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Técnica Quiroprática: Um estudo teórico sobre seus resultados no tratamento das lombalgias ocupacionais AUTOR: Raul Carlos Batista Maia Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista UNIP, e pós graduando em Fisioterapia Traumato-ortopédica com ênfase em terapias manuais, pela Biocursos. E-mail: [email protected]. ORIENTADORA: Carmem Fátima Prada de Freitas RESUMO: A vida moderna tem sido responsável pela grande quantidade de pessoas que sofrem de afecções músculo-esqueléticas ou lesões traumáticas. As doenças da coluna, como é o caso das tensões e dores lombares, estão entre as que mais atingem a população, com impacto significativo na saúde e na qualidade de vida. Este artigo tem como objetivo apresenta um conjunto de considerações sobre o Quiropraxia, destacando seus efeitos e indicação no tratamento das lombalgias ocupacionais que atingem uma grande parcela de profissionais de diversas áreas de atuação. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliografia, tendo como base as vertentes teórica de vários autores que escreveram sobre o assunto. Os resultados indicam que Quiropraxia, que dedica-se ao diagnóstico, tratamento e preservação de alterações do sistema músculo-esquelético e os efeitos destas sobre o sistema nervoso e a saúde em geral, sem uso de drogas ou cirurgia, tem sido indicada no tratamento da lombalgia ocupacional porque, entre outras coisas, surge como coadjuvante no contexto da saúde do trabalhado, e atua dentro de uma abordagem interdisciplinar, oportunizando redução de custos com a saúde às empresas, e favorecendo ao trabalhador a otimização e a preservação da saúde, com redução da dor e do desconforto, propiciando-lhe um rendimento maior no local de trabalho. Palavras-chave: Lombalgia ocupacional; Quiropraxia; Efeitos e resultados. Introdução A coluna vertebral, que é o eixo do corpo humano, como mostra a literatura, é formada pelas vértebras, ossos irregulares e dispostos em série. Além de interligar a cabeça ao corpo, serve de apoio aos membros por meio da cintura, possibilitando, graças à sua ligeira curvatura em forma de S, postura ereta do ser humano. Todavia, quando a coluna é sobrecarregada com uma má postura, pode apresentar problemas sérios, como são os casos das lombalgias, doenças que resulta em dor e déficit neurológico. A lombalgia, explica De Vitta 1996 (apud MOSSO NETO e BARRETO, 2012), é a segunda causa mais comum nas unidades de saúde, chegando a 30% das consultas ortopédicas e a 50% dos pacientes atendidos na fisioterapia, sendo também considerada como o segundo maior

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Técnica Quiroprática:

Um estudo teórico sobre seus resultados no tratamento das

lombalgias ocupacionais

AUTOR:

Raul Carlos Batista Maia

Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista – UNIP, e pós

graduando em Fisioterapia Traumato-ortopédica com ênfase em

terapias manuais, pela Biocursos. E-mail:

[email protected].

ORIENTADORA:

Carmem Fátima Prada de Freitas

RESUMO: A vida moderna tem sido responsável pela grande quantidade de pessoas que

sofrem de afecções músculo-esqueléticas ou lesões traumáticas. As doenças da coluna, como

é o caso das tensões e dores lombares, estão entre as que mais atingem a população, com

impacto significativo na saúde e na qualidade de vida. Este artigo tem como objetivo

apresenta um conjunto de considerações sobre o Quiropraxia, destacando seus efeitos e

indicação no tratamento das lombalgias ocupacionais que atingem uma grande parcela de

profissionais de diversas áreas de atuação. A metodologia utilizada foi a pesquisa

bibliografia, tendo como base as vertentes teórica de vários autores que escreveram sobre o

assunto. Os resultados indicam que Quiropraxia, que dedica-se ao diagnóstico, tratamento e

preservação de alterações do sistema músculo-esquelético e os efeitos destas sobre o sistema

nervoso e a saúde em geral, sem uso de drogas ou cirurgia, tem sido indicada no tratamento

da lombalgia ocupacional porque, entre outras coisas, surge como coadjuvante no contexto

da saúde do trabalhado, e atua dentro de uma abordagem interdisciplinar, oportunizando

redução de custos com a saúde às empresas, e favorecendo ao trabalhador a otimização e a

preservação da saúde, com redução da dor e do desconforto, propiciando-lhe um rendimento

maior no local de trabalho.

Palavras-chave: Lombalgia ocupacional; Quiropraxia; Efeitos e resultados.

Introdução

A coluna vertebral, que é o eixo do corpo humano, como mostra a literatura, é formada pelas

vértebras, ossos irregulares e dispostos em série. Além de interligar a cabeça ao corpo, serve

de apoio aos membros por meio da cintura, possibilitando, graças à sua ligeira curvatura em

forma de S, postura ereta do ser humano. Todavia, quando a coluna é sobrecarregada com

uma má postura, pode apresentar problemas sérios, como são os casos das lombalgias,

doenças que resulta em dor e déficit neurológico.

A lombalgia, explica De Vitta 1996 (apud MOSSO NETO e BARRETO, 2012), é a segunda

causa mais comum nas unidades de saúde, chegando a 30% das consultas ortopédicas e a 50%

dos pacientes atendidos na fisioterapia, sendo também considerada como o segundo maior

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problema médico nas sociedades modernas, em termos de afastamento das funções e

diminuição da produtividade, levando inclusive de aposentadoria precoce.

A lombalgia ocupacional, considerada como aquela que tem o seu aparecimento relacionado

com as atividades de trabalho, acometendo principalmente adultos jovens, vem se

constituindo como um preocupante problema, pois provoca aumento da incapacidade

temporária ou permanente do trabalhador, gerando prejuízos econômicos e sociais tanto para a

empresa como para o empregado (ALMEIDA, 2012). Dentre os tratamentos, a Quiropraxia, uma profissão na área de saúde que de dedica ao

diagnóstico, tratamento e prevenção de alterações do sistema músculo-esquelético e seus

efeitos sobre a função do sistema nervoso, que enfatiza terapias manuais, tem sido indicada,

pois ajuda a restaurar a relação e função articulares normais, restabelecendo a integridade

neurológica, influenciando os processos fisiológicos. Essas questões são temas que serão

analisados no transcorrer do artigo, que objetiva apresentar um conjunto de considerações

sobre a Quiropraxia, destacando seus efeitos e indicação no tratamento das lombalgias

ocupacionais que vêm atingindo grande parcela de profissionais de diversas áreas de atuação.

Anatomia básica da coluna – Breve comentário

O corpo humano é um sistema complexo, de tal modo intricado que só uns poucos

anatomistas têm completo domínio sobre seus detalhes que envolvem uma variedade de

aparelhos e sistemas. Nos comentários de Soncini e Castilho (1990), assim como a natureza, o

corpo humano deve ser visto como um todo dinamicamente articulado.

Sob este ponto de vista, portanto, os diferentes aparelhos e sistemas que compõem o corpo

humano devem ser percebidos em suas funções específicas para a manutenção do todo,

importando compreender as relações fisiológicas e anatômicas, para que se possa

compreender, entre outras coisas, a maneira pela qual o corpo se defende da invasão de

elementos danosos, coordena e integra as diferentes funções; para que se possa ter

conhecimento dos vários processos e estruturas, que asseguram a integridade do corpo e faz

dele uma totalidade (SONCINI e CASTILHO, 1990).

Desse modo, coluna vertebral, como afirmam Andrews e Courtenay (2005, p. 90), é a linha

vital do corpo, porque dentro dela corre a medula espinhal, uma estrutura semelhante a um

cabo que contém bilhões de fibras nervosas que recebem e enviam ou transportam mensagens

de para cada parte do corpo. “Todo o sistema esquelético está projetado para ter flexibilidade

e força. Enquanto as vértebras e as articulações permanecem em bom alinhamento, estas

funções são realizadas”, asseveram as autoras.

Nas observações de Sabotta (2000), a coluna vertebral, sendo a estrutura que sustenta a

posição bípede do homem, é por isso considerada como a mais sacrificada na escala de

desenvolvimento humano (TOMITA, 1999; SABOTTA, 2000).

De acordo com as informações de Borges e Ximenes (2005), como eixo do corpo, a coluna

vertebral apresenta duas características mecânicas contraditórias: rigidez e plasticidade.

Pode-se compará-la ao mastro de um navio, que é mantido na posição vertical

pela ação de cabos de aço, enquanto a coluna se sustenta pela ação de

músculos e ligamentos. A cruzeta superior do mastro teria sua

correspondência nas cinturas escapulares e o corpo do navio, na pelve. As

ondas dão instabilidade ao navio, mas o mastro o mantém em equilíbrio. Da

mesma forma, a pelve, com movimentação dos membros inferiores, altera sua

posição. Consequentemente, a colunas, para garantir o equilíbrio do corpo,

forma curvas de compensação. Quando o indivíduo se coloca de pé sobre um

dos membros inferiores, a pelve inclina-se para o lado oposto ao membro de

apoio. Graças à plasticidade da coluna é que se formam as curvas de

compensação (BORGES e XIMENES, 2005, p. 1030).

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Resumidamente, o comprimento da coluna vertebral atinge cerca de dois quintos da altura

corporal, com os músculos do dorso dispostos em dois grupos principais: o superficial e o

profundo. Entre os principais músculos que estão relacionados com os movimentos da coluna

vertebral encontra-se, mais superficialmente, o grande dorsal, trapézio e levantador da

escápula. Alguns músculos estão em disposição profunda como o quadrado lombar, maior e

menor e o eretor da espinha. A distribuição das vértebras é dada de acordo com as

características regionais (GRAY, 1998, RASCH, 1997 apud ESTEVES e SILVA, 2012).

A coluna vertebral, portanto, como frisa Snell (1995), é o pilar ósseo central do corpo,

suportando o crânio, o cíngulo peitoral, os membros superiores e o gradil torácico E, por meio

do cíngulo pélvico, transmite o peso do corpo para os membros interiores. É composta de 33

vértebras, sendo sete cervicais, doze torácicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro

coccígenas.

A vértebra é formada de duas porções, segundo descrição de Borges e Ximenes (2005): a)

anterior – o corpo vertebral, que tem forma cilíndrica, com diâmetro maior que a altura; b)

posterior – o arco vertebral, que tem forma de ferradura. De cada lado, encontra-se o processo

articular, que divide em duas partes: a anterior, denominada pedículo, e a posterior, chamada

lâmina. Posterior ao arco encontra-se o processo espinhoso e, próximo ao processo articular, o

processo transverso.

Nas premissas de Hall (20054), os corpos vertebrais funcionam como componentes primários

da coluna responsáveis pela sustentação do peso corporal. Os arcos neurais e os lados

posteriores dos corpos e os discos intervertebrais formam uma passagem protetora para a

medula espinhal e os vasos sanguíneos associados, conhecida como canal vertebral.

As duas primeiras vértebras cervicais, explica o autor, são especializadas em formato e

função. A primeira, conhecida como atlas, proporciona um receptáculo com um formato

reciprocamente correspondente para os côndilos do occipúcio do crânio. A articulação

atlantooccipital é extremamente estável, com a possibilidade de haver flexão/extensão de

aproximadamente 14° a 15°, porém praticamente sem nenhum outro movimento em qualquer

outro plano.

Destaca também Hall (20054), que existe um aumento progressivo no tamanho das vértebras

da região cervical até a região lombar. Nos comentário do autor:

Em particular, as vértebras lombares são maiores e mais espessas que as

vértebras nas regiões superiores da coluna. Essa característica desempenha

uma finalidade funcional porque, quando o corpo fica na posição ereta, cada

vértebra terá que sustentar o peso não apenas dos braços e da cabeça, mas

também de todo o tronco posicionado acima dela (HALL, 2005, p. 266).

Em síntese, como cita Cailliet (2002), enquanto a coluna vertebral é essencialmente uma

coluna composta de unidades funcionais, que colocadas umas sobre as outras e equilibradas

sobre o sacro mantêm a coluna ereta e um bom equilíbrio contra a gravidade, a coluna lombar

contém cinco vértebras e forma uma curva normal na posição ereta chamada de lordose,

também conhecida como curvatura da região lombar.

Discorrendo sobre o assunto, Teixeira (2003) lembra que os ligamentos da coluna lombar são

mais densos que os de outros segmentos vertebrais, e aderem às vértebras (como o ligamento

longitudinal anterior) ou aos discos (como o ligamento longitudinal posterior, localizado no

interior do canal raquidiano) e restringem os movimentos.

Nas explicações ainda do autor, os ligamentos do arco posterior são:

a) o ligamento amarelo, denso e resistente, inseridos nas lâminas superior e inferior;

ligamento transverso, relacionado às apófises transversas; ligamento interespinhoso,

conectado à base das apófises espinhosas; ligamento supraespinhoso ligado continuamente no

vértice das apófises e ligamento transforaminal, considerado como faixa de fáscias que

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cruzam o limite externo do forame intervertebral, que reduz o espaço disponível para a

emergência dos nervos espinais;

b) o disco intervertebral é composto de anel fibroso e núcleo pulposo e une as vértebras

adjacentes da segunda vértebra cervical até o sacro. As fibras anulares podem ser comparadas

a sofisticados ligamentos, formando articulações denominadas interssomáticas. “[...] o

aumento súbito da força de compressão pode resultar em ruptura do corpo vertebral, mas

dificilmente do anel fibroso” pondera Teixeira (2003, p. 464);

c) a musculatura do tronco desempenha o papel de realizar movimentos de flexão, extensão,

flexões laterais, rotação e circundação e de manter a postura ereta antigravitacional,

integrando-se harmonicamentecom a musculatura pélvica e abdominal.

Retomando Cailliet (2002), este explica que, embora existam mais de 30 discos em toda a

coluna vertebral, os que causam preocupação são os cinco discos da coluna lombar.

A esse respeito Ricard e Sallé (2002), Cailliet (2002) e Hall (2005) frisam que existem

essencialmente quatro elementos que podem ser a fonte de dores ao nível da coluna lombar: a)

o disco intervertebral; b) as facetas articulares posteriores (articulações situadas frente a frente

com outras que deslizam umas sobre as outras e inclinam-se para frente e para trás); c) o

ligamento interespinhoso; d) os músculos paravertebrais – os mais afetados são quase sempre

glúteo máximo e espinhais lombares; quadrado lombar e glúteo médio, e o reto do abdome.

Nas ponderações de Ricard e Sallé (2002, p. 129), o pivô mais importante da coluna vertebral

é o ‘L3’.

Os platôs superior e inferior dessa vértebra são horizontais, o que permite

maiores movimentos Antero-posteriores, com pouco componente de rotação

e de inclinação lateral. L3 é o centro de gravidade do corpo. É o centro de

convergência das linhas Antero-posteriores para os membros inferiores. É

também o vértice do pequeno triângulo inferior. Por causa das massas

vísceras, L3 sofre tensões anteriores muito importantes. Recebe igualmente

grandes tensões posteriores pelo arco lombar. L3 é também o primeiro ponto

de ligação das forças de apoio verticais. Por isso, L3 é muitas vezes vítima de

lesões: o corpo está sustentado por esse pivô.

A propósito disso, Hall (2005) lembra que as forças que atuam sobre a coluna incluem peso

corporal, tensão nos ligamentos vertebrais, tensão nos músculos circundantes, pressão intra-

abdominal e quaisquer cargas externas aplicadas. Além disso, o excesso de atividades físicas

sem o devido conhecimento do corpo, uma cadeira torta no trabalho, tudo pode desalinha a

coluna, causando desconforto de dor.

O fato é que as síndromes dolorosas, relacionadas com os vários segmentos da coluna

vertebral constituem, segundo Pato (2005), constituem um dos problemas mais frequentes da

prática médica, podendo-se apontar dentre elas, a lombalgia, um processo doloroso, muito

prevalente, com 75% a 80% das pessoas sofrendo dessa afecção em alguma época durante a

vida.

Segundo Hall (2005, p. 287): “A lombalgia só perde para o resfriado comum como causa de

falta de trabalho, com as lesões do tronco sendo as mais freqüentes e mais dispendiosas de

todas as reivindicações de compensação para os trabalhadores”.

Elementos caracterizadores das lombalgias

A dor lombar constitui uma causa freqüente de morbidade e incapacidade, sendo sobrepujada

apenas pela cefaléia na escala dos distúrbios dolorosos que afetam os homens. Esta afirmação

é feita por Brazil et. al. (2001), ao discorrer sobre o diagnóstico e tratamento das lombalgias,

consideradas como importantes problemas de saúde.

A Classificação Internacional de Comprometimento, Incapacidades e Deficiências da

Organização Mundial da Saúde, reconhece a lombalgia como um comprometimento que

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revela perda ou anormalidade da estrutura da coluna lombar (HELFENSTEIN JÚNIOR et. al.

2010).

Com base nas apreciações de Teixeira (2006), o diagnóstico mais comum é de lombalgia

mecânica, que são as lombalgias decorrentes de hérnia discal ou de estenose do canal

vertebral, embora as lombalgias inespecíficas sejam muito mais comuns, totalizando em

aproximadamente 85% das lombalgias, enquanto que as especificam representam 15% dos

casos.

Nas explicações de Cavalcante e Borém (2008), a lombalgia é uma das patologias mais

comuns do mundo ocidental, atingindo 70% a 80% da população.

Nas proposições de Meirelles (2012), as lombalgias, que afetam geralmente mais as mulheres

que os homens são todas as condições de dor localizada na região inferior do dorso, em uma

área situada entre o último arco costal e a prega cutânea, podendo ser localizadas ou

apresentarem irradiações para um ou ambos os membros inferiores, como nas

lombociatalgias.

A prevalência da lombalgia todo o decorrer da vida excede 70% da

população investigada, na maioria das nações industrializadas. Apesar da sua

alta prevalência, apenas 3% da população com lombalgia procura atenção

médica. É considerada, portanto, um problema de saúde pública, com altos

custos (MEIRELLES, 2012, p. 3).

Ainda com base no enfoque do mesmo autor, as lombalgias podem ser consideradas agudas

(como nas fraturas lombares por osteoporose), ou crônicas (como na espondilite

anquilosante). Todavia, explica Meirelle (2012), o grande contingente das lombalgias são

agudas, com apenas 3% da população com esta enfermidade permanecendo limitada após três

meses de duração.

No que se refere ao local de origem, podem ser primárias ou intrínsecas, e as relacionadas ao

compartimento anterior da coluna podem ser originadas do corpo vertebral, como nas

infecções, neoplasias primitivas ou metastáticas, fraturas de compressão e assim por diante,

ou do disco intervertebral, como nas discopatias degenerativas, infecciosas ou nas hérnias

discais. A estenose do canal vertebral e a síndrome de compressão radicular em nível dos

foramens e conjugação são as causas mais freqüentes de algias vertebrais do compartimento

médio, enquanto o compartimento posterior está relacionado às lombalgias originadas das

partes moles como as entorses, distensões ou estiramentos músculo-ligamentares, em

decorrência das artropatias interapofisárias associadas à osteoartrose, artrite reumatóide,

espondilite, anquilosante, entre outras (MEIRELLES, 2012).

Além das condições citadas, a lombalgia pode ocorrer devido a pressões incomuns sobre os

músculos e os ligamentos que suportam a coluna vertebral. Nas explicações de Nieman (1999

apud ESTEVES e SILVA, 2012, p. 4):

Quando a musculatura está mal treinada (não alongada), com músculos

paravertebrais e abdominais fracos, estes são incapazes de apoiar a coluna

adequadamente durante atividades de levantamento (comum no dia a dia) ou

na realização de alguma atividade física. A dor na coluna torna-se constante

devido a liberação de substâncias irritantes e distenção tissular, com limitação

da amplitude de movimentos devido mais comumente ao edema nos tecidos à

proteção muscular reflexa (NIEMAN, 1999 apud ESTEVES e SILVA, 2012,

p. 4).

Posicionando-se acerca da questão, Vascelai (2009) comenta que a maioria das lombalgias é

causada por um estiramento excessivo e prolongado dos ligamentos de maus hábitos

posturais. O estiramento ligamentar, salienta a autora, pode afetar os discos intervertebrais

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que perdem sua capacidade de absorção de choques, enfraquecendo sua parede externa, o que

pode propiciar o surgimento de uma profusão discal.

Os sintomas da lombalgia envolvem dor lombar. De início discreta, vai, progressivamente,

aumentando de intensidade, piorando com a mobilidade da região, e, segundo Vascelai (2009,

p. 2), comumente acompanhada de algum grau de encurtamento da musculatura lombar. “A

persistência dos fatores é um fator extremamente limitante sob o ponto de vista social, afetivo

ou profissional, podendo ocasionar também distúrbios emocionais”, diz a autora.

Na mesma linha de raciocínio Brazil (2001, p. 5) comenta: “A dor lombar, geralmente, tem

um começo gradual e progressivo, distribuição simétrica ou alternante [...] e pode ser

acompanhada de rigidez matinal de duração superior a trinta minutos”.

Em suma, inúmeras são as circunstâncias que contribuem para o desencadeamento e

cronificação das síndromes dolorosas lombares, havendo também importantes grupos de

lombalgias não orgânicas, como é o caso da lombalgia ocupacional, a maior causa isolada de

transtornos de saúde relacionado com o trabalho e de absenteísmo.

A Lombalgia Ocupacional: aspectos gerais

A lombalgia ocupacional apresenta etiologia multifatorial, elevada prevalência e incidência.

Caracterizada por um quadro de dor de variada duração e intensidade, pode levar à

incapacidade laborativa e à invalidez, acarretando sofrimento aos trabalhadores e custos às

empresas e aos sistemas previdenciários e assistenciais de saúde (HELFENSTEIN JÚNIOR

et. al. 2010).

Tem como etiologia, fatores psicossociais, longa jornada de trabalho, tempo de permanência

em posturas estáticas, realização de movimentos bruscos durante atividades, movimentos

repetitivos, posturas incorretas adotadas em decorrência de distorções; tarefas que acarretam

excesso de flexão e/ou rotação do tronco (AZEVEDO, 2012; SBR, 2012).

A propósito disso, Schilling (1984 apud HELFENSTEIN JÚNIOR et. al. 2010), classificando

as doenças relacionadas com o trabalho, as dividiu em três grupos, quais sejam: a) doenças

que têm o trabalho como causa necessária, como os acidentes de trabalho e as doenças

profissionais legalmente reconhecidas; b) doenças que têm o trabalho com um dos fatores

contribuintes; c) doenças que têm o trabalho como agravante ou provocador de distúrbios

latentes ou pré-existentes.

Com base nesta classificação, acredita Helfenstein Júnior et. al. (2010) que a lombalgia

ocupacional pode ser enquadrada na categoria II proposta por Schilling, quando o trabalho for

considerado como um dos fatores contribuintes para seu surgimento, ou III, quando o trabalho

for considerado como fator agravante de um distúrbio ou patologia pré-existente.

Ainda nas análises do autor citado, a lombalgia ocupacional pode ser classificada de acordo

com a clareza com que se chega ao diagnóstico etiológico, ou seja, quando decorrer de uma

causa bem definida. Todavia, explica Helfenstein Júnior et. al. (2010), os fatores causais mais

diretamente relacionamentos com as lombalgias ocupacionais são mecânicos, posturais,

traumáticos e psicossociais.

Além disso, complementa o autor, a idade, a postura e a fadiga no trabalho são consideradas

como fatores contribuintes para a elevada percentagem de recidiva da dor lombar, cuja

cronicidade da dor pode ocorrer em decorrência do trabalho sentado por longas horas, do

trabalho pesado, do levantamento de peso, da falta de exercícios físicos e dos problemas

psicológicos.

Tecendo comentários diz Helfenstein Júnior et. al. (2010) queixas freqüentes de dor na coluna

estão associadas à tensão da musculatura paravertebral decorrente de posturas incômodas e da

degeneração precoce dos discos intervertebrais pelo excesso de esforço físico. Para o autor,

tanto os esforços dinâmicos relacionados a deslocamentos, a transportes de cargas e à

utilização de escadas, quanto os esforços estáticos relacionados com a sustentação de cargas

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pesadas, com a adoção de posturas incômodas e com a restrição de movimentos podem

contribuir para as lesões nas articulações e nos discos inter-vertebrais.

Sob esta ótica, os traumas acumulativos, as atividades dinâmicas, as restrições de movimento,

o trabalho físico pesado, o agachamento, o carregamento de cargas, a exposição a longas

jornadas de trabalho, entre outros, são considerados como fatores de risco para a lombalgia

ocupacional.

A relação entre o trabalho e a prevalência de lombalgia ocupacional, frisa Freitas et. al. (2011,

p. 4), justifica-se em função das exigências solicitadas ao corpo diariamente, no desempenho

das atividades laborais. “Tais solicitações provavelmente acarretam lesões cumulativas à

mecânica do aparelho locomotor e contribuem para o surgimento das queixas dolorosas”,

esclarece a autora.

No mesmo nível de reflexão, Queiróga (2002 apud PRADO, 2006, p. 14) cita que para cada

categoria profissional existe uma categoria particular de exigência mental e motora, ou seja,

em algumas profissões pode-se estar mais suscetível a desenvolver dor nos membros

superiores, coluna vertebral ou membros inferiores. “As manifestações a dor e das lesões não

ocorrem da mesma forma, mas estão associadas com a função exercida”, assinala o autor.

Segundo informativo da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR, 2012), a relação das

lombalgias com o trabalho pode acontecer, basicamente, de três modos: a) aquelas que têm o

trabalho como causa direta do adoecimento; b) aquelas para as quais o trabalho é um dos

fatores envolvidos; c) aquelas em que o trabalho pode funcionar como agravante de

problemas já existentes.

Posicionando-se sobre o assunto Alencar (2012) comenta que a relação homem-trabalho tem

muitos efeitos concretos e reais em desequilíbrios que demonstram indiretamente descargas

de tensão psíquica. Neste sentido, assevera a autora, se o trabalhador não conseguir ‘relaxa’

durante seu turno de trabalho, acabará utilizando uma musculatura que fica sob tensão.

Um estudo comparativo da Fundacentro, em 1991, com a intenção de identificar a ocupação

profissional que apresentasse o maior risco para o surgimento de lombalgias revelou que os

maiores índices estão entre os trabalhadores de serviços gerais, motoristas de caminhão, garis,

trabalhadores domésticos, mecânicos, auxiliares de enfermagem, estivadores, lenhadores,

enfermeiras e trabalhadores da construção civil. Nas ocupações analisadas quanto ao uso de

flexão do tronco, o bancário, o metalúrgico, a enfermeira, o motorista de ônibus e o secretário

de escritório aparecem com sintomas de lombalgia (ALMEIDA et. al. 2012).

O quadro 2 abaixo é uma amostra dos fatores associados ao tipo de trabalho que levam à

lombalgia ocupacional.

LEVANTAR,

CARREGAR OU

EMPURRAR PESO

EXAGERADO

Trabalhadores:

Trabalhadores braçais;

Demolição de estruturas com brocas

vibratórias;

Enfermeiros que manipulam doentes

acamados.

POSTURAS

ERRADAS,

PROLONGADAS

NAS POSIÇÕES

SENTADAS OU DE

Trabalhadores:

Dentistas;

Desenhistas em prancheta;

Operador de computadores;

Motoristas profissionais;

Cirurgião;

Trabalho em escritório.

Fonte: Geocities (2012).

Quadro 2: Fatores associados ao tipo de trabalho – Lombalgias ocupacionais

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Resumindo, o fato é que, conforme lembra Lee et. al. (1996 apud ALMEIDA et. al. 2012, a

dor na coluna vertebral tem sido reconhecida como um dos problemas de maior implicação

sócio-econômica da atualidade, envolvendo custos relacionados às incapacidades motoras,

afastamento do trabalho de indivíduos em fase produtiva, problema este que acaba também

afetando a vida pessoal do portador da disfunção, que em alguns casos torna-se inválido para

a maioria das atividades diárias.

Diante dessa realidade, segundo Mariano (2011), uma parte importante do tratamento é a

prevenção e a orientação do paciente em relação às atividades cotidianas, explicando-lhes

noções de postura e ergonomia.

Nos reumatologistas, não temos dúvida sobre o fato e que as medicações nas

lombalgias de modo geral são a parte menos importante do tratamento.

Prevenção, orientação [...] alongamentos, fortalecimento, condicionamento

aeróbico, exercícios orientados por terapeutas são as estratégias mais

importantes em longo prazo (MARIANO, 2011, p. 28).

Dentro da fisioterapia, diversa são as linhas terapêuticas para o tratamento da lombalgia e a

escolha da conduta fisioterapêutica depende do diagnóstico e da gravidade da lesão, sendo

também necessário respeitar a individualidade de cada paciente (VASCELAI, 2009).

Na atualidade a Quiropraxia, uma profissão cuja finalidade é o tratamento das disfunções

músculo-esqueléticas, especialmente as lesões da coluna, vem se tornando cada vez mais

aceita como terapia alternativa ou complementar para tratamento da lombalgia.

A Quiropraxia: Fundamentos, metodologia e forma de tratamento

(Protocolo de Alívio de Tensão Geral).

A manipulação da coluna é uma arte antiga, e o primeiro registro escrito foi encontrado em

um documento chinês, o Kung Fu, datado aproximadamente de 2700 a.C. Esta afirmação é

feita por Andrews e Courtenay (2005), discorrendo sobre o nascimento da Quiropraxia.

Figura 1: Medição em pé de membros superiores

Fonte: Souza (2002).

Nos relatos ainda das autoras, os primeiros pais da medicina, os médicos gregos Hipócrates e

Galeno praticavam a manipulação da coluna e proclamavam a importância da coluna em

relação à saúde.

E assim, desde tempos imemoráveis, o homem tem utilizado um dos métodos mais

conhecidos e mais largamente empregado nas práticas terapêuticas dos clínicos de todas as

épocas: as mãos, e a Quiropraxia é uma herança e uma verdade científica desenvolvida

durante muitos séculos (DAVID, 2012).

A Quiropraxia, que vem do grego, significando prática com as mãos (quiro= mão; práxis =

prática) e definida pelo seu criador Daniel David Palmer como a ‘ciência, arte e filosofia de

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tratar com as mãos’ é vista como terapia alternativa (complementar), mais amplamente

reconhecida em todo o mundo, tendo como objetivo reintegrar o sistema nervoso por meio do

ajuste das articulações, partindo do princípio de que o organismo humano é controlado pelo

sistema nervoso, que regula o organismo como um todo, e que tal controle é mantido através

de feedback – ida e volta de impulsos neurológicos (SOUZA, 2002).

Fonte: Souza (2002).

Figura 2: Medição em decúbito ventral dos membros inferiores

Nos últimos tempos, a Quiropraxia cresceu, sofrendo mudanças tanto na teoria como na

prática. As técnicas foram refinadas e outras novas foram introduzidas. Dedica-se ao

diagnóstico, tratamento e prevenção de alterações do sistema músculo-esquelético e os efeitos

destas sobre o sistema nervoso e a saúde em geral, sem uso de drogas ou cirurgia

(ANDREWS e COURTENAY, 2005; VIDAL, 2007).

No Brasil, segundo David (2012), a Quiropraxia foi introduzida em 1922, pelo norte-

americano Dr. Willian F. Fipps, sucedido posteriormente (em 1945) pelo Dr. Henry Wilson

Yung, ambos estabelecidos na cidade de São Paulo.

Nas ponderações do autor:

Passado mais de cem anos da revelação da Quiropraxia para o mundo, o

legado de Palmer chega ao século XXI representado por escolas e

universidades, centros quiropráxicos e profissionais especializados, modernas

indústrias de equipamentos e produtos complementares, editoras e milhões de

pessoas que se beneficiam diariamente dos procedimentos concebidos por

aquele que, para alguns de sua época, não passava de um louco ou visionário

(DAVID, 2012, p. 2).

A prática da quiropraxia sustenta o tratamento feito por meio de técnicas manuais ou ajustes

específicos nas estruturas do corpo, concentrando-se na restauração da função coordenada

pelo sistema nervoso, que se relaciona primeiramente com a coluna, aumentando, com isso, a

amplitude de movimento, aliviando a irritação nociceptora, e equalizando a sustentação de

peso entre os sistemas de sustentação anterior e posterior da coluna vertebral, fornecendo

alívio às forças compressivas contra a raiz nervosa dentro do canal vertebral e do forame

intervertebral (CHAPMAN-SMITH, 2001apud ROSA, 2009).

Fonte: Souza (2002).

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Figura 3: Alívio da tensão de ligamento tornozelo direito e esquerdo em movimentos de flexão plantar, flexão

dorsal, inversão e eversão.

Destacando informações sobre o tratamento quiroprático e seu tempo de duração Areias

(2012) cita que quanto ao tratamento, este deve incluir a consulta inicial inclui a anamnese

(histórico do paciente) e exame físico. Após a avaliação do estado do paciente, o quiropraxista

utiliza-se de diversos procedimentos para chegar a um diagnóstico. Com uma avaliação, o

profissional estabelece a estratégia terapêutica que mais convém ao caso baseado na pesquisa

científica e nos protocolos estabelecidos para a prática da quiropraxia. Após um detalhado

exame da mobilidade de cada articulação, o quiropraxista diagnostica qual é o seguimento

articular que necessita de tratamento. Terapias manuais são as principais formas de tratamento

utilizadas, destacando-se entre elas, o ajustamento ou manipulação articular. Trata-se de

movimentos rápidos e precisos, normalmente acompanhado por um estalido da articulação

manipulada, conforme se pode observar abaixo.

Fonte: Souza (2002).

Figura 4: Alívio da tensão do joelho direito e esquerdo

Observação:A sequência de teste deve começar a partir da região sacra e seguir em direção à

lombar, torácica baixa, média, superior e, por fim as cervicais. O desafio maior nesse enfoque

dinâmico da quiropraxia é o de determinar onde estão as fixações, para que se possam reduzi-

la com segurança, objetivando a restauração normal de movimento. (SOUZA, 2002).

Fonte: Souza (2002).

Figura 5: Eliminação de báscula.

Observação: Persistindo o encurtamento aparente de uma das pernas, executar só no

lado do encurtamento.

No que se refere à duração do tratamento, Areias (2012) comenta que os sintomas geralmente

desaparecem quando a pessoa inicia o tratamento quiroprático. Conquanto, o problema

vertebral (subluxação) que está causando os sintomas não desaparece rapidamente. O

quiropraxista é treinado para tratar a causa do problema, não só os sintomas.

A esse respeito, dá o autor a seguinte explicação:

Antes de você receber qualquer cuidado quiroprático, seu corpo teve que se

adaptar para compensar a disfunção vertebral. Seu sistema nervoso que

percorre toda a coluna vertebral não pôde funcionar corretamente e isto

provavelmente contribuiu para o aparecimento de seus problemas de saúde.

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Por isso, seu corpo está acostumado aos velhos padrões de movimento e

postura (AREIAS, 2012, p. 3).

Fonte: Souza (2002).

Figura 6: Pressão de alívio sacral

Diante dessa situação e para estabelecer um novo padrão, explica o mesmo autor que cabe ao

quiropraxista reavaliar o progresso do paciente a intervalos regulares, mesmo que seus

sintomas tenham desaparecidos, sendo, inicialmente, necessárias algumas sessões semanais e,

posteriormente, um acompanhamento mensal.

Fonte: Souza (2002).

Figura 7: Ajuste torácico inespecífico

Aplicar os procedimentos da Quiropraxia significa liberar entradas e saídas de fluxo interno

de informação no organismo, a fim de reduzir a entropia e incrementar as capacidades

homeostáticas de manutenção do equilíbrio orgânico, resultando na recuperação ou

manutenção da saúde (DAVID, 2012).

Em síntese, a Quiropraxia vem crescendo gradativamente nos últimos anos, especialmente na

saúde ocupacional, que expandiu significativamente sua área de atuação. Tem realizado um

papel vital no tratamento de lesões músculo-esqueléticas relacionadas ao trabalho, reunindo

resultados sólidos quanto à eficácia clínica e de custo/benefício. 65% a 70% dos pacientes que

utilizam quiropraxia o fazem por dores na coluna e relatam satisfação com o tratamento

quiroprático (REDWOOD e CLEVENLAD, 2003; PICKAR, 2002 apud ROSA, 2009).

Fonte: Souza (2002).

Figura 8: Alívio dos artelhos

A Quiropraxia e seus resultados no tratamento da Lombalgia Ocupacional

Como em muitos casos de dor lombar, que não requer cirurgias, o tratamento quiroprático tem

sido indicado no tratamento da lombalgia ocupacional. Afirma Wolk (1988 apud RAUPP,

2007) que, em 10.652 casos de compensação empregatícia por falta ao trabalho, o tratamento

quiroprático proporcionou maior ajuda ao paciente, reduzindo o tempo de trabalho perdido,

diminuindo a probabilidade de desenvolver lesões compensáveis (lesões resultantes de tempo

de trabalho perdido que demanda compensações), e minimizando chances de hospitalização.

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Para Raupp (2007), a Quiropraxia surge como coadjuvante no contexto da saúde do

trabalhador. Atuando dentro de uma abordagem interdisciplinar, explica o autor, a

Quiropraxia, por outro lado oportuniza a empresa a redução de custos com a saúde e

colaboradores mais satisfeitos e produtivos.

Fonte: Souza (2002).

Figura 9: Lasegue mais estímulo através do tendão calcâneo

Um estudo realizado por Rosa (2009), junto a 22 funcionários de uma empresa situada no Rio

Grande do Sul, com o objetivo de verificar a eficácia do tratamento quiroprático em

trabalhadores portadores de lombalgia relacionada a atividade laboral exercida, mostrou que

45,5% obtiveram uma melhora após o tratamento, apresentando de 50% a 70% de remissão da

dor lombar, com 31,8% percebendo uma melhora de 25% a 50%.

Boff (2005), por sua vez, analisando os resultados dos ajustes cervicais em (10) mulheres com

queixas de dor lombar, com idade entre 32 e 57 anos, por meio de um estudo quantitativo

revelou que nas dez mulheres tratadas o segmento C2 foi ajustado em algum momento, e o

segundo foi o segmento C5, ajustado em quatro pacientes, e que a escala analógica visual

mostrou redução significativa da dor, sendo a média de intensidade da dor no pré-teste de

4,488 cm, e a média do pós-teste 0,84 cm. Para a autora, os resultados dos ajustes

quiropráticos cervicais nas mulheres participantes da pesquisa demonstraram ser

significativos, tanto na diminuição da dor lombar como na diminuição a dor nos itens ficar em

pé, caminhando e cuidado pessoal.

Fonte: Souza (2002).

Figura 10: Ajuste lombar

Resumindo, como esclarece o atendimento quiroprático tem entre os seus princípios de

prática profissional, a premissa do indivíduo como ser único, para o qual a abordagem deve

ser centralizada na busca da otimização e preservação da saúde, com redução da dor e do

desconforto, procurando propiciar ao paciente disposição e motivação e um rendimento maior

no local de trabalho. Comumente descrita como filosofia (aplicada para explicar o que a

quiropraxia faz), arte (envolve a correção da subluxação), e ciência (baseia-se na lei que diz

que o corpo possui uma habilidade para funcionar da melhor maneira e o mais efetivamente

possível), concentra-se no conceito de saúde e não no de doença, tendo como principais

objetivos a restauração da mobilidade articular, redução dos sintomas apresentados, melhoria

da flexibilidade muscular, liberação dos tecidos moles contraídos, reeducação postural, a

educação e motivação do paciente, fazendo uso de vários métodos terapêuticos, podendo-se

apontar o ajustamento articular, que consiste normalmente em uma força feita no sentido da

restrição de movimento, visando sua recuperação (CHAPMANSMITH 2001 apud BOFF;

2005; SARAÍVA apud ROSA, 2009).

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Fonte: Souza (2002).

Figura 11: Ajuste cervical

Nas premissas de David (2012), a Quiropraxia é a disciplina dentro das artes naturais ligadas

à saúde, que se preocupa com a etiologia, patogênese, terapêutica e profilaxia dos distúrbios

funcionais, estados patomecânicos, síndromes de dor e outros efeitos neurofisiológicos

relacionados com a estática e a dinâmica do sistema neuro-músculo-esqueletal, relacionados a

todas as articulações axiais apendiculares e crânio-faciais.

Nas explicações do autor:

A Quiropraxia registra de modo definitivo que o código genético representa o

projeto individual de cada ser vivo [...] cada organismo tem um potencial de

recuperação extraordinário [...] Esse potencial simplesmente espera pelas

mãos, coração e mente do quiropraxista, para torná-los ativo e propiciar a

recuperação possível, tornando a vida digna de ser vivida (DAVID, 2012, p.

4).

A Quiropraxia, portanto, é ciência que se preocupa com o relacionamento no corpo entre a

estrutura (sistema músculo-esqueletal, incluindo a coluna vertebral e demais articulações) e a

função comandada principalmente pelo sistema nervoso, uma vez que este relacionamento

pode afetar a comunicação necessária para a manifestação, preservação e recuperação da

saúde (SOUZA, 2002).

Fonte: Souza (2002).

Figura 12: Ajuste de transição tóraco-lombar (somente quando necessário)

Para finalizar, como lembra Fuhr et. al. (1996 apud BOFF, 2005), as análises dos modelos e

hipóteses do complexo de subluxação vertebral, e a observação das mais diversas técnicas da

quiropraxia, que se apóiam em uma visão holística que visa e aborda o corpo humano como

um todo, mostram o quanto o corpo está interligado, e quão grande é a influencia que um

desalinhamento em determinado ponto da coluna tem sobre o resto do segmento móvel.

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Fonte: Souza (2002).

Figura 13: Ajuste de transição cérvico-torácico (somente quando necessário)

Material e métodos

O artigo, pautando-se em obras pesquisas e publicadas nos últimos anos, elencou trabalhos

coletados em artigos de livros e da internet, utilizando-se palavras-chaves como a anatomia

básica da coluna, lombalgia ocupacional, Quiropraxia e seus efeitos no tratamento da

lombalgia. Foram selecionados apenas os artigos que tinham relevância para o objetivo

proposto, os quais foram lidos de forma cuidadosa e crítica.

Resultados e discussão

A revisão da literatura mostrou que a coluna vertebral, considerada como o pilar ósseo central

do corpo é afetada por síndromes dolorosas relacionadas com os seus vários segmentos, como

é o caso das lombalgias que podem ocorrer devido a pressões incomuns sobre os músculos e

os ligamentos que suportam a coluna vertebral.

Viu-se também que dentre os importantes grupos de lombalgia, a ocupacional vem sendo

considerada como a maior causa isolada de transtornos de saúde relacionado com o trabalho.

Neste contexto, a Quiropraxia, que se dedica ao diagnóstico, tratamento e preservação de

alterações do sistema músculo-esquelético e os efeitos destas sobre o sistema nervoso e a

saúde em geral, tem sido indicada, porque:

a) é empregada como opção para tratar dor lombar por meio da manipulação articular;

b) proporciona maior ajuda ao paciente, reduzindo o tempo de trabalho perdido e com o

trabalhador tendo menos probabilidade de desenvolver lesões compensáveis (lesões

resultantes de tempo de trabalho perdido que demanda compensações), e também menores

chances de hospitalização;

c) surge como coadjuvante no contexto da saúde do trabalhado;

d) atua dentro de uma abordagem interdisciplinar, oportunizando redução de custos com a

saúde às empresas, e para o trabalhador, favorecendo a otimização e a preservação da saúde,

com redução da dor e do desconforto, propiciando-lhe disposição e motivação, além de um

rendimento maior no local de trabalho.

Conclusão

Cresce o número de pessoas afetadas por problemas músculo-esquelético, desencadeados por

sobrecargas, posturas inadequadas, aplicação de força manual excessiva, enfim, situações que

envolvem ciclos de trabalho muito longos e repetitivos, que originam consequentemente

movimentos rápidos de pequenos grupos musculares e tempos de descanso insuficientes, que

levam ao aparecimento de desordens e lesões dolorosas, como as lombalgias ocupacionais.

Diante dos achados bibliográficos, pode-se afirma que importante e válida é a prática da

Quiropraxia para as pessoas atingidas por afecções na coluna lombar, pois favorece o

equilíbrio dinâmico do corpo humano, devolvendo a esses indivíduos, o seu melhor estado de

saúde.

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Por meio, portanto, do atendimento quiroprático promove-se a reabilitação física de pessoas

atingidas por lesão dessa natureza, facilitando, curando e fortalecendo o paciente. Assim

sendo, a Quiropraxia é uma alternativa viável e benéfica, e esta vem ganhando a credibilidade

dos profissionais de Fisioterapia, e da sociedade em geral, afinal enfermidades como

lombalgias estão aumentando em proporções alarmantes, especialmente entre os

trabalhadores, gerando, entre outras coisas, aposentadorias precoces e refletindo

significativamente na qualidade de vida das pessoas.

Por fim, a Quiropraxia, como frisam os estudiosos do assunto, tem como característica

exclusiva o fato de ensinar a seus praticantes não só uma técnica fria, mas a possibilidade de

compreensão do ser humano em sua integralidade, bem como estimular o aprofundamento da

sensibilidade que aumenta a habilidade do toque, da palpação e do ajuste quiropráxico

especializado, visto como aquele que provavelmente excede às técnicas de quaisquer outras

terapias de manipulação.

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