SIMULAC˘AO COMPUTACIONAL DE ESCOAMENTOS...

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SIMULAC ¸ ˜ AO COMPUTACIONAL DE ESCOAMENTOS TRANSIENTES COM CAVITAC ¸ ˜ AO Elias do Carmo Dias Projeto de Gradua¸c˜ao apresentado ao Curso de Engenharia Mecˆanica da Escola Polit´ ecnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necess´arios ` aobten¸c˜ ao do ıtulo de Engenheiro. Orientador: Helcio Rangel Barreto Orlande Rio de Janeiro Fevereiro de 2020

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SIMULACAO COMPUTACIONAL DE ESCOAMENTOS TRANSIENTES COM

CAVITACAO

Elias do Carmo Dias

Projeto de Graduacao apresentado ao Curso

de Engenharia Mecanica da Escola Politecnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessarios a obtencao do

tıtulo de Engenheiro.

Orientador: Helcio Rangel Barreto Orlande

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2020

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Dias, Elias do Carmo

SIMULACAO COMPUTACIONAL DE

ESCOAMENTOS TRANSIENTES COM CAVITACAO/

Elias do Carmo Dias. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola

Politecnica, 2020.

XIII, 41 p.: il.; 29, 7cm.

Orientador: Helcio Rangel Barreto Orlande

Projeto de Graduacao – UFRJ/ Escola Politecnica/

Curso de Engenharia Mecanica, 2020.

Referencias Bibliograficas: p. 38 – 41.

1. Introducao. 2. Revisao Bibliografica. 3.

Modelo Matematico. 4. Metodo de Solucao. 5.

Resultados e Discussoes. 6. Conclusoes e Sugestoes.

7. Referencias Bibliograficas. I. Rangel Barreto

Orlande, Helcio. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia Mecanica. III.

SIMULACAO COMPUTACIONAL DE ESCOAMENTOS

TRANSIENTES COM CAVITACAO.

iii

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Agradecimentos

Agradeco a Deus pelo dom da vida eterna, se a Ele for fiel. Sou grato tambem ao

Senhor, pela forca e condicao na realizacao de todas as etapas deste trabalho.

Agradeco aos meus pais, Ubiracy Tadeu Soares Dias e Maristela do Carmo Dias,

por me ensinar o caminho de Deus, pela educacao e pelo apoio em todos os momentos

da minha vida.

Agradeco a minha esposa, Maiely Marcia Alves Dias, pela paciencia, pelo apoio

e pelo incetivo em todo processo da minha vida academica.

Agradeco a minha irma, Ingrid, aos meus irmaos, Peterson, Emerson e Daniel e

a todos os demais membros da minha famılia que nunca deixaram de acreditar no

sucesso da minha trajetoria.

Agradeco ao professor, Helcio Orlande, pela paciencia, pela orientacao e pelos

conhecimentos transmitidos em toda elaboracao deste projeto.

Agradeco a toda equipe do Laboratorio de Transmissao e Tecnologia do Calor

(LTTC) pela amizade e pelo auxılio durante este trabalho. Sobretudo ao Raphael

Carvalho, Felipe Nunes e Bruno Jaccoud.

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Resumo do Projeto de Graduacao apresentado a Escola Politecnica/UFRJ como

parte dos requisitos necessarios para a obtencao do grau de Engenheiro Mecanico

SIMULACAO COMPUTACIONAL DE ESCOAMENTOS TRANSIENTES COM

CAVITACAO

Elias do Carmo Dias

Fevereiro/2020

Orientador: Helcio Rangel Barreto Orlande

Programa: Engenharia Mecanica

O estudo do fenomeno da cavitacao possui diversas aplicacoes praticas. Logo

existe grande interesse neste tema devido a sua grande importancia economica. No

presente trabalho e realizada a simulacao computacional de um modelo unidimen-

sional com mistura homogenea de escoamentos transientes com cavitacao em tu-

bulacoes. Um metodo numerico via volumes finitos com um esquema monotono e

de primeira ordem, chamado FORCE, e utilizado para obter a solucao numerica. Os

resultados obtidos sao comparados com dados experimentais e computacionais pre-

sentes na literatura, a fim de verificar e validar o codigo computacional desenvolvido

neste trabalho.

Palavras-chave: Cavitacao, Mistura Homogenea, Esquema FORCE.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment

of the requirements for the degree of Mechanical Engineer

COMPUTATIONAL SIMULATION OF TRANSIENT FLOWS WITH

CAVITATION

Elias do Carmo Dias

February/2020

Advisor: Helcio Rangel Barreto Orlande

Department: Mechanical Engineering

Cavitation has several practical applications. Hence, there is great interest in this

subject due to its economical importance. In this work, it is performed the numer-

ical simulation of a one-dimensional transient flow with cavitation in pipelines. A

numerical method based on finite volumes, with a monotone and first-order scheme,

called FORCE, is used. Numerical results available in the literature are used for the

verification of the numerical code developed in this study.

Keywords: Cavitation, Homogeneous Mixture, FORCE Scheme.

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Sumario

Lista de Figuras ix

Lista de Tabelas x

Lista de Sımbolos xi

1 Introducao 1

2 Revisao Bibliografica 4

3 Modelo Matematico 9

3.1 Equacao da Continuidade e Equacao da Quantidade de Movimento

Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3.2 Equacao de Transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3.3 Equacao Constitutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

4 Metodo de Solucao 16

4.1 Natureza do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

4.2 Fracionamento das Equacoes Nao Homogeneas . . . . . . . . . . . . . 17

4.3 Discretizacao Por Volumes Finitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

4.4 Esquemas Monotonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4.5 Metodo de Solucao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

4.6 Volumes Fictıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

4.7 Criterio de Estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

4.8 Calculo da Pressao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

5 Resultados e Discussoes 24

5.1 Caso Teste 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

vii

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5.2 Caso Teste 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

6 Conclusoes e Sugestoes 35

7 Referencias Bibliograficas 38

viii

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Lista de Figuras

2.1 Pulso de Pressao Oriundo da Cavitacao (Adaptado de SIMPSON, 1986) 6

4.1 Discretizacao por Volumes Finitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4.2 Volumes Finitos e Fictıcios (LUCUMI, 2015) . . . . . . . . . . . . . . 21

5.1 Pressao na valvula - Convergencia de Malha caso Teste 1 - Esquema

FORCE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

5.2 Pressao na valvula - Convergencia de Malha Caso Teste 1 - Esquema

FORCE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

5.3 Pressao na Valvula - Caso Teste 1 (SUMAM et al. 2009) - MacCor-

mack e Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

5.4 Pressao na Valvula - Caso Teste 1 - Esquema FORCE e Metodo

MacCormack . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

5.5 Fracao Volumetrica na Posicao da Valvula - Caso Teste 1 . . . . . . . 30

5.6 Pressao na Valvula - Convergencia de Malha - Caso Teste 2 - Esquema

FORCE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

5.7 Pressao na Valvula - Convergencia de Malha - Caso Teste 2 - Esquema

FORCE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

5.8 Pressao na valvula - Caso Teste 2 (SUMAM et al., 2009) - MacCor-

mack e Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

5.9 Pressao na Valvula - Caso Teste 2 - Esquema FORCE e Metodo

MacCormack . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

ix

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Lista de Tabelas

5.1 Dados para o Caso Teste 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

5.2 Pressao Maxima - Caso Teste 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

5.3 Picos de Cavitacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

5.4 Dados para o Caso Teste 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

5.5 Pressao Maxima - Caso Teste 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

x

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Lista de Sımbolos

am Velocidade de onda da mistura

Cc Constante empırica para condensacao

Ce Constante empırica para evaporacao

Ccfl Coeficiente Courant-Friedrichs-Lewy

D Diametro do duto

e Espessura da parede

E Modulo de Young

f Fator de friccao de Darcy-Wisbach

fv Fracao massica de vapor

F Vetor de fluxo

FFORCE Fluxo FORCE

FLF Fluxo de Lax-Friedrichs

FRI Fluxo de Richtmyer

g Aceleracao da gravidade

i Indice espacial de discretizacao

J Matriz Jacobiana

k Energia cinetica turbulenta

Kl Modulo de elasticidade do lıquido

Km Modulo de elasticidade da mistura

n Expoente politropico

N Numero de volumes

p Pressao

pv Pressao de vapor

po Pressao inicial

xi

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rb Raio da bolha

R Constante dos gases

Rc Taxa de geracao de lıquido

Re Taxa de geracao de vapor

S Vetor termo fonte

S() Operador EDO

Smax Velocidade da onda mais rapida

t Tempo

T Temperatura

u Velocidade do escoamento

U Vetor das variaveis de estado

vl Viscosidade cinematica

x Posicao Axial

Z() Operador EDP

αv Fracao volumetrica de vapor

∆L Distancia especıfica na tubulacao

∆t Passo de tempo

∆x Comprimento do volume

λ Autovalor

ρ Massa especıfica da mistura

ρl Massa especıfica do lıquido

ρlo Massa especıfica nas condicoes padrao

ρv Massa especıfica do vapor

σ Tensao Superficial

τo Tensao de cisalhamento na parede

xii

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Capıtulo 1

Introducao

Quando o escoamento em uma tubulacao sofre mudancas repentinas de velocidade

e gerada uma onda de pressao que se propaga na velocidade do som. Tal fenomeno

e conhecido como golpe de arıete e dentre suas principais causas podemos citar a

parada de bombas, vazamentos e fechamento de valvulas (JENSEN et al., 2018).

Durante o escoamento transiente, quando a pressao atinge a pressao de saturacao

do gas dissolvido ou a pressao de vapor o escoamento passa de monofasico (lıquido)

para bifasico (lıquido-gas), a partir do aparecimento de bolhas. Este fenomeno e

conhecido como cavitacao (BERGANT et al., 2006).

Um dos parametros mais importantes durante a cavitacao e a fracao volumetrica

de vapor, que pode ser definida como a razao entre o volume de vapor e o volume

total da mistura (BERGANT et al., 2006). A fracao massica de vapor e definida

pela razao entre a massa de vapor e a massa total da mistura. A fracao volumetrica

de vapor pode ser relacionada com a fracao massica de vapor atraves da massa

especıfica da mistura e da massa especıfica do vapor (SINGHAL et al., 2002).

Segundo BERGANT et al. (1999), ha dois tipos de cavitacao, sendo a cavitacao de

gas e a cavitacao de vapor. A primeira envolve a liberacao de gas quando a pressao

esta abaixo da pressao de saturacao do gas dissolvido, mas nao atinge a pressao de

vapor. Ja a segunda ocorre quando a pressao no escoamento atinge a pressao de

vapor do lıquido, ocorrendo assim a evaporacao.

A cavitacao de vapor, tambem conhecida como quebra de coluna (column

separation), pode ser classificada de duas formas, de acordo com o valor da fracao

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volumetrica de vapor. A cavitacao com cavidades localizadas e caracterizada

por um alto valor da fracao volumetrica de vapor enquanto a cavitacao de vapor

distribuıdo possui um baixo valor para este parametro e, nesse caso, as bolhas estao

distribuıdas podendo se estender por uma longa parte da tubulacao (BERGANT et

al., 1999).

O surgimento e colapso de bolhas no lıquido pode levar a ondas de pressao com

maior amplitude que as ondas provenientes do golpe de arıete. Tal fenomeno e um

problema de grande importancia sob o ponto de vista da engenharia, visto que pode

levar a diversos fatores indesejaveis tais como: carregamento assimetrico, vibracao,

ruıdo e em muitos casos danos irreparaveis a tubulacao (SUMAM et al., 2009).

Em alguns casos, consequencias mais extremas podem ocorrer, como no acidente

na estacao de Oigawa, Japao, onde houve a morte de tres trabalhadores (BONIN,

1960). A fim de evitar os problemas anteriormente descritos, ha uma grande

motivacao na criacao e aplicacao de modelos que descrevam a cavitacao transiente

e que sejam capazes de prever a intensidade dos picos de pressao durante o fenomeno.

A maior dificuldade na modelagem da cavitacao transiente esta na grande

variacao de massa especıfica associada a mudanca de fase. As correlacoes para

mudanca de fase tambem devem ter o mınimo de formulacao empırica, para que

seja possıvel simular diversas aplicacoes sem a necessidade de ajustar constantes e

funcoes (SINGHAL et al., 2002).

O modelo aplicado no presente trabalho considera a hipotese de cavitacao de

vapor distribuıdo onde, durante a cavitacao, as bolhas estao distribuıdas no lıquido

formando uma mistura homogenea. A cavitacao de gas nao e tratada neste trabalho.

Nesse projeto foi desenvolvido um codigo computacional, na linguagem C++,

com o objetivo de resolver numericamente a equacao de conservacao da massa e a

equacao da quantidade de movimento durante o transiente hidraulico, que por sua

vez foi gerado a partir de fechamento de uma valvula presente no final da tubulacao.

Como durante este evento a pressao atinge a pressao de vapor do lıquido, tornando

o escoamento bifasico, e necessario a adicao de uma equacao de transporte, descrita

por (SINGHAL et al., 2002), capaz de descrever a vaporizacao e a condensacao.

A fim de completar o modelo e tornar possıvel a obtencao de todas as variaveis,

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sao incorporadas a equacao de estado e uma equacao constitutiva (SUMAM et al.,

2009). Para resolver as equacoes governantes foi utilizado um metodo explicito de

volumes finitos com um esquema monotono e de primeira ordem chamado FORCE

(TORO, 2009).

A organizacao do trabalho e dada da seguinte forma: No Capıtulo 2, e realizada

uma revisao bibliografica sobre cavitacao; no Capıtulo 3, sao deduzidas as equacoes

presentes no modelo a partir das hipoteses consideradas; no Capıtulo 4, e explicado

em detalhes todo o metodo de solucao; no Capıtulo 5, sao apresentados os resultados

e estes sao comparados com dados experimentais e simulados presentes na literatura;

no Capıtulo 6, sao apresentadas as conclusoes e sugestoes para trabalhos futuros; e

no Capıtulo 7, sao listadas as referencias bibliograficas.

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Capıtulo 2

Revisao Bibliografica

Neste capıtulo e realizada uma revisao bibliografica das referencias consultadas, que

sao pertinentes ao tema desenvolvido. Dois tipos de cavitacao podem ocorrer em

tubulacoes, a cavitacao de vapor ocorre quando o lıquido vaporiza se tornando vapor

e a cavitacao de gas que ocorre quando ha liberacao de gas (BERGANT et al., 1999).

A partir do seculo XX, diversos esforcos para desenvolver modelos que sejam capazes

de descrever a cavitacao foram feitos. Nesta revisao serao apresentados alguns deles.

WYLIE (1984), utilizou um modelo discreto para simular cavitacao de gas em

situacoes em que ha grande quantidade de gas liberado na tubulacao. O modelo

discreto foi amplamente utilizado ao longo do seculo XX para modelagem de

cavitacao. Tal modelo considera que o gas esta acumulado em secoes isoladas e as

cavidades de gas se expandem e se contraem de acordo com a lei dos gases perfeitos.

Lıquido puro e considerado entre as secoes de gas. Segundo o autor, este modelo e

viavel desde que o volume de gas nas cavidades discretas seja razoavelmente menor

que o volume de lıquido puro entre as secoes.

SIMPSON (1986) propos uma classificacao para os modelos que descrevem

quebra de coluna. Segundo ele ha quatro grandes grupos:

• Modelos com cavidades de vapor discreta: Nesse tipo de abordagem, o vapor

fica preso em secoes especıficas e nunca distribuıdo. Entre as cavidades sempre e

considerado lıquido puro.

• Modelos com escoamento de agua rasa: Esse grupo descreve a regiao de ca-

vitacao usando a teoria do escoamento de agua rasa. A regiao do golpe de arıete e

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descrita pelo metodo das caracterısticas.

• Cavitacao de vapor ou Modelo de Bolhas: Nesse caso a velocidade e a fracao de

vazio sao computados ao longo da tubulacao. Ha uma distincao entre as regioes com

apenas golpe de arıete e as regioes com cavitacao de vapor, que podem se estender

por parte do duto.

• Modelo Combinado: Possui cavitacao de vapor distribuıdo, mas tambem leva

em conta a formacao de cavidades discretas na tubulacao.

SIMPSON (1986) analisou o fenomeno de quebra de coluna para dutos in-

clinados aplicando o modelo combinado. O objetivo deste trabalho foi entender

melhor a ocorrencia de pequenos pulsos de pressao associados a cavitacao. A

partir da analise dos resultados foi possıvel concluir que o modelo descreve melhor

situacoes em que a velocidade inicial e mais baixa. Tambem foi possıvel observar

que a inclinacao do duto e um fator importante na formacao de cavidades e que o

aumento da velocidade inicial leva a um aumento da largura e a uma diminuicao

da magnitude do pulso de pressao proveniente da cavitacao.

Durante a cavitacao ha formacao de cavidades de vapor e o colapso dessas cavi-

dades podem levar a picos de pressao, que sao chamados de ”pulsos de pressao com

curta duracao”. O pulso de pressao com curta duracao pode ter magnitude maior

que o pico do golpe de arıete, calculado pela equacao de Joukowsky (SIMPSON,

1986). Um exemplo para pulsos de pressao pode ser observado na figura (2.1).

SIMPSON et al. (1991), investigaram a duracao, forma e magnitude de pulsos

de pressao utilizando o modelo discreto. Os autores conseguiram estimar a duracao

maxima dos pulsos.

No trabalho de BERGANT et al. (1992), os autores propuseram um modelo

mais geral, chamado de modelo de interface (GIVCM), capaz de descrever as

interacoes entre o vapor distribuıdo, cavidades intermediarias e cavidades na

fronteira. Tambem foi apresentado uma formulacao alternativa para o tratamento

de choques. O metodo das caracterısticas foi usado como solucao numerica.

Os resultados do modelo de interface estao mais proximos do experimental em

comparacao com o modelo discreto.

BERGANT et al. (1999), realizaram uma comparacao entre o modelo de

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Figura 2.1: Pulso de Pressao Oriundo da Cavitacao (Adaptado de SIMPSON, 1986)

cavidade de vapor discreta (DVCM), o modelo de cavidade de gas discreta (DGCM)

e o modelo generalizado para cavitacao de vapor (GIVCM). Nesse trabalho foi

tambem proposta uma nova forma para classificar a cavitacao, sendo modelos

ativos aqueles em que o pico de pressao excede a pressao calculada pela equacao

de Joukowsky e modelos passivos aqueles em que a pressao nao atinge a pressao

prevista na equacao de Joukowsky.

SHU (2003), fez uma crıtica aos modelos anteriores utilizados para quebra de

coluna e propos um novo modelo chamado de cavitacao de vapor com equilıbrio

homogeneo bifasico. No modelo proposto foi adicionado um termo de atrito

que depende da frequencia. Para solucao numerica foi utilizado o metodo das

caracterısticas.

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NOVAK (2005), analisou a cavitacao de gas a partir de experimentos. A autora

verificou presenca de cavitacao de gas no experimento em situacoes em que os

modelos teoricos nao indicariam cavitacao. Dentre as principais conclusoes deste

trabalho podemos citar: A suscetibilidade a cavitacao e maior quando ha uma

maior concentracao inicial de gas dissolvido, maiores temperaturas levam a bolhas

maiores e diminuem a eficiencia da bomba e o pH da agua tem grande influencia

sobre a cavitacao de gas.

SUMAM et al. (2009), propuseram um modelo baseado na equacao de con-

servacao da massa, equacao da quantidade de movimento, equacao de transporte

e uma equacao constitutiva para simular cavitacao de vapor distribuıdo. A

comparacao com dados experimentais mostraram resultados satisfatorios para os

primeiros picos de pressao.

SADAFI et al. (2012), utilizaram o modelo de interface, conhecido como

GIVCM, para analisar numericamente a cavitacao de vapor devido ao fechamento

de uma valvula no final da tubulacao. Os autores compararam os resultados com

dados experimentais e verificaram que o modelo GIVCM e consistente, levando a

resultados mais proximos dos valores experimentais que o modelo DVCM.

SOARES et al. (2012) utilizaram o modelo discreto para cavitacao transiente

em tubulacao de polietileno. Os resultados mostraram que o modelo DGCM leva a

valores mais satisfatorios que o modelo DVCM.

PEZZINGA et al. (2014) propuseram um modelo 2D para a cavitacao de

vapor distribuıdo, baseado na equacao de conservacao da massa e equacao da

quantidade de movimento. A comparacao entre o modelo 1D, o modelo 2D e os

dados experimentais mostraram que o modelo 2D descreve melhor a dissipacao de

energia.

SOARES et al. (2015) realizaram uma comparacao entre o modelo de cavidade

de gas discreta (DGCM) e o modelo de cavidade de vapor discreta (DVCM) em

uma tubulacao de cobre. A solucao utilizando o DGCM leva a melhores resultados.

CARVALHO (2018) realizou um estudo numerico do golpe de arıete a partir da

equacao de conservacao da massa e equacao da quantidade de movimento. O autor

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utilizou o esquema WAF-TVD como metodo de solucao. O esquema WAF-TVD

utiliza uma discretizacao feita por volumes finitos com fluxo medio ponderado

e diminuicao da variacao total. Os resultados obtidos foram comparados com

resultados presentes na literatura.

O presente trabalho utilizou um modelo baseado na abordagem de SUMAM et

al. (2009), em que a cavitacao e modelada a partir da equacao de conservacao da

massa, equacao da quantidade de movimento, equacao de transporte e uma equacao

constitutiva. SUMAM et al. (2009), utilizaram o metodo MacCormack para obter a

solucao numerica enquanto que neste trabalho a solucao numerica foi obtida atraves

do esquema FORCE.

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Capıtulo 3

Modelo Matematico

Neste capıtulo serao apresentadas as equacoes governantes do modelo, bem como

suas respectivas deducoes. O problema fısico proposto envolve um escoamento

unidimensional em uma tubulacao reta. Agua e o unico fluido inicialmente presente

e encontra-se no estado lıquido. O escoamento transiente e gerado a partir do

fechamento de uma valvula localizada da secao final do duto. Na outra extremidade,

a pressao e mantida constante. Inicialmente, a pressao ao longo do duto pode ser

obtida atraves do calculo da perda de carga por atrito em regime permanente. Du-

rante o transiente hidraulico, se a pressao no escoamento atingir a pressao de vapor

da agua, ocorrera o surgimento de bolhas de vapor, caracterizando assim a cavitacao.

SUMAM et al. (2009), estabeleceram as hipoteses abaixo para que o modelo

possa ser aplicado:

• Escoamento unidimensional.

• As bolhas de vapor sao pequenas, esfericas e estao uniformemente distribuıdas.

Esta hipotese e valida em transientes com pequena duracao, quando as bolhas sao

pequenas e nao se agrupam formando cavidades.

• A diferenca de pressao ao longo da bolha, devido a tensao superficial, pode

ser desprezada.

• As bolhas de vapor e o lıquido possuem a mesma velocidade, indicando a

ausencia de deslizamento entre as duas fases. Podemos assim considerar mistura

homogenea.

9

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• As bolhas de vapor seguem uma compressao politropica, em que o coeficiente

politropico indicado por n esta entre 1,2 e 1,3.

3.1 Equacao da Continuidade e Equacao da

Quantidade de Movimento Linear

Para uma mistura homogenea, as equacoes unidimensionais de conservacao da massa

e da quantidade de movimento linear, na forma conservativa, sao dadas respectiva-

mente por (WYLIE et al., 1978):

∂ρ

∂t+∂(ρu)

∂x= 0 (3.1)

∂(ρu)

∂t+∂(p+ ρu|u|)

∂x+ ρgsenθ +

4τoD

= 0 (3.2)

onde ρ, p e u sao a massa especıfica, pressao absoluta e velocidade da mistura; D e

o diametro interno; x e a distancia na direcao do escoamento; t e o tempo e τo e a

tensao de cisalhamento na parede.

Para escoamento transientes, a tensao de cisalhamento τo sera primeiramente

considerada a mesma como se a velocidade fosse constante. Portanto em termos do

fator de friccao de Darcy-Weisbach f temos (WYLIE et al., 1978):

τo =ρf |u|u

8(3.3)

Substituindo (3.3) em (3.2), chega-se na seguinte equacao para a quantidade de

movimento linear:

∂(ρu)

∂t+∂(p+ ρu|u|)

∂x+ ρgsenθ +

ρf |u|u2D

= 0 (3.4)

3.2 Equacao de Transporte

Na abordagem apresentada em (SINGHAL et al., 2002), a massa especıfica do fluido

e funcao da fracao massica de vapor, que e contabilizada resolvendo a equacao de

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transporte acoplada com as equacoes da continuidade e da quantidade de movimento

linear. A relacao entre a massa especıfica ρ e a fracao massica de vapor fv e dada

por (SINGHAL et al., 2002)

1

ρ=fvρv

+1− fvρl

(3.5)

onde ρv e a massa especıfica do vapor e ρl a massa especıfica do lıquido.

A fracao volumetrica de vapor αv e calculada da seguinte forma (SINGHAL et

al., 2002):

αv = fvρ

ρv(3.6)

Sendo assim, a equacao de transporte que governa a fracao massica de vapor

pode ser escrita como (SINGHAL et al., 2002):

∂(ρfv)

∂t+∂(ρufv)

∂x= Re −Rc (3.7)

onde Re denota a taxa de geracao de vapor (cavitacao) e Rc a taxa de colapso

de bolhas de vapor (condensacao).

Em (SINGHAL et al., 2002) sao descritas tambem as relacoes para Re e Rc,

onde o objetivo principal e representar de forma correta o crescimento e colapso das

bolhas. Nao havendo velocidade de escorregamento entre as fases, a equacao para

dinamica de bolhas pode ser obtida da equacao de Rayleigh-Plesset generalizada,

que introduz este efeito no modelo de cavitacao. Desconsiderando o termo viscoso,

termo de tensao superficial e considerando que a pressao da bolha pb e igual a

pressao de saturacao de vapor pv, a equacao de Rayleigh-Plesset pode ser escrita

como (SINGHAL et al., 2002)

rbd2rbdt2

+3

2

(drbdt

)2

=

(pv − pρl

)− 4vl

rb

drbdt− 2σ

ρlrb(3.8)

onde rb e o raio da bolha, vl a viscosidade cinematica do lıquido e σ a tensao

superficial. A equacao (3.8) pode ser entendida como sendo uma propagacao de

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vazio e fornece uma abordagem fısica para introduzir o efeito da dinamica de bolhas

no modelo de cavitacao (SINGHAL et al., 2002).

Para obter uma expressao para a taxa de mudanca de fase R, que e igual a Re-Rc

em (3.7), escreve-se as seguintes equacoes de continuidade para a fase lıquida e de

gas respectivamente:

∂t[(1− αv) ρl] +

∂x[(1− αv) ρlu] = −R (3.9)

∂t(αvρv) +

∂x(αvρvu) = R (3.10)

Combinando as equacoes (3.9), (3.10) e (3.1) chega-se em uma equacao que

relaciona a massa especıfica da mistura e a fracao volumetrica de vapor, dada por

dt= −(ρl − ρv)

dαv

dt(3.11)

A fracao volumetrica de vapor αv pode ser relacionada com o expoente politropico

n e com o raio da bolha rb como

αv = n4

3πr3

b (3.12)

Substituindo a equacao (3.12) em (3.11), combinando as equacoes (3.8), (3.9)

e (3.10), desconsiderando o termo de segunda ordem resultante da combinacao e

reescrevendo em funcao do raio da bolha, chega-se na seguinte expressao para a

taxa de mudanca de fase R

R =3αv

rb

ρvρlρ

[2

3

pv − pρl

] 12

(3.13)

Atraves de simplificacoes e argumentos limitantes apresentados em (SINGHAL

et al., 2002), as expressoes para a taxa de evaporacao e condensacao em termos da

fracao massica de vapor podem ser escritas como

Re = Ce

√k

σρlρv

[2

3

pv − pρl

] 12

(1− fv) (3.14)

12

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Rc = Cc

√k

σρlρl

[2

3

p− pvρl

] 12

fv (3.15)

onde k e a energia cinetica turbulenta, dada por√k = 0, 1(u) ; ρl e a massa

especıfica do lıquido, ρv e a massa especıfica do vapor, σ e a tensao superficial,

Ce e Cc sao constantes empıricas com valores recomendados de 0,02 e 0,01,

respectivamente e pv e a pressao de vapor. Como durante a cavitacao o colapso

de vapor acontece de forma muito rapida o valor de 0,01 para Cc nao e capaz de

representar a condensacao. Cc = 1 e um valor que melhor descreve o rapido colapso

das bolhas (SUMAM et al., 2009). Este valor foi utilizado neste trabalho.

Na forma vetorial, as equacoes (3.1), (3.4) e (3.7) podem ser escritas como

∂U

∂t+∂F(U)

∂x= S(U) (3.16)

onde

U =

ρ

ρu

ρfv

(3.17)

F(U) =

ρu

p+ ρu|u|

ρufv

(3.18)

e o termo fonte e dado por:

S(U) =

0

−fρ|u|u2D

− ρgsenθ

Re −Rc

(3.19)

Nas equacoes (3.16) a (3.19), U e o vetor das variaveis de estado, F e o vetor

que representa o fluxo de U e S e o vetor que representa o termo fonte. Nota-se que

F e S sao funcoes do vetor de variaveis de estado ou seja F = F(U) e S = S(U).

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3.3 Equacao Constitutiva

A relacao constitutiva para a massa especıfica da mistura, que liga a pressao com

as outras variaveis dependentes, e dada por (SUMAM et al., 2009):

ρ = ρl(1− αv) + αvρv (3.20)

Em (COUTIER-DELGOSHA et al.,2005), a equacao dos gases perfeitos e utili-

zada para determinar a massa especıfica de vapor durante o processo de cavitacao,

ou seja,

ρv =p

RT(3.21)

onde R e a constante dos gases e T a temperatura absoluta.

Em (HADJ-TAIEB et al., 2000) e apresentada uma equacao para a massa es-

pecıfica de lıquido, dada por

ρl = ρlo e(p−po)

Kl (3.22)

onde po e a pressao inicial e Kl e o modulo de elasticidade do lıquido nas condicoes

padrao. A equacao (3.22) mostra uma relacao exponencial entre massa especıfica e

a pressao onde o valor e calculado a partir do valor nas condicoes padrao.

Em (LEE et al., 2002) sao definidas as seguintes expressoes para o modulo de

elasticidade efetivo da mistura, Km, e velocidade de onda da mistura lıquido-vapor,

am:

1

Km

=1

Kl

+αv

n+cD

Ee(3.23)

am =

√Km

ρ

onde c e um parametro que depende do tipo de suporte do duto e grau de liberdade

com que o mesmo pode se movimentar longitudinalmente, e e a espessura da parede

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do duto, E o modulo Young do material presente na tubulacao e n o expoente

politropico do gas.

A partir da equacao da continuidade, equacao da quantidade de movimento

linear, equacao de transporte e da equacao constitutiva e possıvel obter uma solucao

numerica para o problema de cavitacao. As variaveis de maior interesse durante o

escoamento transiente sao a fracao volumetrica de vapor, velocidade do escoamento

e pressao. No proximo capıtulo e apresentado a abordagem numerica utilizada no

presente trabalho.

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Capıtulo 4

Metodo de Solucao

4.1 Natureza do Problema

Um sistema de equacoes diferenciais parciais pode ser classificado como elıptico,

parabolico, hiperbolico ou misto (OZISIK et al., 2017). A fim de analisar a natureza

do problema proposto, o sistema de equacoes (3.16) pode ser escrito na forma quasi-

linear como (TORO, 2009):

∂U

∂t+

(∂F

∂U

)∂U

∂x= S(U) (4.1)

∂U

∂t+ J

∂U

∂x= S(U) (4.2)

onde J e a matriz Jacobiana do sistema, que e igual a

J ≡ ∂F

∂U=

∂F1

∂U1

∂F1

∂U2

∂F1

∂U3

∂F2

∂U1

∂F2

∂U2

∂F2

∂U3

∂F3

∂U1

∂F3

∂U2

∂F3

∂U3

(4.3)

Para as equacoes (3.17) e (3.18) obtem-se a seguinte matriz Jacobiana

J =∂F

∂U=

u 1 0

u|u| |u| 0

ufv fv u

(4.4)

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cujos autovalores sao λ1 = 0, λ2 = u e λ3 = u + |u|. Nota-se que, para velocidades

positivas, os autovalores sao reais e distintos. Portanto, nesse caso, o sistema de

equacoes (3.16) e hiperbolico (TORO, 2009; OZISIK et al., 2017).

4.2 Fracionamento das Equacoes Nao Ho-

mogeneas

O sistema 3.16 possui um termo fonte, o que pode tornar a resolucao numerica

complicada. Para facilitar a solucao e possıvel dividir o sistema em dois; sendo

um homogeneo de equacoes diferenciais parciais (EDP) e um nao-homogeneo de

equacoes diferenciais ordinarias (EDO) (TORO, 2009; MADEIRA, 2011 e OZISIK

et al, 2017)

Cada sistema possui uma condicao inicial e o fracionamento e feito em cada passo

de tempo da seguinte forma. Seja

U = Un (4.5)

onde, Un e o vetor das variaveis de estado no instante tn = n∆t. O vetor Un evolui

para Un+1 quando o tempo passa de tn para tn+1, realizando assim um passo de

tempo com valor ∆t = tn+1 − tn.

Realizando o fracionamento de primeira ordem obtemos (TORO, 2009 e OZISIK

et al, 2017):

∂U∂t

+ ∂F(U)∂x

= 0

U = Un

=⇒ Un+1

(4.6)

dUdt

= S(U)

U = Un+1

=⇒ Un+1 (4.7)

A solucao do sistema (4.6) e a condicao inicial do sistema (4.7).

Uma forma alternativa para reescrever os sistemas (4.6) e (4.7) e dada por

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Un+1 = S(∆t)Z(∆t)(Un) (4.8)

onde, Z(∆t) e S(∆t) sao os operadores dos sistemas (4.6) e (4.7), respectivamente.

Integrando a equacao presente no sistema (4.7) obtemos:

Un+1 = Un+1

+ S∆t (4.9)

que e solucao para o sistema de equacoes representado por S(∆t).

O sistema (4.6), representado por Z(∆t), e mais complexo e sua solucao sera

descrita a seguir.

4.3 Discretizacao Por Volumes Finitos

Para obter a solucao utilizando o esquema FORCE e feita uma discretizacao por

volumes finitos que assume propriedades constantes localmente, sendo assim Uni e

uma media integral de U(x, tn) no intervalo [xi− 12, xi+ 1

2] no instante t = tn, conforme

representado na figura 4.1. A equacao que representa esta media e apresentada

abaixo.

Uni =

1

∆x

∫ xi+ 12

xi− 12

U(x, tn)dx (4.10)

A equacao presente no sistema homogeneo (4.6) dada por

∂U

∂t+∂F(U)

∂x= 0 (4.11)

pode ser resolvida pelo esquema explicito abaixo:

Uni

+1 = Uni +

∆t

∆x(Fn

i − 12− Fn

i + 12) (4.12)

onde Fni + 1

2e uma aproximacao numerica para o fluxo F calculado na fronteira

i+ 12.

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Figura 4.1: Discretizacao por Volumes Finitos

4.4 Esquemas Monotonos

Segundo TORO (2009) um esquema do tipo

un+1i = H(uni−kl+1, ..., u

ni+kR

) (4.13)

com kL e kR dois numeros inteiros nao negativos, e monotono se

∂H

∂unj≥ 0, ∀j (4.14)

isto e, H e uma funcao nao decrescente para cada um de seus argumentos.

Se um esquema da forma

un+1i = uni +

∆t

∆x(fn

i− 12− fn

i+ 12) (4.15)

for monotono, entao

∂uni+1

fi+ 12(uni , u

ni+1) ≤ 0 (4.16)

e

∂uni−1

fi− 12(uni−1, u

ni ) ≥ 0 (4.17)

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4.5 Metodo de Solucao

Para resolver o esquema explıcito apresentado na equacao (4.12) e necessario calcular

o fluxo na fronteira. Neste trabalho sera utilizado o fluxo FORCE que trata-se

de uma media aritmetica entre os fluxos para os esquemas de Richtmyer e Lax-

Friedrichs (TORO, 2009 e ZEIDAN, 2016). Sendo assim, podemos escrever:

FFiO+R12

CE =1

2(FL

iF+ 1

2+ FR

iI+ 1

2), (4.18)

onde FFiO+R12

CE e o fluxo FORCE, FLiF+ 1

2e o fluxo de Lax-Friedrichs e FR

iI+ 1

2e o fluxo

de Richtmyer.

Os fluxos de Lax-Friedrichs e Richtmyer sao dados respectivamente por

FLiF+ 1

2=

1

2[F(Un

i ) + F(Uni +1)] +

1

2

∆x

∆t[Un

i −Uni +1], (4.19)

e

FRiI+ 1

2= F(UR

iI+ 1

2), (4.20)

onde

URiI+ 1

2=

1

2(Un

i + Uni +1) +

1

2

∆t

∆x[F(Un

i )− F(Uni +1)] (4.21)

Utilizando as equacoes acima e possıvel obter os parametros necessarios para o

calculo do fluxo FORCE (ZEIDAN, 2016).

4.6 Volumes Fictıcios

Em volumes finitos, para calcular o valor da solucao em uma celula, em um deter-

minado instante de tempo, e necessario conhecer a solucao na mesma celula e nas

celulas vizinhas no instante de tempo anterior. Para que seja possıvel o calculo do

fluxo nas fronteiras e necessario impor condicoes de contorno numericas. A con-

figuracao das celulas nas fronteiras pode ser verificada na figura 4.2. De acordo

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com LANEY (1998) e possıvel criar dois volumes fictıcios em cada fronteira e a

extrapolacao e feita de acordo com as equacoes abaixo:

Uno = Un

1 (4.22a)

Un−1 = Un

2 (4.22b)

UnM+1 = Un

M (4.22c)

UnM+2 = Un

M−1 (4.22d)

Figura 4.2: Volumes Finitos e Fictıcios (LUCUMI, 2015)

Para as aplicacoes deste trabalho, apenas a pressao sera prescrita na entrada

enquanto as variaveis do vetor de estado: ρ, ρu e ρfv, serao extrapoladas. Na saıda,

a segunda variavel do vetor de estado, que corresponde a ρu, sera imposta. Ja as

demais variaveis do vetor de estado, ρ, ρfv e a pressao, p, serao extrapoladas.

4.7 Criterio de Estabilidade

Para o calculo do incremento ∆t foi utilizado a formula baseada no criterio proposto

por TORO (2009) que e dada por

∆t = Ccf l∆x

S(n)max

(4.23)

onde Ccf l e o coeficiente CFL (Courant-Friedrichs-Lewy) com Ccf l no intervalo de

]0, 1]. ∆x e o comprimento da celula e S(n)max e a velocidade de propagacao da onda

mais rapida no instante de tempo tn dada por (TORO, 2009):

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S(n)max = max|uni |+ ani (4.24)

onde i e a posicao do volume finito, uni e a velocidade do escoamento local e ani e a

celeridade local.

4.8 Calculo da Pressao

A solucao do sistema de equacoes (3.16), pelo Esquema FORCE, torna possıvel

a obtencao das variaveis presentes no vetor de estado dado pela equacao (3.17).

Dentre essas variaveis nao encontramos a pressao. Abaixo e descrito como, a partir

da equacao constitutiva apresentada no capıtulo 3, podemos obter a pressao em

todo o duto para cada instante de tempo.

Em (CRESPO et al., 2001, apud SUMAM et al., 2009) e estabelecido que a lei

politropica pode ser considerada para gases atraves do uso da equacao de Rayleigh-

Plesset para a dinamica de bolhas, pelo fato do expoente politropico n nao ser de

grande relevancia na regiao de cavitacao. Desta forma, a expansao politropica de

uma bolha de vapor pode ser escrita como:

pαn = poαno (4.25)

A fracao volumetrica de vapor varia em cada ponto da malha, devido a variacao

de pressao ao longo do duto. Esta variacao e computada escrevendo a equacao (4.25)

na forma

αki

+1 =

(pkipki

+1

) 1n

(αki ) (4.26)

na qual os ındices i e k representam as localizacoes na malha ao longo do compri-

mento do duto e do tempo, respectivamente.

Retomando a equacao constitutiva, podemos agora substituir as equacoes (3.21)

e (3.22) na equacao (3.20) obtendo

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ρ = ρlo e(p−po)

Kl (1− αv) + αvp

RT(4.27)

Substituindo a equacao (4.26) na equacao (4.27), reorganizando os termos e

expressando a equacao para um novo passo de tempo, obtemos a equacao dada por

αkvi

(pkipki

+1

) 1n pki

+1

RT+

(1− αk

vi

(pkipki

+1

) 1n

)ρlo e

(pki+1−po)

Kl − ρki +1 = 0 (4.28)

O valor da fracao massica de vapor, αv, pode ser obtido de forma simples a partir

das variaveis de estado utilizando a equacao

αv = fvρ

ρv(4.29)

que foi apresentada no capıtulo 3.

Como a equacao (4.28) e nao linear e diferenciavel em pki+1 foi utilizado o metodo

de Newton-Raphson (PRESS et al., 1992) para obter a solucao. Tal metodo implica

que

pqi+1 = pqi −

f(pqi )

f ′(pqi )(4.30)

onde q e o numero da iteracao, f(pqi ) e o valor da funcao apos a iteracao de numero

q e f′(pqi ) e o valor da derivada de f(pqi ) apos a iteracao de numero q.

A utilizacao do metodo de Newton-Raphson leva a pressoes absolutas negativas,

o que caracteriza uma inconsistencia fısica na solucao. A fim de solucionar esse

problema e utilizada uma tecnica chamada de sub relaxacao, que consiste em mul-

tiplicar o termo de correcao de pressao na equacao (4.30) por um fator entre 0 e 1,

caso pqi+1 seja negativo. Caso apos a utilizacao do fator de sub relaxacao a pressao

continue negativa, o fator e multiplicado por ele mesmo a fim de reduzir o valor

do termo de correcao da pressao. Tal procedimento e repetido ate que pqi+1 seja

positivo. O valor do fator utilizado foi de 0,25 (SUMAM et al., 2009).

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Capıtulo 5

Resultados e Discussoes

Para a verificacao e validacao dos resultados obtidos via Esquema FORCE, serao

utilizados os resultados numericos e experimentais apresentados por SUMAM et

al. (2009) para dois casos teste. SUMAM et al. (2009) utilizaram o metodo

MacCormack para resolver o modelo. Uma comparacao e feita neste capıtulo entre

as solucoes obtidas a partir dos metodos MacCormack e FORCE.

O codigo utilizado para obter a solucao via Esquema FORCE foi escrito na

linguagem de programacao C++ e foi rodado em um computador com processador

Intel(R) Core(TM) i7-3770 CPU @ 3.40GHz e 8GB de memoria RAM.

5.1 Caso Teste 1

Para o caso teste 1, apresentado por SUMAM et al. (2009), foi utilizado uma

tubulacao horizontal de comprimento 32, 5 metros, diametro de 5, 3 centımetros e

espessura de 0, 37 centımetros. Inicialmente, a valvula, que se encontra no final da

tubulacao, esta aberta e agua escoa com uma velocidade de 0, 255 m/s. A pressao

absoluta a montante e de 0, 267MPa. Considerando as perdas de carga pode-se

obter a pressao inicial em toda a tubulacao atraves da equacao (SZYDLOWSKI,

2002)

p = 0, 267− f ∆L

Dρu2

0

2(5.1)

onde u0 e a velocidade inicial e ∆L e a distancia entre o inıcio da tubulacao e

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uma posicao especıfica. O valor do fator de friccao, f e de 0,03. O fechamento da

valvula acontece de forma linear comecando em t = 0s e terminando em t = 0, 02s.

A tabela 5.1 resume os parametros utilizados para o caso teste 1.

Tabela 5.1: Dados para o Caso Teste 1

Pressao Absoluta a Montante p0 0,267MPa

Velocidade Inicial u0 0,255m/s

Comprimento do Duto L 32,5m

Diametro do Duto D 0,053m

Espessura do Duto e 0,0037m

Modulo de Elasticidade do Duto E 200 GPa

Fator de Friccao f 0,03

Temperatura T 32oC

Massa Especıfica Inicial do Lıquido ρ0 998 kg/m3

Pressao de Vapor pv 4,2 kPa

Tensao Superficial σ 0,07 N/m

Coeficiente Politropico n 1,25

Constante de Evaporacao Ce 0,02

Constante de Condensacao Cc 1

As figuras (5.1) e (5.2) apresentam os graficos da pressao manometrica, na

posicao da valvula de fechamento, para o caso teste 1 variando o numero de

volumes em que o duto e divido. A partir dos graficos de pressao apresentados

podemos observar um primeiro pico que ocorre no intervalo de 0, 02s ate 0, 038s.

Este corresponde ao golpe de ariete proveniente do fechamento da valvula. O valor

da pressao comeca entao a cair, atingindo valores menores que a pressao de vapor

fazendo com que o lıquido evapore formando bolhas de vapor. Quando o valor da

pressao sobe novamente e observado um segundo pico (primeiro pico de cavitacao),

mais intenso que o primeiro, que e proveniente do colapso das bolhas. Podemos

tambem observar que os picos de pressao sao atenuados com o tempo devido ao

atrito.

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As figuras (5.1) e (5.2) tambem mostram que ha uma convergencia de malha

com o aumento do numero de volumes usados na discretizacao. A magnitude do

primeiro pico de cavitacao, que ocorre em torno de 0, 14s, e diretamente influenciado

pela malha utilizada. O valor maximo da pressao e de 0, 556MPa para N = 80,

enquanto que para N = 2560 este valor chega a 0.696MPa. O aumento de N leva

a uma diminuicao do ∆x o que por sua vez diminui ∆t, de acordo com a equacao

(4.23). O colapso de bolhas acontece de forma muito rapida. Logo, e necessario um

menor valor de ∆t para descrever o fenomeno (SUMAM et al., 2009). Utilizando

esta ideia podemos entender melhor a necessidade de uma malha mais refinada. Os

graficos para N = 1280 e N = 2560 possuem grande concordancia na escala grafica,

exceto para os picos que acontecem em maiores tempos. O valor maximo de pressao

pouco varia, podemos entao concluir que para 2560 volumes a malha ja convergiu

satisfatoriamente.

Figura 5.1: Pressao na valvula - Convergencia de Malha caso Teste 1 - Esquema

FORCE

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Figura 5.2: Pressao na valvula - Convergencia de Malha Caso Teste 1 - Esquema

FORCE

A figura (5.3) apresenta os resultados experimentais e computacionais presentes

em SUMAM et al. (2009), para a pressao na posicao da valvula de fechamento.

Na figura (5.4) podemos observar uma comparacao entre os resultados a partir

do esquema FORCE e do metodo MacCormack para a pressao na posicao da valvula .

Comparando os resultados computacionais obtidos por SUMAM et al. (2009),

na figura (5.3), com os resultados deste trabalho, na figura (5.4), podemos observar

que o metodo MacCormack possui diversas oscilacoes numericas enquanto que o

esquema FORCE e mais estavel. Para o primeiro pico de cavitacao, a pressao

maxima experimental esta em torno de 0.71 MPa. Para o metodo MacCormack

esta possui um valor aproximado de 0.78 MPa, enquanto que para a solucao via

o esquema FORCE este valor e de 0.696MPa. Devido as oscilacoes numericas do

metodo MacCormack, este produz uma pressao maior que a pressao verificada no

resultado experimental para o primeiro pico de cavitacao.

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Figura 5.3: Pressao na Valvula - Caso Teste 1 (SUMAM et al. 2009) - MacCormack

e Experimental

Figura 5.4: Pressao na Valvula - Caso Teste 1 - Esquema FORCE e Metodo Mac-

Cormack

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A tabela (5.2) apresenta o valor maximo da pressao, devido a colapso de bolhas,

para os diversos resultados. O tempo computacional para cada numero de volumes

na malha (N) tambem e apresentado.

Tabela 5.2: Pressao Maxima - Caso Teste 1

Tipo de Solucao Pressao Maxima (MPa) Volumes Tempo CPU (s)

FORCE 0,556 80 1

FORCE 0,599 160 2

FORCE 0,638 320 6

FORCE 0,668 640 19

FORCE 0,686 1280 65

FORCE 0,696 2560 242

MacComarck 0,78 - -

Experimental 0,71 - -

Para cavitacao a analise mais importante se da em torno do primeiro pico de

cavitacao, pois e onde a pressao alcanca seu valor maximo. O modelo matematico

utilizado neste trabalho tambem e capaz de descrever o amortecimento para os

picos de cavitacao posteriores. Porem para maiores valores do tempo , t, ha uma

pequena defasagem na frequencia de oscilacao entre o resultado experimental e o

computacional. A tabela (5.3) mostra uma comparacao entre o valor aproximado

da pressao, na valvula, para os diversos picos de pressao, a fim de mostrar a

capacidade do modelo em simular o amortecimento.

Tabela 5.3: Picos de Cavitacao

- FORCE MacCormack Experimental

1o Pico de Cavitacao (MPa) 0,696 0,78 0,71

2o Pico de Cavitacao (MPa) 0,57 0,67 0,58

3o Pico de Cavitacao (MPa) 0,514 0,52 0,49

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A figura (5.5) mostra a fracao volumetrica de vapor, calculada no esquema

FORCE, na posicao da valvula. Os valores para αv sao baixos, o que e esperado

para um modelo com cavitacao distribuıda. E possıvel observar que o aumento da

fracao volumetrica coincide com o momento em que a pressao e igual a pressao de

vapor e que os picos de pressao ocorrem logo apos a fracao volumetrica retornar ao

valor zero, mostrando que os picos de cavitacao sucedem o colapso de bolhas.

Figura 5.5: Fracao Volumetrica na Posicao da Valvula - Caso Teste 1

Para picos de cavitacao posteriores a pressao nao permanece por um longo tempo

na pressao de vapor, logo podemos observar, na figura (5.5), que o valor alcancado

pela fracao volumetrica de vapor e menor para maiores valores de tempo.

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5.2 Caso Teste 2

Para o caso teste 2 foi utilizado o mesmo experimento do caso teste 1. Dentre os

parametros de entrada, o unico que mudou foi a velocidade inicial do escoamento.

A tabela (5.4) mostra os dados da simulacao.

Tabela 5.4: Dados para o Caso Teste 2

Pressao Absoluta a Montante p0 0,267MPa

Velocidade Inicial u0 0,327m/s

Comprimento do Duto L 32,5m

Diametro do Duto D 0,053m

Espessura do Duto e 0,0037m

Modulo de Elasticidade do Duto E 200 GPa

Fator de Friccao f 0,03

Temperatura T 32oC

Massa Especıfica Inicial do Lıquido ρ0 998 kg/m3

Pressao de Vapor pv 4,2 kPa

Tensao Superficial σ 0,07 N/m

Coeficiente Politropico n 1,25

Constante de Evaporacao Ce 0,02

Constante de Condensacao Cc 1

O fechamento da valvula, que se encontra no final da tubulacao, comeca em 0s

e termina em 0,02s. O fluido utilizado tambem e agua.

As figuras (5.6) e (5.7) mostram a convergencia de malha para o caso 2. Os

graficos apresentam a pressao na valvula para diversos numeros de volumes. E

possıvel observar que ha pouca diferenca na escala grafica entre os resultados para

N = 1280 e N = 2560. Sendo assim, podemos dizer que a malha com 2560 volumes

esta satisfatoriamente convergida.

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Figura 5.6: Pressao na Valvula - Convergencia de Malha - Caso Teste 2 - Esquema

FORCE

Figura 5.7: Pressao na Valvula - Convergencia de Malha - Caso Teste 2 - Esquema

FORCE

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A figura (5.8) mostra a pressao na valvula a partir dos resultados presentes em

SUMAM et al. (2009). A figura (5.9) apresenta a pressao na valvula utilizando

o esquema FORCE e o metodo de MacCormack. Novamente podemos concluir

que o modelo matematico consegue descrever de forma satisfatoria o fenomeno

apresentando boa concordancia com os resultados experimentais.

Figura 5.8: Pressao na valvula - Caso Teste 2 (SUMAM et al., 2009) - MacCormack

e Experimental

A tabela (5.5) apresenta o valor maximo da pressao, na posicao da valvula,

para o esquema FORCE com diversas malhas. Tambem e apresentado valores

aproximados para a pressao na valvula a partir do metodo MacCormak e a partir

dos resultados experimentais presentes em SUMAM et al. (2009).

Tambem e possıvel observar que as oscilacoes numericas presentes no metodo de

MacCormack levam a valores de pressoes que nao estao de acordo com a realidade.

E possıvel concluir que o esquema FORCE possui uma grande vantagem devido a

sua estabilidade, que permite a representacao de descontinuidades na solucao, sem

as oscilacoes tıpicas do metodo de MacCormack.

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Figura 5.9: Pressao na Valvula - Caso Teste 2 - Esquema FORCE e Metodo Mac-

Cormack

Tabela 5.5: Pressao Maxima - Caso Teste 2

Tipo de Solucao Pressao Maxima (MPa) Volumes Tempo CPU (s)

FORCE 0,643 80 1

FORCE 0,659 160 2

FORCE 0,673 320 6

FORCE 0,681 640 19

FORCE 0,685 1280 65

FORCE 0,687 2560 235

MacComarck 1,02 - -

Experimental 0,73 - -

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Capıtulo 6

Conclusoes e Sugestoes

Neste trabalho foi utilizado o modelo matematico apresentado por SUMAM et al.

(2009), para simular cavitacao de vapor transiente. A hipotese de uma mistura

lıquido-vapor homogenea foi utilizada nesta abordagem. O modelo matematico

utiliza a equacao de conservacao da massa, equacao da quantidade de movimento

linear, equacao de transporte e uma equacao constitutiva.

Para obter a solucao numerica das equacoes na forma vetorial foi utilizado

o esquema FORCE que se baseia em volumes finitos. Tal metodo de solucao se

mostrou bastante estavel. Para simular o problema de fechamento de valvula,

foi utilizado como condicoes de contorno, pressao na entrada e vazao na saıda.

Volumes fictıcios nos extremos foram considerados a fim de ajudar a obter a valor

das variaveis no volumes reais que se encontram nos extremos.

Para obter a pressao a partir das variaveis de estado, presentes no vetor de

estado U, foi utilizada a equacao constitutiva e tambem a suposicao de que as

bolhas seguem uma compressao e expansao politropica. Como foi obtida uma

equacao nao linear, o metodo numerico de Newton-Raphson foi utilizado com

objetivo de calcular a pressao.

Foi mostrado que, para o esquema FORCE, e necessario a utilizacao de

aproximadamente 2560 volumes, no mınimo, para obter uma malha convergida que

seja capaz de obter um resultado satisfatorio. Como o fenomeno de colapso de

bolhas acontece muito rapido, e necessario um menor ∆t, para que seja possıvel

captar os picos de cavitacao.

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Para verificacao e validacao dos resultados obtidos foram simulados dois casos

testes, com agua, onde a solucao atraves do esquema FORCE foi comparada com

os resultados numericos e experimentais presentes em SUMAM et al. (2009).

SUMAM et al. (2009) utilizaram o metodo MacCormack para obter os resultados

computacionais. Os resultados computacionais mostraram uma boa concordancia

com os resultados experimentais.

Dentre as principais conclusoes a partir dos resultados podemos citar:

• Apos a valvula ser fechada, uma onda de pressao se propaga no duto. Essa

onda corresponde ao fenomeno conhecido como golpe de arıete. Devido ao golpe

de arıete, a pressao pode alcancar valores menores que a pressao de vapor, o que

leva ao surgimento de bolhas de vapor. Quando a pressao aumenta novamente, o

colapso das bolhas pode levar a picos de cavitacao que podem produzir pressoes

maiores que a pressao calculada pela equacao de Joukowsky.

• Como o colapso de bolhas ocorre de forma rapida, e necessario um pequeno

∆t para simular o fenomeno, o que corresponde a uma malha mais fina para o

esquema FORCE.

• A abordagem matematica apresentada leva a resultados que possuem boa

concordancia com os resultados experimentais.

• O esquema FORCE, por ser mais estavel, produz resultados mais consistentes

em comparacao ao metodo MacCormack. Devido as suas grandes oscilacoes

numericas, o metodo de MacCormack produz picos de pressao mais distantes dos

resultados experimentais. A pressao maxima proveniente da solucao atraves do

esquema FORCE esta muito proxima da pressao obtida experimentalmente.

• Para maiores valores de tempos, os resultados numericos sofrem uma defasa-

gem em comparacao com os dados experimentais.

Como sugestao para trabalhos futuros podemos citar a adicao de um fator de

atrito transiente que possa descrever melhor a dissipacao de energia melhorando

os resultados. Em estudos posteriores tambem podem ser realizadas comparacoes

com resultados provenientes de outros experimentos bem como resultados a partir

de outros modelos como o modelo de cavidade de vapor discreta (DVCM), modelo

de cavidade de gas discreta (DGCM) e o modelo de interface generalizado para

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cavitacao de vapor (GIVCM).

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Capıtulo 7

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