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SEGUNDA-FEIRA, 04 DE FEVEREIRO DE 2013

Sumário

➔ Analistas esperam reação modesta da produção industrial➔ Combustíveis podem mudar nível de superávit comercial, dizem analistas➔ Receita argentina endurece táticas de arrecadação fiscal➔ A economia com os juros foi usada para elevar o custeio➔ Gás barato e abundante leva Nucor de volta a Louisiana➔ Múltis disputam mercado com brasileira➔ AB Inbev vai brigar para comprar Grupo Modelo➔ Trading americana oferece US$ 148 milhões por Floralco➔ Fundos terão mais de R$ 9 bilhões para projetos de infraestrutura➔ Fundo local tira R$ 4,3 bi da bolsa➔ Aperto monetário pode impulsionar bolsas nos EUA➔ 'Descolamento entre CDI e Selic pode ajudar o governo na desindexação'➔ Empresas de commodities perdem espaço no portfólio➔ Escolher errado no início da carreira pode comprometer o futuro➔ Cofins incide sobre juros de restituição fiscal➔ A estimativa para o dólar, no entanto, diminuiu, segundo blotim Focus do BC➔ Após reajuste, Petrobras perde espaço nas carteiras de ações

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Analistas esperam reação modesta da produção industrial

Depois de um desempenho sofrível em 2012, a indústria manteve seu nível de produção no último mês do ano em relação a novembro, feitos os ajustes sazonais, resultado melhor que a queda esperada pelo mercado, mas que não trouxe perspectivas mais favoráveis à retomada modesta projetada para 2013.

Se no ano passado os principais determinantes do recuo de 2,7% da produção, pior resultado desde 2009, quando o setor sofreu um tombo de 7,4%, foram a deterioração do investimento, estoques elevados, dificuldade para exportar e o aumento do nível de endividamento das famílias, entre outros, os economistas acreditam que neste ano medidas mais horizontais tomadas pelo governo ajudarão o setor a se recuperar. Essa reação, no entanto, ainda deve ser irregular, já que o cenário externo segue desafiador e ainda há incertezas que podem atrapalhar a evolução do setor de bens de capital.

Ao cair 0,8% na passagem de novembro para dezembro, essa parte da indústria marcou sua quinta retração mensal consecutiva. No ano, recuou 11,8%, pior resultado entre as quatro categorias de uso pesquisadas pelo IBGE.

Para Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores, um acúmulo excessivo de estoques prejudicou os fabricantes de bens de capital no último mês do ano, já que as vendas de caminhões e ônibus reagiram e os desembolsos do BNDES também aumentaram no período. Segundo sondagens da FGV, o setor de bens de capital é o único que ainda sofre com excesso de mercadorias paradas, nota Nishida, mas essa situação já está se ajustando e, à medida que os estoques forem queimados, a produção deve voltar com mais fôlego, porque medidas para destravar o investimento foram tomadas.

O analista da LCA também destaca o comportamento ruim do segmento de bens duráveis, que, a despeito do último mês com IPI reduzido para automóveis, encolheu 0,5% ante novembro, com queda de 1% em veículos automotores. Ele aponta que o consumo de carros ficou mais concentrado no terceiro trimestre, mas também contribuíram para o resultado ruim da atividade industrial do setor em dezembro a paralisação na fábrica da Renault e a não incorporação pelo IBGE da produção das novas fábricas de montadoras asiáticas.

Segundo Flávio Serrano, do BES Investimento, o primeiro semestre ainda deve mostrar um desempenho "moroso" da indústria porque, apesar de um crescimento mais espalhado entre outros ramos, o segmento de veículos crescerá a taxas bem mais modestas com a volta gradual do IPI. "O ciclo de bens duráveis está acabando e esse modelo de crescimento está se esgotando", diz.

O analista Fabio Ramos, da Quest Investimentos, projeta que a produção industrial terá expansão de 3% frente a 2012, com desempenho um pouco melhor das exportações e "o fim da fase da queda do investimento", mas com alguma ressaca no setor de bens duráveis, provocada pela retirada dos incentivos e a antecipação de consumo observada em 2012.

Serrano, do BES, trabalha com alta entre 3% e 3,5% da produção, mas avalia que a posição mais

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intervencionista do governo ainda pode atrapalhar a volta esperada para o investimento e é um risco importante a esse cenário.

Ajudarão na alta de 3,5% estimada para a indústria em 2013, diz Nishida, da LCA, a fraca base de comparação de 2012, o câmbio em nível mais depreciado, ainda que tenha havido uma pequena valorização, estoques mais ajustados, à exceção do setor de bens de capital, e todas as demais medidas tomadas pelo governo para incentivar o setor, tais como a redução das tarifas de energia e a desoneração da folha de pagamento. "Mas uma deterioração adicional do cenário externo ainda representa um risco à retomada".

Para janeiro, os analistas ouvidos ainda não fizeram suas projeções para a produção porque indicadores antecedentes importantes, como o dado de produção de veículos da Anfavea, não foram divulgados, mas há a percepção de que a indústria pode voltar para o terreno positivo, já que a confiança do empresariado seguiu em alta no primeiro mês do ano e Índice de Gerentes de Compras do HSBC referente a janeiro mostrou aumento de novas encomendas.

Fonte: Valor/Comunicação SetorialSumário

Combustíveis podem mudar nível de superávit comercial, dizem analistas

O anúncio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior de que até março haverá registro de US$ 2,9 bilhões adicionais de combustíveis desembarcados em 2012 não muda as tendências de importação e exportação projetadas pelos economistas, mas deve alterar a expectativa do nível de superávit comercial para o ano.

Em janeiro o Brasil ficou com déficit comercial de US$ 4,04 bilhões, recorde para o mês desde 1993. As exportações caíram 1,1% em relação a janeiro de 2012 pelo critério de média por dia útil. Puxado pelos combustíveis, porém, a elevação das importações é que foi decisiva para o recorde do déficit.

As importações em janeiro subiram 14,6%. A compra de combustíveis teve no mesmo período elevação de 55,7%, totalizando US$ 4,07 bilhões. Dentro dessa conta estão US$ 1,6 bilhão em importações de combustíveis feitas no terceiro trimestre de 2012, que foram contabilizadas apenas agora.

Esse descompasso é resultado de uma alteração feita em julho em norma da Receita. Segundo Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior, a Petrobras informou que ainda faltam US$ 2,9 bilhões em operações de importação de combustíveis que serão contabilizadas nos dados da balança comercial de fevereiro e março. Por isso é possível que esses meses continuem com déficit. Ainda assim, diz, a expectativa é de superávit para o ano.

Fabio Sileira, da RC Consultores, também acha que a contabilização tardia dos desembarques de combustíveis não deve afetar a tendência da balança. Ele diz, porém, que vai esperar mais alguns meses para rever as projeções. Atualmente, a consultoria tem a previsão de superávit de US$ 10 bilhões.

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"É possível que façamos os recálculos de saldo comercial. Já sabíamos que havia o carregamento desses desembarques para este ano, mas não tínhamos informação de quanto era isso", diz Silvio Campos Neto, da Tendências. Pela última projeção, a Tendências estima superávit de US$ 15 bilhões.

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior, diz que a sua estimativa de US$ 14,6 bilhões de saldo positivo para 2013 já contabiliza os desembarques de combustíveis realizados em 2012. Para ele, porém, o valor em defasagem é maior. Em suas projeções, ele levou em consideração US$ 6 bilhões em desembarques de combustíveis não registrados em 2012.

"Os combustíveis atrasados vão afetar o resultado final do ano, mas o importante é analisar a dinâmica estrutural da nossa balança. Desaquecimento das economias desenvolvidas, excesso de manufaturados asiáticos, indústria nacional com pouca competitividade e mercado interno com crescimento alto compõem esse quadro maior de longo prazo." (Eduardo Campos, Lucas Marchesini, Rodrigo Pedroso e Marta Watanabe)

Fonte: Valor/Comunicação Setorial SICSumário

Receita argentina endurece táticas de arrecadação fiscal

As autoridades tributárias na Grécia, onde a evasão é um esporte nacional, deveriam adotar algumas páginas do manual argentino. A segunda maior economia da América do Sul conseguiu aumentar a arrecadação de impostos federais de 16,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2002 para 31,8% em 2012, segundo dados do Centro de Implementação de Políticas Públicas para Promoção de Equidade e Crescimento, um instituto de pesquisas em Buenos Aires.

Isso põe a Argentina em pé de igualdade com países como os Estados Unidos e o Reino Unido, um feito notável para um país com uma economia informal ainda próspera. Cerca de um terço dos trabalhadores na Argentina são pagos "por baixo do pano".

Assim, talvez seja justo que Ricardo Echegaray, que comanda a Administração Federal de Receita Pública (Afip), versão argentina da brasileira Secretaria da Receita Federal, goze da distinção de ser o mais bem remunerado funcionário público do país. Seu salário líquido em 2011 foi de 1,2 milhão de pesos (cerca de US$ 241 mil), cerca de quatro vezes maior do que o da presidente Cristina Fernández de Kirchner.

Sentado em seu escritório num prédio dos anos 1930, com vista para a Plaza de Mayo, um marco em Buenos Aires, Echegaray expõe prazerosamente o papel central da sua agência. "A Argentina não está, atualmente, tomando empréstimos no exterior", diz o ex-oficial da Marinha. "Nessa condição, não haveria políticas de Estado sem a cobrança de impostos. O governo argentino inteiro necessita uma agência como a Afip para funcionar".

A evolução da Afip, que se converteu em uma das agências arrecadadoras de impostos mais eficientes na América Latina é ainda mais notável considerando sua reputação de apadrinhamento e nepotismo. Uns poucos vestígios dos velhos tempos persistem. O cargo de coletor de impostos é

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parcialmente hereditário.

Seguindo uma prática consagrada em 1973 por um acordo com um sindicato, a agência deve tentar contratar a viúva ou o filho de um agente que morra em serviço. Um porta-voz da Afip diz que apenas uma em 30 vagas é preenchida dessa maneira hoje em dia.

O crescimento da arrecadação tributária na Argentina é, em parte, devido à expansão acelerada da economia na esteira da desvalorização em 2002 e a novos impostos sobre transações financeiras e exportações. Além disso, a agência utilizou recursos tecnológicos de forma criativa.

Pouco mais de uma década atrás, a agência começou a fazer um cruzamento de registros dos agricultores contra as imagens de satélites para se certificar de que eles não estavam subnotificando suas propriedades agrícolas ou plantações, um programa que, diz a Afip, gerou 138 pesos em imposto de renda não declarada para cada peso investido.

Graças à implantação de um sistema de computador quase panorâmico, "eles hoje têm informações sobre os contribuintes na forma de propriedades, carros, investimentos, depósitos bancários e gastos via cartões de crédito", afirma José Arnoletto, presidente do Conselho Profissional de Ciências Econômicas da Província de Córdoba.

Agora, com a desaceleração da economia - o crescimento caiu para 1,8% no ano passado, dos 8,9% de 2011, segundo o governo argentino -, a Afip está apertando os parafusos. Em 2012 a agência começou a mobilizar cães farejadores de dólares nas fronteiras para impedir a fuga de capital. A partir de janeiro, os comerciantes argentinos que vendem artigos de segunda mão terão de registrar seus estoques junto à Afip.

De maneira mais controversa, a agência usou dados que recolhe do contribuinte para atacar críticos do governo. "O que aconteceu nos últimos seis meses é que a Afip está modificando as regras para afetar grupos específicos e indivíduos específicos", diz Claudio Loser, um economista argentino no Diálogo Inter-Americano, em Washington. "Eles estão usando-a como uma ferramenta política autoritária."

Em agosto, o cineasta argentino Eliseo Subiela reclamou em sua página do Facebook que a Afip não aprovara seu pedido de compra de moeda estrangeira para viajar a Lima. Vários dias depois, Echegaray disse a um canal de notícias de TV que o pedido de Subiela fora recusado porque sua situação fiscal não era "transparente" nem "regular". O diretor da Afip observou que o cineasta tinha encaminhado seu formulário estimando sua renda anual na irrisória faixa de 10 mil pesos.

"Primeiro, fiquei surpreso. Depois, amedrontado", afirma Subiela, relatando que a Afip mandou fiscais à sua escola de cinema para promover uma auditoria. Referindo-se à descrição de Echegaray sobre seus impostos, Subiela acrescenta: "O que Echegaray diz é falso, ou, pelo menos, constitui um erro".

A Argentina tem uma lei de sigilo fiscal que restringe os dados dos contribuintes que podem ser divulgados publicamente. O caso Subiela faz parte de um padrão, diz Arnoletto. "Se alguém fala mal do governo, seus dados [tributários] aparecem na imprensa, o que é uma violação da lei de sigilo fiscal". Esse tipo de incidentes podem minar os grandes avanços promovidos pela Afip na última década, diz Alberto Abad, que dirigiu a agência de 2002 a 2008, deixando-a após um

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desentendimento público com Echegaray.

"A contrapartida de dispor de toda essa informação é a obrigação da autoridade tributária de cumprir a lei do sigilo fiscal. É a única coisa que legitima o cobrador de impostos", diz ele. "Quando isso não acontece, torna-se o pior inimigo do povo".

Echegaray dá de ombros para a polêmica, dizendo Afip agiu corretamente em sua relação com Subiela. "Se a lei permite, não precisamos justificar coisa alguma", diz Echegaray.

Fonte: Valor/Comunicação SetorialSumário

A economia com os juros foi usada para elevar o custeio

Ofuscada pelos truques e artifícios contábeis utilizados pelo governo para fechar suas contas no fim do ano passado, uma boa notícia na área fiscal passou despercebida: os gastos com o pagamento de juros da dívida pública caíram muito em 2012, em comparação com o ano anterior, como resultado da redução continuada da taxa Selic pelo Banco Central.

A despesa do setor público com juros diminuiu de 5,71% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 para 4,85% do PIB no ano passado - uma expressiva redução de 0,86 ponto percentual do PIB ou R$ 22,8 bilhões. A economia com juros foi maior do que o gasto no ano passado com o Bolsa Família, principal programa social do governo.

Este é um fato notável. Aos poucos, em ritmo às vezes considerado lento por alguns, a taxa real de juros brasileira vai se aproximando dos padrões internacionais e o gasto do setor público com o serviço de suas dívidas vai se tornando um peso menos opressivo para os contribuintes.

É importante não esquecer que a despesa com juros chegou a superar 9% do PIB na década passada, o que colocava o Brasil como um triste caso a despertar a curiosidade das demais nações. Essa é uma distorção que começa a ser corrigida.

A queda do pagamento de juros abriu um espaço considerável nas contas públicas, mas não se refletiu no principal indicador fiscal, que é o resultado nominal - critério utilizado pelos países desenvolvidos e por quase todos os emergentes, pois considera todas as despesas, inclusive as financeiras. O déficit nominal do setor público brasileiro saiu de 2,61% do PIB em 2011 para 2,47% do PIB no ano passado - uma redução de apenas 0,14 ponto percentual do PIB.

O déficit nominal nada mais é do que a despesa com juros menos o superávit primário. Se a despesa com juros caiu muito e não houve diminuição expressiva também do déficit nominal, a explicação é que o superávit primário foi reduzido.

Dito de uma maneira mais simples: o resultado fiscal registrado em 2012 mostra que a economia feita com a redução dos pagamentos de juros foi usada pelo governo para pagar outras despesas primárias.

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A meta de superávit primário do setor público para 2012 era de 3,1% do PIB. O resultado obtido foi equivalente a 2,38% do PIB, segundo informou o Banco Central na semana passada. Mas se dessa conta forem excluídos os R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano do Brasil (FSB) - usados para aumentar o superávit do governo federal, o superávit efetivo ficou em 2,1% do PIB estimado para o ano passado. Ou seja, o resultado fiscal ficou um ponto percentual do PIB abaixo da meta. O superávit primário caiu porque o governo elevou as despesas primárias.

A questão agora é saber em que foi usada a economia com os juros das dívidas. O economista Mansueto Almeida, em seu blog na internet, conta que a despesa primária federal cresceu de 17,52% do PIB em 2011 para 18,24% do PIB no ano passado - uma elevação de nada menos do que 0,72 ponto percentual do PIB.

O aumento, sempre em comparação com o PIB, ocorreu, segundo o economista, nas despesas com o INSS, com gastos sociais (transferências de renda, como o programa Bolsa Família, a Lei Orgânica de Assistência Social etc.), saúde e educação e o que ele chama de custeio administrativo, onde inclui os gastos com os subsídios do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) e com as despesas de passagens aéreas dos servidores, entre outros.

Os investimentos em 2012 (excluindo desse conceito as despesas com o programa Minha Casa Minha Vida, considerado gasto de custeio) caíram, segundo Mansueto, em comparação com o PIB. Em 2011, os investimentos ficaram em 1,15% do PIB e, no ano passado, em 1,09% do PIB.

Ou seja, o espaço fiscal aberto pela queda da despesa com o pagamento de juros não foi ocupado pelos investimentos em infraestrutura, tão essenciais para a retomada do desenvolvimento. O mais preocupante é que o aumento das despesas, na maioria dos casos, tem caráter permanente, o que significa que o espaço fiscal já foi definitivamente ocupado.

Fonte: Valor/Comunicação SetorialSumário

Gás barato e abundante leva Nucor de volta a Louisiana

Em 2004, a produtora de aço Nucor comprou uma fábrica perto dos pântanos infestados de crocodilos da Louisiana, desmontou a fábrica e despachou-a em balsas para Trinidad e Tobago. Em meados deste ano, depois de quase dois anos de obras, ela vai inaugurar o mesmo tipo de fábrica no mesmo lugar, num investimento de US$ 750 milhões.

Por que isso aconteceu? O gás natural, que é crítico para a operação dessas fábricas da Nucor, era barato em Trinidad. Agora, ele de repente tornou-se abundante e relativamente barato nos Estados Unidos, graças à tecnologia do fraturamento hidráulico, ou "fracking", um processo para retirar gás natural de extensas formações de xisto, que derrubou os preços.

O fracking continua sendo polêmico devido aos temores de que a técnica poderia contaminar lençóis freáticos. A EPA, agência reguladora do meio-ambiente nos EUA, ainda não se posicionou sobre a questão.

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O gás natural mais barato deu vigor a muitas áreas do país e da economia. As empresas de químicos e fertilizantes, que usam o gás como combustível e também matéria-prima, afirmam que os preços menores reduziram custos e tornaram os EUA um local mais competitivo para a indústria. A Dow Chemical e a Chevron Phillips Chemical Company já anunciaram planos de construir fábricas de milhões de dólares no Texas, Luisiana e outros Estados americanos. As indústrias que fazem uso intensivo de energia, como a de vidro e alumínio, podem cortar custos, enquanto fabricantes de tubos e brocas se beneficiam da nova demanda doméstica no setor petrolífero.

O gás natural abundante também fez com que certos processos, considerados desvantajosos economicamente há alguns anos, virassem agora viáveis e lucrativos.

O projeto da Nucor em Louisiana, perto de fábricas de produtos químicos e de uma das 700 cidades da reserva ambiental dos pântanos, é um exemplo. A fábrica usa gás natural para extrair o oxigênio do minério de ferro e produzir pellets de alta pureza. Esses pellets, pequenas bolas metálicas chamadas de ferro reduzido direto - ou DRI, na sigla em inglês podem ser misturados com sucata e fundidos para fazer aço, a um custo menor do que usando só sucata. Aos preços correntes do gás, o DRI pode gerar pellets de ferro a um custo de US$ 260 a US$ 280 a tonelada. A sucata de aço é hoje vendida por cerca de US$ 390 a tonelada.

Quando concluída, a fábrica marcará o retorno desse tipo de indústria - a última fábrica de DRI deixou os EUA em 2009 - e será a segunda maior do tipo no mundo, depois de uma no Irã. A unidade de DRI da Nucor em Louisiana vai processar 2,5 milhões de toneladas de pellets por ano, comparada a uma capacidade máxima inferior a 2 milhões de toneladas de outras cem fábricas ao redor do mundo (a do Irã tem uma capacidade de 3,2 milhões de toneladas anuais).

"Isso é maior que qualquer coisa que já vimos nos EUA", disse Chuck Bradford, analista da Bradford Research. "É uma aposta imensa no gás."

Outros estão fazendo apostas semelhantes. A Midrex Technologies, que faz fornos de DRI, afirmou que há planos para mais duas ou três fábricas nos EUA. O diretor-presidente da U.S. Steel , John Surma, disse que a empresa está cogitando construir uma fábrica de DRI. "É possível que tenhamos algo para anunciar este ano", disse ele.

A produção atual de DRI é de cerca de 73 milhões de toneladas, contra 45 milhões de toneladas dez anos atrás. A tecnologia é amplamente usada em países onde o gás natural é barato, como os do Oriente Médio.

A Nucor, originalmente parte de um conglomerado que incluiu o fabricante do primeiro Oldsmobile, produz aço em fornos elétricos a arco, verdadeiros caldeirões de fundição gigantes, e usa sucata de aço de carros e trilhos ferroviários como principal ingrediente. Isso pode torná-la mais vulnerável a flutuações no preço da sucata que as concorrentes U.S. Steel e ArcelorMittal, que produzem aço fundindo materiais brutos como minério de ferro, carvão e calcário.

A Nucor conseguiu criar uma empresa mais enxuta que as fabricantes tradicionais, graças em parte à alta produtividade e a uma força de trabalho menor. Na semana passada, a Nucor divulgou um lucro trimestral de US$ 136,9 milhões, ou 43 centavos de dólar por ação. A U.S. Steel e a AK Steel Holding registraram prejuízo.

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Quando o preço da sucata disparou no começo dos anos 2000, acompanhando o boom da economia mundial, a Nucor comprou a fábrica de DRI de Louisiana para reduzir o volume total de sucata requerido. Ela transportou a fábrica para Trinidad, onde os custos eram menores.

Pouco antes da crise financeira de 2008, o preço do gás natural ultrapassou os US$ 12 o milhão de unidades térmicas britânicas (BTU). Depois da crise, o preço caiu para menos de US$ 5 o milhão de BTUs. "Sabíamos que seria uma tolice não aproveitar isso", disse Dan DiMicco, diretor-presidente da Nucor na época, que se aposentou no fim de 2012.

Fonte: Valor/Comunicação SetorialSumário

Múltis disputam mercado com brasileira

Vaupel, CEO mundial da Guardian, disse que a empresa está atenta a possibilidades de aquisições na região. "O Brasil é um país cheio de oportunidades"O mercado brasileiro da indústria de vidro está prestes a mudar o perfil. Até agora, o que era um espaço dominado por duas multinacionais, passará a quatro. As novas entrantes aceleram planos e as empresas tradicionais defendem suas posições. Todas com a expectativa de que a demanda no país continuará em alta nos próximos anos.

O grupo japonês AGC, também conhecido como Asahi Glass, é um dos principais fornecedores no mundo, nome reconhecido em vidro para construção civil, espelhos e vidros para automóveis. Está chegando atrasado no Brasil, fato admitido pelo presidente do grupo no país, Davide Cappellino, mas em tempo de incomodar os concorrentes que aqui se instalaram há um longo tempo.

Em entrevista ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, o executivo disse, todavia, que a AGC está preparada para entrar com força no país. A fábrica, que está em fase final de montagem em Guaratinguetá (SP), com capacidade de produzir 600 toneladas de vidro por dia, vai iniciar operação em julho.

"Vamos contar com tecnologia de ponta", afirmou Cappellino. Além da fabricação de vidros planos e conjuntos automotivos, a companhia planeja adiantar a produção de espelhos para agosto ou, no máximo, setembro, informou o executivo. "É uma linha muito importante para nós, temos um produto que é referência no mundo". Antes, o planejamento era trazer a fabricação de espelhos entre 2014 e 2015.

O executivo não forneceu números do investimento adicional para a instalação da linha de espelhos. Ele afirmou, contudo, que o desembolso na primeira fase de instalação da fábrica chegam a R$ 1 bilhão (US$ 500 milhões). No anúncio inicial feito pelo grupo, a estimativa de investimento para a primeira fase da unidade era de US$ 470 milhões.

No ano passado, o presidente global da AGC, Kazuhiko Ishimura, já havia informado ao Valor a intenção de fazer uma segunda rodada de investimentos, duplicando a capacidade da fábrica. Essa segunda rodada, porém, não tem data para acontecer.

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A principal aposta da AGC é o renome da marca, além de buscar trazer qualidade no atendimento ao cliente, alega a empresa. Cappellino citou um método de embalagem do vidro que a empresa trará da Europa, feito "por cavaletes", no termo técnico, que pode cortar pela metade os custos logísticos do cliente referentes ao recebimento do produto.

A outra novata no setor é a Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP), controlada do grupo pernambucano Cornélio Brennand e comandada por Paulo Drummond. A expectativa do mercado é grandes em relação CBVP. Drummond tem fama de experiente no ramo, pois atuava com a Companhia Industrial de Vidros (CIV), especializada em vidros para embalagens (de bebidas, remédios e alimentos), e pela habilidade como vendedor. Vendeu a CIV em 2010 para a americana Owens-Illinois por cerca de R$ 600 milhões.

Drummond conta ainda com o peso do nome Brennand. O grupo pernambucano já atua nos setores de empreendimentos imobiliários e de geração de energia, está entrando no mercado de vidro e também na fabricação de cimento, em parceria com a Queiroz Galvão. Por outro lado, será um desafio entrar em um mercado que, em todo o mundo, é bastante fechado entre poucas fabricantes tradicionais - AGC, Saint-Gobain, Guardian e Pilkington.

A fábrica da CBVP está sendo erguida em Goiana (PE), com capacidade prevista de 900 toneladas ao dia, e começará a produzir, no mais tardar, em agosto, disse Drummond ao Valor. A empresa já havia anunciado também o plano de adiantar a linha de fabricação de espelhos. Os investimentos nessa primeira unidade já ultrapassam R$ 800 milhões.

O grupo planeja, ainda, montar outra fábrica, também em Goiana, de vidros para carros, que levará o nome de Companhia Brasileira de Vidros Automotivos (CBVA). Pretende também erguer uma segunda unidade de vidros planos, a ser instalada no Sudeste.

O mercado de vidros para automóveis é, contudo, ainda mais fechado para novas fabricantes e o planejamento, nesse caso, é cauteloso. Drummond está em conversas com duas empresas internacionais a fim de encontrar um parceiro tecnológico e societário para esse segmento. "Nossa intenção é ter essa unidade operando até o fim de 2014, mas por enquanto é intenção. Depende dessa parceria". A unidade no Sudeste é um plano mais distante, para 2015 ou 2016, informou.

O ritmo de investimentos é puxado por uma expectativa de crescimento no uso do vidro no Brasil. Segundo estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Vidro (Abividro), nos últimos quatro anos, o consumo brasileiro passou de 6 para 8 quilos por ano por habitante. É um ritmo bom, mas ainda pequeno se comparado a Estados Unidos, onde esse índice passa de 20, e Europa, onde, em alguns países como a Alemanha, passa de 30.

A Abividro estima que o mercado brasileiro tem potencial para chegar a 14 quilos na próxima década. Expectativa de alta que é compartilhada pelas empresas. "Hoje vemos um predomínio cada vez maior de vidro na construção civil e acho que vamos entrar em um ritmo de aplicação do vidro alucinante", disse Drummond, da CBVP.

As duas empresas consolidadas no Brasil há mais de duas décadas, a americana Guardian e a Cebrace (joint-venture da francesa Saint-Gobain com a Pilkington, controlada pelo grupo japonês NSG), não pretendem ficar atrás das novatas.

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A Cebrace é a maior em capacidade instalada no país: 3,6 mil toneladas de vidro por dia, com unidades em Jacareí e Caçapava (SP) e Barra Velha (SC). No fim do ano passado, a empresa investiu US$ 250 milhões para abrir uma nova linha em Jacareí e aumentar a produção em 900 toneladas por dia.

A Guardian, por sua vez, havia expandido suas operações em 2010. A empresa investiu, à época, R$ 375 milhões para abrir a unidade de Tatuí (SP) e em ampliações da fábrica de Porto Real (RJ).

Desde então, os investimentos por aqui haviam esfriado. No fim do ano passado, contudo, a empresa passou a ser controlada globalmente pelos irmãos Koch, grupo industrial americano que fatura mais de US$ 100 bilhões por ano e que comprou 44% da Guardian. Os Koch indicaram o executivo Ron Vaupel para a presidência da Guardian. Após assumir o cargo, no início do ano, Vaupel escolheu justamente o Brasil como primeiro destino internacional a ser visitado.

"O Brasil é um país cheio de oportunidades", disse Vaupel em entrevista ao Valor. O executivo não forneceu detalhes sobre futuros planos no país, mas afirmou que a empresa está atenta a possibilidades de aquisições na região.

Fonte: Valor/Comunicação SetorialSumário

AB Inbev vai brigar para comprar Grupo Modelo

A Anheuser-Busch InBev deve fazer de tudo para salvar sua proposta de US$ 20 bilhões para adquirir o Grupo Modelo, do México, principalmente para ganhar participação no mercado de cerveja mexicano.

O governo americano impediu na última quinta-feira a fusão, alegando que o acordo poderia "enfraquecer substancialmente a concorrência no mercado de cerveja" dos Estados Unidos.

A AB InBev, maior cervejaria do mundo, negou a acusação, argumentando que o mercado dos EUA tem muitas opções quando se trata de cerveja.

"Agora é brigar, negociar ou pular fora", disse Trevor Stirling, analista da Sanford C. Bernstein. No entanto, ele e outros acreditam que a AB InBev está secretamente adotando duas abordagens - negociando e litigando. "Minha expectativa é que haverá uma solução negociada que irá satisfazer o Departamento de Justiça", disse. A AB InBev não quis falar a respeito.

O Grupo Modelo pode ser valioso demais para a AB InBev abrir mão do negócio. Sua estratégia é ser uma cervejaria global. O acordo anunciado em junho de 2012 para adquirir os 50% da Modelo que ainda não detém lhe fortaleceria em marcas e distribuição, informou a empresa na época.

A aquisição adicionaria ao seu portfolio global de marcas uma quarta marca forte de cerveja - a Corona (as outras três são Budweiser, Stella Artois e Beck). Atualmente, a AB InBev detém cerca de 20% do mercado global em volume.

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Mais importante, porém, disse Stirling, é que o negócio abriria caminho para a AB InBev no promissor mercado mexicano, que a AB tem cobiçado devido aos dados demográficos favoráveis e a um produto interno bruto per capita que está entre os mais elevados de todos os mercados em desenvolvimento.

FONTE: Valor Comunicação SetorialSumário

Trading americana oferece US$ 148 milhões por Floralco

A trading americana Lanetrade LLC, que opera globalmente com açúcar, café e outros produtos alimentícios, fez uma oferta de US$ 148,36 milhões para comprar a usina Floralco, localizada em Flórida Paulista (SP) e em recuperação judicial desde junho de 2010. Os americanos propuseram pagar a totalidade do valor à vista.

A Floralco tem capacidade para processar 2,5 milhões de toneladas de cana por safra, mas moeu perto de 900 mil no ciclo 2012/13. A unidade pertence ao Grupo Bertolo, que tem outra usina em recuperação judicial. A unidade Piranji (SP) tem condições para moer 1,5 milhão de toneladas de cana, mas está paralisada há um ano devido a problemas financeiros.

Os recursos da venda da Floralco serão usados para o pagamento das dívidas sujeitas à recuperação do grupo Bertolo, superiores a R$ 200 milhões.

Uma assembleia de credores marcada para o dia 5 de fevereiro vai decidir entre a proposta da Lanetrade e a de outros dois grupos. Também fizeram ofertas a Asperbras Brasil, empresa do ramo de equipamentos para irrigação que também atua no cultivo de cana-de-açúcar, e a TEF Holdings, que tem mandato de fundos para investir em empresas com dificuldades financeiras.

A TEF Holdings foi fundada no ano passado por Thomas Elias Felsberg, filho do advogado Thomas Feslberg, que também advoga para a Floralco no processo de recuperação judicial.

Com escritórios nos Estados Unidos e no Brasil, a Lanetrade LLC faz negócios com arroz, frutas, sucos, soja e açúcar. A empresa foi procurada, mas não retornou o contato da reportagem.

A Asperbras propôs comprar a Floralco por R$ 120 milhões com o pagamento de R$ 20 milhões à vista e o restante em dez parcelas anuais, sendo a primeira em outubro de 2014 e a última, no mesmo mês de 2023. A companhia, que faturou R$ 600 milhões em 2012, possui em torno de 4,8 mil hectares com cana-de-açúcar no Estado de São Paulo com contrato de fornecimento para o Grupo Clealco.

"Nossos canaviais ficam a 70 quilômetros da Floralco, assim, há uma pequena sinergia. Além disso, o setor sucroalcooleiro está no nosso radar", afirma José Maurício Caldeirao, diretor da Asperbras.

O grupo cria gado no Centro-Oeste, tem um frigorífico em Araçatuba (SP) e um laticínio em Itapagipe (MG). Em Angola, entre outros projetos, desenvolve gestão de fazendas em cultivo de milho, feijão e soja.

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Para lever a Floralco, a TEF Holdings ofertou R$ 130 milhões. A proposta é pagar R$ 15 milhões à vista, R$ 15 milhões no fim da safra 2013/14 e outros R$ 100 milhões em cinco parcelas, com o vencimento da primeira em 2016.

Com base em auditoria própria e de terceiros, a TEF calcula que a Floralco trará ao seu comprador cerca de R$ 40 milhões em passivos trabalhistas não sujeitos à recuperação judicial (dívidas contraídas após a decretação da recuperação) e mais de R$ 20 milhões em passivos ambientais.

"Se a proposta da TEF for aceita, o objetivo é não interromper o ciclo produtivo da usina e gerir salários e contratos operacionais em 2013", diz Felsberg. Para isso, a compra deve ser concluída até 15 de abril, explica.

Fonte: Valor/Comunicação SetorialSumário

Fundos terão mais de R$ 9 bilhões para projetos de infraestrutura

Alvo da Darby são empresas com faturamento de até R$ 150 milhões, diz FarhatDiante do potencial de demanda de financiamento para os projetos de infraestrutura, que estima-se que devem requerer mais de R$ 1 trilhão em investimentos até 2016, os gestores de "private equity" estão preparando o lançamento de carteiras com foco nesse setor.

Estão em captação no mercado 12 fundos, que pretendem levantar pelo menos R$ 9,5 bilhões voltados para a aquisição de participação em empresas ou em projetos dos mais variados setores de infraestrutura, que incluem logística, energia, transportes e portos.

A Caixa está captando dois fundos de investimento em participação (FIPs) voltados para o setor de infraestrutura, sendo uma carteira lançada em parceria com o Banco Espírito Santo (BES), que prevê levantar R$ 500 milhões com investidores locais, e outro fundo de US$ 1 bilhão, que contará com distribuição para estrangeiros.

Outros bancos, como BTG Pactual e Santander, e gestoras tradicionais no setor de infraestrutura, caso de Angra, a americana Darby Overseas e a BRZ Investimentos, também estão estruturando fundos voltados para o setor. O BTG, por exemplo, pretende levantar R$ 1,5 bilhão com um novo fundo de private equity.

Só o pacote de concessões de ferrovias e rodovias de R$ 133 bilhões, anunciado pelo governo federal no ano passado, demandará investimento de R$ 79,5 bilhões nos próximos cinco anos. Ainda estão previstos para este ano a licitação de concessões importantes na área de aeroportos, como no caso dos terminais de Confins, em Minas Gerais, e do Galeão, no Rio de Janeiro, além da primeira etapa do projeto do trem-bala, que deve demandar no total R$ 35 bilhões.

A Mantiq Investimentos, gestora de private equity do Santander, pretende captar um segundo portfólio voltado para o setor de infraestrutura. "Diante dos tíquetes mais elevados que serão exigidos pelos novos projetos, o fundo terá que ter um patrimônio de pelo menos R$ 1 bilhão", diz

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Marcos Matioli, diretor-executivo da Mantiq. O portfólio terá flexibilidade para entrar tanto no capital dos projetos como no suporte de crédito por meio da compra de títulos de dívida.

O primeiro fundo da gestora, o InfraBrasil, lançado em 2004, possui R$ 1,2 bilhão de patrimônio e já está todo investido. A Mantiq tem interesse em participar de alguns projetos de mobilidade urbana. No setor de energia, a preferência é por projetos de biomassa e termoelétricas. "Não queremos entrar em grandes obras como Jirau e Belo Monte, que têm prazos muito longos de desenvolvimento", diz Matioli.

A gestora JG Capital, especializada em produtos estruturados, também pretende lançar um FIP voltado para o setor de infraestrutura neste mês. A ideia é captar R$ 400 milhões para investir em empresas da cadeia de produção, com faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 400 milhões. "As grandes companhias do setor de infraestrutura já estão muito caras e, por isso, optamos por focar na cadeia de fornecedores", afirma Ricardo Ribas Lima, responsável pela gestora.

A JG Capital tem identificado oportunidades no segmento de portos e ferrovias. "Estamos analisando alguns investimentos ligados ao escoamento da produção de grãos no Centro-Oeste, Norte e Nordeste", afirma Lima.

Já na área de portos, o foco é em prestadores de serviços ligados a investimentos nas vias de acesso aos terminais portuários.

O governo anunciou no fim de 2012 investimentos de R$ 54,2 bilhões no setor portuário até 2017.

A revitalização da área do porto Cais Mauá, em Porto Alegre, por exemplo, deve ser financiada por fundos. A gestora carioca NSG Capital, que faz parte do consórcio responsável pela obra, formado pela espanhola GSS e a Contern, do grupo Bertin, está estruturando dois portfólios para a construção do empreendimento, que deve demandar R$ 560 milhões.

A ideia é levantar R$ 450 milhões por meio do lançamento de um fundo imobiliário (FII) e de um fundo de participação no capital da holding. "Já estamos em fase de estruturação do fundo imobiliário, de cerca de R$ 200 milhões, que serão investidos na construção do complexo com um hotel e duas torres comerciais", afirma Paulo Lima, diretor comercial da NSG.

A conclusão da primeira etapa do projeto está prevista para 2014 e envolve a revitalização da parte portuária à margem do rio Guaíba, semelhante ao modelo desenvolvido na região de Puerto Madero, em Buenos Aires. O projeto inclui ainda um shopping center, que será construído por operador privado, e uma área de entretenimento, que será operada pela Coca-Cola.

A BRZ Investimentos também planeja participar dos novos projetos nas áreas de portos por meio da empresa LogZ, criada em 2010 para gerir os investimentos da gestora no setor de logística.

O primeiro fundo, o Brasil Logística FIP, de R$ 500 milhões, já está todo investido, e a BRZ está captando um segundo portfólio, cuja previsão é chegar a R$ 900 milhões segundo prospecto registrado na Comissão de Valores Mobiliários.

Atualmente, a LogZ detém participações em quatro empresas do setor portuário localizadas em Santa Catarina. "Vemos oportunidades nos setores de logística voltada para o transporte de cargas,

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ferroviário, portos e armazenagem", afirma Nelson Rozental, sócio-diretor da BRZ.

A gestora prefere investir em empresas responsáveis pelos investimentos no setor, como fez com a ALL em ferrovias, do que entrar diretamente em projetos. "Isso torna mais fácil o desinvestimento", diz Rozental.

A Darby também está captando um segundo fundo mezanino, que investe na compra de debêntures que podem ser convertidas em ações, com previsão de levantar R$ 450 milhões segundo apurou o Valor. O primeiro fundo, lançado em 2008 pela Darby Stratus, de R$ 387 milhões, está com 70% da carteira comprometidos, tendo investido em quatro empresas. "O fundo mezanino se provou interessante porque a saída do investimento se dá pela amortização dos papéis", diz Eduardo Farhat, diretor da Darby Private Equity. O alvo da Darby são empresas com faturamento entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões.

A Rio Bravo Investimentos também pretende lançar uma carteira de renda fixa que pode chegar a R$ 600 milhões para financiar diretamente projetos nas áreas de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, incluindo a parte de transporte urbano, afirma Fábio Okamoto, sócio-diretor da Rio Bravo. A gestora também avalia a possibilidade de montar um FIP, de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões, para investir nesses projetos.

Fonte: Valor/Comunicação Setorial

Sumário

Fundo local tira R$ 4,3 bi da bolsa

Firetti, chefe de análise da Bradesco Corretora, diz que nem mesmo o estrangeiro está francamente otimista com o paísO investidor institucional local diminuiu a fatia de ações em suas carteiras em janeiro. Até o pregão do dia 30, aplicadores grandes, como fundos de pensão, registraram saída líquida de R$ 4,3 bilhões da Bovespa. O número é o maior desde abril de 2008, quando as retiradas foram de R$ 5,5 bilhões.

Para analistas, apesar da dimensão, não é possível dizer que há uma fuga dos investidores brasileiros da bolsa. Mas os números indicam que, pelo menos neste começo de ano, o aplicador local esteve mais pessimista do que o estrangeiro, que tem saldo positivo de R$ 4,5 bilhões até o dia 30.

"O Ibovespa caiu 1,95% em janeiro afetado pela demora na recuperação da economia local e por preocupações com a inflação", comenta o chefe de análise da Bradesco Corretora, Carlos Firetti. Ele acredita que nem mesmo o estrangeiro, que tem saldo positivo na bolsa, alocou recursos apenas porque está francamente otimista com o país.

"Houve um rebalanceamento entre países e a percepção sobre o Brasil melhorou, mas está apenas menos negativa." Ele comenta que participou de reuniões com investidores estrangeiros na Europa este mês e o Brasil não é a principal aposta de nenhum investidor.

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Reginaldo Alexandre, sócio da consultoria Proxycon e presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais em São Paulo (Apimec-SP), acredita que o investidor local, depois de entrar no rali da bolsa em dezembro, quando o Ibovespa subiu 6%, aproveitou a entrada dos estrangeiros para fazer ajustes, que podem ser momentâneos. Ele também acredita que parte dos recursos tenha ido para outras modalidades de fundos rentáveis no momento, como os imobiliários.

A visão de ajuste marginal é compartilhada por Pedro Quaresma, sócio da STK Capital. Ele lembra que os ativos da indústria de fundos de pensão somavam nada menos que R$ 620 bilhões em junho de 2012. Segundo números da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), desse total, 28,3% estavam em renda variável e 62,4% em renda fixa. A fatia em renda fixa, aliás, cresceu. Em dezembro de 2011, era de 61%.

Para Quaresma, apesar da saída em janeiro, a perspectiva é positiva para o ano. Ele diz acreditar que o domínio da alocação na renda fixa deve começar a diminuir à medida que vencerem aplicações prefixadas. "Com a queda relevante dos juros em 2012, muitos fundos ganharam bastante nesse tipo de carteira", diz. "Mas, quando esses títulos forem vencendo, os novos vão oferecer taxas cada vez mais baixas, o que deve levar a migrações para a renda variável", afirma.

Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em alta de 0,99%, para 60.351 pontos, impulsionado por números melhores da economia americana. OGX subiu 1,21%, Vale PNA teve alta de 1,29% e Petrobras PN avançou 2,1%. Na semana, o índice caiu 1,33%.

Fonte: Valor Comunicação/SetorialSumário

Aperto monetário pode impulsionar bolsas nos EUA

Os PMIs (índice de gerentes de compras) relativamente bons na China e na Europa e o relatório de emprego nos Estados Unidos reforçaram o ambiente de apetite por risco na última sexta-feira e começaram a aquecer o debate sobre os efeitos que o fim do afrouxamento monetário teria sobre os mercados.

Na sexta, todos os olhos estavam voltados para o relatório do mercado de trabalho americano, que mostrou uma leve alta na taxa de desemprego, de 7,8% para 7,9%, e a criação de 157 mil vagas no setor não agrícola.

Ainda que os números tenham vindo levemente piores do que o esperado (166 mil vagas e estabilidade na taxa de desemprego), houve uma revisão que acrescentou 335 mil vagas ao ano de 2012. Além disso, em janeiro não houve mudança na população economicamente ativa e o número de "desalentados" caiu. Portanto, no cômputo geral, os números do relatório foram mais positivos do que negativos.

Se o mercado de trabalho sempre despertou total interesse do mercado, agora mais ainda porque passou a ser parâmetro para a política monetária nos EUA. Há um intenso debate acerca de quão eloquentes têm sido os sinais de recuperação da economia americana, já que isso redundará em

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algum momento no fim da expansão do balanço do Federal Reserve e em aumento nas taxas de juros.

Ninguém espera que isso ocorra no curtíssimo prazo, mas nota-se que a construção de cenários nesta linha está crescendo. Ademais, a contração de 0,1% no PIB do quarto trimestre reforçou em parte do mercado a sensação de que a recuperação pode demorar mais a engrenar, mesmo tendo ficado claro que o consumo está em firme recuperação.

O fim da política altamente acomodatícia, na opinião da maior parte dos analistas, irá começar com uma redução do passo de compras de ativos envolvido no QE, atualmente em US$ 85 bilhões ao mês entre MBS (títulos lastreados em hipotecas) e Treasuries. Quando o Fed julgar que a economia está crescendo em ritmo satisfatório, irá encerrar o programa de compras e, mais tarde, dará início ao ciclo de alta de juros.

Esse processo, na opinião do banco UBS, começará logo, no segundo semestre deste ano, com a redução do passo de compras de ativos. O término do programa, segundo os economistas da casa, ocorreria em 2014, e a primeira alta na taxa de juros, em meados de 2015, quando o banco diz acreditar que a taxa de desemprego terá atingido o nível de 6,5%.

Em relatório, o UBS faz um exercício tentando antecipar as reações do mercado de renda variável ao início desse ciclo de aperto monetário. Sob a teoria convencional, uma alta no juro implica uma queda no retorno do mercado de ações, cuja atratividade cai. O UBS, contudo, afirma que no cenário atual essa relação é invertida, pois a taxa de juros está em um nível muito próximo de zero tal que uma elevação é, na realidade, um retorno à normalidade.

Por outro lado, se a taxa de juros estiver em nível elevado, superior a 4,75%, explicam os estrategistas Stephane Deo e Ramin Nakisa, a necessidade de uma alta indica que há riscos inflacionários, o que é prejudicial ao mercado de ações. Além disso, no cenário atual de baixa inflação nos EUA, uma alta nos juros seria sinal de que as perspectivas de crescimento são positivas.

Quantificando os ganhos, o UBS estima que a primeira elevação na taxa de juros americana provocaria uma alta de 29% no S&P 500 nos 12 meses seguintes ao anúncio. Historicamente, a média de ganhos do S&P 500 após uma alta de juro é de 10%, mas há alta dispersão: de -9% a 35%. O interessante é que as maiores quedas no retorno foram observadas em cenários de juros altos, e as maiores altas, quando os juros eram baixos.

A relação entre juros e o mercado de renda variável vale também para a renda fixa. Observando as correlações históricas, os estrategistas do banco notam que uma alta do "yield" (retorno) dos papéis soberanos de 10 anos de 2% para 3% é consistente com um ganho de aproximadamente 8% em um ano no S&P 500.

A estratégia de saída do Fed não deve ser vista como negativa ("bearish") para a renda variável. Para o UBS, nas circunstâncias atuais, um aperto nas condições monetárias seria, de modo inverso, claramente positivo ("bullish") para o mercado de ações.

Fonte: Valor/Comunicação Setorial SICSumário

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'Descolamento entre CDI e Selic pode ajudar o governo na desindexação'

"Não acredito que as pessoas vão sair do fundo DI ou do CDB indexado ao DI para uma NTN-F", diz Pedro FralettiUm avanço no esforço do combate à indexação da economia, que se volta mais efetivamente para o setor privado, depende agora de um "choque" de medidas, que desestimule a emissão mas também a aplicação em ativos atrelados ao CDI de um dia. Essa é a opinião do professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da FGV, e do Insper, Paulo Fraletti.

Para ele, o elevado descolamento entre a taxa Selic e o CDI de um dia (que ontem estava em 0,16 ponto percentual) pode contribuir para desestimular as aplicações em ativos indexados ao CDI. E isso poderia explicar o fato de o Banco Central estar permitindo que esse descolamento se mantenha. "Se o investidor perde a confiança (no indexador), o risco aumenta e as pessoas podem tentar fugir", afirma.

Para o especialista, outra ação que poderia ser adotada pelo governo para reduzir o grau de indexação é algum tipo de punição para a emissão de títulos atrelados ao CDI, seja por meio de tributação ou de aumento de compulsório. São medidas que geram distorções. "Mas pode acontecer de o governo considerar que os benefícios são maiores do que os custos. Eu não descartaria uma ação mais incisiva do governo para forçar as coisas nessa direção", afirmou.

Valor: O que explica o descolamento entre o CDI e a Selic?

Paulo Fraletti: Historicamente, o CDI fica abaixo da Selic e isso não tem lógica econômica. Por que ela fica abaixo, então? A explicação mais plausível é que as instituições financeiras têm uma posição financeira em que elas são mais passivas em CDI e aplicam sua liquidez comprando títulos indexados à Selic, como a LFT. Então, para os operadores do mercado, uma taxa Selic maior do que a do CDI significa um ganho, ainda que pequeno.

Como as duas taxas são de um dia, não dá para explicar esse descolamento por alguma restrição ou excesso de liquidez. Porque, por arbitragem, as taxas deveriam se alinhar. Mas como há esse interesse, as taxas tendem a permanecer descoladas. O que acontece é que, normalmente, o Banco Central monitora esse mercado para não permitir um descolamento muito grande. Assim, ele sempre manteve esse diferencial relativamente baixo, perto de 0,05, 0,10. É verdade que o Banco Central não atua nesse mercado de CDI, mas é verdade também que ele tem dezenas ou centenas de maneiras de induzir o sistema financeiro a não exagerar nesse descolamento.

Valor: Mas, nas últimas semanas, quando o descolamento aumentou, o BC parece ter deixado de fazer essa pressão.

Fraletti: O enigma aqui é por que ele não estaria fazendo nada. Uma explicação plausível é que a equipe econômica tem interesse em desindexar a economia. Estamos caminhando para 19 anos de Plano Real e ficamos com esse vício brasileiro nessa taxa diária, que é uma jabuticaba. A equipe econômica já deu sinais há mais de um ano de que gostaria de promover essa desindexação, o

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governo tem feito sua parte reduzindo a parcela de dívida atrelado à Selic, e também houve algumas iniciativas para induzir também fundos de pensão de estatais a trocarem títulos pós-fixados por prefixados. O que está diretamente ao alcance do governo já tem sido feito.

Mas o setor privado tem uma quantidade de títulos indexados ao CDI, sobre os quais a intervenção do Banco Central é muito menos direta. Então, eu acho que o governo pode querer tirar dos agentes privados a segurança de que quando você compra um instrumento indexado ao CDI você tem uma rentabilidade que está atrelada à política monetária.

Se você fragiliza essa ligação e cria uma incerteza, eu acredito que possa afugentar os agentes privados de instrumentos pós-fixados. Esse contrato que a BM&F está lançando de Selic futura pode ser usado para reduzir esse risco de base (de diferença entre taxas), por arbitragem. Eu diria até que um termômetro dessa insegurança no mercado seria o sucesso desse contrato. Se os investidores estiverem preocupados com esse descolamento, muito provavelmente vai haver demanda de operações de troca de taxas por meio do contrato da BM&F.

Governo pode querer tirar dos agentes a segurança de que o CDI está atrelado à política monetária

Valor: Esses contratos da BM&F foram anunciados na mesma semana em que crescia o debate sobre o descolamento entre CDI e Selic. E, em seguida, foi anunciada a nova metodologia de cálculo do CDI pela Cetip. Isso tudo faz parte de uma ação coordenada?

Fraletti: Considerando que o DI futuro é o principal contrato da BM&F, é provável que eles estivessem já se preparando para, eventualmente, substituir o instrumento. E anunciaram no momento em que perceberam que havia demanda. O caso da Cetip eu acho que é diferente. O CDI over é de responsabilidade da Cetip e é preciso que a taxa continue existindo pelos próximos, pelo menos, cinco anos. Eu não acredito que seja possível substituir o indexador e eles estão vendo que, nesse ritmo, pode chegar em alguns meses e não ter nenhuma operação.

Por isso, eles estão desenvolvendo uma metodologia de contingência, como faz a BM&F, que tem de publicar todos os dias o preço dos ativos, mesmo quando não tem operação. Pode ser uma mera coincidência, mas talvez o conjunto de incertezas tenha trazido à tona uma coisa que já estava caminhando.

Valor: Na dívida pública, já houve uma evolução grande na redução da desindexação. Agora, tem algum outro nó que o governo deveria tirar, ou a busca por um indexador mais longo?

Fraletti: A parte do governo já está bem avançada. Mas o segmento de instrumentos privados não avançou nem uma fração do que a dos instrumentos públicos. Talvez por isso seja preciso criar alguma turbulência para os investidores migrarem.

Agora, não acredito que as pessoas vão sair do fundo DI ou do CDB indexado ao DI para uma NTN-F (papel prefixado do Tesouro) de dez anos. Isso não vai acontecer. As NTN-Fs de dez anos são compradas praticamente por investidor estrangeiro. Ainda não chegou a hora de brasileiro ter título de dez anos. O que poderia acontecer seria a criação de um instrumento indexado a uma taxa de três ou seis meses. E aí, gradualmente, ir estendendo o prazo.

Valor: O governo poderá ter de dar um choque no mercado privado?

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Fraletti: O governo poderia, de repente criar barreiras. Por exemplo, aumentar o compulsório sobre CDBs indexados ao CDI. Embora ele não atue diretamente no mercado, indiretamente, como política econômica, ele pode forçar (as mudanças de indexador). E talvez chegue uma hora em que talvez ele até decida. É sempre negativo esse tipo de intervenção usar imposto, compulsório - porque você cria algum tipo de distorção. Mas pode acontecer de o governo considerar os benefícios serem melhores do que os custos. Eu não descartaria uma ação mais incisiva do governo para forçar as coisas nessa direção.

Valor: A inflação é um limite para o avanço?

Fraletti: O problema não é a inflação alta, mas a flutuação, que gera incerteza, que é risco, e que leva a um prêmio de risco. O brasileiro ainda tem essa memória inflacionária, que a história ensina que leva mais de 20 anos para passar.

Quando você vê que o governo tem uma meta, estoura a meta por três anos, e as pessoas dizem que inflação alta não faz mal a ninguém (...) a gente já viu até onde isso pode levar. Essa insegurança leva as pessoas a correrem para os instrumentos curtos. Nesse sentido, essa brincadeira com fogo de inflação estrutural na casa dos 5,5% com certeza espanta os investidores. É a contribuição negativa do governo para caminhar nessa direção de ter um mercado mais parecido com o dos países desenvolvido.

Fonte: Valor/Comunicação Setorial SICSumário

Empresas de commodities perdem espaço no portfólio

Os analistas adotaram um tom mais conservador na Carteira Valor deste mês em relação a janeiro. O segmento de commodities, tido como mais arriscado por conta da correlação direta com o desempenho da economia mundial e do balizamento por preços internacionais, entre outros fatores, perdeu espaço. Petrobras e Gerdau, que apareciam no início do ano, deram lugar a companhias com fundamentos ligados ao mercado interno (ver página D1).

A única aposta mantida no setor de commodities foi nas ações da mineradora Vale - que, aliás, lideram as indicações gerais para fevereiro, com quatro votos no portfólio sugerido pelos especialistas.

Na última sexta, a Vale divulgou um aumento de 3,1% na produção de minério de ferro no quarto trimestre de 2012 em relação a igual período do ano anterior. Segundo a companhia, o volume produzido entre outubro e dezembro superou o do terceiro trimestre, algo pouco comum e que não ocorria desde 2003. Na opinião de analistas, um aspecto importante é que o resultado veio acompanhado de um preço médio melhor do minério, o que contribuirá ainda mais para o aumento de receita.

Eles lembram que a melhora conjuntural tem relação direta com a dinâmica da economia chinesa, que passou a repor seus estoques de minério, impulsionando os preços da matéria-prima.

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Uma das que apostam na Vale é a Octo Investimentos. A equipe de análise da instituição ressalta a baixa alavancagem da mineradora, tendência de manutenção do preço do minério no mercado internacional e a expectativa de um retorno com dividendos na casa de 4,5% neste ano. A companhia pretende pagar em 2013 proventos mínimos equivalentes a US$ 4 bilhões, montante que pode ser acrescido se houver distribuições extras, lembra a Octo.

Com relação à Petrobras, os papéis da companhia seguem como sinônimo de investimento a longo prazo. "É a aposta mais arriscada da nossa carteira", diz Pedro Galdi, estrategista da SLW Corretora. Ele afirma que a postura do governo tem contribuído muito para o mau humor do mercado em relação à estatal. "Um dia antes disseram que não haveria aumento [dos combustíveis], daí bateram no dólar e em seguida veio o reajuste.

O grande problema é a condução das decisões", afirma ele, lembrando que, de forma incomum, as ações da Petrobras caíram no pregão seguinte à notícia de aumento dos preços. A companhia anunciou semana passada um reajuste de 6,6% na gasolina e de 5,4% do diesel, preços válidos para a venda dos produtos nas refinarias.

Para Galdi, a definição de novos preços de combustíveis às vésperas da divulgação dos demonstrativos financeiros de 2012 da Petrobras, aguardados para hoje, deixa a impressão de que a medida seria uma forma de amenizar o impacto de eventuais números negativos. Apesar das ressalvas, o estrategista da SLW diz que as ações da petrolífera já caíram bastante e podem ser uma alternativa para quem mira um horizonte mais longo.

A alta dos combustíveis mexeu também com os papéis da Cosan. "A companhia deve se beneficiar da elevação de 20% para 25% do percentual de etanol na gasolina e também do reajuste do preço do combustível, uma vez que o preço do etanol cresce na mesma direção", escreveram os analistas da corretora Ativa.

Outros catalisadores do crescimento da maior produtora e processadora de cana-de-açúcar do mundo são a possível entrada no bloco de controle da empresa de logística ALL e a modernização da rede de distribuição de combustíveis, agora com a marca Shell.

"A Cosan tem uma estratégia sólida para prosperar na distribuição de combustíveis e de gás, no negócio de açúcar e etanol, logística, lubrificantes e arrendamento de terras agrícolas", afirmam os analistas da Bradesco, chamando a atenção para a verticalização da empresa.

A discussão sobre commodities, que envolve a expectativa em relação ao desempenho das ações de Petrobras e Vale, não se restringe ao grande porte financeiro destas companhias. Como os papéis têm o maior peso individual no principal índice da bolsa (Ibovespa), podem influenciar a percepção geral sobre o mercado de ações brasileiro.

Neste ponto, outra aposta da SLW são as ações da própria BM&FBovespa. Galdi afirma que os ativos podem ganhar fôlego no segundo semestre, caso se confirme a expectativa de notícias mais positivas sobre a economia mundial e sobre o ajuste fiscal nos Estados Unidos.

"A China já mostrou que está se recuperando. Com um ambiente externo mais saudável, as bolsas tendem a subir pelo mundo", diz Galdi. "Por aqui, se os IPOs [ofertas públicas iniciais de ações]

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voltarem, haverá crescimento de receita na bolsa." Ele destaca ainda que o volume diário negociado no mercado local tem evoluído de maneira importante, sinalizando que, em breve, pode se consolidar em um novo patamar, acima de R$ 6 bilhões.

Fonte: Valor/Comunicação SetorialSumário

Escolher errado no início da carreira pode comprometer o futuro

Crespi, da Heidrick & Struggles, diz que o período logo após a faculdade é o mais indicado para testar o que se aprendeuPrever o futuro no mercado de trabalho tem se mostrado uma tarefa praticamente impossível. Inovações tecnológicas, organizacionais e constantes mudanças no cenário econômico fazem com que áreas até então promissoras percam espaço rapidamente para outras antes desvalorizadas.

No entanto, independentemente do cenário que o profissional vai encontrar, especialistas são unânimes em citar a importância dos primeiros anos da carreira para a concretização de uma trajetória sólida.

"O sucesso é resultado de um conjunto de escolhas. O jovem que está saindo da graduação e começando a abraçar uma carreira tem que, antes de qualquer coisa, descobrir aquilo que gosta, o que o faz vibrar", diz Irene Azevedo, professora de gestão de pessoas da BBS Business School e diretora de negócios da LHH/DBM.

Segundo Irene, essa é a época de arriscar. "Aos vinte e poucos anos é possível experimentar áreas e competências. Melhor errar nessa fase, que errar a vida toda." Irene, que foi gestora durante 24 anos na IBM Brasil, consultora de recursos humanos na Ticket e gerente na KPMG, destaca também a importância dos cursos rápidos, como os de extensão, além dos programas de trainees. "São fundamentais para conhecer funções, culturas empresariais e fazer contatos."

Darcio Crespi, sócio da Heidrick & Struggles, ressalta que o período logo após a faculdade é o mais indicado para testar aquilo que se aprendeu em áreas diferentes da graduação. Avaliar oportunidades e competências, no entanto, é bem diferente de ficar pulando de galho em galho. "Isso só atrapalha. É preciso eleger um campo de ação dentro de uma escolha maior, feita na graduação".

Na opinião de Crespi, o mais importante é o jovem ter certeza da carreira escolhida. Para exemplificar, ele conta a história de quando foi contratado por um grande hospital de São Paulo para escolher o novo presidente.

"Cheguei a um executivo de uma das maiores empresas de seguro-saúde do Brasil. Quando ele foi entrevistado e soube para onde era a vaga, desistiu. O curioso é que ele era médico e disse odiar hospitais. Eu imaginei como o curso de medicina deve ter sido conflituoso para ele."

Histórias como essa, de dúvidas ou derrapagens na carreira, estão longe de serem casos raros. Segundo estudo do Instituto Lore, consultoria americana de desenvolvimento profissional, a taxa de

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executivos de alto potencial cuja carreira saiu do trilho em relação à trajetória anteriormente planejada está entre 33% e 66%.

Para Van Marchetti, diretora da Attitude Plan e professora do Senac SP e do MBA da Universidade São Francisco (USF), a escolha do curso superior deve ser planejada em família. "Nesse momento é muito importante a participação e não a decisão dos pais. Perguntas, mesmo que aparentemente pueris, como o que quer ser, o que gosta de fazer e onde quer estar daqui a alguns anos podem ajudar bastante."

Na sua opinião, o autoconhecimento é de grande valia nesse momento e um teste vocacional pode ajudar. "Ele talvez não seja infalível, mas certamente será um bom orientador quanto à área de atuação mais condizente com o perfil", afirma.

Jaqueline Silveira, gestora de carreiras do Ibmec/MG, não recomenda que os cursos complementares e de especialização muito longos sejam feitos imediatamente após a graduação. Isso porque já foi dado um passo importante do ponto de vista acadêmico e a hora, agora, é de testar a empregabilidade. A consultora recomenda projetos de intercâmbio, processo de trainees e estágios. São nesses últimos que o profissional irá conferir competências, pontos fortes e fazer contatos.

Ente os cursos em alta, ela cita os que garantem certificações em línguas, administração ou recursos humanos. São mais baratos que as pós-graduações e MBAs, que podem ser feitos depois, quando a carreira estiver mais estabilizada.

Crespi, da Heidrick & Struggles, destaca que o MBA é importante para o executivo mais experiente e com uma vida profissional mais clara. "É um curso baseado na troca de experiências. Fundamental, mas desaconselhado para quem ainda está começando".

Desse modo, para quem já está no mercado e pensa em crescer profissionalmente, Van Marchetti, da Attitude Plan, sugere perguntar a si mesmo se está surpreendendo o empregador, entregando mais que o esperado, antes de cobrar um reconhecimento.

"Crie uma lista com o que você faz de melhor tecnicamente e quais são as suas habilidades comportamentais. Desenvolver a oratória também é fundamental", diz. Ela ressalta que quem fez um curso de graduação muito técnico e está almejando um cargo de gestão, por exemplo, precisa buscar uma complementação em áreas como liderança.

Já aos mais jovens, a recomendação é se aprofundar nas oportunidades de emprego que surgirem, como o estágio. "É preciso não apenas atender às expectativas da gestão, mas superá-las."

Fonte: Valor/Comunicação SetorialSumário

Cofins incide sobre juros de restituição fiscal

Não incide PIS ou Cofins sobre a restituição feita pelo Fisco de tributos pagos indevidamente pelo

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contribuinte. As contribuições, porém, incidem sobre a Selic que corrige o valor recuperado, caso a empresa esteja no regime regime não cumulativo - o que inclui a maioria das indústrias. Nesse regime, o contribuinte pode obter créditos de PIS e Cofins e abater de outros débitos tributários a pagar.

A orientação da Receita Federal está na Solução de Consulta nº 10, publicada no Diário Oficial da União. "Os juros correspondentes ao indébito tributário recuperado é receita nova e, sobre eles, incide a contribuição para o PIS e a Cofins não cumulativos, uma vez que integram sua base de cálculo definida pela Lei nº 10.637, de 2002", diz o texto da solução.

"Os juros incidentes sobre o indébito tributário recuperado não compõem a base de cálculo do PIS e da Cofins apurados no regime cumulativo."

Esse tipo de tributação pode ser questionado no Judiciário, segundo o advogado Maucir Fregonesi Júnior, do Siqueira Castro Advogados.

Ele afirma que, de acordo com o Decreto federal nº 5.442, de 2005, a alíquota das contribuições é zero para receitas financeiras, o que incluiria a Selic. "Além disso, segundo o artigo 167 do Código Tributário Nacional, o tratamento dado aos juros deve ser o mesmo dado ao indébito", diz.

Em relação à incidência do Imposto de renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), o Fisco entende que o valor restituído só será tributado quando o montante indevidamente pago for computado como despesa dedutível do lucro real.

Fonte: Valor/Comunicação SetorialSumário

A estimativa para o dólar, no entanto, diminuiu, segundo blotim Focus do BC

SÃO PAULO - Após quatro semanas seguidas reduzindo a projeção para o crescimento da economia neste ano, o mercado deixou inalterada em 3,10% a perspectiva de expansão do Produto Interno Bruto PIB.

O conjunto de bens e serviços produzidos no país) na pesquisa Focus do Banco Central (BC) divulgada nesta segunda-feira.

Ao mesmo tempo, diminuiu a estimativa para o dólar.A previsão para a moeda americana para o fim deste ano foi reduzida a R$ 2,05 ante R$ 2,07 anteriormente.

Em relação à inflação, os analistas ouvidos pelo BC calculam agora que o IPCA encerrará 2013 com alta de 5,68%, ante 5,67% anteriormente.

Fonte: Globo/Comunicação SetorialSumário

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Após reajuste, Petrobras perde espaço nas carteiras de ações

RIO — A Petrobras frustrou os investidores na semana passada ao anunciar um reajuste nos preços dos combustíveis de 6,6% na gasolina e de 5,4% no óleo diesel abaixo do necessário para realizar seus pesados investimentos nos próximos anos, como a exploração e produção do pré-sal. O resultado foi a perda de R$ 18 bilhões de valor de mercado da companhia na Bolsa, efeito da queda de 5,86% na ações preferenciais (PN, sem voto) e de 6,75% nas ordinárias (ON, com voto) na semana.

Sem perspectiva de novos reajustes nos combustíveis este ano, a petroleira foi colocada de lado nas apostas de analistas para fevereiro. Em dez carteiras de ações recomendadas pelas corretoras aos clientes, os papéis da estatal aparecem em apenas duas.

Este é o menor número de indicações desde fevereiro de 2011, quando as carteiras das corretoras começaram a ser publicadas pelo GLOBO. Naquele ano, ela chegou a ter oito recomendações. No mês passado, eram quatro.Segundo analistas, o reajuste aquém do necessário cria uma lógica perversa: quanto mais gasolina e diesel a empresa vende no país, mais dinheiro ela perde. Isso porque a petroleira precisa importar combustíveis, já que suas refinarias não produzem o suficiente para abastecer o mercado nacional.

O problema é que a Petrobras tem um custo para importar os produtos maior do que a receita ao vendê-los no país. Essa diferença, chamada defasagem, é de 13% na gasolina, segundo o Credit Suisse, já após o reajuste anunciado na terça-feira passada. No diesel, a diferença seria de 24%.

A empresa vende mais barato por imposição do governo, que teme que o repasse do custo acelere a inflação explica Rafael Weber, analista da Geração Futuro. Isso afetou os resultados da empresa no ano passado e tem afastado os investidores das ações.

Os analistas que acompanham o dia a dia da Petrobras estimam que a empresa deve registrar um lucro líquido de R$ 18 bilhões a R$ 22 bilhões em 2012, o pior resultado em oito anos. O balanço da petroleira será divulgado hoje, após o fechamento da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).Pão de Açúcar em altaNa corretora Souza Barros, os papéis da Petrobras não são recomendados aos clientes desde outubro de 2010, quando a companhia fez sua megacapitalização de R$ 120,2 bilhões, a maior da História. Foi uma oferta considerada “traumática” para investidores, que desembolsaram R$ 40 bilhões dessa fortuna o restante foi comprado pelo próprio governo e viram suas ações derreterem 20% desde então.

Se nada mudar, as ações da Petrobras só devem voltar a serem indicadas em 2016 a 2017, quando a produção do pré-sal vai estar efetivamente em curso e as informações serão mais consistentes — afirma Clodoir Vieira, analista-chefe da Souza Barros.

Nas dez carteiras de ações consultadas para fevereiro, os destaques são as empresas que se beneficiam do crescimento do mercado interno . Foram 74 indicações de ações de companhias com esse perfil, de um total de 99 recomendações. E liderando as apostas está o Pão de Açúcar, presente

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em seis carteiras. Em relatório, o banco BTG Pactual disse que a empresa fundada pela família Diniz, agota controlada pelo francês Casino, é uma “beneficiária natural” da queda dos juros básicos no país e a “competição parece limitada” com os rivais Carrefour e Wal-Mart.

Entre as empresas preferidas dos analistas no setor de consumo, logo atrás do Pão de Açúcar, estão os papéis da varejista Lojas Renner, do banco Bradesco, da holding BM&FBovespa e da concessionária CCR Rodovias. Cada papel foi sugerido em quatro das dez carteiras consultadas.

Segundo José Francisco Cataldo, estrategista de varejo da Bradesco e da Ágora Corretora, as apostas nas ações de empresas do mercado interno, mesmo após a forte valorização desses papéis no ano passado, são explicadas pela expectativa de maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) em 2013, acima de 3%: Os estímulos que o governo concedeu a alguns setores no ano passado começam a fazer efeito em 2013. Isso vai acelerar o ritmo de crescimento.

Vale lidera exportadorasEntre as exportadoras, a Vale surge com seis recomendações para fevereiro. Segundo o HSBC, a empresa tem sido beneficiada pelo avanço do preço do minério de ferro, a US$ 150 a tonelada, reflexo das pesadas compras de siderúrgicas chinesas que estão refazendo seus estoques do produto.“As ações estão baratas em relação a seus níveis históricos.

Além disso, a empresa anunciou um dividendo mínimo de US$ 4 bilhões para 2013, inferior ao de 2012, mas acima do que era esperado”, avaliou o HSBC, em relatório

Fonte: Globo/Comunicação SetorialSumário

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