Tema Doença Mental Introdução -...
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Tema – Doença Mental
Projeto Pós-graduação
Curso Enfermagem do Trabalho
Disciplina Saúde Mental e Trabalho
Tema Doença Mental
Professor Pablo de Assis
Introdução
Para conhecer a saúde mental é importante também conhecer a doença
mental. Quais são os principais problemas e transtornos? Como lidar com o
sofrimento? Qual o sentido da vida? Por mais que não consigamos falar sobre
tudo, tentaremos falar sobre o essencial:
Uma breve história dos transtornos mentais
Transtorno ou Doença?
Sintomas e Critérios de Diagnóstico
Sistemas de Classificação e Diagnóstico
O DSM-5 e controvérsias sobre saúde mental
Humor e Depressão
Ansiedade e Estresse
O problema da medicalização da vida
(Vídeo disponível no material on-line)
Problematização
Você começa a perceber que um colega do seu trabalho, um colaborador
de outro departamento, está se comportando de forma diferente. Você o vê mais
desanimado, de mal com a vida e quase não fala com ninguém. Depois de um
tempo ele chega para você como o enfermeiro do trabalho e apresenta um laudo
de depressão e diz que precisa tomar remédios, pois essa condição apareceu
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de repente, do nada – quase da mesma forma como se pega uma gripe – e o
remédio é a sua única solução. Ele pede para manter a informação em sigilo,
pois não quer que ninguém do trabalho o julgue por ser depressivo. Depois dessa
conversa, você percebe que outras pessoas estão se comportando da mesma
forma que esse colaborador e você teme que elas também possam apresentar
laudos. Como enfermeiro do trabalho, como lidar com essa situação?
(Vídeo disponível no material on-line)
Uma breve história dos transtornos mentais
Sempre existiu alguma percepção do que pode ser considerado um
comportamento normal, padrão, e, ao contrário, um comportamento desviante.
Em diferentes momentos da história, esses comportamentos desviantes
receberam vários nomes e classificações:
Antigamente, alguns desses comportamentos eram vistos como sinais
dos deuses, tanto positivos quanto negativos. Alguns casos de esquizofrenia,
por exemplo, eram vistos como sinais de profecias. Outras vezes, os deuses
podiam agir de forma a prejudicar ou castigar uma pessoa através da loucura.
Ou seja, a manifestação de comportamentos anormais não era vista como
doença, mas como intervenção divina e usadas como sinal de revelação ou de
punição.
Com a influência do cristianismo na cultura ocidental, esses mesmos
comportamentos passaram a ser vistos como sendo negativos e influenciados
por demônios. A depressão, por exemplo, dizia-se que era influenciada pelo
“demônio do meio-dia”, pois fazia com que pessoas sentissem em plena luz do
dia a falta de ânimo e fatiga próprias do cansaço da noite. Como a Igreja tinha
bastante influência na sociedade, essas pessoas eram ou abandonadas por
estarem possuídas ou eram levadas às igrejas para serem exorcizadas.
No final da idade média e início do Renascimento, pessoas que
apresentavam esses comportamentos eram deixadas de lado pela sociedade.
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Eles eram chamados de loucos e, muitas vezes, eram trancados com criminosos
para afastar suas influências das pessoas ditas normais.
Nessa época, a ciência se consolidou como a ferramenta para a busca da
verdade e ela se consolida baseada em um paradigma naturalista e materialista,
ou seja, a ciência trabalharia com áreas exclusivamente materiais e naturais,
evitando questões filosóficas e espirituais, por exemplo. Isso acaba por fortalecer
muitas áreas, como a física, biologia e até a medicina.
A psiquiatria, desde um século antes com Philippe Pinel, é a área da
medicina que se preocupa em cuidar dos doentes mentais. Foi com Pinel que
problemas relacionados à loucura passaram a ser considerados como doença,
o que para a época foi um grande avanço, pois até então os loucos ou eram
vistos como malandros ou como possuídos por demônios. A psiquiatria começou
a reintegrá-los à atenção social, mostrando que a loucura era um problema de
saúde.
Mesmo assim, a psiquiatria não encontrava um caminho claro para tratar
desses problemas. As doenças mentais não tinham causas tratáveis, como uma
tuberculose ou um osso partido. Um grande psiquiatra do século XIX, Emil
Kraepelin, criador do primeiro modelo de classificação psiquiátrica das doenças
mentais, chegou a admitir que, por mais que consigamos observar diferentes
transtornos, não conseguimos claramente identificar suas causas.
Outro psiquiatra contemporâneo, Karl Jaspers, autor do livro
Psicopatologia Geral, sugeriu que, ao invés de buscarmos as causas das
doenças, deveríamos buscar a significação delas na vida dos doentes – uma
sugestão amplamente ignorada pelo paradigma científico.
Surge então a psiquiatria moderna no final do século XIX e várias
tentativas de tratamento de doenças mentais. Sigmund Freud, por exemplo, com
ajuda de Jean-Martin Charcot, utilizou inicialmente a hipnose para mostrar que
a histeria, doença até então misteriosa que afetava principalmente mulheres e
causava paralisias entre outros sintomas, era uma doença psicogênica, ou seja,
de origem psicológica ou mental.
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Carl Jung, psiquiatra suíço que trabalhou no hospital psiquiátrico de
Burgholzli na suíça, mostrou através de testes de associação de palavras a
existência de complexos autônomos reprimidos e inconscientes, comprovando
assim a tese de Freud. Ele também contribuiu para o desenvolvimento do
diagnóstico de esquizofrenia, elaborado por seu professor e mentor Eugene
Bleuler, doença até então chamada de demência precoce.
Ver mais
O final do século XIX e o avanço nos tratamentos das doenças mentais
foi tão espetacular que motivou a criação de diversos filmes que contam facetas
diferentes dessa história. Quero deixar aqui a recomendação de três filmes.
O primeiro é O Método Perigoso, que conta a história do nascimento da
psicanálise e da relação entre Freud e Jung. O segundo é Histeria, uma comédia
romântica que tem como pano de fundo o avanço médico no estudo da histeria
e o desenvolvimento de métodos pouco ortodoxos para o tratamento dessa
condição. O terceiro é o clássico Freud Além da Alma que, além de contar um
pouco mais sobre a vida do médico austríaco nos anos antes do
desenvolvimento da psicanálise, consegue mostrar com clareza como era a
mentalidade da época com relação às aflições psicológicas.
(Vídeo disponível no material on-line)
Confira o trailer dos dois primeiros filmes a seguir.
https://www.youtube.com/watch?v=NOZso-8auRQ
https://www.youtube.com/watch?v=l01TzferLzY
Transtorno ou doença?
Com o avanço da medicina e psiquiatria no tratamento dos problemas
psicológicos, ficou claro que, se o problema é médico estamos falando de uma
doença e se a doença não é física, ela é uma doença mental. Acabou-se por
convencionar que os problemas psicológicos seriam doenças mentais e seriam
dignos de tratamento médico. Isso de um lado foi bom, pois tirou do descaso
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social as pessoas que sofriam de inúmeras condições e sofrimentos reais e
passou a dar uma atenção médica especializada. Porém, isso também acabou
trazendo outro problema grave: o estigma social.
Temos a noção social de que se tenho uma doença, devo procurar
tratamento, porém se essa doença não tem cura, ela pode ser contagiosa ou
então incapacitar permanentemente uma pessoa. É o caso de síndromes
genéticas ou até mesmo a AIDS. Por mais que medicamente essas doenças
sejam controláveis, até algumas que passaram muito tempo não tendo cura,
como a tuberculose, e que hoje são completamente tratáveis, socialmente ainda
estigmatizamos esses doentes como merecedores de pena ou exclusão social.
O preconceito ainda é grande.
O mesmo acontece com quem sofre de uma doença mental. Por mais que
muitas dessas condições sejam tratáveis ou tenham seus problemas
solucionáveis, ainda temos outras que não compreendemos muito bem e mal
conseguimos controlar. Socialmente, ainda sofremos muito preconceito com
relação às pessoas que sofrem de alguma psicopatologia e ainda usamos de
forma pejorativa termos como “louco” ou “insano”.
Por isso há um movimento entre os profissionais de saúde mental para
não usarmos mais a expressão “doença mental” e passarmos a usar “transtorno
mental”. Assim, tentaremos diminuir o estigma sofrido por essas pessoas que
possuem condições das quais precisam cuidar durante toda a sua vida. Quem
sofre de um transtorno mental precisa de compreensão e apoio de todos e a
última coisa que precisa é de um estigma social, que só agrava a situação.
(Vídeo disponível no material on-line)
Sistemas e critérios de diagnóstico
Um dos papéis da ciência é desenvolver sistemas de classificação de
seus objetos de estudo, para facilitar a aproximação do cientista. Na área da
psiquiatria e dos sistemas de diagnóstico não é diferente. Se aceita o uso da
expressão “transtornos” ou “distúrbios mentais” para se referir aos problemas
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psicopatológicos. Eles são diagnosticados pela presença de sintomas, que são
manifestações únicas e desviantes do comportamento dito normal e um grupo
de sintomas pode ser classificado como uma síndrome. Uma determinada
síndrome psicológica classificada pode, então, receber o nome de transtorno
mental.
Vale, porém, ressaltar que esses sistemas de classificação não são
recortes reais da vida. Eles são somente modelos para auxiliar o profissional da
área da saúde e devem ser vistos como um mapa, um guia apenas e não o
território. Os transtornos e distúrbios mentais não existem de fato, somente um
agrupamento pragmático de manifestações que chamamos de sintomas.
É diferente de dizer que existe uma febre, porque sabemos qual é o seu
agente causador, reconhecemos que a febre é um sintoma criado pelo corpo e
que, nesse caso, ajuda o paciente a se livrar de um vírus ou bactéria indesejada.
Porém, no caso dos transtornos mentais, isso é mais complicado, pois não
sabemos qual é o agente causador do transtorno.
Existem várias hipóteses, como o chamado “desequilíbrio neuroquímico”
que diz que determinado sintoma psicopatológico é causado por níveis
diferentes de neurotransmissores no cérebro. Porém, essa hipótese não
consegue se sustentar, pois não consegue apontar o que causou esse
desequilíbrio e nem se ele é permanente por um impedimento neurológico ou
psicossocial.
Em outras palavras: posso ficar muito triste por conta da morte de um
familiar muito próximo, mas o que irá diferenciar essa tristeza gerada por uma
relação psicossocial específica que provocou um desequilíbrio neuroquímico de
uma tristeza causada por outro princípio que justifique que, de fato, o problema
está no cérebro?
Por isso, é quase um consenso que para alguma condição poder ser
considerada um transtorno mental ela não pode ter nenhum agente causador
conhecido, como uma lesão cerebral ou alguma outra doença associada. Além
disso, o transtorno precisa provocar um sofrimento significativo na vida de uma
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pessoa. Ou seja, não basta a presença de um determinado sintoma, mas ele
precisa provocar um grande sofrimento.
O problema é que, muitas vezes, o sofrimento surge não do sintoma ou
do problema, mas sim da forma como nós nos relacionamos com ele. Por
exemplo, homossexualidade não é um transtorno mental, porém o preconceito e
a não aceitação social e familiar dessa condição pode levar alguém a sofrer
bastante por ser homossexual. O problema aqui não está na homossexualidade,
mas na forma como a sociedade lida com ela.
Tudo isso é só para mostrar que classificar e diagnosticar um transtorno
mental não é algo fácil. Porém, existem alguns manuais e sistemas de
classificação que nos ajudam e que servem para facilitar a comunicação entre
profissionais.
(Vídeo disponível no material on-line)
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Para ilustrar como é delicado classificar os transtornos mentais e quão
prejudicial pode ser um diagnóstico mal realizado, quero apresentar aqui o relato
da psicóloga Eleanor Longden:
“Aparentemente, Eleanor Longden era exatamente como qualquer outra
estudante, indo para a universidade cheia de promessas e sem preocupações
com o mundo. Até que as vozes em sua cabeça começaram a falar. Inicialmente
inócuos, esses narradores internos começaram a ser tornar cada vez mais
antagônicos e ditatoriais, transformando sua vida em um pesadelo vivo.
Diagnosticada com esquizofrenia, hospitalizada e drogada, Longden foi
descartada por um sistema que não sabia como ajudá-la. Ela conta a história
comovente de sua jornada de anos para recuperar a saúde mental e constrói o
argumento de que foi aprendendo a escutar suas vozes que ela foi capaz de
sobreviver.”
http://www.ted.com/talks/eleanor_longden_the_voices_in_my_head?language=
pt-br
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Sistemas de classificação e de diagnósticos
A área da saúde mental no mundo utiliza principalmente dois manuais
complementares para a classificação dos transtornos mentais. Um deles é
editado pela Organização Mundial da Saúde e é utilizado por profissionais de
todas as áreas, o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças 10ª Edição).
O capítulo F desse livro é dedicado aos transtornos mentais. O outro é o DSM,
o Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais, atualmente em sua
5ª edição.
O CID-10 foi editado em 1993, o DSM-IV em 1994 e o DSM-5 em 2014.
O CID-10, mais amplamente utilizado como sistema de diagnóstico, foi inspirado
principalmente no DSM-III da década de 1980, junto com várias discussões que
iriam aparecer no DSM-IV. Já o DSM-5 se separa bastante desses sistemas e
merece uma discussão própria sobre ele.
O principal problema desses sistemas é a sua desatualização. Muitos
avanços foram feitos nos últimos 20 anos, não só nas áreas das neurociências,
mas principalmente nas psicoterapias e psicologias que demonstram que
existem muitos fatores diferentes na compreensão do sofrimento humano.
Outro problema é que, muitas vezes, fatores culturais não são
considerados no momento do diagnóstico que segue estritamente o livro. Por
exemplo, em uma determinada cultura pode ser aceitável ou até mesmo imposto
que o luto seja carregado por mais do que os três meses recomendados pelo
livro, o que poderia levar a um profissional mal preparado a um leviano
diagnóstico de depressão.
O DSM-5 e controvérsias sobre saúde mental
Um dos grandes diferenciais do DSM-IV para os outros sistemas de
classificação é o que chamamos de Sistema Multiaxial de Diagnóstico. Ele diz
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que devemos olhar um diagnóstico de um transtorno mental em cinco eixos
diferentes.
O primeiro são os sintomas clínicos, agudos ou crônicos, que provocam
sofrimento significativo na vida da pessoa.
O segundo são os problemas de personalidade que apontam para
formas gerais de comportamento potencialmente prejudicial para si e
para os outros.
O terceiro eixo a ser considerado são as condições médicas gerais,
sejam agudas ou crônicas, como diabetes, hipertensão, lesões
cerebrais, ou até mesmo gripes ou febres (pois uma febre, por exemplo,
pode ser a causa de um delírio, o que descartaria o diagnóstico de
esquizofrenia).
O quarto são fatores psicossociais e ambientais que contribuam para o
transtorno, como saneamento básico, desemprego, violência familiar
etc.
Por fim um teste de funcionamento global a ser realizado.
A ideia é que com o diagnóstico multiaxial os excessos de diagnóstico
diminuam, pois ao reconhecer problemas gerais de personalidade, condições
psicossociais ou até mesmo problemas médicos gerais, podemos perceber
melhor os problemas e o que podemos fazer sobre eles. No entanto, a atual
edição, o DSM-5, não apresenta essa classificação multiaxial e para piorar, ela
volta a chamar os transtornos de “Doenças Mentais”.
Isso levantou severas críticas ao sistema do DSM e muitos começaram a
questionar sua neutralidade científica. A final de contas, os médicos nos Estados
Unidos só são pagos pelos seguros de saúde se sua prática estiver associada a
um transtorno classificado no DSM. Caso contrário seu trabalho – inclusive o de
diagnóstico negativo, naquele caso onde a pessoa não tem nada e pode voltar
para casa sem preocupações – não é remunerado. Então, o quanto dessa nova
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classificação de doenças serviria mesmo para o cuidado do paciente e o quanto
ele serviria para o cuidado do médico?
Outra polêmica existente é a mudança no status de alguns transtornos.
Por exemplo, até o DSM-IV o luto era considerado uma exceção na depressão,
ou seja, se a pessoa estava deprimida, mas estava de luto, então o diagnóstico
não era feito. Agora, qualquer quadro de tristeza profunda que seja maior do que
uma semana – tenha luto ou não – é classificável como depressão e pode, então,
receber o tratamento médico indicado. Isso fez com que muitos grupos se
levantassem contra o DSM-5 e se posicionassem a favor de uma nova forma de
compreender o sofrimento mental.
(Vídeo disponível no material on-line)
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O DSM-5, ao contrário de ser uma grande plataforma para o diagnóstico
de transtornos mentais, acabou virando um grande palco de debates, discussões
e tentativas de reformas no campo da psiquiatria. Ao contrário do que se
imaginava, no campo da saúde mental não houve consenso com relação a seu
uso. Para ver algumas dessas polêmicas, sugiro a leitura dos seguintes artigos:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2013/05/1283359-psiquiatras-ficam-
acuados-em-batalha-sobre-a-saude-mental.shtml
http://www.jornalopcao.com.br/posts/reportagens/as-polemicas-do-dsm-v
http://scienceblogs.com.br/psicologico/2011/02/algumas_polemicas_do_dsm-v/
Humor e depressão
Na classificação original de Emil Kraeplin, o psiquiatra sugeria somente
duas classificações principais: a Psicose Maníaco-Depressiva e a Demência
Precoce (que mais tarde veio a ser chamada de esquizofrenia). O diferencial
dessas duas classificações estaria no estado geral do paciente após o surto.
Caso o paciente não apresentasse sintomas residuais, ou seja, se ele voltasse
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ao “normal”, o diagnóstico seria de Psicose Maníaco-Depressiva. Caso
houvesse sintomas residuais, o caso seria de Demência Precoce.
Hoje em dia, com quase 300 transtornos diferentes, essa classificação
original está obsoleta, porém essas condições permanecem até hoje. A Psicose
Maníaco-Depressiva foi reformulada e hoje compreendemos seus sintomas
como sendo uma série de outros transtornos englobados nos chamados
Transtornos de Humor. Esses transtornos variam entre a depressão e a mania e
abarcam diferentes formas de humor alterado.
Basicamente, compreendemos o humor alterado como um espectro que
vai desde a depressão até a mania, tendo estados mais leves de depressão e
de mania. Também compreendemos que é possível uma pessoa apresentar
somente sintomas depressivos, mas sintomas maníacos sempre são
acompanhados de sintomas depressivos – e por isso chamamos de
bipolaridade. Diante disso, podemos ter os seguintes diagnósticos:
Transtorno Depressivo Maior – quando a pessoa apresenta apenas
episódios de depressão.
Transtorno Bipolar do tipo I – quando a pessoa apresenta episódios de
mania, com ou sem episódios depressivos.
Transtorno Bipolar do tipo II – quando a pessoa apresenta episódios
hipomaníacos (ou seja, episódios maníacos mais leves) sem
apresentar episódios maníacos, com ou sem episódios depressivos.
Além disso, temos os episódios isolados de depressão, mania, hipomania,
distimia e episódios mistos, onde em um mesmo período a pessoa apresenta
sintomas de depressão e mania. É a combinação desses diferentes episódios
que nos darão o diagnóstico do transtorno. Por isso é muito complicado um
diagnóstico feito de forma rápida, sem critérios claros e também vale lembrar
que é sempre recomendado eliminar quaisquer influências externas, como por
exemplo, o uso de medicamentos, drogas, uma dieta irregular, um estilo de vida
estressante, fatores socioculturais que favoreçam a presença dos sintomas etc.
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(Vídeo disponível no material on-line)
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O Demônio do Meio Dia é o nome do livro do jornalista Andrew Solomon.
Ele mesmo sofreu de depressão por muitos anos e sentiu-se impelido a descobrir
mais sobre essa condição, o que o levou a uma viagem de exploração pelo
mundo e pela história atrás de fatos e informações novas, muitas vezes,
inacessíveis a nós.
É nesse livro que ele apresenta a forma de vivência da depressão na
Idade Média – mas podemos compreender isso como não sendo exclusividade
da depressão. Vale a pena conhecer mais sobre esse autor e por isso
recomendo assistirem a essa palestra emocionante de Solomon intitulada
“Depressão: o segredo que compartilhamos”:
“‘O oposto de depressão não é felicidade e sim vitalidade, e ela parecia
fugir de mim naquele momento’”. Em uma palestra tão eloquente quanto
devastadora, o escritor Andrew Solomon nos leva aos cantos mais escuros de
sua mente, nos anos em que lutou contra a depressão. Isso o levou a uma
reveladora jornada pelo mundo, entrevistando pessoas com depressão,
descobrindo, para sua surpresa, que quanto mais ele falava, mais as pessoas
queriam contar suas histórias”.
http://www.ted.com/talks/andrew_solomon_depression_the_secret_we_share?l
anguage=pt-br
Ansiedade e estresse
Da mesma forma como a compreensão dos transtornos de humor mudou
com o tempo, o mesmo pode ser dito dos transtornos de ansiedade. Muitos de
seus sintomas são característicos do que no início do século XX eram chamados
de neuroses, ou enfermidades dos nervos, que tinham como principal sintoma a
ansiedade.
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Hoje sabemos que a ansiedade está presente em uma série de
transtornos diferentes, com várias formas de manifestação diferentes. Entre eles
temos as fobias específicas, a fobia social, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo
(TOC), o Transtorno de Ansiedade Generalizado (TAG), pânico, além das várias
formas de estresse.
A grande questão da ansiedade é que ela se apresenta como um sintoma
principalmente mental, ou seja, uma série de ideias, pensamentos intrusivos e
memórias traumáticas que são acompanhadas por um mal-estar físico geral,
como taquicardia, enjoos, suor frio, entre vários outros.
É essa combinação dos sintomas mentais e físicos que provoca
sofrimento, principalmente porque esses sintomas são acompanhados por uma
sensação de falta de controle, justamente porque a vontade de se sentir melhor
não adianta para que a ansiedade possa passar.
A ansiedade foi tema de discussão de vários pensadores desde o século
XVIII. O mais antigo talvez seja o livro O Conceito de Ansiedade do filósofo
dinamarquês Soren Kierkegaard. Nesse livro, o filósofo debate sobre a
necessidade da ansiedade – muitas vezes traduzida como angústia – na vida do
ser humano. Não só ele, mas vários outros pensadores que seguiram por esse
caminho chegam a uma conclusão de que a angústia é inevitável e pode servir
para nos mover de situações de risco pessoal ou social.
Em outras palavras, muitas situações de ansiedade, se bem trabalhadas,
podem ser benéficas à pessoa – se ela aprender como lidar com isso de forma
positiva. Por exemplo, uma pessoa que se estressa no trabalho pode usar essa
insatisfação para começar alguma mudança para beneficiar a todos. Outra
pessoa que sofreu um trauma tende a evitar o evento que foi traumático,
potencialmente evitando futuros riscos desnecessários. O importante aqui é
saber como lidar com isso.
Porém, nesses casos de ansiedade, o que talvez mais se apresente em
ambientes de trabalho sejam os casos de estresse. O estresse em si é muito mal
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compreendido, justamente porque ele pode se apresentar de várias formas
diferentes.
Clinicamente, temos dois diagnósticos para o estresse: o Transtorno de
Estresse Pós-Traumático – que surge algum tempo após um evento traumático
forte como um acidente ou a morte de um ente querido – e o Transtorno de
Estresse Agudo – que surge imediatamente após um determinado evento.
Porém, outros casos de estresse são relatados, como a Síndrome de
Burnout – um conjunto de sintomas fortes de estresse associados à fatiga mental
de determinadas profissões. O Burnout não é considerado um transtorno clínico
de estresse pelo DSM e no CID-10 ele aparece como Esgotamento relacionado
com a organização do modo de vida (Z73.0), não sendo visto como um
transtorno mental.
No entanto, cada vez mais percebemos que determinadas profissões são
mais suscetíveis a sofrerem de alguma forma de estresse ocupacional como o
Burnout do que outras, como os professores e profissionais da saúde, devido às
altas demandas e grande responsabilidade individual.
(Vídeo disponível no material on-line)
O problema da medicalização da vida
O grande dilema que temos diante de tantos problemas de saúde mental
é como tratá-los e temos uma tendência natural de medicalizar os problemas da
vida, ou seja, tratamos questões básicas da vida como sendo problemas
médicos, tratáveis através de procedimentos médicos, como terapias e
remédios. Porém, nem sempre esse é o caso.
É inegável o avanço da medicina e quanto ela pode ajudar a nossa vida,
porém esse lado bom está ofuscando um problema maior que é o excesso do
olhar médico sobre os problemas da vida.
Por exemplo, o que antes era visto como traquinagem e comportamento
típico da infância, hoje recebe o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade. O que antes era visto como rebeldia de adolescente, hoje é o
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Transtorno de Conduta. O que antes era visto como Tensão Pré-Menstrual, hoje
já é diagnosticado como Transtorno Disfórico Pré-Menstrual.
O que antes era visto como problema da vida, hoje é um problema médico,
resolvível através de procedimentos médicos. De certa forma, isso pode até ser
bom, mas no geral, não é o que percebemos. Alguns estudos apontam que o
simples ato de rotular uma pessoa com um diagnóstico como “hipertenso”
aumenta significativamente as chances de essa pessoa faltar ao trabalho,
independente de a pessoa estar ou não realizando tratamento.
Ao mesmo tempo, criamos uma cultura de exame médico que pode ser
muito mais prejudicial do que benéfico. Aqui falamos do sobrediagnóstico, ou
seja, da necessidade de um exame desnecessário que leva a um diagnóstico
que não está ajudando o paciente e só o coloca em uma situação de risco maior.
Por exemplo, por mais que nos últimos anos tenham aumentado os
diagnósticos de câncer de próstata e de mama, não vemos nenhum aumento
significativo no número de mortes, o que nos leva a concluir que os tratamentos
pelos quais os pacientes diagnosticados passam não estão melhorando seus
quadros e estão trazendo todos os efeitos colaterais dos tratamentos. Sem
contar os casos de falsos negativos que levam a pessoas a realizarem
tratamentos sem necessidade.
Isso tudo leva a um abuso no tratamento e, no caso dos problemas de
saúde mental, esse tratamento médico invariavelmente é farmacológico. Muitas
vezes, os próprios pacientes procuram seus médicos buscando uma receita para
um remédio acreditando que ali estará a solução rápida para seus problemas.
Então estamos desenvolvendo uma geração de pessoas medicadas sem
necessidade e cada vez menos possibilitadas de tratar sozinhos de seus
problemas da vida.
Não quero aqui dizer que problemas de saúde mental não precisem de
tratamento. O que quero salientar é que, muitas vezes, o tratamento
medicamentoso indicado é desnecessário, fruto de um sobrediagnóstico ou da
simples medicalização da vida. Grande parte dos transtornos mentais poderiam
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entrar em remissão espontânea – ou seja, seus sintomas sumiriam sozinhos –
sem necessidade do tratamento e, muitas vezes o paciente confunde o ciclo
natural de seu problema com o sucesso do medicamento.
Talvez o mais importante aqui é perceber que alguns problemas vêm e
vão naturalmente na vida de todos e só porque alguns precisam de mais ajuda
ou têm mais dificuldade em lidar com esses problemas, isso não quer dizer que
elas sejam ou estejam doentes, muito pelo contrário. Tratá-las como doentes só
irá trazer o estigma da doença ao invés de realmente ajudá-la.
(Vídeo disponível no material on-line)
Ver mais
O problema da medicalização da vida é uma questão bastante
controversa. Apesar da quantidade de evidências que apontam para um abuso
do olhar médico sobre os problemas de saúde, transformando dificuldades em
doenças, muitos profissionais da área ainda acham necessário esse excesso de
zelo.
Porém, é interessante termos um olhar crítico sobre essas questões. Por
isso quero deixar aqui alguns vídeos que podem servir para questionarmos
essas questões.
O primeiro é de uma propaganda de remédio, que mostra que os
desconfortos cotidianos podem ser tratados com medicamento.
https://www.youtube.com/watch?v=DdHTLQkp0Kc
O próximo vídeo é de uma propaganda de sabonetes que avisa que as
bactérias existentes no ambiente podem provocar doenças e por isso devemos
usar sempre o produto:
https://www.youtube.com/watch?v=y-2pc-rUOSg
Por fim, quero deixar um vídeo de uma grande loja de departamentos que
utiliza como slogan a necessidade de consumir para ser feliz. Ora, se eu preciso
ser feliz sempre, qual é o lugar do sofrimento na minha vida? Será que por conta
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dessa necessidade de felicidade qualquer mal-estar deve ser visto como um
problema a ser resolvido?
https://www.youtube.com/watch?v=XvaULARsomc
Síntese
Tratar de saúde e doença mental é mais do que simplesmente eliminar
sintomas: é promover uma qualidade de vida total, que inclui saúde física,
relacionamentos interpessoais saudáveis, boas relações sociais e uma condição
psicológica estável para poder lidar com as adversidades.
Tratar as dificuldades da vida como se fossem doenças é dar ao
profissional da saúde a responsabilidade de resolver problemas cotidianos. Por
mais que não seja nossa responsabilidade resolvê-los, podemos ajudar a pessoa
a se estruturar, física, mental e socialmente para conseguir então resolvê-los. O
segredo está no equilíbrio!
(Vídeo disponível no material on-line)
Revendo a problematização
Muito bem! Acredito que você já teve tempo suficiente para refletir sobre
o caso apresentado no início dos estudos deste tema. Agora escolha entre as
alternativas a seguir aquela que é a mais adequada para o problema.
a. O sigilo e o respeito profissionais devem imperar e o profissional deve
calar-se diante da situação.
b. Pode ser que alguns casos realmente precisem de acompanhamento
médico, mas se outros casos aparecerem, talvez seja interessante
averiguar se o ambiente de trabalho está provocando essas condições.
c. Antes de mais pessoas aparecerem doentes é melhor investigar e
averiguar se é possível fazer algo para ajudar a todos de forma
preventiva.
Feedback:
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a. Por mais que o sigilo seja importante, talvez conversar com o colega
não seja uma má ideia. Às vezes mais do que um remédio a pessoa
precisa de apoio, acolhimento e orientação, algo que um bom
enfermeiro do trabalho pode fazer. Ao mesmo tempo, ao conversar
com ele talvez seja possível identificar se existe algo no ambiente de
trabalho que possa ser mudado para ajudar nessa situação. Nesses
momentos, o diálogo respeitoso é sempre recomendável.
b. Talvez não seja interessante esperar tanto assim para ver se existe
algum problema. Se o sofrimento aparece em uma pessoa e você
percebe em outras pessoas em situação semelhante, não custa
investigar. Tente encontrar alguma forma de observar os colegas ou
quem sabe até oferecer para conversar com alguém que queira
desabafar ou relatar o que sente. Pode ser que você sozinho não
consiga fazer nada, mas sabendo melhor da situação pode procurar
alternativas antes que as pessoas de fato comecem a sofrer.
c. A prevenção pode ser um caminho interessante. Mas, melhor do que
evitar que pessoas adoeçam, talvez seja interessante usar dessa
situação para encontrar uma forma de melhorar o ambiente de
trabalho como um todo. Talvez investigar o que motiva as pessoas ou
o que possa estar atrapalhando possa ajudar a compreender melhor a
dinâmica de saúde e doença no local de trabalho.
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Atividades
Como diferenciar um caso de depressão de um caso de estresse?
a. Não existe diferença. São ambas condições análogas.
b. Por mais que sejam diferentes, é impossível diferenciar um do outro
sem exames clínicos detalhados.
c. Tanto a depressão quanto o estresse podem apresentar alterações
fisiológicas, porém, as alterações do estresse deixam sequelas em
longo prazo.
d. A depressão se apresenta como uma falta de vitalidade geral,
enquanto o estresse, como uma irritação ansiosa diante de algo
específico.
Levando em consideração questões como estigma, medicalização e a
diferença entre doença e transtorno, como é melhor se referir a uma pessoa
que se apresenta com depressão?
a. Depressivo
b. Pessoa portadora de estado anormal de humor
c. Pessoa com transtorno depressivo
d. Transtornada depressiva
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Qual é a melhor forma de definir “medicalização”?
a. A tendência social de transformar problemas da vida em problemas
médicos.
b. O aumento abusivo do uso irrestrito de medicamentos, principalmente
a automedicação.
c. O ato de receitar um remédio para tratar de uma doença que não
precisa de remédio.
d. É procurar um médico para exames de rotina e cuidar da sua saúde.
Diante dos sistemas de classificação dos transtornos mentais, qual deve ser
a melhor postura?
a. Usar a edição mais atualizada do DSM-5 como principal referência na
área.
b. Devem ser usados como referência interna, apenas para comunicação
entre profissionais da área, justamente para evitar estigmas.
c. Todos os manuais, desde o DSM-I até o CID-10, devem ser utilizados
e comparados para se encontrar o melhor diagnóstico para cada
paciente.
d. Os manuais devem ser ignorados, pois ainda não há consenso sobre
seu uso.
Com relação ao que foi estudado, o que podemos dizer a respeito da
ansiedade e da depressão?
a. São doenças gravíssimas e devem sempre ser combatidas.
b. A depressão é muito mais grave que a ansiedade, pois, se não for
tratada, pode levar a pessoa ao suicídio.
c. Tanto a depressão quanto a ansiedade apontam para condições
problemáticas na vida da pessoa, mas não podem ser vistas
isoladamente como seu principal problema.
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d. A recomendação é que tanto em casos de depressão quanto de
ansiedade, um médico seja procurado para que o remédio apropriado
possa ser receitado.