Revista SINFAC/RS 04

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Edição 04 da Revista dirigida ao setor de Fomento Mercantil - Factoring - do Estado do Rio Grande do Sul, abordando como tema principal, a eleição de Barak Obama, nos Estados Unidos, e a relação com o Brasil.

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reportagem especial

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e mais:

O fenômeno Barack Hussein Obama, cujo slogan proclamava a necessidade de mudanças, contaminou multidões não apenas no território estadunidense, mas espalhou-se de forma assombrosa pelo Globo, reunindo as expectativas de políticas de maior amplitude socioeconômica em torno do então candidato.

Aproximação com a ANFAC, aumento de factorings associadas e criação de delegacias regionais, foram algumas das ações que têm consolidado até hoje o SINFAC/RS como referência nacional nestes 17 anos de atuação.

Palavra do Presidente .................................................................................................4

Agenda ..................................................................................................................................................5

Em Foco ...............................................................................................................................................6

Entrevista ..................................................................................................................................... 14

Artigo .....................................................................................................................................................17

Geral ..................................................................................................................................................... 18

Perfil .........................................................................................................................................................20

Atualidade ...................................................................................................................................22

A Revista do SINFAC/RS é uma publicação do Sindicato das Sociedades de Fomento Mercantil - Factoring do Estado do Rio Grande do Sul

Rua Sport Club São José, 53 - conj. 302Fone/Fax: (51) 3341-3998

CEP 91030-510 - Porto Alegre/RSwww.sinfacrs.com.br - [email protected]

DIRETORIAPresidente:

Olmar João PletschVice-Presidente:

Márcio Henrique Vincenti AguilarDiretor Administrativo: Olmiro Lautert Walendorff

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Rodrigo Librelotto WestphalenDiretor Financeiro Substituto:

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Roberto de LorenziAssessor Jurídico

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DELEGADOS REPRESENTANTESTITULARES

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CONSELHO FISCALTITULARES

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Jorge Alberto de Oliveira PachecoSUPLENTES

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EDIÇÃO

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www.francke.com.brEditora-responsável:

Mariza Franck (Reg. Prof. 8611/RS)Redação:

Ana Lúcia Medeiros (Reg. Prof. 11582/RS)Projeto Gráfico: Hélio de Souza

Capa: Luciano Harres Braga Diagramação: Luciano Harres Braga

Colaboração: Teresa Maria Schembri (Reg. Prof. 6240/25/91/RS)

e Sérgio Giacomel

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O que o mundo espera do homem mais poderoso do mundo – o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama – e o que vai repercutir na economia brasileira, não poderiam deixar de ser destacados na primeira revista do SINFAC/RS do ano de 2009. Para falar sobre o fenômeno Obama, cujo slogan proclama a necessidade de mudanças tão desejada e esperada ansiosamente em todo o mundo, a matéria traz a análise de renomados economistas. Mas não só o norte-ame-ricano ganhou as páginas da revista, como também uma im-portante figura do cenário cultural brasileiro, a presidente da Fundação Theatro São Pedro, Eva Sopher, que concede uma entrevista exclusiva à publicação.

Mercado de trabalho, profissionais qualificados, cau-tela na concessão de créditos, são outros temas importantes para o segmento e são abordados nas matérias. Dando se-quência à série de reportagens especiais sobre os 17 anos do Fomento Mercantil, os ex-presidentes do SINFAC/RS, Olmiro Lautert Walendorff e Álvaro Francisco Acosta López, contam as conquistas da entidade durante suas gestões, os desafios e uma análise de como está hoje o SINFAC gaúcho, que é uma referência nacional entre as demais entidades do setor.

O perfil da empresa de Factoring desta edição é da Ban-credi Fomento Mercantil, de Santa Cruz do Sul, que comemora 11 anos de sucesso no mercado. Agora, não percam esta pu-blicação e deixe a sua mensagem e sugestão para a Revista do SINFAC/RS, no espaço dedicado às Cartas do Leitor. Tenham todos uma boa leitura e até a próxima edição.

Olmar João PletschPresidente do SINFAC/RS

ESTE ESPAÇO ESTÁ RESERVADO PARA VOCÊ

A partir da próxima edição da revista do SINFAC/RS, você, leitor, poderá participar da seção CARTAS DO LEITOR, enviando suas DÚVIDAS/SUGESTÕES/OPINIÕES para [email protected].

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agen

daFEVEREIRO

11 - Reunião de Diretoria, na Sede do SINFAC/RS.26 - Fomento Mercantil na Atualidade, na Sede do SINFAC/RS.

MARÇO

10 - Reunião-almoço com toda a diretoria, no Res-taurante Solarium (FECOMÉRCIO).09 a 12 - Curso: Matemática Financeira, na sede do SINFAC/RS.13 - Palestra: Mulheres do Fomento, no Hotel Villa Flor – Nova Petrópolis e Noções de Direito para não Advogados, no Hotel Villa Flor – Nova Petrópolis.

ABRIL

14 - Reunião-almoço com o presidente do SIN-FAC/SP, Pio Danieli, no Restaurante do Dado Bier.14 - Reunião de diretoria, na sede do SINFAC/RS.23 - Gestão Estratégica de Empresa de Fomento, no Hotel Sheraton.23 - II Encontro de Advogados de Empresas de Fomento Mercantil do RS, no Hotel Sheraton.24 - Curso de Formação em Fomento-Operacio-nal, na sede do SINFAC/RS.24 - Curso de Formação em Fomento-Financeiro, na sede do SINFAC/RS.

MAIO

12 - Reunião com toda a diretoria e Reunião-al-moço, na sede do SINFAC/RS.15 - Evento: CARAVANA DO FOMENTO, em Novo Hamburgo.29 - Curso de Formação – Fomento Tributário, na sede do SINFAC/RS.29 - Curso de Formação – Fomento Contábil, na sede do SINFAC/RS.

JUNHO

12 - Reunião de Diretoria – CARAVANA DO FO-MENTO, em Santa Maria.19 e 20 - II Encontro Gaúcho de Fomento Mer-cantil, no Hotel Villa Flor – Nova petrópolis.26 - Curso de Formação – Fomento Jurídico, na sede do SINFAC/RS.27 - Curso de Formação – Fomento Crédito e Co-brança, na sede do SINFAC/RS.

JULHO

10 - Evento: CARAVANA DO FOMENTO, em San-ta Cruz.14 - Reunião com toda a diretoria e Reunião-al-moço, na FECOMÉRCIO.24 - Curso de Formação - Fomento Tecnológico, na sede do SINFAC/RS.24 - Curso de Formação – Fomento Atual, na sede do SINFAC/RS.

AGOSTO

11 - Reunião-almoço da Diretoria (manhã). CA-RAVANA DO FOMENTO, em Caxias do Sul.11 - Curso: Empresas que Vedam a Negocia-ção de Títulos com Factoring – Aspectos Jurídi-cos. CARAVANA DO FOMENTO, no Hotel Intercity – Caxias do Sul.21 - Curso: Gestão Financeira para Factoring, na sede do SINFAC/RS ou FECOMÉRCIO/RS.

SETEMBRO

08 - Reunião de Diretoria, na sede do SINFAC/RS.19 - Aniversário do Sindicato, no Vila Ventura.

OUTUBRO

16 - Cursos: Aspectos Jurídicos de Fomento Mer-cantil – CARAVANA DO FOMENTO, em Pelotas.30 - Evento: Reunião Diretoria (pela manhã) Al-moço – Tarde (palestra). Tema: Gestão Financei-ra – CARAVANA DO FOMENTO, em Santa Maria.

NOVEMBRO

10 - Reunião de Diretoria, na sede do SINFAC/RS.13 - Tema: Empresas que Vedam Negociações com Factoring/Tributação – CARAVANA DO FO-MENTO, em Santa Cruz do Sul.27 - Curso: Aspectos Jurídicos e Operacionais - de Operações à Matéria Prima/Trustee – CARA-VANA DO FOMENTO, em Passo Fundo.

DEZEMBRO

08 - Reunião de Diretoria, na sede do SINFAC/RS.18 - FESTA FINAL DO ANO, no Leopoldina Juvenil.

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Empresas buscam profissionais

qualificados e dinâmicos

Só sei que nada sei, já dizia o filósofo

grego Sócrates. Portanto, a frase

continua atual. Prova disso é

a exigência do mercado em buscar

profissionais interessados em aprender cada

vez mais.

As empresas estão com carência de pessoas qualificadas e prepa-radas para enfrentar os novos desafios exigidos pelo mercado de trabalho? Os profissionais estão mais atentos e preocupados com a sua formação? Para o professor e coordenador dos cursos de Pós-Graduação da Faculda-de dos Imigrantes (FAI), Ernani Tadeu de Oliveira, a resposta é que todos os mercados estão sofrendo com a falta de mão-de-obra qualificada. E quem pensa em sair para o mercado de trabalho, apenas com o tão almejado ca-nudo nas mãos, está enganado. “É muito difícil o profissional sair da univer-sidade preparado. No Brasil, tanto professores quanto alunos, descobriram que o diploma em si tem pouco valor para estar preparado na profissão escolhida”, argumenta o professor. A frase defendida por Oliveira é “não existe nada na prática, do que uma boa teoria”. Segundo ele, o profissional tem que, além de dispor de um conhecimento amplo das atividades, buscar um conhecimento muito específico para melhorar o seu desempenho profis-sional. “Estou em constante aprendizado, sempre temos coisas novas para aprender, porque não podemos achar que sabemos tudo.”

A busca de profissionais mais qualificados também se reflete no mercado de factoring. As empresas de Fomento Mercantil estão mais cri-teriosas ao selecionar os seus funcionários devido às novas exigências, de-mandas e o crescimento significativo do segmento que gera hoje cerca de 2 milhões de empregos diretos e indiretos. Para preparar não só os opera-dores das empresas, como orientar os dirigentes das organizações, o SIN-FAC/RS, em parceria com a FAI, de Caxias do Sul, lançaram o MBA (Master Business Administration), em Gestão de Negócios de Fomento Mercantil. Portanto, profissionais de factorings, a hora é agora para buscar cada vez mais a sua qualificação. “O mercado passou a ser extremamente exigente. O que percebo dos alunos que frequentam o MBA é a vontade de conhecer informações novas relacionadas ao factoring, temas que desconhecem e que podem fazer a diferença no dia-a-dia profissional. Os alunos aprendem

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qualificados e dinâmicos

sobre fomento mercantil na prática e com a especialização melhoram o seu desempenho”.

Para o profissional fazer a diferença no mercado de trabalho, uma dica do professor Ernani: é preciso estar preparado, ou seja, maduro, com conhecimento amplo além da área de atuação; ter visão de mundo; estar preparado a assumir o custo de tomar decisões, e, acima de tudo ser um treinador, que vai preparar outras pessoas para desenvolver outras ativida-des dentro da empresa. “Aquela pessoa que faz tudo que está no manual, vai ficar sempre no mesmo lugar. Faltam pessoas com iniciativa, que sejam prestativas e que tenham comprometimento.”

Mercado de factoring está mais exigente

O gerente Bolivar Bernardo Rinaldi, da Nossafonte Fomento Mer-cantil, de Cachoeirinha, vive a rotina de uma empresa de factoring. O pro-fissional analisa que o mercado está exigente, a procura de profissionais que estão em constante aprimoramento, que saibam orientar o seu cliente, verificando, através de análises do ramo em que atua, se seus produtos têm apelo de vendas, se seus clientes são idôneos e se seu endividamento está coerente com seu faturamento. Rinaldi diz que a maioria dos profis-sionais de empresas de Fomento Mercantil são qualificados no seu ramo, porém, muito centralizados em operações com cheques e duplicatas. Com um mercado dinâmico e em constante mutação, “preocupa-me o fato de [as empresas] centralizar as operações somente em cheques e duplicatas. Isso me traz a lembrança das empresas, que somente faziam taxinhas para pregar a ‘sola do sapato’, e não viram que a tendência era a substituição da taxinha por cola”, brinca ele.

O profissional acredita que, ainda de forma tímida, está ocorren-do uma conscientização por parte dos executivos de empresas de Fomento Mercantil e dos operadores do mercado de factoring, que a experiência pregressa em instituições financeiras ou na área financeira de empresas de outros ramos não são suficientes para atender às exigências do atual mer-cado de factoring. “A velha máxima, de aprender com os erros, está ficando

“A velha máxima, de aprender com os erros, está

ficando desgastada devido aos elevados custos que estes

erros provocam.”

desgastada devido aos elevados custos que estes erros provocam.”

Rinaldi comenta sobre o próprio trabalho desenvolvido pelo SINFAC/RS que, preocupado com a saúde financeira de suas associadas, vem constantemen-te realizando ou patrocinando cursos e palestras, direcionadas aos profissionais do segmento. O que ele lamenta é o fato de ser sempre as mesmas pessoas que frequentam os cursos, salvo algumas exceções. O gerente também é um dos alunos do MBA em Gestão de Negócios de Fomento Mercantil, que conclui no fi-nal deste ano. O profissional aponta que com o elevado número de empresas de fomento é preciso que mais pessoas se qualifiquem.

O gerente alerta que as facto-rings estão buscando profissionais com relações duradouras com seus clientes, e que através dessas relações consigam indicações de novos clientes. Profis-sionais que saibam analisar, de forma racional, qual a necessidade de crédi-to do cliente e, principalmente, qual a capacidade da factoring de atender es-ses clientes. De acordo com Rinaldi, o profissional que faz a diferença em um mercado cada vez mais competitivo é aquele que, além de possuir uma cartei-ra de clientes fiel, conquistada ao longo dos anos através de um atendimento qualificado em instituições financeiras ou outras empresas, “saiba utilizar este ‘escore comportamental’ para definir limites de crédito, busque a constante qualificação de sua carteira de clientes, e que, acima de tudo, procure constan-temente se aprimorar, através de cursos, palestras e reuniões com colegas do ramo para troca de experiências. Temos muito espaço para crescer e precisamos constantemente aumentar nosso quadro de pessoal”, complementa.

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No decorrer de 2008, o panorama do mundo sofreu profundas alterações tanto no contexto político, como no econômico. A começar pela campanha eleitoral nos Estados Unidos da América, na qual os democratas – encabeçados na disputa pelo senador de Illinois, Barack Hussein Obama – retomaram a Casa Branca após oito anos de uma contestada política externa do republicano George W. Bush. O fenô-meno Obama, cujo slogan proclamava a necessidade de mudanças, contaminou multidões não apenas no território estadunidense, mas es-palhou-se de forma assombrosa pelo Globo, reunindo as expectativas de políticas de maior amplitude socioeconômica em torno do então candidato.

Obama recebeu a presidência no início de 2009 e também o encargo de liderar a maior economia do mundo frente a uma instabi-lidade econômica que só encontra precedentes em 1929, quando do episódio Grande Recessão. A atual crise financeira mundial, cuja ori-

Medidas do presidente norte-

americano são aguardadas como

sinalizadoras para o mundo, mas não

existe milagre

De olho em

Obama

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capagem também se deu em território norte-americano, encontra resíduos

antes mesmo do governo Bush – na gestão do também democrata Bill Clinton, quando foi adotada uma política de liberação de crédito hipo-tecário com fracas garantias. A turbulência respingou seus efeitos por todos os continentes, prejudicando principalmente os países de econo-mia em desenvolvimento – como é o caso do Brasil.

Obama também foi incutido, involuntariamente, em um papel de “salvador”, no momento de ânsia mundial por encontrar a solução para a economia, e também pela esperança de novas políticas globais. Os países asiáticos esperam que o atual líder norte-americano organize o sistema bancário e financeiro, além de realizar políticas de contenção de conflitos em zonas problemáticas – caso da península da Coréia. Esta mesma preocupação diz respeito ao Oriente Médio, cujo conflito entre Israel e Palestina exige delicadas ações por parte de Washington. Outros países como Irã, Síria e Iraque, aguardam iniciativas de aproxi-mação e relacionamento.

Já na Europa, a expectativa é que o democrata inicie uma ala-vancagem dos EUA e leve consigo os países europeus. Além disso, o Velho Continente espera também a reforma das instituições de regu-lação financeira – como o FMI, por exemplo – com a reavaliação de suas ações e de seu papel. A imagem de Obama na América Latina é uma das mais positivas possíveis. A maior esperança é o retorno das relações comerciais com Cuba, que vive um embargo econômico há mais de 50 anos. Entretanto, há uma certa apreensão em relação às políticas internas de incentivo agrícola – o protecionismo – que pode ser prejudicial aos latinos, exclusivamente exportadores.

Na opinião do economista da Fundação de Economia e Esta-tística (FEE) do RS, Antônio Carlos Coitinho Fraquelli, Obama não é o responsável por acabar com a instabilidade mundial. Ele lembra que a gravidade da crise chegou a interromper as agendas de John McCain (democrata) e Barack ao longo das campanhas. “Surpreendentemente, no meu ponto de vista, o novo presidente norte-americano tem apre-sentado uma medida importante a cada semana. Da mesma forma, parece disposto a atuar sobre temas delicados da experiência governa-mental americana recente”. Estes assuntos – guerra, saúde, educação e tecnologia limpa – têm predominado nos pronunciamentos de Obama, segundo Fraquelli, o que pode confirmar o acerto da decisão do povo estadunidense e significar boas esperanças.

Para o assessor econômico da Fecomércio/RS, Eduardo Merlin, o colapso da economia só poderá ser resolvido com o apoio de todos os países. “Não existe apenas um salvador para a crise. Este é um es-forço de coordenação política e econômica global”, argumenta. Refe-rente a esta situação, ele comenta que o término da Rodada Doha seria uma iniciativa importante. “O mundo tenta um consenso. O problema é acertar o passo”, comenta Merlin, lembrando da dificuldade em dis-cutir, no atual cenário, políticas de abertura de mercados.

Obama, crise e o Brasil

No dia 15 de março, o pre-sidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reuniu-se com o governante nor-te-americano, Barack Obama, no pri-meiro encontro político entre os dois – que também foi motivado pelo pa-norama da economia mundial e para discutir as relações entre as nações.

Os dois líderes reafirmaram a necessidade de cooperação para combater a crise e estimular o merca-do. Neste ponto, é esperada uma coo-peração das equipes econômicas dos

“Não existe apenas um salvador para a crise.

Este é um esforço de coordenação

política e econômica global.”

ObamaEduardo Merlin

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pa corpo, pois, geopoliticamente, o Brasil apresenta-se como possível in-terlocutor com os países da América do Norte, diante de uma ineficiên-cia da política do Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre Comércio). “O Mercosul, com a entrada de outros países, tem se formado como um contraponto ao Nafta. E o Brasil pode ser um intermediário funda-mental para costurar um acordo”, esclarece.

Pochmann acredita que, diferente do que aconteceu com Bush, pode ser realizado um laço comercial maior entre o país e os EUA. Mesmo no momento atual, em que os dois países são concorrentes em muitos produtos – graças ao nível de desenvolvimento que o Brasil alcançou em diversas áreas, pelas suas estruturas produtivas semelhan-tes. “Nós temos aqui no Brasil diversas filiais de organizações ame-ricanas importantes, por isso, a relação está mais estreita, pelo laço intrafirmas. Por outro lado, também é conflitante, como apareceu em diversos episódios de tributação discutida na OMC”, lembra o econo-mista, ressaltando que muitas questões devem ser ajustadas no campo diplomático.

O economista acredita que o momento atual é de desglobali-zação, devido ao caos lançado no mundo com a crise e com o enfra-quecimento de instituições como a ONU e as agências conciliatórias. “Isso pode trazer fortalecimento de ações protecionistas dos países, com a volta de medidas nacionalistas, como enfrentamento do proble-ma mundial”, explica, alertando que “isso pode gerar dificuldades de negociação e comércio, e até mesmo ser a causa de novos conflitos. Uma vez que o livre comércio não se mostrou eficiente como precisa ser, está na hora de discutir novas soluções”.

No binômio Brasil-EUA, o setor que surge como mais promissor é o de combustíveis renováveis. O presidente do Ipea vê possibilidades de maior integração a partir da produção de uma nova matriz energé-tica, que já foi o gás, e agora pode ser o biocombustível. “A criação de uma alternativa ao combustível fóssil aparece como uma oportunidade para países latino-americanos e africanos. Na atualidade, o Brasil leva vantagem por ter o mais eficiente biocombustível (o álcool), pois domi-na profundamente sua tecnologia”. O economista admite, no entanto, que os demais biocombustíveis, como mamona, soja e milho não têm tido resultado positivo na equação custo/benefício – os dois últimos principalmente por serem destinados também à alimentação.

Imagem externa

O economista da Fundação de Economia e Estatística do RS (FEE), Antônio Carlos Fraquelli, comenta que a imagem externa do país tornou-se favorável, devido ao cuidado dado à economia. “O Brasil já atingiu o status de um parceiro importante e confiável dos Estados Uni-dos”, avalia. “A prioridade que os diferentes governos brasileiros têm dado à estabilidade econômica mudou a visão que as nações avança-

“O Mercosul, com a entrada de outros países, tem se formado como um contraponto

ao Nafta. E o Brasil pode ser

um intermediário fundamental para

costurar um acordo.”

dois países frente ao G-20, para propor soluções. As conversas sobre a Rodada Doha – que discute na OMC (Organiza-ção Mundial do Comércio) os subsídios concedidos pelos EUA e a UE –, no entan-to, não avançaram. Um passo importante ocorreu na questão dos biocombustíveis, na qual Estados Unidos e Brasil acenaram com uma parceria.

Conforme o economista e presi-dente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, a re-lação entre os dois países vem tomando

Antônio Carlos Fraquelli

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capadas têm sobre o país. E, nessa condição, as autoridades brasileiras vêm

ocupando o espaço disponível com um discurso coordenado”.Fraquelli argumenta, no entanto, que deverá haver percalços nas

negociações com os norte-americanos. “Acredito que será difícil extrair uma posição objetiva dos Estados Unidos. Barack Obama depende de uma ampla negociação com o Congresso, mesmo que tenha maioria nas duas Casas. “Os pedidos de Lula para rever as concessões agríco-las devem demorar. “Com relação ao protecionismo, acredito que as negociações da Rodada Doha apresentarão um grau de dificuldade maior do que aquela vigente na gestão George W. Bush”, sentencia.

Combatendo a crise em casa

O assessor econômico da Fecomércio/RS, Eduardo Merlin, ex-plica que a crise econômica chega ao país principalmente de duas formas: através do crédito, que fica restrito no exterior, e os investidores passam, então, a retirar o dinheiro de países em desenvolvimento, para equilibrar as contas; e pelo comércio exterior, nas exportações. “Sem dinheiro, os países se retraem e não compram”, afirma. Com a dimi-nuição nas vendas, setores como o metal-mecânico, no Estado, sofrem também pela expectativa de demissões.

Na opinião de Merlin, o governo tem agido corretamente no combate à crise, liberando benefícios e incentivando os bancos a li-berarem crédito. No entanto, critica a demora na adoção de atitudes, como o corte da taxa básica de juros em um ponto percentual, reali-zado somente em fevereiro de 2009, de 13,75 para 12,75%. A ma-nutenção do índice, no final de 2008, foi “por medo da inflação. Eles erraram a mão [em não cortar]”, garante.

O assessor afirma que, para o país se recuperar desta situação, é preciso reativar o consumo das famílias, estimulando o comércio e

“Isso pode trazer fortalecimento de

ações protecionistas dos países, com a volta de medidas

nacionalistas e até mesmo ser a causa

de novos conflitos.”

também os investimentos do governo. Além disso, Merlin fala da necessida-de de agilizar iniciativas como o PAC (Programa de Aceleração do Cresci-mento). “É preciso fazer o PAC andar mais rápido”, alega, ressaltando que o país deve encarar a situação e adotar medidas fortes, sem temer a crise ou se esconder. “Não dá para brincar de avestruz.”

Já, o economista Sérgio Leusin Júnior, da Federasul, discorda desta visão. Ele acredita que o Banco Cen-tral (BC) brasileiro agiu corretamente, por falta de indícios. “O BC não tinha informações antes para cortar”, infor-ma, alegando que esta é e deve ser uma decisão exclusivamente técnica. “O único sinal era o mercado automo-bilístico”. Neste âmbito, Leusin Júnior assevera que as atitudes do governo devem ser tomadas com a devida cautela. As iniciativas como o PAC e o Pacote Nacional da Habitação, por exemplo, devem prosseguir sem afo-bação. “Corre-se o risco de causar desajuste fiscal e o desequilíbrio das contas públicas”, argumenta.

Márcio Pochmann

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Um aumento considerável de associados, integração com a Fe-comércio/RS e com os demais sindicatos, reuniões no interior do Estado com participação e frequência significativa, debatendo sempre temas pertinentes e de interesse da categoria do Fomento Mercantil, são al-gumas das ações apontadas pelo então presidente da entidade gaú-cha, Olmiro Lautert Walendorff, realizadas no período de 2000 a 2003. Apesar das turbulências de ordem institucional, devido a fatos ocorridos no setor de factoring, o SINFAC/RS conseguiu “dar a volta por cima, pois o Sindicato sempre trabalhou com a filosofia e orientação a seus associados, com seriedade, transparência e legalidade”, apontou o ex-dirigente.

Durante a sua gestão, o empresário destacou o Planejamento Es-tratégico, que tornou o Sindicato moderno e mais fácil de administrá-lo, sendo uma realidade até os dias de hoje. “Por outro lado, obtivemos a confiança do setor. Eis que aumentamos, consideravelmente, o número de associados e conseguimos entregar ao presidente seguinte, um Sin-dicato moderno, planejado, com boa situação financeira, devidamente auditada pelos Conselhos”, acrescentou.

Outra questão apontada foi a estreita parceria com a Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil – Factoring (ANFAC), “seguindo no caminho da correção e da ética, bandeiras que a Asso-ciação sempre perseguiu”, frisou. A aproximação do SINFAC/RS com a ANFAC e com outros sindicatos regionais também foi destacada pelo

Aproximação com a ANFAC, aumento de factorings associadas, criação de delegacias

regionais, foram algumas das ações que

têm consolidado até hoje o SINFAC/RS como

referência nacional

SINFAC/RS:seriedade e sucesso nestes 17 anos

Os ex-presidentes do SINFAC/RS, Olmiro Walendorff e Álvaro Acosta Lopez e o diretor-financeiro, Rudi Rubens Essig

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presidente seguinte da entidade, no período de 2003 a 2007, Álvaro Francisco Acosta López. Estas aproximações, segundo López, abriram portas para uma maior participação no processo decisório dentro da ANFAC por parte dos Sindicatos, período em que os presidentes se tor-naram vice-presidentes regionais da ANFAC.

A criação das Delegacias Regionais foi outra ação importante durante a sua presidência. “As delegacias cobriram todo o Rio Grande do Sul, no sentido de valorizar os associados de todo o território gaúcho, promovendo encontros em diversas regiões do Estado”, informou. Para López, o SINFAC/RS, ao longo destes 17 anos, tem tido um desenvolvi-mento muito superior à média nacional, tanto no que se refere à oferta de benefícios a seus filiados, como a realização de cursos, convênios, entre outros. “O que vem refletir diretamente no número de associados, que nos dois últimos anos praticamente dobraram, com cerca de 230, número que mostra claramente a total aprovação da categoria em rela-ção à sua entidade-mãe.”

“O SINFAC/RS é uma entidade referência, seja dentro de todos os Sindicatos que compõem a ANFAC, assim como também é considerado um Sindicato exemplo dentro da própria Fecomércio/RS, dentro da qual o SINFAC/RS tem uma cadeira na vice-presidência, graças à idoneida-de, à seriedade e à transparência que o caracterizam”, frisou López.

SINFAC/RS:

“O Sindicato sempre trabalhou

com a filosofia e orientação a seus associados com seriedade,

transparência e legalidade.”

Conheça a Diretoria de 2000 a 2003

Conheça a Diretoria de 2003 a 2007

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Com 85 anos de vida e 33 de dedicação ao mais reconhecido e famoso teatro gaúcho, a presidente da Fundação Theatro São Pedro, Eva Sopher, recebeu em 1975 a missão de restaurar o teatro que completou 150 anos de história. A entrevistada da nova edição da Revista do SINFAC/RS, nos fala sobre a história do Theatro, projetos e sobre o novo espaço cultural Multipalco.

Como o Theatro São Pedro começou a fazer parte da vida da senhora?

Eu morei no Rio de Janeiro, antes de vir a Porto Alegre, e sempre trabalhei com a cultura. Naquela época, as minhas filhas tinham 10 e 11 anos, e como eu era ligada a uma entidade cultural, a Pró-Arte, pensei em fazer um projeto de ensaios gerais voltado para os jovens, quase que pensando nas minhas filhas. Então me dediquei, fiz o projeto e foi aceito de bom grado. Aconteceu que neste exato momento, meu marido foi transfe-rido profissionalmente para Porto Alegre. Chegando, em janeiro de 1960, encontrei um ex-colega músico e pedi que me falasse sobre Porto Alegre. Então, ele disse: “Olha é bom você começar logo, porque a própria Pró-Arte está meio adormecida.” Escrevi para o diretor da Pró-Arte, comentando que eu estaria em Porto Alegre à disposição, porque o projeto no Rio de Janeiro não seria mais possível de ser feito, então ele respondeu: “Reative a Pró-Arte em Porto Alegre”. Em março de 1960, teve o primeiro recital da Pró-Arte, de um pianista alemão, no Theatro São Pedro, que me obrigou a entrar no Theatro pela primeira vez.

Quando eu fui convidada a assumir a tarefa do Theatro São Pedro, eu neguei, porque estava envolvidíssima com a Pró-Arte, e também fazia

“São 150 anos de história doTheatro

São Pedro, tu fazes teatro aonde e como

quiseres, mas a tradição, a energia,

a beleza desta Casa é singular. É

referência nacional e internacional.”

Eva Sopher:33 anos dedicados ao

Theatro São Pedro

Foto: Dulce Helfer

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parte do Conselho da Ospa. Um belo dia, o meu marido disse: “Olha aqui, você sabe muito bem, já derrubaram o irmão dele (Tribunal de Justiça incen-diado em 1941) do outro lado da rua, e se você não fizer nada pelo Theatro São Pedro, vão derrubá-lo também.” Quando eu ouvi esta frase, abri mão do resto, porque um país que não preserva a sua história, não tem valor nenhum. O convite para presidir a Fundação do Theatro São Pedro foi feito pelo então governador do Rio Grande do Sul, Sinval Guazelli em 1975.

Como a senhora se sente em fazer parte da história do Thea-tro São Pedro?

Satisfeita, feliz e realizada. São 150 anos de história do Theatro São Pedro, tu fazes teatro aonde e como quiseres, mas a tradição, a energia, a beleza desta Casa é singular. É referência nacional e internacional.

Quais são os projetos para 2009?

O primeiro e grande é o espaço Vonpar no Multipalco do Theatro São Pedro, que é a praça principal, que liga a Praça da Matriz à Rua Ria-chuelo, com a nossa Concha Acústica que vai se chamar Auditório Vonpar, inaugurado no dia 27 de março.

Como foi o início das obras do Theatro nos anos 70?

Em 1970 tivemos um recital de viola de uma artista coreana, quando despencou algo de cima do teatro, caindo praticamente ao lado da mão e do instrumento dela. Foi aquele susto, aquele gemido, mas ela continuou. No mesmo ano, repetiu-se algo parecido, então eu disse: “Esta Casa está caindo aos pedaços.” Então, fechou-se a Casa, e eu me mudei com a Pró-Arte para a Assembléia Legislativa. Em 1975, começaram as obras do Theatro São Pedro, levando nove anos até a sua conclusão. Em junho de 1984, a casa foi reaberta e os artistas felizes porque finalmente recebiam o respeito pelo seu trabalho.

Quantos expectadores e artistas passaram pelo Theatro ao longo destes 33 anos?

Só posso dizer que inauguramos o Theatro São Pedro com a Bibi Fer-

reira, em 28 de junho de 1984. Porém, a inauguração propriamente dita, acon-teceu no dia anterior, com um grupo lo-cal para apresentar uma peça, porque diziam que não abriríamos a casa para os grupos locais. Então, a primeira coisa que fiz foi chamar um grupo daqui.

A segunda coisa foi chamar o compositor porto-alegrense, Radamés Gnatalli, morando no Rio de Janeiro, para reger um concerto da Ospa, e com isso eu queria dar o meu recado. A par-tir do dia seguinte, tivemos seis semanas de Piaff, com Bibi Ferreira, aonde vieram aproximadamente 30 mil pessoas no Theatro. Quando veio o Tom Jobim, em 1985, tivemos tranquilamente cerca de mil pessoas.

Nestes 33 anos de Casa, quais fo-ram os momentos mais marcan-tes e as maiores realizações?

Realmente é muito difícil dizer quais foram os momentos mais mar-cantes, mas teve um, quando um novo governador (Alceu Collares, em 1991) queria me retirar da direção do Theatro São Pedro e a comunidade protestou (em 14 de março, cerca de 200 pessoas, en-tre atores, músicos, artistas, jornalistas e amigos) fizeram um abraço ao redor da casa.

Uma das peças que está mais tempo no Theatro São Pedro é a Tangos e Tragédias?

Há 25 anos. É um fenômeno. Tivemos novamente, este ano, a peça Balei na Curva (lançada em 1984 no Theatro São Pedro), onde veio uma se-nhora, em uma das noites, com uma adolescente. Ela me disse: “Há 25 anos, entrei pela primeira vez no Theatro São Pedro, quando a minha mãe me trouxe para assistir Balei na Curva. Esta jovem ao meu lado, é minha filha, que estou trazendo pela primeira vez para assistir a

Eva Sopher: “Eu sei que a cultura está ativa e as coisas estão acontecendo. Nós temos pessoas abnegadas, trabalhando na

cultura com bastante força.”

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trevi

sta

peça”. Este ano, na semana em que Tangos e Tragédias completar 25 anos de Casa, ha-verá uma apresentação.

Como a senhora avalia os investi-mentos e projetos culturais no Rio Grande do Sul? Hoje, o Estado gaú-cho é um dos mais atuantes neste sentido?

Não tenho comparação, porque eu não tenho saído. Eu sei que a cultura está ativa e as coisas estão acontecendo. Nós temos pessoas abnegadas, trabalhando na cultura com bastante força.

Tem previsão de conclusão das obras do Multipalco?

Dependemos da resposta das em-presas. O Espaço Vonpar, por exemplo, foi a Vonpar que nos colocou o dinheiro para terminar este espaço. Além disso, terá uma sala para a Orquestra de Câmara do The-atro São Pedro, com investimentos da Ger-dau. A Orquestra está completando 25 anos e nunca teve uma sala. Então, nós depende-mos das empresas.

Como as empresas podem contribuir para a construção do espaço?

Temos várias possibilidades, tem a parte do Imposto de Renda, a pessoa física pode deduzir 6% na sua declaração. Não é nem uma doação, é uma antecipação da-quilo que será abatido no momento de fazer o Imposto de Renda. As empresas, as pesso-as jurídicas, são 4% do imposto de renda.

Quando eu comecei no Theatro, não tinha Lei de Incentivo à Cultura (LIC). O presidente da República Ernesto Geisel (de 1974 a 1979), foi o presidente que queria que os teatros antigos fossem restaurados. O presidente veio a Porto Alegre e foi feito um convênio antes das obras do Theatro São Pe-dro começarem, em que 50% dos recursos viriam da União e os outros 50% do governo estadual.

A partir de 1982, passei a receber

também os apoios das empresas e das pessoas físicas, ou seja, não está se fazendo nada para si, está se fazendo para o engrandecimento do nosso Es-tado. O turismo, a cultura, tudo vai ser beneficiado. Então, eu percebo que as empresas não têm negado seu apoio, as pessoas físicas antecipam a sua parcela, e isso nos ajuda, não só economicamente como psicologicamente, porque as pessoas acreditam no nosso trabalho e na nossa obra inédita.

O Multipalco conta com o apoio de quantas empresas?

Muitas, mas nunca o suficiente. Agora, dependemos única e exclu-sivamente da Lei Rouanet, de Brasília, que tem liberado os nossos projetos. Por isso, eu digo, acho que de repente voltamos ao que era antigamente, quando não existia a Lei de Incentivo à Cultura.

Por que ainda não foi concluído? Não teve verba suficiente?

Em parte por falta da LIC – Lei de Incentivo à Cultura, porque cap-tado nós temos muito, mas se a LIC não tivesse emperrado, nós estaríamos com esse dinheiro, a burocracia dificulta tudo. Nós estamos sempre à dis-posição para visitar as empresas interessadas.

Sobre a importância das organizações serem fortes aliadas em projetos e ações culturais, fale um pouco.

Importantíssimo e vai aqui o meu pedido e solicitação. Não se es-queça que nós dependemos da ajuda, do patrocínio e do apoio das empre-sas, porque sem elas seria impossível levar adiante a cultura.

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artig

o

As instituições financeiras, embora façam de tudo para evitar a informação, têm a obrigação de fornecer ao beneficiário/endossatário ou seu procurador constituído, o nome completo e os endereços resi-dencial e comercial do emitente de cheques devolvidos pelas alíneas 11 a 14, 21, 22 e 31.

Ainda, no caso da devolução do cheque pela alínea 21, deve a instituição financeira informar o motivo declarado pelo emitente. Para tal, basta o portador apresentar-se no estabelecimento bancário sa-cado, na posse do cheque, e de documento de identidade, se pessoa física.

No caso de pessoa jurídica, esta pode ser representada por procuração, com firma reconhecida pela empresa. Esta obrigação, e verdadeiro direito do portador do cheque, está regrada na Circular 2.989 do Banco Central do Brasil, cuja íntegra segue anexa.

Cabe observar que a dita Circular não vincula a apresentação dos dados do emitente ao procurador do portador, a apresentação de procuração por instrumento público e tantas outras formalidades.

Aliás, repita-se, a resistência do estabelecimento bancário, criando normas e burocracias não trazidas pela Circular 2.989, pode ser objeto de reclamação perante a ouvidoria do Banco Central do Brasil.

Em caso de solicitação das informações por correspondência, vale a mesma regra de reconhecer a assinatura pela empresa, além de remeter cópia autenticada do cheque objeto da consulta.

Ainda, nunca é demais fazer constar no eventual texto da cor-respondência, o art. 4º e seu parágrafo único, nos termos abaixo, ou ainda, em caso de comparecer pessoalmente na agência, levar a cópia da Circular 2.989.

Art. 4º para efeito do disposto no art. 25 do Regulamento anexo à Resolução nº 1.631, de 1989, com a redação dada pela Resolução

nº 1.682, de 1990, as instituições financeiras depositárias de recursos em contas de depósitos à vista devem prestar as seguintes informações, no caso de cheque devolvido pelos mo-tivos 11 a 14, 21, 22 e 31, median-te solicitação formal do interessado e observadas as demais condições pre-vistas neste artigo:

I - nome completo e endereços residencial e comercial do emitente, conforme constarem da ficha-propos-ta;

II - o motivo alegado para a sus-tação ou revogação, no caso de che-que devolvido pelo motivo 21.

Parágrafo 1º: As informações referidas neste artigo somente podem ser prestadas:

I - ao beneficiário, caso esteja identificado no cheque, ou a mandatá-rio legalmente constituído;

II - ao portador, em se tratando de cheque para o qual a legislação em vigor não exija identificação do bene-ficiário e que não contenha referida identificação.

Alexandre Fuchs das NevesConsultor Jurídico do SINFAC/RS

Cheques devolvidos:obrigação da instituição financeira de informar os dados do emitente

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Reunião de Diretoria do SINFAC/RS conta com a presença da

esclarecimento.” Segundo o presidente da ANFAC, Luiz Lemos Leite, “sentimos que estamos cada vez mais entrosados e a missão da As-sociação é proporcionar sustentabilidade para o setor de fomento mercantil”. Para o dirigente, o SINFAC do Estado do Rio Grande do Sul é uma referência para os outros sindicatos de fomento mercantil do país devido a sua posição hegemônica, representatividade e or-ganização junto ao segmento.

Segundo o primeiro vice-presidente da ANFAC, Marconi José Pereira: “vejo que todos nós temos como objetivo o fortalecimento do fomento mercantil, e a ANFAC é a Associação que nos represen-ta e trata das políticas do setor nacionalmente, dentro do segmento de factoring”. Pereira parabenizou a organização e o trabalho re-alizado pelo SINFAC/RS. Para o vice-presidente executivo da Asso-ciação, Alcidésio Sabino Maciel, “a instalação e a funcionabilidade do SINFAC do Rio Grande do Sul nos motiva a espelharmos no tra-balho realizado aqui no Sul. O que é bom tem que ser efetivamente

ANFACA Associação Nacional das So-

ciedades de Fomento Mercantil (ANFAC) esteve presente na reunião de Diretoria do SINFAC/RS realizada no dia 11 de fevereiro – Dia do Fomento Mercantil, na sede da entidade, em Porto Alegre. O presidente do Sindicato, Olmar Pletsch, agradeceu a participação da ANFAC na primeira reunião do ano de 2009 e des-tacou as ações do SINFAC/RS em bene-fício de seu associado, como a promo-ção de eventos e cursos gratuitos para qualificar e capacitar os profissionais do fomento mercantil. “Nós oferecemos ao nosso associado muito mais do que recebemos. A meta para este ano é o

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Parceria com Corretora de

Seguros oferece descontos especiais

aos associados

A empresa de Fomento Mercan-til associada ao SINFAC/RS conta com inúmeros benefícios e uma das van-tagens em ser filiada é poder usufruir mais um convênio, que foi estabelecido entre a entidade e a Gilsoares Correto-ra de Seguros. A parceria disponibiliza aos proprietários e funcionários de fac-torings filiadas ao Sindicato descontos especiais para seguros de automóveis, residenciais e empresariais com paco-tes especiais para grupos e empresas. Além destes benefícios, existe uma apólice de seguro de vida em grupo em nome do SINFAC/RS, na qual os associados e funcionários poderão ser incluídos.

O diretor da empresa, Gilmar Soares Siqueira, destaca que o bene-ficiado com o convênio terá à sua dis-posição as principais seguradoras do mercado, “aliando preço, qualidade e o atendimento de um corretor de se-guros que conhece o mercado e com tempo disponível para atender da me-lhor maneira possível o seu cliente”.

As empresas de Fomento Mer-cantil interessadas em se beneficiar com o convênio devem entrar em con-tato com os telefones (51) 3341-3978, (51) 3342-0184, ou pelo e-mail [email protected]. A Gilsoares Corretora de Seguros fica situada na Avenida Assis Brasil, 1652, salas 308 e 309, em Porto Alegre/ RS.

copiado”. Maciel comentou sobre a regulamentação do Fomento Mercantil e solicitou a mobilização dos SINFAC’s brasileiros para conseguir a aprovação da Lei no Senado Federal. “Se trabalharmos com os políticos de cada Estado poderíamos aprovar a lei que trará benefícios incalculáveis aos nossos associados e, consequentemen-te, a todo o segmento.”

O diretor administrativo do SINFAC/RS, Olmiro Walendorff, destacou o trabalho realizado pelo SINFAC gaúcho junto às suas 230 associadas, que recebem da entidade, atendimento e orien-tações sobre um melhor funcionamento e gerenciamento de suas atividades profissionais. Além disso, frisou a credibilidade das em-presas de Fomento Mercantil, sendo um número cada vez menor de factorings que encerram suas atividades.

A divulgação e o fortalecimento do segmento de factoring junto ao Judiciário, aos formadores de opinião e aos veículos de im-prensa, através de matérias e anúncios, e, mais recentemente, pela divulgação de outdoors na região da Grande Porto Alegre foram uns dos assuntos destacados pelo assessor de planejamento, Carlos Damasceno. “Queremos mostrar à sociedade e às factorings que somos uma entidade que representa a categoria. O nosso enfoque é trazer as empresas de fomento mercantil para o SINFAC/RS.”

O assessor jurídico do SINFAC/RS, Alexandre Neves, desta-cou que o objetivo da entidade é fazer o setor de fomento mercantil “enxergar o seu sindicato. Mostrar em primeiro lugar a sua obriga-ção legal e, em segundo, o retorno positivo em ser associado ao SINFAC/RS”. A reunião também contou com a presença dos ex-pre-sidentes do SINFAC/RS, João Amado Réquia, Álvaro Acosta López e Jaime Antonio Nunes; além do vice-presidente do SINFAC/RS, Márcio Aguilar, da diretora financeira substituta, Letícia Pletsch; do suplente de diretoria, Valdir Ferraz de Abreu; e do diretor da Euro-money Fomento Comercial, Carlos Conte.

Presidentes do SINFAC/RS, Olmar Pletsch e presidente da ANFAC, Luiz Lemos Leite

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11 anos de sucesso

Bancredi Fomento Mercantil:

“O crescimento das factorings é visível para

todos os que acompanham

o mercado financeiro.”

Com uma história de 11 anos de sucesso, a Factoring Ban-credi atua na cidade de Santa Cruz do Sul, fomentando o comércio e a indústria local. A empresa foi fundada em 1998 por Armiro Artur Lincke, ex-gerente do Banco HSBC da cidade, em parceria com seu irmão, Derci Lincke. Com o crescimento do negócio, a Bancredi passou a contar com mais três funcionários – número que se mantém até hoje.

Em seu início, a empresa passou a realizar operações de cré-dito, contando com o conhecimento de mercado de Armiro. “Es-távamos prospectando este tipo de atividade, buscando dados, e acabamos indo para o factoring”, conta ele, comentando as difi-culdades no início do negócio. A Bancredi começou a busca por clientes, inicialmente com a visita a antigos frequentadores do ban-co. Mas o que mais deu ‘dores de cabeça’ ao empresário foi o apa-recimento de empresas inconsistentes. “No início, veio muita gente que não desejaríamos que viesse”, relembra, “com o tempo, vai-se depurando (a clientela).”

Mesmo com os entraves iniciais, a empresa mantém-se ope-rando unicamente com capital próprio – mesmo porque a visão do banco para liberar crédito para a factoring é restritiva. “Passado o primeiro ano, a empresa se consolidou; depois de cinco anos, então, já está bem avançada”, relata. E, conforme Armiro, neste ínterim, a empresa sempre buscou novos clientes. “Tu tens que tra-balhar, ir atrás. Nem todos os clientes ficam para sempre”, ressalta, afirmando que, na atividade, deve ser realizado um trabalho de acompanhamento diário das operações.

A visão da empresa, segundo o gerente Daniel Glasse, é “fomentar o comércio e a indústria da cidade da melhor forma possível”. Dessa forma, as operações e serviços da Bancredi são realizados de forma a atender satisfatoriamente tanto os interes-

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Bancredi Fomento Mercantil:

ses do cliente quanto os da factoring. O sucesso desta empreitada é atestado pelos 88 clientes ativos que compõem a carteira.

Esta afirmação no mercado vem gerando resultados positivos. Conforme a análise de Glasse, o ano de 2008 foi bom para a empresa, visto que a atual instabilidade econômica surgiu apenas no final deste período. Com a eclosão da crise mundial, o volume de negócios caiu, ao passo que aumentou o índice de inadimplência. Porém, a empresa está enfrentando com otimismo a situ-ação e, para 2009, a regra é manter a boa perspectiva. “A idéia é sempre crescer”, afirma.

Este é o mesmo otimismo com que avança o mercado de fo-mento no Brasil, gerando empregos e movimentando a economia. “O crescimento das factorings é visível para todos os que acompa-nham o mercado financeiro”, comenta o gerente, acrescentando que este “é um crescimento saudável”. “O factoring é um segmento bom. Não é muito valorizado por aqueles que o desconhecem, mas os clientes reconhecem o seu valor.”

Para manter a empresa em dia, além de ser filiada ao SIN-FAC/RS, todos os colaboradores da empresa realizam atualização em cursos de economia. Além disso, procura realizar um trabalho diferenciado. Glasse afirma que não existe um contraste significa-tivo entre as empresas de Factoring na operação de créditos, mas que isto pode ser sentido no momento da prestação de serviços. Na Bancredi, é oferecido atendimento particular, diferenciado e perso-nalizado. O gerente ressalta que a empresa fica sempre disponível para estar junto do cliente quando necessário, sem deixá-lo em “fila de espera”.

O antes e o depois

“Entrar no Sindicato foi um excelente negócio.” Esta é a afir-mação do gerente, Daniel Glasse, em respeito aos benefícios que a Bancredi encontrou ao se filiar ao SINFAC/RS. A prestação dos ser-viços e orientações, oferecidos pela entidade, auxiliou a factoring em seu crescimento.

Conforme Glasse, o Sindicato ajudou a profissionalizar a equipe de trabalho. Ele comenta que, quando é preciso ajuda, o SINFAC/RS oferece resposta rápida, por telefone ou e-mail. “Foi muito importante. Dá para definir o antes e o depois da associação

ao Sindicato”, comemora. O gerente cita que uma das grandes conquis-tas para a empresa foi o convênio do plano de saúde, em parceria com a Unimed.

“As empresas do interior mui-tas vezes não conhecem os bene-fícios de participar da entidade”, comenta, ressaltando a importância da filiação. Já o empresário Armiro Linke pondera: “As empresas talvez pensem [no Sindicato] como mais uma despesa. Mas, se for olhar, os benefícios todos vêm praticamente de graça”. Ele ressalta, além dos convênios, as atividades realizadas pela entidade, como palestras e eventos.

Linke relata que a participação no SINFAC/RS “foi muito interessan-te” para a Bancredi. Ele conta que a empresa era filiada a um sindicato em Santa Cruz, por onde eram reali-zadas todas atividades. “Por que mais um?”, questionou-se antes de asso-ciar-se. Hoje, ele comemora os resul-tados. “A relação com o SINFAC/RS é muito aberta. O Sindicato é muito atuante em estar junto de quem vive isso [o fomento]”.

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A quantidade de empresas inadim-plentes em janeiro de 2009, aumentou 28,9% em comparação com o mesmo pe-ríodo de 2008, segundo dados da Serasa Experian. Em dezembro de 2008 – frente ao último mês de 2007 – a taxa foi de 36%, uma das maiores registradas até hoje, che-gando perto de 2001 e 2003. É uma das maiores registradas desde 1999, quando começou o estudo. O primeiro mês deste ano registrou ainda um aumento de 12,5% em relação ao mês anterior.

A crise financeira internacional é uma das culpadas pelo aumento de inadimplên-cia, uma vez que afeta o capital de giro, os investimentos e a geração de receitas das empresas. Outros motivos apontados são os juros elevados, a menor oferta de cré-dito e as concessões mais conservadoras. O problema também foi influenciado pela inadimplência dos consumidores, que cres-ceu 8% em 2008. A demanda por crédito, explica o assessor econômico da institui-ção, Carlos Henrique Almeida é a principal causa para o fato. “O consumidor não está indo às compras e as empresas não estão tomando crédito”, afirma. “Como houve uma parada da economia, houve automa-ticamente diminuição de consumo.”

Em 2008, o indicador de inadim-plência para pessoa jurídica, que vinha em trajetória de queda até novembro, acumu-lou nos 12 meses alta de 4,8% ante 2007.

Já em janeiro último, o ranking das dívidas foi liderado pelos títulos pro-testados (26,7%) – com valor médio cada um de R$ 1.765,00; seguidos por cheques devolvidos (15,4%) – média de R$ 1.412,00; e as dívidas com bancos 5,1% – média R$ 4.470,00. No acumulado da inadimplên-cia de 2008, os títulos protestados tiveram participação de 41,7%, depois cheques devolvidos (39,1%) e as dívidas com bancos (19,2%).

Momento de cautela

De acordo com o gerente de Análise de Crédito da Serasa Expe-rian, Márcio Torres, as factorings devem ficar atentas neste momento de concessão de crédito. “Em momentos de incerteza e queda de negócios, ser mais cauteloso na concessão de crédito é mais do que óbvio. É ques-tão de sobrevivência. Fazer negócios com alto nível de risco, somente para manter as atividades, nunca foi uma boa solução.”

Ele destaca que ser mais seletivo e reduzir os parâmetros da po-lítica de crédito é fundamental, sempre acompanhando os créditos já concedidos “pois isso é extremamente importante”. Lembra ainda que a deterioração da situação de um bom cliente pode ter ocorrido e os sinais disso aparecem rapidamente na piora do relacionamento dele com os demais parceiros. “Reduzir a exposição, ou traçar uma estratégia de saí-da evita que as perdas sejam maiores.”

Torres acredita que a inadimplência tende a crescer um pouco, pois alguns setores da economia foram mais atingidos pela crise mundial do que outros. “Não se pode generalizar uma situação que atinge parte das empresas. Entretanto, saber quando será revertido o cenário é uma questão ainda sem resposta.” O gerente aponta que o fortalecimento do mercado interno – calcado em mais empregos e maior renda – deixou a economia do país mais forte para enfrentar adversidades como esta crise. “Os segmentos mais dependentes do exterior foram os mais afeta-dos e devem ter uma recuperação mais lenta, pois a fase de “retomada do crescimento” da economia americana e da européia ainda vai tardar muito.”

pede cautelaAlta da inadimplência

Alta da inadimplência