TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

33
1 Redes Interorganizacionais e o Empreendedorismo Digital no Brasil: Interações, Influências e Interpretações Felipe Marcondes G. de Carvalho Profº Orientador: Sergio Luis Seloti Jr RESUMO Objetivo: Compreender as influências das redes de empreendedores na construção do papel do empreendedor digital no país. Metodologia: Para a definição de amostra como técnica de apoio foi usado o Snowball, a coleta de dados foi através de entrevistas semiestruturadas. A análise dos dados foi realizada em duas partes, primeiro uma análise de conteúdo de Flores (1994) que forneceu elementos chave para construção da análise narrativa. Descobertas: O aproveitamento das oportunidades geradas pela rede, pode conduzir o potencial empreendedor a querer empreender. O empreendedor a conseguir sócios, mentores, parceiros e melhorar o conhecimento sobre o mercado. Para os já bem estabelecidos contribuir desenvolvimento do ambiente empreendedor ajuda a obter maiores retornos. Implicações acadêmicas: O uso do método Snowball de Bernard (2006) foi fundamental para conseguir tanto montar a rede de empreendedores informantes, quanto conseguir disponibilidade dos entrevistados para entrevista. Para pesquisas futuras poderá ser melhor explorado quem são esses empreendedores e o que eles sabem, outra opção também seria fazer uma análise quantitativa da força dos laços da rede estudada. Implicações Gerenciais: A jornada do empreendedor não é fácil, é uma jornada de vida composta de diversas dificuldades e construir um networking, mostra-se, desde o início da jornada como um importante preparo para as demais etapas, como a de abertura da empresa, estabilização de mercado e até mesmo para buscar maiores retornos e liderança de mercado. Valor: Estudar as redes de empreendedores através dos eventos e redes de empreendedores digitais que surgiram nos últimos 2 anos e suas influências na construção do papel do empreendedor, foi relevante para demonstrar a importância de se construir um networking para empreender durante a jornada empreendedora. Além de apontar alguns caminhos e práticas já adotadas. Palavras-chave: empreendedorismo, redes sociais, redes interorganizacionais, análise de narrativa, influências, papel do empreendedor. INTRODUÇÃO Os Vingadores reúnem-se para combaterem inimigos que, sozinhos não seriam capazes de enfrentar (IMDB, 2012). O filme lançado esse ano, fala sobre super herois de histórias em quadrinhos da Marvel Comics que, quando unidos são capazes de derrotar vilões mais poderosos. No empreendedorismo uma das escolas de pensamento descritas por Cunningham e Lischeron (1991), é a que mais aproxima o empreendedor de ser um “super-herói”, considerando que esse indivíduo nasce com habilidades intuitivas. No entanto o empreendedor, assim como os heróis do filme, nem sempre consegue alcançar a todos seus objetivos, contando apenas com seus próprios recursos. O acesso às redes de relacionamentos interorganizacionais é considerado como fonte de vantagens competitivas, que apoiam o empreendedor no processo de empreender ao identificar oportunidades inovadoras, obter recursos e, na busca e no estabelecimento de parcerias (AHUJA, 2000; GULATI, 2000; GNYWALI e MADHAVAN, 2001 e BURT, 1992; 2004). Um bom exemplo desse fator é o da região do Vale do Silício, situado no estado americano da Califórnia. Uma das características, fundamentais, para o sucesso da atividade empreendedora no local, são as redes de relacionamento ali disponíveis. A região é conhecida por dar origem a diversas empresas inovadoras como, por exemplo, a Microsoft de Bill Gates e a Apple de Steve Jobs que, mesmo sendo criadas na década de 70 ainda permanecem, na lista das cem mais inovadoras do mundo (CASTILLA et. al. 2000; FORBES, 2012). O empreendedor, assim como os já citados Bill Gates e Steve Jobs, é o agente inovador, que introduz novos produtos e abre novos mercados. A atividade empreendedora gera inovação, que é o principal dinamizador da atividade econômica capitalista e deu origem as grandes organizações que hoje

description

tcc

Transcript of TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

Page 1: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

1

Redes Interorganizacionais e o Empreendedorismo Dig ital no Brasil: Interações, Influências e Interpretações

Felipe Marcondes G. de Carvalho

Profº Orientador: Sergio Luis Seloti Jr

RESUMO

Objetivo: Compreender as influências das redes de empreendedores na construção do papel do empreendedor digital no país. Metodologia: Para a definição de amostra como técnica de apoio foi usado o Snowball, a coleta de dados foi através de entrevistas semiestruturadas. A análise dos dados foi realizada em duas partes, primeiro uma análise de conteúdo de Flores (1994) que forneceu elementos chave para construção da análise narrativa. Descobertas: O aproveitamento das oportunidades geradas pela rede, pode conduzir o potencial empreendedor a querer empreender. O empreendedor a conseguir sócios, mentores, parceiros e melhorar o conhecimento sobre o mercado. Para os já bem estabelecidos contribuir desenvolvimento do ambiente empreendedor ajuda a obter maiores retornos. Implicações acadêmicas: O uso do método Snowball de Bernard (2006) foi fundamental para conseguir tanto montar a rede de empreendedores informantes, quanto conseguir disponibilidade dos entrevistados para entrevista. Para pesquisas futuras poderá ser melhor explorado quem são esses empreendedores e o que eles sabem, outra opção também seria fazer uma análise quantitativa da força dos laços da rede estudada. Implicações Gerenciais: A jornada do empreendedor não é fácil, é uma jornada de vida composta de diversas dificuldades e construir um networking, mostra-se, desde o início da jornada como um importante preparo para as demais etapas, como a de abertura da empresa, estabilização de mercado e até mesmo para buscar maiores retornos e liderança de mercado. Valor: Estudar as redes de empreendedores através dos eventos e redes de empreendedores digitais que surgiram nos últimos 2 anos e suas influências na construção do papel do empreendedor, foi relevante para demonstrar a importância de se construir um networking para empreender durante a jornada empreendedora. Além de apontar alguns caminhos e práticas já adotadas.

Palavras-chave: empreendedorismo, redes sociais, redes interorganizacionais, análise de narrativa, influências, papel do empreendedor.

INTRODUÇÃO

Os Vingadores reúnem-se para combaterem inimigos que, sozinhos não seriam capazes de enfrentar (IMDB, 2012). O filme lançado esse ano, fala sobre super herois de histórias em quadrinhos da Marvel Comics que, quando unidos são capazes de derrotar vilões mais poderosos. No empreendedorismo uma das escolas de pensamento descritas por Cunningham e Lischeron (1991), é a que mais aproxima o empreendedor de ser um “super-herói”, considerando que esse indivíduo nasce com habilidades intuitivas. No entanto o empreendedor, assim como os heróis do filme, nem sempre consegue alcançar a todos seus objetivos, contando apenas com seus próprios recursos.

O acesso às redes de relacionamentos interorganizacionais é considerado como fonte de vantagens competitivas, que apoiam o empreendedor no processo de empreender ao identificar oportunidades inovadoras, obter recursos e, na busca e no estabelecimento de parcerias (AHUJA, 2000; GULATI, 2000; GNYWALI e MADHAVAN, 2001 e BURT, 1992; 2004).

Um bom exemplo desse fator é o da região do Vale do Silício, situado no estado americano da Califórnia. Uma das características, fundamentais, para o sucesso da atividade empreendedora no local, são as redes de relacionamento ali disponíveis. A região é conhecida por dar origem a diversas empresas inovadoras como, por exemplo, a Microsoft de Bill Gates e a Apple de Steve Jobs que, mesmo sendo criadas na década de 70 ainda permanecem, na lista das cem mais inovadoras do mundo (CASTILLA et. al. 2000; FORBES, 2012).

O empreendedor, assim como os já citados Bill Gates e Steve Jobs, é o agente inovador, que introduz novos produtos e abre novos mercados. A atividade empreendedora gera inovação, que é o principal dinamizador da atividade econômica capitalista e deu origem as grandes organizações que hoje

Page 2: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

2

geram empregos, impostos (SCHUMPETER, 2000). Já empreendedorismo digital consiste em uma subcategoria do empreendedorismo que envolve a criação de novos valores utilizando-se de bens, serviços e meios digitais; além de também desenvolver processos de distribuição digitais, espaços online de trabalho, mercados digitais, podendo essas características aparecer de maneira separada ou combinadas entre si (YAGHOUBI et. al. 2012)

No Brasil, em maio de 2012, foi realizado o SP Beta, evento da Beta Ltd. O evento promove o relacionamento entre empreendedores, investidores, profissionais de mídia e demais atores da comunidade empreendedora, o objetivo é proporcionar um ambiente descontraído e informal (SP BETA, 2012). Sendo continuado agora em novembro dia 27 no mesmo formato mas com outra marca como Slumdog Beta1. Há outros eventos um pouco diferentes do SP Beta, esses ocorrem com uma frequência mensal, o Ideias na Laje; o Bate papo e-commerce e o BR New Tech, entre outros (E-COMMERCE, 2012; NEW TECH, 2012; LAJE, 2012).

E o que poderia explicar o fato de eventos como esses, serem trazidos à cidade de São Paulo. Talvez, saber que, só em 2011, mais de 2000 startups no setor de tecnologia foram lançadas, número que corresponde ao triplo do ocorrido no cenário empreendedor brasileiro em 2009.

O país encontra-se em um momento extremamente favorável para novos empreendimentos, em 2011 mais de um quarto da população de 18 a 64 anos eram proprietários ou administradores de algum negócio. De acordo com o relatório do Global Entrepreneurship Monitor o aumento de taxas de investimento do governo, assim como programas de transferência de renda, ajuste real no salário mínimo e expansão do crédito em bancos públicos e privados, favoreceram o aumento do consumo das famílias, o que gerou um fator positivo para a criação de novos negócios (GEM, 2010; 2011; FEIJÓ, 2012).

De acordo com o GEM (2011) os fatores favoráveis ao empreendedorismo no Brasil são as normas e culturas sociais; acesso ao mercado/abertura e barreiras de entrada; clima econômico e oportunidade e capacidade empreendedora que está relacionada as condições nacionais de crescimento econômico, populacional, cultura e políticas de fomento ao empreendedorismo.

Outros motivos podem explicar essa euforia no caso do empreendedorismo digital, é o setor de educação a distância que, vem atingindo um crescimento de 50% ao ano em novos matriculados desde 2004, o outro é na área de saúde, as operadoras de convênios precisam, cada vez mais, de tecnologia da informação para controlar seus custos. O segundo motivo é o aumento na disponibilidade de recursos financeiros para negócios nascentes, devido ao aumento no número de investidores em empresas nascentes (FEIJÓ, 2012). Apesar dos investidores anjo e de venture capital ainda não terem um papel significativo no apoio de novos empreendimentos no país (GEM, 2011)

Os pontos de melhoria levantados pelo GEM, (2011) foram as políticas governamentais principalmente na questão tributária; apoio financeiro destacando os pontos de disponibilidade de dinheiro com o contraponto de altas taxas de financiamento; normas e culturas sociais novamente mas com relação a cultura do baixo risco e da garantia do emprego em órgão público ou privado; educação e capacitação.

O objetivo desse trabalho foi o de buscar entender como as redes interorganizacionais influenciam na construção do papel do empreendedor. A relevância dessa pesquisa é observada através a importância o tema empreendedorismo para a economia de um país, de acordo com Schumpeter a atividade empreendedora gera inovação e é capaz de dinamizar a economia, observando-se no contexto atual, também, o crescimento no número de empresas digitais nascentes, assim como os eventos que surgem promovendo o networking entre os empreendedores e interessados, demonstrando a evidência que o assunto vem adquirindo nos últimos anos, principalmente em sua vertente digital. Essas redes e relacionamentos entre empreendores oferecem oportunidades para troca de informações e conhecimento, além de contribuir com a ampliação da capacidade de inovar.

1 Informações de Pedro Sorrentino em entrevista para esse trabalho.

Page 3: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

3

EMPREENDEDORISMO

Tanto os indivíduos que realizavam grandes projetos de produção e construção, quanto aqueles que participavam, eram considerados empreendedores (HISRICH et. al., 2009); sem correr riscos, precisando apenas gerenciar os recursos que lhes foram fornecidos. A noção de risco emerge apenas no século XVII como associada ao empreendedorismo, com serviços prestados pelo empreendedor ao governo através de contratos de valor fixado, independente dos custos envolvidos no serviço, o empreendedor teria de arcar com possíveis prejuízos. O empreendedor distingui-se do investidor de risco a partir dos conceitos de Cantillon (1755) e Say (1803;1827;1815;1816) apud Fillion (1999), sendo considerada sua especialidade a de transformar matérias-primas em produtos e serviços com valor agregado (FILLION, 1999; HISRICH et. al. 2009).

O empreendedorismo é um processo dinâmico que está relacionado com a inovação, segundo Drucker (2008), o empreendedor é o agente inovador, capaz de idealizar inovações que possibilitam gerar uma nova ordem econômica. Schumpeter (2000) define o papel do empreendedor como inovador que introduz novos produtos ou novos métodos de produção, abre novos mercados ainda não explorados ou não existentes, realiza ações que possibilitam a quebra de paradigmas nas economias de mercado, estabelece novos patamares econômicos e tecnológicos nas estruturas produtivas, buscando lucro e realização profissional e pessoal. A atividade empreendedora gera inovação que é o principal dinamizador da atividade econômica capitalista e deu origem as grandes organizações que hoje geram empregos, impostos e também financiam pesquisas em todos os campos do conhecimento.O empreendedorismo ligado a inovação está relacionado a uma das linhas de estudo do tema.

Fillion (1999) buscou organizar as linhas de estudo do empreendedorismo, separando entre visões de economia, comportamental e de traços da personalidade:

● Visão dos economistas: estabelecimento do empreendedorismo como fator gerador de inovação que gera impacto no desenvolvimento econômico. Caracterização do empreendedor como aquele que corre riscos com a finalidade de aproveitar oportunidades para obter lucro.

● Visão dos Comportamentalistas: faz um levantamento das características de personalidade, compara a necessidade de poder e realização com fatos do desenvolvimento social e econômico. Segundo Gartner (1989) o empreendedor não é considerado uma pessoa que recebe tal título por ordem natural de existência, mas sim como um papel do qual esse indivíduos se encarrega, com a finalidade de criar novos negócios.

● Escola dos traços de personalidade: origina-se da visão comportamental, tenta identificar e estabelecer características peculiares dos empreendedores, com objetivo de compor um tipo ideal de empreendedor. A escola tem como ambição, realizar um papel prescritivo aos empreendedores, para que esses possam maximizar suas chances de sucesso ao lapidar seu comportamento para melhor.

Quanto ao processo de empreender, Hisrich et. al. (2009), o divide em quatro fases:

1. Identificação e avaliação da oportunidade: Processo no qual o empreendedor através de experiência pessoal, vivencias no trabalho ou ambiente acadêmico, insatisfação com algum produto ou serviço já existente identificada através da própria experiência ou da de conhecidos, percebe uma oportunidade para um novo negócio.

2. Desenvolvimento do plano de negócios: A maneira como o empreendedor descreve seu negócio colocando-o no papel, para determinar melhor as necessidades de mercado que a empresa atenderá e a necessidade de recursos para performar esse atendimento. Normalmente o empreendedor não prepara um plano de negócio com antecedência o que pode gerar uma deficiência para que ele realize um bom trabalho.

3. Determinação dos recursos necessários: O empreendedor deve verificar quais recursos já possui e quais serão necessários para complementar as necessidades mínimas de seu projeto.

4. Administração da empresa resultante: Com os recursos “em mãos” o empreendedor começa o negócio, que é quando surge a necessidade de gerenciar a empresa, devendo elaborar meios de controle e caminhos para atingir os objetivos do negócio. Alguns empreendedores sentem dificuldade para gerir e desenvolver o negócio que criaram.

Page 4: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

4

O processo de identificação de oportunidades também é estudado e para Lumpkin et. al. (2004) apresenta-se no seguinte esquema:

Ilustração 1 - Modelo criativo de identificação de oportunidades empreendedoras.

FONTE: adaptado de Lumpkin et. al. (2004)

As etapas do processo segundo Lumpkin et. al. (2004) são divididas em duas partes, a descoberta que é composta pelas fases de preparação, incubação e percepção e a formulação na qual acontecem a análise e elaboração.

Descoberta:

● Preparação A base de conhecimentos e experiências adquiridos por um indivíduo tornam-se os elementos

que compõe a fase de preparação, experiências de trabalho acumuladas, conhecimento de mercado ou tecnologia, hobbies e as redes de relacionamentos podem contribuir para essa etapa. Os empreendedores em potencial podem não saber previamente de que irão lançar um novo empreendimento, nesse caso a preparação acontece de maneira não intencional.

● Incubação Refere-se ao procedimento de maturação da ideia, porém de uma maneira intuitiva com o objetivo de refletir sobre possibilidades e opções. Nesse passo as “novas combinações” de Schumpeter (2000) podem emergir.

● Percepção Quando a ideia inicial finalmente é percebida como uma oportunidade empreendedora, Gaglio e Taub (1992) segundo Lumpkin (2004) como o momento “Eureka!”. Esse momento vem a tona tanto de maneira repentina, ou quando é encontrada uma solução para um problema que estava incubado. Outra fonte que pode contribuir ainda são redes de relacionamentos e contatos do empreendedor.

Formação:

● Análise

Assim que a oportunidade percebida na fase de percepção começa a tomar forma para tornar-se um negócio viável, para prosseguir, no entanto, passa pela fase de análise. O objetivo nessa etapa é analisar a viabilidade, procurando saber se o modelo de negócio desenvolvido está bom o suficiente para prosseguir até a sua implementação.

Page 5: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

5

● Elaboração

Consiste na fase de realizar ajustes com base nos feedbacks dos testes de mercado.

Armond e Nassif (2009), descrevem alguns motivos pelos quais indivíduos tornam-se empreendedores, estando entre esses: a necessidade de conquista e realização, adquirir independência, autoconfiança e energia; assim como também fatores a respeito da existência de ídolos, abordagem demográfica, escolaridade, situação econômica e social, experiência profissional e hábitos no trabalho.

EMPREENDEDORISMO DIGITAL

O empreendedorismo digital consiste em uma subcategoria do empreendedorismo que envolve a criação de novos valores utilizando-se de bens, serviços e meios digitais; além de também desenvolver processos de distribuição digitais, espaços online de trabalho, mercados digitais, podendo essas características aparecer de maneira separada ou combinadas entre si (YAGHOUBI et. al. 2012)

O termo engloba as diversas oportunidades geradas pela internet, tecnologias móveis e tecnologias da informação e comunicação em geral, desde sua abertura para fins comerciais. Pessoas vendendo através de sites de leilão virtual como o e-bay, empresas que aproveitaram o crescimento das redes sociais virtuais para desenvolver modelos de negócios, assim como o desenvolvimento de blogs independentes com capacidade de competir com os meios midiáticos convencionais (MIRSHAMSI et. al. 2011; DAVIDSON e VAAST, 2010).

Segundo Mirshamsi et. al. (2011) o empreendedorismo digital também é citado por diversos atores, porém com outros nomes, tais como: “entrepreneurship and innovation in e-business” de Zhao (2006); “empreendedorismo virtual” (Akbar, 2009; Bouwman e Hulsink, 2002 e Waddell et. al. 2006); “e-empreendedorismo” por (Mahmood & yu, 2005; Kollmann, 2006, 2008; Steinberg, 2009), “empreendedorismo na internet” (Matlay, 2004; Brudlo, 2008; Dedrick, 2009; Akbar, 2009), “empreendedorismo pontocom” (Akbar, 2009) e também como “empreendedorismo online” ou “empreendedorismo em sites da web” (Ma & Wang, 2006).

O e-empreendedor emerge com a nova economia, criando empreendimentos como livrarias online, leilões virtuais, entretenimento pela internet. Tal indivíduo deve possuir além das habilidades e conhecimentos tradicionais atribuídas ao empreendedor, um vasto conhecimento em tecnologias de informação e comunicação, devendo fazer combinações entre esses para gerar inovações atendendo melhor as necessidades humanas dos consumidores (GOMES, 2003).

REDES INTERORGANIZACIONAIS

Para Musso (2004), rede pode ser compreendida como uma estrutura de elementos que interagem entre si.

Sendo possível, de acordo com Granovetter (1973) classificar algumas estruturas de interação entre os indivíduos para a formação inicial de uma rede, basicamente entre díades ou tríades:

● As díades abordam a relação entre dois atores e possíveis elos entre si, é caracterizada por reciprocidade, correlação entre os elos envolvidos, entre outras.

● As tríades são compostas de um elemento que liga outros dois atores tendo esse elo como ligação em comum ou um subgrupo de três atores.

A rede também é compreendida como um “conjunto de nós interconectados”, o que é um nó depende da rede analisada, podendo ser pessoas ou organizações de diversas naturezas (CASTELLS, 1999, p. 498)

Força dos laços

O conceito de força da relação é definido em três diferentes níveis, laços sociais fortes (família, amigos e contatos de encontro frequente), fracos (de intensidade e frequência de encontro menor) e

Page 6: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

6

inexistentes. A intimidade assim como outras características de reciprocidade definem a força dos laços.

A importância dos laços fracos é destacada por sua capacidade de atuar como pontes, conectando atores isolados anteriormente, possibilitando a entrada de novas informações, ideias e recursos na rede. Nem todos os laços fracos atuam como pontes necessariamente, mas todas as pontes são de laços fracos (GRANOVETTER, 1973)

Buracos Estruturais

A partir da estrutura do relacionamento social, Burt (1992) elabora o conceito de ”buraco estrutural”, que é definido como uma brecha ou lacuna formada entre dois atores (individuais ou coletivos) que tem um laço fraco entre si ou, como denominado em seu artigo como sendo “não redundantes”. O autor reconhece que a força do capital social observada nos laços fracos está na capacidade que os intermediários tem de agenciar contatos e transações entre partes distintas atuando como broker (corretor). Os intermediários que tiram proveito dos buracos estruturais tem acesso a dois tipos de benefícios o de informação e o de controle - ou poder de negociação:

● Informação:

○ Acesso: Através da rede de contatos, torna-se possível expandir os limites de acesso a informação

○ Timing: Velocidade no recebimento de informações, para aproveitar oportunidades.

○ Referências: Manutenção da credibilidade do ator e recomendações

● Controle (Estratégias tertius gaudens, que trata-se do indivíduo que se beneficia de uma desunião ou falta de ligação de outros):

○ A primeira estratégia trata-se de quando um indivíduo terceiro está entre dois ou mais players atrás do mesmo relacionamento, tendo a vantagem de controlar o “preço”

○ A segunda diz respeito a demandas conflitantes de dois players, o terceiro pode aumentar o conflito aumentando sua dependência para resolver o conflito de maneira favorável para si

Capital Social

O capital social é dividido em três vertentes, de acordo com Nahapiet e Ghoshal (1998), a dimensão estrutural, a cognitiva e a relacional:

● Estrutural: descreve as configurações das redes, quanto a força das relações e oportunidades de uso dos buracos estruturais para acesso a diversos links e contatos.

● Cognitiva: Relacionada aos movimentos de criação de sentido compartilhados, que sofrem influências dos relacionamentos, de acordo com valores culturais, ideologias, atitudes e crenças das pessoas ou organizações envolvidas.

● Relacional: Comportamento normativo, baseado em confiança, padrões de reciprocidade e expectativa.

Redes e Empreendedorismo

As equipes empreendedoras nascentes, de acordo com Weisz e Vassolo (2004), tem um melhor desempenho quando possuem um nível elevado de capital social externo, tornando se superiores em relação as outras empresas que permanecem com um capital social externo menos desenvolvido.

Para Liñan e Santos (2007) capital social cognitivo influencia nas intenções empreendedoras. A definição de capital social cognitivo corresponde as influencias recebidas pelos indivíduos, através de seus relacionamentos e grupos em seus processos mentais, sistemas de criação de sentido, geração de ideias; sendo essas influencias originadas de valores, cultura, ideologia, normas específicas,

Page 7: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

7

atitudes e crenças que contribuem para um comportamento cooperativo e ações coletivas de benefício mútuo (CICOUREL, 1973; NAHAPIET e GHOSHAL, 1998; UPHOFF, 1999).

Os contatos e relacionamentos também influenciam na base interna e externa de conhecimento do empreendedor, de acordo com Xu (2008), além de também fornecer recursos. Tal efeito promove a formação de redes de inovação, que podem ser compostas de atores que se originam de diversas indústrias e regiões, beneficiando assim a estrutura de conhecimento dos participantes. Por fim a análise sugere que a base interna e externa do conhecimento do empreendedor influencia no processo de inovação.

Na ilustração a seguir Rahmani et. al. (2011) demonstram, além da relação circular envolvendo capital social e competência social, também a relação desses com a capacidade de absorção de conhecimento e performance de inovação, relacionando com o processo empreendedor de Shane (2003):

Ilustração 2 – Quadro conceitual

Fonte: adaptado de Rahmani et. al. (2011)

As três dimensões do capital social de Nahapiet e Ghoshal (1998) - estrutural, cognitiva e relacional - infuenciam, segundo Rahmani et. al. (2011), nos três primeiros passos do processo empreendedor de Shane. O capital social fornece o acesso ao conhecimento, gerando a capacidade potencial de absorção , além de contribuir exercendo o aprimoramento da capacidade de absorção de conhecimento, através da transformação e exploração do conhecimento é que a nova organização nutre suas capacidades de inovar tanto em intensidade (incremental ou radical), quanto em resultado (produto ou processo) e escopo (administrativa ou tecnológica).

É notável, a importância de formar e desenvolver seu capital social para o empreendedor. BORGES (2009) aponta alguns pontos relevantes sobre o capital social, elucidando suas influências para o empreendedorismo digital. São dezesseis proposições divididas em cinco grupos que representam uma atividade ou etapa importante para o processo de criação de novo negócio de base tecnológica:

1 Identificação de oportunidades de negócio 2 Acesso a recursos financeiros. 3 Aprendizagem de novas tecnologias 4 Legitimização da nova empresa 5 Trabalho em equipe e nas parcerias

Page 8: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

8

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Buscou-se entender com essa pesquisa como as redes interorganizacionais, também interpretadas como relacionamentos (BURT, 1992; GRANOVETTER, 1973; AHUJA, 2000), influenciam na construção do papel do empreendedor digital no Brasil. Portanto o objeto de pesquisa foi o empreendedor, inserido em uma rede de suporte e fomento ao empreendedorismo digital.

O posicionamento epistemológico e ontológico de pesquisa, abordado por Crewswell (2010) como “concepção”, é entendido como um paradigma que conduz o pesquisador na defesa de seus trabalhos científicos elaborados.

Quadro 4 - Concepções metodológicas

Fonte: Adaptado de Creswell (2010)

Esta pesquisa tem, portanto, uma concepção filosófica construtivista social, na qual o objetivo é interpretar os significados que os indivíduos atribuem ao mundo. Esta concepção entende que as pessoas, nesse caso o empreendedor, elaboram significados pessoais de suas vivências para os objetos, coisas ou outras pessoas (CRESWELL, 2010).

Pesquisa Qualitativa

Considerada como uma forma de investigação interpretativa, a pesquisa qualitativa, oferece a possibilidade da geração de diversas outras interpretações a partir do estudo que foi realizado. Na investigação interpretativa os pesquisadores fazem uma interpretação do que enxergam, ouvem e entendem (CREWSWELL, 2010).

Segundo Godoy (1995), nos casos em que o interesse é entender um fenômeno como um todo, na sua complexidade e o estudo é de caráter descritivo, a análise qualitativa possivelmente seria a mais recomendada. Nesse tipo de análise direciona-se a esclarecer como determinado fenômeno influencia nas interações gerais do cotidiano. Gera-se tentativas de se entender os fenômenos sobre os quais os estudos estão sendo conduzidos, sob a ótica dos participantes, sem diminuir a importância do ponto de vista de nenhum desses. Permitindo dessa forma, uma compreensão mais profunda das situações, que costuma ser menos visível para observadores de fora. Portanto o tipo de adotado para o estudo proposto será o da pesquisa qualitativa.

A estratégia de pesquisa seguida foi a da investigação fenomenológica, que busca determinar o que as experiências vividas pelos indivíduos, que contribuíram como objeto de pesquisa, significa de fato. O procedimento é realizado através de descrições colhidas com o uso de perguntas abertas em entrevistas, seguido de análises reflexivas e estruturadas para compreender a essência das experiências descritas (CREWSWELL, 2010; MOUSTAKAS, 1994). De acordo com Godoy (1995) “não é possível compreender o comportamento humano sem a compreensão do quadro referencial (estrutura) dentro do qual os indivíduos interpretam seus pensamentos, sentimentos e ações (p. 63)”.

Page 9: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

Os conteúdo utilizado para a análise refereexplorado são as influências recebidas por esses em seus empreendimentos. Esse tipo de conteúdo é difícil de coletar apenas por observação, optoucomo técnica de coleta de dados, nesse tipo de entrevista, há um objetivo definido previamente pela natureza da pesquisa, que deve ser atingido através do acompanhamento de questões abertas aos participantes (FREITAS e MOSCAROLA, 2002; CREWSWELL, 2010).

Ilustração 3 - Modelo de pesquisa adotado

A técnica que foi usada para apoio na definição da amostragem, será a do método BolSnowball, proposto por Bernard (2006), para obter dos entrevistados a indicação de outros nomes que formam as redes analisadas, com a finalidade de identificar seus atores, da mesma forma que Avila (2011) utilizou em sua tese para identificar 1986; 2004; LATOUR 2000; 2001 e LAW, 1992; 2007), que será melhor abordada adiante, um arcabouço metodológico consistente.

Para definir a amostra de empreendedores entrevistados foram usados conpesquisador, alguns conhecidos nos próprios eventos como Ideias na Laje e SP Beta, mesmo que só para pedir o cartão, outros já eram da rede do próprio pesquisador, o restante apresentado ou por colega de classe, ou por familiares do pesquifaculdade. A amostra de apoiadores foi construída de acordo com as entrevistas dos empreendedores, quando esses citavam eventos ou pessoas que os ajudaram, o Pedro Sorrentino por ser organizador do SP Beta, evefinalistas; Flavio Pripas organizador do BR New Tech que foi citado por 4 dos 12 entrevistados; Leonardo Palotta, organizador do Ideias na Laje, evento citado por 3 dos 12 entrevistados, além de também entrevistar Tales Andreassi coordenador do centro de empreendedorismo da FGV que foi citado por um dos empreendedores; por fim José Balian coordenador de projetos da Incubadora da ESPM que foi citado por dois dos emrpeendedores. Além de ajudar na cometodologia foi eficiente pelo fato das pessoas que citam ou recomendam outros potenciais entrevistados, também ajudarem no acesso ao contato.

Os conteúdo utilizado para a análise refere-se a experiências dos empreendedores e, o fator a ser explorado são as influências recebidas por esses em seus empreendimentos. Esse tipo de conteúdo

r apenas por observação, optou-se, então, pelo uso de entrevistas semiestruturadas como técnica de coleta de dados, nesse tipo de entrevista, há um objetivo definido previamente pela natureza da pesquisa, que deve ser atingido através do acompanhamento de questões abertas aos participantes (FREITAS e MOSCAROLA, 2002; CREWSWELL, 2010).

Modelo de pesquisa adotado

A técnica que foi usada para apoio na definição da amostragem, será a do método BolSnowball, proposto por Bernard (2006), para obter dos entrevistados a indicação de outros nomes que formam as redes analisadas, com a finalidade de identificar seus atores, da mesma forma que Avila (2011) utilizou em sua tese para identificar os atores. Como apoio, a Teoria Ator Rede (CALLON

; LATOUR 2000; 2001 e LAW, 1992; 2007), que será melhor abordada adiante, um arcabouço metodológico consistente.

Para definir a amostra de empreendedores entrevistados foram usados conpesquisador, alguns conhecidos nos próprios eventos como Ideias na Laje e SP Beta, mesmo que só para pedir o cartão, outros já eram da rede do próprio pesquisador, o restante apresentado ou por colega de classe, ou por familiares do pesquisador e até mesmo contatos de um professor da faculdade. A amostra de apoiadores foi construída de acordo com as entrevistas dos empreendedores, quando esses citavam eventos ou pessoas que os ajudaram, o Pedro Sorrentino por ser organizador do SP Beta, evento do qual 4 participantes entrevistados estavam entre seus finalistas; Flavio Pripas organizador do BR New Tech que foi citado por 4 dos 12 entrevistados; Leonardo Palotta, organizador do Ideias na Laje, evento citado por 3 dos 12 entrevistados, além de também entrevistar Tales Andreassi coordenador do centro de empreendedorismo da FGV que foi citado por um dos empreendedores; por fim José Balian coordenador de projetos da Incubadora da ESPM que foi citado por dois dos emrpeendedores. Além de ajudar na construção das amostras a metodologia foi eficiente pelo fato das pessoas que citam ou recomendam outros potenciais entrevistados, também ajudarem no acesso ao contato.

9

se a experiências dos empreendedores e, o fator a ser explorado são as influências recebidas por esses em seus empreendimentos. Esse tipo de conteúdo

se, então, pelo uso de entrevistas semiestruturadas como técnica de coleta de dados, nesse tipo de entrevista, há um objetivo definido previamente pela natureza da pesquisa, que deve ser atingido através do acompanhamento de tópicos formados por questões abertas aos participantes (FREITAS e MOSCAROLA, 2002; CREWSWELL, 2010).

Fonte: Autoria própria

A técnica que foi usada para apoio na definição da amostragem, será a do método Bola de Neve ou Snowball, proposto por Bernard (2006), para obter dos entrevistados a indicação de outros nomes que formam as redes analisadas, com a finalidade de identificar seus atores, da mesma forma que

os atores. Como apoio, a Teoria Ator Rede (CALLON ; LATOUR 2000; 2001 e LAW, 1992; 2007), que será melhor abordada adiante, forneceu

Para definir a amostra de empreendedores entrevistados foram usados contatos da rede do pesquisador, alguns conhecidos nos próprios eventos como Ideias na Laje e SP Beta, mesmo que só para pedir o cartão, outros já eram da rede do próprio pesquisador, o restante apresentado ou por

sador e até mesmo contatos de um professor da faculdade. A amostra de apoiadores foi construída de acordo com as entrevistas dos empreendedores, quando esses citavam eventos ou pessoas que os ajudaram, o Pedro Sorrentino

nto do qual 4 participantes entrevistados estavam entre seus finalistas; Flavio Pripas organizador do BR New Tech que foi citado por 4 dos 12 entrevistados; Leonardo Palotta, organizador do Ideias na Laje, evento citado por 3 dos 12 entrevistados, além de também entrevistar Tales Andreassi coordenador do centro de empreendedorismo da FGV que foi citado por um dos empreendedores; por fim José Balian coordenador de projetos da Incubadora da

nstrução das amostras a metodologia foi eficiente pelo fato das pessoas que citam ou recomendam outros potenciais

Page 10: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

10

Para análise dos dados foi utilizada a análise de narrativas, segundo Alves e Blinkstein (2006) as estruturas narrativas fornecem meios de obter variações e realizar combinações, permitindo a geração de significados, além da estruturação dos discursos que formam um mundo simbólico, assim como no processo de análise interna do enfoque semiótico de Greimas (1979), que segundo Barros (2001) procura elaborar maneiras em que objetos tornam-se significantes ao homem, entendendo a linguagem como um sistema de significações. Uma grandeza semiótica é também uma rede de relações, caracterizando-se de acordo com as seguintes proposições:

1 Construção de métodos e técnicas, plausíveis, de análise interna, buscando um caminho para chegar ao sujeito através do texto;

2 Proposição de uma análise imanente. Performando a equivalência do objeto textual como uma máscara e procurando, através dessa, as leis que regem seu discurso;

3 O trabalho de elaboração do sentido deve ser considerado, da imanência à aparência, da mesma forma que um percurso gerativo, vindo do mais simples e abstrato ao mais complexo e concreto, cada nível atravessado é sujeito a descrições autônomas;

4 O percurso gerativo deve ser interpretado como um percurso do conteúdo, sem, necessariamente, levar em conta a manifestação da linguística (GREIMAS, 1979).

Greimas (1971) observa que não se pode existir teorias discursivas sem o sustento da problemática da narrativa, pois os discursos são unidades linguísticas de significados e não uma simples concatenação de sentenças. A tarefa do “semioticista”, então, é a de reintegrar resultados parciais conseguidos através de diversas fontes semióticas e reinterpretá-los com objetivo de construir uma narrativa gramática explícita.

Na Teoria Ator-Rede, ou TAR, não se reduz uma rede de atores a um único ator nem a uma rede: considera-se a rede, como composta de séries heterogêneas de elementos animados e inanimados, conectados e agenciados (MORAES, 2004). O termo Ator para originou-se da definição do termo actante adotado pela semiótica greimasiana. De acordo com Greimas (1979) citado por Callon (1986), os actantes são considerados como sujeitos, objetos, enviadores e recebedores.

Ao ser citado por Law (2007), Latour (1993), um dos autores seminais da teoria ator-rede, ainda não fala da TAR, mas utiliza de ferramentas de semiótica para analisar relações materialmente heterogêneas, baseando-se em Greimas, autor cujo os trabalhos inspiram o desenvolvimento das bases da TAR (LAW, 2007; LATOUR, 2005). Considerada uma ferramenta descritiva, é utilizada como um conjunto de ferramentas para contar histórias de como as relações se conectam ou não e suas diversas interferências sofridas e, definida também como variação, dentre as diversas da, semiótica material (LAW, 2007).

A rede de atores é capaz de redefinir seus componentes, essa rede ao mesmo tempo também é um ator, que busca fazer alianças com novos elementos. Tais redes mesclam humanos e não humanos e é isso que faz sua forma e robustez. A TAR gera uma ruptura com as análises dicotômicas, como por exemplo: micro/macro, ator/estrutura, global/local, procurando gerar uma integração entre esses vários planos analíticos (CALLON, 1986; 2004; DEPONTI, 2008).

Essa pesquisa utilizou como enfoque metodológico a Teoria Ator-rede, para descrever as influências e interferências recebidas pelos empreendedores através das redes de empreendedorismo digital que participam, compostas por diversos interesses, locais e artefatos tecnológicos.

Nesse sentido, Tonelli et. al. (2011) realizaram uma análise do empreendedorismo sob a ótica da TAR, contrapondo as visões dualistas como a subjetiva e a objetiva, normalmente utilizadas para analisar o tema. Foi apresentando como parte dos elementos que envolvem a complexidade da “fabricação” de empreendedores por meio da reunião de atores heterogêneos em torno de uma rede comum, constituída de artefatos tecnológicos, interesses políticos, instrumentos técnicos, tempo, lugar, ideologias, etc. Na perspectiva da TAR, todas as entidades são híbridas, possuindo ao mesmo tempo subjetividade e objetividade.

Tonelli et. al. (2011) ainda mencionam que, direções de ação emergem não mais como resultado alheio e colocado pelo empreendedor de dentro para fora, ou pelo ambiente de cima para baixo e sim

Page 11: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

11

como resultado do êxito de coletivos processos de interação, interpretação, negociação e ressignificação. Por fim, os autores, com base em Callon (1986) recomendam que o pesquisador não imponha uma separação entre eventos naturais e sociais, devendo-se seguir os atores com o objetivo de identificar a maneira pela qual atribuem significado e se juntam a diferentes elementos por meio dos quais constroem e expandem seu mundo, seja esse o natural ou o social. Assim como apontado anteriormente, como técnica de apoio para identificar os atores a serem entrevistados na coleta de dados com o método bola de neve de Bernard (2006).

Análise narrativa

Para realizar a análise narrativa foi adotada a metodologia de Creswell (2006), que descreve cinco passos ou tópicos informais, como guias para conduzir o estudo de narrativa.

1 - Determinar se o problema de pesquisa se encaixa com a pesquisa narrativa.

No caso deste trabalho, em que o objetivo é estudar as influências das redes interorganizacionais na construção do papel do empreendedor, apresenta-se então como objeto de estudo o empreendedor inserido em uma rede de suporte e fomento ao empreendedorismo digital, sendo os dados nesse caso coletados em entrevistas individuais semi-estruturadas com empreendedores e representantes de evento ou apoiadores do movimento empreendedor citados pelos próprios empreendedores entrevistados.

2 - Selecionar um ou mais indivíduos que tenham his tórias ou experiências de vida para contar, e coletar suas histórias através de múltipl as fontes de informação.

Foram entrevistados 12 empreendedores digitais: Daniel Chu da Netfraldas , empresa que oferecerá fraldas e produtos para bebês por assinatura; Eric Britto do Digital Tour , empresa que oferece tour virtual de imoveis; Andre Mancuzzo da Unbound , criadora do produto Tabber, aplicativo que consulta o cardápio de bares e estabelecimentos cadastrados e permite realizar pedidos; Darwin Ribeiro , da Ocapi , criadora do Banner Fácil; Roberto Kakihara da Medices , site que reúne endereços e recomendações de profissionais de saúde; Rafael Pasqua da Reunii , aplicativo que cria revistas offline com fotos do facebook; Diego Reeberg do Catarse , o primeiro site de crowdfunding para projetos criativos do Brasil; Alan Bueno da Geriê , loja online de lingeries; Luciano Juvinski da Navegg , empresa de informações de audiência e segmentação online, Johnatan Canal da Praia Games , criadora de jogos virtuais; Andre Nazareth do Meu Carrinho aplicativo para criar listas de compra e comparar preços de supermercados; e William Mendes da Chicnellas , comércio eletrônico de havaianas personalizadas. Além de uma primeira entrevista teste com Fabio Machiaverni da e-brighter , empresa de consultoria em inovação.

Além de 5 organizadores de eventos ou representantes de instituição de ensino superior, considerados na pesquisa como os apoiadores citados por um ou mais empreendedores entrevistados. Leonardo Pallotta organizador do evento Ideias na Laje e sócio na Zebra Deluxe ; Pedro Sorrentino organizador do primeiro SP Beta , atualmente do Slumdog Beta , e Business Developer na Sendgrid ; Flavio Pripas organizador do BR New Tech e fundador do Fashion.me ; Tales Andreassi , coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV e José Balian coordenador de projetos da Incubadora da ESPM.

3 - Coletar informação sobre o contexto das históri as.

Conforme já citado na introdução, no ano de 2011, mais de 2000 startups no setor de tecnologia foram lançadas, número que corresponde ao triplo do ocorrido no cenário empreendedor brasileiro em 2009. O aumento é devido a alguns motivos como o aumento de taxas de investimento do governo, programas de transferência de renda, ajuste no salário mínimo e expansão de crédito, fatores que geraram um aumento no consumo das famílias. Outros motivos são o crescimento no setor de educação a distância e na necessidade de tecnologia das operadoras de convênio de saúde, além do aumento no número de investidores em empresas nascentes (FEIJÓ, 2012; GEM, 2010; 2011).

4 - Analisar as histórias dos participantes, organi zar em um quadro com elementos chave da história, como por exemplo tempo, lugar, enredo e c ontexto e então reescrever em ordem cronológica.

Page 12: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

12

Para a montagem do quadro com os elementos chave da história foram utilizadas informações obtidas através da análise de conteúdo, segundo Gil Flores (1994). A análise de dados qualitativos pode ser definida como um conjunto de procedimentos como manipulações, transformações, operações, reflexões e comprovações realizadas a partir de dados coletados, com finalidade de extrair significado relevante a um problema que está sendo investigado. O objetivo, portanto, é encontrar um sentido aos dados obtidos.

Dados qualitativos colhidos e transcritos em forma textual representam grandes quantidades de informações, dificilmente assimiláveis a primeira vista, necessitando então de um tratamento através de algumas etapas como a categorização, codificação e agrupamento para a obtenção de conclusões. Os passos seguidos de acordo com Gil Flores (1994) para a análise de dados qualitativos foram:

1. Redução de dados a. Separação de elementos b. Identificação e classificação de elementos c. Agrupamento

2. Disposição de dados a. Transformação e disposição

3. Obtenção e verificação de conclusões a. Processo para extrair conclusões b. Verificação de conclusões

Esse tipo de análise é diferente da narrativa, mas foi adotada para fortalecer a análise como um todo apresentando os dados abaixo e os fornecendo como base para esse passo da análise narrativa:

Tempo, lugar e contexto

O tempo em que as histórias se passam é de 2009 a 2012, na cidade de São Paulo o contexto é de um crescimento no número de startups de tecnologia, devido ao cenário econômico favorável no país durante esse período, além do aumento no número de investidores no território brasileiro.

Enredo

Ao analisar influencias na inspiração para empreender , é possível perceber que do mundo acadêmico 7 dos 12 empreendedores entrevistados tiveram alguma influência proveniente de cursos de graduação ou pós-graduação , tais influências vem desde observação de colegas que empreendiam na época; trabalhar nas empresas dos colegas que empreendiam; trabalhos da própria base curricular do curso; incentivo de programas de pós-graduação; incentivo de professores; participação em empresa júnior. Em outros casos o contato com o empreendedorismo digital surgiu pela natureza do trabalho ser no ramo de tecnologia , ou comunicação digital e em outros casos influências da família .

“...no final da faculdade percebi que alguns amigos estavam abrindo startups ...” (André Nazareth)

“no mestrado tive um contato maior com a questão do empreendedorismo” (Daniel Chu)

“minha primeira experiência foi na empresa júnior da faculdade” (Roberto Kakihara)

“mas é... foi até pela minha proximidade com o próprio mercado digital ...” (Rafael Pasqua)

“acho que uma mistura de família, situação brasileira e vonta de individual ” (Diego Reeberg)

Dentre as pessoas que influenciaram o pensamento empreendedor ou ajudaram de alguma forma os empreendedores em sua trajetória foram citados familiares ; ex-colegas de trabalho ; contatos do meio profissional ; ex-chefes ; contatos de escritórios compartilhados ; contatos de

Page 13: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

13

concursos e eventos ; professores ; amigos da faculdade ; mentores conhecidos em eventos ; escritores sobre o assunto.

“tem os livros do Guy kawasaki, o próprio Romero”... “tem o livro do Seth Godin que me influencia bastante” “Felipe Matos que hoje é um dos fundadores da Startup Farm né que é uma aceleradora” “Michel Lent , que é um dos diretores da pontomobi ” (Andre Nazareth)

“Seth Godin que fala muito sobre marketing, Steve Blank , Eric Ries ”...”o Jason Fried que escreveu dois livros” (Diego Borin)

“Acho que especialmente alguns ex-chefes que já tive, pessoas dentro da indústria que trabalhei...“ (Jonathan Canal)

“o Martino Bagini e Edson Rigonati da Astella ”...”Somos próximos a aceleradora do Yuri de BH” (Luciano Juvinski)

Os benefícios percebidos ao construir e cultivar o networking , participando de eventos, entre outras atividades foram o de conhecer e conversar com investidores ; conseguir investimento; mentoring ; funcionários ; parceiros de negócios; conhecimento do mercado , área técnica e design; receber feedback sobre o negócio de investidores e especialistas; indicação de pessoas chave para ajudar no negócio; aprender como se relacionar com investidores .

“conhecemos investidores ...”precisávamos mais de parceiro de negócios, veio o Buscapé” (Luciano Juvinski)

”contatos do SP Beta levaram a gente a conhecer pessoas de portais imobiliários”...(Eric Brito)

“Estamos ainda com negociação com alguns VCs que estavam lá no SP Beta por acaso...” (Andre Mancuzzo)

“o BR NEw Tech é mais para networking, um deles tivemos um coaching do cara da Astella o Martino e o Rigonati” (Darwin)

“um desses contatos foi o Felipe Matos ”...“Foi no startup weekend.”...”...foi praticamente nosso mentor antes de conseguirmos o aporte” (Andre Nazareth)

“a maioria dos recrutamentos foram por meio de networking ”...”é... olhando do lado de projetos”...”a gente conhecia alguém ou alguém da nossa rede conhecia alguém que trazia grandes projetos , que fizeram vitrine e tornaram o site conhecido ” (Diego Reeberg)

Para analisar os apoiadores foi feita uma divisão entre os apoiadores empreendedores : Leonardo Pallotta; Pedro Sorrentino; Flavio Pripas. Tendo por outro lado os apoiadores acadêmicos Tales Andreassi e José Balian, ligados a instituições de ensino superior. Todos já apresentados nesse trabalho.

Analisando o perfil dos apoiadores empreendedores , quanto a motivação e Influência para início das iniciativas de apoio o Leonardo Pallotta do evento Ideias na Laje teve um pouco de inspiração da época em que fazia parte de uma Incubadora quando trabalhou na Direct Talk para criar o Ideias na Laje pois na época sempre tinha uma equipe de apoio com experiência para guiar o time, o objetivo da criação do evento foi o de ajudar os empreendedores a colocar as ideias em execução , aprender com experiência de outros empreendedores , promover o empreendedorismo e aplicação dos conceitos na prática.

”entendo que essa iniciativa surgiu é.. é.. de algumas necessidades.. e uma delas foi.. vamos dar uma oportunidade , primeiro para as pessoas exporem suas ideias , e que essas ideias sejam criticadas ou orientadas por angels aqui” (Leonardo Pallotta)

Page 14: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

14

O entrevistado Pedro Sorrentino diz ter criado o Blog por vontade pessoal de expressar suas experiências com a cultura startup, já o evento SP Beta foi trazido com a ideia de colocar algo em São Paulo que fosse fora do tradicional que já ocorria, suas influências para seguir com essas iniciativas foram de investidores que já foram empreendedores como Brad Feld que dentre seus princípios diz que leva 20 anos para montar um ecosistema saudável de empreendedorismo.

“eu senti uima necessidade enorme de me expressar” (Pedro Sorrentino)

”o Brad Feld” ...”diz que para criar um ecosistema saudável de empreededorismo demora uns 20 anos o meu comprometimento com o empreendedorismo ”...”tem 20 anos de duração entendeu?” (Pedro Sorrentino)

Já o Flavio Pripas do BR New Tech, teve como influência e motivação para criação do evento a necessidade de fazer networking a partir daí buscou conhecer eventos nos Estados Unidos e resolveu criar uma versão própria aqui no Brasil.

“na época não tinham eventos de empreendedorismo”...“em 2008, 2009”...”tínhamos que começar a construir nossa rede de relacionamento nesse mundo ”...”eu fui”...”no primeiro Tech Mission que foi feito”...”quando voltamos em outubro de 2010 pensamos em trazer algo para o Brasil ” (Flavio Pripas)

Os benefícios oferecidos por esses eventos , aos empreendedores, segundo os entrevistados são: espaço para networking ; possibilidade de conhecer outros empreendedores ; compartilhar desafios, experiências , frustrações e conhecimento ; conhecer parceiros de negócio ; investidores ; reunir pessoas mais experientes com pessoas menos experientes ; possibilidade de ter ideias criticadas, receber feedbacks ; indicação para revistas sobre empreendedorismo.

”o ideias na laje ele quer promover a aplicação das ideias na prática , aplicação dos conceitos na prática, que as pessoas tem, entendeu? E ajudar eles..” (Leonardo Pallotta)

“juntar uma parte do mercado de gente que”...”é fascinada pelo tema mas nunca abriu sua própria empresa”...”pessoas que procuram sócios”...”reunir com um pessoal mais maduro do mercado , que já teve algum sucesso” (Pedro Sorrentino)

“Conhecer outros empreendedores , é.. compartilhar .. desafios, compartilhar frustrações”...” é um ambiente onde pode achar um parceiro de negócio e é um evento onde pode achar um investidor ” (Flavio Pripas)

Quanto a retorno percebido aos idealizadores, para a empresa Zebra de Luxe, empresa a qual Leonardo Pallotta é sócio, são as oportunidades geradas de conseguir parceiros de negócios ; conseguir clientes ; fazer contatos . Para o Pedro Sorrentino o reconhecimento como um dos principais líderes da nova geração de empreendedores , além de desenvolver o networking . Flavio Pripas fundador da Fashion.me que conseguiu expandir sua rede tendo atualmente acesso a qualquer pessoa necessária para gerar oportunidad es e solucionar problemas de sua empresa.

“Clientes e parceiros , separa nesses dois, clientes e potenciais clientes, prospects, sim é um caminho também” (Leonardo Pallotta)

“...um bom resultado é que acaba sendo considerado um dos líderes dessa nova geração empreendedora dentro do mercado e.. é... isso é bom”...”e tento ser uma ponte entre o que acontece aqui e levar isso para o Brasil de uma maneira melhor possível”...”contatos e networking na verdade é uma questão de você ser capaz de prover valor para a pessoa que ta do outro lado ali“ (Pedro Sorrentino)

“eu sou uma pessoa que conheço muita gente no mercado e muita gente me conhece por causa do evento , eu acabo tendo acesso se preciso de algo para a empresa muito fácil” (Flavio Pripas)

Page 15: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

15

Já na análise dos apoiadores acadêmicos quanto a motivação e Influência para início das iniciativas de apoio . Segundo o entrevistado Tales Andreassi conforme foi desenvolvendo o tema empreendedorismo na FGV as iniciativas foram sendo criadas. Para José Balian a motivação da criação da incubadora da ESPM foi a de fomentar a criação de novos negócios , tendo como influências para moldar o formato da incubadora outros projetos que participou como incubadora FIESP.

“e daí a gente começou a... montar as disciplinas, depois montramos o centro de empreendedorismo né .. é... hoje tem disciplinas de empreendedorismo em todos os cursos da escola, naquela época não.” (Tales Andreassi)

“sempre trabalhei ligado a FIESP em projetos de incubadoras de lá então já tenho know-how dali, a ideia é aproveitar essa metodologia”...”Temos vários encontros, várias semanas de empreendedorismo...”...”do núcleo de empreendedorismo”...“nós aqui seriamos mais a parte prática ” (Jose Balian)

No centro de empreendedorismo e novos negócios da FGV, o objetivo é o de trazer palestrantes , apresentar contatos aos empreendedores, assim como também investidores e contatos para coaching . Na incubadora da ESPM os benefícios oferecidos são o de consultoria e aconselhamento na transformação da ideia do aluno em um negócio, com estudos de viabilidade, auxílio nas questões burocráticas, aconselhamento na captação de recursos financeiros com investidores externos e apoio na gestão da empresa montada em seu primeiro ano e meio de vida.

“a gente tem o centro de empreendedorismo onde eles podem assistir uma série de palestras sobre o tema”...”damos algumas ferramentas , isso conseguimos fazer aqui, apresentamos contatos para as pessoas isso a gente consegue fazer” (Tales Andreassi)

“O aluno ou ex-aluno pode vir com a ideia e a gente ajuda a transformar em um projeto depois em um PN e ai nós vemos a viabilidade ” (Jose Balian)

Para Tales Andreassi da FGV o retorno percebido ao realizar essas iniciativas é o sentimento de satisfação ao ver alunos empreendendo e no caso do programa das mil mulheres de ver a transformação pela qual suas vidas passam. José Balian por já ter sido empreendedor diz ser natural ter essa vontad e de ajudar.

“Eu acho que o retorno maio r é é.. quando o aluno depois de um tempo nos procura e fala ‘olha eu empreendi foi uma ideia que começou no curso’..” (Tales Andreassi)

“Isso vem de fato de vc sempre de formado, recém formando tentando empreender, empreendendo, é algo que surge natural né. “ (Jose Balian)

História contada em ordem cronológica

De acordo com Barry e Elmes (1997), uma técnica que pode ser usada é a de ordenar a narrativa de acordo com enredos familiares, muitas das narrativas estratégicas são uma variação simplificada da Jornada do Herói. Portanto para analisar o enredo da história da construção do papel do empreendedor digital no Brasil será tomada como base as histórias contadas nas entrevistas, construindo um texto polifônico, que de acordo com Alves e Blikstein (2006) é composto por diversas vozes sem que haja a predominância de uma dessas, fazendo o uso de alguns dos elementos da Jornada do Herói de Campbell (2004), baseando a estrutura da história do empreendedor digital no brasil de acordo com o que é proposto pelo autor.

Também foi utilizado o conceito de arquétipos, o uso de arquétipos funciona como um esquema de metáforas utilizado para explicar e conceituar narrativas, segundo Boje (2008) os arquétipos tem uma relação metafórica ou simbólica com o mundo, Barry e Elmes (1997) utilizaram de personagens mitológicos para tipificar empresas, os arquétipos podem ser usados para descrever personagens clássicos, situações ou locais, considerando para essa pesquisa os seguintes arquétipos:

Page 16: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

16

● O Herói , para o empreendedor por ser o indivíduo que enfrenta diversos desafios e busca se aprimorar para criar negócios inovadores;

● O Sábio , pessoa normalmente mais velha e rica em experiência, que compartilha sua sabedoria com a geração mais jovem, um exemplo clássico seria o personagem Gandalf de “O Senhor dos Aneis” Kostera (2012), o arquétipo do Sábio será considerado para os professores, empreendedores mais experientes ou mentores;

● A Taverna , a casa onde se vendem bebidas e comidas, funcionando também como ponto de encontro, em algumas ocorriam festejos, jogos e demais passatempos (JOHNSTON, 2011). Considerada para os eventos e núcleos de empreendedorismo, por esses serem justamente pontos de encontro que oferecem conteúdo sobre o tema e oportunidades para encontrar outros empreendedores (Herói ) ou mentores (Sábio) ;

● A Jornada do Herói , como arquétipo situacional da narrativa dos empreendedores. Estruturas de narrativas em arquétipo são aplicadas para entender um novo conhecimento ou história (KONING, A. e DODD, S. D., 2010)

O Chamado da Aventura: o heroi recebe alguma inform ação que funciona como um chamado para o desconhecido.

O empreendedor digital inicia sua jornada quando é apresentado ao tema do empreendedorismo, seja através da faculdade, experiências no trabalho, ou até mesmo através de membros da família. Vislumbra uma oportunidade de negócio, através de alguns meios como, por exemplo, o fato de estar insatisfeito com um produto ou serviço já existente, ou até quando encontra algum problema para o qual ainda não existem soluções, pensando então na ideia de uma solução melhor do que as existentes ou em uma nova solução que ainda não existia. Pode ainda ser chamado como sócio para compor uma equipe empreendedora por ter um conhecimento específico em negócios de internet, ou habilidades técnicas, desenvolvidas em outros trabalhos que já realizou. Perceber oportunidade através de vivência acadêmica em núcleos de empreendedorismo ou realização de trabalhos acadêmicos. Ou até mesmo por já estar familiarizado com o tema e já ter vontade de empreender buscar insights para desenvolver modelos viáveis de um novo negócio sendo. A oportunidade normalmente também pode surgir ao observar nichos de mercado ainda mal explorados, um segmento em expansão no qual há espaço para novos entrantes, uma ideia inovadora ainda não executada, ou a combinação de dois ou mais desses elementos. Cabe ainda citar que pode existir o heroi intencional e o não intencional, sendo o intencional aquele que já está familiarizado com o tema e tem algumas informações sobre como empreender, faltando então ir atrás de alguma ideia de negócio e o não intencional sendo aquele que por alguma circunstância da vida enxergou uma oportunidade de negócio e resolveu ir atrás de informações sobre como empreender.

A recusa do chamado: Frequentemente o heroi recusa o chamado na primeira vez.

A apresentação do tema e as situações em que ocorrem a identificação de oportunidade de negócio, ou até mesmo ser chamado para compor uma equipe empreendedora, pode não ser o suficiente para fazer com que o heroi continue a se interessar para dar continuidade a jornada. Pois alguns problemas comuns acontecem entre o chamado da aventura e o encontro com o mentor ou ajuda sobrenatural, dentre os quais estão:

Momento de carreira, o empreendedor (Heroi ) pode estar bem colocado na empresa em que já atua, tendo mais a perder caso o novo negócio não dê certo. Por vezes antes de estar bem estabelecido com seu negócio o empreendedor acaba tendo que tocar seu novo empreendimento em paralelo com o seu emprego atual o que torna mais provável uma possível recusa a dar continuidade em sua aventura.

Pode já ter constituído uma família, tendo obrigações e compromissos tanto financeiros quanto de tempo, pontos que podem fazê-lo ter de repensar bem sobre os riscos envolvidos ao aceitar o chamado.

Ainda pode acontecer de o empreendedor não acreditar ser dotado das características comportamentais e de conhecimento, para obter êxito ao aceitar a aventura.

Page 17: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

17

Encontro com o mentor ou ajuda sobrenatural: O ment or ou situação que guiará o heroi irá lhe fornecer um ou mais ferramentas para ajudar na jorn ada.

Algumas influências e incentivos podem ajudar o heroi a decidir continuar no caminho, como professores de faculdade (o Sábio ), escritores sobre o tema (o Sábio ), colegas que já empreendem, empreendedores mais experientes (o Sábio ) ou por adquirir expertises no trabalho quando já está atua no ramo de empresas de empresas digitais. Através dessas ou de outras fontes também é possível começar a descobrir os caminhos de como conseguir o que lhe faltava para seguir em frente, seja recursos financeiros, experiências, conhecimentos necessários, parceiros e sócios.

Cruzamento do primeiro portal: Nesse ponto o heroi começa a ter os primeiros contato com a aventura, com o desconhecido.

Ao aceitar o desafio de empreender o heroi busca desenvolver sua oportunidade identificada no chamado da aventura, ou até começa a modificar a ideia inicial nesse passo por começar a realização de algumas pesquisas de mercado para reunir informações sobre o ambiente desconhecido, que servirão para a modelagem do negócio, esse processo por gerar novos insights acaba podendo gerar essas alterações na ideia pensada no início. A pesquisa pode ser dificultada, se caso o negócio for inédito, por exemplo, não há base para comparação tornando o cenário a se avaliado ainda mais sombrio e desconhecido que os demais.

Para negócios inovadores que enfrentam ambientes de incerteza, principalmente quando são novos produtos para novos mercados, considerados de acordo com Sarasvathy (2001) o quadrante do suicídio, há o modelo da lógica effectuation. Segundo a autora todo empreendedor começa com três categorias de atributos: quem eles são, seus traços, gostos e habilidades; o que eles sabem, sua educação, treino, expertise e experiência; e, quem eles conhecem, sua rede social e profissional de contatos. O empreendedor faz uso dessas três categorias de atributos para implementar os possíveis efeitos que tornam-se possíveis com as tais, começam normalmente com pequenas iniciativas empreendedoras e movem quase que diretamente para a ação sem elaborar um planejamento. Nessa lógica de raciocínio o empreendedor aprende fazendo através da tentativa e erro, o negócio é modelado de acordo com os resultados e feedbacks obtidos enquanto o empreendimento roda sem depender de pesquisas de mercado, agindo com base em sua intuição, tendo como objetivo desenvolver suas ideias de acordo com os resultados que emergem no gerenciamento do novo empreendimento. Ao contrário da lógica causal que defende o planejamento antes da execução, a lógica effectuation é puramente baseada na execução. Para ilustrar o conceito, é válido citar um caso do Buscapé uma empresa digital brasileira que foi estudada por Tasic (2007), no estudo foi notado o uso da lógica effectuation pelos empreendedores nas fases iniciais do negócio.

Vale citar aqui também o processo de customer development. “Ao contrário do processo de desenvolvimento de produto, encontrar o cliente, usuários ou mercado correto é algo imprevisível e nós vamos falhar diversas vezes antes de conseguir encontrá-los” (BLANK, p. 17 2006).

A barriga da baleia: Representa a separação final d o heroi com seu mundo comum anterior, nesse ponto o personagem apresenta disposição para evoluir.

Nessa fase o empreendedor já está nas primeiras versões de seu plano ou modelo de negócio, ou até mesmo já está entre as primeiras versões de sua empresa, mas se encontra precisando de mais conteúdo e informações para se aprimorar, contatos e as vezes até mesmo sócios, membros de equipe, podendo ter dificuldades nesses pontos, seguindo os caminhos apontados na fase de encontro com o mentor continua a busca, começando a frequentar, por exemplo, eventos de empreendedorismo digital (a Taverna ), buscando oportunidades de ampliar seu conhecimento, apresentar seu negócio para outros empreendedores para obter feedbacks, fazer contatos e ter inspirações, infiltrando-se mais nesse mundo.

Esse ponto da jornada está de acordo com o sugerido por Xu (2008), sobre a influencia dos contatos e relacionamentos na base interna e externa de conhecimento do empreendedor, além de possibilitar o fornecimento de recursos, influenciando nos processos de inovação. “A maior parte do conhecimento reside fora das organizações” (ANAND; GLICK, p. 15, 2002). Remetendo também ao conceito da força dos laços fracos de Granovetter (1973), de trazer novas informações ideias e recursos para a rede. Os principais eventos de empreendedorismo digital (a Taverna ) tem o papel de intermediários, ou broker. O broker, de acordo com Burt (1992) tira proveito dos buracos estruturais

Page 18: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

18

conseguindo benefícios de informação e controle, os eventos de empreendedorismo concentram em um ponto da rede o acesso a informação sobre empreendimentos digitais e os principais contatos que possam ajudar os empreendedores, conferindo-lhes uma posição de controle e atraindo os empreendedores que buscam conhecimento e recursos para empreender. Um dos benefícios de informação do broker é o poder de referência, eventos em que o empreendedor tem espaço para apresentar seu negócio por meio de pitchs o colocam em evidência, sendo esse então referenciado aos demais participantes do evento. Com relação ao Capital Social os eventos (a Taverna ) ainda podem atuar na dimensão cognitiva, de acordo com Nahapiet e Ghoshal (1998), relacionada aos movimentos de criação de sentido compartilhados, que sofrem influências dos relacionamentos, de acordo com valores culturais, ideologias, atitudes e crenças das pessoas ou organizações envolvidas. Pois uma das intenções de alguns dos principais eventos é promover a cultura do networking e compartilhamento.

Como já citado anteriormente, para a Teoria Ator-Rede, não se reduz uma rede de atores a um único ator nem a uma rede, considera-se como uma entidade heterogênea de elementos animados e inanimados (MORAES, 2004). Portanto o evento de empreendedorismo digital (a Taverna ) é considerado como um ator, o termo Ator origina-se de actante, que segundo Greimas (1979) citado por Callon (1986) pode ser um sujeito ou objeto que envia e recebe.

Para Tonelli et. al. (2011) parte dos elementos que envolvem a complexidade da “fabricação” de empreendedores por meio da reunião de atores heterogêneos em torno de uma rede comum, constituída de artefatos tecnológicos, interesses políticos, instrumentos técnicos, tempo, lugar, ideologias, etc. Na perspectiva da TAR, todas as entidades são híbridas, possuindo ao mesmo tempo subjetividade e objetividade.

Estrada de provações: Uma série de testes e tarefas que o heroi tem que passar para começar sua evolução e transformação.

Tendo já lançado a empresa para o mercado ainda que em versão beta, o empreendedor digital agora busca a validação de seu negócio para conquistar uma boa base de clientes e/ou investimento para alavancar, quando busca encontrar clientes e mercados, algumas vezes seguindo o processo de customer development de descoberta, validação e criação de clientes sua empresa, sendo muitas vezes obrigado a rever seu modelo de negócios para adequar a aceitação do mercado (BLANK, 2006). Passando também por diversas provações ao participar de concursos de startups para conseguir recursos financeiros, ou fazendo melhorias na empresa com base em feedbacks dos clientes para melhorar a aceitação de mercado.

O heroi enfrenta aqui também problemas de ordem burocrática, na confirmação de dados disponibilizados aos potenciais investidores, para aumentar a segurança aos potenciais investidores que pretendem colocar recursos financeiros na empresa. Nessa fase também é possível ter problemas com registros de propriedade intelectual e patentes.

Outro problema que pode acontecer é a desistência de um dos sócios, por questões pessoais, ou dificuldades de conciliar com o trabalho atual, família, podendo esse no caso ser um desenvolvedor da plataforma, esse problema pode ser grave especialmente no cenário brasileiro que é um dos mais carentes em bons profissionais dessa área.

A Recompensa: Depois de enfrentar a morte, se sobre põe ao seu medo recebendo uma recompensa

Ao ser bem sucedido nas provações a empresa pode crescer por conta de uma boa aceitação de mercado e se for de opção do empreendedor também receber investimento para alavancar o crescimento de sua startup.

A Grande Conquista: Atingimento do objetivo da mis são.

Quando uma startup com bom potencial de crescimento ganha olhos do mercado, pode receber maiores aportes de investimento ou ter parte adquirida por outras empresas de grande porte que buscam novos negócios que gerem sinergia com o portfólio atual, nesse ponto o negócio criado pelo empreendedor ganha maiores proporções e possibilidades de crescimento.

Page 19: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

19

Regresso com o elixir: O heroi volta para casa com o “elixir”, e o usa para ajudar todos no mundo comum.

Quando o empreendedor já está com certa experiência, torna-se o Sábio e busca maneiras de retornar isso aos que estão iniciando a jornada, criando eventos ou iniciativas para fomentar o empreendedorismo contribuindo para o desenvolvimento e aprimoramento do ambiente de negócio no qual está inserido, o que ao mesmo tempo o ajuda na construção de sua rede, podendo dar continuidade na evolução de seus negócios e atividade empreendedora.

De acordo com Powell (1990), é possível observar forte interdependência de recursos controlados pelos envolvidos em uma rede, portanto os participantes acabam por deixar de ir somente atrás de seus próprios interesses em favor dos demais envolvidos. Gulati (2000) e Gnywali e Madhavan (2001) consideram os relacionamentos de uma empresa como ativos únicos e inimitáveis, quando uma organização te relações que as permitem ocupar um lugar mais central nas redes estratégicas, estão entre as que aproveitam retornos superiores por ter acesso a melhores informações e oportunidades do que outras que tem uma característica mais periférica.

5 - Envolver-se os participantes na pesquisa, negoc iando o sentido das histórias, adicionando uma validação para a análise.

Para ajudar a entender a validação da narrativa construída para a análise, de acordo com as histórias contadas pelos participantes será utilizado o conceito de retrospective sensemaking (criação de sentido), que segundo Weick et. al. (2005) é o desenvolvimento retrospectivo de imagens que justificam as ações atuais dos indivíduos. Weick (1988) propõe que o enactment é um processo social, com o qual registros materiais e simbólicos da ação acontecem colocando a cognição no caminho da ação, em que a “ação precede a cognição e foca a cognição” (WEICK, K. E. 1988, p. 307). Duas etapas compõe o enactment: a primeira é a leitura do ambiente e a segunda a criação. Portanto ao se adaptar ao ambiente a organização o influencia e o transforma ao mesmo tempo.

Ao contar sua história empreendedora, cada participante o fez ciente que participava de uma pesquisa, criando assim sua história de acordo como gostaria que ela fosse enxergada, baseando em imagens retrospectivas de sua trajetória, pois “pode-se entender a narrativa como o discurso que trata das ações que ocorreram no passado” (ALVES; BLIKSTEIN, p. 406). O fato de ter um pesquisador perguntando e registrando as respostas em uma entrevista pode então alterar a história contada pelos participantes.

Essa interação remete aos conceitos de reflexividade, que segundo Marchiori e Ribeiro (2009), pode ser entendida como um processo que habilita o indivíduo refletir sobre o que foi dito, feito ou projetado, avaliando a si mesmo e também as demais influências envolvidas no contexto de realização do processo. No quinto passo descrito por Creswell (2006), ambas as partes aprendem e mudam no encontro. Marchiori e Ribeiro (2009) sugerem que a prática reflexiva deve relacionar-se com os grupos, apoiar-se sobre informações. Crewswell (2006) ainda descreve que o sentido das histórias deve ser negociado adicionando uma validação para análise, com relação a esse ponto um e-mail foi enviado para os entrevistados para qu e pudessem colocar sua opinião sobre a primeira versão da narrativa construída, os feedbacks apontados recomendaram: indicar “o chamado da aventura” como a identificação de oportunidade de negócio; adicionar na “recusa ao chamado” problemas que surgem em decorrência a momento de carreira, família ou falta de capacitação; no “cruzamento do primeiro portal sobre a lógica effectuation, de aprender fazendo; na “estrada de provações” adicionar dificuldades com propriedade intelectual, patentes, fornecimento de informações seguras para diminuir o risco de investidores, além de possíveis desistências de sócios e os passos do customer development para achar o modelo de negócio ideal para o mercado; no “regresso com o elixir” questões relacionadas ao desenvolvimento e ambiente de negócio que a empresa está envolvida; os demais não deram sugestões mas concordaram total ou parcialmente com o conteúdo da narrativa construída.

Nesse ponto, também, a história dos participantes podem se entrelaçar com uma possível história do pesquisador.O pesquisador principal do presente trabalho apresenta pontos em comum com as histórias de alguns dos entrevistados. Foi apresentado ao empreendedorismo digital graças a um projeto de base curricular de seu curso de graduação, decidindo finalmente empreender por incentivo de professores (o Sábio ) e graças ao próprio processo do projeto do curso que ajudou a validar sua ideia como viável para colocar no mercado. Além de desenvolver o início de seu pensamento

Page 20: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

20

empreendedor no curso de graduação em Administração de Empresas e também em eventos como o Ideias na Laje (a Taverna ), além da leitura de blogs e livros sobre o tema. Ajudou a criar e organizar eventos de empreendedorismo em sua faculdade nos quais convidou para palestrar três dos entrevistados para a pesquisa: Diego Reeberg, Leonardo Pallotta e Pedro Sorrentino, sendo este o início da formação de sua rede de empreendores. Chegou a abrir um comércio eletrônico que era inicialmente um trabalho de faculdade, encerrando as atividades dessa empresa por decidir, naquele momento, focar suas forças na faculdade e no estágio profissional em uma grande multinacional (a recusa do Chamado ).

Ter vivido alguns pontos da trajetória empreendedora, tornou maior o interesse pelo tema o que acabou direcionando a escolha por esse assunto para pesquisa, além de facilitar a análise das histórias contadas pelo fato de existir uma afinidade com alguns dos pontos da narrativa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procurou-se entender com esse trabalho as influências que as redes interorganizacionais exercem na construção do papel do empreendedor. Para atingir o objetivo geral proposto, foi definido o que é o empreendedorismo e empreendedorismo digital, o que são as redes interorganizacionais, redes e empreendedorismo e, por fim, pesquisado como os empreendedores digitais se relacionam nas redes interorganizacionais no Brasil.

O uso do Snowball, técnica de definição de amostragem, de Bernard (2006), contribuiu para a construção de uma rede de informantes sobre o fenômeno estudado, do ponto de vista do empreendedor que recebe as influências e dos apoiadores ou instituições que agem de acordo com seus propósitos e intenções. A analise de conteúdo contribuiu para fortalecer a análise narrativa proposta por Creswell (2006), fornecendo uma base para montar os elementos de tempo, lugar, contexto e enredo da narrativa. O uso de arquétipos para personagens (o Sábio e o Herói), locais (a Taverna) e situacionais (a Jornada do Heroi), no caso do último aplicado para reorganizar a narrativa em uma estrutura cronológica com um enredo familiar, utilizando alguns dos elementos da jornada do heroi de Campbell (2004), contribuiram para um melhor entendimento e análise das histórias dos empreendedores. Nessa estrutura as histórias tornaram-se uma só formando formando, de acordo com Alves e Blikstein (2006), um texto polifônico. Esse processo apresentou-se bem adequado ao que foi proposto por esse trabalho, fornecendo um material valioso, que juntamente com o referencial teórico resultou em uma rica análise sobre o tema pesquisado.

O entendimento desses conceitos e técnicas foi fundamental, tornando possível a análise das situações e o ambiente em que se cria o sentido sobre as influências emitidas e recebidas pelos atores das redes empreendedoras, além de como isso afeta na construção do papel do empreendedor digital no Brasil.

Através do enfoque metodológico da Teoria Ator-Rede, foi possível interpretar os atores como entidades indissociáveis, gerando maior valor para uma análise de influências emitidas e recebidas no ambiente empreendedor no Brasil, que é composto por indivíduos, intenções, organizações, tecnologias e ideologias.

Aproveitando ainda a estrutura colocada na análise narrativa, é possível notar que no chamado da aventura , no qual o empreendedor digital identifica uma oportunidade de negócio através do meio acadêmico, ou por meio de vivências no trabalho, em outros casos através da insatisfação com um serviço ou produto. Tais características foram também apontadas por Hisrich et. al. (2009) ao citar a fase de identificação de oportunidade no processo empreendedor.

No cruzamento do primeiro portal , passo em que se inicia a busca por informações de mercado e desenvolvimento do modelo de negócios, percebe-se a maioria não defende como obrigatório o uso do plano de negócios como algo fundamental para a prática empreendedora, sendo o motivo de uso das ferramentas de planejamento e modelagem de negócios na maioria das vezes por pura normatização de concursos e como requisito para apresentar a ideia para investidores, em outros casos até mesmo usadas já por ser costume de natureza profissional do trabalho anterior do empreendedor ou por influências do conteúdo de cursos de graduação e pós-graduação. Os casos em que o empreendedor segue a normatização de concursos, aproximam-se do conceito abordado por Nahapiet e Ghoshal (1998) de capital social relacional. A maioria dos empreendedores entrevistados tem uma tendência maior para a lógica de raciocínio effectuation, dando preferência

Page 21: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

21

maior ao aprendizado através da prática e execução, que de acordo com Sarasvathy (2001) é a base do effectuation. Ainda vale citar que, quando usadas, as ferramentas de planejamento mais adotadas seja o seu processo ou filosofia são as que são mais baseadas em execução, ou que ajudam a enxergar o modelo de negócios com mais clareza de forma mais rápida, como o lean startup do Eric Ries, baseada na transformação de ideias em produtos, testes, mensuração de resultados, aprendizado e correção constantes Ries (2011), outra ferramenta seria o Business Model Canvas, que é simples para usar quando se precisa visualizar o modelo inicialmente e pensar nas necessidades do negócio Osterwalder e Pigneur (2011). As influências dos empreendedores para começar a usar essas metodologias foram através de livros sobre o tema, de autores como Guy Kawasaki; blogs e mentores.

Avaliando sob a ótica da TAR, os eventos de empreendedorismo digital (a Taverna ), mais presentes na história na fase da Barriga da Baleia tem um papel fundamental no cenário empreendedor do país, podendo apoiar em uma ou mais fases da história do empreendedor (o Heroi ), na construção de seu papel. Esses eventos oferecem oportunidades para fazer contatos; compartilhar experiências e desafios; receber feedbacks sobre o modelo de negócios, além da possibilidade de apresentar sua ideia nesses eventos, podendo assim aproveitar os benefícios de referência, o que coloca o empreendedor em evidência e o ajuda a fazer networking se sua ideia for boa. Os eventos ainda atuam na dimensão cognitiva do capital social, que diz respeito de acordo com Nahapiet e Ghoshal (1998) a criação de sentido compartilhado, algo importante a citar nesse ponto é que esses locais contribuem para disseminar uma cultura de compartilhamento no ambiente empreendedor brasileiro, pois segundo os entrevistados Pedro Sorrentino e Flavio Pripas , no Brasil o modo de se fazer networking é diferente dos EUA, pelo fado do brasileiro ter receio em compartilhar, “uma das grandes vantagens que tem nos EUA é que aqui as pessoas confiam em você até que você prove ao contrário e no Brasil é exatamente o contrário você tem que provar quem você é para as pessoas confiarem em você” (Pedro Sorrentino), “É isso daí mesmo, é total, nos EUA começa um relacionamento de confiança e se você quebrar você nunca mais tem nada, aqui até as pessoas terem confiança no que você faz demora bastante tempo”.

Na fase do Regresso com o Elixir , quando o empreendedor já está melhor estabelecido e experiente, busca criar eventos ou iniciativas para fomentar o empreendedorismo, segundo Powell (1990), existe forte interdependência de recursos controlados pelos envolvidos em uma rede, o que leva os participantes a deixar de ir apenas atrás de seus interesses em favor dos demais envolvidos. Isso além de ajudar os empreendedores iniciantes, também contribui para o aprimoramento do ambiente em que o empreendedor experiente está inserido, pois os relacionamentos de uma empresa são ativos únicos e inimitáveis segundo Gnywali e Madhavan (2001), quando as relações de uma empresa a colocam em um lugar mais central nas redes os retornos são maiores, por haver um melhor acesso a informações e oportunidades. “eu sou uma pessoa que conheço muita gente no mercado e muita gente me conhece por causa do evento, eu acabo tendo acesso se preciso de algo para a empresa muito fácil por causa do evento, por causa que conheço muita gente, então se preciso de acesso a qualquer lugar, eu consigo através da minha rede de relacionamentos” (Flavio Pripas)

Nesse estudo feito sobre redes e empreendedorismo digital no Brasil, foi possível perceber que as redes inteorganizacionais oferecem diversas oportunidades para o empreendedor. Quando um indivíduo que busca empreender e é dotado de conhecimento técnico pode ser chamado para compor equipes empreendedoras; o conhecimento e informações sobre empreendedorismo quando se inicia o interesse pelo assunto além de estar disponível em blogs e sobre o assunto está cada vez mais disponível em núcleos de empreendedorismo acadêmicos, eventos que promovem o networking e a cultura do compartilhamento e, de acordo com Liñan e Santos (2007), através do capital social cognitivo influenciando nas intenções empreendedoras dos que estão começando.

Em estágios um pouco mais avançados como a fase de planejamento, ou busca de recursos (humanos, financeiros, tecnológicos) o acesso as redes permite a possibilidade de conseguir mentoring, recrutar membros para a equipe, conseguir parceiros, aprimorar o conhecimento sobre o mercado, receber indicações de pessoas chave para o negócio e conhecer investidores.

Já para os empreendedores estabelecidos, identificou-se que contribuir para o desenvolvimento do ambiente empreendedor é fundamental, com a finalidade de obter posições mais centrais nas redes e obter retornos superiores.

Page 22: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

22

Com relação as instituições acadêmicas, observa-se a importância de criar ambientes empreendedores para os alunos, visto que 7 dos 12 empreendedores entrevistaram tiveram alguma influência da época de graduação, para começar a empreender, seja por observação de outros colegas que já empreenderam ou por ser chamado para trabalhar durante um período na empresa de colegas de curso e também através de trabalhos da própria base curricular do curso.

Implicações Gerenciais

Para os empreendedores e os interessados em empreender esse trabalho contribui ao gerar um entendimento a cerca do desenvolvimento de uma boa rede de contatos, como ponto fundamental para o sucesso. A jornada do empreendedor não é fácil, é uma jornada de vida composta de diversas dificuldades e construir um networking, mostra-se, desde o início da jornada como um importante preparo para as demais etapas, como a de abertura da empresa, estabilização de mercado e até mesmo para buscar maiores retornos e liderança de mercado.

Implicações acadêmicas

O uso do Snowball de Bernard (2006), foi fundamental para construir a rede de empreendedores a ser estudada e se mostrou eficiente pois em alguns casos nos quais não havia nenhuma ligação do pesquisador com o participante potencial houve resistência e em alguns casos nem resposta do indivíduo com relação a possibilidade de participar da pesquisa. Já ter participado e de alguns eventos de empreendedorismo além de também ter realizado, já contribuiu para que o pesquisador tivesse alguns pontos da rede conhecidos, mesmo que como laços fracos.

Segundo Sarasvathy (2001) o empreendedor começa com três categorias de atributos: quem eles são traços, gostos e habilidades; o que eles sabem, sua educação, treino, expertise e experiência; e, quem eles conhecem , sua rede social e profissional de contatos. Essa pesquisa sobre rede de empreendedores digitais focou mais em quem o empreendedor conhece e o ambiente pelo qual vive. Sugere-se para pesquisas futuras, uma exploração maior dos outros pontos como quem eles são , traços, gostos e habilidades e, o que eles sabem , educação, treino, expertise e experiência. Outro ponto a ser abordado é a intensidade dos laços dessas redes através de análise quantitativa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AHUJA, Gautam. Collaboration Networks, Scructural Holes and Innovation: A Longitudinal Study. Administrative Science Quarterly vol. 45. P. 425-455. Set. 2000. ALVES, M. A.; BLIKSTEIN, Izidoro. Análise de Narrativas. In: Godoi, Christina Kleinübig; Bandeira-De-Melo, Rodrigo; Silva. Anielson B. (Org.). Pesquisa Qualitativa em Estudos Organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos . P. 403-428. São Paulo: Editora Saraiva, 2006. ANAND, Vikas; GLICK, William H. Capital Social - Explorando a Rede de Relações da Empresa. (traduzido por PAES, Silvia) RAE, p. 57-73, OUT/NOV/DEZ/2002 ARMOND, Álvaro e NASSIF, Maria J. N. A Liderança como Elemento do Comportamento Empreendedor: Um estudo. RAM - Revista de Administração Mackenzie, v. 10, n. 5, pp. 77-106, 2009. ÁVILA, Mário L. de A. Alção pública territorializada de desenvolvimento rural: O caso do território das águas emendadas. Tese de doutorado, Centro de Desenvolvimento Sustentável UNB , 2011. BARROS, Diana L. P. de. Teoria do discurso – fundamentos semióticos. 3 ed. São Paulo: Humanistas /FLLCH/USP, 2001. BARRY, David; ELMES, Michael. Strategy Retold: Twoard a Narrative View of Strategic Discourse. AMR. Vol. 22, nº 2, pp. 429-452, apr. 1997. BERNARD, Hussel. Research methods in anthropology: Qualitative and quantitative approaches. Altamira: Press, p. 147-149. 2011 BLANK, Steve. The Four Steps to the epiphany: Successful Strategi es for Products that Win . Cafepres.com: 2006. BOJE, David M. Storytelling Organizations . Sage Publications: 2008 BORGES, Cândido. Como o Capital Social do Empreendedor Pode Influenc iar o Processo de Criação de uma empresa Tecnológica? Santiago de Cali: Universidade Icesi, 2009. BURT, Ronald S. Structural Holes: The Social Structure of Competiti on . Harvard University Press: 1992 BURT, Ronald S. Stuctural Holes and Good Ideas. American Journal of Sociology vol. 110 number 2. P. 349-399. 2004.

Page 23: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

23

CALLON, Michel. Some Elements of a Sociology of Translation: domestication of the scallops and the fishermen of St Brieuc Bay. In: Power, action and belief: a new sociology of knowle dge? London, Routledge, pp. 196-223, 1986. ______________. Filosofia da Rede. In: PARENTE, André et. al. Tramas da Rede. Porto Alegre: Editora Sulina, 2004. CAMPBELL, Joseph. The Hero of a Thousand Faces . Princeton University Press: 2004 CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede . São Paulo: Paz e Terra, 1999 CASTILLA, E. J. ; HWANG, H.; GRANOVETTER, E.; GRANOVETTER, M. Social Networks in Silicon Valley. In: LEE, C-M; MILLER, W. F.; HANCOK, M.G. e ROWEN, H. S. The Silicon Valley Edge . Stanford: Stanford University Press, 2000. CICOUREL, A. V. Cognitive-sociology . Harmondsworth, England: Penguin Bools, 1974. CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Artmed: 2010 __________________. Qualitative Inquiry and Research Design: Choosing Among Five Approaches. Sage Publications: 2006 CUNNINGHAM, J. Barton e LISCHERON, Joe. Defning Entrepreneurship. Journal of Smal Business Management, v. 4, n. 5 pp. 45-61, 1991. DAVIDSON, Elizabeth e VAAST, Emanuelle. Digital Entrepreneurship and its Sociomaterial Enactment. Proceedings of the 43rd Annual Hawaii International Conference on Information Systems and Science (HICSS) , Koloa, Hawaii, HI, January 5-8, 2010. DEPONTI, Cidonea M. Teoria do Ator-rede (ANT): Reflexões Teóricas. IV Encontro Nacional das Anppas, junho, 2008. DRUCKER, Peter. Inovação e o Espírito empreendedor : prática e princípios. 9ª reimp. da 1ª ed. de 1986. Cengage Learning: 2008. FILLION, Louis J. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de pequenos negócios. Traduzido do inglês por: Maria Letícia Galizzi e Paulo Luz Moreira, revisão por Fernando Dollabela. Revista de Administração, v. 34, n. 2, p. 05-28, 1999. FREITAS, H. e MOSCAROLA, J. Da observação à decisão: métodos de pesquisa e de análise quantitativa e qualitativa de dados. RAE-eletrônica , v. 1, n. 1, jan-jun, 2002. GARTNER, William B. “Who is an entrepreneur?” Is the Wrong Question. Entrepreneurship: Theory and Practice , v. 19, pp. 47-68, 1989. GEM - Global Entrepreneurship Monitor . Empreendedorismo no Brasil. IBQP: 2010. GEM - Global Entrepreneurship Monitor . Empreendedorismo no Brasil. IBQP: 2011. GIL FLORES, J. Aproximación interpretativa al contenido de La info rmación textual. Em Análises de datos cualitativos. Aplicaciones a La investigación educativa. pp. 65-107 Barcelona: PPU, 1994. GNYAWALI, Devi R. e MADHAVAN, Ravindranath. Cooperative Networks and Competitive Dynamics: A Structural Embeddedness Perspective. Academy of Management Review vol. 26, nº 3, p.431-445. Jul., 2001. GODOY, Schmidt A. Introdução à pesquisa qualitative e suas possibilidades. RAE. V. 35. N. 2, p. 57-63, 1995. GOMES, Rita de C. de O. Empreendedor X e-empreendedor. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM), v. 2 n. 1. Disponível em: <http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/article/view/443>. 2003 GRANOVETTER, Mark S. The Strenght of Weak Ties. American Journal of Sociology vol. 78 nº 6 p. 1360-1380, 1973. GREIMAS, A. J. Narrative Grammar: Units and Levels. MLN V. 86 N. 6, pp. 793-806, 1971. GULATI R.; NOHRIA, Nitin; ZAHEER, Akbar. Strategic Networks. Strategic Management Journal . 21: 203-215. 2000 HISRICH, Robert D.; PETERS, Michael P.; SHEPHERD, Dean A. Empreendedorismo. 7. ed Bookman: p. 27-33 2009 ISAACSON, Walter. Steve Jobs . Compania das letras: 2011 JOHNSTON, Ruth A. All Things Medieval: an encyclopedia of the medieva l world . Greenwood: 2011. KOSTERA, Monika. Organizations and Archetypes . Edwar Elgar Publishing Limited: 2012. KONNING, Alice; DODD, S. D. Tea and Understanding. In: Enter: Entrepreneurial Narrative Theory Ethnomethodology and Reflexity . Clemson University Digital Press: 2010. LATOUR, B. Ciência em Ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. Editora Unesp: 2000

Page 24: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

24

___________. A Esperança de Pandora : ensaios sobre a realidade dos estudos científicos. EDUSC: 2001 ___________. Reassembling the Social. Oxford University Press: 2005 LAW, John. Notes on the Theory of the Actor Network: Ordering, Strategy and Heterogeneity. Center for Science Studies: Lancaster University, 1992. Disponível em: <http://www.lancs.ac.uk/fass/sociology/papers/law-notes-on-ant.pdf> Acesso: 28.05. ___________. Actor Network Theory and Material Semiotics. Center for Science Studies : Lancaster University, 2007. Disponível em: <http://www.heterogeneities.net/publications/Law2007ANTandMaterialSemiotics.pdf> Acesso: 28.05 LIÑAN, Francisco e SANTOS, Francisco J. Does Social Capital Affect Entrepreneurial Intentions? International Atlantic Economic Society , v. 13, pp. 443-453, 2007 LUMPKIN, G.T., Hills, G. E., e Shrader, R. C. Opportunity recognition . In H.P. Welsch (Ed.) Entrepreneurship: The way ahead (pp. 73–90). Routledge: 2004. MARCHIORI, M.; RIBEIRO, R. Regina. Reflexividade no Discurso das Organizações: um espaço crítico de interação e diálogo. GT ABRAPCORP 4 - Estudo do Discurso, da Imagem e da Identidade Organizacionais. 2009. MIRSHAMSI, F.; KORD. B; KAMALIAN, A. R.; YAGHOOBI; N. M. Identification and Prioritization of factors Affecting Digital Entrepreneurship Development (Case Study at Mashhad City-Iran). European Journal of Social Sciences, v. 26, n. 3, pp. 370-388 2011. MORAES, M. A Ciência como rede de atores: ressonâncias filosóf icas . História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 11(2): 321-33, maio-ago, 2004. MOUSTAKAS, Clark. Phenomenological Research Methods. Sage Publications 1994. Disponível em: <http://www.inside-installations.org/OCMT/mydocs/Microsoft%20Word%20-%20Booksummary_Phenomenological_Research_Methods_SMAK_2.pdf> Acesso em: 31.05 MUSSO, Pierre. Filosofia da Rede. In: PARENTE, André et. al. Tramas da Rede. Porto Alegre: Editora Sulina, 2004. NAHAPIET, Janine e GHOSHAL, Sumantra. Social Capital, Intelectual Capital and the Organizational Advantage. Academy of Management Review, v. 23 n. 2, pp: 242-266, 1998. POWELL, Walter W. Neither Market nor Hierarchy: Network Forms of Organization. Research in Organizational Behavior. Vol. 12, p. 295-336, 1990. RAHMANI, Zeinolabedin e HOMAYENIKFAR, L. The interplay of social aspects of entrepreneurship, absortive capacity and innovation performance: a conceptual framework. International Conference on Business and Economics Research, v. 1, 2011. SARASVATHY, Sara D. What Makes Entrepreneurs Entrepreneurial?. Darden Business Publishing, University of Virginia, 2001. SCHUMPETER, J. A. Entrepreneurship as Innovation. In: Swedberg, R. Entrepreneurship: The Social Science View. p. 50-75. Oxford: Oxford University, 2000. SHANE, Scott A. A General Theory of Entrepreneurship: The Individual-Opportunity Nexus.: Edward Elgar Publishing Limited: 2003 TASIC, IGOR A. B. Estratégia e Empreendedorismo: Decisão e Criação So b Incerteza . Dissertação de mestrado, EAESP FGV, 2007. TONELLI et. al. , 2011 Empreendedorismo na Ótica da Teoria Ator-rede: explorando alternativa às perspectivas subjetivista e objetivista, Cadernos EBAPE.BR , v. 9, Edição Especial, 2011. UPHOFF, N. Understanding social capital: learning from the analysis and experience of participation. In: DASGUPTA, Partha e SERAGELDIN, Ismail. Social Capital: A Multifaceted Perspective . World Bank Publications: pp. 215-249, 2000. WEISZ, Natalia e VASSOLO, Roberto S. O Capital Social das Equipes Empreendedoras Nascentes. Traduzido por: Pedro F. Bendassoli. RAE, v. 44 n. 2 ABR/JUN/2004 WEICK, Karl. Enacted Sensemaking in Crisis Situation. Journal of Management Studies . 25:4, pp. 305-317, July, 1988. WEICK, Karl E.; SUTCLIFFE, Kathleen M; OBSTFELD, David. Organizing and the Process of Sensemaking. Organization Science . Vol. 16, nº 4, p. 409-421, Jul/Aug, 2005. XU, Y. How important are entrepreneurial social capital and knowledge structure in new venture innovation. Frontiers of Entrepreneurship Research , vol. 28, Issue 7, Chapter VII. The Entrepreneur and Networks, Article 1. Jul. 2008. YAGHOUBI, N-M.; SALEHI, M.; EFTEKHARIAN, A.; SAMIPOURGIRI, E. Identification of the effective structural factors on creating and developing digital entrepreneurship in the agricultural sector. African Journal of Agricultural Research , v. 7 n. 6, pp: 1047-1053, 2012.

Page 25: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

25

Fontes de notícias e matérias Revistas:

FEIJÓ, Bruno V. Admirável Mundo Novo. Revista Exame PME. Edição 47, pp. 26-36 março, 2012.

Links:

BETA, Ltd. Upcoming events. Disponível em: <http://betaltd.org/> acesso: 01.06.2012 E-COMMERCE, Bate Papo Sobre. Rede social focada no desenvolvimento do comércio eletrônico brasileiro . Disponível em: <http://batepapoecommerce.ning.com/> Acesso: 01.06.2012 FORBES. The World’s Most Innovative Companies. Disponível em: <http://www.forbes.com/special-features/innovative-companies-list.html> acesso: 01.06.2012 IMDB. Os Vingadores – The Avengers. Disponível em: <http://www.imdb.com/title/tt0848228/> acesso: 01.06.2012 LAJE, Ideias na. About . Disponível em: < https://www.facebook.com/ideiasnalaje/info> Acesso: 01.06.2012 NEW TECH, BR. Entrepreneur to entrepreneur and Silicon Valley Cul ture. Disponível em: <http://www.meetup.com/BRNewTech/> Acesso: 01.06.2012 SP BETA. Sobre . Disponível em: <http://spbeta.com.br/sobre> acesso: 31.05.2012

Page 26: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

26

ANEXOS:

Principais Falas dos Empreendedores nas Entrevistas

Inspirações e influências para começar a empreender:

“uma pessoa que ajudou muito foi um professor da faculdade , que incentivou. Mas é obvio precisa ter capital, precisa primeiro trabalhar numa empresa para depois montar seu negócio para ter um direcionamento“ (André Mancuzzo - Unbound)

“...no final da faculdade percebi que alguns amigos estavam abrindo startups , ainda não sabia direito o que era e como funcionava, e na verdade foi mais um momento que eu decidi seguir esse caminho e fiquei mais empenhado a estudar esse assunto, então comecei a conversar com mais pessoas da área eu passei a ler mais livros, participar de mais congressos” (André Nazareth - Meu Carrinho)

“no mestrado tive um contato maior com a questão do empreendedorismo. Fiz mestrado em administração de empresas na FGV”... “fui atrás do núcleo de empreendedorismo o meu orientador lá era diretor dessa área de empreendedorismo e ele me incentivou a fazer algo que achei que valeu muito a pena que foi o intercâmbio” …. “eu fui lá para o estado da Califórnia em Los Angeles e fiquei fazendo disciplinas de empreendedorismo do curso de MBA e lá sim tive bastante contato com toda essa efervecência do empreendedorismo” (Daniel Chu - Netfraldas)

“eai comecei a apresentar e as pessoas começaram a achar muito legal e acharam q fazia sentido fazer se tornar realidade e ai a chama do empreendedorismo foi ficando maior, então começou como uma brincadeira de trabalho de faculdade” (Alan Bueno - Geriê)

“acho que na faculdade deu um estalo a mais com os Planos de Negócios e ajudou a desenvolver mais esse espírito, que antes eram só algumas ideias, antes da faculdade já tive algumas experiências com negócios que não tive muito sucesso e depois da faculdade tive um pouco mais experiência, para tocar minhas brincadeiras ai” (William Mendes - Safe Dream)

“Começou na minha família .. a minha mãe montou uma empresa de software, passei então minha adolescência vivendo esse mundo de empreendedor.. Hoje ela não ta com a empresa mas continuei com a vontade de ter minha empresa, minha primeira experiência foi na empresa júnior da faculdade comecei como consultor fazendo projetos de marketing e... depois de 6 meses teve um processo seletivo interno para assumir a gestão, eu passei e assumi a gestão da empresa com mais duas pessoas e foi ai que começou meu gosto por tocar uma empresa.. né porque.. éramos nos 3 e tocávamos uma empresa com 50 funcionários e via toda parte jurídica financeira jurídica RH, captação de clientes...” (Roberto Kakihara - Medices)

“tive a ... circunstância de ainda na época da faculdade, conhe cer um outro pessoal que tava começando uma empresa e ai.. uma vez que tive essa experiência como empreendedor eu me apaixonei por isso e nunca mais considerei trabalhar dentro de uma grande empresa.”... “recebi um contato dessas pessoas que tinham ideia de começar u m novo negócio e precisavam de um parceiro técnico né e eu resolvi encarar ” (Jonathan Canal - Praia Games)

Page 27: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

27

“mas é... foi até pela minha proximidade com o próprio mercado digital , é.. por trabalhar na área de planejamento estratégico em agencia de comunicação, a comunicação vem migrando para a área digital... e acompanhando essas startups, que com alguns anos o Google e o Twitter , começaram do nada e ai de olho nesse boom comecei a ler sobre esses modelos de estruturar a empresa” (Rafael Pasqua - Reunii)

“conheci um cara que era publicitário , ele era dono de 17 empresas de internet nos anos de 2002, 2003 , fui então um secretário, assistente, fazendo desde contratação até abertura de escritóri os novos, além de também participar de reuniões ”... “a partir dai fui ‘picado’ pelo empreendedorismo” (Darwin Ribeiro - Ocapi)

“Acho que uma leva familiar, meus pais eles tem empresa prórpia sempre tiveram , o meu avô”... “...teve muito de passar ensinamento no dia a dia quando nos junntávamos”...”..e um pouco de incômodo na faculdade de ver um monte de gente indo trabalhar em mercado fin anceiro e consultoria meio insatisfeito.. .” “acho que uma mistura de família, situação brasileira e vontade individual ” (Diego Reeberg - Catarse)

“eu tive computador muito cedo”... “tive um tio também que trabalhava com informática ”...”eu acompanhava ele nessas coisas”... “sempre fiquei, ‘caramba, como é legal esse ramo que você pode criar seu proprio negocio” “comecei a estudar.. e fazer cursos ”... “eu sempre pegava algum trabalhinho, começou fazendo algumas coisas para pa rentes e depois para amigos de parentes ”... “ai eu pensei ‘caramba se eu consigo fazer isso porque alguém me pediu porque eu não consigo f azer algo para mim mesmo ’” (Eric Brito - Digital Tour)

“Acho que influência do meu irmão mais velho, que se mpre trabalhou com tecnologia ”... “aos 14 anos fui estagiar na Sercomtel ”... “fiquei lá 5 anos mexendo com internet ”... “em 2000 fui para a globo do Paraná”... “fiquei em projetos de várias áreas, principalmente internet... ” “ em 2010, em uma conversa de bar com um colega de trabalho decidimos montar alguma coisa...”(Luciano Juvinski - Navegg)

Influências no pensamento empreendedor ou ajuda recebida:

“Você (Felipe Marcondes), o Seloti me ajudou muito, no sentido de por gasolina falando que a ideia era boa”... “O Pedro Sorrentino”... “A Bel Pesce também, por ser uma pessoa que sabe vender muito bem a imagem dela e gosto de ver esse processo, o Pedro Sorrentino também tem essa pegada” (Alan Bueno - Geriê)

“Então, tem.. Felipe Matos, Michel Lent, ajjdou bastante, é... tem os livros do Guy kawasaki o próprio Romero”... “tem o livro do Seth Godin que me influencia bastante” “Felipe Matos que hoje é um dos fundadores da Startup Farm né que é uma aceleradora” “Michel Lent, que é um dos diretores da pontomobi” (Andre Nazareth - Meu Carrinho)

“...um chefe que tive num dos primeiros estágios”...“um outro é... uma coisa que me ajudou bastante, logo no início tive contato com o pessoal do ponto de contato espaço de co-working ”...”o ponto de contato foi decorrente da campus party, aquilo deu uma exposição saiu em algumas mídias e o pessoal que é do ponto de contato organiza o Ideias na Laje”... “...então essas pessoas se ajudam e um acaba é.... incentivando o outro a continuar né”...”colegas do próprio mestrado” (Daniel Chu - Netfraldas)

“Seth Godin que fala muito sobre marketing, Steve Blank, Eric Ries”...”o Jason Fried que escreveu dois livros que são o Getting Real e o segundo

Page 28: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

28

Real Work, talvez uma forma de pensar empreendedorismo diferente.. empreendedorismo digital do que é conceito normal do vale do silício” (Diego Borin - Catarse)

“acho que todo mundo que trabalhou com a gente contribuiu um pouco, todos nossos ex-chefes ex-patrões, acho que aprendemos muito com os acertos e erros deles, acho que um pouquinho de cada contribuiu para sermos o que somos hoje. “ (Eric Brito - Digital Tour)

“Acho que especialmente alguns ex-chefes que já tive, pessoas dentro da indústria que trabalhei que ensinaram bastante, pessoas da área técnica, acima de tudo no meio profissional. “ (Jonathan Canal - Praia Games)

“o Martino Bagini e Edson Rigonati da Astella”...”esse primeiro era muito mais um mentoring do que algo financeiro”...”Somos próximos a aceleradora do Yuri de BH” (Luciano Juvinski - Navegg)

“conheci o.. fundador da Anjos do Brasil, Cassio Spina, ele me deu algumas dicas bacanas” (Roberto Kakihara - Medices)

“Acho que o networking começou a abrir na faculdade, eu conheci algumas pessoas que me ajudaram” (William Mendes - Chicnellas)

“...tive influência, meu pai incentivava ainda que tenha feito carreira, ele investiu em diversos mercados”...”Amigos que já empreenderam também, um deles ta até no meu conselho hoje” (Rafael Pasqua - Reunii)

Os benefícios percebidos ao construir e cultivar o networking, participando de eventos, entre outras atividades foram o de conhecer e conversar com investidores; conseguir investimento; mentoring; funcionários; parceiros de negócios; conhecimento do mercado, área técnica e design; receber feedback sobre o negócio de investidores e especialistas; indicação de pessoas chave para ajudar no negócio; aprender como se relacionar com investidores.

“participamos de alguimas feiras de desafios de startups, como o Desafio FGV em 2010, conhecemos investidores da Astela”...”o Martino Bagini e Edson Rigonati”...”precisávamos mais de parceiro de negócios, veio o Buscapé, e foi bom pois tinha a questão de estutura financeira jurídica, parceiro de internet que tem parte de ecommerce que funciona muito bem” (Luciano Juvinski - Navegg)

“conversei com empreendedores, acho que o mais valioso é ter contato com empreendedores, porque você sempre aprende alguma coisa com empreendedores”...”tive contato com pessoas muito importantes em Venture Capital na Europa”...”alguns angels que ajudaram a fundar Skype, como outras empresas que foram compradas pela amazon ou ebay, são caras que tem muita experiência e esse contato ainda que breve, você com poucas horas de convívio ou poucas horas de conversa é possível aprender muitas coisas com eles”...”vc consegue chegar a grande numero de pessoas diretamente, vc chega através do linkedin por exemplo”...”gosto de usar comunidades especializadas, comunidades de Java, comunidades de PHP, comunidades de flash, são comundiades que tem pessoas que tem ambição profissional também” (Jonathan Canal - Praia Games)

”são pessoas q vc realmente encontra por ai nesss eventos né, ter participado dessas competições de negócio , eu tenho participado de vários né”...”desde q vc manda o projeto ele é avaliado para uma banca você recebe feedback conversa com as pessoas, pega feedback do investidor, da banca que são especialistas e esses feedbacks tem sido importantes também”...”colegas do próprio mestrado”...”foram pessoas que desenvolvi relacionamento profissional”...”eles me ajudaram muito na

Page 29: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

29

elaboração da ideia no inicio”...”tinha um rascunho do PN que estava fazendo e eles me ajudaram olhar aquilo lá com olhar crítico” (Daniel Chu - Net Fraldas)

“...com relação a contatos acho que ainda tem muito contato para vir ainda os que fizemos até o omento foi bom porque nos conectaram com outras pessoas que fizeram a gente enxergar algumas coisas do nosso negócio que não estávamos vendo até então”...”contatos do SP Beta levaram a gente a conhecer pessoas de portais imobiliários que nos levaram a conhecer pessoas de grandes imobiliárias e construtoras e toda essa rede fez com que o produto a chegar no que é hoje”...”no Geeks On Beer nós conhecemos a... ai caramba a Fabiana, Fernanda.. a moça que está por trás do SP Beta” (Eric Brito - Digital Tour)

“Estamos ainda com negociação com alguns VCs que estavam lá no SP Beta por acaso, alguns em fase avançada de negociação, estamos discutindo com eles ainda em fase final. Aquele SP Beta valeu muito para conseguirmos dinheiro para tocar o negócio para frente. Esse bar que estamos agora o Adventure conseguimos lá” (Andre Mancuzzo - Unbound)

“o BR NEw Tech é amis para networking, um deles tivemosum coaching do cara da Astella o Martino e o Rigonati, deram feedback interessante, mas que é muito superficial, pois em 5 minutos, 10 minutos, não da tempo de ele conhecer a empresa e nem a gente, a maio rparte do feedback dos investidores são importantes mas superficiais, mas daí é de vc ir atrás” (Darwin - Ocapi)

“acho que o pitch, saber se vender, saber vender a ideia, saber se estruturar, saber ter a linguagem, ter o vocabulário..”...”muito que quando eu contava eu aprendia cada vez melhor a contar e ... recebia feedbacks que tinham valor, se eu fosse contando genericamente a pessoa não saberia me dar um feedback”...”venho melhorando a ideia e o aplicativo a cada vez q eu falo sobre o produto, sobre a ideia então esse foi um aprendizado muito bom nesses encontros e a rede”...”ontem por exemplo eu fui no BR New Tech e teve o Networking Incentivado e ai no meu grupo tinha um dono de uma software house “ (Rafael Pasqua - Reunii)

“um desses contatos foi o Felipe Matos”...“Foi no startup weekend.”...”puxei ele de lado e falei ‘olha estou desenvolvendo um projeto assim e assado... o que você acha? “Ele falou “olha, famos marcar um dia para conversar’ e foi ai que ele começou a nos ajudar.”...”...foi praticamente nosso mentor antes de conseguirmos o aporte” (Andre Nazareth - Meu Carrinho)

“a maioria dos recrutamentos foram por meio de networking, gente que conhecíamos e sabia que presicávamos de pessoas para determinados tipos de trabalhos”...”é... olhando do lado de projetos”...”a gente conhecia alugém ou alguém da nossa rede conhecia alguém que trazia grandes projetos, que fizeram vitrine e tornaram o site conhecido”...”do lado de problemas financeiros”...”tinhamos próximos gente... donos de plataformas que mexiam com coisas de grana”...”foram fundamentais para construir um modelo sem ter um custo excessivo” “contato com os donos do Moip, foi em um dos primeiros startups meetups” “Então foi evento e produção de ocnteúdo que nos ajudaram”...”Startup Meetup em SP em RJ, Rubycon de programadores de tecnologia ruby, acho que foram os dois principais, depois teve o BR New Tech e a Campus Party, além do ideias na laje também” (Diego Reeberg - Catarse)

“conheci alguns fundos de investimento, mas que também falaram que eu precisava desenvolver um pouquinho mais, deixar o site funcionando para diminuir o risco deles no investimento.”...”A ideia eles ouvem um monte de ideia boa só que na hora de implementar depende muito do empreendedor,

Page 30: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

30

quanto mais segurança você der pra ele que realmente já ta um passo a frente, já lançou o site, conseguiu captar usuários, muito melhor do que provar pra ele do que qualquer projeção financeira, isso é algo que eu percebi.“ (Roberto Kakihara)

“Acho que o networking começou a abrir na faculdade, eu conheci algumas pessoas que me ajudaram e a partir disso comecei a conhecer algo fora da faculdade, uma experiência legal que tive foi o evento Ideias na Laje” (William Mendes - Chicnellas)

Sobre planejamento:

“uma lição que aprendi nos livros que o empreender é realmente fazer.” (Andre Nazareth)

“lia muitos blogs sobre empreendedorismo, o Canvas pelo se não me engano um brasileiro chamado Eric... esqueci o sobrenome, mas também o Steve Blank, que fala sobre os modelos de empreendedorismo, o Eric Ries com o Lean Startup foi ali que a gente viu isso, até para novos projetos do catarse tentamos usar o canvas.” (Diego Reeberg)

“e dentro desse PN vc esbarra em outros modelos como o Canvas, que é uma ferramenta que muita gente tem usado no empreendedorismo digital” (Daniel Chu)

“Foi em blogs mesmo, não saberia te dizer agora qual, não seguíamos um específico mas pegávamos de tudo quanto é lugar, lembro que foi em algum site que vi de um dos criadores de conceito desse lean startup. Ae cheguei pro meu sócio e falei “olha que interessante o que estão pregando aqui” (Eric Britto)

“Mas acabei buscando até por causa das leituras e influencias o s modelos que estão sendo utilizados para startups Lean Startup ou Canvas” (Rafael Pasqua)

“Com o Martino implementamos o canvas, para validar, o canvas ajuda bastante.” (Luciano Juvinski)

“Eu aprendi que não é o planejamento, é a sua intuição e motivação. Para mim os planejamentos as metodologias e os modelos são para apoiar mas não são realmente os negócios. Sua atitude perante o livro é o que faz.” (Alan Bueno)

Para analisar os apoiadores foi feita uma divisão entre os apoiadores empreendedores: Leonardo Pallotta, sócio da Zebra de Luxe e organizador do evento Ideias na Laje; Pedro Sorrentino, Business Developer para a Sendgrid e idealizador do SP Beta no Brasil; Flavio Pripas, fundador do Fashion.me e organizador do BR New Tech. Tendo por outro lado os apoiadores acadêmicos Tales Andreassi e José Balian ligados a instituições de ensino superior.

Analisando o perfil dos apoiadores empreendedores, quanto a motivação e Influência para início das iniciativas de apoio o Leonardo Pallotta do evento Ideias na Laje teve um pouco de inspiração da época em que fazia parte de uma Incubadora quando trabalhou na Direct Talk para criar o Ideias na Laje pois na época sempre tinha uma equipe de apoio com experiência para guiar o time, o objetivo da criação do evento foi o de ajudar os empreendedores a colocar as ideias em execução, aprender com experiência de outros empreendedores, promover o empreendedorismo e aplicação dos conceitos na prática.

“na Direct Talk a gente foi incubado”...”eu tinha uma incubadora que orientava a gente, então eu não tinha tanto problema com relação a isso”...”então eu entendo que essa iniciativa surgiu é.. é.. de algumas

Page 31: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

31

necessidades.. e uma delas foi.. vamos dar uma oportunidade, primeiro para as pessoas exporem suas ideias, e que essas ideias sejam criticadas ou orientadas por angels aqui” (Leonardo Pallotta - Ideias na Laje)

O entrevistado Pedro Sorrentino diz ter criado o Blog por vontade pessoal de expressar suas experiências com a cultura startup, já o evento SP Beta foi trazido com a ideia de colocar algo em São Paulo que fosse fora do tradicional que já ocorria, suas influências para seguir com essas iniciativas foram de investidores que já foram empreendedores como Brad Feld que dentre seus princípios diz que leva 20 anos para montar um ecosistema saudável de empreendedorismo.

“Na verdade eu comecei o blog quando já estava em boulder se não me engano, é acho que foi isso porque enfim.. eu senti uima necessidade enorme de me expressar” (Pedro Sorrentino - Slumdog Beta)

”a ideia era poxa.. todos os eventos que estão rolando hoje em são Paulo ou são muito caros para o empreendedor, ou são muito tradicionais, ou são pessoas que não tem noção do que ta acontecendo no mercado, eu vou para o vale do silicio vou para NY, eu vejo o que está acontecendo”...”o Brad Feld que é uim dos principais VC do mundo, aqui da cena de Boulder ele diz que para criar um ecosistema saudável de empreededorismo demora uins 20 anos o meu comprometimento com o empreendedorismo para auxiliar na criação de um ecosistema mais saudável” (Pedro Sorrentino - SP Beta)

Já o Flavio Pripas do BR New Tech, teve como influência e motivação para criação do evento a necessidade de fazer networking a partir daí buscou conhecer eventos nos estados unidos e resolveu criar uma versão própria aqui no Brasil.

“na época não tinham eventos de empreendedorismo, não tinha o movimento empreendedor em 2008, 2009, não tava acontecendo pelo menos não conhecíamos, tínhamos que começar a construir nossa rede de relacionamento nesse mundo”...”a Bed organizou uma viagem em outubro de 2010 para empreendedores e eu fui nessa viagem porque ajudei ela a juntar esses empreendedores de certa forma, a viagem foi excelenete foi o primeiro Tech Mission que foi feito”...”quando voltasmos em outubro de 2010 pensamos em trazer algo para o Brasil, preciamso tentar fazer alguma coisa, entãov amos criar um evento para investidores e empreendedores no Brasil, criamos o BR New tech o primeiro foi em dezembro, na verdade teve uma reunião em novembro de 2010 na GV, mas o primeiro evento mesmo foi em dezembro de 2010” (Flavio Pripas - Fashion.me)

Os benefícios oferecidos por esses eventos, aos empreendedores, segundo os entrevistados são: espaço para networking; possibilidade de conhecer outros empreendedores; compartilhar desafios, experiências, frustrações e conhecimento; conhecer parceiros de negócio; investidores; reunir pessoas mais experientes com pessoas menos experientes; possibilidade de ter ideias criticadas, receber feedbacks; indicação para revistas sobre empreendedorismo.

“vc expõe sua ideia se for realmente boa eu vou ter pessoas aqui olhando, olheiros falando na linguagem do futebol, se for boa ele vai investir em você“...“então quero que essas pessoas que obtiveram sucesso compartilhem todas essas informações com esses novos empreendedores, então”...”o ideias na laje ele quer promover a aplicação das ideias na prática, aplicação dos conceitos na prática, que as pessoas tem, entendeu? E ajudar eles..” (Leonardo Pallotta - Ideias na Laje)

“juntar uma parte do emrcado que de gente que meu, sei lá.. adora empreendedorismo é fascinado pelo tema mas nunca abriu sua própria empresa, ou pessoas que pesquisam sobre o tema, ou pessoas que procuram sócios e ao mesmo tempo reunir com um pessoal mais maduro do

Page 32: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

32

mercado, que já teve algum sucesso entendeu.. seja vendendo a empresa e ganhando algum dinheiro” (Pedro Sorrentino - SP Beta)

“Conhecer outros empreendedores, é.. compartilhar.. desafios, compartilhar frustrações”...”compartilhar de igual para igual com pessoas que estão passando pelas mesmas coisas”...”é um ambiente onde pode achar um parceiro de negócio e é um evento onde pode achar um investidor, tem já inúmeras empresas que já fecharam investimentos porque conheceram investidores no BR New Tech” (Flavio Pripas)

Quanto a retorno percebido aos idealizadores, para a empresa Zebra de Luxe, empresa a qual Leonardo Pallotta é sócio, são as oportunidades geradas de conseguir parceiros de negócios; conseguir clientes; fazer contatos. Para o Pedro Sorrentino Business Developer da Send Grid o reconhecimento como um dos principais líderes da nova geração de empreendedores, além de desenvolver o networking. Flavio Pripas fundador da Fashion.me que conseguiu expandir sua rede tendo atualmente acesso a qualquer pessoa necessária para gerar oportunidades e solucionar problemas de sua empresa.

“Clientes e parceiros, separa nesses dois, clientes e potenciais clientes, prospects, sim é um caminho também, para que a gente nos networkings de ideias na laje, a gente já acabou fazendo contato com pessoas que nos levaram a clientes, que se tornaram clientes é.. mas outro ponto importante são os parceiros”...”pelo fato de eu ser uma Hot Shop, eu não tenho uma equipe muito grande de produção, aliás eu não tenho uma equipe de produção, minha equipe de produção é parceira, não é terceirizada, é parceira então eu preciso de pessoas de confiança” (Leonardo Pallotta - Ideias na Laje)

“...quando você começa a se mecher dessa forma e contribuir o máximo possível sem esxperar na da em troca um bom resultado é que acaba sendo considerado um líderes dessa dnova geração empreendedora dentro do mercado é... isso é bom”...”e tento ser uma ponte entre o que acontece aqui e levar isso para o Brasil de uma maneira melhor possível.”Na verdade, contatos e networking na verdade é uma questão de você ser capaz de prover valor para a pessoa que ta do outro lado ali“ (Pedro Sorrentino - SP Beta)

“eu sou uma pessoa que conheço miuita gente no mercado e muita gente me conhece por causa do evento, eu acabo tendo acesso se preciso de algo para a empresa muito fácil por causa do evento, por causa que conheço muita gente, então se preciso de acesso a qualquer lugar, eu consigo através da minha rede de relacionamentos hoje esse acesso e a rede de relacionamentos foi construída em grande parte por causa do evento também.“ (Flavio Pripas - BR New Tech)

Segundo o entrevistado Tales Andreassi conforme foi desenvolvendo o tema empreendedorismo na FGV as iniciativas foram sendo criadas. Para José Balian a motivação da criação da incubadora da ESPM foi a de fomentar a criação de novos negócios, tendo como influências para moldar o formato da incubadora outros projetos que participou como incubadora FIESP.

“e daí a gente começou a... montar as disciplinas, depois montramos o centro de empreendedorismo né.. é... hoje tem disciplinas de empreendedorismo em todos os cursos da escola, naquela época não, não tinha discpilinas de empreendedorismo a não ser em um, nos outros não. E... 2007 empreendedorismo acabou sendo obrigatório no curso de graduação né, agente tem, logo que o aluno entra é exposto a disciplina de empreendedorismo.” (Tales Andreassi - FGV)

“sempre trabalhei ligado a FIESP em projetos de incubadoras de lá então já tenho know-how dali, a ideia é aproveitar essa metodologia para implementar a experiências que usamos, é claro que acompanhamos a

Page 33: TCC II - Redes e Empreendedorismo Digital - Versão Final

33

literatura de fora, metodologias e livros, mas nada que não de para fazer...”...”Temos vários encontros, várias semanas de empreendedorismo, vários encontros, mas quem trabalha mais é o núcleo de empreendedorismo, nós aqui seriamos mais a parte prática, mas aqui na incubadora começaremos um treinamento específico” (Jose Balian - ESPM)

No centro de empreendedorismo e novos negócios da FGV, o objetivo é o de trazer palestrantes, apresentar contatos aos empreendedores, assim como também investidores e contatos para coaching. Na incubadora os benefícios oferecidos são o de consultoria e aconselhamento na transformação da ideia do aluno em um negócio, com estudos de viabilidade, auxílio nas questões burocráticas, aconselhamento na captação de recursos financeiros com investidores externos e apoio na gestão da empresa montada em seu primeiro ano e meio de vida.

“a gente tem o centro de empreendedorismo onde eles podem assistir uma série de palestras sobre o tema, então é que é muito difícil, pois damos algumas ferramentas, isso conseguimos fazer aqui, apresentamos contatos para as pessoas isso a gente consegue fazer, nos nosso eventos organizamos vários eventos eles vem, mas tem que partir um pouco deles de ter iniciativa para conhecer pessoas e conseguir cartões, tem alguns casos ai de alunos que conseguiram realmente ir longe, nós damos algumas ferramentas que facilitam a vida, as vezes apresentamos investidor, ou então a gente é... nos eventos que eles são convidados eles acabam pedindo cartão depois entrando em contato para ter coaching...” (Tales Andreassi - FGV)

“O aluno ou ex-aluno pode vir com a ideia e a gente ajuda a transformar em um projeto depois em um PN e ai nós vemos a viabilidade econômico, financeira, operacional, mercadológica, uma vez que seja viável e o empreendedor querendo implementar mesmo, numa segunda etapa ajudamos na montagem da empresa questões burocráticas e na captação de recursos”...”...”a gente ajuda a divulgar para fornecedores, investidores, bancos, para que o empreendedor consiga esses recursos, orientamos nesse sentido, depois de a empresa montada auxiliamos no primeiro ano e meio de gestão e existe a possibilidade de hospedarmos algumas empresas começarem aqui perto da gente e depois se desenvolverem fora” (Jose Balian - ESPM)

Para Tales Andreassi da FGV o retorno percebido ao realizar essas iniciativas é o sentimento de satisfação ao ver alunos empreendendo e no caso do programa das mil mulheres de ver a transformação pela qual suas vidas passam. José Balian por já ter sido empreendedor diz ser natural ter essa vontade de ajudar.

“Eu acho que o retorno maior é é.. quando o aluno depois de um tempo nos procuroa e fala “olha eu empreendi” foi uma ideia que começou no curso.. isso é muito legal, é mais no caso das 1-mil mulheres o retorno é muito mais fácil, pois entram de um jeito saem de outro elas falam que o curso mudou a vida delas, que a vida está em outro patamar e elas acabam mudando como pessoa, até a auto-estima melhora” (Tales Andreassi - FGV)

“Isso vem de fato de vc sempre de formado, recém formando tentando empreender, empreendendo, é algo que surge natural né. “ (Jose Balian - ESPM)