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STAT CRUX STAT CRUX “Permanece a Cruz enquanto o mundo gira” São Bruno Fraternidade São Pio X Priorado Imaculado Coração de Maria Santa Maria — RS Maio e Junho de 2016 R$ 5,00 EDITORIAL O Boletim do nosso Priorado, Stat Crux, está publicando neste ano um resumo do livro de Dom Tihamér Tóht sobre os Mandamentos de Deus. Cada exemplar traz os capí- tulos referentes a dois mandamentos. De modo claro e simples o douto bispo de Ves- zprém na Hungria vai explicando a natureza e extensão dos Mandamentos. Vai percor- rendo com exemplos evidentes os preceitos da moral católica. O estudo dos Mandamentos é de grande importância. Sem um conhecimento mais seguro da doutrina moral, muitas vezes nos vemos em situações de perplexidade, sem sa- ber o que devemos fazer. A “boa vontade” não basta. É preciso saber com certeza o que Deus nos manda e espera de nós. E como nós vivemos num mundo estabelecido na rebelião contra a verdade e a mo- ral, essas situações conflitantes são constantes e cada vez mais graves. Não podemos es- perar chegar o momento de decidir, agir ou fazer para só então pensar no que é certo ou errado. Temos que poder meditar na Lei de Deus com tempo e tranquilidade para que os momentos de difíceis nos encontrem esclarecidos e seguros. Esta obrigação de estudar serenamente e com tempo os Mandamentos é de todo ca- tólico. Todos nós teremos que dar contas dos nossos atos a Deus. E não nos será permiti- da a desculpa: - Eu não sabia! Mas este dever se torna mais urgente para os pais de família que devem governar e ensinar aos seus filhos o caminho reto do céu.

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STAT CRUXSTAT CRUX “Permanece a Cruz enquanto o mundo gira”

São Bruno

Fraternidade São Pio X Priorado Imaculado Coração de Maria

Santa Maria — RS

Maio e Junho de 2016 R$ 5,00

EDITORIAL

O Boletim do nosso Priorado, Stat Crux, está publicando neste ano um resumo do livro de Dom Tihamér Tóht sobre os Mandamentos de Deus. Cada exemplar traz os capí-tulos referentes a dois mandamentos. De modo claro e simples o douto bispo de Ves-zprém na Hungria vai explicando a natureza e extensão dos Mandamentos. Vai percor-rendo com exemplos evidentes os preceitos da moral católica.

O estudo dos Mandamentos é de grande importância. Sem um conhecimento mais

seguro da doutrina moral, muitas vezes nos vemos em situações de perplexidade, sem sa-ber o que devemos fazer. A “boa vontade” não basta. É preciso saber com certeza o que Deus nos manda e espera de nós.

E como nós vivemos num mundo estabelecido na rebelião contra a verdade e a mo-

ral, essas situações conflitantes são constantes e cada vez mais graves. Não podemos es-perar chegar o momento de decidir, agir ou fazer para só então pensar no que é certo ou errado. Temos que poder meditar na Lei de Deus com tempo e tranquilidade para que os momentos de difíceis nos encontrem esclarecidos e seguros.

Esta obrigação de estudar serenamente e com tempo os Mandamentos é de todo ca-

tólico. Todos nós teremos que dar contas dos nossos atos a Deus. E não nos será permiti-

da a desculpa: - Eu não sabia! Mas este dever se torna mais urgente para os pais de família

que devem governar e ensinar aos seus filhos o caminho reto do céu.

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O Descanso Dominical

O Descanso do Domingo sob o ponto de vista material

O homem que corre, que luta constantemente, quando ouve falar do descanso dominical,

abana a cabeça em forma de protesto.

Não pode consentir tal coisa. Então há de perder-se um dia por semana? – diz indignado. Tenho, à minha frente, o mundo imenso, a terra com seus tesou-ros ocultos. É preciso conquistar tudo. É preciso fazer tudo ao de cima, à luz. O tema da vida moderna é: trabalho até o máximo. A maior quantidade de

carvão daquela mina! Todo o trigo que for possível extrair daquela terra! Mais e mais automóveis daquela fábrica! Para a frente! Na vida moderna, de grande produção, não há paradas…

É essa a verdadeira situação em muitos casos da vida; e, – para que negar? – é essa a gran-de tragédia do homem moderno. A nossa cultura cristã sofreu o primeiro abalo forte quando a desenfreada vida técnica da era moderna suprimiu o descanso do sétimo dia.

O homem moderno não tem tempo de ter domingos e, contudo, podemos afirmar sem he-sitação que o homem dos nossos dias precisa mais que nunca do descanso dominical.

Olha o operário que vive seis dias no ruído ensurdecedor das máquinas trepidantes. Olha para o diretor de uma fábrica, com o telefone na mão esquerda, escrevendo com a direita, e dan-do instruções ao empregado que tem à frente! Olha para o funcionário sentado todo o dia no es-critório, respirando o ar depauperado, diante do livro de atas, à luz débil da lâmpada elétrica! Olha o ritmo acelerado do trabalho fabril, e não apelidarás de exagerada a afirmação de que em época alguma o homem trabalhou nas proporções de agora.

Por esse motivo, nunca teve a importância que tem hoje a Lei divina que prescreve o des-canso semanal.

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Terceiro Mandamento

“Recorda-te de santificar o dia do Senhor” Dom Tihamer Toht

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O terceiro Mandamento da Lei de Deus – como os outros de que já tratamos – não é só uma disposição da lei positiva, mas também uma ordem da lei natural, uma exigência da nature-za humana. Todo o mundo criado nos dá exemplo disso mesmo. A árvore não dá fruto durante todo o ano; antes renova as suas forças durante os largos meses de inverno. A terra não pode ser semeada durante todos os anos; é preciso também dar-lhe um de repouso. Do mesmo modo tem o homem de descansar, e não é lícito aproveitar-lhe as forças com avidez de usurário.

O homem – o homem avarento que está sempre à espreita da riqueza – muitas vezes, no decorrer dos séculos, quis iludir a lei do descanso dominical, mas sempre em vão. É natural: foi o próprio Deus, mais sábio que o homem, quem deu a Lei. Hoje todos o reconhecem. Dizem-no médicos e operários. Não é possível trabalhar sem descanso mais de seis dias. Os nossos nervos ficam exaustos. Destrói-se-nos a saúde. Esgotam-se-nos as forças. O dinheiro ganho no domingo perde-se em inutilidades ou gasta-se em médicos e farmácias.

Lembra-te de santificar o dia do Senhor!

Mas é mais ampla a proibição divina. Não basta suspender o nosso duro trabalho corpo-ral; também temos de proibir aos nossos subordinados que trabalhem ao domingo.

A posição adotada pela Igreja é compreensiva, e não rígida. Certos trabalhos caseiros: var-rer, cozinhar, etc., são necessários também aos domingos; portanto, são permitidos. É permitido ainda um pequeno trabalho manual para passar o tempo, a modo de entretenimento. Mas as lim-pezas grandes, a barrela, e outras coisas semelhantes, não são compatíveis com a santificação do domingo.

Há empresas que não podem parar, e trabalhos urgentíssimos que não admitem adianta-mento. Por exigências numerosas, e hoje aumentadas, da vida social, têm de trabalhar ao domin-go as fábricas de eletricidade, os caminhos de ferro, os restaurantes, os fornos etc. Mas não é pró-prio de um país cristão marcar o domingo para dia de feira, porque daí resulta que muitos milha-res de homens deixem de cumprir os seus deveres religiosos. Também não se devem tratar as-suntos oficiais ao domingo, quando não advenha prejuízo para alguém do fato de se adiarem pa-ra a segunda-feira.

Nesse ponto, muitos países podem ainda tomar lições de uma antiga rainha do poderoso império britânico, a Rainha Vitória. No ano de 1838, apresentaram à rainha numa noite de sába-do, certos documentos importantes, pedindo-lhe que os examinasse para os poder assinar na ma-nhã do dia seguinte.

– Amanhã de manhã? Mas amanhã é domingo, respondeu a rainha ao alto funcionário que lhe apresentava os documentos. E acrescentou ainda, que de modo algum os assinaria antes de ir aos ofícios divinos.

O lord partiu; mas qual não foi o seu espanto ao escutar no dia seguinte o sermão: tratava da santificação do domingo! Foi a própria soberana que revelou mais tarde ao lord ter mandado recado, naquela noite, ao pregador da corte, recomendando-lhe este tema. Desde este dia os altos funcionários não se atreveram a tratar de negócios do Estado ao domingo.

Em certos países estrangeiros, onde é mais intensa a vida religiosa, podem ler-se, nas por-tas das igrejas, avisos muito interessantes: “Não compreis nada aos domingos” é a inscrição que ve-mos nas igrejas holandesas. Na verdade, se ninguém entrasse nas lojas aos domingos, os próprios

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comerciantes que agora não cedem descanso aos empregados, acabariam por lho conceder.

Junto de cada selo belga há uma tira de papel picotado, com esta inscrição: “Ne pas délivrer le dimanche” “Não entregue ao domingo”. Quem manda uma carta urgente cola o selo sem essa tira, e a carta é distribuída ao domingo.

Mas, na maioria dos casos, não importa que a carta seja entregue na segunda de manhã; e, nessas condições, o expedidor deixa ir a inscrição, permitindo ao carteiro que possa também go-zar do repouso dominical.

Tenham um bocadinho de contemplação! E se o peço a favor dos operários, carteiros, em-pregados de estrada de ferro, talvez os meus leitores não se escandalizem por lhes pedir também um pouco de condescendência a favor das esposas, das donas de casa.

De fato, nas difíceis circunstâncias atuais, em que se torna maior, dia a dia, o número das esposas que têm que aguentar todo o peso do serviço doméstico, muitas quereriam servir a Deus e, contudo, passam o domingo sem Missa… Por quê? “Ah, com o meu marido é impossível! Se a comida tivesse de atrasar meia hora por causa da Missa… Ah, o que aí não iria!”

Rogo, portanto, aos meus amados leitores que tenham um bocadinho de compreensão. Hão de concordar que a dona de casa também precisa do domingo e que, sobrecarregada como está atualmente, necessita dele de modo especial.

Que aconteceria se o Senhor a obrigasse a estar de cama em longa enfermidade?

Não acreditemos cegamente o que costumam objetar certos representantes desalmados do capitalismo. Dizem que no meio da vida moderna, tão desenvolvida comercial e tecnicamente, o descanso dominical é um postulado impossível que diminui a riqueza nacional e desdoura o magnífico esforço humano, e mais coisas no gênero.

O descanso dominical prejudica o país?

Muito ao contrário. Vemos, justamente, que os países onde se cumpre com mais rigor o descanso dominical, como por exemplo na católica Bélgica, na Holanda, também católica em par-te, e na Inglaterra protestante, ocupam o primeiro lugar na indústria, no comércio e no bem-estar dos respectivos povos. O exemplo deles demonstra a minha asserção, estranha à primeira vista: O que trabalha seis dias adianta mais do que o que trabalha sete.

Mais fútil é a objeção de que o Cristianismo desdenha a atividade, o trabalho criador.

O Cristianismo despreza o trabalho? É verdade que Deus prescreveu o descanso; mas tam-bém prescreveu o trabalho. O próprio Deus que impôs ao homem prevaricador da lei: “comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que saíste”; disse no terceiro mandamento: “Lembra-te de santificar o dia do Senhor”. Deus condena o trabalho ao domingo; mas condena igual-mente o que não trabalha nos outros dias.

A Igreja é inimiga do trabalho? Não foi trabalhador o seu fundador, Nosso Senhor Jesus Cristo? Não quis Jesus nascer numa família laboriosa? Não quis viver numa oficina até os trinta anos? Não escolheu os seus apóstolos entre a gente de trabalho? Na época presente, de atividade febril, não devemos esquecer que foi o próprio Jesus Cristo quem ensinou, com o seu exemplo e a sua pregação, a estimar o trabalho corporal, absolutamente desacreditado na sociedade pagã.

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Em poucas palavras: a nossa religião aprecia o trabalho, mas sem descurar, por causa dele, o tra-balhador. Aprecia o progresso, a técnica, as máqui-nas, mas aprecia ainda mais o homem, a alma hu-mana.

A assistência à missa dominical

A que nos obriga o preceito de ouvir a Missa ao domingo?

Se consideramos que a Santa Missa é a reno-vação incruenta do Sacrifício da Cruz, compreende-remos sem esforço o motivo por que a Igreja obriga seus fiéis a ouvir a missa inteira aos domingos e

dias de festa. Não é possível celebrar mais condig-namente o dia do Senhor do que assistindo à Santa Missa.

A formosa árvore da vida religiosa desabro-chou, durante dois mil anos, em esplêndida rama-gem, e dela brotaram exercícios piedosos: o santo Rosário, as Ladainhas, a Via-Sacra, associações piedosas, romarias… e, contudo, a Igreja a nenhum deles considerou obrigatório: cada fiel pode escolher livremente o exercício que mais lhe enquadre. Só fez exceção para a Santa Missa. Todo o católico que haja completado os sete anos de idade – a não ser em caso de doença, de falta de igreja, ou de outro impedimento insuperável – está obrigado a ouvir a Missa todos os domingos e dias de festa, sob pena de pecado grave. E não basta ouvir a Missa pela rádio; tem de ir pessoal-mente à igreja. É lícito ouvir o sermão pela rádio, mas não podemos cumprir por este meio a nos-sa obrigação de assistir à Santa Missa.

Evidentemente que a Igreja é compreensiva; e Deus – se me é permitido exprimir deste modo – atende à nossa verdadeira situação. Há obstáculos que dispensam de assistir à Santa Mis-sa. Estás doente e não podes sair de casa; não estás obrigado a assistir à Missa; tens crianças em casa e não sabes a quem hás de entregar; a igreja mais próxima fica na aldeia vizinha e o caminho está cheio de lama que chega aos joelhos; estás dispensado. Sim. Deus dispensa-nos facilmente, mas nós é que não devemos dispensar-nos com facilidade.

Nestes casos, quando é impossível ir à Missa, dediquemos, em casa, à fervorosa adoração de Deus, a meia hora da Missa. Aos olhos do Senhor, que lê nos corações, um domingo celebrado com este espírito será talvez mais santo que o daqueles que assistem à Missa brincando com o chapéu ou reparando em quem entra e quem sai.

A Igreja aceita um motivo sério; mas não as falsas desculpas. Nesse ponto, não seria desca-bido exigir de nós mesmos uma medida mais rigorosa. Porque, se a doença me dispensa de ir à igreja, não me dispensa numa pequena indisposição. “Senti-me mal, não fui à missa” dizem com a maior naturalidade alguns que na tarde deste mesmo dia estão sentados numa sala de concertos. “No verão o ar da igreja está tão pesado; é capaz de produzir uma indisposição. E no inverno está tão frio

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que há perigo de apanhar um resfriado.” “A Missa é -se cedo demais, não posso levantar-me às oito da ma-nhã” diz outro que, não obstante, costuma levantarás seis para uma excursão, e já uma vez se le-vantou às quatro, para admirar o nascer do sol… Mas não pode levantar-se às oito para ver como se ergue e aparece o Sol da Humanidade, Nosso Senhor Jesus Cristo… que nem outra coisa é a Santa Missa.

Não posso deixar de consignar o que ouvi do antigo e célebre ginecologista da nossa Uni-versidade, o professor João Barsony, poucos meses depois da sua morte. “Andei por toda Europa, estive na Ásia e na África; mas, se bem me lembro, nem um único domingo deixei de ouvir Missa” Isso é que é espírito católico!

Sejamos generosos com Deus e o proveito será nosso.

Não nos dispensa de ouvir missa o “estive num sarau no sábado à noite e agora sinto-me cansa-do”; nem o fato de que “é este meu único dia livre e vou numa excursão”; nem nos dispensa o merca-do nem o campeonato de um desporto, nem festejo algum, seja de que natureza for. Pelo contrá-rio: é nossa ocasião, justamente, que havemos de mostrar quão séria é a nossa religiosidade, ob-servando a lei, mesmo quando exige sacrifícios. E com um pouco de sacrifício, é possível cumpri-lo quase sempre. Certo cavalheiro volta para casa depois de um baile, pelas seis da madrugada. Se se deita por essas horas já não acordará nem sequer para comer.

Que deve fazer, neste caso? Vá imediatamente à Missa das seis, e deite-se depois. Repli-cam-me: “Essa Missa não lhe há de servir de muito”. Concordo que não é o ideal. Mas, em todo caso, sempre é melhor do que ficar sem Missa.

Um domingo de manhã, com tempo esplêndido, toda a família se prepara para uma ex-cursão. Depois do trabalho extenuante de toda semana, bem necessita o homem moderno, e bem mereceu o descanso, o refrigério, a excursão, mas não o faças… pondo de parte a Missa. Levanta meia hora mais cedo e assiste à Missa. A Igreja é tão solícita e atenta nesse ponto!

Nas grandes cidades celebram-se Missas a horas e em sítios diversos, para que ninguém possa dizer que não teve meio de cumprir o preceito. Em Nova Iorque celebram-se Missas às du-as da noite para os tipógrafos e moços de restaurantes que voltam à casa depois de terminado o trabalho. Em Munique, na estação principal do caminho de ferro, durante a temporada de turis-mo, celebravam-se Missas, numa sala de espera, às três, às quatro, cinco e seis da manhã, para os que partiam de excursão. No ano de 1926 houve cento e setenta e duas Missas na sala de espera da estação de Munique, a que assistiram cerca de 30 mil pessoas e comungaram umas duas mil.

Em Budapest, na igreja dos franciscanos, todos os domingos se celebra uma Missa às cinco da manhã para os que partem de excursão. Com um pouco de boa vontade é possível dar solução a tudo.

A pontualidade. Há pessoas que calculam e procuram, com esforço digno de melhor cau-sa, as partes da Santa Missa que podem deixar sem pecado propriamente dito e as que podem deixar sem cometer pecado grave; qual é o derradeiro momento a que podem chegar e o primeiro que podem sair. Pois bem: esse espírito de escravo – permita-se-me a expressão – não é compatí-vel com a liberdade cristã. Não se poderá aprovar a conduta daquele estudante a quem o profes-sor de Religião pediu contas de não ter ido à Missa: “Eu fui, Sr. Professor, o que é, cheguei tarde”. “Chegaste tarde? Quando? Em que altura da Missa estavam?” “Ainda estava uma vela acesa”. Quer di-zer que quando chegou, já estavam a apagar as velas, depois da missa!

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Não quero exagerar, não quero exigir mais do que pede a nossa Santa Religião. Portanto, repito o que a Igreja ensina, isto é: quem assiste à parte principal da Missa, isto é, desde o ofertó-rio, desde que se descobre o cálice, cumpre o preceito de ouvir a Missa; não é obrigatório, sob pe-na de pecado grave, assistir às partes anteriores.(*)

Porém, o que mede com esse espírito avaro até que ponto pode tardar sem culpa, até onde pode assistir, não tem ideia do valor maravilhoso da Santa Missa. Se por qualquer motivo che-gaste atrasado e não assististe ao princípio da Missa, nem sequer a toda primeira parte, se chegas-te no momento da Elevação, a Igreja não te obriga, repito, a ouvir outra Missa inteira; só te pede que a ouças até o ponto em que começaste a ouvir a Missa precedente… É desse modo suave a Santa Madre Igreja. Tu é que deves ser generoso assistindo pontualmente; deves preferir esperar alguns minutos a chegar tarde. Afinal, a senhora da casa para onde foste convidado pode levar a mal que entres quando já se está a servir a sopa; pois é delicado chegar alguns minutos mais ce-do. A Igreja também tem suas regras de urbanidade, e entre elas figura esta: os devotos não de-vem ser incomodados a cada passo pelos retardatários.

Quanto haveria a dizer a respeito do incomodar! Por quantas maneiras se pode incomodar a quem assiste à Missa? Não é sem razão que, ao entrar na igreja, nos benzemos com água benta. Que significa este gesto simbólico? Indica a intenção de querer deixar fora, à porta, os nossos pensamentos de todos os dias, os nossos desejos e preocupações terrenas. Lá para dentro, para junto do altar do Senhor, só devemos levar nossa alma impressa.

O que vá com outro espírito não tirará, da Santa Missa, forças para si mesmo e, por outro lado, perturbará a devoção dos outros.

São, pois, dignos de censura, aqueles que não consideram a Missa como um ato augusto de santidade, nem o templo como um lugar sagrado em que se ergue a alma a Deus. Eles sentem-se, dentro daquele santo recinto, como se estivessem no passeio da moda ou no teatro onde se pode olhar com óculo, com binóculo e com impertinência, o traje, o rosto, e a atitude dos presen-tes. Tal assistência a Missa é apenas uma burla ao terceiro Mandamento.

Por outro lado pode perturbar-se o ambiente de devoção: provocando a distração e até dando escândalo aos outros com o comportamento ou a maneira de vestir.

Em nossos dias fala-se muito, na igreja e fora dela, em tom de repreensão, de provocante nudez da moderna moda feminina. Não é aqui o lugar apropriado para tratar deste tema. Apenas uma breve observação: a moral católica condena os modernos trajes femininos, tão incrivelmente curtos e decotados, até nos salões de baile. Mas, finalmente, quem assiste a um baile já sabe o que ali o espera. Que dizer, porém, quando um homem temente a Deus vai à Igreja para chorar a sua alma e aí, nesse lugar sagrado, a seu lado e na sua frente, as senhoras que com os trajes decota-dos, com as meias de seda cor de carne, o obrigam a abater o voo do espírito em oração e abaixar ao nível dos salões de baile? Podem considerar-se rigorosos aqueles bispos estrangeiros que fa-zem afixar nas portas das igrejas avisos prevenindo as senhoras vestidas desse modo que não lhes é permitido confessar-se e comungar?

* Chegar atrasado na missa, quando o Padre já começo as orações, nos domingos e festas é pecado venial.

Filhos, honrai os vossos pais!

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Pais, estimai os vossos fi-

lhos!

O título do presen-te capitulo é: “Pais, estimai os vossos filhos”.

Vamos recomendar: “Pais, facilitai a vossos filhos o cumprimento do Quarto Mandamento!”.

Começo o presente capitulo com o caso, absolutamente atual, de um filho que não importa nada à mãe, ou, invertendo os termos, com o caso daquelas senhoras modernas que erguem a voz, cantando na sociedade, que vão a reuniões, que organizam e se divertem, que tudo fazem, menos… preocupar-se com os filhos.

Chega uma dessas mães à casa. Vem de uma reunião “importante”. Primeiro fui às com-pras, depois à pastelaria; dali à reunião… É já noite quando entra na casa. Durante o jantar diz ao marido: “Tive hoje muito que fazer! Essas obrigações sociais são imensamente maçantes. Ao chegar à casa, dei com um grupo de crianças brincando na escada, numa balbúrdia. Entre eles havia um tão lindo, tão pre-cioso…”

– Como eram os cabelos? – Perguntou o marido.

– Loirinhos, cor de ouro.

– E como estava vestido?

– Oh! O traje era feio, sujo, cheio de lama.

– E a cara?

– Também muito suja.

– Então, querida, era o nosso filho – responde o marido, sem mais comentários.

Ponto final. Não é necessário mais. Até aqui o triste conto moderno. E aqui finda, também, a introdução ao presente capítulo, pois com ela já mostrei o tema de que vou tratar. No presente capítulo dirijo-me aos pais, dizendo-lhes : compreendei bem o quarto Mandamento!

Quarto Mandamento “Honra teu pai e tua mãe”

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O que? Mas haverá pais que não compreendam o quarto Mandamento? Ora, se há! Não sentem a sua grande responsabilidade.

A criança é um mistério, um quebra-cabeças dos mais difíceis e complicados. A sua educa-ção é um mistério e uma cruz. Para que os pais possam levar mais facilmente essa cruz, e solucio-nar melhor tal problema, pôs Deus no decálogo o quarto Mandamento. Os três primeiros manda-mentos tratam dos nossos deveres para com Ele. O quarto trata dos nossos deveres para com os pais. Que honra para os pais! Mas que responsabilidade a sua!

Pais, tende consciência da vossa responsabilidade, da responsabilidade que Deus vos im-pôs! Pais! Estimai, cuidai, amai vossos filhos. São os três pensamentos do presente capítulo.

Tende em alto apreço os vossos filhos

Estimai os vossos filhos, porque eles não pertencem apenas a vós: em primeiro lugar são de Deus. Um filho é presente que Deus vos confia e de que algum dia vos pedirá contas. Pedir-vos-á contas de todas as negligências. Pedirá contas aos pais que fizeram do menino um ídolo, tudo lhe perdoando, tudo lhe permitindo, realizando-lhe todos os caprichos e pondo-lhe assim a perder a vontade, o caráter, a alma. Pedirá contas aos pais para ver se no meio de suas muitas ocupações tiveram tempo para educar os filhos. Deus sabe muito bem quanto hoje é difícil ganhar o pão de cada dia; sabe quanto os pais devem penar – os dois: pai e mãe – para ganhar o indispensável; e a esses pais, julga-os segundo a medida correspondente. Mas vê também o tempo que a mãe dedi-cou a visitas, a teatros, a reuniões; o tempo que o pai gastou metido nos cafés e casas de jogo; e se por tais motivos, não lhes chegou o tempo para os filhos, julgá-los-á igualmente, segundo a medi-da que lhes cabe.

Pais, estimai os vossos filhos!

Mas como é que havemos de estimar os filhos? Quero crer que a maioria dos pais, ainda hoje, trata cuidadosamente dos filhos, faz enormes sacrifícios pela educação deles… Mas esque-cem-se de alguma coisa.

Muitos pais modernos poderiam repetir o que disse a mãe do Rei Matias a seu filho: “Pago por ti ouro e prata e tenho atravessado no coração o teu regresso”. Podem repeti-lo, sim, mas apenas no sentido terreno.

Pois, não esqueçais isto: o vosso filho, além de corpo, também tem alma. Tendes isso em conta? Lembrai-vos de que Deus vos confiou esta alma, e que há de chegar um dia em que vo-la há-de pedir. É que de vós depende, em grande parte, que esta alma saiba subir até Deus. Ah! Com que santa emoção deveriam pensar os pais: Deus confiou-me a sorte eterna destas almas imortais! Deus pede-lhes contas da alma do filho. E não me refiro agora àqueles pais cruéis que deixam os filhos por batizar – causa espanto só de pensar nisso. – Graças a Deus não é comum entre nós procedimento de tal modo iníquo. Penso nas famílias que consideram terminada a edu-cação religiosa dos filhos com o Santo Batismo.

E tende presente que Nosso Senhor Jesus Cristo promulgou um código a favor de todas as crianças. Recordai aquela cena, a mais delicada de todo Evangelho, aquela em que Jesus Cristo, cansado do labor apostólico do dia, sentou-Se uma tarde com os discípulos e lhes disse: “Deixar os meninos em paz e não os estorveis de vir a Mim, Porque dos que são como eles é o Reino dos Céus”. É um pequeno código. Poderia Jesus exprimir com mais clareza o primeiro dever dos educadores?

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Qual é o seu primeiro dever? Deixar que os meninos vão a Cristo. Ou, por outras palavras: educá-los no espírito religioso.

Os pais modernos também educam; mas são muitos os que educam sem Deus…, e o que educa sem Deus edifica sobre a areia.

Vede o quadro das famílias: nesta, os pais dão educação religiosa aos filhos; naquela con-tentam-se em recorrer à razão.

Na primeira dizem os pais: “olha, filho, ainda que este ato ou aquele seja difícil, é Deus que o exi-ge. Temos de obedecer, temos de cumprir os nossos deveres, temos de rezar, temos de dizer sempre a verda-de… é Deus que manda. E é Ele também que proíbe aquilo que não se deve fazer. Ainda que a tentação nos leve com violência para o pecado, ainda que ninguém veja o que fazemos… é preciso obedecer: o Senhor vê-nos sempre… Nem sempre é fácil permanecer fiéis ao Senhor; Vês? É por isso que vamos confessar-nos tan-tas vezes, para que Deus nos dê forças.”

É assim que se educa a primeira família. Agora a segunda.

Tem o cuidado de habituar os filhos à prática do bem; mas – segundo dizem os pais – sem querer que sejam “beatos”, que andem a “representar de santos”, que sejam “exagerados nas suas de-voções”. E então falam-lhes desse modo: “não se faz isto ou aquilo, porque não é bem. Que diriam as outras pessoas, minha filha, se viessem a saber que és uma menina mentirosa, uma menina mal educada?”

“Não faças isso, filho, porque rebaixas a tua dignidade de homem, humilhas a tua personalidade, até podes adoecer…”

É assim que educa a outra família. E ambas pretendem proceder bem.

Surge a tentação. Julgai vós, amados leitores, qual será o menino e, de modo especial, o jovem, o rapaz ou moça, que prossigam, imperturbavelmente pelo caminho da honra, no meio do dilúvio de tentações com que o mundo os afoga. Quando a chama abrasadora das paixões, o bri-lho do ouro e os incentivos rebeldes nos queimam, darão força de resistência bastante as regras da higiene, os preconceitos sociais e o respeito da personalidade? Não, não. O que educa sem Deus, edifica sobre a areia.

Sabeis quem é que educava bem? A mãe de São Luís, rei de França, Branca de Castela, que dizia ao filho muitas vezes: “Meu filho! Amo-te de todo o meu coração; mas preferia ver-te morto a meus pés do que saber que tinhas cometido um pecado mortal”. E o monarca veio a confessar que foram estas palavras de sua mãe que o salvaram do pecado no meio das tentações.

Para ver a profunda influência que a mãe piedosa exerce na alma do filho, será bastante apontar este fato: quantos são os grandes Santos da Igreja que devem a santidade da sua vida jus-tamente às mães! Por exemplo: Santo Agostinho deve-a a Santa Mônica; o Papa São Gregório Magno a Santa Sílvia; São Basílio Magno a Santa Emília; São Bento a Santa Abundância; São Do-mingos à Santa Joana; Santa Gertrudes a Santa Isabel…

Uma senhora perguntou um dia a Luis Windhorst, figura notável na Alemanha: “Gostava de tirar uma fotografia: em que posição acha V. Ex.ª que o retrato fique mais lindo?”

O político exímio e profundamente cristão respondeu assim: “Faça-se retratar no momento em que junta as mãos de seu filho, erguidas em oração. É a posição mais formosa que posso imaginar para

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as mães”. E assim é, na verdade. Quando a mãe se ajoelha junto do filho e reza com o pequenino!

Quereis crianças boas? Crianças em cujos olhos, bem abertos, curiosos, possais ver até ao fundo da alma? Quereis meninos que atravessem, incólumes, as primeiras tentações da puberda-de? Quereis meninos que observem o quarto Mandamento? Então apreciai-lhes a alma, estimai-a profundamente, educai-os com Deus, quer dizer, segundo os três pensamentos do poeta alemão: “Deus é meu fim. Deus é meu testemunho. Deus é o meu galardão”.

Pais, estimai a alma dos vossos filhos!

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Fraternidade Sacerdotal São Pio X - Priorado do Imaculado Coração de Maria Rua Tuiuti, 590 – Santa Maria/RS

Tel.: (55) 3028-3896 / www.fsspx-brasil.com.br

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DATAS a recordar...

Maio 1 Domingo – São José Artesão 4 Quarta – Vigília - Rogativas 5 Quinta – Ascensão de Nosso Senhor 8 Domingo – Domingo depois da Ascensão 11 Quarta – Santos Apóstolos Felipe e Tiago 14 Sábado – Vigília 15 Domingo – Pentecostes 22 Domingo – Santíssima Trindade 26 Quinta – Corpus Christi 29 Domingo – 2º Domingo depois de Pentecostes 31 Terça – Santíssima Virgem Maria Rainha

Junho

3 Sexta – Sagrado Coração de Jesus 5 Domingo – 3º Domingo depois de Pentecostes 11 Sábado – São Barnabé, Apóstolo 12 Domingo – 4º Domingo depois de Pentecostes 13 Segunda – Santo Antônio de Pádua, confessor e doutor 19 Domingo – 5º Domingo depois de Pentecostes 23 Quinta – Vigília 24 Sexta – Natividade de São João Batista 26 Domingo – 6º Domingo depois de Pentecostes 29 Quarta – Santos Apóstolos Pedro e Paulo

CATECISMO NO PRIORADO

Preparação para a Primeira Comunhão e Crisma.

Crianças & Adultos Todos os sábados às 15h no salão parroquial

Inscrição na saída da Missa do domingo