Revista Petrópolis

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Petrópolis Rio de Janeiro Junho 2011 Distribuição Gratuita Nº 26 Confira a Programação Cultural Vitral [] + Tesouros da Arquitetura Entrevista Pedro de Sá Earp Bisbilhoteca Fotos inéditas Koeler Cervejaria Bohemia

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Edição 26 - Junho de 2011

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PetrópolisRio de JaneiroJunho 2011Distribuição Gratuita

Nº 26Confira aProgramação Cultural

Vitral

[ ]+Tesouros da Arquitetura

Entrevista

Pedro de Sá Earp

Bisbilhoteca

Fotos inéditas KoelerCervejaria

Bohemia

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Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

atrativo turístico

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ão

Cervejaria Bohemia

danças folclóricas

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w

Bohemia

Petrópolis Imperial

primeira cervejaria do Brasil Consórcio Intermunicipal Serra Carioca

Bau

ernfe

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011

cultura petropolitana

Não há como negar: Bauernfest combina com

cerveja. Esta tradição, que se tornou um dos

aspectos mais marcantes da colonização alemã

no imaginário popular, se reproduziu em 2009 e

2010 e foi reforçada com a parceria firmada entre a

municipalidade petropolitana e a Ambev que

resultou na transferência, em caráter-piloto, da

cenografia alemã para dentro da antiga fábrica da

Bohemia, a primeira cervejaria do Brasil.

Toda esta estreita relação permitiu que a

Cervejaria Bohemia viesse, novamente, a fazer

parte da cultura petropolitana, por meio de

investimentos da iniciativa público/privada, que

transformarão a fábrica em mais um importante

atrativo turístico para a Petrópolis Imperial.

Com inauguração prevista para o segundo

semestre deste ano, a cervejaria Bohemia

abrigará além da fábrica que produzirá Bohemia e

suas variantes, um centro de experiência

cervejeira para visitação, Centro de Tradições

Petropolitanas e um restaurante aberto ao público.

Na abertura da Bauernfest 2011, o chopp poderá

ser desfrutado, "direto da fonte". Ou seja, todo o

chopp da Festa do Colono Alemão terá sido

fabricado na cervejaria, marcando definitivamente,

a volta da Cervejaria Bohemia para Petrópolis.

E com isso a Bauernfest só tem o que comemorar.

A consolidação da parceria entre a Ambev e a

Prefeitura de Petrópolis fez o evento crescer e

aparecer. Hoje, a Festa do Colono Alemão de

Petrópolis é considerada o segundo maior evento

do Brasil em sua categoria e o maior da região

sudeste.

E os números estão aí para comprovar: em 2010 a

Bauernfest atraiu cerca de 130 mil visitantes e os

hotéis e pousadas tiveram 95% de ocupação. O

evento ainda gerou 800 empregos diretos e

indiretos e a receita girou em torno de R$ 20

milhões.

Em 2011, a Bauernfest ganha mais dois dias de

comemorações, com apresentações de danças

folclóricas, bandas típicas, corais, orquestras

sinfônicas e muito mais. Isso sem falar no

Concurso de Chopp em Metro e do tradicional

Baile que promete não deixar ninguém parado.

Iniciando no dia 22 de junho, véspera do feriado de

Corpus Christi, a Bauernfest prepara-se para

receber, até o dia 03 de julho, 150 mil visitantes.

Segundo o Disque-Turismo, a procura pelo evento

tem sido grande e os hotéis e pousadas do Centro

Histórico esperam bater os 100% de ocupação.

Então não espere mais. Garanta já a sua vaga e

venha se divertir e desfrutar de tudo que Petrópolis

tem para oferecer.

O Chopp Bohemia é nosso!

Page 4: Revista Petrópolis

A REVISTA DA CULTURA E DO TURISMO

PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo Mustrangi

FUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Charles Rossi

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP)

TEXTOS: Isabela Lisboa e Eliane Maciel

GERENTE DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL: Pedro Troyack

DESIGN GRÁFICO: DOM Criatividade | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica Sumaúma

CENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201

Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 15.000 exemplares

Fale conosco: [email protected]

SUA AGENDA DE CULTURA E TURISMO

@revpetropolis@revpetropolis

Page 5: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

Texto: Isabela Lisboa

Fotos: Museu Imperial/IBRAM/MinC e Divulgação AMBEV

m fevereiro de 1853, o colono germânico Henrique

Kremer, conceituado artista especializado em

cobertura de casas com taboinhas, vendia sua

propriedade no Quarteirão Westfália para fundar

uma fábrica de cerveja no Quarteirão Nassau, mais

precisamente na Rua Princeza D. Leopoldina nº 16, 18 e 20,

mais conhecida pela população da época, como Rua dos

Artistas (atual Rua Alfredo Pachá).

Inicialmente, era uma fábrica que produzia cerveja em

pequena escala, voltada para os Colonos locais. Mas a nova

cerveja, logo caiu no gosto popular e, com novas

oportunidades surgindo, a ampliação da fábrica se tornou

imprescindível.

Registros indicam que em 1897, a fábrica realiza diversos

melhoramentos e, segundo anunciava a Gazeta de

Petrópolis daquele ano, estava habilitada a “servir com

promptidão qualquer pedido com que lhes honrem seus

amigos e freguezes”.

Em 1898, quando passa a se chamar Companhia Cervejaria

Bohemia a fábrica, uma construção de arquitetura muito

simples, feita de tijolos aparentes e alvenaria com esquadrias

moduladas, já havia transformado seu então proprietário,

Frederico Guilherme Lindscheid, em um dos industriais mais

ricos de seu tempo.

Com os negócios prosperando a cada dia, havia a

necessidade constante de ampliação do empreendimento.

Fosse adquirindo novos maquinários, mais modernos, ou

construindo galpões e novos prédios. Em 1899, a fabricação

chega a ser suspensa temporariamente, para completa

modificação da Cervejaria.

A partir daí, encontramos diversos requerimentos para novas

obras na fábrica. Em 1911, é solicitada autorização para

construção de um novo prédio no terreno. Com intervalos de

10 a 20 anos, a Cervejaria Bohemia ganhava novas

estruturas, ampliando assim seu império, até chegar à fábrica

que conhecemos hoje, ou melhor, conhecíamos.

Quem esteve nas edições da Bauernfest de 2009 e 2010,

pôde ver de perto as antigas instalações da Cervejaria

Bohemia. Transformada em burgo cenográfico, a fábrica

integrou a Festa do Colono Alemão, abrigando parte da festa

e encantando turistas e petropolitanos.

A partir daí, o antigo sonho da população de Petrópolis, em

ver novamente a Cervejaria Bohemia de

portas abertas, começou a ser tornar

realidade. Em 2010 foi apresentado ao

público da Bauernfest, o projeto

arquitetônico que, além de retornar a

produção cervejeira, irá abrigar: Memorial

da Cerveja, Centro de Tradições

Petropolitanas, restaurante e lojas de

souvenirs, se tornando um importante

atrativo turístico e o mais novo tesouro da

arquitetura de Petrópolis. Aguardem!

05

Page 6: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo06

Petrópolis Rural movimenta R$ 10 milhõesA terceira edição do Petrópolis Rural, realizada de 02 de abril a 1º de

maio, movimentou R$ 10 milhões no município contabilizando também

o atendimento dos restaurantes e ocupação de hotéis e pousadas.

Somente os leilões foram responsáveis por R$ 2 milhões. Os setores

de agroindústria e artesanato superaram a expectativa com R$ 4

milhões. Ao todo, o Petrópolis Rural realizou o maior número de

exposições do município, contemplando sete raças de bovinos e

equinos, somando 1.300 animais durante todo o evento. Essa marca

colocou Petrópolis no cenário de evento agropecuário brasileiro, com

destaque para gado e cavalo de elite (melhor genética).

A Prefeitura de Petrópolis está incentivando a formação de

espectadores de cinema no município com o projeto “A

Educação Vai ao Cinema”. A parceria entre a Secretaria

Municipal de Educação, a Fundação de Cultura e Turismo e

os cinemas Cinemaxx e Top Cine está possibilitando aos

familiares e alunos da rede pública municipal assistir os

filmes em cartaz no cinema do Hipershopping ABC, no Alto

da Serra, e do Mercado Estação, no Centro. Por apenas R$

3,00 mediante a apresentação do cupom de desconto

distribuído nas escolas municipais, o valor é válido para

qualquer dia da semana, horários e filmes. Já foram

distribuídos seis mil cupons.

A Educação vai ao Cinema

A Festa do Trabalhador 2011, realizada pela Prefeitura de

Petrópolis, no dia 1º de maio, lotou durante todo o dia o

Parque Municipal, em Itaipava. De acordo com o

levantamento feito pela Guarda Municipal, cem mil pessoas

participaram da festa. Durante todo o dia shows, ações

sociais, atividades esportivas e culturais, parque de diversões

e muito mais fizeram a alegria de crianças, jovens e adultos. O

destaque da Festa foi o show do Monobloco, que não deixou

ninguém parado e trouxe em seu repertório sucessos de

Cartola, Clara Nunes, Luiz Gonzaga além de Paralamas do

Sucesso e Cidade Negra, relembrando também sucessos do

funk carioca como Rap do Silva e Rap Brasil.

Festa do Trabalhador atraiu cem mil pessoas ao Parque Municipal

Foto: Ascom/PMP

Fotos: Isabela Lisboa / Ascom/PMP

Foto: Ascom/PMP

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Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 07

Circuito Gastronômico Alemão

De 22 de junho a 03 de julho, período que acontece a Bauernfest, diversos

restaurantes localizados no Centro-Histórico, Itaipava e arredores entram no

clima da Festa do Colono Alemão e promovem, pelo segundo ano consecutivo,

o Circuito Gastronômico Alemão Bauernfest. O objetivo é oferecer aos

visitantes e moradores opções variadas da gastronomia germânica. A parceria

da cerveja Bohemia na Bauernfest estimula os restaurantes a criarem e

incluírem pratos em seus cardápios degustando a boa cerveja. A iniciativa conta

com apoio do Petrópolis Convention & Visitors Bureau e da Fundação de Cultura

e Turismo.

Informações sobre os restaurantes participantes e os pratos elaborados

poderão ser obtidas através da programação da festa e nos sites www.visitepetropolis.com e www.petropolis.rj.gov.br

ou através dos telefones do PC&VB (24) 2222-6852 e Disque-Turismo: 0800-024 15 16.

A Bohemia convida a todos os cidadãos de Petrópolis e cidades

vizinhas a fazer parte e colaborar com o acervo histórico da

Cervejaria Bohemia.

Se você tem peças, fotos, arquivos, documentos ou qualquer tipo de

material histórico da Fábrica da Bohemia, entre em contato conosco.

Juntos, vamos recriar a origem cervejeira de Petrópolis e mostrar ao

mundo a tradição histórica e econômica de nossa cidade na

produção e conhecimento cervejeiro.

Venha fazer parte desta história.

Entre em contato com Disque-Turismo 0800 024 15 16.

Endereço: Praça Visconde de Mauá, 305 – Centro - Petrópolis

E-mail: [email protected]

Cervejaria Bohemia recebe doações para acervo

Festival de Inverno Dell”Arte 2011Vem aí a 11ª edição do Festival de Inverno de Petrópolis, promovido pela Dell'Arte. De 01 a

17 de julho, o Festival traz para a cidade grandes expoentes nacionais e internacionais da

música, do teatro, do ballet e de corais, além de jovens e promissores talentos com ênfase na

música clássica.

Os ingressos são todos a preços populares e muitos espetáculos têm entrada franca

mediante a doação de um agasalho em bom estado ou um quilo de alimento não-perecível.

Confira os principais palcos do 11º Festival de Inverno de Petrópolis e a programação

completa no site www.dellarte.com.br

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Foto: Divulgação

Fotos: Isabela Lisboa

Page 8: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo08

orria o ano de 1853 quando Petrópolis, já

transformada em cidade, contava com uma

população de mais de cinco mil pessoas:

quase metade, colonos germânicos. Homens e

mulheres que ajudaram a construir o sonho do Imperador

Pedro II de transformar a antiga fazenda do Córrego Seco

naquilo que, mais tarde, seria a primeira cidade planejada

do país.

Pelas ruas, o idioma alemão predominava, dando ares

europeus a bela cidade localizada a 800 metros acima do

nível do mar. A forte influência cultural era facilmente

reconhecida na arquitetura e nos costumes que se

mesclavam com os símbolos da Família Imperial, que

subia a Serra no verão, permanecendo em Petrópolis por

até cinco meses.

Com o crescimento da cidade e a presença constante da

nobreza, alguns dos colonos começaram a trocar a

produção agrícola por outros negócios mais lucrativos.

Assim, lojas de chá e pâtisserie, chapelarias, luvarias,

sapatarias, entre outros, ofereciam refinados produtos

voltados para este público tão exigente.

Além do comércio efervescente, fábricas também

começavam a surgir, tornando Petrópolis um importante

polo industrial da época. Entre elas, podemos destacar a

fundação da primeira cervejaria do Brasil: a Cervejaria

Bohemia.

Fundada por Henrique Kremer - cuja família chegou com

os primeiros colonos em 1845 - a cervejaria se chamava,

inicialmente, Imperial Fábrica de Cerveja Nacional. A

produção com características artesanais logo caiu no

gosto dos colonos, tornando a cerveja um sucesso

absoluto em pouco tempo.

Em 1855, um novo grupo de alemães passa por Petrópolis,

para a construção da Estrada União e Indústria que uniria a

Cidade Imperial a Juiz de Fora. Desde então, uma forte

relação se estabelece entre as colônias das duas cidades.

Esta relação fortaleceu os negócios da Cervejaria, nesta

época já comandada por Augusto Kremer, filho de

Henrique. Mais tarde, o alemão Frederico Guilherme

Lindscheid se associa à fábrica. Com apurada visão

empresarial, eles passam a viajar para Juiz de Fora onde,

anos mais tarde, abririam uma nova cervejaria.

C

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Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo09

continua na pág. 10

Texto: Isabela Lisboa Fotos: Museu Imperial/IBRAM/MinC / Acervo Biblioteca Gabriela Mistral

Naquela época, o caminho que atualmente percorremos

em menos de duas horas, exigia dos viajantes nada menos

que três dias a cavalo. Esta é outra história que

contaremos a seguir.

Com o falecimento de Henrique Kremer, em 1865, foi

constituída por seus herdeiros a empresa Augusto Kremer

& Cia., que existiu até 1876. Neste ano, Kremer e

Lindscheid, que além de sócios eram cunhados, resolvem

separar a sociedade, ficando Kremer com a fábrica de Juiz

de Fora e Lindscheid, com a de Petrópolis. Nas mãos de

Lindscheid, a fábrica expandiu seus negócios, tornando-o

um dos empresários mais influentes de seu tempo. Em

1898, seus descendentes transformam a empresa na

Companhia Cervejaria Bohemia.

A partir daí a empresa viveu altos e baixos, até que em

1961 é vendida para a Companhia Antarctica Paulista. Em

1999, a Antarctica anuncia a aliança com a então

concorrente Companhia Cervejaria Brahma para criar a

AMBEV - Companhia de Bebidas das Américas, que

integra atualmente, a maior plataforma de produção e

comercialização de cervejas do mundo: a Anheuser-Busch

InBev (AB InBev).

Hoje, a Bohemia é líder do segmento premium no Brasil,

com uma família de quatro cervejas (Pilsen, Escura, Weiss

e Confraria) - e continua conquistando os paladares mais

exigentes.

Mas a grande novidade está por vir: em junho, a Cervejaria

Bohemia de Petrópolis, desativada em 1998, voltará à

ativa, desta vez produzindo o Chopp Bohemia que poderá

ser desfrutado, “direto da fonte”, na Bauernfest 2011.

E não para por aí: a Cervejaria Bohemia não será somente

um centro de produção fabril. Em suas instalações também

haverá um Memorial da Cerveja, um Centro de Tradições

Petropolitanas, um Centro de Experiência Cervejeira -

único no Brasil, além de restaurante e loja de souvenir, que

serão inaugurados ainda no segundo semestre deste ano.

O projeto enriquecerá a vida cultural e social da cidade se

tornando mais um ponto de atração para turistas.

Estrada União e Indústria – abrindo caminhos

para o desenvolvimento

Em 1855, quando Petrópolis vivia este momento de grande

desenvolvimento, Minas Gerais também crescia

vertiginosamente, com o cultivo do café. Numerosas

fazendas se estabeleceram na região, tornando as cidades

mineiras importantes produtoras agropecuárias e

utilizando, como principal mão de obra, os escravos

africanos.

Page 10: Revista Petrópolis

10

Fo

to:

Isabela

Lis

boa

O crescente valor do café determinou a expansão da Zona

da Mata Mineira, a partir das áreas fluminenses, em

direção as Minas Gerais, através do caminho já existente.

Entretanto, no início de 1850, com o sucesso da

colonização alemã em Petrópolis, o Império autoriza a

entrada de novos imigrantes. O objetivo era habitar regiões

ainda pouco povoadas e aumentar a produção agrícola. As

famílias que chegavam de várias regiões da Germânia,

eram encaminhadas para Juiz de Fora e arredores.

O crescimento acelerado desta região impactou

diretamente Juiz de Fora (na época Vila de Santo Antônio

de Paraibuna) que começou a ter dificuldades no

escoamento da sua grande produção agrícola para a

Corte. Foi assim que, em 1852, após retornar de uma

viagem a Europa e Estados Unidos, o fazendeiro e

comerciante Mariano Procópio resolve construir uma nova

estrada, utilizando padrões mais modernos, para diminuir

o caminho entre as Minas Gerais e a Corte (neste caso, até

Petrópolis, já que desta cidade até o Rio de Janeiro a

estrada já apresentava melhores condições).

Procópio, então, apresenta ao Governo Imperial um

relatório de suas pretensões. E consegue, naquele ano, a

concessão para a construção da estrada, tendo direito de

cobrança do pedágio sobre o transporte de cargas e

passageiros por cinquenta anos. Surgia, assim, o primeiro

pedágio do Brasil.

Para dar início à construção, Mariano Procópio funda a

Companhia União e Indústria. No contrato firmado com o

Império, além da construção da estrada, a companhia

deveria se responsabilizar pelo estabelecimento de 3 mil

colonos, com cerca de 400 famílias que deveriam se

dedicar a agricultura.

A falta de mão de obra especializada fez com que fossem

contratadas cerca de 150 pessoas na Alemanha, entre

engenheiros, técnicos e operários que chegaram ao país

em janeiro de 1856, ano do início da construção.

Em 1857, a Companhia envia um engenheiro à Alemanha

para a contratação dos 3 mil colonos, através da casa

Mathias Christian Schroder, de Hamburgo. O objetivo,

além de prestarem serviços à União e Indústria, era,

principalmente, estabelecer uma colônia agrícola

aumentando, assim, o abastecimento do mercado interno.

O primeiro contrato trazia ao Brasil 500 imigrantes e no

decorrer de 1858, mais 1085 divididos em cinco viagens,

ou seja, o número previsto inicialmente nunca foi atingido.

A inauguração da “Estrada União e Indústria” aconteceu

em 23 de junho de 1861. Na ocasião o Imperador D. Pedro

II e convidados ilustres percorreram os 144 quilômetros da

estrada, totalmente revestida de piso macadamizado

(material que utilizava várias camadas de pedras de

tamanhos decrescentes, compactadas, revestidas com

ligante a base de água), em “apenas” 12 horas. Ou seja, o

trajeto que antes era percorrido em três dias, havia

reduzido drasticamente.

150 anos após sua inauguração, a Estrada União e

Indústria continua sendo uma importante via para viajantes

e transportadoras de carga. Em suas margens nasceram,

cresceram e continuam em pleno desenvolvimento,

cidades como Petrópolis, Areal, Três Rios, Comendador

Levy Gasparian, Matias Barbosa, Simão Pereira e Juiz de

Fora. Agora estas cidades se unem para celebrar esta

importante data histórica, através de diversas festividades

que serão iniciadas em junho, em Petrópolis, com

exposição e grande homenagem na Bauernfest,

finalizando em setembro na Festa Alemã de Juiz de Fora.

Page 11: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 11

Há 22 anos, surgia a Bauernfest – Festa do Colono Alemão, em

Petrópolis: hoje, o segundo maior evento do Brasil em sua

categoria e o mais importante da região sudeste.

A festa, que se consagrou, após passar por um resgate de seus

conceitos, objetivos e grandiosidade, marcará este ano, a volta

definitiva da Cervejaria Bohemia à Petrópolis Imperial. O chopp

da festa virá direto da fábrica, que terá sua produção fabril

inaugurada na abertura oficial do evento.

Em 2011, a Festa do Colono Alemão ganha mais dois dias de

programações com apresentações de danças folclóricas,

bandas típicas, corais, orquestras sinfônicas, festival de cinema,

exposições e muito mais. Tudo claro, com o melhor da cozinha

germânica que combinam à perfeição, com o melhor chopp.

O Palácio de Cristal volta a reintegrar totalmente o evento,

abrigando o Espaço Bohemia, o Moinho (loja de souvenirs),

restaurantes e, no seu interior, além de apresentações musicais

e teatrais, contará com uma exposição em comemoração aos

150 anos da União e Indústria. Uma homenagem à Estrada que

atraiu milhares de colonos germânicos para a região.

No local ainda será inserida a Casa do Fotógrafo, onde o

público poderá fazer uma viagem no tempo tirando fotografias

com roupas da época; a Casa do Colono, réplica do museu de

mesmo nome; e o Café Colonial. Para a criançada, histórias,

jogos e brincadeiras.

Entre as novidades deste ano, está a nova localização do

palco que será montado entre a Rua Alfredo Pachá e Piabanha

e o Bailão que ganha as ruas em uma grande tenda montada

ao ar livre. Lá as bandas Germânica de Blumenau e

Bauernband prometem não deixar ninguém parado e o público

ainda poderá testar seus atributos de bom “bebedor” no

Concurso de Tomadores de Chopp em Metro.

Não podemos esquecer dos dois grandes desfiles

comemorativos pelas ruas da cidade que iniciam e encerram a

Bauernfest. Com flores, música, dança e alegria, os

descendentes dos colonos convidam todos para irem à festa –

e para comemorar, com eles, a feliz decisão de seus

antepassados de permanecer em um país onde seus filhos e

netos fazem parte da sociedade em condição de total

integração e com equanimidade de oportunidades.

Bauernfest - 22 de junho a 03 de julhoLocal: Rua Alfredo Pachá, s/nº - Centro

Confira a programação completa em:

www.petropolis.rj.gov.br ou Disque-Turismo: 0800 024 1516

Texto e fotos: Isabela Lisboa

22ª Festa do Colono marca volta da Cervejaria Bohemia

Page 12: Revista Petrópolis

Concedida a: Isabela Lisboa l Fotos: Arquivo AmbevConcedida a: Isabela Lisboa l Fotos: Arquivo Ambev

Entrevista

Pedro de Sá Earp

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo12

Page 13: Revista Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo13

A relação de Pedro de Sá Earp com o projeto de reinauguração da

Cervejaria Bohemia, vai além do cargo que ocupa na Ambev. Diretor de

Marketing da Bohemia, este petropolitano teve a sua infância marcada pela

presença da fábrica na cidade. Em entrevista à Revista Petrópolis, Pedro

nos conta um pouco sobre sua trajetória e fala do carinho especial que tem

pelo projeto que marcará, definitivamente, a volta da Cervejaria na cidade.

Vamos reativar

a primeira Cervejaria

do Brasil e um símbolo

de Petrópolis.

O projeto vai ajudar

a enriquecer a vida

cultural, turística e

econômica da

cidade.

Na imagem, Carlos Lisboa, diretor de Marketing da AmBev, Milton Seligman, diretor de Relações Corporativas da AmBev; e Pedro de Sá Earp, Diretor de Marketing de Bohemia.

Os três executivos representaram a companhia no evento que anunciou, em 2010, a revitalização das instalações da primeira cervejaria do Brasil, a Cervejaria Bohemia de Petrópolis.

RP - A Cerve ja r ia t ambém

promoverá cursos para mestres

cervejeiros? Seria uma excelente

oportunidade de se descobrir novos

talentos na cidade da primeira

cerveja do Brasil.

Com certeza, a Ambev, por meio

do desenvolvimento de suas marcas

premium, quer difundir a cultura

cervejeira no Brasil, incentivando

novos conhecedores e futuros

mestres-cervejeiros.

RP - O que representará para

Petrópolis o resgate da primeira

cervejaria do Brasil? Como afetará a

economia da cidade?

O projeto da Cervejaria Bohemia

deve movimentar ainda mais o turismo

e a economia de Petrópolis, além de

gerar novos empregos. Para os

petropolitanos é a volta de um símbolo

da cidade, que representa a essência

da primeira cerveja do Brasil.

RP - Desde 2009, a Bohemia tem

sido parceira da Bauernfest – A

Festa do Colono Alemão, hoje, o

segundo maior evento do Brasil em

sua categoria e o maior da região

sudeste. Como a Ambev vê o

evento?

É um evento que faz parte da

história e do calendário cultural de

Petrópolis. A Ambev é parceira da

B a u e r n f e s t , c e l e b r a ç ã o q u e

homenageia a chegada dos primeiros

colonos alemães na cidade. O evento

mantém viva a história da cidade, além

de incentivar as manifestações

culturais, a economia e o turismo de

Petrópolis, pois atrai visitantes de todo

o Brasil. Além disso, o projeto da

Cervejaria visa enriquecer ainda mais

o turismo e a vida cultural e social de

Petrópolis, que já é reconhecida por

sua tradição desde os tempos do

Império. E é claro que a Bauernfest se

insere neste contexto.

PS -

PS -

PS -

RP - Conte um pouco de sua

trajetória de Petrópolis até a Ambev.

Parte de minha família é de

Petrópolis. Meu avô, Nelson de Sá

Earp, era médico e foi prefeito da

cidade . Por parte de mãe, meu bisavô

era diretor da fábrica e minha avó

nasceu na fábrica. Estudei no Colégio

Ipiranga e morei na cidade até os oito

anos, quando me mudei para o Rio de

Janeiro. A minha história com a

Bohemia vai além, pois a casa da

minha família ficava ao lado de uma

d a s r e v e n d a s e m e u s p a i s

costumavam ir até lá para comprar

Bohemia.

RP – Você guarda lembranças da

fábrica em sua infância?

Tenho ótimas recordações

daquele período quando morava lá e

após minha mudança para o Rio,

quando retornava a Petrópolis para os

feriados e férias. A fábrica era aberta

em algumas ocasiões, como a

Bauernfest e era uma forma da

população estar ainda mais próxima da

Cervejaria, que faz parte da história de

Petrópolis.

RP - A volta da Cervejaria Bohemia é

u m s o n h o a n t i g o d o s

petropolitanos. O que significa para

você, como petropolitano, estar

envolvido neste projeto?

É um motivo de orgulho. Vamos

reativar a primeira Cervejaria do Brasil

e um símbolo de Petrópolis. O projeto

vai ajudar a enriquecer a vida cultural,

turística e econômica da cidade.

Além disso, queremos tornar a

Cervejaria Bohemia um centro de

referência sobre a bebida no Brasil e

no exterior, o que vai atrair visitantes de

todo o mundo interessados em

conhecer um pouco mais sobre a

cultura cervejeira.

PS -

PS -

PS -

RP - Em Petrópolis a fábrica ficará

responsável pela produção do

Chopp Bohemia. Também será um

local para elaboração de outros

produtos?

Teremos diversos produtos sendo

produzidos na fábrica. Vamos

aproveitar a tradição da Cervejaria

Bohemia para produzir variantes da

marca e novos produtos.

RP - Além de voltar a produção

fabril, a Cervejaria Bohemia também

será transformada em um Complexo

que reunirá, um Memorial da

Cerveja, um Centro de Tradições

Petropolitanas, um restaurante e

lojas de souvenirs, transformando a

fábrica em um importante atrativo

turístico para Petrópolis. Como

surgiu a ideia de transformar a

fábrica neste empreendimento que

resgata a cultura cervejeira da

cidade?

A ideia surgiu da vontade de se

resgatar a tradição cervejeira da marca

e da cidade, transformando Petrópolis

em um polo cervejeiro, a exemplo do

que acontece em outros locais do

mundo. Queremos que visitantes do

Brasil e exterior venham para a cidade

conhecer a história da bebida, da

cervejaria e da bebida na América

Latina.

PS -

PS -

Page 14: Revista Petrópolis

Texto: Daiane Machado e Isabela Lisboa

Fotos: Arquivo Histórico / Biblioteca Gabriela Mistral

Casou-se com dona Maria do Carmo Rebelo de Lamare Koeler, em 1930, e

teve apenas um filho, Rodrigo de Lamare Koeler. A planta urbana de

Petrópolis, desenvolvida por ele foi a primeira planejada do Hemisfério Sul, e

teve origem no Decreto Imperial de 16 de março de 1843. Nele, o Imperador d.

Pedro II arrendava sua fazenda do Córrego Seco ao Major, para a construção

do palácio da Família Imperial e o provimento de condições para uma

povoação. Assim, começava a surgir a Cidade Imperial.

Em 29 de junho de 1845, Koeler chegava a Petrópolis com os primeiros

germânicos que, em 1837, desembarcaram no Porto do Rio de Janeiro em um

navio que ia para Austrália. O grupo não quis continuar viagem devido as

péssimas condições a bordo. O Major conseguiu, então, que eles fossem

contratados para trabalhar nas obras da Estrada Normal da Serra da Estrela,

estabelecendo uma colônia germânica na região.

Koeler mudou o estilo de construir casas, aproveitando os cursos d'água para

traçar, pelas margens, avenidas e ruas de acesso aos bairros. Dividiu o terreno

em vilas e quarteirões e, por acreditar na superioridade do trabalho livre sobre

o escravo, distribuiu as terras em regime de enfiteuse - arrendamento por

prazo longo ou perpétuo de terras, mediante a obrigação de manter em bom

estado o imóvel e efetuar o pagamento de uma pensão ou foro anual.

Júlio Frederico Koeler morreu em um acidente ao praticar tiro ao alvo, em sua

Chácara da Terra Santa, em 21 de novembro de 1847. Além do monumento em

sua homenagem, a cidade também lhe faz reverência no dia 16 de Março -

Aniversário de Petrópolis.

14 Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

Arquivo Histórico divulga fotos inéditas do Monumento a Koeler

om cerca de 700 mil documentos, o Arquivo Histórico da Biblioteca

Gabriela Mistral é fonte indispensável de conhecimento para

pesquisadores e estudantes.

Em constante trabalho de catalogação de obras raras, jornais e revistas,

certidões, fotos, requerimentos, mapas... a historiadora Mariza Gomes, chefe do

Arquivo Histórico, sempre encontra mais um registro, mais uma curiosidade,

sobre a história de Petrópolis.

Entre seus mais recentes descobrimentos estão as fotos da Inauguração do

Monumento ao Major Júlio Frederico Koeler, engenheiro alemão, responsável

pela construção de Petrópolis e principal motivador da vinda dos Colonos

Germânicos para a cidade.

Localizado na Praça Princesa Isabel, em frente à suntuosa Catedral de São

Pedro de Alcântara e a Rua que leva seu nome, o Monumento a Koeler foi

inaugurado no dia 23 de janeiro de 1955, quando seus restos mortais foram

transladados da Capela do Cemitério Municipal para o atual endereço.

As imagens - encontradas entre as páginas de um livreto de relatórios do ano de

1955, no acervo de processos de pagamento do arquivo – registram a

festividade e o reconhecimento da população petropolitana, a este grande

personagem de nossa história que, naquele dia, tomou as ruas da cidade para

prestar sua homenagem.

O cortejo percorreu as ruas da cidade ao som da Banda de Música do 1º B.C. do

exército. Na ocasião estiveram presentes o prefeito Cordolino José Ambrósio, o

presidente da Câmara Municipal, Arnaldo Teixeira de Azevedo e o Brigadeiro

Honório Koeler – trineto do Major Koeler.

Major Júlio Frederico Koeler

Koeler nasceu em Mainz, Rheinland-Pfalz, Alemanha, em 16 de junho de 1804.

Veio para o Brasil, em 1828, sendo contratado para servir ao Exército Imperial,

devido a falta de oficiais no país. Devido a um decreto que dissolvia batalhões

estrangeiros foi afastado do exército e, três anos mais tarde, naturalizou-se

brasileiro, sendo reincorporado em 1833 e promovido a Major seis anos depois,

após trabalhar como engenheiro civil na Província do Rio de Janeiro para a

manutenção de estradas.

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