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i ADRIANA CAROLINA MARQUES FERREIRA SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA É FRRAMENTA ÚTIL PARA A IDENTIFICAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM CULTURAS DAS VIAS AERÍFERAS NA FIBROSE CÍSTICA? CAMPINAS 2014

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ADRIANA CAROLINA MARQUES FERREIRA

SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA É FRRAMENTA ÚTIL PARA A

IDENTIFICAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM CULTURAS DAS VIAS

AERÍFERAS NA FIBROSE CÍSTICA?

CAMPINAS

2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Médicas

ADRIANA CAROLINA MARQUES FERREIRA

SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA É FERRAMENTA ÚTIL PARA A IDENTIFICAÇÃO

MICROBIOLÓGICA EM CULTURAS DAS VIAS AERÍFERAS NA FIBROSE CÍSTICA?

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos

exigidos para obtenção do título de Mestra em Ciências, na

área de concentração Saúde da Criança e do Adolescente.

Orientador: José Dirceu Ribeiro

Co-orientador: Carlos Emílio Levy

CAMPINAS

2014

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA ADRIANA

CAROLINA MARQUES FERREIRA E ORIENTADA PELO

PROF. DR. JOSÉ DIRCEU RIBEIRO

__________________________

Assinatura do Orientador

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RESUMO

Introdução: A eficiente detecção de microrganismos nas vias aeríferas de pacientes

com fibrose cística (FC) possibilita antibioticoterapia dirigida, melhor manejo

ambulatorial e promove maior preservação da função pulmonar. Métodos para melhorar

a identificação bacteriana estão em estudo, porém, não fica claro na literatura o papel

da solução salina hipertônica (SSH) no auxílio da detecção desses microrganismos.

Objetivo: Verificar a eficácia da SSH a 7% na identificação de microorganismos nas

secreções das vias aeríferas em pacientes com FC e comparar com variáveis clinicas e

laboratoriais.

Método: Incluídos 64 pacientes com FC, com coleta de escarro ou swab de secreção

de orofaringe pré e após inalação com SSH-7%. A identificação bacteriana foi realizada

pelas técnicas de rotina no laboratório de Microbiologia.

Resultados: Dos pacientes, 34(53,1%) eram do sexo feminino, com idade média de

12,11(±5,12). Do total de culturas microbiológicas realizadas (704 antes e após a SSH-

7%), não houve diferença estatisticamente significante entre os resultados positivos,

sendo 101 antes e 118 depois (OR=0,8319, IC=0,622-1,111). O mesmo foi observado

para o número de espécies identificadas, sendo inicialmente identificados 7

microrganismos diferentes, e após a SSH-7% 11(p=0,1895), contudo houve aumento na

identificação de 4(36,36%) espécies diferentes. Na análise semi-quantitativa e tipo de

material (escarro ou swab) não houve diferença (p>0,05). No total foram obtidos após a

SSH-7%, 25 resultados positivos que eram negativos e o contrário ocorreu para 9

pacientes. Não houve efeitos colaterais devido a SSH-7%.Conclusão: Apesar de não

ocorrer diferença estatisticamente significativa, pode-se observar maior número de

resultados positivos,detecção de maior número de patógenos e de espécies diferentes

de microrganismos e aumento de amostras de escarro no lugar do swab após o uso da

SSH-7%.

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Palavras chaves: Fibrose Cística. Microorganismos. Solução Salina

Hipertônica. Diagnóstico.

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ABSTRACT

Introduction: The efficient detection of microorganisms in airways of cystic fibrosis (CF)

patients allows targeted antibiotic therapy, better outpatient care and, consecutively,

lung function preservation. Methods to improve bacteria identification have been

studied. The role of hypertonic saline solution (HSS) in sputum collection, for bacteria

identification, is not clear yet.

Aim: Verify the effectiveness of HSS in the identification of microorganisms in airway

secretions in patients and compare with clinical and laboratory variables.

Methods: The study enrolled 64 CF patients, with a sputum sample or swab before and

after inhalation with HSS 7%. Bacterial identification was performed by routine

laboratory techniques in microbiology.

Results: Of the 64 patients, female: 34 (53.1%); mean age: 12.11 (±5.12) years. Of the

total microbiological analysis performed (704 before and after of 7% HSS), there was no

difference between positive results between the positive results, being, 101 before and

118 after (OR= 0.832, CI= 0.622-1.111). The same was observed for the number of

microorganisms species, being initially identified 7 species and after, 11 species (p=

0.1895), an increase of four different species (36.36%). In semi-quantitative analysis,

there was no difference (p> 0.05). After of 7% HSS, 25 new positive results were

observed and the opposite occurred in nine patients. No collateral effects were observed

due to 7% HSS. Conclusion: Although statistically significant difference does not occur,

the 7% HSS allowed a greater number of microbiological identification in sputum from

airways, as in absolute number and as different microorganisms’ species.

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Key words: Cystic Fibrosis. Microorganisms. Hypertonic Saline. Diagnosis.

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SUMÁRIO

Resumo ................................................................................................... vii

Abstract .................................................................................................... ix

Dedicatória .............................................................................................. xv

Agradecimentos.....................................................................................xvii

Epígrafe................................................................................................. ..xix

Lista de Figuras ..................................................................................... xxi

Lista de Tabelas....................................................................................xxiii

Lista de Abreviaturas, Siglas e Notações..........................................xxv

Introdução..................................................................................................1

1. Fibrose Cística ................................................................................ 1

1.2 Epidemiologia ................................................................................ 2

1.3 Bases Genéticas da Doença ......................................................... 2

1.4 Manifestações Clínicas .................................................................. 7

1.5 Fisiopatologia da doença pulmonar ............................................ 8

1.6 Infecção Pulmonar em Pacientes com Fibrose Cística ............. 12

1.7 Correlação entre a microbiologia das vias aeríferas superiores e

inferiores...................................................................................................16

2. Solução Salina Hipertônica .......................................................... 17

2.1 Segurança do uso da SSH ............................................................ 17

2.2 Indução de escarro e Higiene Brônquica .................................... 20

2.3 Importância da SSH no diagnóstico microbiológico na FC ...... 22

2.4 SSH auxiliando na diminuição dos marcadores inflamatórios ... 24

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2.5 SSH na melhora da função pulmonar ......................................... 25

2.6 SSH auxiliando na redução das exacerbações pulmonares ........ 26

Objetivos ................................................................................................. 29

3. OBJETIVOS GERAIS ..................................................................... 29

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................ 29

Casuísticas e Métodos ........................................................................... 31

4 Delineamento do Estudo............................................................... 31

4.1 População do Estudo ................................................................. 32

4.2 Critérios de Inclusão .................................................................. 33

4.3 Critérios de Exclusão ................................................................. 33

5 Processo de Diagnóstico da Fibrose Cística .............................. 33

5.1 Análise Genética ......................................................................... 33

5.2 Teste de sódio-cloro no suor.....................................................34

6 Avaliação microbiológica do trato respiratório .......................... 34

6.1 Coleta de amostras .................................................................... 34

6.2 Escarro ........................................................................................ 35

6.3 Secreção de Orofaringe ............................................................. 35

7 Cultura ............................................................................................ 35

7.1 Incubação e avaliação do crescimento .................................... 36

7.2 Identificação dos microorganismos ........................................ 37

7.2.1 Identificação fenotípica ........................................................... 37

7.2.2 Identificação fenotípica – Sistema Automatizado Vitek2 ..... 40

7.2.2.1 Preparação do inoculo ......................................................... 41

8 Aspectos éticos da pesquisa ....................................................... 45

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xiii

9 Resultados ..................................................................................... 47

10 Discussão ....................................................................................... 59

11 Conclusão ...................................................................................... 65

12 Referências Bibliográficas ........................................................... 67

13 Anexos.............................................................................................77

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xv

Dedico este trabalho aos meus

pais Sônia e Aparecido, por terem

me incentivado e acreditado em

mim em todos os instantes.

Ao meu esposo Jonathan, pela

compreensão das minhas

ausências e por toda a

colaboração desprendida.

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xvii

Agradecimentos

Ao Prof. Dr. José Dirceu Ribeiro por permitir o meu ingresso no Programa de

Pós Graduação, pelo seu profissionalismo, por todos os momentos que trilhou comigo

esse caminho não me deixando desistir, por sua participação, pela sua humildade e

desprendimento em passar todo seu conhecimento sobre a Fibrose Cística, além de

estar sempre à disposição para ensinar, coloco meu eterno agradecimento.

Ao Prof. Dr. Carlos Emílio Levy, por todo o seu desprendimento em ajudar,

por todo o conhecimento, paciência, auxílio e companheirismo durante toda a pesquisa,

por ajudar-me a conciliar os momentos difíceis com muita calma e ternura, além de todo

seu profissionalismo e humildade, meu profundo agradecimento.

À Milena Antonelli Cohen, que coletou os dados iniciais do trabalho e na sua

profunda humildade os cedeu para que concluísse a pesquisa.

Ao Fernando Marson, por toda a sua perseverança, auxílio, ensinamentos,

por me ensinar a importância da pesquisa, por me fazer crer nos benefícios que

podemos trazer aos pacientes com a pesquisa, por sua amizade, meu agradecimento.

À Maria Angela Gonçalves Ribeiro, por estar presente em todos os

momentos incentivando, ensinando, não se importando em dividir o conhecimento, meu

muito obrigada.

À Denise da Silva Abonício, por repassar seu conhecimento, por permitir

minha entrada no Laboratório de Microbiologia todas as vezes que tive dúvidas, por

realizar as análises com toda atenção e cuidado.

A todos que me incentivaram, apoiaram e estiveram presentes durante esse

período acadêmico e acreditaram em mim, em especial à Celize Cruz Bresciane

Almeida e ao Dr. Armando Almeida Junior.

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“Que os vossos esforços desafiem

as impossibilidades, lembrai-vos

de que as grandes coisas do

homem foram conquistadas do

que parecia impossível.”

Charles Chaplin

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xxi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Perspectiva de sobrevida dos pacientes com FC de 1987 a 2011...............1

Figura 2: Alteração no Cromossomo 7...................................................................3

Figura 3: Classes de mutações da Fibrose Cística..................................................6

Figura 4: Apresentação epitélio normal, com Fibrose Cística e com Fibrose Cística e

uso de Solução Salina Hipertônica.........................................................................9

Figura 5: Epitélio pulmonar com e sem o uso da SSH...........................................10

Figura 6: Prevalência dos patógenos de acordo com a idade...................................15

Figura 7. Método semi-quantitativo. Fonte: Baron 1996.........................................34

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xxiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Mutações no gene CFTR dos pacientes com Fibrose Cística...................44

Tabela 2. Bactérias isoladas na cultura de escarro e swab pré e após o uso de salina

hipertônica a 7% em pacientes com fibrose cística................................................48

Tabela 3. Comparação semi-quantitativa para as bactérias isoladas na cultura de

escarro e swab pré e pós o uso de salina hipertônica a 7% em pacientes com fibrose

cística..................................................................................................................50

Tabela 4. Pacientes com fibrose cística com resultado positivo antes e após o uso da

salina hipertônica a 7%, e aumento em número de pacientes, bem como em

porcentagem após o uso da salina.......................................................................52

Tabela 5. Associação das variáveis: sexo, etnia e mutações no gene CFTR, com os

valores do numero de isolados para as bactérias analisadas perante os diferentes

grupos possíveis: mesmo resultado, positividade e negatividade...........................53

Tabela 6. Associação das variáveis: escores, espirometria, índice de massa corpórea e

idade, com os valores do numero de isolados para as bactérias analisadas perante os

diferentes grupos possíveis: mesmo resultado, positividade e

negatividade........................................................................................................54

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

FC = Fibrose Cística

CFTR = cystic fibrosis transmembrane regulator

cAMP = Adenosina monofosfato cíclico

DNA = ácido desoxirribonucleico

RNA = ácido ribonucleico

ATP = adenosina trifosfato

ORCC = canal de cloro

ENaC- = canal de sódio

NA+ = sódio

O2 = oxigênio

% = porcentagem

S.aureus = Staphylococcus aureus

H. influenzae = Haemophylus influenzae

P.aeruginosa = Pseudomonas aeruginosa

Complexo B. cepacia = Complexo Burkholderia cepacia

NO = óxido nítrico

NOS-2 = nitric oxide synthase

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xxvi

PO2 = Pressão de oxigênio

SSH = Solução Salina Hipertônica

IL-6 = Interleucina 6

IL-8 = Interleucina 8

IL- 10 = Interleucina 10

NaCL= cloreto de sódio

Log = logarítimo

FEV1 = volume expiratório forçado em 1 segundo

IMC = Índice de Massa Corpórea

ml = mililitro

mg = miligrama

mEq/L = miliequivalente por litro

min = minutos

kg = quilograma

L/min = litros por minuto

HC = Hospital de Clínicas

AS = Ágar Sangue

ACHOC = Ágar Chocolate

MC = Ágar MacConkey

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xxvii

BCSA = Burkholderia Cepacia Seletive Agar

MAN = Ágar Manitol

Cl- = cloro

CO2 = Gás carbônico

pH = potencial hidrogeniônico

F508del = deleção do aminoácido fenilalanina na posição 508

N1303K = mutação no gene da proteína CFTR

W1282X = mutação no gene da proteína CFTR

G85E = mutação no gene da proteína CFTR

G91R = mutação no gene da proteína CFTR

FCM = Faculdade de Ciências Médicas

Unicamp = Universidade Estadual de Campinas

SK = Shwachman & Kulczycki

EB= Escore de Bhalla

FEF25-75% = fluxo expiratório forçado entre 25% e 75%

VEF1 = volume expiratório em 1 segundo

IC = Intervalo de confiança

OR = odds ratio

CVF = capacidade vital forçada

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MI = mutação identificada no gene CFTR

MNI = mutação não identificada no gene CFTR

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1

INTRODUÇÃO

1. Fibrose Cística

A Fibrose Cística (FC) foi descrita pela primeira vez na década de 1930 por

afetar crianças e levá-las à morte nos primeiros anos de vida. [Maya,2003;

Ribeiro,2002] Devido aos avanços nos estudos em genética, imunologia, biologia

molecular, desenvolvimento dos antibióticos e dos processos nutricionais a sobrevida

desses indivíduos tem se tornado cada vez maior. [Maya, 2003]

Figura 1: Perspectiva de sobrevida dos pacientes com FC de 1987 a 2011. Fonte: US CFF

Registry.

Fibrose Cística é uma doença genética complexa, autossômica recessiva

que apresenta ampla variabilidade clínica principalmente na doença pulmonar,

resultante de alterações do fator genético CFTR (cystic fibrosis transmembrane

condutance) genes modificadores e ao ambiente. A alteração do fator genético afetará

a função da CFTR proteína, que é a proteína responsável pela absorção de sódio

através do canal, e pela cAMP, canal responsável pela excreção de cloro. [,Schwiebert,

1999; Zielenski,2000; Drumm, 2012; Knowles, 2012; Dorfman, 2012; Lima, 2012;

Marson-ADRB2,2012; Marson-ACE,2012; Marson-TCFL, 2012; Marson-COX-2,2013;

24

28

32

36

40

24

28

32

36

40

1987-1991 1992-1996 1997-2001 2002-2006 2007-2011

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2

Mason-ADRA2A, 2013; Gould, 2010] Esta alteração iônica trará complicações

pulmonares incluindo infecções, inflamações, obstruções e danos pulmonares severos;

sendo o maior risco o paciente apresentar falência respiratória. [Rosenfeld, 2012;

Morales, 1999] Também poderão apresentar insuficiência hepática com má digestão e

absorção, levando a uma desnutrição, infertilidade masculina, diminuição da fertilidade

feminina, obstrução intestinal e sinusite crônica. Seus sintomas aparecerão logo na

primeira infância. [Morales, 1999]

1.2 Epidemiologia

Fibrose Cística é uma das desordens autossômicas mais comumente

encontrada entre os caucasianos e descendentes de europeus, encontrada também,

porém em menor quantidade em africanos e asiáticos, apresentando uma taxa de 1

para cada 2.500 nascidos vivos na Europa, no Brasil estima-se cerca de 1 para cada

10.000 nascidos vivos Hoje, estima-se que exista no mundo cerca de 80.000 pessoas

portadoras da doença. [Cohen-Cymberknoh, 2011] [Lyczak,2002; Gibson, 2003;

Dentice, 2012; Michon, 2014]

1.3 Bases Genéticas da Doença

Trata-se de uma doença genética autossômica recessiva a qual o gene da

FC encontra-se no braço longo do cromossomo 7 no lócus q31, formada por 250

quilobases de DNA com 27 exons e codifica um RNA mensageiro de 6,5 quilobases

que transcreve a proteína CFTR possuidora de 1.480 aminoácidos. [Rowe,2005;

Ribeiro,2002; Gibson,2003] Essa proteína é sintetizada no núcleo da célula onde

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sofrerá fosforização e glicosilação pelas organelas citoplasmáticas. [Rowe,2005;

Ribeiro,2002; Schwiebert, 1999]

Figura 2: Cromossomo 7, CFTR e suas relações com a membrana. Fonte: Rowe, 2005

Hoje já foram descritas 2.000 mutações sendo uma doença que leva a uma

alteração da proteína CFTR que além de ser um regulador dos canais de cloro é

também uma inibidora do transporte de sódio através do canal respectivo, responsável

pelos canais de ATP, transporte intracelular de vesícula e inibição endógena dos canais

de cloro e cálcio ativo; também está envolvida com a troca de bicarbonato-cloro.

A primeira mutação encontrada e mais comumente diagnosticada é a

F508del. [Rowe,2005] Nesta mutação há a exclusão de três pares de bases que

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codificam a fenilalanina da posição 508 da proteína CFTR. Outras mutações causando

alterações clínicas severas também podem ser encontradas, como a N1303K, W1282X,

G85E e G91R são alguns exemplos. (Rowe,2005; Gibson,2003)

A mutação F508del é responsável por 70% dos alelos da FC em pessoas da

raça branca. Alguns estudos sugerem que, devem-se ao fato desses indivíduos terem

tido uma maior resistência à diarréia causada pela cólera, ou até mesmo apresentarem

uma maior proteção contra a asma brônquica, porém nada com grande comprovação

cientifica. [Gibson,2003; Zielenski, 2000]

Para facilitar a categorização, as alterações foram divididas em 6 classes de

desregulação da secreção de cloro. [Reeves, 2012; Zielenski, 2000]

Classe I A - há uma ausência total da CFTR devido a uma terminação

precoce do RNA (códon), devido a uma falta da biossíntese. [Reeves, 2012; Zielenski,

2000]

Classe I B- há uma ausência total da CFTR devido a um erro na fase de

leitura por uma falha na biossíntese, levando a uma adição, instabilidade, truncamento

ou deleção ( não expressão da proteína) de um ou até dois pares de base. [Reeves,

2012; Zielenski, 2000]

Classe II- a proteína CFTR é sintetizada, porém sofre uma degradação

prematura por não passar pelo processo de maturação e migração para a membrana, é

normalmente uma mutação missense. [Reeves, 2012; Zielenski, 2000]

Classe III- a proteína CFTR é mal regulada por não responder a estimulação

do cAMP pelo ATP, levando a uma alteração na regulação. [Reeves, 2012; Zielenski,

2000]

Classe IV- a condução e a seletividade iônica através do canal de cloro são

alteradas. [Reeves, 2012; Zielenski, 2000]

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Classe V – devido ao erro na síntese da proteína CFTR, há uma diminuição

na quantidade de canais de cloro. [Reeves, 2012; Zielenski, 2000]

Classe VI - a síntese da proteína CFTR é reduzida afetando a sua

estabilidade. [Reeves, 2012; Zielenski, 2000]

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Figura 3: Classes de Mutações da FC. Fonte: Rowe, 2005

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1.4 Manifestações Clínicas

Por se tratar de uma doença sistêmica, vários órgãos poderão ser afetados

pela alteração da CFTR. No pâncreas poderá ocorrer obstrução dos ductos por um

espessamento da secreção pancreática impedindo a liberação de enzimas no duodeno

gerando insuficiência, o que resultará em fibrose crônica e até mesmo uma substituição

gordurosa da glândula pancreática e consequentemente a um quadro de mal

nutrição.[Zielenski,2000,Cohen-Cymberknoh, 2011,Ribeiro,2002, Morales, 1999] A

insuficiência pancreática está presente em 75% dos pacientes ao nascer, de 80 a 85%

dos pacientes no final do primeiro ano de vida e 90% dos pacientes adultos. [Ribeiro,

2002]

Uma das manifestações que também pode ser encontrada em pacientes com

FC é a diabetes. Cerca de 40% dos pacientes adultos, 25% dos adolescentes e 9% das

crianças podem apresentar diabetes e está relacionada com o rápido declínio da função

pulmonar. Assim como o refluxo gastroesofágico que está presente em 6,4 a 20% dos

casos, pode ser agravado em caso de tosse crônica, hiperinsuflação pulmonar entre

outros fatores. [Ribeiro, 2002]

Pode-se encontrar em 10% dos pacientes com FC uma obstrução intestinal

na porção terminal do íleo por um espessamento do mecônio, o iíleo meconial, presente

de 15 a 20% dos casos de fibrose cística. [Rowe, 2005; Zielenski, 2000; Ribeiro, 2002]

Em alguns pacientes podemos encontrar uma obstrução das vias biliares diminuindo o

seu fluxo normal devido a um aumento da espessura dos sais biliares levando a danos

hepáticos severos, chegando até mesmo a uma cirrose hepática. [Rowe, 2005;

Zielenski,2000]

Homens nascidos com FC frequentemente são inférteis devido a obstrução

dos canais deferentes, levando a uma involução dos ductos de wolffian e outras

estruturas associadas causando azoospermia, porém apresentam potencia sexual e

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espermatogênese preservadas . [Rowe,2005] Também podemos encontrar pacientes

do sexo feminino com diminuição da fertilidade. [Morales, 1999]

Uma das mais severas manifestações na FC é a pulmonar, a qual caracteriza-

se pela retenção de muco, favorecendo assim processos inflamatórios e infecciosos,

consequentemente danos pulmonares e como ultimo estágio falência respiratória.

[Subbarao, 2007]

1.5 Fisiopatologia da doença pulmonar

Para um bom funcionamento das vias aeríferas é necessário um adequado

volume de líquido na superfície periciliar, para que assim uma boa higiene brônquica

possa ser realizada. O volume deste líquido é regulado pelo transporte de íons

realizado através do epitélio pela proteína CFTR, modulador da absorção de sódio e

secreção de cloro. (Elkins 2006,Ekins, 2006; Rowe, 2005]

A CFTR dos pacientes com FC não realiza uma perfeita secreção de cloro e

inibição de sódio, causando uma alteração dos íons, e consequentemente, de água.

[Elkins, 2006; Rosenfeld, 2012; Elkins, 2006]

Ocorrerá uma limitação em secretar Cl- através do canal de cloro (ORCC)

regulado pela cAMP e ao mesmo tempo um excesso de absorção de Na+ através do

ENaC-, levando a uma diminuição da água existente ao redor dos cílios por um excesso

de absorção de água pelas células, e como consequência uma queda do transporte do

muco pelos mesmos devido a uma desidratação da superfície aérea. [Henke 2007;

Elkins,2006, 5,Dentice, 2012; Elkins, 2006; Barboza, 2010; Reeves, 2012; Rowe, 2005;

Boucher, 2007] Uma das mais importantes variáveis para um eficiente clearance

mucociliar é a perfeita hidratação da secreção. [Boucher,2007]

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Figura 4: Modelo de infecção pela Pseudomonas aeruginosa. a-) epitélio normal, com

batimento periciliar e presença de muco normais. b-) epitélio de paciente com FC apresentando ausência

de transporte de muco e consequentemente seu acumulo sobre os cílios; influxo de Na+ e Cl

- com

consequente influxo de água para equilíbrio hidroeletrolítico, gerando desidratação no muco. c-) acúmulo

de muco e diminuição dos valores de PO2. d-) Infecção pela P. aeruginosa através de sua atividade

flagelar. e-) P.aeruginosa adaptada a hipóxia vai criando colônias. f-) Macrocôlonias resistentes aos

sistemas de defesas, incluindo os neutrófilos, formando massas mucopurulentas. Fonte: Boucher, 2004.

O muco possui uma consistência de 98% de água e somente 1% de sal e 1%

de macromoléculas. Quando há uma diminuição na quantidade de água do muco, este

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se tornará um material adesivo e com muita viscoelasticidade e consequentemente uma

maior aderência à parede das vias aeríferas. [Boucher,2007] Este muco também torna-

se mais adesivo devido a um enriquecimento do muco dos pacientes com FC de

polieletrólitos aniônicos incluindo DNA produzidos pela colonização de bactérias e pela

lise de células inflamatórias. [Reeves,2012]

A diminuição do transporte do muco para as vias aeríferas superiores leva a

uma pré-disposição ao acúmulo de secreção em vias aeríferas inferiores, formando

placas aderidas às paredes gerando obstrução das vias aeríferas, além de um meio

propício ao desenvolvimento de processos inflamatórios recorrentes e infecções

bacterianas, aumentando ainda mais a produção de secreção formando um ciclo-

vicioso. [Henke,2010; Rosenfeld, 2011; Elkins, 2006, 11, Barboza, 2011;Boucher, 2007]

Figura 5: a-) epitélio sem alteração; b-) alteração dos canais de cloro causando retenção de

muco e “achatamento” dos cílios; c-) uso da solução salina hipertônica promovendo uma hidratação do

liquido periciliar. Fonte: Reeves, 2012

A colonização por agentes oportunistas, dentre eles, bactérias e fungos, é

marcador evolutivo da doença. Hoje cerca de 80 a 95% dos pacientes com FC

apresentam doença pulmonar causada por infecções bacterianas crônicas e processos

inflamatórios nas vias aeríferas. [ Scheicher, 2003; Ho, 2004, Maya, 2004; Bilton, 2011;

Hansen, 2012] Neste contexto, quanto mais precoce e precisa for a identificação do

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microorganismo, melhor será o tratamento e o ganho de qualidade e expectativa de

vida.

Cerca de 90% das causas de morte em pacientes com Fibrose Cística estão

relacionadas com a colonização bacteriana, infecção pulmonar crônica, gerando uma

sequência de episódios de pneumonias, atelectasias, bronquiectasias,

bronquioloectasias, hipertensão pulmonar, hipertrofia de ventrículo direito, falência

cardiorrespiratória e morte. [Boucher, 2007, Pezzulo, 2011; Morales, 1999; Gibson,

2003]

A infecção das vias aeríferas resulta em migração de grande quantidade de

neutrófilos, que quando degenerados uma grande quantidade de proteases, elastases e

outras enzimas proteolíticas são liberadas, levando a um dano no epitélio, e

consequentemente resulta em um clearance mucociliar anormal. (Henke,2007; Elkins,

2006; Rosenfeld, 2012; Barboza, 2010; Boucher, 2007] Os neutrófilos também possuem

uma grande quantidade de DNA nuclear e actina do citoesqueleto, e ambos aumentam

a viscosidade do muco. [Elkins, 2006] Também são encontrados nas vias aeríferas

desses pacientes, grande quantidade de interleucina-8, interleucina-6, fator de necrose

tumoral alfa, leucotrina B4. [Rowe, 2005]

O muco do paciente com fibrose cística é muito rico em elementos essenciais

para a sobrevivência da bactéria, fazendo com que ocorra uma rápida proliferação por

todo o campo pulmonar. [Boucher. 2007]

Novos estudos realizados investigaram a hipótese de que a combinação da

baixa quantidade de O2 no epitélio de um paciente com FC, com a longa distância

existente para a difusão de O2 causada pelas placas de muco formadas nas superfícies

aeríferas, geraria hipóxia e até mesmo anóxia do muco dos espaços interluminais. Esse

meio favoreceria o crescimento de bactérias anaeróbias, principalmente a

Pseudomonas aeruginosa, que cresce com muita facilidade em meios com baixa

quantidade de O2, o que poderia explicar a discrepância da baixa resposta clínica

desses pacientes à antibioticoterapia. [Boucher, 2007]

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1.6 Infecção Pulmonar em Pacientes com Fibrose Cística

Hoje, cerca de 80 a 95% dos pacientes com FC resultam em falência

respiratória causada por infecções bacterianas crônicas e processos inflamatórios nas

vias aeríferas. [Lyczak, 2002]

Todos os bebês com FC nascem com os pulmões estéreis, porém com os

passar do tempo com acúmulo de muco, inalação frequente de microorganismos e a

deficiência de higiene brônquica, faz com que frequentemente esses pacientes sejam

colonizados e/ou infectados logo na primeira infância com microorganismos como

Haemophilus influenzae, Staphylococcus aureus, que tratam-se de microorganismos

benignos quando encontrados em vias aeríferas superiores ou no próprio nariz, porém

quando encontram-se em vias aeríferas inferiores podem levar a um dano epitelial e

criar ambientes propícios a uma infecção com P. aeruginosa. [Lyczak, 2002; Boucher,

2007; Taylor, 2006; Logan, 2010] Portanto quanto mais cedo for feita a identificação do

microorganismo, mais rápido pode ser feito o tratamento adequado. [Ho,2004]

Normalmente os pacientes com FC adquirem o S. aureus ( 42%) e o H.

influenzae (19%) como já dito logo na primeira infância, já a P. aeruginosa é adquirida

mais tardiamente , quando esses pacientes encontram-se adultos jovens, com uma

prevalência de 80%. [Barth, 2005; Gibson,2003; Lyczak,2002; Logan, 2010] A idade da

aquisição da P. aeruginosa vai determinar o prognóstico de vida desse paciente, que

normalmente adquire a forma não mucóide e depois a mucóide. Longos períodos de

colonização com a P.aeruginosa geralmente resultam em infecções com 1 ou 2

genótipos. As infecções crônicas estão sempre associadas com declínio da função

pulmonar e aumento da morbidade e mortalidade do indivíduo [Logan, 2010; Aanaes,

2013]

Infecções crônicas com P. aeruginosa podem resultar em dificuldade no

tratamento com antibióticos causados por aumento da resistência aos mesmos, assim

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como uma queda da função pulmonar e aumento das hospitalizações. [Ho, 2004]

Estudos mostram que os valores de PO2 do muco dos pacientes com FC apresentam

valores sempre muito baixos. A P. aeruginosa possui uma enorme capacidade de

crescimento em ambientes com valores de O2 baixos por se tratar de uma bactéria

anaeróbica, o que dificulta e muito a resposta clínica dos pacientes com FC aos

antibióticos, por possuírem um ambiente propicio ao seu desenvolvimento. [Boucher,

2007; Rogers,2009]

Algumas hipóteses foram levantadas por GIBSON, 2003 para auxiliar na

explicação da associação da P. aeruginosa com os pulmões de pacientes com FC. A

primeira hipótese diz respeito a uma afinidade da bactéria com os receptores nas vias

aeríferas dos pacientes com FC. Um estudo mostrou que as células epiteliais desses

pacientes possuem uma maior aderência à bactéria P. aeruginosa do que em células

do grupo controle, sendo o grau de aderência muito maior em raspados nasais de

pacientes F508del homozigotos, comparados com os pacientes heterozigotos ou com

outras mutações.

Uma segunda hipótese se deve a CFTR servir como um receptor para a P.

aeruginosa, fazendo uma pseudo -ligação nas vias aeríferas para posteriormente

realizar uma fagocitose e liberação por descamação, acreditando assim que este seja o

mecanismo inicial para a infecção endobronquial. [Gibson,2003]

Uma terceira hipótese seria imunidade nata do indivíduo as respostas de

defesa com uma persistência de infecções bacterianas. Células epiteliais secretam

peptídeos e proteínas que matam um largo espectro de bactérias e podem até mesmo

modular a resposta inflamatória do hospedeiro. Não existe nenhuma evidencia clara de

que em pacientes com FC haja um defeito na produção desses peptídeos e dessas

proteínas, porém alguns relatos sugerem a diminuição da concentração de proteína

mannose-binding lectin que trata-se de uma proteína responsável pela auto-imunidade

do individuo, e os pacientes que possuem diminuição da concentração dessa proteína

com FC podem apresentar queda da função pulmonar e consequentemente da

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sobrevida, desde que sejam colonizados por P. aeruginosa e Complexo B.

cepacia.[Gibson, 2003]

Sabe-se hoje que o oxido nítrico (NO) possui uma ação antibacteriana

inespecífica nas vias aeríferas. O fato da produção do NO encontrar-se diminuído nos

pacientes com FC, devido a uma atividade reduzida da NOS-2 (nitric oxide synthase),

enzima responsável pela sua produção, compromete assim a habilidade do individuo de

eliminar bactérias, promovendo assim um meio propício a infecções. [Barth, 2005]

Sabemos que nas ultimas décadas, a antibioticoterapia tem avançado muito,

melhorando assim o prognóstico dos pacientes com FC. S. aureus e H. influenza são

bactérias consideradas patogênicas que aparecem normalmente na primeira infância. O

S. aureus gera um processo inflamatório crônico facilitando assim o aparecimento da

P.aeruginosa. Este aparecimento também pode estar relacionado com o uso de

antibióticos para combater o S. aureus, porém estudos ainda precisam ser realizados

para comprovar este dado. [Lyczak,2002, Saiman, 2003]

A P. aeruginosa é comumente encontrada em ambientes domésticos

incluindo as plantas, na água ou superfícies úmida, especialmente mornas, contendo

material orgânico. As contaminações cruzadas entre pacientes colonizados

cronicamente também podem ocorrer durante um evento social, provavelmente ocorrem

durante a tosse através de aerosóis. [Cohen-Cymberknh, 2011]

O Complexo B. cepacia também afeta cerca de 3-4% dos pacientes com FC

e possui uma alta habilidade em realizar infecções cruzadas e causar a Síndrome

Cepacia, caracterizada por um repentino declínio clínico, deterioração da pulmonar,

bacteremia, pneumonia necrotizante, leucocitose e alta mortalidade. [Hansen, 2010]

Recentemente o aparecimento de novos patógenos em pacientes com FC

tem chamado a atenção da Microbiologia como a Stenotrophomonas maltophilia, que

trata-se de uma bactéria gram-negativa não fermentadora e tem sido isolada mais

frequentemente em infecções nosocomiais em pacientes sem a FC. Acromobacter

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xylosidans, bactéria gram-negativa, também tem sido encontrada em cerca de 7% dos

pacientes com FC, porém é mais frequente em pacientes imunodeprimidos sem FC.

Estudos recentes tem mostrado que paciente com A. xylosidans apresentam um mais

rápido declínio da função pulmonar comparados com pacientes sem essa bactéria,

inclusive a comparando com o declínio causado pela P.aeruginosa [Barth, 2005,

Cohen-Cymberknh, 2011, Hansen, 2010]

Aspergillus fumigatus trata-se de um fungo frequentemente encontrado nas

vias respiratórias de pacientes com FC, podendo levar a uma grande variedade clínica

desde uma asma alérgica a uma aspergilose broncopulmoar., porém ainda somente as

infecções por P. aeruginosa e B. cepacia ainda estão relacionadas ao mau prognóstico

devido a um acelerado declínio da função pulmonar. [Barth, 2005, Cohen-Cymberknh,

2011, Hansen, 2010]

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Figura 6: Prevalência dos patógenos de acordo com a idade. Fonte: Simmonds NJ. Cystic

fibrosis in the 21st century. Respiratory Medicine 2010;24:85-962

1.7 Correlação entre a microbiologia das vias aeríferas

superiores e inferiores

A coleta de amostra de escarro tem sido muito usada como diagnóstico

microbiológico de vias aeríferas inferiores em pacientes com a FC mais avançada e/ou

capazes de expectorarem, o que diversos estudos já vêm mostrando a correlação

bacteriológica entre o escarro e as vias aeríferas inferiores. [Taylor, 2006]

Também muito frequentemente tem-se usado a cultura de orofaringe para

realização de diagnósticos microbiológicos em crianças muito novas ou até mesmo em

crianças de mais idade, porém, não expectoradoras. Este tipo de coleta microbiológica

realizada de forma não invasiva, faz com que coletas de maior complexidade e custo

sejam evitadas, como a broncoscopia, que trata-se de um procedimento invasivo

levando o paciente a certos riscos. [Elkins, 2006; Taylor, 2006]

Ramsey et al em 2001 comparou a cultura de orofaringe de 26 crianças não

expectorantes ao seu próprio lavado broncoalveolar. Demonstrou-se que a cultura de

orofaringe apresentou uma especificidade de 90% para S. aureus e P. aeruginosa e

uma sensibilidade de 46% para P. aeruginosa e 77% para S. aureus

Assim também Rosenfeld et al em 1999 realizou em estudo prospectivo onde

avaliou a cultura de orofaringe em relação ao lavado broncoalveolar de 141 crianças

menores de 5 anos. Neste estudo percebeu-se que quando a cultura de orofaringe é

negativo, o isolamento de nas vias aeríferas inferiores é pouco provável, porém quando

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essa for positiva, não se pode afirmar com tanta certeza que a P.aeruginosa estará

presente nas vias aeríferas inferiores.

Taylor em 2006 realizou uma comparação entre amostras de aspiração de

nasofaringe com swab de orofaringe em 47 pacientes entre 6 meses e 10 anos

incapazes de expectorarem espontaneamente. Concluiu-se que a aspiração de

nasofaringe não é garantia de melhor detecção de patógenos quando comparado com

o swab de orofaringe.

2. Solução Salina Hipertônica

Os primeiros estudos com SSH nas vias aeríferas surgiram em 1981 com

indução de escarro em pacientes infectados pelo vírus HIV para diagnóstico de

pneumonia causada pela bactéria Pneumocystis carinii, e desde então diversos estudos

tem sido realizados para verificar os seus benefícios que vão desde a higiene

brônquica, melhora da função pulmonar, entre outros que serão descritos abaixo.

[Scheicher, 2003 ;Kussek, 2006]

2.1 Segurança do uso da SSH

Salina Hipertônica é uma solução estéril oriunda de sal e água, administrada

em forma de inalação normalmente em volumes que variam de 3 a 10 ml. [Sand, 2012]

As concentrações de solução que podem ser usadas na inalação variam de 0,9% a 7%.

Para concentrações hipertônicas que são definidas como aquelas que possuem uma

concentração osmótica maior que a concentração fisiológica (0,9% NaCl), os valores

podem alterar de 3% a 7% de concentração, podendo muitas vezes iniciar a inalação

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com valores baixos e finalizar com valores altos.[Reeves, 2012, Heijerman, 2009;

Williams, 2010]

Os consensos padronizam as inalações por um período de 15 a 20 minutos.

[Subbarao,2007; Ho, 2004] Inalações acima de 10% podem causar broncoespasmo,

principalmente naqueles pacientes que apresentam hiperresponsividade brônquica.

[Kussek,2006; Aitken,2003]

Possui a vantagem de não necessitar de colaboração do paciente, pois a

inalação é realizada com o volume corrente habitual e não com volumes pulmonares

maiores. [Kussek, 2006] A administração da SSH é feita em crianças menores através

de máscaras faciais, entretanto quando a criança for maior ou intolerante ao uso da

máscara facial, e possuir habilidade e entendimento poderá ser feita através de um

bocal com uso de um clipe nasal. [Rand, 2012]

A SSH pode causar broncoconstrição em alguns pacientes, por motivos

ainda desconhecidos, porém acredita-se que estejam envolvidos com a ativação de

mastócitos das vias aeríferas. Sendo assim, os consensos recomendam o uso de

broncodilatadores através de β2 agonistas para prevenir episódios de broncoconstrição,

principalmente porque o quanto uma inalação com SSH pode causar de

broncoconstrição é inestimável. A broncoconstrição execessiva, quando ocorre,

normalmente apresenta-se após poucos minutos de inalação. Normalmente o

Salbutamol é o broncodilatador escolhido em 200-400 µg em 2-4 puffs dosimetrados.

Estudos mostraram que o uso de doses maiores de broncodilatadores não apresentam

maior efetividade contra a broncoconstrição que pode ser causada pela SSH.

[Paggiaro,2002]

Trata-se de uma técnica comprovadamente segura, não invasiva e com

custos hospitalares baixos, principalmente se comparados com a broncoscopia.

[Ho,2004; Suri, 2003]

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No que diz respeito à segurança da técnica, alguns estudos realizados

mostraram não haver riscos aos pacientes com FC quando esses realizavam inalação

com SSH, demonstrando assim ser uma técnica aceitável e segura. [Rosenfeld, 2011;

De Boeck, 2000] Segundo Rosenfeld et al a inalação com 7% de SSH é um método

seguro para crianças com FC com idade muito baixa, o que comprovou através de seu

estudo multicêntrico.

A tosse é um sintoma muito comum apresentado pelos pacientes que

realizam a inalação. Porém esse mecanismo também pode facilitar a retirada de

secreção, pois promove um estresse no muco fazendo com que as suas placas se

desloquem das paredes brônquicas, e assim sua saída se torna facilitada. [Elkins,2006;

Reeves,2012]

Estudos de meta-análise mostraram que o uso regular da inalação com SSH

pode provocar intolerância através da tosse em 3% dos pacientes e outros sintomas de

intolerância em 8% dos pacientes. [Bye, 2007]

No estudo de Ho et al de 2004, onde 43 crianças realizaram inalação a 6%

de SSH para verificação microbiológica, 2 crianças tiveram que ser excluídas da

pesquisa por apresentarem vômito intenso após a inalação.

Alguns pacientes podem apresentar broncoconstrição após o uso de SSH,

um dos sintomas mais comum a ser encontrado, mesmo naqueles pacientes que não

apresentam junto com a FC histórico de asma, assim como opressão no tórax e

desconforto faríngeo, porém apenas 8% dos pacientes apresentam intolerância à

inalação. [Elkins, 2006Dentice, 2012, Rand, 2012; Furnari,2012]

Mesmo sabendo da sua segurança há um risco de causar broncoconstrição.

Para minimizar esse risco aconselha-se um pré-tratamento com o uso de um

medicamento beta 2 agonista (broncodilatador) . [Scheicher,2003,Elkins,2006,Ho, 2004]

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20

2.2 Indução de escarro e Higiene Brônquica

Outra empregabilidade da SSH está relacionada à indução do escarro. A

indução do escarro com SSH é um método seguro, barato, com o mínimo desconforto

ao paciente, principalmente àqueles que não possuem habilidade para expectoração,

trazendo secreções de vias aeríferas centrais, apresentando assim diversas vantagens

em relação a outras técnica como a broncoscopia que trata-se de um método invasivo,

desconfortável, caro e necessário sedação, onde muitas vezes a secreção colhida pode

misturar-se com o sangue de algum sangramento que possa ter ocorrido durante o

procedimento, e assim contaminar a amostra. [Scheicher,2003; Elkins,2006,De

Boeck,2000,Subbarao,2007]

O escarro é uma amostra muito utilizada para diagnóstico microbiológico e

marcadores inflamatórios em pacientes com FC. Porém sabe-se que muitos desses são

incapazes de escarrarem uma quantidade de secreção suficiente para a realização da

análise. Um estudo comparou em 10 pacientes com FC as técnicas de escarro

espontâneo, escarro induzido e lavado brônquico. A indução do escarro foi preferida por

causar menos desconforto nos pacientes em relação ao lavado, e rendeu uma amostra

com a mesma quantidade de células inflamatórias e patógenos. [Scheicher,2003] Em

outro estudo com 41 crianças feito por Ho et al, apenas 4 eram capazes de escarrarem

antes da inalação com SSH, após a inalação 19 conseguiram colher a amostra.

O aumento na quantidade de escarro produzida por esses pacientes após o

uso da SSH, deve-se ao fato de a inalação alterar a osmolaridade do trato respiratório,

causando uma hiperosmolaridade do fluido que reveste este trato, levando a uma

liberação de mediadores que de forma direta ou indireta provocam a contração da

musculatura lisa e consequentemente uma maior saída de secreção pulmonar.

[Scheicher,2003;Elkins, 2006; De Boeck, 2000;Aitken, 2003; Suri, 2003]

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A eficiência do clearance mucociliar está relacionada com uma boa

hidratação da superfície da via aérea, a sua deficiência leva a um baixo clearance

mucociliar promovendo a formação de placas de muco, criando um meio propicio a

infecções bacterianas. [Elkins, 2006,24;Scheicher, 2003; Donaldson, 2006) Estudos

também mostraram que o uso da SSH hidrata a superfície das vias aeríferas durante

um certo período,porém em um período mais prolongado em pacientes com FC do que

em pacientes saudáveis, o que pode ser mantido por várias horas. [Donaldson,2006,

Rand, 2012]) Um deles realizado com inalação a 7% mostrou um aumento em cerca de

quatro vezes a altura do liquido da superfície das vias aeríferas em pessoas sem

doença pulmonar prévia, porém este aumento ocorre por um curto período de tempo,

retornando aos valores normais em no máximo 10 minutos. Nos pacientes com FC o

efeito é muito maior e mais duradouro, pois o efeito osmótico do sal adicionado pela

inalação trará os mesmos benefícios, devido a água atravessar livremente o epitélio

pelos estímulos osmóticos, porém como a CFTR não tem seu funcionamento normal, o

transporte ativo de íons para a regularização osmótica será muito mais demorado do

que nos pacientes sem FC. Este aumento na hidratação do muco torna suas

propriedades reológicas muito mais favoráveis a depuração mucociliar, que ocorrerá

mais rapidamente em vias aeríferas maiores do que em vias aeríferas menores.[Elkins,

2006,Bye, 2007; Rogers, 2007; Williams, 2010]

A solução salina hipertônica apresenta melhora do clearance mucociliar não

somente por promover uma hidratação das vias aeríferas, mas também do muco

deixando – o mais fluido e assim facilitando sua saída, alterando sua reologia e

estimulando a tosse, [Rand,2012; Levin, 2006] além de promover uma elevação do

volume de liquido da superfície da via aérea de forma sustentada. [Levin, 2006]

A SSH possui a capacidade de dissociar o DNA da proteína do muco, e essa

dissociação aumenta de acordo com a concentração da salina. Em um estudo

realizado com radioerosol demonstrou-se que a SSH a 7 % acelerou o clearance

mucociliar comparado com o grupo controle que realizou inalação com solução salina a

0,9%. Em outro estudo onde 10 adultos com FC inalaram SSH a 3%, 7% e 12% e foram

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comparados com sujeitos que realizaram inalação com salina a 0,9%, o clearance foi

muito maior após a inalação com SSH e proporcionalmente a concentração da

hipertônica. [Elkins, 2006]

No estudo de De Boeck et al, com 19 pacientes com média de idade de 8,6

anos não produtores de escarro inalaram solução salina em diversas concentrações

comprovou-se o mesmo que a pesquisa anterior que quanto maior a concentração da

SSH, maior a saída de escarro do paciente com FC.

Riedler em 1996 realizou um estudo com 10 adolescentes com FC, através

da inalação de SSH a 6% por 10 minutos, porém seguido de uma sessão de

Fisioterapia. Demonstrou-se que a média da quantidade de escarro expectorado após o

uso da SSH comparada com a isotônica, foi significantemente maior ( p= 0,006).

Em contrapartida no estudo de Laube de 2011 com 12 crianças com FC que

inalaram SSH a 3% e 7% comparadas com crianças sem a FC, encontrou uma melhora

do clearance mucociliar nas crianças com FC em relação as outras crianças, porém não

em todas, o que sugere que a SSH somente traz benefícios aquelas crianças com

baixos valores de clearance mucociliar.

2.3 SSH auxiliando na diminuição dos marcadores

inflamatórios

Em 1992 foi realizado o primeiro estudo com SSH para avaliar a resposta

inflamatória de pacientes com asma. Hoje esse procedimento é definido como seguro

por ser não invasivo, além de fornecer informações inflamatórias de vias aeríferas

baixas. [Scheicher,2003] Em um trabalho de Suri et al de 2003, os pacientes realizaram

a coleta do escarro antes e após a inalação com SSH, e os marcadores inflamatórios

apresentaram uma queda nas amostras nas amostras após a inalação com SSH.

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Estudos realizados para verificar no escarro de pacientes com FC após 48

semanas de uso contínuo de SSH, se os níveis de Interleucinas, IL-6, IL-8, IL-10 e fator

de necrose tumoral estariam aumentado após esse período, demonstrando assim se o

uso prolongado de SSH provocaria algum processo inflamatório pulmonar. Nenhuma

diferença foi encontrada, porém neste estudo realizado por Elkins et al em 2006 não

comparou os valores pré administração da nebulização, com os valores encontrados

pós nebulização. Já um trabalho realizado por Aitken et al em 2003, verificou valores

de IL-8 e neutrófilos após a nebulização durante 20 minutos de SSH. Neste estudo, os

valores de neutrófilos caíram (89+-5% para 86+-4%; p=0,03), já as concentrações de

IL-8 não apresentaram alterações. [Reeves,2012]

Elkins et al também nos mostrou que mesmo com o uso prolongado de SSH

a 7% durante 48 semanas, a hipertônica não aumentou os valores dos marcadores

inflamatórios com IL-8 e citocinas demonstrando não induzir a um processo infamatório

nas vias aeríferas dos pacientes com FC.

Reeves em 2011 investigou os efeitos antiinflamatorios da SSH no

tratamento de pacientes com FC com foco nos valores de IL-8 mensurados através de

lavado broncoalveolar. Concluiu que os glicosaminoglicanos possuem habilidade de

influenciar o perfil das quimiocinas pulmonares dos pacientes com FC e estabilizarem

os valores de IL-8, que possuem a função de promover a ativação e a quimiotaxia dos

neutrófilos. Os pacientes que realizam inalação com SSH desestabilizam essa

interação entre os glicosaminoglicanos e a IL-8, deixando-a suscetível a degradação

realizada pelos agentes proteolíticos e consequentemente facilitando a resolução da

inflamação.

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2.4 SSH na melhora da função pulmonar

Alguns estudos nos últimos anos tem procurado mostrar os benefícios do

uso continuo ou por alguns períodos da SSH, para a função pulmonar de pacientes com

FC. Em um estudo recente, porém realizado com pacientes adultos com idade média de

32, e associado com Fisioterapia Respiratória, realizou inalação com 6% de SSH

durante 3 dias 3 vezes ao dia, sendo que em um dos dias realizava-se inalação antes

da terapia respiratória, em outro dia durante e por ultimo após a terapia.Encontrou-se

uma diferença, porém não estatisticamente significante em relação ao FEV1 e

capacidade vital forçada, aumentando-as após duas horas da terapia. Sendo assim

nenhuma diferença foi encontrado no que diz respeito em qual momento da terapia a

inalação deverá ser realizada. [Dentice, 2012]

Em um estudo realizado por Eng et al, o qual randomizaram 52 pacientes

adultos e crianças com FC que realizaram 2 inalações com SSH a 6% duas vezes ao

dia durante 2 semanas. Ao final do período os valores de FEV1 nos pacientes que

realizaram SSH melhoraram 15+-16%, enquanto no grupo controle, o valor foi de 3+-

13% apenas.

Grupta et al em 2012 realizou um estudo duplo cego com 31 crianças, onde

inalaram 3% e 7% de SSH durante 28 dias. Realizou-se espirometria no 14º e 28º dias,

onde concluiu-se que os valores de FEV1 foram maiores nos pacientes que realizaram

inalação com 3% do que com os que inalaram 7%. Mostrando assim o benefício da

SSH na função pulmonar de pacientes com FC.

Em contrapartida Suri et al em 2003, realizou inalação a 7% de SSH em

crianças de 5 a 18 anos, e encontraram queda dos valores de FEV1 em 64% dos

pacientes, e surpreendentemente em 2 pacientes a queda ultrapassou os 15% devido a

severas broncoconstrições.

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Resultados parecidos foram encontrados no estudo realizado por Elkins et al

em 2006 com 164 pacientes com no máximo 6 anos de idade, realizou-se inalação com

solução isotônica 0,9% e um grupo e no outro 7% de SSH por 48 semanas, ao final não

percebeu-se um aumento significativo nos valores preditivos para melhora da função

pulmonar, porém uma diminuição das exacerbações, do uso de antibióticos para as

exacerbações no grupo que fez uso da SSH, o que já leva a uma melhora, ou melhor, a

uma prevenção da função pulmonar.

2.5 SSH auxiliando na redução das exacerbações pulmonares

As pesquisas tem mostrado uma diminuição na quantidade e duração das

exacerbações pulmonares em pacientes que utilizaram SSH por um longo período,

observados claramente pela diminuição de sinais e sintomas de exacerbações e pela

quantidade de antibióticos utilizados no período. [Elkins, 2006] O mesmo afirma Dmello,

2011, após estudo retrospectivo com 424 pacientes, onde demonstrou que as

exacerbações pulmonares permaneceram bem reduzidas em pacientes com FC

durante o uso da SSH, independente da gravidade pulmonar.

Rosenfeld et al desenvolveu um estudo para verificar se o uso prolongado de

SSH a 7% comparado com SS a 0,9% diminuiria os quadros de exacerbações

pulmonares em pacientes com FC de 4 a 29 meses de idade. Porém nenhuma

diferença foi encontrada entre os grupos no que diz respeito à exacerbação do quadro

respiratório durante essas 48 semanas. Assim como no estudo de Elkins et al que

randomizou um grupo de 164 pacientes, onde também comparou os efeitos da SSH a

7% com o grupo controle que realizou a inalação com SS a 0,9% durante igualmente 48

semanas. Do grupo que realizou a inalação com SSH o absenteísmo a escola ou ao

trabalho foi de 7 dias comparado com 24 dias do grupo da solução salina (p<0.001).

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2.6 Importância da SSH no diagnóstico microbiológico na FC

A inalação com SSH melhora a quantidade e qualidade da amostra do

escarro, porém para Elkins e Bye não existem evidências no que diz respeito a

melhorar a detecção de patógenos. Assim como Subbarao et al em 2007 também não

encontrou diferenças microbiológicas entre antes e após a inalação de 7% de SSH em

crianças acima de 3 meses que não se encontravam em exacerbação respiratória.

Em um estudo realizado em 2004 por Ho et al com 41 pacientes com FC pré

e pós inalação com SSH a 6%, encontrou-se em 25 pacientes a mesma cultura

independente da inalação, sendo que em 16 nenhum crescimento microbiológico

ocorreu nem antes nem após a inalação. Em contrapartida, em 16 pacientes, culturas

diferentes foram observadas nas amostras. Desses, em 9 pacientes 1 patógeno foi

acrescido após a inalação com SSH, em 3 pacientes 2 patógenos foram adicionados.

Em 1 dos pacientes foram isolados patógenos diferentes antes e após a

inalação com SSH, e em 3 pacientes o patógeno foi encontrado somente antes da

inalação. Mostrando dessa forma, que salina pode sim promover informações

adicionais na identificação microbiológica de pacientes com FC.

No estudo de Boeck et al também foi verificado a microbiologia das amostras

de aspiração de nasofaringe que apresentaram uma certa quantidade de secreção

possibilitando a aspiração após a inalação com SS dos 19 pacientes com FC

participantes. Em 7 pacientes foi isolado P. aeruginosa, em 9 pacientes S. aureus e em

3 pacientes H. influenzae. O que nos mostra uma certa importância da inalação da SSH

para diagnóstico microbiológico em pacientes que não são capazes de escarrar, por

nos fornecer amostra microbiológica na qual os pacientes incapazes de escarrarem não

poderiam fornecer, e assim não ser capaz de se administrar a antibioticoterapia

adequada.

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Em contrapartida Subbarao (2007) não encontrou diferença na microbiologia

em seus 13 pacientes que realizaram swab pré e pós inalação com SSH a 7%.

No que diz respeito a aquisição de bactérias durante o uso prolongado da

SSH, Elkins et al mostrou em seu estudo realizado por 48 semanas que não houve

diferença na aquisição de P. aeruginosa, S. aureus, B. cepacia, S. mantophilia, Candida

albicans, espécies de aspergilus e H. influenzae, entre o grupo estudo que inalou SSH

a 7% e o grupo controle que inalou solução salina a 0,9%.

Entretanto, no estudo de Suri et al, 2 bactérias foram isoladas nos pacientes

somente após a inalação com SSH a 7%, que não haviam sido identificadas na coleta

de amostra com escarro espontâneo, sendo elas P. aeruginosa e S. aureus.

Já no que diz respeito a quanto tempo após a inalação com SSH deve-se

realizar a coleta da amostra, Aitken et al em 2003, realizou inalação com 3% de SSH e

coletou amostras de escarro nos minutos 0, 4,8, 16 e 20 após a inalação, e a média

quantitativa da contagem microbiológica de P. aeruginosa não mucoide e S. aureus

diminuiu ao longo dos 20 minutos por meio de log.

Um estudo realizado in vitro para avaliar a atividade da SSH em colônias de

P.aeruginosas, mostrou que em 85 amostras de 34 pacientes 6% de SSH já é capaz de

inibir o crescimento bacteriano quando isolado. A morte bacteriana já foi observada em

uso de 4% de SSH; além de possuir um efeito bactericida em 90% das amostras

isoladas. A SSH teve efeitos sobre o biofilme bacteriano, onde foi capaz de alterar a

formação do biofilme de biomassa. [ Michon, 2014]

Sendo assim, entendemos a necessidade de verificar se o uso de 7% de

SSH auxiliaria na identificação microbiológica, pois como pudemos verificar a literatura

ainda é muito controversa, e dessa forma estabelecermos um padrão de coleta de

amostras de secreção em nosso Ambulatório.

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OBJETIVOS

3. OBJETIVOS GERAIS

Verificar a eficácia da SSH a 7% na identificação de microorganismos nas

secreções das vias aeríferas em pacientes com FC e comparar com variáveis clinicas e

laboratoriais.

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Verificar se a coleta de secreção, das vias aeríferas, de pacientes com FC,

por swab ou escarro espontâneo, é modificada após a inalação com SSH a 7%

2. Verificar se a inalação com SSH é capaz de aumentar qualitativamente

microoganismos nas secreções das vias aeríferas de pacientes com FC.

3. Verificar se a inalação com SSH é capaz de aumentar semi-

quantitativamente microoganismos nas secreções das vias aeríferas de pacientes com

FC.

4. Avaliar os aspectos microbiológicos de coleta de secreção das vias

respiratórias e comparar com as seguintes variáveis: Idade, IMC, variáveis de

espirometria, escore de Schwachman e escore de Bhalla.

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CASUÍSTICA E MÉTODOS

4. Delineamento do Estudo

Foi realizado um estudo prospectivo de corte transversal, não controlado e

não randomizado com 64 pacientes em acompanhamento no Ambulatório de Fibrose

Cística do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Todos os pacientes incluídos no estudo possuíam diagnóstico de FC por dois testes de

cloro no suor com valores superiores a 60 mEq/L [Gibson, 1959] e/ou duas mutações

identificadas no gene CFTR. Nenhum dos pacientes estava em processo de

exacerbação pulmonar e fazendo uso de antibioticoterapia.

O estudo baseou-se na coleta de escarro e/ou secreção de orofaringe antes

e após a inalação com SSH a 7% de concentração. Para que fosse obtido 7% de

concentração foi utilizado 3,5 ml de soro fisiológico a 10% de concentração e 1,5 ml de

água destilada, totalizando 5 ml de SSH a 7%

Os pacientes vinham para a consulta de rotina no Ambulatório, realizavam a

coleta de secreção de trato respiratório. Os que possuíam habilidade de emissão

espontânea de escarro o faziam em frasco seco, estéril e de rosca (J. Prolab®, Paraná,

Brasil); já os pacientes que não conseguiam lhes eram solicitada tosse espontânea, e

as amostras de secreção de orofaringe eram coletadas pelo “swab” estéril (Copan,

Itália).

Logo após esta primeira coleta o paciente realizava inalação com

Broncodilatador prescrito pelo médico participante do estudo, utilizando –se de 1 gota

(0,25 mg) de bromidrato de fenoterol para cada 3kg de peso corporal até o máximo de 5

gotas (1,25 mg), e em menores de 5 anos, 10 gotas (0,125 mg) de brometo de

ipratrópio ou 20 gotas (0,250 mg)para maiores de 5 anos.

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Em seguida o paciente realizava inalação do SSH 7% durante três minutos.

Todas as inalações foram realizadas com uso de oxigênio de fluxo continuo a 3L/min

com os pacientes sentados e incentivados a respirarem em volume corrente, de forma

tranquila, pela boca [Suri, 2003]. As inalações foram feitas com máscara (NS®, São

Paulo, Brasil) e as coletas realizadas pela pesquisadora com formação em Fisioterapia.

Novamente se o paciente apresentasse tosse produtiva e capacidade de

emissão de escarro lhe era solicitado que o fizesse no frasco estéril; caso contrário era

realizada a coleta de secreção de orofaringe por meio do “swab” após tosse solicitada.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Ciências Médicas da UNICAMP pelo protocolo (067/2006).

4.1 População do Estudo

Participaram do estudo pacientes frequentadores do Ambulatório de Fibrose

Cística do HC/Unicamp que tinham entre 2 e 26 anos de idade com diagnóstico

comprovado de FC.

Todos os pacientes menores de 18 anos foram autorizados a participar da

pesquisa pelos pais através de assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, já os maiores de idade liam o Termo e decidiam sobre a participação,

estando a pesquisadora o tempo todo disponível para esclarecer as dúvidas.

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4.2 Critérios de Inclusão

Foram incluídos no estudo, pacientes frequentadores do Ambulatório de

Fibrose Cística do HC/Unicamp, que tivessem entre 2 e 26 anos de idade, com

diagnóstico comprovado de Fibrose Cística pela identificação de duas mutações para o

gene que codifica a proteína CFTR e/ou no mínimo dois testes de suor (sódio-cloro)

positivos (60 mEq/L). [Gibson, 1959] A coleta de secreção já é de rotina em nosso

serviço em todas as consultas dos pacientes.

4.3 Critérios de Exclusão

Foram excluídos do estudo pacientes que não preenchessem os critérios de

inclusão ou que estivessem com processo de exacerbação clínica dos sinais e sintomas

respiratórios, identificados através de diagnóstico médico.

5. Processo de Diagnóstico da Fibrose Cística

5.1 Análise Genética

O diagnóstico da Fibrose Cística foi realizado pelo Laboratório de Genética

Molecular da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Para a confirmação do

diagnóstico foram pesquisadas as seis mutações mais frequentes que são: F508del,

G542X, N1303K,G551D,R553X e R1162X. A detecção da mutação F508del foi

realizada através do método PCR e análise em gel de poliacrilamida 8%, modificada por

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Rommens e col. (1990). Para as demais mutações foi utilizada a técnica de PCR

associada à digestão enzimático-específica.

5.2 Teste de sódio-cloro no suor

O teste de suor é feito pelo Laboratório de Gastropediatria da Faculdade de

Ciências Médicas da Unicamp, através do método de análise iônica quantitativa de

suor, conhecido como iontoforese, estimulado pela pilocarpina, com análise de Na+ por

fotometria de chama e de CL- por titulometria. O resultado do teste era considerado

positivo quando a concentração de cloro era maior do que 60 mEq/l. A diferença entre a

concentração de cloro e sódio não poderia ultrapassar 20 mEq/l e a relação NA+/CL-

maior que 1. Para que o teste fosse validado como positivo e o diagnóstico confirmado,

foram necessários no mínimo dois testes positivos.

6. Avaliação microbiológica do trato respiratório

A avaliação microbiológica do trato respiratório foi realizada através de

amostras de escarro e/ou secreção de orofaringe dos pacientes. Cada um dos

pacientes apresentaram duas amostras: uma antes e outra após a inalação com a SSH.

6.1 Coleta das amostras

As amostras foram coletadas pela própria pesquisadora no Ambulatório de

Fibrose Cística durante as consultas de rotina dos pacientes.

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6.2 Escarro

Quando os pacientes apresentavam capacidade de realizar expectoração, o

escarro era coletado em frasco seco, estéril e de rosca. Logo após as coletas as

amostras foram mantidas refrigeradas por um período máximo de 4 horas em

temperaturas entre 2 º e -8º, até o processamento pelo Laboratório de Microbiologia do

Hospital de Clínicas –Unicamp.

6.3 Secreção de Orofaringe

Quando os pacientes não apresentavam habilidades para escarrar, era

solicitado que tossissem espontaneamente e a secreção era “pescada” com a utilização

de um swab estéril. Logo após a coleta o swab era colocado em um meio de transporte

(Stuart) para que houvesse a preservação da amostra e assim garantir a viabilidade de

microorganismos. As amostras eram mantidas refrigeradas em temperaturas entre 2 º e

-8º por um período máximo de 4 horas até o processamento pelo Laboratório de

Microbiologia do Hospital de Clínicas -Unicamp.

7. Cultura

Uma alçada de escarro foi semeada com o auxílio de uma alça calibrada de

níquel-cromo (10ul) por método semi-quantitativo (técnica de esgotamento) nos

seguintes meios de cultura: Ágar Sangue (AS), Ágar Chocolate (ACHOC), Ágar

MacConkey (MC), Burkholderia Cepacia Seletive Agar (BCSA) e Ágar Manitol (MAN).

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Para as amostras de secreção de orofaringe, a semeadura foi realizada

através de método semi-quantitativo rolando-se o “swab” em um dos quadrantes da

placa e em seguida com auxílio de uma alça de níquel-cromo.

Figura 7: método semi-quantitativo. Fonte: Baron, 1996

7.1 Incubação e avaliação do crescimento

Todas as culturas foram incubadas em uma estufa bacteriológica a uma

temperatura de 36 +- 1 C por um período de 24 a 72 horas. Ágar Sangue e Ágar

Chocolate foram incubadas com CO2 e Ágar MacConkey, Ágar Manitol e Burkholderia

Cepacia Seletive Agar sem o CO2. Se durante o período de 24 a 72 horas não houvese

crescimento bacteriano, as placas de BCSA e MC foram mantidas na estufa por até 7

dias.

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7.2 Identificação dos microorganismos

A identificação dos micoorganismos foi realizada através do método de

identificação fenotípica por meio de testes bioquímicos convencionais.

7.2.1 Identificação fenotípica

Primeiramente foram realizadas avaliações macroscópicas das colônias

isoladas a partir de uma colônia pura com 24 a 48 horas de incubação. Para as

avaliações microscópicas foram realizados esfregaços com coloração de Gram, onde

foram visualizadas características morfológicas e tintoriais. Além dessas avaliações,

foram também identificadas características do metabolismo bacteriano como proteólise,

metabolização de carboidratos, aminoácidos e outros nutrientes do meio de cultura e

modificações de pH que auxiliaram na identificação preliminar.

Para realização de uma triagem inicial dos microorganismos isolados, todos

os bacilos Gram Negativos foram submetidos a uma avaliação de citocromo-oxidase.

Esta prova utiliza alguns corantes, como um exemplo o que substitui o oxigênio como

aceptor artificial de elétrons. Quando encontra-se reduzido, o corante é incolor, porém

quando há citocromo-oxidase e oxigênio atmosférico a fenilenodiamina é oxidada e

forma azul-de-indofenol.

Para testar a atividade da oxidase utilizou-se a solução N-N-N-

Tetrametylparaphenilenediamine dihydrochloride em papel de filtro. Para controle

positivo, utilizou-se a cepa ATCC 27853 –Pseudomonas aeruginosa. Foram

consideradas positivas quando ocorreram até 10 segundos, fracamento positivas

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38

quando ocorreram entre 10 e 30 segundos, ou negativas quando não ocorreu qualquer

reação após 30 segundos.

Os citocromos são hemoproteínas que possuem ferro em sua forma e atuam

como último elemento de ligação na cadeia respiratória aeróbia, transferindo elétrons

ao oxigênio, formando água. Já o sistema citocromo é encontrado em microorganismos

microaerófilos, anaeróbios facultativos e aeróbios.

Logo em seguida todos os bacilos Gram Negativos foram submetidos à prova

de oxidação-fermentação de Hugh e Leifson para que fosse feita a seleção de

microorganismos não fermentadores de glicose. Todos os microorganismos

sacarolíticos degradam a glicose através de via fermentativa ou oxidativa, sendo o

produto final da fermentação os ácidos mistos que podem ser detectados por provas de

fermentação convencionais, e são relativamente fortes. Todavia os ácidos formados na

degradação oxidativa da glicose são fracos, e para fazer a sua detecção é necessário

um meio mais sensível como o de oxidação-fermentação de Hugh e Leifson, chamado

de meio OF; e que difere dos utilizados para fermentação nos seguintes aspectos:

- a concentração de peptona está reduzida de 1% para 0,2%.

- a concentração de carboidrato está aumentada de 0,5% para 1%.

- a concentração de Agar está reduzida de 1,5% para 0,3% formando o meio

semi-sólido.

No caso, uma baixa relação proteína/carboidrato e a formação de aminas

alcalinas que neutralizam as pequenas quantidades de ácidos fracos que podem ser

formados a partir do metabolismo oxidativo diminuem. A quantidade relativamente

elevada de carboidratos serve para aumentar a quantidade de ácido que pode ser

formado. Já a consistência semi-sólida do Agar permite que os ácidos formados na

superfície difundam-se através do meio, o que facilita a visualização da viragem do

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39

indicador de ph (azul de bromotimol), que em meio alcalino fica com coloração azul e

em meio ácido com coloração amarela.

Para que o teste fosse realizado, selecionou-se as colônias com auxílio de

uma agulha bacteriológica, e inoculou-as através de uma picada em profundidade nos

tubos de OF glicose sem o uso e com o uso de vaselina. Todas as culturas foram

incubadas em estufa bacteriológica sem CO2 à uma temperatura de 36 +- 1 C, durante

um período de 24 a 72 horas. A cada 24 horas a leitura era realizada e as culturas que

apresentavam resultados negativos em 72 horas, eram mantidas por 7 dias na estufa.

Quando não houve reação no tubo contendo vaselina, o microorganismo foi

considerado um não-fermentador de glicose. Foram considerados OF-Glicose positivos,

quando houve reação no tubo sem vaselina com alteração do ph e consequente

alteração da coloração do meio para amarelo. Quando após 7 dias de incubação não

houve reação no tubo sem vaselina ou alcalinização do meio, com consequente

alteração da coloração para azul, forma considerados negativos. Como controle positivo

foram utilizadas cepas ATCC 27853 de Pseudomonas aeruginosa e, como controle

negativo, foram utilizadas cepas ATCC 25922 de Escherichia coli.

A avaliação da motilidade foi realizada através de exame direto sem

coloração. Eventualmente foi utilizado TSB para cultura, para que fosse assegurada a

obtenção de bactérias viáveis, aplicando 1 a 2 gotas de caldo de crescimento

bacteriano por 16 a 24 horas a 30 C, sobre uma lâmina de vidro e coberta com uma

lamínula, e assim os microorganismos foram visualizados ao microscópio. Quando

houve a presença de bactérias cruzando o campo em diferentes direções ou girando

em torno dela mesma, foram considerados com motilidade positiva. Com motilidade

negativa foram considerados quando houve a presença de movimentos vibratórios

fracos, ou movimento browniano (movimento em uma única direção, devido ao

movimento do líquido entre a lâmina e a lamínula). Para controle negativo foram

utilizadas cepas ATCC17978 de Acinetobacter baumannil; já para controle positivo

foram utilizadas cepas ATCC27853 de Pseudomonas aeruginosa.

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40

Para a triagem inicial, foi fundamental a prova de sensibilidade à polimixina B

ou colistina. Foram preparadas suspensões na escala 0,50 do padrão de McFarland,

em cerca de 3,0 ml de solução salina estéril, a 0,85%. Os inóculos foram semeados em

ágar Muller Hinton, e foi colocado o disco de Polimixina B (300 u) ou e-Teste r. As

culturas foram incubadas em estufa bacteriológica, à uma temperatura de 36+-1C, sem

CO2, por um período de 24 horas. Logo após este período era realizada a leitura e

medição dos halos de inibição de crescimento e os resultados foram comparados com

os padrões estabelecidos pelo CSLI vigente. Para controle de qualidade foi utilizada

cepa ATCC 24516 de Burkholderia cepacia.

Logo os bacilos gram negativos não fermentadores de glicose e resistentes à

polimixina foram submetidos aos demais testes, conforme quadro abaixo. Todas as

técnicas e os resultados foram realizados e interpretados, conforme descrito

anteriormente. Utilizou-se cepas ATCC para controles positivos e negativos.

7.2.2 Identificação fenotípica – Sistema Automatizado Vitek2

Através deste sistema, a identificação de microorganismos é feita baseado

nas características bioquímicas, o que permite a diferenciação entre as espécies,

anteriormente armazenadas no banco de dados do software. Quando não é encontrado

algum padrão único de identificação, o software fornece uma lista de possíveis

microorganismos, além de uma sugestão de testes suplementares para completar a

identificação. Entretanto, quando é conhecido um padrão único de identificação, o

sistema emitirá um laudo com os resultados dos testes realizados, além do nome do

microorganismo.

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41

7.2.2.1 Preparação do inóculo

Primeiramente foram transferidos 3,0 ml de solução salina estéril (NaCl –

0,45% a 0,50% a um ph de 4,5 a 7,0) para um tubo de ensaio de plástico transparente

(poliestireno). Foram transferidas 2 a 3 colônias, com auxílio de um “swab” estéril, a

partir de uma cultura pura com menos de 24 horas para o tubo com solução salina,

conforme descrito anteriormente, para preparar uma suspensão de microorganismo

homogênea, com densidade de 0,50 – 0,63 no padrão de McFarland, que foi

confirmada através do calibrador Densichek ™ - Vitek2, BioMeréux.

Logo em seguida os tubos foram colocados em um suporte chamado de

cassete. Em cada uma das suspensões foram acoplados os cartões GN de

identificação que contém as provas bioquímicas.

POÇO TESTE MNEMÔNICA QUANTIDADE/POÇO

2 Ala-Fe-pro-Arilamidase APPA 0,0384 mg

3 Adonitol ADO 0,1875 mg

4 L-Pirrolidonil- Arilamidase PyrA 0,018 mg

5 L-Arabitol IARL 0,3 mg

7 D-Celobiose dCEL

0,3 mg

9 Beta-Galactosidase BGAL 0,036 mg

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42

10 Produção de H2S H2S 0,0024 mg

11 Beta-N-Acetil-

Glucosaminidase BNAG

0,0408 mg

12 Glutamil Arilamidase pNA AGLTp 0,0324 mg

13 D-Glucose dGLU

0,3 mg

14 Gama-Glutamil-Transferase GGT 0,0228 mg

15 Fermentação / Glicose OFF O,45 mg

17 Beta-Glucosidase BGLU 0,36 mg

18 D-Maltose dMAL

0,3 mg

19 D-Manitol dMAN

0,1875 mg

20 D-Manose dMNE

0,3 mg

21 Beta-xilosidase BXYL

0,0324 mg

22 Beta-Alanina

Arilamidase Pna BAlap

0,0174 mg

23 L-Prolina Arilamidase ProA 0,0234 mg

26 Lipase LIP 0,0192 mg

27 Palatinose PLE 0,3 mg

29 Tirosina Arilamidase TyrA 0,0276 mg

31 Urease URE 0,15 mg

32 D-Sorbitol dSOR

0,1875 mg

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43

33 Sacarose / Sucrose SAC 0,3 mg

34 D-Tagatose dTAG

0,3 mg

35 D-Trialose dTRE

0,3 mg

36 Citrato (sódio) CIT 0,054 mg

37 Malonato MNT 0,15 mg

39 5-Queto-D-Gluconato 5KG 0,3 mg

40 Alcalinisação L-Lactato ILATk 0,15 mg

41 Alfa-Glucosidase AGLU

0,036 mg

42 Alcalinisação Sucinato SUCT 0,15 mg

43 Beta-N-Acetil-

Glucosaminidase NAGA

0,0306 mg

44 Alfa-Galactosidase AGAL 0,036 mg

45 Fosfatase PHOS

0,0504 mg

46

Assimilação

Glicina Arilamidase GlyA 0,012 mg

47 Ornitina descarboxilase ODC 0,3 mg

48 Lisina descarboxilase LDC 0,15 mg

52 Base descarboxilase ODEC NA

53 Assimilação L-histidina IHISa 0,087 mg

56 Cumarato CMT 0,126 mg

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44

57 Beta-Glucoronidase BGUR 0,0378 mg

58 Resistência O/129 (comp.

vibrio) O129R

0,0105 mg

59 Glu-Gli-Arg-Arilamidase GGAA 0,0576 mg

61 Assimilação L-Malato IMLTa 0,042 mg

62 ELLMAN ELLM

0,03 mg

64 Assimilação L-Lactato ILATa 0,186 mg

Quadro 1: Conteúdo dos cartões GN de identificação bioquímica para bacilos Gram-

negativos - Vitek®2 Compact

Cada um dos cartões de identificação contém um condutor que fica imerso

na suspensão bacteriana e permite sua transferência para o interior dos poços. Cada

um dos cassetes possuem espaços numerados de 1 a 10 que permitem a manipulação

de 10 amostras.

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45

8. Aspectos éticos da pesquisa

Este projeto foi submetido e aprovado pela comissão de Ética em pesquisa

da FCM/ Unicamp (067/2006).

Foram respeitadas as condições éticas pertinentes ao protocolo e seguidos

rigorosamente os princípios enunciados na Declaração de Helsink II de 20/08/1947 e do

Ministério da Saúde do Brasil para a pesquisa em seres humanos.

Os sujeitos foram incluídos nesse estudo somente após a assinatura do

termo de consentimento por escrito (Anexo I) por um dos pais ou responsável legal,

mantendo o anonimato dos mesmos bem como os dados colhidos.

Todos os sujeitos tiveram a liberdade de desistir da participação na pesquisa

a qualquer momento sem que houvesse qualquer interferência em seu tratamento

habitual.

Os resultados das amostras coletadas foram anexadas às pastas dos

pacientes para que pudessem ser visualizadas pelo próprio paciente e toda a equipe

envolvida em seu tratamento.

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9. RESULTADOS

No estudo foram incluídos 64 pacientes com FC, sendo 34 (53,1%) do sexo

feminino e 30 (46,9%) do sexo masculino, desses 54 (88,5%) eram caucasóides. Os

pacientes participantes da pesquisa apresentavam idades entre 2 e 26 anos com

média de 12,11 (± 5,12, n= 64) EB em média 15,13 (± 9,43, n= 32, 2-33), SK em média

67,41 (14,27, n=54, 35-95), IMC em média 16,60 (±3,19, n=61, 10,60-27,21), VEF1 em

média 67,98 (±23,86, n= 57, 21-118) e FEF25-75% em média 56,44 (±33,49, n=57, 7-

137). A completa descrição das mutações no gene CFTR na tabela 1.

Tabela 1. Mutações no gene CFTR nos pacientes com fibrose cística.

Mutação Frequência (Número de pacientes) Porcentual (%)

-/- 6 9,4

1507V/- 1 1,6

3120+1G>T/- 1 1,6

622-2A>T/- 1 1,6

F508del/- 16 25

F508del/1717-1GT 1 1,6

F508del/2184insA 1 1,6

F508del/F508del 1 1,6

F508del/F508del 19 29,7

F508del/G542X 6 9,4

F508del/N1303K 1 1,6

F508del/R1162X 4 6.3

F508del/R553X 1 1,6

G542X/- 2 3,1

G542X/I618T 1 1,6

R1162X/R1162X 1 1,6

R1162X/- 1 1,6

Total 64 100

CFTR= cystic fibrosis transmembrane regulator, %= porcentagem, (-) alelo sem a identificação para as mutações analisadas no estudo.

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Em nossa casuística nenhum dos sujeitos de pesquisa encontrava-se em

processo de exacerbação clínica respiratória, além de nenhum ter apresentado efeitos

colaterais que são previstos pelo uso da SSH-7% como, desconforto faríngeo, tosse,

broncoespasmo ou vômitos.

Em todas as culturas foram verificadas a presença ou a ausência das

seguintes bactérias: Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa não mucoide,

Pseudomonas aeruginosa mucóide, Burkholderia cepacea, Acromobacter xylosoxidans,

Ochrobactrum anthropi, Elizabethkingia meningosepticum, Stenotrophomonas

maltophilia , Aspergillus fumigatus, Moraxhella catarrhalis e Haemophilus influenzae.

Dos 64 pacientes analisados, 4 (6,25%) tiveram amostras negativas tanto

antes da inalação com SSH quanto após a mesma.

A bactéria S. aureus, foi encontrada em 44/64 ( 68,75%) dos pacientes, em

79 análises microbiológicas, sendo 38 vezes antes da inalação com SSH e 41 vezes

após a inalação. Dessas 41 amostras isoladas após a inalação, 4 foram de pacientes

que a cultura antes da inalação apresentava microbiota normal e após a inalação foi

encontrada somente o S. aureus. Em 2 análises ela somente foi encontrada após a

inalação porém junto com P. aeruginosa não mucóide, P. aeruginosa mucóide,

Burkholderia cepacea, Stenotrophomonas maltophilia, Acromobacter xylosidans,

Moraxella catarrhalis, e Aspergillus fumigatus. Em 16 pacientes, o S. aureus foi

encontrado isoladamente, tanto antes como após a inalação. Em contrapartida em 3

pacientes ele foi encontrado somente antes da inalação com SSH.

Em relação à P. aeruginosa não mucóide, esta bactéria foi encontrada em

30/64 (46,87%) pacientes e em 54 amostras, sendo 25 antes da inalação e 29

amostras após a inalação com SSH . Em apenas 1 dos pacientes ela foi a única

bactéria isolada nas amostras tanto pré quanto pós SSH. Em dois casos, os pacientes

apresentaram na coleta pré-SSH bactérias da microbiota e isolada a P.aeruginosa não

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mucóide na amostra pós SSH. Em apenas um dos casos a P. aeruginosa não mucoide

foi encontrada apenas anteriormente a inalação.

No que diz respeito à P. aeruginosa mucóide, essa bactéria foi isolada em

25/64 pacientes (39,06%) sendo em 47 amostras, 25 após inalação com a SSH. Em 22

amostras foi encontrada tanto antes da inalação quanto depois e em 3 amostras ela

somente foi encontrada após uso da SSH.

Em 8/64 (12,5%) dos pacientes o Complexo B. cepacea foi isolado em 12

amostras, sendo em 4 pacientes antes e após a inalação, e em 3 vezes ela foi

encontrada somente após a inalação, e em 1 paciente essa bactéria apareceu antes da

inalação e não foi mais isolada após a SSH.

Em 7/64 (10,9%) dos pacientes a Stenotrophomonas maltophilia foi isolada

em 9 amostras, sendo que em 3 pacientes somente após a inalação, em 2 pacientes

antes e após a inalação e em 2 pacientes somente antes da inalação com SSH.

Em 6/64 (9,37%) dos pacientes o Aspergillus fumigatus foi encontrado em 9

amostras, sendo em 3 pacientes antes e após a inalação, em 2 pacientes apenas após

a inalação e em 1 paciente foi encontrado apenas antes da inalação com a SSH.

A Moraxella catarrhalis, foi isolada em 3/64 (4,68%) pacientes em um total de

4 amostras, sendo encontrada em 1 paciente antes e após a inalação, em 1 paciente

apenas antes da SSH e em 1 paciente isolada apenas após a inalação com SSH.

O Haemophilus influenzae, foi isolado em 1 único paciente, tanto antes

como depois da inalação com SSH.

O Acromobacter xylosidans foi isolado em apenas 1 paciente após a inalação

com a SSH porém junto com outras bactérias: Moraxella catarrhalis, Aspergillus

fumigatus, Stenotrophomonas maltophilia, Complexo B. cepacea e P. aeruginosa não

mucóide.

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As bactérias Ochrobactrum anthropi e Elizabethkingia meningosepticum,

foram encontradas apenas uma única vez cada, sempre após a inalação com SSH no

mesmo paciente.

Não foi observada diferença significativa, no número de culturas positivas

para as bactérias analisadas antes e após a inalação com SSH. (p> 0.05).

Nas tabelas 2 e 3 estão as descrições completas dos microrganismos

identificados pela cultura qualitativa e semi-quantitativa. Não houve diferença

estatisticamente significante antes e após o uso da SSH-7%, sendo 101 antes e 118

depois do uso da SSH-7% (p= 0,2393, OR= 0,8319, IC= 0,622-1,111). O mesmo foi

observado para o número de espécies identificadas antes e após o uso da SSH-7%.

Inicialmente foram relatados a presença de 7 microrganismos diferentes, e após a

indução 11 microrganismos foram isolados (p= 0,1895), sendo assim observado

aumento na identificação de 4 (36,36%) espécies.

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SSH= salina hipertônica 7%, OR= odds ratio, IC= intervalo de confiança, %= porcentagem.

Para todas as análises foi utilizado o teste Exato de Fisher, com α= 0,05. Para nenhuma bactéria

analisada houve diferença entre a frequência dos isolados pré e pós o uso da salina hipertônica.

As bactérias mais prevalentes, tanto nas amostras obtidas com o uso da

SSH como antes foram o S. aureus, P. aeruginosa não mucóide e mucóide. O S.

aureus foi isolado em 38 amostras (antes da SSH) e 41 (após a SSH);a P. aeruginosa

Tabela 2. Bactérias isoladas na cultura de escarro e swab pré e após o uso de salina hipertônica a 7% em pacientes com fibrose

cística

Bactéria Isolado SSH-7%

Total p-value OR IC 5-95% Antes Após

Staphylococcus aureus ausente 26 (53,1%) 23 (46,9%) 49 (100%)

0.716 1 -

presente 38 (48,1%) 41(51,9%) 79 (100%) 0,821 0,399-1,685

Pseudomonas aeruginosa não

mucóide

ausente 39 (52,7%) 35 (47,3%) 74 (100%) 0,592

1 -

presente 25 (46,3%) 29 (53,7%) 54 (100%) 0,775 0,381-1,572

Pseudomonas aeruginosa

mucóide

ausente 42 (51,9%) 39 (48,1%) 81 (100%) 0,714

1 -

presente 22 (46,8%) 25 (53,2%) 47 (100%) 0,818 0,395-1,689

Burkholderia cepacia ausente 59 (50,9%) 57 (49,1%) 116 (100%)

0,763 1 -

presente 5 (41,7%) 7 (58,3%) 12 (100%) 0,692 0,191-2,366

Stenotrophomonas maltophilia ausente 60 (50,4%) 59 (49,6%) 119(100%)

1 1 -

presente 4 (44,4%) 5 (55,6%) 9(100%) 0,788 0,18-3,259

Aspergillus fumigatus ausente 60 (50,4%) 59 (49,6%) 119 (100%)

1 1 -

presente 4 (44,4%) 5 (55,6%) 9 (100%) 0,788 0,18-3,259

Achromobacter xylosoxosidans ausente 64 (50,4%) 63 (49,6%) 127(100%)

1 - -

presente 0 (0%) 1 (100%) 1 (100%)

Branhamella catarralis ausente 62 (50%) 62 (50%) 124 (100%)

1 1 -

presente 2 (50%) 2 (50%) 4 (100%) 1 0,101-9,858

Haemophilus influenzae ausente 63 (50%) 63 (50%) 126 (100%)

1 1 -

presente 1 (50%) 1 (50%) 2 (100%) 1 0,025

Onchrobactrum anthropi ausente 64 (50,4%) 63 (49,6%) 127(100%)

1 - -

presente 0 (0%) 1 (100%) 1 (100%) - -

Elizabethkingia

meningosepticum

ausente 64 (50,4%) 63 (49,6%) 127(100%) 1

- -

presente 0 (0%) 1 (100%) 1(100%) - -

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52

não mucóide em 25 amostras (antes da SSH) e 29 (após a SSH); a P. aeruginosa

mucóide em 22 amostras (antes da SSH) e 25 (após a SSH).

Para a Complexo. B. cepacia foi possível detecta-lo em dois pacientes a mais

após uso de SSH (de 5 para 7), enquanto para a Stenotrophomonas maltophilia e

Aspergillus fumigatus uma cultura positiva a mais (de 4 para 5, em ambos os casos).

Para a Moraxella catarrhalis (2 pacientes com cultura positiva) e

Haemophilus influenzae (1 paciente com cultura positiva) não houve alteração na

positividade das amostras antes e após o uso da SSH.

Após o uso da SSH, foi possível o isolamento de bactérias com

patogenicidade não comprovada, não identificadas previamente no exame de CRD ,

sendo uma amostra de cada de: (i) Achromobacter xylosoxidans (ii), Ochrobactrum

anthropi e (iii) Elizabethkingia meningosepticum.

Comparando-se a positividade geral das amostras observou-se um total de

28 culturas positivas a mais após a indução pela SSH, sendo destes 19 potenciais

patógenos (P. aeruginosa Mucóide[4], P. aeruginosa não mucóide [6], Complexo B.

cepácea [3], S.aureus [6]), e 9 não potenciais patógenos (Stenotrophomonas

maltophilia [3] , Aspergillus fumigatus [2], Moraxella catarrhalis [1], Achromobacter

xylosoxidans [1], Ochrobactrum anthropi [1] e Elizabethkingia meningosepticum [1]).

Na tabela 2 estão resumidos os dados obtidos para as diferentes bactérias

antes e após o uso da SSH-7%, sendo demonstrando o valor total de análises

realizadas, o número total de microrganismos positivos e negativos, antes e após a

indução pela SSH-7%, e finalmente, o número de pacientes que tiveram o resultado

confirmado para o microrganismo após o uso da SSH-7%, e os casos, no qual o

contrário foi observado.

Realizou-se também a análise semi-quantitativa das bactérias isoladas nas

amostras dos 64 pacientes. No total de todas as bactérias que na análise semi-

quantitativa apresentaram uma pequena quantidade bacteriana (+), 10 passaram a

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apresentar (++) após a inalação com SSH, que representa uma moderada quantidade

de bactérias. Da mesma forma, em 20 amostras passaram de (++) para (+++), ou seja,

grande quantidade de bactérias após a indução, e em nenhuma amostra passou-se de

(+) para (+++). Um total de 49 amostras não apresentaram alterações semi-

quantitativas após a inalação com SSH, mantendo os valores apresentados

previamente à inalação. De todas as análises10 bactérias apresentaram redução dos

valores semi-quantitativos após a inalação com SSH.

Tabela 3. Comparação semi-quantitativa para as bactérias isoladas na cultura de escarro e swab pré e pós o uso de salina hipertônica a 7%

em pacientes com fibrose cística

Bactéria Status de crescimento SSH-7%

Total p-value OR IC (5-95%) Antes Após

Staphylococcus aureus

Ausente 26 (53,1%) 23 (46,9%) 49 (100%)

0,959

- -

Pouca quantidade 9 (47,4%) 10 (52,6%) 19 (100%) 0,963 0,333-2,761

Média quantidade 15 (48,4%) 16 (51,6%) 31 (100%) 1,019 0,407-2,547

Grande quantidade 14 (48,3%) 15 (51,7%) 29 (100%) 1,011 0,399-2,559

Pseudomonas aeruginosa

não mucóide

Ausente 39 (52,7%) 35 (47,3%) 74 (100%)

0,475

- -

Pouca quantidade 4 (57,1%) 3 (42,9%) 7 (100%) 1,635 0,306-9,636

Média quantidade 12 (54,5%) 10 (45,5%) 22 (100%) 1,735 0,573-5,367

Grande quantidade 9 (36%) 16 (64%) 25 (100%) 0,464 0,149-1,395

Pseudomonas aeruginosa

mucóide

Ausente 42 (51,9%) 39 (48,1%) 81 (100%)

0,276

- -

Pouca quantidade 3 (60%) 2 (40%) 5 (100%) 1,793 0,243-16,4

Média quantidade 11 (61,1%) 7 (38,9%) 18 (100%) 2,518 0,748-8,909

Grande quantidade 8 (33,3%) 16 (66,7%) 24 (100%) 0,330 0,093-1,086

Burkholderia cepacia

Ausente 59 (50,9%) 57 (49,1%) 116 (100%)

0,873

- -

Pouca quantidade 2 (33,3%) 4 (66,7%) 6 (100%) 0,530 0,039-5,979

Média quantidade 1 (50%) 1 (50%) 2 (100%) 1,449 0,031-67,71

Grande quantidade 2 (50%) 2 (50%) 4 (100%) 1,596 0,113-23,11

Stenotrophomonas

maltophila

Ausente 60 (50,4%) 59 (49,6%) 119 (100%)

0,542

- -

Pouca quantidade 3 (42,9%) 4 (57,1%) 7 (100%) 0,775 0,016-3,861

Média quantidade 0 (0%) 1 (100,0%) 1 (100%) - -

Grande quantidade 1 (100%) 0 (0,0%) 1 (100%) - -

Aspergillus fumigatus

Ausente 60 (50,4%) 59 (49,6%) 119 (100%)

0,927

- -

Pequena quantidade 3 (42,9%) 4 (57,1%) 7 (100%) 0,775 0,016-38,61

Média quantidade 1 (50%) 1 (50%) 2 (100%) 1 -

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SSH= salina hipertônica 7%, OR= odds ratio, IC= intervalo de confiança, %= porcentagem.

Para todas as análises foi utilizado o χ2, com α= 0,05. Para nenhuma bactéria analisada houve diferença

entre a frequência dos isolados pré e pós o uso da salina hipertônica para a avaliação semi-quantitativa.

Para o calculo do OR não foi realizada a comparação com o parâmetro ausente para as bactérias, sendo

que o intuito era avaliar o fator de risco para a análise semi-quantitativa. O (-) indica a não possibilidade

de comparação devido a ausência de isolado pré salina hipertônica, bem como, para a não comparação

com o parâmetro ausente.

Das bactérias potencialmente patogênicas, a P. aeruginosa mucóide foi a

que mais apresentou alterações semi-quantitativas após a inalação com SSH (10), na

grande maioria de (++) para (+++) [8], a P. aeruginosa não mucóide apresentou 8

alterações, sendo 5 de (++) para (+++). O S. aureus apresentou 9 alterações semi-

quantitativas, sendo 6 de (++) para (+++). Para o Complexo B. cepacea 1 única

alteração foi encontrada passando após a inalação com SSH de (++) para (+++). A

bactéria Haemophilus influenzae não apresentou alterações na única amostra onde foi

encontrada, mantendo (+++).

O S. aureus apresentou 19 amostras sem alterações semi-quantitativas, a P.

aeruginosa não mucóide [14] e a P. aeruginosa mucóide [9].

Analisando isoladamente alguns pacientes, em um caso a cultura pré SSH-

7% apresentou as seguintes bactérias: S. aureus (++), P. aeruginosa não mucoide

(+++), P. aeruginosa mucoide (+++) e B. cepacia (+), e após a inalação, S. aureus

(+++), P. aeruginosa não mucoide (+++) e P.aeruginosa mucoide (+++), com ausência

da B. cepacia após a inalação. Em segundo caso se encontrou cultura pré SSH-7%

com P.aeruginosa não mucoide (+++) e após SSH-7%, microbiota normal.

Do total de bactérias isoladas, a análise semi-quantitativa revelou valores

positivos em 101 microrganismos antes do uso de SSH-7%, e 118 após o uso, assim,

houve aumento relativo de 17 casos. Para o valor de pouca quantidade (+), houve 25

casos antes e 28 após o uso de SSH-7% (OR= 1,057; IC= 0,56-1,97), para média

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quantidade (++) houve 41 e depois 40 (OR= 1,331; IC= 0,77-2,32), e finalmente, para o

de grande quantidade (+++) 35 para 50 (OR= 0,722; IC= 0,41-1,25). Os dados para

essa variável estão na tabela 3, onde constam os detalhes para os microrganismos

com maior frequência, com a possibilidade do calculo do OR.

Na tabela 4, está descrita a porcentagem de pacientes com cultura positiva

antes e após o uso da SSH-7%, bem como, a diferença de positividade e o número de

pacientes correspondente. A comparação entre o número de pacientes com isolado

positivo após o uso da SSH-7% e os pacientes sem alteração, bem como, resultado

positivo está completamente descrita na tabela 5, para as variáveis com distribuição

categórica e na tabela 6, para as de distribuição numérica.

SSH= salina hipertônica 7%, %= porcentagem.

Tabela 4. Pacientes com fibrose cística com resultado positivo antes e após o uso da salina

hipertônica a 7%, e aumento em número de pacientes, bem como em porcentagem após o uso da

salina.

Bactéria SSH-7% Pacientes com resultado

positivo após salina (%) Antes Após

Staphylococcus aureus 38 41 3 (4,69%)

Pseudomonas aeruginosa não mucóide 25 29 4 (6,25%)

Pseudomonas aeruginosa mucóide 22 25 3(4,69%)

Burkholderia cepacia 5 7 2 (3,13%)

Stenotrophomonas maltophilia 4 5 1 (1,56%)

Aspergillus fumigatus 4 5 1 (1,56%)

Achromobacter xylosoxosidans 0 1 1 (1,56%)

Branhamella catarralis 2 2 0

Haemophilus influenzae 1 1 0

Onchrobactrum anthropi 0 1 1 (1,56%)

Elizabethkingia meningosepticum 0 1 1 (1,56%)

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Tabela 5. Associação das variáveis: sexo, etnia e mutações no gene CFTR, com os valores do numero de isolados para as bactérias

analisadas perante os diferentes grupos possíveis: mesmo resultado, positividade e negatividade.

Variáveis

Grupos de pacientes após o uso de SSH-7%

Total p-value Sem alteração Positividade Negatividade

N OR (IC5-95%) N OR (IC5-95%) N OR (IC5-95%)

Sexo Feminino 22 0,55 (0,19-1,58) 9 2,22 (0,62-9,21) 5 1,09 (0,25-4,97) 36

0,429* Masculino 23 1 (-) 4 1 (-) 4 1 (-) 31

Total 45 13 9 67

Etnia Caucasoide 37 0,31 (0,01-2,32) 11 1,43 (0,18-36,09) 9 - 57

0,452* Não caucasoide 6 1 (-) 1 1 (-) 0 - 7

Total 43 12 9 64

Mutação no

gene CFTR

MI/MI 29 2,58 (0,90-7,63) 5 0,40 (0,11-1,42) 4 0,57 (1,12-2,47) 38

0,467#

MI/MNI 13 0,49 (0,17-1,45) 6 1,89 (0,51-6,57) 4 1,63 (0,35 – 7,16) 23

MNI/MNI 3 0,46 (0,07-2,89) 2 2,24 (0,26-14,3) 1 1,32 (0,05-11,23) 6

Total 45 13 9 67

CFTR= cystic fibrosis transmembrane regulator, N= número de pacientes, SSH= salina

hipertônica 7%, OR= odds ratio, IC= intervalo de confiança, %= porcentagem, MI= mutação identificada

no gene CFTR, MNI= mutação não identificada no gene CFTR, (-) Não foi possível o cálculo do OR

devido a presença de valor nulo. * O p-value foi obtido pelo teste Exato de Fisher. # O p-value foi obtido

pelo teste χ2. Para todas as análises o α= 0,05 foi considerado. Para nenhuma bactéria analisada houve

diferença para os marcadores sexo, etnia e mutações no gene CFTR em relação ao resultado após o uso

do SSH.

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N= número de pacientes, IC= intervalo de confiança, %= porcentagem, VEF1= volume

expiratório forçado, CVF= capacidade vital forçada, FEF25-75%= fluxo expiratório forçado entre 25 e 75%

Tabela 6. Associação das variáveis: escores, espirometria, índice de massa corpórea e idade, com os valores do numero de isolados

para as bactérias analisadas perante os diferentes grupos possíveis: mesmo resultado, positividade e negatividade.

Variáveis N Média Desvio padrão IC

Mínimo Máximo p-value 5% 95%

Shwachman

-Kulczycki

Sem alteração 38 69,08 13,89 64,51 73,65 35 95

0,120 Positividade 10 65,50 10,66 57,88 73,12 50 80

Negatividade 9 58,33 16,77 45,44 71,22 40 85

Total 57 66,75 14,19 62,99 70,52 35 95

Bhalla

Sem alteração 23 15,83 9,73 11,62 20,03 2 33

0,849 Positividade 6 12,83 8,93 3,46 22,21 6 27

Negatividade 5 15,20 10,71 1,90 28,50 2 27

Total 34 15,21 9,51 11,89 18,52 2 33

VEF1

Sem alteração 40 67,58 24,56 59,72 75,43 21,00 118,00

0,928 Positividade 11 68,82 21,41 54,43 83,20 39,00 111,00

Negatividade 9 70,22 22,85 52,66 87,78 36,00 101,00

Total 60 68,20 23,41 62,15 74,25 21,00 118,00

CVF

Sem alteração 40 1,99 1,14 1,63 2,35 0,28 4,43

0,868 Positividade 11 1,82 0,62 1,40 2,24 0,79 3,08

Negatividade 9 2,09 0,98 1,33 2,85 0,42 3,69

Total 60 1,97 1,03 1,71 2,24 0,28 4,43

FEF25-75%

Sem alteração 40 57,65 33,24 47,02 68,28 7,00 136,00

0,524 Positividade 11 49,00 31,46 27,86 70,14 20,00 119,00

Negatividade 9 50,56 37,66 21,61 79,50 25,00 137,00

Total 60 55,00 33,24 46,41 63,59 7,00 137,00

IMC

Sem alteração 44 16,06 2,68 15,24 16,87 10,00 21,34

0,089 Positividade 11 17,61 3,54 15,23 19,98 13,46 23,62

Negatividade 9 19,23 4,58 15,71 22,76 14,21 27,21

Total 64 16,77 3,30 15,95 17,59 10,00 27,21

Idade

Sem alteração 45 11,96 5,00 10,45 13,46 2 26

0,848 Positividade 13 12,54 5,71 9,09 15,99 5 23

Negatividade 9 12,78 5,45 8,59 16,97 3 21

Total 67 12,18 5,13 10,93 13,43 2 26

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da CVF, IMC= índice de massa corpórea. Na análise estatística foi utilizado o teste de Kruskall-Wallis

considerando α= 0,05. Não houve associação positiva para qualquer variável considerada. Nenhuma relação foi observada entre as variáveis de KS, Bhalla, VEF1, FEF25-75%, CVF, IMC

e idade com os valores de positividade após as inalações com SSH 7%.

Quanto à técnica para a coleta, das 64 amostras, antes e após a inalação

com a SSH-7%, observou-se que a coleta do escarro ocorreu em 23 pacientes antes e

em 33 após a SSH-7%, enquanto o swab foi utilizado em 41 pacientes antes e em 31

depois (p= 0,108; para o escarro antes versus após o SSH-7%, o OR foi de 0,5297;

IC= 0,258-1,076).

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10. DISCUSSÃO

O presente estudo mostrou que o uso da SSH-7%, em crianças e

adolescentes com FC, para a investigação de microrganismos nas vias aeríferas destes

pacientes, aumentou o número de bactérias isoladas em valores absolutos e também

permitiu o isolamento de novas bactérias. Em contrapartida, quando analisado em

conjunto, os dados, não apresentaram diferença significativa, qualitativa e semi-

quantitativa, pré e após a inalação com a SSH-7%.

Um aspecto de beneficio e importância clínica, é que a SSH-7% permitiu o

aparecimento de 18 novos agentes, patógenos potenciais, não vistos na fase pré SSH-

7%. Isto demonstra que a avaliação das vias aeríferas nos pacientes com FC, necessita

monitoração e busca constante dos numerosos patógenos que colonizam e infectam as

vias aeríferas deste tipo de paciente. Nesse contexto, pacientes com FC, que

receberiam resultados negativos das amostras de secreção pulmonar obtiveram

resultados positivos e assim puderam receber o tratamento medicamentoso adequado.

Entretanto, caso a inalação não fosse realizada, esses pacientes retornariam sem o

diagnóstico microbiológico, podendo apresentar evolução pulmonar com maior

gravidade. A instalação do quadro pulmonar deteriora a função pulmonar desses

pacientes, prejudicando ainda mais o seu prognóstico. O falso diagnóstico pode levar

ao aumento dos custos hospitalares, muitas vezes, devido à necessidade de internação

dos pacientes, além da retirada dos mesmos da sociedade alterando completamente

sua rotina, principalmente ao absenteísmo a escola, causando frustrações e ociosidade.

A inalação com SSH melhora a quantidade e qualidade da amostra do

escarro, porém ainda é controversa a melhora na detecção de patógenos [Ho, 2004;

Elkins, 2006; Elkins, 2006; Bye, 2007; Subbarao, 2007]. No estudo de Ho et al. (2004)

com 41 pacientes com FC pré e após inalação com SSH-6%, foi encontrada a mesma

cultura em 25 pacientes independente do uso da inalação, sendo que em 16 não

ocorreu nenhum crescimento microbiológico tanto antes como após a SSH-6%. Em

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60

contrapartida, em 16 pacientes, agentes diferentes foram observados nas amostras.

Desses, em 9 pacientes 1 patógeno foi acrescido após a inalação, em 3 casos, 2

patógenos. Em 1 dos pacientes foram isolados patógenos diferentes antes e após a

inalação com SSH-6%, e em 3 pacientes o patógeno foi encontrado somente antes da

inalação. Dessa forma mostrou que salina pode promover informações adicionais na

identificação microbiológica de pacientes com FC, mesmo havendo controvérsias.

No estudo de Boeck et al. (2000) foi analisada a microbiologia de aspirado de

nasofaringe de 19 pacientes com FC participantes após SSH . Em 7 pacientes foi

isolada P. aeruginosa, em 9 S. aureus e em 3 H. influenzae. Os resultados sugerem

importância da inalação da SSH para diagnóstico microbiológico em pacientes que não

são capazes de escarrar, por permitir a obtenção de amostra para análise laboratorial.

Em nossa casuística, foi possível identificar a P. aeruginosa não mucóide pré

SSH-7% em 1 dos casos, mas não após a inalação. Atualmente, tem sido sugerido que

os seios paranasais constituem um nicho adaptado e protegido para a P. aeruginosa,

podendo ser a origem da colonização nos pacientes com FC. Nesse contexto, nos

casos em que a P. aeruginosa não foi mais identificada após a inalação com SSH-7%,

a hipótese de essa bactéria ser oriunda de seios da face e não de secreção pulmonar

pode ser considerada [Cioufu, 2013]. A mesma característica, em nossa amostra, foi

observada para o complexo B. cepacia. A não identificação após o uso do SSH-7% por

ser relacionada ao crescimento de outros microrganismos em maior quantidade. O uso

de meio seletivo BCSA produz colônias pequenas e de difícil detecção para os técnicos,

principalmente quando crescem junto com colônias de outras bactérias. Assim, mesmo

o meio seletivo não viabiliza a identificação em detrimento de outros crescimentos

bacterianos.

A técnica mesmo não tendo apresentado resultados estatisticamente

significantes demonstrou aumento de 10 pacientes com escarro, em detrimento ao

swab. A secreção do escarro é mais confiável a nível microbiológico do que a amostra

via swab de orofaringe. O escarro é a amostra padrão áureo utilizado no diagnóstico

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61

microbiológico e na análise de marcadores inflamatórios na FC. Porém é conhecida a

incapacidade de se escarrar por alguns pacientes. Em um estudo, a comparação de 10

pacientes com FC para as técnicas de escarro espontâneo, escarro induzido e lavado

brônquico foi realizada, e a indução do escarro foi considerada a melhor técnica por

causar menor desconforto nos pacientes em relação ao lavado, com amostra tendo

mesma quantidade de células inflamatórias e patógenas. O mesmo foi observado por

Ho et al. (2004), sendo que em 41 pacientes com FC, 4 conseguiram escarrar antes da

inalação com SSH, e 19 após. O aumento na quantidade de escarro após a SSH ocorre

pela hiperosmolaridade causada pelo SSH no fluido que reveste as vias aeríferas,

causando liberação de mediadores que de forma direta ou indireta provocam a

contração da musculatura lisa e consequentemente maior saída de secreção pulmonar.

Além, deve ser salientado que a eficiência do clearance mucociliar está relacionada

com a melhor hidratação da superfície da via aerífera, e que sua deficiência leva ao

baixo clearance mucociliar, promovendo a formação de placas de muco, propicias para

a colonização [Donaldson, 2006]. A SSH hidrata a superfície das via aerífera, sendo o

tempo maior nos pacientes com FC do que em indivíduos saudáveis. Com a inalação a

7% houve aumento em cerca de quatro vezes da hidratação do liquido da superfície da

via aerífera em indivíduos sem doença pulmonar prévia, porém este aumento ocorre por

curto período de tempo, retornando aos valores normais em no máximo 10 minutos.

Nos pacientes com FC o efeito é maior e mais duradouro, já que nesse caso, a CFTR

não tem seu funcionamento normal e existe a prévia desidratação do epitélio e muco. O

aumento na hidratação do muco nos pacientes com FC torna suas propriedades

reológicas mais favoráveis à depuração mucociliar, que ocorrerá mais rapidamente em

vias aeríferas maiores do que em menores.

A SSH possui a capacidade de dissociar o DNA da proteína do muco, e essa

dissociação aumenta de acordo com a concentração da salina. Foi demonstrado que a

SSH-7% acelera o clearance mucociliar quando comparada com o grupo controle que

inalou solução salina a 0,9%. Outro estudo com 10 adultos com FC a inalação foi

realizada com SSH a 3%, 7% e 12% e comparada com a inalação por salina a 0,9%.

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62

Nesse caso, o clearance foi maior após a inalação com SSH e proporcionalmente a

concentração da hipertônica.

No estudo de De Boeck et al. (2000), os 19 pacientes (média de idade de 8,6

anos) não foram capazes de produzir escarro quando solicitado. Quando inalaram SSH

foi possível à aspiração da secreção na nasofaringe. Uma criança apresentou secreção

inalando 0,9%, 6 após 3% de SSH, 1 após 4,5% e 11 após 6%. Assim, quanto maior a

concentração da SSH, maior a saída de escarro.

A técnica é segura, e em nossa casuística nenhum paciente apresentou

efeito colateral. Alguns relatos de efeitos podem ser encontrados na literatura. Um

estudo multicêntrico com 20 pacientes (idade média de 20,3 meses), realizou a inalação

com 4mL de SSH-7% durante 15 minutos inicialmente em dose única para realização

de teste de tolerância. Desses 20 pacientes, um foi retirado do estudo por preocupação

do cuidador, e outro por intolerância (aumento da frequência respiratória e queda de

saturação acima de 5% do valor basal). Assim, 18 pacientes realizaram a inalação duas

vezes ao dia, durante 14 dias. Dos 18 participantes, 39% apresentaram aumento da

tosse na hora seguinte à inalação no primeiro dia, chegando a 8% no décimo terceiro

dia de inalação, sendo assim a inalação com SSH-7% considerada método seguro para

crianças com FC com idade baixa [Rosenfeld, 2011].

Vale ressaltar que nosso estudo apresenta algumas limitações

metodológicas. A primeira pode ser devida a utilização de menor quantidade de SSH

pelo uso de nebulizador com máscara ao invés de peça bucal. A segunda pode

decorrer de tamanho amostral e a não repetição do procedimento, em um mesmo

individuo antes a após exacerbação pulmonar aguda. Em contrapartida acreditamos

que estes fatos possam constituir questionamentos para estudos futuros. Também

abrimos possibilidades para estudos futuros verificarem se existirá alteração dos

resultados de o estudo for com uma quantidade de pacientes maior, se

randomizássemos o estudo, se aplicássemos técnicas de Fisioterapia Respiratória e

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assim tentarmos otimizar os resultados, além de separarmos em grupos os pacientes

que coletaram através de escarro dos pacientes que coletaram através de swab.

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11. CONCLUSÃO

A partir dos resultados encontrados pode-se concluir que não há diferença

estatisticamente significativa de microorganismos na cultura de secreção orotraqueal de

pacientes com FC coletada antes e após a inalação com SSH-7%. Porém, parece haver

diferença qualitativa e semi-quantitativa nos microorganismos.

Também pudemos notar para alguns casos a eficiência da SSH no auxílio da

produção do escarro, quando antes somente era possível a coleta através de swab de

orofaringe.

Pudemos verificar também, porém não de forma estatisticamente

significativa, que a SSH é capaz de aumentar semi-quantitativamente microorganismos

nas secreções das vias aeríferas de pacientes com FC.

Com esse estudo constatamos que não há correlação dos aspectos

microbiológicos dos pacientes com as variáveis clínicas e ambulatoriais.

Futuros estudos comparando o uso da SSH-7% são necessários para a

recomendação da melhor técnica de coleta de secreção orotraqueal para diagnóstico

microbiológico em pacientes com FC.

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77

13. ANEXOS

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, __________________________________, declaro por livre espontânea

vontade permitir a participação de ________________________________(nome da

criança), com idade de _______ anos que se encontra sobre a responsabilidade

de__________________________ (pai ou responsável), com ____ anos, portador do

RG______________, telefone____________ residente na rua

_______________________ bairro ___________ cidade de ____________________,

na pesquisa “EFICÁCIA DA SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA NA IDENTIFICAÇÃO

DE PATÓGENOS MICROBIANOS NO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR DE

PACIENTES COM FIBROSE CÍSTICA”, sendo este projeto para dissertação de

mestrado da aluna Adriana Carolina Marques Ferreira da Faculdade de ciências

médicas FCM / Unicamp.

Este projeto investiga a eficiência da solução salina hipertônica na

identificação de bactérias e outros microorganismos nas vias respiratórias dos

pacientes fibrocísticos, ajudando assim, no tratamento dessas crianças.

A fibrose cística é uma doença grave. Antigamente os primeiros pacientes

com Fibrose Cística faleciam ainda no primeiro ano de vida e atualmente com os

avanços da ciência é possível realizar um tratamento mais completo, o que tem

aumentado à sobrevida desses pacientes.

A solução hipertônica faz parte do tratamento contínuo desses pacientes,

pois possibilita a retirada de secreções pulmonares ajudando também a identificar quais

bactérias estão presentes nos pulmões, e com isso, promover um tratamento mais

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preciso, atrasando o estágio final da doença, pois esses pacientes apresentam uma

secreção bastante espessa que leva a infecções pulmonares frequentes.

Será feito, coleta de secreções através da tosse (escarro) ou do swab

(esfregões na garganta), antes e após a realização da inalação com solução hipertônica

(solução salina 7 %), não oferecendo nenhum risco a integridade física da criança. Os

dados serão coletados dentro do ambulatório de fisioterapia pediátrica que se localiza

no terceiro andar do HC (hospital da Unicamp), as terças feiras, no horário das 13:00 as

17:00, onde acontece o Ambulatório de fibrose cística FCM / Unicamp. Os resultados

ficarão em absoluto sigilo, estando somente disponível para pesquisa. Vale esclarecer

que a criança poderá abandonar a pesquisa a qualquer momento, mesmo após a

assinatura deste termo.

Qualquer dúvida ligar para:

Pesquisadora: Adriana – (19) 98195-4440

Orientador: Prof. Dr. José Dirceu Ribeiro (19) 37887646/ 37888970

Comitê de Ética em Pesquisa: (19) 37888936

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