Vinhos Paulo Juliatto e Vô Dide. Passamos ainda pelo Casarão Nono Leonardo e pelo Sítio Roda D’Água, local que comporta even-tos com até 600 pessoas.

o grand finaleUma das partes mais esperadas do passeio é o típico café colonial. Nos passeios aos

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A guia Rosana Juliatto Pissaia é

nascida na região e proprietária do

Vinhos Vô Dide e Salame Di’Vino

O Café Colonial é farto. Tem 60 itens entre doces, tortas, pães, geleias e bebidas

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culinária&gastronomia

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çãoAlimentos saudáveis, coloridos e preparados com carinho fazem da gastronomia Comfort Food o hit do momento

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embranças de um tempo bom. Uma refeição é capaz de des-pertar de uma maneira muito especial e apetitosa sentimen-

tos agradáveis, sensações positivas e tem o poder de reviver bons momentos da vida. Em alta na gastronomia, essa é uma nova tendência chamada de comfort food. “Acredito na comida que deixa feliz. Pre-enche os seus sentidos [...] É uma comida que te abraça quando você come”, descre-ve Kika Marder, chef de cozinha do Sel et Sucre, vencedora do Prêmio Bom Gour-met, de 2010, do jornal Gazeta do Povo.

Cada indivíduo tem a sua comfort food, que trabalha de forma oposta das comidas enlatadas, pré-cozidas ou fast food. Pode ser um quitute preparado pela sua mãe que te faz lembrar-se da infância ou uma bela massa feita pela vovó nos almoços de final de semana. Ou ainda, uma sobreme-sa feita por aquela tia querida.

A psicóloga Paula Maio de Siqueira ex-plica que este processo de associação dos sentidos a lembranças vem desde o úte-

A combinação de ingredientes especiais e afeto no preparo, que nos remetam a momentos especiais da infância ou mesmo da vida adulta, são os destaques da gastronomia “comfort food”

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ro. “Começamos a criar associações en-tre o cheiro, o gosto e sons ainda dentro do útero. O feto tem seu sistema nervoso central formado durante os primeiros me-ses de gestação. Os sentidos externos são traduzidos para o sistema nervoso através do córtex cerebral, que é a parte mais de-senvolvida do cérebro. Já a memória pro-priamente dita é um fenômeno biológico e psicológico, produto de uma aliança de sistemas cerebrais que funcionam juntos”.

Conforto emocionalEntretanto, não é só na infância que po-demos ter essas referências. Sempre que uma comida ou um prato é associado a uma sensação de bem-estar, conforto emocional, as sensações voltam no mo-mento em que é servida novamente. E é justamente nessa busca do bem-estar que a chef Kika procura fazer suas criações. “Ingredientes você sempre transforma. O prato é a conjunção dos ingredientes e o preparo dele. Cozinhar é um ato de amor ao próximo. Precisa gostar de servir”.

Segundo a psicóloga, esse afeto deposita-do na hora do preparo da comida é o que traz o diferencial do paladar e das sensa-

ções evocadas na refeição. “Para um bom desenvolvimento da criança é necessário que esta alimentação seja vinculada ao afeto [...] Assim, quando adultos, lem-branças ligadas a este momento de pre-paro, evocarão sensações de bem-estar, completude e satisfação, da mesma forma com que sentíamos quando bebês que ma-mávamos um bom leite da mamãe amoro-sa”, observa Paula.

A conjunção do ambiente, dos produtos frescos, do carinho no preparo faz da comfort food uma combinação de pala-dar agradável e emoções de aconchego e bem-estar. Para as médicas e amigas, Le-tícia Duarte Annetta e Ulyssea Menezes da Costa, a proposta agradou. “Comida boa, ambiente aconchegante. A gente pre-fere essa ao fast food”, comenta Letícia. Sua amiga, Ulyssea, ao degustar o crème brûlée na sobremesa a fez lembrar-se de Paris (França), em uma viagem recente que fez à Cidade Luz. “Por lá comi muito crème brûlée, que eu adoro. E este aqui é igual. É um prato que está bem recente em minha memória”, diz a médica sorrindo.

Para aqueles que não tiveram uma in-fância com memórias tão marcantes na gastronomia, a chef comenta que comfort food é uma “comida que te deixa 100% satisfeita. Algo agradável, que não preci-sa entender, por si só se explica”. Cada pessoa guarda em seu paladar os ingre-dientes que mais lhe agrada e as lembran-ças que marcaram sua vida. Quais são as suas? Bem-vindo(a) a comfort food. Letícia e Ulyssea: As amigas aprovaram a refeição que segue a linha comfort food

Nostalgia e bem-estar à mesa

Arieta Arruda - [email protected]

o afeto depositado na hora do preparo é o

diferencial na gastronomia comfort food

A chef Kika Marder tenta despertar sensações de bem-estar nos apreciadores de sua culinária

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Copa 2014: ainda no papelApesar do otimismo dos governantes, todas as obras programadas para serem realizadas em Curitiba tiveram suas datas de entrega prorrogadas

á exatamente três anos para a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, vários questionamen-tos sobre a conclusão, e até

mesmo o início das obras, pautam a mí-dia brasileira e mundial. Ao mesmo tem-po em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) faz duras críticas aos atra-sos e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) afirma que nove, dos 13 aeroportos brasileiros, não ficarão prontos a tempo, políticos de todas as esferas, ga-rantem que “no final, tudo acabará bem”, parafraseando o ditado popular.

Curitiba (PR), uma das 12 cidades-sede, está no mesmo clima de indefinições. Para

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obra fizeram com que a previsão inicial de custos – feita em 2008 – para a conclusão da reforma da Arena subisse 63%, passando de R$135 milhões para R$220 milhões. Ape-sar de ser considerado um dos estádios mais modernos do Brasil, o local precisará de todo esse recurso para ser reformado e con-cluído conforme os parâmetros exigidos.

A proposta inicial era de que o Clube, a Prefeitura e o Governo do Estado dividis-sem o custo da reforma, mas depois do aumento considerável, o Clube Atlético Paranaense declarou que não vai se com-prometer com mais dinheiro do que havia combinado. “O Atlético já gastou R$17 milhões para a Copa. Dinheiro que tirou do futebol”, afirma o presidente do Con-selho Deliberativo do Atlético Paranaen-se, Gláucio Geara, dando a entender que a perda do título do campeonato paranaense possa ter sido em consequência disso.

O secretário de Estado de Assuntos da Copa do Mundo, Mário Celso Cunha, já apontou alguns caminhos para essa dife-rença ser subtraída dos cofres do Clube. Segundo ele, as construtoras OAS e a Andrade Gutierrez já procuraram o Clu-be. “Nós queremos ver se conseguimos uma diminuição da isenção tributária, de custos de exigências da Fifa e, por outro

tentar apontar soluções dos problemas da preparação para a competição mundial, a cidade recebeu no mês passado o Fórum Legislativo das Cidades-Sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014. A fala dos representantes dos Governos Federal, Es-tadual e Municipal foram otimistas. Já os dados apresentados, preocupantes. Todas as obras planejadas para a cidade tiveram seus prazos prolongados. As verbas orça-mentárias aumentaram e muitas perguntas ainda estão sem explicação.

Arena da BaixadaUm dos principais problemas é quanto ao estádio Arena da Baixada, em Curitiba. No-vas exigências da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e a atualização do preço da

esporte

Mariane Maio - [email protected]

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REVISTA MÊS | JUNHO DE 2011 | 53

nha Verde Sul. Todas essas obras também tiveram seus prazos adiados.

Aeroporto Afonso PenaAs obras no Aeroporto Internacional Afonso Pena também preocupam. As mu-danças foram divididas em duas etapas. A primeira delas é a reforma e ampliação do terminal de passageiros e do sistema viário. O investimento será de R$41,3 mi-lhões. O projeto básico, que deveria ser entregue em julho deste ano, foi adiado para novembro. Já as obras, que eram para ficar prontas em junho de 2013, fica-rão para dezembro do mesmo ano.

A segunda etapa é a ampliação do sistema de pátio e pista de táxi. O valor total dessas intervenções é de R$31,5 milhões. O pro-jeto executivo foi entregue em setembro de 2010. Já a conclusão da obra mudou de agosto de 2011 para fevereiro de 2012. De acordo com relatório do Ipea divulgado em abril, nove, dos treze aeroportos, não fica-rão prontos para a Copa. O de Curitiba po-derá ficar pronto, caso seja respeitado com rigor o cronograma previsto. O secretário Mário Celso garante que as obras estarão concluídas a tempo do Mundial.

otimismoApesar das indefinições e da maioria das obras ainda não terem saído do papel, o cli-ma entre os governantes é de otimismo. E sobre a possibilidade de Curitiba não sediar a Copa, Mário Celso nega. “Tenho certeza que a Copa vai sair aqui, apesar de muitas críticas, muitas dúvidas. Demora para fe-char uma negociação, sempre foi assim. Na Copa do Mundo de 50 era assim. O Mara-canã começou a ser construído em 48, ficou pronto dois anos depois. E em cinco anos fizemos Brasília. O brasileiro é competente, nós vamos conseguir fazer”, diz.

Para o vereador Pedro Paulo (PT), que é presidente da Comissão Especial para Acompanhamento dos Assuntos da Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016 da Câmara Municipal de Curitiba, o principal é focar no que essas competições vão trazer ao País. “Não são poucos os legados que a Copa vai deixar. Esse evento acaba via-bilizando investimento na infraestrutura viária. Só o Paraná já tem aprovado mais de R$400 milhões, investimentos que não aconteceriam se a Copa não fosse realiza-da no Brasil.” A Comissão pretende rea-lizar 10 audiências públicas em Curitiba para que a sociedade possa acompanhar o que está sendo feito na cidade.

lado, parcerias, tanto de publicidade que podem ser junto ao Atlético Paranaense ou à Arena, ou também parcerias público--privadas, que podem ter interesse em ne-gociar”, explica o secretário.

O projeto básico e técnico da Arena ain-da não está completo e tem previsão para ser entregue no próximo mês. Para que a cidade esteja habilitada para a Copa das Confederações, as obras estão previstas para serem concluídas em dezembro de 2012. O estádio do Atlético Paranaense tem capacidade hoje para acomodar 30 mil torcedores, com as reformas, esse número deve aumentar para quase 42 mil pessoas.

Mobilidade UrbanaUma das principais obras deste setor é o Corredor Aeroporto-Rodoferroviária, com 19,5 km de extensão. Com isso, o governo pretende criar uma alternativa de ligação entre esses dois pontos, já que a Avenida das Torres não comporta nem mais o tráfe-go atual. No valor de R$110,3 milhões, o projeto tinha previsão de ter sido entregue em outubro do ano passado, mas a nova data foi fixada em setembro deste ano. As obras devem estar prontas até abril de 2013.

Outra obra importante é a criação do Corredor Metropolitano, que tem como objetivo integrar os municípios da Re-

o paraná já tem aprovado mais de R$400 milhões para

a Copa, diz pedro paulo

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“Tenho certeza que a Copa vai sair aqui, apesar de muitas críticas, muitas dúvidas”, afirma o secretário Mário Celso

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gião Metropolitana de Curitiba e as vias radiais. O corredor de integração custará R$137,6 milhões e terá 52 km de exten-são. Mas a situação também não é dife-rente, os prazos estão atrasados e a entre-ga do projeto passou de outubro de 2010 para novembro de 2011, enquanto o final das obras está previsto para maio de 2013.

Além disso, será criado um Sistema Inte-grado de Monitoramento; uma mudança na Avenida Cândido de Abreu, que irá au-mentar a linha Boqueirão-Centro Cívico; uma requalificação da Rodoferroviária; do Terminal Santa Cândida e do Corredor Marechal Floriano, e uma extensão da Li-

CoPA Do MUNDoACOMPANhE AS NOVAS DATAS DE ENTREGA DAS OBRAS EM CuRiTiBA:

oBRA CoNCLUSãoComplexo Esportivo - Arena da Baixada Dezembro de 2012

BRT Corredor Aeroporto - Rodoferroviária Responsabilidade Estadual - Março de 2013 Responsabilidade Municipal - Abril de 2013

Sistema Integrado de Monitoramento Responsabilidade Estadual - Março de 2013 Responsabilidade Municipal - Abril de 2013BRT Avenida Candido de Abreu Julho de 2012Requalificação da Rodoferroviária Março de 2013BRT Extensão da Linha Verde Sul Agosto de 2012Requalificação do Terminal Santa Cândida Outubro de 2012

Requalificação do Corredor Marechal Floriano Responsabilidade Estadual - Abril de 2013 Responsabilidade Municipal - Outubro de 2012Corredor Metropolitano Maio de 2013Vias de Integração Radiais Metropolitanas Maio de 2013Aeroporto Internacional Afonso Pena (Reforma e ampliação do terminal de Dezembro de 2013passageiros e ampliação do sistema viário) Aeroporto Internacional Afonso Pena (Ampliação do Sistema de Pátio e Pista de Táxi) Fevereiro de 2012

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e um banhado pantanoso ao primeiro espaço realmente público de Curitiba (PR). Esse é o Passeio Público, que em

maio passado comemorou 125 anos de fundação. Originalmente, com 48 mil m² – hoje são 69.285 m² – o local abriga mais de 430 animais de 124 espécies, 400 árvores adultas, restaurante, playground, aquário,

cultura&lazer

D

Pulmão verde no centro de CuritibaCom 125 anos de história, o Passeio Público tem atrativos para todos os gostos, mas a população ainda reclama da falta de segurança

terráreo, espaço para patinação, pista para caminhadas, ciclovia e bicicletário, todos abertos ao público.

“Até 1982, o Passeio sediou o Zoológico e hoje mantém pássaros raros, exóticos e em extinção, além de pequenos animais, como cutia e macacos. O Rio Belém está canali-zado, mas corta o Passeio em diagonal, e to-das as árvores, exóticas e nativas, são plan-tadas”, explica o diretor do Departamento

de Pesquisa e Conservação da Fauna e Flora da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Alfredo Vicente de Castro Trindade.

Outra atração do local é a variedade de pessoas que por lá passam ao longo do dia. São estudantes, moradores, pessoas que vão e vêm do trabalho, outras esperando o tempo passar, desocupados e turistas, como Ivanete Naurski (41), dona de casa, e moradora de Pitanga (PR), cidade distan-te 350 km de Curitiba. Mesmo residindo longe, ela já conhecia o local, pois conta que adora as aves do parque. Mas passe-

Roberto Dziura Jr. - [email protected]

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Pulmão verde no centro de Curitiba

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ando com seu filho, Pedro Kivaltchuk (4), reclama da falta de segurança.

Esta também é a preocupação da professo-ra Maria Silveira (70) vizinha do Passeio Público há 20 anos. Caminha de forma costumeira nos arredores do parque e tam-bém utiliza os equipamentos de ginástica para a terceira idade, mas se queixa da fal-ta de manutenção e da constante presença de crianças brincando nos aparelhos. Já o eletricista fluminense André Fassini (28), que está em Curitiba desde novembro, por motivos profissionais, utiliza o local para malhar e diz não ter nenhum incômodo, até o momento, com os frequentadores.

Sobre a insegurança, o diretor explica que a administração não pode proibir os deso-cupados de frequentarem o parque. “Te-mos um posto policial e a Polícia Militar realiza patrulhamentos. Contamos ainda com o auxílio do FAS [Fundação de Ação Social de Curitiba]. Dentro do Passeio não temos problemas, a dificuldade está no seu entorno”, garante.

Para Cassiana Lícia de Lacerda, professora da Universidade Federal do Paraná e auto-ra do livro “Passeio Público: Primeiro Par-que Municipal de Curitiba”, o espaço tem de atender novos usos. “A melhor forma de afastar os desocupados é criando constran-gimento, e como se faz isso? Trazendo as pessoas ao oferecer atrativos e atividades culturais. É preciso repensar o espaço e dar novamente o perfil de jardim público, um local de lazer saudável com mais serviços, como exposição ao ar livre, quiosque com lan house e biblioteca de leitura, por exem-plo. Porém, a população precisa dizer o que quer e cobrar mais do Poder Público”.

125 anos de muita história A data oficial de fundação do Passeio Pú-blico é 02 de maio de 1886, época em que Curitiba era uma cidade acanhada, com ruas estreitas e tendo como único espaço público a Praça da Matriz, hoje Praça Tira-dentes. Conhecida como Banhado do Bit-tencourt, a região onde se encontra o Pas-seio era pantanosa e proliferavam doenças. “Com as chuvas, o Rio Belém alagava tudo até a região do Paiol. Com a nomeação de

Visconde Alfredo D´Escragnolle Taunay, presidente da província, é que atendeu o clamor público e iniciou a construção de um parque público”, explica a professora.

Taunay vinha de uma família preocupada com a cultura. A visita na reforma da resi-dência/engenho de Francisco Fasce Fonta-na inspirou Taunay a iniciar a construção do Passeio. “Fontana contribui e muito nas obras, assim como o Barão do Cerro Azul, com a disponibilidade de trabalho. Um grande equívoco é dizer que Fontana doou o terreno. Isso não é verdade. O mu-nicípio comprou a área e construiu com mão de obra e recursos próprios”, afirma Cassiana. Além da construção do Parque, toda a região ganhou diversas melhorias urbanísticas. Em 1887, o espaço recebeu a primeira lâmpada incandescente de luz elétrica da cidade.

Outro mito desfeito pela professora são os portões. “Ao contrário do que dizem, eles não foram inspirados no Cemitière des Chiens de Asniére-Sur-Seine, na França, mas sim projetados pelo mesmo arquite-to, Joseph Antoine Bouvard, que foi chefe de urbanismo da capital francesa por 20 anos”. Essa história começou na década de 1910, quando Cândido de Abreu contratou Bouvard para a primeira reforma. De acor-do com Cassiana, o arquiteto foi contrata-do para realizar a reforma e adotou a ideia dos Jardins Osmanianos que imitam, em concreto, a natureza.

Hoje, com muita história ainda para ser escrita, o Passeio Público é o maior par-que curitibano no centro da cidade. Além das atrações de lazer, o espaço possui ambulatório e abriga diversas espécies de animais em recuperação. Com 100 funcionários, o parque funciona de ter-ça a domingo, das 7h às 20h. E todos os sábados, pela manhã, é realizada a Feira Verde, com produtos orgânicos.

o passeio público reserva espaços em contato com a natureza e os animais em pleno centro curitibano

De acordo com o diretor Alfredo

Vicente, o local acompanhou

a evolução da população

curitibana

Entre pequenos animais e aves de diversas espécies, pelicano solitário é um dos que mais chama a atenção

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Por dentro da Casa Cor ParanáEm sua 18ª edição, a Casa Cor Paraná, volta a ser residencial. Após algumas edições revitalizando o patrimônio arquitetônico da Capital, a organização do evento escolheu uma área de 10 mil m² que contempla uma casa e um parque natural, no bairro Ecoville. Os 69 profissionais, entre eles arquitetos, designers, decoradores e paisagistas irão antecipar tendências para os paranaenses em 48 espaços criativos. Veja aqui um pouco do que você poderá encontrar por lá

moda&beleza Especial Casa Cor Paraná 2011

Mariane Maio - [email protected]

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SEjA BEM-VINDo! ARQUITETo:

Wilson Pinto

Depois do sucesso, o arquiteto retorna à 18ª edição do evento, e novamente é respon-sável pela entrada, ele pretende continuar surpreendendo. O espaço contará com um espelho d’água flutuante. Sobre ele, haverá tulipas de luz, parecendo fogo. Além disso, terá um elevador panorâmico e um grande móbile, dando a impressão de uma revoada gelada de aves abstratas. “Haverá um con-tato com a natureza de uma forma não con-creta”. O ambiente abstrato será o primeiro a ser conferido na Casa Cor Paraná 2011.

uem visitou a Casa Cor Pa-raná o ano passado prova-velmente deve ter boas lem-branças do lounge de entrada,

planejado pelo arquiteto Wilson Pinto. O espaço, que é uma espécie de boas vindas, foi pensado para ser um local de experiên-cias. Parece que a ideia deu certo. “O públi-co ficou louco”, garante Wilson Pinto, que em sua primeira participação em eventos do gênero já ganhou o prêmio Casa Cor de Me-lhor Aproveitamento do Verde.

QESPAço: LoUNgE DE ENTRADA E BILhETERIA

Fachada ainda em preparação, o ambiente de entrada promete impressionar o público, afirma o arquiteto Wilson Pinto

Casa Cor Paraná 2011

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NoVIDADES à MESA ARQUITETo: Luiz Maganhoto e DESIgNER: Daniel Casagrande

lugar para sentar: são verdadeiras obras de arte.

O lustre, um plafon de cristal, tem um desenho exclusivo, feito pelos idealizado-res do espaço. Mais de dois mil cristais Swarovski darão muito brilho ao objeto. A mesa também vai colaborar com toda essa luminosidade. Com 3m X 1,20m – medida projetada especialmente para a Casa Cor – a mesa será toda espelhada com bases em acrílico. Arandelas com 24 cúpulas também completarão o espaço. “Com certeza, vai surpreender”, afirma Casagrande, ao ser questionado sobre o que o público pode esperar do espaço.

m dos primeiros espaços visitados por quem for a Casa Cor Paraná será o Sa-lão Nobre de Jantar. Esse foi

justamente um dos motivos que fizeram o arquiteto Luiz Maganhoto e o designer Daniel Casagrande escolherem o am-biente. Ao que tudo indica a intenção é impactar. Segundo Casagrande, o salão será totalmente inusitado e exclusivo. A primeira novidade são as duas poltronas Nemo, idealizadas pelo designer Fábio Novembre, que serão trazidas de Milão (Itália) especialmente para o evento. O desenho das poltronas imita um rosto hu-mano, assim tornam-se mais do que um

UESPAço: SALão NoBRE DE jANTAR

moda&beleza Especial Casa Cor Paraná 2011

O desenho das poltronas imita um rosto humano, assim tornam-se mais do que um lugar para sentar: são verdadeiras obras de arte

Casa Cor Paraná 2011

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INoVANDo AS PANELAS ARQUITETA: Laryssa Rocha e DESIgNER: jane Rocha

Brasil, durante o evento.

Outra novidade dessa cozinha será a pra-teleira “Ishelf”, que contempla o espaço para um tablet (como o Ipad da Apple). Ainda na parte tecnológica, haverá uma luminária, que além de trazer luz, é um aparelho de som acionados via celular. Já os vidros serão um show à parte. Eles te-rão uma pintura especial, com desenhos. “É uma pintura dentro do próprio vidro”, diz Jane, explicando que é possível fazer isso com qualquer estampa. E esse ele-mento estará bastante presente no am-biente. “A cozinha será toda revestida em vidro”, garante a designer.

ma cozinha conceitual. É isso que os visitantes da Casa Cor podem esperar, afirma a designer Jane Ro-

cha. A começar por um display modu-lar, conhecido como canal equipado, que será instalado em cima do tampo da cozinha. O objeto é versátil e inovador. Ao mesmo tempo em que ele servirá para guardar pratos e talheres, o display poderá servir de horta, armazenando os condimentos frescos. A vantagem é que isso estará ao lado do fogão, facilitando a utilização. Difícil de imaginar? Com-pletamente explicável. O produto foi desenvolvido na Itália e será lançado no

UESPAço: CozINhA

O público poderá ver muito requinte junto às panelas e talheres. A cozinha traz modernidade e inovação, garantem as arquitetas

Casa Cor Paraná 2011

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Ao REDoR Do Fogo ARQUITETo: Christian Schonhofen e Richard B. Schonhofen

O ponto chave do ambiente, a lareira, tra-rá uma novidade. Um kit metálico Labro Fuego. Esse kit tem um sistema de condu-ção diferente. Um vidro lacrando a frente faz com que não haja contato com o oxi-gênio. Dessa forma, o consumo de lenha é menor que em uma lareira convencional. Para os arquitetos o principal elemento resgatado é o aconchego. “A intenção do ambiente é propiciar momentos de convi-vência com amigos e familiares ao redor do fogo”, afirmam os irmãos, explicando que o clima curitibano é ideal para isso. Além disso, os projetos são completa-mente viáveis e não apenas conceituais, conforme garantem os arquitetos.

s 80m² do Salão da Lareira chamaram a atenção do ve-terano, o arquiteto Christian Schonhofen. Há 16 anos

consecutivos participando da Casa Cor Paraná, ele é o profissional que mais parti-cipou do evento. Há três anos uniu-se com seu irmão, o também arquiteto, Richard B. Schonhofen. Para poder organizar tanto espaço, os arquitetos dividiram o ambiente em três partes. A primeira delas será um grande living ao redor da lareira. Tam-bém haverá uma sala menor, com estantes e poltronas para leitura ou para um papo descontraído. Para completar, terá também um escritório, com escrivaninha e estante.

oESPAço: SALão DA LAREIRA

moda&beleza Especial Casa Cor Paraná 2011

Os profissionais Christian Schonhofen Richard B. Schonhofen são experientes no evento e trouxeram muito glamour ao redor do fogo

Casa Cor Paraná 2011

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PÉRoLAS Do CASAL ARQUITETo: Eduardo Mourão

O luxo também ficará a cargo do projeto de iluminação. Completamente automatizado, será possível criar cenários e ambientes dife-renciados com as luzes. Para completar, ha-verá um painel de Madre Pérola, em uma das paredes, que Mourão garante ser o ponto alto do quarto. Apesar de referências artísticas, o arquiteto foge daqueles projetos que trazem apenas conceitos pouco usuais. “Meus proje-tos são sempre para utilização”, explica.

Um dos espaços mais íntimos da casa, o quarto do casal, foi idealizado pelo arquiteto Eduardo Mourão. O vetera-

no, que tem no currículo onze edições da Casa Cor Paraná e duas do evento de São Paulo, afirma que seu objetivo principal foi priorizar o conforto. Com uma atmos-fera sofisticada, o profissional apostou em cores repousantes.

UESPAço: QUARTo Do CASAL

CASA CoR PARANÁ 2011Período: 10 de Junho a 19 de Julho / horário: Terça a Sábado - das 13h às 21h. Domingos e Feriados - 11h às 19hLocal: Rua Paulo Gorski, 1175 - Bairro Ecoville / Mossungue – Curitiba (PR) / Ingressos: Inteira: R$ 30,00 / Meia entrada: R$ 15,00

Com muito conforto, o espaço mais íntimo da casa promete encantar com o trabalho do arquiteto Eduardo Mourão

Casa Cor Paraná 2011

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unidades emplacadas e é um automóvel na categoria R$ 50 mil a R$ 60 mil de melhor aproveitamento.

O sedan foi desenvolvido seguindo o con-ceito cool lounge, que oferece o máximo de soluções inteligentes e privilegiam a funcionalidade e ergonomia da máquina. Com design agressivo, possui o conceito arrowshot form, que se assemelha a uma flecha a ponto de ser atirada de um arco em alta tensão.

Na parte dianteira, o desenho contínuo da grade com o conjunto óptico transmite um

automóvel

terceiro modelo produzido pela Honda Automóveis, no Brasil, completa um ano e meio de vida e mostra que a

Honda é um competidor forte para a exi-gente categoria sedan. A versão 2011 tem tudo o que se pode esperar de um carro: conforto, espaço, comodidade e potência.

O modelo foi aceito pelo consumidor bra-sileiro num curto espaço de tempo. Co-mercializado em três versões (LX, EX e EXL), o sedan contabiliza mais de 40 mil

o

honda O nome City (cidade, em inglês) ganha novo significado com o modelo da Honda, que vem conquistando o mercado brasileiro

formato dinâmico para o veículo. A grade frontal possui vincos e uma forma compa-tível com as linhas harmoniosas.

A qualidade fica evidente nos faróis dian-teiros angulosos e com iluminação de ele-vado alcance, que contribui para melhor visão noturna. Sua disposição realça a aparência do modelo. Os faróis de neblina foram instalados na entrada de ar do para--choque dianteiro na versão EXL, confe-rindo também um aspecto esportivo.

A esportividade também é expressa em alguns detalhes, como a ponteira do es-

“cidade” em grande estilo

Wallace Nunes - [email protected]

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Interior O Honda City tem um interior interessan-te. É aconchegante e iluminado, que com-bina com as cores externas. A qualidade dos materiais empregados no acabamento proporciona uma sensação de bem-estar aos ocupantes. Com um comprimento de 4.400mm e largura de 1.695mm, o carro oferece um bom espaço interno. Sua dis-tância entre eixos é de 2.550mm.

Os bancos das versões LX e EX são reves-tidos em tecido. Já o top de linha, modelo EXL, possui couro nos bancos. Em todas as versões, os bancos têm um sistema de reclinação nos bancos traseiros em dois es-tágios e apoio de pé. O porta-malas supera a expectativa do consumidor, com capaci-dade para 506l.

O Honda City possui painel blackout, com acesso às informações sobre autonomia, consumo instantâneo, médio, hodômetro parcial e total.

Potência O motor i-VTEC Flex (Controle Eletrôni-co Variável de Sincronização e Abertura de Válvulas) de 1.5l está em todas as versões (LX, EX e EXL) do Honda City. Gera 115 cv a 6.000 rpm, na utilização de gasolina, e 116 cv a 6.000 rpm, quando for apenas usado álcool. O motor possui torque de 14,8 kgf.m a 4.800 rpm. Ou seja, potência e torque, com baixo consumo de combustí-

FIChA TÉCNICA

POSiÇÃO dianteiro, transversal

CiLiNDROS 4 em linha

CiLiNDRADA 1496 cm3

DiâMETRO x CuRSO 73 x 89,4 mm

COMANDO variável, SOHC 16V

TAxA DE COMPRESSÃO 10,4:1

GASOLINA POTÊNCiA 115 cv a 6000 rpm TORQuE 14,8 kgfm a 4800 rpm

ÁLCOOL POTÊNCiA 116 cv a 6000 rpm TORQuE 14,8 kgfm a 4800 rpm

vel. Todas as versões possuem transmissão automática e manual de cinco velocidades.

Para uma resposta mais eficiente e precisa da direção, o modelo conta com o sistema de direção eletricamente assistida EPS (Electric Power Steering), que o torna mais leve em baixas velocidades e firme em altas.

capamento cromada aplicada nas versões EX e EXL. Essas duas versões, aliás, pos-suem rodas de liga leve de 16 polegadas, enquanto a versão LX, considerada como a de entrada, tem rodas de liga leve de 15 polegadas. As versões EX e EXL dispõem de retrovisores com aviso luminoso de mudança de direção, funcionando como um eficiente item de segurança ativa. Já a antena está localizada na parte traseira do teto em todas as versões.

Fonte: Honda

“cidade” em grande estilo

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músicaBeethovenRichard Wagner - Editora Zahar

Apesar de curto, o livro – que nada mais é do que um ensaio escrito pelo também compositor alemão Richard Wagner, em comemora-ção ao centenário de seu mestre Ludwig Van Beethoven – é, ao seu modo, completo. Deixa de lado da-dos e probabilidades históricas para se focar, segundo o autor, no “espírito do grande artista da nação alemã”. Para Wagner, a relação de Beethoven com sua música é análoga à sua percepção de mundo e seu inconsciente – os sonhos exemplificam essa com-paração ao leitor. Quase didático para os familiarizados com a música e amigos da psicanálise, a obra abre para o leitor uma gama de possibilidades sobre a força que a música exerce sobre todos os seres humanos.

mídia e ComportamentoCultura da Convergênciahenry Jenkins - Editora Aleph

A edição ampliada e atualizada desse retrato comportamental do nosso tempo, lançado originalmente em 2008, no Brasil, chega às livrarias em um momento único, em que as mí-dias sociais ameaçam tomar o espaço ocupado pelas grandes empresas de comunicação. O autor atravessa diversos fatos relevantes da cultura popular e os disseca para tentar compreender o que a sociedade moderna deseja e está disposta a rea-lizar para se satisfazer. O livro lança uma questão a fim de descobrir se filmes, livros, novidades tecnológicas e programas de televisão possuem importância suficiente para modificar uma ou mais gerações.

ContosNaufrágiosGiselda Leirner - Editora 34

As quatorze narrativas curtas retratam as expectativas – e os consequentes destinos – das personagens da escritora e artista plástica que empresta, mais uma vez, seu talento à literatura, e formam uma obra que representa sua paixão por todas as formas de arte. A publicação é o segundo livro de contos de Giselda Leirner, que publicou, em 1999, A Filha de Kafka, além dos romances Nas águas do mesmo rio, de 2005, e O nono mês, de 2008. A obra pretende seguir o rumo de inquietação literária ao qual a autora se propôs desde que iniciou na arte literária.

Crítica literáriaA espécie fabuladoraNancy huston - Editora L&PM

Para a autora deste ensaio, o que difere a espécie humana de todas as outras – e a torna dominante no planeta Terra – é a capacidade de armazenar, recon-tar e criar histórias. Misturando pesquisas históricas e antro-pologia, a canadense Nancy Huston traça algumas características da natureza do homem com base em sua necessidade intrínseca de fabular, desde o nascimento até o momento da morte, por vezes, antes e depois dessas frações históricas. Com leitura fácil e recheada de referências, A espécie fabuladora é a porta de entrada para qualquer um que se interesse por temas relativos à área de humanidades.

Eduardo Bentivoglio - [email protected]: Arieta Arruda - [email protected]

livros do mês

direitoFumaça do bom direitoLuiz Fernando Coelho – J.M. Editora

Os ensaios reunidos neste volume, de autoria do juris-filósofo Luiz Fernando Coelho, espelham a produção científica de duas décadas voltada para a filosofia e a teoria do direito. São trabalhos que apresentam uma

edição comemorativa de 20 anos da produção de conhecimento nessa área. E colocam no lugar de desta-que que merecem o Paraná e Santa Catarina a cerca do pensamento jurídico. Os textos têm o cuidado de fazer um resgate histórico e docu-mental da jurisprudência brasilei-ra. Juristas, estudantes e curiosos podem beber dessa fonte.

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Eduardo Bentivoglio - [email protected]: Arieta Arruda - [email protected]

álbuns do mês

rockThe StrokesAngles - Sony MusicQuando um grupo que carrega a alcunha de “sal-vação do rock” lança um disco depois de cinco anos de intervalo, a expectativa é, sem dúvida, superestimada. Após projetos paralelos, os cinco integrantes da banda novaiorquina The Strokes retornaram com força total em Angles, seu quarto álbum, que partilhou das visões e inspira-ções de todos por igual, diferentemente dos trabalhos anteriores, em que o vocalista Julian Casablancas ocupou-se, sozinho, das composi-ções. O impacto não chega ao patamar do disco de estreia, mas celebra com vivacidade os 10 anos da obra-prima Is This It?, de 2001, que influenciou e continua excitando diversas bandas do gênero. A banda deve apresentar seu novo trabalho, no Brasil, no final deste ano em um festival de música.

mpBTiêA Coruja e o Coração - Warner MusicA nova turma – muito unida – da chamada nova MPB demonstra, disco após disco, que está de-terminada a ganhar espaço na mente e no coração das pessoas. O segundo trabalho de Tiê é um exemplo evidente desse “fenômeno”. As participações fazem com que A Coruja e o Coração seja quase uma compilação de composições que a cantora e compo-sitora deixou à disposição dos amigos em uma tarde de ensaios no quintal de sua casa de praia. Plínio Profeta (que produziu o disco), Pedro Granato, João Cavalcanti, Thiago Petit, Rita Wainer, Ka e Rafa-el Barion dividiram as canções com Tiê, que mesmo com o advento de uma banda completa e a produção de uma grande gravadora como a Warner, não perdeu a serenidade e a leveza, suas marcas já registradas.

Coletâneajoy Division e New orderTotal: From Joy Division to New Order - Rhi-no RecordsPara quem quer pegar carona nos shows de Peter Hook – o baixista das bandas citadas acima – em terras brasileiras, nos dias 16 e 17 de junho, ou apenas celebrar as sau-dades do ícone incompreendido Ian Curtis – o líder do Joy Division, que se suicidou em 18 de maio de 1980, há 31 anos –, essa seleção de clássicos e sucessos dos dois grupos fará todo sentido. Estão lá as canções-símbolo que marcaram o fim dos anos 70 e boa parte da década seguinte, tais como Love Will Tear Us Apart e Bizarre Love Triangle, além de um aperitivo cada vez mais comum em coletâneas: a inédita Hellbent, traçando o eterno paralelo entre alegria e melancolia dentro da sonoridade crua e, curiosamente, futurista das guitarras e sintetizadores característicos dos grupos.

Soul Adele “21” - Sony MusicA jovem britânica Adele chegou à cena mundial desbancando artistas populares, como Lady Gaga e Amy Winehouse, sem estar acompanhada das polêmicas. De uma voz grave e embalada pelo tom soul e confessional de suas músicas, ela já mostrou a que veio. Recentemente, com o lançamento de seu mais novo CD “21” emplacou dois sucessos consecutivos – com as músicas ‘’Rolling in the Deep” e ‘’Someone Like You’’ – nas paradas britânicas, ultrapassando os conterrâ-neos Beatles, como a única artista viva a concretizar esse feito.

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opinião

Laurentino GomesMaringaense, jornalista e membro da Academia Pa-ranaense de Letras. É autor dos livros “1808”, sobre a fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, e “1822”, sobre a Independência do BrasilD

ivul

gaçã

o

otícia publicada recentemente pelo site Publishnews (www.publishnews.com.br), especializado em informações sobre o mer-cado livreiro, revela que no Reino Unido a

venda de e-books, os chamado livros digitais, cresce-ram 300% em 2010 e já representam 6% do total do mercado britânico. Isso significa que os livros em pa-pel, no formato em que os conhecemos hoje, estão con-denados à morte?

O futuro do livro e o futuro do papel são coisas dife-rentes. O formato papel parece estar mesmo com seus dias contados, mas o conteúdo dos livros continuará a ser tão relevante quanto sempre foi. A República, de Platão, que já foi uma obra prima no pergaminho, permanece relevante hoje no papel e continuará a ser nos meios digitais. Nosso desafio, portanto, não é a mu-dança nos formatos, mas a qualidade do conteúdo. Esta-mos em um novo século que pede uma nova linguagem e novos formatos capazes de atingir novas audiências ou novos públicos. Há um público jovem que, aparen-temente, não está lendo muito no papel, mas passa boa parte do tempo surfando na internet e é muito seduzido pela linguagem audiovisual.

Acredito que estamos às vésperas de uma mudança ra-dical nos hábitos de leitura. Os livros digitais, incluin-do os áudiolivros, prometem universalizar o acesso ao livro. São mais fáceis e baratos de produzir e distribuir. Na loja da Amazon.com, por exemplo, um livro digi-tal para o Kindle já custa metade do preço de um livro

em papel. E a entrega é instantânea, por rede sem fio digital, enquanto que o formato antigo depende do en-vio por serviços postais que demoram entre uma e suas semanas para entregar ao Brasil. O custo de produzir e distribuir um livro em áudio, para deficientes visuais, é muito inferior ao de um livro em braile no papel. E ainda pode ser ouvido por pessoas que passam muitas horas no trânsito.

Imagine o impacto disso na escola. É mais prático e barato distribuir livros digitais instantaneamente para milhares de escolas em todos os municípios brasileiros, de Bagé, no Rio Grande do Sul, às barrancas do Rio So-

limões, no Amazonas, em vez de gastar recursos no trans-porte de milhares de tonela-das de exemplares em papel por caminhões, trens, barcos e aviões. O único desafio no

momento é tornar o livro digital mais amigável para as pessoas. Mas isso a tecnologia resolverá mais rapida-mente do que se imagina.

Por essa razão, daqui para frente nós jornalistas, es-critores, professores, historiadores, produtores de co-nhecimento de forma geral precisamos ter estratégias multimídia para atingir diferentes públicos. Uma das características mais curiosas do mundo contemporâneo é que, apesar da globalização, os seres humanos estão se organizando em comunidades que consomem infor-mação, cultura e entretenimento de forma diferente no tempo, no espaço e no formato. É como se fossem alvé-olos de uma grande colméia global. Para chegar a essas diferentes comunidades é preciso ser multimídia.

N

o livro sobreviverá, mas o futuro é digital

o futuro do livro e o futuro do papel são coisas diferentes

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FoTogRAMARoberto Dziura Jr.

No cenário bucólico, mais um dia chega ao fim com a tranquilidade do entardecer em São Luiz do Purunã (PR), nos Campos Gerais

Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma. participe enviando sua imagem em alta qualidade para o e-mail: [email protected]

Page 68: Revista MÊS, edição 05

Rua Desembargador Motta, 2981 / Curitiba / 41 3323-1303

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