Scb -Modelo de Jogo

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RUI MIGUEL GARCIA LOPES DE ALMEIDA Da conceptualização dos métodos de treino à operacionalização prática no quadro do modelo de jogo adotado Orientador: Professor Doutor Jorge Fernando Ferreira Castelo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Educação Física e Desporto Lisboa 2014

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Modelo de jogo Braga

Transcript of Scb -Modelo de Jogo

  • RUI MIGUEL GARCIA LOPES DE ALMEIDA

    Da conceptualizao dos mtodos de treino operacionalizao prtica no quadro do modelo de jogo adotado

    Orientador: Professor Doutor Jorge Fernando Ferreira Castelo

    Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias

    Faculdade de Educao Fsica e Desporto

    Lisboa

    2014

  • RUI MIGUEL GARCIA LOPES DE ALMEIDA

    Da conceptualizao dos mtodos de

    treino operacionalizao prtica no

    quadro do modelo de jogo adotado

    Dissertao apresentada para obteno do Grau de Mestre em Treino Desportivo com especializao em Alto Rendimento Desportivo conferido pela Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias Orientador: Professor Doutor Jorge Fernando Ferreira Castelo

    Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias

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    Lisboa

    2014

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    Do modelo de jogo ao modelo de treino

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    Agradecimentos

    Para a elaborao deste trabalho, tornou-se imprescindvel a colaborao e o apoio de

    algumas pessoas, sem as quais no seria possvel concretiz-lo e s quais no podia

    deixar de agradecer.

    Faculdade de Educao Fsica e Desporto, por proporcionar neste mestrado aos

    seus discentes a oportunidade de aumentar o seu conhecimento geral e especfico

    relacionado com o treino desportivo de futebol.

    Ao Professor Doutor Jorge Proena, diretor do Curso de Mestrado em Treino

    Desportivo, que mostrou sempre uma grande disponibilidade.

    Ao Professor Doutor Jorge Castelo pela orientao deste trabalho, apoio,

    disponibilidade e ensinamentos transmitidos no decorrer do Mestrado.

    Ao Professor Jesualdo Ferreira pela sua sabedoria e pela forma apaixonada e

    aprofundada como vive o futebol. O meu obrigado pela oportunidade de ter sido seu

    colaborador nestes anos e acima de tudo mais pelos constantes ensinamentos do que

    estar, treinar e viver no futebol com excelncia.

    Aos colegas da equipa tcnica que serviu a equipa do Sporting clube de Braga nesta

    poca desportiva, por diariamente contriburem para a minha evoluo pessoal e

    profissional.

    Um agradecimento a todos os jogadores que tive e que tenho. Foi com eles que pude

    experienciar muitas coisas. Errar e acertar e, consequentemente, solidificar ideias.

    Este trabalho tambm um, bocadinho, grande, deles.

    minha famlia, com referncia especial os meus Pais (impulsionadores da minha

    formao), o meu Irmo, pelo incentivo para que eu terminasse o Mestrado.

    Obrigada aquela pessoa que me conhece melhor que ningum. Sabe o que penso, o

    que preciso, sabe as angstias, conhece e convive com a paixo pelo futebol. Pela

    sua compreenso, presena e apoio constantes ao longo desta etapa. Por estar

    sempre ao meu lado, mesmo muitas vezes no estando. Obrigado Zezinha.

    Relativamente Alice, so sentimentos que me invadem e perturbam. Primeiro, com o

    constrangimento que sinto com o facto ao tempo que deixei de estar com ela, de a ver

    crescer, com a frustrao de saber que esse tempo nunca mais ser recuperado. O

    segundo de agradecimento. Apesar dos seus onze anos, sempre manifestou uma

    compreenso impressionantes, nos momentos de maior ausncia, de maior angstia,

    com as suas palavras, com o seu beijo, o seu sorriso, deu-me sempre fora para

    continuar. Obrigada minha querida.

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    Resumo

    O presente trabalho visa a elaborao de um relatrio final de estgio, realizado em

    funo da concluso final do curso e respetiva obteno do grau de Mestre em Treino

    Desportivo Vertente de Alto rendimento, ministrado pela universidade Lusfona de

    Humanidades e Tecnologias.

    Este relatrio foi efetuado na equipa do Sporting clube de Braga (seguidamente

    descrita pela sigla SCB), ao longo da poca desportiva 2013/2014, dentro de um

    contexto de futebol profissional que tinha por competies a primeira liga Portuguesa,

    a Taa de Portugal, a Taa da Liga e Liga Europa.

    Tem como objetivo principal a concretizao de uma rigorosa e profunda anlise ao

    processo de treino da equipa, discriminando os mtodos de treino utilizados numa

    relao de proximidade constante com o modelo de jogo adoptado pela equipa, bem

    como a periodizao para a poca desportiva em causa. Neste sentido

    adjacentemente apresentao quantitativa dos resultados obtidos, sob a forma de

    percentagens relativas, existir a preocupao de estes serem fundamentados, em

    funo dos perodos de trabalho traados, refletindo sobre os contedos abordados na

    reviso da literatura efetuada assim com o seu enquadramento no contexto de

    atuao especifico que caraterizou este grupo de trabalho ao longo da poca

    desportiva. Pretendem-se assim perceber quais os mtodos de treino predominantes,

    quais os principais fatores que contribuem para essa predominncia relativa, que

    elementos inerentes ao funcionamento normal de uma equipa de futebol so mais

    influentes numa possvel alterao circunstancial da metodologia de treino adotada e

    de que forma se podem contornar esses obstculos, utilizando e explorando as vastas

    virtudes conceptuais que os mtodos de treino comportam.

    Palavras chave: futebol, mtodos de treino, modelo de jogo, modelo de treino,

    planificao conceptual, estratgica e tctica

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    Abstract

    The present work aims the preparation of a final report of traineeship, carried out in

    function of the final conclusion of the course and getting the respective Master's degree

    in Sports Training Slope of High profit administered by the Universidade Lusfona de

    Humanidades e Tecnologias.

    This report was effectuated in the team of Sporting Clube de Braga, along the season

    2013/2014, inside a context of professional football that took the Portuguese first

    league, Portuguese Cup, League Cup and Europa League (lost on play-off) as

    competitions.

    It takes as the main reason the realization of a rigorous and deep analysis to the

    training process of the team, distinguishing the methods of training used in a constant

    relation of proximity with the periodization adopted for the team season. In this sense

    complementary to the quantitative presentation of the obtained results, under the form

    of relative percentages, there will be the preoccupation of these were substantiated, in

    function of the drawn periods of work, considering on them thinking about the contents

    boarded in the revision of the literature effectuated and straining his framing in the

    context of specify context that distinguish this group of work along the whole season.

    They are claimed to realize which methods are predominant in the team training

    process, which factors contribute the most to that relative predominance, which

    elements inherent in the normal functioning of the group are more influential in a

    possible circumstantial alteration of the methodology of training adopted and in which

    way we can go round of this obstacles, using and exploring the vast conceptual

    vantages that the training exercises contemplates.

    Key words: football, training methods, game model, training model, conceptual

    planning, strategy and tactics

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    Rsum

    Ce document vise llaboration dun rapport de fin de stage, ralis en fonction de la fin

    dtude et respectif obtention du degr de Matre sur Entranement Sportif Versant de

    Rendement lev, enseign par luniversit Lusfona de Humanidades e Tecnologias.

    Ce rapport t fait dans lquipe du Sporting Clube de Braga, pendant lpoque

    sportive 2013/2014, dans le contexte de football professionnel qua comme

    concurrence la premire ligue Portugaise, la coupe du Portugal, la coupe de la ligue et

    la ligue europe.

    A comme objectif principal la mise en place une analyse rigoureuse et approfondi du

    processus de formation de lquipe, qui dtaille les moyens et mthodes

    dentranement utiliss dans une relation de proximit avec la priodisation adopte

    pour lpoque sportif concerns. Dans ce sens contigu la prsentation quantitative

    des rsultats obtenus, sous forme de pourcentages relatifs, il y a la proccupation de

    ceux-ci tre justifi, sur la base des priodes de travail tracs, refltant sur les contenu

    abords dans lanalyse documentaire effectue comme son encadrement dans le

    contexte dactivits spcifiques caractrisant ce groupe de travail tout au long de la

    saison. La finalit est percevoir quel son les mthodes de entranement prdominants,

    quels son les principaux facteurs qui contribuent pour la prdominance relative, quels

    sont les lments inhrents au fonctionnement normale dune quipe de football sont

    plus influents dans une ventuelle modification circonstancielle de la mthodologie de

    formation adopt et comment peuvent contourner ces obstacles, laide des vastes

    vertus conceptuels que lexercice de formation comporte.

    Mots-cls: Football, mthodes dEntranement, modle de jeu, modle

    dentranement, planification conceptuelle, stratgie et la tactique

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    Lista de abreviaturas e smbolos

    JDC jogos desportivos coletivos

    LPFP Liga Portuguesa de Futebol Profissional

    VCJ Variao do centro de jogo

    CRC Corredor central

    CLS Corredores laterais

    CRL Corredor lateral

    GR Guarda redes

    EXT Extremo

    EE Extremo esquerdo

    ED Extremo direito

    PL Avanado centro

    MCE Mdio centro esquerdo

    MCD Mdio centro direito

    MC Mdio centro

    MO Mdio ofensivo

    LE Lateral esquerdo

    LD Lateral direito

    DCE Defesa central esquerdo

    DCD Defesa lateral direito

    DC Defesa central

    SD Sector defensivo (1/4)

    SMD Sector mdio defensivo (2/4)

    SMO Sector mdio ofensivo (3/4)

    SO Sector ofensivo (4/4)

    SNC Sistema nervoso central

    Jogador

    Jogador com bola

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    Passe

    Deslocamento

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    ndice Geral

    Agradecimentos................................................................................................ 3

    Resumo............................................................................................................. 4

    Abstract ............................................................................................................ 5

    Resum...... 6

    Lista de abreviaturas e smbolos ..................................................................... 7

    ndice de tabelas ............................................................................................. 12

    ndice de grficos............................................................................................. 13

    ndice de figuras .............................................................................................. 14

    1- Introduo ................................................................................................... 16

    Capitulo I Anlise do Contexto da poca Desportiva 2013/14

    2. Caracterizao Geral do Clube .....................................................................19

    2.1. Caracterizao da Equipa/jogadores ........................................................ 20

    2.2. Caracterizao da Equipa tcnica ............................................................ 20

    2.3. Caracterizao do Contexto Competitivo ................................................. 20

    Capitulo II Modelo de Jogo

    3. Enquadramento conceptual ......................................................................... 24

    3.1. Modelao do jogo / Treino do futebol. 24

    3.2. O modelo de jogo a adotar enquanto referncia central.. 26

    3.2.1. Modelo de jogo Da conceo ao.... 27

    4. Planificao conceptual e planificao estratgico-ttica da equipa:

    Interatividade contextual ... 30

    4.1. Modelo de jogo SCB : Princpios e rotinas fundamentais ......................... 31

    4.1.1. Sistemas de jogo..... 32

    4.1.1. Organizao dinmica ........................................................................... 32

    4.1.2 Organizao fixa ..................................................................................... 45

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    Capitulo III Modelo de Preparao

    5. Modelo de treino. 50

    5.1. O treino enquanto processo de gerir e gerar comportamentos.... 54

    5.2. A especificidade / modelao do exerccio de treino.... 55

    6. Classificao dos mtodos de treino para o futebol .................................... 56

    6.1. Mtodos de preparao geral (MPG) ....................................................... 58

    6.2. Mtodos especficos de preparao geral (MEPG) .................................. 58

    6.2.1. Aperfeioamento das aes especficas do jogo (Descontextualizados)

    .......................................................................................................................... 59

    6.2.2. Manuteno da posse de bola ............................................................... 59

    6.2.3. Organizados em circuito ........................................................................ 60

    6.2.4. Ldicos/Recreativos .............................................................................. 60

    6.3. Mtodos especficos de preparao (MEP) ............................................. 60

    6.3.1 Finalizao (Concretizao do objetivo do jogo) .................................... 61

    6.3.2. Potenciao das misses tticas dos jogadores no quadro de

    organizao da equipa (Metaespecializados) ................................................. 61

    6.3.3. Desenvolvimento de padres ou rotinas de jogo (Padronizados) ......... 62

    6.3.4. Sincronizao das aes dos jogadores pertencentes a um mesmo

    sector, bem como a sua interao com os demais sectores da equipa (Setoriais

    e intersetoriais) .. 62

    6.3.5. Desenvolvimento de esquemas tticos ................................................ 63

    6.3.6. Competitivos com diferentes escalas de aproximao realidade....... 63

    Capitulo IV - Apresentao e discusso dos resultados

    1. Anlise global Anlise global aos mtodos de treino utilizados ao longo da

    poca desportiva... 67

    1.1. Dimenso horizontal..... 67

    1.2. Dimenso vertical.. 68

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    2. Anlise Macro Comparao dos mtodos de treino utilizados entre o

    perodo pr competitivo e o perodo

    competitivo.. 81

    3. Anlise Micro Nmero e tipo de microciclos e sesses de treino.. 85

    3.1. Anlise Micro Mtodos de treino mais utilizados para cada dia semanal

    no perodo pr competitivo e perodo competitivo... 89

    3.2. Microciclos representativos dos mtodos de treino mais utilizado.... 90

    3.2.1. Microciclo tipo com 2 momentos de competio... 91

    3.2.2. Microciclo tipo com 3 momentos de competio.. 92

    Concluses... 93

    Bibliografia ...................................................................................................... 96

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    ndice de tabelas

    Tabela 1 Caracterizao dos jogadores que representaram a equipa do SCB

    ao longo da poca desportiva 2013/14............................................................ 20

    Tabela 2 Equipas participantes e respetiva classificao 20 jornada na

    Liga Portuguesa (Liga ZON Sagres)............ 21

    Tabela 3 Calendarizao da Liga Portuguesa (Liga ZON Sagres)........... 22

    Tabela 4 Calendarizao da Taa de Portugal.. 22

    Tabela 5 Calendarizao da Taa da Liga. 22

    Tabela 6 Calendarizao da Europa League..... 22

    Tabela 7 Taxonomias classificativas de exerccios de treino de futebol.. 57

    Tabela 8 Subdivises dos mtodos de treino de manuteno da posse de

    bola... 59

    Tabela 9 Subdivises dos mtodos de treino de

    finalizao... 61

    Tabela 10 Subdivises dos mtodos de treino

    setoriais... 63

    Tabela 11 Subdivises dos mtodos de treino

    competitivos.... 64

    Tabela 12 Anlise global: Resultados da dimenso

    horizontal.... 67

    Tabela 13 Anlise global: Resultados da dimenso

    vertical.. 68

    Tabela 14 Comparao geral do perodo pr competitivo com o perodo

    Competitivo.. 81

    Tabela 15 Guia para a criao de contextos de treino. 88

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    ndice de grficos

    Grfico 1 Nmero de competies oficiais realizadas na poca 2013/. 21

    Grfico 2 Anlise global: Percentagens relativas dimenso horizontal.... 67

    Grfico 3 Anlise global: Percentagens relativas dimenso vertical.. 68

    Grfico 4 Anlise global: Percentagens relativas das subdivises dos

    mtodos competitivos.... 71

    Grfico 5 Anlise global: Percentagens relativas das subdivises da

    preparao geral. 75

    Grfico 6 Anlise global: Percentagens relativas das subdivises dos

    mtodos setoriais 77

    Grfico 7 Anlise global: Percentagens relativas das subdivises dos

    mtodos para a manuteno da posse de bola 79

    Grfico 8 Comparao entre perodo pr competitivo e

    competitivo.. 82

    Grfico 9 Anlise macro: Percentagens relativas dimenso

    horizontal. 83

    Grfico 10 Anlise macro: Percentagens relativas dimenso

    vertical.. 84

    Grfico 11 Nmero de treinos efetuados por microciclo.. 85

    Grfico 12 Dias de treino discriminados pela distncia da competio. 86

    Grfico 13 Volume total de dias de treino discriminados pela distncia

    competio.. 87

    Grfico 14 Caracterizao geral da tipologia do microciclo pr competitivo

    (distribuio treino / competio / folga). 89

    Grfico 15 Caracterizao geral da tipologia do microciclo competitivo

    (distribuio treino / competio / folga). 90

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    ndice de figuras

    Figura 1 Princpios gerais SCB ........... 32

    Figura 2 Princpios gerais SCB (tarefas ofensivas e defensivas).................. 32

    Figura 3 Princpios ofensivos SCB................................................................ 32

    Figura 4 Tringulo como referncia para os posicionamentos ofensivos dos

    mdios ............................................................................................................. 33

    Figura 5 Modelo de jogo SCB: Organizao ofensiva 1 fase de

    construo... 34

    Figura 6 - Modelo de jogo SCB B: Construo de tringulos ofensivos........... 34

    Figura 7 Modelo de jogo SCB: Jogo interior dos EXT .................................. 35

    Figura 8 Modelo de jogo SCB: Criao de situaes de finalizao:

    movimento interior EXT (aproximao do PL) e profundidade dos MO... 36

    Figura 9 Modelo de jogo SCB: Criao de situaes de finalizao: EXT e PL

    encostam na linha defensiva adversria.... 36

    Figura 10 Modelo de jogo SCB: Finalizao - 1x1 do EXT com apoio do

    LT.. 37

    Figura 11 Modelo de jogo SCB: Finalizao - Ocupao dos espaos em

    situaes de finalizao.... 38

    Figura 12 Modelo de jogo SCB: Transio defensiva Temporizao e

    concentrao defensiva 39

    Figura 13 Modelo de jogo SCB: Organizao defensiva Referncias de

    posicionamento defensivo dos DC e MD... 39

    Figura 14 Modelo de jogo SCB: Organizao defensiva Movimentao

    coletiva defensiva em funo da bola. 40

    Figura 14a Modelo de jogo SCB: Organizao defensiva Movimentao

    coletiva defensiva em funo da bola (real).. 40

    Figura 15 Modelo de jogo SCB: Organizao defensiva Posicionamento

    defensivo compacto... 41

    Figura 16 Modelo de jogo SCB: Organizao defensiva Oscilao do bloco

    em funo da bola aberta ou fechada... 42

    Figura 17 Modelo de jogo SCB: Organizao defensiva Posicionamento

    defensivo dos mdios 43

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    Figura 18 Modelo de jogo SCB: Transio ofensiva Recees

    orientadas 43

    Figura 19 Modelo de jogo SCB: Transio ofensiva Jogadores melhor

    posicionados para atacar no momento da recuperao da bola... 44

    Figura 19a Modelo de jogo SCB: Transio ofensiva Jogadores melhor

    posicionados para atacar no momento da recuperao da bola (real).... 44

    Figura 20 Modelo de jogo SCB: Transio ofensiva Ganho por

    presso.... 45

    Figura 21 Modelo de jogo SCB: Transio ofensiva Ganho por

    interceo.... 45

    Figura 22 Modelo de jogo SCB: Esquemas tticos Cantos ofensivos... 46

    Figura 23 Modelo de jogo SCB: Esquemas tticos Livre lateral ofensivo.. 46

    Figura 24 Modelo de jogo SCB: Esquemas tticos Cantos defensivos.. 47

    Figura 25 Modelo de jogo SCB: Esquemas tticos Livre lateral

    defensivo.......................................................................................................... 47

    Figura 26 Organograma da taxonomia classificativa de exerccios de treino

    para o futebol (adaptado Castelo, 2009) ......................................................... 64

    Figura 27 Mtodos competitivos (prtica do jogo em situaes reduzidas de

    espao e nmero de jogadores).. 73

    Figura 28 Mtodos competitivos (prtica do jogo em situaes prximas do

    real em espao e nmero de jogadores) 73

    Figura 29 Mtodos setoriais (objetivos estratgicos e tticos mltiplos).. 78

    Figura 30 Mtodos para manuteno da posse de bola (espaos reduzidos

    objetivos tticos). 80

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    1- Introduo

    O futebol nos dias de hoje apresenta-se indiscutivelmente como sendo o jogo

    desportivo coletivo mais meditico e entusistico a nvel planetrio. Pela sua

    natureza intrinsecamente atrativa, o futebol atrai milhes de pessoas (Reilly, Clarys

    & Stibbe, 1993; Garganta, 1997), o que o torna num elemento altamente

    expressivo a nvel cultural e com impacto significativo na sociedade, manifestando-

    se diariamente nas mais diversas vertentes e domnios que esta comporta.

    Embora se considere que a natureza do jogo se mantm inalterada, atualmente o

    Futebol tem-se vindo a estruturar num domnio altamente profissional. Como nos

    refere Tani (2001), a preparao para o desporto de rendimento cada vez mais

    exigente. Dai, tem-se entendido que no sendo o Futebol uma cincia, muito

    poder beneficiar dos seus contributos (Garganta, 2001a), nomeadamente ao nvel

    dos processos de organizao do treino e do jogo.

    Este processo de organizao e planeamento do treino, contemplado em estreita

    relao com a performance em competio parece ser um dos procedimentos

    operacionais da funo de treinador, mais determinantes na tentativa de alcanar o

    sucesso desportivo. De acordo com Proena (1986), ao organizarmos o processo

    estamos a retirar-lhe o carcter casustico, substituindo-o por uma sistematizao

    e ordenamento prvio; ao planearmos estamos a definir objetivos, programar a

    interveno provvel, inventariar e mobilizar os meios necessrios e estabelecer

    formas de regulao ou mecanismos de controlo, dando forma e transmitindo

    contedo organizao.

    Se por um lado existe a imprescindibilidade de se proceder a um criterioso e

    adequado processo de planeamento para o treino de futebol, pelo outro temos

    igualmente de considerar que este processo carece de tempo de elaborao

    devido multiplicidade de competies existentes nos dias de hoje no contexto do

    futebol profissional. por isso que segundo Meinberg (2002), o treinador deve

    evidenciar a competncia do tempo permitindo o seu uso atravs de uma gesto

    eficiente. Neste sentido importa portanto escolher e adotar os meios e mtodos

    mais eficazes e mais estimulantes que correspondam s necessidades especficas

    da equipa e dos seus praticantes dentro do seu contexto de atuao, sabendo-se

    que so diversos e diversificados os fatores que determinam o sucesso desportivo.

    Vrios autores tm vindo a defender a especificidade e a modelao como

    princpios orientadores fundamentais para a escolha dos mtodos de treino. O

    conhecimento das variveis que caraterizam o modelo de jogo pode auxiliar

    especificamente a prescrio e controle da carga de treino, bem como na

    adequao dos mtodos e meios de preparao (Borin, Prestes & Moura, 2007 cit.

    por Santos, Castelo & Silva, 2011). Este parece ser uma conceo metodolgica

    aceite pela maioria da comunidade futebolstica, no entanto ainda subsistem

    algumas dvidas quanto sua aplicao prtica no trabalho dirio do treinador.

    Outro dos paradigmas que influencia esta abordagem metodolgica ao processo

    de planeamento parece ser a periodizao da poca desportiva. Garganta, (1993),

    diz-nos que esta diviso ajuda a organizar o processo de treino, tornando mais

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    Faculdade de Educao Fsica e Desporto 17

    efetivo o contedo da preparao, face aos objetivos e o tempo a gerir. Mas ser

    que esses contedos e objetivos a atingir alteram significativamente os meios e

    mtodos utilizados, nas predominncias relativas de utilizao que uns tm sobre

    os outros? Quais os fundamentos tericos inerentes conceptualizao dos

    exerccios de treino que sustentam a operacionalizao prtica diria da equipa

    nos seus momentos de preparao?

    Sobressai assim a necessidade de existir um dilogo sistemtico, consistente e

    complementar entre a prtica e a teoria dado que estas esferas, quando em

    sintonia, formam duas faces de uma mesma verdade (Castelo, 2009). Deste

    dilogo interativo nasce a qualidade da conceo, da aplicao e da inovao dos

    meios de ensino/treino do jogo (Castelo, 2009).

    objetivo deste trabalho refletir sobre esta temtica relacionada com a utilizao e

    distribuio dos mtodos e meios de treino em futebol ao longo da poca

    desportiva. Para isso, ser feita uma anlise rigorosa ao processo de planeamento

    de treino da equipa A do Sporting clube de Braga na poca desportiva 2013/2014,

    recorrendo ao auxilio da taxonomia de classificao de exerccios de treino para o

    futebol criada por Castelo (2009).

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    CAPTULO I Anlise do Contexto da

    poca Desportiva 2013/14

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    2. Caracterizao Geral do clube

    O Sporting Clube de Braga um clube multidesportivo, fundado em 1921,

    tendo como modalidades em maior destaque o Atletismo, a Natao, o

    Andebol. Atualmente, e aps o fecho da Seco de Atletismo a atletas

    profissionais, a seco de Futsal que maior destaque consegue entre as diversas

    modalidades do clube. So duas as equipas de futebol com estatuto

    profissional que representam o clube: a Equipa A, a Equipa B (reatada na

    poca desportiva 2012/2013). O escalo principal do clube (seniores A)

    disputa atualmente a 1 diviso nacional do campeonato de futebol da

    Federao Portuguesa de Futebol (Liga ZON Sagres), este escalo treina no

    Estdio Municipal de Braga onde tem dois campos de treinos anexos e realiza os

    jogos em casa no estdio. Este foi construdo para o Campeonato Europeu

    de Futebol de 2004, e foi por diversas vezes, considerado um dos mais originais

    e belos estdios do mundo, tendo obtido vrias distines nacionais e

    internacionais.

    O SCB hoje um clube de referncia nacional que disputa a hegemonia dos trs

    principais clubes portugueses (Porto, Benfica e Sporting). O clube dispe de um

    palmars significativo que inclui a conquista da Taa de Portugal na poca de

    1966/67 e da Taa Federao Portuguesa de Futebol em 1976/77. Nas ltimas

    pocas classificou-se repetidamente nos cinco primeiros postos do campeonato

    portugus, assegurando presena assdua na Taa UEFA com resultados

    meritrios. A conquista da Taa Intertoto em 2008, o segundo lugar no

    Campeonato em 2010, a presena indita na edio 2010/11 da fase de grupos da

    Liga dos Campees e posteriormente na fase de grupos da mesma na edio

    2012-2013 e o segundo lugar na Liga Europa da UEFA de 2010-11, constituem-se

    como momentos mpares da afirmao internacional do clube portugus que mais

    tem crescido nos ltimos anos. No dia 13 de Abril de 2013, o Sporting de Braga

    venceu a Taa da Liga ao derrotar por 1-0 o Futebol Clube do Porto na final

    realizada no Estdio Cidade de Coimbra.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Futebol_Clube_do_Portohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sport_Lisboa_e_Benficahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sporting_Clube_de_Portugalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ta%C3%A7a_de_Portugalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ta%C3%A7a_Federa%C3%A7%C3%A3o_Portuguesa_de_Futebolhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ta%C3%A7a_UEFAhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_Intertoto_da_UEFAhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Portugu%C3%AAs_de_Futebolhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Liga_dos_Campe%C3%B5es_da_UEFAhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Liga_Europa_da_UEFA_de_2010-11http://pt.wikipedia.org/wiki/Ta%C3%A7a_da_Ligahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Futebol_Clube_do_Portohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1dio_Cidade_de_Coimbra

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    2.1. Caracterizao da Equipa/Jogadores

    O nmero de jogadores do plantel do SCB foi variando ao longo da poca,

    nomeadamente nos perodos de transferncias: Julho / Agosto e Janeiro.

    N de jogadores utilizados ao longo da poca desportiva em jogos oficiais

    33

    2 GR Defesas Mdios Avanados

    Mdia

    (idades)

    Nacionalidades

    Portugal (17), Brasil (8), Colmbia (2), Frana, Romnia, Argentina, Srvia, Montenegro e Holanda

    Provenincia dos

    jogadores

    Escales Jovens (pocas anteriores)

    2

    Equipa B 5 Outros clubes 17

    Jogadores da equipa B que competiram pela equipa principal ao longo da poca

    desportiva 3

    Tabela 1 - Caracterizao dos jogadores que representaram a equipa do SCB ao longo da

    poca desportiva 2013/14

    2.2. Caracterizao da Equipa tcnica

    A equipa tcnica era constituda por cinco treinadores; Um treinador principal, dois

    treinadores adjuntos (sendo eu um deles), um treinador adjunto responsvel pelo

    treino dos guarda-redes e um treinador adjunto responsvel pela rea da

    observao e anlise do jogo.

    Apesar da especialidade das funes que cada elemento tem dentro da equipa

    tcnica, a dinmica de funcionamento alicerou-se numa colaborao entre todos

    relativamente ao planeamento, operacionalizao e reflexo do treino e

    competio.

    2.3. Caracterizao do Contexto Competitivo

    A equipa do SCB disputou na poca 2013/14 quatro competies: Liga Portuguesa

    (Liga ZON Sagres), Taa de Portugal, Taa da Liga e Europa League.

    Foram realizados no total 30 jogos oficiais, distribudos pelas quatro competies

    acima referidas:

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    Grfico 1 N de competies oficiais realizadas na poca 2013/14

    Equipas participantes na Liga Portuguesa (Liga ZON Sagres)

    Posio Clube Pontos

    FC Porto

    V. Guimares

    1 SL BENFICA 49

    2 FC PORTO 44

    SL Benfica Martimo

    3 SPORTING CP 42

    4 ESTORIL 36

    P. Ferreira Acadmica 5 NACIONAL 33

    6 V. GUIMARES 29

    SC Braga V. Setbal 7 SC BRAGA 27

    8 MARTIMO 27 Estoril Praia

    Gil Vicente

    9 V. SETBAL 25

    10 ACADMICA 24

    Rio Ave Olhanense 11 RIO AVE 22

    12 AROUCA 19

    Sporting CP Belenenses 13 GIL VICENTE 19

    14 BELENENSES 16

    Nacional Arouca 15 OLHANENSE 16

    16 P. FERREIRA 13 Tabela 2 - Equipas participantes e respetiva classificao* 20 jornada na Liga Portuguesa de

    futebol (Liga ZON Sagres)

    * Classificao 20 jornada, momento em que samos do comando tcnico do SCB

    20

    4 4 2

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    Liga Zon Sagres Taa de Portugal Taa da liga Europa League

    N de competies oficiais realizados

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    2.3.1. Calendarizao da Liga Portuguesa

    1 Volta 2 Volta Data Jornada Jogo Data Jornada Jogo

    16-8-13 1 P. ferreira vs SCB 19-1-14 16 SCB Vs P.Ferreira

    26-8-13 2 SCB Vs Belenenses 2-2-14 17 Belenenses Vs SCB

    1-9-13 3 Gil Vicente

    Vs SCB 9-2-14 18 SCB Vs Gil Vicente

    15-9-13 4 SCB Vs Estoril Praia 16-2-14 19 Estoril Praia Vs SCB

    20-9-13 5 Arouca Vs SCB 22-2-14 20 SCB Vs Arouca

    28-9-13 6 SCB Vs Sporting 1-3-14 21 Sporting Vs SCB

    6-10-13 7 Nacional Vs SCB 9-3-14 22 SCB Vs Nacional

    25-10-13 8 SCB Vs Acadmica 16-3-14 23 Acadmica Vs SCB

    3-11-13 9 SCB Vs Rio Ave 23-3-14 24 Rio Ave vs SCB

    23-11-13 10 SL Benfica

    Vs SCB 30-3-14 25 SCB Vs SL Benfica

    29-11-13 11 SCB Vs Olhanense 6-4-14 26 Olhanense Vs SCB

    7-12-13 12 FC Porto Vs SCB 13-4-14 27 SCB Vs FC Porto

    14-12-13 13 SCB Vs V. Setbal 19-4-14 28 V. Setbal Vs SCB

    19-12-13 14 Martimo Vs SCB 4-5-14 29 SCB Vs Martimo

    10-1-14 15 SCB Vs V.Guimares 11-5-14 30 V. Guimares

    vs SCB

    Tabela 3 Calendarizao da Liga Portuguesa (Liga ZON Sagres)

    2.3.2. Calendarizao da Taa de Portugal

    Data Fase Casa

    Fora Resultado

    18-5-14 Final

    17-4-14 Final Rio Ave SCB

    26-3-14 Final SCB Rio Ave

    6-2-14 Final SCB D. Aves 3-1 V

    5-1-14 1/8 SCB Arouca 2-0 V

    10-11-13 4 Elim. Olhanense SCB 1-3 V

    19-10-13 3 Elim. Gafetense SCB 0-2 V Tabela 4 Calendarizao da Taa de Portugal

    2.3.3. Calendarizao da Taa da Liga

    Data Fase Resultado

    Casa Fora 12-2-14 Final Rio Ave SCB 2-1 D

    25-1-14 Grupo C SCB Belenenses 5-0 V

    15-1-14 Grupo C SCB Beira Mar 3-0 V

    29-12-13 Grupo C Estoril SCB 1-2 V Tabela 5 Calendarizao da Taa da Liga

    2.3.4. Calendarizao da Europa League

    Data Fase Resultado

    Casa Fora 29-8-14 Play-off Panduri SCB 0-1 V

    22-8-13 Play-off SCB Panduri 0-2 D Tabela 6 Calendarizao da Europa League

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    CAPTULO II Modelo de Jogo

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    3. Enquadramento conceptual

    O Futebol um Jogo Desportivo Coletivo (JDC) que ocorre num contexto de

    elevada variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade, no qual as equipas em

    confronto disputando objetivos comuns, lutam por gerir em proveito prprio, o

    tempo e o espao, realizando em cada momento aes reversveis de sinal

    contrrio (ataque-defesa) aliceradas em relaes de oposio - cooperao.

    A noo de interao, de relao de foras entre os elementos constituintes do

    coletivo, adquire, segundo esta perspetiva, uma expresso importante. Portanto,

    para levar de vencido os adversrios dever-se- desenvolver nos praticantes o

    esprito de colaborao e entreajuda, podendo constituir-se como um campo

    privilegiado para que os praticantes exprimam a sua individualidade, manifestem

    as suas capacidades e, simultaneamente, aprendam a subordinar os interesses

    pessoais aos interesses coletivos. Desta forma, o jogador deve ser capaz de

    passar de um projeto individual (ttica individual) para um projeto coletivo (ttica

    coletiva), dando o melhor de si equipa (Garganta, 1995), isto , pensar

    globalmente e agir localmente.

    Considerando a equipa como uma unidade, que lhe advm de uma cultura

    organizacional especfica, s uma cultura ttica slida e vasta permite aos

    jogadores a integrao e a participao eficazes no seio do grupo, qualquer que

    seja o modelo de jogo (Grhaigne, 1991).

    O estudo da organizao do jogo de Futebol, realizado atravs da observao do

    comportamento dos jogadores e das equipas, oferece a possibilidade de assinalar

    aes/sequncias de jogo que se afiguram representativas da dinmica das

    partidas e constituem aspetos a reter para o ensino e treino da modalidade

    (Garganta, 1997).

    3.1. Modelao do jogo / Treino do futebol

    Como refere Castelo (1994), a aprendizagem e o aperfeioamento dos jogadores

    ou da equipa, s so altamente rentabilizados, quando so contemplados

    contextos situacionais que evoquem realidades competitivas. S a partir destes

    ambientes parece possvel recrutar corretamente os diferentes mecanismos, que

    suportam as tomadas de deciso e as aes motoras de resposta s situao-

    problema, bem como a outras que se baseiam em mecanismos de emergncia de

    resposta motora.

    No Futebol frequente dizer-se que conforme se quer jogar, assim se deve treinar,

    o que sugere uma relao de interdependncia e reciprocidade entre a preparao

    e a competio. Tal relao consubstanciada por um dos princpios do treino, o

    princpio da especificidade, que preconiza que sejam treinados os aspetos que se

    prendem diretamente como o jogo (estrutura de movimento estrutura da carga,

    natureza das tarefas, etc.) no sentido de viabilizar a maior transferncia possvel

    das aquisies operadas no treino para o contexto especfico do jogo (Garganta,

    1997).

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    Isto , o estabelecimento de uma relao significativa entre a lgica interna do jogo

    de Futebol e o modelo de jogo adotado, bem como entre a lgica do jogador e a

    lgica do processo de treino, passa pelo desenvolvimento e aplicao de cenrios

    de treino/preparao que induzam o modelo de performance que se intenta

    reproduzir (Garganta, 2005).

    Atualmente, uma das preocupaes centrais do treinador passa por desenvolver o

    processo de treino a partir de planeamentos e de programaes fortemente

    influenciados por modelos: de jogo, de jogador, de treino e de preparao (Frade,

    1985; Queiroz, 1986; Soares, 1987; Pinto & Garganta, 1989; Castelo, 1994;

    Garganta 1996).

    Como tal, os conceitos de Modelo de Jogo e, por inerncia, de Modelo de Treino,

    Modelo de Jogador, Modelo de Preparao e sua correspondncia dinmica,

    constituem pressupostos que tm vindo a adquirir uma importncia crescente na

    procura de uma maior eficcia dos jogadores e das equipas (Frade, 1985; Queiroz,

    1986; Castelo, 1994; Garganta, 1996; Garganta & Pinto, 1998).

    Deste modo, a modelao de jogo permite fazer emergir problemas, determinar

    objetivos de aprendizagem e de treino, construir e selecionar exerccios (Castelo,

    1996), e constatar os progressos dos praticantes em relao aos modelos de

    referncia (Grhaigne, 1991).

    O treinador dever por isso caracterizar o jogo que pretende implementar para,

    posteriormente, desenvolver metodologias de treino consentneas (Garganta,

    1997), tendo como interlocutores primordiais os jogadores, visando potenciar e

    maximizar as suas qualidades/capacidades.

    A escolha e a aplicao no treino e na competio do dispositivo posicional dos

    jogadores no terreno de jogo (sistema de jogo), o(s) mtodo(s) de jogo

    adotado(s)(defensivo/ofensivo), as circulaes tticas dos jogadores, os esquemas

    tticos dos jogadores, etc., so da exclusiva responsabilidade do treinador.

    Desta forma, tendo ele prprio uma conceo, os adapta de forma mais ou menos

    criativa e mais ou menos eficaz especificidade dos jogadores individualmente,

    maximizando assim as suas potencialidades e equipa no seu conjunto,

    procurando estabelecer as condies mais vantajosas concretizao das

    finalidades e dos objetivos pr-estabelecidos (Castelo, 1996).

    A este propsito, Guilherme Oliveira (2003) refere que a ideia de jogo do treinador

    um aspeto determinante na organizao de uma equipa de Futebol. Se o

    treinador souber exatamente como quer que a equipa jogue e quais os

    comportamentos que deseja dos seus jogadores, tanto no plano individual como

    coletivo, o processo de treino/jogo sero mais facilmente estruturados,

    organizados, realizados e controlados.

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    3.2. O Modelo de jogo a adotar enquanto referncia central

    A nossa viso do mundo um modelo, vago e incompleto,

    mas serve de base s nossas decises Castelo, (1996)

    De acordo com algumas fontes bibliogrficas consultadas (Queiroz, 1986; Pinto &

    Garganta, 1989; Monge da Silva, 1989; Bompa, 1994; Mombaerts, 1991; Castelo,

    1994) o modelo de jogo consiste no mapeamento de um conjunto de referncias

    necessrias para balizar a organizao dos processos ofensivos e defensivos da

    equipa, nomeadamente no que respeita aos princpios, aos mtodos e aos

    sistemas de jogo.

    Na criao de um modelo de jogo para uma equipa, deve-se ter em considerao

    alguns aspetos interactuantes, tais como a conceo de jogo do treinador

    (Queiroz, 1986; Garganta, 1997; Frade, 1998; Castelo, 1998; Guilherme Oliveira,

    2004), as capacidades e as caractersticas dos jogadores (Castelo, 1996;

    Guilherme Oliveira, 2003), os princpios de jogo, as organizaes estruturais e a

    organizao funcional (Guilherme Oliveira, 2003).

    Desta forma, o Modelo de Jogo deve preconizar, de forma metdica e sistemtica,

    um corpo de ideias acerca de como se pretende que o jogo seja praticado,

    definindo de modo conciso as tarefas e os comportamentos ttico-tcnicos

    exigveis aos jogadores (Queiroz, 1986).

    J em 1986, Carlos Queiroz referia que no Futebol a anlise dos modelos ttico-

    tcnicos tem um papel decisivo no que respeita obteno de rendimento. A sua

    definio deve resultar de uma conceo de jogo que veicule os modelos de ao

    mais eficazes do Futebol atual, assim como as suas tendncias evolutivas de

    forma a estimular no treino as exigncias e dominantes do Futebol Moderno.

    Vrios autores (Castelo, 1994; Garganta & Pinto, 1998) defendem que o modelo

    de jogo evoludo (MJE) deve ser encontrado a partir da observao e

    caracterizao do jogo das equipas mais representativas da modalidade, isto ,

    nas grandes competies internacionais (Campeonatos do Mundo, Campeonatos

    da Europa, Taas Europeias) e da objetivao das caractersticas comuns.

    Sendo assim, a reproduo e aplicao prtica do modelo de jogo deve permitir a

    possibilidade, a partir das experincias recolhidas, de tirar novas concluses, no

    permanecendo num estado contemplativo e fechado. Deve ter um carcter aberto

    e criativo, de forma a racionalizar e a otimizar novas ideias e concees, atravs

    da projeo intelectual da essncia de um facto capaz de resolver eficientemente

    diferentes situaes de jogo.

    Desta forma, achamos de todo pertinente que o Modelo de Jogo no deva ter em

    si mesmo, um objetivo final, pode e deve ser sujeito interrogao sistemtica,

    ou seja, podemos constru-lo, desconstru-lo, reconstru-lo, embora deva estar

    constantemente a ser visualizado.

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    3.2.1 Modelo de jogo Da conceo ao

    Em qualquer rea da atividade humana dever existir um dilogo sistemtico,

    consistente e complementar entre a teoria e a prtica. Parte-se da prtica para a

    teorizar e desta volta-se prtica para a orientar (Castelo, 2004).

    A experincia e a capacidade intelectual do treinador so fatores preponderantes

    na construo do Modelo de Jogo. Contudo, no se pode implantar ou executar

    aquilo que no se sabe, que no se domina com suficiente segurana. Da a

    necessidade de o treinador retirar da sua experincia e da sua capacidade de

    equacionar e refletir constante e continuamente os elementos fundamentais do

    Modelo de Jogo e as suas interdependncias, os quais determinam, em ltima

    anlise, a eficcia da organizao da equipa (Castelo, 1996).

    O modelo de jogo ser tanto mais rico quanto mais possibilitar aos jogadores

    acrescentarem a sua prpria criatividade e talento sem, no entanto, adulterar as

    premissas do prprio modelo.

    fundamental que o treinador, partindo do modelo de jogo evoludo, tenha uma

    ideia precisa das tarefas misses tticas dos jogadores dentro da equipa. O grau

    de coeso de uma equipa cresce exponencialmente medida que os jogadores

    percecionam e consciencializam as suas tarefas, responsabilidades e direitos que

    lhes cabem dentro do coletivo (Castelo, 2004).

    Aps esta resumida contextualizao terica do Modelo de Jogo, ser importante

    operacionalizar o Modelo de Jogo enquanto varivel dependente do estudo.

    Atravs da reviso bibliogrfica efetuada a diversos autores (Frade, 1985;

    Castelo, 1996 e 2004; Carvalhal, 2000; Resende, 2002; Oliveira, 2003 e 2004;

    Santos, 2006;) podemos afirmar que a varivel Modelo de Jogo, derivado da sua

    elevada complexidade, ser sempre constituda por um conjunto de sub-variveis

    que se podem converter em dimenses, categorias e possveis sub-categorias.

    Pelas referncias bibliogrficas considermos que as dimenses possveis da

    varivel sero os diferentes momentos do jogo. Segundo Santos (2006), um

    momento do jogo uma sequncia de aes do jogo da equipa, com uma lgica e

    identidade comum e que se baseia na sua organizao do jogo. Congregando os

    diversos autores supracitados, temos: Organizao Ofensiva; Organizao

    Defensiva; Transio Ataque-Defesa; Transio Defesa-Ataque; e

    Fragmentos constantes do jogo (Esquemas tticos).

    Na Organizao Ofensiva, poderemos sistematizar as seguintes categorias e

    sub-categorias:

    Sistemas de jogo

    Fases do Ataque

    o Construo do processo ofensivo

    o Criao de situaes de finalizao

    o Finalizao

    Mtodos de Jogo

    o Ataque posicional

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    o Ataque rpido

    o Contra-ataque

    Racionalizao do espao de jogo

    Portador da bola

    Apoios ao portador da bola

    Largura e profundidade

    Temporizao ofensiva

    Combinaes tticas diretas e indiretas

    ngulos de jogo

    Ritmo e tempo de jogo

    Misses e funes especficas dos jogadores (Guarda-redes; Defesas

    laterais; Defesas centrais; Mdios centro; Mdios ala e Avanados)

    Na Organizao Defensiva, poderemos elencar as seguintes categorias e

    sub-categorias:

    Sistemas de jogo

    Fases da defesa

    o Equilbrio defensivo

    o Recuperao defensiva

    Mtodos de jogo

    o Defesa individual

    o Defesa zona

    o Defesa mista

    o Defesa zona pressionante

    Presso no portador da bola

    Coberturas defensivas

    Concentrao defensiva (largura e profundidade)

    Anulao das linhas de passe

    Organizao da ltima linha defensiva

    Articulao da ltima linha defensiva

    Participao total ou parcial de todos os jogadores

    Oscilao defensiva (largura e profundidade)

    Temporizao defensiva

    Misses e funes especficas dos jogadores (Guarda-redes; Defesas

    laterais; Defesas centrais; Mdios centro; Mdios ala e Avanados)

    Na Transio Defesa-Ataque, poderemos elencar as seguintes categorias e sub-

    categorias:

    Jogo direto

    Jogo indireto/apoiado

    Recuperao da posse da bola

    Concentrao vs Espao (largura e profundidade)

    Alterao do processo defensivo para o ofensivo

    Temporizao ofensiva

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    Misses e funes especficas dos jogadores (Guarda-redes; Defesas

    laterais; Defesas centrais; Mdios centro; Mdios ala e Avanados)

    Na Transio Ataque-Defesa, poderemos elencar as seguintes categorias e

    sub-categorias:

    Presso sobre o portador da bola

    Coberturas defensivas

    Perda da posse de bola

    Concentrao defensiva

    Alterao do processo ofensivo para o defensivo

    Recuperao defensiva

    Temporizao defensiva

    Temporizao com interrupo de jogo

    Misses e funes especficas dos jogadores (Guarda-redes; Defesas

    laterais; Defesas centrais; Mdios centro; Mdios ala e Avanados)

    No momento Fragmentos constantes do jogo, ou seja, situaes de bola

    parada, poderemos elencar as seguintes categorias e sub-categorias:

    Lanamento de linha lateral

    Livres direto e indireto

    Pontaps de cantos

    O quadro conceptual de sub-variveis apresentado anteriormente, so exclusivas

    do domnio ttico-tcnico do jogo de futebol, quer no plano coletivo quer individual.

    No entanto, acreditamos que possa haver influncia de outros domnios, mais

    especificamente o fsico e o psicolgico, na construo do Modelo de Jogo do

    treinador.

    Os momentos/fases de transies defesa/ataque e ataque/defesa so ricos em

    variaes marcantes na dinmica do jogo, a sua importncia poder ser

    fundamental para a eficcia da dinmica do jogo de uma equipa, isto porque

    induzem desequilbrios importantes implicando muitas das vezes desorganizaes

    nas equipas em confronto. Vrios treinadores de excelncia vm salientando a

    importncia dos momentos de transio Mourinho, 2003 (cit. por Amieiro, 2004);

    Wenger, 2008, Queiroz, 2003 (cit. por Almeida 2006). Oliveira em 2004 aponta que

    a tnica destes momentos de transio ser o aproveitamento iminente da

    desorganizao das equipas nos instantes imediatos perda ou recuperao da

    posse de bola. Tambm Garganta (2006) aponta as transies de fase como

    sendo fases crticas do jogo com grande importncia para a eficcia da dinmica

    de jogo. Explorando um pouco mais aprofundadamente o tema da transio aps

    recuperao de bola, facilmente se percebe que a forma como ela decorre e

    aproveitada pela equipa depende de um sem nmero de fatores que vo desde a

    zona onde a bola recuperada, capacidade do jogador que a recuperou para

    lidar de forma tcnica/ttica eficaz com uma situao de presso/no presso

    imediata por parte dos adversrios, passando pelos nveis de organizao da

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    equipa e da equipa adversria no momento em que se d a recuperao, o prprio

    tempo decorrido de jogo e at mesmo o resultado podero ter influncia direta na

    forma como encarada e explorada essa mesma transio. Portando o contexto, o

    como, o quando, o onde, o quem, etc. iro seguramente ser fatores a

    condicionar e propiciar todo um conjunto de diferentes transies.

    Ser importante, no entanto e concordando com Garganta (2006), alertar para o

    facto de que com a identificao de diferentes fases/momentos no se pretender

    fragmentar o jogo em elementos, mas sim entretecer os respetivos ingredientes

    especficos, facilitando a criao de cenrios de organizao que envolvam o

    grmen do jogo.

    Percebe-se esta importncia de interligao e interdependncia dos diferentes

    momentos do jogo nas palavras de alguns autores, Queiroz (2006) () com bola

    se defende e ataca e sem bola se defende e ataca() O equilbrio defensivo o

    argumento fundamental de um bom ataque.; ou Mourinho, 2003 (cit. por Amieiro

    2004) () quando se possui a bola, tambm se tem que pensar defensivamente o

    jogo, da mesma forma que, quando se est sem ela e se est numa situao

    defensiva, tambm se tem que estar a pensar no jogo de uma forma ofensiva e a

    preparar o momento em que se recupera a posse de bola.

    4. Planificao conceptual e planificao estratgico-ttica

    da equipa: Interatividade contextual

    Segundo Castelo (2009), a planificao conceptual da equipa da equipa exprime-

    se no seu modelo de jogo, o qual consubstanciado: a) a partir da anlise

    organizacional da equipa (os seus valores e intenes) no presente; b) pela

    conceo de jogo por parte do treinador, na qual se incluem as tendncias

    evolutivas do prprio jogo; e c) pela definio de orientaes de trabalho da equipa

    e as vias para atingir os objetivos pretendidos.

    A eficcia da organizao de uma equipa de Futebol passa indubitavelmente por

    um planeamento claro, consciente e coerente das finalidades e objetivos, que por

    si s estabelecem diferentes operaes inerentes construo e desenvolvimento

    de uma equipa (Castelo, 1996).

    Na elaborao do modelo de jogo da sua equipa, Marisa Gomes (2010 cit. Por

    Tamarit, 2013) diz-nos que esta construo est diretamente influenciada pelo

    contexto a que chegamos.

    Neste sentido, o modelo de jogo e de treino da equipa do SCB, teve como base as

    concees de jogo do treinador principal, Prof. Jesualdo Ferreira (TJF), que foi ao

    encontro da cultura de vitria e exigncia recentes do clube (ltimos dez anos),

    manifestados pela direo do clube e pela exigncia que os adeptos do clube

    transmitem.

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    Um modelo de jogo que procura constantemente ter a posse de bola de modo a

    assumir o domnio de jogo, e quando no o tiver, que tenha o controlo, atravs de

    uma circulao criteriosa da posse de bola (sem perda de posies no momento

    da perda da posse de bola).

    Este modelo ter um caracter evolutivo e adaptativo que se basear na

    possibilidade do jogador se expressar e crescer individualmente, dentro de uma

    organizao coletiva rgida sobre princpios e rotinas fundamentais.

    4.1. Modelo de jogo do SCB: Princpios e rotinas fundamentais

    Todo este trabalho suporta-se na constante recolha de opinies e ideias com o

    TJF (de que fao parte da sua equipa tcnica nas ltimas duas pocas

    desportivas, tendo completado mais de 400 unidades de treino em conjunto), com

    qual pretendi aceder aos modelos mentais e sua perceo relativamente a

    alguns aspetos diretamente relacionados com o nosso modelo de jogo / modelo de

    treino.

    Parece desde j importante salientar como ponto de partida o facto de o TJF ter

    um entendimento do jogo que, apesar de passar pela aceitao dos cinco grandes

    pilares sugeridos (organizao ofensiva, a organizao defensiva, a transio

    defensiva, a transio ofensiva e as bolas paradas/esquemas tticos), destaca a

    importncia de poder acontecer haver aqui ou ali, algum momento em que

    esses cinco pilares tenham alguma coincidncia.

    Como pudemos perceber do trabalho dirio, o TJF salienta esta forte relao e

    uma espcie de sobreposio relativa a diferentes momentos, como por exemplo

    na ocupao racional dos espaos e simultaneamente no nmero de jogadores

    que tenho a zona, at pelo equilbrio que permite que define o mtodo

    (defensivo) e que simultaneamente prepara todo o processo ofensivo, ou seja, que

    neste processo coletivo defensivo, toda a equipa, ocupa espaos, espaos

    fundamentais para atacar bem e, de igual modo, quando se refere a um conceito

    de jogo que importante, que quando eu estou a atacar eu estou a comear a

    defender.

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    Figura 1 Princpios gerais SCB (adaptado Jesualdo Ferreira, 2014)

    Figura 2 Princpios gerais SCB tarefas ofensivas e defensivas (adaptado Jesualdo

    Ferreira, 2014)

    Figura 3 Princpios ofensivos SCB (adaptado Jesualdo Ferreira, 2014)

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    4.1.1. Sistemas de jogo

    Sistema de jogo principal: GRx4x3x3

    Sistema de jogo alternativo: GRx4x2x3x1

    4.1.2. Organizao dinmica

    Organizao ofensiva

    Princpios gerais:

    Proteo da bola: tendo a posse, somos donos do jogo. No perder a bola,

    mas quando acontecer no perder posies em campo, fazendo uma

    ocupao racional do espao.

    Tringulo como referncia para os posicionamentos ofensivos dos mdios e

    na sua relao com os avanados. A importncia dos jogadores tem de

    quebrar linhas adversrias (sair das suas linhas normais de

    funcionamento), mas mantendo por norma os mesmos vrtices do

    tringulo, em que o 6 corresponder ao vrtice mais recuado.

    Se o jogador 8 (fig. 4) fizer este movimento exterior (1 na fig. 4), o 6 no

    deve fazer este movimento (2 na fig. 4), mas sim, deslocar-se de forma

    manter o tringulo (3 na fig. 4), e o outro MO, faz movimento mais exterior

    (4 na fig. 4) ou mais interior (5 na fig. 4), para manter, no o mesmo, mas

    igualmente outro tringulo (B na fig. 4), ficamos com tringulo mais fechado

    ou mais aberto (A na fig. 4).

    Figura 4 Modelo de jogo SCB: Tringulo como referncia para os

    posicionamentos ofensivos dos mdios (adaptado Jesualdo Ferreira, 2014)

    Construo curta e apoiada procurando atravs dos princpios descritos na

    figura 3, encontrar linhas de passe dentro da estrutura adversria que

    permita a penetrao da equipa no espao defensivo adversrio;

    1 fase construo: 2 defesas centrais abertos pelas linhas laterais da

    grande rea, defesas laterais profundos, um mdio (6) entre os defesas

    centrais para construo, os outros 2 mdios a ocuparem o espao central,

    na procura de linhas de passe. Os 3 avanados, encostados numa primeira

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    fase alinha defensiva adversria e posteriormente os extremos a fazerem

    movimentos interiores coordenados com os movimentos dos mdios e a

    profundidade dos laterais;

    Figura 5 Modelo de jogo SCB: Organizao ofensiva - 1 Fase de construo

    Circulao segura da bola procurando jogo exterior numa 1 fase,

    procurando movimentaes sem bola que libertem espao interior na

    estrutura do adversrio;

    Entrando a bola num dos corredores (receo orientada do lateral)

    relacionam-se fundamentalmente 3 jogadores (DL, EXT; MO); fazendo

    constantemente tringulos ofensivos para combinaes diretas ou indiretas,

    quer em profundidade (passes frontais quebrar linhas); O MC (6), os 2 DC

    e DL no envolvido na ao ofensiva (muitas vezes subindo posio de

    mdio, ocupando uma posio na linha do MD), do cobertura circulao

    e equilibram o espao, vigiando transio contrria e oferecendo soluo

    para VCJ;

    Figura 6 Modelo de jogo SCB: Organizao ofensiva - Construo de tringulos

    ofensivos

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    Trocas de posio entre os MO e EXT: movimento interior do EXT na

    procura de receo da bola em zona difcil de controlar pelo DL e nas

    costas dos mdios adversrios e movimento de rutura do MO no espao

    deixado livre ou apoio (tringulo ofensivo) para combinao com

    movimento em profundidade do lateral;

    Figura 7 Modelo de jogo SCB: Organizao ofensiva jogo interior do EXT

    Criao de situaes de finalizao

    Princpios gerais:

    Aumento da velocidade, mobilidade e agressividade ofensiva no momento

    de criao de desequilbrio;

    Relaes predominantes nos CLS: (1) Extremo interior Extremo vem para

    espao interior para receber e jogar entre linhas (passes para diagonais

    curtas) ou aclarar espao exterior para entrada de DL ou MO; (2) Extremo

    exterior recebe em largura para explorar situaes de 1x1: movimento

    interior para remate ou exterior para cruzamento, ou para combinaes

    curtas com MO ou DL explorando as diagonais entre DC e DL do

    adversrio;

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    Figura 8 Modelo de jogo SCB: Criao de situaes de finalizao movimento interior EXT

    (aproximao do PL) e profundidade dos MO

    Alternncia constante entre jogo interior / exterior com os 2 MO oferecem

    constantemente linhas de passe interiores no CRC que permitam que o

    jogo evolua entre linhas. O extremo do corredor contrrio ao qual se est a

    jogar, atua como quarto mdio;

    Numa 1 fase da criao de situaes de finalizao, os 3 jogadores mais

    avanados (2 EXT e AV e por vezes tambm o MO) encostam na linha

    defensiva adversria (ganhando o mximo de profundidade possvel),

    iniciando a partir da os movimentos entre linhas dos 2 EXT (troca com o

    MO ou profundidade do LT) e de apoio do AV;

    Figura 9 Modelo de jogo SCB: Criao de situaes de finalizao EXT e PL encostam na

    linha defensiva adversria

    O espao do AV preferencialmente o CRC, oferecendo linhas de passe

    em apoio (combinaes diretas ou indiretas) e solues para diagonais

    curtas entre DC e DL;

    A equipa evolui no terreno de forma compacta e apoiada; os DCs e MD tm

    papel importante nas aes de VCJ aps sada da bola de uma zona de

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    presso e atravs preferencialmente de passes curto e mdio (frontais

    quando possvel);

    Finalizao

    Princpios gerais:

    Explorar a qualidade, criatividade e velocidade dos jogadores, potenciando a

    sua capacidade, quer em aes individuais (1x1 interior para remate ou 1x1

    exterior para cruzamento) quer em combinaes a 2 ou 3 jogadores (tringulo

    DL-EXT-MO/PL), mantendo sempre os princpios da equipa (fig.3);

    Alternncia da zona e tipo de cruzamentos; cruzamentos de 1 linha (mais

    perto da linha de fundo) que alternem a trajetria pelo solo e area; ou 2 linha

    (cruzamento das meias) explorando espao entre linha defensiva e GR

    adversrio;

    Figura 10 Modelo de jogo SCB: Finalizao - 1x1 EXT com apoio de LT (ocupao posies

    do PL, EXT e MO)

    Ocupao racional dos espaos de finalizao de modo a cobrir os trs

    espaos de baliza (1 poste, 2 poste e zona central da baliza) mais uma linha

    atrasada (grande penalidade); Esta ocupao pretende-se que seja efetuada

    em linhas diferentes de modo que a trajetria da bola tenha sempre um destino

    possvel;

    O PL ocupar preferencialmente o 1 poste e zona central, o EXT contrrio no

    2 poste e o MO sobre a zona de grande penalidade; os jogadores podem e

    devem permutar posies (garantindo a ocupao das zonas) de modo a

    dificultar as marcaes do adversrio;

    A segunda vaga que suporta a primeira linha, aparece 1 ou 2 MO, dando

    solues para VCJ e garantir a 2 bola, o DL que no participa na ao

    ofensiva um pouco atrs e se no tiver marcaes a efetuar, sempre preparado

    numa VCJ para combinar com o EXT ou ao 1x1; O DL do lado da bola

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    relaciona-se com EXT e MO na procura de desequilbrios na estrutura

    adversria;

    Figura 11 Modelo de jogo SCB: Finalizao Ocupao de espaos em situaes de

    finalizao

    O GR, DCs e MD tm um posicionamento final ativo, vigilante, encurtando os

    espaos entre setores, compactando a equipa na sua fase ofensiva;

    Transio defensiva

    Segundo TJF, no momento em que se perde a bola vital diminuir o tempo para

    presso imediata (se essa for a deciso) ou que se reagrupa para ocupar espaos.

    Princpios gerais:

    Interpretao, compreenso e tomada de deciso em funo de cada situao,

    no mais curto espao de tempo;

    Posicionados em qualquer momento para que no momento da perda, estarmos

    bem posicionados (figs. 8 e 11). Os dois DCs, O DL no envolvido no processo

    ofensivo ocupa uma posio no meio campo, na linha do MD ou mais frente

    em caso de no haver jogadores adversrios;

    Reao rpida sobre o portador da bola e linhas de passe prximas pelos

    jogadores mais prximos de modo a poder recuper-la rapidamente ou

    provocando o erro ao adversrio sem bola toda a equipa corre;

    Se a equipa adversria sair da presso ou por erro da nossa equipa, em igualdade ou inferioridade numrica, e no havendo a possibilidade imediata

    de presso sobre o portador da bola, manter a concentrao defensiva,

    temporizando para regresso ajudas (se possvel a temporizao permita uma

    falta com interrupo do jogo), que leve o adversrio a uma deciso precipitada

    e perda da posse de bola.

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    Figura 12 Modelo de jogo SCB: Transio defensiva Temporizao e concentrao

    defensiva

    Organizao defensiva

    Uma ideia de base do nosso modelo, respeitante ao processo defensivo, defender

    bem para atacar bem. A equipa entender que, defendemos para a equipa atacar

    melhor e s com um objetivo, tirar a bola ao adversrio e a partir da construir o nosso

    jogo.

    Princpios gerais:

    Estrategicamente e de uma forma geral, defendemos sempre no sentido de

    conduzir os jogadores da equipa adversria para onde ns queremos de modo

    a tirar vantagem depois nas transies. Para isso temos posicionamentos e

    aes subsequentes a esses posicionamentos;

    Figura 13 Modelo de jogo SCB: Referncias de posicionamento defensivo dos

    DC e MD (adaptado Jesualdo Ferreira, 2014)

    O DC do lado da bola e o MD s em necessidade extrema se deslocam ao

    CRL (zona verde na fig. 13 e 14a). Proteo da zona central (fundamental)

    para que no momento que o adversrio tente fazer VCJ temos jogadores bem

    colocados.

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    Assumimos uma diviso funcional, (1) uma estrutura do lado da bola que

    dever assumir um tipo de comportamentos perante a bola (presso no

    portador da bola, coberturas defensivas, concentrao defensiva -largura e

    profundidade, anulao das linhas de passe, organizao e articulao da

    ltima linha defensiva,) ao qual a (2) estrutura do lado oposto dever dar uma

    resposta imediata em termos de ajuste posicional (oscilao defensiva em

    largura).

    Os dois centrais (1 e 2 na fig. 13) que sob o lado da bola, se movimentam

    como representado em 3 (fig. 13) e a estrutura de 5 jogadores para l da zona

    verde (fig. 13) e evidentemente, todos os restantes (4 na fig. 13) tm resposta

    imediata em termos de ajuste posicional.

    Figura 14 Modelo de jogo SCB: Movimentao coletiva defensiva em funo da bola (adaptado Jesualdo Ferreira, 2014)

    Figura 14a Modelo de jogo SCB: Movimentao coletiva defensiva em funo da bola (real)

    (adaptado Jesualdo Ferreira, 2014)

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    Criao e manuteno de tringulos defensivos (fig. 14a) como uma referncia

    que deve orientar os ajustes posicionais defensivos, assegurando

    constantemente as coberturas defensivas.

    O mtodo defensivo escolhido a zona. Em todos os treinos est a zona e

    todos os posicionamentos defensivos (regras de ao individuais e coletivas

    que os jogadores devem cumprir) que do corpo zona (boas coberturas

    defensivas, bons equilbrios, marcamos o espao e no o adversrio, bons

    posicionamentos individuais). Referncias constantes no comportamento zonal

    (bola colega espao de jogo adversrio).

    Relativamente a bons posicionamentos defensivos, definimos posio lateral

    ou apoios laterais (nunca frontais) perante o adversrio, com este tipo de

    orientao de apoios, quando o passe entra mais fcil de dominar at porque

    j estou em movimento.

    Com o oponente em posse de bola, a nossa equipa baixa para um bloco

    mdio, tentando orientar o jogo adversrio para jogo exterior (fig. 14a), quando

    a bola entra no DL ou EXT, a bola fica pressionada (fechada), a equipa assume

    uma atitude mais pressionante sobre o CRL, impedindo VCJ pelo CRC (fig.

    14a).

    Com a bola em posse dos DC e aberta, a equipa adota um posicionamento

    zonal compacto entre linhas que impea o adversrio jogar dentro da nossa

    estrutura (fig. 15).

    Figura 15 Modelo de jogo SCB: Posicionamento zonal compacto

    O bloco defensivo dever oscilar entre um posicionamento mais subido ou

    mais recuado no terreno de jogo, orientado coletivamente e individualmente por

    estmulos identificados por todo o grupo (passe atrasado, bola a ser disputada

    no ar, adversrio a receber a bola de costas para o jogo). Nestas tomadas de

    deciso do bloco defensivo, tem especial importncia quando se encontra

    aberta ou fechada, ou seja, quando o portador da bola tem ou no

    possibilidade de verticalizar o jogo da sua equipa.

    Sempre que a bola esteja sem presso (aberta) a zona e os posicionamentos

    mais profundos devem estar mais presentes, para evitar a utilizao da equipa

    adversria de espaos mais profundos.

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    Figura 16 Modelo de jogo SCB: Oscilao do bloco em funo de bola aberta ou

    fechada

    Por norma os mdios defendem fora da rea (fig. 17) e, de preferncia,

    respeitando as referncias posicionais (o tringulo) entre os trs jogadores do

    meio campo. Estando, ao mesmo tempo (1) preparados para a segunda bola e

    (2) depois tentar fazer a transio. A exceo a esta regra diz respeito a

    necessidade de acompanhamento de movimentos de rutura (A na fig. 17) dos

    adversrios que ocupam as zonas de responsabilidade defensiva dos mdios

    do SCB. Esta a um dos nicos momentos, que h necessidade de marcao

    individual, acompanhar at ao fim os movimentos de rutura (seta azul na fig.

    16) afim de no surpreender os DC com estes movimentos. Nestes momentos

    os outros dois mdios efetuam os ajustes necessrios para manter o equilbrio.

    J a resposta, coletiva e individual, perante outros movimentos dos adversrios

    que no de rutura, dever ser de manuteno posicional, contemplando o

    acompanhamento dos adversrios pelos jogadores responsveis pela zona

    onde eles se encontram at entrarem na zona de responsabilidade de outro

    jogador, sendo ativados os sistemas de coberturas e equilbrios defensivos,

    tendo em conta referncias posicionais, nomeadamente o que designamos

    tringulos defensivos (fig. 14a).

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    Figura 17 Modelo de jogo SCB: Posicionamentos defensivos dos mdios

    Transio ofensiva

    Princpios gerais:

    Dois pontos importantes na transio: (1) diminuir o tempo de transio e (2)

    controlar o jogo. Portanto, ao diminuir o tempo, deveremos ter sempre, o

    controlo do jogo. A situao exige uma tomada de deciso entre (1) ataque

    rpido ou (2) ataque posicional. Exige aprender a observar e o compreender o

    jogo, elegendo a melhor resposta para cada situao no queremos dar a

    bola ao adversrio para ele atacar novamente.

    Constante incidncia na tomada de deciso: aps ganhar a bola, decidir para a

    frente, decide permanentemente para atacar, aqui sobressai um aspeto muito

    treinado: recees orientadas, recees para a frente.

    Esta ao ttica individual (mesmo sob presso) crucial, porque se no

    momento da recuperao o jogador (4 na fig. 18) recebe com a cara para trs e

    joga para B (fig. 18), perdemos tempo e espao. Se o mesmo jogador recebe

    com a cara para a frente (zona cinzenta na fig. 18) com o campo visual

    representado, pode jogar para C (fig. 18) ou VCJ para 2 ou 3.

    Figura 18 Modelo de jogo SCB: Recees orientadas (adaptado Jesualdo Ferreira,

    2014)

    A

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    Na organizao defensiva, existem 5 a 6 jogadores que esto em dupla

    posio, posio de cobertura defensiva e equilbrio e posio para 1 ao

    ofensiva. No momento que ganhamos a bola, temos jogadores nos trs

    corredores (1, 2 e 3 na fig. 19) temos a maior largura possvel (3 na fig. 19), um

    jogador livre (JL na fig. 19) para poder receber fora de presso e tomar a

    melhor deciso. Os 3 avanados devero assumir tarefas, conquistar espaos

    e fazer uma adequada gesto do tempo.

    Figura 19 Modelo de jogo SCB: Jogadores melhor posicionados para atacar no

    momento da recuperao da bola (adaptado Jesualdo Ferreira, 2014)

    Figura 19a Modelo de jogo SCB: Jogadores melhor posicionados para atacar no momento da recuperao da bola (real)

    Ganhar a bola por presso ou por interceo implica comportamentos

    diferentes:

    - Um jogador ganhou a bola por presso e ficou com a bola dominada

    progredir (a equipa adversria perdeu um elemento); Temos que os matar,

    isto , provavelmente do lado da bola, no vai aliviar a carga, se levar a bola e

    jogo para o outro lado deixar de provocar o erro. Este movimento obriga a

    duas coisas, mobilidade da nossa equipa e resposta do adversrio a essa

    mobilidade, com uma dificuldade, os adversrios (zona A na fig. 20) passam a

    estar alerta e no podem tomar decises erradas.

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    Se em vez de fazer isto, voltar para trs, a estrutura B (fig. 20) mantm-se

    imvel e expectante.

    Figura 20 Modelo de jogo SCB: Ganho por presso (adaptado Jesualdo Ferreira,

    2014)

    - Ganhei a bola por uma interseo pensar, decidir bem, no perder (a

    equipa adversria mantm a estrutura). Consegui intercetar (2 na fig.21) um

    passe de 1 (fig. 21), mas ele no perdeu posio. A equipa adversria est

    fechada, mantm os quatro defesas, os trs mdios e ns os trs avanados.

    Temos de ler bem a situao quando no se cria as duas coisas fundamentais

    numa transio, tempo e espao, ento muitas vezes temos de jogar no

    controlo, ficar com a bola.

    Figura 21 Modelo de jogo SCB: Ganho por interceo (adaptado Jesualdo Ferreira,

    2014)

    4.1.3. Organizao fixa

    Nos esquemas tticos ofensivos, iremos colocar os posicionamentos de base, com

    inmeras variantes, mas em que tem sempre como objetivos a ocupao das 3

    zonas de finalizao (salvo questes estratgicas a mudar por fragilidade /poder

    adversrio).

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    Esquemas tticos: Cantos ofensivos

    Os posicionamentos bsicos pr-estabelecidos nos cantos ofensivos: 5 jogadores na

    rea, 1 a bater, 1 fora da rea e 3 atrs, em que os jogadores que se encontram nos

    CL podem se envolver no canto curto (fig.22). Comportamentos distintos tambm em

    funo da marcao da equipa adversria: zona ou HxH.

    Figura 22 Modelo de jogo SCB: Esquemas tticos Cantos ofensivos

    Esquemas tticos: Livres laterais ofensivos

    Figura 23 Modelo de jogo SCB: Esquemas tticos Livres laterais ofensivos

    Os posicionamentos bsicos pr-estabelecidos nos livres laterais ofensivos: 4/5

    jogadores na rea, 1 a bater com apoio do LT para combinao, 1 fora da rea e 3

    atrs em que os jogadores que se encontram nos CL podem envolver e criar situao

    de 3x2, obrigando a tirar um jogador da zona/rea adversria (fig.23).

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    Esquemas tticos: Cantos defensivos

    Figura 24 Modelo de jogo SCB: Esquemas tticos Cantos defensivos

    Os posicionamentos bsicos pr-estabelecidos nos cantos defensivos: 7 homens na

    zona (fig. 24), mais aberta ou fechada em funo se o canto batido aberto ou

    fechado. Dois homens no bloqueio aos jogadores mais fortes adversrios nestas

    situaes e um (mais o homem da zona 2) atento a combinaes de canto curto.

    Esquemas tticos: Livres laterais defensivos

    Figura 25 Modelo de jogo SCB: Esquemas tticos Livres laterais defensivos

    Defendemos os livres laterais zona. Numa percentagem quase mxima, as

    trajetrias principais da bola esto representadas pelas setas a vermelho (fig. 25).

    Portanto o objetivo fechar as duas diagonais (as zonas A e B na fig. 25), partindo de

    uma linha inicial (jogadores na fig. 25) para uma final, representada pelas bolas azuis

    (fig. 25). A partir do momento que os adversrios podem entrar, os meus jogadores

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    deixam de ficar em linha, passando a uma diagonal, tentando evitar ao mximo, a

    colocao de adversrios dentro da nossa linha.

    Os posicionamentos bsicos pr-estabelecidos nos cantos defensivos: 7 jogadores em

    zona, em que os ltimos 5 fazem a diagonal, os primeiros 2 mantm posio. 1 ou 2

    jogadores na barreira e possveis combinaes e, 1 fora da rea.

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    CAPTULO III Modelo de Preparao

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    5. Modelo de treino

    O modelo de jogo conceptualizado necessita de um modelo de treino congruente e

    especfico que o operacionalize. Para tal, h necessidade de se treinar como se

    estivesse em competio, ou seja de selecionar e recriar cenrios similares aos que

    ocorrem na competio ao nvel das componentes estruturais volume, intensidade,

    densidade e frequncia e das condicionantes estruturais regulamento, espao,

    ttico-tcnica, tempo, nmero e instrumentos assim como estimular o

    desenvolvimento de atitudes e aperfeioamento de comportamentos promovidos pela

    utilizao dos diferentes mtodos de treino (Castelo, 2014).

    Quanto maior o grau de congruncia do modelo de treino, por intermdio da opo por

    metodologias especficas entre as que esto disposio do treinador, e o modelo de

    jogo, conceptualizado por este, maiores sero as possibilidades para uma superao

    constante dos jogadores e da equipa (Castelo, 2014).

    Para isto resulta fundamental que o modelo de jogo seja reproduzido de forma

    sistemtica pelo modelo de treino, sendo por este representado sempre que possvel,

    e servindo como guio opo e sequenciao pelos diferentes mtodos de treino no

    planeamento das sesses e microciclos de treino (Castelo, 2014).

    Castelo (2014) refere mesmo que desta constatao no se deve inferir a absoluta

    opo por metodologias de treino especficas, mesmo que estes proporcionem uma

    maior adaptao e consequentes desempenhos superiores em competio, isto

    porque momentos havero em que os mtodos de treino podero ser optados com

    vista ao aperfeioamento de um determinado gesto tcnico, por exemplo o passe, ou a

    execuo de um esquema ttico, como um pontap-de-canto ofensivo, ou o

    desenvolvimento de uma capacidade condicional, como por exemplo a resistncia.

    Mas como se verifica e constata ento a maior ou menor especificidade de um mtodo

    de treino?

    Esta funo do grau de semelhana com o modelo de jogo conceptualizado pelo

    treinador, sendo que daqui resulta que a cada modelo de jogo conceptualizado

    corresponder um modelo de treino especfico para o operacionalizar (Castelo, 2014).

    Tal como referimos para a conceo de um modelo de jogo, deste derivar a

    necessidade de conceptualizao e operacionalizao de um modelo de treino que

    fora o treinador a priorizar de forma eloquente o que deve treinar, quando e atravs

    de que cenrios, e com que nvel de complexidade (Castelo, 2014).

    Sendo o modelo de jogo o referencial do modelo de treino, o