Seplan/plano diretor/Sem o campo as cidades perecerão

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SEM O CAMPO AS CIDADES PERECERÃO! Quem já ouviu ou leu esta frase, deve ficar refletindo de onde e porque surgiu... É chegada a hora de agirmos para alertar a População Campineira sobre o perigo do avanço da área urbana sobre a rural em Campinas. A citação de que 50% da área é ocupada pelo urbano é correta, mas deve ser lembrado que a outra metade é dividida em área de preservação ambiental, além de valiosa área que contém o plantio e produção de alimentos de qualidade como as hortaliças e frutíferas, além de gado, café, cana de açúcar entre outros produtos. Atualmente alguns pensam de maneira simplista, diria-se até simplória, que basta trazer alimentos de mais longe. Existiu um ex- Presidente da República, na sua época “batizado” de exterminador do futuro, quando ao considerar o preço caro de alguns produtos agrícolas no Brasil, liberou as importações, e em uma destas veio a manteiga contaminada pela radiação atômica de Chernobil e o alho contaminado da China, entre outros fatos de triste lembrança. Assim, a primeira consequência de uma urbanização desastrada, será sentida daqui 10 a 20 anos, com alimentos mais caros (e também menos saudáveis), devido à elevação dos custos de transporte e frigorificação, entre outros. Outra grave consequência, pode-se prever daqui 30 a 40 anos, será a mudança para pior, no clima, com a elevação das temperaturas, além de outros parâmetros climáticos, que liquidarão a melhor característica de qualidade de nossa Cidade, que são as brisas verpertinas e noturnas, benéficas à saúde, especialmente na primavera/verão. Vale ainda lembrar o que aconteceu no ABCD paulista, Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema (lá residimos entre 1952 e 1970). Após um crescimento urbano sem nenhum planejamento, o Rural foi eliminado, e aquela região encontra-se entre as piores do Estado de São Paulo quanto à qualidade de vida saudável. Com relação à reportagem do Correio Popular de 12 de fevereiro, onde Americana é citada como modelo de planejamento urbano/rural a ser seguido, devemos alertar que esse município encontra-se em uma região praticamente sem nenhuma produção de alimentos, com exceção de poucas hortas situadas debaixo de fios de alta tensão, além de contar com abastecimento de água no limite, e ser vizinha

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SEM O CAMPO AS CIDADES PERECERÃO! Quem já ouviu ou leu esta frase, deve ficar refletindo de onde e porque surgiu...É chegada a hora de agirmos para alertar a População Campineira sobre o perigo do avanço da área urbana sobre a rural em Campinas. A citação de que 50% da área é ocupada pelo urbano é correta, mas deve ser lembrado que a outra metade é dividida em área de preservação ambiental, além de valiosa área que contém o plantio e produção de alimentos de qualidade como as hortaliças e frutíferas, além de gado, café, cana de açúcar entre outros produtos. Atualmente alguns pensam de maneira simplista, diria-se até simplória, que basta trazer alimentos de mais longe. Existiu um ex-Presidente da República, na sua época “batizado” de exterminador do futuro, quando ao considerar o preço caro de alguns produtos agrícolas no Brasil, liberou as importações, e em uma destas veio a manteiga contaminada pela radiação atômica de Chernobil e o alho contaminado da China, entre outros fatos de triste lembrança. Assim, a primeira consequência de uma urbanização desastrada, será sentida daqui 10 a 20 anos, com alimentos mais caros (e também menos saudáveis), devido à elevação dos custos de transporte e frigorificação, entre outros. Outra grave consequência, pode-se prever daqui 30 a 40 anos, será a mudança para pior, no clima, com a elevação das temperaturas, além de outros parâmetros climáticos, que liquidarão a melhor característica de qualidade de nossa Cidade, que são as brisas verpertinas e noturnas, benéficas à saúde, especialmente na primavera/verão. Vale ainda lembrar o que aconteceu no ABCD paulista, Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema (lá residimos entre 1952 e 1970). Após um crescimento urbano sem nenhum planejamento, o Rural foi eliminado, e aquela região encontra-se entre as piores do Estado de São Paulo quanto à qualidade de vida saudável. Com relação à reportagem do Correio Popular de 12 de fevereiro, onde Americana é citada como modelo de planejamento urbano/rural a ser seguido, devemos alertar que esse município encontra-se em uma região praticamente sem nenhuma produção de alimentos, com exceção de poucas hortas situadas debaixo de fios de alta tensão, além de contar com abastecimento de água no limite, e ser vizinha de outras cidades que estão liquidando o rural como Sumaré e Santa Bárbara. Voltando ao Rural de Campinas: fazem mais de 20 anos que os Prefeitos abandonaram o campo, mesmo tendo ciência dos levantamentos e diagnósticos realizados pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS), os quais mostravam a péssima conservação das estradas e a total falta de segurança na área rural, onde máquinas agrícolas e outros insumos diversos eram e continuam sendo furtados com frequência. Com relação à este item, a única exceção foi a medida inteligente de ex-Prefeita (mesmo sabendo que o campo não dá voto), estabelecendo convênio com a PM/Guarda Ambiental para realizar vigilância em bairros rurais como o Pedra Branca e o Fogueteiro. Além disso, a CODASP colaborou naquela ocasião, com a correta orientação técnica na conservação das estradas, melhorando a circulação e o escoamento dos valiosos produtos agrícolas. A área rural tem solução! É só questão de vontade política e injeção de mínimos recursos humanos e financeiros. Em países da Europa, como França e Inglaterra, as cidades de porte médio são subsidiadas pelos Governos, de maneira a proporcionar um Rural forte, onde são frequentes as visitas de turistas em pomares, hortas, adegas, queijarias, lugares que possibilitam aos alunos das escolas aprenderem sobre a importância da produção local de alimentos para qualidade de vida. Ao Prefeito Dr. Jonas e aos vereadores da Câmara Municipal, fica aqui o apelo para melhor avaliarem vossas responsabilidades quando da decisão sobre o futuro da área rural, pesando inclusive a qualidade de vida que proporcionarão aos seus filhos e netos.

Paulo E. Trani (eng. agrônomo do IAC), foi presidente do CMDRS entre 2006 e 2008.