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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial Arcadismo

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APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

Arcadismo

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D541 Dias, Nathalia Saliba.Ensino médio : modular : literatura : arcadismo / Nathalia Saliba Dias, Sergio

Augusto Kalil. – Curitiba : Positivo, 2013. : il.

ISBN 978-85-385-7051-6 (livro do aluno)

ISBN 978-85-385-7052-3 (livro do professor)

1. Literatura. Ensino médio – Currículos. I. Kalil, Sergio Augusto. II. Título.

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@LIT030Autores e obras da

literatura brasileira

@LIT030

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SUMÁRIO

Unidade 1: Arcadismo

Artes do século XVIII 7

Cláudio Manuel da Costa 10

Tomás Antônio Gonzaga 13

Basílio da Gama 18

Santa Rita Durão 20

O indígena ilustrado 23

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Arcadismo1

Cada século tem um espírito que o caracteriza:

o espírito do nosso parece ser o da liberdade.

Diderot, pensador iluminista do século XVIII

4 Arcadismo

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Além do horizonteExiste um lugarBonito e tranquiloPra gente se amar...

Além do horizonte deve terAlgum lugar bonitoPra viver em pazOnde eu possa encontrarA naturezaAlegria e felicidadeCom certeza...

Lá nesse lugarO amanhecer é lindo

Mais um dia que vem vindo...

Onde a gente podeSe deitar no campoSe amar na relvaEscutando o cantoDos pássaros...

Aproveitar a tardeSem pensar na vidaAndar despreocupadoSem saber a horaDe voltar...

Além do horizonte

CARLOS, Erasmo; CARLOS, Roberto. Além do horizonte. Intérprete: Jota Quest. In: Até onde vai. Rio de Janeiro: Sony BMG, 2005. 1 CD, digital, estéreo. Faixa 3.

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Considerando a letra da música e a pintura apresentadas, responda às questões:a) Qual o tema abordado na letra da canção?b) No poema, há várias referências à natureza. Como ela

aparece e o que significa? c) A pintura foi produzida em uma época diferente da

canção, mas é possível estabelecer paralelos entre os dois. Que aspectos comuns você é capaz de identificar nas duas obras?

d) Essas obras retratam um tipo de vida muito diferente da que se vive atualmente. Como ela é idealizada por esses artistas?

QUILLARD, Pierre-Antoine. Pastorale. 1730. 1 óleo sobre tela, color., 72 cm x 91,5 cm. Museu Pushkin de Belas-Artes, Moscou.

Ensino Médio | Modular 5

LITERATURA BRASILEIRA

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Segundo o projeto iluminista, todos deveriam ter acesso ao conhecimento, pois, somente por meio do conhecimento racionalmente construído, os homens poderiam se afastar, definitivamente, do pensamento religioso.

Esse processo de sistematização do saber atingiu seu ápice quando o filósofo Denis Diderot (1713-1784) e o matemático Jean d’Alembert, aliados a outros colaboradores, elaboraram a Enciclopédia. Publicada originalmente em 33 volumes, 71 818 artigos e 2 885 ilustrações. Essa obra grandiosa era uma tentativa de reunir e organizar todo o conhecimento humano para que ele pudesse ser acessado a qualquer momento. Essa proposta vinha ao encontro da democratização do saber.

Atualmente, a enciclopédia editada em forma de livro, em vários volumes, cedeu espaço para outros meios de acesso ao conhecimento. O desenvolvimento de novas tecnologias, aliado à criação da internet, resul-tou numa situação que, considerando apenas o que se refere à construção e à sistematização do saber, pode ser comparada a uma readaptação do modelo iluminista. A informação produzida, assinada ou não, fica disponível para o acesso que, muitas vezes, é livre. Há casos em que a informação é produzida em conjunto e qualquer pessoa pode acessar e alterar o texto, fazendo inserções e correções em verbetes já disponíveis ou até mesmo criando outros.Capa da primeira enciclopédia

escrita por Denis Diderot

O pensamento teocêntrico, que se desenvolveu largamente durante o Período Barroco, começou a enfraquecer no final do século XVII e início do século XVIII. Visto como obscuro, os preceitos religiosos passaram a ser negados pelos novos pensadores do século XVIII, que se voltavam para o antropocentrismo, isto é, para o culto ao homem.

Denominados de iluministas, os cientistas desse período acreditavam que a razão humana era o fator determinante para a compreensão de fenômenos naturais e sociais. Defendiam o uso rigoroso de métodos e de sistemas de análise, recusando justificativas do âmbito religioso.

O racionalismo atingiu praticamente todas as áreas de conhecimento. No campo econômico e político, o forta-lecimento da classe burguesa e o processo de industrialização fizeram com que a Igreja e o pensamento teocêntrico perdessem poder. Adam Smith, principal teórico da economia da época, percebeu que a racionalidade deveria atingir também o sistema de produção. Segundo ele, os indivíduos eram movidos apenas pelo seu próprio interesse, e este é que promovia o crescimento econômico e o desenvolvimento tecnológico.

Arcadismo6

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A escultura neoclás-sica, representação de Eros e Cupido

A side

A produção artística do século XVIII é, genericamente, designada de neoclássica e, no âmbito da Literatura, de árcade. Esse nome pro-

vém de Arcádia, espaço em que os pastores de gado se reuniam, na perspectiva mitológica do mundo clássico, para escrever e ler suas composições poéticas.

Artes do século XVIII

Os literatos árcades, para serem coerentes com os prin-cípios de simplicidade e igualdade, usavam pseudônimos de pastores gregos, vestiam-se de modo a imitá-los e reuniam-se em parques e jardins para aproveitar a vida natural. Entre os ideais clássicos que retomavam estavam:

o racionalismo;

o equilíbrio;

a simplicidade, a clareza e a precisão;

o rigor e a perfeição formal;

o antropocentrismo;

os temas da mitologia pagã.

A retomada dos ideais estéticos da Antiguidade greco-romana não se deu por acaso. Foi fruto de uma reação estética e ideológica ao Período Barroco, visto que os árcades consideravam a poesia barroca obscura e de mau gosto, devido, primordialmente, ao uso excessivo de figuras de linguagem, por exemplo, as metáforas.

No âmbito ideológico, a Revolução Industrial que emergia desencadeou um intenso processo

de urbanização. Cidades, como Londres e Paris, tornaram-se ambientes inabitá-

veis, de tão poluídos.

CANOVA, Antônio. Cupido e Psique. 1793. 1 escultura em mármore: 155 cm de altura. Museu do Louvre, Paris.

LITERATURA BRASILEIRA

7Ensino Médio | Modular

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Fachada do Panteão, Paris – França

Nesses exemplos arquitetônicos, fica evidente o uso de linhas e arcos típicos da estética neoclássica

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Igreja St. Jacques da Houmeau, Angouleme, Charente, França

Câmara Municipal, Caen, França

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Fachada do jardim do Castelo de Compiègne. (1751-1789), Oise – França

Bucolismo: termo utilizado

para designar uma espécie

de poesia pasto-ral, que descre-ve a qualidade

ou o caráter dos costumes rurais,

exaltando as belezas da vida

campestre e da natureza.

Os poetas apontaram o problema social que se figurava e, como uma for-ma de reação, resgataram o preceito latino do fugere urbem. Esse tema, utilizado no mundo romano como uma maneira de se atingir um pensamento claro e objetivo, foi plenamente ade-quado à realidade do século XVIII, já que a urbe se tornava um espaço im-próprio para a reflexão.

A Literatura desse período revelava, então, a opção dos poetas árcades, que, em vez de cultuarem o ambiente da Corte e os temas religiosos, passaram a abordar, em suas composições, temas pastoris, concentrados no bucolismo.

Os poetas assumiram o papel de pastores em suas composições, e o es-paço privilegiado para a experiência poética era o campo, que acabava por ser descrito como o locus amoenus – um lugar ameno, tranquilo – onde os poetas-pastores poderiam encontrar a aurea mediocritas, ou seja, o equi-líbrio espiritual para viver e escrever.

O estilo de vida no campo permitiria que o homem vivesse somente com o que lhe fosse efetivamente útil, abdican-do de aspectos inúteis para a sua exis-tência. Daí o preceito inutilia truncat, isto é, “corte tudo que é inútil”.

No âmbito das composições literá-rias, a ideia de inutilia truncat estava diretamente relacionada à poesia clara e objetiva, isto é, que utilizava poucas figuras de linguagem.

É importante salientar que o estilo de vida cultuado pelos poetas do Arca-dismo brasileiro era uma ficção. Na vida real, os dois grandes representantes dessa estética foram: Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa. O primeiro, formado em Direito, atuava como funcionário da Corte, e o segundo era advogado. Ambos tinham posses e um estilo de vida urbano compatíveis com o que de melhor pudesse ser en-contrado em Minas Gerais, no século XVIII.

Arcadismo:

contexto

histórico e

estilo de época

@LIT1035

Arcadismo8

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WATTEAU, Antoine. Gesellige Unterhaltung im Freien. 1716-1719. 1 óleo sobre tela, color., 60 cm x 75 cm. Gemäldegalerie, Dresden.

IV

Sou Pastor; não te nego; os meus montados São esses que aí vês; vivo contente

A doce companhia dos meus gados:

Ali me ouvem os troncos namorados, Em que se transformou a antiga gente; Qualquer deles o seu estrago sente, Como eu sinto também os meus cuidados.

Vós, ó troncos (lhes digo), que algum dia Firmes vos contemplastes, e seguros Nos braços de uma bela companhia,

Consolai-vos comigo, ó troncos duros, Que eu alegre algum tempo assim me via,

PROENÇA FILHO, Domício (Org.). A poesia dos . Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996.

p. 52.

Considerando a pintura e o texto apresentados, responda às questões:

a) Comparando essas obras à manifestação barroca, quais seriam as diferenças relacionadas às suas características?

b) O Barroco representava o dualismo do homem dividido entre o transcendental e o carnal. Como o homem é representado na pintura e no texto acima?

O Arcadismo português caracterizou-se pelo despotismo esclarecido do rei D. José (1714-1777). O monarca, orientado pelo primeiro ministro Marquês de Pombal, iniciou uma série de reformas que atingiram principalmente a educação. Esta estava sob a orientação da ordem dos padres jesuítas e passou a ser, então, de responsabilidade do Estado. Contudo, não houve um rompimento com a Igreja Católica, o que ocorreu foi uma tentativa de concentrar mais poderes nas mãos do monarca, por meio da implantação de um novo sistema de ensino. Os jesuítas interferiam muito na política portuguesa, e a forma encontrada para acabar com essa presença foi expulsá-los do reino português.

Quanto à produção literária, a Arcádia Lusitana – academia fundada em 1757, na cidade de Lisboa – tinha a intenção de combater o espírito barroco e orientar a produção poética para uma estética neoclássica, com fundo na razão e no culto ao natural. Eram seus membros: Cruz e Silva, Esteves Negrão, Teotônio Gomes de Carvalho e Correia Garção.

Ensino Médio | Modular 9

LITERATURA BRASILEIRA

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Cláudio Manuel da Costa

O poeta Cláudio Manuel da Costa se envolveu diretamente com as revoltas da Inconfidência Mineira, até que foi, misteriosamente, encontrado enforcado.

Sobre esse movimento, leia o seguinte fragmento do teórico Alfredo Bosi:

O marco inicial do Arcadismo no Brasil foi a publicação do livro Obras, em 1768, de Cláudio Manuel da Costa. Nascido em Mariana, Minas Gerais, filho de família abastada, estudou Direito na Universidade de Coimbra. Lá teve contato com as ideias iluministas, que seriam a base da Inconfidência Mineira. De volta ao Brasil, foi secretário do governo da capitania de Minas. No âmbito literário, foi um dos fundadores da academia literária Colônia Ultramarina, espécie de clube literário onde as pessoas se reuniam para ler e discutir poesia. Em 1789, o poeta foi preso sob a acusação de ser inconfidente.

A poesia de Cláudio Manuel da Costa revelou a nova estética que se formava em oposição ao Período Barroco.

operaria a cobrança de impostos sobre o ouro (a derrama). Na medida em que impedir a execução desta importava em alterar o estatuto político, os

-

que tem em mais de quarenta e tantas sesmarias,... acérrimo inimigo dos

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 39. ed. São Paulo: Cultrix, 1994. p. 56.

10 Arcadismo

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Texto para as questões de 1 a 3:

Soneto XIVQuem deixa o trato pastoril, amado, Pela ingrata, civil correspondência, Ou desconhece o rosto da violência, Ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos, trasladado No gênio do Pastor, o da inocência! E que mal é no trato, e na aparência Ver sempre o cortesão dissimulado!

Ali respira Amor sinceridade; Aqui sempre a traição seu rosto encobre; Um só trata a mentira, outro a verdade.

Ali não há fortuna que soçobre; Aqui quanto se observa é variedade: Oh! ventura do rico! Oh! bem do pobre!

PROENÇA FILHO, Domício (Org.). . Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 57.

1. Qual é o tema central abordado no poema?

2. Quanto à oposição entre campo e cidade, preencha a seguinte tabela, listando quais são as carac-terísticas encontradas em cada um desses locais:

Cidade Campo

3. De que forma essas oposições retratam as características do período árcade?

Ensino Médio | Modular 11

LITERATURA BRASILEIRA

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Texto para as questões 4 e 5:

Este é o rio, a montanha é esta,Estes os troncos, estes os rochedos;São estes inda os mesmos arvoredos,

Rio, montanha, troncos e penedos,Que de amor nos suavíssimos enredos

Oh! quão lembrado estou de haver subidoAquele monte, e as vezes que baixandoDeixei do pranto o vale umedecido!

Que da mesma saudade o infame ruídoVem as mortas espécies despertando.

PROENÇA FILHO, Domício (Org.). . Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 54.

4. Analisando o aspecto formal, o que se pode dizer do poema?

5. Pode-se dizer que o “eu lírico” exalta a natureza como é próprio da poesia árcade?

Texto para as questões 6 e 7:

Aqui me torna a pôr nestes oiteiros,

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,

Vendo correr os míseros vaqueirosAtrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,Que chega a ter mais preço, e mais valia

Aqui descanse a louca fantasia,E o que té agora se tornava em prantoSe converta em afetos de alegria.

PROENÇA FILHO, Domício (Org.). . Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 78-79.

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Tomás Antônio Gonzaga

A poesia do gênero lírico foi plenamente explorada no período árcade pelo poeta Tomás Antônio Gonzaga. Filho de brasileiros, mas nascido na cidade do Porto, em Portugal, no ano de 1744, veio para o Brasil ainda criança e passou a infância no Recife e na Bahia. Quando adolescente, foi para Coimbra estudar Direito. Trabalhou em Portugal como juiz de Direito e retornou ao Brasil para atuar como ouvidor- -geral em Vila Rica, sede da capitania de Minas Gerais. No ano de 1787, passou a publicar anonimamente as Cartas chilenas, poema satírico que criticava o governador Luís da Cunha Menezes. Com 44 anos, pediu em casamento a jovem Maria Doroteia de Seixas Brandão. O casamento foi suspenso quando descobriram que o poeta era um dos líderes da Inconfidência Mineira. Condenado, recebeu a pena de degredo e foi para Moçambique onde se casou com Juliana Mascarenhas. Na África, trabalhou como juiz da alfândega, falecendo em 1810.

A sua obra mais famosa foi o livro Marília de Dirceu. Nele, o poeta se passava pelo pastor Dirceu e revelava seu amor pela pastora Marília, em uma forma poética específica, que é a lira.

Lira: é uma estrofe

de origem castelhana,

composta por cinco versos,

sendo três heptassílabos

(sete sílabas poéticas) e dois hendecassílabos

(onze sílabas poéticas).

6. Considerando o soneto de Cláudio Manuel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção:

a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metró-pole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”.

b) A oposição entre Colônia e Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição viven-ciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.

c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que eviden-cia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional.

d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Me-trópole.

e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada estetica-mente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.

7. Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manuel da Costa em que o poeta se dirige ao seu interlocutor:

a) “Torno a ver-vos, ó montes; o destino” (v. 1).

b) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino,” (v. 5).

c) “Os meus fiéis, meus doces companheiros” (v. 6).

d) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7).

e) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto” (v. 11).

Obra completa Marília de Dirceu, de Tomás

Antônio Gonzaga

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LITERATURA BRASILEIRA

13Ensino Médio | Modular

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Texto para as questões de 1 a 4:

Lira XIVMinha bela Marília, tudo passa; A sorte deste mundo é mal segura; Se vem depois dos males a ventura,

Vem depois dos prazeres a desgraça.Estão os mesmos Deuses

Já foi Pastor de gado.

A devorante mão da negra Morte Acaba de roubar o bem que temos; Até na triste campa não podemos Zombar do braço da inconstante sorte.

Que seus avós ergueram, descansado; Qual no campo, e lhe arranca os frios ossos Ferro do torto arado.

Ah! enquanto os Destinos impiedosos Não voltam contra nós a face irada, Façamos, sim, façamos, doce amada, Os nossos breves dias mais ditosos.

Um coração que, frouxo,A grata posse de seu bem difere, A si, Marília, a si próprio rouba, E a si próprio fere.

E façamos de feno um brando leito; Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos Amores.

Sobre as nossas cabeças,Sem que o possam deter, o tempo corre; E para nós o tempo, que se passa,

Com os anos, Marília, o gosto falta,

A mesma formosuraÉ dote que só goza a mocidade:

Mal chega a longa idade.

Que havemos d’ esperar, Marília bela?

Ah! não, minha Marília,Aproveite-se o tempo, antes que faça O estrago de roubar ao corpo as forças,

E ao semblante a graça

PROENÇA FILHO, Domício (Org.). . Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 597-598.

1. A quem se dirige o “eu lírico” e o que ele aconselha?

2. Identifique ao menos três argumentos apresentados pelo “eu lírico” para defender a sua ideia:

3. O poema de Tomás Antônio Gonzaga tem como mote quais das seguintes propostas árcades?

( ) Fugere urbem.

( ) Locus amoenus.

( ) Aurea mediocritas.

( ) Inutilia truncat.

( ) Carpe diem.

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4. A ideia contida no verso “As glórias, que vêm tarde, já vêm frias” se opõe a que provérbio popular?

( ) Quem persevera sempre alcança.

( ) Antes tarde do que nunca.

( ) Por fora bela viola, por dentro pão bolorento.

( ) Dinheiro na mão é vendaval.

( ) Gato escaldado tem medo de água fria.

5.

de novo em ação os ideais helênicos de Arte. Entretanto, entendiam que esses ideais somente se materializavam

dum Horácio, é que constituiria a atmosfera mais indicada para a concretização plena da poesia equilibrada e

MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 2004. p. 36.

Analisando a definição de Massaud Moisés, pode-se dizer que o período caracterizado é o:

a) Quinhentismo.

b) Barroco.

c) Arcadismo.

d) Romantismo.

e) Realismo.

6. O slogan desta propaganda retoma um dos princípios defendidos pela poesia árcade no século XVIII. Que recurso é esse?

VISA. Porque a vida é agoraDisponível em: <http://www.visa.com.br/go/principal.aspx>. Acesso em: 10 ago. 2009.

a) Carpe diem.

b) Locus amoenus.

c) Fugere urbem.

d) Inutilia truncat.

e) Aurea mediocritas.

Cartas chilenasOs poetas árcades, assim como os barrocos, também exploraram intensamente o gênero satírico.

Tomás Antônio Gonzaga consagrou-o ao explorá-lo na obra Cartas chilenas, publicadas postumamente em 1845 e 1863.

Esse texto, devido às criticas ácidas aos políticos da época, teve que circular de forma anônima, e sua autoria somente foi revelada no século XX.

O livro Cartas chilenas foi escrito segundo a forma de carta, epístola, em versos decassílabos brancos. Os correspondentes eram Critilo, que estava em Santiago no Chile, e Doroteu, que se encontrava em Madri, Espanha. Nessas cartas, o poeta criticava a situação econômica e política do Chile, mas, na verdade, Critilo, que é o pseudônimo do poeta Tomás Antônio Gonzaga, estava falando de Vila Rica, atual Minas Gerais, para Doroteu, que era o poeta Cláudio Manuel da Costa.

Deve-se lembrar que esses poetas estavam ligados ao movimento da Inconfidência Mineira e que, por meio da Literatura, faziam críticas ao governante de Minas Gerais, Luís da Cunha Menezes, que era referido na obra como Fanfarrão Minésio.

Obra completa

Cartas chilenas, de

Tomás Antônio

Gonzaga

@LIT1033

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Quando, prezado amigo, punha o seloNa volumosa carta, em que te contoDo nosso imortal chefe a grande entrada;

Que entendo que inda estava o lacre quente

Cuidadoso, estendia a grosa manta.Não cuides, Doroteu, que brandas penasMe formam o colchão macio e fofo;Não cuides que é de paina a minha fronha

Com largas rendas sobre os crespos folhos.

E colchas matizadas, não se encontramNa casa mal provida de um poeta,Aonde, há dias que o rapaz que serve

Mas, nesta mesma cama, tosca e dura,Descanso mais contente, do que dorme

Furtando ao rico e não pagando ao pobre.Aqui... mas onde vou, prezado amigo?Deixemos episódios, que não servemE vamos prosseguindo a nossa história.Fui deitar-me ligeiro, como disse,E mal estendo nos lençóis o corpo,

Dou um sopro na vela, os olhos fechoE pelos dedos rezo a muitos santos,Por ver se chega mais depressa o sono,Conselho que me deram sábias velhas

Umas vezes dormindo, ressonava,Outras vezes, rezando, inda buliaCom os devotos beiços, quando sintoPassar um carro, que me abala o leito.Assustado desperto, os olhos abroE, conhecendo a causa que me acorda,Um tanto impaciente o corpo viro,Fecho os olhos de novo e cruzo os braçosPara ver se outra vez me torna o sono

Quando o estrondo percebo de outro carro;Outra vez, Doroteu, o corpo volto,Outra vez me agasalho, mas que importa?Já soam dos soldados grossos berros,Já tinem as cadeias dos forçados,

Os golpes dos machados e martelos

Mais esperança ter de algum sossego.Salto fora da cama, acendo a vela,À banca vou sentar-me exasperado,E, por ver se entretenho as longas horas,Aparo a minha pena, o papel dobroE com mão, que ainda treme de cansada,Não sei, prezado amigo, o que te escrevo.

Textos para as questões de 1 a 5:

2 .ª Carta

Cartas chilenas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/Detalhe ObraForm.do?select_action=&co_obra=2011>. Acesso em: 1 mar. 2010.

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1. As Cartas chilenas, diferentes das correspondências que conhecemos, foram escritas em versos. Faça a escansão do seguinte trecho e indique qual é o número de sílabas poéticas dos versos: A despir-me começo, com tal ânsia, Que entendo que inda estava o lacre quente Quando eu já, sobre os membros fatigados,

2. A inversão sintática dos termos da oração é um procedimento muito comum em textos poéticos e se trata de uma figura de linguagem, denominada hipérbato. Assinale a opção em que esse re-curso está evidente:

( ) E a vez terceira os galos já cantavam.

( ) Fecho os olhos de novo e cruzo os braços.

( ) Aparo a minha pena, o papel dobro.

( ) Passar um carro, que me abala o leito.

( ) E que tenho lençóis de fina Holanda.

3. Normalmente, cartas são escritas para comunicar algo a alguém, a algum cliente ou conhecido. No texto, Critilo escreve para contar o quê a Doroteu?

4. Você costuma escrever cartas para contar sobre a sua rotina ou sobre acontecimentos pessoais? Quais meios costuma utilizar: telefone, e-mail, Facebook, Orkut...?

5. Analise a seguinte passagem e explique qual é a crítica social presente:

Nem na suja cozinha acende o fogo.Mas, nesta mesma cama, tosca e dura,Descanso mais contente, do que dormeAquele, que só põe o seu cuidadoEm deixar a seus filhos o tesouro

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Basílio da Gama

Basílio da Gama (1741-1795) era noviço da ordem jesuíta quando esta foi expulsa do Brasil. Na intenção de concluir seus estudos, foi para Roma e, contando com a sua habilidade poética, ingres-sou na Arcádia Romana, em 1763, com o pseudônimo de Termindo Sipílio. As arcádias eram grupos que se formavam para ler e discutir, principalmente, Literatura. Indo a Portugal, o poeta foi preso e acusado de jesuitismo.

Para se livrar da condenação, ele escreveu, em 1769, um epitalâmio (modalidade de poema que louvava o casamento) à filha do Marquês de Pombal. O poema comoveu a noiva e ela pediu ao pai que o libertasse. No mesmo ano, Basílio de Gama publicou o poema épico O Uraguai. Nele, havia uma forte crítica aos padres jesuítas e a defesa da política do Marquês de Pombal, que, impressionado com as habilidades do poeta, concedeu-lhe um emprego de oficial da Secretaria de Estado.

O Uraguai, seu principal texto, foi escrito em versos decassílabos brancos, sem sistema de rimas, em cinco cantos.

O poema relatava os fatos históricos que antecederam a guerra, fazendo referência ao Tratado de Madrid e à falsidade dos padres jesuítas, que tentavam manipular a Coroa portuguesa e espanhola. Com um corte repentino na narrativa, o leitor era conduzido a visualizar o deslocamento dos exércitos ibéricos da Europa para a América. Unidas as tropas, elas se deslocaram para a Colônia do Santíssimo Sacramento. Depois de dias de marcha, os exércitos acamparam, e os generais Gomes de Andrada, que representava Portugal, e Cataneo, a Espanha, receberam a missão diplomática indígena, que pretendia evitar o conflito.

Nesse momento, apareceu o indígena Cacambo que representava os ideais iluministas de racio-nalidade. Ele tentou, diplomaticamente, evitar a guerra. Entretanto a sua ação não produziu resultado, iniciando-se uma batalha em que morreram indígenas e soldados. Os nativos acabaram derrotados e fugiram. Diante disso, os exércitos avançaram rumo à missão jesuíta, buscando a rendição total da aldeia.

A produção poética do gênero épico teve no Arcadis-mo brasileiro dois exemplos marcantes. O primeiro foi O Uraguai, de Basílio da Gama, e o segundo Caramuru, de Santa Rita Durão. Para estudá-los, é importante conhecer o contexto histórico específico em que essas obras foram produzidas porque há relações entre os temas abordados e o momento de suas produções.

Em 1750, o rei de Portugal, D. João V, assinou um tratado com o rei da Espanha D. Fernando VI que tinha por fim dar novo contorno às fronteiras na região sul da América. Esse acordo bilateral ficou conhecido como Tratado de Madrid. Por meio de suas disposições, a Colônia do Sacramento, uma gigantesca colônia jesuíta com aproximadamente 10 mil indígenas, de-veria se tornar propriedade espanhola e, em troca, as terras localizadas do lado oriental do Rio Uruguai seriam dos portugueses.

No ano de 1754, as duas coroas aliadas decidiram retirar os jesuítas da Colônia do Sacramento. Para tanto, enviaram seus exércitos à região. O conflito, evidentemente inevitável, ocorreu entre os anos de 1754 e 1756 e ficou co-nhecido como Guerra Guaranítica. Essa guerra foi o tema do poema épico O Uraguai, de Basílio da Gama.

A Colônia de Sacramento hoje é uma cidade turís-tica do Uruguai, e seu centro histórico é reconhe-cido pela UNESCO como patrimônio cultural

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Não faltava,Para se dar princípio à estranha festa,Mais que Lindoya. Há muito lhe preparam

Cansados de esperar, ao seu retiroVão muitos impacientes a buscá-la.

Sem consentir que alguém a acompanhasse.Um frio susto corre pelas veiasDe Caitutu, que deixa os seus no campo;E a irmã por entre as sombras do arvoredoBusca co’a vista, e teme de encontrá-la.

Parte de antigo bosque, escuro, e negro,Onde ao pé de uma lapa cavernosaCobre uma rouca fonte, que murmura,

Este lugar delicioso, e triste,Cansada de viver, tinha escolhidoPara morrer a mísera Lindoya.Lá reclinada, como que dormia,

De um fúnebre cipreste, que espalhavaMelancólica sombra. Mais de pertoDescobrem que se enrola no seu corpoVerde serpente, e lhe passeia, e cingePescoço, e braços, e lhe lambe o seio.Fogem de a ver assim sobressaltados,E param cheios de temor ao longe;E nem se atrevem a chamá-la, e tememQue desperte assustada, e irrite o monstro,

Porém o destro Caitutu, que tremeDo perigo da irmã, sem mais demoraDobrou as pontas do arco, e quis três vezesSoltar o tiro, e vacilou três vezes

O arco, e faz voar a aguda seta,Que toca o peito de Lindoya, e fereA serpente na testa, e a boca, e os dentesDeixou cravados no vizinho tronco.Açouta o campo co’a ligeira caudaO irado monstro, e em tortuosos girosSe enrosca no cipreste, e verte envoltoEm negro sangue o lívido veneno.Leva nos braços a infeliz LindoyaO desgraçado irmão, que ao despertá-laConhece, com que dor! no frio rostoOs sinais do veneno, e vê feridoPelo dente sutil o brando peito.Os olhos, em que Amor reinava, um dia,Cheios de morte; e muda aquela língua,Que ao surdo vento, aos ecos tantas vezesContou a larga história de seus males.Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,E rompe em profundíssimos suspiros,Lendo na testa da fronteira gruta

O alheio crime, e a voluntária morte.E por todas as partes repetidoO suspirado nome de Cacambo.Inda conserva o pálido semblanteUm não sei quê de magoado, e triste,

Obras poéticas de Basílio da Gama. São Paulo: Edusp, 1996. p. 231.

Textos para as questões de 1 a 3:

Passam-se uns dias e Cacambo, depois de ter incendiado parte do acampamento militar dos portugueses, retornou à aldeia. Antes de chegar, encontrou o padre jesuíta Balda, que lhe deu uma bebida envenenada. Esse episódio tinha por fim mostrar como os jesuítas agiam de maneira ardilosa para atingir seus objetivos. Com a morte de Cacambo, o padre quis que o seu filho Baldeta, fruto de uma relação ilícita para a Igreja, se casasse com a indígena Lindoya e assumisse o poder na aldeia. A festa de casamento foi rapidamente preparada, mas a noiva fugiu e buscou a morte. Seu irmão Caitutu saiu à sua procura e a encontrou em uma gruta.

Esse episódio, um dos mais famosos da Literatura em língua portuguesa, está no canto IV do poema e é conhecido como “A morte de Lindoya”.

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1. Pode-se dizer que esse fragmento narra:

( ) a morte de Lindoya por uma cobra;

( ) os dois amantes em meio à relva;

( ) a festa promovida para Lindoya no campo;

( ) como Caitutu salvou a jovem da morte;

( ) o povoado aproveitando o dia no campo.

2. Retire um trecho do texto que descreva o locus amenus:

3. No poema, o “eu lírico” apresenta quatro momentos distintos. Seguindo a uma divisão por versos, faça a correta correspondência entre as colunas:

( 1 ) 1.º ao 7.º

( 2 ) 7.º ao 14.º

( 3 ) 15.º ao 30.º

( 4 ) 31.º ao 41.º

( 5 ) 41.º ao 68.º

( ) A comunidade se prepara para a festa e vai buscar Lindoya.

( ) O grupo vai atrás de Lindoya e descobre a donzela deitada com uma cobra sobre seu corpo.

( ) Não encontram Lindoya. Ficam sabendo que ela foi para a relva desacompanhada.

( ) O irmão mata a cobra, mas descobre que a donzela já havia sido picada e estava morta.

( ) O irmão de Lindoya não sabe o que fazer diante da situação e atira uma flecha.

Santa Rita Durão

O gênero épico também foi explorado pelo poeta Santa Rita Durão (1772-1784). Nascido nas proxi-midades de Mariana, Minas Gerais, foi para Portugal quando ainda era uma criança. Sempre vinculado a ordens religiosas acabou por doutorar-se em Teologia pela Universidade de Coimbra. Posteriormente, foi bibliotecário em Roma, professor de Teologia e reitor da Universidade de Coimbra. Em 1781, o autor publicou Caramuru, poema épico que tem como tema o descobrimento da Bahia.

Nessa obra, escrita em dez cantos, com estrofes em oitava rima, sob a marcante influência de Camões, Durão conta a história de Diogo Álvares Correia, português que naufragou quando navegava pela costa baiana. Depois de um ataque de indígenas canibais, Diogo Correia sobreviveu. Posteriormente, por ter dado um tiro de espingarda, recebeu o apelido de Caramuru – o filho do trovão. Passou, então, a viver entre os indígenas, e Moema, uma das mais belas da tribo, apaixonou-se pelo estrangeiro. Contudo, quando ia regressar à Europa, resolveu levar Paraguaçu – filha do cacique da tribo. Ao partirem de navio, já afastados da costa, eles perceberam que Moema os seguia a nado.

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DURÃO, Santa Rita. Caramuru: poema épico do descobrimento da Bahia. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 190-193.

É fama então que a multidão formosaDas damas que Diogo pretendiam,Vendo avançar-se a nau na via undosa,E que a esperança de o alcançar perdiam:

Nadando o esposo pelo mar seguiam,

O ardor que o peito tem, banhando apaga.Copiosa multidão da nau francesaCorre a ver o espetáculo assombrada;E ignorando a ocasião da estranha empresa,Pasma da turba feminil, que nada:Uma que às mais precede em gentileza,Não vinha menos bela, do que irada:

Bárbaro (a bela diz), tigre, e não homem...Porém o tigre por cruel que brame,

Só a ti não domou, por mais que eu te ame:Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem,Como não consumis aquele infame?Mas pagar tanto amor com tédio e asco...Ah! que o corisco és tu... raio... penhasco.

Bem puderas, cruel, ter sido esquivo,Quando eu a fé rendia ao teu engano;Nem me ofenderas a escutar-me altivo,Que é favor, dado a tempo, um desengano:Porém deixando o coração cativoCom fazer-te a meus rogos sempre humano,Fugiste-me, traidor, e desta sorte

E esse fado cruel doce me fora,Se a meu despeito triunfar não viraEssa indigna, essa infame, essa traidora:Por serva, por escrava te seguira,

Se não temera de chamar senhoraA vil Paraguaçu, que, sem que o creia,Sobre ser-me inferior, é néscia e feia.

Flutuar, moribunda entre estas ondas;Nem o passado amor teu peito incitaA um ai somente, com que aos meus respondas:Bárbaro, se esta fé teu peito irrita,(Disse, vendo-o fugir) ah não te escondas;Dispara sobre mim teu cruel raio...E indo a dizer o mais, cai num desmaio.

Perde o lume dos olhos, pasma e treme,Pálida a cor, o aspecto moribundo;

Entre as salsas escumas desce ao fundo:Mas na onda do mar, que irado freme,

Ah Diogo cruel! disse com mágoa,E sem mais vista ser, sorveu-se n’água.

Choraram da Bahia as ninfas belas,Que nadando a Moema acompanhavam;E vendo que sem dor navegam delas,À branca praia com furor tornavam:Nem pode o claro herói sem pena vê-las,Com tantas provas, que de amor lhe davam;Nem mais lhe lembra o nome de Moema,Sem que ou amante a chore, ou grato gema.

Voava então a nau na azul corrente,

E do brilhante mar o espaço ingenteUm campo parecia igual e ameno:Encrespava-se a onda docemente,Qual aura leve, quando move o feno;E como o prado ameno rir costuma,Imitava as boninas com a escuma.

Texto para as questões de 1 a 4:

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1. O trecho apresentado de Caramuru narra qual passagem?

( ) Diogo chega às terras brasileiras.

( ) Diogo se casa com Moema.

( ) Diogo e Moema vão juntos para a Europa.

( ) Moema se joga ao mar atrás de Diogo e morre.

( ) Os indígenas fazem uma procissão para Diogo.

2. Quais são as vozes que aparecem no poema? Retire uma passagem que justifique a sua resposta:

3. Há elementos árcades nesse trecho? Quais?

4. O poema faz uso de diversas figuras de linguagem para criar musicalidade e se manter fiel à mé-trica tradicional, versos decassílabos e oitava rima camoniana. Mas, observa-se, especialmente, o uso do hipérbato.

Hipérbato, também conhecido como inversão, é uma figura de linguagem que consiste na troca da ordem direta dos termos da oração (sujeito, verbo, complementos).

Analise o seguinte trecho do poema e altere a ordem dos versos. Depois, avalie qual é a diferença entre o efeito estético de uma construção e de outra.

Choraram da Bahia as ninfas belas,

Que nadando a Moema acompanhavam;

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O indígena ilustrado

O indígena assumiu papel de extrema importância na literatura épica do Arcadismo. Como mero coadjuvante em Caramuru ou ocupando papéis principais, por exemplo, em O Uraguai, ele apareceu com destaque na Literatura de língua portuguesa do século XVII. A sua figura, no poema de Basílio da Gama, seguiu o modelo ditado por Rousseau na tese do “bom selvagem”. Segundo essa teoria, o homem em estado de natureza é bom, mas a sociedade o corrompe. Quanto aos indígenas, eles são em essência bons, mas foram corrompidos pelos padres jesuítas.

Esse tema, o indianismo, prenunciado no Arcadismo, será desenvolvido com particular coloração no Romantismo e se constituirá em um dos fundamentos da brasilidade do século XIX.

ULISSE, Gisele. Família com tucanos. 2005. 1 acrílico sobre tela, color., 140 cm x 120 cm. Coleção particular.

EKHOUT, Albert. Mulher tupinambá. 1641. 1 óleo sobre tela, 265 cm x 157 cm. Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague.

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No século XX, o indígena apareceu novamente como um ícone do nacionalismo, o verdadeiro homem natural, bom e primitivo, da terra. O que se pode observar, de modo geral, é uma necessidade de voltar para um passado local, tratar da natureza do Brasil, do homem original, como forma de criar uma identidade genuinamente local e sem interferências europeias.

Fazendo um pequeno levantamento dos movimentos estudados até agora, observa-se essa recor-rência de temas:

Quinhentismo O indígena e a natureza são temas das crônicas e cartas sobre a nova terra.

BarrocoA relação entre os civilizados e os indígenas será tema de peças catequéticas, dos sermões do padre Antônio Vieira e dos poemas de Gregório de Matos.

ArcadismoO indígena e a natureza locais aparecem novamente como temas de épicos, como Caramuru e O Uraguai.

Esse movimento cíclico de temas na literatura reflete o caráter formador da cultura na identidade nacional, sendo retomado em outros momentos futuros da história nacional, como nos movimentos que serão estudados nos volumes seguintes:

Romantismo A natureza e os indígenas tornam-se os símbolos da pátria recém-independente.

ModernismoOs escritores retomam a figura do indígena como meio de reconstruir a identidade miscige-nada.

Esse breve panorama permite entender como foi construída a visão do indígena, marcada pelo clichê. Criou-se uma imagem histórica dessa figura, que se caracteriza pela simplicidade, bondade, bravura e que sempre refletiu a maneira como os civilizados entendem essa cultura.

Pensando nisso, discutam as seguintes questões:a) Como você “vê” o indígena? b) A sua imagem, de alguma forma, aproxima-se dos textos dos períodos árcade, barroco e qui-

nhentista?

1. (UFPA)

O arcadismo, que vai suceder ao gongorismo, representa uma reação a este e procura um re-torno à simplicidade clássica, à ingenuidade campesina, à pureza de ideias e costumes.

SODRÉ, Nelson Werneck. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, p.106.

Levando-se em conta essa afirmação, é correto afirmar que os versos que pertencem ao Arca-dismo são:

a) Ondas do mar de Vigo, Se vistes meu amigo? E ai Deus, se verrá cedo! Ondas do mar Levado Se vistes meu amado? E ai Deus, se verrá cedo

b) Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida, descontente, Repousa lá no Céu eternamente, E viva eu cá na terra sempre triste

c) Sou pastor; não te nego; os meus montados são esses, que aí vês; vivo contente ao trazer entre a relva florescente a doce companhia dos meus gados;

d) Triste Bahia! Ó quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, Rica te vi eu já, tu a mi abundante

e) Se és fogo, como passas brandamente, Se és neve, como queimas com porfia? Mas ai! Que andou Amor em ti prudente.

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2. (UFPE) No que se refere ao texto, a seu autor e ao período em que se insere sua obra, analise as proposições a seguir:

O povo, Doroteu, é como as moscas Que correm ao lugar aonde sentem O derramado mel, é semelhante Aos corvos e aos abutres, que se ajuntam Nos ermos, onde fede a carne podre. À vista, pois, dos fatos que executa O nosso Grande Chefe, decisivos Da piedade que finge, a louca gente De toda a parte corre a ver se encontra Algum pequeno alívio à sombra dele.

GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas chilenas. (Excerto).

(0-0) É um texto com características do Arcadis-mo, também chamado de Neoclassicismo, movimento literário surgido no século XVIII, que se opunha ao exagero do Barro-co, buscando a clareza, a impessoalidade e trazendo de volta os ideais da Antigui-dade Clássica.

(1-1) No Brasil, o Arcadismo floresceu em Vila Rica, Minas Gerais, e adquiriu algumas outras características, como a consciência política e o desejo de libertação do jugo português, de que resultou a Inconfidência Mineira.

(2-2) Tomás Antônio Gonzaga é o autor mais co-nhecido do Arcadismo brasileiro. Ele ado-tou o pseudônimo de Dirceu, para cantar sua amada Maria Doroteia/Marília, no poe-ma Marília de Dirceu, no qual os persona-gens são caracterizados como um casal de pastores.

(3-3) As Cartas chilenas demonstram a veia satíri-ca de Tomás Antônio Gonzaga. Nessa obra, o autor utiliza uma linguagem irônica e for-te, pouco usual a um lírico, para fazer duras críticas às autoridades da época.

(4-4) Assim como nas Cartas chilenas, também em Marília de Dirceu as críticas políticas são frequentes, e o tom satírico prevalece sobre o lírico. Em ambas as obras, a luta pela independência é trazida como tema central.

3. (UERGS – RS)

Eu quero uma casa no campo

Onde eu possa compor muitos rocks rurais

E tenha somente a certeza

Dos amigos do peito e nada mais

Eu quero uma casa no campo

Onde eu possa ficar do tamanho da paz

E tenha somente a certeza

Dos limites do corpo e nada mais

Eu quero carneiros e cabras

Pastando solenes no meu jardim...

Zé Rodrix – Tavito

Confirmando o aspecto cíclico das tendências li-terárias, vários temas reaparecem na música con-temporânea. O texto acima, embora moderno, apresenta características do:

a) Romantismo.

b) Realismo.

c) Modernismo.

d) Arcadismo.

e) Barroco.

4. (UESPI) Foi por volta de 1750, com Cláudio Manoel da Costa, que a literatura arcádica sur-giu no Brasil, nada obstante o gosto barroco seiscentista continuar perdurando na arquite-tura, nas artes plásticas e na música através de nomes, como o Aleijadinho, Mestre Ataíde e Francisco Gomes da Rocha. Tomando dois dos poetas mais significativos da Arcádia brasileira

( 1 ) Tomás Antônio Gonzaga

( 2 ) Cláudio Manoel da Costa

identifique as principais características das res-pectivas obras de cada um desses poetas:

( ) Sua poesia abandona o que havia de teatral no cultismo e guarda da técnica barroca sua funcionalidade estética.

( ) Distanciando-se, em vários momentos, do bucolismo europeu, tomou as rochas, os montes e os penhascos mineiros como tra-ços peculiares da paisagem nativa.

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( ) Sua principal obra poética foi considerada pelos românticos como exemplo de poesia sentimental e protótipo do mito do amante infeliz.

( ) Por meio de cartas em versos, satirizou a corrupção e a crueldade de um certo Fan-farrão Minésio.

( ) Dentre suas obras, destacam-se a Fábula do Ribeirão do Carmo e Vila Rica.

A sequência correta é:

a) 1, 1, 2, 1, 2

b) 2, 2, 1, 2, 2

c) 1, 1, 1, 2, 2

d) 2, 2, 1, 1, 2

e) 1, 2, 1, 2, 2

5. (UESPI) Assinale a alternativa em que aparece uma característica que não se aplica ao Arca-dismo.

a) Bucolismo.

b) Presença de entidades mitológicas.

c) Gosto da clareza e da simplicidade.

d) Influência da literatura italiana.

e) Linguagem rebuscada e prolixa.

6. (UFV – MG) Considere as afirmativas, referentes ao Arcadismo brasileiro:

I. A natureza adquire um sentido de simpli-cidade, verdade e harmonia, impondo-se como modelo para a realização do ser hu-mano.

II. A vinculação ao mundo natural se dá atra-vés de uma poesia de caráter pastoril.

III. Defende-se a imitação da simplicidade dos autores clássicos, que produziram suas obras na Antiguidade greco-romana e no Barroco.

IV. Há uma forte ligação com a Inconfidência Mineira, pelo fato de poetas, como Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, terem se envolvido na rebelião contra a Metrópole.

V. Os poetas enfatizam a subjetividade, pois estavam convencidos de que deviam ex-pressar em seus textos sentimentos inten-sos, passionais e impulsivos.

Está correto o que se afirma em:

a) I e III, apenas.

b) I, III, IV e V, apenas.

c) II e V, apenas.

d) I, II e IV, apenas.

e) I, II, III, IV e V.

7. (FFFCMPA – RS) A poesia de Cláudio Manuel da Costa:

a) apresenta traços barrocos, como a presença de oposições, apesar da preocupação do poe-ta em seguir os cânones neoclássicos;

b) representa uma tentativa de retorno ao Bar-roco como reação à nova geração de poetas mineiros, influenciados pelo Arcadismo;

c) é o melhor exemplo da estética neoclássica, que preconizava o retorno ao misticismo e à religiosidade cristã da literatura medieval por-tuguesa;

d) se caracteriza pela utilização do pseudônimo árcade de Termindo Sipílio, constantemente mencionado nos próprios poemas;

e) assume uma postura sensual, que envolve in-clusive a utilização de vocabulário vulgar e ex-plicitamente escatológico.

8. (FFFCMPA – RS) Leia com atenção os excertos abaixo e considere as afirmações que os se-guem:

... “A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura algu-ma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas do que mostrar a cara.”...

I. Nesse trecho da carta de Pero Vaz de Caminha, pode-se perceber o primeiro choque cultu-ral sofrido pelos portugueses quando da sua chegada ao Brasil.

“Anjo no nome, Angélica na cara,

Isso é ser anjo e flor juntamente,

Ser Angélica flor e anjo florente,

Em quem, senão em vós, se uniformara?” ...

(Gregório de Matos Guerra)

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II. A palavra “Angélica” pode ser substantivo co-mum (nome de flor), adjetivo (qualidade de anjo) e, no poema, designa um nome próprio. A partir dessas considerações, é possível afir-mar que a figura feminina em Gregório de Matos encerra a dualidade matéria/espírito.

“Minha bela Marília, tudo passa; A sorte desse mundo é mal segura; Se vem depois dos males a ventura, Vem depois dos prazeres a desgraça. Estão os mesmos deuses Sujeitos ao poder do ímpio fado: Apolo já fugiu do céu brilhante, Já foi pastor de gado. “

III. A leitura do poema acima permite afirmar que pertence ao Arcadismo, uma vez que nele estão presentes as características: bu-colismo, imitação dos clássicos, ausência de subjetividade.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas III.

d) Apenas I e II.

e) I, II e III.

Texto para as questões 9 e 10:

IVNão fora de meus pais nem de antigos pastoresque herdei essa alegria ao ir por entre as árvores.Nos troncos como a ler nomes de meus amores.Nas folhagens, a paz de um hino inscrito em már-

[more.De tanto errar em vão não haverá pedreiraque na palma da mão eu já não tenha escrita.Príncipe condenado a, sem eira nem beira,buscar o próprio reino, eu busco o que me habita.Mesmo os céus, velhos céus que me foram negadosquando as nuvens que eu quis para passear a

[infância,do muito que os pisei já gastei meus calçados,e muito além dos céus ficam a margens da ânsia.Nos rios e no mar perdi minhas raízes.O arco-íris, se o contemplo, enreda outros matizes.

SOUSA, Afonso Félix de. Nova antologia poética. Goiânia: UFG, 1991. p. 104.

9. (UEG – GO) Quanto ao sujeito lírico, o poema tra-ta de sua:

a) vida amorosa;

b) herança familiar;

c) infância feliz;

d) busca interior.

10. (UEG – GO) Nos quatro versos iniciais, há referên-cias a:

a) convenções árcades;

b) descrições parnasianas;

c) enigmas simbolistas;

d) oposições barrocas.

11. (UFRR) O contexto do Arcadismo brasileiro é marcado pelo engajamento de vários escritores do período em um movimento político denomi-nado:

a) Tenentismo.

b) Revolução Farroupilha.

c) Revolta de Canudos.

d) Intifada.

e) Conjuração Mineira.

Texto para as questões 12 e 13:

VIIIEste é o rio, a montanha é esta,

Estes os troncos, estes os rochedos;

São estes inda os mesmos arvoredos;

Esta é a mesma rústica floresta.

Tudo cheio de horror se manifesta,

Rio, montanha, troncos, e penedos;

Que de amor nos suavíssimos enredos

Foi cena alegre, e urna é já funesta.

Oh quão lembrado estou de haver subido

Aquele monte, e as vezes, que baixando

Deixei do pranto o vale umedecido!

Tudo me está a memória retratando;

Que da mesma saudade o infame ruído

Vem as mortas espécies despertando.

MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através de textos. São Paulo: Cultrix, 1986.

Ensino Médio | Modular 27

LITERATURA BRASILEIRA

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12. (UNEMAT – MT)

A respeito do texto, assinale a afirmativa verda-deira:

a) A natureza é cenário tranquilo, descrita sem levar em conta o estado de espírito de quem a descreve, como ocorre no Romantismo.

b) O poema faz elogio ao pastoralismo, critican-do os males que o meio urbano traz ao ho-mem.

c) Exemplo típico do Arcadismo, o poema apre-senta a primazia da razão sobre a emoção, re-velando a influência da lógica iluminista.

d) A antítese “Foi cena alegre, e urna é já funes-ta” resume o poema, indicando a passagem do tempo e a lembrança do amor perdido.

e) Faz referência à constância da vida, à previ-sibilidade do destino, recomendando que se aproveite o dia.

13. (UNEMAT – MT)

A respeito da construção do poema, assinale a afirmativa incorreta:

a) A métrica regular e a estrutura do poema, um soneto, são de inspiração greco-latina.

b) O jogo interior exterior organiza o poema em duas partes: os dois quartetos e os dois ter-cetos.

c) Nas duas primeiras estrofes, as rimas são em-parelhadas e interpoladas; nas duas últimas, cruzadas.

d) Apresenta períodos em ordem indireta, mas sem o radicalismo da escrita barroca.

e) Apresenta vocabulário erudito, com latinis-mos próprios da literatura clássica.

14. (UEPA)

Bocage viveu um tempo de transição que ficou claramente estampado em sua poesia. Às in-fluências camonianas somaram-se às das Arcá-dias e a dos românticos que já se faziam sentir em Alemanha, Inglaterra e França. Todas elas se amalgamaram numa poesia forte e compe-tente, quer na virulência satírica, quer na sen-sibilidade lírica.

BELLEZI, Clenir. Arte literária Portugal-Brasil.

Considere essa reflexão para identificar, nos ex-certos abaixo, todos de Bocage, com a letra (A),

a influência camoniana; com a (B), a árcade, e, com a (C), a romântica:

( ) Ah! Não me roubou tudo a negra sorte: Inda tenho este abrigo, inda me resta O pranto, a queixa, a solidão e a morte

( ) Mas deves possuí-lo, ó ninfa pura, Como troféu, que dê ao mundo aviso De que Vênus te cede em ternura.”

( ) O vento não se mexe nem respira; Deixam, de namorar-se os passarinhos, Para me ouvir chorar ao som da lira.”

( ) “Bem te vingaste em nós do afouto Gama! Pelos nossos desastres és famoso: Maldito Adamastor! Maldita fama!”

É correta a seguinte identificação:

a) A, B, C, C.

b) C, A, A, B.

c) B, C, A, C.

d) A, A, B, C.

e) C, A, B, A.

15. (UNESP)

Contraste entre a vida campestre e a das cidades

Nos campos o vilão sem sustos passa,

Inquieto na corte o nobre mora;

O que é ser infeliz aquele ignora,

Este encontra nas pompas a desgraça:

Aquele canta e ri; não se embaraça

Com essas coisas vãs que o mundo adora:

Este (oh cega ambição!) mil vezes chora,

Porque não acha bem que o satisfaça:

Aquele dorme em paz no chão deitado,

Este no ebúrneo leito precioso

Nutre, exaspera velador cuidado:

Triste, sai do palácio majestoso;

Se hás-de ser cortesão, mas desgraçado,

Antes ser camponês, e venturoso.

BOCAGE. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão-Editores, 1968.

Arcadismo28

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O tema do soneto apresentado, do neoclássico português Bocage, se enquadra numa das linhas temáticas características do período literário de-nominado Neoclassicismo ou Arcadismo. Aponte essa linha temática, comprovando com elemen-tos do próprio poema.

16. (ITA – SP) Uma das afirmações abaixo é incorreta. Assinale-a:

a) O escritor árcade reaproveita os seres criados pela mitologia greco-romana, deuses e enti-dades pagãs. Mas esses mesmos deuses convi-vem com outros seres do mundo cristão.

b) A produção literária do Arcadismo brasileiro constitui-se, sobretudo, de poesia, que pode ser lírico-amorosa, épica e satírica.

c) O árcade recusa o jogo de palavras e as compli-cadas construções da linguagem barroca, prefe-rindo a clareza, isto é, a ordem lógica na escrita.

d) O poema épico Caramuru, de Santa Rita Durão, tem como assunto o descobrimento da Bahia, levado a efeito por Diogo Álvares Correia, misto de missionário e colono português.

e) A morte de Moema, índia que se deixa picar por uma serpente, como prova de fidelidade e amor ao índio Cacambo, é o trecho mais conhe-cido da obra O Uraguai, de Basílio da Gama.

17. (ITA – SP) Dadas as afirmações:

I. O Uraguai, poema épico que antecipa em vá-rias direções o Romantismo, é motivado por dois propósitos indisfarçáveis: exaltação da política pombalina e antijesuitismo radical.

II. O(A) autor(a) do poema épico Vila Rica, no qual exalta os bandeirantes e narra a his-tória da atual Ouro Preto, desde a sua fun-dação, cultivou a poesia bucólica, pastoril, mencionando a natureza como refúgio.

III. Em Marília de Dirceu, Marília é quase sem-pre um vocativo; embora tenha a estrutura de um diálogo, a obra é um monólogo – só Gonzaga fala, raciocina; constantemente cai em contradição quanto a sua postura de pastor e a sua realidade de burguês.

Está(ão) correta(s):

a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas I e II.

d) Apenas I e III.

e) Todas.

18. (UFJF – MG) Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, é considerado um texto satírico, carac-terizado pela ironia. A sátira tem, ainda, como objetivo principal a crítica aos costumes de épo-ca. Tomando o trecho do Banquete como um todo, marque a alternativa que melhor exempli-fica essa questão:

a) “Eu creio, Doroteu... Porém, aonde

Me leva tão errado, o meu discurso?”

b) “Escreve-se ao Senado extensa Carta

Em ar de Majestade, em frase Moura”

c) “Agora, Doroteu, enxuga o rosto,

Que eu passo a relatar-te cousas lindas”

d) “Aqui o povo geme, e os seus gemidos

Não podem, Doroteu, chegar ao Trono”

e) “Ninguém antigamente se sentava

Senão direito, e grave nas cadeiras”

19. (UPE) Sobre as Cartas chilenas e o contexto his-tórico-literário em que se inserem, analise as pro-posições a seguir:

I. As Cartas chilenas constituem o primeiro caso brasileiro de produção de poemas satí-ricos, ou seja, poemas destinados à sátira de situações sociais e políticas.

II. Valendo-se de nomes fictícios, as cartas fa-zem referências à administração de Luís da Cunha de Meneses, governador da capitania de Minas Gerais, de 1783 a 1788.

III. O poeta se utilizou de uma série de conven-ções retóricas que faziam parte dos princí-pios literários do Arcadismo.

IV. Nas cartas, a descrição da natureza consti-tui um prenúncio do Romantismo brasileiro, uma vez que a alma do poeta divaga nas imagens descritas.

V. Visto que as cartas foram distribuídas anoni-mamente, não se sabe, hoje, ao certo quem as escreveu; o que há são suposições infun-dadas.

Estão corretas apenas:

a) I, II e III.

b) I, IV e V.

c) II, III e V.

d) III e IV.

e) I, II, III e V.

Ensino Médio | Modular 29

LITERATURA BRASILEIRA

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