Roteiro da Experiência 8 Movimento de rolamento e momento ...
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT
JOINVILLE
Roteiro da Experiência 8
Movimento de rolamento e momento de inércia
FÍSICA EXPERIMENTAL I – FEX1001
Joinville, maio de 2021
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1. Objetivo
Determinar experimentalmente o parâmetro adimensional 𝛽 do momento de inércia de um objeto em rolamento suave
em um plano inclinado e a razão da resistência da força do ar pela massa do objeto 𝑓𝑎𝑟/𝑚.
Figura 1:Rolamento suave de um objeto circular em um plano inclinado.
2. Teoria
A dinâmica do movimento de um objeto é descrita pela 2ª lei de Newton [1, 2], ∑ �⃗� = 𝑚�⃗� onde 𝑚 é a massa e �⃗� a
aceleração para translação, e ∑𝜏 = 𝐼𝛼 onde 𝐼 é o momento de inércia e 𝛼 a aceleração angular para rotação.
Para a Figura 1, onde um objeto circular de massa 𝑚 e raio 𝑅 rola suavemente, sujeito a resistência da força do ar 𝑓𝑎𝑟,
em um plano inclinado com ângulo 𝜃 em relação a horizontal, a aceleração do centro de massa é (seção 7.
Demonstração)
𝑎𝐶𝑀 = 𝑓𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜 [𝑔
𝐷𝑌 −
𝑓𝑎𝑟
𝑚], (1)
onde e 𝑓𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜 é a fração para movimento de translação [3], 𝑔 é a aceleração da gravidade local, 𝐷 e 𝑌 são
respectivamente o comprimento e a elevação lateral do plano inclinado.
3. Descrição do Experimento
Uma esfera sólida é solta a partir do repouso em um plano inclinado para que ela role sem deslizar. Para cada elevação
lateral 𝑌 escolhida arbitrariamente, a aceleração 𝑎𝐶𝑀 do centro de massa da esfera é determinada pelo software Tracker
[4].
4. Equipamento/Material/Software
⎯ Apoio para trilho, trilho e esfera sólida.
⎯ Trena, filmadora e software Tracker.
5. Procedimento Experimental
a) Meça com a trena o comprimento 𝐷 do trilho, anote na Tabela 2.
b) Apoie uma das extremidades do trilho na superfície da bancada e eleve lateralmente a outra extremidade com apoio
para trilho.
c) Coloque um objeto de tamanho conhecido ao lado do trilho para ser uma referência de comprimento.
d) Para cada elevação lateral 𝑌 de referência na Tabela 2 ajuste a inclinação meça com trena e anote. Solte a esfera do
ponto mais alto e registre o movimento com filmadora.
e) Analise o vídeo com o software Tracker, determine a aceleração 𝑎𝐶𝑀 para respectiva elevação lateral 𝑌 e preencha
a Tabela 3.
f) Os procedimentos a) até d) foram registrados em fotos e vídeos, o procedimento e) parcialmente realizados pelo
professor e todo material em anexo para serem analisados.
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6. Resultados
I. Identificação das variáveis físicas e os instrumentos/software utilizados para medida.
Identifique as variáveis das quantidades físicas (veja a 3. Descrição do Experimento) e o erro de escala dos
instrumentos/Software de medida (veja o 4. Equipamento/Material/Software) utilizados.
Quantidade Física Variável Instrumento/Software Erro de escala
Elevação lateral 𝑌 Trena ∆𝑌 =
Aceleração 𝑎𝐶𝑀 Software Tracker Não se aplica
II. Tabelas.
A partir dos materiais em anexo, complete as tabelas 2 e 3.
Tabela 2 Tabela 3
Referência Medido (𝑚)
𝐷 = 100 𝑐𝑚 𝑌(𝑚) 𝑎𝐶𝑀(𝑚/𝑠2)
𝑌1 = 8 𝑐𝑚
𝑌2 = 18 𝑐𝑚
𝑌3 = 26 𝑐𝑚
𝑌4 = 34 𝑐𝑚
𝑌5 = 43 𝑐𝑚
III. Construção de gráfico linear e determinação dos coeficientes 𝒂′ e 𝒃′ da equação da reta 𝒚′(𝒙′) = 𝒂′𝒙′ + 𝒃′. (a) A partir da Tabela 3, faça um gráfico linear.
(b) Indique na linha reta obtida no gráfico, os pontos 𝑃1, 𝑃2 e 𝑃3. Apresente os valores lidos com suas respectivas
unidades.
(c) A partir dos valores dos pontos 𝑃1, 𝑃2 e 𝑃3, calcule os coeficientes o valor de a' e b' com suas respectivas unidades.
(d) Determine o valor experimental de (𝑓𝑎𝑟/𝑚) a partir dos valores de 𝑎′ e 𝑏′ obtidos e da equação (13) da seção 7.
Considere 𝐷 o valor anotado na Tabela 2 e valor da gravidade local como 𝑔 = 9,79061 𝑚/𝑠2[5].
(e) Determine o valor experimental de 𝑓𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜 a partir da equação (14). A partir do resultado obtido e da equação
(12) determine o valor experimental de 𝛽.
7. Demonstração
A aceleração do centro de massa (CM) 𝑎𝐶𝑀 de um objeto circular em rolamento suave deve ser proporcional ao raio 𝑅
da circunferência do objeto e da aceleração angular 𝛼 do eixo que passa pelo CM do objeto [1]
𝑎𝐶𝑀 = 𝑅𝛼. (2)
Em um rolamento para baixo em um plano inclinado (Figura 1), é necessária uma força de atrito estático 𝑓𝑒 para que o
objeto não deslize e realize rolamento suave, sujeito a resistência do ar 𝑓𝑎𝑟⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗ . Podemos escrever a segunda Lei de Newton
para translação ao longo do movimento (eixo x) como: ∑ 𝐹𝑥 = 𝑚𝑎𝐶𝑀 → 𝑚𝑔𝑠𝑒𝑛𝜃 − 𝑓𝑒 − 𝑓𝑎𝑟 = 𝑚𝑎𝐶𝑀. (3)
A segunda Lei de newton para rotação em torno do eixo que passa pelo CM pode ser escrito como: ∑ 𝜏 = 𝐼𝐶𝑀𝛼 → 𝑅𝑓𝑒 = 𝐼𝐶𝑀𝛼, (4)
onde 𝐼𝐶𝑀 é o momento de inércia do objeto em relação a eixo que passa pelo CM. Considerando a equação (2) na equação
(4), podemos escrever:
𝑓𝑒 =𝐼𝐶𝑀
𝑅2 𝑎𝐶𝑀 . (5)
Substituindo a equação (5) na equação (3), a equação aceleração do CM do movimento pode ser escrito como:
𝑎𝐶𝑀 =1
1+𝐼𝐶𝑀𝑚𝑅2
(𝑔𝑠𝑒𝑛𝜃 −𝑓𝑎𝑟
𝑚). (6)
O momento de inércia de um objeto tem como definição
𝐼 = ∑ 𝑚𝑖𝑟𝑖2𝑁
𝑖=1 , (7)
que em termos de unidade é [𝑘𝑔. 𝑚2] e dessa forma a razão 𝐼𝐶𝑀/𝑚𝑅2 da equação (6) é um parâmetro adimensional do
momento de inércia 𝛽 que depende apenas de como é distribuído a massa do objeto em relação ao eixo que passa pelo
CM. Dessa forma para objetos cuja geometria é simples e conhecida, podemos escrever a equação (6) como
𝑎𝐶𝑀 = (1
1+𝛽) (𝑔𝑠𝑒𝑛𝜃 −
𝑓𝑎𝑟
𝑚) , (8)
onde
𝛽 = 𝐼𝐶𝑀
𝑚𝑅2 . (9)
A Tabela 1 apresenta alguns valores do parâmetro adimensional do momento de inércia 𝛽 para alguns objetos circulares
simples.
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Tabela 1: Momento de inércia e parâmetro adimensional do momento de inércia de alguns objetos circulares.
Objeto 𝐼𝐶𝑀 𝛽 =
𝐼𝐶𝑀
𝑚𝑅2
Aro (1)𝑚𝑅2 1
Disco ou Cilindro (1/2)𝑚𝑅2 1/2
Esfera sólida (2/5)𝑚𝑅2 2/5
Esfera oca (2/3)𝑚𝑅2 2/3
Caso geral (𝛽)𝑚𝑅2 𝛽
O ângulo do plano inclinado pode ser obtido mediante a geometria do problema (Figura 1) e pelas definições de funções
trigonométricas. Considerando o plano inclinado como um triângulo retângulo, temos:
𝑠𝑒𝑛𝜃 =𝑌
𝐷 , (10)
onde 𝑌 e 𝐷 correspondem as dimensões apresentadas na Figura 1.
Dessa forma a equação (8) é reescrita como
𝑎𝐶𝑀 = (1
1+𝛽) (
𝑔
𝐷𝑌 −
𝑓𝑎𝑟
𝑚) , (11)
onde 𝑔 é a aceleração da gravidade local.
Definindo o primeiro termo entre parênteses da equação (11) como fração para movimento de translação
𝑓𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜 = (1
1+𝛽) , (12)
Demonstramos a equação (1)
𝑎𝐶𝑀 = 𝑓𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜 [𝑔
𝐷𝑌 −
𝑓𝑎𝑟
𝑚].
Ao alterar a elevação lateral 𝑌, a equação (1) é uma equação linear em função de 𝑌
𝑦′(𝑥′) = 𝑎′𝑥′ + 𝑏′, onde 𝑦′ = 𝑎𝐶𝑀 , 𝑥′ = 𝑌,
𝑎′ = 𝑓𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜 (𝑔
𝐷),
e
𝑏′ = −𝑓𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜𝑓𝑎𝑟
𝑚.
Os valores de 𝑓𝑎𝑟 e 𝑓𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜 são obtidos pelos valores dos coeficientes 𝑎′ e 𝑏′, do valor medido da massa total 𝑀𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
e do valor da gravidade local |𝑏′|
𝑎′=
𝑓𝑎𝑟
𝑚
𝐷
𝑔
o desenvolvimento leva a equação 𝑓𝑎𝑟
𝑚=
|𝑏′|
𝑎′
𝑔
𝐷 (13)
A fração 𝑓𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜 são obtidas pelas relações dos coeficientes 𝑎′ e 𝑏′,
𝑓𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜 =𝐷
𝑔𝑎′ (14)
ou
𝑓𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜 =|𝑏′|
(𝑓𝑎𝑟
𝑚). (15)
Referências
[1] HALLIDAY, D., RENSICK, R. e WALKER, J. – Fundamentos de Física – Volume 1 – Mecânica – Livros
Técnicos e Científicos Editora – 8a Edição.
[2] Experiência 5 – Leis de Newton, FEX1001, UDESC/CCT, Joinville, 2021.
[3] Experiência 6 – Teorema do Trabalho e Energia Cinética, FEX1001, UDESC/CCT, Joinville, 2021.
[4] https://physlets.org/tracker/
[5] https://www.wolframalpha.com/widgets/view.jsp?id=e856809e0d522d3153e2e7e8ec263bf2
Para localidade Joinville/SC, Brasil
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Anexo
Medida de D
6
Elevação Y1
Aceleração a1
7
Elevação Y2
Aceleração a2
8
Elevação Y3
Aceleração a3
9
Elevação Y4
Aceleração a4
10
Elevação Y5
Aceleração a5